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Leia o soneto “Nasce o Sol, e não dura mais que um dia”, do poeta Gregório de Matos, para responder às questões

seguintes.

Nasce o Sol, e não dura mais que um dia,


Depois da Luz se segue a noite escura,
Em tristes sombras morre a formosura,
Em contínuas tristezas a alegria.

Porém, se acaba o Sol, por que nascia?


Se é tão formosa a Luz, por que não dura?
Como a beleza assim se transfigura?
Como o gosto da pena assim se fia?

Mas no Sol, e na Luz falte a firmeza,


Na formosura não se dê constância,
E na alegria sinta-se tristeza.

Começa o mundo enfim pela ignorância,


E tem qualquer dos bens por natureza
A firmeza somente na inconstância. (Poemas escolhidos, 2010.)

1. (FDF, 2021) No soneto, o eu lírico explora o tema da:

(A) perfeição da natureza, característico da estética árcade.

(B) transitoriedade da vida, recorrente na estética barroca.

(C) volubilidade humana, característico da estética árcade.

(D) inevitabilidade da morte, recorrente na estética árcade.

(E) beleza humana, característico da estética barroca.

2. (FDF, 2021) O eu lírico lança mão de enunciados paradoxais nos versos:

(A) “Nasce o Sol, e não dura mais que um dia,” (1a estrofe) e “Porém, se acaba o Sol, por que nascia?” (2a estrofe)

(B) “Depois da Luz se segue a noite escura,” (1a estrofe) e “Como a beleza assim se transfigura?” (2a estrofe)

(C) “Em contínuas tristezas a alegria.” (1a estrofe) e “Mas no Sol, e na Luz falte a firmeza,” (3a estrofe)

(D) “Na formosura não se dê constância,” (3a estrofe) e “Começa o mundo enfim pela ignorância,” (4a estrofe)

(E) “E na alegria sinta-se tristeza.” (3a estrofe) e “A firmeza somente na inconstância.” (4a estrofe)

Leia o trecho do “Sermão vigésimo sétimo do Rosário”, de Antônio Vieira, para responder às questões seguintes:

Entra por esta barra1 um cardume monstruoso de baleias, salvando com tiros e fumos de água as nossas fortalezas, e cada uma
pare um baleato2 : entra uma nau de Angola, e desova no mesmo dia quinhentos, seiscentos e talvez mil escravos. Os israelitas
atravessaram o mar Vermelho, e passaram da África à Ásia, fugindo do cativeiro; estes atravessam o mar oceano na sua maior
largura, e passam da mesma África à América e para viver e morrer cativos. [...] Os outros nascem para viver, estes, para servir.
Nas outras terras do que aram os homens, e do que fiam e tecem as mulheres, se fazem os comércios: naquela o que geram os pais
e o que criam a seus peitos as mães, é o que se vende, e se compra. Oh trato desumano, em que a mercancia são homens! Oh
mercancia diabólica, em que os interesses se tiram das almas alheias, e os riscos, das próprias!

Já se depois de chegados olharmos para estes miseráveis, e para os que se chamam seus senhores: o que se viu nos dois estados de
Jó, é o que aqui representa a fortuna, pondo juntas a felicidade e a miséria no mesmo teatro. Os senhores poucos, e os escravos
muitos; os senhores rompendo galas, os escravos despidos e nus; os senhores banqueteando, os escravos perecendo à fome; os
senhores nadando em ouro e prata, os escravos carregados de ferros; os senhores tratando-os como brutos, os escravos adorando -
os e temendo-os como deuses; os senhores em pé apontando para o açoite, como estátuas da soberba e da tirania, os escravos
prostrados com as mãos atadas atrás como imagens vilíssimas da servidão, e espetáculos da extrema miséria. Oh Deus! Quantas
graças devemos à fé, que nos destes, porque ela só nos cativa o entendimento, para que à vista destas desigualdades,
reconheçamos contudo Vossa justiça e providência. Estes homens não são filhos do mesmo Adão e da mesma Eva? Estas almas
não foram resgatadas com o sangue do mesmo Cristo? Estes corpos não nascem e morrem, como os nossos? Não respiram com o
mesmo ar? Não os cobre o mesmo céu? Não os aquenta o mesmo Sol? (Antônio Vieira. Essencial, 2011. Adaptado.) ¹ barra:
entrada de um porto, entre duas porções avançadas de terra firme. ² baleato: filhote de baleia que ainda não desmamou.

1. (FDF, 2021) Considerando o contexto, as reiteradas interrogações no final do trecho enfatizam

(A) a incerteza do autor.


(B) a indignação do autor.
(C) a humildade do autor.
(D) a hesitação do autor.
(E) a indulgência do autor.
Pré-Vestibular 2022
Literatura – Prof. Brenda
2- (FDF, 2021) No segundo parágrafo, contribui decisivamente para a argumentação desenvolvida pelo autor o recurso reiterado

(A) ao pleonasmo: a redundância desnecessária de palavras ou expressões para enunciar uma ideia.
(B) ao eufemismo: a atenuação do sentido desagradável ou grosseiro de uma palavra ou de uma expressão.
(C) ao paradoxo: a proposição que contraria os princípios básicos e lógicos que costumam orientar o pensamento
humano.
(D) à hipérbole: a ênfase expressiva resultante do exagero da significação linguística de uma palavra ou expressão.
(E) à antítese: a oposição, numa mesma frase, de duas palavras ou dois pensamentos de sentido contrário.

1) (PUC-Campinas) Podemos dizer que as principais características do movimento arcádico são:


a) a busca do claro, do racional, do verossímil e o desenvolvimento de temas pastoris.
b) o sentimento religioso, inspirado na Contra-Reforma.
c) presença do tema da morte e de temas pastoris.
d) apologia dos contrastes, onde cada palavra deveria ser símbolo conotativo de seu oposto.
e) n. d. a.

2) (Fuvest) – I. “Porque não merecia o que lograva,


Deixei, como ignorante, o bem que tinha,
Vim sem considerar aonde vinha,
Deixei sem atender o que deixava.”

II.”Se a flauta mal cadente


Entoa agora o verso harmonioso,
Sabei, me comunica este saudoso
Influxo a dor veemente;
Não o gênio suave,
Que ouviste já no acento agudo e grave.”
III.”Da delirante embriaguez de bardo Sonhos
em que afoguei o ardor da vida, Ardente
orvalho de febris pranteios,
Que lucro à alma descrida?”

Cada estrofe, a seu modo, trabalha o tema de um bem, de um amor almejado e passado ou perdido. Avaliando
atentamente os recursos poéticos utilizados em cada uma delas podemos dizer que os movimentos literários a que
pertencem I, II e III são respectivamente:
a) barroco – arcadismo – romantismo.
b) barroco – romantismo – parnasianismo.
c) romantismo – parnasianismo – simbolismo.
d) romantismo – simbolismo – modernismo.
e) parnasianismo – simbolismo – modernismo.

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