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SOCIOLINGUÍSTIC Docentes:

Prof. Doutora Dalila

A Cunha
Dr. Carlos Mutondo

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PARA COMEÇAR...

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O QUE É A
SOCIOLINGUÍSTICA
Crystal (1980) define a sociolinguística
como:
Ramo da linguística que estuda todos os
aspectos da relação entre língua e
sociedade como, por exemplo, a identidade
linguística de grupos sociais, atitudes sociais
em relação à língua, o uso das línguas e as
variedades sociais e regionais das línguas.

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O QUE É A
SOCIOLINGUÍSTICA
É o estudo descritivo do efeito de qualquer e
todos os aspectos da sociedade, incluindo:
as normas culturais,
expectativas e
 contexto,
na maneira como a língua é usada, e
os efeitos do uso da língua na sociedade.

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O QUE É A
SOCIOLINGUÍSTICA
Assim, a Sociolinguística considera a variação
linguística como um facto que deve ser
explicado:
Quais são as formas de variação?
Quais são as causas da variação?
Quais são as funções de tanta variação nas
línguas?
Qual é a relação entre essa variedade e o uso
social que é feito da língua?
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BREVE HISTORIAL

1. Antoine MEILLET (1866-1936) enfatizava,


em seus textos, o caráter social e evolutivo da
língua. Segundo ele:
“Por ser a língua um facto social resulta que a
linguística é uma ciência social, e o único
elemento variável ao qual se pode recorrer para
dar conta da variação linguística é a mudança
social” (MEILLET, 1921 apud CALVET, 2002)
 Toda e qualquer variação na língua é motivada
estritamente por factores sociais.
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BREVE HISTORIAL

Enquanto Saussure elabora um


modelo abstrato da langue
(sistema de signos),
Meillet busca explicar a
estrutura linguística por meio de
factores históricos e sociais.
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BREVE HISTORIAL
Já na perspectiva da linguística soviética, encontramos,
também no início do século XX, posições marxistas
acerca da língua:
2. O linguista Nicholas Marr (1865-1934) propunha que:
(i) todas as línguas do mundo têm uma mesma origem;
(ii) as línguas são instrumento de poder e refletem a luta
de classes sociais;
(iii) as línguas são parte de uma superestrutura, passando
por estágios de desenvolvimento de acordo com a base
económica de diferentes sociedades, ou seja, os estágios
das línguas corresponderiam aos estágios da sociedade.
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BREVE HISTORIAL

3. Ainda na linguística soviética, Bakhtin critica a


perspectiva estruturalista abstrata – que é a
perspectiva saussureana –, defendendo um enfoque
da língua na interação verbal historicamente
contextualizada (seja num contexto imediato, seja
num contexto social mais amplo).
Nesse sentido, a mudança linguística é
historicamente motivada pelos diferentes contextos
de uso da língua, que acabam conferindo diferentes
sentidos à “mesma” palavra.
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BREVE HISTORIAL
Assim, na visão de Bakhtin, as palavras não são
neutras nem imutáveis:
 É no contexto real de uso da língua que determinada
forma possui valor para o falante, sendo, nesse caso,
um signo variável e flexível.

Bakhtin (1929):
“conforme a língua, conforme a época ou os grupos
sociais, conforme o contexto apresente tal ou qual
objectivo específico, vê-se dominar ora uma forma,
ora outra, ora uma variante, ora outra”.
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BREVE HISTORIAL

Deste modo, a partir da década de 1960,


como herança de Meillet, volta a ganhar
força a noção de língua como facto social
dinâmico, cuja variação é explicada pela
mudança social, por forças externas.
E como herança de Bakhtin se renova a
perspectiva de que a língua é um
fenómeno social cuja natureza é
ideológica.
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BREVE HISTORIAL
No contexto da SOCIOLINGUÍSTICA NORTE-
AMERICANA, este campo do conhecimento tem uma estreita
relação com a antropologia, com a sociologia e com a
geografia linguística.
I. A associação com a antropologia (etnolinguística ou
antropologia linguística) deve-se ao facto de:
a Sociolinguística estender a descrição e análise da língua
para incluir aspectos da cultura em que é usada.
Nesse âmbito se insere a corrente denominada
“Sociolinguística Interacional”, que considera a relação entre
os interlocutores, o assunto etc. na análise da conversação;

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BREVE HISTORIAL

II. A relação com a sociologia resulta na


chamada sociologia da linguagem, área que
investiga a interacção entre estes dois
aspectos do comportamento humano:
* o uso da língua e
* a organização social do comportamento,
seja em termos de usos, seja em termos de
atitudes em relação à língua e aos usuários.
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BREVE HISTORIAL

III.A aproximação com a geografia


linguística (dialetologia, ou ainda
geolinguística) deve-se ao interesse
pela elaboração de mapas ou atlas
linguísticos, através de pesquisas de
campo, mapeiam dados de
diferentes regiões, identificando e
delimitando traços dialetais.
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EM SÚMULA...
A Sociolinguística ocupa-se de questões como:
 variação e mudanca linguística,
 bilinguismo,
 contacto linguistico,
 línguas minoritarias,
 politica e planeamento linguístico,
 etc.
A partir desse breve panorama histórico, passamos a tratar especificamente
de uma das vertentes da Sociolinguística: a Teoria da Variacao
e Mudanca Linguistica.
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BREVE PAUSA E...

REFLECTAMOS!...
Já ouviu, antes desta aula, falar de VERTENTES
DA SOCIOLINGUÍSTICA?
 Quais As Principais Vertentes?
 O que destaca cada delas?
 Qual é o nome proiminente de cada
vertente?
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VERTENTES DA
SOCIOLINGUÍSTICA
Sociolinguística
Variacionista ,
(também chamada
Sociolinguística
Quantitativa ou
Laboviana) cujo
fundador é

William Labov
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SOCIOLINGUÍSTICA
VARIACIONISTA
Tem como objecto de estudo a variação e
mudança da língua no contexto social da
comunidade de fala.
A língua é vista pelos sociolinguistas
variacionistas como dotada de
“heterogeneidade sistemática”, factor
importante na identificação de grupos e na
demarcação de diferenças sociais na
comunidade.
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SOCIOLINGUÍSTICA
VARIACIONISTA
A língua não é propriedade do indivíduo, mas da
comunidade (é social).
Refere-se à variação, mas está interessado na variação
que pode ser sistematicamente explicada.
A variação sistemática é um caso de modos
alternativos de dizer a mesma coisa, sendo esses
modos portadores do mesmo significado referencial
(LABOV, 1972).
A linguística laboviana tornou-se sinónimo do estudo
de variação e mudança linguísticas

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VERTENTES DA
SOCIOLINGUÍSTICA
Sociolinguística
Interacional, proposta
por

John J. Gumperz

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SOCIOLINGUÍSTICA
INTERACIONAL
É uma estrutura teórica e metodológica dentro da
disciplina de antropologia linguística, que
combina a metodologia da linguística com a
consideração cultural da antropologia para
entender como o uso da linguagem informa a
interação social e cultural.
A Sociolinguística Interacional tem como tópicos
os que incluem-se a comunicação intercultural, a
cortesia, e o enquadramento noticioso.

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SOCIOLINGUÍSTICA
INTERACIONAL
A sociolinguística interacional propõe o estudo
da língua na interacção social, tendo como
fundamento noções da Psicologia social.
Fortemente ancorada na pesquisa qualitativa
empírica e interpretativa, os trabalhos
desenvolvidos nessa área variam de acordo com o
interesse do pesquisador, que poderá dar maior
ou menor atenção ao fenómeno linguístico
versus o fenómeno interacional.

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SOCIOLINGUÍSTICA
INTERACIONAL
Metodologicamente analisa a gravação e
reprodução de sons ou gravações de vídeos dos
diálogos ou outras interações.
Os estudos fixam-se não só nas formas
linguísticas, como as palavras ou frases, mas
também na prosódia e no registo que sugere o
contexto.
Tais sugestões de contextos são culturalmente
especificas e inconscientes.
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SOCIOLINGUÍSTICA
INTERACIONAL
Gumperz defende que a diversidade linguística
funciona como um recurso comunicativo nas
interações verbais do dia-a-dia no sentido em
que, numa conversação, os interlocutores, para
caracterizar eventos, inferir intenções e apreender
expectativas sobre o que poderá ocorrer em
seguida, se baseiam em conhecimentos e
estereótipos relativos às diferentes maneiras de
falar.

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VERTENTES DA
SOCIOLINGUÍSTIC
Sociolinguística
Educacional,
proposta por

Stella Maris Bortoni-


Ricardo.

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SOCIOLINGUÍSTICA
EDUCACIONAL
As pesquisas fundamentadas na sociolinguística
educacional mostram que é possível desenvolver
práticas de linguagem significativas, no sentido de
incluir alunos provenientes das classes sociais menos
favorecidas,
fazendo com esses alunos deixem de se sentir
estrangeiros em relação à língua utilizada pela escola,
e com isso consigam participar de forma satisfatória
das práticas sociais que demandam conhecimentos
linguísticos diversos.
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SOCIOLINGUÍSTICA
EDUCACIONAL
Para trabalhar a variação linguística na sala de aula, o
professor deve introduzir, ao mesmo tempo, por um
lado, o respeito e a aceitação aos vários falares dos
alunos e por outro,
uma prática de ensino e aprendizagem cujo objecto de
estudo sejam os próprios textos dos alunos (orais e
escritos).
O que também não significa o abandono ao ensino da
língua culta, pois esta continua sendo a variante de
prestígio, portanto é importante que também seja
trabalhada em sala de aula.
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REFLEXÃO...

Tendo em consideração o que até aqui se tratou,


em grupos, durante dez minutos:
Reflectam acerca das RAZÕES e
CONFIGURAÇÕES da sociolinguística como
Disciplina no Curso de Formação de Professores
de Português em Moçambique

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EM JEITO DE RESPOSTA
SUPERFICIAL...
A Sociolinguística alerta a escola sobre a
necessidade de abordagem da heterogeneidade
linguística, sobre as diferenças, especialmente,
porque a democratização trouxe à escola alunos
de vivências diversas.
A Sociolinguística contribui para a nova postura
do professor, para a definição de conteúdos e
metodologias.

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EM JEITO DE RESPOSTA
SUPERFICIAL...
Podemos destacar o reconhecimento de que:
-há variação na linguagem e
-as pessoas alternam seus modos de fala devido a
condicionamentos tais como:
a) relações simétricas ou assimétricas entre falante
e interlocutor, particularmente, relações de
poder e solidariedade;
b) b) contexto social (casa, escola, trabalho, igreja,
vizinhança);
c) c) tópico discursivo
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