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LinguA
E SOCIEDADE
As condições sociais influem no modo de falar dos
indivíduos, gerando certas variações na maneira de
EMPREGAR UMA MESMA LINGUAGEM. p»edm,lsoNJosédEsa-

á muito tempo, pesquisado do senso comum. Para relacionar a língua Q Efeito sobre a (íngua
res do mundo todo estudam à sociedade, os teóricos especialistas na Por meio do estudo
as línguas e seu comporta sociolinguístico, é
área afirmam que a estrutura social pode possível justificar os
mento variável. Ao encontrar influenciar ou determinar a estrutura da diversos falares de uma
uma pessoa, determinado comunidade, dando
língua ou seu comportamento, o que prova margem para percebera
grupo ou até uma comunidade que fale di- que os valores sociais costumam ter efeito diversidade de expressões
terente, ocorre uma preocupação em com sobre a língua @. lingüísticas que
estabelecem diferenças de
preender as razões que influenciam nessa comunicação, desacordos
variação existente na fala espontânea. Isso HISTÓRICO e choques nas diversas
situações de comunicação.
possibilita uma linha divisória que separa Um dos principais fatores que contri
a forma mais aceita na sociedade, preferida buem para a variação lingüística é a condi
na escola e no âmbito profissional, da forma ção social e econômica à qual o indivíduo é
que foge às normas gramaticalizadas. O es exposto. Nopassado, foi útilconsiderar que
tudo das construções influenciadas por hábi tais normas eram invariantes e comparti
tos que perduram na sociedade, levando em lhadas por todos os membros da comuni
conta não apenas aspectos lingüísticos, mas dade lingüística. Todavia, as análises do
também extralinguísticos, recebeu o nome contexto social em que a língua é utilizada
de Sociolinguística. vieram demonstrar que muitos elementos
As relações sociais, que reúnem e inte da estrutura lingüística estão implicados
gram pessoas e grupos, nascem na vivência na variação sistemática que reflete tanto
do cotidiano coletivo. A partir da singula a mudança no tempo quanto os processos
ridade das situações do dia-a-dia, confi sociais extralinguísticos.
guram-se as interfaces que aproximam as Os estudos da Sociolinguística começa
práticas comunicativas e a formação social ram a ter evidência a partir de 1964 — al
da realidade e que se instalam na subjetivi guns pesquisadores conferem a alcunha em
dade individual para aflorar na unificação meados dos anos 1950, para se reportar às
— . .—. r. »*i>

'Edmilson José de Sá éme ;-n Lingüística (UFPE). professor do Centro de Ensino Superior de Arcoverde em Pernambuco, pesquisador em Oiaielologia s autor do livro
"Estudes de Variação Lingüística" pela Editora Textonovc, São Pauis.

Conhecimento Prático LÍNGUA PORTUGUESA I 55


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'

' - V

SOCIOUNÚUISTICA

I
.§, Wiüiam Labov
William Labov (1927 -),
lingüista americano, é
cons>áes§*J 3Qprecursor
da sociolinguística
variacionista. Em
entrevista à Revista Virtual
de Estudos da Linguagem
(Revel), em agosto de
2007, ele comentou:
"[O objeto de estudo
da Sociolinguística] éa
língua, o instrumento que •
os pessoas usam para se
comunicar com os outros
na vida cotidiana. Esse
é o objeto que é o alvo
do trabalho em Variação
Lingüística. Existemoutros
ramos da Sociolinguística
que estão preocupados
primordialmente com
questões sociais: o
planejamento lingüístico,
a escolha pela ortografia
oficial e outros que
se preocupam com as
conseqüências das ações
de fala. Todas essas são
importantes áreas de
estudo, mas eu sempre
tentei abordar as grandes
questões da Lingüística,
como determinar a
estrutura da linguagem -
suas formas e organização
subjacentes - e conhecer o
mecanismo e as causas da
mudança lingüística".
perspectivas conjuntas que os lingüistas e A TEORIA DA VARIAÇÃO
sociólogos mantinham íaceàs questões sobre A despeito das análises lingüísticas de
as influências da linguagem na sociedade e cun ho social iniciadas a partir dos anos 1950,a
0 contexto social da diversidade lingüística. chamada Teoria da Variação foi desenvolvida
O intuito era identificar a identidade social anos depois com o método proposto por
PORTUGUEÜ do receptor ou falante e seu contexto, tendo William Labov ^f|, professor de Lingüística
como ponto de partida determinada comu da Universidade da Pensilvânia. Em sua
nidade lingüística. Além disso, o contato das perspectiva, são atribuídos valores sociais às
línguas, questões relativas ao surgimento e à regras lingüísticas, perfazendo uma variação
extinção lingüística e o multilinguismo cons de determinado aspecto da língua.
tituem alguns temas de investigação na área. É também por meio do processo de
Não é novidade que todas as línguas comunicação que os indivíduos aprendem
estão cm processo constante de variação. sua função social e adquirem sua identidade
'í; Dialetologia Do ponto de vista conceituai, as ocorrências cultural. Ao nascer, o indivíduo é inserido
Dialetologia é o estudo num contexto socioeconômico cultural pre
da língua associado
reportam ao fenômeno no qual uma língua,
ao espaço geográfico. na prática corrente, se modifica numa época, existente e, à medida que cresce, participa de
Para saber mais, leia lugar ou grupo social, fornecendo seu objeto um processo desocialização queo transforma
reportagem da nossa
edição número 15. à gramática histórica, à geografia lingüística num falante de uma determinada variedade
e à dialetologia <^|, bem como à variação da língua, sob influência do meio social em
social, da qual se trata a sociolinguística. que vive.

56 Conhecimento Prátu LÍNGUA p o r t u g u e s a


" "r*7->~- ^^-^—^ -«*' -.

37?

Assim,os indivíduos aprendem sua função exemplo, a variedade urbana,que se manifes • v natureza geográfica
social e adquirem sua identidade cultural por ta em diferentes variantes socioculturais. \ As variedades geográficas
•" são chamadas de
meio do processo de comunicação, o qual \ regionalismo, que
seleciona os diversos comportamentos do AS VARIÁVEIS SOCIAIS • caracterizam, entre outros

indivíduo como o que fala, onde, em que \ aspectos, a maneira de


Assim, podemos analisar a língua fal ida I falar dos falantes de cada
momento e como se diz. Durante a fala, do ponto de vista diatópico, que relaciona o • região de um país, assim
portanto, sua estrutura social é reforçada, | como distinguem o falar
espaço físico a fatores lingüísticos em que | urbano do falar rural.
formando, assim, a identidade cultural se observam as diferenças entre falantes
peculiardo indivíduo, vistoque seu modo de localizados em direções geograficamente : Q; Variedades
falar é identificado com a maneira de viver opostas, e à maneira diastrática, que engloba lingüísticas
: As variedades lingüísticas
do grupo social e da localidade onde mora. fatores de identificação social do falante e a : são as variações que
No meio social em que estão inseridos, os relação com sua comunidade. As variedades : uma língua apresenta, de
: acordo com as condições
grupos, nomeados por Labovde socioeconômi- lingüísticas encontradas nas diferentes : sociais, culturais,
cos e geográíico-culturais diferentes, possuem formas de falar possuem relevância tanto no : regionais e históricas
modos próprios de falar, traduzem variadas : em que é utilizada. De
léxico empregado como na morfossintaxe e : modo geral, é formada
maneiras de viver, e, por extensão, aparecem as na íonologia. Partindo do princípio de que a : por dois grandes grupos:
variedades lingüísticas, que ora podem ser de : a norma culta, queéa
transmissão de duas ou mais formas de um
: língua-padrão e tem maior
variedades lingüísticas Q: (caracterizan conteúdo informativo constitui uma variável : prestígio social, e a norma
do os dialetos regionais), ora socioculturais, o lingüística, consideramos necessário para : popular. Para combater o
: preconceito lingüístico, é
que representa os dialetos sociais. sua definição o número exato de variantes, : importante que o professor
Durante qualquer estudo de uma comu a multiplicidade de contextos em que ela : mostre aos alunos que
: existe uma variedade
nidade lingüística, podemos constatar efeti aparecee um índice quantitativo que permita : lingüística de maior
vamente a existência de uma diversidade ou medir os valores das variáveis. : prestígio social, a norma
: culta, que também deve
de uma variação, de modo que a característi Segundo a hipótese de que homens e mu : ser estudada para que o
ca desta comunidade seja sua peculiaridade lheres não falam da mesma maneira, tanto pe : educando possa participar
na forma de falar, chamada pela Sociolinguís las diferenças entre ritmo e tom de voz como : ativa e criticamente nas
: relações sociais, mas que
tica de variedades lingüísticas. Há alterações pela preferência por determinadas estruturas, : esta variedade não deve
destas variedades no que tange aos limites de a relação entresexo e linguagem tem sido pri : substituir a variedade que
: cada um traz consieo.
uma determinada variedade geográfica, haja vilegiada pela Sociolinguística. Isso tem dado
vista diversos fatores, como a idade, a posi margem a inúmeras pesquisas, que buscam
ção social,o grau de escolaridade, a profissão, testar as mais diversas hipóteses sobre a que
que contribuem para que haja variedades lin se atribui essa relação desde a época infantil.
güísticas empregadas pelo falante, como, por Além disso, os estudiosos têm verificado um

Conhecimento Pratico I LÍNGUA PORTUGUESA I 57


Qj Fala feminina predomínio da forma socialmente presti relevante, o que já é de se Esperar, uma
"Adiferença entre homens
e mulheres é muito
giada para a fala feminina ^f|. O próprio vez que a norma-padrão é mais ensinada
importante, e é uma força Labov estudou a inovadora pronúncia retro- nas escolas.
extremamente poderosa
na maioria das mudanças
flexa do /r/ pós-vocálico no inglês de Nova Partindo do princípio de que a inclusão
[da língua]. Emcerca de York em meados dos anos 1960 e constatou de gostos, normas, padrões estéticose morais
90% das mudanças, as
a freqüência maior do sexo feminino sobre o em face da obrigatoriedade sob a fala s a es
mulheres estão muito
mais avançadas do que masculino. crita contribui para a ocorrência de mudanças
os homens - uma geração Além do gênero do falante, a tipificação
inteira na frente". Labov
de quem freqüenta uma escola, fenômenos
declarou em entrevista ao etária também tem lugar de destaque. Numa encontrados na concordância, na regência s
site Voice ofAmerica em análise variacionisla, a idade está veiculada no discurso (a fala) são eaoa vez mais apa
janeiro de 2005.
à existência ou à escassez de determinado rentes onde se prefere uma categoria nepres
fenômeno. Para confirmar esta visão, a tígio estigmatizada. Portanic, os membros di
mudança na língua ocorre mediante a urna comunidade da fala pedem pcsiu:r
observação do comportamento lingüístico repertório lingüístico que está propicio à ':
dos falantes de diversas faixas etárias. É riação, dependendo do nível escoi?.; em
possível também constatar diferenças se encontram.

marcantes entre a linguagem dos idosos e


a dos adolescentes, por meio das quais é A SOCIOLINGUÍSTICA
possível diagnosticar se uma dada variação VARIACIONISTA
ocorre em um desses períodos de vida. Não podemos descasar a /ariacão -:'-•
A maioria das pesquisas socioUnguísticas gráfica, já verificada desde a migraçãí
também aponta a influência do nível escolar ocorreu nc Brasil durante o sécuio XX de
do falante como condicionador bastante destinos, sulistas s o grrmoe èy.co/.

58 Ccnf.acmerxaPraMQ ! LÍNGUA PORTUGUESA


Q Heterogeneidade
Os dados das gravações
de pesquisa guiada
por uma entrevista
informal permitem
aos investigadores a
possibilidade de coletar
muitos exemplos da
mesma característica de
cada falante entrevistado.
Na fala de uma única
pessoa, algumas
características lingüísticas
variam, ou seja, são
pronunciadas de mais
de uma forma. Às vezes,
por exemplo, um falante
pode deixarde pronunciar
o /U/ da palavra "ouro"
e, mais tarde, mesmo
com o ;:'olongamento da
conversa, o mesmo falante
pode mantê-lo.

Q Fernando Tarallo
Fernando Tarallo (1951
- 1992), professor
da Unicamp, faleceu
prematuramente aos
40 anos, mas deixou
aos seguidores de sua
linha de pesquisa,
ainda que em pequena
quantidade, recursos
de enorme importância
para o conhecimento
da complexa realidade
lingüística brasileira.

inverteu a distribuição da população entre nhecem prontamente que os grupos sociais


cidades e campos, tornando o Brasil um país na comunidade de fala podem diferir um do A maneira como
urbanizado e trazendo para o espaço urbano outro não qualitativamente (usando formas
se fala, o sotaque,
os falares rurais cada vez mais variáveis. Todas dialetais completamente diferentes uma da
outra), mas quantitativamente, usando pro os costumes, faz
essas marcas lingüísticas constróem a identi
dade do povo brasileiro. A maneira como se porções diferentes de variantes do dialeto com que a região
fala, o sotaque, os costumes, faz com que a re em sua fala. Bem planejou Labova noção da do falante seja
gião do falante seja reconhecida em qualquer variável lingüística para ajudar a capturar reconhecida em
espaço geográfico. Por este motivo,as pesqui esta idéia da diferença quantitativa (vide box qualquer espaço
sas também apontam a localidade do falante da variação lingüística no Brasil para mais
exemplos). Além dascontribuições de Labov,
geográfico.
como diferencial para explicação da variação
existente em sua fala espontânea. os pesquisadores da área, principalmente
O modelo da sociolinguística varia- no Brasil, se valem do método descrito por
cionista supõe que o mecanismo humano FernandoTarallo @, que resume todos os
responsável pela fala se acomoda, pois as procedimentos da pesquisa sociolinguística.
pressões sociais operam continuamente
sobre a língua, gerando a variação. Além A PESQUISA SOCIOLINGUÍSTICA
disso, os funcionamentos da gramática Para fazer uma pesquisa de variação
podem ter um componente quantitativo e em nível sociolinguistico, é necessário, pri
não categórico. Por meio da variável lin- meiramente, escolher a comunidade onde
guistica, podemos descrever e analisar a deseja pesquisar (um grupo de pessoas de
heterogeneidade ^| ordenadamente no determinada classe profissional, um bairro,
uso da línaua. Os lingüistas também reco uma cidade etc). A etapa seguinte constitui-

Ccnhecimento Pratico LÍIMGUA PORTUGUESA I 59


SOCIOLINGUÍSTICA

AVARIAÇÃO LINGÜÍSTICA NO
PORTUGUÊS DO BRASIL
~~ noção da variação lingüística pode ser
exemplificada na Língua Portuguesa falada
no Brasil observando-se a consoante /.L /,
que possui um comportamento bastante
variável..Essaconsoante pode ser realizada,entre
outras maneiras, como uma semjvogal lábic-c^sal
- a forma mais encontrada, como em papel-*
papéú- ou com òapagamento daconsoante -
uma formadesprestigiada,comoérri pape. Nesse
caso, os analistas se apropriam dagravação deum
falante particular, anotando o número de vezesquê
a consoante /1 / se realiza como uma semivogal
lábio-dorsal e o número de vezes que à mesma
consoante não'sérealiza, e deriva uma "contagem"
paraesse falante que reflete emseu usoda forma
não-padrão. Ás ocorrências deste falante podem,
então, sei" comparadas com as de outrosfalantes, e,
similarmente, as ocorrências,para homens podem .
ser agregadas e comparadas com as ocorrências

ser relacionados os falantes da zona rural com os


falantes da zona urbana e assim por, diante.
ESBBBSBBBHSBB

se da busca pelos informantes, cujo tama ainda poderíamos dividir os informantes de


nho poderá depender da homogeneidade modo a ter quatro pessoas por nível escolar,
da população, do número de variáveis pes sendo duas para zona urbana e duas para
quisadas, do fenômeno em tela, do méto zona rural. Feita essa divisão e encontrados
do de análise e até mesmo das questões or os informantes adequados, o passo seguinte
çamentárias para a realização da pesquisa. é realização cias entrevistas. Num ambiente
A escolha dos informantes deve ser fei livre de ruídos e sons inoportunos, a conver
Susan Pintziik ta com base em alguns critérios como, por sa pode ser feita de maneira bem informal,
Susan Pintzuk, exemplo, a naturalidade específica do lugar, cujos assuntos podem girar em torno da
professora de tíngua
Inglesa e Lingüística na a filiação detentora da mesma naturalidade história pessoal do informante, da história
Universidade de York, na e não-ausência de seu local de nascimento e atualidade na localidade onde mora, suas
Inglaterra, desenvolveu
programa para análise por muito tempo. Essa escolha pode ser feita opiniões sobre assuntos diversos como esco
estatística dos fenômenos com base no método aleatório simples, para o la, vizinhança, política etc.
variáveis da língua.
qual não se aplica nenhum critério social, e
só é propícia para uma amostra relativamen
te grande com população bastante homo Para quantificar os dados encontrados
gênea, ou seja, quando não há uma diferen numa pesquisa de cunho sociolinguístico, já
ça lingüística supostamente muito elevada. existem programas de computador que faci
Se preferir, o investigador pode usar o método litam muito o trabalho do pesquisador. Pm
aleatório estratificado, dividindo a população 1988, Susan PintZUk® criou um pacote
em células compostas de indivíduos perten de programas chamado de Varbrul, ou seja,
centes às mesmas classes sociais. Por exemplo, "variablc rales". Esse programa é constitu
uma amostra de 48 pessoas poderia ser dividi ído basicamente dos programas Checktok,
da em duas células da classe sexo com 24 pes Readtok, Makeccll e Ivarb.
soas. Cada célula de 24 pessoas seria dividida Contudo, tendo em vista a evolução
em três células da faixa etária (15 a 25 anos, 26 tecnológica dos sistemas operacionais,
a 49 anos e mais de 49 anos), perfazendo oito sentimos a necessidade de procurar um
pessoas para cada faixa. Se essas oito forem programa de análise que não só atendesse
ainda divididas conforme dois níveis de esco às exigências da nossa pesquisa, mas que se
laridade (até quatro anos e mais de oito anos), adequasse às inovações. Por isso, nossa análise

GO I Conhecimento Prttico I LÍNGUA PORTUGUESA


SAIBA +
ALlHGUA DE
EUUV,!,'. .
-:V,3fcos.Cánno
ftir.oi ú Contexto '.
(1997) •
Marcos Bagnodiscute
spciplingiiística por mera da história -
de lies unrversitárias. Vera,Síivia
e Emitia,-que vão passar asfétias ...
iia chácarada professora Irene,
umaestudiosa das línguas. IA
elas conhecem Euláiia, amiga e et
empregada deIrene, e é por me::i do
falarde Euláiia que o autorintroduz
a questão da socioünguisticae das ,
variedades da líng

ESTUDOS DE
VARIAÇÃO
LINGÜÍSTICA - 0
QUE ÊPRECISO
SABER E POR
ONDE COMEÇAR
de Edmilson Sá
EdiloraTextonoTO{2007).\
Edmiison Sá, autor desta reportagem,
pretende auxiliar a compreensão :":'
sobrea heterogeneidade rias línguas,
particularmente a Língua Portuguesa;
facilitar a pesquisa'dó assunto,
quantitativa foi realizada através do programa dos modos de subjetivação que se organizam que antes só podiaser realizada .•
consuiiando-se váriasreferências;
Goldvarb, um aplicativo para a análise em diferentes práticas discursivas, tanto orais mostraros procedimentos
multivariada, baseado numa versão prévia como escritas. metodológicos de reanzação
pesquisa soaolinguisticaed
do Goldvarb 2.0 criado pela equipe de David Contudo, seja na perspectiva da variação, tratamento dado a ela com vistas â

Sankoff em 1990. Enquanto o Goldvarb 2.0 seja na perspectiva da interação, comunga obtenção de resultados proveitosos.

funcionava em computadores de Macintosh, o mos das sábias palavras de Celso Cunha,


Goldvarb 2001, organizado porJohn Robinson, segundo o qual nenhuma língua permanece a
Helen Lawrence & Sali Tagliamonte, e rellete mesma em todo o seu do-mínio e, ainda num
a necessidade de muitos pesquisadores em só local, apresenta um sem-número de dite-
um programa similar para Windows. Com renciações. Ele ainda reforça a importância do
ele, temos as variantes distribuídas segundo estudo da língua a partirda variação deordem
o percentual de ocorrência de acordo com geográfica, ordem social e até individual, pois : Cs Celso Cunha
jCelso Cunha (1917-
as variáveis lingüísticas e extralinguísticas cadafalante procura utilizar o sistema idiomá- | 1989)era comprometido
escolhidas. Para não correr o risco de atribuir tico da forma que melhor lhe exprime o gos | com os maisdiferentes
| aspectosde estudoda
uma informação duvidosa a um determinado to e o pensamento, não prejudicando, pois, a ; Língua Portuguesa e um
percentual deocorrência, o programa também unidade superior da língua,nem a consciência j grandeincentivador da
quetêm osquea falam diversamente deseser : sociolinguística no País. Ele
proporciona pesos relativos que estabelecem : foi um dos responsáveis
uma significância estatística paraa ocorrência virem de um mesmo instrumento de comuni • pelo desenvolvimento do
de uma determinada variante. . cação, de manifestação e de emoção. jProjeto de Estudo da Norma
: Urbana Culta (Projeto
Apesar da importância dessa linha de O que precisamos deixar claro é que : NURC), cujo objetivo inicial
descrição lingüística, parece ainda haver os processos de variação da língua não : era documentar e descrever
'• a norma objetiva do
alguma resistência na pesquisa variacionista, têm ocorrido de um dia para o outro, daí a : português culto falado em
ainda mais pelo avanço das pesquisas da importância também da análise qualitativa, j cinco capitais brasileiras:
: Porto Alegre, São Paulo,
sociolinguística interacionista, que preconiza •fruto de um processo contínuo e sistemático : Fíiode Janeiro, Salvador e
análises em nível micro e macro de práticas de trabalho e reflexão sobre os aspectos jRecife. Apartir de 1985.
: o escopo do projeto foi
interacionais em diferentes contextos, formais da língua, seus gêneros, seus usos, seu
: ampliado para abrigar
como empresa, família, escola, hospitais, contexto, sua história e seus falantes. Assim, : outros aspectos, como
talvez algum dia poderemos compreender a : análise da conversação,
consultórios. Além disso, ainda abrange um : análise da narrativa e
estudo da relação enunciado/enunciação heterogeneidade existente na nossa língua : análise socio-pragmática
: do discurso.
com o propósito deexaminar a especificidade materna.

Conhecimento Pratico LÍNGUA PORTUGUESA I 61

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