Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
1
Esse conceito de Saussure, é argumentado pelo autor Marcos Martellota, mencionando
que
E essa corrente linguística foi inaugurada por William Labov, na década de 1960
nos Estados Unidos, apresentando sua teoria da variação ou sociolinguística
variacionista, que através de suas pesquisas, investigações e entrevistas, permitiram
entender que as estruturas variacionistas revelam padrões de regularidade, que de tão
sistemática, não podem ser devidas ao acaso, levando ao pesquisador estadunidense
concluir em suas investigações que a língua varia no ambiente geográfico, em diferentes
níveis sociais, diferenças na fala entre homens e mulheres e em contextos de
escolaridade, inspirando e sendo pioneiro para os sociolinguistas modernos darem
continuidade à pesquisas a partir das suas observações, utilizando como base seus
estudos. Dessa forma, como argumenta Martellota
2
O eixo diatópico é quando as variações são manifestadas no espaço geográfico,
no qual uma palavra ou uma pronúncia se diferem de acordo com a região, como por
exemplo, as diferentes maneiras de pronunciar a sibilante [s], no sotaque carioca e no
sotaque mineiro. As variantes diastráticas se manifestam em falantes pertencentes a
determinados grupos sociais, de acordo, por exemplo, com a discrepância de idade, de
nível de escolaridade, de classe social e de profissão. Já o eixo diacrônico é composto
de variações históricas, encontradas em documentos antigos, que ou caíram em desuso
ou que evoluíram ao longo do tempo, como foi o caso do pronome atual da língua
portuguesa “você”, que evoluiu da palavra "vossa mercê”. E por fim, as variantes
diafásicas se caracterizam pela adequação da formalidade ou informalidade da língua
pelo falante em determinada situação comunicativa, por exemplo, em uma entrevista de
emprego é mais conveniente aderir o uso formal da língua do que o informal, utilizado
em uma conversa com amigos.
3
Assim, esses julgamentos da sociedade contribuem para um processo de ensino
não democrático, criando uma barreira entre as manifestações linguísticas decorrentes
na comunidade de falantes com o modo de ensino da língua nas escolas, que é
estritamente normativo. Isto não significa que a norma padrão deixe de ser ensinada nas
escolas, mas que nesse convívio educacional, haja interação entre a normalidade da
língua e suas variantes, pois como afirma Perini
______________________________________________________________________
Como dito, um dos universais linguísticos constatadamente compartilhado por
diversos linguistas é o aspecto heterogêneo das línguas, ou seja, toda língua natural
possui suas variações. Essa característica inerente das línguas define os diferentes
falares e usos de uma determinada estrutura linguística, sem que haja valoração –
científica – intrínseca entre si.
Tal perspectiva voltada para aspectos mais estruturais da língua perpassam não
só o ensino, como também o estudo de línguas; dos gregos aos mais renomados
linguistas, como Saussure, que considerou a fala caótica e, portanto, de menor
importância para a linguística, e Chomsky, que fomentou as concepções de língua e
falantes ideais, deixando a realidade de uso da língua a margem, para dar lugar às
idealizações e abstrações sobre o funcionamento delas.
4
incluindo o ensino de língua portuguesa no Brasil, nas quais é possível notar um maior
enfoque na gramática, sobretudo com objetivo de padronização da língua, que advém
das necessidades de uma nação com um território vasto e de grande diversidade
linguística, como expõe Silva:
5
Com isso, estabelece-se que a gramática deve integrar o ensino de língua, mas
deve-se ter o cuidado de não o limitar ao ensino de norma-padrão (ou culta), voltada
para um ensino técnico e nada prático; deve-se empregar abordagem, metodologia e
técnica de ensino que integrem a variação linguística nos diferentes âmbitos de
competência comunicativa e confiram ao ensino de línguas uma perspectiva de uso real.
Consonantemente, Bagno afirma:
Objetivos de
Práticas de Linguagem Habilidades
Conhecimento
Todos os Campos de Atuação
Análise Variação Linguística (EF69LP55) Reconhecer as
variedades da língua falada, o
linguística/semiótica
conceito de norma-padrão e o de
preconceito linguístico.
(EF69LP56) Fazer uso
consciente e reflexivo de regras
e normas da norma-padrão em
situações de fala e escrita nas
quais ela deve ser usada.
6
ensino das variantes referentes a região Fluminense do Rio de Janeiro, também do 6º ao
9º ano.
Objetivos de
Práticas de Linguagem Habilidades
Conhecimento
Todos os Campos de Atuação
Análise Modalidades oral e escrita (EF69LP01.RJ) Aplicar e
7
pontos de vista, nas concepções defendidas. Acreditar numa língua abstrata,
numa língua potencial, numa língua hipotética, que talvez possa acontecer, não
se sabe em que contexto, [...] só pode resultar, na prática da sala de aula, em
opções de: fazer listas de palavras; identificar sua classe morfológica; formar e
analisar frases soltas; fazer aquelas coisinhas “sem graça e sem proveito” que
todos nós, mais velhos, nos cansamos de fazer! (ANTUNES, 2015, P 16)
Com isso em mente, qual seria a melhor abordagem para o ensino de língua?
Uma abordagem que integre a diversidade linguística ao ensino, numa perspectiva de
língua como interação social e não como mero sistema abstrato de regras a serem
seguidas, dessa forma trazendo a gramática como um dos componentes pelos quais se
constitui a língua, não sendo o único e tampouco o mais importante; ainda de acordo
com Antunes, a gramática é o componente mais substancial da concretização das ações
verbais, ações estas que requerem bem mais que o simples emprego da gramática.
2. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
8
OLIVEIRA. R M DE. Descolonizar os livros didáticos: raça, gênero e colonialidade nos
livros de educação do campo. Revista Brasileira de Educação. Rio de Janeiro, v 22, n
68, jan-mar 2017.
SAUSSURE. F. Curso de Linguística geral. 27 ed. São Paulo: Cultrix. 2006
SILVA. E N. Variação Linguística: das discussões acadêmicas aos livros didáticos.
Revista Ao Pé da Letra. Pernambuco, v 16, n 2. 2014.
TERRA. E. Linguagem, língua e fala. 1 ed. São Paulo: Scipione. 1997.