Você está na página 1de 3

Universidade Federal do Ceará

Instituto UFC Virtual - UAB


Licenciatura em Letras Espanhol: Teorias de Língua e Segunda Língua
Tutora: Pauline Barreto Teixeira
Aluna: Karla Mylena Araújo Felismino

Um panorama sobre os estudos sociolinguísticos

Fortaleza, 23 de março de 2021


A sociolinguística teve início em meados do século XX, embora haja vários
linguísticos que, muito antes, já desenvolviam em seus trabalhos teorias de natureza sobre o
assunto. Como é o caso de Bakhtin e membros do Circuito Linguístico de Praga, eles foram
pensadores que levavam em conta o contexto sociocultural e a comunidade de fala em suas
pesquisas linguísticas, ou seja, não dissociavam o material da fala do produtor dessa fala, o
falante – pelo contrário, consideravam relevante examinar as condições em que fala era
produzida.

É possível verificar também que o nosso português e o espanhol, assim como outras
línguas, sofrem alterações, pois a língua muda de geração em geração.

Qualquer estudo sociolinguístico parte de uma análise cuidadosa do mapa sociológico


de uma comunidade, uma vez que quanto mais complexo for o seu tecido social, mais
heterogêneo será o uso que essa comunidade faz da língua. Os fatores sociais apresentam o
maior poder de influência sobre a variação linguística dentro de uma comunidade, como por
exemplo, o sexo, a idade, o nível de instrução, o nível sociocultural e a etnia à que pertence
um determinado grupo. Mas é claro que nem todos os fatores precisam funcionar de forma
idêntica em todas as comunidades e para cada comunidade é preciso levar em consideração o
contexto em que está inserida.

Embora o aspecto social da língua tenha chamado à atenção desde cedo, tendo tido
relevância já no trabalho do linguista suíço Ferdinand de Saussure no início do século XX, foi
talvez somente nos anos 1950 que este aspecto começou a ser investigado minuciosamente.
Pioneiros como Uriel Weinreich, Charles Ferguson e Joshua Fishman chamaram a atenção
para uma série de fenômenos interessantes, tais como a diglossia e os efeitos do contato
linguístico. Mas pode-se dizer que a figura chave foi William Labov, que, nos anos 1960,
começou uma série de investigações sobre a variação linguística – investigações que
revolucionaram a compreensão de como os falantes utilizam sua língua e que acabaram por
resolver o Paradoxo de Saussure. Este ramo pode ser dividido em outras vertentes, para
estudar diversos aspectos do uso da língua, podendo ser de cunho Variacionista, Educacional
e Interacional.

A Sociolinguística Variacionista, ou Teoria da Variação e Mudança, é uma abordagem


proposta por William Labov para explicar a covariação sistemática entre língua e sociedade.
A Sociolinguística Educacional, rótulo assumido por Stella Maris Bortoni-Ricardo, tem se
constituído como um campo de aplicação da sociolinguística aos programas de formação de
docentes para o ensino de língua materna. Já a Sociolinguística Interacional ou
Sociointeracionismo, surgiu na década de 1970 e foi apresentado pelo linguista americano
John J. Gumperz, tem como foco as interações linguístico-sociais, as interpretações e
inferências produzidas pelos interlocutores a partir dessa relação, sejam ligadas a traços
linguísticos ou não linguísticos, como gestos, expressões faciais e pausas.
Bibliografia

BAKHTIN, M. (Voloshinov, V.N.). 1979. Marxismo e filosofia da linguagem. Trad. de M.


Lahud e Yara F. Vieira. São Paulo: HUCITEC.

Você também pode gostar