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SERRA TALHADA
2018
A Língua Portuguesa foi decretada como língua oficial no Brasil no período histórico
que denominamos de Período Pombalino, visando o domínio efetivo de tudo o que havia no
território, inclusive o domínio humano. Antes da chegada dos portugueses a este território
existiam várias tribos indígenas que possuíam diversas línguas, estima-se um número de 340.
Para fins de consolidação de poder e domínio, os jesuítas começaram a estudar essas línguas e
atestaram que a grande maioria era uma ramificação do Tupi-Guarani, dessa forma, as
condições comunicativas foram sendo satisfeitas após a adoção da chamada Língua Geral, que
possuía uma base lexical da língua Tupi-Guarani. Dessa forma, os primeiros educadores
destas bandas foram os jesuítas. Visavam ensinar, principalmente aos indígenas, as Primeiras
Letras, aprender a ler e escrever em Português, para isso usaram efetivamente a Língua Geral.
O ensino também era centrado na disseminação dos ideais cristãos e de uma sociedade
eurocêntrica mercantilista. O modelo educacional adotado por eles partia do Ratio Studiorum,
e aqui no Brasil funcionou da seguinte forma:
A década de 70 é chamada por Zanini (1999, p. 81) como a década dos modelos, isso
explica-se por uma sequência de fatos: primeiro, o Brasil estava vivendo um momento
agitado, vivia a Ditadura Militar e buscavam-se o progresso, vulgo, muito capital, à custa do
menor investimento possível, seja monetário ou temporal. A democratização da escola vivia
seu apogeu, teoricamente. As camadas mais populares da sociedade iam pisar os pés em uma
instituição de ensino, traziam em si marcas linguísticas (e outras, econômicas, sociais,
culturais) diferentes da elite, a quem antes era destinada a educação. Agora a tendência
pedagógica que vigorava (ao menos nos documentos oficiais) era a tecnicista, onde o material
didático ocupava o lugar central, não o professor, nem o aluno, mas sim as técnicas e
conteúdos, que eram os meios para se chegar ao saber. Desta forma, era necessário formas
rápidas e fáceis de memorização, assim exercícios de “siga o exemplo” “ligue a forma
singular à forma plural” eram frequentes. A prática de ensino em LP era superficial e
descontextualizada. Ensinou-se a repetir, não a refletir, acomodou o professor.
A partir da década de 80 o cenário linguístico povoa-se de teorias e esse fato
influenciou o ensino em Língua Materna. Onde havia muito ensino de gramática passou a
sequer ser considerado tal fato. O que assustou os professores. Zanini (1999) nomeou como a
década dos discursos, a concepção que vigora é língua como forma de interação humana e é
desenvolvida em diálogo com os textos bakhtianos. A língua é vista como um processo que
não é interrompido, é contínuo, que se realiza a partir de uma interação verbal e que antes, é
social, entre agentes sociais, ou sujeitos da interação, que por meio dela ocorre sempre uma
troca. Desta vez não se exclui o contexto da enunciação, ora, esta influencia ativamente no
enunciado, sendo concebido e entendido dentre dele. Todo enunciado possui um objetivo e
um contexto comunicativo. Essa concepção é influenciada por diversos estudos, como Análise
do Discurso e a Sociolinguística. Segundo Bakhtin:
Podemos perceber como esta concepção difere das outras duas: a língua não é vista como uma
forma de expressar o pensamento, como objeto estático e invariável. Bakhtin diz que o
pensamento é organizado pela linguagem ao longo da vida e dos discursos que o sujeito social
estabelece, por isso a língua não é uma tradutora do pensamento. Muito menos, apenas um
sistema de códigos que devem ser aprendidos para que haja comunicação entre um emissor e
o receptor. Segundo Bakhtin, a concepção de língua como instrumento, transforma o papel do
receptor em passivo, em mero decodificador, quando na verdade, o receptor quando
compreende a mensagem constrói uma resposta ativa a partir de uma base valorativa.
Nessa concepção, a língua é vista como forma de interação social entre sujeitos que
estão situados em um contexto histórico e socioideológico e que produzem enunciados
particulares, ou seja, o contexto e os participantes do discurso moldam os enunciados,
diferentemente do que o psiquismo individualista propõe.
Embora em 1980 essas mudanças tenham sido significativas, ainda não eram
suficientes. Adentrou-se na década de 90 e o desempenho linguístico dos alunos ainda eram
insatisfatórios. Fora publicado a LDB vigente Lei 9394/96 tentando reunir teoria e prática
para o ensino de LP. Agora, o aluno é um sujeito da interação, ele e o professor interagem com
os textos (gêneros discursivos) e mais que um mero interpretador, o aluno se torna um
produtor, ou seja, abre-se um espaço para o aluno se tornar autor. Os textos levados para sala
de aula são reais, contextualizados. Segundo Zanini:
No que tange à língua materna, o seu ensino parte do ponto em que se prevê
a concretização de seus objetivos: o texto. A sua produção advém de um processo
contínuo de ensino/aprendizagem, cuja “metodologia permite integrar a
construção do conhecimento com as reais necessidades dos alunos” (Sercundes,
1997: 83). Envolvem-se aí as atividade que fortalecem a competência lingüística
de seus autores: leitura crítica, a escrita com objetivo e leitor definidos, a
compreensão e interpretação do mundo, a reflexão sobre a própria linguagem. Aqui
o texto já não se revela um produto pronto, intocável, que pertence somente ao
seu criador, que não permite inferências, nem interferências, pois surge para
satisfazer as necessidades do autor e do leitor que compartilham um mesmo
conhecimento de mundo e de língua. (ZANINI, 1999, p. 84)
(...) (a) adoção do texto como unidade básica de ensino; (b) produção linguística
tomada como produção de discursos contextualizados; (c) noção de que os textos
distribuem-se num contínuo de gêneros estáveis, com características próprias e são
socialmente organizados tanto na fala como na escrita; (d) atenção para a língua em
uso, sem se fixar no estudo da gramática como um conjunto de regras, mas frisando
a relevância da reflexão sobre a língua; (e) atenção especial para a produção e
compreensão do texto escrito e oral; (f) explicitação da noção de linguagem adotada,
com ênfase no aspecto social e histórico, (g) clareza quanto à variedade de usos da
língua e variação linguística.
Para concluir, as leituras que foram feitas são dotadas de um valor imprescindível, a
carreira docente é desafiadora independente da época, não nos permite ficar inertes sem
refletir e aprimorar. Estudos científicos sempre veem à tona e são importantes. Geraldi diz
algo muito pertinente, que no atual momento não parece ser lembrando e que pode levar a
educação para caminhos perigosos de outrora: “(...) toda e qualquer metodologia de ensino
articula uma opção política - que envolve uma teoria de compreensão e interpretação da
realidade- com os mecanismo que utilizados em sala de aula.” (GERALDI,1984, P.40)
Conteúdos abordados: conceito do gênero debate e a função social exercida por ele; tipos de
debates que permeiam o cotidiano, dos informais aos mais formais; conceito de debate
regrado.
Procedimentos metodológicos:
1) {10 min} Em um primeiro momento, deverá ser questionado aos alunos o que eles
entendem por argumentação e que situações do cotidiano eles fazem uso desse
recurso, mostrando que argumentar é algo realizado por nós dentro dos mais
diversos grupos sociais, seja na família, igreja, escola, e que para isso devemos ter o
mínimo de conhecimento sobre o objeto que vamos argumentar, nos posicionando
contra ou a favor. Por exemplo, para alguém argumentar que não gosta de grupos
musicais de KPOP, essa pessoa, algum dia deve ter visto alguma performance. Desta
forma, deve-se traçar uma linha entre a argumentação e o gênero que vamos
trabalhar: o debate. Já que esse gênero exige para argumentação, conhecimento e
ponderação. Deverá ser questionado aos alunos do que se trata o debate, para que
serve, e também as formas que devemos realizar um debate, frisando que sempre
deve prevalecer o respeito sobre a outra pessoa que também debate. O professor,
com a ajuda dos alunos, irá escrever no quadro as respostas do que foi questionado
nesta breve discussão. o professor deve explicar que o debate surge em meio a algo
que seja polêmico.
2) {10 min} Em seguida o professor irá reproduzir um vídeo que contém um debate
sobre o uso do aparelho celular em sala de aula (Estadão, Põe na roda: celular em
sala de aula. 2016) O debate do vídeo é entre três alunos, eles discutem questões
sobre o tema. A partir do que foi apresentado no vídeo, o professor deve questionar
aos alunos que posição eles têm diante do tema, se são favoráveis ou desfavoráveis e
por qual motivo.
3) {15 min} Após a apresentação do vídeo, será entregue cópias do texto Proibir não é
a solução: 4 vantagens do celular em sala de aula (MELO, Ione Cristina. Proibir
não é a solução: 4 vantagens do celular em sala de aula. Disponível em: <
http://recode.org.br/4-vantagens-do-celular-em-sala-de-aula/> Acesso em: 21 de
novembro de 2018) e será pedido que realizem uma leitura coletiva. Feita a leitura,
será realizada uma compreensão do texto, evidenciando o gênero que o texto
pertence (artigo de opinião), qual a função social aquele gênero exerce, levantando
os argumentos utilizados pela a autora, verificando o nível linguístico, entre outras.
4) {25 min} A mesma metodologia deve ser realizada com o texto O uso do celular e
as consequências negativas para o rendimento escolar (DOM BARRETO. O uso
do celular e as consequências negativas para o rendimento escolar. Disponível
em: < http://dombarreto.g12.br/portal/?p=12165> Acesso em 21 de novembro de
2018). Deve ser explorado as ideias nos textos que são contrárias.
5) {25 min} Conhecida algumas estratégias de argumentação por meio do vídeo e dos
textos, o professor irá utilizar uma apresentação em Power point e uma exposição
oral e sistêmica sobre o gênero debate, os seus tipos, exemplificando sempre que
possível. O debate regrado deverá ser mais aprofundado, explicando a sua
importância e função, suas regras (respeito ao turno do colega, ao tempo, e ao
outro), o trabalho dos debatedores e suas estratégicas de argumentação, deixando
bem claro que debater exige pesquisa e reflexão sobre o tema, assim como o
trabalho do moderador.
6) {10 min} O restante final das aulas será destinado a realização da chamada e a
divisão de grupos de 5 alunos para a realização de um debate que ocorrerá nas aulas
seguintes, assim como a seu planejamento (pesquisa, organização, etc) O professor
deverá deixar os temas livres, mas sempre orientando os alunos.
Quadro,
Pincel,
Cópias dos textos,
Datashow,
Notebook,
Caixinhas de som
Avaliação:
Através da discussão feita em sala, será avaliado a compreensão sobre a forma que
deve ser realizada uma argumentação; o conhecimento prévio sobre o gênero
argumentativo debate; a interpretação realizada a partir das leituras realizadas e de
que forma isso impactou o aluno.
Referências