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edition edição

Tratamento
iological
Wastewater
Biológico
reatment
de Esgoto
ciples, Modeling and Design
Princípios, Modelagem e Projeto
hao Chen
.M. vanMarcelo Kenji Miki
Loosdrecht
Guang-Hao Chen
A. Ekama
Brdjanovic
Mark C.M. van Loosdrecht
G.A. Ekama
Damir Brdjanovic
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Tratamento Biológico de Esgoto
Princípios, Modelagem e Projeto
2ª edição

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Tratamento Biológico de Esgoto
Princípios, Modelagem e Projeto
2ª edição

Editor da versão em português:

Marcelo Kenji Miki

Editores da versão em inglês:

Guanghao Chen
George A. Ekama
Mark C.M. van Loosdrecht
Damir Brdjanovic

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Publicado por: IWA Publishing

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I: www.iwapublishing.com

Primeira da edição em inglês publicada em 2008


© 2008 IWA Publishing

Segunda edição em inglês publicada em 2020


© 2020 IWA Publishing

Publicacão da edição em português


© 2022 IWA Publishing

Além de qualquer negociação justa para fins de pesquisa ou estudo privado, crítica ou revisão, conforme permitido pela Lei de
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Design de capa: Damir Brdjanovic


Imagem de capa: Royal HaskoningDHV
Design gráfico: Sinopse d.o.o.
Editor original de língua inglesa: Claire Taylor
Editor original de nomenclatura: Feixian Zan

eISBN:9781789063233 (eBook)

Editor da Marcelo Kenji Miki


versão em
português :

Editores da Guanghao Chen


versão em George A. Ekama
inglês: Mark C.M. van Loosdrecht
Damir Brdjanovic

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Autores Adrian Oehmen Guanghao Chen Mario Pronk
Originais Antonio M. Martins George A. Ekama Manel Garrido‐Baserba
Carlos M. Lopez‐Vazquez Grietje Zeeman Mark C. Wentzel
Christine M. Hooijmans Gustaf Olsson Mark C.M. van Loosdrecht
David G. Weissbrodt Hector A. Garcia Michael K. Stenstrom
Damir Brdjanovic Ho Kwong Chui Michele Laureni
Diego Rosso Hui Lu Mogens Henze
Di Wu Imre Takács Nidal Mahmoud
Eberhard Morgenroth Jiao Zhang Pernille Ingildsen
Edward J.H. van Dijk Jules B. van Lier Sebastiaan C.F. Meijer
Ernest R. Blatchley III Kang Xiao Tainwei Hao
Eveline I.P. Volcke Kim H. Sørensen Xia Huang
Fangang Meng Kimberly Solon Yves Comeau

Tradutores Alexandre Magno P. da Rocha Eduardo Lucas Subtil Paulo Gustavo Sertório de Almeida
André Bezerra dos Santos Lucas Antonio O. Melgaço Paulo Igor Milen Firmino
Bruno Sidnei da Silva Carlos Lucas Brandimarte Molleta Rodrigo de Freitas Bueno
Augusto L. Chernicharo Lucas Vassalle de Castro Roque Passos Piveli
César Rossas Mota Filho Luiz Antonio Daniel Sérgio Roberto Carvalho de Souza
Daniele Vital Vich Marcelo Kenji Miki Silvio Luiz de Sousa Rollemberg
Dione Mari Morita Marcos Erick Rodrigues da Silva Theo Syrto Octavio de Souza
Moacir M. Araújo Jr Thiago Bressani Ribeiro

Este livro digital/eBook foi feito em Acesso Aberto em agosto de 2022.

© 2022 Os Editores

Este é um livro de Acesso Aberto distribuído sob os termos da Creative Commons Attribution License (CC BY-NC-
ND 4.0), que permite a cópia e redistribuição para fins não comerciais sem derivações, desde que a obra original seja
devidamente citada (https://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/4.0/). Esta licença não afeta os direitos licenciados ou
atribuíveis a qualquer terceira parte neste neste livro.

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Autores da Edição Original
Desenvolvimento do Tratamento inovador de esgoto Biorreatores com membranas
Tratamento de Esgoto contendo enxofre Xia Huang
Guanghao Chen Hui Lu Fangang Meng
Mark C.M. van Loosdrecht Di Wu Kang Xiao
George A. Ekama Tianwei Hao Hector A. Garcia
Damir Brdjanovic Ho Kwong Chui Jiao Zhang
George A. Ekama
Microbiologia Básica e Mark C.M. van Loosdrecht Modelando processos de lodo
Metabolismo Guanghao Chen ativado
David G. Weissbrodt Mark C.M. Van Loosdrecht
Michele Laureni Desinfecção de esgoto George A. Ekama
Mark C.M. van Loosdrecht Ernest R. Blatchley III Carlos M. Lopez Vazquez
Yves Comeau Sebastiaan C.F. Meijer
Aeração e mistura Christine M. Hooijmans
Características das águas Diego Rosso Damir Brdjanovic
residuárias Michael K. Stenstrom
Eveline I.P. Volcke Manel Garrido-Baserba Controle de processo
Kimberly Solon Gustaf Olsson
Yves Comeau Intumescimento de lodo Pernille Ingildsen
Mogens Henze Mark C.M. van Lossdrecht
Antonio M. Martins Tratamento anaeróbio de
Remoção de matéria orgânica George A. Ekama águas residuárias
George A. Ekama Jules B. van Lier
Mark C. Wentzel Lodo granular aeróbio Nidal Mahmoud
Mario Pronk Grietje Zeeman
Remoção de Nitrogênio Edward J.H. van Dijk
George A. Ekama Mark C.M van Loosdrecht Modelando biofilmes
Mark C. Wentzel Eberhard Morgenroth
Mark C.M. van Loosdrecht Decantação final
Imre Takács Reatores de Biofilme
Remoção Biológica Avançada de George A. Ekama Kim Helleshøj Sørensen
Fósforo - EBPR Eberhard Morgenroth
Carlos M. Lopez-Vazquez
Mark C. Wentzel
Yves Comeau
George A. Ekama
Mark CM van Loosdrecht
Damir Brdjanovic
Adrian Oehmen

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Edição em Português
Tradutores
Desenvolvimento do Tratamento inovador de esgoto Biorreatores com membranas
Tratamento de Esgoto contendo enxofre Eduardo Lucas Subtil
Marcelo Kenji Miki André Bezerra dos Santos
Marcos Erick Rodrigues da Silva Modelando processos de lodo
Microbiologia Básica e Paulo Igor Milen Firmino ativado
Metabolismo Lucas Brandimarte Molleta
Daniele Vital Vich Desinfecção de esgoto
Luiz Antonio Daniel Controle de processo
Características das águas Rodrigo de Freitas Bueno
residuárias Aeração e mistura Alexandre Magno P. da Rocha
Dione Mari Morita Bruno Sidnei da Silva
Tratamento anaeróbio de
Remoção de matéria orgânica Intumescimento de lodo águas residuárias
Roque Passos Piveli André Bezerra dos Santos Thiago Bressani Ribeiro
Silvio Luiz de Sousa Rollemberg Carlos Augusto L. Chernicharo
Remoção de Nitrogênio
Theo Syrto Octavio de Souza Lodo granular aeróbio Modelando biofilmes
André Bezerra dos Santos Paulo Gustavo S. de Almeida
Remoção Biológica Avançada de Silvio Luiz de Sousa Rollemberg
Fósforo – EBPR Reatores de Biofilme
Lucas Vassalle de Castro Decantação final Moacir M. Araújo Jr
Lucas Antonio de Oliveira Melgaço Sérgio Roberto Carvalho de Souza
César Rossas Mota Filho

Revisão Geral do Texto e da Tradução: Marcelo Kenji Miki

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Editores

Prof. Guanghao Chen, PhD Prof. George A. Ekama, PhD


Guanghao Chen, possui PhD pela Universidade George Ekama vive a partir de uma simples
de Quioto. Na Universidade de Ciência e crença de pesquisa: inspirar-se localmente, ser
Tecnologia de Hong Kong é atualmente globalmente relevante. Ekama publicou mais de
Professor Catedrático de Engenharia Civil e 150 artigos sobre tratamento de esgoto nas
Ambiental, Diretor do Centro de Tecnologia da principais revistas internacionais. Ele
Água e Chefe da Filial de Hong Kong no Centro permaneceu na vanguarda dos
Nacional de Pesquisa em Engenharia da China desenvolvimentos em tratamento de esgoto,
na área de engenharia da água. Seus interesses principalmente por meio de um forte grupo de
de pesquisa incluem o desenvolvimento do pesquisa e supervisionou 40 alunos de mestrado
processo de tratamento biológico baseado no e 25 de doutorado. Com foco no tratamento de
ciclo do enxofre, água do mar para descarga de esgoto doméstico e industrial, o trabalho de
vasos sanitários, sistema total de abastecimento Ekama cobriu uma ampla gama de áreas, desde
de água do mar para descarga de vasos a remoção biológica de nitrogênio e fósforo,
sanitários e resfriamento, reutilização de água modelagem de sistema de lodo ativado, redução
cinza, recuperação de fósforo de urina biológica de sulfato, digestão anaeróbia,
catalisada por água do mar e modelagem de modelagem integrada de toda a ETE e
formação de sulfeto em coletores de esgoto. Foi investigação de alternativas à dessalinização
pioneiro na invenção e desenvolvimento do para aumentar a oferta no abastecimento público
processo SANI® que ajuda a fechar o ciclo da de água, como utilização de água do mar em
água entre as entradas de água doce e vasos sanitários e separação de urina na fonte.
salobra/salina. Em 2015 foi eleito como IWA Com seus alunos de pós-graduação, ele ganhou
Distinguished Fellow e entre 2010-2018 duas vezes o Prêmio Umgeni do Water Institute
recebeu três prêmios IWA, bem como o Hong of Southern Africa (WISA) e o WISA Piet
Kong Green Innovation Gold Award 2018. O Vosloo Memorial Prize. Ele é membro sênior do
Prof. Chen supervisionou 30 PhDs e mais de 20 WISA e membro da Royal Society of South
alunos MPhil até agora. Africa, UCT e do South African Academy of
Engineers. Além disso, em 2012 ganhou o
prêmio IWA Project Innovation Award, em
2013 foi premiado com The Order of
Mapungubwe em Prata, e em 2017 foi
reconhecido como um IWA Distinguished
Fellow.

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Prof. Mark C.M. van Loosdrecht, PhD Prof. Damir Brdjanovic, PhD
Mark C.M. van Loosdrecht é um cientista Damir Brdjanovic é Professor de Engenharia
reconhecido por suas significativas Sanitária no Instituto IHE Delft para Educação
contribuições no estudo de eficiência sobre a Água e Professor Visitante na
energética e compactação das estações de Universidade de Tecnologia de Delft. Como
esgoto por meio das tecnologias patenteadas e áreas de especialização incluem esgotamento
premiadas como Sharon®, Anammox® e sanitário para população pobre e emergencial,
Nereda®. Seu trabalho principal se concentra gestão de resíduos fecais, drenagem urbana e
no uso de comunidades microbianas no campo tratamento de esgoto. É pioneiro na aplicação
da engenharia de processos ambientais, com prática de modelos de tratamento de esgoto em
ênfase especial na remoção de nutrientes, países em desenvolvimento. Ele é o co-inventor
biofilme e bioincrustação. Seus interesses de do dispositivo Shit Killer® para gerenciamento
pesquisa incluem sistemas de lodo granular, de excretas em situações emergenciais, o
polímeros de armazenamento microbiano, premiado eSOS® Smart Toilet e o toalete
tratamento de esgoto, tratamento de gás, médico MEDiLOO®, com financiamento da
tratamento de solo, conversão microbiana de Fundação Bill & Melinda Gates (BMGF).
compostos inorgânicos, produção de produtos Iniciou o desenvolvimento e implementação de
químicos a partir de resíduos e modelagem. É abordagens didáticas inovadoras e novos
Professor Titular e Líder do Grupo de produtos educacionais (incluindo e-learning) no
Biotecnologia Ambiental na TU Delft na IHE Delft. Brdjanovic é cofundador e diretor da
Holanda. Também é membro da Academia Global Sanitation Graduate School. Além de
Real Holandesa de Artes e Ciências (KNAW), uma dezena de alunos de doutorado, mais de 150
bem como das Academias de Engenharia da alunos de mestrado se formaram sob sua
Holanda (AcTI), EUA (NAE) e China (CAE). supervisão até agora. O Prof. Brdjanovic tem um
O Professor vanLoosdrecht ganhou os Prêmios sólido histórico de publicações, é co-iniciador do
da Água de Estocolmo e Cingapura; recebeu IWA Journal of Water, Sanitation and Hygiene
um Doutorado Honorário da ETH em Zurique for Development e é iniciador, autor e editor de
e da Universidade de Ghent. Além de suas sete livros na área de tratamento de esgoto e
outras realizações, ele publicou mais de 800 esgotamento sanitário. Em 2015 ele se tornou um
artigos, orientou 85 alunos de doutorado até IWA Fellow e em 2018 recebeu o IWA
agora e é Professor Honorário da Universidade Publishing Award.
de Queensland. Foi Editor-Chefe da Water
Research e é Conselheiro da IWA Publishing.

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Patrocinadores

SDIC | China Water Environment


Em Xangai, na China, há uma ETE onde as Este livro é amplamente utilizado como recurso
pessoas se exercitam e as crianças brincam num de ensino por universidades e uma referência
nível acima de onde o tratamento é realizado e para empresas de engenharia em todo o mundo,
que fica invisível no subsolo. ‘Não no meu incluindo a China. Durante minha carreira, eu e
Quintal’ está mudando para ‘Perto do meu meus colegas também nos beneficiamos muito
Quintal’. O governo a considera como a estação com o livro. Novos avanços em tecnologia
de tratamento de esgoto mais bonita e continuam a ocorrer e, como resultado, esta
ecologicamente correta da China. Nestes anos, nova edição inclui inúmeros avanços e
também construímos essas ETEs em Pequim, a representa as informações de última geração.
capital da China, e na Província de Sichuan, a Concordo profundamente com o conceito e a
cidade natal do panda gigante. Sou o construtor tecnologia mencionados neste livro.
e operador desses projetos. Já se passou mais de Enquanto a orientação de recuperação de
uma década desde que a primeira edição deste recursos no tratamento de esgoto está se
livro foi publicada. Desde então, a tecnologia tornando gradualmente o tema da época para o
biológica de tratamento de esgoto mudou setor global de esgotamento sanitário, a China
significativamente em todo o mundo. Estou também está explorando ativamente seu
muito feliz em testemunhar o progresso do próprio caminho. Com a visão de transformar a
tratamento dedicado para a reuso e recuperação. ETE de um local de remoção de poluentes em
De acordo com os Objetivos de uma Usina de energia, água e fertilizantes, bem
Desenvolvimento Sustentável e Agenda 2030, o como ser parte integrante da ecologia urbana.
crescimento econômico e a água limpa são dois Nestes anos, a China Water Environment
dos desafios mais urgentes. Quase não Group, em colaboração com os principais
percebemos os recursos naturais como ar, água, especialistas, institutos e autoridades, construiu
solo e céu azul quando os temos. Mas não e opera várias estações com o objetivo de
seremos capazes de sobreviver sem eles. A realizar o objetivo com 4 metas de
industrialização criou riqueza material nunca abastecimento de água sustentável, operação
vista antes, mas também causou danos com eficiência energética, recuperação de
irreparáveis ao meio ambiente. Como disse o recursos e harmonia ambiental, integrando
presidente Xi, águas transparentes e montanhas vários projetos inovadores e tecnologias de
verdes são tão boas quanto montanhas de ouro e ponta. Tudo isso demonstra que estamos
prata. Devemos manter a harmonia entre o caminhando na direção certa. Claro, os desafios
homem e a natureza e buscar o desenvolvimento ainda existem. Devemos enfrentar esses
sustentável. Na batalha contra a poluição problemas e enfrentá-los com todas as partes
ambiental, o tratamento de esgoto desempenha interessadas. Temos certeza de que teremos
um papel fundamental. Na atual pandemia mais conquistas quando a próxima edição deste
global de Covid-19, as estações de tratamento de livro for publicada.
esgoto subterrâneas são a barreira final para
proteger o ambiente aquático.

Presidente do China Water Environment


Group, Professor, Membro da IWA

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Everbright International Como uma empresa líder no setor ecológico e
A água gera vida. Apesar das mudanças das ambiental da China, Everbright International
estações do ano e do tempo, a água é sempre adere à sua missão corporativa de ser “Devotada
essencial para a vida. Com o progresso social e à Ecologia e Meio Ambiente para um Mundo
a atualização tecnológica, a humanidade Belo”, dedicada a transformar os resíduos e
revitalizou a circulação e o abastecimento de água contaminada em um mundo limpo. Em
água. Com o aprofundamento da cognição e termos de tratamento de esgoto, a empresa tem
compreensão gradual sobre o tratamento de adotado tecnologias de tratamento biológico
esgoto, esta relevante tecnologia também para alguns de seus projetos de classe mundial,
alcançou continuamente avanços importantes. desempenhando um papel fundamental na
No entanto, a composição do esgoto promoção da implementação dessas
inevitavelmente se tornou mais complexa. Isso tecnologias. O apoio da publicação Tratamento
trouxe continuamente novos desafios para o Biológico de Esgoto - Princípios, Modelagem e
setor de tratamento de esgoto. Design (2ª edição) demonstra o total apoio da
O tratamento biológico de esgoto tem se tornado empresa à tecnologia de tratamento e ações
uma das estratégias mais impactantes e com práticas de P&D, bem como expressa nossa
grande expectativa do setor, pois utiliza confiança na perspectiva de tecnologias de
microrganismos para converter água residuária tratamento biológico de esgoto.
em água limpa por meio de processos naturais. Como diz o velho ditado chinês, "o mar contém
O tratamento biológico de esgoto aparenta ser todos os rios, e a grandeza contém tudo".
fácil de entender. No entanto, considerando que Acreditamos que este livro será uma plataforma
integra disciplinas como biologia e bioquímica, que reunirá várias vozes de diferentes
ainda há muitas áreas complicadas que ainda especialistas e estudiosos, trazendo
não entendemos completamente. Isso oferece pensamentos e inspirações mais construtivas
aos pesquisadores científicos e profissionais da para a pesquisa e a prática do tratamento
indústria um espaço enorme para explorar ainda biológico de esgoto. Esperamos que este livro
mais essas tecnologias e aplicar teorias variadas. traga as bases teóricas e práticas esclarecedoras
como orientação para implementação,
estabelecendo uma base sólida para a
atualização e aplicação da P&D na indústria do
futuro, a fim de melhor proteger a água, a
essência da vida do ser humano.

Dr. Wang Tianyi


CEO da China Everbright International Limited
Presidente da China Everbright Water Limited
Presidente da China Everbright Greentech
Limited

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ATAL Engineering Group Para atender a essa tendência, espera-se que
Já se passou mais de uma década desde a novos processos de tratamento biológico com
publicação da primeira edição do Livro de eficiência energética, como Anammox, lodo
Tratamento Biológico de Esgoto em 2008. granular aeróbio, etc., sejam implementados
Pouco depois disso, foi retomada a Hong Kong gradualmente em projetos em escala real. Nosso
Cross Harbour Race, uma competição anual de projeto ANAMMOX em fluxo lateral na
natação no mundialmente famoso Victoria corrente secundária provou economia em
Harbour, realizada pela primeira vez em 1906 e recursos de energia, e sua aplicação no fluxo
suspensa desde então 1979, devido à má principal seria ainda mais gratificante em
qualidade da água. A bem-sucedida termos de energia. A esse respeito, os leitores
implementação do Harbour Area Treatment podem achar as informações deste livro bastante
Scheme, maior projeto de infraestrutura de úteis.
esgoto já feito em Hong Kong, melhorou A segunda edição do livro continua a fornecer
significativamente a qualidade da água no Porto detalhes sobre os aspectos teóricos do
e permitiu que a competição fosse retomada. A tratamento biológico e ainda aborda os novos
ATAL Engineering Limited, pioneira em desafios e os mais recentes desenvolvimentos
engenharia ambiental em Hong Kong, Macau e tecnológicos. Como um livro de referência
China Continental, contribuiu técnica, fornece aos jovens profissionais na área
significativamente para o Projeto e ganhou de controle de poluição e proteção ambiental
prêmios importantes por este Empreendimento. uma compreensão mais profunda das
Na verdade, a ATAL conquistou a reputação de tecnologias de tratamento biológico e métodos
fornecer tecnologias ambientais e aplicações de emergentes de remoção de contaminantes. De
produtos de última geração. Trabalhando na forma esperançosa, ajudará os alunos de
vanguarda da engenharia ambiental por graduação e pós-graduação a estabelecer
décadas, construímos centenas de estações de conhecimentos teóricos básicos e desenvolver a
tratamento de água/esgoto e continuamos capacidade de projeto e modelagem. Nossas
aceitando novos desafios neste campo. experiências de projeto, construção e operação
Além das Metrópoles Internacionais como em projetos reais podem servir como base para
Hong Kong, há também crescentes troca de experiências e melhoria em projetos
preocupações públicas sobre a poluição em futuros e trabalho de modelagem, bem como
regiões/países em desenvolvimento onde o uma fonte de referência de informações práticas
desenvolvimento econômico tem precedência de engenharia do mundo real. Junto com outros
sobre o meio ambiente. Como o esgoto tratado autores, todos eminentes especialistas em
de maneira inadequada é um importante fator qualidade da água, unimos nossos esforços
que contribui para a degradação ambiental, fica conjuntos para enfrentar novos desafios,
evidente a importância papel do tratamento na desenvolver tecnologias inovadoras e construir
proteção e melhoria do meio ambiente. Embora um ambiente melhor para esta e as futuras
o tratamento biológico ainda seja a abordagem gerações neste planeta, nossa única pátria.
dominante de tratamento de esgoto, novos
desafios incluem requisitos mais rigorosos na
remoção de poluentes, especialmente fósforo e
nitrogênio. Enquanto isso, as expectativas para
estações de tratamento de esgoto com energia Diretor Administrativo
neutra ou mesmo com energia positiva estão ATAL Engineering Ltd.
crescendo.

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Prefácio
Esta segunda edição do livro
Tratamento Biológico de Esgoto
ilustra a enorme vantagem das
atividades transnacionais para
melhorar o desenvolvimento de um
tópico.
A primeira edição deveu-se a uma
importante colaboração internacional
da qual tenho muito orgulho de ter
participado. O livro foi feito como
suporte para um curso online, mas
tinha a ambição de ser um livro
didático geral. Isso foi comprovado,
pois o livro foi usado em todo o
mundo e traduzido para o espanhol,
árabe, chinês, russo e coreano, e se
tornou o livro-texto internacional
definitivo dentro da área temática.
O desenvolvimento da Ciência e Mogens Henze
Tecnologia em Água avança Professor Emérito da Universidade Técnica de
rapidamente. Nos 12 anos Engenharia Ambiental da Dinamarca
decorrentes desde a primeira edição,
muitos novos conhecimentos foram
desenvolvidos e novas
especialidades científicas são
necessárias para lidar com a
crescente complexidade do
tratamento de esgoto. É um prazer
para mim que um especialista mais
jovem tenha se juntado ao grupo de
editores de antigos figurões e
altamente renomados nesta 2ª edição.
A primeira edição foi feita quando eu
estava perto da aposentadoria e foi
um dos meus últimos projetos.
Decidi muito cedo na minha vida
profissional que iria me afastar e sair
do negócio de esgoto ainda não muito
velho, o que fiz em 2011.
Boa sorte com a nova edição, mas
não se esqueça que há um mundo
maravilhoso fora da cerca da estação
de tratamento de esgoto.

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Sobre o Livro
A primeira edição deste livro foi publicada No entanto, os avanços e desenvolvimentos
em 2008 e tornou-se o campeão de vendas no tratamento de esgoto se aceleraram nos
da IWA Publishing. Este fenômeno foi últimos 12 anos, desde a publicação da
claramente decorrente do extensivo avanço primeira edição. Embora todos os capítulos
do conhecimento e compreensão do da primeira edição tenham sido atualizados
tratamento de esgoto ocorrido nos vinte para acomodar esses avanços e
anos anteriores a 2008, que se afastaram desenvolvimentos, alguns, como lodo
das abordagens empíricas para uma granular, biorreatores de membrana,
abordagem baseada nos princípios bioprocessos baseados na conversão de
fundamentais da química, microbiologia, enxofre e reatores de biofilme que eram
processos físicos e biológicos de novos em 2008, amadureceram em novas
engenharia, matemática e modelagem. No abordagens da indústria e agora são
entanto, a quantidade, complexidade e também incluídos nesta segunda edição. O
diversidade desses novos público-alvo desta segunda edição continua
desenvolvimentos foram esmagadoras para sendo os jovens profissionais da água, que
os jovens profissionais da água, ainda estarão ativos no campo da proteção
especialmente nos países em de nossos preciosos recursos hídricos,
desenvolvimento, sem acesso disponível a muito depois da aposentadoria dos
cursos de educação superior de nível professores idosos que estão liderando
avançado em tratamento de esgoto. Para alguns desses avanços. Os autores, todos
toda uma nova geração de jovens cientistas ainda ativos na área, estão cientes de que
e engenheiros ingressando na profissão de limpar a água suja se tornou mais
tratamento de esgoto, este livro reuniu e complexo, mas é ainda mais urgente agora
integrou o material do curso de pós- do que há 12 anos, e oferecem esta segunda
graduação de uma dúzia ou mais de edição para ajudar os jovens profissionais
professores de grupos de pesquisa em todo da água a se envolverem com a ciência e
o mundo, que fizeram contribuições tecnologia de tratamento de esgoto,
significativas para os avanços no envolvendo os princípios científicos e de
tratamento de esgoto. Esse material engenharia de bioprocessamento com uma
amadureceu a ponto de ser codificado em visão mais profunda, conhecimento
modelos matemáticos para simulação com avançado e maior confiança construída em
computadores. A primeira edição do livro uma competência mais forte.
proporcionou, após a conclusão de um
estudo aprofundado de seu conteúdo, a Os Editores da versão original em inglês
moderna abordagem de utilização da
modelagem e simulação no projeto e
operação de estação de tratamento de
esgoto, podendo ser adotada com uma
visão mais profunda, conhecimento
avançado e maior confiança, em diferentes
processos como lodo ativado, remoção
biológica de nitrogênio e fósforo,
decantadores secundários ou sistemas de
biofilme.

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Prefácio da Edição em Português
No Brasil, a infraestrutura de esgotamento esforço realizado nestes tempos de pandemia
sanitário é uma das mais atrasadas com e muitas vezes realizado em finais de semana
aproximadamente metade da população sem e no período de férias. Trata-se de um tipo de
acesso a rede de coleta de esgoto. A oferta trabalho especializado em que a boa vontade
deste serviço é desigual no País, sendo mais não basta, sendo necessário um alto grau de
favorecida nos grandes centros urbanos. especialização técnica e comprometimento. E
Neste cenário, fica evidente que há uma neste esforço empreendido pela equipe de
deficiência muito grande de profissionais com especialistas, detectou-se na versão original
conhecimento e experiência nas atividades de alguns erros de formatação bem como
projeto e operação de sistemas de oportunidades de melhoria de exposição de
esgotamento sanitário. conceitos, que foram expostos e discutidos
E neste contexto, a prática em tratamento de com os autores originais. Esta troca de
esgoto também se encontra isolada em nichos mensagens entre o time de especialistas do
quer seja na Academia quer seja em Projeto e Brasil com a equipe original do livro,
em Operação. E como há ainda muito o que se subsidiou elementos para o lançamento da
fazer em termos de obras, muito cuidado deve versão revista da 2ª edição original, que será a
ser tomado na etapa de projeto, onde a base para as versões em japonês e em chinês.
concepção deve ser fruto de muita reflexão e Em tempos de Internet, nunca houve tanta
estudos, pois as ETEs são de capital intensivo facilidade ao acesso de informações em
e com longas trajetórias tecnológicas. Com os comparação há algumas décadas, quando o
custos crescentes de energia elétrica e de conhecimento em tratamento de esgoto estava
disposição de lodo, as despesas operacionais muito restrito aos Cursos de Pós de
devem obrigatoriamente fazer parte da Graduação. E se por um lado o acesso é
equação econômica, através do OPEX num praticamente ilimitado hoje em dia, a carência
determinado horizonte de tempo e os custos do que realmente vale a pena ser estudado é
de investimento, CAPEX. que é a grande questão.
Ou seja, num cenário de escassez recursos E objetivo desta publicação é justamente
econômicos é muito ruim construir e operar trazer, principalmente às novas gerações de
Sistemas de Tratamento de Esgoto mal profissionais do setor de água (Academia,
projetados. Por outro lado, a inovação Empresas Operadoras ou de Projeto) os
tecnológica possibilita dar saltos na fundamentos do tratamento de esgoto de
implantação de novos sistemas através da referências mundiais do setor, sendo que
adoção de processos intensivos através da muitos destes profissionais estão prestes a se
abordagem de recuperação de recursos. aposentarem e necessitam deixar um legado
Para a tradução da versão em português, aos mais novos.
convocou-se um time de especialistas em Esperamos que a leitura e estudo deste livro
tratamento de esgoto que tivesse a contribua eficazmente para a sólida formação
preocupação de ser o mais fiel à versão dos profissionais da área de tratamento de
original e com conhecimentos técnicos sobre esgoto e seja refletido em boas práticas,
o assunto. O trabalho, desenvolvido com trazendo assim enormes benefícios à
muito orgulho por esta equipe, foi feito de sociedade e ao meio ambiente.
forma voluntária e do qual agradecemos o

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Marcelo Kenji Miki
Engenheiro Civil e Mestre em Engenharia Hidráulica e Sanitária pela Escola Politécnica da USP
Gerente de Projetos de Pesquisa, Desenvolvimento Tecnológico e Inovação da Sabesp

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Índice
Sumário
1 Desenvolvimento do Tratamento de Esgoto ....................................................... 1
1.1 Fatores globais para o desenvolvimento do esgotamento sanitário .............. 1
1.2 História do tratamento de esgoto ..................................................................... 1
2 Microbiologia Básica e Metabolismo ...................................................................13
2.1 Introdução ......................................................................................................... 13
2.1.1 Microrganismos no tratamento biológico de águas residuárias.......... 13
2.1.2 O crescimento microbiano como uma unidade funcional .................... 14
2.1.3 Engenharia da Comunidade Microbiana ................................................ 14
2.1.4 Métodos analíticos para ecologia microbiana ...................................... 15
2.1.5 Modelos matemáticos de crescimento microbiano ............................. 15
2.2 Aspectos básicos de microbiologia e metabolismo ..................................... 15
2.2.1 Procariotos, eucariotos e vírus ............................................................... 16
2.2.2 Estrutura e componentes celulares ....................................................... 18
2.2.2.2 Composição elementar da biomassa............................................................ 19
2.2.2.3 Macromoléculas celulares............................................................................. 22
2.2.2.4 Biopolímeros de armazenamento intracelular ............................................ 23
2.2.2.5 Substâncias Poliméricas Extracelulares (EPS – extracelular polymeric
substances) e biofilmes ................................................................................................ 25
2.2.3 Metabolismo e regulação ....................................................................... 26
2.2.3.1 Quebra de substratos poliméricos e biossíntese de macromoléculas de
biomassa .......................................................................................................................26
2.2.3.2 Desassimilação e assimilação de substâncias: catabolismo e anabolismo.26
2.2.3.3 Regulação metabólica nas células microbianas: ATP, NADH e NADPH ......29
2.2.3.4 Regulação molecular nas células microbianas: DNA, RNA, proteínas e
metabólitos ...................................................................................................................29
2.2.4 Grupos tróficos e diversidade metabólica ............................................. 31
2.2.4.1 Estrutura trófica em microbiologia e ligações com a engenharia ambiental
31
2.2.4.2 Ilustração dos grupos tróficos microbianos ................................................ 35
2.2.4.3 Associações predominantes de microrganismos envolvidos na RBN de
esgoto 36
2.2.5 Fisiologia microbiana e gradientes ambientais .................................... 40
2.2.5.1 Fatores ambientais ....................................................................................... 40
2.2.5.2 Estabelecimento de nicho microbiano em sistemas gradientes................. 42

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2.3 Métodos de ecologia microbiana e ecofisiologia ......................................... 42
2.3.1 Análise de caixa preta a cinza e branca de microbiomas ..................... 43
2.3.2 Moléculas informacionais dos microrganismos .................................... 43
2.3.3 Classificação dos microrganismos: morfotipos, fenótipos e genótipos
44
2.3.3.1 Genes RNAr para classificação taxonômica em alta resolução ..................45
2.3.3.2 Classificação e níveis taxonômicos ...............................................................45
2.3.4 Métodos dependentes versus métodos independentes de cultivo ... 46
2.3.4.1 Analisando táxons e funções: escolhendo o(s) método(s) correto(s).......47
2.3.5 Métodos de microscopia, isolamento e contagem ............................. 48
2.3.5.1 Inspeção visual por técnicas de microscopia .............................................. 48
2.3.5.2 Isolamentos e culturas puras ....................................................................... 50
2.3.5.3 Microscopia avançada e contagem rápida de células ............................ 50
2.3.6 Biologia molecular e métodos de impressão digital (fingerprinting) .. 52
2.3.6.1 Extração de ácidos nucleicos e proteínas .................................................... 52
2.3.6.2 Reação em cadeia da polimerase ................................................................. 52
2.3.6.3 Bibliotecas de clones ................................................................................. 53
2.3.6.4 Impressão digital (fingerprinting) da comunidade ..................................54
2.3.6.5 Sequenciamento moderno de amplicon ..................................................54
2.3.7 Métodos "ômicos" de alto rendimento................................................. 57
2.3.8 Métodos de ecofisiologia .......................................................................59
2.3.9 De análises de ecologia microbiana à engenharia de comunidade
microbiana ............................................................................................................ 60
2.4 PRINCÍPIOS BÁSICOS DO CRESCIMENTO MICROBIANO ............................ 60
2.4.1 Crescimento microbiano........................................................................ 60
2.4.2 Bioenergética bacteriana ....................................................................... 62
2.4.3 Reações redox .........................................................................................63
2.4.4 Noções básicas de termodinâmica ........................................................65
2.5 ESTEQUEOMETRIA DO CRESCIMENTO MICROBIANO................................ 68
2.5.1 Anabolismo ................................................................................................ 68
2.5.2 Catabolismo ................................................................................................ 70
2.5.3 Metabolismo ........................................................................................... 72
2.5.4 Método generalizado para estimar o rendimento máximo de biomassa
73
2.6 CINÉTICA DO CRESCIMENTO MICROBIANO ................................................. 76
2.6.1 Taxa de consumo de substrato: a relação Herbert-Pirt ........................ 76
2.6.2 Taxa de consumo de substrato: cinética de saturação ........................ 78
2.6.3 Perspectiva ............................................................................................. 80

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3 Características das águas residuárias ................................................................. 91
3.1 Tipos de águas residuárias e suas características ........................................... 91
3.1.1 Fontes de águas residuárias ................................................................... 91
3.2 Ocorrência física e química dos componentes do esgoto
predominantemente doméstico ..............................................................................93
3.2.1 Constituintes solúveis versus coloidais versus particulados ................93
3.2.2 Constituintes orgânicos versus inorgânicos ..........................................95
3.3 MICRO-ORGANISMOS ....................................................................................95
3.4 Matéria orgânica ........................................................................................... 96
3.4.1 Caracterização: DBO versus DQO .......................................................... 96
3.4.1.1 DBO ............................................................................................................... 96
3.4.1.2 DQO ................................................................................................................97
3.4.2 Fracionamento da DQO ......................................................................... 98
3.5 NITROGÊNIO ................................................................................................. 100
3.6 FÓSFORO ...................................................................................................... 102
3.7 ENXOFRE ....................................................................................................... 103
3.8 CELULOSE ..................................................................................................... 104
3.9 MICROPOLUENTES ...................................................................................... 105
3.10 OUTRAS CARACTERÍSTICAS ........................................................................ 106
3.10.1 Metais .................................................................................................... 106
3.10.2 Propriedades físicas do esgoto sanitário............................................. 106
3.10.3 Compostos orgânicos tóxicos .............................................................. 107
3.11 Características típicas das águas residuárias .............................................. 107
3.11.1 Equivalente populacional ..................................................................... 107
3.11.2 Composição das águas residuárias ...................................................... 108
3.11.3 Importância das relações ..................................................................... 109
3.11.4 Correntes de esgoto doméstico segregadas ....................................... 110
3.11.5 Componentes dos efluentes não domésticos .......................................111
3.11.6 Cargas internas nas ETEs ....................................................................... 112
3.11.7 Sistemas descentralizados de esgoto................................................... 113
3.12 Dinâmica das características do esgoto sanitário ....................................... 117
3.13 Protocolos de calibração para modelagem de sistema de lodo ativado ... 119
4 Remoção de matéria orgânica........................................................................... 129
4.1 INTRODUÇÃO ............................................................................................... 129
4.1.1 Transformações no reator biológico ................................................... 129
4.1.2 Modelos de simulação dinâmica e em regime estacionário ................ 131
4.2 Restrições do Sistema de Lodo Ativado ...................................................... 131

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4.2.1 Regime de Mistura ................................................................................. 131
4.2.2 Tempo de Retenção do Sólidos (TRS) ..................................................132
4.2.3 Tempo de Retenção Hidráulica Nominal ............................................. 133
4.2.4 Conexão entre idade do lodo e tempo de retenção hidráulica.......... 133
4.3 ALGUMAS SIMPLIFICAÇÕES DO MODELO ................................................. 134
4.3.1 Utilização completa da matéria orgânica biodegradável ................... 134
4.4 EQUAÇÕES DO SISTEMA EM ESTADO ESTACIONÁRIO ............................. 135
4.4.1 Para o Afluente...................................................................................... 136
4.4.2 Para o sistema ....................................................................................... 136
4.4.2.1 Massa de SSV no reator............................................................................... 136
4.4.2.2 Massa de Sólidos em Suspensão Inorgânicos no Reator ...................... 137
4.4.2.3 Massa de SST no Reator .......................................................................... 138
4.4.2.4 Demanda Carbonácea de Oxigênio ........................................................ 138
4.4.3 Volume de reator e tempo de retenção .............................................. 139
4.4.4 Irrelevância do TRH ............................................................................... 139
4.4.5 Concentração de DQO do Efluente ...................................................... 139
4.4.6 O balanço de massa de DQO (ou e-) .................................................... 140
4.4.7 Fração ativa do lodo............................................................................... 141
4.4.8 Projeto no regime estacionário ............................................................ 142
4.4.9 O procedimento de projeto no regime estacionário .......................... 143
4.5 Exemplo de Projeto ...................................................................................... 143
4.5.1 Efeitos da Temperatura ........................................................................ 144
4.5.2 Cálculos para a degradação de material orgânico .............................. 144
4.5.3 O balanço de massa de DQO ................................................................ 148
4.6 REQUISITOS DE VOLUME DE REATOR ........................................................ 150
4.7 DETERMINAÇÃO DA CONCENTRAÇÃO DE SST NO REATOR ...................... 151
4.7.1 Custo do reator ......................................................................................152
4.7.2 Custo do decantador secundário ..........................................................152
4.7.3 Custo total ............................................................................................. 154
4.8 DEMANDA CARBONÁCEA DE OXIGÊNIO .................................................... 155
4.8.1 Condições (médias diárias) em regime estacionário .......................... 155
4.8.2 Condições do ciclo diário (dinâmica) ................................................... 155
4.9 PRODUÇÃO DIÁRIA DE LODO ..................................................................... 156
4.10 RAZÃO ALIMENTO-MICRORGANISMOS (A/M) E FATOR DE CARGA .........157
4.11 ESTIMATIVA DA CAPACIDADE DOS SISTEMAS DE LODO ATIVADO.......... 160
4.12 PROJETO DO SISTEMA E CONTROLE .......................................................... 163
4.12.1 Controle da massa de lodo no sistema ................................................ 164
4.12.2 Controle hidráulico da idade do lodo................................................... 167

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4.13 ESCOLHA DA IDADE DO LODO .................................................................... 169
4.13.1 Idades do lodo baixas (de 1 a 5 dias) .................................................... 169
4.13.1.1 Estações convencionais........................................................................... 169
4.13.1.2 Lagoas Aeradas......................................................................................... 171
4.13.2 Idades do lodo intermediárias (10 a 15 dias) .........................................172
4.13.3 Idades do lodo elevadas (20 dias ou mais) .......................................... 174
4.13.3.1 Estações aeróbias .................................................................................... 174
4.13.3.2 Estações anóxico-aeróbias ...................................................................... 175
4.13.3.3 Estações anaeróbio-anóxico-aeróbias .................................................... 175
4.13.4 Diretrizes dominantes para o dimensionamento do sistema de lodo
ativado 176
4.13.5 Alguns comentários gerais ................................................................... 178
5 Remoção de Nitrogênio ..................................................................................... 187
5.1 INTRODUÇÃO À NITRIFICAÇÃO .................................................................. 187
5.2 CINÉTICA MICROBIANA ............................................................................... 188
5.2.1 Crescimento .......................................................................................... 188
5.2.2 Comportamento do crescimento......................................................... 190
5.2.3 Respiração endógena ........................................................................... 190
5.3 CINÉTICA DO PROCESSO ............................................................................. 190
5.3.1 Concentração de amônia efluente ........................................................ 191
5.4 FATORES QUE INFLUENCIAM A NITRIFICAÇÃO ......................................... 193
5.4.1 Origem do afluente ............................................................................... 193
5.4.2 Temperatura .......................................................................................... 194
5.4.3 Zonas não aeradas ................................................................................ 194
5.4.3.1 Fração não aerada máxima admissível da massa de lodo ......................... 196
5.4.4 Concentração de oxigênio dissolvido .................................................. 197
5.4.5 Vazões e cargas cíclicas ........................................................................ 198
5.4.6 pH e alcalinidade ................................................................................... 199
5.5 NECESSIDADE DE NUTRIENTES PARA A PRODUÇÃO DE LODO ............... 202
5.5.1 Necessidade de nitrogênio ................................................................... 203
5.5.2 Remoção de N (e P) a partir da produção de lodo .............................204
5.6 CONSIDERAÇÕES DE PROJETO ................................................................... 205
5.6.1 NTK efluente .........................................................................................206
5.6.2 Capacidade de nitrificação ...................................................................206
5.7 EXEMPLO DE DIMENSIONAMENTO PARA NITRIFICAÇÃO ........................209
5.7.1 Efeito da nitrificação no pH do meio líquido .......................................209
5.7.2 Idade do lodo mínima para nitrificação ............................................... 210
5.7.3 Concentrações de N no esgoto bruto ................................................. 210

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5.7.4 Esgoto decantado .................................................................................. 211
5.7.5 Comportamento do processo de nitrificação ...................................... 211
5.8 REMOÇÃO BIOLÓGICA DE NITROGÊNIO .................................................... 214
5.8.1 Interação entre nitrificação e remoção de nitrogênio........................ 214
5.8.2 Benefícios da desnitrificação .................................................................215
5.8.3 Remoção de nitrogênio pela desnitrificação ...................................... 216
5.8.4 Cinética da desnitrificação .....................................................................217
5.8.5 Sistemas com desnitrificação ............................................................... 218
5.8.5.1 O sistema Ludzack-Ettinger ........................................................................ 219
5.8.5.2 O sistema Bardenpho de 4 estágios ....................................................... 220
5.8.6 Taxas de desnitrificação ....................................................................... 220
5.8.7 Potencial de desnitrificação ................................................................. 223
5.8.8 Fração anóxica primária mínima da massa de lodo ............................ 226
5.8.9 Influência da desnitrificação no volume do reator e na demanda de
oxigênio ............................................................................................................... 226
5.9 DESENVOLVIMENTO E DEMONSTRAÇÃO DO PROCEDIMENTO DE
DIMENSIONAMENTO .............................................................................................. 227
5.9.1 Revisão dos cálculos ............................................................................. 229
5.9.2 Alocação da fração não aerada da massa de lodo .............................. 229
5.9.3 Desempenho da desnitrificação do sistema LEM ............................... 230
5.9.3.1 Razão ótima da recirculação “a” ................................................................ 230
5.9.3.2 O sistema LEM balanceado ..................................................................... 235
5.9.3.3 Efeito da razão NTK/DQO afluente ......................................................... 238
5.9.3.4 Diagrama de sensibilidade do sistema LEM ........................................... 241
5.10 VOLUME DO SISTEMA E DEMANDA DE OXIGÊNIO ....................................244
5.10.1 Volume do sistema ................................................................................ 244
5.10.2 Demanda total de oxigênio média diária ............................................. 245
5.11 PROJETO, OPERAÇÃO E CONTROLE DE SISTEMAS ................................... 247
5.12 NOVOS PROCESSOs DE REMOÇÃO DE NITROGÊNIO ................................ 247
5.12.1 Impacto de processos na corrente secundária ...................................248
5.12.2 O ciclo do nitrogênio.............................................................................249
5.12.3 Remoção de N baseada em nitrito....................................................... 252
5.12.4 Oxidação anaeróbia de amônia............................................................ 255
5.12.5 Bioaumentação .....................................................................................260
6 Remoção Biológica Avançada de Fósforo - EBPR ............................................ 275
6.1 INTRODUÇÃO ............................................................................................... 275
6.2 PRINCÍPIOS DA REMOÇÃO BIOLÓGICA AVANÇADA DE FÓSFORO - EBPR
276

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6.3 MICROBIOLOGIA NOS SISTEMAS DE EBPR ................................................ 278
6.4 MECANISMOS ATUANTES NOS SISTEMAS DE EBPR .................................280
6.4.1 Breve Histórico ......................................................................................280
6.4.2 Pré-requisitos ........................................................................................280
6.4.3 Observações ..........................................................................................280
6.4.4 Mecanismo de remoção biológica do fósforo .................................... 281
6.4.4.1 No reator anaeróbio .................................................................................... 281
6.4.4.2 No reator aeróbio subsequente ............................................................. 283
6.4.4.3 Modelo quantitativo anaeróbio-aeróbio PAO....................................... 284
6.4.5 DQO fermentável e lentamente biodegradável .................................. 285
6.4.6 Funções da zona anaeróbia ..................................................................286
6.4.7 Influência do reciclo do oxigênio e nitrato no reator anaeróbio .......286
6.4.8 Desnitrificação por PAOs ......................................................................286
6.4.9 Relação entre DQO afluente e lodo ..................................................... 287
6.5 FATORES QUE IMPACTAM O DESEMPENHO DO PROCESSO DE EBPR .... 287
6.5.1 DQO total afluente (DQOi) ................................................................... 287
6.5.2 Esgoto bruto ou decantado .................................................................289
6.5.3 Influência da porção de DQO rapidamente biodegradável (DQORB) do
afluente................................................................................................................290
6.5.4 Influência do reciclo de nitrato e oxigênio no reator anaeróbio .......290
6.5.5 Os efeitos do tempo de retenção de sólidos - TRS ............................. 291
6.5.6 Influência do estágio anaeróbio........................................................... 293
6.5.6.1 Efeito da fração de massa anaeróbia (fxa) .................................................. 293
6.5.6.2 Efeito do número de reatores anaeróbios (n) ....................................... 293
6.5.7 Presença de GAOs .................................................................................294
6.5.11.1 Efeitos da temperatura em curto-prazo no funcionamento do sistema
de EBPR 298
6.5.11.2 Efeitos da temperatura em longo-prazo no funcionamento do sistema
de EBPR 299
6.5.12 Oxigênio dissolvido (OD) e aeração .....................................................299
6.5.13 Compostos inibitórios .......................................................................... 300
6.6 CONFIGURAÇÕES DO PROCESSO DE EBPR ............................................... 300
6.6.1 Princípios de otimização de remoção de fósforo .............................. 300
6.6.2 Descoberta do processo de EBPR ........................................................ 302
6.6.3 Sistema PhoStrip® ................................................................................ 302
6.6.4 Bardenpho modificado ......................................................................... 303
6.6.5 Phoredox ou sistema anaeróbio/óxico (A/O) ...................................... 307
6.6.6 Sistema da Universidade da Cidade do Cabo (UCT; VIP) ................... 308

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6.6.7 Sistema UCT modificado...................................................................... 309
6.6.8 Sistema Joanesburgo (JHB) ................................................................. 310
6.6.9 Remoção química-biológica de fósforo (BCFS® sistema) ................... 311
6.6.10 Sistema EBPR em paralelo (S2EBPR) .................................................... 311
6.7 Desenvolvimento de modelos para EBPR ...................................................312
6.7.1 Desenvolvimentos iniciais .....................................................................312
6.7.2 DQO rapidamente biodegradável .........................................................312
6.7.3 Modelos paramétricos .......................................................................... 313
6.7.4 Comentários sobre o modelo paramétrico ......................................... 314
6.7.5 Cinética de sistemas NDEBPR .............................................................. 314
6.7.6 Culturas PAO enriquecidas ................................................................... 315
6.7.6.1 Desenvolvimento de culturas enriquecidas ............................................... 315
6.7.6.2 Modelo cinético para culturas enriquecidas .......................................... 316
6.7.6.3 Modelo simplificado para o estado estacionário em culturas
enriquecidas................................................................................................................ 318
6.7.7 Estado estacionário em sistemas NDEBPR de cultura mista .............. 319
6.7.7.1 Modelo de estado estacionário para cultura mista ................................... 319
6.8 Modelo do estado estacionário para culturas mistas ................................ 322
6.8.1 Princípios do modelo ............................................................................ 322
6.8.2 Equações do balanço de massa ........................................................... 323
6.8.2.1 PAOs ............................................................................................................. 323
6.8.2.2 OHOs ........................................................................................................ 323
6.8.2.3 Massa inerte............................................................................................. 324
6.8.3 Divisão da DQO biodegradável entre PAOs e OHOs ........................... 324
6.8.3.1 Cinética da conversão de matéria orgânica fermentável a VFAs .............. 324
6.8.3.2 Efeito do reciclo de nitrato ou oxigênio ................................................. 325
6.8.3.3 Equações de conversão do estado estacionário ................................... 325
6.8.3.4 Implicações da teoria de conversão ....................................................... 327
6.8.4 Liberação de P ....................................................................................... 327
6.8.5 Remoção e concentração total de P no efluente ............................... 327
6.8.6 SSV e SST no lodo e concentração de P no SST .................................. 329
6.8.6.1 Concentração real de P na biomassa PAO ativa .................................... 329
6.8.6.2 Massa de SSV no lodo.............................................................................. 329
6.8.6.3 Massa de SSF no lodo ..............................................................................330
6.8.6.4 Massa de SST no lodo e razão SSV/SST do lodo.....................................330
6.8.6.5 Conteúdo de P do SST ............................................................................. 331
6.8.7 Requisitos de volume do processo ...................................................... 331
6.8.8 Requisitos de nitrogênio para a produção de lodo............................. 331
6.8.9 Demanda de oxigênio ........................................................................... 332

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6.8.9.1 Demanda carbonácea de oxigênio ......................................................... 332
6.8.9.2 Demanda de oxigênio para a nitrificação ............................................... 333
6.8.9.3 Demanda total de oxigênio ..................................................................... 333
6.9 EXEMPLO DE DIMENSIONAMENTO ............................................................ 333
6.9.1 Procedimento para dimensionamento do estado estacionário ........ 333
6.9.2 Informações fornecidas ........................................................................ 334
6.10 INFLUÊNCIA DE FATORES OPERACIONAIS NOS SISTEMAS DE EBPR EM
ESCALA PLENA ....................................................................................................... 346
6.10.1 Influência sobre sólidos em suspensão totais e voláteis e demanda de
oxigênio .............................................................................................................. 346
6.10.2 Relação P/SSV ........................................................................................ 347
6.11 Dimensionamento integrado de sistemas de NDEBPR ............................. 348
6.11.1 Contexto ............................................................................................... 348
6.11.2 Potencial de desnitrificação em sistemas NDEBPR ........................... 349
6.11.2.1 Potencial de desnitrificação do reator anóxico primário ..................... 349
6.11.3.2 Potencial de desnitrificação do reator anóxico secundário .................. 351
6.11.3 Princípios do procedimento de dimensionamento da desnitrificação
para sistemas NDEBPR ....................................................................................... 351
6.11.4 Análise da desnitrificação em sistemas NDEBPR ................................ 352
6.11.4.1 Sistema UCT ............................................................................................. 353
6.11.5 Nitrato máximo reciclado para o reator anaeróbio ............................ 354
6.12 Conclusões .................................................................................................... 354
7 Tratamento Inovador de Esgoto Contendo Enxofre ........................................ 371
7.1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................371
7.2 BIOPROCESSO DE REDUÇÃO DE SULFATO ................................................ 373
7.2.1 Fundamentos desse bioprocesso ........................................................ 373
7.2.1.1 Vias redutoras de sulfato ............................................................................ 374
7.2.1.2 Reações bioquímicas envolvidas nos bioprocessos de redução de sulfato
376
7.2.2 Microrganismos chave que realizam redução de sulfato ................... 378
7.2.3 Doadores de elétrons do bioprocesso de redução de sulfato ........... 379
7.2.4 Domínio de aplicação e parâmetro de modelo .................................. 384
7.2.4.1 Tratamento de esgoto contendo enxofre ................................................ 384
7.2.4.2 Biorremediação de metais tóxicos .............................................................385
7.2.4.3 Parâmetros cinéticos do processo ............................................................ 386
7.2.5 Fatores que afetam a redução de sulfato ........................................... 387
7.3 DESNITRIFICAÇÃO AUTOTRÓFICA CONDUZIDA POR ENXOFRE ............. 390
7.3.1 Introdução ............................................................................................ 390

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7.3.2 Reações bioquímicas no processo de DACE ........................................ 391
7.3.3 Microrganismos no processo de DACE ................................................ 392
7.3.4 Bioquímica do processo de DACE ........................................................ 395
7.3.4.1 Enzimas oxidadoras de enxofre .................................................................395
7.3.4.2 Enzimas redutoras de nitrogênio .............................................................. 396
7.3.4.3 Distribuição e competição por elétrons no processo de DACE ............397
7.3.5 Condições operacionais que regem o processo de DACE ................. 398
7.3.6 Implicações do processo de DACE ....................................................... 401
7.4 DESENVOLVIMENTO DO PROCESSO SANI, MODELAGEM E APLICAÇÃO
401
7.4.1 Introdução ............................................................................................. 401
7.4.1.1 A história da água de Hong Kong ............................................................... 401
7.4.1.2 Princípio do processo SANI® ..................................................................... 403
7.4.2 Desenvolvimento do processo SANI® ................................................ 404
7.4.2.1 Estudo de laboratório................................................................................. 404
7.4.2.2 Estudo em escala piloto ............................................................................. 406
7.4.3 Demonstração do processo SANI®......................................................407
7.4.4 Modelagem da planta SANI® no estado estacionário ....................... 409
7.4.4.1 Equações estequiométricas ........................................................................ 410
7.4.4.2 Equações cinéticas................................................................................... 412
7.4.5 Estratégia de projeto da planta SANI® ................................................ 414
7.4.5.1 Modelo em estado estacionário para a planta completa.......................... 414
7.4.5.2 Dimensionamento de reatores SANI®. ...................................................... 415
7.5 RECUPERAÇÃO DE RECURSOS BASEADA NA CONVERSÃO DO ENXOFRE417
7.5.1 Introdução ............................................................................................. 417
7.5.2 Sulfetos metálicos ................................................................................. 417
7.5.3 Recuperação e reutilização de enxofre elementar ............................. 419
7.5.4 Recuperação de metabólicos intermediários .....................................420
7.6 CONCLUSÃO E PERSPECTIVAS .................................................................... 421
8 Desinfecção de esgoto ....................................................................................... 435
8.1 HISTÓRICO .................................................................................................... 435
8.2 CONCEITO DE MICRORGANISMOS INDICADORES ................................... 436
8.3 DESINFECÇÃO COM HALOGÊNIOS (CLORO) ............................................. 436
8.3.1 FÍSICO-QUÍMICA DO CLORO ................................................................ 437
8.3.2 Mecanismos de desinfecção: cloro ..................................................... 440
8.4 DESINFECÇÃO COM PERÁCIDOS (ÁCIDO PERACÉTICO)............................ 441
8.4.1 Físico-química dos perácidos ................................................................ 442
8.4.2 Mecanismos da desinfecção: perácidos ..............................................443

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8.5 DESINFECÇÃO COM RADIAÇÃO ULTRAVIOLETA .......................................443
8.5.1 Leis da fotoquímica ...............................................................................443
8.5.2 Princípios da cinética fotoquímica ...................................................... 444
8.5.3 Mecanismos da inativação microbiana: radiação UV ......................... 446
8.5.4 Fontes de radiação UV germicida ........................................................447
8.6 Cinética de desinfecção .............................................................................. 449
8.6.1 Cinética de desinfecção: desinfetantes químicos .............................. 450
8.6.2 Cinética de desinfecção: radiação UV .................................................. 452
8.6.3 Comparação da cinética de desinfecção entre os desinfetantes
comuns 455
8.7 Modelos de processo .................................................................................. 458
8.7.1 Modelos determinísticos do processo................................................ 458
8.7.2 Modelos probabilísticos (estocásticos) do processo ........................ 460
8.8 Aplicações da desinfecção em tratamento de esgoto .............................. 465
8.8.1 Sistemas de desinfecção química ........................................................467
8.8.2 Sistemas de desinfecção UV ................................................................ 468
8.9 Perspectivas ..................................................................................................470
8.10 Considerações finais ..................................................................................... 471
9 Aeração e Mistura............................................................................................... 479
9.1 Fundamentos e Tecnologia da Aeração ......................................................479
9.1.1 Fundamentos e métricas ......................................................................479
9.1.1.1 Transferência de oxigênio em água limpa ................................................ 479
9.1.1.2 Transferência de oxigênio na água de processo ...................................... 482
9.1.1.3 O misterioso fator alfa ............................................................................... 484
9.1.2 Bolhas finas, bolhas grossas e gotículas ............................................. 485
9.1.3 Dentro do Tanque de Aeração ............................................................ 486
9.1.3.1 Aeração de Bolhas ...................................................................................... 487
9.1.3.2 Aeração Mecânica ...................................................................................... 494
9.1.4 Sopradores de ar .................................................................................. 498
9.1.4.1 Sopradores Centrífugos ............................................................................. 499
9.1.4.2 Sopradores de Deslocamento Positivo ......................................................503
9.1.5 O ‘elefante na sala’: Processos com Oxigênio Puro - POP .................. 505
9.2 Sistema de Mistura em Lodo Ativado ......................................................... 507
9.2.1 Quantificação e projeto de sistemas de mistura ................................ 508
9.2.2 Equipamentos de Mistura ..................................................................... 511
9.3 Fatores que afetam a transferência de oxigênio ........................................512
9.3.1 Idade do Lodo ....................................................................................... 513
9.3.2 Função dos seletores biológicos .......................................................... 513

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9.3.3 Vazão de ar ............................................................................................ 516
9.3.4 Densidade de difusores ........................................................................ 516
9.3.5 Profundidade do tanque .......................................................................517
9.3.6 Fouling (incrustação biológica), incrustação química e limpeza dos
difusores ...............................................................................................................517
9.3.7 Concentrações do licor misto ............................................................... 522
9.3.8 Temperatura e pressão ......................................................................... 523
9.3.9 Impacto da hidrodinâmica .................................................................... 524
9.3.10 Dinâmicas diárias e fator alfa ............................................................... 525
9.4 Algoritmo de projeto ................................................................................... 526
9.4.1 Algoritmo de verificação / melhoria ..................................................... 529
9.5 Aeração e Energia ........................................................................................ 530
9.6 Práticas de aeração sustentáveis ................................................................ 531
9.6.1 Diagnóstico do sistema de aeração ..................................................... 531
9.6.2 Sistemas de tratamento aerado mecanicamente simples ................. 534
9.6.3 Estratégias de conservação de energia ............................................... 536
10 Intumescimento de lodo .................................................................................... 547
10.1 INTRODUÇÃO ............................................................................................... 547
10.2 ASPECTOS HISTÓRICOS .............................................................................. 549
10.3 RELACÃO ENTRE MORFOLOGIA E ECOFISIOLOGIA ...................................550
10.3.1 Abordagem microbiológica ..................................................................550
10.3.2 Abordagem morfológica ecológica ..................................................... 552
10.4 IDENTIFICAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DE BACTÉRIAS FILAMENTOSAS .... 552
10.4.1 Caracterização microscópica contra métodos moleculares .............. 552
10.4.2 Fisiologia das bactérias filamentosas .................................................. 553
10.5 TEORIAS GERAIS RECENTES PARA EXPLICAR O INTUMESCIMENTO DE
LODO 554
10.5.1 Seleção baseada na difusão ................................................................. 554
10.5.2 Teoria da seleção cinética ..................................................................... 555
10.5.3 Teoria de seleção de armazenamento ................................................. 557
10.6 AÇÕES CORRETIVAS ..................................................................................... 558
10.6.1 Seletor ...................................................................................................559
10.6.1.1 Seletores aeróbios ...................................................................................559
10.6.1.2 Seletores não aerados ............................................................................. 561
10.6.1.3 Seletores anóxicos................................................................................... 561
10.6.1.4 Seletores anaeróbios ...............................................................................562
10.7 MODELAGEM MATEMÁTICA .......................................................................563

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10.8 Lodo Granular ............................................................................................... 565
10.9 CONCLUSÕES .............................................................................................. 566
11 Lodo Granular Aeróbio........................................................................................ 571
11.1 INTRODUÇÃO ................................................................................................571
11.2 CONSIDERAÇÕES IMPORTANTES PARA A SELEÇÃO DO LODO GRANULAR
AERÓBIO .................................................................................................................. 574
11.2.1 Gradientes ............................................................................................. 574
11.2.2 Seleção microbiana ............................................................................... 576
11.2.3 Seleção física ......................................................................................... 577
11.2.4 Força de Cisalhamento ......................................................................... 577
11.2.5 Alimentação do sistema com fluxo ascensional tipo pistão .............. 577
11.2.6 Efeito do substrato e do regime de alimentação na morfologia do
grânulo 578
11.3 CINÉTICA DO LODO GRANULAR AERÓBIO................................................. 581
11.3.1 Remoção de Carbono ........................................................................... 581
11.3.2 Remoção de Nitrogênio........................................................................ 581
11.3.3 Remoção biológica de fósforo ............................................................. 582
11.3.4 Propriedades do Lodo Granular ........................................................... 583
11.3.5 Aspectos operacionais dos reatores LGA ............................................583
11.4 CONTROLE DO PROCESSO ..........................................................................585
11.4.1 Ciclo Nereda® ........................................................................................ 585
11.4.2 Programação dos ciclos (bateladas) ................................................... 586
11.4.3 Remoção de nutrientes ....................................................................... 586
11.4.4 Sólidos em suspensão no efluente ...................................................... 587
11.4.5 Tempo de retenção de sólidos (idade de lodo) ................................. 589
11.5 CONSIDERAÇÕES PARA PROJETO ............................................................. 589
11.5.1 Configurações da planta ...................................................................... 590
11.5.2 Volume de projeto ................................................................................ 591
11.5.3 Tratamento do lodo ..............................................................................593
11.5.4 Sólidos em Suspensão no Reator Biológico ....................................... 594
11.6 RECUPERAÇÃO DE RECURSOS ................................................................... 594
12 Decantação Final.....................................................................................................603
12.1 INTRODUÇÃO .............................................................................................. 603
12.1.1 Objetivo da decantação ....................................................................... 603
12.1.2 Funções de um decantador secundário.............................................. 603
12.1.2.1 Clarificação em decantadores secundários ........................................... 604
12.1.2.2 Adensamento em decantadores secundários ...................................... 604

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12.1.2.3 Lodo armazenado em decantadores secundários................................ 604
12.2 CONFIGURAÇÕES DE DECANTADOR NA PRÁTICA.................................... 605
12.2.1 Decantadores circulares com modelo de fluxo radial ....................... 606
12.2.2 Decantadores retangulares com regime de escoamento horizontal 608
12.2.3 Decantadores profundos com regime de escoamento tipo vertical 609
12.2.4 Melhorias comuns a todos os tipos de decantadores ....................... 609
12.2.4.1 Bacia de Floculação ................................................................................ 609
12.2.4.2 Remoção de escuma ............................................................................... 610
12.2.4.3 Anteparos..................................................................................................611
12.2.4.4 Lamelas .....................................................................................................611
12.2.5 Problemas operacionais ........................................................................ 611
12.2.5.1 Tanques Rasos ..........................................................................................611
12.2.5.2 Distribuição desigual de fluxo ..................................................................611
12.2.5.3 Vertedores com distribuições desiguais................................................. 612
12.2.5.4 Efeito do vento ........................................................................................ 612
12.2.5.5 Alterações bruscas de temperatura ....................................................... 612
12.2.5.6 Congelamento em tempo frio ...................................................................... 612
12.2.5.7 Problemas de recirculação ...................................................................... 613
12.2.5.8 Algas nos vertedores ............................................................................... 613
12.2.5.9 Placas de lodo anaeróbio ........................................................................ 614
12.2.5.10 Pássaros ................................................................................................... 614
12.2.5.11 Lodo Intumescido .................................................................................... 614
12.2.5.12 Lodo Ascendente..................................................................................... 614
12.3 AVALIAÇÃO DA SEDIMENTABILIDADE DO LODO ...................................... 614
12.3.1 Índice Volumétrico de Lodo ................................................................. 614
12.3.2 Outros métodos de teste ..................................................................... 615
12.4 TEORIA DO FLUXO PARA AVALIAÇÃO DA CAPACIDADE DE
SEDIMENTAÇÃO DO DECANTADOR ...................................................................... 615
12.4.1 Teste de Velocidade de Sedimentação em Zona ................................ 616
12.4.2 Sedimentação discreta, floculenta, em zona e de compressão ......... 617
12.4.3 A Função Vesilind de sedimentação..................................................... 618
12.4.4 Curvas de fluxo gravitacional, de descarga de sólidos e total ........... 619
12.4.5 Critérios limites de aplicação de sólidos dos decantadores ............... 621
12.4.5.1 Critério I de Processamento de Sólidos - fluxo de sólidos mínimo
limitante 621
12.4.5.2 Critério II de Processamento de Sólidos - fluxo aplicado limitante (taxa
de aplicação superficial) ............................................................................................. 621
12.4.6 Análise do ponto de estado.................................................................. 622

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12.5 VISÃO GERAL DO USO DA TEORIA DO FLUXO E OUTROS MÉTODOS PARA
PROJETO E OPERAÇÃO.......................................................................................... 626
12.5.1 Projeto baseado na teoria do fluxo ..................................................... 627
12.5.2 Projeto empírico....................................................................................628
12.5.3 Projeto WRC ..........................................................................................629
12.5.4 Projeto ATV............................................................................................629
12.5.5 Projeto STOWA .................................................................................... 630
12.5.6 Comparação entre decantadores projetados segundo diferentes
métodos .............................................................................................................. 632
12.6 MODELAGEM DE DECANTAÇÃO SECUNDÁRIA .......................................... 632
12.6.1 Modelos Zero-dimensional ................................................................... 632
12.6.2 Modelos Uni-dimensional ..................................................................... 633
12.6.3 Modelos Computacionais de Fluidodinâmica......................................635
12.7 EXEMPLOS DE PROJETO ............................................................................. 636
13 Biorreatores com membranas...........................................................................645
13.1 PRINCÍPIOS DE SEPARAÇÃO POR MEMBRANAS ...................................... 645
13.2 INTRODUÇÃO AOS BIORREATORES COM MEMBRANAS ......................... 646
13.2.1 História dos Biorreatores com Membranas ....................................... 646
13.2.2 Características dos Biorreatores com Membranas .............................647
13.2.3 Configuração dos Biorreatores com Membranas ...............................647
13.2.4 Materiais e módulos de membrana .................................................... 649
13.2.5 Fabricantes comerciais de módulos de membranas .......................... 650
13.2.5.1 Produtos de HF imersos ......................................................................... 650
13.2.5.2 Produtos de FS imersos .......................................................................... 654
13.2.5.3 Tubular products .....................................................................................657
13.3 DESEMPENHO DO TRATAMENTO DE ÁGUAS RESIDUÁRIAS E QUALIDADE
DO EFLUENTE ......................................................................................................... 658
13.3.1 Remoção de poluentes convencionais ............................................... 658
13.3.2 Qualidade higiênico-sanitária do permeado........................................ 661
13.3.3 Remoção de Poluentes Emergentes................................................... 662
13.3.4 Recuperação de Energia ...................................................................... 666
13.4 FORMAÇÃO DE DEPÓSITO EM MEMBRANA E SEU CONTROLE .............. 666
13.4.1 Definição do depósito em membrana ................................................ 666
13.4.2 Caracterização do depósito na membrana ........................................ 667
13.4.3 Estratégias para controle de depósitos das membranas .................. 668
13.4.4 Otimização das condições de operação da membrana ..................... 669
13.4.4.1 Pré-tratamento ....................................................................................... 669

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13.4.4.2 Melhoria das condições hidrodinâmicas ............................................... 670
13.4.4.3 Otimização do fluxo da membrana ....................................................... 670
13.4.5 Limpeza das membranas com depósito ............................................. 670
13.4.5.1 Limpeza física........................................................................................... 671
13.4.5.2 Limpeza química ...................................................................................... 671
13.4.6 Melhorando a filtrabilidade do licor misto .......................................... 672
13.4.7 Outros métodos potenciais de controle do depósito ........................ 673
13.4.7.1 Métodos biológicos .................................................................................673
13.4.7.2 Abordagens eletricamente assistidas.....................................................673
13.4.7.3 Potencial de mitigação de incrustação usando membranas à base de
nanomateriais ............................................................................................................ 674
13.5 PROJETO, OPERAÇÃO E MANUTENÇÃO DE ESTAÇÕES DE MBR ..............674
13.5.1 Composição do processo .....................................................................674
13.5.2 Pré-tratamento..................................................................................... 676
13.5.3 Unidades de tratamento biológico e parâmetros cinéticos ............... 677
13.5.3.1 Visão geral das unidades de tratamento biológico ............................... 677
13.5.3.2 Cálculo dos volumes do tanque e dos fluxos de recirculação.............. 678
13.5.3.3 Cálculo de produção de lodo excesso ................................................... 680
13.5.3.4 Cálculo da demanda de aeração para reações biológicas .................... 680
13.5.4 Sistema de filtração por membrana ....................................................682
13.5.4.1 Fluxo ........................................................................................................ 682
13.5.4.2 Área de membrana ................................................................................. 682
13.5.4.3 Demanda de aeração ................................................................................... 683
13.5.4.4 Procedimento de limpeza química ........................................................ 683
13.6 APLICAÇÃO PRÁTICA .................................................................................. 684
13.6.1 Aplicações gerais de membrana ......................................................... 684
13.6.2 Quatro casos completos de aplicação de MBR .................................. 685
13.6.3 Últimos desenvolvimentos em sistemas MBR .................................... 691
13.6.3.1 O conceito de MBR de alta carga (HL-MBR) .......................................... 691
13.6.3.2 Aplicações do sistema HL-MBR.............................................................. 694
13.7 TENDÊNCIAS FUTURAS DA TECNOLOGIA MBR ........................................ 698
14 Modelagem de processos de lodo ativado........................................................ 711
14.1 O QUE É UM MODELO? ................................................................................. 711
14.2 POR QUE MODELAGEM?.............................................................................. 716
14.3 PRINCÍPIOS DE MODELAGEM ..................................................................... 718
14.3.1 Construção do modelo ......................................................................... 718
14.3.2 Configuração geral do modelo ............................................................. 719
14.3.3 Estequiometria ....................................................................................... 721
14.3.4 Cinética .................................................................................................. 723

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14.3.5 Transporte ............................................................................................. 724
14.3.6 Notação matricial .................................................................................. 726
14.4 DESENVOLVIMENTO GRADUAL DO MODELO BIOCINÉTICO: ASM1 ......... 728
14.5 MODELOS DE LODO ATIVADO .................................................................... 735
14.6 A CAIXA DE FERRAMENTAS ASM ................................................................744
14.7 DESAFIOS PARA O ASM E TENDÊNCIAS FUTURAS ....................................746
14.8 CONCLUSÕES ............................................................................................... 755
15 Controle de processo ......................................................................................... 773
15.1 FORÇAS MOTRIZES E MOTIVAÇÕES PARA O CONTROLE ......................... 773
15.1.1 Recursos do sistema ICA ...................................................................... 773
15.1.2 Forças motrizes ..................................................................................... 775
15.1.3 Esboço do capítulo................................................................................ 776
15.2 PERTURBAÇÕES EM SISTEMAS DE TRATAMENTO DE ESGOTO ............... 777
15.3 O PAPEL DO CONTROLE E AUTOMAÇÃO ................................................... 781
15.3.1 Definindo as prioridades ....................................................................... 782
15.4 INSTRUMENTAÇÃO E MONITORAMENTO ................................................. 783
15.4.1 Sensores e instrumentos ...................................................................... 783
15.4.2 Monitoramento ..................................................................................... 785
15.5 A IMPORTÂNCIA DA DINÂMICA ................................................................. 788
15.6 VARIÁVEIS E ATUADORES MANIPULADOS ............................................... 790
15.6.1 Variáveis hidráulicas ............................................................................. 790
15.6.2 Adição de produtos químicos............................................................... 792
15.6.3 Adição de carbono ................................................................................ 792
15.6.4 Fornecimento de ar ou oxigênio .......................................................... 793
15.7 CONCEITOS BÁSICOS DE CONTROLE .......................................................... 793
15.8 EXEMPLOS DE CONTROLE EM MALHA FECHADA EM SISTEMAS DE
TRATAMENTO DE ESGOTO .....................................................................................794
15.9 ECONOMIA DE CUSTOS OPERACIONAIS DEVIDO AO CONTROLE ............ 801
15.10 INTEGRAÇÃO E CONTROLE DE TODA A PLANTA....................................802
15.11 CONSIDERAÇÕES FINAIS ......................................................................... 804
16 Tratamento anaeróbio de águas residuárias .................................................... 811
16.1 Sustentabilidade no tratamento de águas residuárias ............................... 811
16.1.1 Definições e benefícios ambientais dos processos anaeróbios .......... 811
16.2 MICROBIOLOGIA DAS CONVERSÕES ANAERÓBIAS .................................. 814
16.2.1 Degradação anaeróbia de polímeros orgânicos ................................. 814
16.2.1.1 Hidrólise ................................................................................................... 816
16.2.1.2 Acidogênese ............................................................................................ 817

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16.2.1.3 Acetogênese ............................................................................................ 818
16.2.1.4 Metanogênese ......................................................................................... 821
16.3 ESTIMANDO A PRODUÇÃO DO CH4 ........................................................... 822
16.3.1 DQO........................................................................................................ 823
16.4 IMPACTOS DE ACEPTORES ALTERNATIVOS DE ELÉTRONS ...................... 827
16.4.1 Conversões bacterianas em condições anóxicas ................................ 827
16.4.1.1 Redução de sulfato ................................................................................. 828
16.4.1.2 Desnitrificação ........................................................................................ 830
16.5 TRABALHANDO COM O BALANÇO DE DQO ............................................... 831
16.6 IMOBILIZAÇÃO E GRANULAÇÃO DE LODO ................................................ 833
16.6.1 Mecanismo subjacente à granulação de lodo .................................... 834
16.7 Reatores anaeróbios ................................................................................... 836
16.7.1 Sistemas anaeróbios de alta taxa ........................................................ 837
16.7.2 Reatores anaeróbios de estágio único ................................................... 839
16.7.2.1 Reatores anaeróbios de contato ........................................................... 839
16.7.2.2 Filtros anaeróbios ................................................................................... 840
16.7.2.3 Reatores anaeróbios de leito de lodo ................................................... 842
16.7.2.4 Reatores anaeróbios de leito expandido (EGSB) e fluidizado ............. 845
16.7.2.6 Outros sistemas anaeróbios de alta taxa .............................................. 850
16.7.2.7 Reatores anaeróbios de membranas ..................................................... 851
16.7.2.8 Reatores acidogênicos e hidrolíticos ......................................................852
16.7.2.9 Tendências atuais de mercado associadas à venda de reatores anaeróbios
de alta taxa .................................................................................................................852
16.8 Reatores anaeróbios de fluxo ascendente e manta de lodo (UASB)........853
16.8.1 Descrição do processo ..........................................................................853
16.8.2 Considerações sobre o projeto de reatores UASB ............................ 854
16.8.2.1 Carga hidráulica máxima ........................................................................ 854
16.8.2.2 Carga orgânica aplicada ......................................................................... 854
16.8.2.3 Componentes internos do reator .......................................................... 856
16.8.3 Reator UASB-tanque séptico............................................................... 858
16.9 Cinética do processo anaeróbio ................................................................. 858
16.10 Tratamento anaeróbio de esgoto sanitário ........................................... 859
16.11 Tratamento anaeróbio de águas fecais em novos sistemas de
saneamento ............................................................................................................ 866
17 Modelagem de biofilmes ................................................................................... 877
17.1 O que são biofilmes? .................................................................................... 877
17.2 Motivação para a modelagem de biofilmes e como escolher a abordagem
matemática apropriada ......................................................................................... 878

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17.3 MODELAGEM de biofilmes com um único substrato limitante, sem a
resistência à transferência de massa .................................................................... 880
17.3.1 Equações básicas .................................................................................. 881
17.3.2 Soluções da equação de difusão e reação no biofilme para diferentes
expressões de taxas de conversão do substrato ............................................. 883
17.3.2.1 Taxa de remoção de substrato no biofilme segundo uma cinética de
primeira ordem .......................................................................................................... 883
17.3.2.2 Taxa de remoção de substrato no biofilme conforme uma cinética de
ordem zero ................................................................................................................ 886
17.3.2.3 Cinética de Monod em um biofilme............................................................. 888
17.3.3 Síntese a respeito de soluções analíticas para um único substrato
limitante.............................................................................................................. 890
17.3.4 Derivação da equação de difusão e reação (Eq. 17.1) a partir de um
balanço de massa no biofilme ........................................................................... 890
17.3.5 AQUASIM: Visão Geral ......................................................................... 893
17.4 Exemplo de como JLF = F(SLF) pode ser utilizado para predizer o
desempenho de um reator com biofilme ............................................................. 894
17.4.1 Solução analítica .................................................................................. 895
17.4.2 Tentativa e Erro ou Abordagem Iterativa ........................................... 895
17.4.3 Solução Gráfica..................................................................................... 895
17.4.4 Solução numérica (p.ex.: com o uso do AQUASIM Software) .......... 896
17.5 EFEITO DA RESISTÊNCIA EXTERNA À TRANSFERÊNCIA DE MASSA ........ 896
17.5.1 Fluxo de substrato para uma reação de primeira ordem considerando
a camada limite externa .................................................................................... 897
17.5.2 Fluxo de substrato para taxa de reação de ordem zero (penetração
parcial do substrato) considerando a camada limite externa ......................... 898
17.5.3 Fluxo de substrato para a cinética de Monod no biofilme
considerando a camada limite externa ............................................................ 899
17.6 DIFUSÃO DE MÚLTIPLOS COMPONENTES ................................................ 899
17.6.1 Difusão de dois componentes: doador e aceptor de elétrons .......... 899
17.6.2 Caso geral de difusão de múltiplos substratos .................................. 903
17.6.3 Complicações para múltiplos processos no interior do biofilme ...... 904
17.7 COMBINAÇÃO ENTRE CRESCIMENTO E DECAIMENTO COM O
DESPRENDIMENTO DA BIOMASSA ...................................................................... 904
17.7.1 Influência do desprendimento (ud,s) sobre a espessura do biofilme em
estado de equilíbrio (LF) e sobre fluxo de substrato (JLF) ............................... 906
17.7.2 Aderência e rotas de componentes particulados .............................. 908
17.8 MODELAGEM PRÁTICA DE REATORES COM BIOFILME ............................ 910

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17.8.1 Coletânea de exemplos ........................................................................ 910
17.8.2 Passo a passo para a avaliação de reatores com biofilme.................. 917
17.9 PARÂMETROS DERIVADOS ......................................................................920
17.9.1 Idade do lodo ........................................................................................920
17.9.2 Concentração mínima de substrato para a manutenção do
crescimento da biomassa (Smin) ......................................................................... 921
17.9.3 Tempo característico e números não dimensionais para descrever a
dinâmica do biofilme........................................................................................... 922
17.9.3.1 Aplicação de tempos característicos para estimar tempos de resposta
924
17.9.3.2 Números adimensionais: Número de Damköhler (DaII), módulo de Thiele
(Φ), e Número de crescimento (G) ............................................................................925
17.10 COMO A ESTRUTURA 2D/3D INFLUENCIA O DESEMPENHO DO
BIOFILME?................................................................................................................926
17.11 PARÂMETROS DE MODELAMENTO ........................................................928
17.11.1 Densidade de biomassa no biofilme (XF) .............................................928
17.11.2 Coeficientes de difusão (Dw, DF)..............................................................929
17.11.3 Transferência de massa externa (LL, RL) ................................................ 930
17.11.4 Espessura do biofilme (LF) e desprendimento do biofilme (ud,S , ud,V,
ud,M) 932
17.11.5 Ressalvas na utilização de parâmetros associados a outros tipos de
modelos ............................................................................................................... 933
17.12 FERRAMENTAS DE MODELAGEM............................................................ 933
18 Reatores de Biofilme ..........................................................................................943
18.1 REATORES DE BIOFILME ............................................................................ 943
18.1.1 Tipos de reatores ................................................................................. 945
18.1.1.1 Filtro percolador ......................................................................................... 946
18.1.1.2 Reatores biológicos de contato (RBC) .................................................. 948
18.1.1.3 Reatores de biofilme de leito fixo submerso ........................................ 948
18.1.1.4 Reatores de leito fluidizado e expandido ............................................. 950
18.1.1.5 Reatores de lodo granular ...................................................................... 951
18.1.1.6 Reatores de biofilme de leito móvel (MBBR) ...............................................953
18.1.1.7 Sistemas híbridos com biofilme e lodo ativado (IFAS) ......................... 954
18.1.1.8 Reatores de biofilme aderido em membrana ........................................955
18.1.2 Escolha entre diferentes opções de materiais suportes para biofilme
957
18.2 PARÂMETROS DE PROJETO ..................................................................... 957
18.2.1 Fluxo de substrato e taxas de carregamento ..................................... 957

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18.2.2 Carga hidráulica .................................................................................... 958
18.3 COMO DETERMINAR OS FLUXOS MÁXIMOS DE PROJETO OU TAXAS DE
CARREGAMENTO DE PROJETO ............................................................................. 959
18.3.1 Estimativa baseada em modelo do fluxo máximo de substrato ....... 959
18.3.1.1 Projeto de nível 1: o composto de interesse é o substrato limitante das
taxas de crescimento. ............................................................................................... 960
18.3.1.2 Projeto de nível 2: remoção do composto de interesse é limitado pelo
correspondente doador/aceptor de elétrons .......................................................... 960
18.3.1.3 Projeto de nível 3: a remoção de compostos de interesse é limitada
pelos processos de crescimento e pela competição microbiana no biofilme por
substrato e espaço. ................................................................................................... 960
18.3.1.4 Projeto de nível 4: modelagem detalhada de perfis de concentração,
estruturas de biofilme heterogênea e dimensionamento para condições ambientais
dinâmicas .................................................................................................................... 961
18.3.2 Taxas de carregamento máximas empíricas ....................................... 961
18.3.3 Exemplo de dimensionamento ............................................................962
18.4 OUTRAS CONSIDERAÇÕES DE PROJETO ................................................... 966
18.4.1 Aeração ................................................................................................. 966
18.4.2 Distribuição de fluxo ............................................................................ 967
18.4.3 Controle do biofilme ............................................................................ 967
18.4.4 Remoção de sólidos ............................................................................. 968

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1

1 Desenvolvimento do Tratamento de
Esgoto
Guanghao Chen, Mark C.M. van Loosdrecht, George A. Ekama
e Damir Brdjanovic
Tradução: Marcelo Kenji Miki

1.1 FATORES GLOBAIS PARA O todos é essencial para erradicação da pobreza,


DESENVOLVIMENTO DO construção de sociedades pacíficas e prósperas e
ESGOTAMENTO SANITÁRIO garantia para que “ninguém seja deixado para trás”
no caminho para o desenvolvimento sustentável.
O esgotamento sanitário foi votado como a maior No entanto, apesar dos esforços significativos, o
conquista médica desde 1840 em pesquisa progresso na melhoria do esgotamento sanitário
realizada pelo British Medical Journal no ano de ainda é lento e está atrasado. O mundo precisa
2007 (Ferriman, 2007). Esta confirmação mostra a prestar atenção ao chamado de começar a
importância do esgotamento sanitário na obtenção implementar soluções adequadas de esgotamento
e manutenção das boas condições de saúde pública. sanitário para todos. O importante não é apenas
Em muitos países industrializados, o esgoto é conectar as pessoas às soluções de esgotamento
transportado com segurança para longe das sanitário, mas também fazer com que essa conexão
residências. No entanto, nem sempre há um subsista de uma forma ambientalmente sustentável.
tratamento adequado do esgoto, principalmente nos Os sistemas de coleta de esgoto e as estações de
países em desenvolvimento, onde há muito menos tratamento de esgoto demonstraram ser muito
cobertura de coleta de esgoto em comparação com eficientes no transporte e remoção de patógenos,
o abastecimento de água. A necessidade do poluentes e nutrientes orgânicos, mas requerem
adequado esgotamento sanitário foi explicitada nos operação e manutenção adequadas e um bom
Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) entendimento dos processos envolvidos.
das Nações Unidas e acentuada no Objetivo
Número 6, Água Potável e Esgotamento Sanitário, 1.2 HISTÓRIA DO TRATAMENTO DE
onde afirma-se que o acesso a água limpa é ESGOTO
essencial para todas as pessoas no mundo, tendo em
vista o fato de que milhões de pessoas morrem de O desenvolvimento do tratamento de esgoto foi
doenças associadas às condições inadequadas de mais visível no século XX. Há muito tempo o
abastecimento de água, esgotamento sanitário e esgoto é considerado um risco potencial à saúde e
higiene. O esgotamento sanitário desempenha um um incômodo para as aglomerações urbanas. No
papel central na consecução desse objetivo. O entanto, o valor de fertilizante das excretas
Relatório Mundial sobre o Desenvolvimento de humanas já era reconhecido desde os tempos mais
Recursos Hídricos da ONU 2019 estabelece que o antigos. Por exemplo na China, desde a Era da
acesso a água potável e esgotamento sanitário para Dinastia Xihan (202 a.C.) até recentemente (os

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2

anos 70), a grande maioria das terras agrícolas era bem recebido pelos agricultores da cidade, que
fertilizada com fezes humanas das latrinas. As encontraram um bom uso para esse “adubo”
civilizações antigas do Vale do Indo (já em 2000 humano. Em Amsterdã, um carrinho era dirigido
a.C.), da região do Eufrates e da Grécia usavam pelas ruas nas quais os baldes com dejetos podiam
latrinas públicas que despejavam os esgotos para os ser esvaziados. Ironicamente, o carrinho recebeu o
drenos coletores, que transportavam em conjunto nome de uma marca de água de colônia conhecida
com as águas pluviais para uma bacia de coleta fora na época: o carrinho Boldoot. No entanto, o
da cidade; a partir daí, dutos revestidos com tijolos derramamento era inevitável durante o transporte e
levavam o esgoto para campos agrícolas, sendo esvaziamento dos baldes, e os maus odores não
utilizado para irrigação e fertilização de culturas e diminuíram muito para os cidadãos. Até então,
pomares. Periodicamente fazia-se a desobstrução surgiram planos para um sistema geral de esgoto.
das tubulações de coleta com descarga do próprio Os altos custos de investimento e a incerteza
esgoto. quanto ao fluxo e manutenção do sistema de coleta
impediu a implementação de forma mais rápida.
Os romanos levaram esse conceito de sistema
mais além: em cerca de 800 a.C., foi construída a Por volta de 1900, Liernur apresentou uma
Cloaca Maxima. Inicialmente, esse sistema central solução tecnológica para a coleta de esgoto. Ele
de esgoto foi utilizado para drenar o pântano sobre desenvolveu um projeto para a coleta separada dos
o qual Roma fora posteriormente construída. Em vasos sanitários das águas cinzas e pluviais. Os
100 d.C., o sistema estava quase completo e as despejos dos vasos sanitários deveriam ser
conexões haviam sido feitas em algumas casas. O coletados através do denominado Sistema Liernur
abastecimento de água era fornecido por um de esgotamento à vácuo. Este sistema encontrou
sistema de aqueduto e o sistema de coleta de esgoto uso em várias cidades da Europa (Figura 1.1).
levava as águas residuárias geradas nos banhos
públicos e latrinas para a jusante da cidade e
finalmente para o Rio Tibre. As ruas eram lavadas
regularmente com água do aqueduto e as águas
residuárias geradas nesta lavagem eram
encaminhadas para o sistema de coleta.

Esse sistema funcionou muito bem porque


podia contar com um governo eficaz sob a guarda
de um poderoso exército capaz de proteger os
aquedutos mais longínquos. Quando o Império
Romano entrou em colapso, sua abordagem
sanitária também entrou em colapso. O período
entre 450 e 1750 d.C. é, portanto, conhecido como
“Idade das Trevas Sanitárias” (Wolfe, 1999).
Durante esse período, a principal forma de descarte
de resíduos era o simples descarte nas ruas,
frequentemente realizado através do esvaziamento
dos baldes das janelas dos andares superiores. Por
volta de 1800, o sistema de coleta de esgoto surgiu
em muitas cidades, impulsionado pelos moradores Figura 1.1 O Sistema Liernur de Esgotamento a vácuo (A)
da cidade que não queriam mais aguentar os maus e o veículo usado para coleta e transporte de resíduos (B)
odores. O sistema de coleta de esgoto também foi (fotos: van Lohuizen, 2006).

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3

O esgoto coletado não era submetido a nenhum modelagem matemática para calcular a carga
tipo de tratamento. Ao invés disso, o esgoto era máxima orgânica admissível de lançamento de
espalhado no solo como fertilizante. No entanto, esgoto em corpo receptor obtida através da curva
tornou-se cada vez mais difícil encontrar áreas de decaimento do oxigênio, de modo a evitar que a
disponíveis nas proximidades das cidades devido concentração de oxigênio dissolvido (DO) caia
aos problemas de alagamento destas áreas e a abaixo de um valor mínimo em um ponto a jusante
contínua expansão urbana. A ideia de que poderia do ponto de lançamento. Com o rápido crescimento
haver melhores soluções, como a utilização de das cidades, logo se percebeu que os rios não
"organismos", começou a surgir gradualmente conseguiriam mais lidar com as crescentes cargas
(Cooper, 2001). orgânicas. Como resposta, aumentaram-se os
requisitos para o tratamento de esgoto para obter
Nos Estados Unidos e no Reino Unido, a melhores eficiências de remoção. Para reduzir a
aplicação organismos já estava sendo feita no demanda de oxigênio no rio e eliminar o efeito
tratamento de esgoto através dos filtros biológicos: tóxico da amônia nas espécies aquáticas, foi
biofilmes em pedras no leito do rio. Um dos introduzido o requisito da nitrificação, levando à
primeiros filtros biológicos foi instalado em construção de muitas ETEs de filtros biológicos de
Salford próximo a Manchester, no Reino Unido, baixa taxa para remoção de matéria orgânica e
em 1893. Nos EUA, o primeiro filtro biológico foi nitrificação nos EUA, Europa e África do Sul. Em
instalado em 1901, em Madison, Wisconsin. Entre estações de tratamento de esgoto com filtro
1895 e 1920, muitos filtros biológicos foram biológico normalmente era incluída a digestão
instalados para tratar o esgoto de vilas e cidades do anaeróbia para tratar o lodo primário e o lodo do
Reino Unido. Essa rápida aplicação do filtro filtro biológico. No início, acreditava-se que a
biológico teve um efeito negativo para o processo descarga de nitrato dessas Estações de Tratamento
de lodo ativado no Reino Unido, após sua invenção de Esgoto seria benéfica porque forneceria uma
em 1913: o dinheiro de investimento já havia sido barreira contra condições anaeróbias nos rios e
gasto em filtros biológicos. lagos. No entanto, os filtros biológicos nem sempre
nitrificam muito bem - principalmente no inverno -
O processo de lodo ativado foi descoberto no devido à necessidade de alta eficiência de remoção
Reino Unido: experimentos no tratamento de orgânica antes da remoção eficiente de nitrogênio.
esgoto em reator com enchimento e descarte (o
precursor do atual reator batelada sequencial - Na segunda metade do século XX, um novo
RBS) produziram um efluente altamente tratado. problema surgiu nas águas superficiais: a
Na crença de que o lodo havia sido ativado, de eutrofização. A eutrofização representa o
maneira semelhante ao carvão ativado, o processo crescimento exagerado de algas e outras plantas
foi denominado “lodo ativado” (Ardern e Lockett, aquáticas, devido ao efeito fertilizante do
1914). nitrogênio (N) e fósforo (P) descartados nos rios.
Na década de 1960, ficou claro que o nitrogênio e
Durante a primeira metade do século XX, o o fósforo também precisavam ser removidos do
corpo receptor do lançamento de esgoto era esgoto para limitar a eutrofização, inspirando
considerado como parte integrante do processo de intensivos programas de pesquisa e sendo
tratamento. A razão pela qual o tempo de 5 dias é aplicados os campos da bacteriologia e
utilizado no teste de demanda bioquímica de bioenergética no tratamento de esgoto. Através da
oxigênio (DBO) é porque 5 dias era o tempo mais cinética de Monod (1949) do campo da
longo que a água levava para percorrer os rios no bacteriologia, Downing et al. (1964) mostraram
Reino Unido antes de chegar ao mar. O livro que a nitrificação dependia da taxa máxima de
“Stream Sanitation” de Phelps (1944) utiliza a crescimento específico dos organismos

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4

autotróficos nitrificantes, que é mais lenta em Pasveer (1959) iniciou uma linha diferente de
comparação com a dos organismos heterotróficos. desenvolvimento baseada no trabalho de Ardern e
Em aplicações práticas reais de ETEs, implica-se Lockett, que originalmente projetaram um
que a idade do lodo deve ser alta o suficiente para processo em batelada de enchimento e descarte.
Pasveer estava se concentrando num sistema
atingir de forma consistente concentrações baixas
econômico. O sistema de vala de oxidação que ele
de amônia no efluente final. O uso da cinética de desenvolveu foi baseado no uso de apenas uma
Monod no tratamento de esgoto foi tão bem- unidade de tratamento. Não havia decantador
sucedido que ainda hoje é usado em todos os primário, decantador secundário, digestor e assim
modelos de simulação, não apenas para por diante. No processo em batelada de enchimento
nitrificação, mas também para muitos outros e descarte com alimentação contínua, as etapas de
processos biológicos. A partir da bioenergética, nitrificação e desnitrificação ocorriam no mesmo
que foi desenvolvida num nível muito avançado reator. A simplicidade e os baixos custos
por McCarty (1964), percebeu-se que o nitrato associados levaram a um uso bem amplo desta
produzido pela nitrificação poderia ser utilizado tecnologia. Além do sistema de valas de oxidação
de Pasveer, os sistemas contínuos de valas de
por algumas bactérias heterotróficas ao invés do
oxidação evoluíram, com base no mesmo princípio,
oxigênio e convertido em gás nitrogênio. Essa mas com a introdução de um decantador.
percepção levou ao sistema de lodo ativado por
nitrificação-desnitrificação, na qual partes do
reator não seriam aeradas para induzir a
desnitrificação. Com todo esse novo conhecimento,
colocou-se sucessivamente em prática e assim, o
sistema de lodo ativado tornou-se o sistema
preferido de tratamento de esgoto. O sistema de
pós-desnitrificação, no qual o reator não aerado
(anóxico) segue o reator aeróbio, foi desenvolvido
por Wurhmann (1964) na Suíça. Para aumentar a
taxa de desnitrificação no reator anóxico, propôs-
se injetar metanol para fornecer matéria orgânica
para o processo de desnitrificação. Devido aos
baixos valores de nitrogênio alcançados no efluente
com esse método, essa prática foi amplamente Figura 1.2 A primeira aplicação (piloto) do sistema de valas
Pasveer (em Voorschoten, Holanda em 1954). A
adotada nos EUA. No entanto, a adição de metanol capacidade da planta era com equivalente populacional
representa um maior gasto econômico e é bastante de 400 de 400 pessoas e 40 m3/h em tempo seco (foto:
contraditório adicionar matéria orgânica ao esgoto Van Lohuizen, 2006).
para removê-la em seguida. O sistema de pré-
desnitrificação desenvolvido por Ludzack e Entretanto para controlar a eutrofização, não é
Ettinger (1962) foi o próximo passo lógico de suficiente apenas a remoção de nitrogênio do
evolução. Em 1972 na África do Sul, Barnard esgoto. O fósforo, principalmente na forma de orto-
combinou os reatores de pós e pré-desnitrificação, fosfato com origem em detergentes e dejetos
introduzindo os fluxos de retorno para controlar o humanos, também necessita ser removido, pois em
nitrato que entra no reator de pré-desnitrificação no muitos ecossistemas o fósforo provou ser o
sistema Bardenpho de quatro estágios. Com esse principal fator limitante da eutrofização. Ao
desenvolvimento, os sistemas de lodo ativado para contrário do nitrogênio, o fósforo só pode ser
remoção de nitrogênio tornaram-se cada vez mais removido pela conversão em uma fase sólida. A
comuns. remoção de fósforo por precipitação química
seguida de filtração terciária surgiu na década de

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1970. No entanto em regiões onde a água é escassa, remoção biológica de fósforo poderia ser
como os estados do sudoeste dos EUA, África do relativamente estimulada de forma fácil. Por
Sul e Austrália, o reuso indireto através da diluição exemplo, em 1974, ao otimizar a remoção de
do esgoto tratado com águas superficiais já era bem nitrogênio na ETE de lodo ativado de Alexandria
difundido e a remoção química do fósforo causaria através do desligamento dos aeradores no trecho
um rápido aumento na salinidade das águas final do tanque, Nicholls (1975) observou baixas
superficiais. Além do fato da salinidade reduzir o concentrações de fósforo (e nitrato) no efluente.
uso agrícola de águas superficiais, seu maior Foram encontradas concentrações muito altas de
impacto está na longevidade do sistema de fósforo no manto de lodo formado no fundo do
distribuição de água. Para mitigar esses impactos, reator, devido a sedimentação deste lodo com uma
as leis de recursos hídricos na África do Sul no final densidade mais alta que a do sobrenadante
da década de 1960 e no início da década de 1970 clarificado. Barnard (1976) desenvolveu o
tiveram como objetivo a recuperação total do princípio de Phoredox para a remoção biológica do
esgoto tratado para redistribuição, a fim de evitar excesso de fosfato, que introduziu ciclos
tanto a eutrofização como a salinização das águas anaeróbios e aeróbios no sistema de lodo ativado.
superficiais. Caso ocorresse um alto custo Hoje em dia a EBPR é uma tecnologia estabelecida,
decorrente da remoção química do fósforo, a água na qual a remoção e recuperação de fósforo
também poderia ser recuperada completamente e ocorrem sem aumentar a salinidade do efluente
devolvida ao sistema de distribuição e não ao meio final, abrindo a oportunidade para que o esgoto
ambiente (Bolitho, 1975; Van Vuuren, 1975). tratado possa retornar ao meio ambiente ou ser
reusado de forma eficiente. Como tantas vezes
A remoção biológica do fósforo é um processo acontece, novos desenvolvimentos são encontrados
biológico único que foi descoberto por acidente. O por mero acidente e o entendimento de como
primeiro relato de remoção biológica de fósforo funcionam ocorre posteriormente. Foram
num processo de tratamento de esgoto foi descrito necessários muitos anos de pesquisa na África do
por Srinath et al., (1959) da Índia. Foi observado Sul, Canadá e Europa para entender e controlar
que o lodo de uma determinada estação de completamente o processo e ainda hoje há muitas
tratamento exibia uma maior captação de fósforo facetas sobre o assunto que não estão claras. No
(mais do que o necessário para o crescimento das entanto, o conhecimento limitado da totalidade dos
células) quando aerada. Foi demonstrado que a princípios subjacentes nunca impediu os
captação de fósforo era um processo biológico engenheiros e cientistas de construir e operar
(inibição por substâncias tóxicas, bem como estações de tratamento de esgoto.
necessidade de oxigênio). Mais tarde, este processo
chamado de Remoção Biológica de Fósforo A crise energética nos anos 70, associada a uma
Intensificada (EBPR – Enhanced Biological crescente demanda por tratamento de esgotos
Phosphorus Removal) foi observado em outras industriais, mudou a atenção do tratamento aeróbio
estações de tratamento de esgoto com fluxo pistão para tratamento anaeróbio. A taxa mais lenta de
(plug flow). Os primeiros processos projetados (o crescimento dos microrganismos produtores de
processo PhoStrip®) para a remoção biológica de metano sempre foi uma limitação no
fósforo surgiram ainda numa época em que o desenvolvimento do processo. Em águas
mecanismo por trás do processo era desconhecido residuárias industriais mais concentradas e com
(Levin e Shapiro, 1965). No início da década de maior temperatura, o desenvolvimento dos reatores
1970, devido ao aumento da demanda por remoção anaeróbios de manto de lodo (UASB – Upflow
de nitrato assim como do estímulo para economia Anaerobic Sludge Blanket) por Lettinga e
de energia (crise energética da década de 1970) em colaboradores (Lettinga et al., 1980) significou
vários lugares do mundo, descobriu-se que a uma inovação para o tratamento anaeróbio por não

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apresentar problemas para este tipo de despejo. Com a crescente demanda por melhorias na
Essa tecnologia mostrou-se viável não apenas para qualidade final do esgoto tratado, surgiu a
tratamento de águas residuárias industriais, como necessidade de se implementar melhorias nas
também poderia ser aplicada com eficiência para estações de tratamento ao invés de se construírem
esgoto doméstico em regiões tropicais da América novas estações. Por volta da virada do século
do Sul, África e Ásia. passado, isso levou ao desenvolvimento de uma
série de novos processos a serem integrados nas
A implantação de muitas estações de estações de tratamento existentes. Esses novos
tratamento de esgoto ocorreu há mais de um século processos tratavam os despejos resultantes da
e inicialmente fora da área urbana, mas hoje digestão anaeróbia do lodo ativado com altas
encontram-se em áreas residenciais. A ampliação concentrações de nitrogênio e fósforo e que eram
dessas estações tornou-se um problema e os tradicionalmente retornados para o início do
engenheiros começaram a procurar opções mais processo de lodo ativado. O retorno do clarificado
compactas de tratamento. Além disso, a indústria da desidratação do lodo para o início do tratamento
começou a tratar suas próprias águas residuárias, resulta numa alta recirculação de nutrientes no
onde o uso da terra é muito mais crítico do que para processo de lodo ativado e maiores concentrações
os Municípios. Uma linha de desenvolvimento de nitrogênio e fósforo no efluente final, podendo
bem-sucedida que começava a despontar de novo também ocasionar problemas de precipitação de
foi através dos processos com biofilme. Toda uma estruvita. A pesquisa sobre esse problema levou a
gama de novos processos foi desenvolvida (filtros muitas inovações no tratamento das correntes
biológicos aerados, reatores de leito fluidizado, secundárias geradas na desidratação do lodo. Na
reatores em suspensão, biorotores, processos de Holanda, foram desenvolvidos processos como o
lodo granular ou reatores de leito móvel) que sistema Reator Único de Alta Atividade para
superaram os problemas originais dos filtros Remoção de Amônia por Nitrito (SHARON®),
biológicos. Oxidação Anaeróbia de Amônia (ANAMMOX) e
processos avançados de cristalização mineral para
O desenvolvimento desses reatores teve origem precipitação de fósforo om o objetivo de recuperar
na década de 1970. Outro desenvolvimento e reutilizar o fósforo (Crystalactor®). Em especial,
iniciado nesse período e que só foi amplamente o processo anammox foi desenvolvido em uma
introduzido no final dos anos 90 foi o processo de variedade de tecnologias proprietárias.
lodo ativado com separação por membrana em vez
de decantadores. O avanço dos biorreatores de Na última década foi dedicada mais atenção à
membrana (MBR/Membrane Bio Reactor) foi feito recuperação de recursos. A água é um recurso
por Yamamoto e colaboradores (Yamamoto et al., óbvio a ser recuperado, assim como o biogás. Uma
1989), ao integrar um módulo de membrana de série de novas possibilidades está se abrindo, o que
fibra oca dentro do biorreator de aeração. No início mudará o planejamento e o projeto das estações de
do século 21, foi desenvolvida outra tecnologia tratamento de esgoto em um futuro próximo (Guest
compacta sem decantadores dedicados com base no et al., 2009; Kehrein et al., 2020). Exemplos de
lodo granular. Através do reconhecimento dos recursos recuperáveis são celulose, hidrogênio,
princípios básicos da morfologia de crescimento calor, polihidroxialcanoatos, fosfatos, proteínas,
granular foi possível desenvolver a tecnologia de polímeros extracelulares, etc. (Van Loosdrecht e
lodo granular aeróbio (o processo Nereda®) que Brdjanovic, 2014).
permite um processo de remoção de nutrientes
compacto e mais eficiente em termos de energia Um aspecto importante da operação de uma
(Pronk et al., 2015). ETE sempre foi sua capacidade de ser controlável.
Isto diz respeito tanto ao controle de processo

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direto como indireto, como por exemplo, a Microthrix parvicella mostra-se frequentemente
sedimentação de lodo ou crescimento de biofilme. problemático nos processos com remoção de
O controle do processo tem sido um fator limitante nutrientes. Apesar de inúmeras pesquisas, que
desde o início. Ardern e Lokett (1914), bem como certamente ajudaram a obter uma melhor
Pasveer, tentaram minimizar os custos através da compreensão das causas e do controle dos
adoção de ciclos em batelada de preenchimento e organismos filamentosos, ainda não é claramente
descarte na estação de tratamento, onde também compreendido até que ponto a sedimentação de
ocorreria a decantação. De fato, a tecnologia lodo é quantitativamente previsível para diferentes
Nereda® também se baseia neste princípio. Este sistemas de lodo ativado. Isso significa que devem
tipo de operação demanda uma automação de ser construídos decantadores secundários maiores
processos. Desde o início dos anos 1970, a do que o necessário de forma a atender a possíveis
instrumentação, controle e automação (ICA – períodos de baixa sedimentabilidade do lodo. Nos
Instrumentation, Control and Automation) últimos anos, o entendimento da morfologia do
atraíram a atenção da indústria de água e esgoto. biofilme e do lodo aumentou significativamente e
Desde então, o desenvolvimento técnico de novos estes campos do conhecimento parecem ter se
processos, tecnologia de sensores e unificado. Um resultado desses desenvolvimentos
instrumentação, desempenho de computador, teóricos é o aparecimento do lodo granular aeróbio
tecnologia de comunicação e Internet das Coisas, que pode ser visto como o extremo oposto do lodo
métodos de detecção, teoria de controle e filamentoso, ou ainda, como uma forma particular
inteligência artificial fez significativos progressos do processo de biofilme (Beun et al., 1999).
em sistemas de alerta, monitoramento e operação
de estações de tratamento de esgoto. Esta melhoria Outra grande preocupação é a eliminação de
na tecnologia de ICA feita nas últimas décadas patógenos no esgoto tratado e no lodo, de forma a
significou uma maior confiabilidade no controle do promover a disposição final ambientalmente
processo e consequentemente o retorno do uso dos sustentável. O fato do esgoto conter organismos
reatores em batelada (por exemplo, tecnologia patogênicos foi a razão inicial das implantações em
Nereda®). As crescentes demandas dos padrões de grande escala, há 150 anos, dos sistemas de coleta
emissão de esgoto tratado combinadas com uma e das estações de tratamento de esgoto. Este fato foi
demanda para economizar e recuperar recursos mais ou menos esquecido até o meio do século 20,
induziram a necessidade de um maior controle do quando a cloração para desinfecção de esgoto
processo. Embora os modelos matemáticos já tratado entrou em uso. Esse processo foi
tivessem sido desenvolvidos nos primórdios dos parcialmente abandonado devido aos compostos
processos de tratamento de esgoto, só se tornaram cancerígenos gerados durante a cloração final do
amplamente utilizados com a introdução de esgoto. Recentemente a desinfecção tornou-se de
computadores pessoais de baixo custo e a novo uma preocupação, desta vez com o uso de
existência de um modelo de lodo ativado unificado tecnologias como filtros, UV e ozonização. Com o
(Henze et al., 1987). avanço da abordagem da recuperação de recursos,
bem como um maior direcionamento para
Outro motivo de investigação por parte dos processos de tratamento individualizado, a
pesquisadores foi o controle das propriedades do desinfecção tem recebido atenção renovada
lodo, merecendo a atenção a ocorrência de recentemente. A disposição final de lodo no solo
microrganismos filamentosos e espumas causadas era originalmente um problema de risco à saúde
por grupos bacterianos específicos. A aplicação de devido ao risco de propagação de patógenos.
sistemas seletores (Chudoba, 1973) para controle Atualmente, a disposição final de lodo no solo está
de bactérias filamentosas tem muitos casos bem- se tornando cada vez mais limitante (também à
sucedidos. No entanto, o organismo filamentoso medida que os padrões de segurança alimentar

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tendem a aumentar) e o manuseio do lodo se torna para projetar e dimensionar novas estações de
cada vez mais importante. Para minimizar o tratamento, bem como modernizar as instalações
problema do lodo, especial atenção vem sendo antigas. Esta preocupação se estende também aos
dada a drenabilidade e desidratação como foco de operadores de estação de tratamento de esgoto para
pesquisa. Quando a desidratação do lodo é feita de que possam controlá-las, atingindo os limites das
modo eficiente, a incineração pode ser utilizada tecnologias e processos desenvolvidos até o
como um meio de recuperar a energia e o fósforo momento. Isso é particularmente pertinente nos
contidos no lodo. países em desenvolvimento, onde a incerteza
política e econômica resulta em perda de recursos
As demandas no sistema de esgoto estão humanos qualificados para os países
aumentando continuamente e hoje em dia uma desenvolvidos. Com o desenvolvimento da
atenção cada vez maior vem sendo dada aos tecnologia nos últimos 40 anos, o domínio
emergentes micropoluentes que podem se profissional se expandiu de uma atividade de
acumular no ciclo da água ou afetar os ecossistemas engenharia civil para uma atividade mais baseada
naturais. A escassez de água levará a um maior em disciplinas de engenharia de processos e
desenvolvimento e implementação de tecnologias microbiologia. Em muitas universidades, foram
para recuperação e reuso da água. O reuso da água desenvolvidos currículos dedicados à engenharia
não se limita apenas a regiões com escassez hídrica. ambiental de forma a conectar essas duas
Em áreas com recursos hídricos abundantes, como disciplinas. Hoje em dia, os processos e tecnologias
a Europa Ocidental, as regulamentações e são combinados de tal forma, criando sistemas
demandas locais podem tornar economicamente complexos de tratamento e levando
viável o reuso do esgoto tratado na indústria ao necessariamente ao uso de modelos que lidam com
invés da exploração dos recursos hídricos naturais. os cálculos envolvidos nesses sistemas. Portanto,
Todos esses desenvolvimentos demandam tempo e, hoje temos uma complexidade no tratamento de
após mais de um século de desenvolvimento em esgoto nunca antes vista. Esta situação pode ser um
separado, o tratamento de esgoto e o tratamento de tanto confusa e é assoberbada na medida em que
água potável estão cada vez mais se aproximando. várias empresas se esforçam por comercializar
Um caso de sucesso vem de Hong Kong, onde água processos e tecnologias proprietários. Esta segunda
do mar é utilizada para descargas de vasos edição atualizou e/ou revisou a maioria dos
sanitários desde 1958. Atualmente, esta prática capítulos da primeira edição publicada em 2008 e
atinge mais de 80% da população (7 milhões de inclui novos desenvolvimentos, tais como o lodo
habitantes), economizando 750.000 toneladas de granular aeróbio e tratamento de esgoto à base de
água doce por dia com um consumo menor de enxofre. Todos esses processos e tecnologias se
energia em comparação com a dessalinização de baseiam nos mesmos processos básicos e, como já
água do mar por osmose reversa (Chen et al., 2012; foi dito: 'as bactérias não têm ideia da forma do
Van Loosdrecht et al., 2012). Esta prática de reator ou do nome da tecnologia, simplesmente
abastecimento com dois sistemas de água permitiu denitrificam onde há nitrato e fonte de carbono,
o desenvolvimento do processo de tratamento de sem presença de oxigênio.'
esgoto à base de enxofre (ou seja, o processo
SANI®, Wang et al., 2009) com a agência local
responsável pelo tratamento de esgoto.

De forma final, e não menos importante, uma


grande preocupação referente à coleta e ao
tratamento de esgoto é o treinamento e a educação
de uma nova geração de engenheiros e cientistas

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Figura 1.3 Um exemplo de uma estação de esgoto de última geração: Estação de Tratamento de Esgoto de Sha Tin em Hong Kong (foto: Departamento de Serviços
11

de Drenagem, HK).
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2 Microbiologia Básica e Metabolismo


David G. Weissbrodt, Michele Laureni, Mark C.M. van
Loosdrecht e Yves Comeau
Tradução: Daniele Vital Vich

e recursos (ERAR) estão vinculados a ‘O que são


2.1 INTRODUÇÃO microrganismos e como eles crescem?’.

Começando com as noções básicas de


microbiologia geral sobre células, microrganismos, 2.1.1 Microrganismos no tratamento
metabolismo e crescimento, este capítulo fornece biológico de águas residuárias
conhecimentos essenciais sobre métodos analíticos As conversões nos processos de remoção biológica
modernos para caracterizar microrganismos e de nutrientes (RBN) são baseadas na ciclagem
funções metabólicas. Ele abrange as principais natural dos elementos (C, N, O, P e S) por
etapas para compreender o crescimento microbiano microrganismos. Os poluentes que precisam ser
e o metabolismo sob os princípios da removidos nos processos de tratamento de esgoto
estequiometria, bioenergética, termodinâmica e são descritos no Capítulo 3. As conversões
cinética. Fundamentos do crescimento microbiano microbianas são usadas para converter esses
são essenciais para derivar informações poluentes em compostos que são facilmente
quantitativas a fim de projetar processos e separáveis da água, principalmente compostos
desenvolver modelos matemáticos para prever seu gasosos (metano, dióxido de carbono ou nitrogênio
desempenho. O projeto tradicional de tratamento gasoso) ou compostos sólidos (principalmente
de esgoto é baseado em regras empíricas. Para um biomassa). Os polímeros extracelulares produzidos
bom projeto e desenvolvimento de novos pelos microrganismos auxiliam na floculação de
processos, é importante compreender a ecologia células em suspensão e na incorporação destas em
microbiana. Baas-Becking (1934) afirmou, no flocos de lodo ativado, grânulos ou matrizes de
início do século 20, que "Tudo está em toda parte, biofilme.
mas o ambiente seleciona". É tarefa do engenheiro
ambiental projetar o processo de tal forma que os Os processos microbianos usados no
microrganismos desejados sejam realmente tratamento de esgoto também ocorrem em sistemas
selecionados e possam realizar suas tarefas de naturais, como rios e lagos. A capacidade de
forma otimizada. A operação de sistemas de autodepuração desses sistemas naturais é muitas
biotecnologia ambiental relaciona-se a uma gestão vezes limitada por restrições físicas, como aeração,
eficiente do recurso microbiano, por meio da quantidade de biomassa presente e mistura. A
implementação de princípios de engenharia da tecnologia de tratamento visa criar um ecossistema
comunidade microbiana. O projeto e o controle de projetado onde essas limitações físicas sejam
processos biológicos em estações de tratamento de minimizadas devido à retenção de biomassa,
esgoto (ETE) ou estações de recuperação de águas

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aeração e mistura adequada. Esses processos são Os microrganismos são retidos no processo de
descritos em outros capítulos deste livro. tratamento como flocos, grânulos e/ou biofilmes.
As pressões seletivas são geradas agindo sobre, por
2.1.2 O crescimento microbiano como exemplo, a disponibilidade de nutrientes, doadores
uma unidade funcional de elétrons (doravante denominados e-doadores),
na maioria das vezes matéria orgânica e aceptores
Aqui nos concentramos nos aspectos básicos do de elétrons (e-aceptores), como oxigênio
crescimento microbiano, como ele pode ser dissolvido (O2) ou óxidos de nitrogênio (NOx),
monitorado e estudado, e como ele pode ser como nitrito (NO2˗) ou nitrato (NO3˗). Essas
descrito matematicamente. Baseia-se variáveis são manipuladas pelos projetistas e
simplesmente em como os microrganismos obtêm operadores da ETE para definir as condições
sua energia celular a partir de reações químicas necessárias para sustentar o crescimento e as
redox ou, alternativamente, de luz (catabolismo) e conversões microbianas. Limites ambientais
como eles implementam essa energia para manter adicionais podem impactar os bioprocessos, como
sua célula (manutenção) e sintetizar nova biomassa por exemplo o pH, a temperatura e a
a partir dos nutrientes disponíveis (anabolismo). Os disponibilidade de luz. Ao projetar o sistema, as
sistemas de crescimento microbiano estão limitações de nutrientes, aeração e quantidade de
relacionados a uma combinação triangular de biomassa podem ser superadas.
elementos, elétrons e energia. Com base nisso, o
crescimento microbiano pode ser formulado como O projeto e a operação de ETE estão vinculados
uma reação química caracterizada por ao gerenciamento dos tempos de detenção
estequiometria (rendimentos), cinética (taxas) e hidráulica (TDH) e do lodo (TRS – tempo de
termodinâmica (energia livre de Gibbs). retenção de sólidos ou idade do lodo). Isso
Essencialmente, qualquer reação redox com direciona a seleção de microrganismos com base
energia de Gibbs negativa pode ser considerada nas taxas de crescimento e nos rendimentos da
uma potencial reação catabólica para geração de produção de biomassa sobre os substratos. O
energia para o crescimento microbiano. É essa desacoplamento do TDH (várias horas) do TRS
versatilidade na conversão de compostos químicos (vários dias) tem como objetivo manter os
que é explorada no tratamento de esgoto. microrganismos nos tanques. Microrganismos que
podem lidar com o TRS aplicado serão
2.1.3 Engenharia da Comunidade selecionados; os outros serão eliminados do
Microbiana processo. A afinidade por substratos desempenha
um papel limitado em sistemas de esgoto. As
A engenharia da comunidade microbiana é conversões em flocos e biofilmes e a transferência
aplicada para selecionar as associações de de massa dos grânulos são limitadas pelas
microrganismos naturais que podem converter resistências à difusão. Além de fatores
compostos residuais em compostos inofensivos ou determinísticos, que podem ser controlados por
novos recursos. O estabelecimento de nichos engenheiros, outros tipos de fatores estocásticos ou
microbianos é guiado pela ecologia microbiana. probabilísticos podem impactar a presença de
Uma boa combinação de princípios de engenharia microrganismos nos sistemas de lodo ativado.
ecológica pode ajudar a prever a seleção, a Estes compreendem a dinâmica nas composições
conversão de e a competição entre microrganismos químicas e biológicas do esgoto e nas condições
como base para a concepção do processo ambientais.
(Kleerebezem e Van Loosdrecht, 2007; Lawson et
al., 2019).

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2.1.4 Métodos analíticos para ecologia crescimento microbiano envolvidos em biomassas


microbiana complexas. Modelos quantitativos da série de
modelos de lodo ativado (ASM1-3, do inglês
Os sistemas de biotecnologia ambiental são Activated Sludge Models), modelos de digestão
conduzidos por comunidades complexas de anaeróbia (ADM, do inglês Anaerobic Digestion
populações microbianas que metabolizam os Models) ou outros modelos de biofilme e lodo
principais nutrientes. As populações envolvidas no granular (capítulos 14-17) são construídos com
metabolismo são acompanhadas por uma base na compreensão metabólica das associações
diversidade de populações circundantes, cujas microbianas que participam dos processos. As
funcionalidades ainda precisam ser descobertas. biomassas são modeladas como conjuntos de, por
Avanços analíticos contínuos em microscopia, exemplo, organismos heterotróficos ordinários
microbiologia, biologia molecular, (micro) (OHOs), organismos nitrificantes autotróficos
biologia de sistema e ecofisiologia estão ajudando (ONAs), organismos desnitrificantes heterotróficos
a examinar as comunidades microbianas. Suas (ODHs), organismos com atividade anammox
linhagens individuais podem agora ser elucidadas (oxidação anaeróbia de amônia) (OAAs),
em alta resolução, desde as filogenias até os organismos acumuladores de polifosfato (OAPs),
genomas e fenótipos expressos. Esses métodos organismos acumuladores de glicogênio (OAGs),
permitem a investigação de lodo, passando de uma entre outros organismos fermentativos e
'caixa preta' para uma 'caixa mais cinza' e, metanogênicos. Os modelos de processos são
potencialmente, para a 'caixa branca' da baseados na estequiometria de crescimento,
compreensão (Seção 2.3.1). bioenergética, termodinâmica e cinética. Os
O grau de resolução a ser atingido na modelos não são apenas essenciais para
caracterização de biomassa depende da pergunta da compreender o crescimento, as conversões e as
pesquisa e do escopo da investigação, da ciência à interações, mas também para auxiliar no projeto do
engenharia. Os métodos de nova geração são processo.
frequentemente vendidos como promessas para
resolver os problemas de processo. 2.2 ASPECTOS BÁSICOS DE
Frequentemente, as diversidades microbiana e MICROBIOLOGIA E METABOLISMO
funcional parecem ser estudadas em um nível de
sensibilidade alto demais para ser relevante para a As células microbianas são as unidades funcionais
operação do processo. Dentro do hub de centrais dos processos de tratamento biológico de
digitalização e inteligência artificial, esforços estão esgoto. É importante compreender a essência de
sendo feitos para processar dados informativos sua composição, como funcionam
com uma alta taxa de transferência e vinculá-los metabolicamente para sustentar seu crescimento e
aos conceitos de bioengenharia. A inteligência como regulam seu metabolismo para lidar com as
analítica é crucial para coletar informações e condições ambientais em constante mudança. Esta
conhecimento de um biossistema. Isso está seção cobre os (i) domínios de microrganismos que
impulsionando novas estratégias que integram evoluíram e regulam os ciclos biogeoquímicos na
conceitos analíticos e de engenharia para gerenciar Terra, (ii) estruturas e componentes celulares, (iii)
o recurso microbiano. grupos tróficos de microrganismos que compõem a
diversidade microbiana na natureza e ETE, (iv)
2.1.5 Modelos matemáticos de metabolismos principais e necessidades
crescimento microbiano nutricionais e energéticas, bem como (v) fatores
ambientais que os obrigam a regular o seu
Os modelos matemáticos são eficientes para metabolismo.
agregar conhecimento e prever os processos de

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2.2.1 Procariotos, eucariotos e vírus diferenciaram. Tanto do ponto de vista


microbiológico quanto de engenharia, os
A vida é classificada pelos três domínios de procariotos são considerados bactérias, pois sua
Archaea, Bacteria e Eukarya. Esses domínios se estrutura, componentes e funcionamento
diferenciaram e evoluíram a partir de um último metabólico são muito semelhantes. Eukarya são
ancestral comum universal (LUCA, do inglês Last comumente chamados de eucariotos, que incluem
Universal Common Ancestor), há organismos unicelulares (protozoários, algas e
aproximadamente 3,3-3,8 bilhões de anos atrás, leveduras) e organismos multicelulares
conforme evidenciado por suas informações (metazoários, fungos, plantas e animais).
genéticas (Figura 2.1). O termo genérico Procariotos e eucariotos diferem principalmente
'microrganismos' compreende tipos unicelulares de em sua estrutura celular. O DNA está localizado no
procariotos e eucariotos. Os procariotos são citoplasma de procariotos e em um núcleo (do
organismos unicelulares que incluem arqueias e grego Karyon) em eucariotos. Além de
bactérias. Archaea são os ancestrais primários, dos microrganismos, existem vírus e (bacterio) fagos
quais as bactérias e as cianobactérias se nas comunidades microbianas.

Figura 2.1 Árvore da vida (celular), delineando os domínios Archaea (azul), Bacteria (amarelo), e Eukarya (roxo). O domínio
bacteria apresenta uma ampla diversidade de microrganismos. O tamanho do genoma dos diferentes tipos de células é
apresentado pelo gráfico de barras, na escala de 1.000-40.000 de genes codificadores de proteínas relacionados a elementos
não transponíveis presentes em seu DNA. Bacteria e Archaea exibem pequenos genomas que podem evoluir rapidamente via,
por exemplo, transferência horizontal de genes. Vírus e fagos não são exibidos na árvore, uma vez que o posicionamento
desses organismos está em ativo debate.

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Vírus e fagos são pedaços de informação materiais não vivos, na árvore da vida (Brussow,
genética (RNA ou DNA) empacotados em uma 2009; Moreira e Lopez-Garcia, 2009). Além da
cápsula de proteína. Eles transferem esse DNA ou omissão de vírus, a transferência horizontal de
RNA para as células vivas do hospedeiro (bactérias genes entre microrganismos desafia o conceito de
para fagos), onde é multiplicado. Embora os vírus árvore na teoria unificadora da biologia. Este
geralmente não sejam considerados organismos capítulo, para simplificar, mas tendo isso em
vivos como tais, às vezes são incluídos na definição mente, se restringirá à descrição da vida celular ao
de microrganismos. Por meio do processo de se referir aos microrganismos.
infecção, os fagos moldam as comunidades,
geralmente impactando as populações Além de sólidos em suspensão do afluente, a
predominantes. Os vírus são classificados em vírus biomassa de ETE contém microrganismos
de arqueias, bacteriófagos e vírus de eucariotos, procarióticos e eucarióticos selecionados, além de
com base em seus alvos celulares. Os vírus e fagos metazoários, como nematóides ou vermes
geralmente não são exibidos na árvore da vida oligoquetas. Estes, como os protozoários, predam a
(celular). Em suma, eles são polifiléticos e têm biomassa microbiana e, portanto, influenciam a
várias origens evolutivas. As linhagens virais não composição das comunidades microbianas e a
compartilham uma única origem comum, como estrutura dos biofilmes (Jürgens et al., 1997; Klein
LUCA para microrganismos celulares, nem et al., 2016). A morfologia dos vários grupos de
compartilham características com as células. No organismos pode ser observada por microscopia
entanto, há um debate sobre onde posicionar os (Figura 2.2).
vírus, que não podem ser descartados como

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Figura 2.2 Procariotos e eucariotos do lodo ativado: A) estrutura de células procarióticas (0,5 a 5 μm) e eucarióticas (5 a 100
μm); B) morfologia das bactérias; C) morfologia dos protozoários; e D) organismos multicelulares. Figuras retiradas de Comeau
et al. (2008), em Metcalf e Eddy (2014) e Rittman e McCarty (2001) (adaptado).

O tratamento de esgoto começou como uma 2.2.2 Estrutura e componentes celulares


tecnologia de saneamento. O esgoto contém toda
uma gama de patógenos, que são parcialmente
removidos na estação de tratamento, seja por 2.2.2.1 Estruturas celulares de procariotos
remoção pelos protozoários, por exemplo, ou e eucariotos
incorporando-os nos flocos do lodo. Muitos desses Tanto os procariotos quanto os eucariotos são
patógenos podem, portanto, ser encontrados no compostos de uma membrana plasmática (ou
lodo excedente ou no efluente das ETE. O Capítulo membrana celular) que delimita fisicamente a
8 fala sobre a remoção de patógenos do esgoto. célula de seu ambiente. A membrana é composta
por uma bicamada contendo, principalmente,
fosfolipídios. Ele permite a criação de gradientes
de pH e carga, que são um aspecto essencial da

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geração de energia pelas células. Embora o separados do citoplasma por membranas, as


ambiente externo possa ser altamente variável, as organelas. Esses compartimentos são tipicamente
células mantêm um ambiente químico intracelular um núcleo que contém o DNA, mitocôndrias para
estável para sustentar seu metabolismo. geração de energia, um aparelho de Golgi para
secreção e transporte intracelular e, em organismos
fototróficos, cloroplastos que convertem luz em
Procariotos são células simples com uma energia celular.
membrana separando o interior da célula
(citoplasma) do ambiente. O citoplasma contém o
material genético (ácidos nucleicos), ribossomos, 2.2.2.2 Composição elementar da biomassa
proteínas e polímeros de armazenamento. Algumas As composições celulares padrões são
bactérias podem ter uma estrutura celular mais consideradas independentes de procariotos ou
complexa. Bactérias Anammox contêm um eucariotos. Todas as células são feitas dos mesmos
compartimento separado denominado tipos de materiais de construção poliméricos. As
anammoxossomo, no qual a energia é produzida. quatro classes de macromoléculas celulares
As células procarióticas são protegidas por uma incluem ácidos nucleicos (DNA, RNA), proteínas,
parede celular fora da membrana celular. A parede polissacarídeos e lipídios (Figura 2.3). Esses
é composta por uma camada de peptidoglicano polímeros formam a fração orgânica ou "volátil" da
feita de cadeias de polissacarídeos reticuladas por biomassa. Os quatro elementos C, H, O e N
peptídeos incomuns contendo D-aminoácidos. Este constituem a maior parte da sua massa. A
complexo é frequentemente coberto por uma composição elementar da biomassa é relativamente
cápsula ou camada limosa de substâncias universal entre os microrganismos. Pode ser
poliméricas extracelulares (SPE). De um modo expresso como uma fórmula química empírica de 4
geral, existem dois tipos diferentes de parede elementos por C1H1,8O0,5N0,2 (Heijnen e
celular nas bactérias, chamados Gram-positivos e Kleerebezem, 2010) que pode ser usada no cálculo
Gram-negativos. Os nomes têm origem na reação da estequiometria de conversões microbianas
das células à coloração de Gram, teste há muito (Seção 2.5).
empregado para a classificação de espécies
bacterianas. As bactérias Gram-positivas possuem A fração não volátil ou inorgânica da biomassa
várias camadas de peptidoglicanos, o que lhes está relacionada ao P e aos constituintes minerais,
confere uma parede celular espessa e forte. As como magnésio (Mg), potássio (K) e cálcio (Ca),
bactérias Gram-negativas têm uma camada fina de que acabam na fração de cinzas após a calcinação
peptidoglicano e abrigam uma membrana externa da biomassa. Na literatura, o termo 'inertes' é
lipopolissacarídica que está ausente nas bactérias amplamente utilizado. No entanto, este termo
Gram-positivas. Pili ou fímbrias estão presentes na descreve produtos inorgânicos e orgânicos não
superfície da célula; e podem direcionar a fixação biodegradáveis. Os sólidos em suspensão totais
em superfícies e até mesmo a troca de elétrons (que (SST) no lodo ativado é a soma dos sólidos em
podem ser úteis em sistemas bioeletroquímicos). suspensão voláteis (SSV) e sólidos em suspensão
As células podem ser móveis devido à presença de fixos (SSF) (Tabela 2.1). De acordo com os
flagelos ou pili. As células das arqueias são minerais que são incorporados na biomassa, a
semelhantes às bactérias, embora tenham composição elementar da biomassa pode ser
diferentes lipídios de membrana e não possuam a estendida para a seguinte fórmula de 8 elementos:
parede celular do peptidoglicano. Suas paredes ‘C1H1,8O0,5N0,2P0,03S0,02Mg0,01K0,008…’.
celulares são mais diversas e, até o momento,
foram menos estudadas.
Os eucariotos são compostos de uma estrutura
celular mais evoluída, com vários compartimentos

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Tabela 2.1 Composição química das células microbianas

Principal constituinte Frações de massa típicas


celular (% m/m)
Fração "volátil" orgânica: elementos C, H, O e N
Proteínas 30-60%
Carboidratos 5-30%
Lipídios 5-10%
a) 5-15% (RNA)
Ácidos nucleicos
1% (DNA)
Fração de "cinzas" de minerais inorgânicos:
elementos P, Mg, K, Ca etc
5-10% (OHCs) até 40%
Compostos inorgânicos (OAPs)b)
Como elementos %SST %SSVc)
celulares
Orgânico (SSV) 93 53,1
Carbono 50 28,3
Oxigênio 22 12,4
Nitrogênio 12 6,2
Hidrogênio 9
Inorgânico (SSI) 7
Fósforo 2
Enxofre 1
Figura 2.3 Macro constituintes das células bacterianas: Potássio 1
proteínas, ácidos nucleicos, polissacarídeos e lipídios são Sódio 1
as principais macromoléculas celulares. Proteínas são Cálcio 0,5
encontradas no flagelo, na membrana citoplasmática, na Magnésio 0,5
parede celular e no citoplasma. Os ácidos nucleicos (DNA Cloro 0,5
e RNA) são encontrados no nucleóide e ribossomos (O
Ferro 0,2
RNA é exibido como manchas vermelhas escuras nos
Outros elementos
pontos vermelho claro que representam os ribossomos).
traços 0,3
Polissacarídeos são encontrados na parede celular e, às
a)
vezes, em grânulos de armazenamento. Lipídios são Os ácidos nucléicos são compostos de elementos "voláteis"
encontrados na membrana citoplasmática, na parede - C, H, O, N - e "não voláteis" - P. O DNA é composto de
celular e nos grânulos de armazenamento. Fonte: Comeau nucleotídeos baseados em adenina (A; C10H12O5N5P),
citosina (C; C10H12O6N5P), guanina (G; C9H12O6N3P) e
et al. (2008) em Madigan et al. (2018) (adaptado).
timina (T; C10H13O7N2P). O RNA compreende nucleotídeos
baseados em A, C, G e uracila (U; C9H11O8N2P). A
porcentagem de P é de 9-11% das massas dos nucleotídeos.
b)
Na presença de aceptores finais de elétrons, organismos
acumuladores de polifosfato (OAPs) crescem e armazenam
fósforo intracelularmente como polifosfato inorgânico
(Comeau et al., 1986). Suas frações de cinzas podem chegar
a 40% dos sólidos totais. Na ausência de aceptores finais de
elétrons, os OAPs usam seus pools de polifosfato para gerar
energia para armazenamento e polimerização de ácidos
graxos voláteis (AGVs). Quando amostrados e analisados
sob essas condições, suas frações de cinzas serão menores e
próximas a de um dos organismos heterotróficos comuns
(OHCs). c) Para uma fórmula empírica para células de
C5H7O2N

Na literatura, podem-se encontrar diferentes


expressões de composições elementares de

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biomassa. Embora semelhantes, as composições usada em sua literatura é C5H7O2N


podem ser ligeiramente variáveis, portanto, se as (correspondendo na forma mol-C a C1H1,4O0,4N0,2).
medidas elementares estiverem disponíveis, elas A Tabela 2.2 fornece informações sobre o teor
devem ser usadas. Os biotecnologistas geralmente de DQO em biomassas e compostos orgânicos
calculam modelos de crescimento normalizando comuns em esgoto. Os microbiologistas
para fluxos de carbono usando unidades frequentemente medem a biomassa como teor de
C1H1,8O0,5N0,2 e mol-C para a produção de biomassa proteína (unidades como mg de proteínas). Uma
e bioprodutos a partir de matérias-primas de vez que as proteínas são cerca de 50% da biomassa
carbono sintético bem definidas. Os engenheiros celular, todos os SSV podem ser estimados
ambientais calculam principalmente os balanços dobrando a quantidade de proteína.
com base em análises globais da demanda química
de oxigênio (unidades de massa com base em
DQO) para lidar com as composições complexas de
esgoto, resíduo e fluxos verdes. Uma forma comum

Tabela 2.2 Composição química e demanda química de oxigênio teórica (DQOt) de células microbianas e substâncias orgânicas
(adaptado de Comeau et al., 2008).
Composto Fórmula química Peso (SSV) DQO/SSV (g/g)
CHON (g/mol) DQOt
Biomassa
C1H1,8O0,5N0,2a) 24,6 33,6 1,366
C1H1,8O0,5N0,2P0,03S0,02b) 26,2 35,8 1,366
C5H7O2N 113 160 1,42
C5H7O2NP1/12 113 160 1,42
C60H87O23N12P 1343 1960 1,46
C6H7,7O2,3N 131 193 1,48
C18H19O9N 393 560 1,42
C41,3H64,6O18,8N7,04 960 1369 1,43
C4H6O2 86 144 1,67
Substância orgânica
Caseína C8H12O3N2 184 256 1,39
Orgânicos médios C18H19O9N 393 560 1,42
Carboidratos C10H18O9 282 320 1,13
Gorduras, óleos C8H6O2 134 272 2,03
Óleos: ácido oleico C18H34O2 254 880 3,46
Proteína C14H12O7N2 320 384 1,2
Glicose C6H12O6 180 192 1,07
Ácido metanoico CH2O2 46 16 0,35
Acetato C2H4O2 60 64 1,07
Ácido propiônico C3H6O2 74 112 1,51
Ácido butanoico C4H8O2 88 160 1,82
Metano CH4 16 64 4
Hidrogênio H2 2 16 8
a)
Fórmula C-mol de quatro elementos da fração "volátil" da biomassa, usada por Heijnen e Kleerebezem (2010). O grau de redução
(γ; ver Seção 2.4.3) da biomassa é de 4,2 mol de elétrons por C-mols de biomassa, relativo a uma DQOt de 33,6 g de DQO por mol
de biomassa. O fator de multiplicação entre o grau de redução e a DQOt é de 8 g de DQO por mol de elétrons. b) Fórmula estendida
de seis elementos, compreendendo P e S como elementos adicionais.

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As composições elementares podem ser pares de bases). Esses pares de bases são formados
medidas para matéria orgânica e diferentes tipos de por ligações A-T e C-G. As unidades de açúcar-
biomassas. A matéria orgânica de esgoto exibe uma fosfato fornecem a estrutura principal do DNA. A
composição elementar de, por exemplo, C11H18O5 quantidade total de genes codificados pelos
(or C1H1,6O0,45). Organismos fototróficos nucleotídeos de uma célula é chamada de genoma.
maximizam seu rendimento de crescimento usando Em procariotos, o DNA genômico está disperso no
energia luminosa para assimilar uma alta fração de citosol como um único cromossomo circular
nutrientes. Por exemplo, bactérias fototróficas amorfo (nucleóide). O DNA pode assumir outras
roxas (C1H1,8O0,38N0,18) assimilam até 100:7:2 formas, como elementos genéticos móveis que são
gDQO, gN, gP, respectivamente (contra 100: 5: 1 trocados entre as populações microbianas. A
para lodo ativado). As algas eucarióticas podem transferência horizontal de genes é um aspecto
assumir a forma de C106H263O110N16 (ou importante subjacente à resistência antimicrobiana.
C1H2,5O1,04N0,15). Ao medir as composições Nos eucariotos, o DNA está contido no núcleo,
elementares, deve-se ter em mente se as células organizado como vários cromossomos lineares.
contêm polímeros de armazenamento intracelular.
Polifosfato ou glicogênio impactam as medições Os ácidos ribonucleicos (RNA) são fitas
elementares. Deve-se considerar a composição simples de centenas de nucleotídeos com uma
elementar de "biomassa celular ativa", sem esses estrutura 3D complexa. O RNA é composto dos
compostos de armazenamento. mesmos nucleotídeos do DNA, exceto que a timina
é substituída por uracila (U). Na vanguarda da
2.2.2.3 Macromoléculas celulares regulação celular, o código de nucleotídeos contido
nos genes no nível do DNA é transcrito em
Os ácidos nucleicos constituem os monômeros das sequências de RNA. O RNA assume diferentes
moléculas que contêm informações genéticas na formas. O RNA mensageiro (RNAm) carrega a
célula (DNA e RNA). As sequências de fitas de informação genética traduzida do DNA para os
ácidos nucleicos são, por convenção, fornecidas na ribossomos para sintetizar proteínas. O RNA
direção 5'-para-3'de sua síntese por meio da ação de transportador (RNAt) fornece aminoácidos aos
polimerases. A extremidade 5'(upstream) ribossomos. O RNA ribossomal (RNAr) liga
corresponde à posição do grupo fosfato no quinto aminoácidos para produzir peptídeos e proteínas.
carbono do anel de açúcar. A extremidade
3'(downstream) se refere ao substituinte hidroxil As proteínas são polímeros de aminoácidos.
não modificado no terceiro carbono. O DNA Eles podem conferir estrutura (por exemplo, no
contém uma fita dupla de ácidos nucleicos; O RNA EPS) ou são os catalisadores básicos (ou seja,
é uma fita simples de ácidos nucléicos. O genoma enzimas) para conversões bioquímicas em células.
de procariotos e eucariotos é armazenado no DNA. As enzimas podem estar localizadas
Os vírus e fagos armazenam informações genéticas intracelularmente no citoplasma, na membrana
no DNA ou no RNA, dependendo de seus tipos. celular voltada para o ambiente intracelular ou
extracelular ou atravessar a membrana, ou
O ácido desoxirribonucleico (DNA) armazena excretadas no meio extracelular.
a informação genética das células em sequências de
milhões de nucleotídeos compostos de adenina (A), Lipídios (Barák e Muchova, 2013) e
citosina (C), guanina (G) ou timina (T), um açúcar polissacarídeos (Misra et al., 2015) estão
pentose (desoxirribose) e um grupo ortofosfato. O envolvidos em diferentes funções das células
DNA é uma dupla hélice formada por duas fitas de microbianas. Fosfolipídios estruturais e
polinucleotídeos ligados por ligações de glicoconjugados são componentes primários das
hidrogênio entre pares de nucleobases (ou seja, paredes e membranas celulares. Os lipídios são

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23

polímeros de ácidos graxos. As membranas 2.2.2.4 Biopolímeros de armazenamento


lipídicas são filmes hidrofóbicos que separam intracelular
fisicamente o citosol aquoso do ambiente aquoso
externo. Os microrganismos podem ajustar as Biopolímeros intracelulares são cruciais para
sustentar o crescimento em ambientes dinâmicos,
composições lipídicas e de carboidratos de suas
como processos de tratamento de esgoto. Eles
membranas para alterar a fluidez e permeabilidade mantêm um metabolismo intracelular mais
da membrana, dependendo das condições. Isso constante, protegendo a disponibilidade temporal e
permite a divisão celular e/ou esporulação. a limitação de substratos e nutrientes no ambiente.
O armazenamento de carbono é amplamente
A parede celular é uma matriz 3D de açúcares distribuído entre microrganismos em ambientes
complexos e seus derivados misturados com naturais e em esgoto. Em regimes de
glicoproteínas. Organismos Gram-negativos disponibilidade/escassez ou de luz/escuridão
sintetizam peptidoglicano para fornecer força diários, os microrganismos que armazenam
mecânica e forma às células. Os organismos Gram- recursos possuem uma vantagem competitiva.
Polímeros de armazenamento bacteriano
positivos abrigam uma camada mais espessa de
importantes incluem poliésteres de poli- β-
peptidoglicano e ácido teicóico, uma vez que não hidroxialcanoato (PHAs) formados por
possuem uma membrana externa. Os armazenamento e polimerização de ácidos graxos
oligossacarídeos presentes no periplasma são voláteis (AGVs) e polissacarídeos, como
usados na osmorregulação. Os lipopolissacarídeos glicogênio, lipídios, enxofre e polifosfato (Figura
ligam-se aos cátions extracelulares para estabilizar 2.4). Essas são as reservas de energia, carbono e
ainda mais a estrutura da membrana externa e fósforo para as células microbianas. Conjuntos
aumentar sua permeabilidade. Eles ancoram os intracelulares de glicogênio estão envolvidos em
polissacarídeos no sistema de membrana externa OAGs e OAFs, conforme descrito no Capítulo 6
para melhor estabilizar a estrutura da parede sobre remoção de fósforo. O glicogênio é usado
como energia e poder redutor para armazenar
externa.
AGVs presentes em massa como PHAs. A síntese
do glicogênio é relativamente simples e conservada
entre os microrganismos, envolvendo
principalmente as glicogênio sintases.

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Figura 2.4 Polímeros de armazenamento intracelular: A) poliésteres intracelulares de poli-β-hidroxialcanoatos (PHAs). O


tamanho da célula é aproximadamente 1 μm (foto: M.C.M. van Loosdrecht); B) estrutura química do poly-β-hidroxibutirato
(PHB). No poli-β-hidroxivalerato (PFV), o grupo CH3 é substituído por um grupo CH2CH3. PHB e PHV são os dois PHAs mais
comuns; C) estrutura química do polifosfato. Os polifosfatos são polimeros de moléculas de fosfato e são estabilizados por
cátions (por exemplo CA2+, Mg2+, K+) interagindo com a molécula de oxigênio carregada (-O-); D) estrutura química dos
polissacarídeos. D1 = diferenças nas ligações glicosídicas na posição de ligação entre as moléculas de glicose e na geometria (α
and β) e D2 = estrutura do amido, glicogênio (um polímero de armazenamento bacteriano) e celulose. Fonte: Comeau et al.
(2008) em Madigan et al. (2018) (adaptado).

Os polifosfatos são cadeias lineares de fosfatos, reversível para clivar o polifosfato, em paralelo,
cuja carga negativa é estabilizada por cátions como com exo e endopolifosfatases. Em ciclos de
K+ e Mg2+. A ligação éster-fosfato, rica em energia, luz/escuridão e regimes de abundância/escassez, as
é a mesma presente na molécula transportadora de microalgas armazenam amido ou lipídios, que
energia universal das células (ATP; Seção 2.2.3), podem ser usados para produzir biocombustíveis.
que contém uma cadeia de 3 fosfatos. Na maioria Bactérias como Microthrix podem armazenar
das bactérias, o polifosfato é usado como reserva lipídios, principalmente quando há fornecimento
de fosfato e apenas um grupo limitado (mas de lipídios como substratos de crescimento.
importante para o tratamento de esgoto) de
bactérias o usa como composto de armazenamento
de energia. É sintetizado por meio de polifosfato
quinases. Estas podem funcionar de forma

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2.2.2.5 Substâncias Poliméricas para o entorno das células, a fim de aumentar a


Extracelulares (EPS – extracelular viscosidade do ambiente local.
polymeric substances) e biofilmes
Numerosos microrganismos sintetizam
Os microrganismos produzem uma grande polissacarídeos capsulares e muco. Patógenos
diversidade de EPSs como exopolímeros mucóides usam camadas de limo como fator de
funcionais. EPSs formam a cápsula (ou glicocálice) virulência para adesão aos tecidos-alvo. EPSs são
em torno da parede celular. Eles formam uma compostos por uma diversidade de
camada pegajosa na superfície da célula, para exopolissacarídeos, além de proteínas, DNA
permitir a fixação das células e o desenvolvimento extracelular e outros componentes inorgânicos.
de biofilmes nas superfícies. Na natureza, os Vias complexas, que são codificadas em operons
biofilmes são a forma de crescimento muito diferentes do DNA genômico, estão
predominante. Isso ocorre em nítido contraste com envolvidas nas exopolimerizações. A Figura 2.5
a microbiologia tradicional, onde geralmente exibe células incorporadas em uma matriz de
células planctônicas isoladas são estudadas. EPSs glicoconjugados detectados por análise de ligação
podem ser excretados, em fase líquida volumosa, de lectinas por fluorescência (FLBA, do inglês
Fluorescent Lectin Binding Analysis).

Figura 2.5 Detecção de células microbianas embutidas nas matrizes EPS em criosseções do RBN lodo granular por análise
fluorescente de ligação de lectina (FLBA) combinada com microscopia confocal de varredura à laser (CLSM). Glicoconjugados
são corados com as lectinas verde fluorescentes de Helix aspersa (HAA) e aglutinina de germe de trigo (WGA) (em verde). A)
Microrganismos são corados com Sypro 60, que se liga às proteínas (em Vermelho) e B) com Vermelho do Nilo, que se liga às
inclusões lipofílicas (em Vermelho); C) detecção dos glicoconjugados em torno dos aglomerados de células. D) Detecção do
DNA extracelular (eDNA) na matriz do biofilme granular, com coloração DDAO. Fonte: Weissbrodt et al., 2013.

EPSs fornecem a "cola" para associações eliminadas de seu nicho ecológico. Mídias de
celulares na matriz de flocos de lodo ativado, biofilme e grânulos são usados em ETE para
biofilmes e grânulos. Organismos Zoogloea são desacoplar o TRS do TDH e para manter uma alta
conhecidos por produzir EPSs e são descritos como concentração de biomassa, a fim de atingir taxas de
formadores de floco. No entanto, a composição dos conversão volumétrica suficientemente altas. Uma
EPSs ainda não está muito bem caracterizada descrição detalhada dos biofilmes é fornecida nos
(Seviour et al., 2019). Sob desequilíbrios C/N, uma capítulos 17-18.
superprodução de EPSs em lodo ativado pode levar
a fenômenos de bulking viscoso desfavoráveis,
durante os quais os flocos perdem sua densidade
devido ao aprisionamento de água na matriz de
EPSs. A imobilização de células por EPSs é
essencial na natureza para evitar que sejam

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2.2.3 Metabolismo e regulação de construção para a produção anabólica de


proteínas, carboidratos, lipídios e ácidos nucleicos.
2.2.3.1 Quebra de substratos poliméricos e
biossíntese de macromoléculas de As reações catabólicas garantem maior
biomassa diversidade de microrganismos, com base na
variedade de moléculas que podem ser usadas
O metabolismo microbiano consiste na hidrólise de como doadores e aceptores de elétrons. Elas
polímeros complexos (a saber, proteínas, formam a base da maioria dos processos
polissacarídeos e lipídios) do meio ambiente e do biotecnológicos ambientais. Catabolismo é a
esgoto. As enzimas extracelulares os decompõem oxidação de um doador de elétron orgânico (por
em monômeros simples, que podem ser captados e exemplo, açúcares, AGVs) ou inorgânico (por
usados pelas células para geração de energia e exemplo, amônia NH4+, H2, H2S) combinado com
crescimento (Figura 2.6). As proteínas são a redução de um aceptor de elétrons (por exemplo,
degradadas em aminoácidos, os polissacarídeos em O2, NOx˗). A energia química contida nos doadores
monossacarídeos e os lipídios (ou gorduras) em de elétrons é transformada em uma forma utilizável
glicerol e ácidos graxos. A síntese de biomassa pelo microrganismo. Um processo de membrana
consiste no uso de elementos C, N, P e S, está envolvido na conversão da energia bioquímica
fornecidos por nutrientes, para reconstruir (redox) em adenosina trifosfato (ATP), o
monômeros essenciais e polimerizá-los em transportador de energia química intracelular. O
macromoléculas funcionais que formam a célula. A ATP é usado para conduzir a manutenção e o
energia necessária para a construção de moléculas crescimento celular. As reações catabólicas
complexas e estrutura celular é derivada da luz ou ocorrem por meio de três vias principais: respiração
de reações redox, que estão na base da vida na aeróbia e anaeróbia e fermentação.
Terra.
As vias respiratórias envolvem a glicólise, o
2.2.3.2 Desassimilação e assimilação de ciclo de Krebs (ou ciclo do ácido cítrico, ciclo dos
substâncias: catabolismo e ácidos tricarboxílicos (ATC)) e a cadeia
transportadora de elétrons. Monômeros de
anabolismo
carboidratos são convertidos, através da glicólise,
O crescimento é a soma do catabolismo e do em piruvato como o intermediário central. Este
anabolismo. O metabolismo celular envolve o processo oxidativo leva à formação de ATP, por
catabolismo para gerar energia, por meio da fosforilação em nível de substrato, e de elétrons,
degradação de substratos, e o anabolismo para usar transportados pela nicotinamida adenina
essa energia para sintetizar constituintes da dinucleotídeo (NADH). A dissimilação dos
biomassa, pela assimilação de substratos e compostos orgânicos vai do piruvato ao acetil-
nutrientes (Figura 2.6). CoA, para os compostos intermediários do ciclo de
Krebs. Através da glicólise e do ciclo de Krebs, os
As reações anabólicas são relativamente elétrons são liberados e capturados pelo NAD+ e
padronizadas em todos os microrganismos reduzidos a NADH. O NADH entrega os elétrons à
(unidade em bioquímica). O anabolismo requer um cadeia de transporte de elétrons até a liberação no
suprimento de energia celular, fornecido pelo aceptor de elétrons terminal (por exemplo, O2).
catabolismo, para sintetizar macromoléculas Este processo de respiração celular ativa a
celulares. Todas as etapas catabólicas envolvidas fosforilação oxidativa da adenosina difosfato
na quebra de substratos produzem compostos (ADP) em ATP. Tanto a cadeia transportadora de
intermediários que podem ser usados como blocos elétrons quanto a biossíntese de ATP ocorrem na
membrana celular. Esses dois processos são

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combinados em um fenômeno chamado por oxidação de succinil-CoA em ácido


quimiosmose. Três complexos de proteínas estão succínico. Os seis mols de NADH e dois
envolvidos na cadeia transportadora de elétrons. mols de FADH formados levam à
Eles são bombas de prótons que geram um produção de 18 e quatro mols de ATP,
gradiente de prótons através da membrana celular. respectivamente, por fosforilação
Este gradiente de prótons gera uma força próton- oxidativa.
motriz que impulsiona a ATP sintase.
Nas vias respiratórias anaeróbias, um aceptor
As vias de respiração aeróbia envolvem O2 final inorgânico (por exemplo, nitrito, nitrato,
como aceptor terminal de elétrons (ou seja, sulfato, ferro (III)) ou orgânico (por exemplo,
respiração com ar). No máximo três mols de ATP tetracloroeteno) é usado em vez de O2 (ou seja,
são produzidos por mol de NADH oxidado na respiração sem ar). As respirações anaeróbias de
cadeia transportadora de elétrons. Isso também é glicose geram menos ATP (<38 mols de ATP por
expresso como uma razão fosfato/oxigênio (P/O) mol de glicose) do que as aeróbias.
de três mols de ATP produzido por meio mol de O2
usado. Na realidade, a relação P/O é menor, entre Uma forma especial de catabolismo é
1,5-2 mols de ATP por meio mol de O2. No geral, representada pelas vias de fermentação. Neste caso,
a respiração aeróbia de um mol de glicose os compostos orgânicos são parcialmente oxidados
teoricamente leva a 38 mols de ATP via: e parcialmente reduzidos. Isso é exemplificado pela
fermentação da glicose em etanol e CO2. As
1. Glicólise [2 ATP + 2 NADH (ou seja, 6 fermentações são baseadas principalmente na
ATP) = 8 ATP]: dois mols de ATP são glicólise e frequentemente acopladas diretamente à
produzidos por fosforilação em nível de geração de ATP por fosforilação em nível de
substrato via oxidação da glicose em substrato. Isso leva a uma realocação de elétrons
piruvato. Dois mols de NADH são em um produto final orgânico, como AGVs, etanol,
formados e levam a seis mols de ATP por lactato ou outros produtos, dependendo dos tipos
fosforilação oxidativa na cadeia de fermentação. Cerca de vinte vezes menos ATP
transportadora de elétrons. (2 mols de ATP por mol de glicose) é formado pela
2. Etapa preparatória [2 NADH (ou seja, 6 fermentação do que pela respiração aeróbia de
ATP) = 6 ATP]: o piruvato é glicose. Na conversão de glicose em acetato, dois
transformado em acetil-CoA. Dois mols mols de NADH são produzidos. Estes não podem
de NAD são produzidos, rendendo seis ser processados posteriormente em ATP devido à
mols de ATP por fosforilação oxidativa. ausência de um aceptor de elétrons externo. O
3. Ciclo de Krebs [2 GTP + 6 NADH (ou NADH é regenerado pela produção de H2 ou pela
seja, 18 ATP) + 2 FADH (ou seja, 4 ATP) conversão de acetato em um produto mais
= 24 ATP]: dois mols de GTP reduzido, como etanol ou butirato.
(equivalentes de ATP) são produzidos

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Figura 2.6 Combinação de vias catabólicas (rosa) e anabólicas (verde) para a decomposição de substratos (setas vermelhas) e
biossíntese de componentes de biomassa (setas verdes). Os catabolismos respiratórios envolvem a glicólise, o ciclo de Krebs
e a cadeia transportadora de elétrons. Os catabolismos fermentativos envolvem somente a glicólise. A ilustração é dada
principalmente para a dissimilação da glicose. Glicose (6 carbonos), após a fosforilação em nível de substrato, é dividida em
duas moléculas de piruvato de três carbonos. Nas fermentações, elétrons acabam no produto da fermentação. No caso das
respirações, o piruvato é posteriormente convertido em acetil-CoA (2 carbonos). Ao entrar no ciclo de Krebs, o acetil-CoA reage
com o oxaloacetato (4 carbonos) para formar citrato (6 carbonos), enquanto libera a CoA. O citrato é então divido em
carboxilatos intermediários de 4 carbonos, perdendo átomos em etapas, com a liberação concomitante de O2. O catabolismo
rende a produção de energia celular como ATP, que será fornecido para sustentar a manutenção celular e conduzir as reações
anabólicas. Nas diferentes partes do catabolismo, o ATP é consumido (nas primeiras etapas da glicólise) ou produzido (nas
últimas etapas da glicólise e no ciclo de Krebs, como GTP). Elétrons são liberados como NADH na glicólise, mas principalmente
no ciclo de Krebs para a respiração de microrganismos. As respirações estão ligadas ao envolvimento da cadeia de transporte:
elétrons são entregues por transportadores de elétrons, como NADH e FADH2 e processados passo a passo através de uma
série de cinco proteínas de membrana. Três dessas exportam prótons liberados pelos portadores de elétrons, gerando uma
força motriz de prótons para conduzir a fosforilação oxidativa do ADP em ATP, sob a ação da ATP sintase giratória. Os vários
intermediários produzidos no catabolismo podem ser usados em reações anabólicas para formar constituintes celulares, tais
como aminoácidos (para a síntese de proteínas), carboidratos, lipídios e nucleotídeos (para síntese de ácidos nucleicos). (A
imagem foi construída com base nas informações fornecidas em http://classes.midlandstech.edu/).

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processará mais ou menos piruvato ao longo do


2.2.3.3 Regulação metabólica nas células ciclo de Krebs.
microbianas: ATP, NADH e NADPH
Em suma, a atividade da enzima piruvato
Mais próximo da definição básica de crescimento desidrogenase é ativada por piruvato e ADP e
microbiano, o metabolismo é regulado pelas inibida por Acetil CoA, NADH e ATP. O NADH
relações de ATP/ADP e de NADH/NAD+ nas produzido no catabolismo será utilizado
células. A razão ATP/ADP (ATP  ADP + Pi, ΔG primeiramente para fins de manutenção celular,
= -30,6 kJ / mol) influencia a taxa na qual a ATPase antes de ser transformado em fosfato de
está funcionando. Na atividade mais baixa de dinucleotídeo de nicotinamida e adenina (NADPH)
ATPase, a força motriz do próton aumenta, o que para o anabolismo. Isso passa pela via da pentose
então desacelera a cadeia transportadora de fosfato que corre em paralelo à glicólise, para fins
elétrons. A carga energética do adenilato (CEA; anabólicos. A reação NADH + NADP+ NADPH
Eq. 2.0) de uma célula está relacionada às + NAD+ permite que a célula regule os níveis
concentrações de nucleotídeos de adenina, a saber, residuais de NADH mudando o equilíbrio para
ATP, ADP e AMP (adenosina tri/di/monofosfato, fornecer elétrons para fins de manutenção
respectivamente). A adenilato quinase catalisa sua (catabólicos; uso de NADH) ou anabólicos (uso de
interconversão: ATP + AMP 2 ADP. Se CEA = NADPH). NADH e NADPH são, portanto, pools
1, todo o pool de nucleotídeos de adenina está na de elétrons compartimentados essenciais para
forma de ATP. Se CEA = 0,5 todo o pool de manter a homeostase redox da célula (Xiao et al.,
adenina está na forma de ADP. Se CEA = 0, todo o 2018). O estresse redox é refletido por mudanças
pool de adenina está na forma de AMP; a célula é nas relações NADH/NAD+ e NADPH/NADP+.
‘descarregada’. Escherichia coli tem um CEA
típico de 0,8 durante o crescimento exponencial, 2.2.3.4 Regulação molecular nas células
que diminui para 0,5 durante a fase estacionária, e microbianas: DNA, RNA, proteínas e
ainda <0,5 na fase de decaimento. As células vivas metabólitos
abrigam principalmente ATP, enquanto as células
mortas principalmente AMP. Para que o crescimento ocorra, as bactérias devem
ser capazes de replicar seu material genético e
[ATP]+0,5 .[ADP] realizar transformações químicas que permitam a
CEA (0 − 1) = [ATP]+ [AMP]+[ADP]
(2.0)
síntese de todos os constituintes de vários
O ciclo de Krebs é regulado em diferentes precursores e de energia (Figura 2.7). As
níveis. Três níveis regulatórios principais transformações químicas são catalisadas por
envolvem piruvato, isocitrato e α-cetoglutarato enzimas (ou seja, proteínas ativadas). A síntese de
desidrogenases, respectivamente. qualquer proteína requer sua expressão genética. A
primeira etapa é a transcrição do DNA em RNA. O
A oxidação do piruvato em acetil-CoA é RNA é traduzido em uma proteína, que é então
processada para torná-la funcional. Com seus
impulsionada pelos níveis residuais de ADP e ATP.
constituintes replicados, uma célula bacteriana
Uma maior presença de ADP conduz a conversão pode se dividir em duas células-filhas. No genoma
de piruvato em acetil CoA para alimentar o ciclo de de células isoladas, as informações contidas nos
Krebs. Uma maior presença de ATP e NADH genes presentes no DNA fornecem o potencial
desativa o ciclo de Krebs. As etapas de metabólico de um microrganismo. Modelos em
processamento de isocitrato e α-cetoglutarato estão escala de genoma ou baseados em genoma podem
relacionadas à produção de NADH e liberação de ser desenhados para prever metabolismos. Durante
CO2. Dependendo da razão NADH/NAD+, a célula a expressão gênica, a informação genética é
transcrita dos genes no RNAm (transcriptoma).
Após a expressão do gene, o RNAm carrega a

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informação genética para os ribossomos para a atividade enzimática depende das concentrações de
síntese de proteínas. O código genético fornecido metabólitos (metaboloma) envolvidos nas reações
pelo RNAm é traduzido em proteínas (o proteoma). bioquímicas. As conversões metabólicas resultam
O RNAt fornece aminoácidos aos ribossomos. O em um fluxo de metabólitos (fluxoma) dentro das
RNAr liga resíduos de aminoácidos em peptídeos e células.
proteínas. A ativação pós-tradução de proteínas
leva à formação de enzimas (enzimoma). A

Figura 2.7 Regulação metabólica e molecular em células microbianas: A) O crescimento microbiano requer funções de
codificação e máquina, para funcionar. O DNA serve para replicação e expressão gênica, primeiro pela transcrição do DNA em
RNA e, em seguida, pela tradução do RNA em proteínas. Fonte: Comeau et al. (2008) em Madigan et al. (2018) (adaptado); B)
do DNA aos metabólitos: múltiplos níveis na biologia molecular e regulação metabólica das células microbianas.

Uma comunidade microbiana é composta por microrganismos envolvidos. Falamos sobre


vários microrganismos, cada um dos quais em um metagenoma, metatranscriptoma, metaproteoma,
estado metabólico específico. A regulação metaenzimoma, (meta-) metaboloma e
metabólica acontece em populações individuais de metafluxoma para descrever a quantidade de
células que se impactam mutuamente, por moléculas informativas transportadas e expressas
exemplo, produzindo um metabólito consumido pelas populações microbianas presentes no
pelo próximo organismo ou produzindo um microbioma. O prefixo ‘meta’ (do grego μετά-) e o
composto inibitório que interrompe o metabolismo sufixo ‘-oma’ (do grego -ωμα) descrevem um
de outros organismos. O desempenho metabólico conjunto de recursos em uma massa de
geral de uma comunidade microbiana depende de informações, respectivamente. No entanto, no
um equilíbrio na complexa rede metabólica campo da microbiologia de comunidade de
formada pela diversidade de microrganismos. Em sistema, pretendemos extrair as informações
uma comunidade microbiana, as diferentes regulatórias de linhagens únicas antes de rearranjar
populações exibem diferentes níveis de regulação. as informações individuais de volta ao nível do
A regulação geral do desempenho do microbioma microbioma. Os genomas de cada organismo são as
é o resultado dos níveis de regulação de todos os unidades funcionais de um microbioma, a partir

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dos quais a expressão genética é transcrita, 2.2.4.1 Estrutura trófica em microbiologia e


traduzida, ativada e resulta em conversões reais, ligações com a engenharia ambiental
reguladas em diferentes níveis.
A geração de energia é diferenciada pelo uso de
substâncias químicas (quimiotróficos) ou fótons de
2.2.4 Grupos tróficos e diversidade luz (fototróficos). As reações químicas redox
metabólica geradoras de energia podem envolver doadores de
elétrons orgânicos (organotróficos) ou inorgânicos
A sistemática pode ser aplicada para descrever os
(litotróficos). Organismos autotróficos usam fontes
grupos tróficos de microrganismos presentes na inorgânicas de C: eles podem produzir seu próprio
natureza. As distinções são feitas com base nos recurso orgânico fixando CO2. Os heterotróficos
materiais (doadores e aceptores químicos de não são organicamente autossuficientes e usam
elétrons ou fótons) usados pelos microrganismos fontes externas de C orgânico para a síntese de
para gerar sua energia, via catabolismo, e no tipo biomassa. Os prefixos quimio-/foto-, organo-/lito-
de fonte de carbono (fonte de C) que utilizam em e auto-/hetero- podem ser combinados para
seu anabolismo. Essas características são descrever teoricamente os níveis catabólicos e
apresentadas pelos adjetivos e prefixos usados na anabólicos de qualquer grupo trófico presente em
um ambiente (Figura 2.8).
nomeação de grupos tróficos. A diversidade
Os aceptores de elétrons podem variar de O2 na
microbiana é conduzida, principalmente, por
respiração aeróbia a substâncias inorgânicas na
catabolismos e pela diversidade de associações de respiração anaeróbia. Na fermentação, nenhum
doadores/aceptores de elétrons que podem ser aceptor de elétrons terminal está disponível;
obtidos na natureza. Os anabolismos apresentam elétrons são realocados para um produto catabólico
diferenças finas de escala (heterotróficos versus orgânico.
autotróficos) para a síntese de biomassas. No
entanto, as reações anabólicas são relativamente
bem conservadas nas populações microbianas.

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Figura 2.8 Sistemática nos grupos tróficos de microrganismos, usando uma combinação de código de prefixos para a (i) fonte
de energia proveniente de uma reação redox química (quimio) ou luz (foto-); (ii) fonte de elétrons proveniente de um doador
de elétrons orgânico (organo-) ou inorgânico (lito-); (iii) fonte de carbono proveniente de CO2 (auto-) ou de um composto
orgânico (hetero-). Os termos podem ser complementados com um adjetivo que caracterize os tipos de respirações ou
fermentações conduzidas pelos microrganismos. Além do oxigênio dissolvido (respiração aeróbia), os microrganismos podem
realizar respirações anaeróbias usando compostos inorgânicos (por exemplo, nitrito, nitrato) ou orgânicos (por exemplo
tetracloroeteno) como aceptores finais de elétrons. Nas fermentações, os elétrons são realocados do piruvato para compostos
orgânicos, como etanol, lactato e ácidos graxos voláteis, bem como dihidrogênio, como um produto inorgânico da
fermentação. As respirações anaeróbias caracterizadas por microbiologistas são descritas na engenharia ambiental como
ocorrendo em condições anóxicas. Os fototróficos abrigam uma diversidade de microrganismos de roxos a verdes. Nos
fototróficos, os fótons de luz entregam energia para energizar os elétrons fornecidos por um doador de elétrons, ou seja, água
pelos fototróficos oxigênicos (a divisão da água para entregar elétrons para a célula resulta na formação de O2), ou compostos
inorgânicos (por exemplo H2S) ou orgânicos (por exemplo acetato), pelos fototróficos anoxigênicos. Embora seja comum
classificar microrganismos de acordo com uma conversão primária, deve-se ter em mente que microrganismos são versáteis
por natureza e podem apresentar diferentes tipos de metabolismos, a depender das condições ambientais. A mixotrofia
também é comum.

A engenharia ambiental guarda pequenas oxidação de amônia "anóxica". Do ponto de vista


diferenças em contraste com os termos microbiológico, olhamos para dentro da célula, da
microbiológicos. Condições aeróbias envolvem O2 fisiologia da célula. Do ponto de vista da
como o aceptor final de elétrons. Condições engenharia, observamos as condições que
anóxicas (sem O2) envolvem compostos envolvem as células e o fornecimento externo de
inorgânicos, como nitrogênio oxidado como nitrito aceptores de elétrons. Como frequentemente
e nitrato como aceptores finais de elétrons. As experimentado, os termos são misturados entre os
condições anaeróbias estão relacionadas à ausência campos. É importante verificar e alinhar
de quaisquer aceptores finais diferentes do dióxido terminologias ao descrever as condições redox em
de carbono. Os organismos Anammox foram sistemas biológicos (Tabela 2.3). Um método é
elucidados por microbiologistas e são referidos simplesmente usar o dicionário: óxico/anóxico
como oxidadores de amônia ‘anaeróbios’, (etimologia 'Presença/ausência de O2'),
devidamente referindo-se ao seu processo de aeróbio/anaeróbio (etimologia 'Presença/ausência
respiração anaeróbia. Os engenheiros se referem à de ar'). No entanto, é importante manter em mente

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o contexto microbiológico ou de engenharia ao ler


a literatura.
Tabela 2.3 Semântica de microbiologia e engenharia ambiental (aeróbia, anaeróbia, óxica e anóxica) usada para descrever as
relações dos microrganismos e processos, na presença ou ausência de aceptores finais de elétrons.
Adjetivo Etmologia Semântica microbiológica Semântica de engenharia
Aeróbio Presença de ar Respiração aeróbia Processo aeróbio
- O2 usado como aceptor final de - O2 fornecido como aceptor de elétrons via
elétrons para respirar o substrato aeração.
do doador de elétrons.
- Nitrificantes são - A nitrificação é um processo aeróbio.
quimiolitoautotróficos de
respiração aeróbia
Anaeróbio Ausência de ar Respiração anaeróbia Processo anaeróbio
- Usado outro aceptor final de - Nenhum aceptor externo de elétrons é
elétrons diferente de O2 para fornecido. Sem aeração e sem fornecimento
respirar o substrato do doador de ou recirculação de nitrito/nitrato
elétrons.
- Organismos anammox são - A digestão anaeróbia é um processo
quimiolitoautotróficos de anaeróbio. Este processo não é aerado nem
respiração anaeróbia. suprido com outros aceptores de elétrons. Na
complexidade do ecossistema, porém,
diferentes organismos com respiração
anaeróbia (por exemplo, redutores de sulfato)
e fermentativos (por exemplo, acidogênicos,
metanogênicos) coexistem.
Óxico Presença de O2 Ambiente na presença de O2 - Usado como alternativa ao aeróbio: a RBN
- A mistura sazonal em lagos é completa pode ser realizada em um processo
importante para o transporte anaeróbio-anóxico-óxico (A2 / O) em uma
vertical de oxigênio através da sucessão de tanques anaeróbio, anóxico e
coluna d'água. óxico.
Anóxico Ausência de O2 Ambiente na ausência de O2 Processo anóxico
- A eutrofização leva - Outro aceptor final de elétrons fornecido no
desfavoravelmente a ambientes sistema via, por exemplo, ciclos de
aquáticos superficiais anóxicos. recirculação de nitrito ou nitrato.
- A desnitrificação e o anammox são
processos anóxicos.

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Tabela 2.3 (continuação) Semântica de microbiologia e engenharia ambiental (aeróbia, anaeróbia, óxica e anóxica) usada para
descrever as relações dos microrganismos e processos, na presença ou ausência de aceptores finais de elétrons.
Adjetivo Etmologia Semântica microbiológica Semântica de engenharia
Fermentativo Fermentação Processo de fermentação
- Nenhum aceptor final de elétrons - Para uma RBAF eficiente, a matéria
externo. Os elétrons são realocados orgânica particulada deve ser hidrolisada em
em um composto orgânico interno substratos solúveis, que são fermentados em
produzido no metabolismo. AGVs antes da absorção por OAPs e OAGs
no tanque anaeróbico do processo A2 / O.
- Metanogênicos são - Açúcares lignocelulósicos podem ser
quimioorganoheterotróficos eficientemente convertidos em AGVs, por
fermentativos. meio da fermentação de cultura mista.

A necessidade e a tolerância ou sensibilidade ao processados em uma cadeia transportadora de


O2 variam amplamente entre os aeróbios. Os elétrons por fotofosforilação (não) cíclica. Os
aeróbios usam O2 em níveis diferentes: os aeróbios fotossistemas abrigam unidades de coleta de luz
obrigatórios precisam dele; os microaerófilos o que transferem fótons para um centro de reação,
exigem em níveis baixos; e os aeróbios facultativos onde os elétrons são energizados antes de serem
podem funcionar em sua ausência. Em aeróbios, as transferidos, através do pool de quinonas, para os
enzimas para redução do O2 são sempre induzidas. citocromos e ferredoxina. Fototróficos
Em contraste, os desnitrificantes são aeróbios compreendem uma bateria de pigmentos para
facultativos e possuem enzimas constitutivas para capturar fótons em diferentes comprimentos de
a redução do O2. Suas enzimas para redução de onda. Sua diversidade microbiana pode ser
nitrito ou nitrato precisam ser induzidas, uma examinada por meio da análise de pigmentos.
condição que requer a ausência de O2. Todas as Como as células vegetais, as cianobactérias e as
bactérias desnitrificantes também podem usar O2, algas eucarióticas usam clorofila a (Chl a). As
sendo seus processos catabólicos relativamente bacterioclorofilas são utilizadas por bactérias
semelhantes. Os redutores de sulfato não podem púrpuras (Bchl a, b) e verdes (Bchl c, d, e)
usar O2, pois seu processo catabólico é muito sulfurosas / não sulfurosas, bem como por
diferente da respiração aeróbia. Os anaeróbios não heliobactérias (Bchl g). Os fototróficos contêm
usam O2: microrganismos aerotolerantes podem outros pigmentos acessórios. Os carotenóides
tolerá-lo; anaeróbios obrigatórios (estritos) não, conferem fotoproteção contra a foto-oxidação dos
pois são envenenados pelo oxidante O2. constituintes celulares, proporcionam imunidade
contra a fotossensibilização endógena e atuam
Os fototróficos são oxigênicos quando usam contra os radicais de oxigênio. Os carotenóides
água como doador de elétrons: ao clivarem a H2O, absorvem luz azul (450-550 nm) e transferem essa
eles liberam O2. Os fototróficos anoxigênicos usam energia para Bchl. Ficobilinas são usadas por
outro doador de elétrons inorgânico (por exemplo, cianobactérias e algas vermelhas para aumentar a
H2 ou H2S) ou orgânico (por exemplo, acetato). Os absorção de luzes verdes, amarelas, laranja e
fototróficos geram sua energia a partir da luz. No vermelhas que são menos eficientemente
entanto, um doador de elétrons é sempre necessário absorvidas pela Chl a.
para o crescimento. Fótons e elétrons são duas
entidades diferentes. Fototróficos usam fótons para Os microrganismos raramente operam em um
energizar elétrons fornecidos pelo doador único metabolismo. A combinação metabólica em
eletrônico, em contraste com a reação redox dos células individuais é possível. Isso é chamado de
quimiotróficos. Os elétrons energizados são mixotrofia, que é um termo relativamente amplo.

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Relaciona-se ao envolvimento paralelo de 2.2.4.2 Ilustração dos grupos tróficos


diferentes metabolismos por um microrganismo. O microbianos
anabolismo sempre envolve um composto orgânico
ou CO2 como sua fonte de C. Mixotróficos podem Combinações de respiração ou fermentação com
maximizar o uso de matéria orgânica para sintetizar foto-/quimio-, lito-/organo- e auto-/heterotrofias
biomassa, enquanto derivam energia de compostos (Figura 2.8) são ilustradas aqui para quimiotróficos
inorgânicos. Um quimioorganoheterotrófico com e fototróficos.
respiração aeróbia dissimila e assimila frações de
um composto orgânico. Ao se tornar um Quimioorganoheterotróficos de respiração
quimiolitoheterotrófico, ele pode gerar sua energia aeróbia obrigatória crescem dissimilando um
a partir de compostos inorgânicos, e mais matéria doador de elétrons orgânico pela respiração apenas
orgânica está disponível para o anabolismo da com O2 e sintetizando biomassa de uma fonte de C
biomassa. O mixotrófico final pode maximizar o orgânico, que pode ser a mesma do doador de
crescimento, dissimilando um substrato elétrons. OHOs usam acetato como seu doador de
inorgânico, assimilando a matéria orgânica e elétrons/fonte de C e O2 como seu aceptor de
fixando o CO2 para complementar o crescimento. elétrons.
Os fototróficos podem combinar
fotoorganoheterotrofia e fotolitoautotrofia para Quimioorganoheterotróficos de respiração
maximizarem o uso de carbono de compostos anaeróbia (ou "anóxica") catabolizam um doador
orgânicos e CO2 e/ou para reciclar, através do ciclo de elétrons orgânico pela respiração com um
de Calvin, o CO2 liberado do processamento de aceptor de elétrons inorgânico, como nitrito ou
compostos orgânicos. nitrato, e anabolizam uma fonte orgânica de C (que
pode ser o doador de elétrons). Os ODHs usam
A versatilidade metabólica é ampla, permitindo acetato e respiram com NO2- ou NO3-.
o crescimento em condições sob constante
mudança. Em uma cultura pura, as células Quimioorganoheterotróficos fermentativos
individuais de uma população podem abrigar crescem fermentando um doador de elétrons
diferentes estados metabólicos, dependendo dos orgânico cujos elétrons acabam em um composto
gradientes de nutrientes e fótons nas geometrias do orgânico, e usando a mesma fonte de C para o
reator e bioagregados. Bactérias púrpuras não anabolismo. Fermentadores acidogênicos
sulfurosas (BPNS) são modelos de hiper convertem carboidratos em AGV como o produto
versatilidade, com fotoorganoheterotrofia, catabólico final.
fotolitoautotrofia, fermentação escura,
fotofermentação e quimiotrofias em células Quimiolitoautotróficos de respiração aeróbia
individuais. respiram um doador de elétrons inorgânico, com O2
como o aceptor final de elétrons, e capturam o CO2
Além disso, os microrganismos podem ser dissolvido (ou sua forma de bicarbonato em pH 7)
delineados entre prototróficos, que são capazes de para produzirem biomassa. Os nitrificantes fixam o
produzir compostos essenciais necessários para o CO2 e respiram os doadores de elétrons NH4+ ou
crescimento, e auxotróficos, que dependem de NO2¯ com O2 como aceptor de elétrons.
outros organismos para fornecerem seu recurso
essencial. Isso é menos estudado em ambientes de Quimiolitoautotróficos de respiração
esgoto, embora haja crescente interesse em anaeróbia estrita (ou " anóxica estrita ") respiram
processos de fermentação com cultura mista. um doador de elétrons inorgânico com um aceptor
de elétrons inorgânico, na ausência de O2 e CO2
assimilado. As bactérias Anammox fixam CO2 e

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respiram NH4+, com NO2- ou NO como aceptores como o H2, usando luz, e construir biomassa a
de elétrons. partir de compostos orgânicos, como o acetato.

Quimioorganoautotróficos (doador de elétrons Fotoorganoautotróficos são menos relatados;


orgânico, fonte de C inorgânica), como arqueias os fótons energizariam os elétrons fornecidos pelos
metanotróficas anaeróbias, e compostos orgânicos, enquanto o CO2 seria usado
quimiolitoheterotróficos (doador de elétrons no anabolismo.
inorgânico, fonte de C orgânica), como alguns
extremófilos oceânicos, podem ser construídos 2.2.4.3 Associações predominantes de
semanticamente, mas são menos difundidos na microrganismos envolvidos na RBN
natureza. Seu metabolismo exercido deve depender de esgoto
de restrições termodinâmicas e bioquímicas.
Embora a mixotrofia seja possível, os compostos As associações comuns de microrganismos
orgânicos são frequentemente usados para presentes na RBN, na digestão anaeróbia e nos
catabolismo e anabolismo, tornando as associações sistemas de recuperação de nutrientes estão
orgânicas/inorgânicas menos comuns entre resumidas na Tabela 2.4.
doadores de elétrons e fontes de C.
Fotolitoautotróficos oxigênicos, como as As ETE de RBN são projetadas em sequências
cianobactérias, foto energizam os elétrons de condições redox alcançadas no espaço, em
derivados da água e fixam o CO2. diferentes tanques em processos de fluxo contínuo,
ou no tempo, em reatores de bateladas sequenciais.
Fotolitoautotróficos anoxigênicos, como As condições redox envolvem alternância de fases
bactérias púrpuras sulfurosas (BPS), dissimilam anaeróbia (sem aceptor final de elétrons), anóxica
um doador de elétrons inorgânico diferente de (NOx˗ como aceptor de elétrons) e aeróbia (O2
água, como H2S, energizam os elétrons com fótons como aceptor de elétrons). Essas fases são
e assimilam CO2. combinadas na presença ou ausência de matéria
orgânica como um doador de elétrons e fonte de C.
Fotoorganoheterotróficos anoxigênicos, como Biofilmes e grânulos compreendem diferentes
as BPNS, obtêm elétrons de compostos orgânicos biovolumes redox através de gradientes de
(por exemplo, acetato), os energizam com fótons e doadores e aceptores de elétrons na profundidade
usam esse substrato para o anabolismo. do biofilme. Isso delineia nichos para a
proliferação de microrganismos de interesse
Fotolitoheterotróficos podem energizar (Figura 2.9).
elétrons de um doador de elétrons inorgânico,

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Crescimento

Figura 2.9 Das conversões microbianas às associações microbianas e populações microbianas, em ETE com remoção biológica
de nitrogênio. Envolvimento dos nutrientes C, N e P nos principais processos catabólicos e anabólicos das populações
bacterianas presentes no lodo ativado. Nas conversões, os termos coloridos (aeróbio, anóxico e anaeróbio) são fornecidos no
léxico de engenharia. Os termos microbiológicos correspondentes são dados em cinza (anaeróbio x anóxico, fermentativo x
anaeróbio).

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Tabela 2.4 Classificação trófica de microrganismos em ETE e em ERAR (adaptado de Rittmann e McCarty, 2001; Metcalf e Eddy,
2003).
Fonte de energia
Fonte de carbono
Doador de elétrons Aceptor de elétrons Produtos típicos

Grupo trófico Associação microbiológica Tipo de doador de elétrons

Quimiotróficos

Quimioorganoheterotróficos Heterotróficos aeróbios Orgânico O2 CO2, H2O Orgânico

¯ ¯
Desnitrificantes Orgânico NO3 , NO2 N2, CO2, H2O Orgânico

Organismos fermentadores Orgânico Orgânico Orgânico: AGVs Orgânico

Redutores de ferro Orgânico Fe (III) Fe (II) Orgânico


Redutores de sulfato Acetato SO4 H2S Acetato

Metanogênicos acetoclásticos Acetato Acetato CH4 Acetato

+ ¯
Nitrificantes: BOA NH4 O2 NO2 CO2
Quimiolitoautotróficos
¯ ¯
Nitrificantes: BON NO2 O2 NO3 CO2

Bactéria Anammox NH4+ NO2¯ N2 CO2

¯ ¯
Desnitrificantes H2 NO3 , NO2 N2, H2O CO2

¯ ¯ 2¯
Desnitrificantes S NO3 , NO2 N2, SO4 , H2O CO2

Oxidadores de ferro Fe (II) O2 Fe (III) CO2

Redutores de sulfato H2 SO42¯ H2S, H2O CO2

0 2¯ 2¯
Oxidadores de sulfato H2S, S , S2O3 O2 SO4 CO2

Hidrogenotróficos aeróbios H2 O2 H2O CO2

hidrogenotróficos metanogênicos H2 CO2 CH4 CO2

Fototróficos
Microalgas, cianobactérias H2O CO2 O2 CO2
Fotolitoautotróficos
Bactérias verdes sulfurosas, bactérias H2S CO2 S (0) CO2
verdes filamentosas, bactérias roxas
sulfurosas

Bactérias roxas sem enxofre Orgânico, acetato CO2, H+ H2 Orgânico, acetato


Fotoorganoheterotróficos

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OAPs e OAGs armazenam AGVs em diversidade de populações secundárias


condições anaeróbias e crescem respirando O2 ou (hidrolíticas, fermentativas e predadoras).
NOx-. Nitrificantes são compostos por oxidadores
de amônia aeróbios (OOAs; organismos 'Nitroso', Fototróficos sempre são detectados em alguns
ou seja, apresentados para envolver um composto níveis em ambientes de esgoto. Assim que a luz
nitroso como HNO ou NO como intermediário esteja disponível, eles podem crescer
bioquímico) que respiram NH4+ em NO2¯ e por independentemente. Vários fototróficos são
organismos oxidadores de nitrito aeróbios (OONs; versáteis e também podem crescer
organismos 'Nitro-' (isto é, envolvendo um quimiotroficamente. No contexto da recuperação
composto nitro como o HNO2 como intermediário de recursos, os processos fototróficos vêm
bioquímico) que respiram NO2- em NO3-, com O2 ganhando interesse. Microalgas e cianobactérias
como o aceptor de elétrons. OOAs e OONs são são sumidouros "sustentáveis" de CO2 para a
principalmente autotróficos e usam CO2 como captura de carbono mediada pela luz. Fototróficos
fonte de C, enquanto alguns, como Nitrospira, são como as BPNS são usadas para cultivar uma
versáteis e podem metabolizar compostos biomassa com alto teor de proteína, que pode ser
orgânicos. Na verdade, os microrganismos são valorizada como um suplemento alimentar quando
sempre mais versáteis do que são classificados cultivada em um fluxo de resíduos de uma indústria
fenotipicamente. Uma terceira associação alimentícia.
nitrificante de oxidadores completos da amônia
(comammox) foi recentemente elucidada, Modelos conceituais de ecossistemas
envolvendo respiração aeróbia completa de NH4+ microbianos de BRN de lodo ativado granular e
em NO3-. ODHs respiram elétrons da matéria floculento são excelentes bases para análises
orgânica com NOx- como aceptores de elétrons. Os funcionais (Nielsen et al., 2010; Weissbrodt et al.,
desnitrificantes quimiolitoautotróficos podem 2014) (Figura 2.13). O metabolismo básico das
respirar elétrons de H2S usando NOx. Os principais associações pode ser facilmente
organismos anammox são autotróficos e respiram delineado, combinando o doador e o aceptor de
NH4+ com NO2- ou NO. Acredita-se que algumas elétrons para o catabolismo, e as fontes de C e N
populações de anammox convertam substâncias para o anabolismo (Figura 2.10). Esboços simples
orgânicas. Em flocos, grânulos e biofilmes, os desvendam as conexões das principais populações
organismos RBN são acompanhados por uma metabolizadoras.

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Figura 2.10 Uma maneira fácil de delinear o sistema de crescimento das associações microbianas. A) Isso ilustra associações
típicas do ciclo do nitrogênio, chamadas de organismos oxidadores de amônia (OOA) aeróbios, organismos oxidadores de
nitrito (OON) aeróbios, organismos anammox (OAM) e organismos desnitrificantes heterotróficos (ODH). O sistema de
crescimento dessas associações metabolizadoras principais pode ser analisado individualmente quanto à sua fonte de C, fonte
de N, doador e aceptor de elétrons; B) além das principais associações de metabolização, as comunidades microbianas do lodo
ativado abrigam uma diversidade de populações de flanco, que foram postuladas para "conectar" o microbioma. No entanto,
são necessárias medições factuais para elucidar a conectividade. Essas peças individuais podem então ser montadas no nível
do microbioma para delinear as interações metabólicas. As rodas dentadas representam os microrganismos e os círculos
internos representam os seus genomas montados. Fonte: baseado em Weissbrodt et al. (2020).

matemáticos de crescimento, a limitação é


2.2.5 Fisiologia microbiana e gradientes caracterizada por funções de saturação (termos de
ambientais Monod) como SS,i/(KS,i + SS,i). Sob certas
circunstâncias, os microrganismos podem
enfrentar várias limitações simultaneamente. Os
2.2.5.1 Fatores ambientais micróbios podem ajustar o seu metabolismo às
Os microrganismos apresentam intervalos múltiplas limitações, por exemplo, modulando sua
fisiológicos de condições ambientais para um afinidade por substratos.
crescimento ótimo. Fatores químicos, biológicos e
físicos impactam nas conversões, manutenção, Outros fatores envolvem temperatura, pressão,
crescimento e seleção. Dependendo dos grupos pH, força iônica, atividade, alcalinidade e
tróficos, os principais fatores que afetam o salinidade (isto é, pressão osmótica). A
crescimento estão relacionados à disponibilidade temperatura afeta a taxa de crescimento dos
de doadores e aceptores de elétrons, nutrientes (C, microrganismos. A faixa ideal de temperatura para
N, P e S), fontes minerais, metais traço para cada grupo é relativamente estreita. Os psicrófilos
atividades enzimáticas e luz. Em modelos crescem a partir de cerca de -12 °C (temperatura de

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crescimento mais baixa medida até agora) a 15 °C, Os fótons conduzem processos fototróficos em
mesófilos entre 15-40 °C, termófilos entre 40-70 faixas de luz visível (VIS, 400-750 nm) e
°C e hipertermófilos entre 70-110 °C. infravermelho próximo (NIR, 780 nm a 3 μm). O
Microrganismos operando em alta temperatura crescimento raramente foi relatado em
geralmente crescem mais rápido. Ao aumentar a comprimentos de onda de energia mais baixa no
temperatura, um aumento gradual na taxa de infravermelho médio (MIR, 3-50 μm) ou distante
crescimento é observado, até que uma queda (FIR, 50-1.000 μm). FIR é usado em fotomedicina
abrupta é observada devido à desnaturação térmica para ativar células humanas. Comprimentos de
das proteínas. Relações diferentes podem descrever onda curtos (ou seja, altas energias) podem ser
a dependência da temperatura. Em química, a inibitórios ou letais para os microrganismos
equação de Arrhenius descreve a dependência quimotróficos e fototróficos. O efeito bactericida
exponencial da constante de velocidade específica da radiação ultravioleta (UV, 10-400 nm) é usado
(k) para a razão de energia de ativação da reação para desativar microrganismos. O efeito da luz nas
para a temperatura (T) do sistema: k = A · e– Ea/(R · taxas biológicas de fototróficos pode ser modelado
T)
, com a constante pré-exponencial A e a constante de diferentes maneiras (Schoener et al., 2019).
dos gases perfeitos R. No tratamento biológico de Tanto a irradiância da luz quanto o comprimento de
esgoto, as taxas são expressas com um coeficiente onda devem ser levados em consideração ao
de temperatura θ, por exemplo, para taxa de abordar os impactos da luz no crescimento
crescimento específica de biomassa qX (ou μ microbiano. Uma aproximação simples é usar
historicamente): qX(T) = qX(Tref) · θ(T-Tref). O termos Monod como I/(KI + I) com intensidade de
coeficiente de temperatura Q10 mede a taxa de luz I (W/m2 ou J/s.m2). Seguindo a lei de Lambert-
mudança sob um aumento de 10 °C em um sistema Beer de absorbância de luz, a intensidade da luz
biológico: Q10 = (R2/R1)10/(T2-T1). Como regra residual no sistema biológico diminuirá
geral, um aumento de 10 °C leva a taxas 2-3 vezes proporcionalmente ao crescimento e concentração
maiores de conversão e crescimento. celular.

O pH mede a atividade de H+. Os gradientes de Fatores químicos podem ativar, limitar ou inibir
pH através da membrana plasmática da célula o crescimento. A inibição pode ser reversível ou
conduzem a bioenergética celular e as taxas de irreversível. Falamos de toxicidade ou letalidade
crescimento. As forças próton-motivas são usadas quando conduzimos à morte celular. Dependendo
pelos organismos que respiram para geração de da concentração, o mesmo elemento, íon ou
ATP por fosforilação oxidativa. Em modelos substância pode promover o crescimento ou ser
metabólicos, o coeficiente α expressa a inibidor e tóxico. Os testes de (eco)toxicidade
dependência de um rendimento de crescimento ao fornecem curvas de dose-resposta ao contatar
pH. Ele representa o ATP necessário para microrganismos, algas, insetos ou células de
transportar o substrato através da membrana mamíferos para aumentar as concentrações de
celular. A dependência do pH de uma taxa produtos químicos. Os valores de EC50, IC50 e LC50
biológica pode ser expressa com um termo Monod expressam concentrações químicas que levam à
como 10-pH/(KpH + 10-pH). As taxas biológicas metade da resposta efetiva, inibitória e letal
podem ser dependentes da temperatura e do pH, e máxima, respectivamente. Existem vários termos
das combinações desses dois parâmetros, tais de inibição na literatura. Eles podem ser
como: qi(T, pH) = qi(Tref, pHref) · θ(T-Tref) · 10- aproximados como termos Monod inversos, como
pH
/(KpH + 10-pH) (Lopez-Vazquez et al., 2009; KI,i / (KI,i + SI,i) com SI,i sendo a concentração do
Weissbrodt et al., 2017). composto inibitório dissolvido e KI,i a constante
inibitória de meia-saturação.

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Os agentes biológicos podem afetar o tanques separados, para selecionar e ativar as


crescimento. Os antimicrobianos são produzidos associações microbianas necessárias para realizar a
por um organismo para desativar um competidor. despoluição de matéria orgânica e compostos de
Populações que desenvolvem resistências podem nitrogênio e fósforo. Sucessões de condições
suportar o estresse antimicrobiano. Patogenicidade, anaeróbias, anóxicas e aeróbias são necessárias
infecção por vírus e predação por protozoários para a RBN completa. As diferentes configurações
como ciliados e por metazoários como nematóides dos processos de RBN são mostradas no Capítulo
e vermes são pressões de seleção que moldam as 6, Figura 6.20. Tanques anaeróbios e anóxicos são
comunidades microbianas em biocenoses de mistos, enquanto a aeração transfere O2 para a fase
esgoto. líquida dos tanques aeróbios. Recirculações
internas de fluxos de esgoto são incluídas para
2.2.5.2 Estabelecimento de nicho fornecer aceptores de elétrons, como NOx- que são
microbiano em sistemas gradientes produzidos no tanque de nitrificação, de volta para
o tanque de pré-nitrificação para sua redução. Para
Os sistemas biológicos naturais e projetados são essa redução, a matéria orgânica afluente serve
caracterizados por gradientes de fatores como doador de elétrons e fonte de C. As zonas
ambientais. A diversidade microbiana é moldada anaeróbias devem ser privadas de aceptores finais
por condições redox e metabolismo energético, e de elétrons para estimular a preferência de
ajustada por nutrientes que os microrganismos substâncias orgânicas e a absorção de AGVs por
assimilam. Os nichos microbianos se estabelecem OAPs e OAGs. Os sistemas de biofilme e lodo
ao longo de gradientes de luz, gradientes de granular usados para intensificação do processo
doadores e aceptores de elétrons, gradientes de prosperam em gradientes. A RBN simultânea pode
fontes de C, N, P e S e gradientes de outros ser obtida na matriz do biofilme. Mais detalhes
minerais e metais traço que podem retirar dos sobre sistemas de biofilme são desenvolvidos nos
substratos. A diferenciação de nicho microbiano capítulos 17-18.
em sistemas aquáticos surge de fenômenos
interfaciais (gás-líquido e líquido-sólido) e de 2.3 MÉTODOS DE ECOLOGIA
transporte (advecção, convecção e difusão) que MICROBIANA E ECOFISIOLOGIA
macroscopicamente moldam o ambiente. Os
microrganismos moldam seu microambiente por Seguindo os primeiros desenvolvimentos em
meio de suas conversões. Um nicho microbiano se microbiologia por Koch e Hesse na Alemanha, os
estabelecerá próximo a outro que forneça um pioneiros da 'Delft School of Microbiology' na
doador ou aceptor de elétrons, fonte de C, N, P ou Holanda deram contribuições importantes em
S e/ou outros micronutrientes. Limitações de virologia e ecologia microbiana (Beijerinck),
difusão em toda a profundidade de sedimentos, biogeoquímica (Baas-Becking), bioquímica
biofilmes e matrizes de grânulos contribuem para a (Kluyver), microbiologia (Van Niel) e
segregação de associações microbianas. Os biotecnologia microbiana (Kuenen e Heijnen). A
substratos são consumidos, convertidos e integração de seus princípios está na raiz dos
difundidos em etapas ao longo da cadeia alimentar avanços feitos na engenharia ecológica para o
microbiana. desenvolvimento de biotecnologias ambientais
para o tratamento biológico de resíduos e esgoto,
A engenharia da comunidade microbiana e o recuperação de recursos e saneamento da saúde
projeto do processo dependem do gerenciamento pública.
de recursos microbianos através de fluxos e
gradientes. Em uma ETE de fluxo contínuo, as
condições redox e de substrato são projetadas em

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2.3.1 Análise de caixa preta a cinza e mãos dadas com fluxos de trabalho de laboratório
branca de microbiomas “seco” de bioinformática e bioestatística.

Nos últimos 100 anos de lodo ativado, o setor de Vários apelos foram feitos nas últimas décadas
engenharia de esgoto desenvolveu, em paralelo, para estabelecer uma ponte entre a ecologia
métodos analíticos de microscopia, microbiologia, microbiana e a biotecnologia ambiental, mas, vinte
ecologia microbiana, bioquímica, ecofisiologia, anos depois, essa necessidade continua sendo o
biologia molecular e microbiologia de sistema. status quo. Os campos de engenharia de processos
e ciências da vida e ambientais se especializaram
A partir das primeiras observações de forma totalmente independente, juntamente com
microscópicas de "animálculos" em fluidos feitas expansões em poder analítico e computacional.
por Van Leuwenhoek no século 17, as biociências Novos métodos e fluxos de trabalho podem gerar
analíticas fizeram um progrsso ininterrupto. Agora novas perguntas de pesquisa, enquanto a escolha do
nos beneficiamos de uma variedade de métodos método depende do objetivo definido no início da
para identificar comunidades microbianas, detectar investigação. São necessários o confronto
e caracterizar microrganismos (ou seja, morfotipos, multilateral e a integração das expectativas e
filotipos, genótipos) e examinar seus metabolismos princípios de microbiologia, biotecnologia e
(ou seja, fenótipos). Passo a passo, novos métodos engenharia.
tornaram possível 'ligar a luz sobre o lodo' e passar
de uma descrição de caixa preta para uma análise
mais caixa-cinza das comunidades microbianas,
2.3.2 Moléculas informacionais dos
que combinada com modelagem matemática microrganismos
permitirá mais previsões quantitativas da caixa- Os quatro tipos predominantes de macromoléculas
branca sobre metabolismos e interações dentro de celulares (ácidos nucleicos, proteínas,
redes microbianas. Além dos nomes de associações polissacarídeos e lipídios) são as principais
e populações de culturas mistas, suas funções moléculas informacionais que compõem a
metabólicas são necessárias para projetar e biomassa (Seção 2.2.2). Eles são úteis para elucidar
controlar processos e prever o desempenho geral. as filogenias e as características funcionais das
Os métodos ecofisiológicos são úteis para populações microbianas.
examinar os fenótipos metabólicos.
O DNA contém o código genético da vida. As
A ecologia microbiana avançou para a sequências de nucleotídeos codificam genes nos
microbiologia de sistema de comunidades e para a genomas de microrganismos. As sequências
biologia de sistema ambiental. Os mais recentes gênicas permitem a identificação de linhagens
métodos 'ômicos' estão fornecendo alta resolução e microbianas e a previsão de seu potencial
rendimento para caracterizar culturas puras e funcional. Uma infinidade de métodos pode ser
comunidades complexas, linhagens microbianas e aplicada a modelos de DNA. De um isolado, pode-
suas características metabólicas que variam de se extrair DNA, sequenciar e analisar seu genoma.
DNA (metagenoma), RNA (metatranscriptoma), Fora do pool de DNA de uma comunidade
proteínas (metaproteoma) a metabólitos (meta - microbiana, pode-se sequenciar o metagenoma e
metaboloma) e seus fluxos (meta-fluxoma). ainda armazenar e anotar genomas de linha única.
Embora a resolução e o rendimento tenham
aumentado drasticamente, grandes conjuntos de O RNA (principalmente o RNAm) contém as
dados levaram a novos desafios para gerenciar, informações sobre os genes transcritos. A
extrair e visualizar as principais informações. Os expressão gênica. pode ser capturada por RT-qPCR
procedimentos de laboratório “úmido” andam de (veja abaixo) ou análises transcriptômicas de alto

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rendimento. O (meta-) transcriptoma de um de certas associações microbianas. Esses


microrganismo ou comunidade informa sobre compostos podem ser visualizados com e sem
quais potenciais genéticos foram expressos pela(s) corantes, por microscopia de contraste de fases,
população(ões) envolvida(s). epifluorescência, varredura a laser e microscopias
eletrônicas de varredura/transmissão. Diferentes
As proteínas abrigam a informação que foi métodos de extração podem ser usados para uma
traduzida do RNA. O sequenciamento do (meta-) análise quantitativa de seus monômeros usando
proteoma de um organismo ou microbioma é útil separações e detecções físico-químicas.
para obter informações tanto filogenéticas quanto
funcionais. Do ponto de vista bioquímico, a As marcações de substrato com isótopos
presença de uma proteína não é suficiente para pesados (por exemplo, 13C, 15N, 32P) e
validar a função metabólica de um organismo. As radiomarcadores (por exemplo, 14C) são usadas
proteínas devem ser ativadas em enzimas que em métodos de ecofisiologia, para rastrear a
catalisam as conversões bioquímicas. Os testes assimilação de substratos em macromoléculas
enzimáticos ajudam a verificar a atividade da celulares e armazenamento de polímeros por
proteína. Ainda assim, um teste de atividade ex-situ microrganismos em comunidades.
em um extrato de proteína pode levar a resultados
diferentes do que um teste metabólico realizado DNA, RNA, proteínas e outros componentes
com as células (ou seja, a proteína está envolvida estruturais da biomassa são biopolímeros altamente
em condições celulares fisiológicas). ordenados presentes no citoplasma ou na
membrana celular. Embora amplamente utilizadas,
Os carboidratos contêm uma enorme suas extrações em analitos representativos dos
quantidade de informações funcionais no glicoma sistemas biológicos originais estão sempre sujeitas
dos microrganismos. Açúcares, açúcares a vieses, tornando os resultados apenas
fosforilados, aminoaçúcares e glicoproteínas são quantitativos. Tendo isso em mente, a
moléculas funcionais dos espaços intracelular e harmonização dos fluxos de trabalho moleculares
extracelular. EPSs são polímeros funcionais ajudará na comparação entre os resultados.
específicos para microrganismos. No entanto, o
acesso às informações glicômicas é bastante difícil 2.3.3 Classificação dos microrganismos:
devido à grande quantidade de moléculas e morfotipos, fenótipos e genótipos
polímeros envolvidos.
Diferentes tipos de classificações taxonômicas e
Os lipídios contêm informações sobre os funcionais de microrganismos de morfotipos a
microrganismos e suas funções. As análises de fenótipos e genótipos têm sido tentados ao longo
ácidos graxos fosfolipídicos (PLFA – phospholipid das décadas e revoluções analíticas. Nas primeiras
fatty acids) podem ser usadas para caracterizar a eras da microbiologia, os microrganismos eram
composição das membranas celulares. O espectro classificados principalmente por observação
de composição química dos PLFAs pode ser usado visual, por meio de microscopia. A microscopia
para diferenciação entre as populações microbianas permitiu o desenvolvimento de classificações
e seus fenótipos, notavelmente entre os domínios microbianas com base na forma dos
bacterianos e eucarióticos. microrganismos (morfotipos). Embora muito úteis
para uma identificação rápida de bactérias
Compostos orgânicos e inorgânicos de filamentosas indesejáveis em lodo ativado, as
armazenamento intracelular, como PHAs, classificações morfotípicas raramente tiveram
polissacarídeos, polifosfato e glóbulos de enxofre sucesso em decompor as filogenias em alta
intracelulares, são específicos para o metabolismo resolução. A bioquímica permitiu a Kluyver e

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45

outros classificarem os microrganismos ao longo métodos baseados em RNAr guiam a sistemática


do metabolismo (fenótipos). Mais uma vez, a nas árvores filogenéticas da vida (Figura 2.1).
resolução da classificação permaneceu em um
nível superior. Métodos de biologia molecular, Esses métodos analíticos se beneficiaram do
baseados em ácidos nucleicos, podem diferenciar sequenciamento Sanger de amplicons completos do
linhagens microbianas em alta resolução. O gene RNAr de populações isoladas ou clones
sequenciamento é a chave para decifrar o código de recuperados de comunidades microbianas. As
nucleotídeos de fragmentos de genes, genomas e plataformas de última geração permitem um
metagenomas. sequenciamento de alto rendimento de pools de
amplicons. Essa mudança de paradigma analítico
Para todos os métodos de classificação, um passou de (i) sequências longas e de alta qualidade
bom banco de dados é necessário para comparação (necessárias para uma classificação precisa), mas
de morfotipos, fenótipos e sequências de ácidos baixo rendimento, para (ii) alto rendimento e
nucleicos e proteínas. Frequentemente, esse é o resolução em microbiomas, mas leituras de
gargalo na elucidação de comunidades microbianas sequências curtas e de baixa qualidade. Novos
ricas e diversas. Uma combinação de métodos é fluxos de trabalho moleculares podem ter como
necessária para um exame preciso das populações alvo o RNAr per se (não o gene), por
microbianas. A microscopia deve sempre ser usada sequenciamento direto completo do pool de RNAr
primeiro para inspecionar visualmente as amostras de amostras ambientais.
microbiológicas. Então, métodos mais avançados e
caros podem ser usados, seguindo uma estratégia 2.3.3.2 Classificação e níveis taxonômicos
analítica clara.
As classificações taxonômicas de microrganismos
2.3.3.1 Genes RNAr para classificação variam de domínio / reino a filo, classe, ordem,
taxonômica em alta resolução família, gênero, espécie e cepa. O comprimento e a
qualidade das sequências levam a diferentes graus
A amplificação por PCR (ver a seguir) e o de resolução nas classificações; quanto mais longa
sequenciamento de amplicons dos genes RNAr 16S e de maior qualidade for a sequência, mais precisa
de procariotos ou 18S de eucariotos impulsionaram e resolvida será a classificação. A nomenclatura de
a "reforma Woeseana" (após Woese, Universidade populações está associada à sistemática. Regras
de Illinois, EUA) para uma elucidação precisa dos claras de semântica, escrita e formatação foram
filotipos. Os genes do RNA ribossomal (RNAr) são definidas internacionalmente. As filogenias são
"universais" para os microrganismos. Esses genes frequentemente revisadas por comitês
fornecem o código para a produção de RNAr, que internacionais. Por exemplo, a classe de
é necessário para ligar aminoácidos em peptídeos e Betaproteobacteria, que existia há muito tempo,
proteínas nos ribossomos. Assim, o DNA de cada foi recentemente combinada com a classe de
microrganismo contém genes de RNAr, de uma a Gammaproteobacteria. O gênero e a espécie de
múltiplas cópias (até 16). Os genes de RNAr são uma população que foi isolada, agora são escritos
compostos de estruturas em haste (stem), que são com termos latinos em itálico, como o gênero
altamente conservadas entre os microrganismos, e Zoogloea e a espécie Zoogloea ramigera. O gênero
de estruturas hipervariáveis em alça (loop) que e a espécie de uma população não isolada não estão
sofrem mutação e evoluem mais rápido do que as em itálico, mas são acompanhados por um termo
hastes. As sequências das regiões hipervariáveis candidato em itálico. Um exemplo é o gênero
dos genes RNAr 16S e 18S são usadas para candidato “Candidatus Accumulibacter” e a
diferenciar filogeneticamente as populações. Os espécie candidata “Ca. Accumulibacter phosphatis
”; o isolamento deste modelo AOP foi tentado em

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diferentes ocasiões nos últimos 20 anos, sem genomas de referência (Rubio-Rincón et al., 2019).
sucesso. As condições de seleção envolvendo a A obtenção de genomas de populações de uma
alternância de condições anaeróbias/aeróbias comunidade impulsiona o desenvolvimento de
tornam difícil isolar “Ca. Accumulibacter” em modelos metabólicos para prever seus
placas de ágar. metabolismos e interações distribuídas e para
remontá-los em escala de microbioma.
Além dos níveis taxonômicos, os termos Proteômica e metaproteômica ajudam a
'população', 'guilda' e 'comunidade' são úteis no classificar taxonomicamente e funcionalmente as
vocabulário de microbiologia ambiental. Uma populações microbianas, de isolados a
população é um conjunto de células microbianas da comunidades, com base nas proteínas identificadas
mesma linhagem (por exemplo, populações de e sequências de peptídeos. Ele fornece uma
Zoogloea ou “Ca. Accumulibacter”). Uma guilda é sugestão adicional sobre a funcionalidade expressa
um conjunto de diferentes populações microbianas pelas populações identificadas. As análises
que compartilham a mesma função (por exemplo, baseadas em proteínas podem ser consideradas
guildas de OHOs, ODHs ou ONAs). Uma uma aproximação grosseira para a atividade.
comunidade microbiana (por exemplo, em lodo
ativado) contém diferentes populações e guildas. 2.3.4 Métodos dependentes versus
métodos independentes de cultivo
Genes funcionais podem ser alvos para
descrever e classificar microrganismos ao junto A análise de microbiomas pode ser feita por meio
com seus potenciais metabólicos e celulares. de métodos dependentes de cultivo ou métodos
Árvores filogenéticas podem ser construídas com independentes de cultivo. Desde o trabalho de
base nas informações sobre genes funcionais que Koch, Hesse e colaboradores sobre patógenos
foram amplificados por PCR e sequenciados. Essa relacionados à saúde pública, no século 19, as
abordagem é usada para diferenciar clados de placas de ágar têm sido usadas para isolar colônias
populações microbianas dentro de uma linhagem, de microrganismos. A obtenção de culturas puras
como clados de “Ca. Accumulibacter”, usando o de isolados tem sido considerada um padrão ouro
gene polifosfato quinase (ppk1). para caracterizar microrganismos, sua fisiologia e
seu metabolismo. No entanto, apenas uma pequena
O sequenciamento completo do genoma é fração de microrganismos é realmente cultivável
usado para identificar e classificar isolados com em culturas puras.
alta resolução, para derivar novas espécies e cepas,
para caracterizar potenciais metabólicos e para As culturas de enriquecimento avançaram no
prever vias metabólicas. campo para descreverem o metabolismo de
populações alvo predominantes. Beijerinck
O sequenciamento completo do metagenoma desenvolveu os primeiros princípios de culturas de
seguido por metagenômica centrada no genoma (ou enriquecimento para criar um meio de cultivo para
seja, armazenamento de genomas de linhagens as necessidades de um microrganismo. Em outros
únicas de metagenomas) (Albertsen et al., 2013) termos, isso pode ser formulado como "Certifique-
impulsionou uma elucidação, em escala fina, de se de que apenas organismos com as propriedades
táxons e de seu potencial funcional completo. desejadas são capazes de se desenvolver na
Árvores filogenéticas de populações de ambientes cultura." (Beijerinck, 1921; Van Niel, 1949; La
de esgoto geralmente são feitas com genes RNAr Rivière, 1997). Combinado com o postulado de que
ou genes funcionais, e agora podem ser construídas "Tudo está em toda parte, mas o ambiente
por comparação de genomas recuperados de seleciona" (Baas-Becking, 1934; De Wit e Bouvier,
metagenomas com bancos de dados contendo 2006), esses princípios fundamentam o projeto de

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processos de ETE sob condições que selecionam as 2.3.4.1 Analisando táxons e funções:
associações (guildas) de microrganismos escolhendo o(s) método(s)
envolvidos nas conversões de C, N e P. Uma vez correto(s)
que menos de 25% dos microrganismos do lodo
ativado podem ser isolados, os experimentos de Mais de 35 métodos de ecologia microbiana estão
laboratório, na pesquisa de biotecnologia disponíveis para analisar táxons e seus
ambiental, prosperam com culturas de metabolismos. A chave reside na pergunta de
enriquecimento. pesquisa subjacente a partir de perspectivas da
microbiologia fundamental ou aplicada. Os
Desde a reforma Woeseana, as caracterizações métodos envolvem microscopia, isolamento,
moleculares de culturas mistas evitaram a biologia molecular básica, impressão digital
necessidade de culturas puras, extraindo e (fingerprinting) da comunidade, sequenciamento
analisando o pool de moléculas informacionais avançado e técnicas de ecofisiologia. Um conjunto
alvos de amostras biológicas complexas. Eles são de métodos clássicos e modernos, frequentemente
chamados de métodos independentes de cultivo. usados no campo da ecologia microbiana e
Métodos de biologia molecular são eficientemente engenharia da água, é apresentado na Figura 2.11,
complementados com microscopia, para visualizar seguido por uma descrição dos métodos
e localizar microrganismos, e com métodos de comumente usados no estudo de sistemas de
Ecofisiologia, para elucidar as reais características tratamento de esgoto. Mais detalhes podem ser
metabólicas desses microrganismos em consórcios. obtidos nas seções 'Microscopia' (Nielsen et al.,
2016) e 'Métodos moleculares' (Karst et al., 2016)
do eBook de acesso aberto da IWA e nos vídeos de
Métodos Experimentais em Tratamento de Esgoto1
(Van Loosdrecht et al., 2016).

1
https://experimentalmethods.org/

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Figura 2.11 Visão geral de mais de 35 métodos analíticos e metas para investigar questões de ecologia microbiana em sistemas
ambientais e de esgotos. A importância não é apenas sobre o método, mas também sobre a pergunta de pesquisa específica
que orienta a sua escolha. A ecologia microbiana envolve um conjunto de métodos, baseados e independentes de cultura, para
direcionar filogenias e funcionalidades. As técnicas de microscopia são fundamentais para visualizar quais tipos de
microrganismos estão presentes em uma amostra biológica. Uma medição simples de microscopia de contraste de fase deve
sempre ser conduzida primeiro, antes de qualquer outra análise. Os métodos de biologia molecular são difundidos com o uso
de marcadores filogenéticos universais (por exemplo, gene 16S RNAr bacteriano e gene 18S RNAr eucarioto) e marcadores
genéticos funcionais (por exemplo, marcação de genes funcionais que codificam para enzimas envolvidas em vias catabólicas
ou anabólicas). Métodos de impressão digital que evoluíram a partir de, por ex. DGGE e T-RFLP para sequenciamento de
amplicons, permitem a caracterização das composições da comunidade microbiana. As análises de alto rendimento fornecem
alta resolução em (meta-) genomas e transcriptomas (via sequenciamento) e em proteomas e metabolomas (via
espectrometria de massa). As técnicas são exibidas em preto e os nomes dos autores representativos são indicados em
vermelho. Fonte: baseado em Nielsen e McMahon (2014).

fornece uma primeira pista sobre a forma dos


2.3.5 Métodos de microscopia, bioagregados e os morfotipos de microrganismos
isolamento e contagem predominantes. Ela diferencia entre, por exemplo,
procariotos e eucariotos, morfotipos específicos,
como bactérias filamentosas, quimiotróficos e
2.3.5.1 Inspeção visual por técnicas de fototróficos (pigmentação) e microrganismos com
microscopia polímeros de armazenamento. A aplicação de
corantes e fluoróforos, que marcam
O exame de uma amostra biológica e
macromoléculas nas amostras, pode revelar
microrganismos subjacentes deve sempre começar
características específicas sob microscopia de luz
pela inspeção visual, a partir de uma descrição
ou fluorescência, dependendo da natureza da
geral na bancada, antes da microscopia de luz ou de
coloração utilizada. Isso pode ser útil, por exemplo,
contraste de fase (Figura 2.12) com e sem
para detectar inclusões especiais nas células, como
homogeneização da amostra. A microscopia
polímeros de armazenamento e lipídios.

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Figura 2.12 Inspeção visual de amostras biológicas de ambientes de esgotos. A) Observações em microscopia de luz de flocos
compactos de lodo ativado, de bulking filamentoso e de uma colônia de protozoários (imagens: D. Brdjanovic e Eikelboom
(2000); barras de escala não disponíveis); B) observação por microscopia de luz de um grânulo de RBN denso e maduro, com
estrutura de biofilme semelhante a couve-flor (B, topo), de uma seção transversal de grânulo com esfera externa branca ativa
e núcleo preto interno inativo (B, meio), e de sedimentação lenta grânulos fofos (B, fundo; agregado tem 1 mm de diâmetro).
Imagens de Weissbrodt (2018) (B, topo), Weissbrodt, Lochmatter e Gonzalez ‐ Gil (B, meio) e Weissbrodt et al., 2012a (B, fundo);
C) Análises MCVL de um floco, um grânulo liso com células homogeneamente dispersas dominadas por Zoogloea spp. de
crescimento rápido, e um grânulo heterogêneo de microcolônias densas dominado por OAP de crescimento mais lento “Ca.
Accumulibacter”. Imagens: Weissbrodt et al. (2013); D) resolução em nível celular, com microscopia de contraste de fase, de
células OAP e OAG com produtos de armazenamento intracelular (imagem: N. Gubser), com coloração MCVL e FM4‐64, para
rotular lipídios de membrana de células preenchidas com produtos de armazenamento inorgânico, ou seja, polifosfato em OAP
(imagem: Weissbrodt et al., 2013), e com FISH e microscopia epifluorescente para detectar OAP semelhantes a “Ca.
Accumulibacter” (imagem: L. Bittencourt Guimarães); E) observação, por microscopia de luz, de um carreador de biofilme,
amostrado de um reator operado para remoção de nitrogênio, da corrente lateral concentrada por nitritação parcial e
anammox (imagem: Weissbrodt et al., 2020). Análise FISH-MCVL para localizar populações de anammox; F) em uma criosecção
de uma unidade espacial de um portador de biofilme (barras de escala de sub-imagens: (a) 500 μm, (b ‐ d) 50 μm; (imagem:
Laureni et al., 2019); G) em biofilme interrompido (imagem: Wells et al., 2017); H) Análise FISH e MCVL multicor de uma mistura
definida de sete isolados de arqueias, bactérias e levedura (imagem: M. Lukumbuzya et al., 2019).

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50

recursos essenciais de um meio bem definido ou da


2.3.5.2 Isolamentos e culturas puras atividade de outros organismos.

Há muitos anos, os microbiologistas vêm tentando 2.3.5.3 Microscopia avançada e contagem


enriquecer, isolar, cultivar e caracterizar rápida de células
microrganismos de interesse em coleções de
cultura pura. A obtenção de uma cultura pura do A hibridização do RNAr (por si) pode ajudar a
organismo-alvo, por meio de estriamento em ágar detectar, identificar, semi quantificar e localizar
em placas de petri, semeadura em ágar em tubos populações microbianas em uma amostra biológica
com ou técnicas de diluição seriada, seguidas por (Figura 2.12). A hibridização fluorescente in situ
pour-plate ou semeadura por espalhamento, é útil (FISH), que tem como alvos o RNAr 16S
para descrever com precisão morfotipo(s), procariótico ou RNAr 18S eucariótico (Nielsen et
fenótipos e genótipos. Essas técnicas envolvem al., 2009), é um método de biologia molecular que
uma matriz de ágar composta por todos os consiste em hibridizar o RNAr 16S ou 18S de
nutrientes necessários para sustentar o crescimento populações microbianas, usando uma sonda de
das micro colônias das populações de interesse. oligonucleotídeo (ou seja, uma fita curta de ácidos
Este tem sido o método preferido para obter novas nucleicos de, tipicamente, cerca de 20 nt) montados
espécies e linhagens. Estas colônias de isolados com um fluoróforo. As sondas de oligonucleotídeo
podem ser colhidas e cultivadas em culturas para FISH podem ser desenhadas para ajustar a
líquidas puras para, por exemplo, testes especificidade de hibridização entre filogenias.
fisiológicos e bioquímicos. Pode ser relativamente inespecífico, por exemplo,
em nível de classe, ou muito específico, em nível
No entanto, o isolamento de microrganismos de gênero. Um desenho de sonda é feito alinhando
ambientais continua desafiador; apenas uma sequências de RNAr de microrganismos alvos
pequena fração de microrganismos pode ser conhecidos e encontrando uma sequência
cultivada com esses métodos. Culturabilidades consensual. Probebase (Greuter et al., 2015) é um
variam de máx. 0,001% em água do mar a 0,30% banco de dados de sondas de oligonucleotídeos2
em solo e 25% em amostras de lodo ativado. No para FISH. Em FISH, populações conhecidas ou
entanto, os regimes de crescimento na natureza são associações de microrganismos são o alvo. É
muito mais complexos do que os regimes de importante saber com antecedência quais
batelada aplicados em placas de ágar de culturas populações podem estar presentes. A impressão
líquidas. Os microrganismos estão digital (fingerprinting) da comunidade microbiana
permanentemente sujeitos a gradientes e variações no início, usando sequenciamento de amplicons
nas condições ambientais. Isso limita a eficiência (Seção 2.3.7), pode ser útil para identificar as
de selecionar e isolar culturas em batelada no populações predominantes e suas abundâncias
laboratório. As composições do meio também são relativas antes de escolher ou desenhar uma nova
diferentes das composições aquosas dos meios de sonda de FISH.
ambientes naturais. A riqueza de meios contendo C
também pode impactar a diversidade de Após a amostragem, as células microbianas são
microrganismos selecionados. Alguns organismos fixadas no escuro em paraformaldeído a 4% (PFA)
são auxotróficos e requerem suprimento externo de seguido por etanol: solução salina tamponada com
fosfato (EtOH:PBS 1:1) para organismos Gram– ou

2
http://probebase.csb.univie.ac.at/

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diretamente em EtOH:PBS 1: 1 para organismos desafiadores para desagregar, e partículas de


Gram+. Caso contrário, o PFA enrijeceria as diferentes biovolumes podem causar problemas nas
membranas dos organismos Gram+, tornando-as medições.
impermeáveis às sondas de FISH. As células são
depositadas em uma lâmina de microscopia A citometria de fluxo (CTF) é um método
revestida com lisina e permeabilizadas em um capilar elegante e rápido para detectar, contar e
protocolo químico específico, com formamida em medir as métricas de células microbianas em uma
combinação com o calor. A sonda FISH com amostra biológica. No entanto, a amostra deve ser
oligonucleotídeos fluorescentes é colocada na desagregada em uma suspensão de células
amostra. Transfere-se para o interior da célula e se individuais (por exemplo, usando um
liga à fita complementar do RNAr, se estiver homogeneizador Potter-Elvejehm) para uma
presente na amostra. As células hibridizadas com a análise precisa e representativa. Na CTF, as células
sonda FISH emitem um sinal fluorescente ao individuais passam uma a uma através de um
microscópio de epifluorescência (MEF), após a capilar antes da detecção do laser. As células
remoção e lavagem dos marcadores não ligados. podem ser detectadas com base no tamanho, forma,
FISH pode fornecer informações semiquantitativas constituintes celulares (por exemplo, baixo ou alto
(qFISH) sobre as abundâncias relativas das teor de ácido nucleico) e colorações ou sondas de
populações microbianas. Com células dispersas, FISH aplicadas. É uma alternativa interessante ao
isso é feito comparando o número de células MEF, desde que a amostra possa ser
fluorescentes hibridizadas com o número total de homogeneizada, o que costuma ser a desvantagem
células presentes na amostra (não coradas, sob com flocos, grânulos e biofilmes. No entanto, a
contraste de fase, ou coradas com outro fluoróforo CTF é muito eficiente na análise da estabilidade
ou sonda fluorescente de FISH). Com biofilmes e biológica de amostras de baixa concentração, como
seções transversais de grânulos, a quantificação água de rio, lençol freático, fonte de água e água
pode ser calculada pela proporção de áreas (não) potável. No campo da água potável, a CTF é
coloridas. reconhecida pelos órgãos reguladores como uma
alternativa padrão para a contagem de células
No entanto, como acontece com qualquer heterotróficas (Hammes e Egli, 2010).
método molecular, FISH pode conter vieses. A
fixação celular, a ligação celular à lâmina de Microscopia de escaneamento a laser confocal
microscopia, a permeabilidade celular, o tamanho (MELC) examina espécimes biológicos em alta
da sonda e a taxa de transferência intracelular, a resolução. Esta técnica avançada de microscopia
eficiência de hibridização, os fluoróforos e a aumenta o zoom para registrar uma estrutura de
intensidade do sinal fluorescente e os fatores floco completa de cerca de 50-100 μm e para
humanos podem impactar o resultado analítico. Os explorar a arquitetura de biofilme e seções
analistas costumam introduzir viés, principalmente transversais de grânulos. A amostra pode ser
observando onde há fluorescência na amostra. preparada por corte físico de um biofilme ou
Assim, em geral, as abundâncias relativas amostra de grânulo com um micrótomo. O exame
calculadas com FISH estão super-representadas. A por MELC envolve o corte óptico da amostra por
"informação escura" da amostra faz parte do penetração do laser em diferentes profundidades
conjunto de dados científicos e também deve ser (máx. 100 μm). A estrutura 3D pode ser
levada em consideração. Portanto, a precisão e a recomposta por capturas de diferentes planos focais
confiança nas medições FISH-MEP podem ser (z-stack ) das imagens digitais. A MELC pode ser
aumentadas registrando uma amostra digital combinado com diferentes colorações
aleatória de 10-30 pontos na amostra. No entanto, fluorescentes, para visualizar características
flocos, grânulos e biofilmes podem ser biológicas, e com sondas FISH, para localizar

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populações de interesse em estruturas de flocos ou para mais sistemática em biologia molecular via,
biofilme. Para FISH, a MELC pode ajudar a por exemplo, testes interlaboratoriais. O banco de
remediar problemas de semi quantificação, ao dados MIDAS e o guia de campo para os
trabalhar com bioagregados, permitindo cálculos microrganismos de lodo ativado e digestores
anaeróbios3 fornecem informações básicas para
de biovolumes.
amostragem, processamento em laboratório úmido
e análise em laboratório seco das composições da
Microscopias eletrônicas de varredura (MEV) e comunidade microbiana (McIlroy et al., 2015;
transmissão (MET) fornecem alta resolução e Nierychlo et al., 2019). Porém, adaptações aos
análises detalhadas de estruturas celulares e protocolos são sempre possíveis e precisam ser
componentes de células microbianas. Sua devidamente relatadas.
combinação com espectroscopia de raios X por
dispersão em energia (EDX) pode ser usada para 2.3.6.2 Reação em cadeia da polimerase
detectar composições elementares na amostra.
Diferentes tipos de fixações são necessários para A reação em cadeia da polimerase (PCR) é uma
MEV, MET e MEV ambiental (MEVA). Além dos técnica de biologia molecular usada para amplificar
fenótipos bioquímicos, a análise de microscopia a sequência de nucleotídeos de um fragmento de
eletrônica (ME) é necessária para descrever uma um gene presente no DNA de um ou vários
nova espécie. organismos. A PCR pode ser realizada para
detectar a presença ou ausência de um gene e de um
organismo que carrega esse gene em uma
2.3.6 Biologia molecular e métodos de comunidade microbiana. A PCR pode ter como
impressão digital (fingerprinting) alvo os genes 16S/18S RNAr ou genes funcionais.
As sequências de oligonucleotídeos dos iniciadores
(ou primers) direto (forward) e reverso (reverse)
2.3.6.1 Extração de ácidos nucleicos e são conformemente projetadas.
proteínas
Uma etapa importante que afeta os resultados A PCR usa um conjunto de dois iniciadores
analíticos das medições de biologia molecular está oligonucleotídicos, conhecidos como iniciadores
relacionada à extração de ácidos nucleicos e direto e reverso, com cerca de 20 pares de bases de
proteínas, antes de sua análise. Atualmente, as nucleotídeos (pb) cada um, para marcar a região de
extrações são realizadas principalmente com kits DNA de fita dupla específica de interesse no gene
fabricados. Uma diversidade de kits e princípios selecionado. Uma enzima polimerase resistente a
podem ser usados para extrair, isolar e purificar alta temperatura é usada para amplificar essa região
essas macromoléculas. O resultado final da análise delineada, pela adição de nucleotídeos, um por um,
molecular será impactado pelo método de extração
à sequência da cadeia do produto de PCR
utilizado inicialmente (Albertsen et al., 2015;
Rocha e Manaia, 2020). Para fins de (conhecido como amplicon). A amplificação
reprodutibilidade e comparação, é preferível funciona por meio de sequências de ciclos de
processar todas as amostras da mesma série com os temperatura e reações de replicação, realizadas em
mesmos kits e métodos. Uma comparação de um termociclador. Os programas de PCR envolvem
desempenho do kit pode ser realizada no início, ao a desnaturação inicial do DNA molde para abrir a
iniciar um novo projeto. Os resultados dos métodos fita dupla (por exemplo, 5-10 min a 95 °C) seguido
moleculares que não usam os mesmos fluxos de por cerca de 30 ciclos de (i) desnaturação (por
trabalho e de diferentes grupos e artigos raramente exemplo, 1 min a 95 °C), (ii) anelamento dos dois
podem ser comparados. Esforços são necessários iniciadores direto e reverso nas duas fitas (por

3
https://www.midasfieldguide.org/

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exemplo, 45 segundos a 50-60 °C) e (iii) biológica. As sequências de RNAm podem ser
alongamento da sequência de amplicons pela transcritas reversamente em DNA complementar
polimerase (por exemplo, 2 min a 70-75 °C), (DNAc) antes da qPCR. Isso fornece pistas sobre a
seguida por um alongamento final dos amplicons expressão do gene marcado e a regulação da
(por exemplo, 10 min a 70-75 °C). Os valores dos transcrição nas células, como um primeiro
parâmetros dependem dos genes e organismos representante da "atividade" microbiana.
visados e podem ser encontrados na seção de
métodos em artigos. As composições químicas das 2.3.6.3 Bibliotecas de clones
misturas de reação, temperaturas e comprimentos
de fase da PCR são muito específicos para a Antes do advento do sequenciamento de alto
composição de nucleotídeos dos genes de interesse. rendimento, a composição dos amplicons obtidos
Um fragmento de gene com maior conteúdo de por PCR era obtida por meio da geração de uma
ligações de nucleotídeos G-C (conhecido como biblioteca de clones e do sequenciamento dos
conteúdo GC) precisaria de desnaturação mais fragmentos gênicos presentes em cada clone. Neste
intensa para abri-los. Dependendo do tipo de método, após a purificação, o pool de produtos de
análise de impressão digital ou sequenciamento PCR é colocado em contato com células de
subsequente, uma PCR é conduzida com primers Escherichia coli. Cada fragmento é ligado a um
marcados. Os produtos de PCR são verificados em vetor de plasmídeo e transformado em uma célula
um gel de agarose. Uma banda característica do de E. coli por choque térmico. O pool de células
comprimento da sequência do gene alvo deve ser transformadas de E. coli é incubado overnight a 37
detectada. Caso a PCR não seja específica, obtém- °C em uma cultura líquida, para multiplicação das
se uma mistura de bandas de diferentes células. A mistura de células é semeada em placas
comprimentos, sendo necessária a otimização dos de ágar, antes de uma segunda incubação, a fim de
iniciadores e das condições de reação da PCR. cultivar colônias de células transformadas. Cerca
Quando uma banda está faltando, isso indica que a de 100-500 colônias de clones, em que cada um
PCR não foi bem-sucedida (ou a PCR não é contém um tipo de fragmento de gene, são
específica ou o DNA do organismo-alvo está coletadas uma a uma para PCR e sequenciamento
ausente no pool da amostra). Sanger de produtos de PCR (ou seja, amplicons). O
número de leituras de uma sequência específica
PCR quantitativo (em tempo real) (ou seja, está relacionado à abundância relativa de
qPCR) fornece poder adicional para fragmentos de genes presentes no conjunto de
semiquantificar a abundância relativa deste gene amplicons. O sequenciamento de clonagem é usado
e/ou microrganismo. A fluorescência é emitida para identificar as populações microbianas
sempre que um produto de PCR é formado. De predominantes no processo de interesse. Ele
ciclo para ciclo, uma produção exponencial de também fornece sequências longas e de alta
amplicons é detectada pelo detector de qualidade dos fragmentos do gene. O número de
fluorescência. No entanto, como acontece com leituras de uma sequência específica está
qualquer estudo molecular, embora seja chamado relacionado à abundância relativa de fragmentos de
de "PCR quantitativo", os resultados de qPCR de genes presentes no conjunto de amplicons. O
diferentes estudos são afetados por vieses em todos sequenciamento de clonagem é usado para
os fluxos de trabalho, o que os torna muito difíceis identificar as populações microbianas
de comparar (Rocha e Manaia, 2020). predominantes no processo de interesse. Ele
também fornece sequências longas e de alta
A transcrição reversa (RT) e a qPCR qualidade dos fragmentos do gene.
(conhecida como RT-qPCR) tem como alvo o
RNA. O pool de RNA é extraído da amostra

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2.3.6.4 Impressão digital (fingerprinting) da (ou seja, número e dispersão de abundâncias


comunidade relativas de OTUs no perfil). Os métodos de
impressão digital são eficientes para verificar
A abundância relativa de fragmentos de genes rapidamente, em cerca de 1-2 dias, por exemplo, o
obtidos após PCR, a partir do pool de DNA nível de enriquecimento de OTUs marcadas em um
genômico (DNAg) da comunidade microbiana, biorreator ou para detectar uma mudança drástica
pode ser perfilada por, por exemplo, eletroforese na predominância de uma OTU no caso de uma
em gel de gradiente desnaturante (DGGE), análise perturbação do processo.
automatizada do espaço intergênico ribossomal
(ARISA), análise de restrição de DNA ribossomal
amplificado (ARDRA) ou polimorfismo do
2.3.6.5 Sequenciamento moderno de
tamanho de fragmento de restrição terminal (T- amplicon
RFLP). Uma PCR é realizada nos genes 16S ou Novos avanços em sequenciamento permitiram que
18S RNAr no início, se o objetivo for traçar o perfil o pool de amplicons fosse sequenciado
das populações microbianas. Essas técnicas diretamente. O sequenciamento do amplicon
também podem ser usadas para abordar a melhora drasticamente a profundidade das
diversidade de um conjunto de fragmentos de um bibliotecas de OTUs ou variantes de sequência do
gene funcional em toda a comunidade. Esses amplicon (ASVs, do inglês amplicon sequence
métodos clássicos têm sido amplamente utilizados variants) obtidas. Ele permite uma caracterização
desde os anos 90 para a obtenção da impressão eficiente das composições da comunidade
digital das comunidades microbianas. O resultado microbiana através da obtenção das identidades dos
desses métodos é, principalmente, um conjunto de microrganismos e suas abundâncias relativas.
bandas, de comprimentos relacionados aos
fragmentos de gene amplificados e/ou restritos. A O sequenciamento do amplicon consiste na
diversidade de bandas fornece uma representação amplificação por PCR de um fragmento de gene
da diversidade de unidades taxonômicas alvo do DNAg, extraído de uma amostra biológica,
operacionais (OTUs, do inglês operational e no sequenciamento do pool de amplicons obtidos.
taxonomic units) presentes em uma comunidade Este método é tipicamente aplicado a
microbiana. A classificação taxonômica dos sequenciamentos de amplicons de genes RNAr 16S
fragmentos de genes pode ser obtida por clonagem bacteriano e 18S de eucariotos. Conjuntos de
e sequenciamento ou combinação com iniciadores são usados para amplificar regiões
sequenciamento de amplicon. Na transição hipervariáveis desses genes "universais" a partir do
tecnológica de impressão digital clássica para pool de DNAg obtido da comunidade microbiana.
pirosequenciamento, o método PyroTRF-ID foi Os amplicons marcados (cerca de 300-600 pb) são
desenvolvido para relacionar fragmentos de purificados, quantificados, agrupados e
restrição terminal a filotipos por comparação de T- sequenciados com alto rendimento em plataformas
RFLP e perfis de sequenciamento de amplicon de bancada de nova geração, como MiSeq
(Weissbrodt et al., 2012b). Os perfis obtidos por (Illumina), Ion Torrent, PacBio, Oxford Nanopore,
essas diferentes técnicas são representados como entre outros.
abundâncias relativas de OTUs. Eles podem ser
descritos em termos de riqueza (ou seja, número de
diferentes OTUs presentes no perfil) e diversidade

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Figura 2.13 O modelo conceitual de Weissbrodt do ecossistema de lodo granular RBN, destacando as principais conversões C,
P e N (A, esquerda), junto com a associação microbiana envolvida e suas populações bacterianas subjacentes (B, direita). A alta
resolução na detecção de populações presentes no microbioma é revelada pelo sequenciamento do amplicon do gene 16S
RNAr. Traços funcionais podem ser atribuídos a linhagens, de acordo com relatos da literatura. O modelo conceitual de
ecossistema constitui uma base sólida para direcionar outras análises ecofisiológicas. Um processo de lodo granular é operado
de forma eficiente para RBN completa em um reator em batelada sequencial (RBS), que alterna as sequências de uma fase
anaeróbia, com disponibilidade de C, e uma fase de carência aeróbia ou anóxica, na presença de oxigênio dissolvido (O2) e/ou
nitrogênios oxidados (NOx-) como aceptores finais de elétrons. A matriz de biofilme dos grânulos induz limitações de difusão,
o que resulta em gradientes de substrato e condições redox na profundidade, e possibilita processos simultâneos de
nitrificação e desnitrificação. Sob condições anaeróbias, a matéria orgânica particulada (X s) é hidrolisada em um substrato
solúvel (Ss) e fermentada em ácidos graxos voláteis (AGVs), por organismos hidrolíticos e fermentativos, antes do
armazenamento intracelular de AGVs, como poli‐β‐hidroxialcanoatos (XPHA) por organismos acumuladores de polifosfato
(OAPs) e acumuladores de glicogênio (OAGs). OAPs e OAGs envolvem a degradação do glicogênio (XGLY), como fonte de ATP,
e NADH para a polimerização de PHAs. Os OAPs hidrolisam o polifosfato (XPP) como fonte extra de ATP para o transporte
intracelular ativo de acetato, resultando na liberação de ortofosfatos no meio (SPO4). Em condições aeróbias e/ou anóxicas,
OAPs e OAGs crescem no reservatório intracelular de carbono e elétrons de PHAs. Ambas as associações reabastecem seus
estoques de glicogênio, e OAPs seus estoques de polifosfato, removendo ortofosfatos dos esgotos. OAPs e OAGs podem se
desenvolver acoplando seus catabolismos à desnitrificação, tornando-se OAPs e OAGs desnitrificantes (DOAPs e DOAGs).
Nitrogênios oxidados (SNOx, como SNO2 ou SNO3) são fornecidos pela oxidação de amônio por nitrificadores, por meio de
duas associações de organismos oxidadores de amônio (OOAs) aeróbios e organismos oxidadores de nitritos (OONs). Algumas
populações comammox do gênero Nitrospira, na associação de OONs podem oxidar totalmente o amônio (SNH4) em nitrato
(SNO3). A associação de organismos heterotróficos desnitrificantes (OHDs) é surpreendentemente vasta em lodo granular de
RBN. Uma pergunta intrigante permanece: em qual fonte de carbono e elétron todas essas populações prosperam senão
armazenando AGVs na fase anaeróbia? As populações de Anammox também podem estabelecer seus nichos nas proximidades
dos grânulos. Figura: baseado em Weissbrodt et al. (2014) e Winkler et al. (2018).

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Conjuntos de dados de contagens de leitura de 2.3.7 Métodos "ômicos" de alto


10k-100k são normalmente obtidos por amostra, rendimento
dependendo da profundidade de sequenciamento
necessária. Um conjunto de leituras de 10 k-30 k é Os microbiomas podem ser caracterizados em alta
suficiente, quando se visa perfis de populações resolução e rendimento por meio da análise de
predominantes. Aumentar a profundidade de macromoléculas informativas. O sequenciamento e
sequenciamento por amostra, reunindo menos a espectrometria de massa medem a diversidade
amostras na mesma célula de fluxo de desses materiais em uma comunidade microbiana.
sequenciamento, fornece maior resolução para As técnicas integradas "meta-omicas"
descrever a diversidade microbiana com (Narayanasamy et al., 2015) podem ter como alvo
populações de baixa abundância. Os conjuntos de vários níveis de DNA a RNA, proteínas e
dados são processados usando rotinas de metabólitos na regulação de metabolismos através
bioinformática e visualizados e analisados usando das complexas redes microbianas de comunidades
ecologia numérica (Weissbrodt et al., 2014; microbianas (Figura 2.7).
Albertsen et al., 2015), usando, por exemplo,
pacotes com o software R. Os perfis da comunidade No nível do DNA, o sequenciamento do
microbiana são representados como gráficos de metagenoma de um lodo gera a informação
barras empilhados ou mapas de calor para revelar genética completa de todos os microrganismos
suas composições e a dinâmica das populações presentes na comunidade microbiana. A
envolvidas. Com leituras curtas de 300-600 pb, microbiologia do sistema visa ainda obter
pode-se obter classificações taxonômicas do filo informações genômicas de linhagem única, além
em níveis de classe, ordem, família e gênero. Com dos metagenomas. A metagenômica centrada no
os mais recentes desenvolvimentos no uso de genoma é a arte de separar os genomas de
sequenciadores com saídas de leitura longa, agora populações microbianas únicas do metagenoma do
é possível obter o sequenciamento dos RNAr lodo. O genoma de um organismo é a unidade
completos (por si só) de populações presentes em essencial que fornece todo o potencial genético do
uma comunidade microbiana. Isso aumenta microrganismo de interesse. Os genomas montados
consideravelmente a precisão e resolução da de metagenoma (MAGs, do inglês metagenome-
classificação taxonômica de filotipos, além do assembled genomes) são referências muito
gênero até os níveis de espécie. importantes antes de qualquer sequenciamento de
RNA ou espectrometria de massa de proteína
A resolução obtida em linhagens microbianas e subsequentes. Eles também são úteis para mapear
composições de comunidades microbianas fornece as vias metabólicas antes das análises de
informações úteis para construir modelos metabólitos e seus fluxos, durante as conversões
conceituais de um ecossistema de lodo ativado. A microbianas. Um exemplo de MAG é dado na
Figura 2.13 exemplifica um modelo conceitual de Figura 2.14 para “Candidatus Accumulibacter
ecossistema construído para lodo granular de RBN delftensis” que foi recuperado do metagenoma de
com base nas informações filogenéticas detalhadas um lodo de remoção biológica avançada de fósforo
obtidas por sequenciamento de amplicons e as (RBAF).
características funcionais recuperadas da literatura
para todos os microrganismos predominantes
detectados.

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Figura 2.14 Análise metagenômica centrada no genoma de “Candidatus Accumulibacter delftensis”: A) genomas de linhagem única quase completos foram recuperados de
três populações microbianas diferentes, afiliadas aos gêneros “Ca. Accumulibacter ”, Thermomonas e Nocardiodes, por binning com cobertura diferencial do metagenoma de
um lodo de RBAF; B) o genoma montado (MAG) de “Ca. Accumulibacter” apresentou altos níveis de integridade e baixa contaminação; C) uma árvore filogenética baseada no
genoma foi construída mapeando o genoma de interesse da “Ca Accumulibacter" com outros MAGs disponíveis em bancos de dados públicos. É afiliado ao “Ca.
Accumulibacter” clado IC. Era significativamente diferente em composição de outros MAGs e se chamava “Ca. Accumulibacter delftensis”; D) anotações funcionais das regiões
de codificação genética do MAG. Fonte: modificado de Rubio-Rincón et al. (2019).
59

No nível do RNA, a metatranscriptômica visa Os métodos multi-ômicos podem ser


sequenciar o pool de RNAm que foi expresso pela estendidos com glicoma e lipidoma, para medir a
comunidade microbiana sob um conjunto de diversidade altamente complexa de carboidratos e
condições operacionais. Metatranscriptomas moléculas funcionais lipídicas em microbiomas.
podem ser mapeados contra MAGs para destacar As análises de mobilomas podem detectar o
quais funções genéticas de um (conjunto de) conjunto de elementos genéticos móveis e
microorganismo(s) foram transcritas de DNA para resistências antimicrobianas que são transferidos
RNA. Isso fornece informações sobre a regulação horizontalmente em uma comunidade. As análises
da transcrição desses organismos. de viromas medem vírus e bacteriófagos e seus
impactos no lodo.
Em nível de proteína, a metaproteômica visa
sequenciar a sequência de aminoácidos de
proteínas e peptídeos presentes nas células da 2.3.8 Métodos de ecofisiologia
comunidade microbiana. O processamento de um
metaproteoma faz uso eficiente de MAGs para Os métodos de ecofisiologia são necessários para
identificar proteínas e sua afiliação a examinar e validar as funcionalidades metabólicas
microorganismos-chave. A ativação de proteínas destacadas como potenciais usando DNA, RNA e
como enzimas deve ser demonstrada para uma abordagens moleculares baseadas em proteínas.
maior compreensão das ativações pós-tradução de Eles fazem uso de substratos marcados para
conversões em microrganismos; a detecção de rastrear sua conversão e assimilação em células
proteínas fosforiladas pode ser útil nisso. (Musat et al., 2012; Nielsen et al., 2016).

A ativação de uma via metabólica leva à produção A sondagem por isótopos estáveis (SIP, do
de metabólitos, através da rede de reações inglês stable isotope probing) consiste em rastrear
bioquímicas catalisadas pelas enzimas. O pool de a assimilação de um substrato marcado com
metabólitos extracelulares e intracelulares pode ser isótopos pesados estáveis não radioativos (por
analisado, por cromatografia líquida e exemplo, 13C vs. 12C, 15N vs. 14N) em
espectrometria de massa em tandem, em diferentes macromoléculas, tais como DNA, RNA, proteínas,
pontos no tempo de um biorreator sujeito a uma carboidratos ou lipídios. Após incubações de
perturbação. Os fluxos de metabólitos podem ser amostras de lodo com substratos marcados, o pool
posteriormente quantificados como taxas. As de macromoléculas de interesse é extraído. As
análises metabolômicas e fluxômicas rastreiam as frações pesadas dos pools de DNA ou RNA são
concentrações de metabólitos e seus fluxos durante separadas por ultracentrifugação antes da análise
a regulação. Essas análises são frequentemente molecular com um dos métodos
realizadas usando, por exemplo, substratos descritosanteriormente. O sequenciamento do
marcados com 13C ou 15N, para rastrear mudanças amplicon levará à identificação dos
transientes em estados metabólicos na comunidade microrganismos que integraram os isótopos
microbiana em um reator em escala de bancada. As pesados em seus ácidos nucleicos. A análise de
análises de fluxo metabólico são combinadas com espectrometria de massa ajudará a identificar
modelagem matemática para desenvolver proteínas que incorporaram os elementos pesados e
previsões quantitativas de desempenhos sua afiliação taxonômica.
metabólicos, de microrganismos individuais a
redes de populações microbianas em uma FISH (Seção 2.5.3) pode ser combinado com
comunidade microbiana. microautoradiografia (MAR), espectroscopia
Raman ou espectrometria de massa de íons
secundários (SIMS, do inglês secondary-ion mass

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spectrometry) para localizar populações Se o objetivo é a tradução para o contexto da


microbianas e simultaneamente identificar quais engenharia, os grandes conjuntos de dados gerados
células assimilaram ativamente, por exemplo, por ômicas devem passar da descrição pura para o
composto radiomarcados 14C, 3H, 32/33P ou 35S desenvolvimento de conceitos teóricos que possam
(MAR, Raman, SIMS) ou um composto de isótopo sustentar o desenvolvimento de estratégias de
estável (Raman, SIMS). FISH-MAR é usada para engenharia da comunidade microbiana. As ETEs
elucidar se as populações de anammox podem não são projetadas com base no sequenciamento,
armazenar compostos orgânicos sob condições mas principalmente na estequiometria e na cinética
convencionais (Laureni et al., 2015). SIMS em do crescimento microbiano. A ecologia microbiana
nanoescala (NanoSIMS) fornece resolução em estabelece os princípios para criar comunidades
nanoescala para detectar o estado metabólico de microbianas. A termodinâmica do crescimento
células individuais em uma amostra. Essas técnicas microbiano define os limites e a espontaneidade
se aplicam a amostras de biomassa que são das conversões microbianas. A bioquímica informa
rapidamente fixadas quimicamente após a se um microrganismo abriga a maquinaria
amostragem para fixar o estado metabólico das enzimática necessária para realizar a conversão. A
células na amostragem temporal de pontos. O estequiometria fornece informações sobre as
NanoSIMS é usado para rastrear a conversão de proporções de nutrientes, doadores e aceptores de
carbono em um consórcio anammox (Tao et al., elétrons necessários para sustentar o crescimento
2019). No entanto, essas técnicas estão das associações microbianas de interesse. Refere-
relacionadas a custos exponencialmente se a despesas operacionais (OPEX, do inglês
crescentes. Sua implementação requer a operating expenditures), por exemplo, a
formulação de perguntas de pesquisa sobre o quantidade de O2 que deve ser transferida para a
metabolismo microbiano desde o início. fase líquida de um tanque de aeração. A cinética
fornece informações sobre a velocidade de
conversão microbiana. Refere-se a despesas de
2.3.9 De análises de ecologia microbiana à capital (CAPEX, do inglês capital expenditure),
engenharia de comunidade como os volumes dos tanques de lodo ativado, ou
microbiana seja, o dimensionamento da planta e a quantidade
de concreto e aço necessária para construir a
Do ponto de vista da engenharia, os métodos instalação.
microbiológicos e de biologia molecular formam
uma caixa de ferramentas para uma lista essencial Além de saber sobre os microrganismos e
de informações microbianas para o projeto, metabolismos visados (seja no início ou revelado
monitoramento e controle de bioprocessos após medições analíticas), desenvolver uma
ambientais. As questões subjacentes à descrição matemática racional de seu crescimento
microbiologia do sistema visam desvendar o é essencial para a compreensão, previsão e projeto.
seguinte: Quais populações estão presentes /
ativas? O que eles estão fazendo? Onde eles estão 2.4 PRINCÍPIOS BÁSICOS DO
fazendo isso? Quais condições acionam a seleção e CRESCIMENTO MICROBIANO
ativação? Quais são as consequências de uma
perturbação do processo na seleção microbiana e 2.4.1 Crescimento microbiano
no metabolismo? Qual é o impacto retornado pelas
populações e pelas mudanças metabólicas na O metabolismo microbiano compreende todas as
comunidade no desempenho do processo? reações bioquímicas envolvidas no crescimento e
manutenção das células vivas. O crescimento
microbiano é impulsionado por reações redox

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termodinamicamente favoráveis e produtoras de 1994). Na reação catabólica, a energia é gerada por


energia (catabolismo) que são bioenergeticamente meio da transferência de elétrons de um doador de
acopladas à síntese de biomassa (anabolismo) e elétrons para um aceptor de elétrons. Na reação
processos independentes de crescimento, mas anabólica, essa energia é usada para a síntese de
indispensáveis (chamados de manutenção) (Figura componentes celulares de uma fonte de C, uma
2.15) (Heijnen e Van Dijken , 1992; Heijnen, fonte de N e outros nutrientes.

Figura 2.15 Acoplamento bioenergético do processo catabólico produtor de energia com a síntese de biomassa anabólica, e
processos de manutenção independentes do crescimento. A energia química liberada no catabolismo é transferida para o
composto rico em energia adenosina trifosfato (ATP). Fonte: adaptado de Heijnen e Kleerebezem (2010).

As fontes de C para a biossíntese são orgânicas ou A estequiometria geral de qualquer reação de


inorgânicas e os processos anabólicos são crescimento microbiano pode ser escrita na forma
altamente conservados (ou seja, semelhantes) em de uma equação como segue na Eq. 2.1.
todas as bactérias. As fontes de energia são de três
tipos: orgânica, inorgânica e luz. Os processos - YeD/X . e-doador – YCs/X . C-fonte – YNs/X . N-fonte
catabólicos podem variar amplamente entre os - YeA/X . e-aceptor + 1. Biomassa ± YH2O/X . H2O ± YXCO3-
diferentes grupos microbianos. É o catabolismo, e /X . HCO3- ± YH+/X . H+ + ... = 0
em particular a variedade de combinações
possíveis de doadores e aceptores de elétrons para (2.1)
geração de energia, que molda a imensa
diversidade microbiana encontrada na natureza. As onde os coeficientes estequiométricos (Y i/X) são
fontes específicas de energia, elétrons e carbono expressos por mol de biomassa produzida
são usadas para a classificação principal dos (moli/molX).
microrganismos (Figura 2.8). Os microrganismos
podem ser ainda classificados com base no aceptor Os valores de todos os coeficientes
de elétrons (por exemplo, aeróbio para O2) ou estequiométricos são positivos e o sinal que os
produto metabólico (por exemplo, acetogênico precede deriva dos balanços de massa elementar e
para produtores de acetato). de carga (Seção 2.4.3). É importante notar que,
embora tenhamos optado por definir YX/X como 1
molX/molX, qualquer coeficiente estequiométrico

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pode ser definido como unidade, com os outros transportadora de elétrons, para o aceptor. Em
coeficientes de rendimento sendo expressos em paralelo a esse processo de transporte de elétrons,
relação a este componente. Na Eq. 2.1, todos os os prótons são transportados através da membrana
coeficientes de rendimento podem ser derivados de celular para o exterior da célula. O pH resultante e
balanços elementares (balanços de C, H, O e N) o gradiente de carga criam uma força motriz de
uma vez que um dos coeficientes de rendimento prótons que é usada para o transporte de vários
seja conhecido. Tradicionalmente, este é o compostos através da membrana celular, mas
substrato necessário para produzir uma unidade de principalmente para a produção de ATP pela
biomassa. Quando fontes orgânicas de C são enzima ATP-ase. Durante a geração de ATP, os
usadas, o doador de elétrons e a fonte C geralmente prótons são transportados de volta para o interior
coincidem (por exemplo, metabolismo da célula. Assim, existem três metabólitos centrais
quimioorganoheterotrófico). principais na bioenergética bacteriana: acetil-CoA,
ATP e NADH. O nível intracelular desses
As subseções a seguir apresentam a compostos atua como um poderoso regulador do
metodologia para derivar as reações anabólicas e metabolismo das bactérias.
catabólicas e como combiná-las com base em um
coeficiente estequiométrico medido ou estimado É importante ressaltar que, na ausência de um
para obter a equação metabólica geral. Primeiro, as aceptor de elétrons externo, a célula não pode
principais vias de geração de energia são resumidas regenerar a NADH produzida pela glicólise, e o
e é apresentada a metodologia para derivar a ciclo do ATC não funcionará para oxidar o
estequiometria de qualquer reação redox e calcular substrato além do piruvato e acetil-CoA. Sob essas
a energia gerada. condições, o próprio carbono orgânico pode ser
usado como um aceptor de elétrons e ser reduzido
com a NADH gerada na glicólise em produtos
como acetato e propionato. Este processo de
2.4.2 Bioenergética bacteriana
transferência interna de elétrons é denominado
As duas principais vias de geração de energia fermentação.
biológica são a glicólise e o ciclo do ATC (Seção
2.2.3). A glicólise oxida parcialmente a glicose (um Curiosamente, a maioria das vias biossintéticas
açúcar) em piruvato e acetil-CoA. O acetil-CoA é redutoras no anabolismo dependem de uma
então totalmente oxidado a CO2 no ciclo do ATC coenzima que é equivalente a, mas distinta de
(Figura 2.16). A energia química liberada nessas NADH, a saber, NADPH. A NADPH é produzida
conversões é transferida para o composto rico em na via da pentose fosfato juntamente com a ribose-
energia adenosina trifosfato (ATP) e os elétrons são 5-fosfato, um precursor do DNA e do RNA.
transferidos para a forma oxidada da coenzima Embora a NADH possa ser convertida em NADPH
nicotinamida adenina dinucleotídeo (NAD+), que é e vice-versa, isso só pode acontecer às custas do
reduzida a NADH. ATP, destacando como as células mantêm sistemas
separados de energia e crescimento.
Na presença de um aceptor de elétrons, como
O2 ou NOx-, como nitrato (NO3-) ou nitrito (NO2-),
o NADH é regenerado de volta ao NAD+ por uma
transferência de elétrons, através da cadeia

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Figura 2.16 Visão esquemática geral da bioenergética bacteriana, destacando os metabólitos centrais, acetil-CoA, ATP, NADH
e NADPH, e os principais processos catabólicos e anabólicos. Fonte: adaptado de Comeau et al. (2008).

elementares e de carga. Primeiro, o equilíbrio


2.4.3 Reações redox elementar do átomo central do doador e aceptor de
elétrons (por exemplo, C, N e Fe) precisa ser
O crescimento quimotrófico e independente da luz fechado. Em seguida, os balanços elementares de
é impulsionado e sustentado pela energia (como a O, H e a carga são fechados nas etapas
energia livre de Gibbs) gerada nas reações de subsequentes, para fornecerem os coeficientes de
oxidação-redução (redox). As reações redox H2O, H+ e e-. Para uma discussão mais extensa e
envolvem a transferência de elétrons de um doador exemplos de implementação de balanço de massa
de elétrons reduzido (que está sendo oxidado) para em uma planilha, o leitor pode consultar
um aceptor de elétrons oxidado (que está sendo Kleerebezem e Van Loosdrecht (2010).
reduzido). A estequiometria de qualquer reação
redox, aqui definida como uma equação, é derivada Uma vez que as semi-reações são equilibradas,
pela identificação das meias-reações do doador de a reação redox completa é definida como segue:
elétrons (D) e aceptor de elétrons (A):

onde os fatores de multiplicação λD e λA podem


ser expressos como uma função de coeficientes
estequiométricos conhecidos, definindo duas
onde, por definição, as duas semi-reações são equações independentes. Primeiro, a neutralidade
comumente expressas por mol de doador de elétron do elétron, ou seja, nenhuma produção ou consumo
ou aceptor de elétron consumido (por exemplo, líquido de elétrons na reação completa, é assumida
D
Ye/eD em mole/moleD). Uma vez que doador e o (Eq. 2.4).
aceptor de elétrons são definidos, os valores de
todos os coeficientes estequiométricos e o sinal que
os precede podem ser derivados de balanços

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Em segundo lugar, é escolhido o valor de um


coeficiente estequiométrico da reação completa.
Normalmente, a reação é expressa por mol de
doador de elétrons consumido, da seguinte forma: e a reação geral pode ser derivada da Eq. 2.7,

D
Considerando que Ye/eD = 24 mole/moleA e
A
A partir das Eqs. 2,4 e 2,5, a eq. 2.3 pode ser Ye/eA é igual a 4 mole/moleA
reescrita da seguinte forma:
Observe que em todos os exemplos os valores
dos coeficientes estequiométricos são
arredondados.

D Exemplo 2.2 Fermentação de glicose a etanol


Onde, por definição, YeD/eD = 1 moleD/moleD.
Na ausência de um aceptor de elétrons externo, a
Além disso, quando o doador e o aceptor de
glicose serve tanto como doador de elétrons
elétrons não coincidem (ou seja, eD ≠ eA), o
(C6H12O6/HCO3-) e como aceptor de elétrons,
doador de elétrons não está envolvido na meia-
A sendo reduzida a etanol (C6H12O6/C2H6O). As
reação do aceptor de elétrons (ou seja, YeD/eD = 0),
seguintes semi-reações balanceadas podem ser
portanto, a Eq. 2.6 torna-se: escritas:

Nesta equação, os coeficientes e a reação fermentativa geral pode ser derivada de


estequiométricos de A são normalizados para Eq. 2.8,
equilibrar os elétrons na reação geral. Em contraste,
quando o doador e o aceptor de elétrons coincidem
(eD = eA), por exemplo, a reação catabólica em D A
A D Considerando que Ye/eD = 24 mole/moleD e Ye/eA é
organismos fermentativos, YeD/eD = YeD/eD = 1
igual a 12 mole/moleA.
moleD / moleD e Eq. 2.6 tornam-se:

Exemplo 2.3 Grau de redução (γ) e demanda


química de oxigênio (DQO)
Em uma reação redox, os elétrons são conservados.
Uma vez que a maioria das reações biológicas são
Exemplo 2.1 Respiração aeróbia de glicose essencialmente balanços redox, o balanço de
Em condições aeróbias, a glicose é oxidada a elétrons é um balanço extra valioso para derivar a
bicarbonato e, portanto, atua como doador de estequiometria. Para tanto, o grau de redução (γ) foi
elétrons (C6H12O6/HCO3-). O oxigênio é o e- introduzido na biotecnologia. Essencialmente, a
aceptor e é reduzido a água (O 2/H2O). Com base quantidade de elétrons em um composto químico
nos pares de doadores e aceptores de elétrons em relação aos compostos químicos de referência é
definidos, as seguintes semirreações balanceadas calculada. Em geral, os compostos de referência
podem ser escritas: escolhidos estão presentes na maioria das
conversões biológicas (por exemplo, CO2, H+,
H2O, NH4+, para os elementos C, H, O e N). A

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amônia é tomada como referência porque a 2.4.4 Noções básicas de termodinâmica


valência do átomo de N é a mesma do N na
biomassa. Para os outros produtos químicos, o grau Existem duas leis fundamentais na termodinâmica.
de redução é calculado como a quantidade de A primeira lei afirma que a energia é conservada,
elétrons liberados ou consumidos na meia-reação ou seja, pode-se fazer um balanço de energia
redox do composto em relação aos compostos de durante uma reação química. De acordo com a
referência definidos. No Exemplo 2.1, o grau de segunda lei, os processos espontâneos tendem para
redução de um mol de glicose é igual a 24 mols de o equilíbrio termodinâmico e estão associados a um
elétrons e o grau de redução de um mol de O2 é aumento na entropia, ou seja, um grau de
igual a -4 mols de elétrons. Para compostos de desordem. As células microbianas são sistemas
carbono, o grau de redução é frequentemente dado altamente organizados e de baixa entropia e,
por átomo de carbono, que para glicose seria de 4 portanto, requerem energia para ser sintetizada a
mols de elétrons por mol-C. Observe que o último partir de substratos de crescimento simples, como
pode ser obtido prontamente. O2 e glicose, bem como uma entrada de energia
constante para manter a complexidade. A reação
Existe uma ligação direta entre o grau de catabólica fornece essa energia. Na ausência de
redução e a demanda química de oxigênio (DQO) substratos catabólicos externos, os microrganismos
de um composto. Além disso, a medição da DQO morrem e a perda da organização celular resulta em
"conta" o número de elétrons liberados após a um aumento geral da entropia, de acordo com a
oxidação total em CO2. Considerando que um mol segunda lei da termodinâmica.
de O2 pode aceitar 4 mols de elétrons (Exemplo
2.1) e que um mol de O2 tem um peso molar de 32 Para qualquer reação, a energia disponível que
g/mol, a DQO de um mol de elétrons é equivalente pode ser usada para realizar o trabalho é expressa
a 32/4 = 8 gDQO/mole-. No caso do Exemplo 2.1, um pela variação da energia livre de Gibbs (ΔG), em
mol de glicose tem uma DQO de 24·8 = 192 quilojoule por mol de um reagente (kJ/mol i). As
gDQO/molglc (ou 1,066 gDQO/gglc). Para O2, o reações energeticamente favoráveis, denominadas
conteúdo de DQO é -4·8 = -32 gDQO/molO2 (-1 exergônicas, têm um ΔG <0 (ou seja, a energia dos
gDQO/gO2). Uma vez que a DQO está diretamente produtos é menor do que a energia dos reagentes) e
relacionada à quantidade de elétrons, e os elétrons podem ocorrer espontaneamente. O catabolismo é
são uma porção conservada, o equilíbrio da DQO uma reação exergônica. Por outro lado, se ΔG> 0,
também é conservado. Por exemplo, tomando a a reação é chamada de endergônica e requer uma
reação geral do Exemplo 2.1, o saldo de DQO seria: entrada externa de energia para ocorrer (por
(-192)·1 - (-32)·6 - 0·6 - 0·6 = 0. exemplo, anabolismo). Uma vez que a
estequiometria de uma reação é definida, o ΔG
Observe que, uma vez que calculado com base associado pode ser calculado a partir dos valores
nos elementos individuais e na carga presente nos tabulados da energia de formação de Gibbs ( Gf0 ;
compostos, o equilíbrio γ ou equilíbrio de DQO não Tabela 2.5). Por analogia, os valores tabulados para
fornecem uma equação de conservação a entalpia de formação (Hf0 ) são usados para o
independente extra para resolver a estequiometria. cálculo da mudança de entalpia de uma reação (ΔH
Ele faz o backup de uma das outras equações de em kJ/moli), ou seja, o calor que é liberado em
conservação elementar. No entanto, é aconselhável reações exotérmicas (ΔH <0) ou absorvido em
usar o equilíbrio γ ou equilíbrio de DQO para reações endotérmicas (ΔH> 0).
rastrear e verificar o fluxo de elétrons e os
equilíbrios nas reações. A mudança padrão na energia livre de Gibbs
(ΔG0) de qualquer reação pode ser calculada da
seguinte forma:

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equilíbrio (ou seja, ΔG01 perto de zero; ver


exemplos 2.4 e 2.5), é importante levar em conta as
atividades reais dos reagentes. A mudança real de
energia livre (ΔG1) é calculada da seguinte forma:
onde n e m são o número de produtos e substratos,
respectivamente, e Yi e Yj os coeficientes
estequiométricos correspondentes na reação geral.
Tradicionalmente, para o cálculo de Gf0 de um
composto, a referência termodinâmica (Gf0 = 0) é o
estado elementar e a fase padrão, a saber C(s), H 2
(g), O2 (g), N2 (g), S(s) e P(s) para os principais
elementos biologicamente relevantes. ΔG0 é
definido assumindo que as atividades de todos os
onde a atividade do produto i (C i) e a atividade do
reagentes são 1. Em sistemas aquosos diluídos, isso
substrato j (Cj), são divididas pela atividade padrão
corresponde a uma concentração de 1 M (mol/L)
correspondente. Em sistemas aquosos diluídos, a
para compostos dissolvidos e uma pressão parcial
atividade das espécies dissolvidas é igual à sua
de 1 atm para compostos gasosos. Além disso, 298
concentração molar e a atividade das espécies
K é a temperatura padrão assumida (TS).
gasosas corresponde à sua pressão parcial na
atmosfera. Água e sólidos têm atividades de um.
Para refletir as condições ambientais, ΔG0 pode
ser corrigida para as concentrações reais. Isso é
Finalmente, o impacto da temperatura real (T)
especialmente relevante para a concentração de
em ΔG0 pode ser calculado com base na equação
prótons, uma vez que a referência termodinâmica
de Gibbs-Helmholtz:
(1 molH+/L) é muito diferente da concentração
ambiental usual de 10-7 molH+/L. A equação de
Van't Hoff é usada para corrigir o valor da energia
livre de Gibbs para o pH ambiental:

Onde ΔHT0S representa a mudança de entalpia


da reação redox calculada a partir dos valores
tabulados da entalpia de formação (Hf0 ; Tabela 2.5),
onde R é a constante de gás universal (8,3145 · 10- e TS é a temperatura padrão de 25 °C. Hf0 pode ser
3
kJ/mol.K)4, e YH+ é o coeficiente estequiométrico considerado constante nas faixas de concentrações
de prótons na reação redox geral, e a concentração e temperaturas relevantes para os sistemas
real é dividida pela referência termodinâmica. O biológicos.
sinal do termo de correção é positivo, se prótons
são produzidos, e negativo, se são consumidos. As Exemplo 2.4 Oxidação aeróbia de ferro ferroso
concentrações dos outros compostos na equação
Como aprenderemos mais tarde, o ferro é um
geralmente se desviam menos das condições
doador de elétrons pobre, mas sua oxidação é
padrão e, portanto, são corrigidas com menos
possível em condições aeróbias, pois o oxigênio é
frequência.
um aceptor de elétrons forte. Especificamente, o
ferro ferroso atua como um doador de elétrons,
No entanto, quando as condições reais diferem
sendo oxidado a ferro férrico (Fe2+/Fe3+), enquanto
fortemente das padrão, e a reação está perto do
o oxigênio é reduzido a água (O2/H2O). As duas

4
kJ mol-1 K-1

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semi-reações, escritas de acordo com a Eq. 2.2 e Tabela 2.5, sendo -44,3 kJ⁄molFe+2 No entanto, no
combinadas com a Eq. 2.7, resultam na seguinte pH neutro comumente assumido (Eq. 2.10), a
reação geral: reação ocorre perto do equilíbrio termodinâmico
(ΔG01 = -4,4 kJ⁄molFe+2 ). Torna-se favorável do
ponto de vista termodinâmico apenas sob
condições ácidas, ou seja, ΔG1 = -38,6 kJ⁄molFe+2
A mudança de energia livre de Gibbs padrão da em pH 1.
reação ΔG0 pode ser calculada a partir da Eq. 2.9 e

Tabela 2.5 Energia livre de Gibbs padrão (Gf0) e entalpia (Hf0) de formação, para os compostos orgânicos e inorgânicos usados
nos exemplos; valores de Kleerebezem e Van Loosdrecht (2010) e suas referências. O leitor pode consultar o material de apoio
gratuito de Kleerebezem e Van Loosdrecht (2010) para uma lista mais completa de compostos.

Elemento Composto Nome Gf0 (kJ/mol) Hf0 (kJ/mol)


e-1 Elétron 0,0 0,0
H H+ Protón 0,0 0,0
H2 Hidrogênio 0,0 0,0
O O2 Oxigênio 0,0 0,0
H2O Água -237,2 -285,8
N N2 Dinitrogênio 0,0 0,0
+
NH4 Amônio -79,4 -133,3
NO2- Nitrito -32,2 -107,0
-
NO3 Nitrato -111,3 -173,0
S HS- Bissulfito 12,1 -17,6

SO4 Sulfato -744,6 -909,6
Fe Fe2+ Ferro ferroso -78,9 -89,1
Fe3+ Ferro férrico -4,6 -48,5
C CO2 Dióxido de carbono -394,4 -394,1
CHO3- Bicarbonato -586,9 -692,0
CH4 Metano -50,8 -74,8
-
C2H3O2 Acetato -369,4 -485,8
C2H6O Etanol -181,8 -288,3
C3H5O2- Propionato -361,1 -510,4
C6H12O6 Glicose -917,2 -1264,2
Biomassa CH1,8O0,5N0,2 Biomassa -67,0 -91,0

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Exemplo 2.5 Transferência de hidrogênio padrão (E0) é definido em relação ao eletrodo de


interespécies hidrogênio padrão e assume, por definição, o valor
O hidrogênio molecular (H2) é um intermediário de 0,00 V (E01 = -0,414 V em pH 7).
chave nas comunidades microbianas anaeróbias. Convencionalmente, os potenciais redox são
Um exemplo comum é o crescimento sintrófico de expressos para semirreações escritas como
oxidadores anaeróbios de etanol e metanogênicos reduções, ou seja, H+/H2 para o par redox de
hidrogenotróficos. Os oxidantes do etanol usam o
referência. Valores positivos caracterizam fortes
etanol como doador de elétrons e produzem acetato
(C2H6O/C2H3O2-), enquanto os prótons atuam aceptores de elétrons e potenciais negativos fortes
como aceptores de elétrons e hidrogênio é gerado doadores de elétrons. ΔE01 é calculado como o
(H+/H2): potencial redox do par que aceita elétrons menos o
potencial redox do par doador de elétrons em pH 7,
com uma equação equivalente à Eq. 2,10. É
Sob condições padrão e pH 7, a reação é importante ressaltar que o potencial redox e a
desfavorável: ΔG01 = 9,6 kJ/mol C2H6O. No energia livre de Gibbs da meia-reação considerada
entanto, torna-se termodinamicamente possível se são totalmente equivalentes, de acordo com a
a pressão parcial do hidrogênio for mantida equação de Nernst:
suficientemente baixa (ΔG1 = -36,0 kJmol C2H6O
a 0,0001 atm). Assim, os oxidadores do etanol
dependem do consumo de hidrogênio por
metanogênicos hidrogenotróficos. Os
metanogênicos usam hidrogênio como doador de onde n é o número de elétrons doados e F é a
elétrons (H+/H2) e bicarbonato como aceptor de constante de Faraday (96,485 kJ/mol.V)5.
elétrons (HCO3-/CH4):

2.5 ESTEQUEOMETRIA DO
Esta segunda reação é favorável em pH 7 e sob CRESCIMENTO MICROBIANO
pressão parcial de hidrogênio padrão de 1 atm:
ΔG01 = -135,5 kJ/mol HCO3-. Em pressões parciais 2.5.1 ANABOLISMO
de hidrogênio que permitem o crescimento de
oxidadores de etanol, a reação se torna menos O anabolismo é o processo geral que envolve a
favorável, mas ainda possível (ΔG1 = -44,2 kJ/mol síntese de todos os constituintes da biomassa, como
HCO3- a 0,0001 atm). Assim, como os proteínas, lipídios, carboidratos, DNA e RNA.
metanogênicos hidrogenotróficos dependem da Apesar da imensa variedade de microrganismos, o
produção de hidrogênio, o crescimento sintrófico conteúdo e a composição elementar das células
ocorre em baixas pressões parciais de hidrogênio, microbianas são semelhantes para todas as células.
favoráveis para ambas as populações. Para a derivação da reação anabólica, a fórmula
empírica CH1,8O0,5N0,2 pode ser usada para a fração
É importante notar que a mudança no potencial orgânica da biomassa (Esener et al., 1983; Heijnen
redox (ΔE em volt, V) é frequentemente usada no e Kleerebezem, 2010). Esta composição molecular
lugar da mudança de energia livre de Gibbs (ΔG) da biomassa pode estar diretamente relacionada ao
para estimar a viabilidade de uma dada reação. O SSV comumente medido pelo peso molar de 24,6
potencial redox (E) mede a tendência de um gSSV por mol de biomassa. Em alguns casos, uma
elemento ou composto de doar ou aceitar elétrons análise elementar mais precisa pode ser necessária,
de um eletrodo de referência. O potencial redox e elementos inorgânicos, como P, Mg, K e outros

5
kJ mol-1 V-1

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An
oligoelementos, como Zn, Mn, Mo, Se, Co, Cu e Ni expressa por mol de biomassa (YX/X = 1
estão incluídos (seção 2.2.2.2). molX/molX):

A estequiometria do anabolismo, como


qualquer outra reação redox, pode ser derivada da
soma de uma meia-reação de doadores e aceptores
de elétrons. No entanto, neste caso não se sabe, a
priori, se a meia-reação da produção de biomassa
rende ou consome elétrons. Uma vez que a
composição da biomassa é definida, as fontes de No caso de crescimento
carbono (Cs) e nitrogênio (Ns) precisam ser quimiorganoheterotrófico, o mesmo substrato
identificadas, para definir a meia-reação para a orgânico geralmente serve como doador de elétrons
produção de biomassa (An *); para este fim: e fonte de C (Exemplo 2.7). No caso do
crescimento quimiolitoautotrófico, um doador de
elétrons separado é necessário para a redução de
CO2 a biomassa e, como veremos, isso não
necessariamente coincide com o doador de elétrons
na reação catabólica (exemplos 2.6 e 2.12). Em
geral, NH4+ é a fonte de N preferida, pois tem o
onde os coeficientes estequiométricos (Yi/XAn∗
) mesmo estado de oxidação da biomassa. A amônia
também está no mesmo estado químico dos
são definidos por mol de biomassa produzida (isto
An∗ aminoácidos que compõem as proteínas, ou seja, os
é, YX/X = 1molX/molX). As fontes de carbono e
principais componentes da biomassa. No entanto,
nitrogênio são sempre consumidas, enquanto o
mais formas de nitrogênio oxidado (por exemplo,
sinal que precede os outros reagentes deriva dos
NO3-) também podem ser usadas, ao custo de um
balanços de massa elementar e de carga. Se
maior consumo do doador de elétrons (Exemplo
composições de biomassa mais abrangentes forem
2.8).
usadas, a Eq. 2,14 é facilmente generalizada para
incluir qualquer nutriente (por exemplo, P), Exemplo 2.6 Crescimento quimiolitoautotrófico e
fornecendo a fonte correspondente. É importante anammox
An∗
ressaltar que o sinal que precede Ye/X , ou seja, a Por definição, os autótrofos usam HCO3- como
produção ou consumo de elétrons em An*, depende fonte de C. Se NH4+ estiver disponível como fontes
do estado de oxidação da fonte de carbono e de N, a meia-reação de síntese de biomassa pode
nitrogênio em relação àquela de C e N na biomassa, ser escrita da seguinte forma:
e determina a necessidade de uma meia-reação
complementar do doador ou aceptor de elétrons.
Por exemplo, se a fonte de carbono/nitrogênio é
Como o HCO3- é mais oxidado do que a
mais oxidada do que a biomassa, os elétrons são
An∗
necessários para reduzi-los (ou seja, −Ye/X como biomassa, os elétrons são consumidos e um doador
de elétrons é necessário. Embora diferentes
para CO2 no Exemplo 2.6) e, portanto, um doador
doadores de elétrons inorgânicos possam ser
de elétrons (D) é necessário. Por outro lado, um
usados (por exemplo, Fe2+/Fe3+, H2/H+),
aceptor de elétrons (A) é necessário para fontes de
consideraremos aqui o caso da bactéria anammox
carbono/nitrogênio que são mais reduzidas do que
An∗ que usa nitrito (NO2-/NO3-) como doador de
a biomassa (ou seja, Ye/X como para o propionato
elétrons:
no Exemplo 2.7). A reação anabólica geral pode ser
obtida conforme descrito acima e é, por definição,

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Com base na Eq. 2,15, a reação anabólica


completa da bactéria anammox torna-se: onde o aumento de 40% no consumo de glicose
por unidade de biomassa produzida é devido à
necessidade adicional de elétrons para reduzir NO3-
a NH4+.
01
com um ΔGAn = 274,8 kJ/molX. É importante notar
Em geral, a mudança real de energia de Gibbs
aqui que o doador de elétrons no anabolismo não 01
do anabolismo (ΔGAn ) é, na maioria dos casos,
coincide necessariamente com o doador de elétrons
catabólico. Por exemplo, amônia, e não nitrito, é o ligeiramente positiva ou, às vezes, ligeiramente
doador de elétrons na reação catabólica anammox. negativa (exemplos 2.6 e 2.7). No entanto, é
01
importante notar que o ΔGAn calculado não leva em
Exemplo 2.7 Fonte de carbono reduzida consideração a complexidade bioquímica dos
A meia-reação de síntese de biomassa, com sistemas biológicos (ou seja, a diminuição da
propionato (C3H5O2-) como a fonte de C e NH4+ entropia na síntese de biomassa) e representa
como a fonte de N, pode ser escrita da seguinte apenas a energia química presente na biomassa. A
forma: diminuição da entropia ao converter moléculas
simples na complexidade de uma célula é um
processo irreversível que sempre precisa de uma
entrada externa de energia (ou em termos
Como o C3H5O2- é mais reduzido do que a
biomassa, os elétrons são liberados e, portanto, um termodinâmicos requer trabalho ou dissipação de
aceptor de elétrons é necessário. Se houver energia) que é fornecida pelo catabolismo. Pode-se
oxigênio disponível (O2/H2O), a reação anabólica comparar isso com a construção de uma cabana de
completa torna-se a Eq. 2,15: madeira. O conteúdo energético da madeira não se
altera durante a construção da pousada, mas há
trabalhos realizados associados à diminuição da
01
entropia quando uma pilha de madeira é convertida
Com um ΔGAn associado de of -20,3 kJ/molX. em cabana.

Exemplo 2.8 Fonte de nitrogênio oxidado


No caso do crescimento 2.5.2 CATABOLISMO
quimiorganoheterotrófico em glicose, a glicose
serve tanto como fonte de C quanto doadora de O catabolismo é a reação geradora de energia no
elétrons na reação anabólica (C6H12O6/CO2). Se metabolismo microbiano (Figura 2.15). Em
NH4+ for a fonte de N, a reação anabólica completa princípio, qualquer reação redox exergônica (ΔG
se torna: <0) pode servir como uma reação catabólica, e a
imensa variedade de combinações possíveis de
doadores e aceptores de elétrons gerando energia
livre de Gibbs molda a diversidade microbiana em
todos os ecossistemas. Uma vez que as
semirreações do doador e do aceptor de elétrons
Se, em vez disso, NO3- for usado como fonte de
são definidas, a reação catabólica é derivada da Eq.
N, a reação anabólica muda da seguinte forma:
2.7 ou 2.8 da seguinte forma:

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base de C, S e H podem, em geral, ser considerados


como doadores de elétrons fortes ( ΔGD01 <0) e,
portanto, aceptores fracos (a reação reversa tem
ΔGA01 > 0). Por outro lado, os compostos de N, Fe,
Mn e O2 são fortes aceptores (ΔGD01 > 0) e fracos
doadores de elétrons.
Cat
onde, por definição, YeD/eD = 1 moleD/moleD.
Curiosamente, dependendo do par doador/aceptor A combinação de doadores e aceptores de
de elétrons, o ΔG disponível pode variar em até elétrons fortes sempre resultará em reações
duas ordens de magnitude (exemplos 2.9-2.11). termodinamicamente favoráveis. As reações
baseadas em pares de doadores e aceptores de
A mudança média de energia livre de Gibbs, elétrons fracos serão termodinamicamente
por elétron, para elementos microbiologicamente desfavoráveis. Combinar um doador forte e um
relevantes com um estado de oxidação variável, aceptor fraco, ou vice-versa, resultará em uma
pode ser calculada e fornece uma visão sobre seu reação cuja termodinâmica (produção ou consumo
papel como aceptor ou doador de elétrons (Figura de energia) dependerá dos compostos específicos e
2.17) (Kleerebezem e Van Loosdrecht, 2010). das condições ambientais (exemplos 2.4 e 2.5).

Exemplo 2.9 Respiração anaeróbia de glicose


A glicose é um forte doador de elétrons (Figura
2.17). Na ausência de oxigênio, a glicose pode ser
oxidada com nitrato (NO3-/N2) como o aceptor de
elétrons. Este processo é denominado
desnitrificação e ocorre de acordo com a seguinte
estequiometria:

01
com um ΔGCat = -2,687,1 kJ/mol C6H12O6. Este
Figura 2.17 Variação média da energia livre de Gibbs por valor é comparável ao ΔG01 Cat = -2.843,8 kJ/mol
mol de elétrons, para elementos microbiologicamente C6H12O6 associado à oxidação aeróbia da glicose
relevantes com um estado de oxidação variável, obtida (Exemplo 2.1), pois o oxigênio e o nitrato são
considerando a oxidação total de cada composto ambos aceptores de elétrons fortes.
considerado. Desvios padrão são apresentados para
átomos encontrados em vários estados de oxidação.
Diferentemente, se por exemplo sulfato é usado
Fonte: baseado em Kleerebezem e Van Loosdrecht, 2010. como o aceptor de elétrons (SO42-/HS-):

Os valores são obtidos a partir da meia-reação


que descreve a oxidação total de cada composto
considerado em seu estado mais oxidado, isto é, a 01
meia-reação do doador de elétrons. A média e o menos energia é ganha por glicose oxidada (ΔGCat
desvio padrão são apresentados para átomos = -453,9 kJ/mol C6H12O6), pois o sulfato é um
encontrados em vários estados de oxidação (C, N e aceptor de elétrons fraco (Figura 2.17).
S). Para os demais compostos, os valores são
calculados considerando o principal estado de Em última análise, se nenhum aceptor de
oxidação encontrado na natureza. Os compostos à elétrons externo estiver disponível (condições

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anaeróbias), a glicose pode servir como doador e 2.5.3 Metabolismo


aceptor de elétrons (Exemplo 2.2), com uma
diminuição adicional na energia livre de Gibbs Embora as equações individuais para anabolismo
01
disponível (ΔGCat = -225,7 kJ/mol C6H12O6). (An) e catabolismo (Cat) possam ser derivadas de
princípios químicos, a equação metabólica geral ou
O calor liberado durante a oxidação da glicose de crescimento (Met) só pode ser derivada se um
com nitrato (ΔH0 = -2,743,3 kJ/mol C6H12O6 ou - coeficiente de rendimento biológico for conhecido.
15,2 kJ/g C6H12O6) é calculado com uma equação Normalmente, isso é derivado de observações
equivalente à Eq. 2.9 e valores da Tabela 2.5. experimentais. Os rendimentos medidos podem ser
Considerando a capacidade térmica específica da obtidos em relatos da literatura, mas é preciso
água (4,18 kJ/kg H20·°C), a oxidação anóxica de considerar as condições sob as quais os
um grama de glicose com nitrato resultaria em um rendimentos foram medidos.
aumento de temperatura de 3,6 °C de 1 kg de água.
Em termos gerais, a estequiometria do
metabolismo geral (Eq. 2.1) resulta do
Exemplo 2.10 Oxidações aeróbias e anóxicas de
acoplamento de energia das reações anabólicas
amônia
(Eq. 2.15) e catabólicas (Eq. 2.16) da seguinte
A amônia é um doador de elétrons pobre, mas sua
forma:
oxidação é catalisada com sucesso na presença de
receptores fortes, como oxigênio (O2/H2O) ou
nitrito (NO2-/N2). Em condições aeróbias, a amônia
é oxidada a nitrito em um processo denominado
nitrificação: onde o fator de multiplicação para o anabolismo
(λAn em molX/molX) é geralmente assumido para
expressar todo o metabolismo por mol de biomassa
01
com um ΔGCat = -269,8 kJ/molNH4+. Sob condições Met
produzida (YX/X = 1 molX/molX). Como resultado,
anóxicas, a oxidação da amônia em nitrogênio λCat (moleD/molX) pode ser interpretado como o
gasoso fornece a energia catabólica para as número de vezes que o catabolismo precisa ser
bactérias anammox: executado para gerar a energia de Gibbs necessária
para gerar um mol de biomassa na reação
anabólica. A determinação de λCat e, portanto, da
equação metabólica completa, requer a
01
Com um ΔGCat = -362,8 kJ/mol NH4+. quantificação de um coeficiente estequiométrico
ligando catabolismo e anabolismo. Em princípio,
Exemplo 2.11 Metanogênese acetoclástica λCat pode ser estimado com base nas taxas de
O acetato atua como doador de elétrons (C2H3O2- produção ou consumo de quaisquer dois reagentes
/HCO3-) e aceptor de elétrons (C2H3O2-/CH4) na que participam tanto do catabolismo quanto do
produção anaeróbia de metano. Com base na Eq. anabolismo; veja Kleerebezem e Van Loosdrecht
2,16 (eD = eA), a seguinte reação catabólica é (2010) para uma discussão mais detalhada.
derivada: Comumente, λCat é determinado com base no
rendimento de biomassa (YX/eD), definido como
biomassa produzida (X) por doador de elétrons
consumido (eD) da seguinte forma:
01 01
com um ΔGCat de (ΔGCat = -31,2 kJ/mol C2H3O2),
que está próximo do equilíbrio termodinâmico.

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73

onde, por definição, YX/eD é o inverso do coeficiente


estequiométrico do doador e na reação metabólica
geral (Eq. 2.1, ou seja, 1/YeD/X). Por definição, a
biomassa não está envolvida na reação catabólica
Cat Aqui, a amônia atua como doador de elétrons
(ou seja, YX/eD = 0), e tanto o anabolismo quanto o
no catabolismo e como fonte de N no anabolismo,
metabolismo geral são expressos por mol de enquanto o nitrito é o aceptor de elétrons no
An
biomassa produzida (ou seja, YX/X = λAn = 1 catabolismo e o doador de elétrons no anabolismo.
molX/molX). Além disso, na reação metabólica, o Como a amônia e o nitrito estão envolvidos no
termo substrato (S) é frequentemente usado em vez catabolismo e no anabolismo, o rendimento do
de doador de elétrons (eD), e essa notação será crescimento em qualquer um deles pode ser usado
adotada a seguir. Assim, a Eq. 2,18 torna-se: para obter o metabolismo geral. Aqui, o rendimento
do crescimento em amônia é usado.

O rendimento de biomassa anammox


Obs
determinado experimentalmente (YX/S = Y Obs
X ) é
+
NH4
+
onde o substrato (isto é, doador de elétrons no igual a 0,071 mol X/mol NH4 (Lotti et al., 2014).
catabolismo) não coincide necessariamente com o Com base na Eq. 2,20 e na estequiometria definida
An + Cat
doador de elétrons no anabolismo (Exemplo 2.12), (YNH+ = 0,2 mol NH4 /mol X e YNH+ = 1 molNH4+
4 4
X NH+
mas precisa estar envolvido em ambas as reações. 4
molNH4+), λCat torna-se 13,9 molNH4+/molX. O
metabolismo anammox completo pode, portanto,
Em última análise, se o rendimento de
ser calculado a partir da Eq. 2,17:
biomassa for determinado experimentalmente (ou
Obs
seja, observado, YX/S ), Eq. 2.19 pode ser
reorganizado para obter λCat da seguinte forma:
com um ΔG01 = -335,8 kJ/mol NH4+. Este valor é
obtido dividindo a energia livre de Gibbs da reação
de crescimento ΔG01 (-4,730,0 kJ/molX) pelo
coeficiente estequiométrico para amônia (14,1
molNH4 /molX). Normalizar ΔG01 pelo substrato é
Obs
informativo para comparar as eficiências de
É importante notar que o YX/S medido não é crescimento com diferentes doadores de elétrons.
constante, mas depende da taxa de crescimento
específica da biomassa na qual a cultura é cultivada
e já é responsável pela manutenção. Isso será 2.5.4 Método generalizado para estimar o
discutido na Seção 2.6. rendimento máximo de biomassa
Exemplo 2.12 Metabolismo anammox Uma vez que o acoplamento entre anabolismo e
As bactérias anaeróbias oxidadoras de amônia catabolismo depende de uma eficiência energética,
(anammox) oxidam amônia em nitrogênio gasoso vários autores têm tentado desenvolver uma
com nitrito como o aceptor de elétrons no previsão do coeficiente de rendimento baseada na
catabolismo (Cat no Exemplo 2.10) e obtêm os termodinâmica (Heijnen, 1994). Aqui,
elétrons para reduzir o bicarbonato inorgânico em apresentamos a metodologia proposta por Heijnen
biomassa a partir da oxidação do nitrito no e Van Dijken (1992), e posteriormente
anabolismo (An no Exemplo 2.6): desenvolvida por Heijnen (1994) e Heijnen e
Kleerebezem (2010). Este método é baseado na
necessidade de dissipação de energia de Gibbs (
01
ΔGDiss em kJ/molX) na conversão de moléculas

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74

simples na complexidade de uma célula. A Para o crescimento autotrófico (ou seja, CO2
dissipação de energia de Gibbs reflete a eficiência 01
como fonte de C), ΔGDiss depende do doador de
de crescimento específica (por exemplo, menor elétrons na reação anabólica. Elétrons doados por
para metabolismos mais eficientes) e iguala, com o doadores de elétrons fortes, como H2/H+ e HS-
sinal oposto, a mudança de energia livre de Gibbs
/SO42- (Figura 2.17), têm energia suficiente para
da reação metabólica geral. Em analogia com a Eq. 01
2.17, o balanço de energia livre de Gibbs pode ser reduzir o carbono inorgânico a biomassa (ΔGAn
01
escrito da seguinte forma: <0). Nesse caso, com base na Eq. 2,23, ΔGDiss é
igual a 1.000 kJ/molX. Por outro lado, para e-
doadores fracos, como Fe2+/Fe3+ e NH4+/NO2-,
01
ΔGAn > 0 e o conteúdo de energia dos elétrons
precisa ser aumentado por meio de gradientes de
Considerando que, por definição λ∗An = 1 membrana (ou seja, transporte reverso de elétrons -
molX/molX, esta equação pode ser reescrita como: TRE) à custa da energia de Gibbs. Isso resulta em
01
um ΔGDiss significativamente maior, de 3.500
kJ/molX.

Com base em um grande inventário de dados A relação na Figura 2.18 ilustra que, quanto
experimentais, Heijnen e Van Dijken (1992) mais um composto se assemelha a um
observaram que a dissipação de energia de Gibbs intermediário central do metabolismo, por exemplo
01
(ΔGDiss ) depende apenas do doador de elétrons o piruvato, menos dissipação de energia (trabalho
anabólico e da fonte de C, com o tipo de bioquímico) é necessária para produzir uma célula.
microrganismo e aceptor de elétrons tendo pouco A este respeito, é útil lembrar que os blocos de
ou nenhum impacto. construção de biomassa normalmente contêm 4-5
carbonos com um γCS de 4,2 mols de elétrons (Eq.
Para o crescimento heterotrófico em carbono
01 2.13).
orgânico, ΔGDiss é uma função do número de
átomos de carbono no substrato de carbono (NoCCS
em mol-C/molCs) e o número de elétrons por átomo
de carbono liberado após a oxidação completa do
substrato de carbono em CO2 (γCS em mole/mol-
CCs):

Este método foi derivado de dados


experimentais para NoCCS de 1 (por exemplo,
formiato, CO2) a 6 (por exemplo, glicose),
enquanto abrange os valores γCS entre 0 (CO2) e 8 Figura 2.18 Dissipação de energia livre de Gibbs, em
01
(CH4). Com base na Eq. 2.23, o ΔGDiss para função do grau de redução e do número de átomos de
heterótrofos varia entre quase 200 e 1.000 kJ/molX carbono da fonte de C na reação anabólica. As curvas são
(Figura 2.18), com um erro estimado de 30% para obtidas na Eq. 2.23 e podem ser aplicadas para qualquer
fonte arbitrária de C (1 a 6), quando nenhum transporte
qualquer fonte de C arbitrária (Heijnen e Van reverso de elétrons é necessário. Fonte: adaptado de
Dijken, 1992). Heijnen e Van Dijken, 1992.

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75

Portanto, para fontes de C simples, a energia torna-se 10,5 molNH4+/molX, e o metabolismo geral
precisa ser investida na formação de novas ligações pode ser derivado:
de carbono. Da mesma forma, se a fonte de C é
mais reduzida ou oxidada do que a biomassa, são
necessárias mais reações de oxidação ou redução.
Com NoCCS = 6 e γCS = 4, a glicose é uma fonte de
C quase ideal, conforme refletido na pequena com um ΔG01 associado = -327,3 kJ/molNH4+. Este
quantidade de dissipação de energia necessária valor é obtido dividindo ΔG01 (=-ΔGDiss01, em
para a produção de biomassa (236,1 kJ/molX). kJ/molX) pelo coeficiente estequiométrico da
Além disso, para doadores de elétrons pobres no amônia.
anabolismo autotrófico, o transporte reverso de
elétrons é necessário, contribuindo para uma maior Os valores da estequiometria teórica e do
01
ΔGDiss (Heijnen e Van Dijken, 1992). max
rendimento máximo resultante (YX/NH4+ =0,094
molX/molNH4+) são consistentes com aqueles
Em última análise, substituindo λ∗Cat (Eq. 2.22) determinados experimentalmente (Lotti et al.,
na Eq. 2.19, o rendimento máximo de biomassa no 2014).
substrato é obtido:
Exemplo 2.14 Metabolismo aeróbio com glicose
Em condições aeróbias, os microrganismos
heterotróficos podem usar glicose como o doador
de elétrons catabólico (Exemplo 2.1) e fonte de C
na reação anabólica (Exemplo 2.8):
Aqui é importante perceber que
max
YX/S representa a quantidade máxima de biomassa
que poderia ser produzida por substrato consumido
na ausência de manutenção e, portanto, é
obs
intrinsecamente maior do que os YX/S
determinados experimentalmente. Além disso,
enquanto o método permite uma estimativa dos 01
Pode-se calcular ΔGCat = -2,843,8 kJ/molC6H12O6
rendimentos de biomassa com um erro de 13% na 01
e ΔGAn = -24,8 kJ/molX da Eq. 2.10 (e Tabela 2.5),
faixa de 0,01-0,8 molX/molS, diferenças 01
e ΔGDiss = 236,1 kJ/molX com base na Eq. 2.23.
bioquímicas específicas podem resultar em
Consequentemente, λ∗Cat é igual a 0,07
variações maiores (ver exemplos em Heijnen e Van
molC6H12O6/molX (Eq. 2.22) e o seguinte
Dijken, 1992).
metabolismo geral pode ser derivado:
Exemplo 2.13 Metabolismo anammox
(continuação)
O rendimento máximo estimado de biomassa e a
estequiometria metabólica geral derivada para
anammox são comparados com aqueles derivados com um ΔG01 associado = -946,8 kJ/molC6H12O6
experimentalmente (Exemplo 2.12). As bactérias
expresso por mol de substrato de glicose e um
anammox são autotróficas e requerem transporte Max
YX/C6H12O6 = 0,67 molX/mol-CC6H12O6 consistente
reverso de elétrons porque a amônia é um doador
de elétrons fraco, e portanto ΔGDiss01
= 3.500 com os valores experimentais relatados.
01
kJ/molX. Além disso, já calculamos ΔGAn de 274,8
01
kJ/molX e um ΔGCat de -362,8 kJ/molNH4+ nos
exemplos 2.6 e 2.10. Com base na Eq. 2.22, λ∗Cat

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76

2.6 CINÉTICA DO CRESCIMENTO recíproco do rendimento máximo teórico de


max max
MICROBIANO biomassa (YX/S = 1 / YS/X em molX/molS)
Cat
conforme definido na Eq. 2,24. YS/S é o coeficiente
A seção anterior apresentou uma estrutura para a estequiométrico do substrato (doador de elétrons)
descrição estequiométrica do crescimento na reação catabólica Eq. 2.16, ou seja, a reação que
microbiano e esta seção descreve a cinética de fornece a energia para todos os processos
crescimento. A combinação de estequiometria e metabólicos, incluindo a manutenção.
cinética fornece uma descrição completa do Cat
Considerando que, por definição, YS/S = 1
crescimento microbiano, que pode ser
posteriormente implementado em modelos de molS/molS, Eq. 2,25 torna-se:
biorreator e serve como base para o projeto do
processo.

2.6.1 Taxa de consumo de substrato: a Em outras palavras, a Eq. 2.26 reflete o fato de
relação Herbert-Pirt o substrato ser simultaneamente consumido em
dois processos independentes: a reação metabólica
Foi observado que com o aumento da taxa de (Eq. 2.21), com taxa de processo μ, e na reação
crescimento, o rendimento de biomassa no gerando a energia para manutenção, ou seja, o
substrato S (normalmente o doador de elétrons) catabolismo (Eq. 2.16), com taxa de processo mS
também aumenta. Isso é explicado pelo duplo uso (Figura 2.19A). Além disso, a Eq. 2.26 pode ser
do substrato (Figura 2.15). Os microrganismos reescrito da seguinte forma:
consomem o substrato principalmente para (i)
processos independentes do crescimento
(manutenção, necessária para manter o complexo
sistema celular) e (ii) produção de biomassa
(crescimento). Para descrever esse comportamento, considerando que o rendimento de biomassa
obs
geralmente é utilizada a relação Herbert-Pirt. A observado também pode ser definido como YX/S =
equação de Herbert-Pirt define a relação entre a μ/qS. A partir da Eq. 2.27 torna-se claro que a
taxa específica de consumo de substrato pela quantidade real de biomassa produzida por
obs
biomassa (qS, em molS/h.molX)6 e os processos de substrato consumido (YX/S ) diminui com a
crescimento e manutenção como segue: diminuição de μ, conforme aumenta a contribuição
relativa da energia de Gibbs para manutenção
(Figura 2.19A e C). Por outro lado, a contribuição
relativa do consumo de substrato para manutenção
obs
diminui em μ elevado, e YX/S se aproxima do
max
onde, μ (molX/h.molX = 1/h) é a taxa de crescimento YX/S teórico (Figura 2.19C).
específica de biomassa, e mS (molS/h.molX) é a taxa
específica de consumo de substrato pela biomassa Do ponto de vista do projeto, conhecer a
para manutenção, ou seja, a quantidade de substrato estequiometria do processo permite estimar as
catabolizado para fornecer o Energia de Gibbs para quantidades de substratos e produtos envolvidos.
processos independentes de crescimento
max Conforme discutido na Seção 2.5, a estequiometria
(manutenção). YS/X é o coeficiente
real pode ser derivada com base no rendimento de
estequiométrico do substrato na reação metabólica obs
biomassa no substrato (YX/S , Eq. 2.20). No entanto,
determinado pelo método de dissipação de energia
de Gibbs (Seção 2.5.4), que por definição é o como esse rendimento é uma função da taxa de
crescimento (Eq. 2.27; Figura 2.19C), o

6
molS h-1 molX-1

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77

rendimento máximo e os coeficientes de (orgânicos e inorgânicos) e temperaturas (Tijhuis et


manutenção precisam ser identificados para derivar al., 1993). No entanto, apenas a temperatura parece
a estequiometria real do processo, para as desempenhar um papel importante em mG,
condições específicas de interesse. Isso pode ser sugerindo que as necessidades de energia para
feito experimentalmente diretamente na Eq. 2.27 manutenção são uma característica metabólica
obs
medindo YX/S em diferentes μ em um quimiostato mais universal. Essa observação é consistente com
(onde μ é equivalente à taxa de diluição imposta). a grande similaridade na composição da biomassa
de diferentes organismos, provavelmente
Se nenhum dado experimental estiver resultando em requisitos de manutenção
max
disponível, YX/S é derivado conforme descrito semelhantes (Seção 2.5.4). A precisão relatada da
anteriormente (Eq. 2.24), enquanto um valor Eq. 2.28 é ± 40% na faixa de temperatura de 5 a 75
realista para mS pode ser derivado da correlação °C. A partir da estequiometria da reação catabólica,
tipo Arrhenius proposta para o consumo específico o mS pode ser obtido da seguinte forma:
de energia de Gibbs da biomassa para manutenção
(mG, em kJ/h.molX)7 (Tijhuis et al., 1993):

Cat 01
onde, por definição, YS/S = 1 molS/molS, e ΔGCat é
a mudança na energia de Gibbs da reação
catabólica (kJ/molS), conforme estimado na Seção
onde R é a constante de gás universal (8,3145 10 -3
2.5.2. Da Eq. 2.29, quanto mais energia é gerada na
kJ/mol.K), e o valor 69 corresponde à energia de 01
reação catabólica (ou seja, mais ΔGCat negativo),
ativação associada (kJ/mol). Curiosamente, a Eq.
menor é a quantidade de substrato necessária para
2.28 foi derivado com base em um extenso
a manutenção. Qualquer outro mi pode ser derivado
inventário de dados experimentais compreendendo
da estequiometria de reação catabólica
diferentes tipos de microrganismos, condições de Cat
Yi/S correspondente.
crescimento, doadores e aceptores de elétrons

7
kJ h-1 molX-1

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Figura 2.19 A) Taxa de absorção de substrato específica de biomassa (qS) e taxa de absorção de substrato específica de
biomassa para manutenção (mS), normalizada por qS como uma função da taxa de crescimento específica de biomassa (μ). B)
Taxa de absorção de substrato específica de biomassa como uma função da concentração de substrato limitante (C S). C)
Rendimento do crescimento observado em função da taxa de crescimento específica da biomassa. D) Taxa de crescimento
específica da biomassa em função da concentração limitante do substrato.

onde qmax
S é a taxa máxima de absorção de
2.6.2 Taxa de consumo de substrato: substrato específico de biomassa (molS/h.molX) e
cinética de saturação KS é a constante de afinidade para o substrato
(molS/L), onde o substrato é considerado o único
Também foi observado que a taxa de consumo de composto que limita o crescimento no sistema . Da
substrato específico de biomassa (qS) é uma função Eq. 2,30, é claro que qS se aproxima de qmax
S para
da concentração real de substrato (CS), e esse CS elevado, enquanto diminui na CS decrescente e
comportamento é adequadamente representado atinge um valor de 0,5 . qmax em CS = KS (Figura
S
pela seguinte equação hiperbólica:
2.19B).

O valor da constante de afinidade não pode ser


estimado com base na bioenergética e precisa ser
estimado experimentalmente ou retirado da
literatura. Observe que o coeficiente de afinidade

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79

celular é menos relevante na biotecnologia por unidade de biomassa qmax


G (kJ/h.molX) pode ser
ambiental devido à aplicação de sistemas obtida da seguinte forma:
floculantes e de biofilme, onde a transferência de
massa domina e os valores KS aparentes são usados
(Capítulo 14).

Por outro lado, Heijnen (1999) hipotetizou que 01


onde ΔGCat é a mudança real de energia de Gibbs
o valor da taxa máxima de absorção de substrato da reação catabólica (kJ/molS) e γ∗S o número de
específico de biomassa (qmax
S ) é restrito por uma elétrons por substrato transferido no catabolismo
limitação cinética em um processo metabólico. (mol/molS). Especificamente, se um aceptor de
Para tanto, o autor propôs que a taxa de geração de elétrons externo estiver disponível e o doador de
energia de Gibbs no catabolismo é limitada por elétrons for um substrato orgânico, γ∗S = NoCCS.
uma taxa catabólica máxima de transporte de γCS, onde NoCCS é o número de C por mol de
elétrons, qmax
e (mole/h.molX). substrato e γCS o grau de redução do substrato
(mol/mol-CS). No caso de doadores de elétrons
Conceitualmente, isso é mais bem inorgânicos ou fermentações, γ∗S define o número
compreendido no caso de um doador e aceptor de real de elétrons envolvidos na reação catabólica por
elétrons distintos, onde os elétrons são transferidos substrato molar (Heijnen e Kleerebezem, 2010).
do doador de elétrons (substrato) para o aceptor
terminal, por meio da cadeia transportadora de Em uma analogia com a Eq. 2.25, a energia de
elétron associada à membrana (Figura 2.15). Gibbs disponibilizada no catabolismo é gasta, por
Nessas conversões, um valor máximo para o definição, para fins de manutenção e crescimento.
transporte de elétrons através da cadeia de Considerando a forma generalizada da Eq. 2,25:
transporte de elétrons é assumido. Esta suposição é
apoiada pela observação de, por exemplo, uma taxa
de consumo máximo de oxigênio constante (qmax O2 )
em E. coli quando cultivada aerobiamente em
substratos diferentes (Anderson e Von Meyenburg, e percebendo que em termos de energia de Gibbs,
max max 01 Cat 01
1980). Yi/X = YG/X = -ΔGDiss (kJ/molX), Yi/S = ΔGCat (kJ
01
/ mol-CS) e ms = -YS/SCat . (mG/ΔGCat ) (Eq. 2.29), a
Uma correlação do tipo Arrhenius, análoga à energia de Gibbs específica gerada na reação
Eq. 2.28, foi proposta para a taxa máxima de catabólica sob condições de crescimento máximo
transferência de elétrons específica de biomassa na (kJ/h. molX) é:
cadeia transportadora de elétrons (qmax e em
mole/h.molX):
Uma estimativa razoável da taxa máxima de
crescimento específico da biomassa (μmax) agora
pode ser calculada a partir das eqs. 2.32 e 2.34,
incluindo também o efeito da temperatura das eqs.
onde R é a constante de gás universal (8,3145 · 10- 2.28 e 2.31, como segue:
3
kJ/mol.K).

Com base na Eq. 2.31, para qualquer reação


catabólica, a energia catabólica de Gibbs gerada

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80

Exemplo 2.17 Oxidação anaeróbia (ou anóxica) de


amônia
As bactérias anammox (exemplos 2.12 e 2.13)
oxidam amônia em nitrogênio gasoso
(γ∗S =3mole/molNH4-N) e requerem transporte
01
reverso de elétrons (ΔGDiss = 3.500 kJ/molX).
Considerando a temperatura ótima de crescimento
01
anammox de 30 °C e o ΔGCat calculado no
Em última análise, o qmax pode ser estimado a Exemplo 2.12, uma taxa máxima de crescimento
S
específico de biomassa de 0,16 1/h é estimada (Eq.
partir das Eqs. 2.33 e 2.35.
2.35). Neste caso, isso é quase uma ordem de
magnitude maior do que o μmax observado até agora
Para concluir, para cada reação há apenas uma em condições ideais (Lotti et al., 2015; Zhang et
taxa de conversão de substrato independente, por al., 2017), e a diferença pode possivelmente ser
exemplo, qmax
S e todas as outras taxas são derivadas atribuída às propriedades exclusivas da membrana
diretamente dele com base na estequiometria do (densidade muito maior) de bactérias anammox,
processo. Dependendo do contexto, as taxas de resultando em uma operação mais lenta da cadeia
conversão são expressas como taxas absolutas (RS, transportadora de elétrons.
em molS/h), taxas volumétricas (rS, em molS h.l)8
ou taxas específicas de biomassa (qS, em 2.6.3 Perspectiva
molS/h.molX). No entanto, apenas o qS pode ser
usado para comparar os resultados fisiológicos Em conclusão, esta seção sobre a formulação
entre diferentes estudos, uma vez que reflete o matemática do crescimento microbiano demonstra
que, apesar da enorme diversidade microbiana
estado metabólico real das células. Por outro lado,
existente, qualquer sistema de crescimento
as taxas volumétricas dependem da concentração microbiano pode ser descrito por um parâmetro que
de biomassa no reator. define a estequiometria de crescimento geral - o
max
rendimento máximo de biomassa (YX/S ) - e três
Exemplo 2.15 Respiração aeróbia de glicose parâmetros cinéticos, nomeadamente a taxa
Com base nos valores calculados no Exemplo 2.14, máxima de absorção biomassa-substrato específico
e considerando que para glicose NoCCS é igual a 6 (doador de elétrons) (qmax S ), o coeficiente de
mol-C/mol C6H12O6 e γS = 4 mole/mol-C C6H12O6, manutenção (mS) e a constante de afinidade pelo
a taxa máxima de crescimento específico de substrato limitante de crescimento (KS).
biomassa (μmax) de microrganismos heterotróficos
crescendo em glicose em 25 °C pode ser estimada Todos os outros parâmetros normalmente
em 1,5 1/h (Eq. 2.35). usados para a descrição de um sistema microbiano
podem ser expressos em função desses quatro
Exemplo 2.16 Oxidação aeróbia de amônia parâmetros, e posteriormente implementados em
Na oxidação de amônia a nitrito, seis elétrons são modelos de biorreator. Em particular, a taxa real de
transferidos (γ∗S = 6 mole/molNH4-N) e a mudança de crescimento específico da biomassa, μ, pode ser
energia livre de Gibbs associada é estimada no derivada diretamente das eqs. 2.26 e 2.30 da
Exemplo 2.10. Além disso, como os oxidantes seguinte forma:
aeróbios de amônia são autotróficos e a amônia é
01
um doador de elétrons ruim, ΔGDiss é igual a 3.500
kJ/molX. O μmax estimado a 25 °C é 0,04 1/h.
A partir desta equação, é claro que para valores
baixos de CS, o qS real pode se tornar menor do que

8
molS h-1 l-1

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81

mS, resultando em taxas negativas de crescimento matemática equivalente, é referida como relação
específico de biomassa, ou seja, a concentração de Herbert-Pirt.
biomassa diminuirá. A concentração mínima de
substrato na qual o crescimento pode ser sustentado Alternativamente, o decaimento da biomassa é
(CSmin ) é estimada pela imposição da Eq. 2,36 igual modelado como um processo separado acoplado à
a zero (Figura 2.19D).
produção de biomassa morta, da qual uma fração
Também vale a pena destacar como a estrutura serve como novo substrato. Nesse caso, o processo
estequiométrica e cinética proposta se relaciona de decaimento substitui o conceito de manutenção
com as abordagens de modelagem comumente ou respiração endógena.
adotadas no campo de tratamento de esgoto
(Capítulo 14). A manutenção é comumente Aqui também é importante enfatizar que, na
implementada como respiração endógena, ou seja, maioria das aplicações de engenharia ambiental, os
a própria biomassa é catabolizada para fins de valores KS estimados podem ser significativamente
manutenção na ausência de substrato externo. maiores do que a afinidade intrínseca (biológica)
Matematicamente, a respiração endógena é porque os processos de difusão em flocos e
implementada como um processo de primeira
biofilmes limitam ainda mais a disponibilidade de
ordem na biomassa com o coeficiente de
decaimento (kd) e é totalmente equivalente ao substrato. KS é, portanto, normalmente referido
conceito de manutenção descrito aqui, como fica como a afinidade aparente do substrato.
evidente ao reescrever a Eq. 2,36 (Figura 2.19D):

Na verdade, a relação Herbert-Pirt é baseada


nos trabalhos de Herbert (1975) (decaimento
endógeno) e Pirt (1982) (manutenção), e como
ambos os conceitos resultam em uma expressão

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82

NOMENCLATURA

Símbolo Descrição e unidade Unidade Unidade


A Constante de Arrheniusa) a) a)

Ci Comcentração do composto i moli/L moli L-1


ΔG Mudança na energia livre de Gibbs por mol do composto i kJ/moli kJ moli-1
ΔH Mudança na entalpia por mol do composto i kJ/moli kJ moli-1
γi Grau de redução do composto i mole/moli mole moli-1
b) b)
k Constante de velocidade
Ki Afinidade ou constante de meia saturação do composto i moli/L moli L-1
KI,i Constante inibitória de meia saturação mol/L mol L-1
I Intensidade da luz W/m ou J/s.m W m-1 ou J s-1 m-1
λAn Fator de multiplicação para anabolismo molX/molX molX molX-1
λCat Fator de multiplicação para catabolismo moleD/molX moleD molX-1
μ Taxa de crescimento microbiano específica da biomassa molX/h.molX molX h-1 molX-1
Taxa de conversão específica do composto i pela biomassa para
mi sua manutenção moli/h.molX moli h-1 molX-1
Taxa específica de consumo de energia livre de Gibbs pela
mG biomassa para manutenção kJ/h.molX kJ h-1 molX-1
NoC Número de átomos de carbono C-mol/moli C-mol/moli-1
Ri Taxa absoluta (ou total) de conversão do composto i moli/h moli h-1
Taxa volumétrica de conversão do composto i (ou seja, taxa
ri total dividida pelo volume do reator) moli/h . L moli h-1 L-1
Taxa específica da biomassa de conversão do composto i (ou
qi seja, taxa total dividida pela massa de células da população de moli/h . molX moli h-1 molX-1
interesse no reator)
Taxa específica de produção ou consumo de energia livre de kJ/h.molX
qg Gibbs pela biomassa kJ h-1 molX-1
Coeficiente de temperatura que mede a taxa de mudança sob
Q10 um aumento de 10 °C - -
SI.i Concentração de composto inibitório dissolvido mol/L mol L-1
T Temperatura ºC ou K ºC ou K
ϴ Coeficiente de temperatura - -

Yi/j Coeficiente estequiométrico ou rendimento de conversão do moli/molj moli molj-1


material i por conversão do material J

a)
Depende da ordem de reação, isto é, unidades de k; b) depende da ordem de reação

Abreviação
A Aceptor
Na Anabolismo

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83

Bchl Bacterioclorofilas
Anammox microbiologia: oxidação anaeróbia de amônia
eng.: oxidação anóxica de amônia
Cat Catabolismo
Chl Clorofila
Comammox Oxidação completa de amônia em nitrato
D Doador
Diss Dissipado
eA Aceptor de elétrons (e-aceptor)
eD Doador de elétrons (e-doador)
S Substrato
X Biomassa

Acrônimo
ADM Anaerobic digestion Model/Modelo de digetão anaeróbia
ADP Difosfato de adenosina
AGV Ácido graxo volátil
AMP Adenosina Monofosfato
AOA Archaea oxidante de amônia
ARDRA Análise de restrição de DNA ribossomal amplificado
ARISA Análise automatizada do espaço intergênico ribossomal
ASM Activated sludge model/Modelo de lodo ativado
ASV Amplicon sequence variant/variantes de sequência do amplicon
ATC Ácido tricarboxílico
ATP Trifosfato de adenosina
BOA Bactéria oxidante de amônia
Bioortogonal non-canonical amino acid tagging/Marcação de aminoácidos não canônica
BONCAT
bioortogonal
BPNS Bactérias púrpuras não sulfurosas
BPS Bactérias púrpura sulfurosas
BRS Bactérias redutoras de sulfato
CAPEX Capital expenditure
CEA Carga de energia de adenilato
CLSM Confocal laser scanning microscopy/Microscopia Confocal de Varredura a Laser
CoA Coenzima A
CTE Cadeia de transporte de elétrons
CTF Citometria de fluxo
DGGE Denaturing gradient gel electrophoresis /Eletroforese em gel de gradiente desnaturante
DNA Ácido desoxirribonucleico
DNAc DNA complementar
DNAg DNA genômico
DQO Demanda Química de Oxigênio
ETE Estação de tratamento de esgoto
FADH/FADH2 Flavin adenine dinucleotide/Dinucleotídeo de flavina adenina (oxidado/forma reduzida)

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84

FISH Fluorescence in-situ hybridization/Hibridização in-situ de fluorescência


FLBA Fluorescent lectin binding analysis /Análise de ligação de lectinas por fluorescência
GTP Guanosina-5'-trifosfato
HAA Helix Aspersa lectin/lectinas de Helix aspersa
LUCA Last universal common ancestor/Último ancestral comum universal
MAR Microautorradiografia
MEF Microscopia de epifluorescência
MIDAS Microbial database for activated sludge/Base de dados microbiano de lodo ativado
NAD+/NADH Nicotinamida adenina dinucleótido (oxidado e forma reduzida)
NADP+/NADPH Fosfato NAD (oxidado e forma reduzida)
NanoSIMS Nanoscale SIMS
NIR Próximo ao infravermelho
NOX- Composto de nitrogênio oxidado
OAG/GAO Organismo acumulador de glicogênio/Glycogen-accumulating organism
OAP Organismo acumulador de polifosfato
OAM Organismos anammox
ODH Organismo desnitrificante heterotrófico
OHO Organismo heterotrófico ordinário
ONA Organismo nitrificante autotrófico
OON Organismo oxidante de nitrito
OOA Organismo oxidante de amônia
OPEX Operating expenditure
OTU Operational taxonomic unit/Unidade taxonômica operacional
PCR Polymerase chain reaction/Reação em cadeia da polimerase
PHA Poli-β-hidroxialcanoatoPHA
PHB poli-β-hidroxibutirato
PHV Poli-β-hidroxivalerato
PLFA Ácido graxo fosfolipídico
PyroTRF-ID Identificação de T-RFs por dados de pirosequenciamento
qFISH FISH quantitativo
qPCR PCR quantitativo
RBAF Remoção biológica avançada de fósforo
RBN Remoção biológica de nutrientes
RNA Ácido ribonucleico
RNAm RNA mensageiro
RNAr RNA ribossomal
RNAt RNA transportador
RT-qPCR (RT – reverse transcription/Transcrição reversa) e qPCR
SIMS Secondary ion mass spectrometry/espectrometria de massa de íons secundários
SIP stable isotope probing/Sonda de isótopo estável
SSI Sólidos em suspensão inorgânicos
SSF Sólidos em suspensão fixos
SST Sólidos em suspensão total

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85

SSV Sólidos em suspensão voláteis


SPE Substâncias poliméricas extracelulares
TDH Tempo de detenção hidráulica
TRE Transferência reversa de elétrons transporte reverso de elétrons
TRS Tempo de retenção de sólidos
T-RF Terminal-restriction fragment/Fragmento de restrição de terminal
T-RFLP Terminal-restriction fragment length polymorphism/polimorfismo do tamanho de
fragmento de restrição terminal

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3 Características das águas residuárias


Eveline I.P. Volcke, Kimberly Solon, Yves Comeau e Mogens
Henze
Tradução: Dione Mari Morita

resultando em diluição e maior volume de esgoto.


3.1 TIPOS DE ÁGUAS RESIDUÁRIAS E O sistema combinado, obviamente, é de menor
SUAS CARACTERÍSTICAS custo, mas possui o risco de sobrecarregar as ETEs
durante longos períodos de chuvas intensas,
3.1.1 Fontes de águas residuárias resultando na descarga de uma parte do esgoto
sanitário nos corpos d’água locais, com nenhum ou
A água é consumida em várias atividades humanas. insuficiente tratamento. No pior caso, o
A qualidade requerida depende do seu uso. Esse transbordamento pode ocorrer. Por essa razão, a
conceito de qualidade de água de acordo com o uso maioria dos novos e reformados sistemas é
constitui a base de muitos sistemas de reúso, que separador absoluto. Sistemas combinados
minimizam o consumo de água. Entretanto, a permanecem em antigas áreas urbanas de países em
geração de esgoto sanitário, que é descarregado no desenvolvimento e nos locais onde a implantação
sistema de coleta e transporte (sistema do sistema de coleta e transporte de esgoto é difícil.
centralizado) ou tratado no local (sistema
descentralizado), permanece inevitável. Tanto o sistema de coleta e transporte de esgoto
sanitário quanto a ETE também recebem algumas
O termo água residuária municipal ou esgoto águas residuárias de fontes externas. Sua
sanitário refere-se àquela transportada pela rede quantidade é tipicamente maior em grandes ETEs.
coletora a uma estação de tratamento de esgoto - Exemplos de tais águas são o lixiviado de aterro
ETE (centralizada). Ela compreende as águas sanitário e o efluente de fossa séptica. Quando
residuárias das residências, instituições e nenhum tratamento descentralizado é disponível,
indústrias, tanto quanto a água subterrânea, que essas águas residuárias são transportadas a uma
inevitavelmente infiltra na rede através de fissuras ETE centralizada. Para o lixiviado, um transporte
e/ou juntas. dedicado pode ser empregado ou ele pode ser
descarregado numa rede coletora próxima ao
O projeto do sistema de coleta e transporte de aterro. O efluente ou o lodo de fossa séptica é
esgoto sanitário afeta sua composição. O sistema tipicamente transportado para a ETE por
denominado separador absoluto possui uma rede caminhões. Além disso, algumas águas residuárias
separada para transportar as águas de chuva, específicas são também geradas internamente nas
coletadas do escoamento superficial, enquanto no ETEs, tais como os sobrenadantes dos adensadores
sistema combinado, elas são recolhidas junto com e dos digestores; o clarificado da unidade de
o esgoto sanitário, numa única rede coletora, desaguamento; a água de drenagem dos leitos de

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secagem; a água de lavagem dos filtros e a água de composição, serão discutidos mais adiante nesse
limpeza dos equipamentos. capítulo (Seção 3.11).
A Tabela 3.1 mostra os vários tipos de águas
residuárias. Seus efeitos, de acordo com a sua

Tabela 3.1 Tipos de água residuárias segundo sua origem.

Água residuária proveniente das atividades da sociedade Água residuária gerada internamente nas ETEs
Esgoto doméstico (ou seja, das residências) Sobrenadante do adensamento
Água residuária de instituições (por exemplo, hospitais, Sobrenadante do digestor
escolas)
Água residuária industrial Clarificado do desaguamento de lodo
Infiltração na rede coletora de esgoto Água de drenagem de leito de secagem
Água de chuva Água de lavagem de filtros
Lixiviado de aterro sanitário Água de limpeza de equipamentos
Efluente/lodo de fossa séptica

3.1.2 Visão geral dos constituintes do Tabela 3.2 e suas contribuições podem variar
esgoto sanitário consideravelmente.
Os constituintes do esgoto sanitário podem ser
divididos nas principais categorias mostradas na

Tabela 3.2 Constituintes presentes no esgoto sanitário (baseado em Henze et al., 2002).

Constituintes do esgoto sanitário Especificação (exemplos) Perigo


Micro-organismos Bactérias patogênicas, vírus e ovos de Risco pelo contato durante o banho e
vermes pela ingestão de mariscos
Matéria orgânica biodegradável Depleção de oxigênio nos rios, lagos e
fiordes, que, por sua vez, resulta na
morte de peixes, odores
Nutrientes Componentes de nitrogênio e fósforo Eutrofização, depleção de oxigênio,
efeito tóxico
Componentes de enxofre Sulfeto de hidrogênio, sulfato Odor, efeito tóxico, corrosão
Celulose Principalmente originário do papel higiênico Aumento na produção de lodo
Micropoluentes Biocidas, pesticidas, solventes, produtos de Efeito tóxico, bioacumulação
higiene pessoal, fármacos
Metais Hg, Pb, Cd, Cr, Cu, Ni Efeito tóxico, bioacumulação
Outros materiais orgânicos Detergentes, pesticidas, gordura, óleos e Efeito tóxico, inconvenientes estéticos,
graxas, corantes, solventes, compostos bioacumulação na cadeia alimentar
fenólicos, cianetos
Outros materiais inorgânicos Ácidos, tais como sulfeto de hidrogênio; Corrosão, efeito tóxico
bases
Energia térmica Descarga de águas residuárias com Mudança nas condições de vida da flora
diferentes temperaturas e da fauna
Radioatividade Efeito tóxico, acumulação

Para melhor entendimento sobre o fracionamento, dos vários constituintes do esgoto sanitário. A
inicialmente, é descrita uma introdução sobre a seção 3.11 contém uma revisão das características
ocorrência física e química dos componentes do típicas de vários tipos de águas residuárias e, a
esgoto predominantemente doméstico (Seção 3.2). subsequente, aborda seus comportamentos
A seguir, as seções 3.3 a 3.10 apresentam a dinâmicos e suas implicações (Seção 3.12). O
importância, a caracterização e o fracionamento capítulo é concluído com um resumo dos

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protocolos de caracterização do esgoto menores do que 0,1 µm são considerados solúveis,


predominantemente doméstico necessários à enquanto maiores, particulados.
modelagem (Seção 3.13).
A Tabela 3.3 mostra os valores típicos dos
3.2 OCORRÊNCIA FÍSICA E QUÍMICA componentes solúveis e particulados do esgoto
DOS COMPONENTES DO ESGOTO predominantemente doméstico. O fracionamento
PREDOMINANTEMENTE entre eles influencia nas opções de tratamento.
DOMÉSTICO Uma grande fração de matéria orgânica (expressa
em termos de DQO ou DBO, vide seção 3.4) é
3.2.1 Constituintes solúveis versus particulada e pode ser removida por sedimentação.
coloidais versus particulados Ao contrário, a maior parte dos componentes
contendo N- e P- é tipicamente solúvel e, portanto,
Os componentes do esgoto predominantemente os nutrientes não podem ser removidos pela
doméstico podem ser classificados de acordo com sedimentação, filtração, flotação ou qualquer outro
as suas aparências físicas, mais especificamente as meio de separação sólido-líquido.
fases nas quais eles ocorrem. Essa diferença é
tipicamente refletida na sua notação: Tabela 3.3 Distribuição típica dos componentes solúveis e
particulados do esgoto predominantemente doméstico,
• S: solúvel; em termos de concentrações médias (g.m-3)
• C: coloidal;
Parâmetro Solúvel Particulado Total
• X: particulado.
DQO 200a 550a 750a
Os componentes solúveis estão dissolvidos na DBO 140 210 350
água, compondo uma única fase líquida. O material N total 50a 10a 60a
particulado está na forma de partículas sólidas P total 11 4 15a
a
Valores arredondados, correspondentes ao exemplo de
(muito) pequenas. Entre os componentes solúveis e esgoto bruto, mencionado nos capítulos 4 a 6, Tabelas 3.6 e
particulados, estão os coloidais, que formam uma 3.8 (Ekama, 2009).
suspensão de partículas microscopicamente
dispersas no esgoto. Uma mistura coloidal não Deve-se levar em consideração que nem todo
sedimenta ou leva um tempo muito longo para material particulado sedimenta. Ele consiste de
sedimentar substancialmente. frações sedimentáveis e não sedimentáveis. Essas
últimas compreendem os componentes coloidais,
Na prática, tanto quanto na maioria dos tanto quanto o material particulado que não
modelos aplicados ao tratamento de esgoto sedimenta em função do projeto e da operação do
predominantemente doméstico, somente os decantador.
componentes solúveis e particulados são
diferenciados uns dos outros. A distinção é A visão simplificada de somente considerar os
tipicamente baseada na filtração em membrana componentes solúveis e particulados nos modelos
com tamanho de poro de 0,45 µm. Coloides Activated Sludge Models (ASMs, ou seja, ASM1 –
menores do que esse tamanho são considerados Henze et al., 1987 e ASM2 – Henze et al., 1995)
solúveis, enquanto os maiores, particulados. leva a algumas implicações, que precisam ser
Alternativamente, essa distinção é feita pela ponderadas. Em primeiro lugar, a maioria dos
filtração em 0,1 µm ou – quase equivalente – modelos assume que os componentes orgânicos
floculação com Zn(OH)2 seguido da filtração em solúveis (Ss) sejam rapidamente biodegradáveis,
0,45 µm (Mamais et al., 1993). Assim, coloides enquanto os particulados (Xs), lentamente.
Entretanto, na realidade, parte da fração orgânica

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coloidal pode ser medida como solúvel (se o eficiência da adsorção depende de um processo
tamanho do coloide for menor do que o tamanho do complexo, que está ligado às características do
poro do filtro) e será modelada como rapidamente lodo, incluindo o tipo e a fração de substâncias
biodegradável, embora ela seja lentamente poliméricas extracelulares (EPS – extracelular
biodegradável. Essa nuance não será percebida na polymeric substances) e a presença dos compostos
modelagem de estações de tratamento nas quais as armazenados. Pode-se modelar todo esse
idades do lodo (SRT- sludge retention time) sejam fenômeno, considerando a matéria coloidal como
suficientemente longas, de tal forma que todos os uma variável de estado (Nogaj et al., 2015).
compostos orgânicos biodegradáveis (solúveis e Todavia, embora tal descrição possa ser
particulados, rapidamente e lentamente) sejam mecanicamente mais correta, é definitivamente
degradados. Porém, ela desempenhará um papel mais complexa, e só é possível às expensas de ter
importante nos sistemas de lodo ativado de alta que se estimar mais parâmetros desconhecidos.
taxa, nos quais a idade do lodo é baixa demais para Uma simples alternativa é manter a distinção
a degradação do material coloidal solúvel somente entre compostos orgânicos solúveis e
lentamente biodegradável. A fim de descrever particulados (não coloidais) e embutir a adsorção e
exatamente esse fenômeno, uma opção é dividir os a sedimentação em um simples parâmetro de
componentes solúveis em frações rapidamente e “eficiência de sedimentação”, que pode ser
lentamente biodegradáveis e modelar suas estimado através de dados medidos rotineiramente
remoções separadamente (por exemplo, Nogaj et nos processos de tratamento de esgoto
al., 2015). Outra alternativa mais simples é ajustar (Smitshuijzen et al., 2016). A comparação entre
o fracionamento do afluente. Nessa abordagem, a ambas as abordagens na modelagem dos processos
fração particulada (XS) é assumida maior do que de lodo ativado de alta taxa foi abordada por Jia et
aquela que seria baseada nos resultados al. (2020).
experimentais (filtração), a fim de refletir que parte
dos compostos orgânicos solúveis – mais O ponto importante é que, na maioria dos casos,
especificamente a porção coloidal – é também modelos mais simples – nesse caso diferenciando
lentamente biodegradável (Smitshuijzen et al., somente os componentes solúveis dos particulados
2016). – sem distinguir os coloides – desempenham
Outra implicação em ignorar a fração coloidal melhor para a descrição e a otimização da estação.
e somente diferenciar entre a matéria orgânica Mas, como qualquer modelo, necessita-se estar
solúvel e a particulada refere-se ao comportamento ciente das hipóteses adotadas.
da adsorção/biofloculação e sedimentação. A
adsorção da matéria orgânica em suspensão é um A modelagem da matéria orgânica coloidal
processo rápido e considerado instantâneo no explicitamente pode ainda ser valorosa se for
ASM1 (Henze et al., 1987). Nos processos de lodo necessário alcançar concentrações efluentes muito
ativado com longo período de contato, os coloides, baixas, uma condição na qual o comportamento
normalmente, adsorverão nos flocos e, dessa matéria torna-se significativa. Sistemas de
subsequentemente, sedimentarão. Portanto, a tratamento avançado, incluindo processos por
suposição de que eles sejam particulados membrana ou adsorção, estão sendo usados com
(denominados assim quando os tamanhos dos mais frequência. O tamanho da partícula da matéria
coloides são superiores ao tamanho do poro do coloidal a ser considerado depende do objetivo do
filtro) é satisfatória. Todavia, em processos de alta modelo usado e do método de sua determinação,
taxa, o tempo de contato pode ser curto demais para podendo estar, tipicamente, entre 0,01 e 1 µm. A
que os coloides adsorvam nas partículas maiores e, plataforma de simulação BioWin diferencia entre
então, sedimentem, embora parte desses possa ter matéria coloidal (aproximadamente 0,04 a 1,2 µm)
sido modelado como material particulado. A e particulada (maior do que 1,2 µm); a DQO

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lentamente biodegradável é considerada como a inorgânica e orgânica. Isso será visto nas seções 3.5
soma das frações coloidal e particulada. e 3.6.
Tabela 3.4 Concentrações de SSI, SSV e SST (em mg.L-1),
3.2.2 Constituintes orgânicos versus por exemplo, para esgoto bruto e decantado (adaptado
inorgânicos de Ekama, 2009)

Parâmetro Esgoto Esgoto


O esgoto predominantemente doméstico contém bruto decantado
tanto compostos orgânicos quanto inorgânicos. A Sólidos em suspensão inorgânicos
48 9,5
matéria orgânica pode ser expressa em termos de (SSI)
DQO biodegradável ou não biodegradável. Note-se Sólidos em suspensão voláteis
253 69,2
que o termo “não biodegradável” se refere ao (=orgânicos) (SSV)
Sólidos em suspensão totais (SST) 301 78,7
material que não é biodegradável nas condições
Relação SSV/SST (para afluente à
típicas e nos tempos de detenção de uma estação de ETE)
0,84 0.,87
tratamento de esgoto predominantemente
doméstico. Além disso, uma distinção entre
3.3 MICRO-ORGANISMOS
matéria orgânica solúvel e particulada pode ser
feita (vide Seção 3.4.2). As frações de DQO A proteção à saúde humana permanece, até hoje,
particulada (biodegradável e não biodegradável) como a primeira razão para o tratamento de esgoto.
podem também ser expressas em termos de sólidos Historicamente, seu manuseio foi dirigido à
em suspensão voláteis (SSV), por exemplo, necessidade de remover elementos infecciosos para
utilizando o fator de conversão da Eq. 3.1, que está fora do alcance da população urbana. Ainda no
de acordo com a composição média típica do século 19, micro-organismos foram identificados
esgoto predominantemente doméstico (Tabela como as causas das doenças; foi reconhecido que a
3.17). alta densidade de micro-organismos representava
um risco severo à saúde quando o esgoto in natura
1 g SSV = 1,48 g DQO (3.1) era descarregado no corpo receptor.

Assim como a matéria orgânica, o esgoto Os micro-organismos nas águas residuárias


também contém material inorgânico. O material originam-se, principalmente, das excretas
inorgânico particulado é denominado sólidos em humanas, assim como da indústria alimentícia. A
suspensão inertes (SSI). A acumulação de SSI na Tabela 3.5 fornece uma ideia das densidades de
ETE tem como origem os compostos inorgânicos micro-organimos no esgoto predominantemente
do afluente. Concentrações típicas de SSI (Ekama, doméstico e o capítulo 8 traz mais informações
2009) são de aproximadamente 50 mg.L-1 para o sobre os micro-organismos patogênicos e sua
esgoto bruto e 10 mg.L-1 para o decantado, isto é, remoção.
esgoto bruto que passou pelo decantador primário,
que, nesse caso, remove aproximadamente 80%
dos compostos orgânicos particulados do afluente.
A soma de SSV e SSI é igual ao SST, sólidos em
suspensão totais (vide Tabela 3.4, para valores
típicos do esgoto predominantemente doméstico).

É claro que, assim como a matéria carbonácea,


outros componentes, tais como o nitrogênio e o
fósforo, podem estar presentes nas formas

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Tabela 3.5 Densidades de micro-organismos no esgoto diluição é necessária para evitar a depleção total de
predominantemente doméstico (número de micro-organismos oxigênio, presente na amostra, durante o período de
por 100 mL) (baseado em Henze et al., 2002) incubação. A DBO também mede o oxigênio
consumido na oxidação das formas reduzidas de
Micro-organismos Mínimo Máximo nitrogênio, ou seja, a Demanda Bioquímica de
Escherichia coli 106 5108 Oxigênio Nitrogenada (DBOn). A fim de evitar
Coliforms 1011 1013 quantificá-la e somente medir a DBO carbonácea,
Clostridium perfringens 103 5104 um inibidor de nitrificação (normalmente ATU: alil
Faecal streptococci 106 108 tioureia) deve ser adicionado ao teste.
Salmonella 50 300
Campylobacter 5103 105 Períodos de duração de teste alternativos
Listeria 5102 104 também podem ser aplicados. Um teste de DBO de
Staphylococus aureus 5.103 105 um dia (DBO1) pode ser usado se os resultados
Coliphages 104 5105 precisam ser obtidos rapidamente, enquanto na
Giardia 102 103 Noruega e na Suécia, um teste de DBO de 7 dias,
Roundworms 5 20 DBO7, é empregado convencionalmente. É claro
Enterovirus 103 104
que o valor de DBO cresce com o aumento do
Rotavirus 20 100
período de teste, uma vez que mais tempo é
disponível para a degradação da matéria orgânica
3.4 MATÉRIA ORGÂNICA (Figura 3.1). Se for requerida uma medida de
(quase) todo o material biodegradável, é
3.4.1 Caracterização: DBO versus DQO determinada a denominada DBO última (DBO∞).
A DBO após um período de incubação de pelo
A matéria orgânica é tipicamente medida em menos 3 semanas, por exemplo, DBO25, é
termos de Demanda Bioquímica de Oxigênio considerada uma boa aproximação da DBO∞ (van
(DBO) e/ou Demanda Química de Oxigênio Haandel; van Der Lubbe, 2007). Metcalf; Eddy
(DQO). (2014) informaram que 95 a 99% da DBO última é
alcançada após 20 dias. Todavia, uma desvantagem
de se medir por um longo período é que, além de
3.4.1.1 DBO consumir muito tempo, uma grande diluição é
necessária para evitar a limitação de oxigênio, o
No ensaio de DBO, mede-se o oxigênio requerido que compromete a confiabilidade da medida de
à oxidação de parte da matéria orgânica. Mais DBO25. É possível estimar vários valores de DBO
especificamente, ela representa a quantidade de a partir de uma simples medida; uma relação típica
oxigênio consumido por micro-organismos para entre DBO5 e DBO25~DBOꝏ é aproximadamente
degradar, bioquimicamente, a matéria orgânica em 0,6 a 0,7 (Tabela 3.6) para esgoto
uma amostra líquida. Fundamenta-se no predominantemente doméstico. A verdadeira
metabolismo microbiano e pode, então, ser visto relação entre essas duas medidas depende do tipo
como um teste respirométrico. O ensaio padrão de de água residuária e fica entre 0,5 e 0,95
DBO dura 5 dias (DBO5). Durante o teste, uma (Roeleveld; van Loosdrecht, 2002). Nesse capítulo,
amostra líquida, em um frasco fechado, é incubada o termo DBO se refere ao ensaio padrão de DBO 5
no escuro, em uma temperatura de 20oC, durante carbonácea.
um período de 5 dias. A diferença entre as
concentrações de oxigênio dissolvido antes e após A medida de DBO também é dependente da
a incubação é tida como DBO5, medida em temperatura. Para o mesmo período de incubação,
mgO2.L-1. Quando se trata de água residuária, a um maior valor é registrado em mais alta

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temperatura (vide Figura 3.1). Tal fato pode ser DQO, para evitar a interferência dos íons cloreto.
atribuído a uma maior atividade biológica em O excesso de dicromato é titulado com solução de
maiores temperaturas. Portanto, em vista da sulfato ferroso amoniacal, sendo o volume gasto
reprodutibilidade e da comparabilidade, é essencial usado para calcular a concentração de DQO em
que o teste de DBO seja realizado sob condições mgO2.L-1. Permanganato também pode ser
padrões (20oC). Para maiores detalhes, o leitor deve utilizado ao invés do dicromato, todavia, nesse
consultar Spanjers; Vanrolleghem (2016). caso, deve-se ficar atento à uma falsa medida de
DQO, uma vez que esse método mede somente
parte da matéria orgânica e deve ser executado
Tabela 3.6 Valores de DBO e DQO de esgoto
apenas para o planejamento do ensaio de DBO.
predominantemente doméstico

DBO1 DBO5 DBO7 DBO25 DQO Os métodos geralmente empregados para a


40 100 115 150 210 determinação da DQO, descritos anteriormente,
200 500 575 750 1.100 estão ainda baseados no uso de elementos químicos
tóxicos, tais como o mercúrio (Hg) e o cromo
hexavalente (Cr(VI)). Esses metais são
classificados como poluentes prioritários pela EU
Water Framework Directive e pela USEPA Clean
Water Act e são potenciais cancerígenos humanos.
No Japão e nos Estados Unidos, há restrições sobre
a manufatura, a venda e o uso dessas substâncias.
Por essa razão, atualmente, métodos alternativos
para a determinação da DQO estão sendo
considerados e examinados. As alternativas mais
frequentemente mencionadas referem-se às
correlações entre a DQO e outros parâmetros, tais
Figura 3.1 Resultados de DBO dependem do tempo de como DBO, COT ou Demanda de Oxigênio Total
incubação e da temperatura. O padrão é 20oC e 5 dias (DOT). Contudo, tais relações podem variar de
(Henze et al., 2002). uma amostra para outra ou com o tempo. Métodos
analíticos de DQO sem Hg e/ou Cr, tais como o uso
O típico período de 5 dias torna a DBO um teste de Mn(III), Mn(VII), Ag2SO4 e eletroquímicos,
lento. O método é também moroso devido à têm sido estudados, mas ainda apresentam
necessidade de várias diluições. A análise da DQO limitações.
é uma alternativa mais rápida de medir a matéria
orgânica da água residuária. A DQO teórica de uma substância carbonácea
é definida como a massa de oxigênio necessária à
sua completa oxidação a dióxido de carbono e
3.4.1.2 DQO água. Seu valor é calculado através da
correspondente equação de oxido-redução. Por
A análise de DQO constitui uma alternativa exemplo, a DQO teórica do etanol é calculada pela
rápida de medir a matéria orgânica. Ela quantifica Eq. 3.2:
a maioria dos compostos orgânicos presentes na
amostra, através da oxidação química com
C2 H6 O + 3O2 → 3CO2 + 3H2 O (3.2)
dicromato (processada via cromo hexavalente
(Cr(VI)). Sulfato mercúrico (HgSO4) pode também
ser adicionado à amostra, durante a análise de

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que mostra que a completa oxidação de 1 mol (ou biodegradáveis (ambos, solúveis e particulados)
46 g) de etanol requer 3 mols (96 g) de oxigênio. A sejam degradados; assim, nenhuma distinção é
DQO teórica do etanol é, então, 96/46 = 2,09. necessária entre o carbono orgânico rapidamente e
o lentamente biodegradável, pelo menos no que diz
3.4.2 Fracionamento da DQO respeito à remoção de matéria orgânica.
No entanto, quando se considera a redução de
A matéria orgânica pode ser quantificada em nitrogênio, uma diferenciação entre as duas frações
termos de DQO; assim, os componentes que são é importante para calcular exatamente o potencial
expressos em DQO são orgânicos. Como o de desnitrificação (vide capítulo 5). Em relação à
tratamento biológico de esgoto depende das remoção biológica de fósforo, o carbono orgânico
conversões microbianas, uma adicional biodegradável solúvel ainda pode ser dividido em
categorização das frações biodegradáveis e não ácidos graxos voláteis (VFA – volatile fatty acids,
biodegradáveis é relevante. Uma distinção SVFA) e uma fração de DQO fermentável (SF), cuja
adicional entre os componentes particulados e os utilização é dividida entre os organismos
solúveis é feita pela separação líquido-sólido. A acumuladores de fósforo (PAOs – phosphorus
DQO particulada fornece informação sobre a accumulating organisms) e os heterotróficos
produção de lodo esperada. Como um resultado, (OHOs – ordinary heterotrophic organisms) (Vide
quatro frações de DQO são definidas (Figura 3.2): capítulo 6).
orgânica solúvel biodegradável (SS); orgânica
solúvel não biodegradável (SU), orgânica Durante o tratamento biológico de esgoto
biodegradável particulada (XS) e orgânica não predominantemente doméstico, pode-se assumir
biodegradável particulada (XU). que toda a DQO biodegradável será convertida para
o crescimento da biomassa heterotrófica, enquanto
a particulada não biodegradável vai para o descarte
de lodo. Se houver uma sedimentação “perfeita”
(“ideal”), o efluente não conterá material
particulado. Então, somente a DQO solúvel não
biodegradável deixa o sistema no efluente.

O fracionamento típico do afluente, isto é, para


determinar as quantidades de todas as frações de
DQO, mostradas na Figura 3.2, realiza-se conforme
o seguinte procedimento:

Figura 3.2 Fracionamento da DQO no esgoto (1) Quantificação da DQO total (DQOt)
predominantemente doméstico baseada nas práticas analíticas padrões
(vide seção 3.4.1);
Na maioria dos modelos, os componentes (2) Quantificação da DQO solúvel (SS+SU)
orgânicos solúveis (SS) são assumidos como pela determinação da DQO numa amostra
rapidamente biodegradáveis, enquanto os de esgoto filtrada (tipicamente em
particulados (XS), lentamente. Algumas das membrana com tamanho do poro igual a
implicações dessas hipóteses foram discutidas na 0,45 µm);
seção 3.2. Na maioria das ETEs, a idade do lodo (3) Determinação da DQO particulada
(SRT – sludge retention time) é suficientemente (XS+XU) pela diferença entre a DQO total
longa para que todos os compostos orgânicos (DQOt) e a DQO solúvel (SS+SU)

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(4) Determinação da DQO afluente não decantação primária é denominado esgoto


biodegradável solúvel (SU), baseada na decantado. Comparado ao bruto, sua DQO é
medida da DQO filtrada do efluente da reduzida em aproximadamente 40% ou mais,
ETE, que é normalmente assumida como dependendo da eficiência do decantador primário.
não biodegradável e, portanto, igual à Tal remoção constitui um alívio para os reatores
DQO não biodegradável solúvel do biológicos, em termos de demanda de oxigênio e
afluente (vide capítulo 4). produção de lodo secundário (vide capítulo 4). A
Alternativamente, SU pode ser assumida decantação primária afeta apenas a fração de DQO
como uma fração (por exemplo, 0,9) da particulada; ela não influencia nas frações solúveis
medida de DQO efluente filtrada para (SS e SI). Típicas características do esgoto
ETEs com baixa carga orgânica, ou decantado são mostradas na Tabela 3.8 (Ekama,
menor, para as com alta carga orgânica 2009). Nota-se uma maior remoção de material
(Releveld; van Loosdrecht, 2002) particulado não biodegradável (acima de 80%) do
(5) Determinação da DQO solúvel que de material particulado biodegradável
biodegradável (SS) pela subtração da (aproximadamente 50%) no decantador primário, o
fração SU da DQO solúvel. que está de acordo com as observações práticas
(6) Quantificação da DQO biodegradável (Ikumi et al., 2014). Um resultado semelhante é
(DQOb = SS + XS) através dos métodos esperado para os componentes inorgânicos, que são
padrões, por exemplo, determinação da removidos em uma maior extensão do que a
DBO com supressão da nitrificação (vide matéria orgânica particulada biodegradável
seção 3.4.1.) (aproximadamente 80%, vide seção 3.2.2)
(7) Determinação da DQO particulada
biodegradável (XS) pela subtração entre a Tabela 3.7 Fracionamento de DQO do esgoto bruto
DQO biodegradável e a fração de DQO predominantemente doméstico (Ekama, 2009),
correspondente ao exemplo de projeto do capítulo 4.
solúvel biodegradável: XS = DQOb - SS Todos os valores em mgDQO.L-1.
(8) Determinação da DQO não
biodegradável particulada (XU) através da DQOt = 750
seguinte equação: XU = DQOt - SU - SS - SS = 146 SU = 53 Solúvel
XS = 439 XI = 112 Particulada
XS Não
Biodegradável
biodegradável
Pode-se observar que, na sequência
anteriormente mencionada, todos os erros e Tabela 3.8 Fracionamento de DQO do esgoto
imprecisões serão refletidos na fração XU, que é, predominantemente doméstico decantado (Eficiência de
então, um parâmetro muito sensível para a remoção de DQO de 40% no decantador primário
modelagem (Roeleveld; van Loosdrecht, 2002). comparado aos dados da Tabela 3.7) (Ekama, 2009),
Nos estudos sobre remoção biológica de correspondendo ao exemplo de projeto do capítulo 4.
fósforo, a fração de VFA, SVFA, pode ser medida Todos os valores em mgDQO.L-1
por cromatografia gasosa ou por titulação; a fração
de DQO fermentável é, então, determinada por SF DQOt = 450
SS = 146 SU = 53 Solúvel
= SS - SVFA.
XS = 233 XI = 18 Particulado
Não
Biodegradável
A Tabela 3.7 fornece as características típicas biodegradável
de um esgoto predominantemente doméstico. Uma
grande fração de DQO é particulada e, Quando se compara os valores de
consequentemente, pode ser removida no fracionamento de DQO do esgoto sanitário de
decantador primário. O esgoto que passa pela diferentes ETEs, uma alta variação é observada nas

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100

frações SS, XS e XU, enquanto a SU não varia muito ativado (por exemplo, o protocolo STOWA,
(Roeleveld; van Loosdrecht, 2002). A Tabela 3.9 Hulsbeek et al., 2002), nos quais se assume apenas
ilustra as frações de DQO correspondentes. As uma pequena concentração inicial de nitrificantes e
variações nas quantidades e relações entre as várias de organismos acumuladores de fósforo
frações de DQO estão ligadas à contribuição (Roeleveld; van Loosdrecht, 2002). Com a
industrial; ao tipo e ao comprimento das metodologia de fracionamento da DQO aqui
tubulações, bem como aos processos de apresentada, a biomassa presente no esgoto
transformação que ocorrem no sistema de coleta e sanitário será incluída nas frações XS e XU. Ao
transporte de esgoto. Os últimos são influenciados contrário, alguns protocolos para fracionamento do
pelas condições redox, tempo de detenção afluente, usados para modelagem dinâmica
hidráulico e temperatura. A quantidade de (baseado no ASM) (vide seção 3.13), incluem uma
compostos orgânicos rapidamente biodegradáveis detalhada caracterização da biomassa heterotrófica
tipicamente decresce em longos condutos por e autotrófica. Esse é o caso do protocolo
gravidade (aeróbios) e aumenta em condutos sob BIOMATH (Vanrolleghem et al., 2003), no qual a
pressão (anaeróbios). Apesar das grandes variações caracterização da água residuária afluente e a
entre ETEs, as frações de DQO e de nitrogênio estimativa dos parâmetros do processo biológico
encontradas em um determinado esgoto sanitário dependem fortemente de medidas respirométricas
são bastante constantes, ainda que as concentrações (Spanjers; Vanrolleghem, 2016).
variem (Henze, 1992). Pode-se afirmar, então, que
um esgoto sanitário específico exibe uma 3.5 NITROGÊNIO
“impressão digital” mais estável.
A fonte principal de nitrogênio no esgoto bruto é a
Tabela 3.9 Valores mínimos, médios e máximos do excreta humana, da qual 75% estão na forma de
fracionamento de DQO de 21 diferentes estações de ureia, que é quase imediatamente hidrolisada para
tratamento de esgoto sanitário (Roeleveld; van
Loosdrecht, 2002).
nitrogênio amoniacal, sendo o restante, orgânico.
Essa relação é reconhecida nas típicas frações de
Fracionamento do afluente à Min. Médio Máx. nitrogênio (Henze, 1992). A fração inorgânica
ETE
SU / DQOt 0,03 0,06 0,10
compõe a maior parte dos compostos de nitrogênio
SS / DQOt 0,09 0,26 0,42 presentes no esgoto predominantemente doméstico
XS / DQOt 0,10 0,28 0,48 e é essencialmente composta de amônia livre e
XI / DQOt 0,23 0,39 0,50 salina (FSA – free and saline ammonia), ou seja, a
BDQOb/DQO t = (SS + XS)/ DQOt 0,45 0,55 0,68
DBO5 / DQOt 0,32 0,40 0,51 soma da amônia livre (NH3) e do íon amônio
Fração de DQO particulada
0,47 0,68 0,88
(𝑁𝐻4+ ). As concentrações de nitrogênio inorgânico,
= (SS+XS)/DQOt nas formas de nitrato e nitrito, são tipicamente
desprezíveis no esgoto doméstico. Além disso, ele
É importante notar que o esgoto sanitário também contém uma fração de nitrogênio orgânico,
também contém uma pequena quantidade de que pode ser subdividida em biodegradável e não
biomassa ativa, que não é explicitamente biodegradável, cada uma presente nas formas
considerada no fracionamento apresentado. A solúvel e particulada (Figura 3.3, Ekama (2009) –
biomassa pode ser responsável por 10 a 20% da vide capítulo 5), que corresponde diretamente à
matéria orgânica total do esgoto bruto (Kappeler; cada uma das frações de DQO mostradas na Figura
Gujer, 1992). Além disso, essa fração não precisa 3.2.
ser considerada no estado de equilíbrio (vide
capítulo 4 para mais detalhes). A quantidade de Para uma descrição detalhada dos
biomassa afluente é também desprezada em certos procedimentos analíticos usados na determinação
protocolos de calibração de modelos de lodo de FSA e Nitrogênio Total Kjeldahl, o leitor deve

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101

consultar os protocolos padrões detalhados em lodo total no reator também contém uma fração
Rice et al. (2017). inerte (SSI), resultante dos compostos inorgânicos
presentes no afluente.

Figura 3.4 Relação entre as frações de DQO e de


nitrogênio no afluente e sua contribuição à massa de SSV
no reator, conforme apresentado no capítulo 5.

Figura 3.3 Fracionamento do nitrogênio no esgoto A parte orgânica do nitrogênio está ligada à
sanitário matéria orgânica carbonácea do esgoto. A fração de
nitrogênio orgânico total é calculada através da
Durante o tratamento biológico, as frações de diferença entre o Nitrogênio Total Kjeldahl e a
nitrogênio orgânico biodegradável (ambos, solúvel FSA. As frações de nitrogênio total solúvel
Nobs e particulado Nobp) são liberadas como amônia (Nobs+Nous) e particulado (Nobp+Noup) são
e adicionadas ao FSA (além de SNHx). Parte desse determinadas através das medidas de Nitrogênio
FSA é incorporado à biomassa, principalmente a Total Kjeldahl antes e após a filtração. As frações
heterotrófica (OHO, com massa MXOHOv), desde individuais de nitrogênio solúvel e particulado
que a quantidade de biomassa autotrófica biodegradável e orgânico não biodegradável não
(MXANOv) seja desprezível. Durante a respiração podem ser determinadas diretamente, mas podem
endógena, parte do nitrogênio permanece fixo, ser assumidas ou deduzidas de outras medidas. A
denominado resíduo endógeno (MXE,OHOv), e o fração fixa de nitrogênio, para vários componentes
remanescente é liberado novamente na forma de de DQO (fn), pode ser assumida, desde que o
amônia. A parte do FSA, que não é incorporada à conteúdo de nitrogênio no lodo do sistema de lodo
biomassa, fica disponível para conversão à nitrato. ativado seja previsto com suficiente exatidão. Um
A fração de nitrogênio orgânico particulado não conteúdo de nitrogênio fixo fn = 0,10
biodegradável (Noup) incorpora-se à biomassa, mais mgN.mgSSV-1 é atribuído à biomassa
especificamente na parte orgânica não heterotrófica, ao resíduo endógeno e ao composto
biodegradável do lodo (MXUV). A fração de orgânico particulado não biodegradável no
nitrogênio orgânico não biodegradável solúvel exemplo do projeto do capítulo 5.
(Nous) não é removida e, então, sai no efluente. A Alternativamente, a fração de nitrogênio dos
relação entre DQO e as frações de nitrogênio no compostos de DQO solúvel e particulada pode ser
afluente e sua contribuição à massa de SSV determinada, rigorosamente, a partir das análises
(particulado) no reator biológico, assumido no de FSA e Nitrogênio Total Kjeldahl de amostras do
capítulo 5, é esquematicamente ilustrado na Figura afluente e do efluente filtradas e não filtradas,
3.4. Deve-se lembrar que para além da massa de conforme detalhado por Roeleveld; van Loosdrecht
lodo SSV, consistindo da biomassa (MXOHOv), (2002). Mais informações sobre o fracionamento
resíduo endógeno (MXE,OHOv) e compostos do nitrogênio para uso na modelagem podem ser
orgânicos não biodegradáveis (MXUv), a massa de

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102

encontradas em Henze (1992) e Rieger et al. 3.6 FÓSFORO


(2012). Exemplos dos valores das diferentes
frações de nitrogênio para o esgoto bruto e o Analogamente aos componentes de nitrogênio, os
decantado são mostrados nas Tabelas 3.10 e 3.11, constituintes de fósforo no esgoto bruto podem
respectivamente (Ekama, 2009). Eles são utilizados também ser categorizados em frações orgânicas e
no projeto de uma ETE com remoção de nitrogênio, inorgânicas. O esgoto contém de 6 a 25 mgP.L-1,
apresentado no capítulo 5. Os detalhes das frações dos quais aproximadamente 60 a 70% são
são também mostrados nesse capítulo (seções inorgânicos. A fração de fósforo inorgânico está
5.7.3-5.7.4). presente, principalmente, como ortofosfato. As
frações de fósforo orgânico estão ligadas
As relações NTK/DQO (fNTKi/DQOi = diretamente às de DQO e podem ser subdivididas
NTKi/DQOi) para o esgoto bruto e decantado do em biodegradável e não biodegradável, cada uma
exemplo de projeto do capítulo 5 são iguais a 0,08 presente nas formas solúvel e particulada (Figura
e 0,11 gN/gDQO, respectivamente. A relação é 3.5).
maior para o esgoto decantado, uma vez que a
fração de NTK é muito solúvel e a de DQO contém
uma significativa quantidade de particulados, que
são removidos durante a decantação primária. As
frações de nitrogênio orgânico não biodegradável
solúvel (fSU,NKTi = Nous/NTKt) do referido exemplo
são iguais a 0,03 e 0,035, respectivamente, para o
esgoto bruto e o decantado, e as concentrações de
compostos nitrogenados não biodegradáveis
solúveis, tal como (Nous), são também as mesmas.
Essa fração sairá no efluente, além do residual de
amônia e nitrato (a concentração de nitrito no
efluente é praticamente desprezível).
Figura 3.5 Fracionamento de fósforo no esgoto sanitário
Tabela 3.10 Valores das frações de nitrogênio do esgoto
bruto (Ekama, 2009), correspondentes ao exemplo de
Métodos analíticos baseados numa combinação
projeto do capítulo 5. Todos os valores estão expressos
de filtração e colorimetria são usados para
em mgN.L-1
determinar as diferentes frações de fósforo,
NKTt = 60 mostradas na Figura 3.5 (Rice et al., 2017). A
SNHx = 45 No = 15,0 colorimetria direta é realizada para determinar a
Nobs = 1,7 Nous = 1,8 Solúvel
concentração de ortofosfato. Para outras frações, a
Nobp = 3,9 Noup = 7,6 Particulado
Biodegradável Não biodegradável hidrólise ácida preliminar ou a digestão é realizada
antes da colorimetria, a fim de liberar o fósforo
Tabela 3.11 Valores das frações de nitrogênio do esgoto como ortofosfato (Gu et al., 2011; Rice et al.,
decantado (Ekama, 2009), correspondentes ao exemplo 2017).
de projeto do capítulo 5. Todos os valores em mgN.L-1
O fósforo pode ser removido do esgoto
NKTt = 51 sanitário por meio biológico ou químico ou a
SNHx = 45 No = 6.0
Nobs = 1,7 Nous = 1,8 Solúvel
combinação dos dois. Sob condições adequadas do
Nobp = 1,4 Noup = 1,2 Particulado processo biológico, a remoção de fósforo é
Biodegradável Não biodegradável promovida através da incorporação à biomassa, em

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88

Analytical methods based on a combination of 3.7 SULPHUR 103


filtration and colorimetry are used to determine the
different phosphorus fractions shown in Figure 3.5 Sulphur in raw domestic wastewater is mostly present
(Rice etalém
al., 2017). Direct requerida
colorimetry is carried in the form of sulphate, contributing to approximately
quantidades daquela para a out to usados
97% of para determinar
the total a concentração
influent sulphur (Dewil et deal., sulfato
2008).
determine the orthophosphate concentration. For the
produção celular. A presença ou a adição de íons na
Thefase
typical aquosa, sendoofque
concentration cadain raw
sulphate um domestic
deles é
other fractions, preliminary acid hydrolysis or
metálicos, tais como ferro ou alumínio, também adequado
wastewater dentro
is 24-72de intervalos
mg/l (Metcalf específicos
and Eddy de
digestion is performed before colorimetry in order to
conduz à remoção de fósforo através da concentrações
AECOM, 2014), (Rice et al.,
but can 2017).
reach Sulfeto,
as high as 500por
mg/loutro
due
release phosphorus as orthophosphate (Gu et al.,
precipitação. As frações
2011; Rice de fósforo orgânico não
et al., 2017). lado, deve ser industrial
to significant medido nas fases or
sources líquida e gasosa.
seawater-based
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biodegradável particulado e solúvel encaminham- toiletsprimeira,


Na (Lens et al.,
a 1998; Van den Brand
concentração et al., 2015).
é determinada
se, respectivamente,
Phosphoruspara
cano lodo e para o from
be removed efluente.
wastewater Other inorganic
diretamente usandosulphur components
o método do azul dethatmetileno,
can be
through biological or chemical means, or the present in raw wastewater are in the form of
ou estimada através da DQO. Já, na fase gasosa, ela sulphides,
A caracterização
combination ofdos thecomponentes do fósforo
two. Under adequate é
bioprocess éthiosulphate
normalmente and medida
elemental sulphur,
através da dictated by the
cromatografia
análogaconditions,
à do nitrogênio.
removal A parte orgânica é ligada
of phosphorus is promoted sewer conditions.
gasosa (Lopez-Vazquez et al., 2016).
through
à matéria incorporation
orgânica carbonácea intodobiomass
esgoto. inUmaquantities
beyond that required for cell production.
fração fixa de fósforo, para os vários componentes The presence
or addition of metal ions, such
de DQO (fp), pode ser adotada, combinando o as iron or aluminium,
conteúdoalsode leads
fósforoto nophosphorus removalUmthrough
lodo produzido.
precipitation. The particulate and soluble
conteúdo fixo de fp = 0,025 mgP.mg SSV-1 pode
unbiodegradable organic phosphorus fractions
ser assumido para a biomassa heterotrófica, resíduo
become included in the waste sludge and effluent,
endógeno e compostos orgânicos particulados não
respectively.
biodegradáveis (vide capítulo 4, seção 4.4.).
Alternativamente, a fraçãoof phosphorus
The characterization de fósforocomponents
dos is
compostos solúveis
analogous to the echaracterization
da DQO pode ser The
of nitrogen.
determinada,
organic rigorosamente,
part of the phosphoruspelas medidas
is coupledde to the
fosfato organic
total e ortofosfato
carbonaceous de amostras
matter indotheafluente e
wastewater. A
efluentefixed phosphorus
filtradas fraction O
e não filtradas. forprocedimento
the various COD
components (fdo
de fracionamento p) can be assumed,
fósforo para uso matching
na the
phosphorus content in the produced
modelagem é detalhado em Henze et al. (1995) eA fixed sludge.
phosphorus
Rieger et al. (2012). content of fp = 0.025 mgP/mgVSS can be
assumed for the heterotrophic biomass, endogenous
residue and unbiodegradable particulate organics (see
3.7 ENXOFRE
Chapter 4, Section 4.4.). Alternatively, the phosphorus
fractionno
O enxofre of the solublebruto
esgoto and CODestácompounds
presente, can be
determined rigorously from the total
principalmente, na forma de sulfato, contribuindo phosphate and
orthophosphate measurements of filtered and non-
com aproximadamente 97% do enxofre total
filtered influent and effluent samples. The phosphorus
afluente (Dewil et al., 2008). A concentração típica
fractionation procedure for use in modelling is
de sulfato no esgoto bruto varia de 24 a 72 mg.L-1
detailed in Henze et al. (1995) and Rieger et al.
(Metcalf; Eddy, 2014), mas pode alcançar valores
(2012). Figure 3.6
Figura 3.6Hydrogen sulphide
Sulfeto de is oftenestá
hidrogênio present in the influent
frequentemente
tão altos quanto 500 mg.L-1, devido às to treatment
presente no plants, especially
afluente in the case
às estações deof tratamento,
pressurized
significativas fontes industriais ou ao uso de bacias sewers. It is very
especialmente notoxic
caso and precautions
de redes must be taken
pressurizadas. É muitoto
avoid risk to personnel. The photo shows measurement in a
sanitárias que empregam água do mar para a tóxico e precauções devem ser tomadas para evitar o
pumping station with high hydrogen sulphide concentration
risco à saúde dos operadores. A foto mostra a medição de
descarga (Lens et al., 1998; Van den Brand et al., in the air (photo: M. Henze).
uma alta concentração de sulfeto de hidrogênio na
2015). Outros componentes de enxofre inorgânico, atmosfera de uma estação elevatória (foto: M. Henze).
que podem estar presentes no esgoto bruto, estão na
forma de sulfetos, tiossulfato e enxofre elementar, A distribuição das espécies de sulfeto é
dependendo das condições na rede coletora. determinada principalmente pelo pH, como ilustra
a Figura 3.7, que mostra que o sulfeto no esgoto
A cromatografia de íons e os métodos está tipicamente presente nas formas de H2S e HS-
gravimétricos ou turbidimétricos são comumente (pKa = 7,02). Durante o tratamento biológico, o

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and gas phase. In the liquid phase, sulphide is plants are attributed to cellulose fibres (Figure 3.8).
measured directly using the methylene blue method or The main source of cellulose is toilet paper, significant
estimated through the COD measurement while gas quantities of which are disposed of via the water closet

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phase measurement is commonly performed through (WC). For an overview of WC-derived sewer solids,
104 gas chromatography (Lopez-Vazquez et al., 2016). the reader is referred to the results of Friedler et al.
(1996) obtained from a survey over one week of
The distribution of the sulphide species is mainly domestic WC usage in the UK.
enxofre se transforma
determined by pH as shown em in várias
Figure formas,
3.7, implying obtidos de uma pesquisa, realizada durante uma
dependendo das in municipal
that sulphide condições wastewater
operacionais.
is typically semana, em banheiros domésticos no Reino Unido.
Condições
presentaeróbias promovem
in H2S and HS¯ forms a (pKa
conversão
= 7.02).dasDuring
espécies de sulfeto
wastewater a enxofresulphur
treatment, elementar e sulfato,
transforms e
to various
o reverso, durante asoncondições
forms depending anaeróbias.
the operational conditions A of the
presença de metais,Aerobic
bioprocesses. tais como o ferro,promote
conditions pode the
conduzir à precipitação
biological do sulfeto
conversion of sulphide specieseto elemental
sua
sulphur remoção
consequente and sulphate,
comand the reverse
o lodo. Sob during
condiçõesanaerobic
conditions.
aeróbias The presence
e anaeróbias, o H2of S metals, such as iron, can
pode facilmente
lead to precipitation of sulphide
escapar para a fase gasosa, devido à sua and its consequent
alta
removal
volatilidade. with the waste sludge. Under both aerobic
and anaerobic conditions, dissolved H2S can easily
escape to the gas phase due to its high volatility.

Figure 3.8 Microscopic image of fibres in raw wastewater


Figura 3.8(Ruiken
sediment Imagem microscópica
et al., 2013). de fibras no sedimento
do esgoto bruto (Ruiken et al., 2013)
Cellulose can easily be recovered through fine
A celulose pode ser facilmente recuperada através
mesh sieves (<0.35 mm) (Ruiken et al., 2013). This
da passagem por peneiras finas (< 0,35 mm)
results in lower aeration energy requirements and a
(Ruiken et al., 2013). Isso resulta em menor
significant reduction in sludge production, in their
quantidade
turn de energia
increasing necessária
the treatment para aofaeração
capacity existinge
plants. The sieved material can be used efficientlyque
uma significativa redução na produção de lodo, in
apor sua vez,
biomass aumenta
power a capacidade
plant for de tratamento
energy. Moreover, there is
das ETEsinterest
growing existentes. O material
in recovering peneirado
cellulose pode
fibres for ser
its
Figura 3.7 Distribuição das espécies de sulfeto como uma
usado eficientemente
potential as raw material em uma usina products,
for paper para a
função do pH (Lopez-Vasquez et al., 2016) obtenção deand
bioplastics, energia da building
road and biomassa. Além disso,
materials. há
Still, the
um crescente
economic interesse
viability na recuperação
of cellulose de fibras
recovery remains to de
be
3.8 CELULOSE
Figure 3.7 The distribution of sulphide species as a function
celulose,bydevido
studied, ao seu
integrating potencial
its costs, energycomo matéria-
and effect with
of pH (Lopez Vasquez et al., 2016). the overall
prima paraplantprodutos
efficiency de
(Solon et al., bioplásticos,
papel, 2019).
A celulose representa uma significativa fração do materiais para construção civil e estradas. Ainda
esgoto doméstico. Vinte a trinta por cento da carga assim, a viabilidade econômica da recuperação
de DQO (Reijken et al., 2018) e aproximadamente necessita ser estudada, integrando os custos, a
35% da carga de sólidos em suspensão (Ruiken et energia e o efeito com a eficiência global da ETE
al., 2013) das ETEs são atribuídas às fibras de (Solon et al., 2019).
celulose (Figura 3.8)9. A principal fonte é o papel
higiênico; quantidades significativas são dispostas A quantificação da celulose no esgoto sanitário
nos vasos sanitários. Para uma revisão dos sólidos e o estudo do seu destino ao longo da ETE têm sido
derivados dos banheiros, o leitor deve consultar prejudicados pela falta de uma técnica de medida
Friedler et al. (1996), que apresenta os resultados confiável, que não seja influenciada pela matriz de
lodo. Gupta et al. (2018) compararam os seguintes

9
As proporções apresentadas não são válidas para o Brasil,
pois a maioria dos indivíduos descarta o papel higiênico na
lixeira, constituindo, portanto, em resíduo sólido domiciliar.

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105

quatro métodos para quantificar o conteúdo de fármacos têm ganhado muita atenção nas últimas
celulose no esgoto e no lodo: (i) hidrólise ácida duas décadas, especialmente devido ao aumento da
diluída; (ii) hidrólise ácida concentrada; (iii) evidência de seus efeitos biológicos negativos
hidrólise enzimática e (iv) método do reagente de sobre os animais aquáticos (Corcoran et al., 2010).
Schweitzer. Desses, segundo os autores, o único As ETEs são consideradas como fontes típicas
método confiável foi o de Schweitzer, sendo suas desses micropoluentes. De fato, os fármacos
vantagens: a simplicidade; a reprodutibilidade; a alcançam as estações através da urina e das fezes
exatidão; a recuperação ideal (100%) e a relativa descartadas das residências e das instituições.
rapidez do teste, tanto quanto sua independência Mesmo que as ETEs não sejam projetadas para
das reações de hidrólise. removê-los, esses micropoluentes sofrem
biotransformação, sorção, dessorção, sequestro
A celulose mostra um comportamento pela fase sólida e retransformação ao composto de
específico nas ETEs, que é caracterizado pela taxa origem nas unidades do tratamento biológico
de hidrólise muito lenta. Sua taxa de degradação é (Plósz et al., 2012) (Figura 3.9). Cada fármaco
dependente da temperatura, observando-se uma considerado pode ser categorizado em quatro
significativa diferença no verão e no inverno. Para formas. Duas estão na fase líquida: (i) composto
ETEs com relativamente alta idade do lodo, é químico original e (ii) formas químicas
recomendado incluir a celulose como variável de retransformadas, tais como os metabólitos
estado separada (XCL) na modelagem dos sistemas humanos, que são biotransformados da forma
de lodo ativado (Reijken et al., 2018). A original. As outras duas formas estão na fase sólida
consideração como um componente de carbono (iii) sorvida quimicamente e (iv) sequestrada pela
orgânico particulado separado afeta as frações fase sólida (Plósz et al., 2012; Snip et al., 2014).
afluentes orgânica (lentamente) biodegradável
particulada (XS) e não biodegradável particulada
(XU), de modo que é determinado pelo valor da
constante de hidrólise da celulose (Reijken et al.,
2018). A última pode, por sua vez, somente ser
quantificada por métodos de medida de celulose
confiáveis e exatos.

3.9 MICROPOLUENTES

Muitos contaminantes químicos estão presentes no


Figura 3.9 Destino dos fármacos durante o tratamento de
esgoto em concentrações de traços, medidos em
esgoto sanitário (adaptado de Snip et al., 2014)
µg.L-1 ou menores, fazendo-os difíceis de serem
detectados; consequentemente, eles são chamados A detecção e a caracterização de vários
de “micropoluentes”. Como exemplos, têm-se os fármacos, tanto quanto seus metabólitos e
biocidas e os pesticidas, os produtos de higiene conjugados, são importantes a fim de estudar seu
pessoal, os solventes e os fármacos (Kümmerer et destino e conhecer como são removidos durante o
al., 2013). Embora presentes em concentrações tratamento de esgoto. Todavia, por causa de seu
muito baixas, o efeito de muitos desses tamanho e baixas concentrações, as medições dos
micropoluentes sobre o meio aquático e à saúde fármacos no esgoto podem ser bastante trabalhosas,
humana não deve ser desprezado. Além disso, as de alto custo e podem requerer pessoal altamente
limitações tecnológicas e o custo para detectar tais treinado. A cromatografia gasosa com
compostos foram as razões pelas quais eles foram espectrometria de massa (CG-MS), a
ignorados no passado. Entre os micropoluentes, os cromatografia líquida com espectrometria de massa

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106

em Tandem (CL-MS2) e a cromatografia líquida de 3.10.2 Propriedades físicas do esgoto


alta pressão (HPLC) são as mais frequentes sanitário
técnicas analíticas empregadas para a determinação
de vários fármacos na água e águas residuárias Além da composição química, o esgoto é também
(Fatta et al., 2007). caracterizado pelas propriedades físicas, que
podem influenciar significativamente no processo
3.10 OUTRAS CARACTERÍSTICAS de tratamento. A Tabela 3.13 resume as variações
dos parâmetros físicos do esgoto
O esgoto sanitário contém uma série de outros predominantemente doméstico.
componentes além dos anteriormente
mencionados; a maioria não é alvo direto do Tabela 3.13 Propriedades físicas do esgoto
tratamento. Todavia, eles podem contribuir para a predominantemente doméstico (Henze, 1982)
toxicidade do esgoto, tanto em relação aos
Parâmetro Mínimo Médio Máximo Unidade
processos biológicos na ETE quanto nas águas
Viscosidade 0,001 0,001 0,001 kg/m.s
receptoras. As substâncias que permanecem no
Tensão 50 55 60 dyn/cm2
efluente da ETE podem ser conduzidas a uma Superficial
estação de tratamento de água para abastecimento Condutividade 70 100 120 mS/m1
público, se ela fizer a captação no manancial pH 7,0 7,5 8,0
superficial. Alcalinidade 1 4 7 Eq/m3
Concentrações de íons específicos:
Sulfetos 0,1 0,5 10 gS/m3
3.10.1 Metais
Cianetos 0,02 0,030 0,05 g/m3
Os metais no esgoto sanitário podem influenciar as Cloretos 200 400 600 gCl/m3
possibilidades de reúso agrícola do lodo da ETE.
Típicos valores de suas concentrações são A temperatura do esgoto afluente à ETE
mostrados na Tabela 3.12. influenciará significativamente a temperatura do
conteúdo do reator do tratamento, e, portanto, a
Tabela 3.12 Concentrações típicas de metais no esgoto atividade biológica. A temperatura do esgoto,
predominantemente doméstico (mg.m-3) (Henze, 1982; obviamente, depende da localização geográfica e
Ødegaard, 1992; Henze et al., 2002). da estação do ano. Por exemplo, uma variação de 3
a 27oC é observada nos Estados Unidos (Metcalf;
Metal Mínimo Médio Máximo
Eddy, 2014). Além disso, essa temperatura é
Alumínio 350 600 1.000
também influenciada pela corrente de água cinza,
Cádmio 1 2 4
que pode alcançar até 80oC (Fiedler et al., 2013).
Cromo 10 25 40
Cobre 30 70 100
As altas temperaturas das correntes de esgoto em
Chumbo 25 60 80 uma residência e em um prédio abrem potencial
Mercúrio 1 2 3 para recuperação de calor nas fontes; ao longo da
Níquel 10 25 40 rede ou na ETE (Cipolla; Maglionico, 2014).
Prata 3 7 10
Zinco 100 200 300 O esgoto tem tipicamente um pH mais ou
menos neutro (aproximadamente 7,0), que é ótimo
para a atividade biológica. Se o pH afluente desviar
significativamente desse valor, como acontece, por
exemplo, para algumas águas residuárias
industriais, uma neutralização precisa ser realizada
antes do tratamento biológico.

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92 107

3.11 CARACTERÍSTICAS TÍPICAS DAS


3.10.3
3.10.3 Toxic organicorgânicos
Compostos componentstóxicos 3.11 TYPICAL WASTEWATER
ÁGUAS RESIDUÁRIAS
CHARACTERISTICS
Wastewater
O esgotocan also containpode
sanitário specifictambém
pollutantsconter
such
as xenobiotics (Table 3.14).
poluentes específicos, tais como os xenobióticos, 3.11.1 3.11.1 Equivalente
Population populacional
equivalent
mostrados na Tabela 3.14, que podem causar
problemas
Table específicos
3.14 Special (Figura
parameters 3.10).
in wastewater, xenobiotics
O Population
The unit Equivalente populacional
Equivalent (PE) or (PE – population
‘per capita’ is
with toxic and other effects. equivalent) ou per capita é uma unidade padrão
a standard unit referring to the typical contribution of que
Tabela 3.14 Parâmetros especiais do esgoto sanitário, se refere to
one individual à típica contribuição
the wastewater de PE
load. umcan
indivíduo
be à
Parameter Low Medium High
xenobióticos com efeitos tóxicos e outros (todos os águain
expressed residuária. PE pode
wastewater flow ser
rateexpresso
or BOD emload,
termos de
For Translation Purposes Only

Phenol 0.02-1
valores estão expressos em mg.L ) 0.05 0.1
vazão
according ou 3.3-3.4.
to eqs. carga de DBO, de acordo com as
Phthalates, DEHP 0.1 0.2 0.3
Parâmetro Mínimo Médio equações 3.3 e 3.4.
Nonylphenols, NPE 0.01 0.05 Máximo
0.08
Compostos fenólicos 0,02 0,05 1.5 0,1 2.5 1 PE = 0.2 m3/d, Hvitved-Jacobsen (2013) (3.3)
PAHs 0.5
Ftalatos, DEHP 0,1 0,2 1 𝑃𝐸 = 0,2 𝑚3 . 𝑑 −1 , Hvitved − Jacobsen (2013)
Methylene chloride 0.01 0.03 0,30.05
Nonilfenóis, NPE 0,01 0,05 1 PE = 60 g BOD/d, EC (2007) (3.4) (3.3)
LAS 3,000 6,000 0,08
10,000
HAPs
Chloroform
0,5
0.01
1,5
0.05
2,5
0.01
1 𝑃𝐸 = 60 𝑔𝐷𝐵𝑂. 𝑑 −1 , EC (2007)
Cloreto de Metileno 0,01 0,03 0,05 These two definitions are based on fixed non- (3.4)
LAS 3.000 6.000 10.000 changeableEssas values, independent
duas definições são of the actual
baseadas em valores
Clorofórmio 0,01 0,05 0,01 wastewater volume produced per person
fixos, independentes do volume day per realor de
the água
sourceresiduária
of the wastewater. For example, the
produzida por pessoa por dia ou unit PE a sua
can also be used to quantify the load of industrial
fonte. Por exemplo, o PE pode também ser usado
wastewater streams. However, the actual contribution
para quantificar a contribuição industrial. Todavia,
from a person living in a sewer catchment to the
a real contribuição de uma pessoa, que vive numa
wastewater production, the Person Load (PL), can
bacia de esgotamento sanitário, à produção de
vary considerably (Table 3.15). The reasons for the
esgoto,
variation can be denominada contribuição
that the working place is per the (PL –
capita
outside
person load), pode variar consideravelmente
catchment, socio-economic factors, lifestyle, type of
(Tabela
household 3.15). As
installation etc.razões para tal variação podem
ser: local de trabalho situado fora da bacia; fatores
socioeconômicos; estilo de vida; tipo de residência;
Table 3.15 Variations in load per person (Henze et al., 2002).
etc.
Figura 3.10
Figure 3.10 High
Altas concentrações
concentrations de detergentes
of detergents create
Parameter Unit Range
produzem
problems forproblemas natreatment
a wastewater operaçãoplant
da operator
ETE (foto: M.
(photo: BOD Os termos equivalente
g/cap.d populacional
15-80 e
M. Henze).
Henze) COD contribuição per g/cap.d
capita são frequentemente
25-200
Nitrogen g/cap.d
confundidos ou mal interpretados, de2-15
tal forma que
Phosphorus
se deve ter cuidado g/cap.d
no seu uso e se1-3certificar de
Wastewater flow
definir rate
claramente m3que
no /cap.d 0.05-0.40
se baseiam. PE e PL são
baseados em contribuições médias e usados para
dar uma ideia da carga afluente ao processo de
tratamento
Table 3.16. Load per person in various countries in kg/cap.yr (based on Henze de esgoto. Eles não devem ser
et al., 2002).
calculados através de dados baseados em intervalos
Parameter Brazil Egypt India Turkey US Denmark Germany
de tempo curtos (horas ou dias). A contribuição per
BOD 20-25 10-15 10-15 10-15 30-35 20-25 20-25
capita varia de país a país, como mostrado nos
TSS 20-25 15-25 15-25 30-35 30-35 30-35
valores anuais, ilustrados na Tabela 3.16.
N total 3-5 3-5 3-5 5-7 5-7 4-6
P total 0.5-1 0.4-0.6 0.4-06 0.8-1.2 0.8-1.2 0.7-1

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108

Tabela 3.16 Contribuição per capita em vários países em kg.pessoa-1.ano-1 (baseado em Henze et al., 2002).

Parâmetro Brasil Egito Índia Turquia Estados Unidos Dinamarca Alemanha


DBO 20 a 25 10 a 15 10 a 15 10 a 15 30 a 35 20 a 25 20 a 25
SST 20 a 25 15 a 25 15 a 25 30 a 35 30 a 35 30 a 35
N total 3a5 3a5 3a5 5a7 5a7 4a6
P total 0,5 a 1 0,4 a 0,6 0,4 a 0,6 0,8 a 1,2 0,8 a 1,2 0,7 a 1

Tabela 3.17 Composição típica de um esgoto


3.11.2 Composição das águas residuárias predominantemente doméstico (em g.m-3)

A quantidade e a composição das águas residuária Parâmetro Mínimo Médio Máximo


produzidas pelos seres humanos e pelas indústrias DQO total 500 750 1,200
diferem. A quantidade e o tipo de resíduo DQO solúvel 200 300 480
produzido nas residências são influenciados pelo DQO particulada 300 450 720
comportamento, estilo e padrão de vida dos DBO 230 350 560
habitantes, tanto quanto da estrutura técnica e VFAs (como acetato) 10 30 80
jurídica na qual eles vivem. N total 30 60 100
N Amoniacal 20 45 75
N Nitrato + N Nitrito 0,1 0,2 0,5
As concentrações encontradas nas águas
N Orgânico 10 15 25
residuárias são determinadas pelas massas dos
P total 6 15 25
poluentes e pela quantidade de água na qual eles
Orto-P 4 10 15
estão misturados. A composição do esgoto varia P Orgânico 2 5 10
significativamente de um local para outro. Em uma Sulfato 24 36 72
dada localização, a composição também variará ao SST 250 400 600
longo do tempo. Isso é parcialmente devido às SSV 200 320 480
variações nas quantidades das substâncias Desde que a maioria dos processos de
descartadas. O tempo de detenção no sistema de tratamento de esgoto é baseada na degradação
coleta e transporte de esgoto sanitário também biológica e conversão das substâncias, a sua
influencia na sua composição (Henze, 1992; degradabilidade é importante. A Tabela 3.18
Huisman; Gujer, 2002). Porém, as principais razões resume os valores típicos de degradabilidade dos
são as variações no consumo de água nas componentes do esgoto predominantemente
residências e a infiltração e exfiltração durante o doméstico.
transporte de esgoto sanitário.
Tabela 3.18 Degradabilidade do esgoto predominantemente
A composição de um esgoto doméstico; concentrações médias (mg.L-1)
predominantemente doméstico é mostrada na
Tabela 3.17. O esgoto concentrado representa Parâmetro Biodegradável Não biodegradável Total
casos com baixo consumo de água e/ou infiltração, DQO total 585a) 165a) 750 a)
enquanto o diluído, o contrário. A água de chuva DBO 350 0 350
também diluirá o esgoto quando a maioria dos N total 50a) 10a) 60a)
componentes da primeira for muito inferior às do P total 14.7 0.3 15a)
esgoto muito diluído. a
Os valores arredondados correspondem ao exemplo de esgoto
bruto dos capítulos 4 a 6. Tabelas 3.6 e 3.8 (Ekama, 2009).

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109

3.11.3 Importância das relações substancial parte da matéria orgânica será difícil de
degradar biologicamente. Quando os sólidos em
As relações entre os vários componentes do esgoto suspensão no esgoto têm um alto componente
sanitário têm significativa influência sobre a orgânico (alta relação SSV/SST), eles podem ser
seleção e o funcionamento dos processos de digeridos com sucesso sob condições anaeróbias.
tratamento. Um esgoto com uma baixa relação
carbono orgânico biodegradável/nitrogênio pode Enquanto a maioria da carga poluidora do
necessitar da adição de uma fonte externa de esgoto sanitário origina nas residências, hospitais,
carbono para a desnitrificação biológica. Uma escolas e indústrias, esses contribuem somente
variação na relação entre o carbono orgânico parcialmente à quantidade total de esgoto. Uma
rapidamente e o lentamente biodegradável (SS/XS), significativa quantidade de água no esgoto pode ter
para a mesma quantidade total de carbono orgânico como origem a água de chuva (em alguns países, o
biodegradável (DQOb = SS + XS), pode, degelo da neve) ou a infiltração da água
significativamente, afetar a concentração de nitrato subterrânea. Portanto, embora os componentes do
no efluente. Esgoto com uma concentração de esgoto estejam sujeitos à diluição, não haverá
nitrato relativamente alta ou uma baixa mudanças nas relações entre eles. A Tabela 3.19
concentração de ácidos graxos voláteis (VFAs) não mostra as relações típicas entre os componentes do
será conveniente à remoção biológica de fósforo. esgoto sanitário.
Uma alta relação DQO/DBO indica que uma

Tabela 3.19 Relações típicas no esgoto sanitário (adaptado de Henze et al., 2002). As relações para os exemplos de esgoto
bruto e decantado foram extraídas ou calculadas das Tabelas 4.2a, 6.2b, 3.3c, de acordo com Ekama (2009). dValor típico de Dold
et al. (1980)

Relação Mínimo Médio Máximo Exemplo Exemplo


bruto decantado
DQO/DBO 1,5 a 2,0 2,0 a 2,5 2,5 a 3,5
VFA/DQO 0,04 a 0,02 0,08 a 0,04 0,08 a 0,12 0,029b 0,049
DQO/NT 6a8 8 a 12 12 a 16 12,5a 8,8a
DQO/PT 20 a 35 35 a 45 45 a 60 50a 35a
DBO/NT 3a4 4a6 6a8
DBO/PT 10 a 15 15 a 20 20 a 30
DQO/SSV 1,2 a 1,4 1,4 a 1,6 1,6 a 2,0 1,48d 1,48d
SSV/SST 0,4 a 0,6 0,6 a 0,8 0,8 a 0,9 0,84c 0,87c
DQO/COT 2 a 2,5 2,5 a 3 3 a 3,5

Uma vez que as relações dos componentes no anomalias podem afetar o processo de tratamento,
esgoto sanitário permanecem relativamente as causas do seu aparecimento devem ser
constantes, sua análise temporal, para uma investigadas.
determinada vazão, pode ser usada para detectar
anomalias devido a erros analíticos ou descargas
especiais para o sistema de esgotamento sanitário,
frequentemente de indústrias. Se descargas
industriais causam a discrepância, as concentrações
de outros componentes no esgoto, que ainda não
tenham sido determinadas, podem, também,
desviar dos valores esperados. Desde que tais

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COD kg/yr 27.5 5.5
BOD kg/yr 9.1 1.8
N kg/yr 4.4 4.0
110 P kg/yr 0.7 0.5

For Translation Purposes Only


K kg/yr 1.3 0.9
a)
Including urine.
3.11.4 Correntes de esgoto doméstico significativas possibilidades para alterar suas
segregadas quantidades e composições.

O esgoto doméstico, ou seja, a água residuária Options for reducing the physiologically generated Ki
Há várias
amount of waste correntes
are notde obvious,
esgoto although
em uma diet organi
originada nas residências varia no mundo todo, em residência, como mostrado na Tabela 3.20. Elas
termos de quantidade e composição. Essas influences the amount of waste produced by the wastew
contêm quantidades específicas de matéria
variações são influenciadas pelo clima; aspectos human organism. However, one could opt to separate kitche
orgânica e nutrientes. A composição do esgoto
socioeconômicos; tecnologia de construção e the toilet waste (also termed physiological waste or ‘clean
doméstico pode ser alterada pela mudança na
outros fatores. Nas residências, a maioria do anthropogenic waste) from the waterborne route, reduct
quantidade e composição das várias correntes.
resíduo sairá como sólido ou líquido e há leading to a significant reduction in the nitrogen, (Danis
phosphorus and organic load in domestic wastewater. food w
Waste
Tabela 3.20 Correntes de esgoto em uma residência e suas características paragenerated
um estilo deafter theecológico”
vida “não separation(deat source has
Sundberg, flushe
1995; Henze, 1997) taken place, however, still has to be transported away divert
from the household, and in many cases, the city. kitche
Parâmetro Unidade Vaso sanitário Cozinha Banheira/Lavanderia Total
solid w
Totala Urina
Vazão m3.ano-1 19 11 Urine18 is the main 18 contributor to nutrients
55 in from
DQO kg.ano-1 27,5 5,5 household16 waste, thus separating
3,7 out the urine
47,2 will treatm
DBO kg.ano-1 9,1 1,8 significantly
11 reduce the 1,8 nutrient loads in wastewater
21,9 also c
N kg.ano-1 4,4 4,0 (Figure 0,3
3.11). Urine separation will reduce 5,1
0,4 nitrogen can af
P kg.ano-1 0,7 0,5 0,07 0,1 0,87
K kg.ano-1 1,3 0,9
content in
0,15
domestic wastewater
0,15
to a level
1,6
where waste.
nitrogen removal is not needed. showe
a
incluindo urina which
which
As opções para reduzir fisiologicamente a
waste
quantidade gerada de resíduos não são óbvias,
showe
embora a dieta influencie na quantidade de resíduo
wastew
produzido pelo organismo humano. Todavia, pode-
reused
se optar por separar os resíduos (também
denominados fisiológicos ou antropogênicos) no
treatm
vaso sanitário, conduzindo a significativas
reduções nas cargas de nitrogênio, de fósforo e de Th
matéria orgânica do esgoto. Tais correntes the ki
segregadas, entretanto, ainda precisam ser with t
transportadas para fora da residência e, em muitos Figure3.11
Figura 3.11Vaso
Urinesanitário
separating toilet. de urina.
separador compo
casos, da cidade. treatm
O resíduo sólido da cozinha contém uma
quantidade significativa de matéria orgânica, que
A urina é a principal contribuinte de nutrientes
tradicionalmente é conduzido para o esgoto 10. É
no esgoto de uma residência; então, sua separação
relativamente fácil reduzir a carga orgânica da
reduzirá significativamente a carga de nutrientes no
corrente da cozinha pela aplicação do cozimento
esgoto doméstico (Figura 3.11), podendo chegar a
“cleantech” (Danish EPA, 1993). No cozimento
níveis nos quais não será necessária a remoção de
cleantech, a fração orgânica do resíduo sólido é
nitrogênio na ETE.
descartada em um recipiente e não triturada e

10
Isso não é verdadeiro no Brasil, onde a maioria da fração através de caminhões, que os encaminham para a destinação
orgânica putrescível dos resíduos sólidos domiciliares é final.
coletada, juntamente com os demais resíduos, na residência,

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111

conduzida para o sistema de esgoto pela água de da carga orgânica na rede. Porém, o resíduo é
torneira. A fração orgânica pode ser disposta junto gerado nas residências e deve ser transportado para
com os demais resíduos sólidos da residência. A fora delas ou das cidades por algum meio. A
água cinza da cozinha pode ser usada para irrigação descarga do resíduo sólido na rede não muda a
ou, após tratamento, para a descarga sanitária. A carga de resíduo total produzido na residência, mas
corrente da cozinha também possui produtos mudará o meio de transporte e a destinação final do
químicos, que podem afetar sua composição e sua mesmo.
carga.
3.11.5 Componentes dos efluentes não
As correntes da lavanderia, da banheira e do domésticos
chuveiro carregam uma menor carga poluidora,
parte da qual provém dos produtos químicos usados O esgoto sanitário transportado por redes coletoras
na residência, que podem afetar a sua composição às ETEs origina não somente das residências, mas
e carga. Essas correntes podem ser usadas, junto também das indústrias que não tem seu próprio
com a água tradicional da cozinha, para irrigação. (descentralizado) tratamento de águas residuárias.
Alternativamente, podem ser reusadas para a Além disso, as ETEs também recebem despejos de
descarga do vaso sanitário. Em ambos os casos, fontes externas, tais como lixiviado de aterro
considerável tratamento é necessário. sanitário.

A fração compostável do resíduo sólido da Para indústrias sem programas internos de


cozinha pode ainda ser mantida separada ou reúso de água, 85 a 95% da água consumida torna-
combinada com a corrente desse local, sendo se água residuária; para indústrias com reúso, a
encaminhada subsequentemente para a produção deve ser estimada caso-a-caso (Metcalf;
compostagem ou para o tratamento anaeróbio na Eddy, 2014). As características das águas
estação de tratamento de esgoto. residuárias variam muito entre indústrias, como
ilustrado na Tabela 3.21. Além disso, as
Trituradores de alimentos são usados em concentrações dos poluentes variam
muitos países para manusear a fração compostável temporalmente, juntamente com os esquemas de
do resíduo sólido da cozinha, embora, algumas produção/operação dinâmicos.
vezes, essa opção seja rejeitada, devido ao aumento

Tabela 3.21 Exemplos da composição de quatro diferentes águas residuárias industriais

Variável Unidade Papel e celulosea) Têxteisb) Vinícolasc) Laticíniosd)


DBO g.m-3 16 a 13.300 80 a 6.000 203 a 22.418 40 a 48.000
SST g.m-3 - 15 a 8.000 - 24 a 7.175
SS g.m-3 0 a 23.319 - 66 a 8.600
DQO g.m-3 78 a 39.800 100 a 30.000 320 a 49.105 80 a 95.000
N total g.m-3 11 a 600 70 a 80 10 a 415 14 a 329
P total g.m-3 0,02 a 36 <10 2 a 280 9 a 132
S total g.m-3 6 a 1.270 500 a 1.000 - -
pH - 2,5 a 12,3 5,5 a 11,8 2,5 a 12,9 4,5 a 11
a
Pokhrel; Viraraghavan (2004), bYaseen; Scholz (2019), cIoannou et al. (2015), dKushwaha et al. (2011)

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500-1,000 - -

For Translation Purposes Onl


VSS 15 300 TSS
5.5-11.8 2.5-12.9 4.5-11 Chloride 200 2,500 VSS
d Scholz (2019), c) Ioannou et al. (2015), d) Kushwaha et al. (2011). H2S 1 10 H2S
112 pH 6.5 7.2

sed in many Another significant external load on a treatment Reject w


action of the plantOutra
can significativa
be landfill leachate (Figure à3.12,
carga externa ETETable
é o 3.11.6 Cargas loads
internas nas ETEs treatment relatively h
3.11.6 Internal in wastewater
s, although 3.22). Landfill leachate can contain
lixiviado de aterro sanitário (Figura 3.12, Tabela high both organic
plants
he increased concentrations
3.22). Ele podeof soluble
conter altasinert COD which
concentrações de passes
DQO As cargas internas nas ETEs são causadas pelos
is generated through Internal loadingdoatadensador
treatment e plants is caused by
the plant without any reduction or change.
solúvel inerte, que atravessa a ETE sem qualquerIt sobrenadantes do digestor (Figura
Table 3.24 C
d away from can also contain high nitrogen concentrations. In some thickening and digester supernatant, reject water
3.13), clarificado do desaguamento (Figura 3.14) e from
remoção ou alteração. Pode também possuir altas dewatering (a
means. The cases where regulations do not allow discharge of sludge
água de dewatering,
lavagem anddos filter washing
filtros. water. Digester
O sobrenadante do Jenicek, 2016)
concentrações de nitrogênio. Em alguns casos nos
er does not untreated leachate, separate pre-treatment of leachate supernatant often constitutes a significant
digestor frequentemente constitui uma significativa internal
quais os regulamentos não permitem a descarga de load, Component
ed by the is required on-site prior to its discharge to a public
lixiviado bruto, um pré-tratamento é requerido no cargaespecially concerning ammonium
interna, especialmente (Table
de íon amônio 3.23).
(Tabela
ation means sewer. This can lead to overload of nitrogen in the case of COD total
local, antes de seu lançamento no sistema de 3.23), que pode conduzir à sobrecarga de
biological nitrogen removal (see also Chapter 5). Organic N
esgotamento sanitário. nitrogênio no caso de remoção biológica desse
Ammonia N
elemento (vide também capítulo 5). P total
onents
TSS
sewers to pH
ot only from
do not have
r treatment
t plants also
achate.

water reuse
will become
ernal water
ume should Figure
Figura 3.12
3.12 Collection and storage of leachate
Coleta e armazenamento at a em
de lixiviado sanitary
um
Metcalf and landfill site in Sarajevo in Bosnia and Herzegovina (photo: F.
aterro sanitário em Sarajevo na Bósnia e Herzegovina Figure 3.13 Digesters produce digester supernatant which
aracteristics Babi ). Figura 3.13 Digestores produzem sobrenadantes que
(foto: F. Babić) often gives rise to problems in wastewater treatment plants
ted in Table frequentemente causam
due to the high loads of problemas nasother
nitrogen and ETEs,substances
devido às
ncentrations altas cargas
(photo: de nitrogênio e outras substâncias (foto: D.
D. Brdjanovic).
dynamic Tabela 3.22 Qualidade do lixiviado de aterro sanitário Brdjanovic). Figure 3.14 Be
(g.m-3 exceto para pH) collected unde
Tabela 3.23 Sobrenadante do digestor (em g.m-3)
Parâmetro Mínimo Máximo
Componente Mínimo Máximo
DQO total 1.200 16.000
DQO total 700 9,000
DQO solúvel 1.150 15.800
DQO solúvel 200 2,000
DBO total 300 12.000
DBO total 300 4,000
N total 100 500
DBO solúvel 100 1,000
N Amoniacal 95 475
N total 120 800
P total 1 10
N Amoniacal 100 500
SST 20 500
P total 15 300
SSV 15 300
SST 500 10,000
Cloreto 200 2,500
SSV 250 6,000
H2S 1 10
H2S 2 20
pH 6,5 7,2

O clarificado do desaguamento de lodo pode ter


relativamente altas concentrações de material
solúvel orgânico e nitrogênio (Tabela 3.24).

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10 H2S 2 20
7.2

Reject water from sludge dewatering can have 113


treatment relatively high concentrations of soluble material,
both organics and nitrogen (Table 3.24).
Tabela 3.24 Composição do clarificado do desaguamento Tabela 3.25 Água de lavagem de filtros (em g.m-3).
caused by de lodo (g.m-3 exceto para pH) (Gebreeyessus; Jenicek,
t water from Table 3.24 Composition of reject water from sludge Componente Mínimo Máximo
2016) 3
dewatering (all in g/m , except for pH) (Gebreeyessus and DQO total 300 1,500
ter. Digester Jenicek, 2016).
ant internal Componente Variação DQO solúvel 40 200
Table 3.23). Component
DQO total Range
700-1,400 DBO total 50 400
the case of COD
N total
Orgânico 700-1,400
90-187 DBO solúvel 10 30
pter 5). Organic N
N Amoniacal 90-187
600-1,513 N total 25 100
Ammonia
P total N 600-1,513
trace-130 N Amoniacal 1 10
P total
SST trace-130
<800 P total 5 50
TSS
pH <800
7-13 SST 300 1,500
pH 7-13
SSV 150 900
H2S 0,01 0,1

3.11.7 Sistemas descentralizados de


esgoto

Este livro foca, principalmente, o sistema de


coleta e transporte de esgoto (urbano) e o
tratamento centralizado de esgoto sanitário, usando
tecnologias de processo convencionais ou
natant which avançadas, como os sistemas de lodos ativados,
atment plants lodo granular ou por biofilme. Situações nas quais
er substances
praticamente todas as áreas urbanas de um país são
Figura 3.14 Filtro prensa de esteira para desaguamento de providas de um sistema de coleta e transporte de
Figure
lodo: o3.14 Belt filter
clarificado for sludgesob
é coletado dewatering: reject(foto:
o maquinário waterD.
is
collected underneath the machinery (photo: D. Brdjanovic).
esgoto tendem a ser uma exceção, ao invés da
Brdjanovic) regra, e são um privilégio de países menores e
A água de lavagem dos filtros pode criar altamente desenvolvidos (por exemplo, Singapura,
problemas, devido à alta sobrecarga hidráulica nos Holanda, Dinamarca etc.). Áreas urbanas e
decantadores das ETEs. Em alguns casos, isso pode periurbanas em países com baixa e média rendas (e
resultar em uma sobrecarga de sólidos em em alguns países da União Europeia) são atendidas,
suspensão (Tabela 3.25). A água de lavagem de parcialmente, por um sistema de coleta e transporte
filtros em pequenas ETEs deve ser reciclada de esgoto. A cobertura do serviço de esgoto sem
lentamente. um sistema de coleta e transporte (também
chamado descentralizado) é um dos maiores
desafios à implementação dos Objetivos do
Desenvolvimento Sustentável (ODSs), em
particular o Objetivo 6 – água potável e
saneamento, sendo esse fato reconhecido pela
comunidade global.

Uma cadeia de provisão de serviços de esgoto


sem coleta e transporte difere, em muitos aspectos,
do gerenciamento de um sistema centralizado, mas
também têm muitos pontos em comum. Os mais

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114

recentes desenvolvimentos em direção ao uma ferramenta para entender e comunicar como a


atendimento aos ODSs estimulam um conceito de excreta atravessa uma pequena ou grande cidade,
Saneamento Inclusivo em toda a Cidade (CWIS – tem sido desenvolvido e aplicado em muitas
City-wide Inclusive Sanitation), uma abordagem no cidades de países com baixa e média rendas (Peal
qual todos na cidade têm acesso equitativo a et al., 2020).
serviços de esgotamento sanitário adequados e
mais baratos, através de sistemas apropriados em Em alguns casos, nas aglomerações urbanas
todas as escalas (com e sem sistema de coleta e com limitado ou nenhum sistema de coleta e
transporte de esgoto). Essa abordagem exige a transporte de esgoto no local, uma prática sanitária
consideração não somente do esgoto, mas também efetiva implica na construção de uma estação de
dos materiais e recursos gerados nas unidades tratamento de lodo fecal (FSTP – faecal sludge
descentralizadas, predominantemente o lodo fecal. treatment plant). Em muitos países, práticas
O gerenciamento do lodo fecal (FSM – faecal sanitárias incluem a coleta e o transporte do lodo
sludge management), que começou a receber maior fecal e sua disposição e tratamento em uma ETE
atenção da comunidade científica somente na centralizada. Em alguns casos, as ETEs são
última década, inclui a caracterização e a projetadas para aceitar tal carga, mas, a maioria não
quantificação dos resíduos gerados no sistema o é e uma relativamente pequena contribuição de
descentralizado. lodo fecal para o sistema de lodo ativado
convencional pode conduzir à deterioração do
Os sistemas de lodo ativado têm sido estudados desempenho da estação (Strande et al., 2014). A
detalhadamente por mais de um século (Jenkins; principal razão para isso é a diferente composição
Wanner, 2014); os métodos experimentais e as do lodo fecal quando comparado ao esgoto
abordagens estão bem desenvolvidos (van doméstico. Essa diferença é causada por
Loosdrecht et al., 2016) e vários modelos estão em discrepâncias na natureza física das unidades
uso por mais de 30 anos (Brdjanovic et al., 2015; descentralizadas e centralizadas, no uso de água em
van Loosdrecht et al., 2015). Contrariamente, os um sistema particular de esgoto e no tempo de
profissionais que atuam nos sistemas detenção dos produtos sanitários no sistema. Em
descentralizados de esgoto ainda têm dificuldade alguns casos, uma prática comum (mas
em entender e determinar as taxas de acumulação e indesejável) é que caminhões limpa-fossas
os processos que ocorrem nas latrinas, nos descarreguem o lodo no sistema centralizado de
banheiros públicos, nas aqua privies11 e nas fossas esgoto, o que normalmente causa um espectro de
secas (Strande et al., 2014). Todavia, devido à problemas operacionais e ambientais.
recente atenção aos sistemas descentralizados, o
desenvolvimento e a padronização de métodos para Devido às altas concentrações de matéria
análise do lodo fecal estão progredindo orgânica, nitrogênio e fósforo, uma carga repentina
rapidamente (Velkushanova et al., 2020). de um caminhão limpa-fossa pode causar
Recentemente, muitas abordagens para obter as problemas nas ETEs e afetar a estação inteira,
caracterizações quantitativa e qualitativa dos incluindo os tratamentos primário, biológico e de
resíduos do saneamento descentralizado têm sido lodo. Esse problema é mais provável de ocorrer
desenvolvidas e aplicadas (Strande et al., 2018; quando a cidade contém mais zonas com sistemas
Velkushanova et al., 2020). Um método descentralizados, por exemplo, áreas periurbanas e
sistemático, denominado diagrama de fluxo de urbanas que não possuem rede coletora. Para evitar
excrementos (ou shit flow diagram, SFD), que é transtornos nas ETEs menores, o lodo da fossa

11
Aqua privy é um tanque séptico no qual a latrina está
localizada diretamente sobre ele

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115

séptica deve ser descarregado em um tanque de • Urina: é o líquido produzido pelo corpo
armazenamento (tanque tampão), do qual será para descartar o nitrogênio na forma de
bombeado à estação, em períodos de baixa carga ureia e outros produtos. Nesse capítulo,
(frequentemente durante a noite). Como regra ela se refere à urina pura, que não é
geral, a descarga de um caminhão limpa-fossa com misturada com fezes ou água.
lodo séptico por dia não criará problemas diretos Dependendo da dieta, a urina humana
nas ETEs que operam para atender mais de 100.000 coletada de uma pessoa durante um ano
equivalentes populacionais. (aproximadamente 300 a 550 L) contém 2
a 4 kg de nitrogênio. A urina pode ser
Por causa que grandes quantidades de lodo estocada, por exemplo, em banheiros
fecal misturados com esgoto frequentemente secos com separação de urina (UD(D)Ts)
alcançam uma ETE, é importante destacar a e hidrolisada naturalmente ao longo do
diferença na composição do esgoto nos sistemas tempo, ou seja, a ureia é convertida a
centralizado e descentralizado. amônia e bicarbonato por enzimas;
• Água de limpeza anal: é a água usada para
Alguns leitores podem não estar familiarizados limpar o corpo após defecar e/ou urinar; é
com as definições dos resíduos sólidos e líquidos gerada por aqueles que usam água ao
originados nos sistemas descentralizados. A invés de material seco para limpeza anal.
descrição geralmente aceita (adotada de Tilley et O volume de água empregado,
al., 2014; Strande et al., 2014; Velkushanova et al., tipicamente, varia de 0,5 a 3,0 L (mas
2020) é a seguinte: pode ser maior em áreas urbanas
desenvolvidas);
• Excreta: consiste em urina e fezes, que • Água para descarga: é a água
não são misturadas com nenhuma água de descarregada pelo vaso sanitário para
descarga. A excreta é relativamente limpar e encaminhar o seu conteúdo para
pequena em volume, mas concentrada em o sistema de transporte ou para
nutrientes e patógenos. Dependendo das armazenamento no local. Água de
características das fezes e do conteúdo da abastecimento, água de chuva, água cinza
urina, pode-se ter uma consistência mole reciclada ou qualquer combinação das
ou viscosa; três pode ser usada como fonte de água
• Fezes: refere-se ao excremento para descarga. Muitos sistemas sanitários
(semissólido) que não é misturado com a não requerem tal água (por exemplo,
urina ou a água. Dependendo da dieta, privada seca);
cada pessoa produz aproximadamente 50 • Água negra: é a mistura de urina, fezes e
a 150 L por ano de material fecal, dos água de descarga com água de limpeza
quais aproximadamente 80% é água e a anal (se a água é usada para limpeza) e/ou
fração sólida remanescente é composta de materiais de limpeza secos;
matéria orgânica. Uma forma especial de • Água cinza: é um nome comum para a
fezes é a diarreia, que é a perda de fezes água gerada pela lavagem de alimentos,
aquosas, resultante de infecção viral, roupas e pratos, tanto quanto pelos
parasitária por protozoários, bactérias e banhos. Não se considera a água dos
helmintos (Tipo 6 e Tipo 7 na Escala de vasos sanitários. Ela responde por
Fezes de Bristol)12; aproximadamente 65% do esgoto

12
Escala de fezes de Bristol é uma ferramenta médica humanas em sete categorias. É usada nos campos clínico e
diagnóstica, projetada para classificar a forma das fezes experimental

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116 100

produzido
greywater, or nas anyresidências
combinationque possuem
of these three, can empíricas, continuarão
observations, will continuea aumentar
to increaseothe
conhecimento
knowledge
vaso sanitário
be used as a flushcomwater
descarga;
source. Many sanitation sobre
on as características
faecal desse resíduo,
sludge characteristics, e permitirão
and allow more
• systems
Água do not érequire
marrom: flush water
uma mistura de fezes(e.g.e ‘dry’ accurate
previsõespredictions of faecal
mais acuradas, sludgemétodos
usando characteristics
menos
sanitation).
água da descarga, que não inclui urina, using less labour-intensive
intensos laboralmente. methods.
Uma Anrevisão
overview dasof
Blackwaterprincipalmente
gerada is the mixture of em urine, vasos
faeces and the most relevant faecal sludge characteristics
características do lodo fecal mais relevantes de from
flush water with anal cleansing
sanitários separadores de urina. Seu water (if water is public toilets
banheiros and septic
públicos tanks is sépticos
e tanques presentedé in Figure
mostrada
used for cleansing) and/or dry
volume depende da quantidade de água de cleansing materials. 3.26 (adopted from Strande et al., 2014).
na Tabela 3.26 (adotado por Strande et al., 2014). For more
Greywater usada.
descarga is a common Podename for water
também generated
incluir detailed information on faecal sludge characterization,
Para informação mais detalhada, o leitor deve
from washing food, clothes and dishes, as well as sampling and analysis, the reader is referred to
For Translation Purposes Only

materiais de limpeza anal; consultar Velkushanova et al. (2020). Os dados


from bathing, but not from toilets. It accounts for Velkushanova et al. (2020). Information presented in
• Água amarela: é uma mistura de urina e mostrados na Tabela 3.26 ilustram, claramente, que
approximately 65% of the wastewater produced in Table 3.26 clearly shows that the strength of faecal
água de descarga; a carga de lodo fecal é muito mais alta do que a do
households with flush toilets. sludge is much higher than the strength of domestic
• Lodo
Brownfecal:
water is é auma mistura
mixture de sólidos
of faeces and flushe water esgoto doméstico.
sewage. Alémfractionations
In addition, disso, o fracionamento dos
of different
líquidos, contendo a maioria
that does not include urine, generated das excretas
mainly in diferentes componentes (tais como DQO,
components (such as COD, solids, etc.) of faecal sólidos,
eurine-diverting
água, em flush combinação
toilets. Itscomvolume areia,
depends etc.) dos
sludge anddoisofresíduos,
sewage normalmente,
usually show mostra ainda
even larger
material grosseiro,
on the amount metais,
of flush waterdetritos
used. Ite/ou can also maiores diferenças.
differences. Há, are
Also, there também,
large grandes variações
variations within
vários
includecompostos
anal cleansing químicos.
materials.Ele pode ser nas amostras
various samplesdeoflodo fecal,
faecal aindadue
sludge quetocoletadas
reasons
bruto
Yellowou parcialmente
water is a mixture digerido,
of urine uma lamawater.
and flush numa mesma
already describedmicrolocalização,
even if the samplesdevido
are às razões
taken fromjá
ou semi-sólido,
Faecal sludge is a emixture resultaof da coleta
solids e
and liquids, descritas
the anteriormente.
same micro-location.
containing mostly excreta deandexcretas
armazenamento/tratamento water, in
combination
ou água negra,with com sand,
ou semgrit,águametals,
cinza. As rubbish The
As main conclusions
principais from this
conclusões section
dessa seçãoare são:
(i) that
(i)
características do lodo fecal fresco (porbe raw
and/or various chemical compounds. It can one
que não se deve subestimar os efeitos do lodofaecal
should not underestimate the effects of fecal
or partially digested, sludge on biological wastewater treatment (and also
exemplo, originárioa slurrydo or semi-solid, and
saneamento sobre o tratamento biológico de esgoto (também
results from the collection and storage/treatment on primary treatment and waste sludge digestion), and
baseado em contêineres – Container sobre o tratamento primário e a digestão do lodo) e
of excreta or blackwater, (ii) that the characteristics of faecal sludge can vary
based sanitation) e aquelas dowith lodoorfecal without (ii) que as características do lodo fecal podem
greywater. Characteristics of fresh faecal sludge considerably; therefore, the quantity and quality of
velho (por exemplo, originários de variarsludge
faecal consideravelmente; portanto,with
needs to be determined sua knowledge
quantidade
(e.g. originating from containerized sanitation)
tanques sépticos – também chamados e qualidade precisam ser determinadas
and skills so that the results are sufficiently accuratecom
and those of old faecal sludge (e.g. originating
“lodos sépticos”, um termo histórico para conhecimento
to be used with econfidence
capacidade, tal que operation
for design, os resultados
and
from septic tanks - often called ‘septage’, an
definir lodo
historical termremovido
to definede fossas
sludge sépticas),
removed from sejam suficientemente
management purposes. exatos para serem usados
são diferentes por várias razões.
septic tanks.) are different for various As taxas reasons. com confiança no projeto, operação e gestão.
reportadas
Reported faecal de sludge
produção de lodo
production ratesfecal
vary from
variam
100 to 520 degrams
100 of a wet
520sludge
gramas per depersonlodoper day
úmido
(Rose etporal., pessoa por dia
2015: Strande (Rose
et al., 2014; et Zakaria
al., et
2015: Strande et al., 2014; Zakaria et al.,
al., 2018).
2018).
Many factors affect the composition of faecal
sludgefatores
Muitos such as: (i) diet,
afetam (ii) toilet usage,
a composição do lodohabits,
including social and cultural aspects, (iii) storage
fecal, tais como: (i) dieta; (ii) uso de vaso sanitário,
duration, (iv) inflow and infiltration,
hábitos, incluindo os aspectos sociais e culturais; (v) collection
(iii) duração da estocagem; (iv) afluente e that
method, and (vi) climate. It is common knowledge
characteristics of faecal sludge vary both spatially and
infiltração; (v) método de coleta e (vi) clima. É fato
temporally. There is currently a lack of detailed
bem conhecido que as características do lodo fecal
information on the characteristics of faecal sludge.
variam espacialmente e temporalmente.
However, research is actively being conducted in this Figure 3.15 Sampling of faecal sludge at FSTP of Faridpur
Atualmente, há uma falta de informação detalhada
field. These research results, together with empirical Figura 3.15 Bangladesh
Amostragem de IHE
lodo fecal em FSTP do
municipality, (photo: Delft).
sobre as características do lodo fecal. Todavia, as município de Faridpur, Bangladesh (foto: IHE Delft)
pesquisas estão sendo ativamente conduzidas neste
campo e seus resultados, junto com as observações

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117

Tabela 3.26 Características do lodo fecal de banheiros públicos e de tanques sépticos (adaptado de Strande et al., 2014)

Banheiro público Tanque séptico Referência


pH 1,5 a 12,6 USEPA (1994)
6,55 a 9,34 Kengne et al. (2011)
Sólidos totais, ST (mg.L-1) 52.500 12.000 a 35.000 Koné; Strauss (2004)
30.000 22.000 NWSC (2008)
34.106 USEPA (1994)
≥ 3,5% < 3% NWSC (2008)
Sólidos totais voláteis, STV (como % de 68 50 a 73 USEPA (1994)
ST) 65 45 Heinss et al. (1998)
DQO (mg.L-1) 49.000 1.200 a 7.800 Koné; Strauss (2004)
30.000 10.000 NWSC (2008)
20.000 a 50.000 < 10.000 Heinss et al. (1998)
DBO (mg.L-1) 7.600 840 a 2.600 Koné; Strauss (2004), NWSC (2008)
- 190 a 300 Koné; Strauss (2004), NWSC (2008)
Nitrogênio Total, NT (mg.L-1) 3.400 1.000 Katukiza et al. (2012)
3.300 150 a 1.200 Koné; Strauss (2004)
Nitrogênio Total Kjeldahl, NTK (mg.L-1) 2.000 400 NWSC (2008)
N-NH4 (mg.L-1) 2.000 a 5.000 < 1.000 Heinss et al. (1998)
- 0,2 a 21 Koottatep et al. (2005)
450 150 NWSC (2008)
Nitrato, NO3 (mgN.L-1) 1.105 1.105 NWSC (2008)
Fósforo Total, PT (mgP.L-1) 2.500 4.000 a 5.700 Heinss et al. (1994)
Coliformes fecais [UFC.(100 mL)-1] 20.000 a 60.000 4.000 Heinss et al. (1998)
Ovos de helmintos (números.L-1) 600 a 6.000 Ingallinella et al. (2002)
16.000 Yen-Phi et al. (2010)

precisa ser conhecida além da média. A vazão


3.12 DINÂMICA DAS CARACTERÍSTICAS máxima (Qmax) pode ser calculada pela
DO ESGOTO SANITÁRIO multiplicação da vazão média (Qmed) por um
parâmetro fmax, de acordo com a Eq. 3.5.
A vazão do esgoto sanitário e as concentrações de
seus componentes variam com o tempo. Essas
dinâmicas são importantes para o projeto, Q max = Q med . fmax (3.5)
operação, monitoramento e controle das ETEs.
O fator fmax depende do tamanho da bacia de
3
A vazão é o volume de esgoto (m ) pela unidade esgotamento sanitário: para cidades grandes, o seu
de tempo (dias, horas ou segundos). Várias valor será 1,3 a 1,7 e para pequenas, 1,7 a 2,4. A
unidades podem ser usadas para expressar as relação entre as vazões máxima e média é, então,
vazões em diferentes operações e processos maior para as menores bacias, refletindo o menor
unitários de um projeto de ETE, dependendo do tempo de detenção na bacia natural e no sistema de
tempo de detenção hidráulico. Por exemplo, para coleta e transporte de esgoto associado.
grades e desarenadores, com um curto tempo de
detenção hidráulico, a vazão de projeto é expressa As variações nas características do esgoto
em m3.s-1, enquanto para decantadores, m3.h-1. sanitário ao longo do tempo podem ser
significativas, como ilustrado na Figura 3.16 para
As vazões variam no tempo e no espaço, o que as vazões e concentrações de DQO e de sólidos em
dificulta a obtenção de uma medida exata. Para fins suspensão em um caso específico. Mais exemplos
de projeto, frequentemente, a vazão máxima são dados no Capítulo 15.

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118

Figura 3.17 Variação horária no conteúdo de amônia do


afluente à ETE Galindo na Espanha

As variações nas vazões e nas concentrações


dos componentes fazem a amostragem das águas
residuárias uma tarefa desafiadora (Figura 3.19).
De fato, os resultados analíticos obtidos podem
Figura 3.16 Variações na vazão (acima) e concentrações de variar consideravelmente com o procedimento de
DQO e sólidos em suspensão (abaixo) (Henze et al., 2002) amostragem escolhido:

Em muitos casos, variações diárias são observadas; • Amostras simples, ou seja, uma amostra
em alguns, semanais ou sazonais, e em outros, são coletada em um recipiente em um
muito mais prováveis de serem causadas pelos determinado instante de tempo. Esse tipo
de amostragem dá resultados altamente
padrões de produção industrial. Se a carga do variáveis;
componente é mais ou menos constante, a dinâmica • Amostras compostas proporcionais ao
tempo, ou seja, um número de amostras
da concentração se correlaciona amplamente com a
coletadas em intervalos de tempo
vazão. Isso é bastante frequente no caso do carbono regulares (por exemplo, a cada hora), que
orgânico. Outros componentes, tais como são combinadas em uma única amostra
final. Esse tipo de amostragem é
nutrientes, podem mostrar uma dinâmica
conveniente quando as variações das
independente da vazão. Por exemplo, variações características da água residuária são
diurnas nas concentrações de amônio podem ser relativamente lentas quando comparadas
à frequência das medidas.
causadas pela urina, que é um fluxo muito
• Amostragem proporcional à vazão, ou
concentrado de nutrientes (Figura 3.17). seja, um número de alíquotas é coletado
durante um determinado intervalo de
tempo (tipicamente 24 horas) e os
volumes das alíquotas são proporcionais
às variações das vazões instantâneas da
água residuária. Isso dá uma estimativa
mais confiável da dinâmica dos
componentes da carga da água residuária

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119

e de suas concentrações médias num dado para estimar as frações de DQO e


tempo. nitrogênio afluentes;
• Protocolo STOWA (Hulsbeek et al.,
A dinâmica das características do esgoto 2002): é baseado no método físico-
também tem implicações no controle do processo. químico para determinar a fração de DQO
Variações na vazão e nas concentrações dos solúvel e medidas de DBO, a fim de
componentes podem ser vistas como distúrbios caracterizar a fração biodegradável da
atuando sobre a ETE, que precisam ser DQO afluente. Essas frações são, então,
compensadas por controle antecipatório usadas para obter a caracterização do
(feedforward) e/ou controle via realimentação esgoto, requerida para os modelos de lodo
(feedback), a fim de alcançar a qualidade requerida ativado;
do efluente e outros objetivos da estação (vide • Guia The Hochschulgruppe (HSG)
Capítulo 15). (Langergraber et al., 2004): enfatiza a
importância de obter dados de medidas
3.13 PROTOCOLOS DE CALIBRAÇÃO validadas para uso em estudos de
PARA MODELAGEM DE SISTEMA DE simulação, sem mencionar métodos de
LODO ATIVADO caracterização específicos do afluente;
• Protocolo WERF (Melcer et al., 2003):
Impulsionado pelos requisitos de modelagem fornece procedimentos detalhados para
matemática dos sistemas de lodo ativado, vários seus métodos respirométricos e físico-
protocolos para calibração dos modelos têm sido químicos, usados para caracterização do
desenvolvidos, que incluem diferentes esgoto bruto e para determinar os
procedimentos de caracterização do esgoto parâmetros cinéticos e estequiométricos
sanitário. Os principais, desenvolvidos por quatro para modelos de lodo ativado.
diferentes grupos de pesquisa, variam de
simplificada e relativamente prática àqueles de O protocolo será escolhido de acordo com o
grande complexidade e de interesse mais objetivo da modelagem. A Tabela 3.27 mostra uma
acadêmico e para pesquisa (Figura 3.18). comparação dos quatro protocolos através da
análise de SWOT (Sin et al., 2005). Para mais
• Protocolo BIOMATH (Vanrolleghem et detalhes sobre modelagem do tratamento de lodo
al., 2003): usa uma combinação de ativado, o leitor deve consultar o capítulo 14.
respirometria e métodos físico-químicos

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120

Figura 3.18 Um curso sobre modelagem dos sistemas de lodo ativado na IHE Delft, durante o qual os estudantes tornam-se
familiarizados com os protocolos de calibração (foto: IHE Delft)

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121

Tabela 3.27 Comparação de diferentes protocolos de caracterização (Sin et al., 2005)

Protocolo Forças Fraquezas Oportunidades Ameaças


BIOMATH • Caracterizações • Caracterização respirométrica • Geralmente • Nem todo software
hidráulica, biológica e de do afluente requer aplicável de modelagem e
sedimentação detalhadas interpretação baseada no • Trabalha simulação tem
• Caracterização detalhada modelo eficientemente uma OED/análise de
do afluente • OED não tem sido ainda vez implementado sensibilidade (AS)
• Caracterização da aplicado na prática, mas a em um simulador • Alto de grau de
biomassa pesquisa está avançando • Campanhas de especialização é
• Análise de • Software OED e especialistas medição dinâmica requerido para
sensibilidade/seleção de são requeridos podem ser aplicação
parâmetros • Nenhuma metodologia projetadas e
• OED para campanha de detalhada para checar a comparadas com
medição qualidade dos dados base no OED
• Revisão estruturada do • Nenhum procedimento prático
protocolo para calibração dos
• Malhas de realimentação parâmetros

STOWA • Caracterizações biológica • Nenhuma caracterização • Fácil de usar • Nenhuma abordagem


e de sedimentação hidráulica detalhada • Métodos matemática/estatístic
detalhadas • Problemas no ensaio de DBO experimentais a para seleção dos
• Controle de processo devido à fração de biomassa práticos parâmetros para
• Estimativa de tempo para particulada inerte • Não é requerido calibração
diferentes passos de • Nenhuma caracterização da nenhum especialista • Pode não ser
calibração biomassa • Bom para aplicável para
• Checagem detalhada da • Nenhum guia para projeto de consultores e novos diferentes sistemas,
qualidade de dados campanha de medição modeladores desde que o
• Calibração por fases dos • Nenhuma informação subconjunto de
parâmetros do processo detalhada sobre análise de parâmetros para
biológico sensibilidade calibração pode
• Revisão estruturada do • Subconjuntos de parâmetros mudar para diferentes
protocolo fixos para calibração do ETEs
• Malhas de realimentação processo biológico
HSG • CFD para caracterização • Nenhuma malha de • Geralmente • Não
hidráulica realimentação no diagrama de aplicável detalhado/prático o
• Caracterização biológica revisão • Um formato padrão suficiente para novos
• Projeto da campanha de • Fornece somente guias gerais para toda a praticantes
medição • Nenhuma caracterização de documentação/relató • A livre escolha das
• Um formato padrão para sedimentação detalhada rio de estudos de metodologias
documentação • Nenhum método particular de calibração experimentais para
• Checagem da qualidade estimação de parâmetros para caracterização do
de dados caracterização do afluente afluente/cinética
• Protocolo de revisão • Nenhuma análise detalhada de pode comprometer a
estruturado sensibilidade/seleção de padronização dos
parâmetros estudos de calibração
WERF • Detalhada caracterização • Nenhuma malha de • Baseada na • Foco sobre a
do afluente realimentação experiência prática determinação µANO,
• Detalhada determinação • Menos ênfase no processo de • Uma abordagem de máx e caracterização
de µANO,max e bANO sedimentação camadas para do afluente
• Caracterização da • Quase nenhuma ênfase sobre calibração fornece • Ignora a significância
biomassa os parâmetros cinéticos da diversos níveis de de outras partes do
• Análise de nitrificação calibração para modelo em escala
sensibilidade/seleção de • Nenhuma revisão estruturada diferentes objetivos real
parâmetros do protocolo e exatidão de • Métodos laboriosos
• Checagem detalhada da calibração
qualidade dos dados • Bom para
• Abordagem em camadas consultores e novos
para calibração modeladores
• Muitos exemplos de
estudos de casos

OED (optimal experimental design): Projeto experimental ótimo; CFD: dinâmica de fluidos computacional; µ ANO,máx: taxa máxima
de crescimento da biomassa autotrófica; bANO: coeficiente de decaimento endógeno das heterotróficas

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NOMENCLATURA

Símbolo Descrição Unidade


bANO Taxa específica de respiração endógena para nitrificantes d-1
DQOt Concentração de DQO mgDQO.L-1
DQOb Concentração de DQO biodegradável mgDQO.L-1
fn Conteúdo de nitrogênio no lodo gN.gSSV-1
fmáx Fator de vazão máxima
fp Conteúdo de fósforo no lodo gP.gSSV-1
fSU,NTKi Fração de nitrogênio orgânico não biodegradável solúvel afluente
fNTKi/DQOi Relação NTK/DQO no afluente mgN.mgDQO-1
MXANO Massa de nitrificantes no reator mgSSV
MXOHOv Massa de biomassa OHO no reator mgSSV
MXE,OHOV Massa de resíduo endógeno no reator mgSSV
MXUv Massa de compostos orgânicos não biodegradávels do afluente ao reator mgSSV
No Concentração de nitrogênio orgânico mgN.L-1
Nobp Concentração de nitrogênio orgânico particulado biodegradável mgN.L-1
Nobs Concentração de nitrogênio orgânico solúvel biodegradável mgN.L-1
Noup Concentração de nitrogênio orgânico particulado não biodegradável mgN.L-1
Nous Concentração de nitrogênio orgânico solúvel não biodegradável mgN.L-1
NTKt Concentração de Nitrogênio Total Kjeldahl mgN.L-1
Pt Concentração de fósforo total mgP.L-1
PIN Concentração de fósforo inorgânico mgP.L-1
Po Concentração de fósforo orgânico mgP.L-1
Pobp Concentração de fósforo orgânico particulado biodegradável mgP.L-1
Pobs Concentração de fósforo orgânico solúvel biodegradável mgP.L-1
Poup Concentração de fósforo orgânico particulado não biodegradável mgP.L-1
Pous Concentração de fósforo orgânico solúvel não biodegradável mgP.L-1
Qmáx Vazão máxima m3.d-1
Qmed Vazão média m3.d-1
SF Concentração de matéria orgânico fermentável mgDQO.L-1
SNHx Concentração de amônia no líquido mgN.L-1
SS Concentração de DQO(RB) solúvel rapidamente biodegradável mgDQO.L-1
SRT Idade do lodo d
SU DQO solúvel não biodegradável mgDQO.L-1
SVFA Concentração de ácidos graxos voláteis mgDQO.L-1
XCL Concentração de celulose mgSSV.L-1
XU Matéria não biodegradável no lodo ativado mgSSV.L-1
XS Concentração de DQO (SB) lentamente biodegradável mgDQO.L-1

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127

Abreviação Descrição
ATU Alil tiouréia
DBO Demanda Bioquímica de Oxigênio
DBO∞ DBO última
CFD Dinâmica de fluidos computacional
DOT Demanda de Oxigênio Total
DQO Demanda Bioquímica de Oxigênio
SIC Saneamento Inclusivo em toda a Cidade
EPS Substâncias poliméricas extracelulares
FSA Amônia livre e salina
FSM Gestão de lodo fecal
FSTP Estação de tratamento de lodo fecal
CG-MS Cromatografia gasosa com espectrometria de massa
HPLC Cromatografia líquida de alta pressão
CL-MS2 Cromatografia líquida com espectrometria de massa em tandem
DBOn Demanda Bioquímica de Oxigênio Nitrogenada
SSI Sólidos em suspensão inertes
OED Projeto experimental ótimo
OHOs Organismos heterotróficos ordinários
PAOs Organismos acumuladores de fósforo
PE Equivalente populacional
PL Contribuição per capita
SA Análise de sensibilidade
ODSs Objetivos de desenvolvimento sustentável
SFD Diagrama de fluxo de excrementos
NTK Nitrogênio Total Kjeldahl
SST Sólidos em suspensão totais
VFAs Ácidos graxos voláteis
SSV Sólidos em suspensão voláteis
WC Banheiro

Símbolos gregos Explicação Unidade


µANO,max Máxima taxa de crescimento específico de nitrificantes d-1

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110
128
For Translation Purposes Only

Figura 3.19 Amostragem é uma parte essencial da caracterização de águas residuárias e do lodo. A foto mostra a coleta de
Figure 3.19 Sampling is an essential part of wastewater and sludge characterization. The photo shows sample collection from
amostra
an de uma
oil refinery estação de
wastewater tratamento
treatment plande(Photo:
águas residuárias de uma refinaria de petróleo (Foto: D. Brdjanovic).
D. Brdjanovic).

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129

4 Remoção de matéria orgânica


George A. Ekama e Mark C. Wentzel

Tradução: Roque Passos Piveli

4.1 INTRODUÇÃO No reator biológico, os compostos orgânicos,


se solúveis, sedimentáveis ou não sedimentáveis
são transformados em organismos heterotróficos
4.1.1 Transformações no reator biológico ordinários (OHOs – ordinary heterotrophic
Para se trabalhar com o sistema de lodo ativado, é organisms, XOHO), que se tornam parte dos sólidos
necessário caracterizar o esgoto tanto fisicamente em suspensão orgânicos (voláteis), SSV no reator.
(fração solúvel, não sedimentável (coloidal e/ou em Quando esses organismos morrem, eles deixam
suspensão), sedimentável, orgânica, inorgânica), para trás compostos orgânicos não biodegradáveis
como biologicamente (biodegradável, não particulados (não solúveis), o chamado resíduo
biodegradável). As transformações físicas, endógeno, compreendendo principalmente
químicas e biológicas dos constituintes orgânicos e material não biodegradável da parede celular
inorgânicos do esgoto que ocorrem no reator (XE,OHO). Este resíduo endógeno torna-se parte da
biológico são descritas na Figura 4.1. Algumas massa de SSV no reator. Os compostos orgânicos
dessas transformações são importantes para não biodegradáveis, em suspensão e sedimentáveis
alcançar a qualidade necessária do efluente, do afluente misturam-se às massas de OHO e de
enquanto outras não são importantes para a resíduo endógeno. Juntos, estes três constituintes
qualidade do efluente, mas são importantes para o (XOHO + XE,OHO + XU) formam o componente
projeto e operação do sistema. Na Figura 4.1, cada orgânico dos sólidos sedimentáveis que se
uma das frações orgânica e inorgânica da água acumulam no reator biológico (SSV, XSSV). Os
residuária possui frações solúvel e particulada, constituintes inorgânicos sedimentáveis e em
sendo que esta última pode ser subdividida suspensão, conjuntamente com os compostos
adicionalmente em suspensão (não sedimentável) e inorgânicos precipitáveis, formam o componente
sedimentável. Cada uma das três sub-frações inorgânico da massa de sólidos em suspensão (SSI
orgânicas, por sua vez, possui constituintes – sólidos sedimentáveis inorgânicos). Os
biodegradáveis e não biodegradáveis. A sub-fração compostos inorgânicos solúveis biologicamente
inorgânica particulada compreende tanto utilizáveis são absorvidos pela biomassa e se
constituintes sedimentáveis como em suspensão tornam parte dela, ou são transformados em fase
(não sedimentáveis), enquanto a sub-fração solúvel gasosa e, neste caso, escapam para a atmosfera. Os
inorgânica compreende tanto precipitáveis e não compostos inorgânicos solúveis não precipitáveis e
precipitáveis, como constituintes utilizáveis e não não utilizáveis biologicamente escapam com o
utilizáveis biologicamente. efluente. Devido à elevada capacidade de
biofloculação da massa orgânica do lodo ativado,
todo o material sólido, tanto biodegradável, quanto
não biodegradável, orgânico ou inorgânico, torna-

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130

se sólidos sedimentáveis. Uma massa muito projeto, a caracterização do esgoto precisa ser mais
pequena de sólidos em suspensão ou coloidal (não detalhada e refinada (o fracionamento detalhado da
sedimentável) é formada no reator, mas, quando água residuária é apresentado na seção 3.14).
ocorre, não pode ser retida de nenhuma forma e
escapa com o efluente. Para remoção de matéria orgânica apenas, com
a concentração do esgoto medida em termos de
DBO5 e SS - sólidos em suspensão (SS,
sedimentáveis e não sedimentáveis), é preciso
pouco mais do que o conhecimento das cargas de
DBO5 e de SS. O conhecimento dos tipos de
compostos orgânicos que compõem a DBO5 e os
SS geralmente não é necessário, porque várias
relações empíricas foram desenvolvidas
associando as cargas de DBO5 e de SS à resposta
esperada e ao desempenho do sistema de lodo
ativado, envolvendo inclusive a produção de lodo e
a necessidade de oxigênio. Quando a matéria
orgânica é medida em termos de DQO, torna-se
necessária uma caracterização mais detalhada do
material orgânico, devido ao fato de que o
parâmetro DQO inclui tanto material orgânico
biodegradável, quanto não biodegradável. As
concentrações de DQO biodegradável, não
biodegradável, solúvel e particulada, por exemplo,
Figura 4.1 Reações de transformações globais dos
precisam ser conhecidas. A concentração de DQO
constituintes orgânicos e inorgânicos do esgoto, a partir
de formas particuladas e solúveis nas fases sólida e particulada não biodegradável afeta fortemente o
líquida. Para a fase sólida como constituinte do lodo e acúmulo de lodo no reator e a produção diária de
para as fases líquida e gasosa que escapam para a lodo, e a concentração de DQO solúvel não
atmosfera ou com o efluente, respectivamente. biodegradável afeta a concentração de DQO
O grau necessário de caracterização da água filtrada do efluente do sistema. Sem nitrificação,
residuária para o projeto do sistema de lodo remoção de nitrogênio ou remoção de fósforo, não
ativado, não é determinado apenas pelos processos é necessário caracterizar o esgoto em termos de N
físicos, químicos e biológicos que o compõem, mas e P. Se a nitrificação é incluída no sistema, é
também pelo nível de sofisticação dos necessário o conhecimento dos componentes do
procedimentos de projeto a serem aplicados. material nitrogenado (NTK e ALS – Amônia livre
e Salina). Com remoção de nitrogênio
Isto é determinado, em grande parte, pela (desnitrificação), muito mais informações são
qualidade necessária do efluente em termos de necessárias: neste caso, não somente a carga
matéria orgânica (C), nitrogênio (N) e fósforo (P). orgânica em termos de DQO (não DBO5) precisa
Geralmente, quanto mais restritivas são as ser especificada, mas também a quantidade e a
necessidades de qualidade do efluente em termos qualidade de alguns compostos orgânicos que
de C, N e P, o sistema de lodo ativado tem que ser compõem a carga total de DQO. Além disso, os
mais complexo para alcançar as remoções materiais nitrogenados precisam ser caracterizados
requeridas e os procedimentos de projeto têm que e quantificados do mesmo modo. Com remoção
ser mais avançados e realistas. Quanto mais biológica de fósforo, são necessárias ainda
sofisticados e refinados são os procedimentos de informações específicas adicionais caracterizando

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131

o material orgânico e, adicionalmente, os materiais 4.2 RESTRIÇÕES DO SISTEMA DE LODO


fosforados. A qualidade e quantidade de C, N e P ATIVADO
que entram em um reator de lodo ativado com
remoção de nitrogênio ou de nutrientes (N e P) são Basicamente, todos os sistemas de tratamento
afetadas por alguma operação unitária a montante, biológico aeróbios operam segundo os mesmos
particularmente a decantação primária. Assim, é princípios, dentre os quais, os filtros biológicos
importante que os efeitos da decantação primária percoladores, lagoas aeradas, estabilização por
sobre os constituintes com C, N e P do esgoto sejam contato, aeração prolongada, etc. Eles diferem
também determinados, para permitir que as apenas nas condições sob as quais as reações são
características do esgoto decantado sejam restringidas, as chamadas restrições do sistema. O
determinadas. sistema de lodo ativado compreende o regime do
fluxo no reator, as dimensões e formas, número e
configuração dos reatores, fluxos de recirculação,
4.1.2 Modelos de simulação dinâmica e vazão de alimentação e outras características, tanto
em regime estacionário as incorporadas deliberadamente quanto as
Para a modelagem matemática dos sistemas de presentes inadvertidamente ou inevitáveis. A
tratamento de esgoto, geralmente dois níveis têm resposta dos organismos ocorre de acordo com as
sido desenvolvidos: simulação dinâmica e em suas naturezas e o comportamento dos processos
estado estacionário. Os modelos estacionários biológicos no sistema são governados pela
possuem fluxo e carga constantes e são combinação do comportamento dos organismos e
relativamente muito simples. Esta simplicidade das características físicas que o definem, isto é, as
torna esses modelos muito úteis para projeto e condições ambientais ou limitações do sistema sob
avaliação de estações de tratamento de esgoto as quais os processos biológicos têm a operação
existentes. A descrição completa dos parâmetros do restringida.
sistema não é necessária nesses modelos, que são
orientados para determinar os parâmetros de 4.2.1 Regime de Mistura
projeto importantes a partir de critérios de
desempenho (Ekama, 2009). Os modelos No sistema de lodo ativado, o regime de mistura no
dinâmicos são muito mais complexos que os reator e o retorno de lodo são limitantes do sistema
estacionários e possuem fluxos e cargas variáveis, e, portanto, influenciam em sua resposta, de forma
de forma que o tempo é incluído como parâmetro. que devem ser feitas considerações a este respeito.
Os modelos de simulação dinâmica são, portanto, Existem dois extremos de mistura, mistura
úteis na previsão de um sistema existente ou completa e fluxo a pistão (Figura 4.2).
proposto dependente do tempo. Contudo, suas
complexidades exigem que muito mais constantes No regime de mistura completa, o afluente é
cinéticas e estequiométricas sejam introduzidas e instantaneamente e vigorosamente misturado
todos os parâmetros de projeto do sistema têm que (teoricamente) com o conteúdo do reator. Assim, o
ser especificados. Os modelos estacionários são fluxo de efluente do reator possui as mesmas
muito úteis para calcular as condições necessárias concentrações de compostos do que seu próprio
para iniciar um modelo de simulação dinâmica, conteúdo. O fluxo de saída do reator passa por um
como o volume do reator, vazões de esgoto e de decantador, cujo sobrenadante compõe a corrente
recirculações, valores para as várias concentrações de esgoto tratado e o fluxo de fundo é o lodo
nos reatores e a simulação em verificação cruzada concentrado que é recirculado de volta para o
das saídas do modelo (Ekama, 2009). reator. No sistema de mistura completa, a taxa de
retorno de fluxo de fundo não tem qualquer efeito
sobre o reator biológico, a menos que ocorra o

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indevido acúmulo de lodo no decantador. A forma difuso. São exemplos as estações com aeração
do reator é aproximadamente quadrada ou circular prolongada, lagoas aeradas, valos de oxidação de
em planta e a mistura geralmente é feita por Pasveer ou lodo ativado de estágio único de mistura
aeradores mecânicos ou aeração por bolhas de ar completa.

Figura 4.2 Sistema de lodo ativado com (A) estágio único com reator em regime de mistura completa e (B) um reator em
regime de mistura de fluxo a pistão/intermediário.

Em um regime de fluxo a pistão, o reator configurações requerem a recirculação do lodo


geralmente é tipo canal longo. O afluente é sedimentado no decantador para o início do reator
introduzido em uma das extremidades do canal, tipo canal, para propósito de inoculação.
escoa ao longo de seu eixo e é misturado por um
conjunto de aspersores de ar ao longo de um dos A resposta cinética média de um sistema de
lados do canal, ou aeradores superficiais de eixo lodo ativado, isto é, a massa de lodo, a produção
horizontal. Teoricamente, cada volume de líquido diária de lodo, a demanda diária de oxigênio e a
elementar ao longo do eixo é assumido permanecer concentração de compostos orgânicos no efluente é
sem mistura com os elementos antecessor e dada de forma mais realista, assumindo-se que o
seguinte. A descarga no decantador ocorre no final sistema é completamente misturado e que a vazão
do canal. O fluxo de fundo do decantador é e a carga afluentes são constantes. Isto permite que
retornado para o final do canal do afluente para o volume do reator, a massa de lodo descarregada
inocular o fluxo de esgoto com organismos. Isto diariamente e a taxa média diária de utilização de
cria um regime de fluxo intermediário que desvia oxigênio sejam determinados por formulações
das verdadeiras condições de fluxo a pistão, relativamente simples. As taxas de utilização de
dependendo da magnitude do reciclo do fluxo de oxigênio de pico que surgem sob condições cíclicas
fundo. As estações de lodo ativado convencional de vazão e carga podem ser estimadas
são do tipo regime de fluxo intermediário, com subsequentemente com boa precisão pela aplicação
razões de retorno de lodo variando entre 0,25 e 3 de um fator sobre a taxa média. Esses fatores foram
vezes a vazão média de esgoto afluente. Caso a desenvolvidos a partir de estudos com modelos de
razão de recirculação for muito alta, o regime de simulação em sistemas aeróbios e anóxicos-
mistura se aproxima da mistura completa. aeróbios sob condições de vazão e carga constantes
e cíclicas (Musvoto et al., 2002).
Regimes de fluxo intermediários podem
também ser alcançados por possuir dois ou mais 4.2.2 Tempo de Retenção do Sólidos
reatores de mistura completa em série, ou por (TRS)
aeração escalonada. Neste último caso, o afluente
alimenta o reator do tipo fluxo a pistão em uma Nos diagramas esquemáticos para o sistema de
série de pontos ao longo de seu eixo. Ambas as lodo ativado (Figura 4.2), o lodo de descarte (lodo

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133

em excesso) é retirado diretamente do reator 4.2.3 Tempo de Retenção Hidráulica


biológico. A prática comum é a de que o lodo em Nominal
excesso é retirado pela vazão de fundo do
decantador secundário. A retirada de lodo Na teoria do lodo ativado, o volume de reator por
diretamente do reator permite um método de unidade de volume de vazão afluente é conhecido
controle da idade do lodo (tempo de retenção de por tempo de retenção hidráulica nominal, isto é,
lodo ou tempo de retenção de sólidos), TRS, VR
chamado de controle hidráulico da idade do lodo, TRHn = (d) (4.2)
Qa
que possui vantagens significativas para o controle
do sistema, comparado à retirada pelo fluxo de Em que:
fundo do decantador. TRHn tempo médio de retenção hidráulica
nominal (d)
A idade do lodo é definida por: Qa vazão média diária afluente (L/d)

TRS Quando a vazão de retorno de lodo do


Massa de lodo no reator decantador secundário (Qs) e qualquer outra
= (d) entrada no reator de vazão de recirculação de
Massa de lodo descarregada por dia
biomassa em suspensão são incluídos, o tempo de
Retirando-se o lodo diretamente do reator, as retenção é chamado tempo de retenção hidráulica
concentrações do lodo na vazão de descarte e no real (TRHr), ou seja:
reator biológico são as mesmas. Se a idade do lodo VR TRH n
de 10 dias, por exemplo, é necessária, um décimo TRHr = = (1+s+r) (d)(4.3)
(Qa + Qs +Qr )
do volume do reator deve ser descarregado por dia.
Em que:
Isto pode ser feito mediante uma vazão de descarga
TRHr tempo de retenção hidráulica real (d)
constante, QW (L/d), em que QW é o volume de lodo
s razão de vazão de recirculação do fundo
a ser removido por dia. Consequentemente:
do decantador (Qs/Qa)
XSST VR VR a taxa de recirculação de biomassa em
TRS = = (d) (4.1)
XSST QW QW suspensão (Qr/Qa)
Em que:
VR volume do reator biológico (L) 4.2.4 Conexão entre idade do lodo e
QW vazão de lodo removido do reator (L/d) tempo de retenção hidráulica

A Equação 4.1 assume que a perda de sólidos A partir das definições anteriores, pode ser visto
com o efluente é desprezível e que a massa de lodo que há dois parâmetros que se relacionam ao tempo
no decantador secundário é desprezível em relação no sistema: (i) a idade do lodo, que é o tempo em
ao reator biológico. Esta hipótese é razoável que o material particulado permanece no reator, e
quando o sistema é operado com uma elevada razão (ii) o tempo de retenção hidráulica nominal, que é
de vazão de retirada do fundo (~1:1) e a idade do o tempo em que o líquido e o material dissolvido
lodo é maior do que aproximadamente 3 dias (ver permanecem no reator. Em sistemas de lodo
Seção 4.10). ativado que não possuem separação sólido/líquido
com membranas ou decantadores secundários
(DSs), como as lagoas aeradas, a idade do lodo e o
tempo de retenção hidráulica nominal são iguais,
isto é, o material líquido/dissolvido e o material
sólido/particulado permanecem no reator pelo

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mesmo período de tempo. Quando a separação Os compostos orgânicos biodegradáveis


sólido/líquido é incluída, os tempos de retenção de particulados do afluente, tanto sedimentáveis como
sólidos e do líquido são diferenciados e o TRS > em suspensão (XS) são, em geral, lentamente
TRH. Contudo, idades do lodo elevadas levam à biodegradáveis. Os compostos orgânicos
grandes massas de lodo no reator que, por sua vez, particulados lentamente biodegradáveis (DQOLB),
conduzem a grandes volumes de reatores (VR). tanto sedimentáveis, quanto não sedimentáveis, são
Portanto, mesmo com a separação sólido-líquido, a envolvidos nos flocos de lodo ativado e se tornam
medida que o TRS aumenta, o TRHn também parte da massa de SSV do lodo em suspensão no
aumenta. Esta ligação entre o TRS e o TRH n não é reator. Como parte da massa de lodo, esses
nem proporcional, nem linear e depende (i) da compostos orgânicos sedimentam-se com a massa
concentração de matéria orgânica no esgoto (DQO de lodo no decantador secundário e são retornados
ou DBO5) e (ii) da concentração de sólidos em ao reator biológico. Os compostos orgânicos
suspensão (SST) no reator. Em sistemas de lodo particulados não degradados, portanto, não
ativado com remoção biológica de nutrientes, a escapam com o efluente, mas sim, permanecem
idade do lodo é de, aproximadamente, 10 a 25 dias como parte da massa de SSV no sistema; a única
e o tempo de retenção hidráulica nominal é de rota de saída dos compostos orgânicos
aproximadamente, 10 a 24 horas. biodegradáveis particulados que não foram
degradados é a vazão de descarte (Qd), com o
descarte de lodo. O tempo disponível para a quebra
4.3 ALGUMAS SIMPLIFICAÇÕES DO dos compostos orgânicos particulados lentamente
MODELO biodegradáveis pelos OHOs – ordinary
heterotrophic organisms é, portanto, relacionado
4.3.1 Utilização completa da matéria com o tempo de retenção de sólidos ou idade do
orgânica biodegradável lodo do sistema. Embora a quebra biológica dos
compostos orgânicos particulados biodegradáveis
A distinção entre biodegradável e não seja muito mais lenta do que a dos compostos
biodegradável é governada pela biomassa que está orgânicos solúveis prontamente biodegradáveis,
no sistema e pelo tempo que ela tem para degradar isto é, de pouca consequência, porque o tempo de
os compostos orgânicos. Tem sido observado que a retenção de sólidos no sistema (TRS) é muito maior
diferença na concentração de DQO solúvel do do que o tempo de retenção do líquido (TRHn).
efluente entre uma curta retenção hidráulica no Uma vez que a idade do lodo é maior do que
sistema (2-3 h) e uma muito longa (18-24 h) é aproximadamente 3 dias a 20 oC (4 a 14 oC), os
muito pequena, de apenas 10 a 20 mg DQO/L. Isto compostos orgânicos lentamente biodegradáveis
indica que os compostos orgânicos solúveis são virtualmente e completamente utilizados.
lentamente biodegradáveis parecem estar em
concentração muito baixa em um esgoto doméstico Os trabalhos experimentais têm confirmado
normal. Portanto, é razoável aceitar que os isso. Sistemas com baixa idade do lodo associada a
compostos orgânicos solúveis no esgoto municipal um baixo tempo de retenção hidráulica e sistemas
compreendem dois grupos: os biodegradáveis, que com alta idade do lodo associada a um elevado
são quase todos rapidamente biodegradáveis e os tempo de retenção hidráulica, utilizam muito
não biodegradáveis. Isto significa que mesmo sob proximamente as mesmas frações de DQO não
tempos de retenção hidráulica muito curtos de biodegradável afluente solúvel ou particulada
apenas poucas horas, a utilização dos compostos (fSU,DQOi e FXU,DQOi). Consequentemente, uma vez
orgânicos biodegradáveis é completa, restando que a idade do lodo é maior do que 3 a 4 dias, a
apenas os compostos solúveis não biodegradáveis concentração de compostos orgânicos
no efluente. biodegradáveis residuais, tanto solúveis (SS), como

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particulados (XS), não biodegradados que podem 4.4 EQUAÇÕES DO SISTEMA EM


ser aceitos, é muito pequena. A partir disto, pode ESTADO ESTACIONÁRIO
ser feita uma hipótese importante e simplificada
para o estado estacionário e modelos de simulação, Uma vez que é reconhecido que todos os
isto é, os compostos orgânicos solúveis lentamente compostos orgânicos no afluente, exceto a DQO
biodegradáveis e os compostos orgânicos solúvel não biodegradável, são utilizados pelos
particulados muito lentamente biodegradáveis OHOs para formar nova massa de OHO via
podem ser considerados de concentração crescimento (XOHO), ou permanecem no sistema e
desprezivelmente baixa em esgoto doméstico. se acumulam como massa de lodo não
Contudo, deve ser lembrado que, embora razoável, biodegradável (inerte) (XE,OHO e XU), decorre que a
esta hipótese de que todos os compostos orgânicos massa de lodo produzida e a demanda carbonácea
biodegradáveis são degradados pode não ser válida de oxigênio são funções estequiométricas da carga
para todas as águas residuárias e depende do tipo mássica diária de DQO, quanto maior a carga
de indústria conectada à rede coletora da estação de mássica diária de DQO, maior a produção de lodo
tratamento de esgoto. Ao caracterizar tais águas e a demanda carbonácea de oxigênio.
residuárias, alguns compostos orgânicos residuais
solúveis e particulados não degradados no sistema As equações a seguir dão a massa de lodo
estão implicitamente incluídos nas frações gerada no reator e descarregada por dia, a demanda
orgânicas não biodegradáveis solúvel e particulada, de oxigênio média diária e a concentração de DQO
respectivamente, pois esta é a forma em que os do efluente, compreendendo os compostos
modelos de lodo ativado são estruturados. Para o orgânicos solúveis não biodegradáveis para
modelo estacionário, uma simplificação adicional remoção de material orgânico em função da carga
pode ser feita, pois não é necessário fazer a orgânica total diária (DQO) (FDQOi), as
distinção entre compostos biodegradáveis solúveis características da água residuária, isto é, as frações
e particulados, todos são transformados em massa de DQO não biodegradável solúvel e particulada
de SSV dos OHOs, uma vez que todos os (fSU,DQOi e fXU,DQOi) e a idade do lodo (TRS). As
compostos orgânicos biodegradáveis são constantes cinéticas e estequiométircas nas
utilizados. As equações do modelo de lodo ativado equações, isto é, o coeficiente de produção
em estado estacionário a seguir são baseadas nessas específica (YOHOv), a velocidade específica de
simplificações. perda de massa endógena (bOHO), a fração não
biodegradável dos OHOs (fXE,OHO) e a razão
DQO/SSV do lodo (fcv,OHO), assim como suas
dependências da temperatura são dadas na Tabela
4.1

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Tabela 4.1 Constantes estequiométricas e cinéticas e suas dependências da temperatura para os OHOs no modelo de lodo
ativado para degradação carbonácea em estado estacionário (Marais e Ekama, 1976).

Constante Símbolo Dependência da θ Valor padrão a 20 oC


temperatura
Coeficiente de produção YOHO Permanece constante 1 0,67
(mgDQO/mgDQO)
Coeficiente de produção YOHOv Permanece constante 1 0,45
(mgSSV/mgDQO)
Velocidade de respiração endógena (1/d) bOHO bOHO,T = bOHO,20 θb,OHO (T- 1,029 0,24
20)

Fração de resíduo endógeno (-) fXE,OHO Permanece constante 1 0,2


Conteúdo de SSI dos OHOs fFSS,OHO Permanece constante 1 0,15
1
Razão DQO/SSV dos OHOs fcv,OHO Permanece constante 1 1,48
(mgDQO/mgSSV)
1
Razão DQO/SSV dos OPN fcv,UPO Permanece constante 1 1,48
(mgDQO/mgSSV)
1
Diferentes razões DQO/SSV (fcv), N/SSV (fn) e P/SSV (fp) podem ser atribuídas para a biomassa de OHO (XOHO), resíduo endógeno
de OHO (XE,OHO) e OPN afluente (XUv). Contudo, neste livro, esses três componentes dos SSV são atribuídos as mesmas razões
mássicas fcv, fn e fp.

FXUv,i = QifXU,DQOiDQOi / fcv,UPO


4.4.1 Para o Afluente (mgSSV/d) (4.6b)
FXUv,i = FDQOi fXU,DQOi / fcv,UPO
Os fluxos de massa ou fluxos de entrada de (mgSSV/d) (4.6c)
compostos orgânicos totais (FDQO i, mgDQO/d),
orgânicos biodegradáveis (FDQOb,i, mgDQO/d), FXSSF,i = Qi.XSSF,i
orgânicos particulados não biodegradáveis (FXUv,i, (mgSSF/d) (4.7)
mgSSV/d) e sólidos em suspensão inorgânicos ou
fixos (FXSSF,i, mgSSI/d) são: 4.4.2 Para o sistema
FDQOi = Qi DQOi (mgDQO/d) (4.4)
4.4.2.1 Massa de SSV no reator
FDQOb,i = Qi DQOb,i = Qi (SS,i + XS,i)
(mgDQO/d) (4.5a) As massas de SSV dos OHOs (MXOHOv,
FDQOb,i = Qi DQOi ( 1 – fSU,DQOi – fXU,DQOi) mgSSV), resíduo de SSV endógeno (MXE,OHOv,
(mgDQO/d) (4.5b) mgSSV), SSV orgânicos não biodegradáveis
(MXIv, mgSSV) no sistema são dados por:
FDQOb,i = FDQOi ( 1 – fSU,DQOi – fXU,DQOi)
(mgDQO/d) (4.5c)
MXOHOv = XOHOv VR (mgSSV) (4.8a)

MXE,OHOv = XE,OHOv VR (mgSSV) (4.8b)


FXUv,i = Qi XUv,i
(mgSSV/d) (4.6a) MXUv = XUv VR (mgSSV) (4.8c)

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MXSSV = XSSV VR (mgSSV) (4.8d)


MXSSF = FXSSF,i TRS (mgSSI) (4.13a)

YOHOv TRS e:
MXOHOv = F DQOb,i =
(1 + bOHO,T TRS)
= F DQOi (1 − fSU, DQO i XFSS,i concentração de SSI afluente (mgSSI/L)
YOHOv TRS
− fXU,DQO i )
(1 + bOHO,T TRS) Os SSI afluentes são apenas uma parte dos SSI
(mgSSV) (4.9) que são medidos no reator. Os OHOs (e PAOs, se
presentes) também contribuem para a concentração
M XE,OHOv = fXE,OHO bOHO,T M XOHOv TRS = de SSI. Em sistemas totalmente aeróbios e de
YOHOv TRS nitrificação-desnitrificação (ND), onde apenas
= F DQOb,i fXE,OHO bOHO,T TRS OHOs compreendem a biomassa ativa, os OHOs
(1 + bOHO,T TRS)
= F DQOi (1 − fSU,DQOi contribuem com aproximadamente 10 % de suas
YOHOv TRS massas OHODQO (15 % de suas massas de SSV)
− fXU,DQOi ) fXE,OHO bOHO,T TRS ao SSI (Ekama e Wentzel, 2004). Aparentemente
(1 + bOHO,T TRS)
esta massa de SSI é formada de sólidos dissolvidos
(mgSSV) (4.10)
intracelulares, a qual, quando uma massa de lodo é
F XU,i submetida a secagem no procedimento para SST,
M XUv = TRS = F XUv,i TRS = precipita como SSI.
fcv,UPO
fXU,DQOi
= F DQOi TRS Portanto, teoricamente, esta contribuição de
fcv,UPO
SSI dos OHOs (e PAOs, se presentes) aos SST
(mgSSV) (4.11) estritamente deveria ser ignorada, apesar de
contabilizada no teste de SST, porque sendo
M XSSV = M XOHOv + M XE,OHOv + M X UV
sólidos dissolvidos intracelulares, não se
YOHOv TRS
= F DQOi (1 adicionam ao fluxo real de SSI para o decantador
(1 + bOHO,T TRS) secundário. Contudo, uma vez que esta massa de
+ fXE,OHO bOHO,T TRS) SSI sempre foi implicitamente incluída
+ FXUv,i TRS = anteriormente no resultado do teste de SST, ela é
(1 − fSU,DQOi − fXU,DQOi )YOHOv TRS mantida porque os procedimentos de projeto de
= FDQOi ⌈ (1
(1 + fXE bOHO,T TRS) SST, são baseados nos resultados medidos de SST.
fXU,DQOi Em outras palavras, os modelos são ajustados para
+ fXE,OHO bOHO,t SRT) + TRS⌉ acomodar o “erro” do teste de SST. Incluindo a
fcv,UPO
(mgSSV) (4.12) produção de massa OHO SSI para sistemas
completamente aeróbios e de ND,
4.4.2.2 Massa de Sólidos em Suspensão
MXSSF = FXSSF,iTRS + fSSF,OHOMXOHOv (4.14a)
Inorgânicos no Reator

A concentração de sólidos em suspensão MXSSF = FXSSF,iTRS + fSSF,OHOfav,OHOMXSSV


inorgânicos (SSI) do afluente se acumula no reator (mgSSI/d) (4.14b)
de modo idêntico aos orgânicos particulados não Em que:
biodegradáveis (Eq. 4.12), isto é, a massa de SSI fav,OHO fração da massa de SSV que são OHOs
afluente no reator é igual ao fluxo de massa diário ativos (veja seção 4.4.7)
de SSI que entra o reator FXSSF,i vezes a idade do fSSF,OHO conteúdo inorgânico do OHO SSV
lodo (TRS), ou seja: (0,15 mgSSI/mgOHOSSV)

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138

4.4.2.4 Demanda Carbonácea de Oxigênio


Para sistemas com remoção biológica avançada
A massa de oxigênio utilizada por dia (FOC,
de fósforo (EBPR – enhanced biological
mgO2/d),
phosphorus removal), os SSF nos organismos
acumuladores de fósforo (PAOs) também precisam
FOc
ser incluídos. Para utilização aeróbia de fósforo em
EBPR, fSSF,PAO é 1,30 mgSSF/mgOAPSSV, isto é, = FDQOb,i [(1 − fcv,OHO YOHOv )
7 vezes maior do que a dos OHOs quando os PAOs
contêm seus teores máximos de polifosfatos (PP) YOHOv fcv,OHO TRS
+ (1 − fXE,OHO )bOHO,T . ]
de 0,35 mgPPP/mgPAOSSV (Wentzel et al.,1990, (1 + bOHO,T TRS)
Ekama e Wentzel, 2004). Portanto, para sistemas (mg O2/d) (4.18)
EBPR, a razão SSV/SST é significativamente
menor do que para sistemas com lodo totalmente F Oc = VR Oc
aeróbio e sistemas ND. (mg O2/L. d) (4.19)

4.4.2.3 Massa de SST no Reator Em que:

A massa total de sólidos em suspensão (SST) no OC velocidade de utilização carbonácea de


reator (MXSST, mgSST) é a soma das massas de oxigênio (mgO2/L.d)
sólidos em suspensão voláteis (SSV) e de sólidos VR volume do reator para um sistema de
em suspensão inorgânicos (SSI), isto é: LA totalmente aeróbio (m3)

MXSST = MXSSV + MXSSF (mgSST) (4.15) Da Eq. 4.18, pode ser visto que a massa de
oxigênio utilizada pelos OHOs por dia (FO C) é a
A razão SSV/SST do lodo (fVT) é: soma dos dois termos. O primeiro (1-fcv,OHO YOHOv)
é a demanda de oxigênio para crescimento dos
M XSSV OHOs. Representa os elétrons (DQO) que são
fVT = (mgSSV/mgSST) (4.16)
M XTSS
usados no processo de crescimento para gerar
energia pelos OHOs para transformar os compostos
Caso a concentração de SSF do afluente não orgânicos utilizados em biomassa nova
seja conhecida, então a massa de SST (MXSST)T no (catabolismo). O equilíbrio dos elétrons utilizados
reator possa ser calculada a partir de uma razão (DQO, fcv,OHO YOHOv) é conservado como nova
SSV/SST estimada (fVT) do lodo, isto é: biomassa (anabolismo). Pode ser visto que esta
demanda de oxigênio é proporcional aos
MXSST = MXSSV / fVT (mgSST) (4.17) compostos orgânicos biodegradáveis do afluente e
não varia com a idade do lodo. Isto porque todos os
Em que: compostos orgânicos biodegradáveis do afluente
são utilizados e transformados em biomassa dos
fVT razão SSV/SST do lodo ativado OHOs. O segundo termo é a demanda de oxigênio
para a respiração endógena, que aumenta com o
Para a mesma concentração afluente de SSF aumento da idade do lodo. O aumento na demanda
(XSSF,i), a razão SSV/SST do lodo ativado (fVT) não de oxigênio carbonácea (FOC) é, portanto, devida
varia muito com o TRS, mesmo em uma faixa ao aumento da demanda de oxigênio para a
ampla de variação de 3 a 30 d (Ekama e Wentzel, respiração endógena com a idade do lodo. Este
2004). aumento é porque quanto mais tempo a massa de
OHO SSV permanece no reator, mais é degradada

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139

via respiração endógena e mais os seus elétrons, principalmente da carga mássica diária de DQO e
carbono e energia são passados ao oxigênio, SSI sobre o reator e da idade do lodo.
transformados em CO2 e perdidos como calor, Similarmente, a massa de SST no reator é uma
respectivamente. Portanto, o crescimento é o função das cargas mássicas diárias de DQO e SSI
processo biológico por onde os compostos no reator e da idade do lodo. Consequentemente, no
orgânicos biodegradáveis do afluente são que diz respeito a massa de lodo no reator, pouco
transformados em massa de OHO SSV importa se a carga mássica diária de DQO (e SSI)
(anabolismo), com uma transferência de elétrons vem de uma baixa vazão diária com concentração
para o oxigênio associada e uma perda de energia elevada de DQO (e SSI), ou de uma vazão diária
como calor (catabolismo), e a respiração endógena elevada com baixa concentração de DQO (e SSI).
é um processo por onde os compostos orgânicos A FDQOi (e FXSSF,i) resultante é a mesma em
biodegradáveis dos microrganismos são ambos os casos, as massas de SSV e SST serão
degradados via catabolismo a CO2, com uma virtualmente idênticas. Contudo, os tempos de
demanda adicional de oxigênio e perda de energia retenção hidráulica serão diferentes, sendo longo
como calor. Os elétrons transferidos ao oxigênio no primeiro caso e curto no segundo. O tempo de
resultam em um acúmulo muito menor de massa de retenção hidráulica, portanto, é incidental à carga
SSV no reator comparado aos compostos orgânicos mássica de DQO (e SSI), à massa de SSV (e SST)
não biodegradáveis particulados. Todos os elétrons e à vazão diária: não possui função básica de
desses compostos orgânicos são conservados como projeto do sistema de lodo ativado. Critérios de
massa de SSV no reator e nada é passado ao projeto para o volume de reator do lodo ativado
oxigênio. Daí a produção de compostos orgânicos com base no tempo de retenção hidráulica devem,
não biodegradáveis é em efeito 1 gDQO/gDQO ou portanto, serem usados com extrema cautela
1/fcv,UPO gSSV/gDQO. porque incorporam implicitamente as
concentrações específicas das águas residuárias e
4.4.3 Volume de reator e tempo de valores característicos típicos para as regiões para
retenção as quais foram desenvolvidos.

Conhecendo-se a massa total de sólidos em 4.4.5 Concentração de DQO do Efluente


suspensão (MXSST) no reator, o volume do reator é
determinado a partir do valor especificado para a Sob condições operacionais normais do sistema de
concentração de SSRB, XSST (seção 4.6), isto é, lodo ativado, em que a idade do lodo excede 5 dias
(para assegurar a nitrificação e a remoção biológica
VR = MXSST / XSST (L,m3 ou mL) (4.20) de nutrientes), a natureza dos compostos orgânicos
do afluente em águas residuárias municipais é,
Conhecendo-se o volume do reator VR, o tempo assim como a concentração de DQO no efluente, é
de retenção hidráulica nominal, TRH n é obtido a inconsequente no projeto do sistema. Os compostos
partir da vazão média em período seco de projeto, orgânicos solúveis rapidamente biodegradáveis são
Qi,VMPS pela Eq. 4.2. completamente utilizados em um tempo muito
pequeno (< 2 h) e os orgânicos particulados, tanto
4.4.4 Irrelevância do TRH os biodegradáveis como os não biodegradáveis, são
misturados na massa de lodo e se sedimentam com
As equações de projeto anteriores levam à o lodo nos decantadores secundários.
importante conclusão de que o tempo de retenção Consequentemente, a concentração de DQO do
hidráulica (TRHn) é irrelevante para o projeto do efluente compreende, virtualmente, todos os
sistema de lodo ativado. A massa de sólidos em compostos orgânicos não biodegradáveis solúveis
suspensão voláteis – SSV no reator é uma função (DQO) (do afluente), mais a DQO das partículas de

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140

lodo que escapam com o efluente devido à sobre o sistema de lodo ativado em estado
operação imperfeita do decantador secundário. estacionário é dado pela Eq. 4.23, em que:
Assim, as concentrações de DQO filtrada e não
filtrada do efluente, DQOe, são dadas por: DQOe concentração de DQO solúvel total do
efluente (mgDQO/L)
DQOe = SU,e (mgDQOfiltrada/L) (4.21a) XSSV concentração de SSV no reator
biológico (mgSSV/L)
DQOe = SU,e + fcv,OHOXSSV,e OC velocidade de utilização carbonácea
(mgDQOfiltrada/L) (4.21b) (para degradação de material
orgânico) de oxigênio no reator
Em que: (mgO2/L.h)
SU,e DQO não biodegradável no efluente =
SU,i = fSU,DQOiDQOi (mgDQO/L) [Fluxo de DQO(e-) na saída] = [Fluxo de DQO(e-)
XSSV,e SSV no efluente (mgSSV/L) na entrada] [Fluxo de DQO solúvel no efluente] +
Fcv,OHO razão DQO/SSV dos SSV (1,48 [Fluxo de DQO solúvel no descarte de lodo] +
mgDQO/mgSSV) [Fluxo de DQO particulada no descarte de lodo] +
[Fluxo de oxigênio utilizado pelos OHOs para
Na maioria dos casos, as concentrações de SSV quebra de DQO] = [Fluxo de DQO na entrada]
e SST do efluente são baixas demais para serem
medidas confiavelmente com os métodos QeDQOe + QwDQOe + QwXSSVfcv,OHO + VROC =
convencionais. Métodos alternativos para medir QiDQOi
baixas concentrações de sólidos têm sido (4.23)
desenvolvidos, para os SSV, via concentrações de
DQO filtrada e não filtrada, isto é, a partir da Eq. Na Eq. 4.23, os primeiros dois termos representam
4.21 e, para SST via turbidez, uma vez que a curva os compostos orgânicos solúveis que saem do
de calibração turbidez versus concentração de SST sistema via fluxos de efluente e de descarte de lodo,
para o lodo ativado foi preparada (Wahlberg et al., o terceiro termo, os compostos orgânicos
1994). particulados que saem do sistema via fluxo de
descarte de lodo e, o quarto termo, a massa de
XSSV,e = (DQOe(não filtrada) - DQOe(filtrada))/ fcv,OHO oxigênio utilizada para a quebra de material
(4.22) orgânico biodegradável pelos OHOs. Escrevendo
isso:
4.4.6 O balanço de massa de DQO (ou e-)
(Qe + Qw)DQOe = QiDQOe = FDQOe
No sistema de lodo ativado a DQO, teoricamente, QWXSSV = VRXSSV / TRS = MXSSV / TRS = FXSSV
deve ser conservada de modo que, no estado VROC = FOC
estacionário, o fluxo de massa de DQO à saída do QiDQOi = FDQOi
sistema deve ser igual ao fluxo de massa de DQO à
entrada do sistema em um determinado intervalo de O balanço de massa geral de DQO é dado por,
tempo. A DQO (e-) dos compostos orgânicos do FDQOe + fcv,OHO.MXSSV / TRS + FOC = FDQOi
afluente são (i) retidos nos compostos orgânicos (4.24)
não biodegradáveis particulados e solúveis, (ii)
transformado em massa de OHO e, portanto, Em que:
conservado em um tipo diferente de material FDQOe Fluxo de DQO de compostos orgânicos
orgânico, ou (iii) passado ao oxigênio para formar solúveis que saem do sistema via fluxos
água. Assim, no balanço geral de DQO (ou e-)

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141

de efluente e de descarte de lodo dos OHOs dos sólidos voláteis no reator, f av,OHO, é
(mgDQO/d) dada por:
Fcv,OHO.MXSSV/TRS
MXOHOv
Fluxo de DQO dos compostos fav,OHO = (mg OHOSSV/mgSSV) (4.25)
MXSSV
orgânicos particulados que saem do
sistema via descarte de lodo Substituindo-se as equações 4.9 e 4.12 para
(mgDQO/d) MXOHOv e MXSSV e rearranjando, tem-se:
FOC Fluxo de oxigênio utilizado pelos OHOs
1
para degradação de material orgânico = 1 + fXE,OHO bOHO,T SRT +
fav,OHO
biodegradável, todos aqueles a partir do fXU,DQOi (1+ bOHO,T TRS)
afluente via processo de crescimento e (4.26)
fcv,OHO YOHOv (1− fXU,DQOi − fSU,DQOi )
alguns daqueles provenientes da
biomassa de OHOs via processo de Em que:
respiração endógena (carbonácea) Fav,OHO fração ativa dos OHO da massa de SSV
(mgO2/d)
Caso a massa de sólidos em suspensão totais
Substituindo-se as Eqs 4.12 e 4.18 para MXSSV (SST) seja usada como base para determinar a
e FOC na Eq 4.24 tem-se o balanço de DQO versus fração ativa, então a fração ativa da massa de lodo
TRS, que é considerado na Seção 4.5.3 abaixo em relação aos sólidos em suspensão totais, f at,OHO,
(Figura 4.3). é dada por:

O balanço de massa de DQO é uma ferramenta fat,OHO = fVTfav,OHO (4.27)


muito poderosa para verificar (i) os dados medidos
em sistemas experimentais (Ekama et al., 1986), Em que:
(ii) os resultados calculados para projeto a partir do fat,OHO fração ativa de OHOs da massa de SST
modelo em regime estacionário e (iii) os resultados fVT razão SSV/SST do lodo ativado
calculados por modelo de simulação dinâmica. A
aplicação do balanço de massa de DQO para A fração ativa, fav,OHO ou fat,OHO dá uma
sistemas de lodo ativado com nitrificação e indicação da estabilidade do descarte de lodo, que
desnitrificação é apresentado no Capítulo 5. é relacionada com os compostos orgânicos
biodegradáveis remanescentes na massa de lodo.
4.4.7 Fração ativa do lodo Os únicos compostos orgânicos biodegradáveis na
massa de SSV são aqueles dos OHOs que, em
A massa ativa de SSV, MXOHOv, no reator é a massa termos de modelo estacionário, é 80% (1 – fXE,OHO)
viva de OHO que atua no processo de da massa de OHO. Assim, quanto mais alta é a
biodegradação do material orgânico. As outras fração ativa, maiores são a proporção de compostos
duas massas de sólidos orgânicos, MXE,OHOv e orgânicos biodegradáveis e o teor de energia
MXUv são inativas e não biodegradáveis e não utilizável remanescente na massa de lodo (seções
possuem qualquer função no processo de 4.11 e 4.13). Para que o lodo ativado seja estável, a
biodegradação que ocorre no sistema. Elas recebem concentração de compostos orgânicos utilizáveis
símbolos diferentes devido às suas diferentes nele remanescentes deve ser baixa, a fim de não
origens, MXUv são compostos orgânicos não gerar odores mediante atividade biológica
biodegradáveis do esgoto afluente e MXE,OHOv são adicional. O lodo usado como condicionador de
compostos orgânicos particulados não solo precisa ser estabilizado porque seu primeiro
biodegradáveis produzidos no reator via processo propósito é providenciar teores de nutrientes e
de respiração endógena. A fração de biomassa ativa compostos orgânicos não biodegradáveis para o

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142

solo (Korentajer, 1991); lodos não estabilizados geral, tal como ASM1, foi demonstrada por
aplicados em solo agrícola levam a uma indesejável Sotemann et al. (2006) para sistemas aeróbios e
demanda elevada de oxigênio no solo. sistemas ND (incluindo digestão aeróbia). Ainda,
estes modelos simples de estado estacionário
4.4.8 Projeto no regime estacionário podem formar a base para manipular cálculos para
(i) desenvolver dados de entrada de projeto e (ii)
O conjunto de equações definidas anteriormente verificar resultados de saída dos modelos de
forma o ponto de partida para o projeto de sistemas simulação dinâmica (Ekama, 2009).
de lodo ativado aeróbio e anóxico-aeróbio. Elas são
aplicáveis a um simples sistema com um único Outras hipóteses sobre as quais o modelo em
reator aeróbio de mistura completa e a sistemas regime estacionário é baseado são as de que (i) as
mais complexos com diversos reatores anóxicos- massas de OHOs ativos semeadas no sistema com
aeróbios para remoção biológica de nitrogênio. o afluente são desprezíveis em comparação com
Quando a remoção avançada de fósforo é incluída, aquela que cresce no reator, (ii) não há perda de
as equações anteriores não fornecem uma sólidos no efluente do decantador secundário, (iii)
estimativa acurada das massas de SSV e SST no a massa de água é conservada, (iv) atinge-se um
sistema. Com a remoção avançada de fósforo, um balanço de DQO de 100% e (v) a perda de OHO
segundo grupo de organismos heterotróficos, os ativos é modelada como respiração endógena. Com
PAO precisam ser considerados, que possuem relação à hipótese de utilização completa dos
constantes estequiométricas e cinéticas diferentes, compostos orgânicos biodegradáveis, se este não
produzindo mais massa de SSV e SST por massa for o caso, então a massa de lodo produzida por dia
de compostos orgânicos (DQO) utilizados. A aumenta e a demanda carbonácea de oxigênio
incorporação dos PAOs no modelo estacionário decresce abaixo daquela prevista pelas equações
será discutida no Capítulo 7. básicas. Os motivos para esses desvios estão na
cinética da degradação do material particulado
Para os sistemas anóxicos-aeróbios mais lentamente biodegradável. Caso, por exemplo, a
complexos, as equações básicas anteriores são fração aeróbia da massa de lodo seja muito pequena
aplicáveis se as hipóteses feitas em suas derivações (Capítulo 5), os compostos orgânicos particulados
forem aplicáveis. Para providenciar isto, neste biodegradáveis são utilizados apenas parcialmente
caso, os efeitos da nitrificação (Capítulo 5) e e os compostos orgânicos particulados
nitrificação-desnitrificação (Capítulo 5) e as biodegradáveis residuais (XS) se acumulam no
demandas de oxigênio associadas podem ser sistema como SSV adicionais, do mesmo modo que
formulados como equações adicionais às equações os compostos orgânicos particulados não
básicas anteriores. A abordagem “simplificada” biodegradáveis. Concomitantemente, a demanda
acima é baseada na hipótese de que os compostos de oxigênio carbonácea diminui porque menos
orgânicos biodegradáveis são completamente compostos orgânicos biodegradáveis são
utilizados. Isto tem sido estabelecido pela utilizados. Claramente, em tais situações os
correlação próxima encontrada entre a resposta resultados do modelo de simulação vão desviar dos
média dos sistemas anóxicos-aeróbios mais do regime estacionário. De fato, seria interessante
complexos, prevista por modelo cinético geral mais considerar tais desvios como um sinal para
complexo (e validado experimentalmente), com possíveis saídas incorretas do modelo de simulação
aquela calculada pelas equações básicas anteriores e iniciar uma investigação para encontrar a causa
e pelas equações adicionais para nitrificação e do desvio.
desnitrificação. A correspondência próxima entre
este modelo em estado estacionário simplificado e
os modelos mais complexos de simulação cinética

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143

4.4.9 O procedimento de projeto no (DQOe). Em contraposição, a fração DQO não


regime estacionário biodegradável particulada (fXU,DQOi) não tem
qualquer influência na concentração de DQO do
Os procedimentos de cálculo para gerar os efluente (DQOe), mas tem influência marcante
resultados de projeto necessários para uma certa sobre a taxa especifica de produção de lodo e sobre
idade do lodo são, como se segue: Selecione as o volume específico do reator (m3 / kgDQO / d).
características da água residuária, fXU, DQOi e fSU,DQOi Quanto mais elevada a fXU,DQOi, maiores serão esses
as quais acredita-se que sejam as que melhor valores e à medida que a idade do lodo aumenta,
representam as frações da DQO não biodegradável, esta influência torna-se mais marcante. O
particulada e solúvel da água residuária. parâmetro do sistema que requer escolha é a idade
do lodo. A idade do lodo selecionada dependerá de
Então, calcule: requisitos específicos da estação de tratamento de
esgoto, tais como, qualidade do efluente, isto é,
1) FXUv,i (Eq. 4.6) e FXSSF,i (Eq. 4.7) remoção de DQO apenas, nitrificação, remoção de
2) FDQOi e/ou FDQOb,i (Eq, 4.4 ou 4.5) N, remoção biológica de P e as unidades de
3) Selecione o TRS tratamento de lodo vislumbradas, isto é, se
4) MXOHOv (Eq. 4.9), MXE,OHOv (Eq. 4.10), MXUv decantador primário será incluído ou não, a
(Eq. 4.11), MXSSV (Eq. 4.12), MXSSF (Eq. 4.14), estabilidade do lodo ativado descartado, etc. A
MXSST (Eq. 4.15), ou selecione fVT, MXSST (Eq. especificação da idade do lodo, portanto, é uma
4.17) decisão importante de projeto e requer
5) FOC (Eq. 4.18) e OC (Eq. 4.19) considerações especiais (Seção 4.13).
6) VR (Eq. 4.20)
7) TRHn (Eq. 4.2)
8) DQOe (Eq. 4.21) 4.5 EXEMPLO DE PROJETO

Neste procedimento de projeto, a DQO de O procedimento de projeto desenvolvido


entrada e suas características serão governadas pela anteriormente para o sistema de lodo ativado
vazão de esgoto em particular. A escolha dos completamente aeróbio é demonstrado com um
valores para as frações da DQO não biodegradável exemplo numérico. Assumindo-se constantes as
solúvel e particulada é simples, mas não trivial. condições de vazão e carga, os cálculos são
Cada uma impacta o projeto em áreas importante. mostrados abaixo para estimar os requisitos de
A fração DQO solúvel não biodegradável (fSU,DQOi) volume do sistema, demanda carbonácea de
tem uma influência desprezível nos parâmetros de oxigênio média diária e produção diária de lodo
projeto do reator biológico, tais como produção de para o exemplo de esgoto bruto ou decantado
lodo e demanda de oxigênio, mas tem influência (Tabela 4.2).
marcante sobre a concentração de DQO do efluente

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144

Tabela 4.2 Exemplo de características de esgoto bruto e decantado.


Parâmetro Símbolo Unidade Bruto Decantado
Vazão Qi ML/d 15 14,93
Concentração de DQO DQOi mgDQO/L 750 450
DQO não biodegradável particulada fXU,DQOi 0,15 0,04
DQO não biodegradável solúvel fSU,DQOi 0,07 0,12
N orgânico solúvel não biodegradável fSU,NTKi 0,03 0,035
Concentração de NTK NTKi mgN/L 60 51
Concentração de P total Pi mgP/L 15 12,75
Razão NTK/DQO fNTKi/DQOi mgN/mgDQO 0,08 0,117
Razão P/DQO fPi/DQOi mgP/mgDQO 0,02 0,028
oC
Temperatura Tmáx, Tmín 14-22 14-22
pH - 7,5 7,5
Alcalinidade de H2CO3 SALK,i mg/L em CaCO3 250 250
SSI do afluente XSSFi mgSSI/L 47,8 9,5
SSV/SST do lodo ativado fVT mgSSV/mgSST 0,75 0,083

produção de lodo para a temperatura mínima, de


4.5.1 Efeitos da Temperatura forma a obter os valores máximos desses
Da Tabela 4.1, a única constante cinética no parâmetros.
modelo de degradação de material orgânico em
estado estacionário para sistemas completamente 4.5.2 Cálculos para a degradação de
aeróbios que é afetada pela temperatura é a material orgânico
velocidade específica de respiração endógena bOHO.
Esta velocidade diminui, aproximadamente, 3% Este exemplo de projeto demonstra o efeito da
para cada decréscimo de 1 oC na temperatura (ou temperatura e da idade do lodo sobre (i) a massa de
seja, θb,OHO = 1,029). Da Tabela 4.1, a velocidade a lodo SST no sistema (MXSST, kgSST), (ii) a
14 oC é 0,202/d e a 22 oC é 0,254/d. O efeito da demanda de oxigênio carbonácea média diária
redução da velocidade com o decréscimo da (FOC, kgO2/d), (iii) as frações ativas do lodo com
temperatura é porque em baixas temperaturas a respeito aos SSV e aos SST (fav,OHO e fat,OHO) e (iv)
produção diária de lodo aumenta marginalmente e a massa de lodo SST descartada por dia (FXSST,
a demanda carbonácea média de oxigênio diminui kgSST/d). Esses quatro parâmetros são calculados
marginalmente. As diferenças na produção de lodo para os esgotos bruto e decantado do exemplo, a 14
(kgSSV/d) e na demanda de oxigênio (kgO2/d) são e a 22 oC para idades do lodo de 3 a 30 dias.
menores do que 5% para uma variação de 8 oC na
faixa de temperatura de 14 a 22 oC. Massa de DQO tratada/d = FDQO i = QiDQOi
Consequentemente, a demanda carbonácea de kgDQO/d
oxigênio média deve ser calculada para a
temperatura máxima e o volume do sistema e a

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145

Massa de DQO biodegradável tratada/d = FDQOb.i bOHO,T TRS


FOc = 8.775. [(0,334) + 0,553 ]
(1+ bOHO,T TRS)
= (1 - fSU,DQOi – fXU,DQOi) DQOi
(kgO2/d)
Massa de compostos orgânicos particulados não
biodegradáveis que escoam pelo sistema como E para o esgoto decantado:
bOHO,T TRS
mgSSV/d = FXUv,i = FDQOi fXU,DQOi/fCV,UPO FOc = 5.690 . [(0.334) + 0,533 ]
(1+ bOHO,T TRS)
(kgO2/d)
Daí, para esgoto bruto: Das eqs. 4.26 e 4.27, as frações ativas em
FDQOi = 15 ML/d . 750 mgDQO/L = 11.250 relação aos SSV (fav,OHO) e aos SST (fat,OHO) são,
kgDQO)/d para o esgoto bruto:
FDQOb.i = (1–0,07–0,15)11.250 = 8.775 kgDQO/d
FXUv,i = 0,15 . 11.250/1,48 = 1140 kgSSV/d fav,OHO = 1/[1 + 0,2bOHO,T TRS + 0,289 (1
FXSSF,i = 15 ML/d . 47,8 = 717 kgSSI/d
+ bOHO,T TRS]
e para esgoto decantado: e,
FDQOi = 15 ML/d . 450 mgDQO/L = 6.750
kgDQO)/d fat,OHO = 0,75 fav,OHO
FDQOb.i = (1–0,117–0,15).6750 = 5.960 kgDQO/d
FXUv,i = 0,04 . 6.750/1,48 = 182,4 kgSSV/d e para o esgoto decantado:
FXSSF,i = 15 ML/d . 9,5 = 142,5 kgSSI/d
fav,OHO = 1/[1 + 0,2bOHO,T TRS + 0,142 (1
Das Eqs. 4.12 e 4.17, a massa de sólidos
sedimentáveis voláteis (MXSSV) e totais (MXSST) no + bOHO,T TRS]
sistema é, para esgoto bruto:
e,
0,45 TRS
MXSSV = 8.775 . (1 + fat,OHO = 0,83 fav,OHO
(1+bOHO,T TRS)

0,2bOHO,T TRS) + 1.140 TRS (kgSSV)


Da definição de idade do lodo (Eq. 4.1), as
massas de SSV e de SST do lodo secundário
MXSSF = 717 TRS + 0,15 fav,OHO MXSSV (kgSSF) produzido (ou descartado) por dia (FXTSS) é, para o
esgoto bruto:
MXSST = MXSSV/0,75 ou MXSSF + MXSSV (kgSST)
FXTSS = QWXSST = MXSST / TRS
e para o esgoto decantado:
8.775 0,45
FXSST = . (1 +
0,45 TRS 0,75 (1+bOHO,T TRS)
MXSSV = 5.690 . (1 +
(1+ bOHO,T TRS) 1.140
0,2 bOHO,T TRS) +
0,75
0,2 bOHO,T TRS) + 182,4 TRS (kgSST)
(kgSST/d)
e para o esgoto decantado:
MXSSF = 142,5 TRS + 0,15 fav,OHO MXSSV (kgSSF)
5.690 0,45
FXSST = . (1 +
0,83 (1+bOHO,T TRS)
MXSST = MXSSV/0,83 ou MXSSF + MXSSV (kgSST)
142,8
0,2 bOHO,T TRS) +
0,83
Da Eq. 4.18, a demanda de oxigênio
carbonácea média diária é, para o esgoto bruto: (kgSST/d)

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146

decorrem de uma remoção de DQO de 40% nos


A massa de SSV produzida/descartada por dia decantadores primários; quanto maior a eficiência
FXSSV é simplesmente fVT vezes a massa de SST na remoção de DQO, maior a diferença entre os
descartada por dia. parâmetros para esgoto bruto e decantado.

FXSSV = fVT.FXSST (kgSSV/d) Os resultados para idade do lodo de 20 dias são


apresentados na Tabela 4.3. Da Eq. 4.20, para a
Substituindo-se o valor de bOHO,T a 14 oC mesma concentração de SST no reator, o volume
(0,202/d) e 22 oC (0,254/d) nas equações anteriores, do sistema é proporcional à massa de lodo nele.
pode-se calcular MXSSV, MXSST, FOC, fav,OHO, Daí, para a mesma concentração de SST, o volume
FXSST e FXSSV para idades do lodo entre 3 e 30 dias. de reator tratando esgoto decantado será apenas
Os resultados são mostrados em gráfico na Figura 33% do volume tratando esgoto bruto com idade do
4.3. lodo de 20 dias. Também, o processo com lodo
decantado requer apenas 63% do oxigênio que o
Destas figuras, a massa de lodo no reator (SST processo com esgoto bruto requer. Contudo, a
ou SSV), a demanda de oxigênio carbonácea fração ativa do lodo em relação aos SST no
média, a massa de SST do lodo produzida por dia processo com esgoto decantado é 43%, muito
(kgSST/d) e a fração ativa (em relação ao SSRB ou elevada para descarga direta em leitos de secagem,
SSVRB) são afetados apenas marginalmente pela enquanto no processo com esgoto bruto é de 23%.
temperatura e por esses parâmetros; embora sejam Claramente, a escolha de se tratar esgoto decantado
considerados no projeto, os efeitos da temperatura ou bruto requer que as vantagens e desvantagens
não são, na realidade, de muita consequência. sejam ponderadas, isto é, para esgoto decantado
Contudo, o tipo de afluente, isto é, esgoto bruto ou tem-se um menor volume de reator, demanda de
decantado, tem um efeito significativo. Esgoto oxigênio mais baixa e produção de lodo secundário
bruto resulta em mais lodo no reator, reduzida, mas tendo que lidar com lodo primário e
consideravelmente, em demanda de oxigênio mais secundário e suas estabilizações e, para esgoto
elevada e em uma fração ativa do lodo mais baixa bruto, maior volume de reator, maior demanda de
do que com esgoto decantado. A diferença nos oxigênio e aumento de produção de lodo
efeitos do tipo de esgoto entre bruto e decantado secundário, mas não tendo lodo primário para lidar.
depende totalmente da eficiência dos decantadores Estes aspectos são avaliados com mais detalhes na
primários. As diferenças aparentes na Figura 4.3 seção 4.11.

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147

Figura 4.3 Massa de lodo MXSST (kgSST) e MXSSV (kgSSV) (A), fração ativa do lodo em relação aos SSV (fav,OHO) (B), demanda
carbonácea média de oxigênio FOC (kgO/d) e massa de lodo (SST) produzida por dia (kgSST/d) (C) e balanço de massa de DQO
(D) versus idade do lodo para o esgoto bruto e decantado do exemplo a 14 oC e 22 oC. As constantes estequiométricas e
cinéticas e as características do esgoto são dadas nas tabelas 4.2 e 4.3.

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148

Tabela 4.3 Valores de projeto para o sistema de lodo ativado com idade do lodo de 20 dias para os exemplos com esgoto bruto
e tratado às temperaturas de 14 e 22 oC
Parâmetro do Sistema Unidade Bruto Decantado1
oC
Temperatura do esgoto 14 oC 22 oC 14 oC 22 oC
Massa de SSV, MXSSV kgSSV/d 51.122 48.982 21.918 20.537
Massa de SST, MXSST kgSST/d 68.162 65.309 26.408 24.743
Massa de O2, FOC kgO2/d 6.679 6.837 4.313 4.415
Fração ativa, fav,OHO 0,306 0,265 0,461 0,408
Fração ativa, fat,OHO 0,23 0,199 0,383 0,339
Descarte de Lodo, FXSSV kgSSV/d 2.556 2.449 1.096 1.027
Descarte de FXSST kgSST/d 3.408 3.265 1.320 1.237
DQO do efluente, DQOe mg/L 52,5 52,5 52,5 52,5
Balanço de massa de
DQO
Massa de DQO à saída kgDQO/d
Solúvel em Qe, FDQOe 743 743 766 766
Oxigênio utilizado, FOC 6.679 6.837 4.313 4.415
DQO solúvel em Qw 45 17 45 17
DQO dos SSV em QW 3.783 3.625 1.622 1.520
DQO total à saída kgDQO/d 11.249 11.249 6.718 6.718
DQO total à entrada kgDQO/d 11.250 11.250 6.718 6.718
% DQO no balanço de 100 100 100 100
massa
1
Para esgoto decantado, com base na vazão afluente de 14.925 ML/d para levar em consideração o fluxo de lodo primário de 75 m 3/d
(0,5% da vazão afluente em período seco)
2) DQO particulada (lodo ativado) na vazão de
4.5.3 O balanço de massa de DQO descarte de lodo,
Aplicando-se a Eq. 4.24 do balanço de massa de
DQO ao exemplo com esgoto bruto e decantado, (Qw) : FDQOSSV = fcv,OHOMXSSV /TRS
tem-se: (kgDQO/d)

1) DQO solúvel nas vazões de efluente e de Em que MXSSV é dado pela Eq. 4.12.
descarte de lodo,
3) Demanda carbonácea de Oxigênio utilizada,
(Qe + Qw = Qi ) : FDQOe = DQOiQi = FOC, kgO2/d e dado pela Eq. 4.18.
fSU,DQOiDQOiQi
(kgDQO/d) 4) Massa de DQO que entra no sistema,
FDQOi = DQOiQi (kgDQO/d)

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149

Os sistemas de lodo ativado que operam com diretamente em leitos de secagem sem tratamento
idade do lodo muito alta, chamados aeração adicional. Tratando-se esgoto bruto em um sistema
prolongada (p.e. 30 dias, Tabela 4.4), permite que com aeração prolongada, portanto, reduz-se a
o processo endógeno se aproxime de se completar necessidade de tratamento de lodo, o que ocorre
e assim providencia não apenas o tratamento do também no próprio reator de lodo ativado, mas isto
esgoto no reator de lodo ativado, mas também uma às custas de um tanque muito grande e de taxas
estabilização aeróbia significativa do lodo ativado, elevadas de utilização de oxigênio e de consumo de
de forma a resultar em baixa fração ativa de forma energia.
de que o lodo em excesso pode ser descarregado

Tabela 4.4 Comparação entre produção de lodo, estabilidade (DQO biodegradável remanescente) e demanda de oxigênio no
tratamento do esgoto bruto e decantado do exemplo, sob idades do lodo alta e baixa.

Parâmetro Unidade Bruto Decantado


oC
Temperatura 14 14
Idade do lodo d 30 8
Concentração do lodo ativado mgSST/L 4.000 4.000
Volume do reator m3 23.769 3.544
Demanda de oxigênio kgO2/d 6.944 3.758
SST do lodo primário kgSST/d 0 3.335
SSV do lodo primário kgSSV/d 0 2.468
DQO do lodo primário kgDQO/d 0 4.531
DQO biodegradável remanescente % 0 68,5
SST do lodo secundário kgSST/d 3.169 1.772
SSV do lodo secundário kgSSV/d 2.377 1.471
DQO do lodo secundário kgDQO/d 3.518 2.177
Fração ativa em relação aos SSV kgOHOSSV/kgSSV 0,235 0,662
DQO biodegradável remanescente % 18,8 53
SST do lodo total kgSST/d 3.169 5.107
SSV do lodo total kgSSV/d 2.377 3.939
DQO do lodo total kgDQO/d 3.518 6.708
DQO biodegradável remanescente % 18,8 63,5

Em contraposição, para tratar esgoto decantado tratamento aeróbio ou anaeróbio para estabilização
sob uma idade do lodo muito baixa (alta taxa, p. e. para reduzir os compostos orgânicos
8 dias), o sistema de lodo ativado demanda um biodegradáveis remanescentes.
volume de reator muito pequeno, com baixa
utilização de oxigênio e consumo de energia, mas
produzem lodo primário e lodo ativado de descarte
muito ativo, sendo que ambos precisam de

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150

de lodo ativado, em função do aumento do TRS é


mostrado na Figura 4.4 para o exemplo com esgoto
bruto e decantado.

Pode ser visto que a DQO biodegradável


remanescente do DLA, que é essencialmente a
parte biodegradável da biomassa de OHO, decresce
rapidamente com o aumento do TRS, com a
consequência de que cada vez menos energia pode
ser extraída dela com digestão anaeróbia, com o
ônus de gerar um clarificado do desaguamento do
lodo rico em amônia e fosfato (Ekama, 2017). Com
idades do lodo muito baixas, o foco do sistema de
lodo ativado é, portanto, tratamento de esgoto
apenas, com tratamento de lodo (estabilização)
tomando lugar em sistemas aeróbios ou anaeróbios
dedicados em separado para este fim, com possível
recuperação de energia e de nutrientes. A despeito
da concepção adotada (aeração prolongada ou alta
taxa) para uma estação de tratamento de esgoto em
particular, o balanço de massa de DQO deve ser
realizado sobre a estação inteira, não apenas sobre
o sistema de lodo ativado, mas também envolvendo
o sistema de tratamento de lodo.

4.6 REQUISITOS DE VOLUME DE


REATOR

Uma vez que a massa de lodo no reator é derivada


de uma idade do lodo em particular e de uma carga
orgânica mássica de DQO por dia, o volume do
reator é determinado pela “diluição” desta massa de
Figura 4.4 Proporção do fluxo de DQO afluente que sai
lodo em uma concentração especificada de SST
como DQO do efluente, como demanda de oxigênio e
(XSST). A partir do volume, o tempo de retenção
DQO dos sólidos do lodo de descarte (DLA) versus idade
hidráulica nominal, ou tempo de aeração, para
do lodo para os esgotos a 20 oC bruto (Figura 4.4a parte
sistemas completamente aeróbios, é fixado (pela
superior) e decantado (Figura 4.4b parte inferior) do
Eq. 4.2). O tempo de retenção hidráulica, portanto,
exemplo.
é irrelevante no procedimento de projeto; é uma
consequência da massa de lodo no reator e de uma
Com digestão anaeróbia, esses lodos podem concentração de SST selecionada. Este aspecto foi
produzir uma quantidade significativa de gás mencionado anteriormente, mas cabe repetir
metano e repor em parte (ou totalmente) o consumo porque alguns procedimentos de projeto se baseiam
de energia para a aeração. A DQO biodegradável no tempo de retenção ou tempo de aeração como
remanescente do descarte de lodo ativado - DLA, parâmetro de projeto, um enfoque que pode resultar
em proporção ao fluxo de DQO afluente ao sistema em sérios erros de cálculo do volume necessário de

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151

reator. Compare-se, por exemplo, duas estações pode ser visto que pode ser obtida uma redução de
operando com a mesma idade do lodo, ambas volume de reator significativa por meio da
recebendo a mesma carga orgânica (kgDQO/d), decantação primária: 62% para o exemplo com
mas a primeira sob alta concentração de DQO esgoto bruto e decantado a 20 dias de idade do lodo.
afluente e baixa vazão e, a segunda, sob baixa
concentração e vazão elevada. Se for projetada com
base em um tempo de retenção hidráulica
específico, o volume da primeira será muito menor
do que o da segunda, mas a massa de lodo nos
reatores será a mesma. Consequentemente, a
primeira estação deverá ter uma concentração de
SST excessivamente elevada, que pode causar
problemas no decantador secundário. Portanto, o
tempo de retenção é uma base completamente
errada para projeto e outros propósitos, tais como
critério para comparar os requisitos de volume de
reator de diferentes estações.

A Figura 4.5 mostra os requisitos de volume de


reator versus idade do lodo para o exemplo com
esgoto bruto e decantado, obtido das eqs. De 4.4 a
4.17 e 4.20. Os requisitos de volume de reator
podem também serem determinados pela carga de
DQO equivalente per capita ou equivalente Figura 4.5 Requisitos de volume de reator em m3/kgDQO
populacional (EP), também mostrados na Figura por dia de carga de esgoto bruto versus idade do lodo em
4.5 para uma carga de DQO de esgoto bruto de 0,1 diferentes concentrações médias de SST para esgoto
kgDQO/EP.d. Assim, para tratar o esgoto bruto do bruto e decantado (assumindo 40% de remoção de DQO
exemplo com uma idade do lodo de 20 dias e no decantador primário). Os requisitos de volume de
concentração de SST de 4,0 kg/m3, é necessário o reator em L/capita ou L/equivalente populacional (EP)
volume de reator de 145 L por PE, ou 1,45 também é dado no eixo vertical à direita baseado em uma
m3/kgDQO aplicada por dia à estação e tratamento. contribuição de DQO de 0,10 kgDQO/equivalente
Os requisitos comparativos de volume de reator populacional.
para esgoto decantado por kg de carga de DQO por
dia sobre a estação de tratamento também é
mostrado na Figura 4.5, fazendo-se a devida 4.7 DETERMINAÇÃO DA
consideração da fração da DQO removida no CONCENTRAÇÃO DE SST NO
decantador primário (40% para o exemplo com REATOR
esgoto decantado).
A escolha da concentração do reator pode ser feita
empiricamente a partir da experiência passada com
Da Figura 4.5, tratar esgoto decantado com uma
esgotos similares ou selecionada a partir de
idade do lodo de 20 dias e concentração de SST no
diretrizes de projeto tais quais as do Metcalf e Eddy
reator de 4,0 kg/m3 requer um volume de reator de
(2014), por exemplo, de 1.500 a 3.000 mgSST/L
0,55 m3 / kg de DQO de esgoto bruto por dia na
para sistemas convencionais (com decantador
estação de tratamento de esgoto, ou 55 L por EP.
primário), ou de 3.000 a 6.000 mgSST/L, para
Comparando-se os requisitos de volume de reator
aeração prolongada (sem decantador primário). As
para o tratamento de esgoto bruto ou decantado,

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152

diferenças na concentração de SST no reator entre concentração de SST no reator XSST pode ser obtido
esgoto bruto e decantado surgem porque (i) a vazão a partir da Eq. 4.20, ou seja:
de esgoto por kg de carga de DQO aplicada ao
reator para esgoto bruto é significativamente maior MXSST 68.162
VM = ⁄X = (m3)
SST NLA XSST
do que para esgoto decantado e (ii) a
sedimentabilidade do lodo nos sistemas
Em que:
convencionais pode ser mais pobre do que em
XSST concentração no reator (mgSST/L)
sistemas com aeração prolongada: em uma
NLA número de módulos de lodo ativado
investigação de 45 estações em escala plena de lodo
com um reator por módulo de modo a
ativado na Holanda, Stofkoper e Trentelman
manter o volume de reator de um
(1982) encontraram IVLDs significativamente
módulo dentro de um limite máximo de
mais elevados em sistemas com esgoto decantado
volume de reator, i. e. VR = NLA.VM.
do que em sistemas com esgoto bruto (Ekama e
Marais, 1986).
Para estimar o custo do reator a partir do
volume, são necessárias funções empíricas
Os efeitos da concentração do esgoto e da
relacionando os custos de construção do reator com
sedimentabilidade do lodo, assim como outros
o volume. Tais funções toma a forma:
fatores tais como a razão entre a vazão de pico em
período chuvoso (VPPC) e a vazão média em
Custo do reator = NLACbr(VR)Pbr (4.28)
período seco (VMPS) (ou fator de pico de vazão f q
= (VPPC/VMPS), características do esgoto e do
Em que:
lodo ativado (fXU,DQOi, fSU,DQOi, fVT) e custos de
Cbr, Pbr constantes para um projeto particular de
construção, todos podem ser levados em
reator
consideração para determinar a concentração no
reator a partir de uma análise de minimização de
custos de construção (HÖrler, 1969; Dick, 1976; 4.7.2 Custo do decantador secundário
Riddell et al., 1983; Pincince et al., 1995). Nessa
Com base na teoria do fluxo, Ekama et al. (1997)
análise, os custos de construção do(s) reator(es) e
mostraram que se a taxa de recirculação de fluxo
do(s) decantador(es) secundário(s) (DSs) são
fundo s está acima do valor crítico mínimo, a área
determinados em função da concentração de SST
superficial dos decantadores secundários (ADS) é
no reator. A concentração no reator na qual o custo
função apenas da concentração de sólidos no reator
combinado de construção do(s) reator(es) e do(s)
(XSST) (ou alimentação) e da sedimentabilidade do
DS(s) é, em um mínimo, a concentração no reator
lodo. Caso a concentração no reator aumente ou a
de projeto.
sedimentabilidade do lodo se deteriore, a área
superficial necessária dos tanques decantadores
4.7.1 Custo do reator secundários (DSs) torna-se maior. Assim, o custo
de construção dos DSs aumenta com o aumento de
Para características selecionadas do esgoto
XSST.
(fXU,DQOi, fSU,DQOi, fVT) e do lodo ativado, idade do
lodo e carga orgânica de DQO sobre o reator
Para determinar a área superficial dos DSs, dois
(FDQOi,Reator), a massa de SST no reator (MXSST)
parâmetros precisam ser especificados para o
pode ser determinada pelas eqs. 4.15 ou 4.17 e
projeto, quais sejam, (i) a sedimentabilidade do
permanece constante, como no exemplo com
lodo e (ii) o fator de pico de vazão f q (= razão
esgoto bruto, idade do lodo de 20 dias e 14 oC,
VPPC/VMPS). A teoria idealizada do fluxo 1D
MXSST = 68.162 kgSST. O volume do reator (VR)
requer que a sedimentabilidade do lodo seja
em um módulo único (VM) em função da

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153

especificada em termos de valores de V0 e rsz na em que:


relação entre a velocidade de sedimentação por qi,VPPC taxa de escoamento superficial com
zona (VS, m/h) e a concentração de sólidos (XSST, VPPC (m/h)
kgSST/m3), isto é: 0,8 fator de fluxo

VS = V0 exp(-rsz XSST). qi,VPPC = Qi, VPPC /ASST = fq Qi, VMPS /ADS (m/h)
(4.30b)
Valores de V0 e rsz não são facilmente
disponíveis, mas relações entre diferentes em que:
parâmetros de sedimentabilidade do lodo mais VMPS média de período seco
simples, tais como o índice volumétrico de lodo ADS área do decantador secundário
(IVL), índice volumétrico de lodo diluído e agitado
(IVLA) e índice volumétrico de lodo diluído Na calibração do procedimento de projeto da
(IVLD), têm sido propostos por vários autores (ver teoria do fluxo 1D idealizado com dados de
Ekama et al.,1977). desempenho de SST em escala plena, Ekama e
Marais (2004) mostraram que a taxa de
Estas relações permitem calcular os valores do carregamento de sólidos máxima permissível
fluxo V0 e rsz a partir dos índices de (TCS, kgSST/m2.h) deve ser apenas 80% da
sedimentabilidade do lodo, IVL, IVLA ou IVLD. estimada pela teoria de fluxo idealizado 1D e esta é
Contudo, há uma variação considerável nestas a razão para o 0,8 na Eq. 4.30. Esta redução parece
relações e a escolha para uma estação de lodo ser uma consequência de desvio significativo da
ativado em particular precisa de consideração hidrodinâmica em DSs reais, comparada com
muito cuidadosa. Para este exemplo, as relações aquela assumida na teoria do fluxo idealizado 1D,
desenvolvidas por Ekama e Marais (1986) são tais como fluxo horizontal de líquido e de sólidos,
aceitas: turbulência, curto-circuito e correntes de densidade
(Ekama et al., 1977).
IVLA3,5 = 0,67 IVLD (mL/g) (4.29a)
Levando-se em consideração os 25% (1/0,8) de
V0 / rsz = 67,9 exp(-0,016 IVLA3,5) redução, a área superficial dos DSs, ADS, em termos
(kgSST/m2.h) (4.29b) de XSST é dada por:

1.000 fq Qi,VMPS /24


rhin = 0,88 – 0,393log(V0 / rsz)(m3/ kgSST) ADS = (m2) (4.31)
0,8 V0 exp(−rsz XSST )NLA NDS
(4.29c)
Em que:
Qi,VMSP vazão média em período seco (ML/d)
V0 = (V0 / rsz)rsz (m/h) (4.29d)
NDS número de DSs por módulo de lodo
ativado e governado pelo diâmetro
Da teoria de fluxo 1D idealizado, a taxa
máximo de um DS
máxima de escoamento superficial permissível
com Vazão de pico de período chuvoso - VPPC
Funções para custo de construção em termos de
(qi,VPPC), é dada por:
diâmetro (φ , m) para DSs circulares de dada
profundidade podem tomar a forma:
qi,VPPC = 0,8VS em XSST = V0 exp(-rsz XSST)(m/h)
(4.30a)
CustoDS = NLANDSCds(φ)Pds

Em que:

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154

Cds, Pds constantes para um projeto particular concentrados (DBO5 ou DQO), (ii) é maior para
idades do lodo mais elevadas e (iii) é maior para
4.7.3 Custo total esgoto bruto do que para esgoto decantado à
mesma concentração, porque todas essas três
O custo total do sistema reator-DS é a soma dos modificações aumentam o tamanho do reator
custos do reator e do DS. Resultados qualitativos biológico em relação ao do decantador, (iv) é
para o exemplo com esgoto bruto e decantado são menor para fatores de pico de vazão (fq) mais
dados na Figura 4.6, ignorando-se que o volume do elevados e (v) é menor para lodos com
reator e o diâmetro do DS possuem restrições de sedimentabilidade mais pobre, porque essas duas
tamanho, superior e inferior. modificações aumentam o tamanho do decantador
em relação ao reator biológico. Portanto, um valor
Para estações em escala plena, o reator e/ou DS ótimo universal não pode ser especificado. Em
podem precisar serem divididos em dois ou mais países com esgoto de baixa concentração e estações
módulos de mesmo tamanho para trazer o volume com baixa idade do lodo (p.e. América do Norte),
e o diâmetro para dentro do limite das faixas. Pela a concentração no reator tende a ser baixa (2.000-
análise de minimização de custo, como a anterior, 3.000 mgSST/L) e em países com esgoto de
geralmente será encontrado que a faixa de concentração elevada e estações com altas idade do
concentração no reator para o mínimo custo de lodo (p.e. África do Sul), a concentração no reator
construção (i) é maior para esgotos afluentes mais tende a ser elevada (4.000-6.000 mgSST/L),
conforme os esgotos do exemplo demonstram.

Figura 4.6 Custos de construção do reator, do decantador secundário e total conforme a concentração no reator para custo
mínimo para o exemplo com esgoto bruto (A) e decantado (B) em unidades de reator único e DS.

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155

4.8 DEMANDA CARBONÁCEA DE nitrificantes aeróbios. Contudo, com


OXIGÊNIO desnitrificação, que é a redução biológica do nitrato
a nitrogênio gasoso por organismos heterotróficos
facultativos, alguns dos compostos orgânicos
4.8.1 Condições (médias diárias) em biodegradáveis são utilizados com nitrato como
regime estacionário aceptor de elétrons, no qual o oxigênio não é
requerido. Assim, a desnitrificação leva a uma
A demanda carbonácea de oxigênio média diária
redução na demanda de oxigênio. A demanda total
por kg de carga de DQO sobre o reator
de oxigênio para um sistema com remoção de N,
(FOC/FDQOi,Reator) pode ser calculada pela Eq.
portanto é a soma das demandas de oxigênio
4.18. Para idades do lodo maiores do que 15 dias, o
carbonácea e para a nitrificação, subtraindo-se a
aumento na FOC/FDQOi,Reator é pequeno com o
recuperada pela desnitrificação. Os procedimentos
aumento adicional na idade do lodo, tanto para
para calcular a demanda de oxigênio para a
esgoto bruto, como decantado. A FO C/FDQOi,Reator
nitrificação e o oxigênio recuperado na
para esgoto bruto e decantado geralmente está a
desnitrificação são discutidos no Capítulo 5. As
10% uma da outra, com a demanda para esgoto
equações dadas aqui para calcular a demanda de
decantado sendo o valor mais elevado. Isto porque
oxigênio carbonácea são baseadas na hipótese de
comparado com esgoto bruto, uma porcentagem
que todos os compostos orgânicos biodegradáveis
maior de compostos orgânicos totais (DQO) no
são utilizados com oxigênio como aceptor de
esgoto decantado é biodegradável. Para os esgotos
elétrons, isto é, para sistemas totalmente aeróbios.
do exemplo com 20 dias de idade do lodo, a
FOC/FDQOi,Reator é 0,604 kgO2/kgDQO para esgoto
bruto e 0,653 kgO2/kgDQO para esgoto decantado. 4.8.2 Condições do ciclo diário (dinâmica)
Embora haja apenas uma pequena diferença na
FOC/FDQOi,Reator entre esgoto bruto e decantado, há Devido à natureza do ciclo diário da carga orgânica
uma grande diferença na demanda de oxigênio por (DQO) sobre o reator, a demanda de oxigênio
kg de carga de DQO na estação (Figura 4.3C). Para carbonácea variará concomitantemente ao longo do
esgoto decantado, isto é dado por 0,653.(1-0,4) dia. A carga de NTK sobre o reator também varia
para 40% de remoção de DQO nos DPs. Isto resulta ao longo do dia, em um padrão aproximadamente
em 0,38 kgO2/kgDQO na estação de tratamento, similar à carga orgânica. Geralmente, as cargas de
fazendo com que o esgoto decantado demande 37% DQO e NTK sobre o reator aumentam na manhã
a menos do que o esgoto bruto. Claramente, a devido ao aumento tanto da vazão, quanto das
decantação primária leva à economia significativa concentrações de DQO e NTK, atingindo um pico
na energia para aeração, uma vez que os ao redor do meio dia. Após isso, as cargas de DQO
decantadores primários removem cerca de 30 a e NTK decrescem, atingindo um mínimo durante as
50% da DQO do afluente bruto, a demanda para horas noturnas entre 2:00 e 4:00 devido ao
esgoto decantado geralmente será cerca de 30 a decréscimo tanto da vazão como das concentrações
50% mais baixa do que para esgoto bruto. de DQO e NTK. As razões entre a carga de pico e
a média ou a mínima e a hora do dia em que isso
A demanda carbonácea de oxigênio é a ocorre dependem da rede coletora que cada estação
demanda de oxigênio apenas para a oxidação dos em particular atende, tais como tamanho da
compostos orgânicos do afluente (DQO) e para o população, layout da rede e atividade industrial.
processo endógeno associado aos OHOs. Em Geralmente, quanto menor é a rede coletora,
sistemas com remoção de N, o oxigênio é requerido menores são a vazão e as cargas de DQO e NTK,
também para a nitrificação, que é a oxidação mas quanto maiores serão as razões entre as
biológica da amônia a nitrato por organismos condições de pico e médias de vazão e carga,
menores serão as razões entre as condições de

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156

mínimas e médias de vazão e carga. Uma vez que a (mgSST/d por mgDQO/d) (4.34)
carga de NTK varia ao longo do dia e o processo de Um gráfico da massa total diária de lodo (SST)
nitrificação têm profunda influência sobre a produzida por unidade de carga de DQO sobre o
demanda total de oxigênio média diária ou de pico, reator biológico (Eq. 4.34) versus idade do lodo é
são discutidos no Capítulo 5 métodos empíricos mostrado na Figura 4.7 para o exemplo com esgoto
para estimar a demanda de oxigênio de pico a partir bruto e decantado.
da média para sistemas de nitrificação totalmente
aeróbios. Os sistemas de lodo ativado Pode ser visto que a massa de lodo produzido
completamente aeróbios com idades do lodo acima no sistema de lodo ativado (por unidade de carga
de 3 dias são prováveis de nitrificar em de DQO sobre o reator) diminui com o aumento da
temperaturas > 14 oC. Além disso, uma idade do idade do lodo, tanto para esgoto bruto como
lodo de 3 dias é, aproximadamente, o limite de tratado, mas a taxa de decréscimo é desprezível
validade para o modelo de lodo ativado em regime para idades do lodo acima de aproximadamente 20
estacionário, porque em idades do lodo abaixo dias. O tratamento de esgoto decantado resulta em
desta a hipótese de que todos os compostos produção de lodo secundário por unidade de carga
orgânicos biodegradáveis são utilizados não é de DQO sobre o reator mais baixa do que o de
válida. Assim, há pouco mérito em desenvolver esgoto bruto. Isto porque a fração da DQO
métodos empíricos para estimar a demanda de particulada não biodegradável (fXU,DQOi) e o
oxigênio de pico para sistemas totalmente aeróbios conteúdo inorgânico (XSSF,i/DQOi) no esgoto
sem nitrificação. decantado são significativamente mais baixos do
que no esgoto bruto.
4.9 PRODUÇÃO DIÁRIA DE LODO

A massa de lodo produzida por dia pelo sistema de


lodo ativado é igual à massa de lodo dele
descarregada por dia, via fluxo de descarte e é
chamado descarte de lodo ativado de (DLA), ou
lodo secundário. A partir da definição de idade do
lodo (ver Eq. 4.1), a massa de lodo SST produzida
por dia FXSST é dada pela massa de lodo no sistema
MXSST dividida pela idade do lodo, ou seja:

FXSST MXSST / TRS (mgSST/d) (Eq. 4.33)

Substituindo-se as eqs. 4.12 e 4.17 para


MXSST e simplificando, obtém-se o lodo
produzido por dia por mg de carga de DQO sobre
o reator biológico, ou seja: Figura 4.7 Produção diária de lodo em kgSSV/d e kgSST/d
por kg de carga de DQO por dia sobre o reator biológico
FXSST 1 (1 − fSU,DQOi − fXU,DQOi ) para o exemplo com esgoto bruto e decantado a 14 oC.
= [ . (1
FDQOi fVT (1 + bOHO,T TRS)
Os efeitos da temperatura sobre a produção de
+ fXE,OHO bOHO,T TRS) lodo secundário são pequenos: a produção de lodo
fXU,DQOi a 14 oC é cerca de 5% maior do que a 22 oC, uma
+ ] diferença que é completamente mascarada pelas
fcv,UPO
incertezas nas estimativas das características do

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157

esgoto fXU,DQOi e a razão SSV/SST (fVT), caso a produção de lodo com baixo conteúdo
concentração de SSI no afluente (XSSF,i) não seja energético, isto é, sem lodo primário e
medida. com baixa concentração de compostos
orgânicos biodegradáveis remanescentes
Embora a produção de lodo secundário no (baixa fração ativa) no lodo secundário,
tratamento de esgoto decantado seja menor do que não requerendo tratamento para
no de esgoto bruto, a massa total de lodo quando se estabilização adicional antes da
trata esgoto decantado é maior porque a produção disposição.
total de lodo inclui tanto o lodo primário quanto o
secundário; em estações em que se trata esgoto A produção diária de lodos primário e
bruto, apenas lodo secundário é produzido. secundário é a massa de lodo que precisa ser tratada
e disposta por métodos de processamento de lodo a
No sistema que trata esgoto bruto, o lodo jusante. O tratamento e a disposição de lodo, para
primário, com efeito, é tratado no reator de lodo sistemas com remoção biológica de nutrientes
ativado por si. Pelo balanço de DQO, quanto maior (RBN) em particular, não pode ser visto em
é o oxigênio que é utilizado no sistema, a produção separado do projeto do sistema de lodo ativado. De
de lodo e sua fração ativa serão menores (Figura fato, todas as operações unitárias da estação de
4.3B,C). Portanto, uma vez que a demanda de tratamento, desde o bombeamento do esgoto bruto
oxigênio carbonácea é muito maior quando se trata até a disposição final do lodo, devem ser vistas
esgoto bruto, a produção total de lodo é muito como um sistema integrado em que o projeto de
menor quando comparada com esgoto decantado. uma operação unitária depende da operação
unitária anterior a ela e as decisões em seus projetos
Generalizando-se as informações anteriores e podem afetar o projeto da operação unitária
levando-se em consideração a fração ativa do lodo seguinte. Por exemplo, enquanto a abordagem 1
de descarte como uma indicação dos compostos acima providencia uma oportunidade para baixo
orgânicos biodegradáveis nele remanescentes, há consumo de energia e alta geração de energia pela
dois extremos na abordagem para projetar estações digestão anaeróbia, o impacto da amônia e do
de tratamento de esgoto com lodo ativado para o fosfato no clarificado da desidratação do lodo
tratamento biológico: digerido sobre o reator de lodo ativado deve ser
considerado, a menos que a remoção de N e P do
(i) tratar esgoto decantado com baixa idade líquido da desidratação seja incluído no esquema
do lodo (quer dizer, 8 dias): Isto resulta de tratamento do lodo (Ekama, 2017). A remoção
em um sistema de lodo ativado muito de N do clarificado da desidratação é considerada
pequeno, com baixa demanda de oxigênio no Capítulo 5.
e elevada produção de lodo com alto teor
energético, isto é, elevada concentração
de compostos orgânicos biodegradáveis 4.10 RAZÃO ALIMENTO-
remanescentes tanto no lodo primário, MICRORGANISMOS (A/M) E FATOR
quanto no secundário (lodo ativado em DE CARGA
excesso), requerendo tratamento para a
estabilização adicional antes da A razão alimento-microrganismo (A/M) e o fator
disposição, ou, de carga (FC) têm sido usados há décadas para
(ii) tratar esgoto bruto com idade do lodo alta dimensionar os reatores de lodo ativado. A A/M
(quer dizer, 30 dias): Isto resulta em um procura quantificar o fluxo de compostos orgânicos
sistema de lodo ativado muito grande, biodegradáveis (alimento, DQO, DBO5) sobre os
com alta demanda de oxigênio e baixa microrganismos (M) do lodo ativado ou biomassa

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158

de OHO. Era aceito que os SSV, sendo orgânicos, Os procedimentos de projeto com base empírica na
quantificavam satisfatoriamente esta biomassa de A/M ou no FC continuam sendo ensinados nos
OHO, porque não havia alternativa. Sem se referir programas de engenharia ambiental e usados em
expressamente aos compostos orgânicos práticas de consultoria como base de projeto do
biodegradáveis e aos microrganismos, o fator de sistema de lodo ativado. Uma vez que o TRS forma
carga leva a mesma ideia da A/M, expressando um a base para a modelagem e simulação dos sistemas
fluxo de carga orgânica (kgDQO/d ou kgDBO5/d) de lodo ativado, a ligação entre A/M ou FC e a
sobre a massa de lodo (kgSSV ou kgSST). idade do lodo é dada a seguir. Isto irá demonstrar
Contudo, ambas essas razões são seriamente falhas que a A/M e o FC estão implicitamente
em termos de perspectivas de modelagem. Para incorporados e podem ser totalmente substituídos
mencionar algumas (Wentzel et al., 2003): (i) pelo TRS, que é muito melhor como base
enquanto a DBO5 é uma aproximação dos fundamental para dimensionamento e modelagem
compostos orgânicos biodegradáveis, ela não mede do sistema de lodo ativado. Isto permitirá que os
nem a capacidade de doar elétrons dos compostos resultados dos procedimentos empíricos de projeto
orgânicos biodegradáveis, nem os compostos baseados na A/M ou no FC sejam comparados com
orgânicos não biodegradáveis particulados (UPO- o modelo de lodo ativado alinhado em estado
unbiodegradable particulate organics), que se estacionário ASM1- apresentado em seções
acumulam como SSV no reator de lodo ativado. (ii) anteriores. Usando-se os SST e a DQO para os
A DBO5 não é massa conservativa e assim não sólidos em suspensão no reator e concentração de
pode ser usada para fazer balanço de massa de compostos orgânicos no afluente e considerando-se
DBO ao redor do sistema de lodo ativado. (iii) apenas os sistemas de nitrificação-desnitrificação
Embora a DQO não seja o “alimento”, uma vez que (ND) totalmente aeróbios, então, das eqs. 4.12 e
inclui os compostos orgânicos não biodegradáveis, 4.14,
o mais importante é que sua massa é conservativa e
MXSST
assim pode ser feito balanço de massa de DQO ao AND,SST = = (1 − fSU,DQOi −
FDQOi
redor do sistema de lodo ativado. (iv) Como o YOHO TRS
fXU,DQOi ) . (1 +
modelo de LA na seção anterior mostra que os SSV (1+bOHO,T TRS)
(e muito menos os SST), não são medidas de f
fXE,OHO bOHO,T TRS + fSSF,OHO ) + [ XU,DQOi +
fcv,UPO
biomassa de OHO, a razão A/M e o FC são
XSSF
totalmente empíricos e, para o mesmo sistema de ] TRS
DQOi
lodo ativado, possui diferentes valores numéricos,
dependendo das unidades (DQO, DBO5, SSV, (4.35)
SST) selecionadas para expressá-las. Além disso,
as razões variam com as características do esgoto Em que:
(particularmente a fração ONP) e a temperatura. De AND,SST ou MXSST/FDQOi é o inverso da A/M ou
fato, tão distante quanto 1976, Marais e Ekama FC, em unidades de kgSST/(kgDQO.d).
mostraram que tanto a razão A/M e o FC não
agregam nenhuma informação adicional ao sistema Note que AND,SST é unidade específica de um
de lodo ativado que a idade do lodo (TRS) não tipo específico de sistema de lodo ativado. É
providencia, porque escolher a A/M ou o FC diferente para sistemas ND ou sistemas ND com
significa implicitamente selecionar um TRS para o remoção biológica avançada de P (EBPR) e varia
sistema. Para piorar as coisas, escolher a mesma com a magnitude da remoção de fósforo (Ramphao
A/M ou FC expressos nas mesmas unidades para et al.,2006, ver Capítulo 7, Seção 7.8). Assim, o
sistemas de lodo ativado tratando diferentes valor de A conforme expresso na Eq. 4.35 é válido
esgotos, brutos ou decantados, produz diferentes apenas para sistemas ND e tem unidade kgSST/
TRSs, dependendo das características do esgoto.

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(kgDQO/d). Dividindo-se a Eq. 4.35 pelo TRS, A equação 4.36 mostra que escolher uma A/M
tem-se a produção específica de lodo (PLSST,DQO) ou um FC (assim como alguns procedimentos de
em kgSST produzidos/d por kg de carga de DQO/d, projeto obsoletos fazem) é o mesmo que escolher,
que é a mesma dada pela Eq. 4.34, i. e., com um único parâmetro considerado, a idade do
lodo, as características do esgoto UPO e USO –
1 1
A = = PLSST,DQO R S unbiodegradable soluble organics, as frações da
( ) FCDQO,SST
M DQO,SST DQO (fXU,DQOi), fSU,DQOi) e a concentração de SSI do
MXSST VR XSST afluente (XSSF,i). Portanto, se as características do
= = = AND,SST (4.36a)
FDQOi Qi DQOi esgoto fXU,DQOi, fSU,DQOi e XSSF,i são conhecidas,
então o TRS implícito na A/M escolhida pode ser
1
calculado pelas eqs. 4.35 e 4.36. Isto é mostrado
(F/M)DQO,SST = FCDQO,SST = nas figuras 4.8a e 4.8b, em que a razão A/M é
AND,SST
lançada em gráfico em kgDBO5/(kgSST.d) contra
(kgDQO/kgSST.d) (4.36b)
a idade do lodo, para as características de esgoto
Em que: bruto e decantado da Tabela 4.2 e razões
MXSST massa de SST no reator (kgSST) = DQO/DBO5 para esgoto bruto e decantado de 2,2
VR.XSST,méd e 1,8, respectivamente (Marais e Ekama, 1976).
VR volume do reator (m3) Nas figuras 4.8A e 4.8B à direita, são mostradas as
XSST,méd concentração média de SST no reator faixas das razões A/M ou FC para sistemas de lodo
(kgSST/m3) ativado para remoção de carbono (DQO) apenas,
PLSST,DQO fator de produção específica de lodo em remoção de C com ND e aeração prolongada, que
kgSST/d/kgDQO.d, Metcalf usualmente significa tratamento de esgoto bruto
& Eddy (2014). com longo TRS para aumentar a estabilização do
descarte de lodo ativado de (DLA).

Figura 4.8 Razão A/M versus idade do lodo para diferentes frações de DQO particulada não biodegradável (UPO, f XU,DQOi) para
esgoto bruto com razão DQO/DBO5 de 2,2 (A) e esgoto decantado com razão DQO/DBO5 de 1,8 (B).

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160

A A/M em termos de kgSSV no reator por kg de Em um reator de sistema RBN, a concentração de


carga de DQO/d é obtida a partir da Eq. 4.35, SST não é a mesma em cada zona do reator, p. e.,
fazendo-se igual a zero os termos relativos ao SSI, em um sistema UCT EBPR, a concentração de SST
isto é XSSF,i= 0 e fSSF,OHO = 0, ou seja: no compartimento anaeróbio (XSST,AN) é mais baixa
do que no compartimento aeróbio (XSST,OX). Isto
1 MX SSV torna a concentração média de SST no reator
= PLSSV TRS = AND,SSV =
A FDQOi ponderada pelo volume (XSST,méd=MXSST/VR) mais
( )
M DQO,SST baixa do que a concentração de SST no
= (1 − fSU,DQOi − fXU,DQOi ) .
YOHO TRS
. (1 + compartimento aeróbio (XSST,OX) que alimenta os
(1+bOHO,T TRS) DSs (Parco et al., 2018).
f
fXE bOHO,T TRS) + [ XU,DQOi ] TRS (4.37)
fcv,UPO Rearranjando-se a Eq. 4.38, tem-se:

VR XSST,médio
Em que: Q i,VMPS = (ML/d)(4.39)
AND,SST DQOi
PLDQO,SSV fator da produção específica de lodo em
kgSSV/d/kgDQO/d
A Eq. 4.39 tem duas incógnitas, Q i,VMPS e
AND,SSV massa de SSV no reator por kg de carga
XSST,médio, logo mais um fator é necessário para
de DQO por dia para sistemas
determinar Qi,VMPS. Isto é obtido a partir da taxa de
totalmente aeróbios e ND, que é função
escoamento superficial sobre o DS. A taxa de
da idade do lodo e das características do
escoamento superficial em VPPC não deve ser
esgoto.
maior do que 0,8 vezes a velocidade de
sedimentação (VS, m/h) do lodo à concentração de
4.11 ESTIMATIVA DA CAPACIDADE DOS SST na alimentação ou na zona aeróbia, conforme
SISTEMAS DE LODO ATIVADO estabelecido pela Eq. 4.30.
Rearranjando Eq. 4.31 para determinar Q i,VMPS,
Para um dado volume de reator (VR,m3) e área tem-se:
superficial do DS (ADS,m2), a capacidade de vazão
24ADS 0,8 V0
média em período seco (Qi,VMPS) em ML/d pode ser Q i,VMPS = (ML/d) (4.40)
1000 fq e−rszXSST,OX
calculada para um esgoto particular de
características conhecidas (fXU,DQOi, fSU,DQOi e
XSSF,i). Com o TRS requerido pelo sistema Em que V0 e rhin estão em unidades m/h e m3/kgSST
conhecido, por exemplo, o TRS equilibrado de um e são dados pela Eq. 4.29.
sistema ND Ludzack-Ettinger Modificado (LEM)
(Capítulo 5, Seção 5.9.3.2), a massa de SST no Para fazer a Eq. 4.40 igual à Eq. 4.39 é necessária
reator (MXSST, kgSST) por kg/d de carga de DQO uma equação ligando XSST,méd e XSST.OX. Isto pode
aplicada ao reator [AND,TSS kgSST/(kgDQO/d)] ser obtido a partir da configuração do sistema com
pode ser determinada a partir da Eq. 4.35: RBN. Para sistemas sem alimentação escalonada,
totalmente aeróbios, MLE e Bardenpho ND de 4
MXSST = VRXSST,méd = AND,SSTQi,VMPSDQOi estágios, as concentrações de SST em todos os
(kgSST) (4.38) compartimentos do reator são as mesmas. Assim,
XSST,méd=XSST,OX e fazendo-se a Eq 4.39 = Eq 4.40,
Em que XSST,méd é a concentração média de SST no tem-se:
reator ponderada pelo volume (kgSST/m3).
XSST,médio = BND e−rszXSST,médio
(kg SST/m3) (4.41a)

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161

Em que: Tabela 4.5 Volume de reator e área de DS ótimos para


custo mínimo total para dada capacidade máxima de
AND,SST DQOi ASST 0,8 V0 24
BND = (kg SST/m3) (4.41b) VMPS.
fq VR 1.000
Tipo de Esgoto Esgoto Esgoto
Em que AND,TSS, DQOi, ASST, V0 , 24 e VR têm Bruto Decantado
unidades (kgSST.d)/kgDQO, mgDQO/L.m2, m/h e Massa de SST no reator 68.162 26.408
h/d e 0,8 e fq são adimensionais.
(kg) (MXSST Tabela 4.3)
Com XSST,médio conhecido, Qi,VMPS é dada em Concentração de SST no 5,22 4,02
ML/d, tanto na Eq 4.39, quanto na Eq 4.40. reator para custo mínimo
total (kgSST/m3)
A equação que associa XSST,médio e XSST,OX para
uma configuração de sistema RBN em particular, Sedimentabilidade do 120 120
pode ser derivada dos balanços de massa de SST ao lodo
redor de cada compartimento do reator e DS, para
IVLD (mL/gSST)
o que a vazão de descarte de lodo (Qw) pode ser
considerada nula para facilitar a derivação. As Volume do reator 13.049 6.577
equações para diversos sistemas ND e NDEBPR VR (m3)
com DS (e membranas) são dados (Parco et al.,
Área do DS 1.972 1.248
2018) nos capítulos 5 e 6, respectivamente.
ADS (m2) (50,1) (39,9)
Para uma sedimentabilidade do lodo IVLD de Volume do DS com 6.903 4.367
120 mL/gSST, uma razão VPPC/VMPS (fq) de 2,5,
profundidade média de
a massa de SST (MXSST) no reator tratando esgoto
bruto e decantado com TRS de 20 d e 14 oC a partir 3,5 m (m3)
da Tabela 4.3 e de uma concentração de SST no Volume total LA-DS 19.952 10.944
reator que minimiza o custo total do reator e do DS
(m3)
de 5,22 e 4,02 kgSST/m3 da Seção 4.7 anterior,
produz os volumes de reator e áreas de DS para
sistemas com esgoto bruto e decantado listados na Caso os decantadores secundários possuam 3,5
Tabela 4.5. m de profundidade, então o reator representa 65%
e 60%, do volume total para sistemas LA-DS com
esgoto bruto e com esgoto decantado,
respectivamente. Considerando que esses sistemas
de lodo ativado são de módulo único, com um
decantador também, então, a partir das eqs. 4.38 a
4.41, a capacidade de VMPS dos sistemas com
esgoto bruto e com esgoto decantado para
deteriorar a sedimentabilidade do lodo (aumento do
IVLD de 60 para 180 mL/gSST) é mostrada na
Figura 4.9. Como esperado, a capacidade de VMPS
decresce qualitativamente à medida que a
sedimentabilidade do lodo se deteriora, mas as eqs
4.38 a 4.41 quantificam este aumento.

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162

portanto, diminuir o volume atribuído ao


decantador secundário.

Figura 4.9 Capacidade de tratamento de VMPS (vazão


Figura 4.10 Capacidade de VMPS (vazão média de período
média de período seco) versus IVLD para esgoto bruto (A)
seco), em % da máxima, e concentração de SST no reator
e esgoto decantado (B), sistemas de LA dados na Tabela
pelo aumento do % do volume total do sistema LA-DS
4.5.
atribuído ao reator para esgoto bruto (A) e decantado (B).

Caso a profundidade média de 3,5 m seja À medida que o reator ocupa um percentual do
atribuída ao decantador secundário, então o volume volume total do sistema cada vez maior, a
total do sistema LA-DS para tratamento de esgoto concentração de SST no reator diminui e a área do
bruto e decantado é, respectivamente,19.952 m3 e decantador secundário torna-se menor. A Figura
10.944 m3, tornando o volume do reator 65% ou 4.10 mostra que, tanto para esgoto bruto, quanto
60% do volume total do sistema (Tabela 4.5). A para esgoto decantado, dentro de ±13%, isto é, ao
Figura 4.10 mostra a capacidade de VMPS do longo de uma faixa de 26% dos 65% e 60% para o
volume total do sistema LA-DS para aumentar o volume total e para o volume do reator, a
percentual de volume atribuído ao reator e, capacidade de VMPS é acima de 95% da

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163

capacidade máxima. A razão para isso é que o custo baixo (< 5 d), a capacidade de VMPS é quase o
total do sistema LA-DS é razoavelmente horizontal dobro do que com TRS elevado (> 20 d). Assim,
sobre uma ampla faixa de concentração de SST (ver selecionando-se o TRS o mais baixo possível,
Figura 4.6). Isto indica que para se obter uma garante-se a mais elevada capacidade de tratamento
concentração precisa de SST no reator para para um dado volume de reator e área de
determinar o volume do reator e a área do decantador secundário. Enquanto para remoção de
decantador secundário, não é tão criticamente matéria orgânica apenas não há critérios
importante; uma concentração de SST quantificados e bem definidos para escolher o TRS
razoavelmente próxima (dentro de do sistema o mais baixo possível, para sistemas
aproximadamente ± 0,5 kgSST/m3) ao ótimo que ND, há. Será mostrado no Capítulo 5 que o TRS de
minimiza o custo total do sistema, é suficiente. Da sistemas ND é baseado na sustentação dos
Figura 4.6, pode ser visto que, à medida que o custo organismos nitrificantes no sistema de lodo
do decantador secundário aumenta relativamente ativado. Os organismos autotróficos nitrificantes
ao do reator, esta faixa de tolerância para a são os organismos funcionais de velocidade de
concentração de SST no reator se estreita. crescimento mais baixa no sistema NDEBPR e,
portanto, o TRS e, consequentemente, o volume do
Para o volume do reator e áreas dos reator, é governado pela sua taxa específica
decantadores secundários na Tabela 4.5, a máxima de crescimento. Os cálculos do TRS mais
capacidade de VMPS para esgoto bruto e esgoto baixo (mínimo) para sistemas ND (e NDEBPR)
decantado, em função do aumento da idade do lodo são, portanto, possíveis e serão apresentados nos
é mostrado nas figuras 4.11a e b. Com TRS muito capítulos 5 e 6.

Figura 4.11 Capacidade de VMPS em ML/d e concentração de SST no reator pelo aumento do TRS para o volume de reator e
área de decantador secundário dados na Tabela 4.5 para esgoto bruto (A) e decantado (B).

4.12 PROJETO DO SISTEMA E CONTROLE idade do lodo, que governa a massa de lodo a ser
descartada diariamente do sistema. A idade do lodo
O parâmetro de fundamental importância no pode e deve substituir a razão alimento-
projeto e controle do sistema de lodo ativado é a microrganismos (A/M, kg DBO ou DQO por dia

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por kg SSRB ou SSVRB no reator) ou, completamente insustentável quando a nitrificação


equivalentemente, o fator de carga (FC), como é necessária. Enquanto a nitrificação é um processo
referência e parâmetro de controle, particularmente simples de se atender em projeto (basta fazer a
se a nitrificação for necessária. Caso o sistema seja idade do lodo suficientemente alta e providenciar
projetado apropriadamente, a idade do lodo pode oxigênio suficiente), ela impõe um regime de
ser fixada como um procedimento de controle controle completamente diferente na operação do
simples. Este procedimento de controle é sistema. Ela requer que a idade do lodo seja
operacionalmente mais simples e mais prático e controlada em um valor fixo.
confiável do que os procedimentos baseados na
A/M ou no FC que, basicamente, procura controlar Se a A/M ou o FC é controlado, então para
a massa de lodo no sistema pelo controle da manter esses parâmetros dentro dos limites
concentração de SSRB do reator em algum valor desejáveis, é necessário que não apenas a
específico. concentração no reator seja medida regularmente,
mas também a carga diária de DBO5 (ou DQO).
4.12.1 Controle da massa de lodo no Isto requer uma amostragem e análise extensiva da
sistema concentração de DBO5 (ou DQO) do afluente e o
padrão de vazão ao longo do dia para determinar a
De longe, o procedimento mais comum de controle carga mássica diária de DBO5 (ou DQO). O
do sistema-lodo-ativado envolve a conservação da controle da idade do lodo requer a medida de
concentração de SSRB do lodo no reator em algum concentração de SST no reator e a massa de lodo
valor específico. Na melhor das hipóteses, esta descarregada por dia. Geralmente, o lodo de
concentração do lodo é especificada em projeto ou, descarte é retirado do fluxo de fundo do DS para se
na pior das hipóteses, é estabelecida pela beneficiar de sua função de adensamento. Contudo,
experiência operacional do comportamento da a concentração do lodo no fluxo de fundo varia
estação, que geralmente é a concentração que pode consideravelmente ao longo do dia com o ciclo
ser retida no sistema pelos decantadores diário de vazão através da estação (figuras 4.12 e
secundários (DSs). Esta abordagem não controla a 4.13).
idade do lodo, apenas a massa de lodo no sistema.
De fato, em alguns casos, pode nem mesmo ser a
massa de lodo que é controlada pela concentração
no reator e sim o volume a 30 min (VL30) no
cilindro de medida de 1 L. Se o VL30 é maior do
que 450 mL/L, então o lodo é descartado até que se
alcance este valor novamente. Esta abordagem foi
desenvolvida para tornar óbvia a necessidade de se
medir a concentração de lodo no reator e, com ela,
a concentração de lodo no reator, modificada de
acordo com a sedimentabilidade do lodo (IVL).
Esta abordagem era aceitável anteriormente à
nitrificação tornar-se obrigatória ou pelo menos Figura 4.12 Dados experimentais de uma estação de lodo
para assegurar que o lodo poderia ser retido no ativado em escala plena, ilustrando a concentração no
sistema enquanto se mantinha uma baixa reator virtualmente constante comparado à
concentração de sólidos em suspensão no efluente concentração amplamente variável ao longo do dia do SST
(SSE). Contudo, com este método não há controle de descarga de fundo do DS (dados: Nicholls, 1975).
da A/M, do FC, da massa de lodo, da concentração
do reator ou da idade do lodo, situação que é

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decréscimo da temperatura devido à taxa de


respiração endógena mais baixa. Uma vez que o
decréscimo é relativamente pequeno, aumentar a
idade do lodo é, todavia, o oposto do que deve ser
feito no sistema no inverno para manter a
concentração de amônia baixa. Isto é
particularmente relevante nas estações que operam
com idades do lodo próximas à mínima para a
nitrificação (Capítulo 5), o que é prática comum em
países desenvolvidos para forçar a capacidade o
máximo possível porque os espaços para ampliação
são limitados. Caso a concentração no reator for
Figura 4.13 Acúmulo crescente de lodo e concentração controlada e a carga orgânica sobre a estação
mais elevada do lodo do fluxo de fundo em períodos de aumentar progressivamente, que é usualmente o
vazão afluente elevada (B) em relação aos períodos de caso em países em desenvolvimento, onde o
baixa vazão afluente (A) sob taxa de fluxo de recirculação crescimento urbano é frequentemente estrangulado
constante. pela capacidade da estação, a idade do lodo
aumenta progressivamente com o tempo (Figura
Portanto, para se saber a massa de lodo a ser 4.14). Inevitavelmente, em um dia frio de inverno,
descarregada pelo fluxo de fundo, é necessário a nitrificação deverá cessar. A resposta dos
medir sua concentração, a vazão de descarte e a operadores será a de que uma descarga industrial
duração de cada descarte. Desta forma, para se inibiu as bactérias nitrificantes e assim não
saber o FC ou a idade do lodo, é necessária uma modificam os procedimentos operacionais e
intensa determinação das concentrações do esperam a nitrificação retornar, o que ocorrerá
afluente e do fluxo de fundo do reator e/ou quando o esgoto aquecer novamente no verão.
decantador. Isto pode ser administrado em grandes
ETEs, onde a capacidade técnica é adequada, mas, Quando a nitrificação é necessária, não apenas
em estações pequenas, tanto o FC como a idade do a idade do lodo deve ser controlada, mas também o
lodo geralmente são desconhecidas. Em decantador secundário não poderá mais ser usado
consequência, a nitrificação pode ser esporádica, com o duplo propósito de clarificação e de
parcial ou ser completamente interrompida durante adensamento do descarte de lodo ativado de
períodos de sedimentabilidade pobre do lodo, que (DLA). Para se obter concentração alta no DLA, a
resulta em arraste elevado de lodo e, taxa de recirculação do fluxo de fundo deve ser
consequentemente, baixa idade do lodo. baixa (< 0,25 : 1), o que resulta em um longo tempo
de residência do lodo no decantador secundário
Mesmo que a concentração no reator seja (Figura 4.8).
controlada com precisão com modernos
equipamentos de controle, tais como medidas
automáticas da concentração do lodo de descarte e
on-line do lodo do reator, isto ainda não garante o
controle da idade do lodo. Com o controle da
concentração do reator sob o mesmo valor ao longo
do ano e uma carga orgânica estável sobre a estação
(desenvolvimento urbano zero), a idade do lodo
decresce durante o inverno porque a produção de
lodo por kg de carga de DQO aumenta com o

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região climática da maioria dos países em


desenvolvimento, pode não ser possível operar um
sistema de lodo ativado que não nitrifique mesmo
com idades do lodo muito baixas. Assim, o
problema de subida de lodo devido à
desnitrificação pode ocorrer nas estações, mesmo
nas que não há exigência de nitrificação. Isto
aconteceu na Estação de Tratamento de Esgoto de
Brasília (Figura 4.15A e B), que tinha uma baixa
razão de recirculação de lodo (0,25:1): Ela
nitrificou mesmo com três dias de idade do lodo e
sofreu o tempo todo com flotação de lodo. Quando
a idade do lodo era reduzida para cessar a
nitrificação, a remoção de DQO se reduzia abaixo
de um nível aceitável. Assim, uma vez que a
Figura 4.14 Decréscimo do TRS com o aumento da carga
nitrificação ocorra, se intencionalmente por projeto
orgânica quando se controla a concentração de SSLM no
ou inevitavelmente, deve-se atender à
reator.
desnitrificação em zonas apropriadas do reator
(anóxicas) e aumentar a razão de recirculação de
O tempo longo de residência estimula a
lodo de fundo (~1:1) para minimizar a subida de
desnitrificação no decantador secundário, causando
lodo nos DSs devido à desnitrificação.
flotação (ou subida) de lodo à superfície do DS, em
particular no verão, quando a temperatura do
esgoto é elevada (> 20 oC). De fato, nos trópicos, a

Figura 4.15A Uma das duas estações de tratamento de esgoto em Brasília, Brasil (foto: R. Brummer).

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Figura 4.15B Subida de lodo devido à desnitrificação no decantador secundário em uma das estações de tratamento de esgoto
em Brasília, Brasil (foto: M. Henze).

Claramente, uma vez que a nitrificação ocorra, volume do reator é descarregado diariamente e caso
seja como um requisito para remoção de N ou for de 20 dias, 1/20 é descarregado diariamente,
inevitavelmente devido às condições do sistema, isto é, QW = VR /TRS (Eq. 4.1). Para estações com
força-se o abandono do uso dos DSs como baixo nível de suporte técnico, pode-se
adensador do lodo de descarte. O adensamento do providenciar um tanque de sedimentação satélite
lodo de descarte pode ser realizado em uma ou um leito de secagem completamente
unidade separada, com alimentação originada a independente dos decantadores secundários, para
partir do fluxo de fundo do Decantador Secundário os quais o fluxo de lodo de descarte do reator possa
ou diretamente do reator através descarte ser encaminhado e, para estações com um nível de
hidráulico, que é um modo mais simples, requer suporte técnico mais elevado, uma unidade de
muito poucas análises de amostras e estabelece a flotação com ar dissolvido pode ser uma melhor
idade do lodo quase que exatamente. Isto resulta alternativa (Bratby, 1978), que também minimiza a
em estabilidade na nitrificação durante o ano todo liberação de P de lodos EBPR (Pitman,1999). O
e é fortemente recomendado para sistemas de lodo sobrenadante é retornado ao reator e o lodo
ativado em que a nitrificação for necessária, adensado é bombeado para a parte da estação de
mesmo que seja possível aplicar medidas tratamento/disposição de lodo. Este procedimento
sofisticadas de controle da concentração do reator. estabelece muito proximamente a idade do lodo
desejada porque a concentração do licor misto não
se altera significativamente ao longo do dia (Figura
4.12.2 Controle hidráulico da idade do lodo 4.12).
Um aspecto importante do controle hidráulico
O controle hidráulico da idade do lodo foi proposto da idade do lodo é que, independentemente da
primeiramente e implementado de forma vazão de esgoto através da estação, caso uma
generalizada por Garret em 1958 e é baseado em fração fixa do volume do reator for descarregada
um método de “aeração modificada de esgoto” por dia, a idade do lodo está fixada. Caso a carga
implementado por Setter et al. (1945). Caso for de DQO aplicada por dia permanecer constante, a
especificada uma idade do lodo de 10 dias, 1/10 do concentração do lodo automaticamente

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permanecerá constante. Caso a carga de DQO idade do lodo é particularmente relevante para
aumentar, a concentração do lodo aumentará estações com idades do lodo superiores a cerca de
automaticamente para manter a mesma idade do 5 dias, porque para essas estações a massa de lodo
lodo. Assim, monitorando-se a concentração do contida nos DSs é uma fração relativamente
reator e suas variações sob uma idade do lodo fixa, pequena da massa total de lodo no sistema. Com
obtém-se uma medida indireta das variações a idades do lodo menores do que 5 dias, a massa de
longo prazo das cargas de DQO aplicadas. A lodo nos DSs pode se tornar apreciável em relação
concentração do reator pode aumentar com o à massa total de lodo no sistema, particularmente
tempo, indicando que a carga orgânica aplicada quando a sedimentabilidade do lodo se torna pobre
sobre a estação está aumentando (Figura 4.16). O (IVLD>150 mL/g). Quando a massa de lodo nos
controle hidráulico da idade do lodo é muito fácil DSs é significativa, o controle hidráulico tem que
para o operador: apenas precisa verificar se as levar isso em consideração e a precisão do controle
calhas/tubos não estão bloqueadas e se a vazão requer análises adicionais.
correta está escoando. Assim, a concentração de
SSRB nem mesmo precisa ser medida muito O controle hidráulico da idade do lodo atribui
frequentemente. uma grande responsabilidade sobre o projetista e
diminui a do operador da estação; geralmente a
engenhosidade do operador tem que trabalhar para
contornar as impropriedades do projeto e adequar
os processos biológicos às limitações decorrentes
para ainda assim alcançar a melhor qualidade do
efluente. Isto faz com que seja essencial que o
projetista calcule a massa de lodo mais
precisamente, para providenciar volume de reator
suficiente para a carga orgânica de projeto, de
forma a permitir uma concentração adequada do
lodo no reator sob uma idade do lodo específica.
Também a área superficial do decantador
secundário, a taxa de recirculação de lodo de fundo
e a capacidade de aeração devem ser
dimensionados precisamente para o esgoto em
particular e para a idade do lodo do sistema. Se
Figura 4.16 TRS constante, mas com concentração estes aspectos são atendidos adequadamente, então,
crescente de SSRB do reator com controle hidráulico da com o controle hidráulico da idade do lodo, o
idade do lodo. controle da estação é simplificado e, para estações
de menor escala, pode até mesmo acabar com as
Por meio do procedimento de controle necessidades de testes de sólidos e de IVL, exceto
hidráulico, a idade do lodo pode ser modificada em longos intervalos. O controle hidráulico da
simplesmente pela alteração do volume idade do lodo torna parâmetros com o FC e a A/M
descarregado por dia. Isto significa que se a idade redundantes e introduz uma atitude inteiramente
do lodo é reduzida de 25 dias para 20 dias pelo diferente no controle do sistema. É eminentemente
controle hidráulico, o efeito pleno da modificação prático e estabelece a idade do lodo desejada para
só se tornará aparente depois de cerca de meia assegurar a nitrificação ao longo de todo o ano.
idade do lodo. Assim, a biomassa tem a Quando a nitrificação é necessária, o controle da
oportunidade de se adaptar gradualmente à idade do lodo se torna um requisito e, então, o
mudança na A/M e no FC. O controle hidráulico da controle hidráulico da idade do lodo é a forma mais

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fácil e mais prática de fazê-lo. Além disso, com o sistemas modificados tais quais o de estabilização
controle hidráulico da idade do lodo, a maneira de por contato, aeração escalonada e outros. Estações
falhar da estação é completamente diferente do que com idade do lodo baixa foram usadas
com o controle da massa de sólidos. Com o controle extensivamente na Europa e na América do Norte
da massa de sólidos, a estação falha devido à antes de a remoção de N (e P) tornar-se necessária.
interrupção da nitrificação e uma concentração O principal objetivo delas é apenas remoção de
elevada de amônia no efluente, um constituinte DQO, para o que idades do lodo de 1 a 3 dias são
dissolvido não visível que também é difícil de ser suficientes. As remoções de DBO5 ou DQO variam
removido por outros meios. Com o controle da de 75 a 90%. A remoção que pode ser alcançada
idade do lodo, a estação falha mais obviamente: depende das características do esgoto, da operação
lodo sobre os vertedores de efluente do decantador da estação, em particular da administração da
secundário. Em estações operadas com baixo nível transferência de lodo entre o reator e os DSs e da
de capacidade técnica, provavelmente esta é a ação eficiência dos DSs. Uma vez que a atividade
de remediação mais rápida. predatória de organismos protozoários sobre as
bactérias livre-natantes é limitada com baixas
idades do lodo, o componente não sedimentável
4.13 ESCOLHA DA IDADE DO LODO (ou disperso) dos flocos de lodo ativado é elevado
e causa turbidez e DQO do efluente elevada (Chao
A escolha da idade do lodo é a decisão mais e Keinath, 1979; Parker et al., 1971).
fundamental e importante no projeto de um sistema
de lodo ativado. A idade do lodo selecionada para É aceito na Tabela 4.6 que estações com baixa
uma estação depende de muitos fatores, alguns dos idade do lodo, normalmente, não devem nitrificar.
quais são listados na Tabela 4.6, tais como a Este pode ser o caso das regiões temperadas e de
estabilidade do sistema, a sedimentabilidade do latitude elevada, em que as temperaturas do esgoto
lodo, se o descarte de lodo precisa ou não ser geralmente são inferiores a 20 oC. Nas regiões
direcionado para descarga direta em leitos de tropicais e de baixa latitude, onde as temperaturas
secagem e, o mais importante de tudo, a qualidade do esgoto podem ultrapassar 25 a 30 oC, os sistemas
necessária do efluente, isto é, se apenas remoção de com baixa idade do lodo devem nitrificar
DQO é aceitável, se o efluente precisa ser normalmente; de fato, pode ser difícil interromper
nitrificado ou se a remoção de nitrogênio e fósforo este processo. Para estas situações, o melhor é
é necessária. Diversos desses fatores já foram aceitar a nitrificação como inevitável e projetar o
discutidos anteriormente e não serão repetidos sistema de acordo com isso. Além disso, deverá ser
aqui. Apenas alguns comentários esclarecedores vantajoso incluir uma pequena zona anóxica
adicionais serão feitos adiante na Tabela 4.6. primária (~15 – 20% de fração de massa anóxica,
ver Capítulo 5) no sistema para desnitrificar uma
4.13.1 Idades do lodo baixas (de 1 a 5 dias) parte considerável do nitrato gerado, mesmo se a
remoção de N não for necessária; isto aumenta a
4.13.1.1 Estações convencionais idade do lodo mínima para a nitrificação, reduz a
demanda de oxigênio, recupera alcalinidade e
Estas estações são operadas na configuração reduz o risco de flotação de lodo e efluente com
convencional, ou seja, uma configuração com fluxo DQO elevada devido à desnitrificação no fundo do
semi-pistonado, mas também são implantados DS.

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Tabela 4.6 Algumas considerações importantes na escolha da idade do lodo e para o sistema de lodo ativado.

Idade do lodo Baixa (1 a 5 d) Intermediária (10 a 15 Alta (> 20 dias)


dias)
Tipos Alta taxa, alimentação Similar ao alta taxa, mas Aeração prolongada
escalonada, lagoas aeradas, com nitrificação e, Orbal
estabilização por contato, algumas vezes, Carrossel
oxigênio puro desnitrificação. Sistemas de RBN
Sistemas RBN
Objetivos Apenas remoção de DQO Remoção de DQO Remoção de DQO
Nitrificação Remoção biológica de N
Remoção biológica de N Remoção biológica de P
e/ou
Remoção biológica de P
Qualidade do efluente Baixa DQO Baixa DQO Baixa DQO
Alta Amônia Baixa Amônia Baixa Amônia
Alto Fosfato Baixo Nitrato Baixo Nitrato
Variável Alto/baixo Fosfato Baixo Fosfato
Relativamente estável Geralmente estável
Decantação primária Geralmente incluída Geralmente incluída Geralmente excluída
Qualidade do lodo Produção de lodo alta Produção de lodo média Baixa produção de lodo
ativado Muito ativo Bastante ativo Inativo
Requer estabilização Requer estabilização Não necessita
estabilização
Demanda de oxigênio Muito baixa Alta, devido à nitrificação Muito elevada, devido à
nitrificação e alta idade
do lodo
Volume do reator Muito pequeno Médio a grande Muito grande
Sedimentabilidade do Geralmente boa, mas é Boa com baixa idade do Pode ser boa com elevada
lodo possível intumescimento por lodo e altas frações de fração aeróbia, mas
filamentos de A/M não baixa, massa aeróbia, mas geralmente pobre devido
tais como S, natans, 1701 e geralmente pobre devido ao crescimento
Thiothrix. ao crescimento filamentoso com baixa
filamentoso com baixa A/M, como M. parvicella.
A/M, como M. parvicella.
Operação Muito complexa, devido à Muito complexa com Simples, se sem
variabilidade do sistema de RBN e tratamento de lodo tratamento de lodo
LA e ao tratamento de lodo primário e secundário. primário e secundário,
mas o sistema com RBN é
complexo.
Vantagens Baixo custo de capital Boa remoção biológica de Boa remoção biológica de
Auto-suficiente em energia N (e P) com custo de N (e P)
com digestão anaeróbia capital relativamente Sem lodo primário e com
baixo. lodo secundário estável
Desvantagens Custos operacionais elevados Complexidade e custos Reator grande, demanda
Variação da qualidade do operacionais elevados do de oxigênio elevada e alto
efluente manuseio de lodo custo de capital

A remoção biológica de P é possível com heterotróficos de crescimento relativamente rápido.


idades do lodo baixas, como 3 a 5 dias, os Na ausência da nitrificação, uma zona não aerada
organismos acumuladores de fosfato (OAPs) são poderá ser anaeróbia (isto é, sem nitrato ou

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oxigênio presente ou entrando nela) e a DQO (RB) 4.13.1.2 Lagoas Aeradas


rapidamente biodegradável é providenciada e os
ácidos graxos de cadeia curta (AGCC) estão As lagoas aeradas, diferentemente das lagoas de
disponíveis no afluente, a remoção biológica do oxidação aeradas, em que a oxigenação é
excesso de P ocorrerá. O sistema original suplementada por algas, são essencialmente
Phoredox, desenvolvido por Barnard (1976) é sistemas de lodo ativado de alta taxa porque a
baseado nesse sistema de dois reatores anaeróbio- demanda de oxigênio é totalmente suprida por
aeróbio. A idade do lodo mínima para o EBPR é aeradores. Existem, essencialmente, dois tipos de
dependente da temperatura, aumentando à medida lagoas aeradas, mistura completa e facultativa. As
que a temperatura diminui e é de aproximadamente lagoas aeradas de misturada completa possuem
3 a 5 dias a 14 a 20 oC (Mamais et al. 1992). À estas entrada de energia por unidade de volume, pelo
temperaturas, a idade do lodo mínima para a equipamento de aeração, suficiente para manter o
nitrificação é significativamente maior do que lodo em suspensão. Nas lagoas facultativas, esta
aquela para o EBPR, de modo que a nitrificação introdução de energia é insuficiente e ocorre
geralmente não deve ocorrer, com o resultado de sedimentação de sólidos no fundo da lagoa. Os
que o efeito adverso do nitrato sobre o EBPR deve sólidos biodegradáveis na camada de lodo assim
estar ausente. Contudo, em climas mais quentes, a formada degradam anaerobiamente, como em uma
idade do lodo mínima para a nitrificação e para o lagoa de oxidação.
EBPR são similares e é essencial incluir também
zonas anóxicas para assegurar uma baixa Cineticamente, as lagoas de misturada
recirculação de nitrato ao reator anaeróbio, se o completa são sistemas de lodo ativado sem
EBPR for necessário (Burke et al., 1986). Caso o recirculação e podem ser modeladas como tal
RBFI não seja necessário, a nitrificação modifica o (Marais et al. 2017). Seus tempos de retenção
sistema de dois reatores não aerado-aerado, de um hidráulica nominais se igualam às suas idades do
sistema com remoção de P para um sistema com lodo e os fluxos de lodo de descarte (Qw) e de
remoção de N. efluente (Qe) são únicos e os mesmos, e iguais à
vazão afluente (Qi). Desta forma, o volume de
Atualmente, há um interesse renovado no lagoa aerada por unidade de carga de DQO é muito
primeiro ou estágio A de um processo de dois grande, comparado com sistemas convencionais de
estágios, ou AB, onde o estágio A é um sistema de baixa idade do lodo, que possuem tempos de
lodo ativado de alta taxa (LAAT) para remoção de retenção hidráulica de, aproximadamente, 1/20 da
matéria orgânica (TRS < 1,5 d) e o estágio B é um idade do lodo.
sistema para remoção de N com idade do lodo
elevada (Haider et al., 2006). Este interesse O efluente de uma lagoa aerada de misturada
renovado tem impulsionado o tratamento de esgoto completa possui os mesmos constituintes do licor
de baixa energia, minimizando o consumo de misto no interior da lagoa. A remoção de DQO pelo
energia para a aeração e maximizando a captura de sistema via demanda de oxigênio é relativamente
compostos orgânicos como lodo primário e/ou pequena, de forma que a DQO do efluente
secundário para digestão anaeróbia e recuperação geralmente é inaceitável para descarga em corpos
de energia (Jimenez et al., 2015; De Graaff et al., receptores. De fato, o principal objetivo das
2016) e substituindo o estágio B por anammox para estações com baixa idade do lodo é agir com
Remoção de N na corrente principal (Zhang et al., floculadores assistidos biologicamente. Isto
2019). transforma biologicamente os compostos orgânicos
biodegradáveis solúveis do afluente em massa de
organismos sedimentáveis, que se envolvem com
estes compostos orgânicos biodegradáveis e não

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biodegradáveis particulados do afluente, formando organismos protozoários é elevada e a floculação é


um lodo sedimentável que permite uma separação boa, de forma que a dispersão de partículas é baixa.
sólido-líquido efetiva. Nas estações convencionais Além disso, todos os compostos orgânicos solúveis
com baixa idade do lodo, o lodo de descarte é biodegradáveis são quebrados, com o resultado de
transferido para as unidades de tratamento de lodo; que a concentração de DQO (ou DBO) do efluente
nos sistemas de lagoas aeradas, o efluente (com o permanece aproximadamente constante no valor
lodo de descarte) usualmente escoa para uma mais baixo alcançável, que é a concentração de
segunda lagoa, isto é, uma lagoa de oxidação ou DQO solúvel não biodegradável. A concentração
uma lagoa facultativa aerada, para permitir que o de amônia no efluente, assume também menor
material particulado, agora facilmente papel no projeto porque a cinética da nitrificação é
sedimentável, se sedimente no fundo da lagoa de tal que, uma vez que se ela é alcançada, será
forma a produzir um efluente relativamente livre de virtualmente completada desde que o suprimento
sólidos e com baixa DQO. O lodo que se acumula de oxigênio seja providenciado. Mesmo que os
no fundo do tanque sofre estabilização anaeróbia. padrões do efluente possam requerer uma
As lagoas aeradas encontram aplicações determinada concentração de amônia, por exemplo
principalmente como sistemas de tratamento de < 10 mgN-ALS/L, uma vez que a nitrificação
efluentes industriais de baixa tecnologia, em que a ocorra, ela não será, provavelmente, maior do que
concentração de compostos orgânicos é elevada, a 2 a 4 mgN-ALS/L. Consequentemente, para a
carga varia sazonalmente e a nitrificação não é nitrificação, a idade do lodo é fixada
necessária. Contudo, tratar essas águas residuárias principalmente pelos seus próprios requisitos. O
em diferentes tipos de sistemas com digestão método para calcular a idade do lodo mínima para
anaeróbia está se tornando mais importante para se a nitrificação é dado no Capítulo 5, Seção 5.1.7.
beneficiar de sua melhor qualidade do efluente, do Uma vez que uma idade do lodo seja selecionada,
reuso de água, da recuperação de energia e para por exemplo, 25% maior do que a mínima, a
reduzir emissões de efeito estufa. concentração de ALS do efluente é afetada mais
pelas condições operacionais do sistema do que
4.13.2 Idades do lodo intermediárias (10 a pelo processo de nitrificação em si, como, por
15 dias) exemplo, limitações no fornecimento de oxigênio,
variação na carga de amônia, perda incontrolável
Quando a nitrificação é obrigatória, em função de de lodo e pH da biomassa em suspensão. Com
um padrão restritivo de concentração de ALS esgotos de baixa alcalinidade, a nitrificação pode
(Amônia Livre e Salina), isto irá governar a idade causar uma redução significativa do pH,
do lodo mínima do sistema de lodo ativado. As geralmente tão baixo quanto 5. Isto não causa
idades do lodo requeridas para a nitrificação são de problemas ao processo de nitrificação em si, por
4 a 8 vezes maiores do que para remoção de DQO exemplo, desconformidade do padrão de amônia do
apenas, dependendo da temperatura. Em regiões efluente, e sim produz efluentes agressivos que
temperadas, onde as temperaturas da água podem podem provocar danos consideráveis em
cair abaixo de 14 oC, a idade do lodo, superfícies de concreto. Para reduzir estes
provavelmente, não será inferior a 10 a 15 dias, problemas e auferir as outras vantagens de
levando-se devidamente em consideração alguma recuperação de oxigênio e alcalinidade (ver
zona não aerada no reator para desnitrificação (e adiante), a política de desnitrificação intencional
remoção biológica de P). Nesta faixa de idade do tem sido defendida sempre que a nitrificação seja
lodo, a concentração de DQO do efluente não provável, mesmo que a remoção de N não seja
assume mais importância no projeto. Para idades necessária. Contudo, uma vez que a nitrificação
do lodo acima de, aproximadamente, 4 dias, a seja requerida e que a desnitrificação biológica seja
predação de bactérias livre-natantes pelos incorporada no sistema, podem ser necessárias

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idades do lodo acima de 10 a 15 dias e o sistema necessária. A redução no TRS pode ser obtida de
recai na categoria de idade do lodo alta. Em várias formas, tais como adicionando-se carriers
estações de lodo ativado com nitrificação aeróbia, de biofilme no reator biológico ou descarregando-
há sempre a possibilidade de desnitrificação no se seletivamente a fração leve do lodo ativado com
decantador secundário. Este problema é hidrociclones, que enriquecem o lodo ativado em
exacerbado pelo procedimento de controle do fração mais pesada contendo bactérias aeróbias
sistema de retirar lodo ativado em excesso pelo oxidadoras de amônia (BOA), OAP e bactérias
fluxo de fundo do decantador (ver seção 4.12.1). anaeróbias oxidadoras de amônia (AMX) (Ekama,
Com baixas razões de fluxo de fundo, a retenção de 2015).
lodo no DS é elevada, o que leva à desnitrificação
(Figura 4.13). Henze et al. (1993) estimaram que é Para tentar reduzir a idade do lodo necessária
necessário que entre 6 – 8 e 8 – 10 mgN/L de nitrato para a nitrificação e, consequentemente, o volume
sejam desnitrificadas para causar flotação do lodo do reator biológico por ML de esgoto tratado, tem
a 10 e 20 oC, respectivamente. A concentração de sido colocada mídia fixa interna no reator aeróbio
nitrato desnitrificado aumenta à medida que (i) o (Wanner et al., 1988; Sem et al., 1994; ϕdegaard et
tempo de retenção do lodo no DS aumenta, o que é al., 2014). Os organismos nitrificantes que crescem
dependente da razão de recirculação e das sobre essa mídia fixa não estão sujeitos à idade do
condições de pico de vazão, (ii) a fração ativa do lodo da biomassa em suspensão e a fração de massa
lodo aumenta, sendo que ela é maior com idades do aeróbia pode ser reduzida com o resultado que
lodo mais baixa (Figura 4.3B), (iii) a temperatura ambos podem ser reduzidos. Contudo, a
aumenta, e (iv) a massa de compostos orgânicos efetividade da mídia fixa interna não tem sido tão
biodegradáveis floculados não utilizados aumenta, boa quanto esperada e produz uma razão
que é maior em idades do lodo mais baixas e em benefício/custo preferencialmente baixa.
condições de pico de carga (Ekama et al. 1997).
Tem sido alcançada redução bem-sucedida da
O exposto anteriormente demonstra que, para idade do lodo para a abaixo de 8 a 10 dias com
as estações em que a nitrificação ocorre, o DS não nitrificação externa (Bortone et al., 1996; Sorm et
deve servir ao propósito duplo da separação sólido- al., 1997; Hu et al., 2000) e esse sistema começa a
líquido e de adensamento do lodo de descarte, que encontrar aplicação em escala plena (Vestner and
o controle hidráulico da idade do lodo deve ser Gunthert, 2001; Muller et al., 2006). Com
empregado e que a desnitrificação intencional deve nitrificação externa, o processo de nitrificação é
ser incluída no sistema (ver seção 4.12). Estas removido completamente do lodo ativado em
modificações devem melhorar o problema de suspensão e transferido para um sistema externo de
flotação do lodo por desnitrificação no DS, mas mídia fixa, tal como um filtro percolador. Com a
podem não eliminar completamente a raiz da causa, nitrificação independente do licor misto de lodo
por exemplo, a alta concentração de nitrato na ativado com RBN, a idade do lodo pode ser
biomassa em suspensão. reduzida para cerca de 8 a 10 dias. Tal redução,
reduz a necessidade de volume do reator biológico
Para se reduzir o custo de construção do sistema por ML de esgoto a aproximadamente 1/3, sem
de lodo ativado, precisam ser feitas reduções na impactar negativamente a remoção biológica de N
idade do lodo. Além disso, a redução na idade do ou de P. Além disso, a sedimentabilidade do lodo
lodo também aumenta a remoção biológica de N e melhora significativamente (IVLD ~ 60 – 80 mL/g)
P por massa de carga orgânica (WRC, 1984; em comparação com os sistemas de RBN
Wentzel et al., 1990) e isto pode ser convencionais e, adicionalmente, a capacidade do
particularmente benéfico para esgotos a baixa sistema aumenta (Hu et al., 2000).
temperatura (10 – 15 oC), onde a nitrificação é

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Comparando-se as estações com idades do lodo compostos orgânicos do afluente de duas estações
intermediárias com as de alta taxa, a demanda de de tratamento, completamente diferentes e tratando
oxigênio por kg de DQO (incluindo a nitrificação) o mesmo esgoto, é virtualmente a mesma se o
dobra (exceto com nitrificação externa, para o qual residual de compostos orgânicos biodegradáveis
é reduzido pela metade), o volume do sistema é de (DQO) no lodo final disposto for o mesmo, ou seja
3 a 4 vezes maior, a massa diária de lodo (i) um sistema de lodo ativado com aeração
descarregado é reduzida em 40% e a fração ativa é prolongada com idade do lodo alta (30 d, Tabela
muito menor. As estações com idades do lodo 4.6) tratando esgoto bruto e (ii) um sistema de lodo
intermediárias são muito mais estáveis do que as ativado com baixa idade do lodo (8 d, Tabela 4.6)
estações de alta taxa, requerendo técnicas de tratando esgoto decantado com digestão anaeróbia
controle ou intervenções do operador menos do lodo primário e digestão aeróbia ou anaeróbia
sofisticadas (excetuando-se a nitrificação externa), do lodo ativado descartado com combustão/queima
o que as tornam mais adequadas para aplicação em benéfica do gás metano.
geral.
4.13.3 Idades do lodo elevadas (20 dias ou
Com idades do lodo intermediárias, a fração mais)
ativa do lodo de descarte ainda é muito alta para
descarga em leitos de secagem. Consequentemente,
alguma forma de estabilização do lodo de descarte 4.13.3.1 Estações aeróbias
precisará ser incorporada na estação de tratamento Estações aeróbias com idade do lodo elevada são
de esgoto, ou seja, digestão aeróbia ou anaeróbia. chamadas de estações com aeração prolongada. O
A primeira tem a vantagem da operação fácil e se é objetivo principal dos sistemas com idade do lodo
operada com SSRB elevada ( > 2%) e com aeração elevada é simplificar o tratamento do lodo primário
intermitente, produz baixas concentrações de N e P (1rio) e do lodo secundário (2rio). Estas estações,
no clarificado da desidratação (Mebrahtu et al., portanto, tratam esgoto bruto e a idade do lodo é
2008), mas tem a desvantagem do custo elevado da escolhida de forma que a fração ativa (ou
energia para o fornecimento de oxigênio. A última compostos orgânicos biodegradáveis residuais) do
tem a vantagem da geração de energia do biogás e lodo de descarte é suficientemente baixa para
a desvantagem da complexidade de operação e permitir sua descarga direta em leitos de secagem
concentrações elevadas de N e P no clarificado da de lodo. A idade do lodo necessária para produzir
desidratação. Mesmo com recuperação de energia lodo suficientemente estável, de forma a não gerar
pela digestão anaeróbia do lodo de descarte, devido problemas de odor, é incerta e depende da
à baixa massa de lodo descarregado da estação de temperatura e condições climáticas, isto é, se o lodo
lodo ativado e à demanda elevada de oxigênio por poderá ou não ser seco rapidamente o suficiente
kg de carga de DQO, não é possível antes que comece a cheirar, provavelmente
autossuficiência em energia com idades do lodo excedendo a 30 dias.
intermediárias. Contudo, em estações grandes
(aproximadamente 500.000 EP), em que a De forma interessante, a partir de um
supervisão técnica e a expertise do operador são de levantamento dos compostos orgânicos
alto nível, os custos de energia podem ser reduzidos biodegradáveis em lodos tratados por sistemas
pela produção de gás nos digestores anaeróbios e diferentes de estabilização, Samson e Ekama
podem, provavelmente, serem justificadas (2000) encontraram que o lodo ativado digerido
economicamente, particularmente se os custos de aerobiamente continha o residual mais baixo de
energia continuarem a aumentar como ocorreu na compostos orgânicos (10%), em comparação com
década passada. Ekama (2009) constatou que a lodo oxidado com ar-úmido (Zimpro) e com lodos
emissão de dióxido de carbono originado dos

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primários digeridos anaerobiamente (25 a 60%, recebendo biomassa em suspensão nitrificada por
Figura 4.17). meio de recirculações da zona aerada, para dar o
que é chamado de sistema de nitrificação-
desnitrificação (ND). Os sistemas ND incluem o
Bardenpho de 4 estágios, que incorporam reatores
anóxicos primários e secundários, o Ludzack
Ettinger Modificado (LEM), que incorpora apenas
um reator anóxico primário, Orbal, Carousel e
sistemas de valos de oxidação, em que as zonas
anóxicas são criadas ao longo em pontos diferentes
de um canal extenso, ou em sistemas com aeração
prolongada de decantação intermitente (APDI).
Enquanto a incorporação da desnitrificação impõe
algumas limitações adicionais no projeto com
Figura 4.17 Porcentagem de compostos orgânicos idade do lodo elevada, estes são menores desde que
residuais remanescentes em lodos de descarte a capacidade de aeração da estação seja suficiente
estabilizados, tratados com diferentes tipos de sistemas para a nitrificação sob todas as condições esperadas
de estabilização. Marcadores do eixo X: (1) esgoto bruto (ver Capítulo 5).
não decantado, (2) Humus Zimpro + 1o - DQO solúvel
elevada, (3) 1o digerido anaerobiamente + LAD – AGV 4.13.3.3 Estações anaeróbio-anóxico-
elevados, (4) 1º apenas digerido anaerobiamente – alto aeróbias
AGV, (5) 1o digerido anaerobiamente, 1º e 2º estágios –
baixo AGV, (6) Humus Zimpro + 1o – baixa DQO solúvel, (7) Quando a EBPR é necessária, um reator anaeróbio
1o digerido anaerobiamente, 2º estágio – baixo AGV, (8) é incluído na configuração que recebe o esgoto
DLA adensado por FAD, (9) 1o digerido anaerobiamente + afluente, mas com o mínimo de oxigênio e nitrato
DLA, estágio único – baixo AGV e, (10) DLA digerido via recirculação de lodo. Para a EBPR, assegurar
aerobiamente. uma descarga zero de nitrato na zona anaeróbia é
crítico para se alcançar boa remoção de P e é uma
limitação adicional no projeto quando inclui EBPR
4.13.3.2 Estações anóxico-aeróbias
em sistemas com aeração prolongada. A extensão
Uma vez que a idade do lodo exceda 20 a 25 dias, da EBPR alcançada dependerá de um número de
a nitrificação é inevitável e é aconselhável, pelas fatores, principalmente a concentração de DQO
razões citadas anteriormente, incorporar a rapidamente biodegradável (RB), a razão PT/DQO
desnitrificação no sistema, a qual nessas idades do e o grau em que o nitrato pode ser excluído do
lodo elevadas não afetam a estabilidade da reator anaeróbio, que depende da razão NTK/DQO
nitrificação. Além disso, se necessário, a EBPR do afluente.
pode também ser incluída com baixo custo extra.
De fato, as velocidades de remoção biológica de N O lodo de descarte de sistemas com aeração
e P são significativamente mais elevadas com prolongada que incluem EBPR têm o potencial de
esgoto bruto do que com esgoto decantado, devido liberar concentrações elevadas de P. Isto pode ser
à maior carga orgânica. Para incluir a remoção de contornado com um leito de desaguamento
N (e P), o reator é subdividido em zonas não /secagem especialmente projetado com filtro de
aeradas (anóxicas e anaeróbias) e aeradas, em uma areia sob os drenos e vertedores, que permitem que
variedade de configurações. A desnitrificação os leitos de secagem também operem como um
acontece na zona não aerada, mas misturadas e sistema de desaguamento. Enquanto se descarrega
o lodo de descarte diretamente no leito de secagem,

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o dreno de fundo e o escoamento superficial são (DQO) e as frações da DQO não biodegradável
monitorados para a concentração de P e quando ela particulada e solúvel precisam ser conhecidas. A
atinge, por exemplo, 5 mgP/L, a descarga de lodo carga orgânica e a concentração de DQO não
nos leitos de secagem e o retorno de sobrenadante biodegradável particulada afetam fortemente a
para a entrada da unidade são interrompidos. O massa de lodo no reator e a produção diária de lodo,
volume relativamente pequeno do líquido com alta e a concentração de DQO não biodegradável
concentração de P que drena nos leitos de secagem solúvel se reflete na concentração de DQO filtrada
depois é então tratado quimicamente ou usado para do efluente do sistema. A carga orgânica também
irrigação no local da estação. A capacitação para determina a demanda diária de oxigênio e a carga
desaguamento do leito de secagem permite que hidráulica de pico incide sobre a área superficial do
significativamente mais lodo seja descarregado decantador secundário. Caso a nitrificação por
nele do que em leitos de secagem sem essas parte do sistema seja necessária, mais
características de desaguamento. características do esgoto precisam ser conhecidas.
As mais importantes delas são a velocidade
específica máxima de crescimento das bactérias
4.13.4 Diretrizes dominantes para o nitrificantes à temperatura padrão do esgoto de 20
dimensionamento do sistema de
o
C (μBOA,20) e a temperatura mínima do esgoto
lodo ativado (Tmin), ambos estabelecem a idade do lodo mínima
para a nitrificação (TRSmin,NIT). A idade do lodo do
Na seção anterior, algumas das considerações para sistema deverá ser escolhida acima da mínima para
a seleção da idade do lodo do sistema de lodo a nitrificação e quanto mais elevada a razão idade
ativado foram definidas porque esta é a decisão do lodo do sistema / idade do lodo mínima
mais importante e fundamental em seu projeto. A (TRS/TRSmín,NIT), mais baixa a concentração de
idade do lodo é a principal diretriz que governa a amônia do efluente e mais amortecidas suas
qualidade do efluente e o tamanho do sistema de variações em resposta às variações da carga de
lodo ativado. Geralmente, quanto mais elevada é a nitrogênio. Também é necessária, para os sistemas
qualidade do efluente (e do lodo de descarte) com nitrificação, a carga diária de nitrogênio (tanto
requerida pelo sistema, maior é a idade do lodo, NTK, quanto ALS) para que os componentes do
maior é o reator biológico e mais características do material nitrogenado do afluente possam ser
esgoto precisam ser conhecidas (Figura 4.18). determinados. Observe-se que, para a nitrificação,
a velocidade específica máxima de crescimento das
Para remoção de matéria orgânica apenas a nitrificantes está relacionada com as características
idade do lodo é baixa e então o volume do reator é do esgoto e não uma constante do modelo cinético,
pequeno. Essencialmente, apenas a carga orgânica porque é diferente para esgotos diferentes.

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Figura 4.18 Características importantes do esgoto que precisam ser conhecidas para diferentes sistemas de lodo ativado:
totalmente aeróbio, nitrificação, nitrificação-desnitrificação e EBPR e também as interrelações que afetam a idade do lodo e a
qualidade do efluente.

Com remoção biológica de nitrogênio com P possam ser determinados. Com EBPR, a
(nitrificação e desnitrificação, ND), uma parte do concentração de DQORB do afluente é muito
reator biológico (a fração de massa anóxica, fxd) é importante, estabelecendo a extensão da remoção
intencionalmente não aerada. Quanto maior a biológica de fósforo que pode ser alcançada. Caso
fração de massa anóxica, mais nitrato pode ser a concentração de DQORB do afluente não seja
desnitrificado, mas a idade do lodo mínima para a conhecida, a remoção biológica de fósforo que
nitrificação se torna maior do que aquela para pode ser alcançada não pode ser calculada com
condições totalmente aeróbias. Assim, para precisão. A DQORB é, indiretamente, a fonte de
sistemas ND, o reator biológico se torna maior, alimento para os organismos acumuladores de
porque a idade do lodo necessária se torna maior. fosfato (PAOs) que intermediam o processo EBPR.
Uma característica adicional do esgoto também O propósito da zona anaeróbia, que recebe o esgoto
precisa ser conhecida, a concentração de DQORB afluente, é permitir que os PAOs utilizem os
do afluente, uma vez que uma proporção elevada produtos da fermentação dos ácidos graxos voláteis
(acima da metade) do nitrato desnitrificado no (AGV) gerados da DQORB afluente. O nitrato (ou
reator anóxico primário é devido a esse oxigênio dissolvido, OD) que entra na zona
constituinte: caso a concentração de DQORB não anaeróbia resulta na utilização de parte da DQORB
seja conhecida, a concentração de nitrato no por organismos heterotróficos ordinários (OHOs),
efluente não pode ser calculada com precisão. que reduzem os produtos dos AGVs disponíveis
para os PAOs e, consequentemente, ocorre a
Com EBPR, a carga diária de fósforo do esgoto remoção biológica de P. A diferença entre a
(tanto P-total, quanto P-ortofosfato) tem que ser concentração de fósforo do afluente e a EBPR que
conhecida, para que os componentes do material

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pode ser alcançada estabelece a concentração de P oxigênio em laboratório, e em estações em escala


no efluente. piloto e escala plena podem ser alcançadas
mudando-se apenas as características do afluente,
Concentrações muito baixas de nitrato (e OD) cujos dados são obtidos por balanços de massa (de
nos reciclos que entram na zona anaeróbia são água, DQO, N e P). Contudo, frequentemente, as
essenciais para a maximizar a EBPR. Isto impõe previsões do modelo não podem ser feitas para
condições importantes para a desnitrificação que é ajustar os dados medidos, porque eles não se dão
necessária nas zonas anóxicas. Caso a razão de conforme os princípios do balanço de massa e da
concentração NTK/DQO do afluente é muito continuidade. Os parâmetros cinéticos e
elevada, então não podem ser alcançadas baixas estequiométricos devem ser modificados apenas
concentrações de nitrato na(s) zona(s) anóxicas e, quando os dados se conformam com os princípios
portanto, a dosagem de metanol poderá ser do balanço de massa e da continuidade. As
necessária. Remoções elevadas de N nas zonas mudanças nas características do esgoto não podem
anóxicas requerem grande(s) reator(es) anóxico(s) produzir uma correlação próxima entre as
que, conjuntamente com a zona anaeróbia, resulta previsões do modelo e os dados medidos, mas
em fração de massa não aerada elevada que, por sua tal(is) modificação(ões) devem ser baseadas em
vez, requer idade do lodo elevada para garantir a fundamentos de bioprocessos e não simplesmente
nitrificação. A menos que sejam aplicadas porque “faz(em) o modelo dar aderência”.
estratégias específicas para manter a idade do lodo
baixa, tal como nitrificação externa ou adição de 4.13.5 Alguns comentários gerais
mídia fixa na zona aeróbia, para reduzir a
sensibilidade do sistema à idade do lodo mínima Em sistemas RBN com qualquer idade do lodo, o
para a nitrificação, os sistemas NDEBPR possuirão controle da aeração é um problema particularmente
idade do lodo alta, especialmente quando as preocupante sob condições de vazão e
temperaturas mínimas do esgoto são baixas. carregamento cíclicos, porque o sistema é afetado
tanto por concentrações altas de OD na zona
O panorama anterior demonstra que a aeróbia, quanto baixas. Concentrações de OD
determinação das características do esgoto é o muito altas são desnecessariamente onerosas e
aspecto mais importante da modelagem das resultam no reciclo de oxigênio à zona anóxica (e
estações de tratamento de esgoto, caso sejam na zona anaeróbia, caso a EBPR for incluída) e,
usados modelos estacionários ou de simulação portanto, reduzem o potencial para a remoção de N
dinâmica. As incertezas nas características do e P; concentrações de OD muito baixas causam
esgoto (e sobre a sedimentabilidade do lodo) declínio na eficiência de nitrificação e,
resultam em incertezas proporcionais na demanda possivelmente, desenvolvimento de lodo com
de oxigênio, na produção de lodo, no volume do sedimentação pobre.
reator e na qualidade do efluente. Assim, análises
de incerteza/sensibilidade devem ser aplicadas para Enquanto sistemas de controle de OD efetivos
as características do esgoto ao invés de parâmetros têm sido desenvolvidos ao longo dos anos, o custo
cinéticos e estequiométricos do(s) modelo(s). De de se providenciar capacidade de aeração e área
fato, os parâmetros cinéticos e estequiométricos do superficial de DS para a vazão de pico, tem
modelo devem ser mudados apenas raramente solicitado pesquisas sobre soluções para o controle
(exceto a velocidade específica máxima de alternativo, como a equalização de fluxo e carga.
crescimento das nitrificantes, que está relacionada Além disso, a maioria das variações diárias no
com uma característica do esgoto). O ajuste de sistema de grandezas, tais como, as concentrações
todas as concentrações relativas à qualidade do de amônia, nitrato e fosfato, não são induzidas
efluente, à produção de lodo e à demanda de pelos processos biológicos e sim pela variação do

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fluxo hidráulico. Para minimizar a variação do vazão projetada para as próximas 24 horas. Esta
fluxo hidráulico, um tanque de equalização deve abordagem de tanque de equalização foi testada na
ser posicionado a montante do sistema de lodo estação com RBN de Goudkoppies (Johannesburg,
ativado cujo fluxo de saída deve ser controlado de África do Sul) e mostrou grande potencial para
tal maneira que as flutuações cíclicas na vazão e na reduzir a aeração e outros problemas de controle
carga sejam amortecidas em valores muito baixos. em estações com remoção de nutrientes (Dold et
O tanque é controlado por um microcomputador al., 1982, 1984).
que calcula a vazão de saída que mais amortece a

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183

NOMENCLATURA

Símbolo Descrição Unidade


a Razão de recirculação do licor Misto (Qa/Qi) -
ADS Área superficial do decantador secundário m2
bOHO Velocidade específica de perda de massa endógena dos OHOs d-1
Cbr Constante de custo do biorreator -
DQOb,i DQO solúvel do afluente mgDQO/L
DQOe DQO total do efluente mgDQO/L
DQOe(filt) DQO solúvel do efluente mgDQO/L
DQOe(unfilt) DQO total do efluente mgDQO/L
CDS Constante de custo do decantador secundário -
fa Fração de OHOs no lodo ativado mgSSV/mg/SSV
fat,OHO Fração de OHOs no lodo ativado como SST mgSSTmgSST
fav,OHO Fração de OHOs no lodo mgSSV/mg/SSV
fcv,OHO Razão DQO/SSV do lodo mgDQO/mg/SSV
fSSF,OHO Conteúdo inorgânico do lodo mgSSF/mgDQO
fq Fator de pico de vazão (VEP/VMD) L/L
fSU,DQOi Fração não biodegradável solúvel da DQO afluente -
fXU,DQOi Fração não biodegradável particulada da DQO afluente -
fVT Razão SSV/SST do lodo mgSSV/mgSST
fXE,OHO Fração não biodegradável dos OHOs mgDQO/mgDQO
FDQOb,i Fluxo diário de DQO biodegradável do afluente mgDQO/d
FDQOe Fluxo de DQO do efluente mgDQO/d
FDQOa Fluxo diário de DQO total do afluente mgDQO/d
FDQOSSV Fluxo diário de matéria orgânica particulada produzida mgDQO/d
FOC Fluxo diário de oxigênio utilizado mgO2/d
FXu,i Fluxo diário de DQO particulada não biodegradável do afluente mgDQO/d
FXSSF,i Fluxo diário de matéria inorgânica particulada do afluente mgSSI/d
FXUv,i Fluxo diário de matéria particulada não biodegradável do afluente mgSSV/d
FXSST Fluxo diário de sólidos totais produzidos mgSST/d
FXSSV Fluxo diário de sólidos voláteis produzidos mgSSV/d
SSI Matéria sólida em suspensão inorgânica do lodo ativado mgSSI/L
HRTa Tempo de retenção hidráulica real d
IVLA3.5 Índice volumétrico específico de lodo diluído agitado para a 3,5 g mL/gSST
SST/L
IVLD Índice volumétrico de lodo diluído mL/gSST
MXOHOv Massa de OHO no biorreator mgSSV
MXE,OHOv Massa de resíduo endógeno no biorreator mgSSV
MXSSF Massa de matéria inorgânica particulada afluente ao biorreator mgSSI
MXUv Massa de matéria não biodegradável afluente ao biorreator mgSSV
MXSST Massa de sólidos no biorreator mgSST
MXSSV Massa de sólidos em suspensão voláteis no biorreator mgSSV
Oc Taxa de utilização de oxigênio carbonácea mgO2/L.d
Pbr Constante de custo energia no biorreator -
Psst Constante de custo de energia no decantador secundário -
Qa Vazão de recirculação do licor misto L/d
Qe Vazão efluente L/d
Qi Vazão efluente L/d
Qi,VMPS Vazão afluente (média em período seco) L/d

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184

Símbolo Descrição Unidade


qi,VPPC Taxa de escoamento superficial no decantador secundário para vazão m/h
de pico em período chuvoso
Qi,VPPC Vazão de pico no período chuvoso sobre o decantador secundário L/d
Qs Vazão de recirculação de lodo L/d
Qw Vazão de descarte de lodo do biorreator L/d
rhin Constante de sedimentação do lodo L/g
s Razão de recirculação de lodo de fundo (Qs/Qi) -
Ss DQO solúvel prontamente biodegradável mgDQO/L
SU,e DQO solúvel não biodegradável do efuente mgDQO/L
SU,i DQO solúvel não biodegradável do afuente mgDQO/L
TRS Tempo de retenção de sólidos d
V0 Velocidade inicial de sedimentação m/h
VR Volume do biorreator m3
VS Velocidade de sedimentação por zona m/h
X Matéria particulada do lodo ativado mgSST/L
XOHOv Biomassa dos OHO mgSSV/L
XE,OHOv Resíduo endógeno dos OHOs no lodo ativado mgSSV/L
XU Matéria não biodegradável afluente ao lodo ativado mgDQO/L
XUv Matéria não biodegradável afluente ao lodo ativado mgSSV/L
XFSSi Concentração de inorgânicos no afluente mgSSI/L
XsR Concentração de sólidos em suspensão no lodo recirculado do mgSST/L
decantador secundário
XS,i DQO particulada não biodegradável afluente mgDQO/L
XTSS Material particulado do lodo ativado mgSST/L
XVSS Matéria orgânica do lodo ativado mgSSV/L
XVSS,e Matéria volátil particulada no efluente mgSSV/L
YOHO Produção de DQO dos OHOs mgDQO/mgDQO
YOHOv Produção de SSV dos OHOs mgSSV/mgDQO

ABREVIATURAS
Abreviatura Descrição

A/M Razão alimento/microrganismos


AGV Ácidos graxos voláteis
ALS Amônia livre e salina
APDI Aeração prolongada com decantação intermitente
DBO Demanda biológica de oxigênio
DLA Descarte de lodo ativado
DP Decantador Primário
DQO Demanda química de oxigênio
DQORB DQO rapidamente biodegradável
DS Decantador secundário
EBPR Enhanced biological phosphorus removal, Remoção biológica avançada de fósforo
EP Equivalente por pessoa
FC Fator de carga
IVL Índice volumétrico de lodo
IVLA Índice volumétrico de lodo agitado
IVLD Índice volumétrico de lodo diluído
Lodo ativado Lodo ativado

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Abreviatura Descrição
ND Nitrificação-desnitrificação
NKT Nitrogênio total Kjeldahl
OHOs Organismos heterotróficos ordinários
Oxigênio dissolvido Oxigênio dissolvido
PAOs Phosphorus accumulating organisms/Organismos acumuladores de fósforo
RBN Remoção biológica de nutriente
SS Sólidos em suspensão
SSE Sólidos em suspensão no efluente
SSI Componente inorgânico da massa de sólidos sedimentáveis
SSRB Sólidos em suspensão no reator biológico
SST Sólidos em suspensão total
SSVRB Sólidos em suspensão voláteis no reator biológico
TRH Tempo de retenção hidráulica
TRS Tempo de retenção de sólidos (idade do lodo)
VL Volume de lodo sedimentado
VMPS Vazão Média em período seco
VPPC Vazão de pico em tempo úmido

Símbolo Explicação Unidade


θb,OHO Coeficiente de temperatura de Arrhenius para a velocidade de respiração -
endógena dos OHOs
φ Diâmetro do decantador secundário m

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Figura 4.19 ‘O turno da noite’, micro-organismos ‘no trabalho’, ETE Blue Plains, Washington DC (Foto: D. Rosso)
187

5 Remoção de Nitrogênio
George A. Ekama, Mark C. Wentzel† e Mark C.M. van
Loosdrecht
Tradução: Theo Syrto Octavio de Souza

5.1 INTRODUÇÃO À NITRIFICAÇÃO


A nitrificação ocorre em duas etapas
O termo nitrificação refere-se ao processo sequenciais de oxidação: (i) os OOAs convertem a
biológico em que a amônia livre e salina (ALS) é amônia livre e salina em nitrito, e (ii) os OONs
oxidada a nitrito e a nitrato. A nitrificação é convertem o nitrito em nitrato. Os organismos
mediada por organismos quimioautotróficos nitrificantes utilizam amônia e nitrito
específicos, com características comportamentais principalmente para atender às suas demandas de
que os diferem significativamente dos organismos energia (catabolismo), mas uma fração de amônia
heterotróficos ordinários (OHO). Enquanto os é também usada para o anabolismo, de forma a
OHOs obtêm o carbono (anabolismo) e a energia atender à necessidade de nitrogênio para síntese do
(catabolismo) requeridos para síntese celular a material celular. A demanda de amônia para
partir dos mesmos compostos orgânicos, síntese, entretanto, é uma fração insignificante do
organismos nitrificantes autotróficos (ONAs) total de amônia nitrificado a nitrato pelos
obtêm o carbono requerido (anabolismo) a partir do organismos nitrificantes, alcançando no máximo
CO2 dissolvido e a energia requerida (catabolismo) 1%. Consequentemente, é usual que modelos em
para síntese celular por meio da oxidação de estado estacionário ignorem as demandas de
amônia a nitrito e de nitrito a nitrato. Esta diferença nitrogênio para síntese de organismos nitrificantes
resulta em coeficientes de produção celular para os e que considerem que os mesmos organismos
nitrificantes autotróficos muito inferiores (1/5) aos simplesmente agem como catalisadores biológicos
observados para os OHOs. Os objetivos deste no processo de nitrificação. Esta abordagem
capítulo são apresentar uma breve revisão da estequiométrica simplifica significativamente a
cinética da nitrificação, destacar os fatores que descrição da cinética do processo. As duas reações
influenciam este processo biológico e estabelecer o estequiométricas redox da nitrificação são:
procedimento para dimensionamento de sistemas
de lodo ativado com nitrificação. É bem conhecido 3
NH4+ + O (OOAs)
que a nitrificação é realizada por dois gêneros 2 2
específicos de bactérias autotróficas, organismos → NO−2 + H2 O + 2H + (5.1a)
oxidadores de amônia (OOAs) e organismos
1
oxidadores de nitrito (OONs). Originalmente, NO−2 + O (OOAs)
acreditava-se que somente Nitrosomonas e 2 2
→ NO−3 (5.1b)
Nitrobacter mediavam a nitrificação, mas técnicas
de biologia molecular recentes mostraram que há
A demanda estequiométrica de oxigênio para a
diversos gêneros de organismos nitrificantes.
primeira e segunda reações são de 3/2 • 32/14 =

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188

3,43 e 1/2 • 32/14 = 1,14 mgO2/mgN (também ser formulada em termos da equação de Monod. De
escrita como mgO2/mgN-ALS). Assim, a fato, a cinética de Monod foi aplicada à nitrificação
conversão estequiométrica de amônia em nitrato, antes mesmo de sua aplicação para modelação da
ambos expressos como N, requer 2 • 32/14 = 4,57 cinética da quebra de compostos orgânicos por
mgO2/mgN utilizado. Considerando a amônia organismos heterotróficos. O uso bem-sucedido da
utilizada para síntese de material celular dos nitrificação incitou Lawrence e McCarty (1972) a
organismos nitrificantes, a demanda de oxigênio aplicá-la ao sistema de lodo ativado. Monod
por mgN-ALS nitrificado é ligeiramente menor, estabeleceu que (i) a massa de organismos gerada é
com valores relatados de até 4,3 mgO2/mgN-ALS. uma fração fixa da massa de substrato (neste caso,
Esta abordagem é adotada em modelos de amônia) utilizada e que (ii) a taxa específica de
simulação como o ASM1 (Henze et al., 1987) e é crescimento, ou seja, a taxa de crescimento por
uma das razões para a pequena diferença entre os unidade de massa de organismos, é relacionada à
resultados previstos em simulações com modelos concentração de substrato no entorno dos
estequiométricos em estado estacionário e com organismos.
modelos de simulação mais complexos. A partir de (i):

MΔXONA = YONAMΔSNHx (5.2)


5.2 CINÉTICA MICROBIANA onde:
MΔXONA massa de organismos nitrificantes
5.2.1 Crescimento autotróficos produzida (mgSSV)
MΔSNHx massa de amônia como N utilizada
Para formular o comportamento da nitrificação, é (mgN-ALS)
necessário entender aspectos básicos da cinética YONA coeficiente de produção celular para
microbiana de crescimento dos OOAs. A taxa de nitrificantes (mgSSV/mgN)
conversão de amônia em nitrito pelos OOAs é
geralmente muito mais lenta que a de nitrito em Considerando as variações em um intervalo de
nitrato pelos OONs. Portanto, na maior parte dos tempo t e assumindo que as mesmas são muito
casos em estações de tratamento de esgoto, todo pequenas, pode-se escrever:
nitrito formado é convertido virtualmente de
dXONA dSNHX
imediato em nitrato. Como consequência, = YONA [− ] (mgONASSV/L.d) (5.3)
dt dt
geralmente baixas concentrações de nitrito (< 1
mgN/L) são observadas no efluente de uma estação
A partir de (ii), Monod desenvolveu a seguinte
recebendo afluente livre de substâncias inibidoras
correlação, conhecida como equação de Monod:
aos OONs. A taxa limitante na sequência de duas
etapas da nitrificação é, desta forma, a conversão μONA,max SNHX
de amônia em nitrito pelos OOAs. Então, do ponto μANO = (mgSSV/mgSSV.d) (5.4)
KONA,T +SNHX
de vista de modelação em estado estacionário, só é onde:
necessário considerar a cinética deste grupo de μONA taxa específica de crescimento na
organismos. Já que o nitrito produzido é concentração de amônia (L/d)
virtualmente nitrificado de imediato a nitrato, μONA,max taxa específica máxima de crescimento
assume-se que os OOAs nitrificam a amônia (mgSSVONA/mgSSVONA.d)
diretamente a nitrato e a cinética da nitrificação se KONA constante de meia-saturação, ou seja,
limita ao comportamento cinético dos OOAs. concentração na qual μONA = ½ μONA,max
(mgN/L)
Experimentos realizados por Downing et al. SNHx concentração de amônia no meio
(1964) mostraram que a taxa de nitrificação pode líquido (mgN/L)

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189

As constantes de Monod para os OOAs, taxa de oxigênio são superestimados, visto que uma
específica máxima de crescimento (μONA,max) e pequena proporção (1%) de ALS é utilizada pelos
constante de meia-saturação (também conhecida organismos nitrificantes para síntese celular.
como constante de afinidade, KONA), são sensíveis Baseado na fórmula empírica para massa celular
à temperatura, geralmente decrescendo com a dos organismos, C5H7O2N, Brink et al. (2007)
diminuição da temperatura. Um subscrito T mostra que para cada 1 mgN-ALS consumido, 0,99
adicional nos símbolos refere-se à temperatura em mgN de nitrato e 0,076 mgSSVONA são gerados,
o
C. e 4,42 mgO2 são utilizados.

A taxa de crescimento é dada pelo produto da A aplicação da cinética de crescimento de


taxa específica de crescimento e a concentração de Monod à nitrificação por Downing et al. (1964) é
organismos nitrificantes autotróficos (XONA): provavelmente uma das mais bem-sucedidas na
pesquisa em cinética microbiana para tratamento
dXONA μONA,max,T SNHX
= μONA,T XONA = XONA de águas residuárias; tanto que, atualmente, a
dt KONA,T +SNHX
cinética de Monod é comumente utilizada para
(mgSSVONA/L.d) (5.5) expressar taxas de muitos processos biológicos em
termos de concentrações limitantes de nutrientes
A taxa de conversão de amônia é encontrada a para crescimento. A cinética de crescimento de
partir da combinação das eqs. 5.3 e 5.5, ou seja, Monod requer que três constantes sejam
dSNHX μONA,max,T SNHX
conhecidas: o coeficiente de produção celular
1
=− XONA (YONA), a taxa específica máxima de crescimento
dt YONA KONA,T +SNHX

(mg N-ALS/L.d) (5.6) (μONA,max) e a constante de meia-saturação (KONA).

Como a nitrificação no modelo em estado O coeficiente de produção celular para


estacionário é assumida como estequiométrica, isto organismos nitrificantes representa a massa de
é, os organismos nitrificantes atuam somente como organismos produzida por unidade de massa de
catalisadores no processo, a taxa de formação de nitrogênio como substrato consumida. Evidências
nitrato é igual à taxa de conversão de ALS, ou seja: de que esse coeficiente não é constante, podendo
variar de acordo com condições de crescimento,
dSNO3 dSNHX 1 μONA,max,T SNHX foram apresentadas na década de 1960, quando o
= − = XONA
dt dt YONA KONA,T +SNHX modelo de nitrificação foi desenvolvido.
- Entretanto, Downing et al. (1964) afirmaram que
(mg N-NO3 /L.d) (5.7)
as diferenças nas concentrações de SSV obtidas a
onde: partir de diferentes valores de YONA não afetam a
SNO3 concentração de nitrato (mgN-NO3-/L) taxa específica máxima de crescimento (μONA,max)
determinada experimentalmente, desde que um par
A taxa de consumo de oxigênio associada à coerente de μONA,max e YONA seja utilizado. Isto
nitrificação é baseada na demanda estequiométrica ocorre porque μONA,max é obtido a partir de uma taxa
de oxigênio de 4,57 mgO2/mgN-ALS nitrificado a específica máxima de nitrificação observada
nitrato, calculado abaixo, ou seja: (KNIT,max, em mg N-ALS nitrificado por mg
dSNHX
ONIT = 4,57 = 4,57
dSNO3 SSVONA por dia), que é igual a μONA,max/YONA. Se
dt dt
(mgO2/L.d) (5.8) for selecionado um valor baixo de YONA, o valor de
Porém, considerando a conversão μONA,max também será baixo, e vice-versa. Para
estequiométrica de ALS a nitrato, conforme eqs. evitar confusões a respeito das taxas μONA,max
5.7 e 5.8 acima, a geração de nitrato e o consumo determinadas experimentalmente, um valor padrão
de YONA = 0,10 mgSSV/mgN-ALS ou 0,15

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mgDQO/mgN-ALS foi adotado para modelos de 5.2.3 Respiração endógena


lodo ativado em estado estacionário e dinâmicos
aplicados a estações de tratamento de esgoto. É usualmente aceito que todos os organismos estão
sujeitos a alguma forma de perda de biomassa
devido às demandas de energia para manutenção ou
5.2.2 Comportamento do crescimento endogenia. Este comportamento se manifesta
A Figura 5.1 mostra a relação entre a taxa quando a biomassa utiliza completamente seu
específica de crescimento, μONA, a taxa específica substrato externo; seus SSV decrescem e ela
de utilização de substrato (ALS) ou taxa de continua consumindo oxigênio ao longo do tempo.
nitrificação, KNIT, e a concentração de ALS no meio Este processo é denominado respiração endógena.
líquido, SNHx, conforme descrita pela equação de Diferentes organismos apresentam diferentes taxas
Monod (Eq. 5.4). de respiração endógena. Para os OHOs, esta taxa é
bastante alta (bOHO,20 = 0,24/d), enquanto para os
OOAs ela é baixa (bONA,20 = 0,04/d). O processo de
respiração endógena para os OOAs é modelado
exatamente da mesma maneira que para os OHOs,
ou seja:

dXONA
= − bONA,T XONA
dt
(mg SSVONA/L.d) (5.9)
onde:
bONA,T taxa específica de respiração endógena
o
para nitrificantes a T C
(mgSSVONA/mgSSVONA.d)

Figura 5.1 A equação da taxa específica de crescimento


de Monod para nitrificação, a 20 oC. 5.3 CINÉTICA DO PROCESSO
As constantes de taxa selecionadas são O sistema de lodo ativado básico modelado para
μONA,max,20 = 0,45/d, YONA = 0,10 mg SSVONA nitrificação é um único reator de mistura completa
formados por mg N-ALS nitrificado, resultando em com controle hidráulico da idade do lodo (ver
KNIT,max = 4,5 mgN-ALS/mgSSVONA.d e KONA,20 Figura 4.2). Este sistema, em estado estacionário,
= 1,0 mgN/L. A característica interessante deste fornece as informações necessárias para o
comportamento de crescimento nitrificante é que, dimensionamento da nitrificação. A principal
devido a KONA,20 ter valor tão baixo (~1 mgN- solução em estado estacionário desejada é a
ALS/L), a taxa de nitrificação é praticamente concentração de amônia efluente (SNHx,e). Esta
máxima para concentrações > 2 mgN-ALS/L. solução constitui-se na base para análise do
Porém, em concentrações < 2 mgN/L, a taxa comportamento do processo de nitrificação e
rapidamente decresce até zero. A implicação disto fornece informação para dimensionamento de um
é que, quando a nitrificação ocorre, ela será quase sistema de lodo ativado incluindo este processo.
completa (desde que todas as outras exigências Esta informação é também suficiente para entender
sejam atendidas; ver a seguir), mas a concentração a modelação do processo de nitrificação em
de amônia não é prontamente reduzida a zero. modelos de simulação de lodo ativado, como o
ASM1.

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191

5.3.1 Concentração de amônia efluente SNHx,e versus idade do lodo (TRS), é apresentado na
Figura 5.2. Para valores de idade do lodo maiores,
Um balanço de massa das variações da massa de SNHx,e é bastante baixa e assim permanece até que a
nitrificantes, MΔXONA, em torno do sistema de idade do lodo seja reduzida para cerca de 4 d.
mistura completa em estado estacionário, é dado Abaixo de 4 d, SNHx,e aumenta rapidamente e, de
por: acordo com a Eq. 5.11, pode exceder a
concentração de ALS afluente, SNHx,a. Isto,
MΔXONA = VR ΔXONA = naturalmente, não é possível, então o limite da
μONA,max,T SNHX
. XANO VR ∆t − bONA,T XONA VR ∆t − validade da Eq. 5.11 é SNHx = SNHx,a. Substituindo
KONA,T + SNHX
XONA Q d ∆t SNHx por SNHx,a na Eq. 5.11 e rearranjando para
(mg SSVONA) (5.10a) determinação de TRS resulta na idade do lodo
mínima para nitrificação, TRSmin, com a qual,
onde: teoricamente, a nitrificação não pode ocorrer, ou
VR volume do reator (L) seja:
Qd vazão de descarte de lodo do reator 1
(L/d) TRSmin = KONA,T
(d)
(1+ )μONA,max,T −bONA,T
SNH
X,a

Dividindo por VRΔt resulta em: (5.12)

∆XONA μONA,max,T SNHX Esta idade do lodo mínima varia levemente com a
= . XONA,T − bONA,T XONA −
∆t KONA,T +SNHX magnitude de SNHx,a (Figura 5.2); valores maiores
Qd
XONA de SNHx,a resultam em valores ligeiramente
VR
inferiores de TRSmin. O efeito de SNHx,a em TRSmin
(5.10b)
é diminuto porque a magnitude de KONA,T é muito
pequena em relação a SNHx,a (< 5%). Portanto, para
Em condições de estado estacionário (vazão e SNHx,a > 20 mgN/L (raramente será menor que este
carga constantes), ΔXONA/Δt é igual a zero e, a valor), e considerando que KONA,20 ~1 mgN/L,
partir da Eq. 4.1, Qd/VR = TRS – Tempo de então KONA,T/SNHx,a é insignificante comparado a 1
Retenção de Sólidos. (< 5%). Assim, substituindo KONA,T/SNHx,a por zero
na Eq. 5.12 resulta em:
Substituindo estes valores e rearranjando para
1
determinação da concentração de amônia no reator TRSmin = (d)
μONA,max,T − bONA,T
(SNHx) e, portanto, também da concentração de (5.13)
amônia efluente (SNHx,e), devido à definição de
mistura completa, resulta em:

KONA,T (bONA,T +1/TRS)


SNHX = SNHX,e =
μONA,max,T − (bONA,T +1/TRS)
(mgN/L) (5.11)

A partir da Eq. 5.11, as concentrações de


amônia no reator (SNHx) e no efluente (SNHx,e) são
independentes do coeficiente de produção celular
(YONA) e da concentração de amônia afluente
(SNHx,a). Usando μONA,max,20 = 0,33/d e KONA,20 = 1,0
mgN/l a 20 oC, e assumindo bONA,T = 0,04/d (Figura
5.1), o gráfico gerado a partir da Eq. 5.11, com

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192

de meia-saturação de Monod para nitrificantes


(KONA,20). Isto significa que, em um sistema
específico, conforme a idade do lodo aumenta, ao
se atingir TRS > TRSmin uma alta eficiência de
nitrificação será observada, desde que ALS seja o
nutriente limitante para o crescimento, ou seja,
todas as outras condições (como oxigênio) sejam
atendidas. Consequentemente, em estado
estacionário e com o aumento da idade do lodo,
seria esperado que um sistema de lodo ativado ou
absolutamente não nitrifique ou, caso haja
nitrificação, nitrifique de maneira praticamente
completa, dependendo se a idade do lodo é menor
ou maior que a mínima (TRSmin), respectivamente.
Por outro lado, conforme a idade do lodo diminui,
seria esperado que que um sistema de lodo ativado
Figura 5.2 Concentração de amônia efluente versus idade
nitrifique de maneira praticamente completa e
do lodo para modelo de nitrificação em estado
abruptamente a nitrificação cesse, dependendo se a
estacionário.
idade do lodo é maior ou menor que a mínima
(TRSmin). Este comportamento ocasionalmente
Para todas as aplicações práticas, considerando
ocorre em sistemas de lodo ativado em escala plena
a incerteza de μONA,max, a Eq. 5.13 descreve
em que, por muitos anos, houve nitrificação de
adequadamente a idade do lodo mínima para
maneira praticamente completa e, subitamente, em
nitrificação. Conceitualmente, a Eq. 5.13 exprime
um inverno, a nitrificação é interrompida e o
que a taxa de multiplicação de nitrificantes efetiva
sistema produz efluente com altas concentrações de
(o inverso da taxa específica máxima de
ALS. Desde que o fornecimento de oxigênio não
crescimento efetiva, μONA,max – bONA) é mais lenta
seja limitado, o que ocorre nestas situações é que,
que a taxa de captura de nitrificantes via vazão de
ao longo dos anos, a carga orgânica (DQO) afluente
descarte de lodo, então estes organismos não
ao sistema aumentou e, de forma a manter a
podem ser mantidos no sistema e a nitrificação não
concentração de SSV nos níveis desejados no
ocorrerá. Para idades do lodo menores que a
reator, o descarte de lodo (Qd) foi intensificado, o
mínima para nitrificação, os organismos
que reduziu a idade do lodo. Então, acoplado com
nitrificantes são “lavados” do sistema, sendo
baixas temperaturas no inverno, a idade do lodo do
denominadas de idades do lodo que ocasionam
sistema passa a ser mais baixa que a mínima, e a
“lavagem”. Este conceito de “lavagem” pode ser
nitrificação cessa. Isto não ocorre com o controle
aplicado a qualquer grupo de organismos em um
hidráulico da idade do lodo, em que uma proporção
biorreator, e define a idade do lodo abaixo da qual
fixa do volume do reator é descartada diariamente
o bioprocesso não ocorre, visto que os organismos
de forma a estabelecer uma idade do lodo
que o intermediam não permanecem no sistema.
constante. Entretanto, o decantador secundário
pode ficar sobrecarregado conforme a
O valor praticamente constante de TRS min no
concentração de SST aumenta com o tempo,
que tange à concentração de ALS afluente (para
dependendo da sedimentabilidade com o lodo
valores fixos de μONA,max,T e bONA,T) e o rápido
ativado (ver Capítulo 4, Seção 4.10). O operador,
decréscimo da concentração de ALS efluente para
portanto, pode escolher a forma como um sistema
idades do lodo ligeiramente superiores a TRSmin
de lodo ativado colapsa com o aumento da carga
são devidos aos valores muitos baixos da constante

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orgânica; não precisa ser com a nitrificação e, amostras da mesma fonte de esgoto. Esta
portanto, nem com a remoção de N. especificidade é tão marcante que μONA,max,T não
deveria ser classificada como uma constante
cinética, mas sim como uma característica do
5.4 FATORES QUE INFLUENCIAM A esgoto. O efeito parece ter natureza inibitória
NITRIFICAÇÃO devido a algumas substâncias no esgoto afluente.
Aparentemente não é uma questão de toxicidade,
A partir da discussão anterior, pode-se observar pois uma alta eficiência de nitrificação pode ser
que há vários fatores que afetam o processo de atingida mesmo com um baixo valor de μONA,max,T,
nitrificação, a idade do lodo mínima necessária se a idade do lodo for alta o suficiente. Estas
para sua ocorrência e a concentração de ALS substâncias inibitórias têm maior probabilidade de
efluente do sistema de lodo ativado, ou seja: estarem presentes em esgoto sanitário que têm
1. A magnitude da “constante” cinética alguma contribuição industrial. Em geral, quanto
μONA,max,20, visto que esta taxa varia maior a contribuição industrial, menor o valor de
consideravelmente para diferentes tipos μONA,max,T, mas os compostos químicos específicos
de esgoto. que causam esta redução não foram claramente
2. A temperatura, pois ela diminui a taxa definidos.
μONA,max,20 e aumenta a constante KONA,20.
3. As zonas não aeradas do reator, já que os Uma temperatura padrão de 20 oC foi adotada
OOAs são aeróbios obrigatórios e para apresentar valores de μONA,max levando em
somente podem crescer em condições conta o efeito da temperatura. Faixa de valores de
aeróbias. μONA,max,20 de 0,30 a 0,75 /d foi relatada para esgoto
4. A concentração de oxigênio dissolvido sanitário. Estes dois limites terão um efeito
(OD), pois a cinética de Monod presume significativo na magnitude da idade mínima do
que a ALS é o nutriente limitante, lodo para nitrificação. Dois sistemas, possuindo
implicando que o fornecimento de estes respectivos valores de μONA,max,20,
oxigênio deve ser adequado. apresentarão valores de TRSmin diferindo em 250%.
5. Vazões e cargas cíclicas, visto que a ALS Evidentemente, devido à ligação entre a idade do
é dissolvida e, portanto, a concentração de lodo e μONA,max,T, o valor desta última deveria
ALS no reator (e no efluente) é afetada sempre ser estimado experimentalmente para
pelo tempo de detenção hidráulica real e otimização no dimensionamento. Na ausência
instantâneo; a maior parte da ALS que desta medida, um baixo valor de μONA,max,T deverá
não é nitrificada durante o tempo de ser necessariamente escolhido para garantir a
detenção hidráulica real escapa com o ocorrência da nitrificação. Se na realidade
efluente. μONA,max,T for maior, a idade do lodo do sistema será
6. O pH do reator, pois μONA,max,20 é mais longa e o volume do reator será maior que o
fortemente suprimida em valores de pH necessário. Porém, o investimento em um reator
fora da faixa de 7 a 8. maior não será perdido, já que, no futuro, o sistema
será capaz de tratar uma carga orgânica mais alta
Estes seis fatores são discutidos a seguir. com idade do lodo menor. Procedimentos
experimentais para determinar μONA,max,20 são
5.4.1 Origem do afluente encontrados na literatura, por exemplo em WRC
(1984).
Observou-se que a taxa específica máxima de
crescimento, μONA,max,T, é bastante específica para Já bONA,20 é assumida como constante para todo
cada tipo de esgoto e também varia entre diferentes esgoto sanitário, com bONA,20 = 0,04 /d. Seu efeito é

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pequeno, então não há necessidade de se investigar temperaturas mais altas compensa o aumento de
detalhadamente todos os fatores que a afetam. Há KONA,T, de forma que a ALS efluente diminui com
pouca informação disponível sobre o efeito de o aumento da temperatura.
agentes inibidores em KONA,T; é muito provável que
KONA,T aumenta com a inibição. 5.4.3 Zonas não aeradas

5.4.2 Temperatura O efeito de zonas não aeradas na nitrificação pode


ser formulado com base nas seguintes premissas:
As “constantes” μONA,max,T, KONA,T e bONA,T são 1. Os organismos nitrificantes, sendo aeróbios
sensíveis à temperatura, com as duas primeiras obrigatórios, crescem somente na zona
apresentando alta sensibilidade, enquanto admite- aeróbia de um sistema.
se que a taxa de respiração endógena tem a mesma 2. A respiração endógena dos organismos
baixa sensibilidade à temperatura que os OHOs, ou nitrificantes ocorre tanto em condições
seja: aeróbias quanto não aeradas.
3. A proporção de OOAs nos SSV tanto na zona
(T−20)
μONA,max,T = μONA,max,20 ΘNIT aerada quanto na zona não aerada é a mesma,
(L/d) (5.14a) de forma que as frações da massa de lodo nas
diferentes zonas do sistema também refletem
(T−20) a distribuição da massa de nitrificantes.
K ONA,T = K ONA,20 ΘNIT
(mgN/L) (5.14b)
A partir das premissas 1 a 3 acima, pode-se
bONA,T =
(T−20)
bONA,20 ΘNIT mostrar que se uma fração fxt da massa total de lodo
é não aerada, ou seja, (1 - fxt) é aerada, a amônia
(L/d) (5.14c)
efluente é dada por:
onde: KONA,T (bONA,T +1/TRS)
θNIT sensibilidade à temperatura da SNHX,e =
μONA,max,T (1− fxt )− (bONA,T +1/TRS)
nitrificação = 1,123 (5.15)
θb,ONA sensibilidade à temperatura da
respiração endógena para OOAs = A Equação 5.15 é idêntica em sua estrutura à
1,029 Eq. 5.11, se for visualizado o efeito da massa não
aerada (fxt) na redução do valor de μONA,max,T para
O efeito da temperatura em μONA,max,T é μONA,max,T (1 – fxt), o que está em conformidade com
particularmente forte. Para cada decréscimo de 6 oC as premissas 1 a 3 acima. Esta abordagem das
na temperatura, o valor de μONA,max,T é reduzido pela frações de massa de lodo é compatível com a
metade, o que significa que a idade do lodo mínima cinética da nitrificação em modelos de simulação
para nitrificação dobra. O dimensionamento de de lodo ativado como a ASM1 e o ASM2 (Henze
sistemas para nitrificação deve, portanto, ser et al., 1987, 1995). Nestes modelos, o crescimento
baseado na temperatura mínima esperada para o dos organismos nitrificantes ocorre somente na
sistema. A sensibilidade à temperatura de KONA,T zona aeróbia e a respiração endógena ocorre em
também é forte, com seu valor dobrando para cada todas as zonas. A abordagem das frações de massa
6 oC de aumento na temperatura. Isto não afeta a de lodo não é compatível com a abordagem da
idade mínima do lodo para nitrificação, mas afeta a idade do lodo aeróbio, que é utilizada em alguns
concentração de ALS efluente; quanto maior o processos de dimensionamento de sistemas de lodo
valor de KONA,T, maior a ALS efluente para TRS >> ativado com nitrificação-desnitrificação (LAND)
TRSmin. Entretanto, o maior valor de μONA,max,T em (WEF, 1998; Metcalf e Eddy, 1991). Na

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abordagem da idade do lodo aeróbio, admite-se que carga de amônia (ver abaixo). Consequentemente,
os processos de crescimento e endogenia dos para garantir baixas concentrações de amônia
organismos nitrificantes são ativos somente na efluente, a taxa específica máxima de crescimento
zona aeróbia, com nenhum deles ativo na(s) de nitrificantes deve ser reduzida por um fator de
zona(s) não aerada(s). Esta abordagem da idade do segurança, Sf, de forma a fornecer o valor de
lodo aeróbio não é compatível com os modelos de projeto da fração aeróbia mínima da massa de lodo;
simulação ASM1 e ASM2, de forma que previsões a partir da Eq. 5.18:
significativamente diferentes podem ser esperadas
para o comportamento da nitrificação a partir do (1 − fx,max ) = (bONA,T + 1/TRS)/(μONA,max,T /
processo de dimensionamento com idade do lodo Sf )
aeróbio e dos modelos da série ASM. (5.19a)

Seguindo o mesmo raciocínio da Eq. 5.13 A fração não aerada máxima da massa de lodo
anterior, pode-se mostrar que a idade do lodo correspondente, a partir da Eq. 5.19, é:
mínima para nitrificação, TRSmin, em um sistema
com nitrificação-desnitrificação (ND) que
fx,max = 1 − Sf (bONA,T + 1/TRS)/μONA,max,T
apresenta uma fração de massa não aerada, fxt, é:
(5.19b)
1
TRSmin = (5.16)
μONA,max,T (1− fxt )− bONA,T Com auxílio das equações de dependência da
temperatura na nitrificação (Eq. 5.14), a fração não
Alternativamente, se TRS for especificado, aerada máxima da massa de lodo (fx,max), a partir da
então a fração aeróbia mínima da massa de lodo (1 Eq. 5.19, é apresentada na Figura 5.3 para Sf = 1,25
– fx,max) que deve estar presente para a ocorrência e μONA,max,20 com valores de 0,25 a 0,50, a 14 oC.
da nitrificação é obtida substituindo TRS min por
TRS, e fxt por fx,max, na Eq. 5.16, e rearranjando o Isto mostra que fx,max é muito sensível a
termo (1 – fx,max), ou seja: μONA,max,T. A não ser que uma fração aeróbia da
massa de lodo (1 – fx,max) suficientemente grande
(1 − fx.max ) = (bONA,T + 1/TRS)/μONA,max,T seja fornecida, a nitrificação não ocorrerá e,
(5.17) consequentemente, a remoção de nitrogênio pela
desnitrificação não será possível. De fato, a escolha
ou, de forma equivalente, a partir da Eq. 5.17, a da fração não aerada máxima da massa de lodo para
fração não aerada máxima admissível da massa de alcançar nitrificação quase completa e o grau de
lodo com uma idade do lodo TRS é: remoção de N requerido é a decisão mais
importante a ser tomada no dimensionamento de
fx,max = 1 − (bONA,T + 1/TRS)/μONA,max,T sistemas de lodo ativado com remoção biológica de
(5.18) nutrientes (RBN), visto que ela define a idade do
Para uma idade do lodo fixa, TRS, o valor de lodo do sistema e, para uma determinada
projeto para a fração aeróbia mínima da massa de concentração de Sólidos em Suspensão do Reator
lodo (1 – fx,max) deve sempre ser significativamente Biológico - SSRB, também o volume do reator.
mais alto que o dado pela Eq. 5.18, pois a
nitrificação se torna instável e a concentração de
amônia efluente aumenta quando a fração aerada da
massa de lodo decresce para valores próximos ao
mínimo, conforme a Eq. 5.18. Este fenômeno é
intensificado para condições cíclicas de vazão e

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de μONA,max,20 e de Sf tem grandes consequências


para a concentração de ALS efluente e aspectos
econômicos do sistema LAND (Lodo Ativado com
Nitrificação e Desnitrificação).

5.4.3.1 Fração não aerada máxima


admissível da massa de lodo

As equações acima permitem que duas das mais


importantes decisões sejam tomadas no projeto de
um sistema LAND, a fração não aerada máxima da
massa de lodo e a idade do lodo que garantam
nitrificação quase completa. Evidentemente, de
acordo com a Figura 5.3, para μONA,max,20 > 0,50 a
Figura 5.3 Fração não aerada máxima da massa de lodo
fração não aerada a 14 oC pode alcançar 0,7 para
necessária para garantir nitrificação versus idade do lodo,
uma idade do lodo de 40 dias. Uma fração não
para taxas específicas máximas de crescimento de
aerada tão alta quanto esta aparentemente é
nitrificantes: μONA,max,20 de 0,25 a 0,50, a 14 oC e com Sf =
aceitável para TRS = 10 dias ou mais a 20 oC.
1,25.
Entretanto, há considerações adicionais que
limitam a escolha da fração não aerada/idade do
Partindo-se das Eqs. 5.15 e 5.19, pode-se lodo:
mostrar que, para vazão e carga de amônia 1) A experiência com sistemas ND (e
constantes (ou seja, estado estacionário): RBAFND - Remoção Biológica
Avançada de Fósforo com Nitrificação-
SNHX,e = K ONA,T /(Sf − 1)
Desnitrificação) em escala de bancada
(mgN/L) (5.20) mostra que, para frações não aeradas da
massa de lodo maiores que 0,40, o
De acordo com a Eq. 5.20, se Sf for escolhido, bulking filamentoso pode ser tornar um
por exemplo, com valor de 1,25 ou maior para a problema, particularmente em baixas
temperatura mínima do esgoto, a concentração de temperaturas (< 16 oC). Sistemas com
amônia efluente (SNHx,e) será menor que 2 mgN- frações não aeradas < 0,30 apresentam
ALS/l a 14 oC para KONA,20 = 1,0 mgN/L. Embora maior tendência a ter lodo com melhor
KONA seja maior para temperaturas mais altas, sedimentabilidade (Musvoto et al., 1994;
SNHx,e irá diminuir com o aumento da temperatura, Ekama et al., 1999; Tsai et al., 2003).
pois para uma idade do lodo constante Sf aumenta 2) No projeto de sistemas com RBN
com o aumento de μONA,max,T. Consequentemente, (Remoção Biológica de Nitrogênio) para
no projeto, a menor temperatura esperada deve ser alta remoção de N e P, a fração não aerada
escolhida para determinar a idade do lodo e a fração da massa de lodo, fx,max, normalmente
aeróbia da massa de lodo. Se isto for feito, por deve ser alta (> 40%). Se o valor de
exemplo com Sf = 1,25, então pode-se admitir, a μONA,max,20 for baixo (< 0,40 /d, o que é
partir da Eq. 5.20, que a concentração de amônia comum em projetos em que não há
efluente será inferior a 2 mgN/L para a menor informações suficientes disponíveis sobre
temperatura e em torno de 1 mgN/L a 20 oC. Assim, μONA,max,20), as altas magnitudes de fx,max
não é necessário calcular explicitamente SNHx,e com necessárias somente serão obtidas para
a Eq. 5.15, pois nitrificação quase completa é altas idades do lodo (Figura 5.3). Por
garantida pela escolha de Sf. Claramente, a escolha exemplo, se μONA,max,20 = 0,35 /d, então

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com Sf = 1,3 e Tmin = 14 oC, um valor de compostos orgânicos particulados


fx,max = 0,45 (Eq. 5.19b) resulta em idade biodegradáveis adsorvidos e
do lodo de 25 dias, e fx,max = 0,55 resulta aprisionados. Isto resulta em decréscimo
em idade do lodo de 37 dias. Altas idades na massa ativa e na demanda de oxigênio,
do lodo requerem grandes volumes de assim como no acúmulo de compostos
reator; o aumento do TRS de 25 para 37 orgânicos não degradados aprisionados.
dias aumenta o volume do reator em 40%, Quando isto ocorre, o sistema continua
enquanto fx,max aumenta somente 22%. em funcionamento no sentido de que a
Além disso, para o mesmo conteúdo de P DQO é removida do esgoto, mas a
na massa de lodo, a remoção de P é degradação da DQO é reduzida; o sistema
reduzida com o aumento da idade do passa a se comportar como um reator de
lodo, pois a massa de lodo descartada contato de um sistema contato-
diariamente decresce conforme a idade estabilização, ou seja, uma biofloculação
do lodo aumenta. Consequentemente, com mínima degradação. Este estado
para baixos valores de μONA,max,20, o crítico ocorre para valores mais baixos de
aumento na remoção de N e P que pode fx,max conforme a temperatura diminui e a
ser obtido aumentando-se a fração não idade do lodo é reduzida.
aerada da massa de lodo acima de 0,50 a
0,60 pode não ser econômico devido aos De acordo com a discussão acima,
grandes volumes de reator que isto aparentemente a fração não aerada não deve ser
implicará, e pode ser, inclusive, aumentada acima de um limite superior de cerca de
contraproducente, pois afeta a remoção 60%, conforme indicado na Figura 5.3, a não ser
de P. Uma idade do lodo de 30 dias é que haja uma razão muito específica.
provavelmente próxima do limite em
termos de viabilidade econômica, o que, 5.4.4 Concentração de oxigênio
para baixos valores de μONA,max,14 = 0,16, dissolvido
limitará a fração não aerada em
aproximadamente 0,5. Para valores Altas concentrações de oxigênio dissolvido, de
maiores de μONA,max,14, idades do lodo que até 33 mgO2/l, aparentemente não afetam
permitem frações não aeradas de 50% significativamente as taxas de nitrificação.
diminuem significativamente, novamente Entretanto, baixas concentrações de oxigênio
apontando as vantagens da determinação reduzem a taxa de nitrificação. Stenstrom e
experimental do valor de μONA,max,20 para Poduska (1980) sugeriram formular este efeito
se verificar se um valor maior é aceitável. como:
3) Um limite superior para a fração não
SO2
aerada fica evidente também a partir de μONA,O = μONA,max,O (L/d) (5.21)
KO +SO2
modelação experimental e teórica de
sistemas com RBN. Experimentalmente,
onde:
a 20 oC e com TRS = 20 d, se fx,max > 0,70,
SO2 concentração de oxigênio no líquido
observa-se que a massa de lodo gerada
(mgO2/L)
aumenta drasticamente. Teoricamente,
KO constante de meia-saturação (mgO2/L)
isto ocorre para fx,max > 0,60 com T = 14
o μONA,max,O taxa específica máxima de crescimento
C e TRS = 20 d. A razão para isto é que,
com OD de O (/d)
para um valor tão alto de fx,max, a
μONA,O taxa específica de crescimento com OD
exposição do lodo a condições aeróbias se
de O (/d)
torna insuficiente para utilizar os

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O valor de KO varia de 0,3 a 2 mgO2/L, ou seja, 5.4.5 Vazões e cargas cíclicas


para valores de OD abaixo de KO, a taxa de
crescimento se reduzirá para menos da metade da É bastante conhecido, tanto experimentalmente
taxa na qual o oxigênio está presente em quanto do ponto de vista teórico com modelos de
concentrações adequadas. A ampla faixa de valores simulação que, sob condições de vazões e cargas
de KO provavelmente ocorre porque a concentração cíclicas, a eficiência da nitrificação em um sistema
de OD no meio líquido não é necessariamente a de LA decresce, quando comparada à obtida para
mesma que no interior do floco biológico, onde se sistema em estado estacionário. A partir de estudos
dá o consumo de oxigênio. Consequentemente, o de simulação, durante períodos de altas vazões e/ou
valor dependerá do tamanho do floco, da cargas, mesmo que os organismos nitrificantes
intensidade de mistura e da taxa de difusão de estejam atuando com suas máximas taxas, não é
oxigênio no floco. Além disso, em um reator em possível oxidar toda a amônia disponível, e uma
escala plena, o OD irá variar ao longo do volume concentração superior de amônia é lançada com o
do reator devido à inserção de oxigênio em pontos efluente. Isto, por sua vez, reduz a massa de
específicos (com aeração mecanizada) e à nitrificantes gerada no sistema. De maneira
impossibilidade de se atingir mistura instantânea e equivalente, o efeito de variações horárias de
completa. Por estas razões, não é realmente vazões e cargas é reduzir a idade do lodo do
possível estabelecer um valor mínimo de oxigênio sistema. A concentração média efluente de amônia
para aplicação geral; cada reator terá um valor em um sistema sob condições cíclicas de vazões e
específico para as condições que prevalecem no cargas é, portanto, superior à obtida para o mesmo
mesmo. Em reatores nitrificantes com aeração por sistema sob vazões e cargas constantes (estado
bolhas, um valor popular de limite mínimo de OD estacionário). O efeito adverso de variações
para garantir nitrificação desimpedida é de 2 horárias de vazões é mais marcado conforme as
mgO2/L na superfície do meio líquido. amplitudes fracionárias das variações de vazões e
cargas aumentam, e é atenuado conforme o fator de
Sob condições de vazões e cargas cíclicas, as segurança, Sf, aumenta. Estudos de simulação do
dificuldades em garantir fornecimento de oxigênio efeito de vazões horárias mostram uma tendência
adequado à demanda e ao limite mínimo de OD são relativamente consistente entre as concentrações
combinadas (Capítulo 4, Seção 4.8.2). Em locais máximas e médias de ALS efluente sob condições
com sistema combinado (águas pluviais e esgoto), de variações horárias em relação à concentração de
onde vazões de águas pluviais não têm longa ALS efluente em estado estacionário, e a idade do
duração, a equalização das vazões é uma maneira lodo do sistema em relação à idade do lodo mínima
prática de facilitar o controle da concentração de para nitrificação (TRS/TRSmin). Para μONA,max,20 =
OD no reator. De fato, a maioria das variações 0,45 /d (outras constantes na Figura 5.1), as Figuras
horárias na concentração de compostos dissolvidos 5.4 e 5.5 mostram a concentração máxima (média
em um reator é consequência direta de variações não é mostrada) de ALS efluente em relação à
horárias da vazão; uma porção insignificante é concentração de ALS efluente em estado
devido à cinética do processo biológico, estacionário versus a idade do lodo do sistema em
especialmente para altas idades do lodo. Na relação à idade do lodo mínima para nitrificação
ausência de equalização de vazão, uma atenuação (TRS/TRSmin) para um sistema com um único
nos efeitos adversos de baixas concentrações de reator completamente aeróbio recebendo vazão
OD, em períodos de demandas de pico de oxigênio, afluente e carga de ALS cíclicas de acordo com
ocorre aumentando-se a idade do lodo para valores uma variação senoidal em fase de vazão e
significativamente maiores que o mínimo concentração de amônia, ambas com amplitudes de
necessário para nitrificação, ou seja, na realidade 0,25; 0,50; 0,75; 1,00 e 0,0 (estado estacionário) a
aumentando-se Sf. 14 oC (Figura 5.4) e 22 oC (Figura 5.5). Por

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199

exemplo, a 14 oC (Figura 5.4), se a idade do lodo


for o dobro da mínima para nitrificação, a
concentração máxima de ALS efluente é oito vezes
o valor em estado estacionário. De acordo com a
Figura 5.4, o valor em estado estacionário é de 0,8
mgN/L, então o máximo é de 8 • 0,8 = 6,4 mgN/L.

A partir das Figuras 5.4 e 5.5, é evidente que,


quanto maior a variação horária de vazões e menor
a temperatura, maiores serão as concentrações
máximas (e médias) de amônia efluente. Isto pode Figura 5.5 Razão entre concentração de ALS efluente
ser compensado aumentando-se Sf, que tem o efeito máxima e em estado estacionário versus razão entre
de aumentar a idade do lodo ou diminuir a fração idade do lodo e idade do lodo mínima para nitrificação
para amplitudes (em fase) de vazão e concentração de
de massa de lodo não aerada do sistema. Isto
amônia de 0,0 (estado estacionário), 0,25; 0,50; 0,75 e 1,0
obviamente tem impacto na qualidade do efluente a 22 oC.
e/ou em aspectos econômicos do sistema.

5.4.6 pH e alcalinidade

A taxa μONA,max é extremamente sensível ao pH do


meio líquido do reator quando fora da faixa 7-8.
Aparentemente, as atividades tanto dos íons
hidrogênio (H+) quanto hidroxila (OH-) agem como
inibidoras quando suas respectivas concentrações
aumentam excessivamente. Isto ocorre quando há
aumento de pH acima de 8,5 (aumentando (OH-))
ou decréscimo abaixo de 7 (aumentando (H+));
taxas ótimas de nitrificação são esperadas para 7 <
pH < 8,5, com bruscos decréscimos fora desta
faixa.
Figura 5.4 Razão entre concentração de ALS efluente
máxima e em estado estacionário versus razão entre De acordo com as equações estequiométricas
idade do lodo e idade do lodo mínima para nitrificação gerais para a nitrificação (Eq. 5.1a), a nitrificação
para amplitudes (em fase) de vazão e concentração de
amônia de 0,0 (estado estacionário), 0,25; 0,50; 0,75 e 1,0 libera íons hidrogênio que, por sua vez, diminuem
a 14 oC. a alcalinidade do meio líquido. Para cada 1 mg N-
A importância da escolha de μONA,max deve ser ALS que é nitrificado, 2 • 50/14 = 7,14 mg
novamente enfatizada. Se μONA,max for escolhido alcalinidade (como CaCO3) são consumidos.
com valor superior ao valor real, mesmo com um Baseando-se no equilíbrio químico do sistema
fator de segurança Sf de 1,25 ou 1,35 o sistema carbonato (Loewenthal e Marais, 1977), equações
provavelmente produzirá concentrações flutuantes relacionando o pH com a alcalinidade para
de amônia efluente, com redução na eficiência quaisquer concentrações de dióxido de carbono
média de nitrificação. Portanto, estimativas dissolvido podem ser desenvolvidas. Estas
conservadoras de μONA,max (valores baixos) e Sf correlações estão mostradas nos gráficos da Figura
(valores altos) são fundamentais para garantir 5.6.
nitrificação e baixa concentração de amônia
efluente.

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200

nitrato como um receptor de elétrons, pode-se


demonstrar que para cada mg de nitrato
desnitrificado, há um aumento de 1 • 50/14 = 3,57
mg de alcalinidade como CaCO3. Portanto, a
incorporação da desnitrificação em um sistema
nitrificante causa a redução da perda efetiva de
alcalinidade, em geral de forma suficiente para
manter a alcalinidade acima de 40 mg/L e,
consequentemente, o pH acima de 7. No exemplo
acima, em que se esperava que a alcalinidade
diminuísse para 29 mg/L como CaCO3, se 50% do
nitrato fosse desnitrificado, o ganho de alcalinidade
seria (0,5 • 24 • 3,57) = 43 mg/L como CaCO3, o
Figura 5.6 pH do meio líquido versus alcalinidade para que resultaria em uma alcalinidade de (29 + 43) =
diferentes concentrações de dióxido de carbono. 72 mg/L como CaCO3 no sistema. Neste caso, o pH
permaneceria acima de 7. Para esgoto com baixa
Quando a alcalinidade diminui para valores alcalinidade é imperativo, portanto, que a
abaixo de cerca de 40 mg/L como CaCO3, então, desnitrificação seja implementada em sistemas
independente da concentração de dióxido de nitrificantes, mesmo se a remoção de N não for
carbono, o pH se torna instável e decresce para necessária. A incorporação de zonas não aeradas
baixos valores. Geralmente, se a nitrificação causa influencia a idade do lodo do sistema na qual ocorre
queda na alcalinidade abaixo de 40 mg/L (como a nitrificação, então deve-se conhecer o efeito de
CaCO3), problemas associados com baixos valores uma zona anóxica ou não aerada na determinação
de pH ocorrerão no sistema, como eficiência de da idade do lodo de um sistema nitrificante-
nitrificação insuficiente, efluentes agressivos ao desnitrificante (Seção 5.4.3 anterior).
concreto e a possibilidade de bulking de lodo (má
sedimentabilidade) (Jenkins et al., 1993). Em sistemas de lodo ativado tratando esgoto
razoavelmente bem tamponado, a quantificação do
Para qualquer esgoto, o efeito da nitrificação no efeito do pH na nitrificação não é crucial, porque a
pH pode ser prontamente avaliado, conforme diminuição do pH pode ser limitada ou
apresentado a seguir. Por exemplo, se um esgoto completamente evitada ao se incluir zonas
tem alcalinidade de 200 mg/L como CaCO3 e a anóxicas, desta forma garantindo recuperação de
produção esperada de nitrato é de 24 mgN/L, então alcalinidade via desnitrificação. Porém, para esgoto
a alcalinidade esperada no efluente será (200 – 7,14 pouco tamponado ou água residuária com alta
• 24) = 29 mg/L como CaCO3. De acordo com a concentração de N (como efluente de digestor
Figura 5.6, este efluente terá pH < 7,0. anaeróbio), a interação entre os processos
biológicos, o pH e a nitrificação é o fator mais
Esgoto com baixa alcalinidade é normalmente importante para a remoção de N em sistemas de
encontrado em locais onde a captação de água é lodo ativado. Assim, é essencial incluir o efeito do
feita a partir de áreas constituídas por arenitos. pH na taxa de nitrificação nestes casos para
Uma abordagem prática para tratar este esgoto é (i) quantificar esta importante interação.
dosar cal, ou melhor, (ii) criar zona(s) anaeróbia(s)
para desnitrificar uma parcela ou todo o nitrato De acordo com a Eq. 5.4, a taxa específica de
produzido. Em contraste à nitrificação, a crescimento dos OOAs (μONA) é função tanto de
desnitrificação consome íons hidrogênio, o que μONA,max quanto de KONA. Foi mostrado acima que a
equivale a gerar alcalinidade. Considerando o idade mínima do lodo é comandada pela magnitude

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201

de μONA,max,T; é muito pouco influenciada por para modelar a diminuição de μONA,max a partir de
KONA,T. Para TRS >> TRSmin, a concentração de pH > 7,2 até 9,5 como função de μONA,max,7,2, usando
amônia efluente (SNHx,e), ainda que baixa, é, de cinética de inibição, do seguinte modo:
maneira relativa, significativamente maior para
Kmax −pH
valores maiores de KONA,T. Por exemplo, se KONA,T μONA,max,pH = μONA,max,7,2 K I
Kmax +KII −pH
aumenta por um fator de 2, a concentração de
(5.22b)
amônia efluente aumentará de forma
correspondente pelo mesmo fator (Eq. 5.15).
onde:
Consequentemente, o valor de KONA,T é
KI 1,13
significativo, visto que governa a concentração de
Kmax 9,5
amônia a partir do momento em que a nitrificação
KII ≈ 0,3
ocorre para TRS >> TRSmin.
O efeito geral do pH em μONA,max é modelado
Diversas pesquisas foram feitas para entender o
combinando-se as Eqs. 5.22a e 5.22b, o que é
efeito do pH em μONA,max,T. Estas pesquisas em
mostrado pela Eq. 5.22c e pela Figura 5.7. Pode-se
geral não separaram os efeitos de μONA,max,T e
observar que na faixa de pH = 7,2 a 8,3, a alteração
KONA,T, de forma que a maior parte dos dados são
em μONA,max,pH é pequena, com
de fato estimativas de μONA,max,T a partir de
μONA,max,pH/μONA,max,7,2 > 0,9.
parâmetros combinados. Não há quase nenhuma
informação disponível sobre o efeito do pH em
μONA,max,pH =
KONA,T isoladamente. A modelação quantitativa do Kmax −pH
efeito do pH em μONA,max é prejudicada pela μONA,max,7,2 2,35(𝑝𝐻−7,2) K I
Kmax +KII −pH
dificuldade em medir-se com precisão os efeitos do (5.22c)
pH na nitrificação. Estudos mostraram que μONA,max
pode ser expressa como uma porcentagem do seu onde:
maior valor em pH ótimo. Considerando esta 2,35(pH-7,2) é fixado = 1 para pH > 7,2,
abordagem, e que μONA,max tem seu maior valor e
permanece aproximadamente constante na faixa de
pH de 7,2 < pH < 8,0, mas decresce conforme o pH Kmax −pH
KI =1 para pH< 7,2 e
diminui abaixo de 7,2, (Downing et al., 1964; Kmax +KII −pH
μONA,max,pH = 0 para pH > 9,5
Loveless and Painter 1968; Sötemann et al., 2005)
modelaram a dependência μONA – pH como (para 5
Dados experimentais obtidos da literatura
< pH < 7,2):
também são mostrados na Figura 5.7 para fornecer
(pH−7,2)
suporte quantitativo à Eq. 5.22c. Para baixos
μONA,max,pH = μONA,max,7,2 θns valores de pH (< 7,2), dados de Wild et al. (1971)
(5.22a) e Antoniou et al. (1990) se ajustam à equação
onde: razoavelmente bem. Poucos dados estão
θns coeficiente de sensibilidade ao pH de disponíveis para pH > 8,5, mas os poucos pontos
valor igual a 2,35 relatados obtidos por Antoniou et al. (1990)
mostram concordância razoável com a Eq. 5.22c.
Valores decrescentes de μONA,max em pH > 8,0
foram observados, e foi constatado que a
nitrificação efetivamente cessa em pH de cerca de
9,5 (Malan and Gouws, 1966; Wild et al., 1971;
Antoniou et al., 1990). Assim, para pH > 7,2,
Sötemann et al. (2005) propuseram a Eq. 5.22b

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202

lodo e com alcalinidade a H2CO3 afluente


progressivamente decrescente, quando a
alcalinidade a H2CO3 efluente diminuiu para
valores abaixo de cerca de 50 mg/L como CaCO3,
o pH do reator diminuiu para abaixo de 6,3, o que
severamente retardou a nitrificação e causou o
aumento da idade do lodo mínima para nitrificação
(TRSmin) até a idade do lodo operacional do
sistema. A simulação confirmou a conclusão
precedente de que, ao se tratar esgoto com baixa
alcalinidade a H2CO3, (i) a idade do lodo mínima
para nitrificação (TRSmin) varia com a temperatura
e o pH do reator, e (ii) para baixa alcalinidade a
H2CO3 efluente (< 50 mg/L como CaCO3), a
nitrificação se torna instável e sensível a condições
Figura 5.7 Taxa específica máxima de crescimento de
dinâmicas de carga, resultando em aumentos nas
nitrificantes, como fração da taxa em pH de 7,2, versus pH
concentrações de amônia efluente, redução na
do meio líquido. A previsão do modelo é dada pela linha eficiência de nitrificação e, por consequência,
sólida. Dados de Malan e Gouws (1966); Downing et al. menor remoção de N. Para alcalinidade a H2CO3
(1964); Wild et al. (1971); Antoniou et al. (1990). efluente < 50 mg/L, cal deve ser dosada ao afluente
para aumentar o pH do reator aeróbio e estabilizar
Assim, a Eq. 5.22c é aceita para o cálculo de a nitrificação e a remoção de N.
μONA,max,pH na faixa de pH de 5,5 a 9,5. A partir da
Eq. 5.22c, a idade do lodo mínima para nitrificação 5.5 NECESSIDADE DE NUTRIENTES
(TRSmin) em diferentes valores de pH, temperatura PARA A PRODUÇÃO DE LODO
(T) e fração de massa de lodo não aerada (f x,max) é
dada por: Todo material biológico vivo e alguns compostos
orgânicos não biodegradáveis contêm nitrogênio
TRSmin = 1/[μONA,pH,T (1 − fx,max ) − bONA,T ] (N) e fósforo (P). A massa orgânica de lodo (SSV)
que acumula no reator biológico consiste de
(d) (5.23)
organismos ativos (XOHO), resíduo endógeno
(XE,OHO) e compostos orgânicos particulados não
O problema da nitrificação em esgoto com baixa
alcalinidade é que o pH obtido não é conhecido, biodegradáveis (XI), cada qual contendo N e P. De
pois ele é interativamente estabelecido entre o grau acordo com análises de NTK e SSV realizadas para
de nitrificação, a perda de alcalinidade, o pH e lodo ativado, foi constatado que o conteúdo de N
μONA,pH,T. Para investigar esta interação, a cinética (como N em relação a SSV, fn, mgN/mgSSV) varia
microbiana do modelo ASM1 para remoção de entre 0,09 e 0,12, com média de cerca de 0,10
carbono (C) e nitrogênio (N) foi integrada por mgN/mgSSV. De modo similar, a partir de análises
Sötemann et al. (2005) com um modelo de cinética de P e SSV, o conteúdo de P (como P em relação a
química com duas fases (aquosa/gasosa) e mistura SSV, fp, mgP/mgSSV) de lodo ativado em sistemas
ácido fraco/base fraca para estender a aplicação do
puramente aeróbios e anóxico-aeróbios varia entre
ASM1 para situações em que uma estimativa do pH
0,01 e 0,03, com média de cerca de 0,025
no reator biológico é importante. Esta integração,
que incluiu a geração de gás CO2 (e N2) pelos mgP/mgSSV. A partir do modelo em estado
processos biológicos e seu stripping pela aeração, estacionário, as proporções relativas de organismos
fez várias adições ao ASM1, entre elas o efeito do ativos (XOHO), resíduo endógeno (XE,OHO) e
pH, discutido anteriormente, nos organismos compostos orgânicos particulados não
nitrificantes autotróficos (OOAs). A partir da biodegradáveis (XI) variam com a idade do lodo.
simulação de um sistema LAND com alta idade do Ainda assim, foi observado que os valores de f n dos

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203

SSV são relativamente constantes em 0,10 Nl = fn MXSSV / (Qa TRS)


mgN/mgSSV. Isto indica que os conteúdos de N de (mgN/Lafluente) (5.25)
organismos ativos (XOHO), resíduo endógeno
(XE,OHO) e compostos orgânicos particulados não A partir do balanço de massa de N, esta
biodegradáveis (XI) são praticamente os mesmos; concentração Nl não inclui o N na forma dissolvida
se eles fossem significativamente diferentes, seria na vazão de descarte. A concentração de NTK
observado que fn variaria de modo consistente com solúvel na vazão de descarte é a mesma que a
a idade do lodo. Do mesmo modo, para sistemas concentração de NTK efluente, NTKe, que consiste
completamente aeróbios, os conteúdos de P das três em N solúvel na forma de amônia (SNHx,e) e N
componentes do lodo ativado são orgânico solúvel não biodegradável (Nosnb,e). Então,
aproximadamente similares a 0,025 mgP/mgSSV. de acordo com a Eq. 5.24, desde que os organismos
nitrificantes não se mantenham no reator de lodo
5.5.1 Necessidade de nitrogênio ativado de forma que a nitrificação de amônia a
nitrato não ocorra, a concentração de NTK
A massa de N (ou P) incorporada à massa de lodo efluente, NTKe, é dada por:
é calculada a partir de um balanço de N em torno
de um sistema de lodo ativado de mistura completa NTKe = NTKa - Nl
(Figura 4.2) em estado estacionário ao longo de 1 (mgN/L) (5.26)
dia.
De acordo com a Eq. 5.24, sob condições
massa de NTK efluente = massa de NTK afluente diárias médias, a concentração de N requerida no
massa de NTK afluente = Qa NTKa = FNTKa afluente para incorporação na massa de lodo é igual
(mgN/d) ao conteúdo de N na massa de lodo (SSV)
massa de NTK efluente = massa de NTK em Qe e descartado por dia, dividido pela vazão afluente.
Qd Substituindo a Eq. 4.12, relacionando a massa de
= NTKe Qe + NTKe Qd + fn XSSV Qd lodo (SSV) no reator (MXSSV) à carga orgânica
diária média no reator (FDQOa), cancelando Qa e
Considerando que Qd + Qe = Qa e Qd = VR/TRS, dividindo por NITc, resulta na concentração de N
resulta em: requerida no afluente para produção de lodo, por
mgDQO/L da carga orgânica do reator, ou seja:
Qa NTKe = Qa NTKa – fn XSSV VR / TRS
𝑁𝑙 (1−𝑓𝑆𝑁𝐵,𝐷𝑄𝑂𝑎 −𝑓𝑋𝑁𝐵,𝐷𝑄𝑂𝑎 )𝑌𝑂𝐻𝑂𝑣
= 𝑓𝑛 [ (1+𝑏𝑂𝐻𝑂 𝑇𝑅𝑆)
. (1 +
𝐷𝑄𝑂𝑎
a partir da qual: 𝑓𝑋𝑁𝐵,𝐷𝑄𝑂𝑎
𝑓𝑋𝐸,𝑂𝐻𝑂 𝑏𝑂𝐻𝑂 𝑇𝑅𝑆) + ]
𝑓𝑑𝑣
NTKe = NTKa – fn MXSSV / (Qa TRS) (mgN/mgDQO) (5.27)
(mgN/L) (5.24)
O NTK afluente consiste na amônia e no N
onde: ligado aos compostos orgânicos de natureza
NTKe concentração de NTK efluente (mgN/L) solúvel ou particulada, biodegradável ou não
biodegradável. Os compostos orgânicos não
O último termo da Eq. 5.24 é denominado Nl e biodegradáveis, alguns dos quais contêm N
é a concentração de NTK afluente, em mgN/L, que orgânico, não são degradados no sistema de LA. O
é incorporada à massa de lodo e removida do N orgânico solúvel não biodegradável afluente
sistema ligada à massa particulada do lodo na vazão (Nosnb,a) deixa o sistema juntamente com o efluente
de descarte (Qd), (e com o descarte de lodo). Os compostos
orgânicos particulados não biodegradáveis são

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204

aprisionados na massa de lodo do reator e, portanto, remoção de P em excesso, é de 0,025 mgP/mgSSV,


o N orgânico associado a estes compostos a concentração de fósforo total (PT) efluente é dada
orgânicos deixa o sistema através do lodo de por:
descarte (SSV) retirado diariamente. O N ligado
aos compostos orgânicos biodegradáveis (N osb,a e Pe = P a - Pl (mgP/L) (5.30)
Nopb,a) é liberado como ALS quando os mesmos são
quebrados. Esta ALS soma-se à ALS existente no onde:
reator a partir do afluente. Uma parcela da ALS no
Pl MXSSV fp Nl
reator é consumida pelos OHOs para produzir mais = fp =
DQOa Qa TRS DQOa fn DQOa
biomassa de OHOs. Uma parte da biomassa de
(mgP/mgDQO) (5.31)
OHOs no reator é perdida via processo de
respiração endógena. O N associado com a parcela
biodegradável da biomassa de OHOs é liberado de 5.5.2 Remoção de N (e P) a partir da
volta ao conjunto de ALS existente no reator, mas produção de lodo
o N contido na parcela do resíduo endógeno não
Uma representação gráfica das eqs. 5.27 e 5.31
biodegradável permanece como N orgânico ligado
versus a idade do lodo é dada na Figura 5.8 para f n
aos SSV do resíduo endógeno. Devido a estas
= 0,10 mgN/mgSSV e fp = 0,025 mgP/mgSSV em
interações, é possível que a concentração de ALS
um exemplo com esgoto bruto e decantado. É
efluente de um sistema de LA sem nitrificação seja
evidente que concentrações mais altas de NTK e PT
maior do que a concentração de ALS afluente; isto
são requeridas para produção de lodo com esgoto
ocorre quando o NTK afluente contém uma alta
bruto, em comparação a esgoto decantado. Isto
fração de N orgânico biodegradável. Se as
ocorre porque maiores quantidades de lodo são
condições forem favoráveis para nitrificação, a
produzidas por mg DQO da carga orgânica afluente
concentração efetiva de ALS no reator estará
ao reator para a mesma idade do lodo, quando
disponível para o crescimento de OOAs, acoplado
tratando esgoto bruto (ver Capítulo 4, Seção 4.9).
à geração de nitrato.
Além disso, a necessidade de N e P decresce
conforme a idade do lodo aumenta, pois a produção
A não ser que seja consumida para crescimento
efetiva de lodo diminui conforme a idade do lodo
de OHOs ou nitrificada, a ALS permanece
aumenta. Geralmente, para idades do lodo maiores
inalterada e deixa o sistema com o efluente.
que cerca de 10 dias, a remoção de N do esgoto
Portanto, na ausência de nitrificação, a
atribuída à produção efetiva de lodo é menor que
concentração de amônia efluente, SNHx,e, é dada
0,025 mgN/mgDQO da carga aplicada ao reator.
por:
Visto que as razões NTK/DQO afluentes para
esgoto doméstico situam-se aproximadamente na
SNHx,e = SNHx,a + Nosb,a + Nopb,a – (Nl – Nopnb,a)
faixa de 0,07 a 0,13 (Figura 5.8), é evidente que
(mgN/L) (5.28)
apenas uma pequena parcela do NTK afluente (A,
na Figura 5.8) é removida pela incorporação na
e a concentração de NTK efluente (NTKe) é dada
massa de lodo. Remoção adicional de N (B, na
por:
Figura 5.8) é obtida a partir da transferência do N
NTKe = Nosnb,e + SNHx,e da forma dissolvida no meio líquido para a fase
(mgN/L) (5.29) gasosa pela nitrificação autotrófica e
A mesma abordagem é aplicada para a desnitrificação heterotrófica, que transforma o
necessidade de fósforo (P) para produção de lodo. nitrato a nitrogênio gasoso em reator(es) anóxico(s)
Assumindo que o conteúdo de P do lodo ativado, (não aerado(s)). Detalhes a respeito da
em um sistema completamente aeróbio sem desnitrificação heterotrófica são apresentados

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205

abaixo. A partir da Figura 5.8, a remoção normal Para a remoção biológica de P, as condições
de P pela incorporação na massa de lodo biológico ambientais no reator biológico são projetadas de
é limitada a cerca de 0,006 e 0,004 mgP/mgDQO, forma que um grupo específico de organismos
para esgoto bruto e decantado, respectivamente, heterotróficos (chamados de organismos
resultando em uma remoção de PT de acumuladores de fosfato, OAFs) cresça no reator
aproximadamente 20 a 25% para esgoto sanitário de lodo ativado. Com o acúmulo de polifosfatos,
usual. Como a transformação de orto-P dissolvido estes organismos apresentam um conteúdo muito
à forma gasosa não é possível, para aumentar a maior de P que os organismos heterotróficos
remoção de P da fase líquida, orto-P adicional deve ordinários (OHOs), alcançando 0,38
ser incorporado à massa de lodo. Isto pode ser mgP/mgSSVOAF (Wentzel et al., 1990). Quanto
alcançado de duas maneiras, (i) quimicamente e/ou mais OAFs crescem no reator, maior será o
(ii) biologicamente. Na remoção química de P, conteúdo de P nos SSV da massa do lodo no reator
cloretos ou sulfatos de ferro ou alumínio são e, portanto, maior será a remoção de P via descarte
dosados ao afluente (pré-precipitação), ao reator de de lodo. Com uma massa significativa de OAFs
lodo ativado (precipitação simultânea) ou ao presente, o conteúdo médio de P dos SSV da massa
efluente final (pós-precipitação). A desvantagem de lodo pode aumentar de 0,025 mgP/mgSSV em
da remoção química de P é que ela aumenta sistemas aeróbios para 0,10 a 0,15 mgP/mgSSV em
significativamente (i) a salinidade do esgoto sistemas biológicos com remoção de N e P. A
tratado, (ii) a produção de lodo devido aos sólidos vantagem da remoção biológica de P, em relação à
inorgânicos formados, e (iii) a complexidade e remoção química de P, é que (i) a salinidade do
custos do sistema de tratamento de esgoto. esgoto tratado não aumenta, (ii) a produção de lodo
aumenta somente de 10 a 15% e (iii) o sistema é
menos complexo e custoso na operação. Uma
desvantagem da remoção biológica de P é que,
sendo biológica, é menos confiável e mais variável
que a remoção química de P. Os processos
biológicos que intermediam a remoção biológica
de N e P em sistemas de lodo ativado e diferentes
configurações de reatores em que eles podem
ocorrer são descritos no Capítulo 7.

5.6 CONSIDERAÇÕES DE PROJETO

As equações cinéticas descrevendo as interações


entre a ALS e o N orgânico são complexas e foram
desenvolvidas com base na abordagem de
Figura 5.8 Necessidade mínima aproximada dos crescimento-morte-regeneração em modelos de
nutrientes N e P como mgN/Lafluente de NTK e mgP/Lafluente simulação de lodo ativado, como o ASM1 e o
de P total por mgDQO/L da carga orgânica aplicada ao ASM2. Entretanto, para condições em estado
reator de lodo ativado versus a idade do lodo, para estacionário, assumindo (i) que todos os compostos
exemplos com esgoto bruto e decantado a 20 oC, orgânicos biodegradáveis são utilizados no reator,
juntamente com as faixas de razões de concentrações de e (ii) um balanço de massa de NTK em torno do
NTK e PT afluentes em relação à DQO para esgoto sistema de LA, um modelo simples em estado
sanitário. estacionário para nitrificação pode ser
desenvolvido a partir da cinética da nitrificação e

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206

da necessidade de N para produção de lodo Nosnb,e = Nosnb,a (5.32)


consideradasanteriormente. Este modelo é
adequado para dimensionamento em estado onde:
estacionário e, a partir dele, curvas de resposta são Nosnb,a nitrogênio orgânico solúvel não
desenvolvidas a seguir para os exemplos com biodegradável afluente, mgN-Norg/L =
esgoto bruto e decantado. Respostas detalhadas do fSNB,NTKa•NTKa, em que fSNB,NTKa é a fração
sistema podem ser determinadas com os modelos orgânica solúvel não biodegradável de N do
de simulação desde que (i) o sistema de LA tenha NTK afluente (NTKa)
sido dimensionado, e a idade do lodo, volumes das
zonas e do reator e vazões de recirculação forem As duas concentrações não nulas de NTK
conhecidas, e (ii) as concentrações em estado efluente (ALS, SNHx,e e Norg, Nosnb,e) são solúveis e,
estacionário tenham sido calculadas para serem portanto, escapam junto com o efluente (e com o
utilizadas como condições iniciais para a descarte de lodo). O NTK solúvel (filtrado) no
simulação. efluente (NTKe) é dado pela sua soma, ou seja:

Para o dimensionamento de sistemas de LA NTKe = SNHx,e + Nosnb,e (NTK filtrado) (5.33)


com nitrificação, (i) concentrações de ALS, NTK e
nitrato, e (ii) a demanda de oxigênio para Se a amostra de efluente não for filtrada, o NTK
nitrificação deve ser calculada. efluente será maior devido à concentração de NTK
nos SSV do efluente, ou seja:
5.6.1 NTK efluente
NTKe = SNHx,e + Nosnb,a + fnXSSV,e
O NTK efluente filtrado (NTKe) é composto da (NTK não filtrado) (5.34)
ALS (SNHx,e) e do N orgânico solúvel não
biodegradável (Nosnb,e). Selecionados μONA,max,20, fxt, onde:
TRS e Sf, as equações para estas concentrações são: XSSV,e concentração de SSV efluente
(mgSSV/L)
1) ALS efluente (SNHx,e): SNHx,e é dada pela Eq. fn conteúdo de N dos SSV ~ 0,1 (mgN-
5.15, que somente se aplica se TRS > TRS min, o Norg/mgSSV)
que será o caso para Sf > 1,0.
2) Concentração de nitrogênio orgânico solúvel 5.6.2 Capacidade de nitrificação
biodegradável (Nosb,e): os compostos orgânicos
biodegradáveis (tanto solúveis quando A partir de um balanço de massa de NTK em torno
particulados) são quebrados pelos OHOs, do sistema de LA e de um TRS > TRSmin, a
liberando o N ligado organicamente como concentração de nitrato gerada no sistema (SNO3,e)
ALS. No modelo em estado estacionário, é em relação à vazão afluente é dada pelo NTK
considerado que todos os compostos orgânicos afluente (NTKa) menos o NTK efluente solúvel
biodegradáveis são utilizados. Assim, a (NTKe) e a concentração do NTK afluente
concentração de N orgânico solúvel incorporada no lodo descartado diariamente do
biodegradável (Nosb,e) é zero. sistema de LA (Nl), ou seja:
3) Concentração de nitrogênio orgânico solúvel
não biodegradável (Nosnb,e): sendo não SNO3,e = NITc = NTKa – NTKe – Nl (5.35)
biodegradável, esta concentração de N
orgânico flui através do sistema de LA, A concentração de Nl é definida a partir da
resultando que a concentração efluente (Nosnb,e) massa de N incorporada na massa de SSV retirada
é igual à concentração afluente (Nosnb,a), ou seja, do reator por dia (Eq. 5.27). A massa de SSV no

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207

reator (MXSSV) não precisa incluir a massa de SSV onde:


dos organismos nitrificantes, pois esta massa, NITc/DQOa capacidade de nitrificação por mg
conforme mencionado anteriormente, é DQO aplicada ao sistema de LA
insignificante (< 2-4%). (mgN/mgDQO)
NTKa/DQOa razão entre concentrações
Na Eq. 5.35, NITc define a capacidade de NTK/DQO do esgoto afluente
nitrificação do sistema de LA. A capacidade de Nl/DQOa nitrogênio requerido para produção
nitrificação (NITc) é a massa de nitrato produzida de lodo por mg DQO aplicada (a
pela nitrificação por unidade de vazão afluente partir da Eq. 5.27)
média, ou seja, mgN-NO3-/L. Na Eq. 5.27, a
concentração de NTK efluente (NTKe) depende da A razão entre capacidade de nitrificação e a
eficiência de nitrificação. No cálculo para concentração de DQO afluente (NITc/DQOa) de um
determinação da fração não aerada máxima da sistema pode ser estimada aproximadamente pela
massa de lodo (fx,max) para uma idade do lodo avaliação dos termos da Eq. 5.36, do seguinte
selecionada, se o fator de segurança (S f) for modo:
escolhido > 1,25 a 1,35 para a menor temperatura
esperada (Tmin), a eficiência de nitrificação será alta NTKa/DQOa Esta razão é uma característica do
(> 95%) e SNHx,e geralmente será menor que 1 a 2 esgoto e é obtida a partir das
mgN/L. Além disso, com Sf > 1,25 e com Tmin, concentrações medidas de NTK e
SNHx,e será praticamente independente tanto da DQO afluentes; ela pode variar de
configuração do sistema quanto da subdivisão da 0,07 a 0,10 para esgoto sanitário
massa de lodo em frações aerada e não aerada. bruto e 0,10 a 0,14 para esgoto
Consequentemente, em projeto, com Sf > 1,25, decantado
NTKe será aproximadamente 3 a 4 mgN/L, desde NTKe/DQOa Desde que as condições para uma
que haja garantia razoável de que o valor efetivo de nitrificação eficiente sejam
μONA,max,20 não seja menor que o valor adotado para satisfeitas para as temperaturas mais
projeto e que haja capacidade de aeração suficiente, baixas (Tmin), o NTK efluente
de forma que a nitrificação não seja inibida por (NTKe) para Tmin será baixa, em
fornecimento insuficiente de oxigênio. torno de 2-3 mgN/L, ou seja, para
Considerando a fx,max calculada e a idade do lodo concentrações de DQO afluente
(TRS) escolhida para a temperatura mais baixa, (DQOa) na faixa de 1.000 a 500,
então para temperaturas mais altas a eficiência de NTKe/DQOa variará entre 0,005 a
nitrificação e o fator de segurança (S f) aumentarão 0,010. Para Tmax, NTKe será de 1-2
de modo que, em temperaturas de verão (Tmax), mgN/L, tornando a razão
NTKe será menor, com valores de cerca de 2-3 NTKe/DQOa menor
mgN/L. Nl/DQOa Dada pela Eq. 5.27
Dividindo a Eq. 5.35 pela concentração de
DQO total afluente (DQOa) resulta na capacidade Uma representação gráfica da importância
de nitrificação por mg DQO aplicada ao reator relativa destas três frações para a capacidade de
biológico, NITc/DQOa, ou seja: nitrificação, NITc/DQOa, é mostrada na Figura
5.9A (para 14 oC) e 5.9B (para 22 oC). Elas foram
NITc/DQOa = NTKa / DQOa – NTKe / DQOa – Nl / geradas plotando-se NITc/DQOa versus a idade do
DQOa (5.36) lodo para razões NTK/DQO afluentes
(NTKa/DQOa) selecionadas de 0,07; 0,08 e 0,09
para o exemplo de esgoto bruto, e também para
esgoto decantado com 40% de remoção de DQO e

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15% de remoção de NTK no decantador primário, plotados de NITc/DQOa são válidos somente para
resultando em 0,113; 0,127 e 0,141. Também são idades do lodo maiores que a idade do lodo mínima
mostradas as idades do lodo mínimas para correspondente. Essas figuras mostram as
nitrificação com frações não aeradas de massa de magnitudes relativas dos três termos que afetam a
lodo de 0,0; 0,2; 0,4 e 0,6 para exemplo com valor capacidade de nitrificação versus idade do lodo e
de μONA,max,20 de 0,45 /d. Para uma fração não temperatura.
aerada de massa de lodo em particular, os valores

Figura 5.9 Capacidade de nitrificação por mg DQO aplicada ao reator biológico versus idade do lodo para diferentes razões de
concentrações de NTK/DQO afluentes em exemplo com esgoto bruto e decantado a 14 oC (A) e 22 oC (B). Também são
mostradas as idades do lodo mínimas para se obter nitrificação, como linhas verticais, para Sf = 1,25 e fração não aerada da
massa de lodo de 0,0; 0,2; 0,4 e 0,6.
decantado, para qualquer idade do lodo
1) Temperatura: para se obter nitrificação escolhida, a capacidade de nitrificação
completa a 14 oC (para um fx,max escolhido), a (NITc/DQOa) é muito sensível à razão
idade do lodo requerida é mais que o dobro NTK/DQO afluente (NTKa/DQOa). Um
que a 22 oC. A capacidade de nitrificação aumento de 0,01 em NTKa/DQOa resulta em
correspondente por DQO afluente a 14 oC aumento igual de 0,01 em NITc/DQOa. Para a
mostra uma redução marginal em relação à mesma razão NTKa/DQOa para esgoto bruto
obtida a 22 oC devido à redução da taxa de ou decantado, a capacidade de nitrificação
respiração endógena dos OHOs. (NITc/DQOa) para esgoto bruto é menor que
2) Idade do lodo: para uma determinada razão para esgoto decantado, visto que mais lodo
NTK/DQO afluente (NTKa/DQOa), a (SSV) é produzido por unidade de carga de
capacidade de nitrificação (NITc/DQOa) DQO com esgoto bruto do que decantado,
aumenta conforme a idade do lodo também dado que a fração particulada não
aumenta, visto que o N requerido para biodegradável (fXNB,DQOa) no esgoto bruto é
produção de lodo diminui com o aumento da maior que no esgoto decantado. Além desta
idade do lodo, disponibilizando mais ALS diferença, um aumento na razão NTK/DQO
para nitrificação. Entretanto, o aumento é afluente resultará em igual aumento na
marginal para TRS > 10 dias. concentração de nitrato (capacidade de
3) Razão NTK/DQO afluente (NTKa/DQOa): nitrificação) por DQO afluente. Isto diminui
evidentemente, tanto para esgoto bruto como a probabilidade, ou torna impossível, a

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209

obtenção de desnitrificação completa usando 5.7 EXEMPLO DE DIMENSIONAMENTO


compostos orgânicos do esgoto como PARA NITRIFICAÇÃO
doadores de elétrons. Isto ficará claro quando
a desnitrificação for considerada, abaixo. Já O dimensionamento de um sistema de LA com
que a decantação primária aumenta a razão nitrificação e sem desnitrificação é consideradoa
NTK/DQO, a remoção de N via nitrificação e seguir. Para efeito de comparação, o sistema de LA
desnitrificação é sempre menor com esgoto nitrificante está dimensionado para a mesma vazão
decantado do que com esgoto bruto. Porém, de esgoto e mesmas características adotadas no
essa menor remoção de N traz como dimensionamento do sistema de LA para remoção
vantagem um menor reator biológico e uma de compostos orgânicos (DQO) (ver Capítulo 4,
menor demanda de oxigênio, resultando em Seção 4.5). As características do esgoto bruto e
economias significativas em custos relativos decantado estão listadas na Tabela 4.3 e as
ao reator e à oxigenação. características adicionais necessárias à nitrificação
estão listadas na Tabela 5.1.
Tabela 5.1 Características do esgoto bruto e decantado requeridas para o cálculo de concentrações de N efluente de sistemas
de LA com nitrificação.

Características do esgoto afluente Símbolo Unidade Esgoto Esgoto


bruto decantadoa)
NTK afluente NTKa mgN/L 60 51
Razão NTK/DQO afluente fns 0,08 0,113
Fração de ALS afluente faN 0,75 0,88
Fração de Norg solúvel não biodegradável fSNB,NTKa 0,03 0,034
Conteúdo de N nos SSV não biodegradáveis fn 0,1 0,1
pH afluente 7,5 7,5
Alcalinidade afluente Salc mg/L como CaCO3 200 200
Taxa específica máxima de crescimento de ONAs a 20 oC μONA,max 0,45 0,45
Vazão afluente Qa ML/d 15 15
a)
As características do esgoto decantado devem ser selecionadas/calculadas para serem consistentes com as características do esgoto
bruto e balanços de massa em torno dos decantadores primários, por exemplo concentrações solúveis devem ser as mesmas para
esgoto decantado e bruto.

A razão NTK/DQO afluente do esgoto bruto é


5.7.1 Efeito da nitrificação no pH do meio 0,08 mgN/mgDQO (Table 5.1). Com uma taxa
líquido μONA,max,20 relativamente baixa de 0,45 /d, a idade
Uma importante consideração inicial é o possível do lodo deve ser de 7 dias ou maior para garantir
efeito do pH do meio líquido no valor de μONA,max,20. nitrificação (Sf = 1,3) para uma temperatura
Na seção 5.4.6 acima, foi afirmado que a mínima de 14 oC em um processo puramente
nitrificação consome alcalinidade – 7,14 mg/L aeróbio (fx,max = 0) (Eq. 5.19). Nesta idade do lodo,
como CaCO3 para cada mgN/L de ALS nitrificada a capacidade de nitrificação é de aproximadamente
a nitrato, e se houver alcalinidade insuficiente no 0,037 mgN/mgDQO para uma razão NTK/DQO de
afluente, o pH do meio líquido diminuirá para 0,08 mgN/mgDQO (Figura 5.9A). Assim, a
valores abaixo de 7, causando a redução do valor concentração de nitrato produzida (por litro de
de μONA,max,20 (Eq. 5.22). afluente) será aproximadamente = 0,037 • 750 = 28
mgN/L. Isto causará uma redução na alcalinidade
de 7,14 • 28 = 200 mg/l como CaCO 3. Visto que a
alcalinidade afluente é de somente 200 mg/L como

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CaCO3, a alcalinidade do meio líquido diminuirá 5.7.2 Idade do lodo mínima para
para valores abaixo de 40 mg/l como CaCO3, nitrificação
resultando na queda de pH do meio líquido para
valores abaixo de 7 (Figura 5.6). O baixo valor de Com o propósito de demonstrar a ocorrência de
pH do meio líquido causará, entre outros, nitrificação em condições puramente aeróbias, será
nitrificação incompleta e instável e a produção de assumido que a alcalinidade afluente é suficiente
um efluente agressivo, que ao longo de alguns anos alta para manter uma alcalinidade efluente acima
pode causar dano considerável às superfícies de de 50 mg/L como CaCO3. Nenhum ajuste em
concreto do sistema de tratamento (ver Seção 5.4.6 μONA,max,20 em relação ao pH será feito. O ajuste das
acima). Este simples cálculo aproximado pode constantes cinéticas dos ONAs, em relação à
alertar o projetista, em estágio preliminar, de temperatura, é dado na Tabela 5.2. Para um sistema
possíveis consequências adversas de um completamente aeróbio (fx,max = 0) com μONA,max,20
dimensionamento proposto. Continuando este = 0,45 /d e Sf = 1,3, a idade do lodo mínima para
exemplo, considerações devem ser feitas com nitrificação (TRSmin) é calculada pela Eq. 5.19:
respeito ao dimensionamento de um sistema de
nitrificação-desnitrificação (ND) para recuperar TRSmin = Sf / (μONA,max,20 – bONA,T) =
parte da alcalinidade e manter um pH próximo à = 2,5 d a 22 oC (1,9 d com Sf = 1,0)
neutralidade. Se somente 12 mgN/L (~metade) do = 6,9 d a 14 oC (5,3 d com Sf = 1,0)
nitrato fosse desnitrificado em um reator anóxico,
a alcalinidade efluente permaneceria acima de 50 Evidentemente, para garantir nitrificação ao
mg/L como CaCO3. Em geral, uma razão longo do ano para o valor relativamente baixo da
NTK/DQO alta com baixa alcalinidade no afluente taxa μONA,max,20 de 0,45 /d, a idade do lodo de um
são indicadores confiáveis de alerta para potenciais processo puramente aeróbio deve ser de
problemas em sistemas nitrificantes aproximadamente 8 a 10 dias.
completamente aeróbios.

Tabela 5.2 Ajuste, em relação à temperatura, de constantes cinéticas da nitrificação.


Constante 20 ºC θ 22 ºC 14 ºC
μONA,max,20 0,45 1,123 0,568 0,224
KONA,20 1 1,123 1,26 0,5
bONA,20 0,04 1,029 0,0425 0,034

5.7.3 Concentrações de N no esgoto Nosnb,a = fSNB,NTKa NTKa = 0,03 • 60 = 1,80 mgN/L


bruto Assumindo o conteúdo de N dos compostos
A concentração de NTK afluente do esgoto bruto é orgânicos particulados não biodegradáveis do
60 mg/L (Tabela 5.1). Assumindo uma fração de afluente (fn) como 0,10 mgN/mgSSV, então a
ALS no NTK afluente (faN) de 0,75 e uma fração de concentração de Norg associada aos compostos
nitrogênio orgânico solúvel não biodegradável orgânicos particulados não biodegradáveis (Nopnb,a)
(fSNB,NTKa) de 0,03 para o esgoto bruto, resulta na é
concentração de amônia afluente (SNHx,a) de
Nopnb,a = fn fXNB,DQOa DQOa/fdv =
SNHx,a = faN NTKa = 0,75 • 60 = 45 mgN/L = 0,10 (0,15 • 750)/1,48 = 7,6 mgN/L

e a concentração de nitrogênio orgânico solúvel Assim, a concentração de N orgânico


não biodegradável (Nosnb,a) de biodegradável afluente (Nob,a), tanto solúvel como

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particulado (Nob,a = Nosb,a + Nopb,a), que é convertida SNHx,NIT = NTKa – Nl – Nosnb,e (mgN/L) (5.38)
a amônia é:
Se a idade do lodo do sistema for menor que a
Nob,a = 60 (1 – 0,75 – 0,03) – 7,6 = 5,6 mgN/L mínima requerida para nitrificação (TRS <
TRSmin), a nitrificação não ocorre e a concentração
5.7.4 Esgoto decantado de nitrato efluente (SNO3,e) é zero. A concentração
de amônia efluente (SNHx,e) fica igual à
Seguindo o procedimento acima para esgoto concentração de nitrogênio disponível para
decantado, ou seja, faN = 0,83, fSNB,NTKa = 0,034 (ver nitrificação (SNHx,NIT, Eq. 5.38). Se TRS > TRS min
Tabela 5.1) resulta em: para Sf = 1,0, a maior parte da ALS disponível para
nitrificação é nitrificada a nitrato e a concentração
NTKa = 51,0 mgN/L de nitrato efluente (SNO3,e) é a diferença entre
SNHx,a = 0,88 • 51,0 = 45,0 mgN/L SNHx,NIT (Eq. 5.38) e a concentração de ALS
Nosnb,a = 0,034 • 51,0 = 1,80 mgN/L efluente dada pela Eq. 5.15. Tanto para TRS <
Nopnb,a = 0,10 (0,04 • 450)/1,48 = 1,2 mgN/L TRSmin quanto para TRS > TRSmin, a concentração
Nob,a = 51,0 – 45,0 – 1,8 – 1,2 = 3,0 mgN/L de NTK efluente (NTKe) é a soma das
concentrações de amônia e de nitrogênio orgânico
Visto que o esgoto decantado é produzido a solúvel não biodegradável efluentes (NTKe = SNHx,e
partir do esgoto bruto, as concentrações solúveis + Nosnb,e).
devem ser as mesmas do esgoto bruto. Já que as
concentrações de DQO e NTK são alteradas com a Para TRS < TRSmin, a nitrificação não ocorre,
decantação primária, as frações dos constituintes de forma que a concentração de nitrato efluente
solúveis aumentam com a decantação primária. (SNO3,e) é zero, ou seja

5.7.5 Comportamento do processo de SNO3,e = 0 (mgN/L) (5.39a)


nitrificação
e a concentração de amônia efluente (SNHx,e) é:
No modelo em estado estacionário é assumido que
todos os compostos orgânicos biodegradáveis são SNHx,e = SNHx,NIT = NTKa – Nl – Nosnb,e
degradados e seu conteúdo de N é liberado como (mgN/L) (5.40a)
amônia. A concentração de N orgânico solúvel
biodegradável efluente (Nosb,e) é, portanto, zero. A concentração de NTK efluente (NTKe) é:

A partir da Eq. 5.32, o nitrogênio orgânico NTKe = SNHx,e + Nosnb,e (mgN/L) (5.41a)
solúvel não biodegradável no efluente é (para
esgoto bruto e decantado): A massa de lodo nitrificante (MXONA) e a
demanda de oxigênio para nitrificação (FONIT) são
Nosnb,e = Nosnb,a = 1,8 (mgN/L) (5.37) ambas zero, ou seja:

A concentração de amônia disponível para MXONA = 0 (mgSSV) (5.42a)


nitrificação (SNHx,NIT) é a concentração de NTK
afluente (NTKa) menos a concentração de N FONIT = 0 (mgO2/d) (5.43a)
requerida para produção de lodo (Nl) (Eq. 5.27) e a
concentração de N orgânico solúvel no efluente Com o aumento da idade do lodo iniciando a
(Nosnb,e), ou seja: partir de TRS = 0, SNHx,e da Eq. 5.15 é
primeiramente negativo (o que é, claro, impossível)

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212

e então > SNHx,NIT (o que também é impossível). calculados. A Figura 5.10a mostra as diferentes
Para uma idade do lodo ligeiramente menor que concentrações efluentes de N do sistema versus a
TRSmin, SNHx,e decresce para valores abaixo de idade do lodo para esgoto bruto e decantado a 14
o
SNHx,NIT. A partir desta idade do lodo, a nitrificação C. A Figura 5.10c mostra a massa de lodo
ocorre e para aumentos progressivos (mesmo que nitrificante (como % da massa de SSV do reator) e
pequenos) na idade do lodo, SNHx,e rapidamente a demanda de oxigênio para nitrificação para
decresce para valores baixos (< 4 mgN/L). esgoto bruto e decantado a 14 oC. Também são
mostradas na Figura 5.10c as demandas carbonácea
Assim, para TRS > TRSmin: e total de oxigênio para esgoto bruto e decantado a
14 oC. Os cálculos foram repetidos para 22 oC e
A concentração de amônia efluente (SNHx,e) é: mostrados nas Figuras 5.10B e 5.10D. As Figuras
5.10A e 5.10B mostram que quando a idade do lodo
KONA,T (bONA,T +1/TRS) é aproximadamente 25% maior que a mínima
SNHX,e =
μONA,max,T (1−fxt )−(bONA,T +1/TRS)
requerida para nitrificação, ela é praticamente
(mgN/L) (5.40b)
completa (para condições em estado estacionário)
e, comparando os resultados para esgoto bruto e
a concentração de NTK efluente (NTKe) é:
decantado, há pouca diferença entre a demanda de
oxigênio para nitrificação e as concentrações de
NTKe = SNHx,e + Nosnb,e (mgN/L) (5.41b)
amônia, nitrato e NTK do efluente. As razões para
este comportamento similar são: (i) o decantador
e a concentração de nitrato efluente (SNO3,e) é:
primário remove somente uma pequena fração do
NTK do afluente, e (ii) o esgoto decantado resulta
SNO3,e = SNHx,NIT – SNHx,e = NTKa – Nl – NTKe
em menor produção de lodo, de forma que a ALS
(mgN/L) (5.39b)
disponível para nitrificação no esgoto bruto e
decantado é praticamente a mesma. A partir do
Analogamente à concentração de organismos
momento em que ocorre nitrificação, a temperatura
heterotróficos ativos (ver Eq. 4.9), a massa de
tem relativamente pouco efeito nas diferentes
organismos nitrificantes é dada por:
concentrações efluentes de N. Entretanto, uma
mudança na temperatura causa uma alteração
MXONA = FSNO3,eYONATRS / (1 + bONA,TTRS)
significativa na idade do lodo mínima para
(mgSSV) (5.42b)
nitrificação.
onde:
Considerando as Figuras 5.10A e 5.10B, para
FSNO3,e massa de nitrato produzida por dia
TRS < TRSmin, a concentração de amônia efluente
= (Qe + Qd) SNO3,e = Qa SNO3,e (mgN/d)
(SNHx,e) e, portanto, a concentração de NTK
efluente (NTKe), aumentam com a idade do lodo
A demanda de oxigênio para a nitrificação é
até TRSmin, porque Nl decresce com o aumento de
simplesmente 4,57 mgO2/mgN vezes a massa de
TRS. Para TRS > TRSmin, SNHx,e decresce
nitrato produzida por dia, ou seja:
rapidamente para < 2 mgN/L, de modo que, para
TRS > 1,3 • TRSmin, a concentração de NTK
FONIT = 4,57FSNO3,e (mgO2/d) (5.43b)
efluente é < 4 mgN/L. O aumento na concentração
de nitrato (SNO3,e) com o aumento na idade do lodo
Substituindo as concentrações afluentes de N
para TRS > 1,3 • TRSmin é principalmente devido à
para esgoto bruto e decantado e os valores das
redução do N requerido para produção de lodo (Nl).
constantes cinéticas a 14 oC nas eqs. 5.38 a 5.43, os
Isto é importante para sistemas com RBN; o
resultados para diferentes idades do lodo foram
aumento da idade do lodo aumenta a capacidade de

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213

nitrificação (ver Seção 5.5.2 acima), de forma que do lodo entre 10 a 30 dias, aproximadamente 2.600
mais nitrato deve ser desnitrificado para se alcançar a 2.900 kgO2/d são requeridos para nitrificação.
a mesma remoção de N. Esta demanda de oxigênio para nitrificação
representa um aumento de 42% e 65% em relação
As Figuras 5.10C e 5.10D mostram que a à demanda carbonácea (DQO) de oxigênio para
demanda de oxigênio para nitrificação aumenta esgoto bruto e decantado. Porém, a demanda total
rapidamente a partir do momento em que TRS > de oxigênio para se tratar esgoto decantado é
TRSmin, mas para TRS > 1,3 • TRS min, aumentos somente 75% da necessária para se tratar esgoto
subsequentes são marginais independentemente da bruto.
temperatura ou tipo de esgoto, ou seja, para idades

Figura 5.10 Concentrações de amônia efluente (SNHx,e), NTK efluente (NTKe) e nitrato efluente (SNO3,e), assim como N requerido
para produção de lodo (Nl), versus idade do lodo a 14 oC (A) e 22 oC (B); demanda para nitrificação (ONIT), carbonácea (Oc) e
total (Ot) de oxigênio, em kgO2/kgDQO aplicada, assim como % de massa de SSV de nitrificantes, versus idade do lodo a 14 oC
(C) e 22 oC (D), para o exemplo com esgoto bruto e decantado.

Para que a nitrificação possa proceder sem que o equipamento de aeração seja adequadamente
inibição por limitação de oxigênio, é importante dimensionado para suprir a demanda total de

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oxigênio; geralmente, o crescimento de organismos de nitrato quase completa ao se tratar esgoto bruto,
heterotróficos precede o crescimento de mas não ao se tratar esgoto decantado. A diferença
nitrificantes quando o fornecimento de oxigênio se na remoção de DQO e NTK em DPs, portanto, tem
torna insuficiente. Isto ocorre porque organismos um efeito significativo no dimensionamento de
heterotróficos podem crescer adequadamente com sistemas com RBN.
concentrações de oxigênio dissolvido de 0,5 a 1,0
mgO2/L, enquanto nitrificantes requerem uma
concentração mínima de 1 a 2 mgO2/L. Da mesma 5.8 REMOÇÃO BIOLÓGICA DE
forma que a concentração de ALS rapidamente NITROGÊNIO
decresce para TRS > TRSmin, a massa de lodo de
nitrificantes também aumenta rapidamente quando 5.8.1 Interação entre nitrificação e
TRS > TRSmin, é ligeiramente superior a 14 oC do remoção de nitrogênio
que a 22 oC devido à taxa de respiração endógena,
e é aproximadamente a mesma para esgoto bruto e A nitrificação é um pré-requisito para a
decantado (420 e 940 kgSSV a 10 e 30 dias de desnitrificação; sem ela, a remoção de N não é
idade do lodo, respectivamente). Comparando a possível. A partir do momento em que a
massa de lodo nitrificante com a massa de lodo nitrificação ocorre, a remoção de N pela
heterotrófica, conforme Figuras 5.10C e 5.10D, desnitrificação se torna possível e deveria ser
mesmo com altas razões NTK/DQO para esgoto incluída mesmo quando a remoção de N não é
decantado, a massa de lodo nitrificante consiste em requerida (ver Capítulo 4, Seção 4.11),
< 4% da massa de SSV e, portanto, é incorporando zonas no reator que são
desconsiderada na determinação da concentração intencionalmente não aeradas. Visto que os
de SSV no reator de LA tratando esgoto doméstico. organismos nitrificantes são aeróbios obrigatórios,
a nitrificação não ocorre na(s) zona(s) não
Vale a pena repetir que a sedimentação aerada(s), portanto, para compensar isto, a idade do
primária remove somente uma pequena fração do lodo do sistema deve ser aumentada em situações
NTK, porém uma fração significativa de DQO em que a nitrificação é requerida. Para sistemas
(15% e 40%, respectivamente, neste exemplo). completamente aeróbios e uma temperatura do
Entretanto, mesmo que o esgoto decantado tenha esgoto de 14 oC, uma idade do lodo de 5-7 dias
uma concentração de NTK menor que o esgoto pode ser suficiente para nitrificação completa,
bruto, a concentração de nitrato efluente não reflete levando em consideração a necessidade de que a
essa diferença. Isto ocorre porque a remoção de N concentração de ALS efluente deve ser baixa
para produção de lodo é menor para esgoto mesmo sob vazões e cargas cíclicas (Sf > 1,3). Para
decantado do que para esgoto bruto. sistemas anóxico-aeróbios, uma idade do lodo de
Consequentemente, a concentração de nitrato para 15 a 20 dias pode ser necessária quando uma fração
esgoto decantado é praticamente a mesma que para não aerada de massa de lodo de 50% é adicionada
esgoto bruto; para características diferentes do (Figura 5.3). Portanto, para sistemas em que a
esgoto, ela pode ser maior que para esgoto bruto. remoção de N é requerida, invariavelmente as
Por outro lado, a remoção máxima de N pela idades do lodo são maiores devido (i) à incerteza
desnitrificação usando compostos orgânicos do no valor de μONA,max,20, (ii) à necessidade de zonas
esgoto como doadores de elétrons, denominada de não aeradas, e (iii) à garantia de nitrificação na
potencial de desnitrificação, é principalmente mínima temperatura média de inverno (Tmin). Para
dependente da concentração de DQO afluente, e sistemas em que a nitrificação é uma possibilidade,
esta concentração é significativamente reduzida mas não obrigatória, a incerteza nos valores de
pela sedimentação primária. Isto pode resultar em μONA,max,20 não é importante e as zonas não aeradas
situação na qual pode ser possível obter remoção podem ser menores, resultando que as idades do

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lodo podem se situar na faixa usual de idade do Na nitrificação a nitrato, a ALS doa 8 elétrons (e-
lodo de sistemas completamente aeróbios, de 3 a 6 )/mol, e o N se altera de um estado de e- de -3 até
dias. Zonas não aeradas deveriam, ainda assim, ser +5. Na desnitrificação a N2, o nitrato recebe 5 e-
incorporadas para aproveitar os benefícios da /mol, e o N se altera de um estado de e- de +5 a 0.
desnitrificação, caso a nitrificação ocorra. Quando Visto que 4,57 mgO2/mgN-ALS são requeridos
ela não ocorre, a zona não aerada será anaeróbia para a nitrificação, o equivalente de oxigênio do
(sem entrada de OD ou de nitrato), ao invés de nitrato na desnitrificação a N2 é 5/8 • 4,57 = 2,86
anóxica, e um pouco de remoção biológica mgO2/mg N-NO3- (Tabela 5.3). Portanto, para cada
avançada de fósforo (RBAF) pode ocorrer. Visto 1 mg N-NO3- desnitrificado a gás N2 na zona
que a RBAF não é requerida e, portanto, não é anóxica, em que aproximadamente 2,86/(1-YOHO) =
totalmente explorada, não é importante se ela 8,6 mgDQO são utilizados, é necessário suprir 2,86
ocorre ou não, pois não afeta muito o sistema. Com mg de oxigênio a menos à zona aeróbia. Como a
um pouco de RBAF, a produção de lodo será necessidade de oxigênio para produzir nitrato a
ligeiramente maior (< 5%) por DQO da carga partir da amônia é 4,57 mgO2/mgN-NO3-, e 2,86
aplicada, e a razão SSV/SST e a demanda de mgO2/mgN-NO3- são “recuperados” na
oxigênio serão de certa forma menores (em desnitrificação a gás N2, um máximo de 2,86/4,57
aproximadamente 5%). Porém, a RBAF pode ou 5/8 = 0,63 do oxigênio demandado para a
resultar em problemas de precipitação mineral nos nitrificação pode ser recuperado. Uma comparação
sistemas de tratamento de lodo, se o DLA (Descarte entre as reações de nitrificação e desnitrificação é
de Lodo Ativado) for digerido anaerobiamente. mostrada na Tabela 5.3. Em condições
operacionais, nem sempre é possível desnitrificar
5.8.2 Benefícios da desnitrificação todo o nitrato produzido, resultando que a
recuperação do oxigênio utilizado pela nitrificação,
No dimensionamento de sistemas completamente a partir da desnitrificação, é aproximadamente de
aeróbios, discutidoanteriormente, foi sugerido que, 50% (ver Figura 5.11).
quando a nitrificação não é obrigatória, mas uma
possibilidade, zonas não aeradas deveriam ainda
assim ser incorporadas no sistema para que os
benefícios da desnitrificação sejam obtidos.

Estes benefícios incluem (i) redução da


concentração de nitrato, que mitiga o problema de
flotação de lodo por conta da desnitrificação no
decantador secundário (Capítulo 4, Seção 4.11), (ii)
recuperação de alcalinidade (Seção 5.4.6), e (iii)
redução da demanda de oxigênio. Com relação a
(iii), sob condições anóxicas, o nitrato atua como
um receptor de elétrons, ao invés do oxigênio
dissolvido, na degradação de compostos orgânicos
(DQO) por organismos facultativos heterotróficos.
O equivalente de oxigênio do nitrato é 2,86
Figura 5.11 Carbonáceo, total incluindo nitrificação e total
mgO2/mgN-NO3-, o que significa que 1 mg N-NO3- incluindo nitrificação e desnitrificação demanda de
desnitrificado a gás N2 tem a mesma capacidade de oxigênio por unidade de carga de COD no reator biológico
recebimento de elétrons que 2,86 mg de oxigênio. versus idade do lodo para o efluente bruto de exemplo.

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Tabela 5.3 Comparação entre os processos de nitrificação e desnitrificação em sistemas de lodo ativado com lodo único.

Portanto, quando a possibilidade de nitrificação


existe, sempre vale a pena considerar a inclusão 5.8.3 Remoção de nitrogênio pela
intencional da desnitrificação, devido à desnitrificação
recuperação de alcalinidade e oxigênio. Com
relação ao oxigênio, se o seu fornecimento é Em sistemas com remoção biológica de N, o N é
insuficiente para atender às demandas carbonácea removido pela transferência da fase líquida para as
e para nitrificação combinadas, áreas do reator fases sólida e gasosa. Em torno de 20% do N
aeróbio se tornarão anóxicas. Em condições afluente é incorporado na massa de lodo (Figura
limitadas de oxigênio, a fração aerada da massa de 5.8), mas a maior parte do N, ou seja,
lodo no reator “aeróbio” irá variar, dependendo da aproximadamente 75% quando a desnitrificação é
carga de DQO e de NTK afluentes ao sistema ao possível, é removida por transferência à fase gasosa
longo do dia. Para a carga mínima, o fornecimento via nitrificação e desnitrificação (Figura 5.12).
de oxigênio talvez seja adequado, de forma que a
nitrificação pode ser completa, enquanto que para
cargas de pico, o fornecimento de oxigênio talvez
seja insuficiente, de modo que a nitrificação pode
cessar (parcial ou completamente), e a
desnitrificação ocorrerá a partir do nitrato
acumulado. Este comportamento é explorado nas
configurações de reator único com nitrificação e
desnitrificação, como os valos de oxidação ou
sistemas tipo Carousel.

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217

da desnitrificação e (ii) os parâmetros operacionais


do sistema (como razões de recirculação, tamanhos
do reator anóxico) aos quais a ocorrência da
desnitrificação está sujeita.

Os doadores de elétrons (ou DQO ou energia)


para a desnitrificação podem ser provenientes de
duas fontes: (i) internas ou (ii) externas ao sistema
de lodo ativado. As internas são aquelas presentes
no próprio sistema, ou seja, no esgoto afluente ou
geradas dentro do reator biológico pelo próprio
lodo ativado; as externas são compostos orgânicos
importados ao sistema de lodo ativado e dosados
especificamente na(s) zona(s) anóxica(s) para
promover a desnitrificação, por exemplo metanol,
acetato, melaços etc. (Monteith et al., 1980). Aqui,
Figura 5.12 Rotas de saída de nitrogênio em sistemas de o foco é nas fontes internas de DQO para
lodo ativado com nitrificação-desnitrificação com lodo desnitrificação, mas os princípios e procedimentos
único são suficientemente gerais para serem adaptados
para incluir também fontes externas de DQO
Na etapa de nitrificação, o N permanece na fase (energia).
líquida porque é transformado de amônia a nitrato.
Na etapa de desnitrificação, ele é transferido da 5.8.4 Cinética da desnitrificação
fase líquida para a gasosa e é liberado para a
atmosfera. Quando desnitrificação completa é Há três fontes internas de compostos orgânicos,
alcançada, uma fração relativamente pequena do duas do esgoto e uma da própria massa de lodo
NTK afluente (~5%) permanece na fase líquida e é ativado. As duas fontes do esgoto são as principais
liberada como N total (NTK + nitrato) com o formas dos compostos orgânicos, ou seja,
efluente. compostos orgânicos rapidamente biodegradáveis
(DQORB) e compostos orgânicos lentamente
Para condições aeróbias, o problema para o biodegradáveis (DQOLB). A terceira refere-se a
projetista é calcular a massa de oxigênio, como compostos orgânicos lentamente biodegradáveis
receptor de elétrons, requerida pelos OHOs (e produzidos pela própria biomassa por meio da
OOAs) para utilização da massa conhecida de morte e lise da massa de organismos (também
doadores de elétrons (compostos orgânicos e conhecidas como decaimento endógeno/respiração
amônia) disponível. Entretanto, para condições endógena). Esta DQOLB autogerada é utilizada do
anóxicas, o problema é o oposto. Neste caso, o mesmo modo que a DQOLB do esgoto, mas é
problema é calcular a massa de doadores de considerada separadamente devido à sua origem e
elétrons (DQO) que é requerida para desnitrificar taxa de fornecimento distintas, em relação à
uma massa de receptores de elétrons (nitrato). Se presente no afluente. A DQORB e a DQOLB (do
doadores de elétrons (DQO) suficientes não estão afluente ou autogerada) são degradadas via
disponíveis, então a desnitrificação completa não diferentes mecanismos pelos OHOs.
pode ser obtida. O cálculo da remoção de
nitrogênio é, essencialmente, uma conciliação entre Os diferentes mecanismos de degradação da
receptores (nitrato) e doadores (DQO) de elétrons, DQORB e da DQOLB resultam em diferentes taxas
levando em consideração (i) a cinética microbiana de utilização de DQO. A DQORB consiste em

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compostos orgânicos dissolvidos pequenos e nitrificação-desnitrificação (ND), mas, do ponto de


simples, que podem passar diretamente pela parede vista das fontes de compostos orgânicos (doadores
celular e adentrar o organismo, por exemplo de elétrons), eles podem ser simplificados em dois
açúcares e ácidos graxos de cadeia curta. Assim, a tipos básicos de desnitrificação ou combinações
DQORB pode ser usada com uma alta taxa, o que deles. Os dois tipos básicos utilizando compostos
não varia significativamente se nitrato ou oxigênio orgânicos internos são (i) pós-desnitrificação, que
são empregados como os receptores finais de utiliza compostos orgânicos autogerados, e (ii) pré-
elétrons (Ekama et al., 1996a,b). Modelos de desnitrificação, que utiliza compostos orgânicos do
simulação usam a equação de Monod para modelar esgoto afluente.
a utilização da DQORB pelos OHOs em condições
tanto aeróbias quanto anóxicas. A DQOLB consiste
de grandes compostos orgânicos particulados ou
coloidais, grandes demais para adentrarem
diretamente o organismo. Estes compostos
orgânicos devem ser quebrados (hidrolizados), na
camada gelatinosa em torno do organismo, em
Figura 5.13A O sistema de remoção biológica de
componentes menores, que podem então ser nitrogênio com lodo único e pós-desnitrificação.
transferidos para o interior do organismo e
utilizados. A hidrólise extracelular da DQOLB é Com a pós-desnitrificação (Figura 5.13A), o
lenta e consiste na taxa limitante da utilização da primeiro reator é aeróbio e o segundo é não aerado.
DQOLB. Esta taxa de hidrólise é muito mais lenta O afluente é descarregado no reator aeróbio, onde
em condições anóxicas que em condições aeróbias: o crescimento aeróbio tanto de organismos
apenas aproximadamente de 1/3 (Stern e Marais, heterotróficos quanto nitrificantes ocorre.
1974; Van Haandel et al., 1981). Isto introduz um Assumindo que a idade do lodo é suficientemente
fator de redução (η) na equação da taxa de hidrólise alta e que a fração aeróbia do sistema é adequada,
da DQOLB para condições anóxicas (Eq. 5.45, a nitrificação completa ocorrerá no primeiro reator.
abaixo). Pesquisas indicaram que a utilização da A biomassa em suspensão do reator aeróbio passa
DQORB é simultânea à hidrólise da DQOLB. ao reator anóxico, também chamado de reator
Além disso, a taxa de utilização da DQORB é anóxico secundário, onde ela é misturada por
consideravelmente mais rápida (7 a 10 vezes) que agitação. O efluente do reator anóxico passa
a taxa de hidrólise da DQOLB, de forma que a taxa através de um decantador secundário (DS) e a
de desnitrificação com a DQORB afluente é muito corrente de lodo sedimentado é recirculada de volta
mais rápida que com a DQOLB. Portanto, a ao reator aeróbio.
DQORB afluente é a fonte orgânica preferencial
para a desnitrificação, e quanto maior for sua Os compostos orgânicos da DQOLB liberados
concentração no afluente em relação à DQO total, pela massa de lodo por meio da morte dos
maior será a remoção de N. organismos fornece a fonte de energia para
desnitrificação no reator anóxico. Porém, a taxa de
5.8.5 Sistemas com desnitrificação liberação da energia é baixa, de forma que a taxa de
desnitrificação também é baixa. Assim, para se
Como resultado dos diferentes mecanismos de obter uma redução significativa de nitrato, a fração
degradação e taxas de utilização de DQORB e anóxica da massa de lodo do sistema, ou seja, a
DQOLB, a posição da zona anóxica no reator fração da massa de lodo do sistema no reator
biológico afeta significativamente a desnitrificação anóxico, deve ser grande, e isto pode causar,
que pode ser obtida. Há muitas configurações dependendo da idade do lodo, interrupção da
diferentes de sistemas de lodo único com

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nitrificação. Portanto, embora teoricamente o Em 1973, Barnard propôs uma melhoria ao sistema
sistema tenha o potencial para remover todo o Ludzack-Ettinger, separando completamente os
nitrato, do ponto de vista prático isto não é possível, reatores anóxico e aeróbio, recirculando a corrente
porque a fração anóxica da massa de lodo terá que de lodo sedimentado do DS para o reator anóxico
ser tão grande que as condições para a nitrificação primário (primeiro reator), e adicionando uma
não poderão ser satisfeitas, especialmente se as recirculação da biomassa em suspensão do reator
temperaturas forem baixas (< 15 oC). Além disso, aeróbio para o anóxico primário (Figura 5.13B).
amônia é liberada por meio da morte e lise
microbiana no reator anóxico, uma parte da qual sai
com o efluente, reduzindo assim a remoção de
nitrogênio total do sistema. Para minimizar o
conteúdo de amônia do efluente, um reator “flash”
ou de reaeração é por vezes colocado entre o reator
anóxico e o DS. Neste reator, o gás N2 é removido
do meio líquido para se evitar possíveis problemas
de flotação de lodo no DS, e a amônia é nitrificada
a nitrato para contribuir com o cumprimento dos Figura 5.13B O sistema modificado de remoção biológica
padrões de amônia, mas isto reduz a eficiência de nitrogênio com lodo único de Ludzack-Ettinger,
global de redução de nitrato do sistema. Por estas proposto por Barnard (1973), incluindo somente o reator
razões, a pós-desnitrificação não é largamente anóxico primário.
aplicada na prática, exceto onde ela é usada em
combinação com dosagem de reagentes químicos. Estas modificações permitiram uma melhoria
significativa no controle sobre o desempenho de
remoção de N do sistema com a recirculação da
5.8.5.1 O sistema Ludzack-Ettinger
biomassa em suspensão. Os compostos orgânicos
Ludzack e Ettinger (1962) foram os primeiros a da DQORB e da DQOLB do afluente estimulavam
propor um sistema de lodo único com nitrificação- altas taxas de desnitrificação no reator anóxico
desnitrificação utilizando os compostos orgânicos primário e reduções muito maiores de nitrato
biodegradáveis do afluente como matéria orgânica puderam ser alcançadas em relação à pós-
para a desnitrificação. Ele consistiu de dois reatores desnitrificação, mesmo quando o reator de pré-
em série, parcialmente separados entre eles. O desnitrificação do sistema era substancialmente
afluente era descarregado no primeiro reator, ou menor que o reator de pós-desnitrificação. Neste
reator anóxico primário, que era mantido em sistema, denominado Ludzack-Ettinger
condições anóxicas por meio de mistura sem Modificado (LEM), remoção completa de nitrato
aeração. O segundo reator era aerado e nele ocorria não pode ser atingida, pois parte da vazão total do
nitrificação. O efluente do reator aeróbio passava reator aeróbio não é recirculada para o reator
por um DS e a vazão de lodo sedimentado no DS anóxico, saindo do sistema como efluente. Para
era retornada ao reator aeróbio (segundo reator). reduzir a possibilidade de flotação de lodo no DS
Devido à ação da mistura em ambos os reatores, um devido à desnitrificação do nitrato residual, o
intercâmbio dos líquidos nitrificado e anóxico era acúmulo de lodo no DS deve ser mantido mínimo.
induzida. O nitrato que entrava no reator anóxico Isto foi obtido a partir de uma razão de recirculação
primário era desnitrificado a gás nitrogênio. de lodo sedimentado a partir do DS igual à vazão
Ludzack e Ettinger relataram que seu sistema média afluente (1:1).
fornecia resultados variáveis de desnitrificação,
provavelmente devido à falta de controle do
intercâmbio de conteúdos entre os dois reatores.

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5.8.5.2 O sistema Bardenpho de 4 estágios 5.8.6 Taxas de desnitrificação

De forma a superar a deficiência relativa à remoção O comportamento da desnitrificação nas zonas


incompleta de nitrato no sistema LEM, Barnard anóxicas primária e secundária é melhor explicado
(1973) propôs a inclusão de um segundo reator considerando estes reatores como de fluxo
anóxico no sistema e nomeou-o de sistema pistonado. Entretanto, esta explicação é igualmente
Bardenpho de 4 estágios (Figura 5.13C). válida para reatores de mistura completa, pois a
cinética da desnitrificação é essencialmente zero
em relação à concentração de nitrato (Van Haandel
et al., 1981; Ekama e Wentzel, 1999). Devido aos
dois tipos de DQO biodegradável no esgoto
afluente (DQORB e DQOLB), a desnitrificação no
reator anóxico primário ocorre em duas fases
(Figura 5.14A): uma fase inicial rápida, em que a
taxa é definida pela utilização simultânea da
DQORB e da DQOLB (K1 + K2), e uma segunda
Figura 5.13C O sistema de remoção biológica de nitrogênio fase mais lenta, em que a taxa específica de
com lodo único denominado Bardenpho de 4 estágios, desnitrificação (K2) é definida pela utilização
incluindo reatores anóxicos primário e secundário. somente da DQOLB originária do afluente e
autogerada pelo lodo a partir da morte e lise dos
Barnard considerou que a baixa concentração organismos. No reator anóxico secundário,
de nitrato enviada do reator aeróbio para o reator somente uma única fase lenta de desnitrificação
anóxico secundário seria desnitrificada, ocorre (Figura 5.14B, à direita), sendo que a taxa
produzindo um efluente relativamente livre de específica (K3) é de aproximadamente dois terços
nitrato. Ele incluiu um reator “flash” ou de da taxa lenta (K2) no reator anóxico primário (Stern
reaeração para volatilizar o gás nitrogênio e e Marais, 1974; Van Haandel et al., 1981). No
nitrificar a amônia liberada durante a reator aeróbio precedente, toda a DQORB e a maior
desnitrificação. parte da DQOLB do afluente foram utilizadas,
resultando que no reator anóxico secundário a
Embora conceitualmente o sistema Bardenpho única DQO biodegradável disponível é a DQOLB
tenha o potencial para remoção completa de nitrato, da morte e lise dos organismos; a lenta taxa de
na prática isto não é possível, exceto quando a disponibilização de DQOLB governa a taxa K3 e
razão de concentrações NTK/DQO afluente é torna esta taxa mais lenta que a taxa K2. Os valores
muito baixa, < 0,09 mgN/mgDQO para esgoto das taxas K são dados na Tabela 5.4.
sanitário comum a 14 oC. A baixa taxa de
desnitrificação e liberação de amônia Uma taxa específica K subsequente (K4) foi
(aproximadamente 20% do nitrato desnitrificado) definida para a desnitrificação na digestão anóxica-
resulta em uso ineficiente da fração anóxica aeróbia com aeração intermitente de descarte de
secundária da massa de lodo. Como consequência lodo ativado (DLA) (Warner et al., 1986). Esta taxa
da competição entre as frações aerada e não aerada é somente dois terços da taxa K3 no reator anóxico
da massa de lodo frente aos requisitos para secundário (Tabela 5.4), mas suficientemente alta
nitrificação (ver Seção 5.4.3), usualmente é melhor para desnitrificar todo o nitrato gerado na digestão
excluir o reator anóxico secundário (e o reator de aeróbia de DLA se o ciclo de aeração de 4 a 6 horas
reaeração), e aumentar o reator anóxico primário e for 50% anóxico e 50% aeróbio. A desnitrificação
a razão de recirculação de biomassa em suspensão. na digestão anóxica-aeróbia soma os benefícios da
desnitrificação a este sistema, ou seja, consumo

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221

zero de alcalinidade, recuperação de oxigênio, desenvolvido posteriormente (Capítulo 14, Seção


melhor controle de pH, menor dosagem de 14.4). A utilização de compostos orgânicos RB é
reagentes (Dold et al., 1985) e, adicionalmente, um modelada com a equação de Monod, e
centrado livre de nitrogênio na etapa de secagem. expressando-se a taxa K1 nestes termos resulta,

(1−YOHO )fdv μOHO SS


A constância das taxas específicas de K1 =
2,86 YOHO KS +SS
desnitrificação K1, K2, K3 (e K4) sob condições de
(mgNO3-N/mgSSVOHO.d) (5.44)
vazão e carga constantes podem ser explicadas em
termos da cinética da utilização dos compostos
onde:
orgânicos RB e LB, incluída em modelos de SS
≈1
simulação de lodo ativado, como o ASM1, KS +SS

Figura 5.14 Concentração de nitrato versus perfis temporais em reatores de fluxo pistonado anóxico primário (A) e anóxico
secundário (B), mostrando as três fases da desnitrificação associadas com as taxas K1, K2 e K3. No anóxico primário, a taxa
rápida inicial K1 é atribuída à utilização da DQORB afluente, e a segunda taxa K2, mais lenta, à utilização da DQOLB do esgoto
afluente e autogerada pela morte e lise dos organismos. No reator anóxico secundário, a taxa K 3 é atribuída à utilização
somente da DQOLB autogerada.

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222

Tabela 5.4 Taxas de desnitrificação K e sua sensibilidade à temperatura.

Símbolo 20 ºC θ 14 ºC 22 ºC
a) K
1,20 0,720 1,200 0,241 1,036
b) K
2,20 0,101 1,080 0,064 0,118
c) K
3,20 0,072 1,029 0,061 0,076
d) K
4,20 0,048 1,029 0,040 0,051
a)
Unidades: mgN-NO3-/mgSSVOHO.d

No reator anóxico primário de fluxo pistonado Em reatores anóxicos primários e secundários


e de mistura completa, o termo de Monod SS/(KS + de fluxo pistonado com vazão e carga constantes, a
SS) permanece próximo de 1 mesmo para baixas razão (XS/XOHO) se altera muito pouco devido à
concentrações de DQORB, porque a concentração reduzida taxa de hidrólise anóxica. A razão para K2
de meia-saturação (KS) é baixa. Assumindo-se ser maior que K3 surge das diferentes
YOHO = 0,67 mgDQO/mgDQO e fdv = 1,48 concentrações de compostos orgânicos LB
mgDQO/mgSSV resulta em K1 = 0,26 μOHO mgN- adsorvidos, relativos à concentração de OHOs
NO3-/mgSSVOHO.d. Assim, para o K1 medido de ativos (XS/XOHO) (Figura 5.15). No reator anóxico
0,72 mgN-NO3-/mgSSVOHO.d (Tabela 5.4), μOHO primário, a razão é alta porque a DQOLB adsorvida
deve ter sido de aproximadamente 2,8/d. Esta taxa se origina do afluente e da morte de OHOs. No
μOHO está na faixa de taxas μOHO medidas em anóxico secundário, a razão é mais baixa porque a
sistemas de lodo ativado. Ao investigar a cinética DQOLB se origina somente da morte de OHOs.
da utilização da DQORB em seletores aeróbios e Para as taxas de desnitrificação K2 e K3, não há
anóxicos, Still et al. (1996) e Ekama et al. correlação simples entre as taxas K e ηKh, visto que
(1996a,b) encontraram valores de μOHO na faixa a razão entre DQOLB adsorvida e OHOs
entre 1,0/d em reatores de mistura completa e 4,5/d (XS/XOHO) é diferente nos reatores anóxicos
em seletores, que resultam em taxas de primário e secundário (e nos digestores aeróbios) e
desnitrificação K1 de aproximadamente 0,26 mgN- varia ligeiramente com a idade do lodo e com a
NO3-/mgSSVOHO.d para sistemas de mistura fração não aerada da massa de lodo.
completa e de 1,17 mgN-NO3-/mgSSVOHO.d para
sistemas nos quais um efeito seletor (alto valor de
μOHO) foi estimulado na biomassa de OHOs.
A utilização da DQOLB é expressa em termos
da formulação cinética de hidrólise baseada em
superfície e sítios ativos, que tem a forma da
equação de Monod, exceto que a variável é a razão
DQOLB adsorvida por OHO ativo (XS/XOHO), não
a concentração de DQOLB no meio líquido.
Portanto, as taxas K2, K3 (e K4) são dadas por,

(1− YOHO )fdv ηKh (XS /XOHO )


K2 = K3 = K4 = [KX +(XS /XOHO )]
2,86 YOHO
(mg N-NO3-/mgSSVOHO.d) (5.45)

Figura 5.15 Taxa específica de desnitrificação (K) versus


onde:
razão de concentração de compostos orgânicos RB em
XS/XOHO é progressivamente mais lenta no relação à biomassa de OHOs (XS/XOHO), mostrando as taxas
anóxico primário (K2), secundário (K3) específicas de desnitrificação anóxica primária (K2),
e na digestão anóxica-aeróbia (K4) anóxica secundária (K3) e da digestão anóxica-aeróbia
(K4).

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223

Foi concluído que as “constantes” K1, K2, K3 e 5.8.7 Potencial de desnitrificação


K4 não têm significância direta, do ponto de vista
cinético; sua constância é resultado de uma A concentração de nitrato (por litro da vazão
combinação de reações cinéticas que apresentam afluente Qa) que um reator anóxico pode
pouca variação para idades do lodo na faixa de 10 desnitrificar biologicamente é denominada de
a 30 dias (Figura 5.15). potencial de desnitrificação do reator. É chamado
de potencial porque ele pode ser atingido ou não
Embora a temperatura afete as taxas K, a partir dependendo da carga de nitrato afluente ao(s)
do momento em que elas são ajustadas para a reator(es). Se pouco nitrato é recirculado ao reator
temperatura, novamente as taxas K apresentam anóxico, todo o nitrato recirculado será
pouca variação para diferentes idades do lodo (Van desnitrificado e a remoção real de nitrato, ou seja,
Haandel et al., 1981). Pode-se concluir que, tanto o desempenho de desnitrificação, será menor que
do ponto de vista de obsevações experimentais seu potencial. Neste caso, a desnitrificação é
quanto cinéticos teóricos, taxas K2 e K3 constantes limitada pelo sistema (ou mais precisamente,
são aceitáveis para dimensionamento em estado limitada pela recirculação). Um aumento nas
estacionário. Isto é, de fato, feito para estimar o razões de recirculação do sistema aumentará a
potencial de desnitrificação (Dp) de um reator carga de nitrato no reator anóxico e, portanto,
anóxico sob condições de vazão e carga constantes. também a desnitrificação. Quando as razões de
recirculação são tais que a carga de nitrato no(s)
Com relação a K1, essa taxa pode se alterar reator(es) anóxico(s) se iguala ao potencial de
significativamente porque a taxa de utilização da desnitrificação do reator, então o desempenho da
DQORB pode mudar apreciavelmente dependendo desnitrificação é ótimo e as razões de recirculação
do regime de mistura no reator anóxico (ou estão em seus valores ótimos. Neste ponto, as
aeróbio) (Ekama et al., 1996a,b e Still et al., 1996). concentrações de nitrato no reator anóxico e em seu
Porém, sua variação não afeta significativamente o efluente são apenas zero e as menores possíveis,
dimensionamento da ND, pois os reatores anóxicos respectivamente. Aumentando-se as razões de
primários são, em geral, suficientemente grandes recirculação para valores acima do ótimo, aumenta
para permitir a utilização completa da DQORB, a concentração de nitrato no efluente do reator
mesmo quando a taxa de utilização (μOHO) é baixa. anóxico para valores maiores que zero, mas isto
De fato, o procedimento para dimensionamento da não melhora o desempenho de desnitrificação, pois
desnitrificação requer que toda a DQORB seja neste caso o sistema se torna limitado
utilizada no reator anóxico primário, o que introduz biologicamente ou cineticamente. O potencial de
uma fração anóxica primária mínima da massa de desnitrificação do(s) reator(es) anóxico(s) foi
lodo (fx1,min) e uma recirculação “a” mínima (amin) atingido e mais nitrato não poderá ser
para que isto seja garantido. Estes conceitos podem desnitrificado pelo(s) reator(es) anóxicos(s) e pelo
também ser utilizados para o dimensionamento de esgoto em particular. De fato, aumentos nas razões
seletores anóxicos (Ekama et al., 1996a,b). O de recirculação acima dos valores ótimos são
modelo de simulação também foi aplicado para a antieconômicas devido aos custos de bombeamento
digestão anóxica-aeróbia de descarte de lodo desnecessários, além da introdução desnecessária
ativado (DLA). Constatou-se que o modelo previu de oxigênio dissolvido adicional nos reatores
com acurácia tanto o comportamento do digestor anóxicos, o que causa redução indesejável do
aeróbio quanto do anóxico-aeróbio sob condições desempenho de desnitrificação e aumento na
de vazão e carga constantes e cíclicas, e validou a concentração de nitrato efluente. O princípio do
taxa específica de desnitrificação K4 (Warner et al., dimensionamento da desnitrificação gira, portanto,
1986); nenhum ajuste significativo nos valores das em torno (i) do cálculo do potencial de
constantes cinéticas foi necessário. desnitrificação do(s) reator(es) anóxico(s), (ii) do

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224

estabelecimento da carga de nitrato imposta ao(s) YOHOv produção celular de OHOs (0,45
reator(es) anóxico(s) como igual ao potencial de mgSSV/mgDQO)
desnitrificação, e (iii) do cálculo das razões de 2,86 equivalente de oxigênio do nitrato
recirculação associadas a esta condição. As razões
de recirculação calculadas desta maneira são os Com relação à DQOLB, este substrato
valores ótimos. contribui para a desnitrificação nos reatores
anóxico primário e anóxico secundário. Os
A partir da discussão anteriormente, fica potenciais de desnitrificação para a DQOLB são
evidente que os cálculos da carga de nitrato e do formulados com base nas taxas específicas de
potencial de desnitrificação são críticos no desnitrificação K2 e K3, respectivamente. Estas
dimensionamento voltado à desnitrificação. A taxas K são uma simplificação das equações
carga de nitrato é calculada a partir da capacidade cinéticas que descrevem a utilização da DQOLB do
de nitrificação, que é a concentração de nitrato por afluente e/ou da morte e lise dos organismos, e se
litro da vazão afluente (Qa) gerada pela nitrificação embasam nos princípios de cinética microbiana
(Seção 5.6.2, Eq. 5.35). Mostrou-se acima que a incorporados nos modelos de simulação de lodo
capacidade de nitrificação (NITc, mgN/lafluente) é ativado, como o ASM1 (Van Haandel et al., 1981;
aproximadamente proporcional à concentração de Henze et al., 1987). As taxas K definem a taxa de
NTK afluente (NTKa). O potencial de desnitrificação como mgN-NO3- desnitrificado por
desnitrificação é calculado separadamente para a dia por mg de massa de SSVOHO no reator
utilização da DQORB e da DQOLB. A DQORB anóxico. Portanto, para determinar a contribuição
gera uma rápida taxa de desnitrificação, de forma da DQOLB ao potencial de desnitrificação, a massa
que se pode assumir que ela é toda utilizada no de SSVOHO produzida em relação à vazão
reator anóxico primário. Isto é, de fato, um objetivo afluente e a proporção desta massa nos reatores
do dimensionamento. Similarmente, a contribuição anóxicos primário e/ou secundário devem ser
da DQORB ao potencial de desnitrificação é calculadas e multiplicadas pelas taxas K2 ou K3.
simplesmente a componente catabólica de sua
capacidade de doar elétrons em termos de nitrato De acordo com o modelo de lodo ativado em
como N. Portanto, na utilização completa da estado estacionário para remoção de matéria
DQORB afluente, uma proporção fixa (1-YOHO) orgânica (Capítulo 4, Seção 4.4.2.1), a massa de
dos elétrons da DQORB (componente catabólica) OHOs no sistema (MXOHOv) é calculada a partir da
será doada ao NO3-, reduzindo-o a N2. Assim, carga de DQO biodegradável (Eq. 4.9). Desta
conhecendo-se a concentração de DQORB afluente massa MXOHOv, uma fração fx1 e/ou fx3 está
e assumindo-se que ela é toda utilizada, o potencial continuamente presente nos reatores anóxicos
de desnitrificação desta DQORB é: primário e/ou secundário, respectivamente, ou seja,
fx1 e fx3 são as frações anóxicas primária e
secundária da massa de lodo, respectivamente. A
DplDQORB = fSS DQOb,a (1 − fdv YOHOv )/2,86 massa de SSVOHO nos reatores anóxicos primário
(mgN-NO3-/Lafluente) (5.46) e/ou secundário por vazão afluente é, então, dada
por:
onde:
𝑓𝑥𝑙 𝑀𝑋𝑂𝐻𝑂𝑣
Dp1DQORB potencial de desnitrificação da DQORB =
𝑄𝑎
afluente no reator anóxico primário 𝑓𝑥𝑙 𝐷𝑄𝑂𝑏,𝑎 𝑌𝑂𝐻𝑂𝑣 𝑇𝑅𝑆
DQOb,a DQO biodegradável afluente ⁄(1
+ 𝑏𝑂𝐻𝑂 𝑇𝑅𝑆)
(mgDQO/L) (mgSSVOHO/L) (5.46a)
fSS fração de DQORB na DQOb,a
para o afluente nos reatores anóxicos primários e

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225

𝑓𝑥3 𝑀𝑋𝑂𝐻𝑂𝑣
= forma que a demanda de oxigênio é diretamente
𝑄𝑎
𝑓𝑥3 𝐷𝑄𝑂𝑏,𝑎 𝑌𝑂𝐻𝑂𝑣 𝑇𝑅𝑆 relacionada à carga de DQO, a demanda de nitrato
⁄(1 (que é denominada potencial de desnitrificação)
+ 𝑏𝑂𝐻𝑂 𝑇𝑅𝑆)
(mgSSVOHO/L) (5.46b) também, pois tanto o oxigênio quanto o nitrato
para o afluente nos reatores anóxicos secundários. agem como receptores de elétrons para as mesmas
reações de degradação de matéria orgânica. Para o
Multiplicando-se estas massas pelas mesmo tamanho de reator anóxico, o reator
respectivas taxas K, obtêm-se os potenciais de anóxico primário tem um potencial de
desnitrificação dos reatores anóxicos primário e desnitrificação muito maior (aproximadamente 2 a
secundário atribuídas à DQOLB (Dp1DQOLB, 3 vezes) que o reator anóxico secundário, porque
Dp3DQOLB), ou seja (i) K2 é maior que K3 e (ii) mais importante, a
DQORB aporta uma contribuição significativa ao
𝐷𝑝𝑙 𝐷𝑄𝑂𝐿𝐵 =
𝐾2 𝑓𝑥𝑙 𝑀𝑋𝑂𝐻𝑂𝑣
=
𝐾2 𝑓𝑥𝑙 𝐷𝑄𝑂𝑏,𝑎 𝑌𝑂𝐻𝑂𝑣𝑇𝑅𝑆 potencial de desnitrificação no reator anóxico
𝑄𝑎 (1+𝑏𝑂𝐻𝑂 𝑇𝑅𝑆) primário. Por esta razão, a DQORB necessita ser
(5.47) precisamente especificada para garantir estimativas
confiáveis da remoção de N que pode ser
K3 fx3 DQOb,a YOHOv TRS
Dp3 DQOLB = (1+bOHO TRS)
(5.48) alcançada. Para um esgoto sanitário comum com
uma fração de DQORB (fSS) de aproximadamente
25% (em relação à DQO biodegradável), a
Esta abordagem é válida porque as taxas K2 e
DQORB contribui com aproximadamente 1/3 a 1/2
K3 são contínuas para todo o tempo de residência
do Dp1, dependendo do tamanho do reator anóxico
do lodo no(s) reator(es) anóxico(s), desde que a
primário e da temperatura. Em um sistema em que
concentração de nitrato não se reduza a zero
um alto grau de remoção de N é requerido, entre
(Figura 5.14). Combinando as componentes do
1/4 e 1/3 da demanda carbonácea de oxigênio é
potencial de desnitrificação referentes à DQORB e
atendida pela desnitrificação, o que reduz a
à DQOLB resulta no potencial total de
demanda carbonácea de oxigênio no reator aeróbio
desnitrificação dos reatores anóxicos primário e
na mesma quantidade. Conforme mencionado
secundário, ou seja
anteriormente, esta redução representa
aproximadamente metade do oxigênio que foi
Dpl = Dpl DQORB + Dpl DQOLB =
DQOb,a (1−fdv ) DQOb,a K2 fxl fdv TRS requerido para a produção de nitrato na nitrificação
fSS + (1+bOHO TRS)
= (ver Figura 5.11).
2,86
fSS (1−fdv ) K2 fxl fdv TRS
DQOb,a { + (1+ bOHO TRS)
}
2,86
A partir da Eq. 5.50, a contribuição da DQORB
(mgN/Lafluente) (5.49)
afluente ao potencial de desnitrificação do reator
Dp3 = Dp3 DQORB + Dp3 DQOLB = 0 +
DQOb,a K3 fx3 YOHOv TRS anóxico secundário é zero. Isto porque toda a
(1+bOHO TRS) DQORB é utilizada nos reatores anóxico e/ou
(mgN/Lafluente) (5.50) aeróbio precedentes. Porém, o termo Dp3DQORB foi
Nas equações 5.49 e 5.50, as taxas K2, K3 e bOHO incluído na Eq. 5.50, caso uma fonte externa de
são sensíveis à temperatura e decrescem conforme carbono, como metanol, ácido acético ou água
a temperatura diminui. A sensibilidade à residuária com alta carga orgânica, seja dosada no
temperatura destas taxas foi medida e está definida reator anóxico secundário para intensificar a
nas Tabelas 5.4 e 4.2. A partir das Eqs. 5.49 e 5.50, desnitrificação. Dp3DQORB é idêntico à Eq. 5.46, em
pode-se observar que os potenciais de que fSSDQOb,a é a concentração de DQO do
desnitrificação são diretamente proporcionais à composto orgânico dosado, em mgDQO/L de
concentração de DQO biodegradável do esgoto afluente. Com metanol, o valor de YOHOv é
(DQOb,a). Isto é esperado, visto que da mesma

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226

significativamente menor que 0,56 Substituindo os valores das constantes cinéticas


mgSSV/mgDQO. na Eq. 5.51 resulta em fx1,min < 0,08 para TRS > 10
dias a 14 oC. Este valor é muito menor que a maior
A abordagem da fração da massa de lodo acima parte dos reatores anóxicos primários na prática, de
é válida porque a fração das massas de SSV forma que a Eq. 5.51 será válida na maioria dos
(MXSSV) ou SST (MXSST) que corresponde à massa casos. A Equação 5.51 também se aplica no
de OHOs (MXOHOv) é constante para características dimensionamento de seletores anóxicos, desde que
do esgoto e idades do lodo específicas, e igual à K1 (ou μOHO) seja adequadamente selecionado (ver
fração ativa (fat,OHO ou fav,OHO – Eqs. 4.26 e 4.27) e Seção 5.8.6, Eq. 5.44).
quase a mesma nos reatores anóxicos e aeróbios do
sistema. Assim, as frações anóxica e aeróbia da 5.8.9 Influência da desnitrificação no
massa de lodo são as mesmas quando calculadas a volume do reator e na demanda de
partir das massas de SSV, SST ou OHOs; por oxigênio
exemplo, em um sistema LEM com volumes de
reatores anóxico e aeróbio de 3.000 e 6.000 m3, Com base na abordagem de dimensionamento
respectivamente, muito próximo de 1/3 das massas para nitrificação (Eq. 5.19) e desnitrificação (Eqs.
de OHOs, SSV e SST no sistema estão no reator 5.49 e 5.50), observa-se que o dimensionamento da
anóxico e, portanto, a fração anóxica da massa de remoção de N é feito inteiramente usando frações
lodo é de 0,33. de massa de lodo e não requer que o volume do
reator seja conhecido. O volume do reator é obtido
5.8.8 Fração anóxica primária mínima da de modo idêntico que para o sistema
massa de lodo completamente aeróbio e se dá a partir da escolha
da concentração de SST (XSST) para o reator
Na Eq. 5.49, é assumido que a taxa rápida (Capítulo 4, Seção 4.7). O volume do reator obtido
inicial de desnitrificação é sempre completa, ou é, então, subdividido de maneira proporcional às
seja, o tempo de detenção real no reator anóxico frações anóxicas primária e/ou secundária e aeróbia
primário é sempre maior que o tempo requerido da massa de lodo. Consequentemente, o
para a utilização de toda a DQORB afluente. Isto dimensionamento da remoção de N é inserido
ocorre porque, na Eq. 5.49, a desnitrificação diretamente no dimensionamento do sistema
atribuída à DQORB afluente é expressa aeróbio e, para a mesma concentração de SST no
estequiometricamente, e não cineticamente; ela reator e mesma idade do lodo de projeto, um
fornece a concentração de nitrato que a taxa K1 sistema completamente aeróbio e um sistema
remove quando tempo suficiente é dado para o anóxico-aeróbio para remoção de N terão o mesmo
alcance de sua totalidade. Considerando o tempo de volume de reator. Pesquisas indicam que há muitos
detenção real (digamos, t1) necessário para fatores que influenciam a massa de lodo gerada em
completar a 1ª fase da desnitrificação (Figura uma dada idade do lodo e carga diária média de
5.14A), e observando que t1(a+s+1) é, então, o DQO, e a alternância de condições anóxicas-
tempo de detenção hidráulica nominal mínimo para aeróbias é uma delas. Entretanto, em relação à
atingir isto, pode-se mostrar que a fração anóxica incerteza na carga de orgânicos (DQO) e na fração
primária mínima da massa de lodo, fx1,min, para de DQO particulada não biodegradável, estas
remover toda a DQORB afluente a uma taxa de K1 influências não são grandes o suficiente do ponto
mgN-NO3-/mgSSVOHO.d é: de vista de projeto para que sejam consideradas
especificamente no procedimento de
fSS (1−fdv YOHOv )(1+bOHO,T TRS) dimensionamento. Do ponto de vista de projeto, a
fx1,min = (5.51)
2,86 K1,T YOHOv TRS
única diferença significativa entre condições
aeróbias e anóxicas-aeróbias é a demanda de

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227

oxigênio, e esta diferença deve ser levada em conta características do esgoto no dimensionamento será
para um projeto econômico (Figura 5.11). demonstrado a seguir com exemplos numéricos
gerados para o exemplo de esgoto bruto e
decantado com diferentes concentrações de NTK e
5.9 DESENVOLVIMENTO E frações de DQORB afluentes. O dimensionamento
DEMONSTRAÇÃO DO da remoção biológica de N é desenvolvido e
PROCEDIMENTO DE demonstrado a seguir por meio da continuação dos
DIMENSIONAMENTO cálculos dos exemplos com esgoto bruto e
decantado. As características do esgoto são listadas
Concluiu-se acima que as características do nas Tabelas 4.3 e 5.1. A única característica
esgoto afluente que necessitam ser precisamente adicional necessária para o dimensionamento da
conhecidas são a razão NTK/DQO e a fração de desnitrificação é a fração de DQORB afluente (fSS),
DQORB afluentes. Elas têm uma grande influência que é 0,25 e 0,385 da DQO biodegradável (DQO b,a)
na capacidade de nitrificação e no potencial de para esgoto bruto e decantado, respectivamente. Os
desnitrificação, respectivamente, e, portanto, no resultados obtidos até o momento nos cálculos da
desempenho da remoção de N e na concentração remoção de DQO e da nitrificação estão listados na
mínima de nitrato que pode ser alcançada pela Tabela 5.5.
desnitrificação biológica. O efeito destas duas

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Tabela 5.5 Resumo dos cálculos de dimensionamento para remoção de DQO e nitrificação para remoção de N com 20 dias de
idade do lodo e 14 e 22 oC, para os exemplos com esgoto bruto e decantado (ver Tabelas 4.3 e 5.1 para características do
esgoto).

Parâmetro Símbolo Unidade Esgoto Bruto Esgoto decantado


Características do esgoto
Vazão afluente Qa ML/d 15,00 14,93
Concentração de DQO afluente DQOa mgDQO/L 750 450
Concentração de NTK afluente NTKa mgN/L 60 51
Razão NTK/DQO fns mgNTK/mgDQO 0,080 0,113
Fração de DQORB fSS mgDQO/mgDQO 0,25 0,385
o
Temperatura do esgoto T C 14 22 14 22
Remoção de matéria carbonácea (Capítulo 4)
Massa de DQO biodegradável FDQOb,a kgDQO/d 8.775 8.775 5.664 5.664
afluente
Massa de DQO biodegradável FDQOb kgDQO/d 0 0 0 0
residual
Massa de organismos ativos MXOHOv kgSSV 15.659 12.984 10.107 8.381
Massa de resíduo endógeno MXE,OHOv kgSSV 12.663 13.198 8.174 8.519
Massa de compostos orgânicos MXIv kgSSV 22.804 22.804 3.649 3.649
não biodegradáveis
Massa de sólidos em suspensão MXSSV kgSSV 51.126 48.986 21.930 20.549
voláteis
Massa de sólidos em suspensão MXSST kgSST 68.168 65.315 26.421 24.757
totais
Fração ativa - SSV fav,OHO 0,306 0,265 0,461 0,408
Fração ativa - SST fat,OHO 0,230 0,199 0,383 0,339
Massa de oxigênio para demanda FOc kgO2/d 6.679 6.838 4.311 4.413
carbonácea
Massa de nitrogênio para a FNl kgN/d 255,6 244,9 109,7 102,7
produção de lodo
Massa de SST descartada FXSST kgSST/d 3.408 3.266 1.321 1.238
Nitrificação (Seção 5.6)
Fração não aerada da massa de fx,max 0,534 0,80 0,534 0,80
lodo permitida
Fração não aerada da massa de fxt 0,534 0,534 0,534 0,534
lodo de projeto
Fator de segurança Sf 1,25 2,88 1,25 2,88
N orgânico biodegradável efluente Nob,e mgN/L 0,0 0,0 0,0 0,0
N orgânico solúvel não Nosnb,e mgN/L 1,80 1,80 1,80 1,80
biodegradável efluente
Amônia efluente SNHx,e mgN/L 2,0 0,7 2,0 0,7
NTK efluente NTKe mgN/L 3,8 2,5 3,8 2,5
Concentração de N para produção Nl mgN/L 17,0 16,3 7,4 6,9
de lodo
Capacidade de nitrificação NITc mgN/L 39,2 41,2 39,9 41,6
Massa de nitrificantes MXONA kgSSV 702 669 711 673
Demanda de oxigênio para FONIT kgO2/d 2.685 2.824 2.719 2.840
nitrificação
Demanda de oxigênio total FOt kgO2/d 9.364 9.661 7.030 7.254

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229

formado é desnitrificado, a variação da alcalinidade


5.9.1 Revisão dos cálculos a H2CO3 = - 7,14NITc + 3,57 (nitrato
Para as características do esgoto bruto (ou seja, desnitrificado) = - 7,14 • 39,2 + 3,57 • 0,80 • 39,2
fXNB,DQOa = 0,15 mgDQO/mgDQO, fSNB,DQOa = 0,07 = - 168 mg/L como CaCO3. Com uma alcalinidade
mgDQO/mgDQO, Tmin = 14 oC, DQOa = 750 afluente de 250 mg/L como CaCO3, a alcalinidade
mgDQO/L; ver Tabela 4.3) e idade do lodo de 20 a H2CO3 efluente = 250 – 168 = 82 mg/L como
dias, e assumindo o conteúdo de nitrogênio dos CaCO3, que, de acordo com a Figura 5.6, manterá
sólidos voláteis (fn) como 0,10 mgN/mgSSV, o o pH acima de 7 (ver Seção 5.4.6).
nitrogênio requerido para a produção de lodo é Nl
= 17,0 mgN/L (Eq. 5.27). 5.9.2 Alocação da fração não aerada da
massa de lodo
De acordo com a Seção 5.7.5, as concentrações
de nitrogênio orgânico solúvel biodegradável e não Em sistemas para remoção de nitrogênio, a fração
biodegradável efluentes (Nobs,e e Nosnb,e, Eq. 5.37) máxima da massa de lodo disponível para a
são 0,0 e 1,80 mgN/l, respectivamente. A partir da desnitrificação (fxd,max) pode ser fixada como igual
Eq. 5.15, a concentração de amônia efluente, SNHx,e, à fração não aerada máxima da massa de lodo,
é de 2,0 mgN/L. A concentração de NTK efluente fx,max, à mínima temperatura, ou seja
(NTKe) é a soma de Nosnb,e e SNHx,e (Eq. 5.33) e,
portanto, NTKe = 3,8 mgN/L (Tabela 5.5). fxd,max = fx,max (5.52)
A capacidade de nitrificação (NITc) é
encontrada por meio da Eq. 5.35 e, para o exemplo onde fx,max é dada pela Eq. 5.19 para TRS, μONA,max,T
com esgoto bruto (NTKa = 48,0 mgN/L; e Tmin escolhidos.
NTK/DQO = 0,08 mgN/mgDQO) a 14 oC, é NITc
= 48,0 – 17,0 – 3,8 = 39,2 mgN/L. Isto ocorre porque, para sistemas com remoção
de N, a massa de lodo não aerada não precisa ser
A demanda de oxigênio para a nitrificação, reservada para o reator anaeróbio. Em sistemas
FONIT, é obtida a partir da Eq. 5.43, ou seja com remoção de N e P, uma parte da massa de lodo
não aerada (0,12-0,25) precisa ser reservada para o
FONIT = 4,57NITc Qa = 4,57 • 39,2 • 15 • 10 6 reator anaeróbio, de forma a estimular a RBAF.
mgO2/d = 2.687 kgO2/d Esta fração de massa de lodo, denominada de
fração anaeróbia da massa de lodo e simbolizada
e a massa de SSV de nitrificantes no reator é como fxa, não pode ser utilizada para a
dada pela Eq. 5.42, ou seja desnitrificação. Para a RBAF ser a maior possível,
nitrato não deve ser recirculado ao reator
MXONA = 0,1 • 20 / (1 + 0,034 • 20) • 39,2 • 15 • 10 6 anaeróbio, de forma que haja desnitrificação zero
= 702 kgSSV. neste reator. Portanto, para os propósitos deste
desenvolvimento e demonstração do
Os cálculos acima para Nl, SNHx,e, NTKe, NITc, comportamento da desnitrificação, será admitido
FONIT e MXONA, para esgoto bruto e decantado a 14 que a fração não aerada máxima da massa de lodo
o
C e 22 oC, estão listados na Tabela 5.5. disponível com 20 dias de idade do lodo (f x,max) é
toda alocada para condições anóxicas, ou seja,
No dimensionamento, visto que a intenção é fxd,max = fx,max = 0,534.
reduzir a concentração de nitrato tanto quanto
possível, a variação da alcalinidade do esgoto será
minimizada; assumindo que 80% do nitrato

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230

5.9.3 Desempenho da desnitrificação do primário, isto é, fx1 = fxd,max = fx,max. O potencial de


sistema LEM desnitrificação do reator anóxico primário, Dp1, é
obtido por meio da Eq 5.49, ou seja, para o exemplo
5.9.3.1 Razão ótima da recirculação “a” com esgoto bruto a 14 oC e fx,max = fxd,max = fx1 =
0,534, Dp1 = 52,5 mgN/L. Os valores do Dp1 para
No sistema MLE, a fração anóxica da massa de os exemplos com esgoto bruto e decantado a 14 oC
lodo está toda na forma de um reator anóxico e 22 oC estão listados na Tabela 5.6.

Tabela 5.6 Resumo dos cálculos de dimensionamento da desnitrificação para o sistema Ludzack-Ettinger Modificado (LEM)
para remoção de N com 20 dias de idade do lodo e 14 e 22 oC, para os exemplos com esgoto bruto e decantado (ver Tabelas
4.3 e 5.1 para características do esgoto).

Parâmetro Símbolo Unidade Esgoto Bruto Esgoto decantado


Características do esgoto

Vazão afluente Qa ML/d 15,00 14,93


Concentração de DQO afluente DQOa mgDQO/L 750 750
Concentração de NTK afluente NTKa mgN/L 60 51
Razão NTK/DQO fns mgNTK/mgDQO 0,080 0,113
Fração de DQORB fSS mgDQO/mgDQO 0,25 0,385
oC
Temperatura do esgoto T 14 22 14 22
Características de projeto do sistema LEM
Fração anóxica primária da massa fx1 0,534 0,534 0,534 0,534
de lodo
Potencial de desnitrificação Dp1 mgN/L 52,5 71,5 40,1 52,4
Fração anóxica primária mínima da fx1,min 0,068 0,019 0,105 0,029
massa de lodo
OD na recirculação “a” SO2,a mgO2/L 2,0 2,0 2,0 2,0
OD na recirculação “s” SO2,s mgO2/L 1,0 1,0 1,0 1,0
Razão de recirculação de lodo s 1,0 1,0 1,0 1,0
Desempenho na razão NTK/DQO do exemplo 0,080 0,080 0,113 0,113
Razão de recirculação “a” ótima aot 21,6 44,1 6,5 17,9
Nitrato efluente com aot SNO3,e,aot mgN/L 1,7 0,9 4,7 2,1
Razão de recirculação “a” aprat 5,0 5,0 5,0 5,0
praticável
Nitrato efluente com aprat SNO3,e,aprat mgN/L 5,6 5,9 5,7 5,9
Oxigênio recuperado pela FODESNIT kgO2/d 1.440 1.515 1.458 1.524
desnitrificação
Demanda de oxigênio total líquida FOtDESNIT kgO2/d 7.924 8.147 5.572 5.730
Com razão NTK/DQO em que aot = aprat = 5:1 (balanceada) 0,104 0,132 0,119 0,148
Nitrato efluente com aot SNO3,e,aot mgN/L 8,1 11,3 6,0 8,1
NTK efluente NTKe mgN/L 4,3 3,6 3,9 3,0
N total efluente mgN/L 12,4 14,9 9,9 11,1
% de remoção de nitrogênio 84,1 84,9 81,5 83,3
Demanda de oxigênio para FONIT kgO2/d 3.894 5.411 2.884 3.862
nitrificação
Oxigênio recuperado pela FODESNIT kgO2/d 2.089 2.902 1.547 2.072
desnitrificação
Demanda de oxigênio total líquida FOtDESNIT kgO2/d 8.485 9.346 5.648 6.204

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231

No sistema LEM, se a concentração de nitrato primário exatamente a carga de nitrato e OD que


na saída do reator anóxico for zero, então a atinge o potencial de desnitrificação.
concentração de nitrato no reator aeróbio (SNO3,ar)
será igual a NITc/(a + s + 1), ou seja, a capacidade Este valor é o ótimo porque resulta na menor
de nitrificação, em mgN/L da vazão afluente, SNO3,e, ou seja:
diluída pela vazão total (sem nitrato) que entra no
reator aeróbio e que é (a + s + 1) vezes a vazão a ot = [−B + √B 2 + 4AC]/(2A) (5.56)
afluente, em que “a” e “s” são as razões de
recirculação de biomassa em suspensão e de lodo onde:
(em relação à vazão média afluente de tempo seco, A SO2,a/2,86
Qa), respectivamente. Assumindo que não há B NITc – Dp1 + {(s+1)SO2,a + s SO2,s}/2,86
desnitrificação no decantador secundário (o que C (s + 1) (Dp1 – sSO2,s/2,86) – s NITc
deve ser minimizado, de todas as maneiras, devido e
ao problema de lodos flotantes), as concentrações SNO3,e,min = SNO3,e,aot = NITc /(a ot + s + 1)
de nitrato no reator aeróbio e efluente ao sistema (mgN/L) (5.57)
(SNO3,ar e SNO3,e, respectivamente) são iguais e dadas Para a = aot, a Eq. 5.57 é válida e resultará na
por: mínima SNO3,e possível. Quando a ≤ aot, então a Eq.
5.57 também á válida porque a prerrogativa na qual
NITc
SNO3,e = SNO3,ar = (a+s+1)
(5.53) a Eq. 5.56 é baseada também é válida, ou seja,
SNO3,p1 ≤ Dp1 ou, de maneira equivalente,
Conhecendo-se SNO3,e e SNO3,ar e considerando- concentração de nitrato zero no efluente do reator
se as concentrações de OD nas recirculações “a” e anóxico. Porém, para a > aot, esta prerrogativa não
“s”, isto é, SO2,a e SO2,s em mg/L, respectivamente, é mais válida e SNO3,e cresce com o aumento da
a carga de nitrato equivalente no reator anóxico razão de recirculação “a” devido ao aumento das
primário (SNO3,p1) devido às recirculações “a” e “s” cargas de OD entrando no reator anóxico. Para a >
é: aot, SNO3,e é dada pela diferença entre a carga de
nitrato equivalente no reator anóxico (que é a soma
SO2,a da capacidade de nitrificação, NITc, e do
SNO3,p1 = [SNO3,ar + ] a + [SNO3,e +
2,86 equivalente de nitrato da concentração de oxigênio
SO2,S
]s em relação à vazão afluente) e o potencial de
2,86
(5.54) desnitrificação Dp1, ou seja

𝑎𝑆𝑂2,𝑎 𝑠𝑆𝑂2,𝑠
𝑆𝑁𝑂3,𝑒 = 𝑁𝐼𝑇𝑐 + + − 𝐷𝑝1
2,86 2,86
A desnitrificação ótima, isto é, a menor (mgN/L) (5.58)
concentração de nitrato, é obtida quando a carga de
nitrato equivalente no reator anóxico é igual ao Visto que NITc, Dp1, SO2,s e SO2,a são constantes,
potencial de desnitrificação do reator anóxico, ou o aumento de SNO3,e com o aumento de “a” acima
seja, Dp1 = SNO3,p1, de forma que de aot é linear com inclinação SO2,a/2,86 mgN/L.
Quando a = aot, as Eqs. 5.57 e 5.58 resultam nas
𝑐 𝑁𝐼𝑇 𝑆𝑂2,𝑎 𝑁𝐼𝑇𝑐 𝑆𝑂2,𝑠
𝐷𝑝1 = [(𝑎+𝑠+1) + ]𝑎 + [ + ]𝑠 mesmas concentrações SNO3,e.
2,86 (𝑎+𝑠+1) 2,86
(5.55)
Considerando a idade do lodo de projeto de 20
Resolvendo a Eq. 5.55 para “a” resulta na razão dias, que permite uma fração não aerada máxima
de recirculação “a” que envia ao reator anóxico da massa de lodo, fx,max, de 0,534, o comportamento
da desnitrificação no sistema LEM é demonstrado

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232

abaixo para os exemplos com esgoto bruto e Isto é ilustrado na Figura 5.16, que, mostra
decantado a 14 oC e a 22 oC. Nos cálculos, as SNO3,e versus a razão de recirculação “a” para o
concentrações de OD nas recirculações “a” e “s”, exemplo com esgoto bruto (Figura 5.16A) e
SO2,s e SO2,a, são 2 e 1 mgO2/L, respectivamente, e a decantado (Figura 5.16B) a 14 oC e a 22 oC,
razão de recirculação de lodo é 1:1. Esta razão de plotados a partir das Eqs 5.57 e 5.58. Para esgoto
recirculação “s” é geralmente fixada em um valor decantado (Figura 5.16B) a 14 oC e s = 1:1, e para
tal que uma operação satisfatória do decantador a < aot, o reator anóxico está abaixo de sua
seja obtida. Detalhes sobre teoria, projeto, capacidade em termos de nitrato e OD e, conforme
modelação e operação de decantadores secundários a recirculação “a” aumenta até o valor de aot,
são discutidos por Ekama et al. (1997) e também aumenta a carga de nitrato equivalente
apresentados no Capítulo 12. rumo ao potencial de desnitrificação do reator
anóxico. Inicialmente, SNO3,e decresce bruscamente
Substituindo os valores da capacidade de para aumentos de “a”, mas, conforme “a” aumenta,
nitrificação, NITc, e do potencial de desnitrificação, os decréscimos de SNO3,e ficam menores. A 14 oC,
Dp1 (Tabelas 5.5 e 5.6), nas Eqs. 5.56 e 5.57, a razão com a = aot = 6,5, o reator anóxico atinge, com as
de recirculação ótima de biomassa em suspensão, recirculações “a” e “s”, seu potencial de
aot, e a concentração mínima de nitrato efluente, desnitrificação, e é alcançada SNO3,e,min = SNO3,e,aot =
SNO3,e,aot, são obtidas, por exemplo para esgoto 4,7 mgN/L. Com a = aot = 6,5, a maior parcela do
decantado a 14 oC. potencial de desnitrificação do reator anóxico é
utilizada para a desnitrificação e, portanto, resulta
A = 2/2,86 = 0,70 nas concentrações de nitrato efluente mínimas
B = 39,9 - 40,1 + {(1+1)2+1x1} /2,86= (SNO3,e,aot). Isto é mostrado nas Figuras 5.17A e
= +1,52 = +1,54 5.17B, para esgoto bruto e decantado a 14 oC. Para
C = (1 + 1) (40,1 – 1.1/2,86) – 1 x 39,9= esgoto decantado a 14 oC (Figura 5.17B) com aot =
+39,61 = +39,60 6,5, 88% da carga de nitrato equivalente (ou seja,
Assim, aot = 6,5 e SNO3,e,min = 4,7 mgN/L. Os (a + s) SNO3,e,min = 35,2 mgN/L de um Dp1 = 40,1
resultados acima, assim como os obtidos nos mgN/L) é nitrato e, portanto, 88% do potencial de
exemplos com esgoto bruto e decantado a 14 oC e desnitrificação é utilizado para desnitrificação e
a 22 oC, são listados na Tabela 5.6. 12% para remoção de OD. Quanto maior a razão de
recirculação “a”, maior a parcela do potencial de
Os resultados na Tabela 5.6 mostram que, para desnitrificação utilizada para remoção de OD. A 14
o
todos os 4 casos, aot excede 5. Embora os cálculos C, para a < aot, a carga de nitrato equivalente
incluam o envio de OD para o reator anóxico, excede o potencial de desnitrificação e, conforme a
razões de recirculação acima de 5 a 6 não são recirculação “a” aumenta, também aumenta SNO3,e
econômicas. Os pequenos decréscimos em SNO3,e devido ao aumento da carga de OD ao reator
que são obtidos, mesmo para grandes aumentos na anóxico. A partir da Eq. 5.58, com a = 15, S NO3,e =
razão de recirculação “a” acima de 10,6 mgN/L e 27% do potencial de desnitrificação
aproximadamente 5:1, não justificam os custos de é requerido para remover OD, restando apenas 73%
bombeamento adicionais. para a desnitrificação (Figuras 5.16B e 5.17B).

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233

Figura 5.16 Concentração de nitrato efluente versus razão de recirculação de biomassa em suspensão “a” para o exemplo com
esgoto bruto (A) e decantado (B), com razão de recirculação de lodo (s) de 1:1 a 14 oC (linha azul) e 22 oC (linha vermelha) e com
s = 0,5:1 e 2,0:1 a 14 oC (linhas tracejadas).

Para 14 oC, os gráficos de SNO3,e versus “a” com até a = 6,5. Isto ocorre porque NITc a 14 oC e a 22
razões de recirculação de lodo “s” de 0,5:1 e 2,0:1 o
C para os exemplos com esgoto bruto e decantado
também são dados na Figura 5.16 e mostram que são praticamente os mesmos (ou seja, 39,9 e 41,6
aot não é significativamente diferente a diferentes mgN/L a 14 oC e a 22 oC, respectivamente, ver
razões de recirculação “s”. Além disso, para baixas Tabela 5.5). Porém, a 22 oC, o potencial de
razões de recirculação “a”, mudanças em “s” têm desnitrificação é significativamente maior que a 14
o
influência significativa em SNO3,e, mas, para altas C (40,1 mgN/L a 14 oC e 52,4 mgN/L a 22 oC, ver
razões de recirculação “a”, mesmo mudanças Tabela 5.6), de forma que um maior valor de aot é
significativas em “s” não alteram necessário (ou seja, 17,9) a 22 oC para igualar a
significativamente SNO3,e. Isto ocorre porque, para carga no reator anóxico ao seu potencial de
altos valores de “a”, a maior parte do nitrato é desnitrificação que a 14 oC. Portanto, a 22 oC,
recirculado para o reator anóxico pela recirculação conforme a recirculação “a” aumenta acima de 6,5,
“a”, de forma que mudanças em “s” não alteram SNO3,e continua decrescendo até que aot = 17,9 seja
significativamente a carga de nitrato no reator alcançada. O aumento de “a” de 6,5 a 17,9 reduz
anóxico. Assim, para o sistema LEM, decréscimos SNO3,e de 4,9 a 2,1, ou seja, somente 2,8 mgN/L.
em “s” podem ser compensados por acréscimos em Este pequeno decréscimo em SNO3,e não compensa
“a”; faz pouca diferença qual recirculação envia o o grande aumento nos custos de bombeamento
nitrato ao reator anóxico, desde que o reator requeridos para obtê-lo. Consequentemente, por
anóxico tenha carga tão próxima quanto possível razões econômicas, a razão de recirculação “a” é
do potencial de desnitrificação, de forma a limitada à máxima “a” praticável (aprat) de,
minimizar SNO3,e. digamos, 5:1, que fixa a concentração de nitrato
efluente mais baixa praticável (SNO3,e,prat) do
Para esgoto decantado a 22 oC e s = 1:1 (Figura sistema LEM entre 5 e 10 mgN/L, dependendo da
5.16B), SNO3,e versus “a” é similar ao caso de 14 oC razão NTK/DQO afluente
.

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234

Figura 5.17 Porcentagem do potencial de desnitrificação não utilizado, usada por oxigênio dissolvido nas recirculações e para
a desnitrificação versus a razão de recirculação “a” para os exemplos com esgoto bruto (A) e decantado (B), para razão de
recirculação de lodo (s) de 1:1 a 14 oC.

A partir do roteiro de projeto demonstrado até desnitrificação e mais OD que o necessário é


o momento, é evidente que o procedimento gira em recirculado para o reator anóxico, o que reduz a
torno do balanceamento da carga de nitrato desnitrificação (ver Figuras 5.16 e 5.17).
equivalente com o potencial de desnitrificação pela
escolha adequada da razão de recirculação “a”. Se um limite praticável é determinado para “a”,
Para parâmetros de projeto do sistema (idade do por exemplo aprat = 5:1, e aot é significativamente
lodo, fração anóxica da massa de lodo, razão de maior, então uma proporção significativa do
recirculação de lodo etc.) e características do potencial de desnitrificação do reator anóxico não
esgoto (temperatura, fração da DQO rapidamente é utilizada (Figura 5.17). Há duas opções para lidar
biodegradável, razão NTK/DQO etc.) escolhidas, o com este potencial de desnitrificação não utilizado:
potencial de desnitrificação do sistema LEM é (1) mudar o projeto, ou seja, diminuir a idade do
determinado. Com todos os aspectos anteriormente lodo (TRS) e/ou a fração não aerada da massa de
determinados, o desempenho da desnitrificação do lodo (fx,max), ou (2) manter o sistema conforme
sistema é controlado pela razão de recirculação “a”, projetado (ou seja, TRS = 20 d e f x,max = 0,534) e
e esse desempenho é ótimo quando a razão de deixar o potencial de desnitrificação não utilizado
recirculação “a” é alocada para aot. Para a < aot, o em reserva como um fator de segurança contra
desempenho será abaixo do ótimo porque a carga alterações nas características do esgoto, tais quais
de nitrato equivalente é menor que o potencial de (i) aumento da carga orgânica, que demandará uma
desnitrificação (Figura 5.17); para a = aot, o redução na idade do lodo, (ii) aumento da razão
desempenho é ótimo porque a carga de nitrato NTK/DQO, que enviará carga de nitrato ao reator
equivalente se iguala ao potencial de anóxico para razões de recirculação “a” mais
desnitrificação; e para a > aot, o desempenho é baixas, ou (iii) fração de DQORB reduzida, que
novamente subótimo porque agora a carga de diminui o potencial de desnitrificação do reator
nitrato equivalente é maior que o potencial de anóxico.

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235

Figura 5.18 Razão NTK/DQO afluente (NTK/DQO), frações não aerada máxima (fx,max), anóxica primária (fx1) e anóxica primária
mínima (fx1,min) da massa de lodo (A e B), concentração de nitrato efluente e % de remoção de N (C e D) para sistemas LEM
balanceados com um limite superior praticável da razão de recirculação “a” para o exemplo com esgoto bruto (A e C) e
decantado (B e D) a 14 oC.

que aprat envia carga ao reator anóxico atendendo


5.9.3.2 O sistema LEM balanceado exatamente ao seu potencial de desnitrificação, é
chamado de um sistema LEM balanceado. Esta
Com a opção (1), a fração anóxica da massa de abordagem para dimensionamento do sistema LEM
lodo, fx1, é reduzida para eliminar o potencial de foi proposta por Van Haandel et al. (1982) e resulta
desnitrificação não utilizado. A redução de f x1 no dimensionamento mais econômico do reator de
aumenta a fração aeróbia da massa de lodo e, lodo ativado, ou seja, com a menor idade do lodo e,
portanto, o fator de segurança (S f) para a portanto, com o menor volume de reator, e o maior
nitrificação. Para manter o mesmo S f, a idade do desempenho de desnitrificação com a razão de
lodo do sistema pode ser reduzida para um valor tal recirculação “a” fixada em algum limite praticável
que o valor de fx1 inferior é igual à fração não máximo. A razão NTK/DQO, fx,max = fx1, fx1,min,
aerada máxima da massa de lodo, fx,max, permitida SNO3,e e % de remoção de N (%Nrem) versus idade
(ou seja, fx1 = fx,max) para μONA,max,20 e Tmin do lodo para sistemas LEM balanceados para os
escolhidos. Um sistema LEM com idade do lodo exemplos com esgoto bruto e decantado a 14 oC e
(TRS) e concentração de NTK afluente (NTKa), tal a 22 oC são mostrados nas Figuras 5.18 e 5.19,
que fx1 = fx,max e aot = aprat (digamos, 5:1), de modo respectivamente.

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Figura 5.19 Razão NTK/DQO afluente (NTK/DQO), frações não aerada máxima (fx,max), anóxica primária (fx1) e anóxica primária
mínima (fx1,min) da massa de lodo (A e B), concentração de nitrato efluente e % de remoção de N (C e D) para sistemas LEM
balanceados com um limite superior praticável da razão de recirculação “a” para o exemplo com esgoto bruto (A e C) e
decantado (B e D) a 22 oC.

A idade do lodo que balanceia o sistema LEM Eq. 5.55, que determina a carga de nitrato
para características do esgoto e aprat dados não pode equivalente no reator anóxico como igual ao
ser calculada diretamente. É mais fácil calcular a potencial de desnitrificação e, assim, aot se iguala
concentração de NTK afluente para uma faixa de ao aprat escolhido. Com Dp1 e “a” conhecidos, NITc
idades do lodo e escolher a idade do lodo é calculado por meio da Eq. 5.55. A partir do
apropriada à concentração de NTK do esgoto momento em que NITc é conhecido, NTKa é
(NTKa). O procedimento para cálculo do NTKa calculado por meio de NTKa = NTKe + Nl + NITc
para um sistema LEM balanceado é o seguinte: a (Eq. 5.35), em que NTKe = Nosnb,e + SNHx,e (Eq.
partir dos valores de μONA,max,20, Tmin e Sf de projeto 5.33) e SNHx,e é dado pela Eq. 5.21, porque com Sf
e de uma idade do lodo escolhida, fx,max é calculado fixo, a relação TRS – fx,max é fixada. Com NITc e
por meio da Eq. 5.19. Considerando que f x,max > NTKa conhecidos, a concentração de nitrato
fx1,min (Eq. 5.51), fx1 é fixado como igual a fx,max. efluente, SNO3,e, e a % de remoção de nitrogênio
Conhecendo-se fx1 e as características do esgoto, (%Nrem) são encontrados por meio da Eq. 5.57 e de
Dp1 é calculado a partir da Eq. 5.49. Este Dp1 e um %Nrem = 100(NTKa – (SNO3,e + NTKe))/NTKa,
valor escolhido de aprat são, então, substituídos na respectivamente. Este cálculo é repetido para

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diferentes idades do lodo. A menor idade do lodo (fSS) de 0,385 e 0,25 para os exemplos com esgoto
permitida é aquela que resulta em f x1 = fx,max = decantado e bruto, respectivamente. Portanto, a 14
o
fx1,min. C, enquanto o esgoto bruto pode ser tratado em um
sistema LEM balanceado com aproximadamente
Na Figura 5.18 para 14 oC e esgoto bruto 11 d de idade do lodo (Figura 5.18A), a idade do
(Figuras 5.18A e C), pode-se observar que lodo para esgoto decantado em um sistema LEM
fx1(=fx,max) aumenta de aproximadamente 0,09, em balanceado é de aproximadamente 17 d (Figura
8 d de idade do lodo, na qual fx,max é ligeiramente 5.18B). Uma comparação dos sistemas LEM
maior que fx1,min, para 0,60, em 26 d de idade do balanceados para os exemplos com esgoto bruto e
lodo, na qual fx,max é igual ao limite superior decantado é dada na Tabela 5.7.
estabelecido para ela. Conforme fx1 aumenta,
também aumenta a razão NTK/DQO de 0,061, em A partir da Tabela 5.7, pode-se observar que
8 d de idade do lodo, para 0,115, em 26 d de idade SNO3,e é menos que 1 mgN/L maior para esgoto
do lodo. Com o aumento da razão NTK/DQO, a decantado, mas o volume do reator e a demanda
capacidade de nitrificação, NITc, aumenta e, assim, total de oxigênio são significativamente menores
SNO3,e aumenta de aproximadamente 3,2 mgN/L, quando comparadas com esgoto bruto. Portanto, do
em 8 d de idade do lodo, para 9,3 mgN/L, a 26 d de ponto de vista de um sistema de lodo ativado, tratar
idade do lodo, porque as razões de recirculação “a” esgoto decantado seria mais econômico que tratar
e “s” se mantêm em 5:1 e 1:1, respectivamente (ver esgoto bruto para uma qualidade comparável de
Eq. 5.58). A % de remoção de N, que inclui o N efluente. Além disso, ambos os sistemas requerem
removido via descarte de lodo, Nl, decresce tratamento de lodo; para esgoto bruto porque o lodo
ligeiramente de 85 para 82% conforme a razão de descarte com idade do lodo de 11 d não é estável
NTK/DQO afluente e a idade do lodo aumentam no (alta fração ativa, fat,OHO) e, para esgoto decantado,
sistema LEM balanceado. o lodo primário necessita de estabilização. O lodo
de descarte com idade do lodo de 11 d pode ser
Para esgoto decantado a 14 oC (Figuras 5.18B e estabilizado com digestão anóxica-aeróbia, que
D), os resultados para a razão NTK/DQO afluente, permite que o N liberado na digestão seja
fx1 e fx1,min são similares aos valores para esgoto nitrificado e desnitrificado (Warner et al., 1986;
bruto, ou seja, para a mesma idade do lodo, Brink et al., 2007), e o lodo primário pode ser
aproximadamente a mesma razão NTK/DQO é digerido anaerobiamente com o benefício da
obtida no sistema LEM balanceado. Para esgoto geração de gás. A decisão de se tratar esgoto bruto
decantado, SNO3,e é ligeiramente menor, ou decantado, portanto, não depende tanto da
aumentando de aproximadamente 3,2 para 6,7 qualidade do efluente ou dos custos do sistema de
mgN/L quando a idade do lodo aumenta de 8 d para lodo ativado em si, mas dos custos de toda a estação
26 d; além disso, a % de remoção de N é de certa de tratamento de esgoto, incluindo o tratamento de
maneira menor, em torno de 78%, devido lodo. Visto que a temperatura mínima do esgoto
principalmente à menor remoção de N via descarte (Tmin) governa o dimensionamento do sistema de
de lodo, Nl. Entretanto, deve-se lembrar que a razão lodo ativado (e do tratamento do lodo), os
NTK/DQO e a fração de DQORB do esgoto resultados para o sistema LEM balanceado a 22 oC
decantado são maiores que para o esgoto bruto do não são particularmente relevantes para regiões de
qual ele é produzido, ou seja, razão NTK/DQO de clima temperado.
0,113 e 0,080 mgN/mgDQO e fração de DQORB

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Tabela 5.7 Comparação dos sistemas LEM balanceados nos exemplos com esgoto bruto e decantado a 14 oC.

Parâmetro Símbolo Unidade Esgoto Bruto Esgoto decantado


Razão NTK/DQO afluente 0,080 0,113
Fração de DQORB afluente fSS 0,25 0,385
Fração não aerada da massa de lodo fx,max 0,306 0,485
Fração anóxica da massa de lodo fx1 0,306 0,485
Fração anóxica mínima da massa de lodo fx1,min 0,079 0,108
Razão de recirculação “a” (aprat = aot) a 5:1 5:1
Idade do lodo TRS d 11 17
Nitrato efluente SNO3,e mgN/L 5,1 5,7
NTK efluente NTKe mgN/L 4,3 4,1
N total efluente (SNO3,e + NTKe) mgN/L 9,4 9,8
Volume do reator a 4,5 gSST/l m3 9.484 5.264
Demanda carbonácea de O2 FOc kgO2/d 6.156 4.251
Demanda de O2 para nitrificação FONIT kgO2/d 2.492 2.685
O2 recuperado FODESNIT kgO2/d 1.327 1.437
Demanda total de O2 FOtDESNIT kgO2/d 7.321 5.499
% de remoção de N 84,3 80,9
Mass de SST descartada FXSST 3.880 1.394
Fração ativa com base em SST fat,OHO 0,316 0,414

Entretanto, em regiões equatoriais e tropicais, desnitrificação, por questões operacionais e


onde o tratamento de esgoto tem se tornado tema também de qualidade do efluente.
de crescente preocupação, são encontradas altas
temperaturas do esgoto. Por esta razão e também a 5.9.3.3 Efeito da razão NTK/DQO afluente
título de ilustração, os resultados para o sistema
LEM balanceado para esgoto bruto e decantado são Quando o potencial de desnitrificação no reator
mostrados na Figura 5.19. anóxico é mantido em reserva como fator de
Comparado com 14 oC, o limite superior para segurança (Opção 2), a idade do lodo e a fração não
fx,max = 0,60 já é alcançado a 7 d de idade do lodo a aerada (anóxica) da massa de lodo não se alteram.
22 oC, e razões NTK/DQO afluentes Para esta situação, é útil conduzir uma análise de
significativamente maiores podem ser tratadas para sensibilidade para observar a influência da
a mesma idade do lodo. Estas razões NTK/DQO alteração da razão NTK/DQO e da fração de
mais altas resultam em maiores SNO3,e que, para DQORB afluentes na razão de recirculação “a” e
esgoto bruto, aumentam de 3 para 13 mgN/L e, para na concentração de nitrato efluente. Continuando
esgoto decantado, de 3 para 9 mgN/L para com o dimensionamento para os exemplos com
aumentos na idade do lodo de 4 para 30 dias. Se esgoto bruto e decantado para idade do lodo fixa a
Tmin fosse 22 oC, o exemplo com esgoto bruto e 20 d e fração não aerada (anóxica) da massa de lodo
decantado poderia ser tratado a 3 e 4 d de idade do de 0,534, são mostrados na Figura 5.20, para esgoto
lodo, respectivamente, resultando em SNO3,e de 5 e bruto (A e C) e decantado (B e D) a 14 oC (A e B)
6,5 mgN/L, respectivamente. Isto reforça a e 22 oC (C e D), os gráficos da razão de recirculação
conclusão da Seção 5.8.1 de que em climas “a” ótima, aot, e da mínima concentração de nitrato
equatoriais e tropicais é muito provável que efluente, SNO3,e,aot para razões de recirculação de
sistemas de lodo ativado nitrificarão mesmo a lodo “s” de 0,5, 1,0 e 2,0 versus razões NTK/DQO
baixas idades do lodo (1 a 2 d) e, portanto, é afluentes de 0,06 a 0,16.
importante dimensioná-los considerando-se a

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Figura 5.20 Razões de recirculação “a” (linhas em negrito) ótimas (aot) e no limite superior praticável (aprat = 5:1) e
concentrações de nitrato efluente com aot (SNO3,e,aot, linhas azuis) e com aprat (SNO3,e,aprat, linhas vermelhas) versus razões
NTK/DQO afluentes com razões de recirculação de lodo (s) de 1:1 para os exemplos com esgoto bruto (A e C) e decantado (B e
D) a 14 oC (A e B) e 22 oC (C e D). As razões de recirculação “a” ótimas (aot) com razões de recirculação de lodo de 0,5:1 e 2:1
também são mostradas (linhas tracejadas).

A partir da Figura 5.20, pode-se observar que, e “s” não diferem muito em sua influência no reator
conforme a razão NTK/DQO afluente aumenta, anóxico. Portanto, importa pouco qual linha de
decresce aot e aumenta SNO3,e,aot. As linhas aot- recirculação traz a carga de nitrato ao reator
SNO3,e,aot na Figura 5.20 fornecem o desempenho de anóxico. Contanto que o reator anóxico receba
desnitrificação do sistema quando o potencial de carga próxima de seu potencial de desnitrificação,
desnitrificação do reator anóxico é completamente a mesma concentração de nitrato efluente mínima
utilizado, ou seja, o desempenho de desnitrificação (SNO3,e,aot) será obtida com aot. As linhas aot-SNO3,e,aot,
do sistema é igual ao seu potencial de portanto, fornecem o desempenho de
desnitrificação e a concentração de nitrato é a desnitrificação do sistema quando o potencial de
menor possível. Além disso, grandes aumentos na desnitrificação do reator anóxico é completamente
razão de recirculação de lodo “s” (ou seja, de 0,50:1 utilizado (Figura 5.17B), isto é, o desempenho de
para 1,0:1 ou 1,0:1 para 2,0:1) reduzem aot mas não desnitrificação do sistema é igual ao seu potencial.
alteram SNO3,e,aot porque o OD nas recirculações “a” Um melhor desempenho de desnitrificação não é

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possível; a desnitrificação é cineticamente limitada efluente (SNO3,e,aot). Para estas razões NTK/DQO
e a biomassa (e, assim, também o sistema) está afluentes, o potencial de desnitrificação do sistema
fazendo o melhor que pode (para determinada taxa é completamente utilizado e o desempenho de
de desnitrificação K2). desnitrificação do sistema é definido pelas linhas
aot-SNO3,e,aot.
A partir da Eq. 5.57, o desempenho de
desnitrificação do sistema com aumento da razão A Figura 5.20 é útil porque combina o
NTK/DQO afluente para uma determinada razão desempenho de desnitrificação do sistema (linhas
de recirculação “a”, operacionalmente praticável aprat-SNO3,e,aprat) e o potencial de desnitrificação
(aprat) de 5:1, é mostrado também na Figura 5.20 (linhas aot-SNO3,e,aot) no mesmo diagrama, conforme
como as linhas aprat e SNO3,e,aprat. Pode-se observar as razões NTK/DQO aumentam para determinados
que SNO3,e,aprat aumenta linearmente com o aumento tipos de esgoto e projeto de sistema (TRS = 20 d e
da razão NTK/DQO afluente. Para baixas razões fx,max = 0,534). O ponto de interseção da linha reta
NTK/DQO afluentes, aprat é consideravelmente SNO3,e,aprat com a linha curva SNO3,e,aot, ou seja, em aot
menor que aot, e o desempenho de desnitrificação = aprat = 5:1, fornece a razão NTK/DQO afluente
do sistema é mais baixo que seu potencial de para o sistema LEM balanceado para o aprat = 5:1
desnitrificação. Isto é evidente pelo fato de escolhido. O desempenho do sistema com as razões
SNO3,e,aprat ser maior que SNO3,e,aot. Conforme a razão NTK/DQO é balanceado a 20 d de idade do lodo e
NTK/DQO aumenta, aot diminui até que aot = aprat = fx,max = 0,534 a 14 oC e 22 oC para os exemplos com
5:1. Para esgoto bruto a 14 oC (Figura 5.20A), isto esgoto bruto e decantado descritos na Tabela 5.6.
ocorre a uma razão NTK/DQO afluente de 0,104.
Esta é a razão NTK/DQO afluente que balanceia o De acordo com a Tabela 5.6 e a Figura 5.20A,
sistema LEM para condições determinadas de para esgoto bruto a 14 oC, o sistema LEM (com
projeto, isto é, 20 d de idade do lodo, f x,max = 0,534 idade do lodo de 20 d e fx,max = 0,534) com razão de
e aprat = 5:1 para o exemplo com esgoto bruto a 14 recirculação de 5:1 pode manter as concentrações
o
C. Para razões NTK/DQO afluentes > 0,104, a de nitrato efluente abaixo de 8,1 (N total de 12,4)
razão de recirculação “a” deve ser estabelecida mgN/l para razões NTK/DQO abaixo de 0,104
como aot, que usa completamente o potencial de (NTKa = 78,0 mgN/l). Com esgoto decantado a 14
o
desnitrificação do reator anóxico e agora é menor C (Figura 5.20B), o sistema LEM com razão de
que aprat = 5:1. Portanto, para aprat estabelecido em recirculação de 5:1 pode manter as concentrações
5:1, somente quando a razão NTK/DQO afluente é de nitrato efluente abaixo de 6,0 e 8,1 mgN/l (N
> 0,104, o potencial de desnitrificação do reator total de 9,9 e 11,1 mgN/l) para razões NTK/DQO
anóxico é completamente utilizado. de até 0,119 (NTKa = 89,3 mgN/l) e 0,148 (NTKa
= 66,6 mgN/l). Estes resultados mostram que o
Esta mesma conclusão pode ser obtida por meio sistema LEM tratando esgoto decantado fornece
da Figura 5.18A a 20 d de idade do lodo, ou seja, SNO3,e mais baixo (em 2-3 mg/l) que quando
fx,max = 0,534, razão NTK/DQO = 0,104. Portanto, tratando esgoto bruto e com razões NTK/DQO
para razões NTK/DQO afluentes < 0,104, enquanto significativamente mais altas. Porém, deve-se
aprat < aot, o desempenho de desnitrificação do observar que (i) as concentrações de NTK afluente
sistema será menor que seu potencial de (dadas anteriormente) para esgoto bruto são
desnitrificação porque nem todo o potencial de consideravelmente maiores que para esgoto
desnitrificação do reator anóxico será utilizado. A decantado e (ii) esgoto decantado com uma razão
partir do momento em que a razão NTK/DQO NTK/DQO de 0,119 (14 oC) ou 0,148 (22 oC) seria
aumenta acima do valor que balanceia o sistema produzido a partir do esgoto bruto com razão
LEM, aot é < aprat e “a” deve ser estabelecido como NTK/DQO afluente significativamente menor que
aot para se atingir a menor concentração de nitrato 0,104 (14 oC) e 0,132 (22 oC).

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241

5.9.3.4 Diagrama de sensibilidade do fixada em 1,0:1 e da razão de recirculação “a”


sistema LEM escolhida.

Na Figura 5.20A, o desempenho da desnitrificação As linhas SNO3,e,aprat para a = aprat = 5:1 são as
do sistema em um aprat = 5 escolhido é combinado mesmas que as linhas pontilhadas da Figura 5.20.
com o potencial de desnitrificação do sistema com Nos pontos de interseção das linhas retas SNO3,e,aprat
a = aot para razões NTK/DQO afluentes variáveis e e curvas SNO3,e,aot, o desempenho do sistema se
um único valor de fração de DQORB afluente. Este iguala ao potencial de desnitrificação e representa
diagrama de sensibilidade de razões NTK/DQO dimensionamentos do sistema LEM balanceados,
afluentes pode ser expandido adicionando-se as ou seja, aot = aprat. Por exemplo, para esgoto bruto a
linhas SNO3,e,aot para outras frações de DQORB 14 oC, com a = 5,0:1 e fSS = 0,25, a razão
afluentes. Uma análise de sensibilidade do sistema NTK/DQO precisa ser de 0,104 para fornecer um
na etapa de projeto é útil para se avaliar o dimensionamento ótimo, ou seja, aot = 5:1, e nesta
desempenho de desnitrificação sob razões razão NTK/DQO, SNO3,e = 8,1 mgN/l. Esta é a razão
NTK/DQO e frações de DQORB afluentes NTK/DQO que balanceia o sistema LEM com TRS
variáveis. Estas duas características do esgoto = 20 d e fx,max = 0,534 (ver Figuras 5.18A e C).
podem variar consideravelmente ao longo da vida
útil da estação e têm um grande impacto no Para razões NTK/DQO < 0,104, aot aumenta
desempenho de remoção de N do sistema. acima de 5:1, mas se “a” é mantido em 5:1 (ou seja,
a = aprat = 5:1), então SNO3,e versus a razão
O potencial de desnitrificação e o desempenho NTK/DQO é dado pela linha reta SNO3,e,aprat com a
do sistema estão combinados para razões = 5:1. Para razões NTK/DQO > 0,104, aot diminui
NTK/DQO e frações de DQORB afluentes abaixo de 5:1 e SNO3,e versus a razão NTK/DQO é
variáveis na Figura 5.21. Para os parâmetros de dado pela linha curva SNO3,e,aot (azul escuro). O
projeto do sistema fixados (ou seja, TRS = 20 d, valor de aot em uma razão NTK/DQO específica é
fxd,max = fx,max = 0,534, s = 1,0), as linhas curvas dado pelo valor da razão de recirculação “a” do
(azul escuro) fornecem SNO3,e,aot quando o reator ponto de interseção entre a linha vertical da razão
anóxico recebe carga igual ao seu potencial de NTK/DQO afluente e a linha curva SNO3,e,aot, isto é,
desnitrificação, ou seja, SNO3,e para a = aot para para o exemplo com esgoto bruto (f SS = 0,25) a 14
razões NTK/DQO variáveis de 0,06 a 0,16 e o
C (Figura 5.21A) com uma razão NTK/DQO de
frações de DQORB de 0,10 a 0,35 para os 0,12, aot = 2:1 e SNO3,e é de 16,0 mgN/L.
exemplos com esgoto bruto e decantado a 14 oC
(Figuras 5.21A e B) e 22 oC (Figuras 5.21C e D). A utilidade da Figura 5.21 é que ela fornece a
As mesmas linhas SNO3,e,aot são mostradas nas avaliação de desempenho de um sistema LEM com
Figuras 5.20A e C para a fração de DQORB (fSS) uma idade do lodo e uma fração anóxica da massa
do esgoto bruto = 0,25. Estas linhas SNO3,e,aot são de lodo escolhidas para uma razão NTK/DQO
calculadas a partir das Eqs. 5.56 e 5.57. As linhas afluente e uma fração de DQORB variáveis
retas na Figura 5.21 fornecem SNO3,e,aprat para razões levando-se em consideração um limite superior da
de recirculação “a” fixadas nos valores indicados, razão de recirculação “a” como aprat. Para o
variando de 0,0:1 a 10:1. Estas linhas retas exemplo com esgoto bruto a 22 oC com uma fração
SNO3,e,aprat fornecem o desempenho do sistema para de DQORB (fSS) de 0,10 (Figura 5.21C), a razão
razões de recirculação “a” escolhidas e são NTK/DQO afluente deve ser maior que 0,113 para
calculadas com auxílio da Eq. 5.57 a partir do valor que “a” seja < 6,0:1. Se “a” for fixado em aprat =
da capacidade de nitrificação em uma razão 6,0:1 e NTK/DQO for < 0,113, então o reator
NTK/DQO dada, da razão de recirculação “s” anóxico está subcarregado com nitrato e o potencial
de desnitrificação não é atingido. O desempenho do

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sistema para NTK/DQO afluente < 0,113 é dado curva SNO3,e, que representa o desempenho do
pela linha reta SNO3,e para a = 6:1. Para NTK/DQO sistema igual ao potencial de desnitrificação. Por
afluente = 0,113, a linha reta SNO3,e para a = 6:1 exemplo, se a razão NTK/DQO = 0,120, a = aot =
corta a linha curva SNO3,e,aot, a = aot = 6:1 e o 4:1 e a razão de recirculação “a” envia carga de
desempenho do sistema se iguala ao potencial de nitrato ao reator anóxico de forma a atingir seu
desnitrificação. Se “a” for mantido em 6:1 para potencial de desnitrificação, resultando em SNO3,e
NTK/DQO > 0,113, então o reator anóxico está de 12,0 mgN/L. Portanto, para razões NTK/DQO >
sobrecarregado com nitrato e a desnitrificação 0,113, o desempenho do sistema e SNO3,e são dados
ótima não é atingida devido à alta carga pela linha curva SNO3,e desde que a razão de
desnecessária de OD enviada ao reator anóxico recirculação “a” seja estabelecida em aot, o que é
(similar ao mostrado na Figura 5.16B para a > 6,7). dado pela linha da razão de recirculação “a” que
A razão de recirculação “a”, portanto, deve ser passa pelo ponto de interseção entre a linha vertical
reduzida a aot para razões NTK/DQO > 0,113, em da razão NTK/DQO e a linha curva SNO3,e.
que aot é dado pelo valor de “a” ao longo da linha

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243

Figura 5.21 Concentração de nitrato efluente versus razão NTK/DQO afluente para frações rapidamente biodegradáveis
(DQORB) de 0,10; 0,15; 0,20; 0,25; 0,30 e 0,35 e razões de recirculação “a” de biomassa em suspensão de 0 a 10 para os
exemplos com esgoto bruto (A e C) e decantado (B e D) a 14 oC (A e B) e 22 oC (C e D).

Conforme o exposto anteriormente, pode-se = aot) marca o limite entre condições subcarregadas
observar que o desempenho do sistema somente é e sobrecarregadas do reator anóxico. Na região
igual ao potencial de desnitrificação na linha curva acima da linha curva SNO3,e o reator anóxico está
SNO3,e para a fração de DQORB específica, e aot que subcarregado (à esquerda de aot nas Figura 5.16 e
resulta nisto é dado pela linha de razão de 5.17), e o desempenho do sistema (SNO3,e) para uma
recirculação “a” que passa pelo ponto de interseção razão NTK/DQO específica é dada pelo ponto de
entre a linha vertical da razão NTK/DQO e a linha interseção entre a linha vertical da razão
curva SNO3,e. Essa linha curva SNO3,e (para a qual a NTK/DQO e a linha reta da razão de recirculação

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244

“a”. Na região abaixo da linha curva SNO3,e, o reator reatores anóxicos secundários sejam incluídos em
anóxico está sobrecarregado (à direita de aot nas sistemas de remoção de N, a não ser que a razão
Figuras 5.16 e 5.17). Os valores de SNO3,e nesta NTK/DQO seja atipicamente baixa. Reatores
região não são válidos, mas se a razão de anóxicos secundários são normalmente incluídos
recirculação “a” for reduzida a aot (ou seja, o valor somente onde a dosagem de metanol é requerida
de “a” do ponto de interseção entre a linha vertical para atingirem-se concentrações de N total efluente
da razão NTK/DQO e a linha curva SNO3,e), então o muito baixas (< 5 mgN/L).
valor de SNO3,e será válido novamente. Valores
válidos de desempenho do sistema SNO3,e são,
portanto, mostrados na Figura 5.21 somente no 5.10 VOLUME DO SISTEMA E DEMANDA
limite da linha curva SNO3,e ou acima dela. A partir DE OXIGÊNIO
da Figura 5.21, pode-se observar que para um
sistema LEM dimensionado com SRT = 20 d, fx,max 5.10.1 Volume do sistema
= 0,534 e razão de recirculação “a” limitada a,
digamos, 5:1 por razões econômicas, então o Determinadas as subdivisões da massa de lodo em
sistema é mais adequado para tratar altas razões suas frações anóxica e aeróbia para se atingir a
NTK/DQO, dependendo das frações de DQORB: > remoção de N necessária, a massa de lodo real no
0,091 para fSS = 0,10 e > 0,117 para fSS = 0,35. Isto sistema precisa ser calculada para determinar os
ocorre porque, somente com um reator anóxico volumes dos diferentes reatores. A massa de lodo
primário, o sistema LEM não é capaz de produzir total (SSRB) ou volátil (SSVRB) no sistema, para
um efluente com baixas concentrações de nitrato (< idades do lodo e características do esgoto
4 a 6 mgN/L) com uma razão de recirculação escolhidas para sistemas com remoção de N, é a
limitada a 5,0:1. mesma que para sistemas completamente aeróbios
(remoção de DQO). As equações apresentadas no
Se a obtenção de baixas concentrações de Capítulo 4, Seção 4.4.2, portanto, se aplicam a
nitrato efluente não é necessária para razões sistemas com remoção de N. Para os exemplos com
NTK/DQO baixas, então um dimensionamento de esgoto bruto e decantado, os parâmetros de projeto
sistema LEM balanceado pode ser escolhido para o sistema LEM são listados na Tabela 5.8. A
reduzindo-se a idade do lodo, como demonstrado massa de SSRB no sistema com 20 d de idade do
nas Figuras 5.18 e 5.19. Se a obtenção de baixas lodo e a 14 oC é de 68.168 e 26.422 kgSST,
concentrações de nitrato efluente é importante para respectivamente. Escolhendo-se uma concentração
razões NTK/DQO baixas (< 0,10), então isto pode de SSRB de 4.500 mg/L (4 kg/m3) (ver Capítulo 4,
ser atingido com altas razões de recirculação “a” Seção 4.7) resulta em volume do sistema tratando
(aot > aprat) em sistemas LEM ou com baixas razões esgoto bruto de 15.148 m3 e do sistema tratando
de recirculação “a” incluindo-se um reator anóxico esgoto decantado de 5.871 m3. Visto que a massa
secundário. A incorporação de um reator anóxico de lodo nos sistemas com remoção de N é, em
secundário (e um reator de reaeração por razões geral, uniformemente distribuída no sistema, ou
práticas; ver Seção 5.8.5) resulta no sistema seja, cada reator no sistema tem a mesma
Bardenpho de 4 estágios (Figura 5.13C). Porém, concentração de SSRB, a fração de volume de cada
visto que a taxa de desnitrificação K3 é muito baixa reator é igual à sua fração de massa de lodo. Para
e precisa ser reduzida em pelo menos 20% para os exemplos com esgoto bruto e decantado a 14 oC,
levar em conta a amônia liberada durante a o volume dos reatores anóxicos é de 0,534 • 15.148
desnitrificação endógena (que é renitrificada no = 8.089 m3 e de 0,534 • 5.871 = 3.135 m3,
reator de reaeração), a remoção de nitrato efetiva respectivamente. Os tempos de detenção hidráulica
adicional alcançada em um reator anóxico nominal e real dos reatores anóxico e aeróbio são
secundário é muito baixa, baixa demais para que calculados a partir dos volumes dos reatores

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245

divididos pelas vazões nominais (afluentes) e totais requerida para degradação da matéria orgânica
passando por eles (Eqs. 4.2 e 4.3 e Tabela 5.8). (DQO) e para a nitrificação, menos a recuperada
Observe que o tempo de detenção hidráulica pela desnitrificação. A demanda de oxigênio média
nominal do reator é consequência da massa de lodo diária para (i) remoção de matéria orgânica (FOc) é
produzida a partir da carga de DQO afluente, da dada pela Eq. 4.18 (ver Capítulo 4, Seção 4.4.2.4);
concentração de SSRB e da fração da massa de e (ii) para nitrificação (FONIT) é dada pela Eq. 5.43
lodo; o tempo de detenção em si não tem influência (ver Capítulo 5, Seção 5.7.5). Estas demandas de
na cinética e no dimensionamento da nitrificação e oxigênio no sistema LEM com 20 d de idade do
da desnitrificação (ver Capítulo 4, Seção 4.4.4). lodo para os exemplos com esgoto bruto e
decantado a 14 oC e 22 oC são 9.364 e 7.030 kgO2/d,
5.10.2 Demanda total de oxigênio média respectivamente (Tabela 5.8).
diária

A demanda total de oxigênio em um sistema com


remoção de nitrogênio é a soma da demanda

Tabela 5.8 Detalhes de dimensionamento de sistema LEM tratando esgoto bruto e decantado dos exemplos a 14 oC com 20 d
de idade do lodo e fração não aerada da massa de lodo de 0,534.
Parâmetro Símbolo Unidade Esgoto Esgoto decantado
Bruto
Razão NTK/DQO afluente 0,080 0,113
Fração de DQORB afluente fSS 0,25 0,385
Fração não aerada da massa de lodo fx,max 0,534 0,534
Fração anóxica da massa de lodo fx1 0,534 0,534
Fração anóxica mínima fx1,min 0,068 0,105
Razão de recirculação “a” (aprat = aot) 5:1 5:1
Idade do lodo TRS d 20 20
Nitrato efluente SNO3,e mgN/L 5,16 5,7
NTK efluente NTKe mgN/L 3,8 3,8
N total efluente (SNO3,e + NTKe) mgN/L 9,4 9,5
Volume do reator a 4,5 gSST/L m3 15.148 5.871
Volume do Anóxico 8.089 3.135
Tempo de detenção hidráulica nominal do sistema TDHn h 24,2 9,4
Tempo de detenção hidráulica nominal aeróbio TDHnAER h 11,2 4,4
Tempo de detenção hidráulica real aeróbio TDHrAER h 1,6 0,63
Tempo de detenção hidráulica nominal anóxico TDHnAX h 12,9 5,0
Tempo de detenção hidráulica real anóxico TDHrAX h 1,85 0,72
Demanda carbonácea de O2 FOc kgO2/d 6.679 4.311
Demanda de O2 para nitrificação FONIT kgO2/d 2.685 2.719
O2 recuperado FODESNIT kgO2/d 1.440 1.458
Demanda total de O2 FOtDESNIT kgO2/d 7.924 5.572
% de remoção de N 84,4 81,4
Mass de SST descartada MΔXSST 3.408 1.321
Fração ativa com base em SST fat,OHO 0,230 0,383

O oxigênio recuperado pela desnitrificação nitrato desnitrificado é o produto da vazão média


(FODESNIT) é dado por 2,86 vezes a massa de nitrato diária afluente, Qa, e da concentração de nitrato
desnitrificado (Seção 5.8.2), em que a carga de desnitrificado. A concentração de nitrato

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desnitrificado é dada pela diferença entre a total, e também, menor parcela da demanda de
capacidade de nitrificação, NITc, e a concentração oxigênio pode ser recuperada pela desnitrificação,
de nitrato efluente. Assim, quando comparado com esgoto bruto. Estes efeitos
são resultantes da razão NTK/DQO mais alta do
FODESNIT = 2,86(NITc – SNO3,e)Qa esgoto decantado. Conhecendo-se a demanda de
(mgO2/d) (5.62) oxigênio total, a demanda total de oxigênio de pico
pode ser estimada grosseiramente por meio de uma
De acordo com o desempenho de simples regra de dimensionamento (Musvoto et al.,
desnitrificação do sistema LEM na Tabela 5.8, o 2002). A partir de um grande número de
oxigênio recuperado pela desnitrificação para os simulações com o ASM1, foi observado que, desde
exemplos com esgoto bruto e decantado a 14 oC é que o fator de segurança para a nitrificação (S f) seja
de 1.440 e 1.458 kgO2/d, respectivamente (Tabela maior que 1,25 a 1,35, a amplitude relativa (ou seja,
5.8). (pico – média)/média) da variação da demanda
total de oxigênio é a fração de 0,33 da amplitude
Para esgoto bruto, a Tabela 5.8 mostra que (i) a relativa da demanda de oxigênio total (DOT) das
demanda de oxigênio para nitrificação (FONIT) é cargas de DQO e NTK afluentes (ou seja, Q(DQOa
aproximadamente 40% da requerida para remoção + 4,57 NTKa)). Por exemplo, no caso de esgoto
de DQO (FOc); (ii) aproximadamente 55% de bruto, se o pico potencial da demanda de oxigênio
FONIT pode ser recuperado ao se incorporar a total do afluente for obtido em um período do dia
desnitrificação; (iii) a demanda de oxigênio quando a vazão afluente, a concentração de DQO e
adicional ao se incorporar a nitrificação e a a concentração de NTK forem 25 ML/d, 1.250
desnitrificação é somente 20% daquela requerida mgDQO/L e 90 mgN/L, respectivamente, ou seja,
para remoção de DQO; e (iv) o efeito da 25 • (1.250 + 4,57 • 90) = 41.532 kgO2/d, e a média
temperatura na demanda total de oxigênio não é potencial da demanda de oxigênio total for 15 •
significativo: menos de 3% (ver também Figura (750 + 4,57 • 60) = 15.363 kgO2/d, a amplitude
5.11). Para esgoto decantado, a Tabela 5.8 mostra relativa da demanda potencial de oxigênio total do
que (i) a demanda de oxigênio para nitrificação afluente será de (41.532 – 15.363) / 15.363 = 1,70;
(FONIT) é aproximadamente 63% da requerida para portanto, a amplitude relativa da demanda total de
remoção de DQO (FOc); (ii) aproximadamente oxigênio será de aproximadamente 0,33 • 1,70 =
54% da demanda de oxigênio para nitrificação 0,56; de acordo com a Tabela 5.8, a demanda de
pode ser recuperada pela desnitrificação; (iii) a oxigênio total diária média é de 7.924 kgO2/d e,
demanda de oxigênio adicional ao se incorporar a assim, a demanda de oxigênio de pico é de (1 +
nitrificação e a desnitrificação é aproximadamente 0,56) • 7,924 = 12.378 kgO2/d. Como para todas as
30% daquela requerida para remoção de DQO regras de dimensionamento simplificadas, a regra
somente; e (iv) o efeito da temperatura na demanda acima deve ser utilizada criteriosamente e com
total de oxigênio não é significativo: menos de 3% cuidado e, quando possível, a demanda de oxigênio
superior na temperatura mais baixa. total de pico é melhor estimada por meio de
modelos de simulação de lodo ativado. É
Comparando-se a demanda de oxigênio para fortemente recomendado que as saídas de modelos
esgoto bruto e decantado, a demanda total de de simulação sejam comparadas com resultados de
oxigênio para o último é aproximadamente 30% modelos em estado estacionário e, quando houver
menor que para o primeiro. Esta economia é diferenças significativas, que origens e razões para
possível porque a decantação primária remove 35 a as diferenças sejam estabelecidas. Esta é uma boa
45% da DQO do esgoto bruto. Além disso, para maneira de se encontrarem erros em resultados de
esgoto decantado, a demanda de oxigênio para modelos de simulação e em estado estacionário.
nitrificação corresponde a maior proporção da

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247

5.11 PROJETO, OPERAÇÃO E CONTROLE concentradas em amônia; consequentemente,


DE SISTEMAS tanques com volumes relativamente pequenos
serão necessários para seu tratamento. Além disso,
Visto que modelos em estado estacionário para estas vazões internas geralmente têm alta
nitrificação e desnitrificação são conformes ao temperatura (20-35 oC), quando comparado ao
modelo de remoção de matéria orgânica, e processo de tratamento principal. Devido à maior
totalmente integrados a ele, todas as questões de taxa máxima de crescimento das bactérias a
projeto, operação e controle discutidas no Capítulo maiores temperaturas, a operação com tempos de
4, seções 4.9 a 4.11, para sistemas completamente retenção de sólidos (TRS) mais curtos é possível.
aeróbios, se aplicam igualmente para sistemas com A remoção de amônia destas vazões internas por
nitrificação-desnitrificação e devem ser processos físicos ou biológicos pode levar a uma
consultadas ali. melhoria significativa na qualidade do efluente
final. Finalmente, se correntes secundárias são
tratadas separadamente, o processo pode ser
5.12 NOVOS PROCESSOS DE REMOÇÃO dimensionado com foco na carga removida, ao
DE NITROGÊNIO invés do foco em uma boa qualidade do efluente, já
que o efluente será lançado na linha principal de
A seção anterior descreve o histórico dos processos
tratamento. Todos estes fatores permitem o
de nitrificação e desnitrificação convencionais.
dimensionamento de diferentes e eficientes
Sistemas de lodo ativado têm sido utilizados com
processos para tratar os efluentes do tratamento de
sucesso para remoção de carbono e nitrogênio por
lodo.
quase um século. A crescente preocupação pública
com a proteção ambiental levou à implementação
Embora este capítulo tenha foco principalmente
de padrões de qualidade cada vez mais rigorosos
no tratamento de efluentes de digestores de lodo em
para os efluentes, o que, por sua vez, estimulou
estações de tratamento de esgoto municipais, os
iniciativas para se atingir melhor qualidade do
métodos discutidos também podem ser aplicados
efluente, em especial com relação à remoção de
para o tratamento de outras águas residuárias
nitrogênio. ETEs existentes demandarão melhorias
concentradas em nitrogênio, por exemplo,
e, portanto, grandes expansões para atingir os
efluentes industriais, lixiviado ou efluentes de
novos padrões. Pesquisas sobre novas técnicas para
digestores anaeróbios em geral. Diversos processos
melhorias de estações de tratamento sem a
e tecnologias têm sido estudados e trazidos ao
necessidade de se expandir os volumes existentes
mercado de lodo ativado ao longo dos últimos
têm, assim, aumentado na última década. O
anos: SHARON®, um sistema simples para
tratamento de vazões internas do processo com
remoção de N a partir de nitrito (Hellinga et al.,
altas concentrações de amônia fornece um bom
1998); a remoção de N totalmente autotrófica
potencial para a melhoria de estações de
ANAMMOX® (Mulder et al., 1995); CANON®,
tratamento. As vazões internas na estação de
uma combinação de nitritação e oxidação
tratamento de esgoto (em especial o líquido
anaeróbia de amônia (Third et al., 2001); BABE®,
retornado do tratamento do lodo digerido) são
bioaumentação com nitrificantes endógenas
responsáveis por 10-30% da carga total de N na
(Salem et al., 2002) etc. Em especial, processos
estação de tratamento. Em estações maiores, com
baseados na oxidação anaeróbia de amônia
instalações centralizadas de tratamento de lodo,
(anammox) estão atualmente em estudo para
esta contribuição à carga de nitrogênio é
aplicação à linha principal de efluentes de estações
particularmente alta. Estas vazões se originam, por
de tratamento de esgoto. Isto é principalmente
exemplo, de efluentes de digestores ou instalações
dirigido para otimização energética; quando
de desidratação de lodo. Elas são altamente
amônia é removida de maneira totalmente

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248

autotrófica, a DQO afluente pode ser convertida em nitrogênio ou fosfato. Geralmente, a razão P/N no
biogás (Kartal et al., 2010). líquido é tal que o fosfato pode ser removido sem a
adição de reagentes. Entretanto, para se remover a
Vários exemplos de processos físicos ou amônia, fosfato de magnésio adicional deve ser
químicos foram avaliados para o tratamento da suplementado. Além disso, nesse caso os
corrente secundária, mas usualmente eles são carbonatos deverão ser removidos antes; caso isto
menos favoráveis que processos biológicos. Em não ocorra, eles se tornam parte dos precipitados de
geral, um pré-tratamento é necessário de forma a FAM. A adição de fosfato de magnésio pode ser
remover os carbonatos que podem, de outra minimizada removendo-se a amônia do lodo de
maneira, acumular nos equipamentos do processo. FAM por meio de tratamento térmico. A amônia irá
Isto demanda reagentes e etapas adicionais no volatilizar e pode ser recuperada, enquanto o
processo, e leva à produção de mais lodo químico fosfato de magnésio pode ser reutilizado. FAM ou
na estação. Além disso, em geral os custos de amônia podem, a princípio, ser reutilizados.
técnicas físico-químicas são significativamente A recuperação de amônia é geralmente usada
maiores que para tratamento biológico. Os custos como argumento para a aplicação de métodos
do processo SHARON® com metanol para físicos. O problema é que uma quantidade
correção de pH foram estimados para estações de relativamente pequena da amônia é recuperada
tratamento de esgoto dos Países Baixos como 0,9- quando comparado com o uso geral de amônia, por
1,4 euro por kgN removido (STOWA, 1996), exemplo, como fertilizante. Além disso, estas
enquanto processos físico-químicos foram 5-9 técnicas usualmente demandam mais energia que a
vezes mais caros. Isto é principalmente devido a nitrificação/desnitrificação e a produção de amônia
diferenças em custos de investimentos e demanda industrialmente. Por conta de todos estes fatores, o
de mão de obra. Finalmente, uma limitação das tratamento biológico da carga de nitrogênio da
etapas de processos físicos em uma estação de corrente secundária tornou-se a escolha de
tratamento de esgoto municipal é a demanda de processo mais popular.
diferentes tipos de operação e manutenção, quando
comparado com etapas biológicas, que teriam 5.12.1 Impacto de processos na corrente
consequências para o treinamento de operadores na secundária
estação de tratamento.
A carga de nitrogênio na corrente secundária é
A técnica física mais largamente utilizada para tipicamente cerca de 10-15% da carga total de
o tratamento de águas residuárias contendo amônia nitrogênio do afluente. Em estações onde lodo
é o stripping de amônia. Após um aumento do pH, externo é tratado, esta fração aumenta
a amônia pode ser volatilizada e recuperada. Este significativamente. Esta vazão é tipicamente só 1%
processo pode se tornar mais eficiente ou menos da vazão afluente. O impacto do
aumentando-se a temperatura da volatilização, ao tratamento para o nitrogênio no efluente depende
se utilizar vapor ao invés de ar comum. Quando há da limitação da remoção de nitrogênio no processo
calor residual disponível nas proximidades do de tratamento principal. Se a amônia não é
local, esta pode ser uma opção viável se não houver totalmente convertida no processo principal, então
outro uso para o vapor. O aumento do pH levará à cada quilograma de amônia removida na corrente
precipitação de carbonatos, o que pode ser evitado secundária resultará em um quilograma a menos de
acidificando-se o líquido e volatilizando o CO2 amônia no efluente da estação de tratamento. A
como pré-tratamento. Porém, esta abordagem redução do nitrato, entretanto, não é equivalente à
aumentará ainda mais o uso de reagentes. carga removida no processo da corrente secundária.
A precipitação de fosfato de amônio e Isto depende fortemente das condições locais, mas
magnésio (FAM) é outra opção para se remover ocorrerá geralmente em uma faixa de decréscimo

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249

de carga equivalente a 40-70% do nitrogênio A partir do ponto de vista da engenharia de


removido no processo da corrente secundária. processos, seria melhor manter o nitrato fora deste
ciclo. Recentemente, observou-se que as
Processos na corrente secundária são oxidadoras de amônia “aeróbias” convencionais
especialmente úteis quando estações existentes poderiam realizar outros processos também.
demandam melhorias devido ao aumento dos
padrões para o efluente ou ao aumento de carga.
Com um aumento relativamente pequeno do
volume do reator, a concentração do efluente pode
ser reduzida. Uma vantagem extra é adquirida pela
possibilidade de se construir o reator de forma
independente do processo de tratamento principal;
neste caso, a obra é mais simples do que quando os
tanques existentes necessitam de expansão.

A aplicação de processos na corrente


secundária também altera a atitude dos operadores
em relação ao tratamento e manejo do lodo. Por
exemplo, o reator SHARON® foi instalado na
estação de tratamento de esgoto de Roterdã em
1998. Naquela época, a carga de nitrogênio tratada
era de 500 kg/d. Visto que era rentável remover Figura 5.22 A teia do nitrogênio (a linha vermelha
nitrogênio no reator da corrente secundária, os representa conversões de anammox; RDNA significa
operadores começaram a otimizar a produção e o Redução Dissimilativa de Nitrato a Amônio).
manejo do lodo. Oito anos após a partida do
sistema, a carga de nitrogênio no processo da Quando o oxigênio é limitado (condições
corrente secundária era de 700 kg/d, enquanto a microaerofílicas), Nitrosomonas pode combinar
carga total recebida pela estação não se modificou. hidroxilamina com nitrito para produzir o gás óxido
Não só nitrogênio extra foi removido na corrente de dinitrogênio (Bock et al., 1995). Este processo
secundária, como lodo extra foi digerido e a foi denominado de desamonificação aeróbia
produção de metano aumentada. Em suma, a adição (Hippen et al., 1997). Vários novos organismos
de um processo na corrente secundária pode ser até foram descobertos em décadas passadas. Destes
mais benéfica quando a operação do processo é organismos, as oxidadoras anaeróbias de amônia,
cautelosa com o aumento da carga enviada aos ou bactérias anammox (Mulder et al., 1995), são as
digestores (por exemplo, aplicando-se mais interessantes. Elas oxidam amônia a gás
adensamento mais eficiente para os lodos primário dinitrogênio com nitrito como receptor de elétrons
e secundário). na ausência de oxigênio.

5.12.2 O ciclo do nitrogênio A nitrificação sempre foi considerada como um


processo realizado por duas bactérias, mas,
A descoberta de novos organismos está tornando o recentemente, bactérias que realizam a oxidação
ciclo do N progressivamente mais complexo completa de amônia (comammox) a nitrato foram
(Figura 5.22). Tradicionalmente, o ciclo do N é descobertas (Costa et al., 2006; Koch et al., 2019).
descrito pela nitrificação (amônia é oxidada a Estes organismos comammox são principalmente
nitrato via nitrito), desnitrificação (conversão do observados na filtração de águas de abastecimento
nitrato ou nitrito a gás nitrogênio) e fixação de N. e em sistemas de aquicultura. Não há vantagens

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250

específicas em relação às nitrificantes Quando a estação de tratamento tem idade do lodo


convencionais. limitada, então somente a bioaumentação seria o
processo adequado a ser escolhido. Além disso, a
Outra descoberta intrigante é a oxidação escolha do tratamento a partir de nitrato ou nitrito
anaeróbia de metano (Scheller et al., 2020). Ela depende de condições locais e da composição do
pode ser baseada na conversão de metano em CO2 sobrenadante de digestor. Além de aspectos
e H2 e no uso subsequente de H2 por redutoras de puramente de engenharia de processos, outros
sulfato ou bactérias desnitrificantes. aspectos também devem ser levados em
Alternativamente, há bactérias desnitrificantes que consideração, como tempo de partida, risco de
podem converter o intermediário da desnitrificação falha, flexibilidade etc. A decisão principal é se a
NO em oxigênio e gás nitrogênio. O oxigênio é nitrificação ou a desnitrificação são limitantes no
usado para converter metano em metanol, e processo de tratamento principal (Figura 5.23).
metanol é, então, utilizado em reação de
desnitrificação convencional. A aplicação desta
conversão ainda está sendo investigada (Lee et al.,
2018).

As temperaturas e concentrações mais altas, por


exemplo, de efluentes de digestores, permitem
várias alternativas para a remoção biológica de
nitrogênio. Primeiramente, há opções melhores
para interromper a nitrificação em nível de nitrito,
poupando oxigênio e fontes de carbono. É possível,
inclusive, obter-se a remoção de N completamente
autotrófica a partir do uso de bactérias anammox. Figura 5.23 Fluxograma para escolha do processo de
Líquidos ricos em N provenientes de digestores tratamento para sobrenadantes de digestores.
poderiam ser também utilizados para cultivar
nitrificantes na corrente secundária, que são Se a nitrificação é limitada pelo TRS, ou se a
inoculadas no processo da corrente principal. Isto desnitrificação é limitada pelo tempo de detenção
permite que o processo da corrente principal seja anóxica, então a bioaumentação é a melhor opção.
operado com TRS aeróbio subótimo. No caso de limitação de espaço para a
desnitrificação, a bioaumentação permite que o
O grande número de processos para o volume aerado seja reduzido e o volume anóxico
tratamento de efluentes do tratamento de lodo por aumentado no processo principal de lodo ativado.
vezes torna complicada a tomada de decisão Se, entretanto, aeração (nitrificação) ou DQO
apropriada. A escolha do processo de tratamento (desnitrificação) são limitantes, então variantes de
para o tratamento de sobrenadante de digestor processo baseadas na nitritação poderiam ser
sempre será altamente dependente do local. Ela utilizadas. Além da diferença no potencial de
depende principalmente das limitações da estação bioaumentação, a principal diferença é que, deve-
de tratamento. Por exemplo, se a capacidade de se ter nitrificação completa para a bioaumentação,
aeração na estação de tratamento é limitada, então pois, de outro modo, somente as oxidadoras de
a remoção de amônia será o processo correto a ser amônia seriam bioaumentadas, resultando em
escolhido. Por outro lado, se o aumento da potencial acúmulo de nitrito no efluente da estação
capacidade de desnitrificação é o objetivo a ser de tratamento de esgoto. Atenção especial deve ser
alcançado, então tanto a remoção de N quanto a dada ao contra-íon da amônia.
bioaumentação seriam métodos adequados.

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251

Naturalmente, o contra-íon após a digestão podem ser realizadas em um sistema com


anaeróbia usual será o bicarbonato. Este configuração de dois tanques (tanques aerados e
bicarbonato já pode fornecer 50% da alcalinidade anóxicos com uma grande recirculação) ou com
necessária para remoção de N. O restante deve ser sistema de um tanque (com períodos de aeração e
proveniente da desnitrificação (seja pela adição de não aeração sequenciais). Um sistema de um
metanol, ou utilizando-se a DQO do lodo de tanque é mais barato de se construir, mas o
retorno em processos de bioaumentação). O investimento em equipamento de aeração será
controle de pH pela adição de alcalinidade maior, visto que parte do tempo ele não será
diretamente tem menor custo-benefício que o uso utilizado, enquanto que o fornecimento total de
de metanol/desnitrificação. oxigênio deve ser o mesmo que em um sistema de
dois tanques. Além disso, o controle do processo é
Evidentemente, o processo anammox pode diferente. O controle do set-point de, por exemplo,
também ser utilizado para controle do pH. Em oxigênio dissolvido em um sistema de dois tanques
certos casos, entretanto, os métodos de tratamento é diferente, pois, embora seja criada uma condição
de lodo utilizados resultam em outro contra-íon de estado estacionário em ambos os tanques, a
para amônia. Se no processamento do lodo, por configuração com um tanque fornece maior
exemplo, sais de ferro são utilizados para aumentar flexibilidade no controle do processo devido às
a desidratação, cloreto se tornará o contra-íon, condições dinâmicas intrínsecas.
levando à maior necessidade de controle de
alcalinidade. Pode ser interessante, nestes casos, O processo de escolha é melhor ilustrado
alterar o processo de tratamento do lodo. Se a usando-se um exemplo da estação de tratamento de
secagem de lodo é empregada, normalmente ácidos esgoto (ETE) de Beverwijk, nos Países Baixos.
graxos irão compor o contra-íon dominante. Nestes Esta estação tem uma capacidade, em termos de
casos, não há necessidade de se adicionar uma população equivalente, de 320.000 habitantes, com
etapa anammox, visto que há DQO suficiente no uma carga de N a partir do tratamento de lodo
sobrenadante de digestor. (digestão anaeróbia e secagem térmica do lodo) de
1.200 kgN/d. De acordo com as novas legislações,
A desnitrificação não é realmente necessária o N total efluente não pode ultrapassar 10 mgN/L
quando o processo da corrente secundária é ou a remoção de 75% do N total e, portanto, a
implementado para reduzir a carga de amônia no estação de tratamento necessitou ser melhorada
efluente da estação. O sobrenadante do lodo para atingir estes novos padrões. A remoção do
contendo nitrato provavelmente será alimentado de conteúdo de N no sobrenadante de digestor seria
volta no afluente da estação de tratamento de suficiente para atender aos padrões requeridos. A
esgoto, onde ele será prontamente desnitrificado. questão foi qual processo na corrente secundária
Porém, a desnitrificação é uma maneira econômica era, nesse caso, a melhor opção. Uma comparação
de controlar o pH, e é usualmente implementada abrangente foi feita entre bioaumentação (BABE®),
para tal. Visto que os processos na corrente nitritação-desnitritação (SHARON®) e um
secundária operam a altas concentrações e processo combinado de nitritação-ANAMMOX®.
temperaturas, não há necessidade direta de retenção Este sobrenadante de digestor tem acetato como
de lodo quando a nitrificação/desnitrificação contra-íon do NH4+ (o que é usual para secagem
convencional é aplicada. A retenção de lodo pode térmica do lodo). Experimentos de laboratório
resultar em um reator de certa forma menor (por um mostraram que o reator SHARON® com 1 dia de
fator de 2-4, dependendo da concentração de TRS aeróbio e sem correção de pH realizou
amônia), mas também resultará em operação mais nitrificação e desnitrificação com eficiência > 90%,
complexa e maiores investimentos em via rota do nitrito (Schemen et al., 2003).
mecanização. A nitrificação e a desnitrificação

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252

Além de aspectos puramente de engenharia, foi calculada. Baseado nesta matriz, a decisão final
muitos outros aspectos foram, neste caso e em foi escolher a tecnologia SHARON® para ser
muitos outros, considerados importantes. Estes aplicada ao tratamento do sobrenadante de digestor
aspectos, que incluem uso de energia, gestão e em Beverwijk (Figura 5.25). Os aspectos a serem
construção, são mostrados na matriz de decisão da considerados na matriz de decisão diferem para
Tabela 5.9 (Schemen et al., 2003). Claramente, cada estação de tratamento e também o peso dado
existe uma grande variedade de critérios de para cada aspecto irá provavelmente diferir de um
decisão, que podem mudar para cada estação caso para outro. Isto pode facilmente resultar em
específica. Além disso, cada aspecto decisório tem diferentes escolhas para uma estação similar em
um diferente peso, novamente dependendo de localidade diferente ou gerida por outra
considerações locais. A pontuação total por sistema organização.

Tabela 5.9 Matriz de decisão para escolha do processo de tratamento de sobrenadante de digestor na ETE de Beverwijk.
Critério Peso (%) BABE® SHARON® SHARON®/ANAMMOX®
Aproveitamento 27 + ++ +
Eficiência de remoção de N 5 ++ ++ +
Uso de energia 15 - 0 ++
Emissão de odores 1 + + +
Tempo de execução 20 + + --
Gestão 1 + ++ ++
Construção 1 0 0 0
Flexibilidade 10 - + ++
Inovação 10 + + ++
Risco de falha 10 + + -
Total 100 3,5 4,1 3,5
Nota: ++ =5; + =4; 0 =3; - =2; -- =1 Máximo de 5 pontos

produzida em um processo baseado em nitritação é


5.12.3 Remoção de N baseada em nitrito também aproximadamente 40% menor.
Técnicas de nitritação-desnitritação têm sido
consideradas muito promissoras por um bom O direcionamento da conversão biológica para
tempo. Durante a nitritação ou nitrificação parcial, seguir a rota do nitrito pode ser obtido por duas
amônia é convertida em nitrito, ao mesmo tempo abordagens principais: (i) usando-se pressões
em que a oxidação subsequente a nitrato é evitada. seletivas e (ii) mantendo-se baixa concentração de
As equações estequiométricas para nitrificação e oxigênio ou aplicando-se condições subótimas de
desnitrificação foram mostradas nas seções 5.1 a pH, nitrito ou amônia. A oxidação de amônia é
5.8. A necessidade reduzida de oxigênio significa mais sensível a mudanças de temperatura que a
que a nitrificação parcial demanda 25% menos oxidação de nitrito (Hellinga et al., 1998). Em
aeração. A desnitrificação de nitrito requer 40% temperaturas acima de aproximadamente 20 oC, as
menos fonte de carbono que a partir de nitrato. Isto bactérias oxidadoras de amônia têm uma taxa de
definitivamente reduz de forma substancial os crescimento maior que as bactérias oxidadoras de
custos quando a baixa razão C/N da água residuária nitrito. O processo SHARON® faz uso desta
requer a adição de doadores de elétrons externos, diferença na taxa de crescimento em temperaturas
como metanol. Finalmente, a quantidade de lodo mais altas, selecionando-se um TRS intermediário
entre o requerido por oxidadoras de amônia e de

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253

nitrito. Um segundo grande fator de seleção é


também a alta concentração de amônia, nitrito e A única forma para a conversão ser
sais no reator. Oxidadoras de nitrito têm baixa completamente direcionada a nitrito é vencendo-se
tolerância e não podem crescer nestas condições. a oxidação de nitrito pela competição pelo oxigênio
Isto é especialmente relevante para algumas águas e pelo nitrito simultaneamente. Isto significa uma
residuárias industriais. Conforme mencionado combinação direta da nitrificação e da
acima, a segunda possibilidade para evitar a desnitrificação. Exemplos são o uso de uma intensa
oxidação de nitrito é manter baixas concentrações recirculação entre os reatores aeróbio e anóxico
de oxigênio ou aplicar condições subótimas de pH, (por exemplo, Van Benthum et al., 1998) ou a
nitrito e amônia. Neste caso, a oxidação de nitrito inclusão da desnitrificação nas camadas mais
será, em geral, somente inibida parcialmente. profundas de um sistema de biofilme (por exemplo,
Combinando-se esse fraco fator para inibição da Kuai et al., 1998; Hao et al., 2002).
oxidação de nitrito com a desnitrificação, a
conversão total a partir de nitrito pode ser obtida. O processo SHARON® (Hellinga et al., 1998)
Devido à desnitrificação do nitrito, as bactérias foi o primeiro método desenvolvido e ampliado
oxidadoras de nitrito são privadas de seu substrato para escala real para o tratamento dedicado a
e são lavadas do sistema. efluentes ricos em amônia com nitrito como
intermediário. SHARON significa Single-reactor
Em baixas concentrações de oxigênio, nitrito e High Activity ammonia Removal Over Nitrite
nitrato são produzidos devido à limitação de (remoção de amônia a partir de nitrito com alta
oxigênio. A concentração ótima efetiva para atividade em reator único). O processo se beneficia
acúmulo de nitrito nestes processos será menor da alta temperatura do sobrenadante de digestor,
para biofilmes mais finos e flocos menores ou para permitindo altas taxas específicas de crescimento,
taxas de carregamento menores (Hao et al., 2002). tornando possível a operação sem retenção de lodo
Entretanto, uma baixa concentração de oxigênio, (Hellinga et al., 1998; Mulder et al., 2001). O
sozinha, não é suficiente, visto que nitrato também processo é baseado nas taxas máximas de
será formado (Picioreanu et al., 1997). A Figura crescimento mais altas das oxidadoras de amônia
5.24 ilustra o comportamento da formação de em relação às oxidadoras de nitrito em
nitrito/nitrato em diferentes concentrações de temperaturas mais altas. O TRS é relativamente
oxigênio dissolvido em um sistema de biofilme, mais curto (em torno de 1 dia) para selecionar
conforme observado experimentalmente por somente a oxidação de amônia, sem permitir a
Garrido et al. (1997) e explicado de forma teórica oxidação de nitrito.
por Picioreanu et al. (1997).

Figura 5.24 O efeito do oxigênio no acúmulo de N-NO2- em


um sistema de biofilme.

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254

Em sistemas baseados em retenção, a carga de lodo


é importante para a conversão. O sistema deverá ser
dimensionado para cargas de pico. Em um sistema
sem retenção de biomassa, a taxa de crescimento é
o fator de dimensionamento. Taxas de
carregamento variáveis levarão a quantidades
variáveis de lodo no reator e, portanto, manterão a
concentração do efluente constante e independente
das concentrações do afluente.

No reator SHARON®, o processo de


desnitrificação é usualmente utilizado como
controle de pH (Hellinga et al., 1998). O uso de
metanol ou de resíduos orgânicos para produzir
alcalinidade por meio da desnitrificação é mais
barato que comprar alcalinidade na forma de
bicarbonato ou hidróxido. Não há necessidade
direta de desnitrificação completa, visto que o
processo da corrente secundária não é sujeito a
restrições no efluente. O objetivo principal é
Figure 5.25 ETE de Beverwijk; o círculo vermelho mostra a
remover uma grande quantidade de nitrogênio.
área usada para o processo SHARON®, que trata 1.200 kg
Para a desnitrificação de efluentes regulares de
de nitrogênio por dia.
digestores de lodo, a desnitrificação para controle
de pH já pressupõe um percentual de remoção de
O TRS aeróbio relativamente curto (1 dia)
cerca de 95%.
requerido significa que é possível construir o
sistema sem retenção de biomassa. O lodo
Conforme mencionado acima, o controle do pH
produzido acaba no efluente, o que não é um
é o aspecto importante no dimensionamento de
problema, visto que o efluente será enviado ao
processos de nitritação-desnitritação para efluentes
afluente do processo de tratamento principal. Se a
de digestores. O pH é mantido pelo stripping de
retenção de biomassa for aplicada, o tempo de
CO2 do líquido. Isto significa que tanques altos
aeração se tornará o fator limitante no
(acima de 4-5 metros de lâmina líquida) teriam que
dimensionamento do reator, devido à grande
ser dimensionados baseado no stripping de CO2 ao
quantidade de oxigênio que necessita ser inserida.
invés de no fornecimento de O2. Adicionalmente, é
É o balanço final entre o volume do reator e o
preferível manter um pH onde o equilíbrio de
equipamento de retenção que determina a escolha
bicarbonato é deslocado em direção ao CO2, ou
adequada pela aplicação de um sistema de retenção
seja, abaixo ou cerca de 7,0, mesmo que para
de lodo. Na prática, aparentemente em uma
nitrificantes o pH para crescimento ótimo seja de
concentração acima de 0,4-0,5 gN/L um sistema
7,5-8,0. O controle efetivo do processo pode
sem retenção de biomassa é menos custoso. Além
também ser preferencialmente baseado em medidas
disso, um sistema sem retenção de biomassa
de pH. Tanto a nitrificação excessiva quanto a
também requer menos manutenção.
desnitrificação limitada rapidamente irão diminuir
o pH, enquanto muita desnitrificação resulta em
Uma diferença importante entre reatores
aumento do pH. Haverá uma grande resposta do
operando com ou sem retenção de biomassa é a
pH, visto que, em geral, o sistema operará em
resposta às alterações na concentração do afluente.
condições em que dificilmente alguma capacidade

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255

tampão haverá restado. Uma conversão de 7 mg N-


amônia irá gerar 1 mM de prótons, ou um
decréscimo de pH a 3 na ausência de um tampão,
ou seja, pequenas alterações na conversão têm um
grande impacto no pH do sistema.

A nitrificação e a desnitrificação são reações


exotérmicas; isto significa que o processo de
conversão tem um impacto significativo na
temperatura do reator. A Figura 5.26 mostra uma
visão geral dos fatores que contribuem para a
temperatura do reator. Controle preciso da
temperatura não é necessário; porém, é preferível
operar o processo em temperaturas acima de 25 oC Figura 5.27 Custos acumulados para a remoção de N da
e abaixo de 40 oC. corrente secundária em um processo SHARON®

5.12.4 Oxidação anaeróbia de amônia

Anammox é um acrônimo para ANaerobic


AMMonium Oxidation (Oxidação Anaeróbia de
Amônia). O processo biológico foi descoberto nos
anos 1980 (Mulder et al., 1989), embora estudos
sobre seu uso no tratamento de águas residuárias
tenham iniciado completamente nos anos 1990. De
fato, a conversão anammox é um tipo de atalho no
ciclo do nitrogênio. O processo converte amônia
diretamente em gás dinitrogênio sob condições
anóxicas com nitrito como receptor de elétrons. As
Figura 5.26 Contribuições ao balanço de calor de um bactérias usam CO2 como fonte de carbono do
reator SHARON® em escala real na ETE Dokhaven em mesmo modo que as bactérias oxidadoras de
Roterdã. amônia usuais. Para mais detalhes sobre a
descoberta do anammox e suas aplicações, o leitor
O custo do processo SHARON® é pode consultar o artigo de revisão de Kuenen
principalmente influenciado por fatores (2020).
operacionais, energia e fonte de carbono, conforme
mostrado na Figura 5.27. Os custos de investimento As vantagens de se utilizar o anammox na
são relativamente baixos devido à configuração e remoção de nitrogênio são evidentes. Não há
operação simples do reator. necessidade de fontes de carbono orgânico
externas, somente 50% da amônia deve ser oxidada
a nitrito e há baixa produção de biomassa (ou
produção de lodo). Quando o processo anammox é
combinado com o processo de nitritação parcial, a
conversão global é, basicamente, uma oxidação
direta de amônia a gás dinitrogênio.

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256

A demanda reduzida de energia e a não assim, aumentar a produção de metano em um


necessidade de um doador de elétrons orgânico digestor de lodo. Isto resulta em substancial
significam que o uso do processo anammox melhoria da eficiência energética do sistema
contribui grandemente para aumentar a (Kartal et al., 2010).
sustentabilidade das operações de tratamento de
esgoto. A Tabela 5.10 mostra uma comparação As bactérias anammox formam um grupo
indicativa entre a remoção de nitrogênio pela separado e distinto no mundo microbiano (Figura
desnitrificação convencional e pelo processo 5.28). Suas reações catabólicas ocorrem em uma
anammox. No processo convencional, membrana celular interna. Em todas as outras
aproximadamente 4,7 t de CO2 são liberadas por t bactérias, a energia é gerada na membrana externa.
de nitrogênio removido, enquanto para o processo As bactérias anammox têm um intermediário
SHARON®/ANAMMOX®, este valor é somente exclusivo em seu metabolismo, a hidrazina. O
0,7 t de CO2 por t de nitrogênio removido. Esta papel exato da hidroxilamina ainda está em debate;
redução na emissão de CO2 pode ser um incentivo atualmente, NO ao invés da hidroxilamina é o
adicional para a aplicação do anammox na intermediário sugerido. Enquanto bactérias
indústria. Implicações do anammox em estações de desnitrificantes comuns têm N2O como
tratamento municipais e industriais em escala real intermediário, este composto está ausente na
são resumidas nas Tabelas 5.10 e 5.11, fisiologia anammox. Isto significa que este gás de
respectivamente. efeito estufa não será produzido por bactérias
anammox. O coeficiente de produção celular das
O anammox é somente aplicado em anammox é similar ao das bactérias nitrificantes.
temperaturas mais altas (por exemplo, efluentes de No processo de crescimento das anammox, nitrato
digestores) atualmente; porém, visto que na é produzido. Isto se deve à oxidação do nitrito a
natureza ele está presente em todos os locais, não nitrato, que compensa a redução de CO2 para
há real limitação para sua aplicação em estações de matéria orgânica celular. Portanto, em um processo
tratamento usuais para remoção de nitrogênio. A completamente autotrófico, esta geração anóxica
aplicação da remoção autotrófica de nitrogênio em de nitrato é uma medida do crescimento da
uma estação de tratamento de esgoto “comum” biomassa anammox e um indicativo da atividade
torna possível maximizar a produção de lodo (por anammox.
exemplo, por decantação primária e floculação) e,

Tabela 5.10 Comparação entre um sistema de remoção de N convencional e o processo SHARON®/ANAMMOX® de remoção
de N.
Item Unidade Tratamento convencional SHARON®/ANAMMOX®
Potência kWh/kgN 2,8 1,0
Metanol kg/kgN 3,0 0
Produção de lodo kgSSV/kgN 0,5 – 1,0 0,1
Emissão de CO2 kg/kgN > 4,7 0,7
Custos totais 1 €/kgN 3,0 – 5,0 1,0 – 2,0
1
Custos totais englobam tanto os custos operacionais quanto os custos de capital

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Tabela 5.11 Implicações do anammox: comparação da remoção de nitrogênio entre estações de tratamento de esgoto
municipais com desnitrificação convencional e com o processo anammox nos Países Baixos (capacidade total de tratamento
de 25 milhões de habitantes em termos de população equivalente).
Item Unidade Convencional Pré-tratamento, tratamento Diferença
anaeróbio, anammox
Produção de energia (CH4) MW 0 40 40
Emissão de CO2 kt/ano 400 6 394
Consumo de energia MW 80 41 39
Produção de lodo ktSSV/ano 370 270 100

o processo anammox com um processo similar ao


processo SHARON® (Van Dongen et al., 2001). O
processo ANAMMOX® é precedido de um reator
SHARON® onde somente a nitritação parcial
ocorre.

Figura 5.28 Metabolismo anammox.


Os organismos anammox sempre foram
descritos como tendo uma baixíssima taxa de
crescimento (0,069 dia-1, Van de Graaf et al.,
1996). Entretanto, esta lenta taxa de crescimento
não se constitui em limitação para altas Figure 5.29 Grânulo de lodo anammox típico (foto: Water
capacidades no reator; 5-10 kgN/m3.d são Board Hollandse Delta).
facilmente alcançados devido ao fato de que os
organismos facilmente se imobilizam em biofilmes O reator SHARON® trabalha sob condições de
compactos ou grânulos, permitindo conteúdos de 1 dia de TDH, temperatura de 25-40 oC e pH = 6,6-
biomassa muito altos no reator. O lodo anammox 7,0. Sem controlar o pH no reator, uma mistura de
tem uma cor avermelhada característica (Figura 50% de amônia e 50% de nitrito será obtida no
5.29). Pesquisas recentes de Lotti et al. (2015) efluente do reator SHARON®. Isto deve-se ao fato
indicaram que o crescimento pode chegar a 1 dia-1. de que em efluentes de digestores usuais, o contra-
Isto tornará o anammox mais viável nas íon da amônia é bicarbonato. Quando 50% da
temperaturas mais baixas da corrente principal do amônia é oxidada, todo o tamponamento de
tratamento de esgoto. carbonato é utilizado, e o processo se inibe devido
A conversão anammox necessita de nitrito para à redução do pH. A primeira aplicação em escala
remoção efetiva de amônia; nitrato não pode ser real da tecnologia SHARON®/ANAMMOX®
utilizado pelos organismos anammox. O processo ocorreu na ETE Dokhaven em Roterdã, Países
precisa, portanto, de uma primeira etapa de Baixos (população equivalente de 470.000
nitritação parcial. Uma estratégia direta é combinar

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habitantes, carga de N de 830 kg/d, Van der Star et lodo granular. O compartimento inferior é um
al., 2007, Figura 5.30). compartimento com manta de lodo que é bem
misturada pelo funcionamento de uma bomba tipo
airlift movida pelo gás nitrogênio produzido e
coletado no topo deste compartimento inferior.
Desta forma, as concentrações de nitrito podem ser
mantidas em níveis baixos no compartimento total
do reator, apesar das altas concentrações do
afluente. O compartimento superior também
contém lodo e é principalmente usado para atingir
uma baixa concentração no efluente devido às suas
características de fluxo pistonado.
As conversões de nitritação e anammox podem
também ser combinadas em um único reator. Neste
caso, a imobilização da biomassa é necessária,
devido à taxa de crescimento muito baixa das
bactérias anammox. O critério de “wash-out” para
evitar a oxidação de nitrito não pode ser utilizado.
Porém, é possível, quando tanto oxigênio quanto
nitrito se tornam limitantes, que as bactérias
anammox vençam a competição de forma efetiva
contra as a oxidadoras de nitrito em um processo de
remoção de N (Hao et al., 2002). O método mais
fácil é se operar um processo autotrófico de
oxidação de amônia baseado em biofilme ou lodo
granular sob limitação de oxigênio, de tal forma
que aproximadamente 50% da amônia possa ser
oxidada. Se o biofilme é estável, uma população
anammox pode automaticamente se desenvolver
nas camadas mais profundas do biofilme, conforme
ilustrado na Figura 5.31.

Figura 5.30 (A) Vista aérea das instalações de tratamento


de lodo da ETE Dokhaven e vista dos reatores ANAMMOX®
(B) e SHARON® (C) obtidas a partir do topo do digestor de
lodo (foto: Water Board Hollandse Delta)

O reator com configuração de recirculação


interna utilizado para o processo anammox em Figura 5.31 Representação esquemática da remoção
Roterdã é especialmente adequado para o uso de autotrófica de N em um processo de biofilme.

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Tabela 5.12 Implicações do anammox: comparação da remoção de nitrogênio entre estações de tratamento de efluentes
industriais com desnitrificação convencional e com o processo anammox nos Países Baixos (capacidade total de tratamento
industrial de 21 ktDQO/ano e 2ktN/ano).

Unidade Convencional Pré-tratamento, tratamento Diferença


anaeróbio, anammox
Produção de energia (CH4) MW 0 2 2
Emissão de CO2 kt/ano 30 6 24
Consumo de energia MW 2,3 0,3 2
Produção de lodo ktSSV/ano 30 4 26

Este processo ocorreu espontaneamente em (Peynaert et al., 2003). Neste meio tempo, todo um
muitos casos (por exemplo, Siegrist et al., 1998). conjunto de processos baseados no anammox
Diversos acrônimos foram dados na literatura: foram propostos na literatura (Tabela 5.13, Van der
Oxygen Limited Autotrophic Nitrification- Star et al., 2007; Lackner et al., 2014). Os
Denitrification (nitrificação-desnitrificação processos anammox são bem desenvolvidos para
autotrófica com limitação de oxigênio) (OLAND®, condições de altas temperaturas (25-40 oC),
Kuai et al., 1998); desamonificação aeróbia enquanto desenvolvimentos ainda estão em curso
(Hippen et al., 1997) e Completely Autotrophic para aplicar o anammox sob condições da corrente
Nitrogen removal Over Nitrite (remoção principal (Kumwimba et al., 2020). A vantagem
completamente autotrófica de nitrogênio a partir de disto seria que a aplicação tornaria as ETEs
nitrito) (CANON®, Strous, 2000). Os dois autossuficientes energeticamente (Kartal et al.,
primeiros nomes sugerem desnitrificação sob 2010). Tem havido relatos de observações de
condições aeróbias, o que, na verdade, não é anammox espontaneamente em estações de
correto; portanto, pode-se sugerir o CANON® tratamento de esgoto em escala real (por exemplo,
como uma descrição geral do processo. em Changi, Singapura e Xi’an, China). Juntamente
Efetivamente, os dois primeiros nomes estão com vários testes em escala piloto, isto mostra que
relacionados à hipótese inicial que a desnitrificação a conversão anammox pode potencialmente
é realizada principalmente por bactérias ocorrer; entretanto, o desafio principal atualmente
Nitrosomonas, embora mais tarde tenha sido se encontra na obtenção de nitritação estável e de
claramente mostrado que as bactérias anammox um projeto robusto do processo.
são efetivamente responsáveis pela conversão

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260

Tabela 5.13 Opções de processo e nomes para sistemas de remoção de nitrogênio envolvendo o processo anammox.

Nome proposto para Fonte de nitrito Nomes alternativos do processo Primeira referência
o processo
Processo de NH4+ Nitritação SHARONa,b)-ANAMMOX® Van Dongen et al.
nitritação-anammox (2001)
em dois reatores OLAND de dois estágios Wyffels et al. (2004)
Desamonificação de dois estágios Treta et al. (2004)
Processo de NH4+ Nitritação Desamonificação aeróbia Hippen et al. (1997)
nitritação-anammox OLANDc) Kuai and Verstraete
em reator único (1998)
CANONd) Third et al. (2001)
Desamonificação aeróbia/anóxica Hippen et al. (2001)
Desamonificação Seyfried et al. (2001)
SNAPe) Lieu et al. (2005)
DEMONf) Wett (2006)
DIBf,g) Ladiges et al. (2006)
Processo de NO3- Anammoxh) Mulder et al. (1995)
desnitrificação- Desnitrificação DEAMOXi) Kalyuzhnyi et al.
anammox em reator (2006)
único DENAMMOXj) Pathak and Kazama
(2007)
a)
Single-reactor High Activity ammonia Removal Over Nitrite (remoção de amônia a partir de nitrito com alta atividade em reator
único); o nome só se refere à nitritação, em que a oxidação de nitrito é evitada pela escolha do tempo de detenção e operação com
temperatura elevada.
b)
Eventualmente, refere-se à nitrificação-desnitrificação a partir de nitrito com este termo.
c)
Oxygen Limited Autotrophic Nitrification-Denitrification (nitrificação-desnitrificação autotrófica com limitação de oxigênio).
d)
Completely Autotrophic Nitrogen removal Over Nitrite (remoção completamente autotrófica de nitrogênio a partir de nitrito).
e)
Single-stage Nitrogen removal using Anammox and Partial nitritation (remoção de nitrogênio em estágio único usando anammox
e nitritação parcial).
f)
O nome se refere ao processo de desamonificação em um reator em bateladas sequenciais com controle de pH.
g)
Deammonification in Interval-aerated Biofilm systems (desamonificação em sistemas de biofilme aerado em intervalos).
h)
O sistema em que o anammox foi originalmente encontrado. O processo todo foi originalmente denominado como anammox.
i)
DEnitrifying AMmonium OXidation (oxidação de amônia desnitrificante); esse nome somente se refere à desnitrificação com
sulfeto como doador de elétrons.
j)
Processo DEnitrification-Anammox (desnitrificação-anammox); esse nome somente se refere à desnitrificação com matéria
orgânica como doadora de elétrons.

alternativa de melhoria. Pode também ser usado


5.12.5 Bioaumentação para fazer sistemas altamente carregados
O principal critério de projeto para um sistema de desnitrificarem, ou para liberar espaço em estações
tratamento nitrificante é o tempo de retenção de com boa nitrificação para a desnitrificação. A
sólidos (TRS) aeróbio requerido pelas bactérias bioaumentação pode ser realizada por meio de lodo
nitrificantes. O TRS requerido aumenta nitrificante cultivado externamente. Porém, isto
substancialmente em climas mais frios. tem duas potenciais desvantagens. Primeiramente,
Adicionando-se bactérias nitrificantes ao sistema as bactérias adicionadas podem não ser do tipo
de lodo ativado, é possível diminuir o TRS ótimo de nitrificantes para o sistema específico de
requerido. Isto pode ser usado como uma tratamento. Em segundo lugar, se células suspensas

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são adicionadas, estas são removidas efetivamente processo foi denominado de processo BABE® (Bio
pelos protozoários no lodo. É, portanto, Augmentation Batch Enhanced – bioaumentação
interessante produzir as bactérias nitrificantes em em batelada aprimorada; Zilverentant, 1999),
um reator continuamente inoculado com lodo do porque o processo original é um tipo de reator em
tanque de aeração e alimentado com o efluente do bateladas sequenciais.
digestor. Desta forma, as nitrificantes que crescem
no lodo são aquelas que pertencem ao sistema,
crescem no interior dos flocos do lodo e, portanto,
não são predadas pelos protozoários. Além disso, a
carga de N na estação de tratamento diminui.

Há três diferentes propostas para integrar este


processo de bioaumentação. O processo InNITRI®
(Kos, 1998) é um processo em que as nitrificantes
são produzidas com o efluente do digestor (Figura
5.32A). A formação de flocos é obtida aplicando-
se retenção de biomassa. Este processo apresenta o
risco de uma população microbiana nitrificante
adequada não ser produzida para a bioaumentação,
e a aplicação de um TRS mais longo não é
desejável, visto que isso minimizará a produção de
lodo/nitrificantes. As outras duas alternativas de
processos utilizam-se do lodo de retorno como
inóculo para o processo. Neste caso, não há
necessidade de retenção de lodo, pois as bactérias
já estão crescendo no lodo e, além disso, a DQO
requerida para a desnitrificação pode ser obtida da
DQO do lodo de retorno. Entretanto, a
desnitrificação é necessária de forma a manter um
pH adequado no reator da corrente secundária. O
processo BAR® (Bio Augmentation Regeneration
– regeneração de bioaumentação; Novak et al.,
2003) é resultante de um processo em que o lodo
de retorno é aerado de forma a se obter a
mineralização do lodo; adicionando-se o efluente
de digestor a este reator, nitrificantes são
produzidas em seu compartimento (Figura 5.32B).

Uma desvantagem é que o reator terá a mesma


baixa temperatura que o processo de lodo ativado
em si. Portanto, é mais vantajoso usar somente uma
Figura 5.32 Esquemas de diferentes processos de
parcela do lodo de retorno e misturá-lo, por
bioaumentação: (A) InNITRI®, (B) BAR® e (C) BABE®.
exemplo com uma razão 1:1, com o efluente de
digestores aquecido (Figura 5.32C). Devido à
temperatura elevada e baixa carga de lodo, o tanque
pode ser projetado de modo mais compacto. Este

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O processo BABE® foi desenvolvido e nitrificação do sistema é menos significativo e,


projetado com base totalmente em modelos de mesmo a temperaturas muito baixas, as
simulação. Isto foi possível porque o processo não concentrações de amônia no efluente diminuem.
dependia de bactérias desconhecidas, mas de De maneira geral, o processo tem, portanto, maior
processos convencionais de remoção de nitrogênio. impacto em estações de tratamento altamente
Portanto, modelações existentes e bem testadas carregadas. A remoção extra de amônia do efluente
poderiam ser aplicadas (Salem et al., 2003). O é devido à remoção de nitrogênio do efluente do
dimensionamento baseado em modelos também foi digestor e à bioaumentação das nitrificantes no
necessário devido à complexidade do processo e às tanque de aeração principal. O efeito da
economias no desenvolvimento do processo. O bioaumentação contribui com 50-70% da remoção
processo tem muitas variáveis de projeto que de nitrogênio extra. Em sistemas pouco carregados,
podem ser otimizadas. O reator da corrente o processo de bioaumentação permite um aumento
secundária influencia a nitrificação na corrente no espaço para desnitrificação de 10% do volume
principal e vice-versa. O efeito da nitrificação do total do lodo ativado.
reator da corrente secundária na qualidade do
efluente do sistema principal deve ser avaliado. As simulações também revelaram que não é
Entretanto, não é possível fazer um sistema em necessário almejar-se a remoção máxima de N (ou
escala de laboratório ou mesmo piloto, visto que a seja, também a máxima bioaumentação) no
razão entre o volume do reator principal e o da processo da corrente secundária. Em quase todos os
corrente secundária é muito grande. casos, há uma conversão ótima no reator da
corrente secundária acima da qual o efluente do
O TRS mínimo normalmente é determinado sistema principal de tratamento de esgoto não se
pela diferença entre a taxa máxima de crescimento altera mais, enquanto o custo do processo da
das nitrificantes menos sua taxa de decaimento. No corrente secundária continua a crescer. Além disso,
caso de bioaumentação, a taxa máxima de o tempo de retenção da biomassa no reator da
crescimento pode ser somada com a taxa de adição corrente secundária deve ser otimizado. Um tempo
específica (quantidade de nitrificantes aumentadas de retenção crescente resulta em um nível reduzido
por unidade de nitrificantes por unidade de tempo). de amônia no efluente do sistema principal. Porém,
Uma abordagem diferente para os processos BAR® se a retenção no reator BABE® é aumentada acima
e BABE® é considerar o lodo no reator da corrente de um certo tempo ótimo, o efluente do sistema
secundária como parte integral do inventário total principal será novamente deteriorado. Isto deve-se
de lodo; efetivamente, isto prolonga o tempo de ao fato de que o aumento do tempo de retenção da
detenção aerado. Porém, para avaliar o TRS biomassa levará a uma menor carga de lodo e,
mínimo, é necessário levar em conta diferentes portanto, a uma menor produção de lodo. Enquanto
concentrações e temperaturas do lodo. isto é geralmente vantajoso para uma estação de
tratamento de esgoto comum, não é desejável para
Simulações do processo BABE® indicaram um processo na corrente secundária, que deveria
diversas características do processo (Salem, 2003). produzir lodo nitrificante.
Uma maior fração de amônia tratada no reator da
corrente secundária resulta em concentração de Uma avaliação com base em modelação da
amônia efluente melhorada. O efeito é, concepção para expandir a ETE Walcheren
naturalmente, somente notável quando o TRS do (140.000 habitantes, em termos de população
sistema é aproximadamente o mesmo ou menor que equivalente), nos Países Baixos, foi realizada, e os
o TRS mínimo. O maior impacto é observado a resultados mostraram uma redução de 50% na área
50% do TRS mínimo para nitrificação no sistema requerida se a tecnologia BABE® fosse utilizada
de lodo ativado. O efeito da temperatura na em comparação à expansão convencional

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(aumentando os volumes anóxico e aeróbio) digestor, e uma linha que era operada com
(Salem et al., 2002). Uma análise econômica bioaumentação, de acordo com a tecnologia
mostrou que o uso da tecnologia BABE® para BABE®. O efeito da bioaumentação do processo
expansão economizaria em torno de 115.000 Euros BABE® aumentou a taxa de nitrificação do lodo em
por ano. Há grande economias com custos de quase 60% (Salem et al., 2004), o que estava de
construção e algumas economias com demandas acordo as previsões de modelos. Porém, visto que
energéticas. Neste caso, considerou-se que a o TRS do sistema era muito curto, o processo
desnitrificação total no reator BABE® teria que ser BABE® poderia, neste caso, não resultar em
realizada com adição de metanol. Isto leva a custos nitrificação completa no inverno.
adicionais para compra de metanol e para a
produção extra de lodo. Construindo-se o reator Uma segunda aplicação em escala real do
BABE® um pouco maior, permite-se o uso processo ocorreu na ETE Hertogenbosch,
significativo do substrato endógeno do lodo de novamente nos Países Baixos (Figura 5.33). Esta
retorno. Para cada estação, uma otimização global estação estava operando com um TRS que
de custos deverá definir o dimensionamento exato resultava em boas características do efluente no
do sistema. verão, e sem nitrificação no inverno. O líquido de
retorno do tratamento de lodo continha
Uma avaliação em escala real da tecnologia aproximadamente 15% da carga de N da estação. O
BABE® foi realizada na ETE Garmerwolde, nos processo BABE® construído foi menor que 1% do
Países Baixos (300.000 habitantes, em termos de volume existente do processo de lodo ativado. Com
população equivalente). Este sistema com alta esta implementação, a nitrificação pôde ser
carga era operado em três linhas paralelas: uma que mantida durante os meses de inverno e, além disso,
recebia a carga normal de N, uma que era operada uma grande expansão dos tanques do sistema de
somente com remoção de N do efluente do lodo ativado pôde ser evitada.

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Figura 5.33 Aplicação em escala real da Tecnologia BABE®: ETE Hertogenbosch, nos Países Baixos (à frente está o reator de
bioaumentação; foto: Royal HaskoningDHV).

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269

NOMENCLATURA

Símbolo Descrição Unidade


a Razão de recirculação de biomassa em suspensão do reator -
aeróbio para o anóxico primário
amin Razão de recirculação “a” mínima para utilização de toda a -
DQORB no anóxico primário
aot Razão de recirculação “a” ótima do reator aeróbio para o -
anóxico primário
aprat Máxima razão de recirculação “a” praticável -
bONA,20 Taxa específica de respiração endógena para nitrificantes a 20 /d
o
C
bONA,T Taxa específica de respiração endógena para nitrificantes a T oC /d
bOHO Taxa específica de respiração endógena para organismos /d
heterotróficos ordinários
bOHO,20 Taxa específica de respiração endógena para OHOs a 20 oC /d
bOHO,T Taxa específica de respiração endógena para OHOs a T oC /d
Dp Potencial de desnitrificação mgN/L
Dp1 Potencial de desnitrificação anóxica primária mgN/L
Dp1DQORB Potencial de desnitrificação anóxica primária devido à DQORB mgN/L
Dp1DQOLB Potencial de desnitrificação anóxica primária devido à DQOLB mgN/L
Dp3 Potencial de desnitrificação anóxica secundária mgN/L
Dp3DQORB Potencial de desnitrificação anóxica secundária devido à mgN/L
DQORB dosada
Dp3DQOLB Potencial de desnitrificação anóxica secundária devido à mgN/L
DQOLB
DQOa Concentração de DQO total afluente mgDQO/L
DQOb,a Concentração de DQO biodegradável afluente mgDQO/L
faN Razão entre as concentrações de amônia e NTK afluentes mgN/mgN
fat,OHO Fração de OHOs no lodo como SST mgSSV/mgSST
fav,OHO Fração de OHOs no lodo como SSV mgSSV/mgSSV
FDQOb Fluxo de DQO biodegradável saindo do reator kgDQO/d
FDQOb,a Fluxo de DQO biodegradável afluente entrando no reator kgDQO/d
fdv Razão DQO/SSV do lodo mgDQO/mgSSV
fn Conteúdo de N dos SSV mgN/mgSSV
fns Razão entre as concentrações NTK/DQO do esgoto afluente mgN/mgDQO
FNl Massa por dia (fluxo) de nitrogênio requerido para produção de kgN/d
lodo
FOc Massa por dia (fluxo) de oxigênio requerido para remoção de kgO2/d
compostos orgânicos (DQO)
FODESNIT Massa por dia (fluxo) de oxigênio recuperado pela kgO2/d
desnitrificação
FONIT Massa por dia (fluxo) de oxigênio requerido para nitrificação kgO2/d
FOtDESNIT Massa por dia (fluxo) de oxigênio total requerido menos o kgO2/d
recuperado pela desnitrificação
fp Conteúdo de P dos SSV mgP/mgSSV
fSNB,DQOa Fração solúvel não biodegradável da DQO total afluente -

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270

fSNB,NTKa Fração do NTK afluente que consiste em N orgânico solúvel -


não biodegradável
FSNHx Massa por dia (fluxo) de N como amônia livre e salina (ALS) mgN/d
utilizada
FSNO3,e Massa por dia (fluxo) de N como nitrato produzido pela kgN-NO3-/d
nitrificação
fSS Fração de DQORB em relação à DQO biodegradável afluente -
fx1 Fração anóxica primária da massa de lodo -
fx1,min Fração anóxica primária mínima da massa de lodo -
fx3 Fração anóxica secundária da massa de lodo -
FXANO Massa por dia (fluxo) de nitrificantes produzidas mgSSV/d
fXE,OHO Fração não biodegradável de OHOs mgDQO/mgDQO
fxd,max Fração anóxica máxima da massa de lodo -
fx,max Fração não aerada máxima da massa de lodo -
fXNB,DQOa Fração particulada não biodegradável da DQO total afluente -
fxt Fração não aerada da massa de lodo total do reator -
FXSST Massa por dia (fluxo) de SST descartada do reator kgSST/d
K1 Taxa específica rápida inicial de desnitrificação no reator mgN-NO3-
anóxico primário /mgSSVOHO.d
K2 Segunda taxa específica de desnitrificação no reator anóxico mgN-NO3-
primário /mgSSVOHO.d
K3 Taxa específica de desnitrificação no reator anóxico secundário mgN-NO3-
/mgSSVOHO.d
K4 Taxa específica de desnitrificação no digestor anóxico-aeróbio mgN-NO3-
/mgSSVOHO.d
Kh Taxa específica máxima de consumo de DQOLB por OHOs em mgDQO/mgDQO.d
condições aeróbias
KNIT Taxa específica de nitrificação mgN/mgSSV.d
KNIT,max Taxa específica máxima de nitrificação mgN/mgSSV.d
KI Coeficiente de inibição pelo pH para nitrificação -
KII Coeficiente de inibição pelo pH para nitrificação -
Kmax Coeficiente de inibição pelo pH para nitrificação -
KO Constante de meia-saturação para oxigênio dissolvido mgO2/L
KONA Constante de meia-saturação para nitrificantes mgN/L
KONA,20 Constante de meia-saturação para nitrificantes a 20 oC mgN/L
KONA,T Constante de meia-saturação para nitrificantes a T oC mgN/L
KS Concentração de meia-saturação para utilização de DQORB mgDQO/L
KX Concentração de meia-saturação para utilização de DQOLB por mgDQO/L
OHOs
MXOHOv Massa de biomassa de OHOs no reator kgSSV
MXE,OHOv Massa de resíduo endógeno no reator kgSSV
MXIv Massa de compostos orgânicos não biodegradáveis do afluente kgSSV
no reator
MXONA Massa de nitrificantes no reator mgSSV
MXSST Massa de SST no reator mgSST/L
MXSSV Massa de matéria orgânica do lodo ativado no reator mgSSV/L
NITc Capacidade de nitrificação mgN/L
NITc/DQOa Capacidade de nitrificação por mg DQO aplicada ao reator mgN/mgDQO

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271

Nl Concentração de N afluente requerida para produção de lodo mgN/L


Nl/DQOa Razão entre N requerido para produção de lodo e concentração mgN/mgDQO
de DQO afluente
Nob,a Nitrogênio orgânico biodegradável afluente mgN/L
Nob,e Nitrogênio orgânico biodegradável residual efluente mgN/L
Nopb,a Nitrogênio orgânico particulado biodegradável afluente mgN/L
Nopnb,a Nitrogênio orgânico particulado não biodegradável afluente mgN/L
Nosb,a Nitrogênio orgânico solúvel biodegradável afluente mgN/L
Nosb,e Nitrogênio orgânico solúvel biodegradável efluente mgN/L
Nosnb,a Nitrogênio orgânico solúvel não biodegradável afluente mgN/L
Nosnb,e Nitrogênio orgânico solúvel não biodegradável efluente (= mgN/L
Nosnb,a)
NTKa Concentração de NTK afluente gN/L
NTKa/DQOa Razão entre concentrações NTK/DQO do esgoto afluente mgN/mgDQO
NTKe Concentração de NTK efluente gN/L
NTKe/DQOa Razão entre concentrações de NTK efluente e DQO afluente mgN/mgDQO
Oc Taxa de utilização de oxigênio para demanda carbonácea mgO2/L.h
ONIT Taxa de consumo de oxigênio da nitrificação mgO2/L.h
Ot Taxa de utilização de oxigênio total mgO2/L.h
Pa Concentração de P total afluente mgP/L
Pe Concentração de P total efluente mgP/L
Pl Concentração de P afluente requerida para produção de lodo mgP/L
Qa Vazão afluente L/d
Qd Vazão de descarte de lodo do reator L/d
Qe Vazão efluente L/d
s Razão de recirculação de lodo do decantador secundário para o -
reator anóxico primário
Salc Alcalinidade em relação à solução de H2CO3 de referência mg/L como CaCO3
Sf Fator de segurança para a taxa específica máxima de -
crescimento de nitrificantes
SNHx Concentração de amônia no meio líquido mgN/L
SNHx,a Concentração de amônia afluente mgN/L
SNHx,e Concentração de amônia efluente mgN/L
SNHx,NIT Concentração de amônia por litro de afluente disponível para mgN/L
nitrificação
SNO3 Concentração de nitrato mgN/L
SNO3,ar Concentração de nitrato no reator aeróbio mgN/L
SNO3,e Concentração de nitrato efluente mgN/L
SNO3,e,aot Concentração de nitrato efluente com aot mgN/L
SNO3,e,aprat Concentração de nitrato efluente com aprat mgN/L
SNO3,p1 Concentração equivalente de nitrato enviada ao reator anóxico mgN/L
primário
SO2 Concentração de oxigênio dissolvido no meio líquido mgO2/L
SO2,a Concentração de oxigênio dissolvido na recirculação “a” mgO2/L
SO2,s Concentração de oxigênio dissolvido na recirculação “s” mgO2/L
SS Concentração de DQO solúvel rapidamente biodegradável (RB) mgDQO/L
o
T Temperatura C
t1 Duração (tempo de detenção real) da 1ª fase da desnitrificação d

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272

t1(a+s+1) Duração (tempo de detenção nominal) da 1ª fase da d


desnitrificação
o
Tmax Temperatura máxima do esgoto C
o
Tmin Temperatura mínima do esgoto C
TRS Idade do lodo d
TRSmin Idade do lodo mínima para nitrificação d
VR Volume do reator L
XOHO,a Concentração de SSVOHO no reator por litro de vazão afluente mgSSVOHO/L
XOHOv Concentração de biomassa OHO mgSSV/L
XE,OHOv Resíduo endógeno de OHOs no lodo ativado mgSSV/L
XI Material não biodegradável do afluente no lodo ativado mgSSV/L
XS Concentração de DQO lentamente biodegradável (LB) mgDQO/L
XS/XOHO Razão de concentração DQOLB/OHO mgDQO/mgDQO
XSST Concentração de SST no reator mgSST/L
XSSV Concentração de matéria orgânica do lodo ativado no reator mgSSV/L
XSSV,e Material particulado volátil efluente mgSSV/L
YOHO Produção celular de OHOs em termos de DQO (= fdv YOHOv) mgDQO/mgDQO
YOHOv Produção celular de OHOs em termos de SSV mgSSV/mgDQO
YONA Coeficiente de produção celular para nitrificantes mgSSV/mgN-ALS

Símbolo grego Explicação Unidade


η Fator de redução para utilização da DQOLB em condições anóxicas -
θb Coeficiente de sensibilidade à temperatura para respiração endógena -
θNIT Coeficiente de sensibilidade à temperatura para nitrificação -
θns Coeficiente de sensibilidade ao pH para nitrificação -
μOHO Taxa específica máxima de crescimento de OHOs /d
μONA Taxa específica de crescimento de nitrificantes /d
μONA,20 Taxa específica de crescimento de nitrificantes a 20 oC /d
μONA,max Taxa específica máxima de crescimento de nitrificantes /d
μONA,max,20 Taxa específica máxima de crescimento de nitrificantes a 20 oC /d
μONA,max,7,2 Taxa específica máxima de crescimento de nitrificantes em pH = 7,2 /d
μONA,max,pH Taxa específica máxima de crescimento de nitrificantes em /d
determinado pH
μONA,max,pH,T Taxa específica máxima de crescimento de nitrificantes em /d
determinado pH e temperatura T oC
μONA,max,T Taxa específica máxima de crescimento de nitrificantes a T oC /d
μONA,O Taxa específica máxima de crescimento de nitrificantes com OD de /d
O
μONA,T Taxa específica de crescimento de nitrificantes a T oC /d

Sigla Descrição
AGV Ácidos graxos voláteis
ALS Amônia livre e salina
BABE Bio Augmentation Batch Enhanced – bioaumentação em batelada aprimorada
BAR Bio Augmentation Regeneration – regeneração de bioaumentação
CANON Completely Autotrophic Nitrogen removal Over Nitrite – remoção
completamente autotrófica de nitrogênio a partir de nitrito

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273

DEAMOX DEnitrifying AMmonium OXidation – oxidação de amônia desnitrificante


DEMON Deammonification system – sistema de desamonificação
DENAMMOX DEnitrification-Anammox – desnitrificação-anammox
DIB Deammonification in Interval-aerated Biofilm systems – desamonificação em
sistemas de biofilme aerado em intervalos
DLA Descarte de lodo ativado
DP Decantador primário
DS Decantador secundário
DQO Demanda química de oxigênio
DQOLB DQO lentamente biodegradável
DQORB DQO rapidamente biodegradável
ETE Estação de tratamento de esgoto
FAM Fosfato de amônio e magnésio
LAND Lodo ativadocom nitrificação-desnitrificação
ND Nitrificação-desnitrificação
NTK Nitrogênio total Kjeldahl
OD Oxigênio dissolvido
OHO Organismo heterotrófico ordinário
OLAND Oxygen Limited Autotrophic Nitrification-Denitrification – nitrificação-
desnitrificação autotrófica com limitação de oxigênio
OOA Organismo oxidador de amônia
OON Organismo oxidador de nitrito
ONA Organismo nitrificante autotrófico
RBN Remoção biológica de nutrientes
RBAF Remoção biológica avançada de fósforo
RBAFND Remoção biológica avançada de fósforo com nitrificação-desnitrificação
SHARON Single-reactor High Activity ammonia Removal Over Nitrite - remoção de
amônia a partir de nitrito com alta atividade em reator único
Single-stage Nitrogen removal using Anammox and Partial nitritation –
remoção de nitrogênio em estágio único usando anammox e nitritação parcial
SS Sólidos em suspensão
SSI Componente inorgânica da massa de sólidos sedimentáveis
SSRB Sólidos em suspensão no reator biológico
SST Sólidos em suspensão totais
SSV Sólidos em suspensão voláteis
SSVRB Sólidos em suspensão voláteis no reator biológico
TDH Tempo de detenção hidráulica
TRS Tempo de retenção de sólidos (idade do lodo)

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274

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Figura 5.34 ETE premiada (IWA’s Europe 2008 Project Innovation Award) de Garmerwolde, nos Países Baixos, aplicando o processo SHARON ® (os
dois reatores brancos à frente; foto: Grontmij Nederland N.V.).
275

6 Remoção Biológica Avançada de Fósforo


- EBPR

Carlos M. Lopez-Vazquez, Mark C. Wentzel†, Yves Comeau,


George A. Ekama, Mark CM van Loosdrecht, Damir Brdjanovic
e Adrian Oehmen
Tradução: Lucas Vassalle de Castro, Lucas Antonio de Oliveira Melgaço e César Rossas
Mota Filho

iniciais para descrições bioquímicas e matemáticas


6.1 INTRODUÇÃO bem estruturados que são aplicadas no projeto e
controle das principais obras em escala real. No
O fósforo (P) é o elemento-chave que precisa ser entanto, a motivação para esses desenvolvimentos
removido dos ambientes aquáticos no intuito de não partiu de um interesse puramente científico,
limitar o crescimento de plantas aquáticas e algas mas quase totalmente do reconhecimento, embora
responsáveis pela eutrofização. Diferente do lento, na década de 1960, do papel central que o P
nitrogênio, que pode ser fixado da atmosfera da desempenha na eutrofização de ambientes
qual está presente em abundância (80%), o fósforo aquáticos. Este reconhecimento, juntamente com o
é proveniente de lançamentos nos ambientes aumento expressivo nas cargas de fósforo nos
aquáticos (negligenciando a contribuição devido à corpos d’água desde 1950, deu origem a uma
deposição atmosférica). Fontes difusas de fósforo, necessidade urgente de desenvolver contramedidas
como as que provém dos campos agrícolas, são eficazes para limitar a descarga de P. Uma dessas
mais bem controladas por planos de fertilização, contramedidas é a EBPR.
enquanto fontes pontuais de fósforo, como as que
provem de estações de tratamento de esgoto, A expressão remoção biológica avançada de
podem ser removidos por processos químicos ou fósforo (EBPR) é usada neste capítulo para
biológicos. Considerando os benefícios para os descrever o que também é referido na literatura
ambientes aquáticos, regulamentações mais como remoção biológica avançada de fósforo ou
restritas estão sendo aplicadas para a remoção de remoção biológica de fósforo em excesso, do inglês
fósforo de águas residuárias. biological excess phosphorus removal (BEPR), ou
às vezes remoção biológica de fósforo, do inglês
O fenômeno da remoção biológica avançada de biological phosphorus removal (BPR), onde a
fósforo, sigla do inglês enhanced biological microbiota presente na biomassa do tratamento de
phosphorus removal (EBPR) foi observado pela esgoto remove o fósforo além de suas necessidades
primeira vez no final dos anos 1950. Nas décadas anabólicas, acumulando reservas de polifosfato
seguintes, a compreensão, conceituação e aplicação intracelular. Remoção adicional do fósforo, para
do fenômeno cresceram de observações incidentais

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276

além da síntese celular, pode ocorrer por publicadas regularmente ao longo dos anos (Marais
precipitação química devido à elementos químicos et al., 1983; Arvin, 1985; Wentzel et al., 1991;
presentes no esgoto ou sendo adicionados ao Jenkins e Tandoi, 1991; Van Loosdrecht et al.,
sistema de tratamento. 1997; Mino et al., 1998; Blackall et al., 2002;
Seviour et al., 2003; Oehmen et al., 2007;
Baixas concentrações de fósforo total nos Gebremariam et al., 2011; Yuan et al., 2012; Zheng
efluentes podem ser obtidas pela combinação de et al., 2014; Guo et al., 2019; Liu et al., 2019;
vários processos, conforme indicado na Tabela 6.1. Nielsen et al., 2019).
Por exemplo, para atingir 0,5 mgP/L no efluente, é
possível usar um sistema de EBPR associado à
filtragem de areia, precedido ou não por coagulação 6.2 PRINCÍPIOS DA REMOÇÃO
química (combinação E e D respectivamente). A BIOLÓGICA AVANÇADA DE
remoção biológica de fósforo combinada com um FÓSFORO - EBPR
fornecimento limitado de produtos químicos pode
atingir valores no efluente menores que 0,1 mgP/L, A remoção biológica de fósforo avançada (EBPR)
empregando coagulação e filtração principalmente é a absorção e remoção biológica do fósforo por
para remover o fosfato ligado aos sólidos em sistemas de lodo ativado, em quantidades
suspensão. superiores ao removido nos sistemas convencionais
de lodo ativado. A quantidade de P removida no
Neste capítulo, a intenção é apresentar os processo de EBPR é superior aos requisitos de P
mecanismos, traçar o desenvolvimento e para o crescimento de lodo ativado. Nos sistemas
estabelecer diretrizes para o projeto de sistemas que convencionais de lodo ativado, a quantidade de P
tenham como objetivo a remoção do fosforo por via tipicamente incorporada no lodo é de
biológica. Para facilitar o desenvolvimento das aproximadamente 0,02 mgP / mgSSV (0,015 mgP
diretrizes de projeto, neste livro, os conceitos / mgSST). Devido à remoção diária de excesso do
apresentados são aplicados para organismos lodo do sistema, o fósforo é efetivamente
acumuladores de fósforo estritamente aeróbios removido, como mostra o esquema da Figura 6.1.
(PAOs aeróbios - do inglês Phosphorus
accumulating organisms) que podem usar apenas
oxigênio como aceptor de elétrons para a produção
de energia. Considerando que alguns PAOs
desnitrificantes (DPAOs) existem e podem ter um
impacto significativo no desempenho do processo,
sua influência é devidamente discutida no avançar
do capítulo.

Os sistemas de EBPR geraram grande interesse


ao longo dos anos devido aos potenciais benefícios
da remoção biológica de fósforo, matéria orgânica
Figura 6.1 Observação do comportamento de PAOs em
e nitrogênio, se comparado à remoção química. Por
um sistema de EBPR (adaptado de Tchobanoglous et al.,
esta razão, foram aprofundados estudos dos
2003).
mecanismos bioquímicos, da microbiologia dos
sistemas, da engenharia do processo e otimização Essa prática pode resultar em uma taxa de
de plantas e da modelagem matemática. Como remoção de fósforo de aproximadamente 15-25%
resultado, inúmeras revisões acerca do em muitas águas residuárias. Em um sistema de
desenvolvimento dos sistemas de EBPR têm sido lodo ativado de EBPR, a quantidade de P

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incorporada ao lodo é aumentada do valor normal podem absorver grandes quantidades de P e


de 0,02 mgP / mgSSV para valores em torno de armazená-los internamente em longas cadeias
0,06-0,15 mgP / mgSSV (0,05-0,10 mgP / mgSST). chamadas polifosfatos (às vezes conhecidas como
Isso é possível a partir do projeto do sistema ou poli P); genericamente, esses organismos são
modificações operacionais que estimulam, além chamados de organismos acumuladores de fósforo
dos organismos heterotróficos 'comuns' presentes (PAOs).
no lodo ativado, o crescimento de organismos que

Tabela 6.1 Combinações de processos requeridos para obter determinadas concentrações de fósforo total no efluente
(adaptado de Barnard e Steichen, 2007)
Processo de tratamento Limite de fósforo a ser alcançado (mgP/L)
<1 < 0,5 < 0,1 < 0,05 < 0,01
Combinação A B C D E F G H
Coagulação Química    
EBPR1       
Pós-coagulação  
Filtração de areia    
Adsorção 
Filtração por membrana 
Nota: 1 pós decantador com eficiência >99,9%.

Os PAOs (às vezes também chamados de % de P no lodo ativado e maior será a eficiência do
organismos acumuladores de polifosfato) podem sistema de EBPR. Isso é mostrado graficamente na
incorporar até 0,38 mgP/mgSSV (0,17 Figura 6.2.
mgP/mgSST). No sistema de remoção biológica de
P, tanto os PAOs, quanto os organismos O projeto e os procedimentos operacionais são
heterotróficos comuns - OHOs (que não removem orientados para maximizar o crescimento dos
P em excesso) coexistem. Quanto maior for a PAOs. Em um sistema de EBPR devidamente
proporção de PAOs existentes no sistema, maior projetado, os PAOs podem constituir
será o teor de fósforo percentual do lodo ativado e, aproximadamente 11% dos SST (ou 15% do SSV),
consequentemente, maior será a quantidade de P e este sistema pode geralmente remover
que pode ser removida do afluente. Assim, o aproximadamente entre 10 a 12 mgP /L a cada 500
desafio no projeto é aumentar a quantidade de mg DQO/L de afluente.
PAOs em relação aos OHOs presentes no lodo
ativado, pois isso aumentará a capacidade de
acumulação de P e, portanto, a sua eficiência de
remoção. A proporção relativa dos dois grupos de
organismos depende, em grande parte, da fração da
DQO biodegradável advinda do esgoto que cada
um dos grupos de organismos assimila. Quanto
maior a proporção de DQO biodegradável afluente
ao sistema que os PAOs assimilam, maior será a
fração de PAO no licor misto, maior será o teor de

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278

6.3 MICROBIOLOGIA NOS SISTEMAS DE


EBPR

Os polifosfatos podem ser acumulados por uma


ampla gama de bactérias. Em geral, eles são
acumulados como uma reserva de fosfato em
quantidades relativamente baixas
intracelularmente. A definição geral do que
constitui um PAO mudou nos últimos anos, mas
atualmente é mais frequentemente definida como
um organismo que metaboliza e armazena fontes de
carbono orgânico em condições anaeróbias,
Figura 6.2 Porcentagem de P nos SSV versus a proporção geralmente com hidrólise de polifosfato servindo
de DQO biodegradável (em %) obtida por PAOs. como fonte de energia primária para este processo,
e então pegando fósforo e armazenando-o como
No entanto, desde as primeiras publicações polifosfato em condições aeróbias ou anóxicas.
relatando a remoção avançada de P em alguns
sistemas de lodo ativado, existem algumas A definição clássica de PAO que perdurou por
controvérsias em relação aos mecanismos de muitos anos envolveu principalmente a hidrólise de
precipitação que atuam nesse sistema, aventando as polifosfatos para acumular ácidos graxos voláteis
possibilidades de ser uma precipitação de (VFAs – volatile fatty acids) como a principal fonte
compostos inorgânicos, embora biologicamente de carbono que pode ser usada por PAOs, que
mediada, ou uma precipitação biológica através da sequestram os VFAs como poli-ß-
formação e acumulação de compostos de P nos hidroxialcanoatos (PHAs) em condições
organismos. Desta forma, o objetivo deste capítulo anaeróbias (na ausência de um aceptor de elétrons
não é discutir as evidências que suportam a externo, como oxigênio ou nitrato). Os PHAs são
natureza biológica da remoção avançada de P, mas então oxidados na presença de um aceptor de
descrever brevemente a teoria da remoção elétrons (ou seja, oxigênio, nitrato ou nitrito) para
biológica de P como entendida pelos autores e, o crescimento celular e armazenamento de
demonstrar como essa teoria pode ser usada como polifosfato. Esta definição foi expandida para
um auxílio para o projeto de sistemas de lodo incluir outros fenótipos de PAO, particularmente
ativado com remoção biológica de fósforo. É aqueles envolvendo o metabolismo anaeróbio /
importante salientar que esta teoria, não considera aeróbio (e / ou anóxico) de organismos
a precipitação de P devido aos fenômenos químicos armazenadores de polifosfato com base em outras
resultantes da ação biológica, uma vez que fontes de carbono, como açúcares e aminoácidos.
mudanças na alcalinidade e pH, por exemplo, não Esses mecanismos não implicam necessariamente
são contemplados. Embora, certamente a na ciclagem de PHA associada à EBPR orientada
precipitação inorgânica possa ocorrer, a remoção por VFA.
avançada do fósforo é entendida principalmente
como um mecanismo biológico em tratamentos de Vincular a identidade microbiológica das
esgoto doméstico (apropriadamente projetados) bactérias com sua função em sistemas de EBPR
com faixas normais de pH, alcalinidade e tem sido um desafio por muitos anos, mas nos
concentrações de cálcio. (Maurer et al., 1999; De últimos tempos tem sido facilitado pelo
Haas et al., 2000). desenvolvimento e aplicação de métodos
microbiológicos avançados. Na pesquisa original
sobre a microbiologia da EBPR conduzida com

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279

estudos de cultivo, foi considerado incorretamente de EBPR, pertencem aos Tetrasphaera (Stokholm-
que os PAOs eram do gênero Acinetobacter (Fuhs Bjerregaard et al., 2017; Liu et al., 2019; Nielsen et
e Chen, 1975; Buchan, 1983; Wentzel et al., 1986), al., 2019). Verificou-se que os PAOs de
Microlunatus phosphovorus (Nakamura et al., Tetrasphaera são de alta abundância em vários
1995) ou Lampropedia (Stante et al., 1997). No sistemas de EBPR em escala real, particularmente
entanto, desde então, métodos independentes de sob certas configurações, como processos de EBPR
cultura têm mostrado a importância de outros de fluxo lateral (consulte a Seção 6.6.11). Acredita-
organismos, incluindo Candidatus Accumulibacter se que os Tetrasphaera metabolizam
phosphatis (ou Accumulibacter). Um membro do principalmente açúcares e aminoácidos dentro das
gênero Rhodocyclus dentro das zonas anaeróbias de EBPR, embora alguma
Betaproteobacteria, Accumulibacter é amplamente absorção de VFA também tenha sido observada
considerado um dos PAOs mais importantes (Nguyen et al., 2011). Até o momento, estudos
correspondendo à definição clássica de PAO sugeriram que a maioria dos Tetrasphaera
descrita anteriormente. Técnicas como sondas de provavelmente não são capazes de armazenar e
hibridização de fluorescência in situ (FISH) degradar o PHA, ao contrário do Accumulibacter
combinadas com coloração química para detectar a (Kristiansen et al., 2013). Os Tetrasphaera
ciclagem de polifosfato mostraram que este provavelmente obtêm a maior parte de sua energia
organismo corresponde ao fenótipo PAO e é um para a absorção anaeróbia de carbono orgânico da
importante representante nos processos de EBPR fermentação dessas fontes de carbono, com
em escala real em todo o mundo, bem como em armazenamento de açúcares (como, por exemplo,
escala de laboratório sendo enriquecidos e glicogênio) e certos aminoácidos sugeridos para
alimentados com VFAs (Wagner et al., 1994; contribuir para a absorção aeróbia de P, em vez da
Hesselmann et al., 1999; Crocetti et al., 2000; oxidação de PHA (Kristiansen et al., 2013; Nguyen
Martin et al., 2006; Oehmen et al., 2007). O et al., 2015). Embora a liberação anaeróbia de P
Accumulibacter é o PAO mais conhecido em também seja tipicamente observada por
termos de suas características microbiológicas e Tetrasphaera, sugerindo que o polifosfato é uma
bioquímicas, com base em muitos anos de estudo. fonte adicional de energia em condições
Clades ou subgrupos de Accumulibacter também anaeróbias, os resultados também sugeriram que a
foram identificados (He et al., 2007; Camejo et al., fermentação de certos substratos pode render
2016) e correlações foram tentadas para relacionar energia suficiente para contribuir na absorção
a identidade específica com o comportamento anaeróbia de P (Marques et al., 2017 ) A remoção
metabólico observado (Flowers et al., 2009; desnitrificante de P por Tetrasphaera é atualmente
Oehmen et al., 2010; Acevedo et al., 2012; Camejo considerada de menor importância para a maioria
et al., 2016, 2019; Rubio-Rincon et al., 2017, dos membros deste grupo de organismos em
2019). Também foi sugerido que outros comparação com a absorção aeróbia de P, que
organismos, como Accumulimonas e também é diferente dos achados anteriores para
Dechloromonas, se comportam de forma Accumulibacter (Marques et al., 2018). Sendo
semelhante ao fenótipo PAO clássico e são assim, o foco principal do restante deste capítulo
relevantes em pelo menos algumas plantas de será esclarecer as incertezas em torno de vários
EBPR (Stokholm-Bjerregaard et al., 2017; Wu et aspectos mecanicistas relacionados aos
al., 2019), embora são necessárias mais Tetrasphaera PAOs, os diferentes fenótipos e as
investigações para determinar a importância desses características clássicas de cada PAO, e como eles
e de outros PAOs. impactam no projeto e a operação dos sistemas de
EBPR.
Nos últimos anos, descobriu-se que outro
importante grupo de PAOs encontrado em sistemas

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280

6.4 MECANISMOS ATUANTES NOS 6.4.2 Pré-requisitos


SISTEMAS DE EBPR
Conforme observado anteriormente, para que a
EBPR seja realizada em sistemas de lodo ativado,
6.4.1 Breve Histórico deve ser estimulado o crescimento de organismos
A tecnologia de EBPR requer basicamente que nos que acumulam polifosfato (PAOs). Para conseguir
sistemas de lodo ativado haja a presença de isso, duas condições são essenciais: (i) uma
microrganismos que acumulem fósforo além dos sequência de reatores anaeróbios e depois aeróbios
seus requisitos metabólicos normais. O fósforo, na (ou anóxicos) e (ii) a adição ou formação de VFAs
forma de polifosfato, acumulado por estes no reator anaeróbio.
microorganismos é armazenado em grânulos
chamados volutinas. Nas recomendações para 6.4.3 Observações
projetos apresentadas neste capítulo, todos os
organismos no sistema de lodo ativado acumulando Com os pré-requisitos para a EBPR apresentados,
polifosfato desta forma e exibindo o as seguintes observações foram feitas em escala
comportamento de EBPR clássico observado - real, piloto e de laboratório (Figura 6.3).
liberação anaeróbia de P, absorção aeróbia de P e
processos de produção e consumo de PHA
associados - são agrupados e representados por um
grupo de PAO genérico. Ainda não está claro
se/como a atividade de outros PAOs (como o
Tetrasphaera) pode ou deve ser incorporada ao
projeto de EBPR, portanto, suas implicações
requerem estudos mais aprofundados.

Historicamente, vários grupos de pesquisa


fizeram uma série de contribuições importantes Figura 6.3 Diagrama esquemático que mostra as
para elucidar os mecanismos de remoção biológica mudanças em função do tempo nas concentrações de
de fósforo avançada (EBPR), incluindo Fuhs e ácidos graxos voláteis (VFAs), fosfato (PO4), polifosfato,
poli ‐ ß‐ hidroxialcanoato (PHA) e glicogênio através da
Chen (1975), Nicholls e Osborn (1979), Rensink sequência aeróbia anaeróbia de reatores em um sistema
(1981), Marais et al. (1983), Comeau et al. (1986), de EBPR.
Wentzel et al. (1986, 1991), Van Loosdrecht et al.
(1997), Mino et al. (1987, 1994, 1998), Kuba et al. Sob condições anaeróbias, os VFAs e
(1993), Smolders et al. (1994a, b, 1995), Maurer et polifosfato intracelular diminuem. O fosfato
al. (1997), Seviour et al. (2003), Martin et al. solúvel, Mg2+, K+ e PHA intracelular, aumentam
(2006), Oehmen et al. (2007), Lopez-Vazquez et (Rensink, 1981; Hart e Melmed, 1982; Fukase et
al. (2009b), Oyserman et al. (2016), Fernando et al. al., 1982; Watanabe et al., 1984; Arvin, 1985;
(2019), Rubio-Rincon et al. (2019) e Nielsen et al. Hascoet et al., 1985; Wentzel et al., 1985, 1988;
(2019). Nesta seção, uma explicação dos conceitos Comeau et al., 1986, 1987; Murphy e Lötter, 1986;
básicos subjacentes aos modelos mecanicistas mais Gerber et al., 1987; Satoh et al., 1992; Smolders et
sofisticados para o fenômeno de remoção biológica al., 1994a; Maurer et al., 1997). Em muitos casos,
de P é apresentada. Para uma descrição detalhada o glicogênio também diminui, embora este não seja
dos mecanismos, o leitor deve consultar as um requisito estrito (consulte a Seção 6.4.4).
referências anteriores.
Em condições aeróbias, o polifosfato
intracelular aumenta; fosfato solúvel, Mg2+ e K+

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281

diminuem. Neste caso ocorre a diminuição do PHA moléculas de acetato) e polihidroxivalerato (PHV:
intracelular (Fukase et al., 1982; Arvin, 1985; a 5-C de Ac + Prop). O poli-ß-hidrometilbutirato
Hascoet et al., 1985; Comeau et al., 1986; Murphy (PH2MB: 5-C de Ac + Prop) e poli-ß-
e Lötter, 1986; Gerber et al., 1987; Wentzel et al., hidroximetilvalerato (PH2MV: 6-C de dois Prop)
1988a; Satoh et al., 1992; Smolders et al., 1994b; também podem estar presentes como constituintes
Maurer et al., 1997). Nestas condições, o menores.
glicogênio também é produzido na maioria dos
casos.

6.4.4 Mecanismo de remoção biológica


do fósforo

Ao descrever os mecanismos de EBPR, uma


distinção clara é feita entre os PAOs e os
organismos incapazes de acumular polifosfato,
denominados organismos heterotróficos comuns
(OHOs – ordinary heterotrophic oganisms). Na Figura 6.4 Modelo bioquímico simplificado para PAOs em
sequência anaeróbia / aeróbia dos reatores, condições anaeróbias. A captação anaeróbia de ácidos
graxos voláteis (VFAs), proveniente do afluente ou da
considera-se que os VFAs estão presentes no
fermentação no reator anaeróbio, e o armazenamento de
afluente do reator anaeróbio ou é produzido no polihidroxialcanoatos (PHAs) pelos PAOs ocorrem com
reator anaeróbio pela fermentação de bactérias. liberação de P.

A síntese dos PHAs a partir dos VFAs requer


6.4.4.1 No reator anaeróbio energia para três funções: transporte ativo de VFAs
através da membrana celular, energização de VFAs
em compostos de coenzima A (por exemplo, acetil-
As reações que ocorrem em PAOs sob condições
CoA) e poder de redução (NADH) para a formação
anaeróbias são ilustradas em um modelo
de PHA. A degradação do polifosfato está
bioquímico simplificado (Figura 6.4), em um
associada à formação de ADP a partir do AMP.
modelo bioquímico mostrando mais explicitamente
Pela ação da enzima fosfoquinase, 2 moléculas de
as fontes e usos de energia e carbono (Figura 6.5) e
ADP são convertidas em ATP e AMP (Van
em um modelo quantitativo obtido a partir de uma
Groenestijn et al., 1987). Quando o ATP é usado,
cultura enriquecida cultivada em acetato como
os ortofosfatos são liberados e se acumulam no
única fonte de carbono em um tempo de retenção
interior da célula junto com os contra-íons do
de sólido (TRS) de 8 dias e cultivado a 20 °C
polifosfato (potássio e magnésio). O efluxo
(Figura 6.6).
subsequente desses compostos pode estar
relacionado com o funcionamento de uma bomba
Os OHOs não podem utilizar os VFAs devido
de prótons, da qual pode ajudar tanto na asimilação
à ausência de um aceptor externo de elétrons,
do acetato quanto na geração de uma pequena
oxigênio ou nitrato. Os PAOs, no entanto, podem
quantidade de extra ATP. Foi observado que as
absorver os VFAs do líquido e armazená-los
necessidades de energia para a absorção de acetato
internamente, ligando-os para formar moléculas de
aumentam com o aumento do pH (Smolders et al.
carbono de cadeia complexas de poli-ß-
1994a). Isso pode estar associado ao fato de que a
hidroxialcanoatos (PHAs). Os dois PHAs mais
energia necessária para o transporte do acetato
comuns são poli-ß-hidroxibutirato (PHB: um
aumenta com o pH. O ATP é usado, notavelmente,
composto de 4 carbonos sintetizado a partir de duas
para a energização de acetato e propionato em

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282

acetil-CoA e propionil-CoA. A degradação do respectivamente, conforme observado em certas


glicogênio é resultado da formação de ATP, situações (Zhou et al., 2010; Majed et al., 2012;
produção de NADH e intermediários que são Lanham et al., 2013). Finalmente, acetil-CoA e
transformados em acetil-CoA (ou propionil-CoA). propionil-CoA são armazenados como PHA
No entanto, o ATP e o NADH gerados pela (Comeau et al., 1986; Wentzel et al., 1986; Mino et
degradação do glicogênio podem ser substituídos al., 1998; Smolders et al., 1994a; Martin et al.,
pela degradação adicional do polifosfato e pela 2006; Oehmen et al., 2007; Saunders, 2007).
atividade anaeróbia do ciclo de Krebs,

Figura 6.5 Vias metabólicas anaeróbias e mecanismos de captação de substrato em Accumulibacter. O acetato é captado
através da membrana celular, onde a energia necessária para o seu transporte é gerada pelo efluxo de prótons (H+) ou sódio
(Na+), que é promovido por diferentes enzimas dependendo do organismo. Além do transporte de acetato, os processos de
produção (e consumo) de ATP e NADH são mostrados, incluindo liberação de P, glicólise e as vias do ciclo de Krebs oxidativo e
redutor realizadas por certos PAOs (adaptado de Oehman et al., 2010).

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283

Figura 6.6 Modelo bioquímico quantitativo para PAOs em


condições anaeróbias (adaptado de Smolders et al.,
1994a). Os valores foram obtidos a partir de uma cultura
enriquecida cultivada em acetato como única fonte de
carbono a 20 °C em um TRS de 8 dias.

Assim, em condições anaeróbias, os PAOs


Figura 6.7 Modelo bioquímico simplificado para PAOs em
assimilam os VFAs para seu uso exclusivo já que
condições aeróbias (ou anóxicas).
os organismos heterotróficos são incapazes de usar
esta DQO. Para conseguir isso, parte do polifosfato
armazenado é consumido e o fósforo é liberado
para o meio. Para estabilizar as cargas negativas no
polifosfato, os cátions Mg2+, K+ e às vezes Ca2+ são
utilizados. Quando os polifosfatos são consumidos
e o fósforo é liberado, os cátions Mg2+e K+
(principalmente) são liberados na proporção molar
aproximada de P: Mg2+: K+ de 1: 0,33: 0,33
(Comeau et al., 1987; Brdjanovic et al., 1996;
Pattarkine e Randall, 1999).

6.4.4.2 No reator aeróbio subsequente

Na presença de oxigênio (ou de nitrato em Figura 6.8 Modelo bioquímico para PAOs sob condições
condições anóxicas) como um aceptor de elétrons aeróbias (ou anóxicas) (adaptado de Comeau et al. 1986).
externo, os PAOs utilizam o PHA armazenado Para fins de projeto, considera-se que apenas as reservas
como uma fonte de carbono e energia para sua de PHA são utilizadas, via acetilCoa e propionilCoaA, para
manutenção metabólica e crescimento de novas o crescimento de PAO e não matéria orgânica
células e, normalmente, para regenerar o glicogênio biodegradável. O ácido tricarboxílico (TCA), presente no
consumido no período anaeróbio (figuras 6.7 e 6.8). ciclo de Krebs, é utilizado para produzir intermediários de
carbono para crescimento, energia (como ATP) e
aumentar o potencial de redução (como NADH). O NADH,
na presença de um aceptor de elétrons, como oxigênio ou
nitrato, é então usado para expelir prótons, através da
cadeia de transporte de elétrons, criando uma força
motriz de prótons que é usada para o transporte de
fosfato (Pi) com cátions metálicos (M+) e também para a
síntese de ATP, permitindo o crescimento de PAO e
armazenamento de polifosfato.

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284

O PHA armazenado também é utilizado como de PAOs, e a relação P/SSV permanece


fonte de energia para capturar fósforo do meio e praticamente constante. A nova massa celular dos
regenerar o polifosfato consumido no reator PAOs formada depende da massa de substrato
anaeróbio, sintetizando este composto nas novas (PHA) que eles têm armazenado.
células geradas. Consequentemente, a remoção de fósforo
avançada, dependerá da massa de PHA armazenada
A captação de fósforo para sintetizar no reator anaeróbio.
polifosfato nas novas células geradas significa que
mais deste composto é absorvido do que liberado 6.4.4.3 Modelo quantitativo anaeróbio-
no reator anaeróbio, conferindo uma eficiência aeróbio PAO
positiva de remoção do P na fase líquida no sistema
de lodo ativado. Acompanhando a absorção de P,
os cátions Mg2+ e K+ também são assimilados como Um modelo quantitativo para PAOs submetidos a
contra-íons para o polímero polifosfato carregado condições anaeróbias e aeróbias é mostrado na
negativamente, na razão molar aproximada de, P: Figura 6.9. Este modelo foi determinado usando
Mg2+: K+ de 1: 0,33: 0,33. Os PAOs, com um sistema de cultura PAO enriquecido operado
polifosfato armazenado, são removidos do reator em um TRS – Tempo de Retenção de Sólidos
aeróbio (onde a concentração de polifosfato (Sludge Retention Time) de 8 dias, pH de 7,0 e com
armazenado internamente nos PAOs é a mais alta acetato como a única fonte de carbono (Smolders
no sistema) através da vazão de descarte de excesso et al., 1994a, b). Sob condições anaeróbias, o
de lodo (a descarga que advém da vazão de lodo acetato afluente é absorvido por PAOs com energia
de reciclo é possível, mas não desejável para o proveniente da degradação de polifosfato e
controle hidráulico da idade do lodo, consulte o glicogênio, o que resulta na formação de PHB (ou
Capítulo 4). No estado estacionário, a massa de PHA) e alguma produção de CO2. Em condições
PAOs descartada por dia (com polifosfato aeróbias, o oxigênio é consumido para a síntese de
armazenado) é igual à massa de novos PAOs polifosfato, glicogênio e biomassa e para a
gerados por dia (com polifosfato armazenado). Ou manutenção das células. Esses processos aeróbios
seja, para uma determinada idade do lodo, a massa resultam na formação de PHB e na produção de
de PAOs nos reatores biológicos permanece CO2. Com a descarga de biomassa para manter o
constante, de modo que no sistema de lodo ativado TRS, cada 1 C-mol de acetato resulta em 0,04 mol
em estado estacionário não há acúmulo nem perda de P removido na forma de polifosfato.

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285

Figura 6.9 Modelo quantitativo para PAOs submetidos a condições anaeróbias e aeróbias (adaptado de Smolders et al., 1994b).
Cada C‐mol de acetato corresponde a 0,5 mol de acetato. Assim, para o acetato, 1 C‐mol corresponde a 32 gDQO. Todas as
outras concentrações de compostos de carbono são expressas em unidades C‐mol.

biodegradável sob condições anaeróbias, este


6.4.5 DQO fermentável e lentamente processo não esta associado à liberação anaeróbia
biodegradável de fosfato. Este aspecto é de importância crucial,
Conforme mostrado anteriormente, em condições pois influencia tanto o projeto e operação de
anaeróbias, os PAOs só podem armazenar VFAs sistemas de remoção biológica de nutrientes, como
(para questões de notação em equações, será no dimensionamento e determinação do número de
adotada a sigla baseada na nomenclatura dada em reatores anaeróbios e na necessidade da utilização
língua inglesa - SVFA). Algumas águas residuárias de unidades de decantação primária. Para o
que contém poucos VFAs, no entanto, exibe EBPR propósito de projeto deste capítulo, a evidência
significativa, que está relacionado à rápida experimental que associa a EBPR a SS é aceita e,
biodegradação da matéria orgânica em termos de portanto, uma conversão significativa de XS para
DQO (SS), que é composta por SVFA e DQO VFAs é considerada pouco provável.
fermentável (SF) (Siebritz et al., 1982; Wentzel et Consequentemente, quando a produção de VFA
al., 1985; Nicholls, 1985; Pitman et al., 1988; ocorrer, será essencialmente a partir da DQO
Wentzel et al., 1990; Randall et al., 1994). Assim, rapidamente biodegradável (SS). Uma exceção a
considera-se que os VFAs provenientes do esta consideração, ocorrerá quando existe uma
afluentes e parte degradada da SF estão disponíveis fermentação do lodo primário cujo o efluente é
para armazenamento anaeróbio pelos PAOs. alimentado ao reator anaeróbio, o que favorece a
hidrólise de XS em SS e VFAs.
Embora a DQO lentamente biodegradável (XS),
possa ser hidrolisada em DQO rapidamente

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286

6.4.6 Funções da zona anaeróbia utilizar a DQO fermentável como fonte de energia
e carbono quando há um aceptor externo de
A partir da descrição dos mecanismos elétrons. Para cada 1 mg de O2 reciclado para o
anteriormente pontuados, a zona anaeróbia tem reator anaeróbio, 3 mg DQO fermentável são
basicamente duas funções quando o afluente ao consumidas e para cada 1 mg de nitrato recilado,
sistema é esgoto sanitário típico: 8,6 mg DQO fermentável são consumidos. A
proporção de 3 mg SF por mgO2 consumido vem
(i) Estimula a conversão da DQO fermentável considerando um rendimento líquido de 0,67 mg
(SF) em VFAs pela fermentação SSV-DQO produzido por mgDQO consumido para
acidogênica facultativa por organismos a produção de lodo. O restante (0,33 mgDQO), é
heterotróficos. utilizado para produção de energia usando
oxigênio. Assim, se obtem uma relação de 3 mg
(ii) Permite que os PAOs sequestrem os VFAs DQO de SF para cada mg de O2 consumido. Da
os assimiliando e armazenando como PHA. mesma forma, considerando que 1 mg de nitrato é
Na prática, este processo permite que os o equivalente a 2,86 mg de oxigênio, é obtida uma
PAOs sequestrem e armazenem parte do proporção de 8,6 mgDQO consumida por mg NO 3
substrato sob condições onde não exista um -N reduzida.
aceptor externo de elétrons (condições
anaeróbias) ao qual esse substrato não está A DQO fermentável consumida não fica mais
disponível para os organismos heterótrofos disponível para conversão a VFAs pelos PAOs e
comuns. Assim, os PAOs não tem portanto, a quantidade de VFAs gerada e liberada
necessidade de competir por substrato, o para a solução é reduzida, através da DQORB
que ocorreria se um aceptor de elétrons consumida pelos OHOs. Consequentemente, a
externo torna-se disponível (condições massa de VFAs disponível para os PAOs para
anóxicas / aeróbias). armazenamento é reduzida e,
correspondentemente, a mesma redução ocorre
Dos dois processos anteriores, o primeiro é o com a liberação de P, a absorção de P e a remoção
mais lento e determina o tamanho do reator líquida de P.
anaeróbio. No entanto, nos casos em que seja
necessária a fermentação primária do lodo na Da mesma forma, há uma competição entre
estação de tratamento, o primeiro processo não PAOs e OHOs pelos VFAs restantes. Os PAOs os
seria necessário e o tamanho do reator anaeróbio sequestrarão enquanto os OHOs os metabolizarão.
seria diminuído. Consequentemente, o reciclo do oxigênio e/ou
nitrato causa um prejuízo na liberação, assimilação
e remoção líquida de P porque a massa de VFAs
6.4.7 Influência do reciclo do oxigênio e
disponível para armazenamento por PAOs diminui.
nitrato no reator anaeróbio

Conforme observado por vários investigadores Portanto, prevenir o reciclo de oxigênio e


(Barnard, 1976a, 1976b; Venter et al., 1978; nitrato para o reator anaeróbio é uma das estratégias
Rabinowitz e Marais, 1980; Hascoet e Florentz, mais importantes no projeto e operação de sistemas
1985), o reciclo do oxigênio e / ou nitrato para o de EBPR (Siebritz et al., 1980).
reator anaeróbio causa uma diminuição
correspondente na EBPR. Baseando-se nos 6.4.8 Desnitrificação por PAOs
mecanismos descritos anteriormente, se oxigênio e
/ ou nitrato são reciclados para o reator anaeróbio, A desnitrificação com a absorção associada de P
os organismos heterótrofos comuns são capazes de pelos PAOs parece ser muito variável (Ekama e

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Wentzel, 1999). Esta variação vai de remoções 6.4.9 Relação entre DQO afluente e lodo
quase zero (por exemplo, Clayton et al., 1991) até
remoções sob condições anóxicas que dominam A relação descrita entre os componentes
sobre aeróbias (Sorm et al., 1996). Evidências afluentes da DQO e as várias massas orgânicas do
experimentais sugerem que a magnitude da lodo (ativa, endógena e inerte) é mostrada na
absorção anóxica de P é influenciada pela fração de Figura 6.10.
massa anóxica e massa de nitrato inserida no reator
em relação ao seu potencial de desnitrificação (Hu
et al., 2001, 2002). Apenas alguns PAOs são 6.5 FATORES QUE IMPACTAM O
realmente capazes de desnitrificação completa, DESEMPENHO DO PROCESSO DE
reduzindo o nitrato a nitrogênio gasoso (Camejo et EBPR
al., 2016, 2019). A maioria parece capaz de reduzir
nitrito a nitrogênio gasoso, onde a conversão de 6.5.1 DQO total afluente (DQOi)
nitrato em nitrito pode ser realizada por organismos
flanqueadores (Rubio-Rincon et al., 2017, 2019). Conforme discutido anteriormente, a DQO total
afluente tem uma influência direta no processo de
A remoção anóxica de P não parece atingir a EBPR, uma vez que contém os substratos
mesma eficiência que a remoção aeróbia de P principais exigidos pelo PAO para realizar tal
(Ekama e Wentzel, 1999) e esse processo ainda está processo. Para ilustrar o efeito da DQO total
em investigação. Portanto, do ponto de vista do afluente no processo de EBPR, o modelo de estado
projeto, no qual maximizar a remoção de P é uma estacionário estequiométrico apresentado na Seção
prioridade, este capítulo não enfatizará a 6.8 é usado. Usando este modelo, as figuras 6.11 e
assimilação anóxica de P e, portanto, não está 6.12 representam o efeito de uma concentração de
incluído no projeto. Entretanto, deve-se enfatizar DQO total afluente de 500 mgDQO/L (na Figura
que devido ao acúmulo anaeróbio de DQO 6.11) e 1.000 mgDQO/L (na Figura 6.12) no
rapidamente biodegradável (DQORB) pelos PAOs, processo de remoção de P em diferentes idades de
a cinética de desnitrificação muda quando um lodo.
reator anaeróbio é incluído no sistema.

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Figura 6.10. Diagrama esquemático mostrando o destino de várias frações da DQO afluente em relação às várias massas
ativas, endógenas e inertes do lodo.

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ativado, o que provoca uma redução da DQO


fermentável convertida e da massa de OHOs
gerados. No entanto, a remoção de P por DQO
afluente que entra no reator biológico é maior para
as águas residuárias decantadas do que para as
águas residuárias não decantadas . Isso é aparente
nas figuras 6.12 e 6.13, comparando a remoção de
P / DQOafluente (DQOi) nos eixos do lado direito.
Isso ocorre porque a razão SS,i / DQOi é maior para
o efluente clarificado (fSS = 0,38) do que o efluente
bruto (fSS = 0, deve-se notar que é assumido
Figura 6.11 Remoção prevista de P em relação à idade do
que nenhuma SS,i é removida na decantação.
lodo para várias frações de massa anaeróbia (fxa), em um
Embora isso não seja estritamente correto, a
sistema único de reator anaeróbio tratando águas
remoção de SSi na sedimentação parece ser
residuárias sem decantação primária. (DQO total de 500
mínima).
mgDQO/L, com as características mostradas).

Para auxiliar na comparação dos efeitos das


diferentes concentrações de DQO afluentes, o eixo
direito é dado como remoção de P / DQOafluente
(representado neste gráfico por DQOi). Observa-se
que com um aumento em DQOafluente (DQOi), a
eficiência de remoção de P (ou seja, remoção de P
/ DQOafluente (DQOi)) aumenta. Isso se deve ao
aumento da magnitude da concentração
fermentável de DQO (constante da fração DQORB
afluente em fSS = 0,25) e à conversão com aumento
de DQOafluente (DQOi) como resultado da maior Figura 6.12 Remoção prevista de P em relação à idade do
biomassa de OHO. lodo para várias frações de massa anaeróbia (fxa), em um
sistema único de reator anaeróbio tratando águas
6.5.2 Esgoto bruto ou decantado residuárias não decantadas. (DQO total de 1.000
mgDQO/L, com as características mostradas).
O efeito que a decantação das águas residuárias tem
sobre a remoção de P é ilustrado na Figura 6.13,
onde a remoção de P é plotada contra a idade do
lodo para várias frações de massa anaeróbia fxa,
dado uma DQOafluente (DQOi) de 1.000 mgDQO/L
sujeita a decantação primária (resultando em uma
água residuária decantada com uma concentração
de 600 mgDQO/L). Comparando a remoção de P
para a água residuária original não sedimentada
(Figura 6.12) com a DQO da água residuária
decantada (Figura 6.13), é evidente que a
decantação reduzirá a remoção de P do sistema.
Essa redução se deve à diminuição da massa de
DQO biodegradável que entra no sistema de lodo

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Figura 6.14 Remoção prevista de P versus DQO


rapidamente biodegradável (DQORB, SS,i) como uma
Figura 6.13 Remoção prevista de P em relação à idade do fração da DQO biodegradável afluente (DQOb, i) para
lodo para várias frações de massa anaeróbia (fxa), em um várias frações de massa anaeróbia (fxa) em um sistema de
sistema único de reator anaeróbio tratando águas reator anaeróbio em série com 20 dias de idade do lodo,
residuárias não decantadas. (DQO total de 600 mgDQO/L, tratando águas residuárias não decantadas de 500
com as características mostradas). mgDQO/L.

6.5.3 Influência da porção de DQO 6.5.4 Influência do reciclo de nitrato e


rapidamente biodegradável oxigênio no reator anaeróbio
(DQORB) do afluente
A influência do nitrato reciclado para o reator
Assumindo uma descarga zero de nitrato no reator anaeróbio é ilustrada na Figura 6.15 usando o
anaeróbio e considerando que VFA (SVFA, i) e modelo estequiométrico para a EBPR, onde as
outros orgânicos fermentáveis (SF, i) compõem a remoções de P teóricas são mostradas em relação a
DQORB (SS,i) presente em uma água residuária concentração de nitrato reciclada para um sistema
afluente, o efeito da fração DQORB afluente com com dois reatores anaeróbios em série, na razão de
em relação ao DQO biodegradável (fSS = SS,i / 1: 1, com TRS de 20 dias e f xa e características das
DQOb,i) é ilustrado na Figura 6.14. Nesta figura, as águas residuais típicas. Observa-se que a
remoções teóricas de P são plotadas versus f SS para reciclagem de nitrato tem uma influência
um sistema com dois reatores anaeróbios em série, notadamente prejudicial na magnitude da remoção
com HRT de 20 dias e fração de massa anaeróbia de P (de acordo com numerosas observações
(fxa) e águas residuárias características. Observa-se experimentais). Conforme a concentração de
que para a fxa selecionada, à medida que a fração nitrato reciclado para o reator anaeróbio aumenta, a
DQORB (fSS) aumenta, a remoção de P também remoção de P diminui, explicado a seguir.
aumenta. Se necessário e conforme discutido
anteriormente, uma opção para melhorar a
eficiência de remoção de P pode ser aumentar a
disponibilidade de DQORB no meio, por exemplo,
com a fermentação ácida do lodo primário ou
adição de fontes externas de carbono (Pitman et al.
1983; Barnard 1984 ; Osborn et al. 1989;
Vollertsen et al., 2006; Barnard et al., 2017).

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de lodo com conteúdo fósforo típico (0,03 mgP /


mgSSV). Observa-se também que se a
concentração de DQORB afluente aumenta ou
diminui, a massa de nitrato reciclado que consome
completamente a DQORB aumentará ou diminuirá
de acordo a faixa já mencionada de 11 mgN/L
(desde que a taxa de reciclagem permaneça
inalterada).

Do exposto, fica claro que uma das principais


orientações em qualquer projeto de EBPR é
minimizar o arraste de oxigênio e a reciclagem de
nitrato para o reator anaeróbio. Em condições em
Figura 6.15. Remoção prevista de P em relação à
que a nitrificação é obrigatória, várias
concentração de nitrato reciclado para sistema anaeróbio
configurações de sistema diferentes foram
na razão (1: 1) para várias frações de massa anaeróbia (fxa),
desenvolvidos especificamente para evitar isso,
para dois reatores anaeróbios em série num sistema com
incorporando a desnitrificação completa ou
idade do lodo com 20 dias, tratando águas residuárias não
passando o reciclo através de zonas anóxicas antes
decantadas com 500 mg de DQO /L e com as
da descarga para o reator anaeróbio.
características apresentadas.

Se o oxigênio e / ou nitrato são reciclados para 6.5.5 Os efeitos do tempo de retenção de


o reator anaeróbio, os OHOs não transformam mais sólidos - TRS
a DQO fermentável em VFAs, no entanto são Considerando as características de um esgoto
capazes de utilizá-la para gerar energia para as municipal não decantado típico com DQO afluente
células e promover seu crescimento usando o total de 250 mg / L, assumindo que não ocorra
oxigênio ou nitrato como um aceptor externo de entrada de nitrato no reator anaeróbio e que se
elétrons. Para cada 1 mgO2 e 1 mgNO3-N reciclado utiliza a prática de reciclo de sólidos a uma razão
para o reator anaeróbio, são utilizados 3,0 e 8,6 de 1: 1 nesse reator, a Figura 6.16 mostra a remoção
mgDQO, respectivamente. Consequentemente, o de P versus a idade do lodo para um único reator
ato de permitir que o oxigênio e / ou nitrato entrem anaeróbio com fxa de 0,05; 0,10; 0,15; 0,20 e 0,25.
no reator anaeróbio provoca uma redução na massa No mesmo gráfico, a remoção de P/DQOi também
de VFAs disponível para os PAOs realizarem o é mostrado.
armazenamento e, consequentemente, reduz a
liberação, a absorção e a remoção de P. Os gráficos indicam que o efeito do TRS na
remoção de P é complexo. Para TRS <3 dias, a
De acordo com a Figura 6.15, quando a remoção de P aumenta com o aumento do TRS. No
concentração de nitrato no reciclo excede entanto, para TRS> 3 dias, a remoção de P diminui
aproximadamente 11 mgN/L, a remoção de P com um aumento no TRS. A razão para isso é que
permanece constante em aproximadamente 3 um aumento no TRS causa um aumento de OHO
mgP/L. Para essa condição, toda a carga afluente em massa no sistema, que por sua vez causa um
de DQORB é desnitrificada por OHOs resultando aumento na conversão de DQO fermentável e,
na não liberação de VFA para o meio, na portanto, um aumento na liberação e absorção de P.
indisponibilidade de DQO para os PAOs e por fim No entanto, o aumento do TRS também causa uma
na não ocorrência do processo de EBPR. Nesse diminuição na captação de P devido à menor massa
sentido, a remoção de P obtida deve-se ao descarte ativa de PAO (e seu conteúdo de P associado)

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descartada por dia. Quando TRS <3d, o primeiro aeróbio de PHA depende do nível de PHA dentro
efeito domina a remoção de P, enquanto quando da biomassa e da cinética de quatro processos de
TRS> 3d o último domina, dando origem à forma utilização de PHA. O PHA formado em condições
da curva. O último efeito, que é a diminuição nas anaeróbias deve ser consumido durante a fase
massas ativas de PAO e OHO com aumento do aeróbia. Caso contrário, o nível de PHA nas células
TSR, seria afetado de maneira crucial pela taxa de aumentará até que um nível máximo seja
perda de massa endógena específica dos PAOs. No alcançado. A partir desse momento, nenhuma
entanto, se a taxa de perda de massa endógena dos absorção de substrato ocorrerá em condições
PAOs (0,04 d-1) forem iguais aos dos OHOs anaeróbias, levando à deterioração do processo de
-1
(0,24 d ), praticamente nenhuma EBPR teria sido EBPR.
obtido.
Em sistemas de lodo ativado projetados para a
remoção de matéria orgânica e nitrogênio, o TRS
está diretamente ligado à taxa de crescimento dos
microrganismos; o TRS mínimo, neste capítulo
representado pela sigla TRS min, necessário
corresponde à taxa de crescimento máxima
(TRSmin= 1/μmax) No entanto, nos sistemas de
EBPR onde os materiais de armazenamento
desempenham um papel importante no
metabolismo bacteriano, a determinação do TRS
total mínimo, neste capítulo representado pela sigla
TRSmin, total, (definido como uma soma do TRS
anaeróbio (TRSmin, AN) e aeróbio (TRSmin,OX)
mínimo exigido: TRSmin,total = TRSmin,NA +
Figura 6.16 Remoção de P prevista versus idade do lodo
TRSmin,OX) depende das taxas cinéticas do processo
para várias frações de massa anaeróbia (fxa), para um
e de uma série de condições do processo,
único sistema de reator anaeróbio tratando águas
notadamente o tempo necessário para a conversão
residuárias não sedimentadas com DQO total de 250
anaeróbia de DQORB em PHA, o tempo necessário
mgDQO/L, com as características mostradas.
para o consumo de PHA em condições aeróbias ou
anóxicas, a taxa de carga aplicada de substrato
Em sistemas de EBPR, o TRS aeróbio
específico de biomassa, a temperatura, a operação
desempenha um papel importante devido aos
do sistema e o conteúdo máximo de PHA da célula.
processos de conversão aeróbia que ajudam a repor
Uma vez que o crescimento ocorre apenas em
os polímeros intracelulares. Em particular, isso
condições aeróbias, apenas o processo de EBPR
ocorre porque o comportamento dos três
aeróbio (e, portanto, apenas o TRS min, OX) é
reservatórios nas células (PHA, polifosfato e
considerado aqui. É claro que existe um tempo
glicogênio) é altamente dinâmico e é determinado
mínimo de oxidação aeróbia abaixo do qual o PHA
por sua conversão durante a fase anaeróbia e
produzido anaerobiamente não pode ser mais
aeróbia (ou anóxica). O conteúdo de PHA da
oxidado. O modelo para a previsão do TRS aeróbio
biomassa depende da concentração de biomassa no
mínimo exigido em função dos parâmetros do
reator. A concentração da biomassa pode ser
processo foi desenvolvido e comparado com dados
facilmente controlada pela manipulação da carga
experimentais usados para avaliar vários aspectos
aplicada de substrato e do TRS. Enquanto a
operacionais da EBPR em um sistema SBR-
produção anaeróbia de PHA depende da carga
Sequencing Batch Reactor (Brdjanovic et al.,
aplicada de substrato no sistema, o consumo

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1998b). O modelo provou ser capaz de descrevê- de P, no entanto, diminui em cada etapa com o
los de forma satisfatória (Figura 6.17). aumento de fxa, devido à natureza de primeira
ordem da cinética de conversão. No gráfico, com
um único reator anaeróbio deve-se selecionar fxa >
0,15 porque o aumento moderado na remoção de P
para fxa > 0,20 não parece justificado.

6.5.6.2 Efeito do número de reatores


anaeróbios (n)

O efeito da subdivisão do reator anaeróbio é


mostrado na Figura 6.18. O gráfico é semelhante à
Figura 6.11, mas com a zona anaeróbia subdividida
em dois reatores iguais. Comparando o
comportamento de remoção de P nas Figuras 6.11
e 6.18, a operação em série da zona anaeróbia
melhora significativamente a remoção de P. Esta
melhoria é devido ao aumento da conversão de
DQO fermentável com a operação do reator
anaeróbio em série como resultado da natureza de
primeira ordem da cinética de conversão. Uma
Figura 6.17 TRS aeróbio mínimo exigido em função da comparação (não mostrada) entre reatores
capacidade máxima de armazenamento de PHA na anaeróbios em série (uma, duas e quatro unidades)
biomassa enriquecida (0,4 - 0,7 gDQO-PHA / gDQO- indicou que a principal melhoria ocorreu entre os
biomassa ativa) e temperatura. Os símbolos indicam o TRS reatores operando de forma simples (uma unidade)
aeróbio de vários sistemas SBR em escala de laboratório para reatores operando em série com 2 unidades.
(Smolders et al., 1994c, Brdjanovic et al.,1998b). Os Para o projeto, pelo menos dois reatores anaeróbios
números próximos aos símbolos quadrados indicam o TRS em série de tamanhos iguais devem ser usados.
total dos sistemas. Uma boa EBPR foi obtida nos TRSs
marcados como azuis, enquanto a EBPR falhou nos TRSs
marcados como vermelhos devido aos baixos tempos de
retenção.

6.5.6 Influência do estágio anaeróbio

6.5.6.1 Efeito da fração de massa anaeróbia


(fxa)

O efeito de fxa na remoção de P também é mostrada


Figura 6.18 Remoção de P previsto versus idade do lodo
na Figura 6.16. Para um TRS selecionado, um para várias frações de massa anaeróbia (fxa), para um
aumento em fxa dá origem a um aumento na sistema de dois reatores anaeróbios em séries tratando
remoção de P. Isso se deve ao aumento da águas residuárias não decantadas com DQO total de 500
conversão de DQO fermentável com maiores mgDQO/L, com as características mostradas (comparar
frações de massa anaeróbia. A melhora na remoção com Figura 6.11 para o sistema de reator único).

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6.5.7 Presença de GAOs O pH tem uma grande influência no


metabolismo anaeróbio de PAOs e GAOs. Em
Os Organismos Acumuladores de Glicogênio níveis de pH mais elevados (> 7,0), a energia
(GAOs – glycogen accumulating organisms) têm necessária (ATP) para o transporte do substrato
um metabolismo semelhante ao dos PAOs. No através da membrana celular aumenta (Smolders et
entanto, ao contrário dos PAOs, os GAOs contam al., 1995; Filipe et al., 2001a). Isso resulta em um
apenas com a glicólise de seu arranjo de glicogênio maior grau de utilização das frações de
intracelular como sua fonte de energia e carbono armazenamento intracelular de polifosfato e
para o armazenamento anaeróbio de VFAs como glicogênio. Diferentes relatos têm descrito a
PHA (Filipe et al., 2001a; Zeng et al., 2003). dominância de PAOs e, portanto, a estabilidade do
Assim, os GAOs não executam a liberação desempenho do processo de EBPR em níveis
anaeróbia típica de P e subsequente captação elevados de pH (pH> 7,25) e a dominância de
aeróbia de P. GAOs em pH inferior (pH <7,25) (Filipe et al.,
2001a, 2001b; Schuler e Jenkins, 2002; Oehmen et
Assim, na perspectiva do processo de EBPR, os al., 2005a). Essas observações sugerem que em pH
GAOs são microrganismos indesejáveis, pois são mais alto ou a hidrólise do glicogênio é o processo
capazes de absorver os VFAs em condições metabólico limitante no metabolismo de GAO ou
anaeróbias, competindo com os PAOs pela mesma que os PAOs têm vantagens metabólicas sobre os
fonte de carbono, sem contribuir para a remoção de GAOs porque não dependem apenas da via
fósforo. Até agora, dois dos GAO mais conhecidos glicolítica, mas também da hidrólise do polifosfato
são Competibacter e Defluviicoccus (Oehmen et (Filipe et al., 2001a).
al., 2006a, 2006b; Burow et al., 2007; Lanham et
al., 2008). Esses dois GAO são capazes de A temperatura tem um grande impacto na
competir contra o PAO sob certas condições competição e ocorrência de PAOs e GAOs em
ambientais e operacionais, conforme discutido sistemas de lodo ativado. Em temperatura
nesta e nas subseções seguintes. moderada e baixa (<20oC) PAOs tendem a ser os
microrganismos dominantes e têm vantagens
Diferentes condições operacionais e ambientais metabólicas consideráveis sobre GAOs, enquanto
foram identificadas como fatores importantes para o oposto ocorre em temperaturas mais altas (>20
entender a competição PAO-GAO: tipo de fonte de o
C). Isso pode ser explicado considerando que em
carbono (acetato e / ou propionato), pH, temperaturas inferiores a 20oC, PAOs têm maiores
temperatura e relação P / DQO afluente. O tipo de taxas de crescimento de biomassa do que GAOs
fonte de carbono desempenha um papel importante (Lopez- Vazquez et al., 2008b, 2009a) e menores
na competição entre PAOs e GAOs porque as requisitos de manutenção anaeróbia (Lopez-
diferentes cepas de PAO e GAO identificadas até Vazquez et al., 2007) potencialmente limitando a
agora têm preferências, afinidades e taxas de ocorrência de GAOs em sistemas de tratamento de
absorção de substrato diferentes. No entanto, em águas residuárias operados em temperatura mais
geral, uma mistura de diferentes VFAs tendem a baixa (Lopez-Vazquez et al., 2008a). Em
favorecer PAO sobre GAO (Lopez-Vazquez et al., temperaturas superiores a 20oC, no entanto, os
2009b; Carvalheira et al., 2014). Essas observações GAOs têm taxas de absorção de substrato mais
foram confirmadas em sistemas de escala plena altas do que os PAOs (Whang e Park, 2006;
com misturas muito mais amplas de fontes de Lopez-Vazquez et al., 2007; 2009a) favorecendo
carbono e aminoácidos sendo capazes de suportar sua ocorrência quando águas residuais quentes (>
um processo de EBPR satisfatório, mesmo em 20oC) são tratados. No entanto, a aplicabilidade de
altas temperaturas (Qiu et al., 2019). um alto nível de pH e uma mistura mais ampla de
fontes de carbono e aminoácidos parece dar

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vantagens competitivas ao PAO, apesar das altas deterioração do processo de EBPR devido à
temperaturas do lodo ativado (Whang et al., 2007; proliferação de outros organismos que podem
Lopez- Vazquez et al., 2009b; Qiu et al., 2019). competir com o PAO ao absorver a glicose e
armazená-la intracelularmente como glicogênio
6.5.8 Fontes de carbono (Griffiths et al., 2002; Xie et al., 2017), outros
estudos sugerem que a glicose pode ser fermentada
Com o objetivo de obter culturas de PAO altamente e produzir VFA no estágio anaeróbio das
enriquecidas, várias fontes de carbono têm sido configurações do processo de EBPR, resultando em
usadas para a operação de biorreatores em escala um desempenho do processo de EBPR estável. Da
de laboratório (Jeon e Park, 2000; Jeon et al., mesma forma, o fornecimento de lactato ou álcoois
2001; Oehmen et al., 2004, 2007; Puig et al., parece estar associado a um desempenho de EBPR
2008), com um forte foco no uso de acetato e estável sempre que o estágio anaeróbio é longo o
propionato como únicas fontes de carbono devido suficiente para favorecer sua fermentação (Jeon e
à sua abundância em águas residuárias afluentes Park, 2000; Jeon et al., 2001; Puig et al., 2008).
(Oehmen et al., 2004, 2007). No entanto, o uso Além disso, Tu e Schuler (2013) documentaram
exclusivo de acetato ou propionato como uma que o PAO tem uma afinidade maior para a
única fonte de carbono provou levar à instabilidade absorção de C do que o GAO, superando o GAO
do processo de EBPR devido ao crescimento e em baixas concentrações de fonte de C. Então, na
proliferação de GAO (como Competibacter ou fase anaeróbia, se os produtos da fermentação se
Defluviicoccus) (Oehmen et al., 2006a, 2006b; formarem dentro dos flocos, a maior afinidade do
Burow et al., 2007; Lanham et al.,2008). Em vista PAO pode ajudá-los a captar as fontes de C assim
a capacidade dos PAOs para assumir acetato ou que forem geradas, em detrimento do GAO. Essas
propionato em uma taxa cinética relativamente observações sublinham a necessidade de garantir
semelhante, Oehmen et al. (2006a) e Lu et al. que o volume do estágio anaeróbio deve ser grande
(2006) propuseram alternar essas duas fontes de o suficiente para facilitar a fermentação de tais
carbono periodicamente para vencer o GAO e obter fontes de carbono em favor do PAO.
uma cultura de PAO altamente enriquecida. Ao
aplicar um modelo metabólico, Lopez-Vazquez et Além da presença e disponibilidade de VFA e
al. (2009) previu que um afluente contendo 75% de outros compostos fermentáveis, os aminoácidos
acetato e 25% de propionato poderia ser suficiente também estão presentes em águas residuárias
para obter uma cultura PAO enriquecida brutas. Sua fermentação e consumo foram
(Accumulibacter) Seguindo o resultado de Lopez- associados ao crescimento e proliferação de
Vazquez et al. (2009), Carvalheira et al. (2014) Tetrasphera (Nguyen et al., 2011; Marques et al.,
conduziram um estudo de cultivo de longo prazo 2017; Liu et al., 2019), que parece ser capaz de
que confirmou que uma proporção de 75% de contribuir para o processo de remoção de P, mas
acetato para 25% de propionato pode realmente desempenhando um metabolismo diferente do
levar a uma cultura PAO altamente enriquecida (> Accumulibacter (Liu et al., 2019). Enquanto sua
80% com base na análise de FISH). contribuição direta real para o processo de EBPR
(como um organismo fermentativo e potencial
Além do uso de acetato e propionato, outras PAO) ainda está em estudo (Liu et al., 2019;
fontes de carbono como glicose, lactato e álcoois Rubio-Rincon et al., 2019), a sua presença tem
também foram testadas (Jeon e Park, 2000; Jeon estado associada ao funcionamento estável das
et al., 2001; Puig et al., 2008). Com relação ao plantas de EBPR.
fornecimento exclusivo de glicose, os resultados
são um tanto contraditórios. Embora alguns Em estações de tratamento de esgoto em (ETE)
estudos indiquem que a glicose pode levar à escala plena, para garantir que PAO tenha carbono

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suficiente para realizar o processo de EBPR, a envolvimento do ciclo do TCA em altas razões P /
adição de melaço aos pré-fermentadores foi DQO, a cultura de EBPR enriquecida continuou a
avaliada (Zeng et al., 2006), resultando em uma fazer uso da via glicolítica. Essas observações
maior disponibilidade de propionato e em um foram corroboradas por estudos de pesquisa
processo de EBPR melhorado e estável. Além semelhantes (Barat et al., 2006; Zhou et al., 2008;
disso, conforme apresentado na Seção 6.6, certas Acevedo et al., 2012; Welles et al., 2015, 2016).
configurações de processo foram desenvolvidas Em estudos realizados em plantas de EBPR em
para favorecer a autoprodução de VFA escala plena, Pijuan et al. (2008) e Lanham et al.
fermentando (uma fração de) o o lodo ativado de (2014) também observaram um comportamento
retorno (reciclo) – RAS (return activated sludge) semelhante, em particular em altos índices P /
(Vollertsen et al., 2006; Barnard et al., 2017). Esta DQO. Além disso, Welles et al. (2015, 2016)
prática levou a uma maior disponibilidade de foram capazes de cultivar uma cultura PAO
diferentes espécies de VFA (Vollertsen et al., enriquecida em um afluente com baixa razão P /
2006) e também para um melhor desempenho da DQO. Eles notaram que a cultura PAO, devido ao
EBPR. Em outra ETE em escala real operada em baixo teor de polifosfato intracelular, fez uso do
alta temperatura de águas residuárias (Ong et al., glicogênio como o principal composto intracelular
2014; Qiu et al., 2019), a ampla disponibilidade para a captação anaeróbia de carbono, enquanto
de diferentes fontes de carbono e aminoácidos que após ser exposta a um afluente com razão mais
levou a uma operação de EBPR estável, embora a elevada de P / DQO , a cultura PAO poderia mudar
temperatura tendesse a ser desfavorável para o seu metabolismo e absorver ortofosfato
processo de EBPR (Lopez-Vazquez et al., 2009) aerobiamente.
(conforme discutido na Seção 6.5.11). No geral, a
disponibilidade de diferentes espécies de VFA e A influência da relação P/DQO do afluente é
fontes de carbono contribui para uma melhor refletida diretamente na relação liberação
estabilidade do processo de EBPR, em contraste anaeróbia de P/DQO. Em razões P/DQO mais altas,
com o uso de uma única fonte de carbono. os conteúdos de polifosfato intracelular são
maiores, o que resulta em uma razão mais alta de
6.5.9 A razão entre P e DQO afluente liberação anaeróbia de P para consumo de DQO.
Isso parece ser causado por um maior
Outro fator que afeta o metabolismo de PAO é a envolvimento do ciclo do TCA (Schuler e Jenkins,
relação P / DQO afluente. Vários estudos têm sido 2003a, 2003b; Pijuan et al., 2008; Welles et al.,
conduzidos indicando que altas razões P / DQO 2015, 2016). Enquanto isso, em razões P / DQO
afluente favorecem o metabolismo de PAO, mais baixas, os conteúdos de polifosfato
enquanto baixas razões P / DQO favorecem o intracelular diminuem, o que aumenta o papel da
metabolismo de GAO. Schuler e Jenkins (2003a, via glicolítica e a razão de liberação anaeróbia de P
2003b) cultivaram uma cultura PAO em diferentes para consumo de DQO diminui. Além disso,
razões P / DQO. Eles observaram uma mudança no Welles et al. (2015) observaram que, juntamente
metabolismo da cultura de EBPR enriquecida de com as taxas de liberação de fosfato, as taxas de
um metabolismo de acumulação de fósforo (PAM) absorção de acetato também aumentaram até uma
para um metabolismo de acumulação de glicogênio relação polifosfato / glicogênio ideal de 0,3 P-mol
(GAM) conforme a razão P / DQO diminuía. Isso /C-mol. Em razões de poli-fosfato/glicogênio mais
implicava em uma mudança no metabolismo da altas (obtidas em razões P/C influentes acima de
utilização do ciclo de TCA em altas razões P / 0,051 P-mol/C-mol), as taxas de absorção de
DQO para um maior envolvimento da via acetato começaram a diminuir. No entanto, Welles
glicolítica conforme a razão P / DQO diminuía. É et al. (2015) notaram que tal metabolismo era
importante notar que, apesar do maior dependente do tipo específico de microrganismo

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presente, com Acumulibacter tipo II sendo mais modelo metabólico de EBPR (modelo TUDP;
flexível do que Acumulibacter tipo I, e, portanto, Smolders et al 1994c, 1995) dependem de
mais flexível e capaz de realizar um metabolismo coeficientes estequiométricos e cinéticos válidos
GAM em baixas razões P / DQO com taxas de em uma faixa estreita de temperatura ou apenas em
absorção de acetato mais altas. um único valor de temperatura. No ASM2, os
coeficientes do processo são definidos para dois
No geral, a relação P / DQO afluente diferentes temperaturas (10 e 20 ºC). Neste modelo,
desempenha um papel importante no processo de os coeficientes estequiométricos não dependem da
EBPR, afetando a estequiometria e a cinética de temperatura, enquanto os coeficientes cinéticos são
culturas de EBPR conhecidas. Como tal, esses afetados pelas mudanças de temperatura. Os
efeitos precisam ser considerados ao medir ou processos no ASM2 são classificados em quatro
avaliar o processo de EBPR. Para fins práticos e grupos com base em sua dependência da
para cumprir os limites de descarga de efluentes temperatura (dependência zero, baixa, média e
exigidos, em princípio, os sistemas de EBPR alta). Valores idênticos para temperaturas de 10 e
tendem a ser projetados considerando uma baixa 20°C foram atribuídos a muitos dos coeficientes.
relação P / DQO do afluente (uma prática bastante Isso foi justificado pela escassez de dados
comum, uma vez que a maioria dos projetos e disponíveis ou pela baixa sensibilidade dos
configurações de EBPR visam maximizar a DQO parâmetros particulares às variações de
do afluente fornecida para PAO). temperatura. Nesta classificação, os processos de
EBPR são considerados como tendo um baixo grau
de dependência da temperatura em comparação
6.5.10 Efeitos de pH com outros processos incorporados no ASM2.
ASM2 é geralmente recomendado para aplicação
Smolders et al. (1994a) avaliou os efeitos do pH no tratamento de águas residuárias por lodo
encontrando uma correlação direta entre a razão de ativado em temperaturas entre 10 e 25 °C, e os
liberação anaeróbia de P e captação de HAc autores do ASM2 são cautelosos quanto à sua
(Prelease/HAcuptake) e o pH medido no líquido aplicabilidade fora dessa faixa. Da mesma forma,
(f PO4, rel = 0,18 pH - 0,81, em unidades gP / gDQO). o modelo UCTPHO possui parâmetros de processo
Essa relação é um reflexo do aumento de energia baseados em 20°C. Para outras temperaturas
necessária em níveis de pH mais elevados para a operacionais, o ajuste dos valores é calculado a
absorção de HAc. Filipe et al. (2001a) alterou tal partir da temperatura de entrada e das constantes de
equação (f PO4, rel = 0,15 pH - 0,53, em unidades gP temperatura de Arrhenius. No modelo metabólico,
/ gDQO) sugerindo que em sua pesquisa todos os parâmetros são determinados em 20°C,
provavelmente houve uma abundância de PAO mas nenhuma informação está disponível sobre sua
mais alta. dependência da temperatura. Foi sugerido que o
impacto da temperatura nos PAOs pode ser
6.5.11 Efeitos de temperatura modelado com os mesmos coeficientes que para
organismos heterotróficos. No entanto, devido às
Com a aplicação de modelagem matemática em grandes diferenças no metabolismo e ao
processos biológicos, o papel dos coeficientes de envolvimento dos produtos de armazenamento,
temperatura torna-se mais importante. Modelos isso pode estar errado. Como ETEs municipais,
matemáticos que incluem a presença de EBPR em incluindo aquelas que operam com EBPR, podem
sistemas de lodo ativado, como o Modelo de Lodo experimentar temperaturas de licor misto tão baixas
Ativado nº 2 (ASM2) (Henze et al., 1994), Modelo quanto 5°C ou tão alto quanto 35 °C, havia uma
de Lodo Ativado da Universidade da Cidade do necessidade significativa de um estudo sistemático
Cabo (UCTPHO; Wentzel et al., 1992) ou o do impacto da temperatura nos sistemas de EBPR,

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que também deveria levar em consideração os A temperatura influencia uma variedade de


requisitos específicos dos modelos matemáticos e processos em sistemas de lodo ativado (lise,
sua aplicação em diferentes climas. fermentação, nitrificação, etc.) que podem
influenciar os processos de EBPR. Esses efeitos
Pensava-se há alguns anos que Acinetobacter complicam a determinação do efeito da
sp. eram os principais microrganismos temperatura na EBPR. Além disso, a maioria das
responsáveis por EBPR e, consequentemente, a descobertas apresentadas no parágrafo anterior são
maioria das pesquisas científicas sobre o impacto baseadas em uma abordagem de caixa preta,
da temperatura estava relacionada a essas bactérias comparando as concentrações de fósforo no
em particular. No entanto, foi mostrado que afluente e no efluente de ETEs em diferentes
Acinetobacter desempenham um papel limitado na temperaturas de esgoto. Naquela época, nenhum
EBPR (Wagner et al., 1994) e, portanto, estudo estruturado do efeito da temperatura sobre a
informações sobre o metabolismo de P de estequiometria e cinética dos processos de EBPR
Acinetobacter sozinho deve ser considerado menos em condições laboratoriais definidas estavam
relevante. disponíveis. Todos esses fatores explicam
resultados conflitantes no passado, que eram
Existem várias publicações relatando o efeito difíceis de interpretar corretamente.
da temperatura na eficiência (a diferença na
qualidade do afluente e do efluente) de EBPR O efeito da temperatura na estequiometria dos
usando lodo ativado, mas com resultados processos de EBPR não tinha sido estudado em
inconsistentes. Eficiência de EBPR em grandes detalhes até Brdjanovic et al. (1997,
temperaturas mais altas (na faixa de 20-37°C) foi 1998c) realizaram um estudo sistemático sobre os
observada por Jones et al. (1987), Yeoman et al. efeitos das mudanças de temperatura na
(1988), McClintock et al. (1993) e Converti et al. estequiometria e cinética anaeróbia e aeróbia. Este
(1995). Em contraste, níveis altos ou mesmo estudo compreendeu experimentos para investigar
apenas comparativamente mais altos de eficiência os efeitos de mudanças de temperatura de curto
de remoção de P em temperaturas mais baixas (na prazo (horas) na fisiologia do sistema de EBPR, e
faixa de 5-15°C) foi relatado por Sell et al. (1981), mudanças de temperatura de longo prazo (semanas)
Kang et al. (1985b), Krichten et al. (1985), Barnard na ecologia do sistema de EBPR. Culturas de PAO
et al. (1985), Viconneau et al. (1985) e Florentz et enriquecidas alimentadas com águas residuárias
al. (1987). No entanto, quando a cinética dos sintéticas foram utilizadas em um reator batelada
processos de EBPR foi estudada, tais sob regime anaeróbio-aeróbio-decantação em
inconsistências não existiam. O aumento das taxas condições controladas (de laboratório). Os
de liberação e / ou absorção de P com o aumento principais resultados desse trabalho são destacados
da temperatura foi relatado por Shapiro e Levin a seguir.
(1967), Boughton et al. (1971), Spatzierer et al.
(1985) e Mamais e Jenkins (1992). Além das taxas 6.5.11.1 Efeitos da temperatura em curto-
de liberação e absorção de P, Mamais e Jenkins prazo no funcionamento do sistema
(1992) também relataram aumento nas taxas de de EBPR
crescimento e consumo de substrato com o
aumento da temperatura (10-33ºC). Os diferentes Para verificação do efeito da temperatura a curto
resultados sobre o efeito da temperatura na EBPR prazo, o lodo com remoção de P foi enriquecido em
com lodo ativado podem ser explicados pelo uso um reator batelada (SBR) anaerobio/aeróbio,
de diferentes substratos, lodo ativado e/ou métodos alimentado com acetato, a 20 °C. A conversão de
de medição. compostos relevantes para a remoção biológica de
fósforo foi estudada a 5, 10, 20 e 30 °C em testes

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separados por batelada durante o período de da fase aeróbia sublinha que, em processos
algumas horas. A estequiometria dos processos complexos como a EBPR, é perigoso tirar
anaeróbios foi considerada insensível às mudanças conclusões apenas a partir de parâmetros
de temperatura, enquanto alguns efeitos na facilmente observáveis (como o fosfato). Tal
estequiometria aeróbia foram observados. Em consideração pode facilmente levar à subestimação
contraste, a temperatura teve uma grande influência da dependência da temperatura de outros processos
na cinética dos processos tanto em condições metabólicos da fase aeróbia da EBPR. Meijer
anaeróbias quanto aeróbias. A taxa de liberação (2004) incorporou coeficientes de temperatura
anaeróbia de P (ou absorção de acetato) atingiu o obtido a partir de estudos de Brdjanovic et al.
máximo a 20 °C. No entanto, um aumento (1997, 1998c) no modelo TUDP. Lopez-Vazquez
contínuo foi observado no intervalo 5-30 °C para as et al. (2008b, c) repetiu os experimentos originais
taxas de conversão em condições aeróbias. Com de Brdjanovic et al. (1997, 1998c) e estendeu o
base nesses experimentos, os coeficientes de modelo TUDP com coeficientes para duas
temperatura para as diferentes reações foram temperaturas adicionais, a saber, 15 ºC e 35 ° C. Em
calculados. Um coeficiente geral de temperatura geral, este estudo confirmou os resultados de
anaeróbia e aeróbia θ foi encontrado em 1,078 e Brdjanovic et al. (1997, 1998c) para a faixa de
1,057 (válido nas faixas 5 °C ≤ T ≤ 20 °C e 5 °C temperatura de 5 a 30 ºC. Além disso, Lopez-
≤ T ≤ 30 °C), respectivamente. Vazquez et al. (2008c) também determinou as
dependências da temperatura no curto e longo
6.5.11.2 Efeitos da temperatura em longo- prazo de uma cultura GAO enriquecida com
prazo no funcionamento do sistema Competibacter e, em seguida, os introduziu no
de EBPR modelo TUDelft para avaliar a competição PAO-
GAO em diferentes temperaturas (Lopez-Vazquez
A conversão em estado estacionário de compostos et al.,2009).
relevantes para EBPR foi estudada em um reator
subsequentemente a 20, 30, 20, 10 e 5 ° C. O 6.5.12 Oxigênio dissolvido (OD) e aeração
coeficiente de temperatura para conversões
metabólicas obtidas a partir de testes de A concentração de OD desempenha um papel
temperatura de longo prazo foi semelhante ao importante no processo de EBPR. Carvalheira et al.
coeficiente de temperatura observado em testes de (2014) definiram que OD inferior a 1,5 mg / L é
curto prazo (horas) (θ = 1,085 e θ = 1,078, preferível para favorecer o crescimento de PAO em
respectivamente). A temperatura teve um impacto relação ao GAO devido à sua maior afinidade de
moderado na taxa do processo de absorção aeróbia OD, enquanto que concentrações mais altas de OD
de P (θ = 1,031) durante os testes de longo prazo. tendem a favorecer o GAO, que pode competir
No entanto, foi observado um grande efeito da anaerobiamente por fontes de C com o PAO. Com
temperatura em outros processos metabólicos da mais interesse em reduzir os custos de energia da
fase aeróbia, como consumo de PHA (θ = 1,163), ETE através da otimização do processo de aeração
consumo de oxigênio (θ = 1,090) e crescimento e, assim, operar a ETE com baixo OD, tal prática
(θ> 1,110). Diferentes coeficientes de temperatura é favorável ao PAO.
foram obtidos para a fase aeróbia a partir de testes
de longa e curta duração, provavelmente devido a Por outro lado, enquanto o sistema precisa
uma mudança na estrutura populacional. Essa cumprir um TRS aeróbio mínimo para garantir o
mudança também foi visível em estudos de crescimento do PAO (Brdjanovic et al., 1998b), a
ecologia molecular. O coeficiente de temperatura aeração excessiva pode ter um impacto prejudicial
diferente encontrado para a absorção de P em no processo de EBPR devido ao esgotamento dos
comparação com os outros processos metabólicos compostos PHA intracelulares como uma fonte de

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energia, resultando na hidrólise aeróbia do 6.6 CONFIGURAÇÕES DO PROCESSO DE


polifosfato, e consequentemente na liberação EBPR
aeróbia de P (Lopez et al., 2006). Isso afeta a
qualidade do efluente, pois as concentrações de P Nesta seção, primeiro são discutidos os conceitos
efluente aumentam. Eventos extremos de aeração de otimização do sistema de EBPR e então são
podem ocorrer após chuvas intensas ou durante os revisados os principais sistemas de lodo ativado por
finais de semana (onde as águas residuárias EBPR em um contexto histórico.
afluentes se diluem e as concentrações da fonte de
carbono diminuem, levando a um menor acúmulo 6.6.1 Princípios de otimização de
de PHA). Para evitar esses efeitos deletérios, a remoção de fósforo
aeração precisa ser ajustada e diminuída durante
tais condições. Uma visão geral dos princípios de otimização da
EBPR e da remoção química do fósforo é
apresentada na Figura 6.19. Os princípios de EBPR
e otimização do processo de remoção de P podem
6.5.13 Compostos inibitórios
ser agrupados em seis categorias. Uma série de
A ausência ou presença de determinados configurações ou processos baseados nesses
compostos tem se mostrado deletéria para o princípios são identificados por seus nomes
processo de EBPR. Saito et al. (2004) observaram específicos.
que o nitrito foi inibidor do processo anóxico e (i) A entrada de oxigênio no reator anaeróbio
aeróbio de captação de P. Em vez de nitrito, Zhou deve ser minimizada. Para este propósito,
et al. (2007) observaram que as taxas de absorção misturar vórtices, cascatas a montante e
de fósforo anóxico diminuíram quando as bombas helicoidais ou bombas air-lift
concentrações de ácido nitroso livre (FNA – free devem ser evitadas.
nitrous acid) aumentaram de 0,002 a 0,02 mg de (ii) A entrada de nitrato (e nitrito) no reator
HNO2-N / L, sendo completamente inibido com anaeróbio deve ser minimizada. Conforme
0,02 mg de HNO2-N/ L. Com relação à captação explicado na próxima seção, várias
aeróbia de P, Pijuan et al. (2010) observaram uma configurações nomeadas foram
inibição de 50% em todos os processos anabólicos desenvolvidas precisamente para esse
em concentrações de FNA de aproximadamente propósito. Para este fim, uma configuração
0,5 ∙ 10-3 mgHNO2-N /L (equivalente a 2,0 mg de anaeróbia/aeróbia (ex.: a configuração
NO2- -N/L em pH 7,0), enquanto a inibição total A/O) pode ser melhorada através da
ocorreu em concentrações de FNA de inserção de um reator anóxico no qual o
aproximadamente 6,0∙10-3 mg HNO2-N/L. lodo aeróbio é reciclado para
desnitrificação (por exemplo A2/ O,
A limitação de potássio também demonstrou ter configurações Phoredox modificadas).
um efeito deletério no processo de EBPR Além disso, o reciclo de lodo ativado
(Brdjanovic et al., 1996) enquanto o excesso de advindo do decantador secundário pode ser
cálcio (e outros sais) para a remoção química do P desnitrificado por meio de um reator
também leva à deterioração do processo de EBPR anóxico na linha de reciclagem de lodo (por
(Barat et al., 2006; Jobagy et al., 2006), uma vez exemplo Configuração JHB) ou através de
que o P precipita quimicamente e não está mais um reator anóxico localizado a jusante da
disponível para formar os reservatórios de zona anaeróbia de onde outro reciclo
polifosfato intracelular exigidos pelo PAO. Assim, interna para o reator anaeróbio está
a composição do efluente tem impacto direto na localizado (por exemplo Configurações
eficácia do processo de EBPR. UCT). Este reator anóxico pode ser

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dividido em duas zonas para fornecer ferro (por exemplo FeCl3), alumínio (por
desnitrificação de lodo de reciclo na exemplo alum) ou cálcio (por exemplo cal),
primeira zona e desnitrificação de lodo os sais podem ser adicionados tanto na
aeróbio no reator anóxico a jusante (por corrente principal para pré-, co- ou pós-
exemplo Configuração MUCT). Adicionar precipitação (no decantador primário, no
uma segunda zona anóxica, a jusante da processo de lodo ativado, a jusante do
zona aeróbia, é outra maneira de reduzir a decantador secundário, respectivamente).
concentração de nitrato tanto no efluente Extrair o sobrenadante do tanque anaeróbio
quanto no lodo de reciclo (por exemplo ou retirar um pouco do lodo ativado de
Configuração Bardenpho modificada). reciclo e coagulá-lo também pode levar a
(iii) A absorção de VFA por PAOs no reator uma redução do fósforo solúvel no efluente
anaeróbio deve ser maximizada. A (por exemplo o BCFS® processo; Van
fermentação do lodo primário é uma Loosdrecht et al., 1998). A precipitação
maneira eficiente de aumentar o teor de lateral com cal de fosfato liberado
VFA do afluente, embora também anaerobiamente do lodo de reciclo também
contribua para um aumento da carga de pode ser realizada. A liberação de fosfato
amônia no sistema de lodo ativado. Acetato mais eficiente pode ser alcançada neste
de sódio ou resíduos industriais tanque de fluxo lateral, desviando algum
fermentáveis podem ser adicionados afluente contendo DQO rapidamente
diretamente ao reator anaeróbio ou tanque biodegradável (por exemplo o PhoStrip®
de pré-fermentação. O tempo de retenção processo). Se for realizada a digestão
hidráulica do reator anaeróbio ou pré- anaeróbia ou aeróbia do descarte de lodo
fermentador pode ser aumentado para ativado, essencialmente todos os
favorecer no local a fermentação do polifosfatos serão degradados e o fosfato
afluente ou da matéria orgânica fermentável liberado na solução. A recuperação de
adicionada. A fermentação do RAS também fósforo na forma de estruvita (MgNH4PO4)
pode ser empregada para aumentar a ou hidroxiapatita [Ca10(PO4)6OH2], que
matéria orgânica a ser consumida pelos podem ser utilizados como fertilizantes,
PAOs (ver Seção 6.6.11). também são meios de reduzir o
(iv) As partículas de fósforo do efluente devem carregamento de fosfato solúvel de volta
ser minimizadas removendo-se o total de para o processo de lodo ativado e,
sólidos em suspensão de forma eficiente. O eventualmente, para o efluente.
teor de fósforo particulado pode atingir até
18% gP / gSST para culturas enriquecidas. (vi) A captação de fósforo para a síntese celular
Com um conteúdo mais típico de 5%, cada pode ser maximizada. Embora mais
10 mgSST / L no efluente contribuirá com limitado do que os outros conceitos de
0,5 mgP / L. Assim, os meios para reduzir otimização em sua eficiência potencial,
a concentração de SST no efluente são a manter o tempo de retenção de lodo (TRS)
decantação secundária eficiente, evitando o mais curto possível resultará em um
lodo flutuante da desnitrificação no aumento na remoção de fósforo pela síntese
decantador, a filtração de areia e até mesmo celular. Outro benefício de reduzir o TRS
a ultrafiltração (em um biorreator de será que os PAOs degradarão menos
membrana). polifosfato para manutenção da célula. A
(v) O fósforo solúvel do efluente deve ser restrição na manipulação do TRS é manter
minimizado. Além de otimizar o processo uma idade mínima do lodo para manter a
de EBPR, coagulantes químicos como o nitrificação, enquanto estimula os PAOs.

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Figure 6.19. Visão geral da otimização do processo de remoção de EBPR e P. Nota: DP: decantador primário; DS: decantador
secundário.

para sua implementação em todo o mundo. Aqui,


6.6.2 Descoberta do processo de EBPR as configurações mais fundamentais da planta
EBPR e seus princípios são apresentados em ordem
A remoção avançada de P por sistemas de lodo cronológica (Figuras 6.20A a 6.20I).
ativado foi observada pela primeira vez, de forma
independente, por dois grupos de pesquisa, Srinath 6.6.3 Sistema PhoStrip®
et al. (1959) na Índia e Alarcon (1961) na América.
Embora ambos os grupos tenham demonstrado A primeira investigação estruturada sobre o
absorção de P em testes aeróbios em batelada, eles fenômeno de absorção de P foi realizada por Levin
não propuseram nenhuma explicação de por que o e Shapiro (1965). Em extensos estudos em batelada
lodo de certas plantas exibiram comportamento de sobre o efeito da tensão de oxigênio, pH e
absorção avançada de P e outras não, ou se a inibidores, eles demonstraram a natureza biológica
remoção foi um fenômeno biológico ou físico / da remoção de EBPR. Além disso, nestes testes, em
químico. Srinath et al. (1959) observou que uma duas amostras do material reciclado, nas quais uma
deficiência de oxigênio na zona a montante dos foi aerada e a outra não, a amostra aerada absorveu
tanques de aeração de fluxo em pistão estava P enquanto a amostra não aerada liberou P.Shapiro
associada à ocorrência de alta concentração de e Levin (1965) focaram a atenção na liberação de P
fosfato e que este "problema" poderia ser resolvido em testes de batelada anaeróbio e descobriram que
aumentando a aeração. Essas observações o processo de liberação de P sob condições
iniciaram a pesquisa em EBPR, que acabou anaeróbias poderia ser revertido para um processo
levando à implementação em escala plena desta de captação de P se no ciclo de batelada fosse
tecnologia. aerado subsequentemente. Levin e Shapiro (1965)
utilizaram os fenômenos de liberação de P em
Desde então, vários processos e configurações condições anaeróbias e captação de P em
foram desenvolvidos e diferentes modificações e condições aeróbias para patentear o primeiro
layouts de plantas de engenharia foram propostas sistema comercial para remoção de P, o processo

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PhoStrip (Figura 6.20G, comercializado pela BCFS, a função de decapagem/stripping foi


Biospherics, EUA). integrada no tanque anaeróbio de tanques de lodo
ativado (Van Loosdrecht et al.,1998).
Levin et al. (1972) reportaram detalhes do
relatório deste sistema: “O processo é baseado na 6.6.4 Bardenpho modificado
descoberta de que a aeração do licor misto pode
induzir microorganismos de lodo ativado a Embora no início da década de 1970 o
absorver o fósforo dissolvido em excesso da fenômeno da EBPR tenha sido observado em uma
quantidade necessária para o crescimento. Se o série de trabalhos em grande escala (por exemplo
fornecimento de ar for desligado e os organismos Vacker et al., 1967; Scalf et al., 1969; Witherow,
do lodo puderem consumir todo o oxigênio 1970; Milbury et al., 1971) o primeiro sistema de
dissolvido, o fósforo previamente absorvido é EBPR comercial (o sistema PhoStrip)
liberado para a fase líquida. No entanto, quando a desenvolvido não passava confiança como uma
aeração é retomada, os microrganismos absorvem tecnologia prática em potencial. Mulbarger (1970)
novamente o fósforo dissolvido '. O processo foi mais longe ao afirmar que 'o projeto de estação
PhoStrip consiste em um único tanque de aeração de lodo ativado especializado para a remoção de
com decantador; um fluxo lateral (normalmente alto nível de P deveria ser evitado e tratado como
10-30 % da taxa de fluxo afluente) da vazão de lodo um bônus quando e se ocorrer'. No entanto, a partir
do decantador passa por um 'tanque de de pesquisas em meados da década de 1970 (Fuhs
decapagem/stripping' anaeróbio, onde o lodo se e Chen, 1975; Barnard, 1974a, 1974b, 1975a,
deposita e o P é liberado. O lodo 'decapado' retorna 1975b, 1976a, 1976b) surgiu uma conclusão que
ao sistema de lodo ativado, enquanto o tornou possível a exploração generalizada do
sobrenadante é dosado quimicamente (geralmente fenômeno de EBPR: a remoção biológica de P é
com cal) em um tanque, para precipitar o P estimulada pela sujeição dos organismos de lodo
liberado, que é sedimentado e descartado. O ativado para uma sequência de condições
sobrenadante do tanque do precipitador é retornado anaeróbias e aeróbias. A quantificação do estado
ao afluente ou ao efluente. anaeróbio para projeto e operação, entretanto,
apresentou grandes problemas.
O PhoStrip combina a remoção química e
biológica de P, aplica-se a sistemas não Fuhs e Chen (1975), em uma investigação
nitrificantes e é um processo de fluxo lateral. microbiológica da EBPR, concluíram que o
Modificações posteriores, propostas para o fenômeno é mediado por um único grupo de
PhoStrip incluem a adição de uma parte do fluxo organismos ou por vários grupos intimamente
afluente ao tanque de decapagem/stripping para relacionados. Eles implicaram o Acinetobacter
promover a liberação de P (PhoStrip II; Levin e como o principal gênero de organismo. Eles
Della Sala, 1987), elutriação do P liberado do lodo concluíram que 'as condições anaeróbias que
'decapado' por meio da reciclagem para o tanque precedem a aerobiose no tratamento de esgoto
de decapagem/stripping (Levin e Elster,1985) e podem estar relacionadas ao aparecimento de
inclusão de um tanque anóxico a montante do Acinetobacter spp. Durante a anaerobiose, essa
tanque de aeração com reciclagem do licor misto flora tenderia a produzir compostos como etanol,
passando do reator aeróbio para o reator anóxico, acetato e succinato, que servem como fonte de
de modo a aplicar o princípio PhoStrip às plantas carbono para Acinetobacter spp. '. No entanto, Fuhs
de lodo ativado com nitrificação. Uma vez que os e Chen não quantificaram as 'condições anaeróbias'
sistemas PhoStrip incluem a remoção química de P, e não desenvolveram nenhum método prático para
os procedimentos de projeto para este sistema não a implementação do EBPR.
serão considerados neste capítulo. No processo

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O primeiro sistema principal prático para EBPR oxigênio quanto de nitratos ...' Propôs produzir a
foi desenvolvido a partir do trabalho de Barnard fase anaeróbia incluindo um reator anaeróbio antes
(1974a, b, 1975a, b, 1976a, 1976b) e Nicholls da entrada para a planta para 'permitir que o licor
(1975). Barnard (1975a, 1975b) enquanto misto se torne anaeróbio através da ação do esgoto
investigava a resposta de nitrificação / que entra'. Barnard chamou esse princípio de
desnitrificação de um sistema que ele desenvolveu método 'Phoredox' e o aplicou (entre outros) ao
para esse propósito, o sistema Bardenpho de 4 sistema Bardenpho de 4 estágios; ele incluiu um
estágios, observou que o sistema removeu mais P reator anaeróbio antes do reator anóxico primário
do que o esperado. Barnard (1974a, 1974b) no Bardenpho de 4 estágios, o reator anaeróbio
postulou que 'o requisito essencial para a remoção recebendo a vazão afluente e a vazão de reciclo de
de fósforo em sistemas biológicos é que durante lodo de fundo dos tanques de decantação
algum estágio antes do estágio final do processo, o secundários; essa configuração tornou-se
lodo ou licor misto deve passar por um estágio conhecida como Bardenpho modificado de 5
anaeróbio, durante o qual os fosfatos podem ou não estágios (Figura 6.20C). Barnard também propôs
ser liberados, seguido por uma fase aeróbia bem que quando menos remoção de nitrogênio é
aerada, durante a qual os fosfatos serão absorvidos necessária, o segundo reator anóxicos e o reator de
pelos organismos ou precipitados como resultado reaeração podem ser excluídos, de modo a resultar
da mudança no potencial redox ’. no Bardenpho modificado de 3 estágios (Figura
6.20A); esta configuração também foi chamada de
Baseado nas observações de Barnard (1974a), anaeróbia / anóxica / aeróbia (A2O)13 configuração.
Nicholls (1975) fez experiências em grande escala Para explicar o fenômeno de remoção avançada de
com os sistemas de lodo ativado de Alexandra e P, Barnard (1976a) hipotetizou que não é a
Olifantsvlei (Joanesburgo, África do Sul). Ele criou liberação de P em si que estimula a remoção do P,
zonas anaeróbias em diferentes partes dos dois mas que essa liberação indica que um determinado
sistemas de lodo ativado e concluiu que 'uma boa potencial redox baixo foi estabelecido na zona
remoção de fosfato pode ser esperada no sistema anaeróbia, ex.: que o baixo potencial redox
Bardenpho modificado (na verdade, um estimula a remoção avançada de P. Barnard
Bardenpho de 5 estágios) quando uma bacia (1976a) reconheceu as dificuldades associadas a
anaeróbia é colocada antes do sistema de lodo medição do potencial redox, e propôs que a
ativado'. medição da liberação de P na zona anaeróbia
poderia servir como um substituto para indicar que
Barnard (1976a), ao ampliar as postulações que as condições necessárias para uma maior remoção
desenvolveu em 1974, concluiu que a massa do de P prevaleciam.
organismo 'deve passar por uma fase anaeróbia em
que a demanda de oxigênio excede a oferta tanto de

13 outro de fluxo em pistão. Um reator anaeróbio de mistura completa,


A nomenclatura original de Barnard para anaeróbio e anóxico é por exemplo, não terá nitrato no reator; o reator de fluxo em pistão
adotada para uso neste capítulo; ex.: anóxico: um estado em que o equivalente, no entanto, pode conter nitrato para uma porção
nitrato está presente, mas não há oxigênio; anaeróbio: um estado em considerável do comprimento do reator, ou seja, ser parcialmente
que nem nitrato nem oxigênio estão presentes. As inadequações 'anóxico', parcialmente 'anaeróbio' - a inadequação surge no fato de
dessas definições são evidentes quando se tenta comparar o estado que nenhuma indicação é dada quanto à intensidade do estado.
de dois reatores do mesmo tamanho, um de mistura completa e o

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Figura 6.20 Configurações do sistema para EBPR: (A) PhoStrip, (B) Bardenpho modificado de 3 estágios (A2O), (C) Bardenpho
modificado de 5 estágios, (D) Phoredox (A / O), (E) UCT (VIP) , (F) MUCT (UCT modificado), (G) Joanesburgo (JHB), (H) BCFS e
(I) S2EBPR

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Em termos da hipótese de Barnard, o nitrato prever a magnitude da desnitrificação a fim de


reciclado através do reciclo para o reator anaeróbio quantificar o nitrato reciclado.
no Bardenpho modificado de 5 estágios restringirá,
em algum grau, o nível ao qual o potencial redox Marais e seu grupo (Stern e Marais, 1974;
pode ser reduzido e, consequentemente, pode-se Martin e Marais, 1975; Wilson e Marais, 1976;
esperar que o nitrato reciclado influencie no Marsden e Marais, 1977) reconheceram a
aumento da remoção de P adversamente, conforme importância de quantificar a remoção de nitrato.
observado anteriormente por Barnard (1975b). Para obter informações sobre a magnitude e a
cinética da desnitrificação, eles substituíram os
Barnard (1976a) aparentemente aceitou que a reatores de mistura completa no sistema Bardenpho
planta Bardenpho modificada deveria reduzir o de 5 estágios por reatores de fluxo em pistão e
nitrato o suficiente para que qualquer nitrato da mediram o nitrato ao longo dos eixos do reator em
vazão de reciclo do fundo do decantador de lodo e condições de fluxo e carga constantes. Suas
que vai para o reator anaeróbio não impedisse a descobertas sobre a cinética de desnitrificação são
obtenção do baixo potencial redox necessário para revisadas no Capítulo 5. Com relação à relevância
a liberação de P no reator anaeróbio. Em qualquer para a remoção de P, eles descobriram que não era
caso, ele considerou que o nitrato que entra no possível aumentar as zonas anóxicas neste sistema
reator anaeróbio poderia ser neutralizado a fim de garantir baixo nitrato no efluente e na
aumentando o tempo de retenção desse reator. Para vazão de fundo do decantador para reciclo de lodo;
o projeto do reator anaeróbio, Barnard (1976a) sendo que, para uma idade e temperatura de lodo
sugeriu um tempo de retenção nominal de uma selecionadas, a fração de massa não aerada foi
hora. Neste estágio, nenhum método racional para aumentada além de uma certa magnitude e o
prever a remoção de nitrogênio e fósforo estava sistema parou de nitrificar. Eles mostraram que a
disponível; para dimensionamento, as remoções fração de massa anóxica máxima permitida foi
foram estimadas em grande parte da experiência determinada pela taxa de crescimento específico
adquirida em sistemas experimentais operacionais. máximo dos nitrificadores na temperatura e idade
do lodo mais baixas que seria necessário para o
O requisito legal para nitrificação na África do sistema operar. Limitando a fração de massa
Sul focou a atenção nos sistemas de remoção de anóxica (para garantir a nitrificação) limita-se
nutrientes (ie nitrogênio e fósforo) em vez de necessariamente a magnitude da desnitrificação
apenas remoção de fósforo. Consequentemente, alcançável. Com os sistemas do grupo de Marais,
considerável esforço de pesquisa foi direcionado quando operado em frações de massa não aerada
para investigar o sistema Bardenpho modificado. que permitissem a nitrificação, a desnitrificação foi
As primeiras investigações sobre os sistemas incompleta e a concentração de nitrato no efluente
Bardenpho modificados de 3 e 5 estágios (McLaren foi alta.
e Wood, 1976; Nicholls, 1978; Simpkins e
McLaren, 1978; Davelaar et al., 1978; Osborn e Tomando nota das conclusões sobre a cinética
Nicholls, 1978) concordaram que o nitrato de desnitrificação, Rabinowitz e Marais (1980)
reciclado para o reator anaeróbio teve um efeito iniciaram um estudo sobre a remoção de P usando
deletério sobre a EBPR e identificaram que a o sistema Bardenpho modificado que trata esgoto
avaliação do nitrato na reciclagem para o reator municipal da cidade da Cidade do Cabo. Eles
anaeróbio poderia ser crucial para avaliar o sucesso selecionaram o Bardenpho modificado de 3
de um sistema nitrificante na estimulação da estágios (Figura 6.20A) como a configuração
liberação de P e na determinação da magnitude da básica em preferência ao de 5 estágios (Figura
remoção de P. No entanto, nenhuma dessas 6.20C) porque, em primeiro lugar, a fonte de
investigações forneceu um modelo confiável para esgoto não permitia uma fração de massa não

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aerada superior a 40 % em 14°C para uma idade de um aumento de nitrato no reciclo de lodo.
lodo de 20 dias, caso fosse mantida uma Concluiu-se, finalmente, que para as águas
nitrificação eficiente, e em segundo lugar, levando residuárias utilizadas na investigação experimental,
em consideração que o reator anaeróbio não pode o sistema tipo Bardenpho Modificado não se
contribuir para o potencial de desnitrificação do mostrou adequado para a EBPR. Isso não
sistema, o sistema de 5 estágios não poderia reduzir implicava que o sistema pudesse não ser adequado
o nitrato a zero para a razão NTK / DQO medida para outras águas residuárias, mas a investigação
no esgoto. Consequentemente (conforme discutido trouxe à luz que havia restrições, não devidamente
anteriormente em Capítulo 5) o volume do reator reconhecidas antes, que podem impedir a alta
anóxico secundário foi adicionado ao anóxico remoção de P. Por exemplo, para qualquer idade de
primário para obter a remoção máxima de nitrato e, lodo e temperatura mínima selecionadas, o
portanto, a concentração mínima de nitrato no requisito de nitrificação completa impõe um limite
reciclo do lodo de reciclo. Os resultados desta superior para a fração de massa não aerada. Esta
investigação (Rabinowitz e Marais, 1980) podem limitação na fração de massa não aerada
ser resumidos da seguinte forma: correspondentemente limita a concentração de
nitrato que pode ser removido. Para o sistema
(i) Quando a concentração de nitrato no Bardenpho modificado de 5 estágios, caso o nitrato
efluente (e no reciclo do lodo de retorno) gerado seja maior do que a desnitrificação
era baixa, geralmente a liberação de P e a alcançável, o nitrato aparecerá no efluente e será
remoção avançada foram observadas. A reciclado para o reator anaeróbio. Para o sistema
remoção avançada de P diminuiu Bardenpho modificado de 3 estágios, a
desproporcionalmente conforme o nitrato desnitrificação completa não é possível e o nitrato
aumentou, um comportamento observado sempre estará presente na vazão de reciclo de lodo
por pesquisas anteriores (Barnard,1975b; do fundo do decantador para o tanque anaeróbio. A
Simpkins e McLaren, 1978). reciclagem de nitrato para ambos os sistemas irá
(ii) Com diferentes bateladas de esgoto mas, influenciar adversamente a remoção de P.
tendo a mesma DQO afluente, com a
mesma concentração de nitrato no reciclo No geral, os sistemas Bardenpho modificado de
de lodo de reciclo, uma batelada de esgoto 3 estágios e 5 estágios mostraram limitações para
apresentou taxas relativamente altas de atingir eficiências de remoção de P estáveis e
liberação de P e maior remoção de P, confiáveis. No entanto, o trabalho de Barnard levou
enquanto em outra não essa liberação foi ao desenvolvimento de sistemas que pareciam
consideravelmente menor ou nula. A razão incorporar os requisitos essenciais para a EBPR,
para esse comportamento não era aparente. embora esses requisitos não fossem explicitamente
compreendidos. Isso estimulou uma extensa
Na configuração Bardenpho modificada de 3 pesquisa sobre este fenômeno, para ganhar
estágios, a remoção de P foi inferior ao esperado; o experiência sobre seu comportamento, para
sistema não desenvolveu remoção avançada de P delinear mais precisamente os fatores que
ao longo de longos períodos de tempo, e quando a influenciam a EBPR e para desenvolver critérios de
remoção avançada de P foi obtida, geralmente dimensionamento.
tendeu a ser baixa e errática devido aos efeitos de
(i) e / ou (ii) já descritos. O aumento da fração de 6.6.5 Phoredox ou sistema
massa anaeróbia durante os períodos de baixa anaeróbio/óxico (A/O)
remoção de P foi considerado contraproducente,
pois isso só poderia ser feito às custas da fração No sistema Bardenpho modificado, a configuração
de massa anóxica que, por sua vez, deu origem a desenvolvida por Barnard para a EBPR foi

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fortemente influenciada pela exigência legal de 6.6.6 Sistema da Universidade da Cidade


nitrificação na África do Sul. Se a nitrificação não do Cabo (UCT; VIP)
for necessária, a necessidade de zonas anóxicas
(para desnitrificar) e de longas idades de lodo (para Rabinowitz e Marais (1980), ao revisar seus
garantir a nitrificação) diminui. Esses aspectos esforços mal sucedidos para obter a EBPR de forma
foram reconhecidos por Barnard (1976a) que consistente no sistema Bardenpho Modificado,
também aplicou o método Phoredox a um sistema chegaram à conclusão de que, independentemente
de lodo ativado não nitrificante. A configuração de outros fatores que possam afetar a remoção de
desse sistema foi simplificada para um reator P, a reciclagem de nitrato para o reator anaeróbio
anaeróbio, recebendo o afluente e a vazão de via vazão de reciclo de lodo pareceu ser de grande
reciclo de lodo, seguido por um reator aeróbio significância (o efeito deletério da presença de
(Figura 6.20B). A idade do lodo e o tanque aeróbio nitrato no reator anaeróbio foi posteriormente
são projetados e controlados para evitar demonstrado diretamente por Hascoet e Florentz,
nitrificação, por ex.: idade curta do lodo, planta de 1985, entre outros). Se o nitrato da vazão de reciclo
alta taxa. Este sistema ficou conhecido na África de lodo para o reator anaeróbio pudesse ser
do Sul como Phoredox. mantido em uma concentração baixa, então havia
uma grande expectativa de que a EBPR consistente
Timmerman (1979) propôs um sistema, pudesse ser obtida. O principal obstáculo para
essencialmente igual ao sistema Phoredox, que foi atingir esse fim desejável no sistema Bardenpho
denominado sistema anaeróbio / óxico (A/O). A modificado parecia ser que o nitrato descarregado
configuração A/O básica é idêntica à do Phoredox, para o reator anaeróbio estava diretamente ligado à
mas com o A/O é especificamente proposto que as concentração de nitrato no efluente. Se, por
zonas anaeróbia e aeróbia sejam particionadas para qualquer motivo, a concentração de nitrato do
dar uma configuração de uma série de reatores que efluente aumentou enquanto a DQO permaneceu
se aproxima das condições de fluxo em pistão. constante, por ex.: se a razão NTK / DQO do
afluente aumentasse, o sistema parecia oferecer
Embora proposto conceitualmente em 1976, a poucas opções para reduzi-la por meios
exigência de nitrificação na África do Sul impediu operacionais. O único meio operacional disponível
a implementação do sistema Phoredox ou A/O. O era reduzir a magnitude da vazão de reciclo de lodo,
desempenho do sistema nas condições sul- mas esta era uma opção arriscada, pois a
africanas foi investigado em escala de laboratório sedimentação do licor misto nestas unidades tendia
por Burke et al. (1986), que encontrou dificuldade a ser mais pobre do que em sistemas puramente
em prevenir a nitrificação a uma temperatura de aeróbios. Nesse sentido, Rabinowitz e Marais
20°C mesmo em idades de lodo tão baixas quanto (1980) investigaram diferentes configurações de
3 dias, com uma fração de massa não aerada de sistemas que iriam proteger o reator anaeróbio de
50%. qualquer entrada de nitrato, ou seja, tornar o reator
anaeróbio independente da concentração de nitrato
O sistema A/O encontrou uma aplicação mais no efluente. Isso levou ao desenvolvimento do
ampla nos EUA e foi investigado por vários sistema da Universidade da Cidade do Cabo (UCT)
pesquisadores (por exemplo Hong et al., 1983; (Figura 6.20E).
Kang et al.,1985a, etc.) com resultados mistos.
No sistema UCT, o lodo de reciclo (reciclo-s) é
descarregado no reator anóxico primário. Uma
reciclagem adicional (reciclo r) extrai o licor misto
do reator anóxico primário e o descarrega no reator
anaeróbio. O licor misto também é reciclado do

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reator aeróbio para o anóxico primário (reciclo a). A proporção de reciclagem do licor misto
Pela manipulação da razão do reciclo a, o nitrato (reciclo-a) precisa ser cuidadosamente controlada
no reator anóxico pode ser mantido em zero e, de modo que o reator anóxico primário seja
portanto, nenhum nitrato será reciclado para o ligeiramente carregado com nitrato para evitar uma
reator anaeróbio. Consequentemente, o estado descarga de nitrato para o reator anaeróbio. No
anaeróbio no reator pode ser mantido entanto, em operação em escala plena, esse
independentemente da concentração de nitrato do controle cuidadoso da razão de reciclo não é
efluente, mesmo se a razão NTK/DQO do afluente possível devido à incerteza na razão NTK/DQO,
para a planta variar. Esta condição desejável é particularmente sob fluxo cíclico e condições de
alcançada no sistema UCT às custas de (i) o volume carga.
do reator anaeróbio; no sistema UCT para manter a
mesma fração de lodo no reator anaeróbio que no Para simplificar a operação do sistema UCT,
sistema Bardenpho modificado, o volume do reator buscou-se uma modificação em que o controle
anaeróbio no sistema UCT teria que ser aumentado cuidadoso deste reciclo não seria necessário. Isso
na proporção (1 + r) / r, e (ii) a incapacidade de levou a uma modificação do sistema UCT,
alcançar a desnitrificação completa. chamada de sistema UCT modificado (Figura
6.20F). No sistema UCT modificado, o reator
Testes em escala de laboratório no sistema anóxico é subdividido em dois reatores, o primeiro
UCT usando fluxo de resíduos da Cidade do Cabo tendo uma fração de massa de lodo de
mostraram uma EBPR melhorada tanto em aproximadamente 0,10 e o segundo tendo o
magnitude quanto em consistência em relação ao equilíbrio da fração de massa anóxica disponível.
obtido nos sistemas Bardenpho Modificados. No O primeiro reator anóxico recebe o o lodo reciclado
entanto, talvez a conquista mais importante do (reciclo-s) e o reciclo-r dele sai uma parcela de
ponto de vista da pesquisa foi que com o sistema efluente que é reciclada para o reator anaeróbio. O
UCT foi possível eliminar o efeito de confusão na segundo reator anóxico recebe o reciclo-a do reator
remoção de nitrato de P na reciclagem da vazão de aeróbio. Este reciclo-a mínimo é responsável pela
reciclo de lodo para o reator anaeróbio, de modo introdução da quantidade mínima de nitrato no
que outros fatores que influenciam a EBPR segundo reator anóxico, de forma que seja
pudessem ser estudados com maior facilidade suficiente para carregá-lo até seu potencial de
(Siebritz et al., 1982). A partir de dados de resposta desnitrificação. Qualquer reciclagem superior ao
experimental, os efeitos desses outros fatores mínimo não removerá nitrato adicional, de modo
tornaram-se claramente evidentes: (i) para a mesma que, em recirculações em taxas superiores, mais
DQO afluente, uma batelada de esgoto resultou em nitrato é introduzido do que removido no segundo
altos níveis de remoção de P, enquanto em outra reator anóxico e nitrato aparecerá no efluente deste
resultou baixos níveis, uma observação reator. Isso, no entanto, é imaterial na medida em
anteriormente presumida como ser devida ao efeito que afeta o nitrato no reator aeróbio, que
do nitrato, mas não explicitamente comprovada permanece constante, uma vez que a > amin.
como tal e (ii) a magnitude de EBPR parecia estar Consequentemente, pode-se aumentar o reciclo-a
ligada a alguma característica do esgoto, ainda não para qualquer valor maior que a min, de modo a
identificada. proporcionar o tempo de detenção real requerido,
não afetando o reciclo de nitrato para o primeiro
6.6.7 Sistema UCT modificado reator anóxico; assim o controle cuidadoso do

Experiência com o sistema UCT (Siebritz et


al.,1980, 1982) indicou alguns problemas de
controle operacional.

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reciclo-a não é mais necessário 14 . Entretanto esta secundário no fluxo de reciclo de lodo (descarga de
melhoria é obtida num custo (WRC, 1984): a razão fundo do decantador), a massa de nitrato que
máxima NTK/DQO para resultar em nitrato zero precisa ser removida na zona anóxica secundária
para o reator anaeróbio é reduzida de ± 0,14 no para proporcionar descarga zero na entrada de
sistema UCT para ± 0,11 no sistema UCT nitrato no reator anaeróbio é reduzida na ordem de
modificado. Entretanto, uma razão NTK/DQO de s / ( 1 + s) vezes, o que precisa ser removida na zona
0,11 mg N/mg DQO inclui a maioria do esgoto anóxica secundária do sistema Bardenpho
bruto e decantado. Portanto, proporcionando que o modificado de 5 estágios (onde s é a taxa de
reciclo-r possa ser extraído tanto do primeiro reciclagem de lodo em relação à taxa de fluxo
quanto do segundo reator anóxico, o sistema pode afluente). Ou seja, para proteger o reator anaeróbio
ser operado tanto na configuração UCT modificado da reciclagem de nitrato, no sistema JHB apenas o
quanto na UCT, conforme requerido. nitrato na corrente s-recycle (lodo de reciclo do
fundo do decantador) deve ser removido, enquanto
Outra variação do sistema UCT foi proposta, no sistema Bardenpho modificado de 5 estágios as
intitulada Planta da Iniciativa da Virgínia (VIP – concentrações de nitrato do reciclo-s mais da vazão
Virginia Initiative Plant; Daigger et al., 1987). A efluente devem ser removidas. Além disso, ao
configuração básica para este sistema é idêntica à posicionar o reator anóxico no reciclo-s da vazão
do UCT, mas são feitas duas propostas específicas: de reciclo de lodo, a concentração de lodo no reator
(i) várias séries de reatores de mistura completa são anóxico secundário do sistema JHB é aumentada
usados, e (ii) o sistema é operado em idades curtas por um fator (1 + s) / s em comparação com a com
de lodo de 5 a 10 dias. concentração do lodo no reator anóxico secundário
do sistema Bardenpho modificado de 5 estágios,
6.6.8 Sistema Joanesburgo (JHB) permitindo a redução no tamanho do reator para
atingir a mesma fração de massa anóxica. No
Tomando nota da influência adversa do nitrato entanto, ao contrário do Bardenpho modificado de
reciclado para o reator anaeróbio no sistema 5 estágios, o sistema JHB (como para o UCT) não
Bardenpho modificado de 5 estágios, conforme pode atingir a desnitrificação completa. Embora o
relatado por Barnard (1976a), Osborn e Nicholls sistema JHB supere o problema no sistema UCT de
(1978) em um estudo em escala piloto na aumento do volume anaeróbio para a mesma fração
Joanesburgo Northern Works propuseram alterar a de massa, a desnitrificação está em uma taxa mais
configuração do Bardenpho modificado de 5 baixa do que o reator anóxico primário UCT.
estágios movendo a zona anóxica secundária do Portanto, a proteção do reator anaeróbio contra
fluxo principal e reposicionando-o no fluxo da nitrato só pode ser alcançada em razões NKT /
vazão de reciclo de lodo (fundo do decantador). O DQO de afluente mais baixas do que o sistema
sistema de 4 estágios resultante (anóxico, UCT, embora a maioria das águas residuárias caia
anaeróbio, anóxico e aeróbio) tornou-se conhecido na faixa de operação do sistema JHB. Foi relatada
como sistema Joanesburgo (JHB) (Burke et al., uma extensa investigação em escala plena sobre o
1986; Nicholls, 1987). No sistema JHB (Figura desempenho do sistema JHB (por exemplo,
6.20D), ao reposicionar o reator anóxico Nicholls, 1987; Pitman et al., 1988; Pitman, 1991).

14
Embora do ponto de vista de remoção de N e fosfato, o controle cuidadoso reciclo-a, o que elimina efetivamente a vantagem do MUCT sobre o sistema UCT.

do reciclo-a não seja necessário, o aparecimento de nitrato e / ou nitrito no efluente Em sistemas BCFS, o IVL é de 100-120, ou seja, este problema não existe ou o

do segundo reator anóxico foi associado ao problema de intumescimento com controle redox é realmente eficaz.

baixa relação de F/M em sistemas de remoção de nutrientes. Assim, para controlar

o intumescimento com F/M baixo, seria necessário um controle cuidadoso do

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6.6.9 Remoção química-biológica de o que limitaria a capacidade geral da planta,


fósforo (BCFS® sistema) reduzindo a idade do lodo.

Uma adaptação posterior do sistema MUCT foi Para construir com eficiência todos os tanques
desenvolvida no final do século 20 na Holanda. nestes sistemas complexos de remoção de
Este sistema, denominado BCFS® (Figura 6.20H), nutrientes biológicos, é possível mudar o
foi desenvolvido para apoiar o processo biológico dimensionamento de tanques retangulares para um
por separação de fosfato e recuperação potencial na tanque redondo dividido em anéis para as
linha principal, estabilizando a propriedade de diferentes zonas aeróbias / anóxicas / anaeróbias.
sedimentação do lodo e otimizando o controle da Desta forma, a quantidade de concreto necessária é
remoção de nitrogênio. Neste sistema, uma terceira minimizada, uma vez que as paredes internas
linha de reciclo é adicionada do reator aerado para exigem muito menos resistência do que as paredes
o primeiro reator anóxico a fim de maximizar a externas da construção (ver Figura 10.1).
desnitrificação e ser capaz de aerar o segundo
reator anóxico durante fluxos de pico. Desta forma, 6.6.10 Sistema EBPR em paralelo (S2EBPR)
tanto o amônio quanto o nitrato podem ser melhor
mantidos em baixos valores de efluente (amônio Devido às baixas concentrações de DQO
tipicamente abaixo de 0,5 gN/L e nitrato em torno rapidamente biodegradável e ácidos graxos voláteis
de 5-8 mgN/L). As vazões de reciclo são presentes na água residuária bruta não é possível
controladas por um controlador simples baseado promover simultaneamente a EBPR e a remoção de
em eletrodo redox (Van Loosdrecht et al., 1998). A N. Sendo assim, desde os anos 70 a estratégia de
compartimentação contribui para um baixo IVL favorecer a fermentação do lodo do decantador
estável (aproximadamente 120 mL / g) (Kruit et al., primário (PST-primary settled sludge) e/ou (de
2002). uma fração) do lodo ativado reciclado (RAS –
return activated sludge), tem apresentado um
A remoção biológica do fósforo pode ser aumento na eficiência do EBPR em certas plantas
complementada pela adição de precipitantes ao na América do Norte. Isto tem promovido
tanque anaeróbio. Como as concentrações de operações robustas em plantas de EBPR
fosfato são altas neste tanque, os precipitantes são produzindo efluentes com concentração de P
usados de forma eficaz. A dosagem de produtos menores que 1 mg/L e até abaixo do limite de
químicos, entretanto, deve ser feita com cuidado. detecção (Barnard et al., 2017). Este aumento de
Muita precipitação tornará o fosfato indisponível robustez e perfomance do EBPR está associado
para PAOs e deteriorará a eficiência da EBPR. Um com a hidrólise e fermentação prévias do PST e/ou
fator complicador é que a estação de tratamento de RAS. Ademais, na Dinamarca nos anos 90,
esgoto responderá rapidamente às mudanças na diversas configurações EBPR em paralelo
adição de produtos químicos, enquanto o processo (S2EBPR) foram implementadas (Figura 6.20I)
de remoção biológica do fósforo pode ter um tempo (Vollertsen et al., 2006) como uma forma de
de resposta de vários dias, senão semanas. No aumentar a disponibilidade de DQORB e VFA na
processo BCFS, um pequeno defletor é colocado no água residuária bruta (representando apenas em
final do tanque anaeróbio de fluxo em pistão. O torno de 150 mg de DQORB/L e 1 mgVFA/L,
lodo irá se depositar localmente de volta no tanque respectivamente) (Vollertsen, 2002) e viabilizar a
anaeróbio e um sobrenadante transparente pode ser promoção do processo EBPR. Nas configurações
retirado para a precipitação do fosfato. O fósforo S2EBPR dinamarquesas, uma fração do RAS é
pode então ser recuperado (Barat e Van direcionada (tipicamente de 4 a 7%) para um
Loosdrecht, 2006) ou o lodo químico produzido tanque anaeróbio em paralelo com tempo de
pode ser impedido de se acumular no lodo ativado, detenção hidráulica de 30 a 40 h. As condições

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anaeróbias, o tempo de detenção hidraúlico - HRT desconhecidos, de forma geral a maior


(hydraulic retention time) relativamente longo e a disponibilidade de DQORB, combinado com
elevada concentração de sólidos (em torno de menores requisitos de VFA e biomassa PAO para
10.000 a 11.000 mgSST/L) podem promover alcançar EBPR e menor ocorrencia de GAO
aumento considerável nas atividades de hidrólise e parecem contribuir com o aumento na robustez de
fermentação. Isto pode resultar em uma produção sistemas S2EBPR.
de VFA suficientes (ex., 136-149 mgDQORB/L)
para promover a EBPR e até processo de remoção
de N (Vollertsen et al., 2006). Além disso, se 6.7 DESENVOLVIMENTO DE MODELOS
necessário, a produção de DQORB pode ser PARA EBPR
aumentada através da adição de lodo primário,
melaço ou outras fontes de carbono. Smolders et al. 6.7.1 Desenvolvimentos iniciais
(1996) desenvolveram uma análise do modelo em
condições de regime estacionário. Eles observaram Quando o primeiro sistema convencional de
que os requisitos de acetato no processo S2EBPR nitrificação-desnitrificação de EBPR (NDEBPR)
(em um tanque de P-stripping) são menores que os foi proposto, a concepção inicial do sistema
requeridos em um processo convencional e que a Bardenpho modificado de 5 estágios (Barnard,
biomassa ativa de PAO requerida para promover o 1976b), extendeu-se um pouco além do
processo EBPR pode ser até 10 vezes menor. reconhecimento de (i) necessidade de uma
sequência de reatores anaeróbios/aeróbios, e (ii) a
Os limites de descarte de N e P cada vez mais influência adversa da recirulação de nitrato para a
restritivos e a disponibilidade limitada de DQORB zona anaeróbia. O dimensionamento de reatores
na água residuária bruta tem incentivado a anaeróbios e de desnitrificação era baseado em
implementação de S2EBPR em todo mundo desde estimativas empíricas, levando em conta que o
os anos 2000, contribuindo para um maior tempo de detenção hidráulica e o tamanho do reator
desenvolvimento e avaliação de diferentes anaeróbio parecia estar relacionado com a redução
configurações, e uma análise fisiológica e do potencial redox abaixo de determinados valores
molecular mais profunda. Ao passo que o aumento críticos. Não existia nenhum método teórico para
da perfomance do EBPR parece estar relacionada prever a remoção de N e P e para o
com uma maior abundância de Tetrasphera em dimensionamento, as remoções eram estimadas
diversas plantas S2EBPR (devido as suas baseadas amplamente na experiência obtida
capacidades fermentativas) (Stokholm-Bjerregaard operacionalmente em sistemas similares aos
et al., 2017), Accumulibacter continua sendo propostos.
observada em quantidades relativamente
abundantes (Onnis-Hayden et al., 2019; Wang et 6.7.2 DQO rapidamente biodegradável
al., 2019), embora o papel, a interação e a
contribuição destes microrganismos ainda não Siebritz et al. (1980, 1982) buscando explicar
esteja totalmente elucidado. Ainda assim, menores os diferentes padrões de comportamento na
quantidades de GAO tem sido observadas em liberação e aumento da remoção de P em sistemas
sistemas S2EBPR, o que pode estar relacionado a UCT modificado e MLE em escala de bancada,
uma perfomance mais estável da EBPR (Stokholm- aplicaram o conceito da DQO prontamente
Bjerregaard et al., 2017; Onnis-Hayden et al., biodegradável (DQORB) (ver Seção 6.4.5)
2019; Wang et al., 2019). desenvolvido para estudos sobre desnitrificação e
aerobiose em sistemas EBPR (Dold et al., 1980).
Contudo, embora os mecanismos da EBPR Estes autores observaram que a única diferença
presentes em processos S2EBPR ainda sejam evidente entre o sistemas UCT modificado e MLE

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está na concentração da DQORB no entorno dos zero. Experimentalmente é observado que estes três
microrganismos presentes no reator anaeróbio fatores atuam em conjunto para que haja remoção
(SVFA). No sistema UCT modificado, como não há de fósforo. Outras pesquisas mostraram que nos
reciclo de nitrato para o reator anaeróbio, a sistemas Bardenpho e UCT (e no ainda não
concentração de DQORB (SVFA) é a maior possível. considerado JHB), os fatores (ii) e (iii) citados
Por outro lado, no sistema MLE, nitrato suficiente anteriormente podem se combinar em um único
é reciclado para o reator anóxico para promover o parâmetro, de acordo com as especificidades de
consumo de toda DQORB , ou seja, Svfa = 0. recirculações e efeitos da interação com o tempo de
Portanto, a diferença nos padrões de detenção no reator anaeróbio de cada um destes
comportamento destes processos poderia ser sistemas. Isto é, os três parâmetros podem ser
descrita adequadamente se assumirmos que a reduzidos a dois parâmetros chave: (i) (SVFA – 25)
concentração de DQORB no entorno dos e (ii) a fração de lodo anaeróbio, que é definido por
microrganismos no reator anaeróbio (Ss) é o (massa de lodo no reator anaróbio)/(massa total de
parâmetro chave para determinar se a liberação e lodo no sistema).
remoção avançada de P ocorre. Com base em nosso
conhecimento atual sobre EBPR, sabemos que o Com base nestas informações, o modelo
parâmetro SVFA é teórico e não pode ser medido; a paramétrico para o EBPR foi proposto
partir dos mecanismos de EBPR, a concentração de empiricamente em termos de dois parâmetros
DQORB no entorno dos microrganismos no reator chave e da massa de lodo (ativo, endógeno e inerte)
anaeróbio não é igual a SVFA devido à conversão da descartado por dia.
DQO fermentável a VFA pelos OHOs e ao
acúmulo de VFA pelos PAOs no reator anaeróbio De forma geral, a aplicabilidade deste modelo
(ver seção 6.4.5). foi amplamente testada a partir do momento que
estes conceitos foram incorporados ao modelo
6.7.3 Modelos paramétricos paramétrico. Estes conceitos foram avaliados no
sistema UCT em escada de bancada, sob diferentes
Ampla pesquisa por mais de um ano realizada por idades de lodo, temperaturas, frações de lodo
Siebritz et al. (1983) sobre a validade da hipótese anaeróbio e concentrações de DQO afluente, nas
da DQO rapidamente biodegradável (DQORB) quais a fração de DQORB no afluente (esgoto
confirmou que a liberação de P parece ser induzida doméstico não-decantado) foi enriquecida com a
se a concentração de DQORB no reator anaeróbio, adição de glicose ou acetato. Todos estes testes
Ss, exceder valores de aproximadamente 25 mg/L, forneceram resultados consistentes com as
e a liberação e remoção avançada de P aumenta previsões obtidas no modelo paramétrico baseado
proporcionalmente com SVFA – 25. Isto é, a no conceito de DQORB.
remoção de P está relacionada de forma linear com
a concentração de DQORB no reator anaeróbio. Em escala plena, uma pesquisa conjunta entre a
Isto abriu questionamentos sobre outros fatores que prefeitura de Joanesburgo e a Northern Works
afetam a liberação e remoção avançada de P. Estes avaliou este sistema em termos destes conceitos,
autores chegaram a conclusão de que a remoção fornecendo uma explicação consistente quando a
avançada de P depende de três fatores (i) (SVFA – remoção de P era obtida de forma eficiente ou não
25), (ii) a fração de lodo do sistema que passa pelo (Nicholls, 1982). Então, pela primeira vez o
reator anaeróbio, e (iii) o tempo real que o lodo fica modelo paramétrico permitiu uma abordagem
retido no reator anaeróbio. quantitativa para o dimensionamento de unidades
para remoção de N e P, e uma base para avaliação
A hipótese levantada por estes autores é de que da eficiência de sistemas existentes (Ekama et al.,
não há EBPR se qualquer um destes fatores for 1983). Para uma abordagem mais detalhada sobre

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o modelo paramétrico o leitor pode consultar o Essencialmente, até o momento presente pode-
WRC (1984). se dizer que a descrição do comportamento de
sistemas biológicos de remoção de fósforo
6.7.4 Comentários sobre o modelo associada com nitrificação desnitrificação
paramétrico (NDEBPR), não assume a presença de um
organismo específico envolvido na EBPR. O
O modelo paramétrico descrito anteriormente foi modelo paramétrico considera o lodo ativado como
desenvolvido a partir de dados experimentais um todo, de forma a representar um surrogado do
obtidos em sistemas que operavam sob lodo com capacidade de remoção de P; foi
determinadas condições, a saber: levantada a hipótese de que as variações na EBPR
entre diferentes sistemas se deve a alterações na
• Concentrações de DQO afluente: 250-800 capacidade de promover remoção de P que este
mgDQO/L surrogado de lodo possui, que por sua vez está
• DQO rapidamente biodegradável: 70-220 relacionado com as mudanças na concentração de
mgDQO/L, ou seja, representa uma fração DQORB no afluente, fração de lodo anaeróbio e/ou
fss entre 0,12-0,27 mgDQORB/mgDQOtotal descarga de nitrato para o reator anaeróbio.
• Relação NTK/DQO: 0,09-0,14 Contudo, pesquisas em paralelo na área de ciências
mgN/mgDQO da natureza identificaram grupos específicos de
• Idade do lodo: 13 e 25 dias microrganismos que tem a capacidade de
• Temperatura: 14ºC e 20ºC armazenar grandes quantidades de P na forma de
• Fração de lodo anaeróbio: 0,10- polifosfatos. Isto leva à uma mudança na
0,20gSSVAN/gSSVsys abordagem da modelagem de EBPR em sistemas
NDEBPR, assumindo que que do surrogado de
As observações realizadas nestas condições lodo aos microrganismos específicos responsáveis
formaram a base para estruturar as formulações pelo processo de EBPR, denominamados de forma
para a estimativa de remoção avançada de P, e as geral como organismos polifosfato (Wentzel et
equações obtidas foram calibradas usando os dados al.,1986), organismos bio-P (Comeau et al., 1986)
experimentais. A comparação entre os dados de e organismos acumuladores de fósforo (PAO’s;
remoção de P obtidos teoricamente a partir das Henze et al., 1999).
predições do modelo e os medidos
experimentalmente nas condições apresentadas 6.7.5 Cinética de sistemas NDEBPR
anteriormente mostram uma boa correlação.
Contudo, apesar da evidente utilidade do modelo Wentzel et al. (1988) desenvolveram um modelo
paramétrico, ele ainda é experimental; ele se genérico que descreve o comportamento de
relaciona a parâmetros experimentais mas não sistemas NDEBPR. Estes autores assumiram que
fornece qualquer explicação sobre o porquê destes em um sistema NDEBPR tratando esgoto
parâmetros serem importantes para o fenômeno e doméstico, se desenvolveria uma cultura mista que
sua independência em relação a qualquer hipótese pode ser dividida em três grupos de
formal sobre os mecanismos biológicos que microrganismos: (i) organismos heterótrofos
conduzem o processo. Consequentemente, as capazes de acumular polifosfato, denominados
aplicações do modelo paramétrico devem estar organismos acumuladores de fósforo (PAOs), (ii)
estritamente limitadas as faixas de parâmetros organismos heterótrofos incapazes de acumular
operacionais e as caracteríticas de água residuária polifosfato, denominados organismos heterótrofos
listadas anteriormente. Sendo necessário um comuns (OHOs), e (iii) organismos autótrofos
modelo com uma base teórica mais fundamentada. nitrificantes (NIT). Wentzel et al. (1985, 1988)
reconheceram que o desenvolvimento de um

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315

modelo de lodo ativado que descreve o 6.7.6 Culturas PAO enriquecidas


comportamento de sistemas NDEBPR poderia
exigir a inclusão de todos os três grupos de 6.7.6.1 Desenvolvimento de culturas
microrganismos e suas interações. Em relação aos enriquecidas
OHOs e NIT, eles assumiram as descrições inicias
dos modelos de estado estacionário e da cinética A partir dos modelos bioquímicos, Wentzel et al.
geral de nitrificação-desnitrificação (Dold et al., (1988) foram capazes de identificas as condições
1991) (capítulos 4 e 5). Este modelos agora necessárias para um sistema lodo ativado NDEBPR
precisam ser expandidos de forma a poder produzir uma cultura PAO enriquecida: uma
incorporar o comportamento dos PAO e ser sequência anaeróbia/aeróbia com adequada fração
possível desenvolver modelos para todos os três de massa de lodo anaeróbio; reator anaeróbio
grupos de organismos nos diferentes estados: alimentado com efluente que possui acetato como
NDEBPR geral, estado estacionário e modelo substrato e macro- e micro nutrientes,
cinético. Para alcançar este objetivo, as especialmente Mg2+ K+, e num menor grau Ca2+ e
caracteríticas cinéticas e estequiométricas dos controle do pH no reator aeróbio. Usando os
PAOs no ambiente do lodo ativado precisam ser sistemas UCT e o Bardenpho modificado de 3-
estabelecidas. Wentzel et al. (1988) tentando obter estágios, com idades de lodo variando entre 7,5 e
informações sobre as características dos PAOs em 20 dias, estes autores obtiveram culturas
sistemas NDEBPR tratanto esgoto doméstico, enriquecidas de PAOs com mais de 90% de
concluiram que nestas culturas mistas, o organismos aeróbios identificados como
comportamento dos OHOs tende a prevalecer e Acinetobacter spp, usando o procedimento15 20 NE
mascarar a atividade dos PAOs. Consequetemente, do índice de perfil analítico (API). A resposta dos
eles tentaram isolar as característivas relacionadas sistemas com cultura enriquecida indicam que
ao PAO através do aumento do crescimento dos houve o desenvolvimento de concentrações
PAOs em culturas mistas em sistemas de lodo significativas de PAOs. Por exemplo, o sistema
ativado. Por culturas enriquecidas, pode-se UCT (15% de fração de massa de lodo anaeróbio,
considerar culturas as quais (i) o crescimento de idade de lodo de 10 dias e concentração de acetato
PAOs é favorecido visto que eles se tornam o afluente de 500 mgDQO/L) obteve liberação de
organismo dominante primário e seu fosfato de ≈253 mgP/L, assimilação de ≈ 314
comportamento domina a resposta do sistema, e (ii) mgP/L e remoção de fosfato de ≈ 61 mgP/L. Esse
o crescimento de organismos competidores é comportamento da EBPR foi muito maior que o
limitado mas não impedido; não há efeito de observado em culturas mistas de sistemas
predação nem outras interações. Wentzel et al. NDEBPR tratando esgoto doméstico com 500
(1988) propôs que para obter uma cultura rica em mgDQO/L obtendo liberação de ≈ 45 mg/L de
PAO deve-se obtê-la a partir de uma cultura mista fosfato, acúmulo de ≈ 57 mg/L e remoção de ≈ 12
de sistemas NDEBPR, e a seleção de um substrato mgP/L. A cultura enriquecida presente na zona
e a determinação das condições ambientais do aeróbia contém ≈ 0,38 mgP/mgSSVRB e tem uma
sistema de lodo ativado seria altamente favorável relação SSV/SST de ≈ 0,46 mgSSV/mgSST, que é
para o crescimento e enriquecimento de PAO. muito maior que a observada em sistemas de
cultura mista que tem relação P/SSVRB de ≈ 0,1 e

15
O procedimento API 20NE foi posteriormente mostrado por dos PAOs nas culturas aprimoradas tem sido de pouca importância, pois os

superestimar os números de Acinetobacter spp. devido à técnica do teste (Venter modelos são baseados em observações experimentais quantitativas.

et al., 1989) e seleção da cultura (por exemplo, Wagner et al., 1994). No entanto,

para o desenvolvimento dos modelos de projeto e simulação, a identificação exata

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fração SSV/SST de 0,75. A baixa relação SSV/SST taxa de predação e regeneração, proposta por
para sistemas com culturas enriquecidas se deve a Dold et al., (1980), no modelo cinético ND.
maior quantidade de polifosfatos associados aos Contudo, a baixa taxa específica de perda de
contra-íons correspondentes que são armazenados lodo endógeno dos PAOs em sistemas com
pelos PAOs (Ekama and Wentzel, 2004). cultura enriquecidas e as observações
realizadas por Wentzel et al. (1985), levaram
6.7.6.2 Modelo cinético para culturas Wentzel et al. (1989a) a concluir que PAOs não
enriquecidas são predados no mesmo nível que os OHOs.
Consequentemente, Wentzel et al. (1989a)
Wentzel et al. (1989a) elucidaram as caracteríticas usaram a abordagem clássica de respiração
e a resposta cinética da biomassa ativa de PAOs, a endógena para modelar a perda de massa
partir de observações experimentais sobre sistemas endógena para PAOs, exceto para situações
com cultura enriquecida no estado estacionário, e onde a suplementação externa de aceptor de
com ensaios em batelada utilizando licor misto elétrons não fosse possível.
retirados de sistemas em regime estacionário
submetidos a uma ampla variedade de condições. Tomando como base o exposto anteriormente,
Duas características das culturas enriquecidas de Wentzel et al. (1989a) desenvolveram um modelo
PAOs foram de particular interesse: conceitual para o comportamento dos PAOs em
culturas enriquecidas, incorporando importantes
(i) Devido a capacidade desnitrificante indefinida caracteríticas, processos e compostos identificados
não há necessidade de informações sobre este a partir de observações experimentais. Usando este
processo ao modelar o comportamento dos modelo conceitual como base, Wentzel et al.
PAO (a indefinição na capacidade (1989a) formularam matematicamente as taxas do
desnitrificante dos PAOs tem implicações na processo e suas interações estequiométricas com os
modelagem da desnitrificação de sistemas com compostos, de forma a desenvolver um modelo
cultura mista NDEBPR, consultar seção 6.11). cinético para culturas enriquecidas de PAO.
(ii) A taxa endógena de perda de lodo Conforme recomendado pelo grupo de pesquisa da
extremamente baixa (0,04 IAWPRC (Henze et al., 1987), este modelo foi
mgSSVA/mgSSVA.d) é muito menor que a apresentado em um formato matricial com
observada para OHOs em sistemas aeróbios de constantes cinéticas e estequiométricas das culturas
lodo ativado (0,24 mgSSVA/mgSSVA.d) enriquecidas sendo quantificadas por uma
(McKinney;Ooten, 1969; Marais;Ekama, variedade de procedimentos experimentais
1976). Wentzel et al. (1985) fizeram (Wentzel et al., 1989b). Então o modelo PAO, ao
observação similar em estudos com sistemas de ser integrado com os modelos OHO e NIT, passou
cultura mista de NDEBPR tratando esgoto a ser conhecido como UCTPHO (Wentzel et al.,
doméstico; eles observaram, ao plotar um 1992).
gráfico de assimilação de fosfato versus
liberação de fosfato para diferentes idades de Com estas constantes, observou-se uma boa
lodo que, para uma determinada quantidade de correlação entre os dados observados e os
fosfato liberado, a assimilação independe da simulados ao aplicar o modelo cinético para
idade do lodo. Para explicar esta observação, culturas enriquecidas em diferentes situações
Wentzel et al. (1985) propuseram que a perda experimentais (figuras 6.21 a 6.23). O modelo foi
de massa de lodo endógeno para os PAOs é então aplicado para simular o comportamento no
muito pequena ou inexistente. A elevada taxa estado estacionário dos sistemas UCT com cultura
específica de perda de lodo endógeno em enriquecida e Bardenpho modificado de 3 estágios,
sistemas com OHO pode ser atribuida a alta

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obtendo-se também boa correlação (Wentzel et al.,


1989b).

Figura 6.21 Perfis de fósforo solúvel total (PO4) e


concentração de acetato experimentalmente observados
e simulados com a adição anaeróbia de (A) 0,11 mg de
DQOacetato/mg SSV e (B) 0,265 mg de DQOacetato/mg
SSV para licor misto retirado de um sistema de cultura
Bardenpho avançado (Wentzel et al., 1989b).
Figura 6.22 Valores experimentalmente observados e
simulados para as concentrações de fósforo solúvel total
(PO4) e taxa de consumo de oxigênio - TCO (OUR – oxygen
utilisation rate) - perfis de tempo na aeração após a adição
de acetato anaeróbio de (A) 0,207 mgDQO / mgSSV, (B)
0,363 mgDQO / mgSSV e (C ) 0,22 mgDQO / mgSSV para
licor misto retirado de um sistema de cultura Bardenpho
avançado. A concentração de PO4 caiu a zero durante o
curso do teste (C) (Wentzel et al., 1989b).

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6.7.6.3 Modelo simplificado para o estado


estacionário em culturas
enriquecidas

Wentzel et al. (1990) desenvolveram um modelo


cinético simplificado para o estado estacionário em
sistemas com culturas enriquecidas sob condições
de vazão e carga constantes. A partir de uma análise
da cinética de processos sob regime estacionário,
estes autores observaram que teoricamente muitos
dos processos se completam; estas relações
cinéticas não possuem qualquer função e podem ser
substituidas por relações estequiométricas. Por
exemplo:

• A fração de massa de lodo anaeróbio fornecida


pelos sistemas com cultura enriquecida foram
suficientes para garantir que todo acetato
(substrato) fosse consumido na zona aneróbia,
ou seja., a cinética de armazenamento do
acetato não precisa ser incorporada.
• Teoricamente, todo substrato consumido na
zona anaeróbia foi utilizado na zona aeróbia
subsequente, ou seja, a cinética de utilização do
substrato PHA (e de armazenamento de
polifosfato) não precisou ser incorporada.

Os autores observaram que estas simplificações


implicam que para determinada idade de lodo,
existe uma relação constante entre a massa de
acetato que entra no sistema e as massas de PAOs
formada com polifosfato armazenado. Além disso,
estes autores também assumiram, para o
desenvolvimento do modelo simplificado de estado
estacionário, que:

Figura 6.23 Valores experimentalmente observados e • A liberação de fósforo para manter a demanda
simulados para (A) taxa de consumo de oxigênio (TCO), energética aneróbia é sempre menor que a
(B) concentrações de fósforo solúvel total (PO4) e nitrato liberação de fosfato associado a demanda
(NO3) e, (C) concentrações de DQO filtrada com o tempo energética do acúmulo de VFA, ou seja, a
em uma digestão em batelada de licor misto de um cinética da liberação de fosfato para a demanda
sistema de cultura aprimorada (Wentzel et al., 1989a). energética anaeróbia não precisou ser
considerada.

Os autores defenderam que estas simplificações


e considerações implicam que, no estado

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estacionário, a concentração de polifosfato dos culturas mistas, (iii) os PAOs também foram
PAOs no lodo ativado é constante em 0,38 submetidos as mesmas condições presentes no
gP/gSSVPAO, independente da idade do lodo. O que sistema de lodo ativado de cultura mista (ex.,
varia é a proporção relativa de PAOs (com o sequência anaeróbia/aeróbia, longo TRS > 5 dias,
polifosfato acumulado) no lodo ativado. Wentzel et etc), e (iv) os PAOs apresentaram os mesmos
al. (1990), levando em conta as considerações e padrões de comportamento que as culturas
implicações, desenvolveram uma série de equações enriquecidas presentes em sistemas de lodo ativado
para o estado estacionário, para as massas de cultura mista (ou seja, assimilação e liberação de
endógena e ativa dos PAO e para a liberação, P, acúmulo de PHA/polifosfato, etc). De fato, o
acúmulo e remoção de fosfato relacionadas às estas comportamento similar, embora amplificado, dos
massas. Essas equações fornecem um meio de sistemas de culturas enriquecidas comparado com
quantificar a população de PAO em sistemas os de culturas mistas foi um critério usado para
NDEBPR de culturas mistas que recebem como determinar que a cultura enriquecida adequada se
afluente o esgoto doméstico. estabeleceu.

6.7.7 Estado estacionário em sistemas Um aspecto que emergiu da ampliação do


NDEBPR de cultura mista modelo foi a diferença entre a taxa de perda de
massa endógena entre lodos de cultura enriquecida
com PAOs e o lodo ativado convencional aeróbio
6.7.7.1 Modelo de estado estacionário para com OHOs. Conforme observado anteriormente, a
cultura mista maior taxa de perda de massa endógena específica
em sistemas com OHOs foi atribuída a alta taxa de
Após o desenvolvimento do modelo para o estado
predação e recrescimento, formulada como
estacionário em sistemas com culturas
regeneração de morte no modelo cinético ND
enriquecidas, Wentzel et al. (1990) estendeu este
proposto por Dold et al. (1980). Contudo, a baixa
modelo de forma a incorporar culturas mistas de
taxa de perda de massa endógena específica em
PAOs e OHOs que estão presentes em sistemas
sistemas com PAOs de cultura enriquecida,
NDEBPR que recebem esgoto doméstico como
levaram Wentzel et al. (1989a) a concluir que os
afluente, de forma a obter um modelo para o estado
PAOs não são predados na mesma magnitude que
estacionário em culturas mistas. Esta extensão foi
os OHOS, e que se deve adotar a abordagem de
possível porque (i) é preferível o uso de culturas
respiração endógena para modelar a perda de massa
enriquecidas ao de culturas puras para estabelecer
endógena dos PAOs16 . A baixa taxa de predação
as características cinéticas e estequiométricas dos
sobre os PAOs, e o fato de que PAOs e OHOs
PAOs. Em culturas enriquecidas, os PAOs
essencialmente não competem pelo mesmo
presentes na cultura mista do lodo ativado foram
substrato, implica que as populações de PAO e
enriquecidas e não há presença de espécies puras
OHO atuam de forma independente umas das
que foram selecionadas de forma artificial (como
outras em sistemas NDEBPR com culturas
em culturas puras), (ii) organismos predadores e
convencionais. Durante o desenvolvimento do
competidores não foram artificialmente excluídos
modelo do estado estacionário para sistemas
(como em culturas puras) então os PAOs são
NDEBPR de cultura mista, Wentzel et al. (1990)
submetidos as mesmas condições de seleção que os
notaram que a analise de dois grupos da população
microrganismos enriquecidos presentes nas
pode estar amplamente separados. Contudo, duas

16 significativa desses organismos poderia se acumular no sistema, e a EBPR seria


A partir de simulações subsequentes com o modelo de cultura mista em estado próxima de zero.
estacionário, descobriu-se que se os PAOs fossem submetidos a uma alta taxa de
predação, então a EBPR significativa no sistema NDEBPR de cultura mista não
seria possível; a taxa de morte dos PAOs seria tão alta que nenhuma massa

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interações significativas foram identificadas e fermentável SF/DQORB (por ex., glicose).


inclusas no modelo do estado estacionário de Ambas frações são medidas como DQORB em
culturas mistas NDEBPR, ambas ocorrem no reator ensaios convecionais (por ex., Ekama et al.,
anaeróbio, a saber: 1986; Wentzel et al., 1995) e testes de filtração
(por ex., Dold et al., 1986; Mamais et al., 1993;
Wentzel et al., 1995), isto é:
(i) A concentração de acetato e de outros ácidos
graxos voláteis (VFA) é pequena ou inexistente DQORB = VFAs + DQO fermentável (6.1a)
em muitos esgotos domésticos convencionais
(Wentzel et al., 1988). Wentzel et al. (1985) Ou, nas siglas
mostraram que em reatores anaeróbios os
compostos de DQORB no afluente são SS = SVFA + SF (6.1b)
convertidos a VFAs através da fermentação
ácida conduzida pelos OHOs, como • A taxa de acúmulo de VFA é tão rápida que todo
consequencia os VFAs se tornam disponíveis VFAs presente no afluente será utilizado pelos
para a biomassa de PAO armazenar. A taxa de PAOs no reator anaérobio com frações de massa
de lodo anaeróbio maiores que 10% e idades de
conversão é muito mais lenta que a taxa de
lodo maiores que 10 dias (isto pode ser
acúmulo de PHA, então a taxa de conversão verificado pela cinética do acúmulo).
controla a taxa de acúmulo. Portanto, a massa • A DQO fermentável é convertida a VFAs pelas
de substrato VFA que se torna disponível no OHOs no reator anaeróbio, e os VFAs
reator anaeróbio para os PAOs é regida pela resultantes estão disponíveis para
cinética de conversão proporcionada através armazenamento pelos PAOs. O modelo para
dos OHOs. Meganck et al. (1985) e Brodisch essa conversão é dado por Wentzel et al. (1985).
(1985) defendem esta hipótese mostrando que
sistemas anaeróbios/aeróbios desenvolvem Essa teoria possibilitou a Wentzel et al. (1990)
organismos que convertem açúcares e meios para calcularem a massa de substrato de
VFA (a partir do afluente e da conversão de DQO
compostos similares em VFAs nos reatores
fermentavel) que é assimilada pelos PAOs no
anaeróbios.
reator anaeróbio. Sabendo-se a massa de substrato
(ii) Se nitrato (ou oxigênio) é reciclado para o assimilada pelos PAOs, pode-se determinar a
reator anaeróbio, a DQORB é utilizada massa de substrato restante disponível para as
preferencialmente pelos OHOs com o nitrato OHOs. De fato, Wentzel et al. (1990) separaram a
(ou oxigênio) atuando como aceptor externo de DQO biodegradável do afluente em duas frações,
elétrons, consequentemente reduzindo a uma delas é eventualmente utilizada pelas PAOs e
quantidade de DQORB que é convertido a a outra é utilizada pelos OHOs. Devido a ação
VFAs. independente destes dois grupos de organismos
pode-se usar:
Wentzel et al. (1985) reconheceram os pontos
apresentados anteriormente e formularam um (i) O modelo simplificado do estado estacionário
para culturas PAOs enriquecidas para calcular as
modelo cinético para a conversão de DQORB a
massas ativa de PAO e endógena formadas a
VFAs, e consequentemente para o armazenamento partir do substrato consumido, e do P liberado,
destes VFAs. Wentzel et al. (1990) aceitou este assimilado e removido pela ação destas massas.
modelo, mas fez notações de forma a incluir (ii) O modelo do estado estacionário para lodo
situações onde os VFAs estão presentes no ativado (Marais; Ekama, 1976; WRC, 1984,
efluente, apontando que: capítulo 4) para calcular as massas de OHO
ativo e endógena formadas a partir do substrato
• A DQORB precisa ser subdividida em duas restante, a taxa de conversão de DQO
frações, VFAs/DQORB (por ex., acetato) e fermentável a VFAs no reator anaeróbio, os SSV

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inertes acumulados a partir do afluente, e o


requerimento de P, e consequentemente a
remoção de P associada com a massas ativa,
endógena e inerte. Observe que neste modelo do
estado estacionário do lodo ativado, a perda de
massa endógena é modelada usando a
abordagem clássica de respiração endógena;
esta abordagem é mais simples e sob as
condições do estado estacionário fornece
resultados mais próximos da abordagem de
regeneração.

A remoção total de P do sistema é calculada


pela soma das remoções individuais.

Wentzel et al. (1990) avaliaram o poder de


Figura 6.24 - Liberação de P prevista versus medida em
previsão do modelo do estado estacionário de
uma variedade de sistemas EBPR com várias
culturas mistas de EBPR confrontando observações
configurações para TRS de 3 a 28 d (Wentzel et al., 1990).
realizadas em 30 sistemas NDEBPR em escala de
bancada ao longo de seis anos. As configurações do
sistema foram Phoredox, Bardenpho modificado de
3 estágios, UCT, MUCT e Joanesburgo com idades
do lodo variando entre 3 e 28 dias. Para esta
avaliação, o nitrato medido no reciclo para a zona
anaerobia foi usado para estimar a remoção de
DQO fermentável na zona anaeróbia pelos OHOs
com nitrato como aceptor externo de elétrons. A
DQO fermentável remanescente foi
disponibilizada para conversão a VFAs no reator
anaeróbio, para armazenamento pelos PAOs. Os
gráficos da liberação de P medida e prevista,
remoções de P e concentrações de SSV (figuras
6.24 a 6.26) apresentam boa correlação.

Figura 6.25 - Remoção de P prevista versus medida em


uma variedade de sistemas EBPR com várias
configurações para TRS de 3 a 28 d (Wentzel et al., 1990).

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322

No capítulo 5 são apresentados procedimentos


para a quantificação dos NIT; este procedimentos
podem ser os mesmos para sistemas de EBPR com
nitrificação desnitrificação fornecendo a fração de
massa de lodo sem aeração (fxa) e ampliando-os de
forma a incluir os reatores anóxico e anaeróbio. A
contribuição relativamente pequena que os NIT
tem no lodo (<3 porcento) significa que a remoção
de P associada a esta população pode ser omitida.

Em relação aos OHOs e aos PAOs, o princípio


é separar a DQO biodegradável entre os dois
grupos e calcular as massas resultantes das2 frações
de DQO (Figuras 6.10 e 6.27); conhecendo o
Figura 6.26 Concentração de SSV prevista versus medida
conteúdo de P de cada porção a remoção de P pode
em uma variedade de sistemas biológicos avançados de
ser calculada. O capítulo 4 apresenta os
remoção de P com várias configurações para TRS de 3 a 28
procedimentos para quantificação dos OHOs
d (Wentzel et al., 1990).
(incluindo a massa inerte); isto pode ser aplicado a
sistemas de EBPR nitrificantes e desnitrificantes,
mas precisa ser modificado de forma a levar em
6.8 MODELO DO ESTADO
conta a redução da DQO biodegradável devido ao
ESTACIONÁRIO PARA CULTURAS
acúmulo de DQO pelos PAOs, veja a seguir. Nesta
MISTAS
seção, serão apresentados procedimentos para
quantificar os PAOs e OHOs e dividir a DQO
6.8.1 Princípios do modelo biodegradável entre os PAOs e OHOs.
Os princípios fundamentais que delimitam o
A relação entre o fluxo dos componentes da
modelo do estado estacionário para culturas mistas
DQO biodegradável no afluente, seu destino no
é dividir o lodo ativado entre três grupos de
sistema de tratamento e a biomassa ativa produzida
população:
é ilustrada na Figura 6.28 e explicada nas seções
seguintes.
1. Os nitrificantes, NIT;
2. Os organismos heterótrofos convencionais,
A biomassa do lodo é formada por frações de
OHOs;
particulado ativos e inativos. As frações ativas
3. Os organismos acumuladores de fósforo,
incluem os PAOs, OHOs e outras biomassas como
PAOs.
os nitrificantes que não precisam ser calculados
neste exemplo de dimensionamento. Os compostos
Então, conhecendo o conteúdo de P gerado por
inativos incluem os particulados inertes orgânicos
cada uma das frações de lodo (ativo, endógeno e
e inorgânicos do afluente, e resíduos endógenos
inerte), a remoção de P por cada fração do lodo
particulados gerados pelo decaimento celular.
pode ser calculada e a remoção de P pelo sistema
será obtida pela soma das remoções individuais.

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Figura 6.27 Divisão de DQO biodegradável afluente entre PAOs e OHOs.

FSS,PAO massa de substrato armazenada


diariamente pelos PAOs no reator
anaeróbio (gDQO/d)
bPAO,T taxa constante de perda de massa
endógena específica de PAO na
temperatura T (gSSV/gSSV.d)
TRS idade do lodo (d)

Massa endógena:
Figura 6.28 Relações entre os componentes afluentes,
MXE,PAOv = fXE,PAObPAO,TMXPAOvTRS (6.3)
fluxo e biomassa produzida presentes no sistema.

Onde:
6.8.2 Equações do balanço de massa MXE,PAOv massa endógena de PAO (gSSVE)
fXE,PAO fração residual de partículados
6.8.2.1 PAOs endógenos de PAO (gSSVE/gSSVA)

Massa biologicamente ativa:


6.8.2.2 OHOs
YPAOv
MXPAOv = FSS,PAO TRS (6.2) Massa biologicamente ativa:
(1+bPAO,T TRS)

YOHOv
Onde: MXOHOv = FDQOb,OHO TRS (6.4)
(1+bOHO,T TRS)
MXPAOv massa de PAO biologicamente ativa (g
SSVA)
YPAOv rendimento de biomassa PAO (g Onde:
SSVA/gDQO) MXOHOv biomassa de OHO ativa
(gSSVA)

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FDQOb,OHO massa diária de substrato (Ss,i) precisa ser subdividido em duas frações,
biodegradável disponível nomeadas VFAs (SVFA,i) e DQO fermentável
para os OHOs (gDQO/d) (SF,i). Logo, SS,i = SVFA,i + SF,i.
= FDQOb,i – FSS,PAO
FDQOb,i massa diária de DQO Os VFAs presentes no afluente (SVFA,i) são
biodegradável no afluente diretamente disponíveis para o armazenamento
(gDQO/d) pelos PAOs no reator anaeróbio. Wentzel et al.
= FDQOi (1 – fSU – fXU) (1985) demonstraram que a componente
YOHOv rendimento de biomassa OHO fermentável (SF,i) é convertida a VFAs no reator
(gSSVA/gDQO) anaeróbio pelos OHOs, desta forma VFAs
bOHO,T constante da taxa de perda de adicionais são disponibilizados para
massa endógena específica armazenamento pelos PAOs. A taxa de conversão
de OHO na temperatura T (/d) é muito mais lenta que a taxa de acúmulo, portanto
a taxa de conversão controla a taxa de acúmulo do
Massa endógena: VFAs armazenado. Como consequencia, a massa
de substrato de VFA que se torna disponível no
MXE,OHOv = fXE,OHObOHO,TMXOHOvTRS (6.5) reator anaeróbio é controlada pela cinética de
conversão e pela massa de substrato de VFA
Onde: presente no afluente. Caso os VFAs estejam
MXE,OHOv massa endógena residual no sistema presentes no afluente, assume-se que todos estes
(gSSVE) VFAs serão armazenados no reator anaeróbio pelo
fXE,OHO fração residual de partículado endógeno PAOs.
de OHOs (gSSVE/gSSVA)
6.8.3.1 Cinética da conversão de matéria
6.8.2.3 Massa inerte orgânica fermentável a VFAs

A materia orgânica inerte do afluente acumulada no O modelo de conversão proposto por Wentzel et al.
sistema: (1985) assume como hipóteses que:

fXU,DQOi FDQO𝑖 TRS


MXUv = (6.6) • apenas a DQO fermentável (SF) pode ser
fcv
convertida a forma viável para armazenamento
pelos PAOs (ou seja, VFAs); a conversão da
Onde:
DQO lentamente biodegradável (XS) a VFAs
MXUv massa de matéria orgânica inerte no
durante o período de tempo que a mistura está
sistema vindo do afluente (gSSVI)
no reator anaeróbio pode ser desconsiderada
FXU,DQO,i fração de DQO particulada e não-
(ver seção 6.3.6.1)
biodegradável no afluente
• a conversão é realizada pelos OHOs presentes
FDQOi massa total diária de DQO no afluente
no reator anaeróbio.
• Todos os VFAs produzidos a partir da
6.8.3 Divisão da DQO biodegradável entre conversão de DQO fermentável são
PAOs e OHOs imediatamente armazenados pelos PAOs.
• toda DQO fermentável não convertida a VFAs
• Partindo dos mecanismos para EBPR (seção
no reator anaeróbio é utilizada,
6.3 anterior), no reator aneróbio apenas o
subsequentemente, para o metabolismo dos
substrato VFA pode ser armazenado pelos
OHOs.
PAOs. Consequentemente, a DQORB afluente

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325

• a taxa de conversão do DQO fermentável é SF,i,conv = SF,i – 8,6 (s SNO3,s + SNO3,i) – 3,0 (s SO2,s +
dada por: SO2,i) (6.8)
dSF,AN
= -kF,T SF,AN XOHOv,AN (6.7) Onde:
dt
SF,i,conv DQO fermentável disponível por
volume de afluente (gDQO/m3)
Onde: SF,i concentração de DQO fermentável
dSF,AN/dt taxa de conversão de matéria orgânica afluente (gDQO/m3)
fermentável (gDQO m3/d) S taxa de reciclo de lodo para o reator
kF,T constante da taxa de fermentação de anaeróbio com base na vazão de entrada
primeira ordem na temperatura T (0,06 SNO3,s concentração de nitrato no lodo
m3/gSSV.d a 20ºC) reciclado para o reator anaeróbio
SF,NA concentração de DQO fermentável no (gNO3-N/m3)
reator anaeróbio (gDQO/m3) SO2,s concentração de oxigênio no lodo
XOHOv,AN concentração de OHOs no reator reciclado para o reator anaeróbio
anaeróbio (gSSVA/m3) (gO2/m3)
SNO3,i concentração de nitrato no afluente do
• todos os VFAs presentes no afluente no reator reator anaeróbio (gNO3-N/m3)
anaeróbio serão imediatamente armazenado SO2,i concentração de oxigênio no afluente
pelos PAOs. do reator anaeróbio (gO2/m3)
8,6 massa de DQO removida por unidade
de nitrato desnitrificada (gDQO/gNO3-
6.8.3.2 Efeito do reciclo de nitrato ou N);
oxigênio 2,86/(1-fcv . YOHOv) =
A conversão da DQO fermentável para VFAs é 2,86/(1 – 1,48 . 0,45) = 8,6
complexa pois o nitrato ou oxigênio deve entrar no 3,0 massa de DQO removida por unidade
reator anaeróbio via reciclo no afluente. A hipótese de oxigênio consumido (gDQO/gO2);
é de que qualquer oxigênio ou nitrato que entra no 1/(1 – fcv . YOHOv) =
reator anaeróbio é utilizada como aceptor de 1/(1 – 1,48 . 0,45) = 3,0
elétrons pelos OHOs e a DQORB (SS) atuando
como doador de elétrons (substrato). Não é claro se 6.8.3.3 Equações de conversão do estado
a DQO fermentável ou os VFAs no afluente serão estacionário
utilizados preferencialmente como doador de
elétrons. Para o propósito do modelo de estado Equações do estado estacionário para a conversão
estacionário de culturas mistas se assume que a de DQO fermentável em VFAs podem ser
DQO fermentável no afluente será o doador de desenvolvidas pela aplicação das equações 6.7 e
elétrons. Isto implica que os VFAs produzidos na 6.8 no balanço de massa do n-ésino reator
conversão não são mais liberados, mas anaeróbio em uma série de N reatores de igual
metabolizados diretamente pelos OHOs, até que o volume. Isto nos fornece uma equação para calcular
oxigênio ou nitrato seja totalmente consumido. a concentração de DQO fermentável no efluente no
Pode-se incluir isto no modelo de conversão n-ésimo reator anaeróbio:
através da redução da quantidade de DQO
SF,i,conv ⁄(1+s)
fermentável disponível para conversão conforme SF,ANn = f MXOHOv n (6.9)
[1+kF,T xa (1+s) ]
descrito a seguir: N Qi

Onde:

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SF,Ann concentração de DQO fermentável no FDQOb,OHO = FDQOb,i + FSS,PAO (6.13)


efluente do n-ésimo reator anaeróbio
(gDQO/m3) onde:
fxa fração de massa anaeróbia
(gSSV/gSSV) FDQOb,OHO massa diária de DQO biodegradável
N número total de reatores anaeróbios de disponível para os OHOS (gDQO/d)
igual volume na série n = 1,2,...,N
MXOHOv massa de OHOs em todo sistema Consequentemente, e como apresentado
NDEBPR (gSSVA) anteriormente, a equação para estimar a massa de
Qi vazão afluente (m3/d) organismos heterotróficos convencionais leva em
conta a redução de DQO disponível:
A eq. 6.9 fornece os meios para calular a
YOHOv
conversão de DQO fermentável para VFAs numa MXOHOv = FDQOb,OHO TRS (6.14a)
(1+bOHO,T TRS)
série de N reatores anaeróbios, isto é:
A produção de OHOs também pode ser
FSF,CONV = Qi[SF,i,conv – (1+s)SF,ANn] (6.10)
expressa como a massa sintetizada por volume de
afluente através da substituição das equações 6.12
onde:
e 6.13 na equação 6.14a dividido pela vazão
FSF,CONV massa diária de DQO fermentável
afluente:
convertida a VFAs no reator anaeróbio
(gDQO/d) MXOHO YH
= (DQOb,i -
Qi (1+bOHO,T TRS)
Contudo, para se calcular SF,ANn é necessário (1+s)SF,ANn +SVFA,i ) TRS (6.14b)
determinar o termo MXOHOv/Qi.
onde:
Agora, MXOHOv é sintetizado a partir da massa
MXOHOv/Qi concentração equivalente de OHOs
total de DQO afluente menos a massa de DQO
produzida por volume de afluente
armazenada pelos PAOs. A partir dos mecanismos
(gSSVA/m3)
de EBPR e da hipótese de conversão, todos os
VFAs presentes no afluente e os gerados por
Para calcular a concentração de DQO
conversão são armazenados pelos PAOs., isto é, a
fermentável (SF,ANn) que deixa o último reator
massa de DQO armazenada pelos PAO, FSS,PAO, é
anaeróbio (ANn), as equações 6.9 e 6.14a precisam
dada por:
ser resolvidas simultaneamente; o procedimento de
iteração a seguite pode ser usado:
FSS,PAO = FSF,CONV + QiSVFA,i (6.11)
• Assume-se SF,ANn = 0 mgDQO/L.
FSS,PAO = Qi[SF,i,conv – (1+s)SF,ANn] + QiSVFA,i
• Cálculo de MXOHOv usando a equação 6.14a.
(6.12)
• Calcula-se SF,ANn da equação 6.9, usando o
valor calculado de MXOHOv.
onde:
• Recalcular MXOHOv usando o valor calculado
FSS,PAO massa diária de Ss armazenada pelos
para SF,ANn .
PAOs (gDQO/d)
• Repetir as últimas duas etapas até que SF,ANn e
MXOHOv sejam constantes.
A DQO disponível para os OHOs, é a DQO
biodegradável não armazenada pelos PAOs:

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327

Equações semelhantes podem ser deduzidas


do comportamento de PAOs desnitrificantes FSPO4,rel = fPO4,relFSS,PAO (6.15a)
(DPAOs) em condições anóxicas. Contudo, a
interação entre os PAOs estritamente aeróbios e onde:
desnitrificantes convencionais requeriria que a
cinética de consumo e armazenamento do FSPO4,rel massa diária de P liberada pelos PAOs
substrato por cada grupo de microrganismos fosse (gP/d)
considerada, uma tarefa melhor conduzida através
de modelagem dinâmica. fPO4,rel razão P liberado/VFA assimilado
= 1,0molP/molDQO
6.8.3.4 Implicações da teoria de conversão = 0,5 gP/gDQO no pH 7,0

A teoria conversão estabelecida anteriomente Ou, em concentração:


fornece os meios para calcular a massa de VFAs
FSS,PAO
gerada por dia pelos OHOs. Assumindo que todo SPO4,rel = fPO4,rel (6.15b)
Qi
os VFAs proveniente da conversão e do afluente
onde:
são armazenados pelos PAOs, a massa de substrato
disponível para os OHOs é a DQO biodegradável
SPO4,rel P liberado (gP/m3 do afluente)
remanescente. De fato a DQO biodegradável
SS,PAO concentração de DQO rapidamente
afluente é dividida em duas frações, uma que é
biodegradável armazenada pelos PAOs
utilizada pelos PAOs e a outra pelos OHOs. Devido
(gDQO/m3)
a ação independente dos dois grupos de FS
SPO4, rel = fPO4,rel s,PAO (6.15c)
organismos, as equações definidas anteriormente Qi
(eq. 6,1 a 6.3) podem ser aplicadas para calcular a
massa PAO endógena e ativa, e as equações do Se o coeficiente fPO4, rel precisa ser estimado
capítulo 4 apropriadamente modificadas como as como função do pH na massa líquida, a expressão
equações 6.4 a 6.6 podem ser usadas para calcular desenvolvida por Smolders et al. (1994a) pode ser
as massas de OHO ativa, endógena e inerte. Então, aplicada:
conhecendo a concentração de P de cada uma das
frações de biomassa, a remoção de P devido a cada fPO4,rel = 0,18pH – 0,81 (6.15d)
uma delas pode ser calculada (ver a seguir).
onde:
6.8.4 Liberação de P fPO4,rel razão P liberado/VFA assimilado em
gP/gDQO
O fósforo liberado pelos PAOs como resultado do
armazenamento de VFA não precisa ser pH pH medido no líquido do estágio
quantificado para o dimensionamento do estado anaeróbio de um sistema EBPR.
estacionário do sistema de EBPR, todavia pode ser
uma informação útil se obtida. A partir dos 6.8.5 Remoção e concentração total de P
mecanismos de remoção de P (seção 6.3), para cada no efluente
mol de VFAs armazenado pelos PAOs, se
considera que 1 mol de P foi liberado (assumindo A remoção de P é calculada para as frações
que esta razão é dependente do pH, Smolders et al., individuais de lodo, com a remoção total de P sendo
1994a; Filipe et al., 2001c) fornecendo energia para dada pela soma da remoção individual de P de cada
polimerizar e armazenar os VFAs como PHA. biomassa. Como um todo, apenas a biomassa de
Consequentemente, a liberação de P será dada por: PAO, MXPAOv, é capaz de armazenar concentrações

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de P (até 0,38 gP/gSSV de biomassa ativa de PAO) onde:


maiores que as necessárias para a síntese celular. ΔPXE remoção de P devido a massa residual
Por outro lado, o resto das biomassas (denominadas endógena (gP/m3)
MXOHOv, MXE,OHOv, MXE,PAOv, e mesmo a biomassa fP fração de massa endógena que é P =
endógena de PAO MXE,PAOv) acumulam a 0,03 gP/gSSV de resíduos endógenos
quantidade de P típica observada em SSV, f p de (MXE,OHOv e MXE,PAOv), que é similar a
0,03 gP/gSSV). É importante observar que a quantidade de P típica presente em SSV
biomassa endógena de PAO, MXE,PAOv, por ser um
resíduo endógeno, contem apenas P presente no A massa afluente inerte é:
resíduo (provavemente usado na síntese de tecidos
MXE,OHOv +MXE,PAOv
celulares e outros compostos orgânicos) e portanto ∆PXE = fp (6.19)
Qi . TRS
é muito menor que a fração fP,PAO que a biomassa
PAO pode realmente armazenar.
onde:
ΔPXU remoção de P devido a particulados
Então, as diferentes biomassas contribuem com
orgânicos não- biodegradáveis do
o potencial de remoção de P de forma global como:
afluente, XU,i (gP/m3)
fP fração de particulados orgânicos não
PAOs:
biodegradáveis do afluente que é P
MXPAOx (gP/gSSV)
∆PPAO = fP,PAO (6.16)
Qi SRT = 0,03 gP/gSSV de XU,i, correspondente
a quantidade típica de P presente nos
onde: SSV.
ΔPPAO remoção de P devido aos PAOs (gP/m3)
fP,PAO fração de massa ativa de PAO isto é P O potencial total de remoção de P do sistema,
= 0,38 gP/gSSV em relação a desconsiderando a precipitação química de fósforo
biomassa ativa de PAO, MXPAOv (normalmente devido a sais de alumínio, cálcio ou
ferro presentes no afluente ou adicionados ao
OHOs sistema), é:
MXPAOx
∆PPAO =fP,PAO (6.17) ΔPSYS, pot = ΔPPAO + ΔPOHO +ΔPXE + ΔPXU (6.20)
Qi TRS

onde:
onde:
ΔPSYS, pot potencial total de remoção de P do
sistema (gP/m3)
ΔPOHO remoção de P devido aos OHOs (gP/m3)
fP fração de massa de OHO ativa que é P
A real remoção de P do sistema é a menor das
= 0,03 gP/gSSV em relação
remoções potencial total e o P total afluente:
a biomassa ativa de OHO, MXPAOv, que
corresponde a uma quantidade P típica
ΔPSYS,actual = min(ΔPSYS,pot;Pi) (6.21)
presente em SSV
onde:
A massa de resíduo endógeno (de qualquer
biomassa, incluindo PAOs e OHOs) é dada por:
MX +MXE,PAOv ΔPSYS,actual remoção real de P do sistema
∆PXE = fp E,OHOv (6.18)
Qi . TRS (gP/m3)

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329

Qualquer sólido em suspensão presente no biomassa SSV excluindo a contribuição de


efluente contribui no aumento da concentração de MXPAOv, como a seguir:
fósforo particulado:
[Qi .TRS.ΔPSYS,actual]-[fp (MXSSV -MXPAOv ]
fP,PAO,act = (6.24a)
MXPAOv
XP,e = fP,SST SSTe (6.22)
onde:
onde:
fP,PAO,act concentração real de P armazenada pela
fP, SST quantidade média de P no lodo ativado
biomassa ativa de PAO (gP/gSSV de
(gP/m3)
biomassa ativa de PAO, MXPAOv)
SSTe concentração de sólidos em suspensão
totais no efluente (gSST/m3)
Para fins de dimensionamento, é importante
estimar a quantidade real de P armazenado pelos
A concentração total de P no efluente é
PAO fP,PAO,act uma vez que pode afetar a estimativa
calculada a partir da subtração da remoção total real
de diferentes parâmetros de extrema importância:
de P no sistema e adicionando qualquer
(i) a determinação da MXFSS; (ii) a massa total
contribuição de P particulado relacionado aos
MXSST acumulada no sistema; (iii) o cálculo do
sólidos em suspensão no efluente:
volume total VR da planta pode ter sido afetado
como consequência da influência no MXFSS e
Pe = Pi – ΔPSYS,actual +XP,e (6.23)
MXSST e (iv) também a estimativa da quantidade
fP,SST pode afetar a quantificação correta da
onde:
concentração real de P presente no efluente.
Pi concentração total de P no afluente
(gP/m3)
Pe concentração total de P no efluente 6.8.6.2 Massa de SSV no lodo
(gP/m3)
A massa de SSV no lodo do sistema é calculada da
mesma forma que a usada para sistemas aeróbio e
anóxico/aeróbio, através da soma das frações SSV
6.8.6 SSV e SST no lodo e concentração de individuais, isto é:
P no SST
MXSSV = MXPAOv +MXOHOv + MXE,PAOv +
6.8.6.1 Concentração real de P na biomassa MXE,OHOv + MXUv (6.24b)
PAO ativa MXSSV = VR SSV (6.24c)

Embora a biomassa ativa de PAO, MXPAO,v, tem onde:


potencial de remover alta concentração de P, MXSSV massa de SSV no sistema (gSSV)
logicamente a concentração de P que MXPAOv pode SSV concentração de SSV no sistema
remover (armazenar intracelularmente) não pode (gSSV/m3)
ser maior que a concentração presente no afluente VR volume do sistema (m3)
da água residuária. Este principío é similar àquele
que define o potencial total de remoção de P (ΔPSYS, A massa de SST no lodo no sistema é calculada
pot) e remoção real de P (ΔPSYS, actual) do sistema. a partir do SSV usando a razão SSV/SST para
Como tal, a concentração real de P na biomassa sistemas aeróbios e anóxico/aeróbios. Contudo,
ativa de PAO, fP,PAO,act, pode ser estimada como a para frações de PAO do licor misto, a razão
diferença entre a massa real de P removida pelo SSV/SST difere substancialmente para as frações
sistema menos a massa de P acumulada pela de OHO. Isto se deve à grande quantidade de

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330

polifosfato inorgânico armazenado internamente • SSF do afluente que é acumulado no lodo


nos PAOs, juntamente com seus contra-íons ativado.
relacionados. Os contra-íons são necessários para • A precipitação de minerais e a dissolução de
neutralizar as cargas negativas do polifosfato, SSF são omitidas. A precipitação química deve
estabilizando-o. Estes contra-íons são ocorrer, contudo, o acúmulo de minerais no
principalmente Mg2+ e K+, e em menor quantidade lodo deve ser considerado.
o Ca2+ (Fukase et al., 1982; Arvin et al.,1985;
Comeau et al., 1986; Wentzel et al., 1989a). Então, a massa de SSF no lodo do sistema é
dada por:
6.8.6.3 Massa de SSF no lodo
MXSSF = fSSF MXOHOv
A massa de sólidos em suspensão fixos fP,PAO,act
+ fSSF,PAO MXPAOv
(inorgânicos) (SSF) no lodo do sistema vem de fP,PAO
diversas fontes (Ekama and Wentzel, 2004): + Q i . TRS. XSSF,i
• Componentes intracelulares da biomassa ativa
contem sais que se tornam resíduos inorgânicos (6.24d)
após combustão a 500ºC. É considerada a
fração de 0,15 gSSF/gSSV para OHOs. Os onde:
nitrificantes tem uma fração SSF similar que MXSSF massa de sólidos em suspensão fixos no
pode frequentemente ser omitida uma vez que sistema (gSSF)
normalmente representa menos de 2% da fSSF,OHO fração de SSF na biomassa ativa de
biomassa; OHO = 0,15 gSSF/gSSV (dada uma
• Os PAOs contem a fração padrão de 0,15 fVT,OHO de 0,87 gSSV/gSST)
gSSF/gSSV além do polifosfato e seus contra- fSSF, PAO fração de SSF na biomassa ativa de
íons catiônicos que contribuem PAO = 1,30 gSSF/gSSV (dada uma
consideravelmente para a quantidade de SSF fVT,OHO de 0,87 gSSF/gSSV para PAOs
dos PAOs. Os PAOs aeróbios contém 38% aeróbios (dada uma fVT,PAO de 0,44
gP/gSSV, uma quantidade de SSF de 1,30 gSSV/gSST)
gSSF/gSSV é reportada por Ekama;Wentzel FSSF,i massa diária de SSF no afluente
(2004). Contudo, se as células dos PAOs não (gSSF/d)
atingir a capacidade máxima de
armazenamento intracelular de P de 38% 6.8.6.4 Massa de SST no lodo e razão
gP/gSSV, pode-se assumir que a quantidade de SSV/SST do lodo
SSF pode ser reduzida proporcionalmente. Isto
é levado em conta considerando-se a A massa de SST no lodo no sistema é dada pela
quantidade real de P armazenada pela biomassa soma de SSV e SSF:
PAO ativa (fp,PAO,act) em relação à quantidade
máxima de P (fp, PAO) na determinação de MXSSF MXSST = MXSSV + MXSSF (6.25a)
(ver equação 6.24d).
• Considera-se que os resíduos orgânicos MXSST = VR XSST (6.25b)
endógenos e inertes não possuem sais
inorgânicos pois estes compostos foram onde:
dissolvidos durante a lise celular.
• Tabém considera-se que a matéria organica MXSST massa total de sólidos em suspensão no
particulada lentamente biodegradável não sistema (gSST)
contêm inorgânicos.

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E a razão SSV/SST do lodo: onde:


VR volume do processo (m3)
MXSSV
fVT = (6.25c) XSST,OX concentração SST desejada no reator
MXSST
aeróbio (gSST/m3)
onde:
ou de forma alternativa:
VR = MXSSV / XSSV,OX (6.27b)
fVT razão SSV/SST no lodo.
onde:
6.8.6.5 Conteúdo de P do SST XSSV,OX concentração de SSV desejada no reator
aeróbio (gSSV/m3)
A quantidade média de fósforo da biomassa é
calculada considerando-se a contribuição de cada
O requisito de volume do processo (VR) é o
massa para o SST, e particularmente, a quantidade
volume efetivo, isto é, o volume que seria requerido
real de P armazenada pela biomassa ativa de PAO,
se o lodo tivesse concentração uniforme ao longo
uma vez que ela pode contribuir com a maior
do sistema. Contudo, em alguns configurações de
quantidade de P. A fração de fósforo nos sólidos
sistemas de EBPR com nitrificação desnitrificação,
em suspensão fixos pode variar significativamente
isto não ocorre e a concentração do lodo varia entre
dependendo da presença de sais de alumínio, ferro
as diferente zonas. Por exemplo, a concentração de
e cálcio que podem estar presentes tanto no afluente
lodo na zona anaeróbia de uma configuração do
como ter sido adicionados ao sistema para a
tipo UCT/MUCT é reduzida pelo fator de s/(1+s)
precipitação de fósforo.
quando comparada as outras zonas (anóxica e
fp .(MXOHOv +MXE,OHOv +MXE,PAOv +MXUv ) aeróbia). Nestes casos o volume deve ser ajustado
fP,SST = levando-se isto em consideração.
MXSST
fP,PAO,act .MXPAOv fP,FSS .MXSSF
+ + (6.26)
MXSST MXSST
6.8.8 Requisitos de nitrogênio para a
produção de lodo
onde:
fP,SST fração de P nos sólidos em suspensão A equação para calcular o requisito de nitrogênio
total (gP/gSST) para a produção de lodo é:
fP,SSF fração de P nos sólidos em suspensão
fixos (inorgânicos) (gP/gSSF) FNs = fn MXSSV / TRS (6.28a)
= 0,02 gP/gSSF (valor proposto; seria
necessário ser corrigido devido existir onde:
a presença significativa de sais que FNs massa diária de nitrogênio necessária
coagulam com oP, tais como sais de para produção de lodo (gN/d)
Al, Fe ou Ca). fn quantidade de nitrogênio no lodo = 0,10
gN/gSSV
6.8.7 Requisitos de volume do processo
Contudo, para sistemas de EBPR o termo
Como determinado no capítulo 4, os requisitos de MXSSV precisa considerar as variações nos
volume do processo são determinados a partir da constituintes do SSV, isto é, deve ser calculado
massa de lodo do sistema e da concentração usando a equação 6.24a.
requerida de lodo a partir do SST ou do SSV:

VR = MXSST / XSST,OX (6.27a)

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332
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O requisito de nitrogênio para produção de FOPAO massa diária de oxigênio consumida


lodo, expresso com base na concentração afluente pelos PAOs (gO2/d)
é dada por: fcv razão DQO/SSV do lodo
(gDQO/gSSV)
NTKi,s = FNs / Qi (6.28b)

6.8.9 Demanda de oxigênio Demanda de oxigênio para os OHOs

De forma similar, para os OHOs:


6.8.9.1 Demanda carbonácea de oxigênio

A demanda carbonácea de oxigênio (FOc) é dada FOOHO = FOsíntese OHO + FOrespiração endógena OHO (6.30a)
pela soma das demandas de oxigênio dos PAOs e
OHOs. Do ponto de vista do balanço de massa de FOOHO = (1 – fcv YOHOv) FDQOb,OHO
DQO, qualquer DQO não convertida a biomassa ou + fcv (1 – fE,OHO) bOHO,T MXOHOv
a resíduo endógeno é consumida para produção de (6.30b)
energia. Por exemplo, 1 unidade de DQO
biodegradável removida (DQOb; como os SVFA) irá Ou, mais explicitamente como função da massa
produzir (fcv – YPAOv) unidades de XPAO com a diária de substrato armazenada pelos OHOs:
energia fornecida pela respiração de (1 – fcv –
FOOHO = FDQOb,OHO [(1 - fcvYOHOv )]
YPAOv) da DQOb. O fator fcv (gDQO-biomassa
YOHOv
ativa/gSSV-biomassa ativa) é usado para converter +[fcv (1 - fXE,OHO )bOHO,T TRS]
(1+bOHO,T TRS)
as unidades de YPAOv de gSSV-biomassa (6.30c)
ativa/gDQO-substrato em gDQO-biomassa onde:
ativa/gDQO-substrato. Então, 1 unidade de DQOb FOOHO massa diária de oxigênio consumida
é igual (fcv . YPAOv + 1 – fcv . YPAOv) e o balanço de pelos OHOs (gO2/d)
massa de DQO é mantido.

Demanda total de oxigênio


Demanda de oxigênio para os PAOs
A demanda carbonácea de oxigênio total (gO2/d) é:
A demanda de oxigênio para os PAOs está
relacionada à respiração que fornece energia para a FOc = FOPAO + FOOHO (6.31a)
síntese de biomassa e para a respiração endógena.
onde:
FOPAO = FOPAO síntese + FOPAO respiração endógena (6.29a) FOc massa diária da demanda carbonácea de
oxigênio (gO2/d)
FOPAO = (1 – fcv YPAOv)FSS,PAO + fcv (1-fE,PAO) bPAO,T
MXPAOv (6.29b) Agora, assumindo que YPAOv ≈ YOHOv, e
(FSF,PAO + FDQOb,OHO) ≈ FDQOb,i e que fXE,PAO
ou, mais explicitamente como função da massa (0,20) ≈ fXE,OHO (0,25) (gO2/d), a equação 6.31b
diária de substrato armazenado pelos PAOs: pode ser simplificada:

FOPAO = FSs,PAO [(1-fcv YPAOv )] +[fcv(1-fXE,PAO ) . FOc = (1 – fcv YOHOv) FDQOb,i + fcv (1 – fXE,OHO) .
YPAOv
bPAO,T TRS] (bPAO,T MXPAOv + bOHO,T MXOHOv) (6.31b)
(1+bPAO,T TRS)
(6.29c)
onde:

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6.8.9.2 Demanda de oxigênio para a 6.9 EXEMPLO DE DIMENSIONAMENTO


nitrificação

Levando em consideração a mudança nos 6.9.1 Procedimento para


requisitos de nitrogênio para a produção de lodo dimensionamento do estado
(FNS) e a capacidade nitrificante (NITc), a demanda estacionário
de oxigênio para a nitrificação FONIT é dada no O procedimento para o dimensionamento do estado
capítulo 5. estacionário de um processo de EBPR é
apresentado na Figura 6.29. Inicialmente, a água
6.8.9.3 Demanda total de oxigênio residuária precisa ser caracterizada em termos da
vazão e cargas diárias de DQO, nitrogênio, fósforo,
Para sistemas de EBPR não-nitrificantes a demanda sólidos inorgânicos e concentração de oxigênio. É
total de oxigênio é dada pela FOc, enquanto para selecionada uma configuração de tratamento sob
sistemas de EBPR nitrificantes, FOt é dada pela determinado TRS, temperatura e com cinética
soma de FOc e FONIT. Considerar a nitrificação em adequada e estequiometria constante. Então, a
sistemas de EBPR necessariamente significa que a DQORB afluente é dividida entre os PAOs e os
desnitrificação deve também ser considerada; o OHOs permitindo o cálculo da produção de
efeito da nitrificação e desnitrificação sobre a biomassa (e resíduos endógenos) como SSV e a
demanda total de oxigênio será considerada capacidade de remoção de fósforo do sistema. A
poteriormente. partir da estimativa de SSV e SST totais, o volume
do bioreator pode ser calculado assim como os
FOt = FOc + FONIT (6.31c) requisitos de oxigênio e nitrogênio. Por fim, o
balanço de massa de DQO é realizado de forma a
onde: validar os cálculos.
FOt massa diária da demanda total de
oxigênio (gO2/d).

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334

Figura 6.29 Visão geral do procedimento de dimensionamento para o sistema EBPR. Configuração de Joanesburgo. O reator
anaeróbio foi dividido em duas células (não ilustradas). No Quadro Azul, MXSSV, MXSST, FXSSF, i, TRS

Figura 6.30. Os parâmetros cinéticos e


6.9.2 Informações fornecidas estequiométricos são apresentados na tabela 6.4.

A água residuária bruta a ser tratada (sem O processo de EBPR selecionado (Tabela 6.5)
decantação primária) tem composição semelhante é a configuração Joanesburgo que opera a 14ºC,
em relação à matéria orgânica e remoção de com 2 zonas anaeróbias, TRS de 20 dias, fração de
nitrogênio àquela apresentada nos capitulos 4 e 5, massa anaeróbia de 0,10, razão de reciclo de lodo
respectivamente. A composição das frações de de 0,75 em relação à vazão afluente, razão de
DQO afluente são sumarizadas nas tabelas 6.2 e reciclo anaeróbio/anóxico de 1,5, lodo reciclado
6.3. Para facilitar a transposição selecionou-se uma entrando na zona anaeróbia sem oxigênio mas com
vazão de 15 MLD. A DQO total no afluente é de 0,5 gNO3-N/m3, sólidos em suspensão totais no
750 g/m3 e o fósforo total no afluente é de 17 g/m3. efluente de 5 mg/L, e concentração de sólidos de
O fracionamento da DQO afluente é ilustrada na projeto no no licor misto em 4000 gSST/m3.

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Tabela 6.2 Características do afluente para o exemplo do dimensionamento do sistema EBPR (águas residuárias
brutas).

Descrição Símbolo Valor Unidades Cálculos


Vazão Qi 15 MLD
DQO total DQOi 750 gDQO/m³
Concentrações de DQO
- DQO rapidamente SS,i 146 gDQO/m³
= 750 · 0,195
biodegradável
- ácidos graxos voláteis SVFA, i 22 gDQO/m³ = 146 · 0,15
- DQO fermentável SF, i 124 gDQO/m³ = 146 - 22
- DQO lentamente XS,i 439 gDQO/m³ = 750 · (1 - 0,195 - 0,07 - 0,15)
biodegradável
- DQO solúvel inerte SU,i 53 gDQO/m³ = 750 · 0,07
- DQO particulado inerte XU, i 113 gDQO/m³ = 750 · 0,15
Nitrato SNO3, i 0 gN/m³
O2 dissolvido SO2, i 0 gO2/ m³
P Total Pi 17,0 gP / m³
SS fixo (inorgânico) XSSF, i 49 gSSF / m³
Fração P do afluente SSF fP, SSF, i 0,02 gP / gSSF
alcalinidade SAlk 250 gCaCO3/ m³

Tabela 6.3 Frações da DQO de águas residuárias brutas para o exemplo do dimensionamento do sistema EBPR
Descrição Símbolo Frações DQO Unidades
Tipo de esgoto Bruto
Frações de DQO
Frações de DQORB fSS,DQOi 0,195 g/gDQOT
fração de SVFA da DQORB fSVFA, SSi 0,15 g/gDQOSS
Fração solúvel da DQO não biodegradável fSU, DQOi 0,07 g/gDQOT
Fração particulada DQO biodegradável fXU, DQOi 0,15 g/gDQOT

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Figura 6.30 Fracionamento da DQO afluente para o exemplo de dimensionamento do sistema EBPR.

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Tabela 6.4 Parâmetros cinéticos e estequiométricos para o exemplo de projeto EBPR.

Parâmetro Símbolo Valor Unidades


OHO
0,06 m³/gSSV.d
Constante de taxa de fermentação de primeira ordem a T = 20 ºC kF,20
Coeficiente de temperatura para kF, T θk,F 1,029
Constante de taxa de fermentação de primeira ordem na kF,T 0,051 m³/gSSV.d
temperatura T(a)
Taxa de perda de massa endógena específica dos OHOs a 20 ºC bOHO, 20 0,24 gSSV/
gSSV.d
Cinético

Coeficiente de temperatura para bOHO,T θb, OHO 1,029


Taxa de perda de massa endógena específica dos OHOs na bOHO,T 0,202 gSSV /
temperatura T gSSV.d
PAO
Constante de taxa de perda de massa endógena específica de PAO em bPAO,20 0,04 gSSV /
T = 20 ºC gSSV.d
Coeficiente de temperatura para bPAO,T θb, PAO 1,029
Constante de taxa de perda de massa endógena específica de PAO na bPAO,T 0,034 gSSV /
temperatura T gSSV.d
OHO
Rendimento de biomassa de OHOs YPAOv 0,45 gSSV/gDQO
Fração de resíduo endógeno de OHOs fXE,OHO 0,20 gSSV/gSSV
Fração de P na massa OHO ativa fP,OHO 0,03 gP/gSSV
Fração de P na massa endógena (OHO e PAO) fp 0,03 gP/gSSV
Estequiométrico

Fração de sólidos em suspensão fixos (inorgânicos) de OHOs fSSF,OHO 0,15 gSSF/gSSV


PAO
Rendimento de biomassa de PAOs YPAOv 0,45 gSSV/gDQO
Fração de resíduo endógeno dos PAOs fXE,PAO 0,25 gSSV/gSSV
Fração de P na massa de PAO ativa fP,PAO 0,38 gP/gSSV
Fração de P na massa endógena (OHO e PAO), fp 0,03 gP/gSSV
Relação SSV / SST para massa ativa de PAO fVT, PAO 0,46(b) gSSV/gSST
Razão de liberação de P / absorção de VFA fPO4, REL 0,50 gP/gDQO
Fração de sólidos em suspensão fixos (inorgânicos) de PAOs fSSF,PAO 1,30 gSST/gSSV
Inertes
Fração de P na massa inerte fp 0,03 gP/gSSVI
Em geral
Razão DQO/SSV do lodo fcv 1,48 gDQO/gSSV
Razão SSV/SST para massas ativas e endógenas de OHO, fVT 0,80(b) gSSV/gSST
massa endógena de PAO e massa inerte
Conteúdo de nitrogênio da biomassa ativa fn 0,10 gN/gSSV
(a) kT = k20 · Θ(T-20); exemplo: kF, 14 = 0,060 · 1,029(14-20) = 0,051
(b) Esses valores não são necessários se o SSF for calculado a partir da Eq. 6,24c

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338

Tabela 6.5 Características do sistema biológico para o dimensionamento do sistema de EBPR (Joanesburgo).

Descrição Símbolo Valor Unidade


Temperatura T 14 °C
Número de zonas anaeróbias n 2 Reatores
Tempo de retenção de sólidos TRS 20 d
Fração de massa anaeróbia fxa 0,10 gSSV/gSSV
Taxa de reciclo de lodo com base na vazão afluente s 0,75 m³.d/m³d
Razão de reciclo do aeróbio para anóxico a 1,5 m³.d/m³d
Oxigênio dissolvido no reciclo de lodo SO2,s 0 gO2/m³
Concentração de nitrato no reciclo de lodo SNO3,s 0,5 gNO3-N/m³
Sólidos em suspensão totais no efluente SSTe 5 gSST/m³
Concentração de projeto de SST aeróbio XSST,OX 4.000 gSST/m³

calcular determinado parâmetro, e o cálculo


6.9.3 Cálculos detalhado com os valores numéricos para cada
Os cálculos detalhados, seguindo o mesmo parâmetro. No final, o balanço de massa de DQO é
procedimento que foi apresentado na seção 6.6, são realizado de forma a validar os cálculos.
apresentados na tabela 6.6 ao longo das próximas
páginas. Cada etapa é apresentada com os Observe que na etapa 3.2, a DQO fermentável
símbolos, valores, unidades, equações usadas para que sai no efluente do último reator anaeróbio é
calculada por iteração.

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Tabela 6.6 Cálculos detalhados para o exemplo de dimensionamento EBPR


1. Configuração do Sistema
Configuração de Joanesburgo operado a 14ºC
2. Afluente e composição do reciclo de lodo (das tabelas anteriores)
Qi 15 MLD vazão afluente
2.1 Concentrações afluente
Dados do afluente e do reator
DQOi 750 g DQO/m3 concentração afluente de DQO total
SS,i 146 g DQO/m3 concentração afluente de DQORB
SVFA,i 22 g DQO/m3 concentração afluente de VFAs
SF,i 124 g DQO/m3 concentração afluente de DQO fermentável
XS,i 439 g DQO/m3 concentração afluente de DQOLB
DQOb,i 585 g DQO/m3 concentração afluente de DQO biodegradável (SS,i +
XS,i)
SU,i 53 g DQO/m3 concentração afluente de DQO solúvel e inerte
XU,i 113 g DQO/m3 concentração afluente de DQO particulada e inerte
SNO3,i 0 g NO3-N/m3 concentração afluente de nitrato
SO2,i 0 g O2/m3 concentração afluente de oxigênio dissolvido
XSSF,i 49 g SSF/m3 concentração afluente de sólidos em suspensão fixos
(inorgânico)
Pi 17 g P/m3 concentração afluente de P total
2.2 Fluxos afluentes utilizados para os cálculos (= Q i . concentração afluente do componente)
FDQOi 11.250 kg DQO/d fluxo afluente diário total de DQO
FSS,i 2.190 kg DQO/d fluxo afluente diário total de DQORB
FSVFA,i 330 kg DQO/d fluxo afluente diário total de VFA
FSF,i 1.860 kg DQO/d fluxo afluente diário total de DQO fermentável
FDQOb,i 8.770 kg DQO/d fluxo afluente diário de DQO biodegradável (S S,i + XS,i)
FXU,i 1.688 kg DQO/d fluxo afluente diário total de DQO particulada não
biodegradável
FXS,i 795 kg DQO/d fluxo afluente diário total de DQO solúvel não
biodegradável
FXSSF,i 735 kg SSF/d fluxo afluente diário total de sólidos em suspensão
fixos
2.3 Características do reciclo de lodo
s 0,75 m3.d/ m3.d razão de reciclo de lodo em relação a vazão afluente
SO2,s 0 gO2/m3 O2 dissolvido no reciclo de lodo
SNO3,s 0,5 gNO3-N/m3 concentração de nitrato no reciclo de lodo
3. Divisão de SS,i entre PAOs e OHOs
3.1 DQO fermentável disponível para conversão em VFAs após a desnitrificação no reator (e
consumo de O2) no reator NA (em unidade de gDQO/m 3 do afluente)
SF,i, conv SF,i – 8,6 . (s. SNO3,s + SNO3,i) – 3 . (s. S02,s + S02,i)
SF,i – DQO para desnitrificação – DQO para OD
124 – 8,6 . (0,75 . 0,5 + 0) – 3 . (0,75 . 0 + 0)
DQO para 3,2 g DQO/m3
desnit.
DQO para OD 0,0 g DQO/m3

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SF,i, conv 121 g DQO/m3

3.2 DQO fermentável remanescente ou residual no efluente do último reator anaeróbio


N 2 2º reator AN
cálculo feito por iterações
a - supor um valor inicial_1 de SF, ANn igual a 0. Este valor é usado para calcular MX OHOv
b – estabelecer o MXOHOv calculado como valor inicial_2
c – repetir os passos a e b até que o valor inicial_2 de S F, ANn se iguale a valor calculado de S F, ANn
SF, ANn = SF,i, conv /(1+s)/(1+(kF,T .(fxa . MXOHOv / (N.Qi . (1 + s)))))n
= 121/(1+0,75)/(1+(0,051.(0,10 . 12.500 / (2 . 15 . (1+ 0,75))))) 2
valor inicial_1
SF, ANn 14,2 14,2 g DQO/m3
 
valor inicial_2
MXOHOv 12.490 12.490 kg DQO
=YOHOv / (1+bOHO, T . TRS) . FDQOb,OHO . TRS (notar que FDQOb,OHO é calculado
no passo 3.4)
= 0,45 / (1 + 0,202 . 20) . 7000 . 20
3.3 VFAs armazenados pelos PAOs
FS,PAO = Qi . (SF,i,conv – (1+s) . SF,Ann) + Qi . SVFA,i
=1 . (121 – (1 + 0,75) . 14,3) + 1 . 22
FS,PAO 1.770 kg DQO/d
3.4 DQO biodegradável remanescente disponível para os OHOs
FDQOb,OHO = FDQOb,i – FSS,PAO
= 8.770 – 1.770
FDQOb,OHO 7.000 kgDQO/d
4. Equações de biomassa (SSV)
Corresponde a biomassa presente no sistema, sintetizada a partir da DQO afluente (em g/d)
considerando o efeito acumulativo do TRS [(g/d) . d = g no sistema]
4.1 PAOs
Massa Ativa
YPAOv 0,45 g SSV/gDQO
YPAOv, obs =YPAOv / (1+bPAO, T . TRS)
= 0,45/ (1 + 0,034 . 20)
YPAOv, obs 0,269 gSSV/gDQO
MXPAOv 9.511 kg SSV no sistema
Massa endógena
MXE,PAOv = fXE,PAO . bPAO,T . MXPAOv . TRS
= 0,25 . 0,0337 . 9511 . 20
MXE,PAOv 1.603 kg SSV

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4.2 OSHOs
Massa ativa
YOHOv 0,45 gSSV/gDQO
YOHOv,obs = YOHOv/(1 + bOHO,T . TRS)
= 0,45 / (1 + 0,202 . 20)
YOHOv,obs 0,089 gSSV/gDQO
MXOHOv = YOHOv,obs . FDQOb,OHO . TRS
= 0,089 . 7.000 .20
MXOHOv 12.490 kg SSV (este valor é o MXOHOv calculado do passo 3.2)
Massa endógena
MXE,OHOv = fXE,OHO . bOHO,T . MXOHOv . TRS
= 0,20 . 0,202 . 12.490 . 20
MXE,OHOv 10.100 kg SSV
4.3 Massa inerte
MXUv = fXU,DQO, i . FDQOi . TRS/fcv
= 0,15 . 11.250 . 20 / 1,48
MXUv 22.804 kgSSV
5. Remoção de P
5.0 Liberação de P
SPO4, rel = fPO4, rel . FSS,PAO/Qi
= 0,5 . 1.770/15
SPO4, rel 59 gP/m3 gP/m3 do afluente, não é gP/m3 do reator anaeróbio
5.1 P por PAOs
PPAO = fP,PAO . MXPAOv / (TRS . Qi)
= 0,38 . 9.511 / (20 . 15)
PPAO 12,05 gP/m3
5.2 P por OSHOs
POHO = fp. MXOHOv/ (TRS. Qi)
= 0,03 . 12.500 / (20 . 15)
POHO 1,25 gP/m3
5.3 P por massa endógena
PXE = PXE,PAO + PXE,OHO
PXE,PAO = fp. MXE,PAOv/ (TRS. Qi)
= 0,03 . 1.603 / (20 . 15)
PXE,PAO 0,16 gP/m3
PXE,OHO = fp. MXE,OHOv/ (TRS. Qi)
= 0,03 . 10.100 / (20 . 15)
PXE,OHO 1,01 gP/m3
PXE 1,17 gP/m3
5.4 P por massa inerte afluente
PXU = fp. MXUv/ (TRS. Qi)
= 0,03 . 22.804 / (20 . 15)
PXU 2,28 gP/m3

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5.5 P por precipitação química devido a presença de sais no afluente ou sua adição no sistema
Não considerado
5.6 Remoção potencial P total
PSYS,pot = PPAO + POHO + PXE + PXU
= 12,05 + 1,25 + 1,17 + 2,28
PSYS,pot 16,8 gP/m3
5.7 Remoção real de P total
Pi 17,0 gP/m3
PSYS,actual = min (PSYS,pot; Pi)
= min(16,8; 17,0)
PSYS,actual 16,8 gP/m3
5.8 P particulado no efluente
Para calcular após o passo 6.5, onde o conteúdo de P em SST é calculado
XP,e = fP,SST . SSTe
= 0,124 . 5
XP,e 0,6 gP/m3
5.9 P total no efluente
Pe = Pi - PSYS,actual + XP,e
= 17,0 – 16,8 + 0,6
Pe 0,8 gP/m3
6. SSV e SST
6.1 SSV e fração ativa
MXbio = MXPAOv + MXOHOv
= 9.511 + 12.490
MXbio 22.000 kg SSV
MXSSV MXPAOv + MXOHOv + MXE,PAOv + MXE,OHOv + MXUv
= 9.511 + 12.490 + 1.603 + 10.100 + 22.804
MXSSV 56.506 kgSSV
fbio, SSV = MXbio / MXSSV
= 22.000/56.506
fbio, SSV 39%
6.2 SSF
fPAO, act = [(Qi . TRS . PSYS,actual) – (fp . (MXSSV – MXPAOv)] / MXPAOv
= [(15 . 20 . 16,8) – (0,03 . (56.506 – 9.511)]/9.511
fPAO, act 0,38 gP/gSSV
MXSSF = fSSF,OHO . MXOHOv + fSSF,PAO . (fP,PAO, act / fP, PAO) . MXPAOv + FXSSF,I . TRS
= 0,15 . 12.490 + 1,3 . (0,38/0,38) . 9.511 + 735 . 20
MXFSS 28.938 kgSSF
6.3 SST
MXSST = MXSSV + MXSSF
= 56.506 + 28.938
MXSST 85.443 kgSST

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6.4 fVT
fVT = MXSSV/ MXSST
= 56.506/85.443
fVT 0,66 gSSV/gSST
6.5 Conteúdo de P em SST
fP,SST = [(fP,OHO . MXOHOv + fp . (MXE,OHOv + MXE,PAOv) + fp . MXUv) / fVT
+ (fP,OHO . MXPAOv)/ fVT,PAO + fP,SSF,i . MXSSF)] / MXSST
= [(0,03 . 12.489 + 0,03 . (10.109 + 1.603) + 0,03 . 22.804) / 0,66 + (0,38 .
9.517)/0,46 + 0,02 . 28.947)]/85.443
0,124 gP/gSST
7. Volume de processo (com base em SST, mas também pode ser com base em SSV)
É importante notar que a vazão afluente também necessita ser apropriada
XSST,OX 4.000 gSST/m3
VR = MXSST / XSST,OX
= 85.443/4.000
VR 21.361 m3
O volume da zona anaeróbia (dividida em duas seções) depende da fração de massa anaeróbia.
VR,AN = fxa VR
= 0,10 . 21.361
VR,AN 2.136 m3
As frações de massa anóxica e aeróbia e, portanto, o volume nessas zonas, devem ser estimadas de
acordo com o procedimento apresentado no Capítulo 5 sobre remoção de nitrogênio e em Ramphao et
al. (2005), onde as equações que relacionam as frações de volume às frações de massa de acordo com
os fatores de reciclo são fornecidas para várias configurações de reatores, incluindo JHB. Usando uma
estimativa das frações de massa aeróbia e anóxica de 0,45 cada, o volume (m 3) para cada zona é próximo
a: AN1:1.060, AN2: 1.060, AX: 7.000, OX: 10.500, AX-RAS: 1.750, para um volume total de 21.370
m3. Deve-se notar que esta aproximação preliminar não considera que a concentração no RAS (return
activated sludge)/reciclo de lodo ativado – zona anóxica é 2,3 vezes mais concentrada do que na zona
do trem principal ((1+r)/r), o que resulta em cerca de um terço da massa anóxica que está na zona RAS-
anóxica e com menor necessidade de volume de processo
8. Demanda de Nitrogênio
FNs = fn . MXSSV / TRS
= 0,10 . 56.506 /20
FNs 283 kgN/d
NTKi,s = FNs/Qi
=283/15
NTKi,s 18,8 gN/m3
9. Demanda de oxigênio (DO)
DO de PAOs para síntese celular e respiração endógena
FOPAO = FOPAO,s + FOPAO,endo
FOPAO,s = FOS,PAO . (1 – fcv . YPAOv)
= 1.770 . (1 – 1,48 . 0,45)
FOPAO,s 591 kgO2/d
FOPAO,endo = FSS,PAO . fcv . (1 – fXE,PAO) . bPAO,T . YPAOv,obs . TRS)
= 1.770 . 1,48 . (1-0,25) . 0,0337 . 0,268 . 20

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FOPAO,endo 356 kgO2/d


FOPAO 947 kgO2/d

9. Demanda de oxigênio (DO)


DO de OHOs para síntese celular e respiração endógena
FOOHO = FOOHO,s + FOOHO, endo
FOOHO,s = FDQOb,OHO . (1 – fcv . YOHOv)
= 7.000 . (1 – 1,48 . 0,45)
FOOHO,s 2.338
FOOHO,endo = FDQOb,OHO . fcv (1 – fXE,OHO) bOHO,T . YOHOv,obs . TRS
= 7.000 . 1,48 . (1-0,20) . 0,202 . 0,0892 . 20
FOOHO,endo 2.990 kgO2/d
FOOHO 5.327 kgO2/d
DO total (carbonácea)
FOc = FOPAO + FOOHO
= 947 + 5.327
FOc 6.274 kgO2/d
Ou de forma simplificada:
FOc = (1 – fcv . YOHOv) . FDQOb,i + fcv . (1- fXE,OHO) . (bPAO,T . MXPAOv + bOHO,T .
MXOHOv)
= (1 – 0,48 . 0,45) . 8.770 + 1,48 . (1 – 0,20) . (0,0337 . 9.511 + 0,202 . 12.490)
FOc 6.288 kgO2/d
Verificação de balanço de massa da DQO
Entrada
FDQOi 11.250 kgDQO/d 100% IN
Saída
Demanda de O2 para síntese celular e respiração endógena
FOc 6.274 kgDQO/d 55,8%
Solúveis inertes que escapam para o efluente
FSU,i 795 kgDQO/d 7,1%
Lodo gSSV gDQO/d
(=gSSV.fcv / TRS = gSSV. 1,48 /20 = g SSV. 0,0740)
MXPAOv 9.511 704 kgDQO/d 6,3%
MXOHOv 12.490 925 kgDQO/d 8,2%
MXbio 22.000 1.628 14,5%
MXE,PAOv 1.603 119 kgDQO/d 1,1%
MXE,OHOv 10.100 747 kgDQO/d 6,6%
MXUv 22.804 1.688 kgDQO/d 15,0%
MXendo+inert 34.506 2.553 22,7%
MXSSV 56.506 4.181 kgDQO/d 37,2%
Soma: 11.250 kgDQO/d 100%
SAÍDA
Delta (Entrada – Saída) 0 kgDQO/d 0%

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O balanço de massa de 100% para a DQO lodo ativado. O lodo é formado de 39% de
indica que toda DQO afluente foi contabilizada biomassa ativa (1,628/4,181) e 61% de matéria
para o cálculo dos valores de demanda de oxigênio particulada inativa (2,553/4,181) dos quais 40%
e produção de lodo. Partindo do balanço de massa são inertes do afluente (1,688/4,181) e 21% de
de DQO, e a partir das condições de resíduo endógeno ((119+747)/4,181) com base em
dimensionamento utilizadas no exemplo, o destino DQO. O resumo dos resultados do
da DQO afluente é o seguinte: 56% é oxidada pelo dimensionamento do sistema de EBPR é
oxigênio, 7% escapa no efluente como matéria apresentado na tabela 6.7.
orgânica não biodegradável solúvel e 37% se torna

Tabela 6.7 Resumo dos resultados do projeto do sistema EBPR (configuração de Joanesburgo).

Descrição Parâmetro Unidade Valor


1. Afluente e bioreator
Tipo de esgoto Bruto/decantado bruto
Temperatura T ºC 14
Vazão afluente Qi MLD 15
DQO total afluente DQOi gDQO/m3 750
DQO rapidamente biodegradável no afluente SS,i gDQO/m3 146
DQO biodegradável no afluente DQOb,i gDQO/m3 585
P total no afluente Pi gP/m3 17
Tempo de retenção de sólidos (idade do lodo) TRS d 20
Fator de reciclo de lodo s m3.d/ m3.d 0,75
Fator de reciclo de licor misto a m3.d/ m3.d 1,5
Concentração de nitrato na reciclo de lodo SNO3,s gN/m3 0,5
2. Porção de SS,i para PAOs e de DQOb,i para OHOs
Concentração de DQO fermentável no último reator SF,ANn gDQO/m3 14,3
anaeróbio
Fluxo de SS,i para PAOs FSS,PAO kgDQO/d 1.770
Fluxo de DQOb,i para OHOs FDQOb,OHO kgDQO/d 7.000
3. Sistema de biomassa (SSV)
Massa de PAOs MXPAOv kgSSV 9.511
Massa de resíduo endógeno de PAOs MXE,PAOv kgSSV 1.603
Massa de OHOs MXOHOv kgSSV 12.490
Massa de resíduo endógeno de OHOs MXE,OHOv kgSSV 10.110
Massa de orgânicos inertes do afluente MXUv kgSSV 22.804
4. Remoção de P
Liberação de PO4 SPO4_rel gP/m3 59,0
Remoção de P por PAOs PPAO gP/m3 12,1
Remoção de P por OHOs POHO gP/m3 1,3
Remoção de P por resíduo endógeno PXE gP/m3 1,2
Remoção de P por XU PXU gP/m3 2,3
Remoção potencial de P no sistema PSYS,pot gP/m3 16,8
Remoção real de P no sistema PSYS,actual gP/m3 16,8
P particulado do efluente (proveniente de SSTe) XP,e gP/m3 0,6
P total afluente Pi gP/m3 17,0
P total efluente Pe gP/m3 0,9
5. Sólidos em Suspensão voláteis e totais (SSV e SST) no sistema
Massa de biomassa ativa MXbio kg SSV 22.000
Massa de SSV MXSSV kg SSV 56.506
Relação de SSVa/SSV fbio, SSV gSSVa/gSSV 0
Massa de SSF MXSSF kg SSF 28.938
Massa de SST MXSST kg SST 85.443
Relação de SSV/SST fVT gSSV/gSST 0,66
Fração de P em SST fP,SST gP/gSST 0,12
6. Volume total do bioreator
Volume do bioreator VR m3 21.361
7. Demanda de N
Demanda de N para síntese celular NTKi, s kgN/d 18,8

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8. Demanda de oxigênio
Fluxo de demanda de O2 para PAOs FOPAO kgO2/d 947
Fluxo de demanda de O2 para OHOs FOOHO kgO2/d 5.327
Fluxo de demanda carbonácea de O2 FOc kgO2/d 6.274
DQO saída/DQO entrada Balanço de DQO gDQO/gDQO 100%

6.10 INFLUÊNCIA DE FATORES (Fukase et al., 1982; Arvin et al., 1985; Comeau et
OPERACIONAIS NOS SISTEMAS DE al., 1986; Wentzel et al., 1989a; Ekama; Wentzel,
EBPR EM ESCALA PLENA 2004). O elevado conteúdo inorgânico da biomassa
dos PAOs faz o SSV/SST ser bem menor que o
observado para os OHOs, 0,46 mgSSV/mgSST
6.10.1 Influência sobre sólidos em comparado a 0,75 a 0,85 mgSSV/SST. Então,
suspensão totais e voláteis e quanto maior a fração de PAO no licor misto, maior
demanda de oxigênio a EBPR e menor a razão SSV/SST.
O modelo para sistemas de EBPR apresentado
O aumento no SST com a inclusão da EBPR
anteriormente permite que se calculem os sólidos
precisa ser levada em conta no dimensionamento
em suspensão voláteis (SSV) e sólidos em
do volume do bioreator (eq. 6.27) e na produção
suspensão totais (SST) no licor misto (equações
diária de lodo. Além disso, a concentração dos
6.23 e 6.24, respectivamente) e a demanda
cátions inorgânicos na água residuária afluente
carbonácea de oxigênio (Equação 6.31). A
deve ter concentração suficiente, uma vez que eles
comparação da massa de SSV e SST produzida e a
estabilizam o polifosfato; de forma contraria a
demanda carbonácea de oxigênio com e sem EBPR
EBPR pode ser afetada negativamente (Wentzel et
por kg de carga de DQO no bioreator versus a idade
al., 1988; Lindrea et al., 1994). Além disso, devido
de lodo são apresentadas na figura 6.31 e 6.32 para
a massa gerada de SSV por kg de carga de DQO ser
águas residuárias brutas e decantadas,
maior na EBPR, a demanda de oxigênio reduz
respectivamente, conforme as caracteríticas
respectivamente cerca de 5-6% e 8-9% para a água
apresentadas. Estas características foram para um
residuária bruta e decantada (dependendo da idade
sistema de EBPR com dois reatores anaeróbios em
do lodo, Figura 6.32).
série, operado a 20ºC, com uma fração total de
massa anaeróbia (fxa) de 15% e sem nitrato no
Embora exista apenas uma pequena diferença
reciclo para o reator anaeróbio. A partir desta
na produção de SSV entre sistemas de EBPR e não-
comparação parece que incluir EBPR em sistemas
EBPR, as frações constituintes do lodo para os dois
de lodo ativado leva a um pequeno aumento dos
sistemas diferem significativamente. Isto pode ser
SSV, de aproximadamente 5 para 12% e 15-25%,
prontamente demonstrado através da comparação
respectivamente, para águas residuárias brutas e
da porcentagem em massa de SSV produzida nos
decantadas (dependendo da idade do lodo). Este
sistemas que exibem e os que não exibem EBPR:
aumento no SSV se deve a baixa taxa de
para ilustrar, a Figura 6.33 mostra a composição de
perda/morte de massa endógena dos PAOs (0,04 d-
1 porcentagem em massa de SSV para sistemas à
a 20 ºC) comparada aos OHOs (0,24 d -1 a 20ºC).
20ºC, respectivamente, com e sem EBPR, tratando
Contudo, o SST aumentou substancialmente, de
águas residuárias com características conforme as
aproximadamente 20 para 25% e 45 para 55%,
mostradas. Observe que sistemas de EBPR tem
respectivamente, para águas residuárias brutas e
uma concentração significativa de biomassa PAO
decantadas (dependendo da idade do lodo). Esta
biologicamente ativa, mas tem uma biomassa ativa
maior produção de SST se deve as maiores
de OHO menor que sistemas sem EBPR.
quantidades de polifosfatos e cátions inorgânicos
armazenados que são necessários para estabilizar as
cadeias de polifosfato – principalmente Mg2+ e K+

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Figura 6.33 Composição percentual da massa de SSV para


sistemas de EBPR que tratam (A) águas residuárias
brutas e (B) decantadas.

Figura 6.31 e 6.32 Massas aproximadas de sólidos voláteis 6.10.2 Relação P/SSV
(MXSSV) e sólidos totais (MXSST) e demanda diária de
oxigênio carbonáceo (MOc) por kg de carga de DQO no A relação P/SSV (ou P/SST) do licor misto é um
reator biológico em tratamento totalmente aeróbio (FA) parâmetro usado frequentemente para avaliar a
e sistema biológico avançado de lodo ativado com performance da EBPR de um sistema de lodo
remoção de P (A, Fig 6.31) para águas residuárias brutas e ativado. A figura 6.34 mostra a relação P/SSV
(B, Fig 6.32) decantadas. calculada para um sistema com dois reatores
anaeróbios em série e água residuária com
caracteríticas como a mostrada versus a idade do
lodo. É considerado que nenhum nitrato é
descartado do reator anaeróbio.

De acordo com a Figura 6.34, a medida que a


idade do lodo aumenta, a relação P/SSV aumenta
até idades de lodo de aproximadamente 10 dias.
Maiores aumentos na idade de lodo causa um
decréscimo na relação P/SSV. O aumento inicial na
P/SSV com a idade do lodo pode ser causado pelo
aumento da biomassa de OHO ativa com a idade do
lodo. Isto produz um aumento na eficiência de
conversão de DQO fermentável para VFA no reator

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anaeróbio e consequentemente um aumento na exigem que a remoção por nitrificação seja


biomassa de PAO ativa (com conteúdo de P incorporada ao sistema de lodo ativado de EBPR.
associado de 0,38 mgP/mgSSV). A diminuição na No modelo do estado estacionário para EBPR com
P/SSV pode ser causada pelo efeito da respiração culturas mistas, o nitrato que é reciclado ao reator
endógena sobre os PAOs. anaeróbio precisa ser conhecido devido à influencia
negativa de seu reciclo sobre a remoção de P. De
fato, uma das orientações principais em qualquer
procedimento de dimensionamento para remoção
de P é prevenir o reciclo de nitrato. Isto pode ser
realizado prevenindo a nitrificação usando
configurações simples como a Phoredox ou o
sistema A/O ainda que essa opção não seja
disponível em alguns países. Consequentemente, a
quantificação precisa e confiável da desnitrificação
em sistemas NDEBPR é essencial para o
dimensionamento de remoção de P, além da
remoção de N. Uma abordagem que tem sido usada
Figura 6.34 Fósforo previsto em relação aos sólidos
para quantificar a desnitrificação em sistemas
voláteis (P / SSV) e sólidos em suspensão totais (P / SST)
NDEBPR é estimar usando a teoria e
versus idade do lodo para licor misto em um sistema
procedimentos de sistemas de nitrificação-
biológico avançado de remoção de P com várias frações
desnitrificação, como definido no capítulo 5
de massa anaeróbia (fxa) tratando águas residuárias com
(WRC, 1984). Dados experimentais indicam que
as características mostradas.
esta abordagem consegue estimar de forma bem
Parece que a relação P/SSV é consequência da próxima a desnitrificação observada (Nicholls,
seleção de parâmetros fundamentais de 1982). Contudo, a partir dos mecanismos de EBPR
dimensionamento como a idade do lodo e a fração e do desenvolvimento da teoria cinética uma
de biomassa anaeróbia. Além disso, a relação inconsistência nesta abordagem fica evidente: a
P/SSV é função das características da água DQORB parece ser usada duas vezes; no reator
residuária (ou seja, da fração DQORB). anaeróbio onde é convertido a VFA que são
Consequentemente, o parâmetro relação P/SSV só assimilados e armazenados como PHA pelos PAO,
pode cumprir a função no dimensionamento se uma e no reator anóxico primario para a desnitrificação.
relação prévia entre a relação e os parâmetros de Esta situação somente seria possivel se os PAOs
dimensionamento forem estabelecidos para a água desnitrificassem usando principalmente a maior
residuária a ser tratada. Isto não pode ser usado de parte dos VFAs armarzenados internamente como
forma confiável como um parâmetro para projeto PHA no reator anaeróbio à montante como doador
básico. de elétrons no reator anóxico à jusante, o que
implica que a assimilação principal de P deve
ocorrer no reator anóxico primário e não no reator
6.11 DIMENSIONAMENTO INTEGRADO aeróbio. Embora este comportamento não tenha
DE SISTEMAS DE NDEBPR sido observado anteriormente em alguns dos
experimentos em escala de bancada com sistemas
NDEBPR e com culturas enriquecidas realizados
6.11.1 Contexto na Universidade de Cape Town (Wentzel et al.,
A legislação de alguns países sobre as 1989a). isto foi claramente demonstrado por
concentrações permitidas de amônia no efluente Vlekke et al. (1988), Kuba et al. (1996), Hu et al.
(2007) e integrado no Modelo de lodo ativado 2d:

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ASM2d (Henze et al., 1999). Enquanto o modelo devido a um estimulo na biomassa de lodo ativado
ASM2d simula a utilização de PHA pelos PAOs a um aumento na taxa de hidrólise da DQOLB no
sob condições anóxicas, ele não direciona reator anóxico de sistemas NDEBPR,
mudanças no comportamento da EBPR com aparentemente induzido pela presença de reatores
assimilação anóxica de P; a remoção de P por anaeróbios nestes sistemas.
EBPR diminui em um terço (Ekama;Wentzel,
1999). ASM2d permite que a assimilação de P se
inicie no reator anóxico, mas a remoção de P 6.11.2 Potencial de desnitrificação em
prevista é a mesma que se ele fosse assimilado sistemas NDEBPR
apenas no reator anaeróbio. Modelos subsequentes
tentaram resolver isto, ou seja, Hu et al. (2007). O potencial de desnitrificação é a quantidade
máxima de nitrato que pode ser removida por vias
Claramente para que a desnitrificação ocorra biológicas em reatores anóxicos. Uma vez que
com perfeição esta tem que ser incorporada no estudos experimentais sobre a cinética de
modelo de estado estacionário para culturas mistas, desnitrificação em sistemas NDEBPR indicaram
um aspecto omitido até este estágio. Usando que a formulação desenvolvida para sistemas ND
reatores anóxicos de fluxo em pistão e testes em podem ser aplicadas a sistemas NDEBPR, as
batelada, Clayton et al. (1991) conduziram técnicas estabelecidas no capítulo 5 para
experimentos para investigar a cinética da desenvolver equações para o potencial de
desnitrificação em sistemas NDEBPR. Eles desnitrificação em sistemas ND também podem ser
observaram que nestes sistemas: usada para sistemas NDEBPR. Observe que a
notação “linha” (‘) é adicionada as taxas constantes
• No reator anóxico primário, (i) a rapida taxa de de desnitrificação específica para indicar que o
desnitrificação associada com a DQORB foi valor do parâmetro é diferente entre sistema ND
muito reduzida ou nula, e (ii) a taxa de (sem ‘) e sistemas NDEBPR (com ‘)(Clayton et al.,
desnitrificação mais lenta associada com 1991; Ekama ;Wentzel, 1999).
DQOLB foi aproximadamente 2,5 vezes a taxa
medida no reator anóxico primario de sistemas dSNO3 / dt = KT . XOHO (mgNO3—N / L.d) (6.32)
ND.
• No reator anóxico secundário, a desnitrificação onde:
foi aproximadamente 1.5 vezes a taxa medida dSNO3 / dt taxa de desnitrificação (mgNO3—N
no reator anóxico secundário de sistemas ND. / L.d)
KT taxa específica de desnitrificação
A partir de uma ampla investigação das causas, sob temperatura T para sistema
Clayton et al. (1991) concluíram que o aumento das NDEBPR (mgNO3—N / mg
taxas de desnitrificação não foram devido a: SSVA.d)
• Desnitrificação pelos PAOs; para os sistemas
investigados, as medidas de PHA e P indicaram 6.11.2.1 Potencial de desnitrificação do
que os PAOs não desnitrificaram, o que reator anóxico primário
continua controverso.
• Modificação do esgoto na zona anaeróbia; A desnitrificação no reator anóxico primário ocorre
águas residuárias que não passaram pela zona através da utilização de qualquer DQORB e
anaeróbia induziram a mesma resposta DQOLB presentes no reator anaeróbio. Os
desnitrificante do esgoto que passou. procedimentos para determinar a quantidade de
As observações anteriores levaram Clayton et DQORB que se perde através do reator anaeróbio
al. (1991) a concluir que o aumento na taxa foi são definidas na seção 6.8.3.3, onde S F,ANn é a

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concentração de DQO fermentável na saída do


(DQOb,i-Ss,PAO )YOHO TRS
reator anaeróbio, e SFAnn(1+razão de reciclo) a β= (6.35b)
(1+bOHO,T TRS)
vazão em massa de afluente por litro. Estes
procedimentos levam em conta a utilização de
DQORB no reator anaeróbio através do seu Na eq. 6.34 se assume que a taxa inicial rápida
armazenamento pelos PAOs (conversão direta ou de desnitrificação (K2,T) sobre a DQORB que se
sequencial) ou pela respiração perde através do reator anaeróbio (SF,Ann(1+r) é
aeróbia/desnitrificante dos OHOs. sempre completa, isto é, o tempo de retenção real
Consequentemente, o potencial de desnitrificação no reator anóxico primário é maior que o tempo
no reator anóxico primário (Dpl) pode ser expresso necessário para utilizar essa DQORB. Assim como
por: para sistemas ND, uma equação pode ser
desenvolvida para determinar a fração mínima de
Dpl = SF,ANn (1+r)(1-fcvYOHOv) / 2,86 + massa anóxica primaria fx1,min para consumir a
K2,TXOHOHRTnp DQORB:
(mgN/Linf) (6.33) SF,ANn (1+r)(1-fcv YOHOv )(1+bOHO,T TRS)
onde: fx1,min = (6.36a)
DQOb,i -Ss,PAO )2,86K1,T YOHO TRS
Dpl potencial de desnitrificação no reator
anóxico primário (mgN/Linf) fx1, min = α / (β K1,T) (6.36b)
K2,T taxa específica de desnitrificação no
reator anóxico primário do sistema Onde K1,T é a taxa inicial de desnitrificação no
NDEBPR com DQOLB sob reator anóxico primário de um sistema NDEBPR
temperatura T e ≈ 0,23 mgNO3-- com DQORB sob T ºC e igual ao K1,T de um
N/mgSSVA.d (Clayton et al., 1991; sistema ND.
Ekama; Wentzel, 1999) isto é ≈ 2.5
vezes maior que sistemas ND (K2T) Substituindo os valores para as constantes na
HRTnp tempo de detenção hidráulica nominal eq. 6.36 e assumindo que 80 por cento da DQORB
do processo (d) no afluente é capturada pelos PAOs no reator
anaeróbio, fx1, min < 0,02 para TRS > 10 dias a 14ºC
Seguindo os procedimentos estabelecidos no com DQOb,i = 800DQO/L e fSS = 0,24. Este valor
capítulo 5, a eq. 6.33 pode ser modificada e de 2% de fração de massa anóxica é muito menor
simplificada para obter: que a fração de massa real no reator anóxico
primário, logo para quase todos os casos as eqs.
SF,ANn (1+r)(1-fcv YOHOv )
Dpl = + 6.34 e 6.35 serão válidas.
2,86
fx1 K2,T (DQOb,i-Ss,PAO )YOHO TRS
(1+bOHO,T TRS)
Contudo, as eqs. 6.34a e 6.34b são complexas.
(6.34a) Para calcular o potencial de desnitrificação anóxico
Ou, primário (Dpl), é necessário saber a concentração da
DQORB na saída do reator anaeróbio (SF,ANn). Para
Dpl = α + fx1K2,Tβ (6.34b) calcular SF,ANn, saber a concentração de nitrato
reciclado ao reator anaeróbio é necessário,
onde: requerendo que Dpl seja conhecido. Este aspecto
fx1 fração em massa no reator anóxico será abordado com mais detalhes na seção 6.11.3.2
primário a seguir.

SF,ANn (1+r)(1-fcv YOHOv )


α= (6.35a)
2,86

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6.11.3.2 Potencial de desnitrificação do 6.11.3 Princípios do procedimento de


reator anóxico secundário dimensionamento da desnitrificação
para sistemas NDEBPR
O potencial de desnitrificação do reator anóxico
secundário (Dp3) é determinado seguindo os Em sistemas NDEBPR, o dimensionamento é
principios estabelecidos no capítulo 5, e é dado por: realizado de forma a obter em um sistema de lodo
único:
fx3 𝐾3,𝑇 (DQOb,i−SS,PAO )YOHO TRS)
Dp3 = (6.37a)
(1 + bOHO,T TRS)
1. remoção de DQO
2. remoção de N (nitrificação/desnitrificação), e
Dp3 = fx3K3,Tβ (6.37b) 3. remoção de P (EBPR)

onde: Conflitos entre estes objetivos podem aparecer,


fx3 fração de massa do reator anóxico particularmente entre a remoção de N e P, ou seja.,
secundário biomassa sem aeração requerida para reatores
K3,T taxa de desnitrificação específica no anóxicos (remoção de N) e reatores anaeróbios
reator anóxico secundário sob (remoção de P). Para cada dimensionamento, as
temperatura T e ≈ 0,10 mgNO3— prioridades do tratamento precisam sem definidas e
N/mgSSVA.d (Clayton et al., 1991; estabelecidas para otimizar o sistema.
Ekama ; Wentzel, 1999) isto é, ≈ 1.5
vezes maior que em sistemas ND (K3,T) Em alguns países, o dimensionamento de
sistemas NDEBPR normalmente foca no EBPR
A eq. 6.37 se aplica a reatores anóxicos deixando a desnitrificação em segundo plano, uma
secundário situados na linha principal (e.x., vez que a legislação limita as concentrações de P
Bardenpho modificado de 5 estágios) e na linha de mais que as de nitrato, que são restritas apenas para
reciclo (e.x., sistema JHB). Contudo, na aplicação casos específicos. Consequentemente, nestas
da eq. 6.37 a reatores anóxicos secundários situações o principio fundamental no
situados na linha de reciclo de lodo do fundo do dimensionamento da desnitrificação é assegurar
decantador, deve-se tomar cuidado na avaliação de que o reator anaeróbio seja protegido do reciclo de
fx3, pois a concentração no licor misto é aumentada nitrato. Este principio fundamental irá determinar
por um fator de (1+s)/s na vazão de reciclo do qual configuração de sistema será utilizada
reator anóxico comparada a dos reatores da linha (Bardenpho modificado de 5 estágios, JHB e
principal . UCT/MUCT considerado neste capítulo) e fornece
procedimentos para dimensionar os reatores
As maiores taxas de desnitrificação K2,T e K3,T anóxicos.
no sistema NDEBPR comparadas com sistemas
ND exigem maiores valores de η para o processo Para selecionar uma configuração para sistemas
de hidrólise/crescimento de DQOLB conduzido EBPR, é necessário estabelecer se a desnitrificação
por OHO sob condições anóxicas no ASM2 e completa pode ser realizada. A partir das
ASM2d. características da água residuária, isto é,
concentrações de NKT e DQO no afluente (NKTi e
DQOi), taxa de crescimento específico dos
nitrificantes a 20 ºC (μANO,max,20) e a temperatura
mínima média da água, a fração máxima de lodo
não-aerado (fx, max) e a capacidade nitrificante
(NITc) podem ser calculadas para selecionar a

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idade do lodo (TRS), conforme o capítulo 5. Este segundo reator anóxico torna ineficiente o uso da
fx, max precisa ser dividido entre frações de biomassa fração de massa anóxica e a fração de massa
anaeróbia (para EBPR) e anóxica (para anóxica secundária é adicionada ao reator anóxico
desnitrificação). Consequentemente, a fração primário, ou seja, o sistema UCT/MUCT. De forma
máxima de massa de lodo anóxico (fxd, max) é a alternativa, se concentrações muito pequenas de
diferença entre a fração máxima de massa não nitrato no efluente são exigidas, o reator anóxico
aerada (fx, max) e a fração de massa selecionada do secundário pode ser mantido e metanol pode ser
lodo anaeróbio (fxa), isto é: adicionado à ele.

fxd, max = fx, max - fxa (6.38) 6.11.4 Análise da desnitrificação em


sistemas NDEBPR
onde:
fxd,max fração máxima de massa anóxica A análise do comportamento da desnitrificação em
fx, max fração máxima de massa não-aerada sistemas NDEBPR é praticamente a mesma que
para sistemas ND (capítulo 5) exceto que:
O valor de fx, max é dado pela Eq. (5.19), no
capítulo 5 para valores definidos de TRS, • A fração de massa para desnitrificação (fxd, max)
μANO,max,20. Sf e Tmin. para sistema NDEBPR é dada pela Eq. 6.38,
onde fxd, max para sistemas ND é dada pela Eq.
O valor de fxd, max pode então ser subdividido entre 5.56. Consequentemente, para a mesma fração
fração de massa de lodo anóxico primário e máxima de massa não-aerada (fx, max), o sistema
secundário (fx1 e fx3) e essa divisão ajusta o NDEBPR tem fração de massa menor que para
potencial desnitrificante destes dois reatores (Dp1 e sistema ND, para uma quantidade igual a fxa.
Dp3) e consequentemente também do sistema. Se o • As taxas de desnitrificação específica para
potencial de desnitrificação do sistema exceder a sistemas ND (K2 e K3, capítulo 5) são
capacidade nitrificante (isto é Dp1 + Dp3 > NITc) substituidas com as taxas medidas para
então a desnitrificação completa é possível e o sistemas NDEBPR (K2,T e K3,T, seção 6.11.2).
reator anóxico secundário é situado na linha • Os potenciais de desnitrificação para os
principal, ou seja, a configuração Bardenpho reatores anóxicos primário e secundário são
modificada de 5 estágios. Se a desnitrificação modificados a partir do capítulo 5 para sistemas
completa não for possível, o nitrato do Bardenpho ND definidos pelas Eqs. 6.34 e 6.37 para
modificado de 5 estágios irá aparecer no efluente e sistemas NDEBPR de forma a considerar o
será reciclado através do reciclo-s para o reator armazenamento de DQO pelos PAOs no reator
anaeróbio. Consequentemente, o reator anóxico anaeróbio, e a não participação dos PAOs na
secundário é realocado para a vazão de reciclo de desnitrificação.
lodo do fundo do decantador, ou seja, sistema JHB,
na qual o potencial de desnitrificação do reator O objetivo do modelo simplificado do estado
anóxico secundário (Dp3) tem que exceder as cargas estacionário apresentado a seguir é obter uma
de oxigênio e nitrato através da reciclo-s. Se os estimativa da razão de reciclo necessária para
requisitos não forem atendidos, o nitrato ira “vazar” carregar o reator anóxico com seu potencial
através da vazão de reciclo de lodo do reator desnitrificante. Uma análise detalhada do sistema
anóxico secundário para o reator anaeróbio. Nesta EBPR pode ser realizada utilizando programas de
situação, uma vez que o potencial de simulação. Levando em conta o exposto
desnitrificação do reator anóxico primário (Dp1) é anteriormente, equações de desnitrificação para o
maior que o do reator anóxico secundário (Dp3) para sitema UCT são desenvolvidas a seguir.
mesmas frações de massa anóxica, incorporar um

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6.11.4.1 Sistema UCT procedimento para o sistema MLE: isto é aopt é


o reciclo-a que carrega o reator anóxico
No sistema UCT o comportamento da primário para seu potencial de desnitrificação
desnitrificação é muito similar ao MLE, por isso, (Dp1). A partir do balanço de massa no entorno
levando em conta o efeito da incorporação do reator do reator anóxico primário, a carga de nitrato
anaeróbio, as equações de dimensionamento e equivalente neste reator (FSNO3,x1/Qi) é dada
procedimentos desenvolvidos para sistemas MLE por:
podem ser prontamente adaptadas para aplicação
em sistema UCT. FSNO3,x1 SO2,s SO2,a
=s [sNO3,e + ] +a [SNO3,e + ] (6.41)
Qi 2,86 2,86

Nesta aplicação, os seguinte princípios são


importantes: onde:
SO2,s e SO2,a são a concentração de O2 dissolvido,
• Uma vez que a desnitrificação completa não é respectivamente nos reciclos s e a.
possível, toda fração de massa anóxica
disponível é usada, na forma de um reator Adaptando-se a Eq. 6.41 para o potencial
anóxico primário. desnitrificante dado pela Eq. 6.39, reconhecendo a
• A razão de reciclo-a determina a divisão do = aopt e resolvendo em função de aopt temos:
nitrato entre o reator anóxico primário e o
efluente. A razão de reciclo-a é selecionada, de aopt = [-B+√B2 -4AC] /(2A) (6.42)
forma que a carga de nitrato equivalente
alimenta o reator anóxico primario através do onde:
reciclos a e s apenas para seu potencial A SO2,a/2,86
desnitrificante. B NITc – Dp1 + {(s+1) SO2,a + s SO2,s} / 2,86
C s NITc – (s+1)(Dp1-s SO2,s/2,86)
Levando em conta o exposto anteriormente,
equações de dimensionamento são desenvolvidas a Para a = aopt, Eq. 6.42 irá fornecer o SNO3, e
seguir para o sistema UCT. mínimo alcançável. A Eq. 6.42 é válida para todo a
≤ aopt pois a premissa a qual a Eq. 6.42 se baseia é
• Potencial desnitrificante (Dp1): O potencial de valida, isto é, concentração zero de nitrato na saída
desnitrificação do reator anóxico primário (Dp1) do reator anóxico primário. Se o sistema operar
é encontrado a partir da Eq. 6.34 com fx1=fxd,max, com a > aopt, a carga de nitrato equivalente no reator
isto é: anóxico primário através dos reciclos a e s excede
o potencial desnitrificante, e o nitrato também será
Dp1 = α +fxd, maxK2,Tβ (6.39) recicaldo pelo reciclo r para o reator anaeróbio,
prejudicando a EBPR. Alem disso, se nitrato
• Concentração de nitrato no efluente (SNO3,e): Se “vazar” através do reator anóxico primário então a
a concentração de nitrato na saída do reator concentração de nitrato na saída do reator anóxico
anóxico primário é zero, então: primário não será mais zero, e consequentemente,
a Eq. 6.40 para a concentração de concentração de
SNO3,e = NITc/(a+s+1) (6.40) nitrato no efluente (SNO3,e) não será válida.

• Razão ótima de reciclo-a (aopt): Devido as


semelhanças entre os sistemas MLE e UCT,
uma equação de aopt para sistemas UCT pode
ser desenvolvida através do seguinte

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6.11.5 Nitrato máximo reciclado para o magnésio e amônia: MgNH4PO4) especialmente


reator anaeróbio quando um digestor anaeróbio é utilizado, ou como
hidroxiapatita (Ca10(PO4)5(OH)2] quando menor
Os procedimentos de dimensionamento para quantidade de amônia está disponível.
desnitrificação apresentados na seção anterior
foram desenvolvidos assumindo que o aumento nas Em alguns corpos d’água mais sensíveis,
taxas de desnitrificação (K2,T e K3,T) se aplicam, isto limites de descarte de fósforo (e nitrogênio),
é, que o sistema exibe EBPR. Contudo, recircular algumas vezes abaixo de 0,1 g total P por m3, foram
nitrato ou oxigênio para o reator anaeróbio tem um determinados. Para efetivamente alcançar estes
efeito adverso sobre a EBPR. No caso onde muito baixos níveis, sistemas de coagulação e filtração ou
nitrato ou oxigênio seja reciclado de forma que ultrafiltração precisam ser utilizados.
todo DQO fermentável fosse consumida para
desnitrificação, nada restaria disponível para Os Organismos Acumuladores de Fósforo
conversão a VFAs. Neste caso, fazendo SF,i,conv = 0 (PAOs) tem sido estudados de forma a
na Eq. 6.8 e resolvendo para SNO3,s, temos: compreender os mecanismos bioquímicos do seus
metabolismos anaeróbio, anóxico e aeróbio. A
SF,i (sSO2,s +SO2,i )
SNO3,s = [{ - } -SNO3, i ] / s (6.43) partir destes estudos, principios de otimização do
8,6 2,86
processo e modelos matemáticos tem sido
Essa concentração de nitrato efetivamente desenvolvidos para analisar o dimensionamento no
define a quantidade máxima de nitrato que pode ser estado estacionário e incorporá-los à softwares de
reciclada para o reator anaeróbio, mantendo as forma a estudar diferentes cenários e facilitar o
equações apresentadas neste capítulo válidas. Sob dimensionamento, otimização e desenvolvimento
esta concentração de SNO3,s se existir quaisquer de sistemas EBPR. O efeito do nitrato no lodo ou
VFAs presente no afluente, a EBPR ainda será de recirculações internas, e o efeito de mudanças
obtida. dinâmicas na carga (por exemplo., sobrecargas
orgânicas após fins-de-semana ou aporte de
A SNO3,s deve ser excedida, para desenvolver resíduos industriais) podem ser melhor
uma competição entre os PAOs e OHOs pelos quantificados com o uso destes softwares.
VFAs (para acúmulo e desnitrificação, Futuros desenvolvimentos nesta área
respectivamente) e um modelo cinético será devem vir para melhorar a compreensão dos
necessário para determinar a performance do mecanismos bioquímicos dos diferentes grupos de
sistema, e as equações desenvolvidas neste capítulo PAOs, GAOs e organismos filamentosos, de forma
não são válidas para esta situação. a propor estratégias práticas de controle para
favorecer a prevalência dos PAOs. Alguns grupos
de PAOs, como os Tetrasphaera, parecem ser de
6.12 CONCLUSÕES grande importancia em muitos processos de EBPR,
onde ainda se tem muito a aprender sobre como eles
A remoção biológica avançada de fósforo (EBPR) funcionam e como melhor explorar sua atividade
tem sido desenvolvida para auxiliar no controle da para beneficiar a remoção de P. Com uma melhor
eutrofização através da remoção de fósforo de compreensão dos fundamentos bioquímicos do
águas residuárias sem a utilização de produtos processo, parâmetros melhorados e modelos
químicos. A elevada quantidade de fósforo metabólicos poderiam então ser desenvolvidos, o
presente na biomassa descartada dos processos que levaria a modelos mais precisos e processos de
EBPR torna possivel a recuperação de fósforo EBPR mais robustos.
através de formação de estruvita (fosfato de

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NOMENCLATURA

Símbolo Descrição Unidade


a Razão de reciclo do líquor em relação a vazão afluente m3.d/m3.d
aopt Razão de reciclo -a mínima para fornecer Nne m3.d/m3.d
bOHO Taxa de perda de massa endógena específica de OHOs gSSVE/gSSV.d
bOHO,T Taxa de perda de massa endógena específica de OHOs em uma gSSVE/gSSV.d
temperatura T
bPAO Taxa de perda de massa endógena específica de PAOs gSSVE/gSSV.d
bPAO,T Taxa de perda de massa endógena específica de PAOs em uma gSSVE/gSSV.d
temperatura T
DQOb Concentração de DQO biodegradável gDQO/m3
DQOb,i Concentração de DQO biodegradável no afluente gDQO/m3
DQOb,OHO Concentração de DQO biodegradável disponível para os OHOs gDQO/m3
DP1 Potencial de desnitrificação do reator anóxico primário gN-NO3/m3 afluente
DP3 Potencial de desnitrificação do reator anóxico secundário gN-NO3/m3 afluente
fxa Fração de massa anaeróbia gSSV/gSSV
fx1 Fração de massa no reator anóxico primário gSSV/gSSV
fx1,min Fração mínima de massa anóxica primária gSSV/gSSV
fx3 Fração de massa no reator anóxico secundário gSSV/gSSV
FDQOb,i Massa afluente diária de matéria orgânica biodegradável gDQO/d
FDQOb,OHO Massa diária de substrato biodegradável disponível para os OHOs gDQO/gDQO
FDQOi Massa afluente diária de DQO gDQO/d
fCV Razão DQO/SSV do lodo gDQO/gSSV
fSSF Conteúdo inorgânico nos OHOs gSSF/gSST
fFSS Conteúdo inorgânico nos PAOs gSSF/gSST
fn Conteúdo de N no lodo gN/gSSV
FNs Massa diária de nitrogênio necessária para produçãoo de lodo gN/d
FOc Massa diária de demanda carbonácea de oxigênio gO2/d
FOOHO Massa diária de oxigênio consumido pelos OHOs gO2/d
FOPAO Massa diária de oxigênio consumido pelos PAOs gO2/d
FOt Massa diária da demanda total de oxigênio gO2/d
fP,SSF Fração de P nos sólidos em suspensão fixos (inorgânicos) gP/gSSF
fP,SSF,i Fração de P nos sólidos em suspensão fixos (inorgânicos) do afluente gP/gSSF
fP,OHO Fração de P na massa OHO ativa gP/gSSVA
fP,PAO Fração de P na massa PAO ativa gP/gSSVA
fP,SST Fração de P relacionado aos SST gP/gSST
fP Fração de P relacionado aos SSV gP/gSSV
fP Fração de P na massa OHO endógena gP/SSVE
fP Fração de P na massa PAO endógena gP/SSVE
fP Fração de P na massa inerte gP/SSVI
fPO4,rel Razão P liberado/VFA assimilado gP/gDQO
FSF,CONV Massa diária de DQO fermentável convertida em VFAs nos reatores gDQO/d
anaeróbios
fSU,DQOi Fração de DQO solúvel não-biodegradável do afluente gDQO/gDQO
FSPO4,rel Massa diária de P liberada pelos PAOs gP/d
fSS,DQOi Fração rapidamente biodegradável afluente na DQO total afluente gDQO/gDQO
fSS Fração rapidamente biodegradável afluente na DQO biodegradável gDQO/gDQO
afluente
FSS,PAO Massa diária de Ss armazenado pelos PAOs no reator anaeróbio gDQO/d
FSVFA,i Massa diária de VFA afluente gDQO/d
fSVFA,SSi Fração de VFAs na DQO rapidamente biodegradável gDQO/gDQO
fVT Razão SSV/SST para massa OHO ativa e endógena, massa PAO endógena gSSV/gSST
e massa inerte
fVT,PAO Razão SSV/SST para massa PAO ativa gSSV/gSST
fxd,max Fração máxima de massa anóxica gSSV/gSST
fXE,OHO Fração de resíduo endógeno de OHOs gSSVE/gSSVA
fXE,PAO Fração de resíduo endógeno de PAOs gSSVE/gSSVA

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368
368

Símbolo Descrição Unidade


FXSSF,i Massa diária de compostos inorgânicos no afluente gSSF/d
fXU,DQOi Fração de DQO particulada não biodegradável no afluente gDQO/gDQO
fX,max Fração máxima de massa não-aerada gSSV/gSSV
FXS,i Massa diária de DQO lentamente biodegradável no afluente gDQO/d
HRTnp Tempo de detenção hidráulica nominal médio do processo d
K1,T Taxa de desnitrificação específica no reator anóxico primário de sistemas gN-NO3/gSSVOHO.d
NDEBPR com DQORB sob temperatura T
K2,T Taxa de desnitrificação específica no reator anóxico primário de sistemas gN-NO3/gSSVOHO.d
NDEBPR com DQOLB sob temperatura T
K3,T Taxa de desnitrificação específica no reator anóxico secundário de gN-NO3/gSSVOHO.d
sistemas NDEBPR com DQOLB sob temperatura T
KF,T Taxa constante de primeira ordem da fermentação sob temperatura T m3/gSSVOHO.d
KT Taxa de desnitrificação específica de OHOs para sistemas NDEBPR (‘) gN-NO3/gSSVOHO.d
sob temperatura T
MXE,OHOv Massa de resíduo OHO endógeno no sistema gSSVE
MXE,PAOv Massa de resíduo PAO endógeno no sistema gSSVE
MXSSF Massa de sólidos em suspensão fixos (inorgânicos) no sistema gSSF
MXUv Massa de matéria orgânica inerte no sistema, vindo do afluente gSSV (ou gSSVA)
MXOHOv Massa de OHOs no sistema gSSVA
MXPAOv Massa de PAO no sistema gSSVA
MXSST Massa de SST no sistema gSST
MXSSV Massa de sólidos em suspensão voláteis no sistema gSSV
n Número de reatores anaeróbios em série -
N Número total de reatores anaeróbios de mesmo volume na série n = -
1,2....N
NITc Capacidade de nitrificação do biorreator gN-NO3/m3
NTK Concentração de nitrogênio total Kjeldahl gN/m3
NTKi,s NTK afluente requerido para síntese de biomassa gN/m3
Pe Concentração de fósforo total no efluente gP/m3
Pi Concentração de fósforo total no afluente gP/m3
Qi Vazão diária média afluente m3/d
Qi,ADWF Vazão média de tempo seco Ml/d
r Razão de reciclo do licor misto a partir do reator aeróbio para o anóxico m3.d/m3.d
(ou anaeróbio) em relação ao afluente
s Razão de reciclo do lodo ativado de reciclo em relação à vazão afluente m3.d/m3.d
SAlk Concentração de alcalinidade mgCaCO3/l
SF Concentração de matéria orgânica fermentável gDQO/m3
SF,ANn Concentração de matéria orgânica fermentável no n-ésimo reator AN gDQO/m3
SF,conv Matéria orgânica fermentável convertida em VFAs por volume de afluente gDQO/m3
SF,DENIT Substrato fermentável consumido pela desnitrificação no reator anaeróbio gDQO/m3
SF,i Concentração de matéria orgânica fermentável no afluente gDQO/m3
SF,i,conv SF,i disponível para conversão em VFAs por volume de afluente gDQO/m3
SF,OXID Substrato fermentável consumido pela oxidação aeróbia no reator gDQO/m3
anaeróbio
SU,i Concentração de matéria orgânica solúvel inerte no afluente gDQO/m3
SNO3,e Concentração de nitrato no efluente gN-NO3/m3
SNO3,i Concentração de nitrato no afluente (ao reator AN) gN-NO3/m3
SNO3,s Concentração de nitrato no lodo reciclado para o reator AN gN-NO3/m3
SO2 Concentração de oxigênio dissolvido gO2/m3
SO2,a Concentração de oxigênio no reciclo anóxico para o reator AN gO2/m3
SO2,i Concentração de oxigênio afluente gO2/m3
SO2,s Concentração de oxigênio no reciclo de lodo para o reator AN gO2/m3
SPO4,rel Concentração de P liberado gP/m3
SS,i Concentração de DQO rapidamente biodegradável no afluente gDQO/m3
SS,PAO Concentração de Ss armazenada pelos PAOs gDQO/m3
SVFA Concentração de ácidos graxos voláteis gDQO/m3
SVFA,i Concentração de ácidos graxos voláteis no afluente gDQO/m3
SST Sólidos em suspensão totais gSST/m3

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369

SSV Sólidos em suspensão voláteis gSSV/m3


Símbolo Descrição Unidade
TRS Idade do lodo d
t Tempo h
T Temperatura ºC
Tmin Temperatura mínima ºC
VR Volume do processo biológico (biorreator) l
XSSF,i Concentração afluente de sólidos em suspensão fixos (SSF) gSSF/m3
XU,i Concentração afluente de matéria particulado inerte gDQO/m3
XOHO Concentração de organismos heterótrofos comuns gDQO/m3
XOHO,AN Concentração de organismos heterótrofos comuns no reator anaeróbio gDQO/m3
XPAO Concentração de organismos acumuladores de fósforo gDQO/m3
XS Concentração de matéria orgânica lentamente biodegradável gDQO/m3
XS,i Concentração de matéria orgânica lentamente biodegradável no afluente gDQO/m3
XSST Concentração de sólidos em suspensão totais no reator gSST/m3
XSST,OX Concentração desejada de SST selecionados no reator aeróbio gSST/m3
XSSV Concentração de sólidos em suspensão voláteis no reator gSSV/m3
XSSV,OX Concentração desejada de SSV selecionados no reator aeróbio gSST/m3
YOHOv Rendimento de biomassa OHO gSSVA/gDQO
ΔPOHO P removido devido aos OHOs gP/m3 afluente
ΔPPAO P removido devido aos PAOs gP/m3 afluente
ΔPSYS Remoção de P total no sistema gP/m3 afluente
ΔPSYS,actual Remoção real de P total no sistema gP/m3 afluente
ΔPXE Remoção de P devido a massa residual endógena gP/m3 afluente
ΔPXU Remoção de P devido a massa inerte gP/m3 afluente

Abreviatura Descrição
A/O Processo anaeróbio/óxico
A2O Processo anaeróbio, anóxico, aeróbio
AN Anaeróbio
AX Anóxico
BNR Remoção biológica de nitrogênio
DGGE Eletroforese em gel de gradiente desnaturante
DQORB DQO rapidamente biodegradável
DQOLB Matéria orgânica particulada lentamente biodegradável
DS Decantador secundário
e Efluente
EBPR Remoção biológica avançada de fósforo
EM Microscopia eletrônica
SSVE Resíduo endógeno nos sólidos em suspensão voláteis
FISH Fluorescência na hibridização in situ
HRT Tempo de detenção hidráulica
i afluente
JHB Processo Joanesburgo
MLE Processo Ludzack-Ettinger
MLSS Sólidos em suspensão no licor misto
MLVSS Sólidos em suspensão voláteis no licor misto
MUCT Processo UCT modificado
NIT Organismos nitrificantes
ND Nitrificação-desnitrificação
NDEBPR Nitrificação-desnitrificação EBPR
NTK Nitrogênio total Kjedahl
OHO Organismos heterótrofos comuns
OUR Taxa de utilização de oxigênio/TCO
OX Aeróbio
PAO Organismo acumulador de fósforo
PHA Polihidroxialcanoatos
PHB Polihidroxibutirato

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370
370

Abreviatura Descrição
PHV Polihidroxivalerato
PO4 Fosfato
RAS Lodo ativado de reciclo
SBR Reator de bateladas sequenciais
SSF Sólidos em suspensão fixos
SSV Sólidos em suspensão voláteis
SSVA Sólidos em suspensão voláteis ativo
SSVI Sólidos em suspensão voláteis inertes
SST Sólidos em suspensão totais
TRS Tempo de retenção de sólidos (ou lodo)
TCA Ciclo do ácido tricarboxílico
TN Nitrogênio total
TP Fósforo total
UCT Processo Universidade de Cape Town
VFA Volatille fatty acids – Ácidos Graxos Voláteis
VIP Processo iniciativa Virginia
w Descarte de lodo do reator aeróbio
ws Descarte de lodo da linha de reciclo

Letra grega Descrição Unidade


α Constante alfa
β Contante beta
μANO,max,20 Taxa máxima de crescimento específico de nitrificante a 20ºC d-1
θk,F Coeficiente de temperatura de Arrhenius para k F -
Η Fator de redução para hidrólise aeróbia/taxas de processo de crescimento para
DQOLB em condições anóxicas
θb,OHO Coeficiente de temperatura de Arrhenius para b OHO -
θb,PAO Coeficiente de temperatura de Arrhenius para b PAO -

Figura 6.35 Pesquisas com culturas enriquecidas de PAO em reatores de bateladas sequencias (RBS) em escala de bancada
tem contribuído significativamente para o desenvolvimento de modelos metabólicos. A figura mostra a fotografia da tela de
um curso online sobre EBPR (https://experimentalmethods.org/courses/activated‐sludge‐activity‐tests/) baseado em Van
Loosdrecht et al., 2016

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371

7 Tratamento Inovador de Esgoto


Contendo Enxofre
Hui Lu, Di Wu, Tianwei Hao, Ho Kwong Chui, George A.
Ekama, Mark C.M. van Loosdrecht e Guanghao Chen
Tradução: André Bezerra dos Santos, Marcos Erick Rodrigues e Paulo Igor Milen Firmino
da Silva

7.1 INTRODUÇÃO fontes de poluição de água e solo do mundo


(Huisman et al., 2006). Estima-se que os custos
O enxofre, o menos comum dos cinco totais do tratamento induzido por enxofre variam
macroelementos na biosfera, é amplamente de 2% a 3% do produto interno bruto nos países
transformado e translocado por meio de reações desenvolvidos (Kruger, 2011), em que os custos
biológicas e químicas na biosfera. Apresenta-se anuais de recuperação e prevenção da corrosão de
principalmente na forma de grupos mercapto em tubos de esgoto associados ao enxofre são
aminoácidos contendo enxofre (1% em peso/peso estimados em bilhões de dólares (Pikaar et al.,
seco) nas células. Gesso (CaSO4), sulfetos 2014). O controle de bactérias redutoras de sulfato
metálicos (FeS2) em rochas e sedimentos (7.800 · (BRS) tem um papel fundamental na mitigação
1018 g de enxofre) e sulfato na água do mar (1.280 desses problemas. Entretanto, apesar de meio
· 1018 g de enxofre) são as principais fontes de século de esforços de pesquisa e desenvolvimento,
enxofre na natureza (Muyzer e Stams, 2008). Os obteve-se uma conclusão amplamente aceita de que
processos naturais (intrusão de água do mar e não existem métodos práticos para prevenir a
erupção vulcânica) e antropogênicos (produção redução de sulfato causada pelo tratamento
industrial) emitem grande quantidade de enxofre anaeróbio (Lens et al., 1998). A inibição seletiva de
para o meio ambiente. Em toda a Europa, as águas BRS por molibdato, elementos de transição ou
subterrâneas em mais de 100 regiões em 10 países antibióticos não teve sucesso em aplicações em
são afetadas pela intrusão de água do mar (EEA, grande escala. Entretanto, bioprocessos e
2006). Além disso, esgotos ricos em sulfato são biotecnologias alternativas baseadas em BRS têm
produzidos por várias indústrias, como estado em desenvolvimento nas últimas três
agropecuária, dessulfuração de gases de combustão décadas, como, por exemplo, processos de sulfeto
(DGC) em centrais elétricas, fabricação de celulose biogênico para remoção de metais pesados de
e papel, cervejarias, indústrias farmacêuticas, esgoto rico em metal e DAM (THIOTEQ e
produção de alimentos, piscicultura, curtumes e SULPHATEQ), assim como dessulfuração
indústrias petroquímicas e de mineração (Lens et biológica de gás natural, gás de combustão e gás
al., 2003). Destas águas residuárias, a drenagem liquefeito de petróleo (Hao, 2014).
ácida de minas (DAM) (em inglês, acid mine
drainage – AMD) da indústria de mineração é No tratamento de esgoto doméstico, métodos
atualmente reconhecida como uma das mais sérias de pós-desnitrificação por meio de desnitrificação

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372
372

autotrófica induzida pela dosagem de enxofre doce empregada em outros lugares. Desde a
elementar foram recentemente desenvolvidos para introdução do processo de remoção de nitrogênio
melhorar a remoção de nitrogênio total (NT) (por na década de 1960 (ver Capítulo 1), a teoria
exemplo, o processo de desnitrificação autotrófica fundamental do tratamento biológico de esgoto foi
por enxofre-calcário) (Zhang e Lamphe, 1999). construída sobre a transferência de elétrons de
Essa desnitrificação autotrófica independente de carbono orgânico para o oxigênio livre (oxigênio
matéria orgânica é particularmente atraente para a dissolvido) e/ou oxigênio combinado (NO3˗ e NO2˗)
readequação e a melhoria de Estações de para a remoção de nitrogênio e matéria orgânica,
Tratamento de Esgoto (ETEs) existentes que tratam como visto na Figura 7.1.
esgoto doméstico com deficiência de carbono,
típicos de países em desenvolvimento. No caso da Em geral, 50-60% do carbono orgânico no
China, a relação DQO/NT do esgoto municipal esgoto é convertido em CO2, e o restante se
varia entre 5,4 e 10,9, que é menor do que a relação transforma em lodo (Tchobanoglous et al., 2003).
de 8-12 necessária para a remoção satisfatória de O tratamento de lodo (adensamento, estabilização,
nutrientes (nitrogênio e fósforo) (Sun et al., 2016). desidratação e desinfecção) e a disposição final
demandam os processos mais complexos e
Em Hong Kong, China (doravante referida onerosos em ETEs, sendo responsáveis por mais da
como Hong Kong), uma área que é conhecida por metade do custo operacional (Saby et al., 2003;
ter escassez de água, 20% do abastecimento total Ekama et al., 2011). Várias técnicas, portanto,
de água vem da água do mar para descargas de foram investigadas para reduzir esse custo,
banheiros, cobrindo 80% da população total (7,5 minimizando o excesso de produção de lodo na
milhões) em 2019, economizando mais de 760.000 fonte por meio de uma variedade de métodos de
m3 de água doce todos os dias. Esse sistema gera tratamento químico, mecânico/físico, químico e
uma grande quantidade de esgoto salino, que térmico. Entretanto, todos eles resultam em custo
oferece uma oportunidade para se desenvolver uma extra e/ou espaço na aplicação (Saby et al., 2003;
tecnologia única de tratamento de esgoto diferente Foladori et al., 2010).
da tecnologia centenária de tratamento de água

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373

Figura 7.1 Conceito do processo SANI® e principais reações.


Nesse contexto, desde 2003 os autores têm origem ao processo SANI®. O conceito desse novo
desenvolvido uma nova opção de tratamento processo de tratamento biológico baseia-se na
biológico de esgoto, nomeadamente de processo de remoção de carbono orgânico (C) e nitrogênio (N)
redução de sulfato, desnitrificação autotrófica e mediada pela conversão sulfato→sulfeto→sulfato,
nitrificação integrada (em inglês, Sulphate que move a integração da remoção de C e N em
reduction, Autotrophic denitrification, direção à integração da remoção de C, N e S (para
Nitrification Integrated – SANI®). A novidade mais detalhes consulte a Seção 7.4).
dessa rota à base do ciclo do enxofre reside na
utilização de bactérias sulfetogênicas, ou seja,
bactérias redutoras de sulfato (BRS) para realizar a 7.2 BIOPROCESSO DE REDUÇÃO DE
sulfetogênese (redução de sulfato). Nessa reação SULFATO
anaeróbia, a produção de lodo torna-se mínima
porque 96% dos compostos orgânicos podem ser 7.2.1 Fundamentos desse bioprocesso
teoricamente convertidos em CO2 de acordo com a
reação química do processo e a análise do balanço O sulfato presente no oceano e em outros corpos
de elétrons (consulte a Eq. 7.21 na Seção 7.4.4). O hídricos pode sofrer rápidas conversões biológicas
sulfeto dissolvido produzido oferece doadores de mediadas pelas BRS, que são onipresentes em
elétrons adequados, conduzindo a reação de ambientes naturais e projetados. As BRS utilizam
desnitrificação autotrófica sem carbono orgânico, formas oxidadas de enxofre (por exemplo,
produzindo um volume de lodo mínimo em principalmente enxofre elementar (S0), tiossulfato
comparação com a reação de desnitrificação (S2O32-) e sulfato (SO42-)) como aceptores de
heterotrófica, que recebe elétrons de fontes de elétrons, para gerarem sulfeto como produto final
carbono orgânico. A integração desses dois (Muyzer e Stams, 2008). Acreditava-se que as BRS
bioprocessos, um redutor de sulfato e o outro de eram capazes de crescer apenas com matéria
oxidação de sulfeto (desnitrificação autotrófica), dá orgânica, por exemplo, acetato (CH3COO-),

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374
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piruvato, lactato e propionato, enquanto a energia de sulfato começa com uma série de reações de
era conservada, principalmente ou exclusivamente, ativação; a redução de sulfato a sulfito requer dois
via fosforilação a nível de substrato (ver Eq. 7.1). elétrons com um potencial redox padrão (E0') de -
No entanto, Badziong e Thauer (1978) relataram 516 mV, que é maior do que os carreadores de
que Desulfovibrio vulgaris consegue crescer com elétrons fisiológicos (Thauer et al., 1977). Nesse
hidrogênio (H2) como doador de elétrons e SO42- caso, o sulfato participa proativamente da formação
como o aceptor de elétrons, na demonstração pela de adenosina 5'-fosfossulfato (em inglês, adenosine
primeira vez, da existência de fosforilação de 5'-phosphosulphate – APS) ou 3'-fosfoadenilil-
transporte de elétrons no metabolismo das BRS sulfato (em inglês, 3'-phosphoadenylyl-sulphate –
(ver Eq. 7.2 ). Assim como as espécies de enxofre PAPS). Em muitas bactérias e eucariotos
oxidado, outros aceptores de elétrons competentes inferiores, a redução de sulfato assimilatória
para as BRS são os sulfonatos de alquilbenzeno, prossegue através da ativação de sulfato para APS
dimetilsulfóxido, NO3-, NO2-, ferro (III), oxigênio, pela enzima sulfato adenililtransferase (ou seja,
fumarato, acrilato, arsenato, cromato e urânio ATP sulfurilase).
(Rabus et al., 2013).
Posteriormente, três vias prosseguem com a
CH3COO- + SO42- → 2HCO3- + HS- -47,6 (ΔG0’ redução de sulfito (ver Figura 7.2). A primeira via
kJ/reação) (7.1) é em bactérias entéricas, por exemplo,
cianobactérias e leveduras; o APS produzido é
4H2 + SO42- + H+ → HS- + 4H2O -151,9 (ΔG0’ fosforilado para gerar o PAPS, que é catalisado
kJ/reação) pela adenilil-sulfato quinase (APS quinase), e o
(7.2) PAPS gerado é, então, reduzido a sulfito com a
ajuda da fosfoadenilil-sulfato redutase
7.2.1.1 Vias redutoras de sulfato (tiorredoxina) dependente de tiorredoxina (ou
glutarredoxina) (PAPS redutase), e, finalmente,
Considerando a importância da conversão uma redução do sulfito a sulfeto, catalisada pelo
biológica de enxofre na engenharia ambiental, é sulfito redutase (NADPH) assimilatória. A segunda
aconselhável definir a redução de sulfato nas via é que as enzimas adenilil-sulfato redutase
categorias assimilatória e dissimilatória. Antes que (glutationa) e adenilil-sulfato redutase
os compostos de enxofre possam ser assimilados (tiorredoxina) catalisam a segunda etapa, ou seja, a
em vias biossintéticas, eles precisam ser reduzidos redução direta de APS a sulfito, e,
a sulfeto de hidrogênio (H2S). As vias que subsequentemente, NADPH é usado como um
catalisam a redução de sulfato a sulfeto com a doador de elétrons (para a maioria das bactérias)
finalidade de incorporação em moléculas com a catálise de sulfito redutases de plantas e a
sintetizadas são denominadas "vias de redução de enzima de Allochromatium vinosum para reduzir o
sulfato assimilatória", enquanto as vias para fins de sulfito a sulfeto; em bactérias e plantas, o sulfeto é
produção de energia são referidas como "vias de finalmente incorporado em O-acetil-L-serina pela
redução de sulfato dissimilatória". cisteína sintase produzindo L-cisteína e,
posteriormente, convertendo em L-metionina, que
Redução de sulfato assimilatória são os dois principais compostos precursores
contendo enxofre. A terceira via é que uma enzima
A captação de sulfato e sua incorporação em muitos dependente de tiorredoxina catalisa a redução
sistemas biológicos tem sido bem documentada direta de APS a sulfito. As vias 2 e 3 compartilham
(Bothe e Trebst, 1981). Tal captação é realizada a procedimentos semelhantes, exceto para a enzima
partir de transporte ativo mediado por um sistema de redução APS. Em ambas as vias, o sulfito é
de enzimas transportadoras. O metabolismo celular reduzido a sulfeto pela ação do sulfito redutase

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(ferredoxina) assimilatória, uma enzima


dependente de ferredoxina e uma enzima
dependente de NADPH (Lillig et al., 2001).

Figura 7.2 Vias de redução de sulfato assimilatória.


tem sido firmemente estabelecida. No entanto, em
Redução de sulfato dissimilatória contraste, a via de redução de bissulfito a sulfeto
Como um dos aceptores de elétrons mais comuns ainda é incerta (ver Figura 7.3).
para a respiração anaeróbia, a redução de sulfato
dissimilatória é realizada por procariotos, um grupo A redução de SO32- a S2- é atualmente
heterogêneo de bactérias e arqueias, consistindo de considerada como uma “caixa preta”, e dois
diversos filos, como Archaeoglobi, Proteobacteria, mecanismos mais comumente aceitos são
Firmicutes, Nitrospirae e outros, que podem usar propostos: (i) SO32- é reduzido para HS- em uma
sulfato como aceptor terminal de elétrons. Como única etapa por uma única enzima, bissulfito
todas as etapas da redução de sulfato ocorrem no redutase (Peck e LeGall , 1982), que foi encontrada
citoplasma, semelhante à conversão assimilatória, presente em Desulfovibrio, e (ii) uma via
o sulfato deve ser transportado através da alternativa proposta por Fitz e Cypionka (1989)
membrana citoplasmática para o interior das envolve várias enzimas (isto é, sulfito redutase,
células. O processo geral da redução de sulfato tritionato redutase e tiossulfato redutase) e
dissimilatória pode ser considerado como duas intermediários na etapa final da redução de sulfato,
fases: em primeiro lugar, a redução de sulfato a na qual tritionato e tiossulfato são produzidos
bissulfito através do composto intermediário APS, (chamada de via do tritionato). A via do tritionato
e, em segundo lugar, a redução de bissulfito a foi posteriormente confirmada pelo uso de ensaios
sulfeto. A bioquímica da primeira fase, com in vitro de Desulfovibrio vulgaris na investigação
respeito à via pela qual sulfato é reduzido a sulfito, de como a sulfito redutase dissimilatória (DsrAB)
reduz SO32- (Santos et al., 2015). Nessa via, a

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redução de SO32- a trissulfeto DsrC é realizada (Leavitt et al., 2015). Apesar das incertezas
primeiro pela DsrAB, que é uma enzima comum remanescentes dessa via, as descobertas atuais
envolvida no metabolismo dissimilatório de oferecem grande suporte para o argumento de que
enxofre. O trissulfeto DsrC produzido é, então, DsrC e DsrAB são as proteínas chave e centrais no
reduzido a sulfeto e DsrCr pelo complexo metabolismo dissimilatório de SO32- a S2- pelas
DsrMKJOP, como mostrado na Figura 7.3. A DsrC BRS. Avanços recentes em técnicas analíticas
atua como um parceiro fisiológico da DsrAB na permitiram que metabólitos de enxofre
redução de SO32-. Quando a DsrC está ausente (ou intracelulares e suas composições isotópicas, como
34
seja, apenas a DsrAB está presente) ou em S e 33S, fossem examinados para revelar a via de
fornecimento limitado (ou seja, há muito mais transferência de enxofre. A precisão da detecção,
SO32- do que DsrC), SO32- pode se tornar dominante no entanto, ainda é limitada, devido à interferência
devido à reação entre SO32- e S2- (in vivo) ou à do fosfato abundante.
redução parcial de sulfato com DsrAB (in vitro)

Figura 7.3 Vias de redução de sulfato dissimilatória.


CH3COO-, (iii) degradação sintrófica de
7.2.1.2 Reações bioquímicas envolvidas nos intermediários por BRS acetogênicas que são
bioprocessos de redução de sulfato submetidas à eficiência de bactérias que utilizam
Todas as principais reações associadas às reações hidrogênio; e (iv) crescimento fermentativo de
de enxofre envolvendo organismos vivos estão BRS na presença de propionato e etanol.
intimamente relacionadas aos ciclos de enxofre e Geralmente, 24 g de carbono orgânico são
carbono. Por outro lado, a quantidade de carbono mineralizados para cada 32 g de sulfato reduzido
envolvida nos fluxos do ciclo de enxofre por meio por meio de acetil CoA ou uma via modificada do
de processos biogênicos varia de acordo com as ciclo do ácido tricarboxílico (em inglês,
características dos organismos que realizam o tricarboxylic acid – TCA) na redução de sulfato
metabolismo. Quatro tipos principais de reduções heterotrófica. Muitos produtos intermediários
estão envolvidas no crescimento heterotrófico de originados da fermentação/hidrólise anaeróbia
BRS, que incluem: (i) oxidação completa de podem ser metabolizados por BRS, como
intermediários acidificados a CO2, (ii) oxidação aminoácidos, açúcares, ácidos graxos de cadeia
incompleta de intermediários acidificados a longa, compostos aromáticos, lactato, butirato,
propionato e CH3COO- (ver Figura 7.4). As reações

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típicas envolvidas na sulfetogênese com doadores de hidrogênio que removem H2 eficientemente e


de elétrons variando de macromolécula (açúcar) a mantêm uma baixa pressão de H2 no sistema, as
micromolécula (CH3COO-) estão resumidas na BRS são capazes de oxidar lactato e etanol a
Tabela 7.1. O substrato orgânico é degradado a CO2 CH3COO-, resultando, assim, em um crescimento
ou CH3COO- dependendo das cepas microbianas e sintrófico entre microrganismos redutores de
do grau de conclusão da reação. Em água doce ou sulfato e metanogênicos em condições anaeróbias.
em um ambiente com baixo teor de enxofre, as BRS Além disso, ao manipular o nível de sulfato em um
podem desempenhar um papel na fermentação e ambiente anaeróbio projetado (por exemplo,
oxidação de compostos orgânicos. Muitas espécies biorreatores anaeróbios), as BRS podem atuar
de Desulfovibrio e Desulfomicrobium podem como microrganismos acetogênicos, que podem
crescer com a degradação de piruvato para formar ser aplicados para melhorar a produção de
CH3COO-, CO2 e H2 como produtos. Com a ajuda CH3COO- durante a metanogênese.
de microrganismos metanogênicos consumidores

Figura 7.4 Biorreação de degradação microbiana de matéria orgânica por meio de redução de sulfato (+: confirmada; ?: incerta).

Tabela 7.1 Reações estequiométricas envolvidas na sulfetogênese.


Redução de sulfato ΔG°'
(kJ/mol)
Glicose + SO42- → 2 CH3COO- + HS- + 2 HCO3- + 3 H+ -385,2
2 CH3CHOHCOO- + SO42- → 2 CH3COO- + HS- + 2 HCO3- + H+ -160,1
2 CH3CHOHCOO- + 3 SO42- → HS- + 6 HCO3- + H+ -255,3
CH3(CH2)2COO- + 0,5 SO42- → 2 CH3COO- + 0,5 HS- + 0,5 H+ -27,8
CH3(CH2)2COO- + 3 SO42- + 2 H2 → CH3COO- + HS- + HCO3- + 2 H2O -198,4
CH3CH2COO- + 0,75 SO42- → CH3COO- + 0,75 HS- + HCO3- + 0,25 H+ -37,7
CH3CH2COO- + 1,75 SO42- → 1,75 HS- + 3 HCO3- + 0,25 H+ -85,4
CH3CH2COO- + SO42- + H2 → CH3COO- + HS- + HCO3- + 2 H2O -75,8
2 CH3CH2OH + SO42- → 2 CH3COO- + HS- + H2O + H+ -22
2 CH3OH + SO42- → 2 HCOO- + HS- + 2 H2O + H+ -108,3
CH3COO- + 4 S0 + 4 H2O → 4 H2S + 2 HCO3- + 2 H+ -6,9
3 CH3COO- + 4 SO32- → 1 CO32- + 5 HCO3- + 4 HS- -80

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ser simplesmente alinhados em qualquer uma das


7.2.2 Microrganismos chave que realizam duas divisões, pois parecem ter espécies oxidadoras
redução de sulfato completas e incompletas (ver Tabela 7.2). Além
As BRS são um grupo de micróbios composto de dos compostos de enxofre oxidados comuns, NO 3-,
bactérias redutoras de sulfato e arqueias redutoras NO2-, íon férrico, óxido de manganês e outros
de sulfato que podem realizar a respiração com compostos (por exemplo, fumarato, DMSO)
compostos de enxofre oxidados em seu também podem servir como aceptor de elétrons
metabolismo energético. Com mais de um século para algumas espécies de BRS.
de investigação, mais de 120 espécies e 40 gêneros
pertencentes a quatro classes de bactérias e duas Em relação às suas propriedades fisiológicas, a
classes de arqueias foram registrados, a saber (i) δ- maioria dos gêneros de BRS pertence aos
proteobacteria mesofílica com os gêneros mesofílicos, com temperatura de crescimento
Desulfovibrio, Desulfobacterium, Desulfobacter e variando de 25 a 40 °C, sendo variável fundamental
Desulfobulbus; (ii) Nitrospirae termofílica com o que governa a possível aplicação de tecnologias
gênero Thermodesulfovibrio; (iii) Clostridia com baseadas em BRS para remediação ambiental ou
os gêneros Desulfotomaculum e Ammonifex; (iv) produção industrial. Por exemplo, Desulfovibrio,
Thermodesulfobacteria termofílica com os gêneros Desulfobulbus, Desulfomicrobium e Desulfobacter
Caldimicrobium e Thermodesulfobacterium; (v) são os gêneros de BRS mais comumente
arqueias Thermoprotei com o gênero Caldivirga; e encontrados no tratamento de esgoto contendo
(vi) arqueias Archaeoglobi com o gênero enxofre. Desulfovibrio, Desulfobulbus e
Archaeoglobus (Barton e Hamilton, 2007). Entre Desulfomicrobium pertencem ao grupo dos
os 40 gêneros, 16 gêneros são oxidadores orgânicos oxidadores orgânicos incompletos, enquanto
incompletos, 22 gêneros são oxidadores completos Desulfobacter é o único oxidador orgânico
e os 2 gêneros restantes, ou seja, completo dominante identificado. Assim,
Desulfotomaculum e Desulfomonile, não podem CH3COO- residual em biorreatores redutores de
sulfato é uma característica inerente de BRS.

Tabela 7.2 Principais gêneros de BRS, aceptor de elétrons e temperatura ótima (adaptado de Hao et al., 2014).
Gênero Forma celular Aceptor de elétrons para o Temperatura
crescimento (outro além de ótima (ºC)
SO42-)
Desulfovibrio Curvada SO32-/S2O32-/fumarato 30-38
/Fe(III)/MnO2/NO2-/NO3-/O2
Desulfomicrobium Oval a cilíndrica SO32-/S2O32-/ NO2-/fumarato/ 28-37
Oxidadores orgânicos incompletos

DMSO
Desulfohalobium Cilíndrica SO32-/S2O32-/S0 37-40
Desulfonatronum Curvada SO32-/S2O32- 37-40
Desulfobotulus Curvada SO32- 34
Desulfocella Curvada - 34
Desulfofaba Curvada SO32-/S2O32- 7
Desulforegula Cilíndrica Desulfoviridin 25-30
Desulfobulbus Limão/Cebola SO32-/S2O32-/NO2-/NO3-/O2/ 28-39
Fe(III)/ grafite
Desulfocapsa Cilíndrica SO32-/S2O32-/S0 20-30
Desulfofustis Cilíndrica SO32-/S0 28
Desulforhopalus Cilíndrica SO32-/S2O32-/NO3- 18-19
Desulfotalea Cilíndrica SO32-/S2O32-/S0/Fe(III)-citrato 10

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Thermodesulfobacterium Cilíndrica curvada SO32-/S2O32- 65-70


Thermodesulfovibrio Cilíndrica SO32-/S2O32-/Fe(III)/arsenato 65
Desulfosporosinus Cilíndrica SO32-/S2O32-/S0/Fe(III) 30-37
Desulfotomaculum1) Curvada SO32-/S2O32-/S0 30-38;
50-652)
Desulfomonile1) Cilíndrica 3-chlorobenzoatefumarate 37
SO32-/S2O32-/S0/NO3-
Desulfothermus Cilíndrica a SO32-/S2O32- 60-65
curvada
Desulfobacter Cilíndrica a SO32-/S2O32- 28-32
elipsoidal
Desulfobacterium Oval a cilíndrica SO32-/S2O32-/fumarato 20-35
Desulfobacula Oval a curvada SO32-/S2O32- 28
Desulfococcus Esférica SO32-/S2O32- 28-36
Desulfofrigus Cilíndrica SO32-/S2O32-/Fe(III)-citrato 10
Desulfonema Filamentosa SO32-/S2O32-/NO3- 30-32
Oxidadores orgânicos completos

Desulfosarcina Forma SO32-/S2O32-/S0 33


irregular/pacotes
Desulfospira Curvada SO32-/S2O32-/S0 26-30
Desulfotignum Cilíndrica a SO32-/S2O32-/CO2 28-32
curvada
Desulfatibacillum Cilíndrica SO32-/S2O32- 28-30
Desulfarculus Curvada SO32-/S2O32- 35-39
Desulforhabdus Cilíndrica a SO32-/S2O32- 37
elipsoidal
Desulfovirga Cilíndrica SO32-/S2O32-/S0 35
Desulfobacca Oval a cilíndrica SO32-/S2O32- 37
Desulfospira Curvada SO32-/S2O32-/S0 26-30
Desulfacinum Oval SO32-/S2O32-/S0 60
Desulfonauticus Cilíndrica curvada SO32-/S2O32-/S0 45
Desulfonatronovibrio Curvada SO32-/S2O32-/S0/O2 37
Thermodesulforhabdus Cilíndrica SO32- 60
Thermodesulfobium Cilíndrica SO32-/NO2-/NO3- 55
Archaeoglobus Pacotes SO32-/S2O32- 82-83
irregulares
1) Espécies parciais no gênero que metabolizam completamente os orgânicos; DMSO: dimetilsulfóxido; 2) espécies termofílicas

O hidrogênio (um doador de elétrons) serve


7.2.3 Doadores de elétrons do como uma fonte de energia eficiente para o
bioprocesso de redução de sulfato crescimento e a reprodução de BRS autotróficas,
Diversas fontes de carbono e doadores de elétrons usando sulfato como aceptor de elétrons. Quando
conduzem o metabolismo das BRS de acordo com H2 e CO2 são coutilizados como substratos, altas
o tipo de crescimento dos organismos (autotrófico taxas de redução de sulfato podem ser alcançadas
ou heterotrófico). A maioria dos doadores de em condições mesofílicas e termofílicas em 10
elétrons são produtos de fermentação, monômeros dias, nas quais o CO2 serve como uma fonte de
ou componentes celulares de outras fontes. Os carbono para a síntese celular. O CO é outro doador
compostos que podem ser usados como doadores de elétrons inorgânico das BRS, embora sua
de elétrons para as BRS são substratos inorgânicos toxicidade mereça consideração em uma faixa de
(H2 e CO) e orgânicos (Hansen, 1993). concentração de 2-70% vol. quando uma mistura
de gás sintético de H2, CO2 e CO é usada. As BRS
heterotróficas utilizam compostos orgânicos como

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doadores de elétrons e fontes de carbono, por meio Desulfotomaculum nigrificans são capazes de
de uma série de catálises enzimáticas. A crescer com frutose (Alvarado, 2016). No entanto,
concentração de substrato orgânico é normalmente melaço não pode ser degradado diretamente pelas
expressa quantitativamente em DQO em uma BRS. Ele deve ser fermentado por microrganismos,
biorreação; estequiometricamente 0,67 mol de como Lactobacilli, antes de ser consumido pelas
DQO é necessário para a redução completa de 1 BRS. Enquanto isso, o acúmulo de produtos não
mol de sulfato. Em um sistema com DQO biodegradáveis por meio da caramelização reduz a
deficiente, doadores de elétrons extras ou fontes de atividade da biomassa, resultando em alta
carbono devem ser adicionados para conduzir a concentração de DQO residual no efluente
redução completa de sulfato quando este último é o (Liamleam e Annachhatre, 2007). Deve-se ter
alvo da remoção. cuidado especial com melaço para promover a
redução de sulfato. Os benefícios e as desvantagens
As taxas de redução de sulfato, as reações dessas fontes doadoras de elétrons são variáveis, e
relacionadas e os benefícios e as desvantagens do suas seleções dependem de requisitos de reação
uso de diferentes doadores de elétrons nos específicos.
bioprocessos relevantes estão resumidos na Tabela
7.3. O tipo de doador de elétrons tem um impacto Devido à diversidade de espécies de BRS, uma
substancial na taxa de redução de sulfato, pois os mistura de doadores de elétrons é recomendada
tempos de detenção hidráulica (TDH) dos para o crescimento de BRS. A mistura de diferentes
biorreatores variam em uma ampla faixa, de 1 a 480 tipos de resíduos contendo materiais relativamente
h. Altas taxas de remoção de sulfato heterotrófica biodegradáveis (estrume animal, composto, lodo) e
podem ser alcançadas com esterco, formiato e materiais celulósicos recalcitrantes (serragem ou
CH3COO- como fontes de carbono. Em aparas de madeira) proporciona uma melhor
comparação com outros compostos fermentativos, eficiência de remoção de compostos orgânicos e
lactato e propionato provaram ser substratos sulfato por BRS. Isso implica que os resíduos
orgânicos mais favoráveis do que H2, metanol, orgânicos disponíveis localmente, ou seja, de
etanol, CH3COO- e metano em termos de produção indústrias de processamento de alimentos/frutos do
de biomassa, liberação de energia e produção de mar, esterco animal, lodo de esgoto, melaço e
alcalinidade. No entanto, a oxidação completa do composto que fornece matéria orgânica complexa,
lactato não é alcançada pela maioria das espécies podem servir como fontes doadoras de elétrons
de Desulfobacter e algumas espécies de eficazes, enquanto os resíduos agrícolas, capim-
Desulfobacterium. Desulfonema magnum não canário (Phalaris arundinacea), serragem, aparas
cresce com lactato. Além disso, o uso direto de de madeira, palha de arroz e composto de folhas
açúcares e ácidos graxos de cadeia longa por BRS fornecem matéria orgânica adequada com alto teor
também foi documentado (Muyzer e Stams, 2008). de celulose (Hao et al., 2014).
Foi relatado que Desulfotomaculum antarcticum
usa glicose, enquanto Desulfovibrio e

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Tabela 7.3 Taxas de redução de sulfato, reações e benefícios/desvantagens de vários doadores de elétrons para a redução
biológica de sulfato (atualizado de Hao et al., 2014).

Doador de elétrons Reação Taxa de Pró (+), Contra (-)


redução de
sulfato
(g SO42-/L.d)
H2/CO • 4H2 + SO42 → S2- + 4H2O 0,4 - 1,9 + Baixo custo
• 4CO + SO42-→ S2- + 4CO2 + Maioria das BRS podem usar H2 como
fonte de energia
+ Ausência de residual orgânico no efluente
Fornecimento suficiente
+ Toxicidade de CO para as BRS;
- A transferência de massa de H2 limita a
- taxa de reação
- Indução a competição com outros
microrganismos (metanogênicos)
H2/CO2 • 4H2 + SO42- + CO2 → HS- + HCO3- 4,5 - 30,0 + BRS podem vencer as metanogênicas na
+ 3H2O competição por H2
+ Ausência de residual orgânico no efluente
Se bactérias homoacetogênicas Indução a competição com outros
estiverem presentes - microrganismos (metanogênicos, bactérias
homoacetogênicas)
• 4H2 + 2CO2 → CH3COO- + 2H2O Formação de metano com menor
+ H+ - eficiência na utilização de H2
Requerimentos de segurança para o H2
• CH3COO- + SO42- → HS- +
2HCO3-
Gás Sintético • 4H2 + SO42- → S2 + 4H2O 9,6 - 14,0 + Baixo custo
(H2 + CO2 + CO) • 4CO + SO42- → S2 + 4CO2 + Algumas BRS possuem maior tolerância
• 4H2 + SO42- + CO2 → HS- + ao CO do que os documentados em
2HCO3- + 3H2O - estudos anteriores
Disponibilidade limitada
Metano • CH4 + SO42- → 2HCO3- + HS-+ 0,4*10-3 - + Reserva suficiente
H2O 0,24 - Baixa taxa de crescimento da biomassa
Metanol • 4CH3OH + 3SO42- → 4HCO3- + 0,4 - 20,5 + Custo relativamente baixo
3HS- + 4H2O + H+ + Requer um projeto simples do reator
+ BRS podem vencer a competição com as
metanogênicas em altas temperaturas (55-
70 °C)
- Metanogênicas dominam em condições
mesofílicas
- Apenas algumas cepas de BRS podem
utilizar metanol

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Tabela 7.3 (continuação) Taxas de redução de sulfato, reações e benefícios/desvantagens de vários doadores de elétrons para
a redução biológica de sulfato (atualizado de Hao et al., 2014).

Doador de elétrons Reação Taxa de Pró (+), Contra (-)


redução de
sulfato
(g SO42-/L.d)
Etanol • C2H5OH + 0,5SO42- → 0,45 - 21,00 + Reagente relativamente barato
CH3COO- + 0,5HS- + 0,5H+ + + Facilmente convertido pelas BRS
H2O - Baixa produção de biomassa
• CH3COO- + SO42- → 2HCO3- + - Oxidação incompleta do CH3COO-
HS- causando alta concentração de DQO no
• 4H2 + SO42- + H+ → HS- + efluente
4H2O
Formiato • SO42- + 4HCOO- + H+ → HS- + ≤ 29 + Produz menos CH3COO- durante a
4HCO- utilização do formiato
+ Muitas BRS capazes de crescer em H2
também podem crescer com formiato
como única fonte de energia
+ Alternativa segura para H2
- Metanogênicas vencem as BRS a 65-75
°C
Acetato • CH3COO- + SO42- → HS- + ≤ 65 + Metanogênicas podem vencer as BRS na
2HCO3- competição por CH3COO-
+ Poucas BRS conseguem oxidar CH3COO-
CH3COO- inibe a redução de sulfato em
- concentrações acima de 15 mmol/
- Baixa produção de biomassa

Glicose/acetato • Glicose + SO42- → HS- + 0,9 - 2,2 - Baixo pH do sistema devido à


2CH3COO- + 2HCO3- + 3H+ fermentação
Lactato • CH3CHOHCOOH + 0,5H2SO4 0,36 - 5,76 + Ampla gama de BRS podem crescer com
→ CH3COOH + CO2 + 0,5H2S + lactato
+ H2O + Gera muita alcalinidade
+ Reduz a toxicidade do sulfeto
- Fonte preferencial de carbono para as BRS
Alto custo
Sacarose /peptona • C12H22O11 + 5H2O + 4SO42- → 0,6 - 12,4 + Acidificação da sacarose não é inibida
4CO2 + 8H2 + 4HS- + 8HCO3- pelo sulfeto
+ 4H+ + Adequada fonte de carbono e energia para
• 8H2 + 2SO42- + 2H+ → 2HS- + as BRS
8H2O - CH3COO- acumula no efluente
Frutose • C6H12O6 + SO42- → - - Poucas BRS usam frutose
2CH3COO- + HS- + 2HCO3- + - Crescimento lento das BRS
3H+

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Tabela 7.3 (continuação) Taxas de redução de sulfato, reações e benefícios/desvantagens de vários doadores de elétrons para
a redução biológica de sulfato (atualizado de Hao et al., 2014).

Reação Taxa de Pró (+), Contra (-)


Doador de elétrons redução de
sulfato
(g SO42-/L.d)
Melaço • C12H22O11 + H2O → 1,20 - 7,22 + Baixo custo e abundante
4CH3CHOHCOOH + Os produtos da acidificação podem ser
• CH3CHOHCOOH + 0,5H2SO4 facilmente usados pelas BRS
→ CH3COOH + CO2 + 0,5H2S - Compostos parcialmente complexos não
+ H2O totalmente decompostos resultando em
alta DQO efluente
- Acúmulo de compostos não
biodegradáveis
- Não é adequado para crescimento das
BRS
Acúmulo de ácidos graxos voláteis (AGV)
Benzeno/ • C6H5COO- + 0,75SO42- + 4H2O 0,038 + Pode ser completamente oxidado a CO2
benzoato → 3CH3COO- + 0,75HS- + sem intermediador extracelular
HCO3 - + 2,25H+ - Longo tempo de degradação
• C6H5COO- + 3,75SO42- + - Não pode ser usado por algumas espécies
4H2O → 7HCO3- + 3,75HS- + de BRS
2,25H+
Produtos - 0,0030 - + Fonte de carbono de baixo custo
extracelulares de 0,0058 + Facilmente utilizado pelas BRS
algas/ biomassa + Sem limite de disponibilidade
algal - Não pode ser usado diretamente, precisa
de bactérias fermentativas para auxiliar
conjuntamente
- Pode causar DQO elevada no efluente
Soro de queijo - 0,34 + Fonte de carbono de baixo custo
+ Não tem impacto negativo nas bactérias
Não pode ser usado diretamente, precisa
- de bactérias fermentativas para auxiliar
conjuntamente
- Pode causar DQO elevada no efluente

Casca de melancia - 0,15 – 0,24 + Baixo custo


- Disponibilidade limitada
- Pode causar DQO elevada no efluente

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Tabela 7.3 (continuação) Taxas de redução de sulfato, reações e benefícios/desvantagens de vários doadores de elétrons para
a redução biológica de sulfato (atualizado de Hao et al., 2014).

Doador de elétrons Reação Taxa de Pró (+), Contra (-)


redução de
sulfato
(g SO42-/L.d)
Materiais
Vegetais:
- Capim-canário - 2,2 – 3,3
(Phalaris
arundinacea)
- Mistura de lascas - 0,01 + Baixo custo
de madeira, + Adequado para aplicar como
composto de biorremediação
folhas e esterco de - Pode causar DQO elevada no efluente
aves
- Cogumelo - 0,33 – 0,57
composto, lascas
de madeira,
serragem e palha
de arroz
Outros resíduos:
- Lodo primário de - 2,4 + Baixo custo
esgoto - Alguns materiais orgânicos não podem ser
usados diretamente
- Pode causar DQO elevada no efluente
- Esterco animal - 40,3 + Baixo custo
+ Substrato biodegradável
- Disponibilidade pode ser limitada

7.2.4 Domínio de aplicação e parâmetro


de modelo 7.2.4.1 Tratamento de esgoto contendo
enxofre
Devido às suas propriedades fisiológicas e
ampla distribuição ambiental, várias tecnologias Os processos de redução de sulfato podem ser
baseadas em BRS foram desenvolvidas e aplicados para a remoção e reutilização de
implementadas em tratamento de esgoto e off-gas, compostos de enxofre de esgoto contendo enxofre
redução de metais/radionuclídeos, degradação de (por exemplo, curtimento de couro, polpação kraft,
hidrocarbonetos, remediação de campos de processamento de alimentos etc.) (Pol et al., 1998)
petróleo, corrosão de concreto e assim por diante e de esgoto de DGC (Roest et al., 2005). Para
(Rabus et al., 2015; Qian et al., 2015). As esgoto de alta carga orgânica contendo enxofre (por
principais biotecnologias redutoras de sulfato exemplo, amido, ácido orgânico, lignina etc.), as
desenvolvidas nas últimas décadas se concentram BRS são principalmente destinadas a remover
na remoção de poluentes (compostos orgânicos e sulfato do esgoto e simultaneamente aumentar a
sulfato) e na remediação de metais. alcalinidade por meio da carbonização de matéria
orgânica (ver Figura 7.5A). O esgoto de DGC
carece de compostos orgânicos suficientes para a
redução de sulfato, demandando doadores de

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elétrons externos, como H2, citrato etc., a serem diferentes processos de tratamento de redução de
fornecidos para conduzir a redução de sulfato (ver sulfato em várias aplicações.
Figura 7.5B). A DGC e seu tratamento de esgoto
podem ser descritos pelas seguintes equações: 7.2.4.2 Biorremediação de metais tóxicos

SO2 + OH- → HSO3- (7.3) As BRS são aplicadas para


HSO3- + 0,5O2 → SO42- + H+ (7.4) remoção/remediação de metais de águas
HSO3- + 6[H] → HS- + 3H2O (7.5) superficiais e esgoto de indústrias de mineração
SO42- + 8[H] → HS- + 3H2O + OH- (7.6) (ver Figura 7.5C). Os processos baseados em BRS
para o tratamento de esgoto contendo metais
Sob condição de microaeração ou oxidação de dissolvidos envolvem estágios de tratamento
biossulfeto, o sulfeto produzido pode ser biológico e químico. No estágio de tratamento
recuperado como enxofre elementar. Aplicações biológico, a redução de sulfato biológica é utilizada
em grande escala no tratamento de esgoto de DCG para gerar sulfeto por meio da dosagem de H2 ou
e outros esgotos industriais contendo enxofre têm compostos orgânicos ou enxofre, dependendo do
sido aplicadas na China, Brasil e Holanda (Roest et
tipo de esgoto contendo metal; no estágio de
al., 2005; Sarti et al., 2011). No Brasil, um reator
de biofilme em batelada sequencial sulfidogênico tratamento químico subsequente, o H2S dissolvido
foi adotado para tratar esgoto do processo de forma sulfeto metálico a ser separado por
sulfonação com uma carga de sulfato volumétrica sedimentação e desidratação para refino (ver
de até 1,3 kg SO42-/h, com esgoto doméstico e Figura 7.5D). Existem outros processos
etanol introduzidos como fonte externa de carbono relacionados para o tratamento de esgoto contendo
(Sarti et al., 2011). A Figura 7.5 resume os metais relatados por Van Houten et al. (2009) e
DiLoreto et al. (2016).

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Figura 7.5 Processos de redução de sulfato para tratamento de A) esgoto contendo sulfato e compostos orgânicos; B) esgoto
de DGC contendo sulfato e doadores de elétrons insuficientes; C) esgoto contendo metal sem fonte de enxofre, mas com
doadores de elétrons; e D) esgoto contendo sulfato e metal.

Além disso, as BRS podem usar muitos dos


7.2.4.3 Parâmetros cinéticos do processo intermediários formados na digestão anaeróbia;
A modelagem é geralmente adotada no projeto portanto, a redução de sulfato é frequentemente
e na operação do reator. Uma equação cinética do modelada como cinética de reação geral, por
tipo Monod de termo duplo é frequentemente exemplo, no ADM1 estendido (Fedorovich et al.,
aplicada ao lidar com a simulação de um aceptor de 2003; Barrera et al., 2015), que inclui até quatro
elétrons limitante (sulfato) e ou de um doador de grupos adicionais de BRS utilizando
elétrons limitante (substrato orgânico ou H2) na butirato/valerato, propionato, CH3COO- e H2 como
competição entre BRS e metanogênese. No doadores de elétrons, respectivamente. Os
entanto, em um sistema dominado por BRS, não há parâmetros cinéticos para essas BRS estão listados
competição entre BRS e metanogênese, portanto a na Tabela 7.4.
cinética de dois termos torna-se desnecessária.

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Tabela 7.4 Parâmetros cinéticos de redução de sulfato para diferentes doadores de elétrons.
Doador de Tipo de BRS µmáx Produção celular Ks para De Ks para Ae
elétrons (1/d) (kgSSV/kgDQO) (kgDQO/m3) (kgSO42-/m3)
C4VFA c4BRS 0,22-0,45 0,023-0,030 0,009-0,100 0,01-0,02
Propionato pBRS 0,20-0,92 0,022-0,035 0,11-0,30 0,0074-0,0190
CH3COO- aBRS 0,13-0,87 0,024-0,082 0,024-0,220 0,0096-0,0190
H2 hBRS 0,39-2,80 0,023-0,077 2,50E-05-1,00E-04 0,0009-0,0190
De: doador de elétron; Ae: aceptor de elétron

1990. No entanto, devido às diversas propriedades


7.2.5 Fatores que afetam a redução de fisiológicas das BRS (por exemplo, crescimento,
sulfato temperatura, salinidade, OD, tolerância a
compostos tóxicos etc.) e complexidade dos
Apesar da capacidade das BRS de crescerem doadores orgânicos, o equilíbrio resultante entre as
em uma ampla gama de condições ambientais (por diferentes variáveis para um melhor desempenho
exemplo, 0-100 °C, baixa a alta salinidade e pH deve ser a norma crítica. Além dos tipos de
1,0-9,8), as tecnologias de tratamento baseadas em substrato (carbono e enxofre) e das comunidades
BRS são aplicadas principalmente em condições microbianas, a Tabela 7.5 resume outros fatores
fisiologicamente subótimas (Mackenzie, 2005). Do que podem afetar a eficiência da redução de sulfato,
ponto de vista de projeto e operação, melhorar e com os seguintes fatores-chave discutidos a seguir.
otimizar o desempenho dos processos baseados em
BRS têm sido o principal objetivo desde os anos

Tabela 7.5 Fatores fisiológicos e operacionais que afetam o desempenho dos reatores redutores de sulfato (atualizado de Hao
et al., 2014).

Fator Efeito (s) Condições preferenciais


Condições do efluente

Concentração • Afeta o crescimento e atividade das BRS • Valore típicos de DQO/SO42-


de sulfato • Pode ser superado por outros microrganismos variam entre 0,7 e 1,5
em baixas concentrações
• Altas concentrações inibe atividade das BRS
Elementos • Fe, Cu, Zn, Co, Mo, Ni são necessários para o • Altos níveis de Fe são necessários
traços transporte de elétrons no meio de cultura devido à
• Síntese de metaloenzimas redox-ativas precipitação do sulfeto
• Alta concentração de Mo inibe o metabolismo • Mo acima de 2 mM inibe
de BRS completamente as BRS1)
Concentração • Elevada concentração de metais pesados pode • Concentração desejada e ordem
de metais reduzir ou inibir totalmente as atividades das decrescente de toxicidade (mg/l)
BRS Cu < 4, Cd < 11, Ni < 13, Zn < 16,5,
Cr < 35, Pb < 80

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Tabela 7.5 (c0ntinuação) Fatores fisiológicos e operacionais que afetam o desempenho dos reatores redutores de sulfato
(atualizado de Hao et al., 2014).

Fator Efeito (s) Condições preferenciais


Condições do efluente

Concentração de • NO3- é o principal inibidor de atividade e Nível de impacto:


NO3- crescimento das BRS • 70 mM NO3- inibe
significativamente o crescimento
• Injeção de 0,25-0,33 mM por
longos períodos inibe a quantidade
e a atividade das BRS
pH • Afeta o crescimento e atividade • Faixa de pH para BRS: 5,5-10
• Influencia a diversidade de espécies de BRS e
a competição com as metanogênicas
• Afeta a quantidade de sulfeto dissolvido
Salinidade • Influencia as espécies de BRS existentes • Faixa ótima de salinidade: 6-12%
• Taxa de redução de sulfato é inversamente
relacionada à salinidade
Condições operacionais

Substrato/sulfato • Afeta crescimento, atividade e diversidade • Relação ótima DQO/SO42- para


microbiana remoção de DQO é 0,6-1,2 e para
• Adequada relação C/S permite BRS superar remoção de sulfato é 2,4-4,8
outros microrganismos
Potencial de • Afeta a competição entre as BRS e outros • Potencial redox adequado para
oxirredução microrganismos, por exemplo metanogênicas BRS é de 50 a -300 mV; Leitura
• Afeta a atividades das BRS ótima de potencial redox de -270
mV utilizando uma sonda padrão
de hidrogênio
Temperatura • Controla a atividade e crescimento • BRS toleram temperaturas entre -5
• A temperatura inicial de cultivo afeta a e 75 °C
diversidade de BRS • Temperatura ótima está na faixa de
• Baixa solubilidade do H2S em altas 28 °C a 40 °C
temperaturas
Idade de lodo • Afeta a performance do reator e a produção • Elevada idade de lodo previne que
de lodo os microrganismos metanogênicos
• Afeta a competição entre BRS e bactérias sejam superados, os
metanogênicas/ homoacetogênicas microrganismos metanogênicos
podem ser removidos rapidamente
aplicando baixa idade de lodo
Tempo de • Influencia a atividade das BRS • Para a maioria das BRS, o TDH
detenção • Concentração da biomassa ideal é de 20-30 h
hidráulica • Competição com outros microrganismos
(TDH)

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Tabela 7.5 (c0ntinuação) Fatores fisiológicos e operacionais que afetam o desempenho dos reatores redutores de sulfato
(atualizado de Hao et al., 2014).

Fator Efeito (s) Condições preferenciais


Condições operacionais

Concentração de • Alta concentração de H2S afeta de forma • Purga de nitrogênio


H2S direta e reversível as BRS, e inibe a atividade • Reduz a atividade quando a
microbiana concentração de H2S é maior do
que 60-70 mg/L
Condições de • A frequência de mistura impacta
mistura significativamente a atividade das BRS
• Afeta na distribuição e no desprendimento
das BRS causando perda de biomassa

1)
Limitação de impacto negativo.

Temperatura
pH e concentração de sulfeto
Em termos de temperatura fisiológica, as BRS
podem ser classificadas em mesofílicas A maioria das BRS mostra uma alta atividade
(temperatura de crescimento < 40 °C), termofílicas específica na faixa de pH de 5,0-8,0 e prefere um
moderadas (temperatura de crescimento 40-60 °C) pH de 7,5-8,0. No entanto, várias espécies de BRS
e termofílicas extremas (> 60 °C) tolerantes a ácido foram encontradas em um pH de
(Brahmacharimayum et al., 2019). As espécies trabalho tão baixo quanto 3 (Zeng et al., 2019).
mesofílicas que predominam em ambientes Algumas espécies também foram relatadas como
projetados são tipicamente Desulfobacter sendo tolerantes a álcalis, por exemplo,
hydrogenophilus, Desulfobacter curvatus, Desulfovibrio alkalitolerans sp. nov. (Abildgaard
Desulfovibrio latus, Desulfovibrio vibrioformis e et al., 2006). Por outro lado, o pH mais alto para as
Desulfovibrio halotolerans. Sob temperatura BRS pode ser de até 10,5 (Zeng et al., 2019). A
ambiente natural, a taxa de redução de sulfato atividade das BRS pode ser submetida a dois
diminui em aproximadamente 60% quando cai para limiares de inibição: um para o sulfeto não
10-15 °C. No entanto, a taxa pode se recuperar dissociado (H2S) e outro para o sulfeto total,
totalmente e melhorar quando a temperatura embora as concentrações inibidoras de sulfeto total
aumenta para 20-35 °C, embora diminua e sulfeto de hidrogênio, respectivamente, não
novamente quando a temperatura ultrapassa 40 °C sejam conclusivas. Em geral, em níveis de pH
(Alvarado, 2016). Em uma aplicação de baixa abaixo de 7,2, o H2S não dissociado será dominante
temperatura, aumentar a diversidade e a e atingirá o limiar de inibição, enquanto, em níveis
abundância das BRS é crucial para se manter a de pH acima de 7,2, o sulfeto total resultará em um
eficiência do tratamento. Por outro lado, em efeito inibitório (Perry, 1984); as BRS são menos
processos termofílicos, o H2S produzido pode ser sensíveis ao sulfeto total quando o pH está entre 6,8
facilmente removido, possivelmente aliviando sua e 8,0, mas serão mais sensíveis ao sulfeto não
inibição enquanto enriquece as BRS termofílicas dissociado. O sulfeto de hidrogênio pode se
(por exemplo, Thermodesulfobacterium commune combinar com o ferro na ferredoxina, no citocromo
e Thermodesulfobacterium hveragerdense). e em outros compostos essenciais contendo ferro
nas células, cessando assim os sistemas de

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transporte de elétrons (Koschorreck, 2008). lodo, portanto maiores custos operacionais, e


Portanto, em aplicações, o impacto do pH deve ser aumenta os compostos orgânicos residuais nos
cuidadosamente considerado. efluentes tratados. Portanto, o bioprocesso
inorgânico de desnitrificação autotrófica tem
Relação mássica DQO/SO42- atraído cada vez mais atenção na última década,
Na maioria das reduções heterotróficas conduzidas especialmente a desnitrificação autotrófica
por BRS, o doador de elétrons e a fonte de carbono conduzida por enxofre (DACE, sulphur-driven
frequentemente compartilham os mesmos autotrophic denitrification, SdAD). Este processo
compostos, exceto quando H2 e/ou CO também é realizado por microrganismos desnitrificantes
estão envolvidos. A relação mássica DQO/SO42- é quimiolitoautotróficos, ou seja, bactérias
reconhecida como um fator chave nessas reações oxidadoras de enxofre (BOE), como Thiobacillus
porque essa razão regula a competição entre BRS e denitrificans. Estas bactérias são capazes de utilizar
outros organismos pelo substrato. Por exemplo, vários compostos reduzidos de enxofre inorgânicos
0,6-1,2 é adequado para remoção de DQO, (por exemplo, S0, sulfeto total dissolvido, S2O32- e
enquanto 2,4-4,8 é favorável para remoção de SO32-) como doadores de elétrons para a
sulfato; entre 1,7 e 2,7, há competição ativa pela desnitrificação de NO3- e NO2-, bem como o
utilização de substrato orgânico entre BRS e sequestro de CO2 (Cardoso et al., 2006).
microrganismos metanogênicos; em < 1,5, a
atividade das BRS é dominada (Choi e Rim, 1991). O processo de DACE possui várias vantagens
A competição entre BRS e microrganismos inerentes, tais como: (i) não há necessidade de uma
metanogênicos também pode ser influenciada por fonte de carbono orgânico exógena; (ii) elimina
um substrato orgânico específico ou um tipo de problemas associados a compostos orgânicos
doador de elétrons, devido às diferentes residuais; (iii) um coeficiente de produção de
propriedades cinéticas das BRS e outros doadores biomassa inferior ao obtido no processo de
de elétrons; no caso da trimetilamina e da desnitrificação heterotrófica convencional (ou seja,
metionina como substrato, os microrganismos 0,15-0,57 g de biomassa autotrófica vs. 0,71-1,2 g
metanogênicos irão superar as BRS (Oremland e de biomassa heterotrófica por 1 g de NO3--N
Polcin, 1982). desnitrificado (Yang et al., 2016a)), reduzindo
assim a produção de lodo para tratamento e
descarte, bastante dispendiosos conforme
7.3 DESNITRIFICAÇÃO AUTOTRÓFICA reportado anteriormente; (iv) uma redução
CONDUZIDA POR ENXOFRE significativa no acúmulo e emissão de óxido
nitroso (N2O) durante a desnitrificação quando há
enxofre suficiente (Yang et al., 2016a); e (v)
7.3.1 Introdução
facilita a remoção simultânea de NO3-/NO2- e
O esgotamento dos recursos hídricos subterrâneos, compostos de enxofre (Moraes et al., 2012). A
preocupações com o enriquecimento de nutrientes DACE pode ser uma alternativa econômica à
em corpos d'água naturais, diminuições na pegada desnitrificação heterotrófica convencional no
de carbono e limites restritivos de descarga para tratamento de água e esgoto contendo enxofre e
nutrientes impulsionam o desenvolvimento de deficientes em carbono, como lixiviado de aterro
novos bioprocessos para a remoção de nitrogênio sanitário, esgoto de aquicultura, esgoto de indústria
de correntes de água e esgoto (Kostrytsia et al., petroquímica, polimento de efluentes de reatores
2018b). Uma vez que a desnitrificação anaeróbios, dessulfuração de biogás, tratamento
heterotrófica normalmente requer o fornecimento anticorrosão de sistemas de esgoto e tratamento
de matéria orgânica como doador de elétrons, isso antivazamento de reservatórios de petróleo e
geralmente resulta em uma maior produção de instalações de refinaria de petróleo.

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7.3.2 Reações bioquímicas no processo de (ou seja, enxofre elementar produzido


DACE endogenamente). Na oxidação completa de sulfeto
a SO42- (ver Eq. 7.7), oito elétrons por átomo de
Considerando a importância da oxidação biológica enxofre são doados do sulfeto ao oxigênio. Essa
de enxofre no processo de DACE, é essencial reação está entre as reações mais energéticas para
compreender as reações bioquímicas envolvidas os quimioautótrofos (Di Capua et al., 2019). A
nesse processo. As reações bioquímicas oxidação completa de sulfeto com óxidos de
estequiométricas relacionadas à oxidação de nitrogênio (NOx-) como aceptor de elétrons é
enxofre e à desnitrificação de NO3- e NO2- termodinamicamente favorável, conforme indicado
simultâneas sob condições anóxicas estão listadas pelas mudanças de energia livre de Gibbs padrão
abaixo (ver eqs. 7.7-7.12), considerando a (ver eqs. 7.7 e 7.8). No entanto, a formação de
ocorrência de desnitrificação completa e enxofre elementar como um intermediário da
negligenciando o crescimento de biomassa desnitrificação autotrófica depende da
(Cardoso et al., 2006; Sierra-Alvarez et al., 2007). concentração de sulfeto, especialmente quando o
NO3- é o aceptor de elétrons (Cardoso et al., 2006).
S2- + 1,6NO3- + 1,6H+ → SO42- + 0,8N2 + 0,8H2O Isso pode ser atribuído à conversão de sulfeto a
ΔG0’ = -743,9 kJ/mol (7.7) enxofre elementar biogênico (S0bio) consumindo
quatro vezes menos NOx- do que sua oxidação
S2- + 2,67NO2- + 2,67H+ → SO42- + 1,33N2 + completa a SO42- (ver eqs. 7.7, 7.8, 7.11 e 7.12),
1,33H2O resultando em um processo preferencial sob
ΔG0’ = -920.3 kJ/mol (7.8) limitação do aceptor de elétrons. Nessas condições,
a oxidação do excesso de sulfeto é favorecida
S0quím + 1,2NO3- + 0,4H2O → SO42- + 0,6N2 + 0,8H+ devido à sua maior biodisponibilidade aos
ΔG0’ = -547.6 kJ/mol (7.9) microrganismos desnitrificantes em comparação
com o S0bio, que se acumula ao longo do tempo.
S2O32- + 1,6NO3- + 0,2H2O → 2SO42- + 0,8N2 + Com base nas reações bioquímicas com a formação
0,4H+ intermediária de compostos de enxofre, a redução
ΔG0’ = -776 kJ/mol (7.10) de NO2- é evidentemente termodinamicamente
mais favorável do que a redução de NO3- pelas
S2- + 0,4NO3- + 2,4H+ → S0bio + 0,2N2 + 1,2H2O maiores mudanças de energia livre de Gibbs padrão
negativa (ver eqs. 7.11 e 7.12). É importante notar
ΔG0’ = -191.0 kJ/mol (7.11) que a fração de elétrons contribuída para o
crescimento é negligenciada nas eqs. 7.7, 7.9 e 7.10
S2- + 0,67NO2- + 2,66H+ → S0bio + 0,33N2 + acima. Geralmente, a quantidade real de compostos
1,33H2O de enxofre consumidos é 30-38% maior do que os
ΔG0’ = -240.3 kJ/mol (7.12) valores estequiométricos, considerando o
crescimento celular das BOE. Consequentemente,
No processo de oxidação de sulfeto, o sulfeto, as eqs. 7.7, 7.9 e 7.10 são estendidas às eqs. 7.13,
como um doador de elétrons, pode ser oxidado a 7.14 e 7.15 para se representar as reações
enxofre elementar biogênico (S0bio) ou a sulfato bioquímicas estequiométricas de desnitrificação
(SO42-), conforme indicado pelas eqs. 7.7 e 7.11, completa de NO3- no uso de fontes inorgânicas,
respectivamente. Neste capítulo, definimos a soma bem como o crescimento de biomassa associado no
de H2S(aq), HS- e S2- como sulfeto dissolvido total anabolismo. A produção de biomassa (Y, g
(SDT), enquanto enxofre elementar refere-se ao células/g NO3--N) de microrganismos
enxofre elementar químico (S0quím) (ou seja, desnitrificantes oxidadores de enxofre depende dos
adicionado exogenamente) ou ao biogênico (S0bio) tipos de compostos de enxofre consumidos nas

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reações bioquímicas, conforme mostrado nas doadores de elétrons, estão resumidos na Tabela
seguintes equações (Mora et al., 2014). 7.6, entre os quais Thiobacillus e Sulphurimonas
que são quimiolitotróficos obrigatórios e/ou
HS- + 1,23NO3- + 0,573H+ + 0,438HCO3- + facultativos. As BOE quimiolitotróficas
0,027CO2 + 0,093NH4+ → 0,093C5H7O2N + SO42- facultativas podem crescer autotroficamente ou
+ 0,614N2 + 0,866H2O mixotroficamente com compostos orgânicos
Y = 0,61 g células/g NO3--N (7.13) complexos como suas fontes simultâneas de
carbono e energia (Muyzer et al., 2013). Até o
S0 + 0,876NO3- + 0,343H2O + 0,379HCO3- + momento, muitas espécies de BOE foram isoladas
0,023CO2 + 0,080NH4+ → 0,080C5H7O2N + SO42- de sedimentos, fontes hidrotermais, oceanos, lagos
+ 0.44N2 + 0,824H+ alcalinos e lagos hipersalinos, e várias delas são
Y = 0,74 g células/g NO3--N (7.14) encontradas no processo de DACE. A Tabela 7.7
resume essas BOE e suas condições ideais de
S2O32- + 1,24NO3- + 0,11H2O + 0,45HCO3- + crescimento. As espécies de BOE podem crescer
0,09NH4+ → 0,09C5H7O2N + 2SO42- + 0,62N2 + em diferentes valores de pH, por exemplo,
0,40H+ Thiomicrospira cresce em pH 5,5 a 8,5, e
Y = 0,59 g células/g NO3—N (7.15) Thiobacillus denitrificans prefere condições
neutras. Algumas BOE são acidofílicas e podem
Considerando as estequiometrias de crescer em um pH inferior a 5,0, e algumas (por
desnitrificação baseada em sulfeto, S0quím e S2O32- exemplo, Thialkalivibrio nitratireducens e
(ver eqs. 7.7, 7.8 e 7.9), a redução de 1 mg NO 3--N Thiobacillus versutus) apenas crescem em um
gera 5,58, 7,83 e 11,07 mg SO42, respectivamente. ambiente alcalino. Para a maioria das BOE, suas
Isso pode limitar a aplicação da tecnologia DACE temperaturas ótimas de crescimento são em torno
na restauração de águas subterrâneas e superficiais de 30 °C, enquanto algumas BOE têm uma ampla
contaminadas por NO3- e NO2-. faixa de temperatura ótima de crescimento, por
exemplo, Paracoccus crescem em condições
psicrofílicas ou termofílicas.
7.3.3 Microrganismos no processo de
DACE
Uma análise dos gêneros predominantes dá
Os consórcios microbianos envolvidos no processo uma compreensão mais profunda da composição e
de DACE são filogeneticamente diversos e função da comunidade microbiana no processo de
consistem principalmente em bactérias oxidadoras DACE sob diferentes condições operacionais. A
de enxofre e redutoras de nitrato, composição da comunidade microbiana pode ser
predominantemente pertencentes aos filos moldada significativamente alterando os
Proteobacteria, Firmicutes, Chloroflexi e Chlorobi parâmetros operacionais, como as concentrações
(Zhang et al., 2015). Os microrganismos iniciais de enxofre e NO3-, temperatura do reator,
pertencentes aos gêneros Thiobacillus, Thiomonas pH e TDH. Substratos doadores de elétrons
e Sulphurimonas são as BOE mais conhecidas também desempenham um papel importante na
como atuantes na desnitrificação autotrófica, determinação da estrutura da comunidade
obtendo energia para desnitrificação e síntese de microbiana. Por exemplo, Chlorobaculum,
biomassa, principalmente a partir da oxidação de Thiobacillus e Sulphurimonas são os gêneros
enxofre. A composição microbiana e a diversidade predominantes em um sistema de DACE
das BOE variam significativamente dependendo do conduzido por S2O32-, enquanto Acinetobacter,
tipo de doador de elétrons. Vários gêneros Thiobacillus e Thiothrix são predominantes em um
predominantes e suas condições ótimas de sistema de DACE conduzido por sulfeto. Alguns
crescimento, impulsionadas por diferentes gêneros com baixa abundância relativa podem

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mudar para uma abundância relativa mais alta também afeta o enriquecimento de
dependendo do tipo de doador de elétrons. Por microrganismos. Assim, a eficiência de remoção de
exemplo, Thauera tem uma abundância relativa NO3- depende de diferentes valores de pH
muito mais alta (2,2%) em um sistema de DACE operacionais com diferentes tipos de substrato de
com S0quím do que em um sistema de DACE com enxofre (por exemplo, doador de elétrons) em um
S2O32- (0,4%) (ver Tabela 7.6). Além disso, sistema de DACE. O lodo ativado enriquecido com
diferentes microrganismos funcionais podem ser BOE também pode ser granulado em um biorreator
enriquecidos, respectivamente, com uma carga de DACE em fluxo contínuo, com populações
volumétrica de sulfeto baixa, média ou alta, que é microbianas predominantes (Betaproteobacteria e
um fator importante que afeta as comunidades Epsilonproteobacteria) que são bastante diferentes
microbianas em um processo de DACE com do lodo floculento (Actinobacteria e
dessulfuração e desnitrificação simultâneas (Yu et Alphaproteobacteria) (Yang et al., 2016a).
al., 2014). O valor de pH no reator biológico

Tabela 7.6 Gêneros predominantes do consórcio bacteriano envolvido no processo DACE conduzido por diferentes doadores
de elétrons.
Doador de Gênero predominante Abundância Tipo de reator pH Temperatura Aceptor de
elétrons relativa (%) (°C) elétrons
Thiobacillus 45,1
Ignavibacteriales 25,4
S0quím Sulphurimona 7,0 AnFB-MBR - 25-31 NO3-
Longilinea 4,1

Thiobacillus 32,6
SDT Sulphurimonas 31,3 GSAD 7,3-7,7 28-32 NO3-
Paracoccus 0,1

Acinetobacter 12,8
Thiobacillus 3,6 Biofiltro
SDT 7,2-7,3 5-35 NO3-
Thiothrix 1,6 ascendente

Chlorobaculum 9,7
Thiobacillus 8,7 Biofiltro
S2 O32- 6,7-7,0 5-35 NO3-
Sulphurimonas 1,2 ascendente

Dechloromonas 18,0
Thiobacillus 8,7 Biofiltro
S0quím 6,5-7,0 5-35 NO3-
Thauera 2,2 ascendente

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Tabela 7.6 (continuação) Gêneros predominantes do consórcio bacteriano envolvido no processo DACE conduzido por
diferentes doadores de elétrons.

Doador de Gênero predominante Abundância Tipo de reator pH Temperatura (°C) Aceptor de


elétrons relativa (%) elétrons
Thiobacillus 22,6
S0 quím
Sulphurimonas 11,8 RBS 7,0-8,5 35 NO3-
Thioahalobacter 11,0

Sulphurimonas 82,2
Thauera 2,7
S0quím - 7,5 25 NO3-
Simplicispira 2,3
Pseudomonas 1,6
Maribius 11,3
Paracoccus 10,0
Thiobacillus 9,3
SDT, S2O32- MBBR 7,2-7,8 21-23 NO3-
Sedimenticola 8,3
Thioalbus 7,6
Sulphurimonas 1,0
Thiobacillus 11,0
S0quím Sulphurimonas 5,4 - 8,0 31-35 NO3-

SDT: sulfeto dissolvido total (H2S, HS-, S2-); S0quim: enxofre elementar adicionado quimicamente; AnFB-MBR: biorreator
anaeróbio de leito fluidizado com membrana (em inglês, anaerobic fluidized-bed membrane bioreactor); GSAD: desnitrificação
autotrófica com lodo granular (em inglês, granular-sludge autotrophic denitrification); RBS: reator batelada sequencial; MBBR:
reator de leito móvel com biofilme (em inglês, moving-bed biofilm reactor).

Tabela 7.7 Fisiologia, taxonomia e condições ótimas de crescimento para diferentes espécies desnitrificantes quimiolitotróficas
isoladas.

Espécies Local de isolamento pH Temperatura Doador de elétrons Aceptor de


(°C) elétrons
Thialkalivibrio Lago alcalino 10,0 - S2O32-, S2-, Sn2- NO3-
nitratireducens
Thiobacillus versutus Lago alcalino 10,1-10,2 35 S2O32-, S2-, Sn2-, S0, NO3-
S4O62-
Thiobacillus denitrificans Lodo anaeróbio 7,0 27-29 S2- NO3-
Sulphurimonas denitrificans Respiradouro 6,1 30 S0, S2-, H2 NO3 NO2-, O2
-,

hidrotermal de mar
profundo, ninho de
poliquetas
Halothiobacillus Esterco bovino 6,5-6,9 28-32 S2O32-, S2-, S0 NO3-
neapolitanus
Thiohalorhabdus Sedimento 6,5-8,2 33-35 S2O32- NO3-, O2
denitrificans

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Tabela 7.7 (continuação) Fisiologia, taxonomia e condições ótimas de crescimento para diferentes espécies desnitrificantes
quimiolitotróficas isoladas.

Espécies Local de isolamento pH Temperatura Doador de elétrons Aceptor de


(°C) elétrons
Thiobacillus thiophilus Sedimento 7,5-8,3 25-30 S2O32- NO3-, O2
contaminado com
petróleo
Pseudomonas stutzeri Lodo anóxico 6,5-8,0 30 S2- NO3-, O2
Thiomicrospira sp. Campo de petróleo 5,5-8,5 5-35 S2-, CH3COO- NO-3, NO2-
Sulphurimonas gotlandica Zona redox marinha 6,7-8,0 15 S2O32-, S2-, S0, H2, NO3-, NO2-
pelágica compostos
orgânicos
Paracoccus sp. Fonte termal 7,0-9,0 20-50 S2O32- NO3-
Thiobacillus thioparus Solo arenoso 7,0 28 S2O32- O2
2-
Sn : polissulfeto.
S2O32-; (ii) a via do tetrationato (SI4) da oxidação
7.3.4 Bioquímica do processo de DACE de S2O32-; e (iii) a via enzimática múltipla
As BOE trabalham de forma independente ou em dependente de Sox. A bioxidação inicial do sulfeto
modo de cocultura no sistema ecológico pode ser mediada pela sulfeto:quinona
microbiano de DACE. As principais reações oxidoredutase (SQR), uma flavoproteína
bioquímicas envolvidas na transformação de responsável pela oxidação biológica obrigatória de
enxofre-nitrogênio são catalisadas por enzimas sulfeto nas bactérias foto e quimiolitotróficas.
funcionais específicas: notavelmente, tanto as Além disso, a flavocitocromo c sulfeto
redutases de óxido de nitrogênio (enzimas desidrogenase (FCSD), que compartilha um
redutoras de nitrogênio) quanto as enzimas ancestral com a SQR que tem uma via funcional
oxidadoras de enxofre. As BOE oxidam os semelhante, é uma enzima oxidadora de enxofre
compostos inorgânicos de enxofre reduzidos (os alternativa localizada no periplasma. O produto
doadores de elétrons) para o crescimento primário da reação com a SQR é o polissulfeto
microbiano no anabolismo e para a produção de solúvel, que é finalmente convertido em glóbulos
energia através da desnitrificação autotrófica de enxofre (ou seja, S0bio) por um processo
dissimilatória no catabolismo. puramente químico e espontâneo. Os glóbulos de
enxofre formados no periplasma podem ser
posteriormente transportados para o citoplasma por
7.3.4.1 Enzimas oxidadoras de enxofre um sistema enzimático carreador de enxofre (SCE)
O SDT, o S0quím e o S2O32- são os doadores de e oxidados a SO32- pela Dsr. A oxidação
elétrons mais comuns para as BOE. As vias subsequente de SO32- a SO42- usa principalmente
metabólicas e enzimas funcionais envolvidas na uma das duas subvias confirmadas realizadas por
oxidação de compostos de enxofre e conservação dois tipos de sulfito desidrogenases. A primeira
de energia por BOE foram bioquimicamente subvia emprega a sulfito oxidase que oxida SO32- e
caracterizadas, como mostrado na Figura 7.6. As transfere os elétrons para o citocromo c; na segunda
três vias principais que foram identificadas até subvia, os microrganismos quimiolitotróficos de
agora são: (i) a via de oxidação de enxofre enxofre oxidam SO32- a SO42- por meio da atividade
independente de Sox envolvendo oxidases e reversa da enzima APS (adenosina fosfossulfato)
hidrolases distintas para oxidação de SDT, S0quím e redutase.

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Figura 7.6 Visão geral esquemática das vias de oxidação do enxofre microbiano e as principais enzimas funcionais envolvidas.
FCSD = flavocitocromo c sulfeto desidrogenase; SQR = sulfeto:quinona oxidoredutase; Dsr = sulfito redutase dissimilatória; SO
= sulfito oxidase; TQO = tiossulfato:quinona oxidoredutase; PH = politionato hidrolase; APS = adenosina fosfossulfato; APSR =
adenosina-5′-fosfossulfato redutase; ATPS = ATP sulfurilase; Sox = complexo enzimático oxidador de enxofre governado por
um operon Sox conservado.

A oxidação de S2O32- também pode ser enxofre reduzidos (por exemplo, SDT, S2O32- e S0)
realizada pelo sistema de enzima independente de em SO42-. Para obter informações detalhadas sobre
Sox por meio da formação intermediária de as enzimas e vias de oxidação bioquímica do
tetrationato catalisado pela tiossulfato:quinona enxofre, consulte o livro de autoria de Hell et al.
oxidoredutase e, então, seguida pela degradação de (2008).
tetrationato em SO32- por meio de hidrólise
mediada por politionato hidrolase citoplasmática. 7.3.4.2 Enzimas redutoras de nitrogênio
Essa via de oxidação de S2O32- via formação de
politionato é comumente encontrada em várias A desnitrificação autotrófica biológica é uma
proteobactérias β e γ, especialmente em combinação de quatro reações redutoras de
microrganismos quimiolitotróficos obrigatórios nitrogênio microbianas: redução dissimilatória de
(por exemplo, Acidithiobacillus). NO3-, redução de NO2-, redução de NO e redução
de N2O. Todas as etapas dessa via metabólica são
O complexo enzimático dependente de Sox, ou catalisadas por metaloenzimas complexas com
seja, o complexo Sox α-proteobacteriano de múltiplos sítios, que requerem 10 mol de elétrons e
múltiplas enzimas, é governado por um operon Sox 12 mol de H+ para a redução completa de 1 mol de
conservado. O agrupamento de genes NO3- a N2. Na primeira etapa, a redução de dois
soxXYZABCD codifica os componentes elétrons de NO3- a NO2- é catalisada pela nitrato
estruturais do sistema microbiano de oxidação de redutase (Nar) contendo molibdênio. A enzima está
enxofre. Esses sete genes formam as quatro localizada no citoplasma (Nar GH) ou no
proteínas (SoxXA, SoxYZ, SoxB e SoxCD) periplasma (Nap AB). NO2- é posteriormente
necessárias para a redução do citocromo c reduzido a NO na segunda etapa, catalisada pelo
dependente de enxofre. Esse complexo de nitrito redutase (Nir) localizada no periplasma (ver
múltiplas enzimas pode oxidar vários substratos de Figura 7.7). Na terceira etapa, duas moléculas de

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óxido nítrico são conjugadas para formar N2O e comum com a Nir. A etapa final (de N2O para N2)
água com a adição de dois elétrons. Essa reação é é catalisada pela Nos, outra enzima periplasmática
catalisada por um óxido nítrico redutase ligada à que recebe elétrons das proteínas doadoras de
membrana (Nor) que compreende cofatores de elétrons intermediárias, por exemplo,
ferro heme c, heme b e não heme. Finalmente, uma pseudoazurina e citocromo c550 (Van Spanning et
metaloenzima contendo cobre, ou seja, óxido al., 2007).
nitroso redutase (Nos), é responsável pela última
etapa de desnitrificação, ou seja, redução de N2O A competição entre as diferentes redutases de
em dinitrogênio (N2) (ver Figura 7.7). Para obter óxido de nitrogênio (ou seja, Nar, Nir, Nor e Nos)
informações mais detalhadas sobre a estrutura e comumente existe na cadeia respiratória da
função das enzimas redutoras de óxido de desnitrificação porque os elétrons para a redução
nitrogênio, os leitores podem consultar os livros de do composto de nitrogênio se originam da fonte de
Van Spanning et al. (2007) e Moura et al. (2016). suprimento de elétrons comum, ou seja, o
reservatório de ubiquinol (UQ/UQH2) como
7.3.4.3 Distribuição e competição por discutido acima. O UQ/UQH2 pode ser
elétrons no processo de DACE reabastecido por elétrons da oxidação de doadores
de elétrons inorgânicos (por exemplo, SDT e
Esta seção fornece percepções fundamentais sobre S0quím). A capacidade relativa de competir pelos
a distribuição de elétrons no processo de DACE, elétrons entre Nar, Nir, Nor e Nos regula a
considerando o suprimento de elétrons (ou seja, a distribuição de elétrons entre as etapas de
oxidação do substrato de enxofre), o consumo de desnitrificação e determina o possível acúmulo de
elétrons, e a competição entre as redutases de óxido compostos de nitrogênio (intermediários
de nitrogênio (Nar, Nir, Nor e Nos). A via de desnitrificantes) durante as reações de DACE.
distribuição de elétrons no processo de DACE é Além disso, os substratos de enxofre podem
mostrada na Figura 7.7. O sulfeto dissolvido pode possuir diferentes taxas de oxidação e subsequentes
ser convertido a S0bio pela SQR ou a SO42- pelo fluxos de elétrons na cadeia de transporte de
complexo enzimático Sox. Os elétrons gerados a elétrons, impondo competição de elétrons nas
partir da oxidação de doadores de elétrons de reações de DACE. Foi descoberto que a
enxofre inorgânicos facilitam a Nar ligado à competição de elétrons entre as redutases de óxido
membrana para realizar a redução de NO3- a NO2-. de nitrogênio afeta as taxas de redução dos óxidos
Os elétrons liberados da oxidação podem ser de nitrogênio e é responsável pelo acúmulo de
alimentados na cadeia de transporte de elétrons, intermediários (ou seja, NO2- e N2O) durante a
que está diretamente conectada ao reservatório de operação de longo prazo de um reator de DACE
quinonas (UQ/UQH2) na membrana (Pan et al., 2013; Yang et al., 2016b). A emissão de
citoplasmática. Os elétrons são entregues à Nir N2O do processo de desnitrificação durante o
periplasmática por um citocromo mono-heme tipo tratamento de esgoto recentemente causou
c, isto é, citocromo c550, ou uma proteína considerável preocupação ambiental, devido ao seu
cupredoxina chamada pseudoazurina. Essas duas potencial de aquecimento global 265 vezes maior
proteínas periplasmáticas e solúveis em água são em relação ao CO2 e sua capacidade de diminuir o
reduzidas por um complexo de membrana integral ozônio estratosférico. Curiosamente, o acúmulo e a
denominado complexo citocromo bc1, que por sua emissão de N2O no processo de DACE são
vez é reduzido pelo ubiquinol. O NO gerado deve significativamente menores do que na
ser restrito a uma concentração baixa devido ao seu desnitrificação heterotrófica convencional (Zhang
potencial de toxicidade para as células. A Nor é et al., 2015; Yang et al., 2016b). Isso se deve ao
uma proteína de membrana integral que recebe fato de que o processo de DACE difere dos
elétrons da pseudoazurina ou do citocromo c550 em processos de desnitrificação heterotrófico e

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hidrogenotrófico relatados devido às suas vias


exclusivas de partição de elétrons, conforme
mostrado na Figura 7.7
.

Figura 7.7 Esquemas da distribuição de elétrons no processo de DACE. Os elétrons para cada etapa de desnitrificação mediada
por diferentes redutases de óxidos de nitrogênio (Nar, Nir, Nor e Nos) se originam da fonte de suprimento de elétrons comum,
ou seja, o reservatório de ubiquinol (UQ/UQH2), que é reabastecido pela entrada de elétrons da oxidação de substratos de
enxofre (ou seja, SDT e S0quím). SDT: sulfeto dissolvido total; S0bio: enxofre biogênico (produzido endogenamente); S0quím:
enxofre elementar químico (adicionado externamente); S2O32-: tiossulfato, SO32-: sulfito; SO42-: sulfato; Nar: nitrato redutase;
Nir: nitrito redutase; Nor: óxido nítrico redutase; Nos: óxido nitroso redutase; Ps az: pseudoazurina; Cytbc 1: citocromo bc1;
Cytc550: citocromo c550.

diferentes taxas de oxidação que influenciam a


7.3.5 Condições operacionais que regem eficiência de remoção de nitrogênio do processo de
o processo de DACE DACE. Para substratos de enxofre específicos (ou
O processo de DACE envolve diferentes substratos seja, S0quím, S0bio, SDT e S2O32-), a razão de massa
de enxofre (ou seja, S0 químico, S0 biológico, SDT de enxofre e nitrogênio (S/N) pode influenciar o
e S2O32-) que fornecem os doadores de elétrons para acúmulo de intermediários (ou seja, N2O, NO2- e
as BOE removerem óxidos de nitrogênio (ou seja, S0bio). A seleção de diferentes configurações de
NO3- e NO2-) da água, do esgoto e fluxos gasosos biorreator e de tipos biomassa (ou seja, lodo
quando fontes de substratos orgânicos são escassos. ativado, biofilmes e grânulos) é importante para
No entanto, os substratos de enxofre podem ter facilitar a retenção da microbiota no reator, de
modo a manter uma taxa de desnitrificação efetiva

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das bactérias oxidantes de enxofre (BOE). baseados em SDT, é recomendado a aplicação de


Enquanto isso, a alcalinidade ideal no biorreator é uma carga volumétrica de NO3- menor do que com
considerada necessária para complementar a S0quím ou S0bio.
demanda consumida pela desnitrificação
autotrófica com S0quím, S0bio ou S2O32-, exceto O tiossulfato (S2O32-), presente em alguns
usando SDT como o doador de elétrons. Além dos efluentes industriais (por exemplo, a indústria de
parâmetros operacionais acima, outros, como mineração), atua como o substrato de enxofre mais
oxigênio dissolvido (OD) e temperatura, também efetivo para a DACE (Cardoso et al., 2006; Di
influenciam a taxa e a eficiência do processo de Capua et al., 2019) e o menos inibidor para as BOE,
DACE. cuja tolerância pode ser de até 2.200 mg S/L (Di
Capua et al., 2016; Cui et al., 2019), 10 vezes maior
Substratos de enxofre e óxidos de nitrogênio do que a do SDT.

O S0 químico é um doador de elétrons No entanto, a instabilidade do S2O32- (ou seja, é


comumente utilizado no processo de DACE, uma facilmente decomposto) pode limitar sua utilização
vez que é econômico, facilmente disponível e como uma fonte doadora de elétrons. Para
menos tóxico em comparação com outros aplicações de engenharia em larga escala, a seleção
substratos de enxofre. O enxofre-calcário do substrato mais adequado deve ser baseada na
normalmente oferece uma fonte dupla de S0 cinética, custo, disponibilidade para
químico e alcalinidade para a aplicação da DACE microrganismos, aplicabilidade e potencial de
e permite que o biofilme enriquecido com BOE se toxicidade. Além do NO3-, o NO2- também pode ser
desenvolva nas partículas de S0 químico inseridas usado como um aceptor de elétrons. Durante a
no biorreator como meio suporte. No entanto, a redução do NO3-, o NO2- é um intermediário
principal desvantagem do S0 químico é sua baixa inibitório, e seu acúmulo depende da relação de
solubilidade aquosa e sua baixa taxa de massa S/N e da concentração de NO3- (An et al.,
transferência de massa no reator, dificultando o 2010). O acúmulo de NO2- inibe fortemente o
transporte de elétrons e a desnitrificação processo de desnitrificação, mesmo em um nível
autotrófica. Portanto, um reator de biofilme com S0 baixo de 200 mg NO2-/L (Claus e Kutzner, 1985).
químico como meio suporte é frequentemente
recomendado para melhorar a eficiência de
transferência de massa do sistema. Comparado com Relação de massa do enxofre e nitrogênio (S/N)
S0quím, S0bio é mais reativo e biodisponível para
microrganismos autotróficos, devido à estrutura A razão mássica S/N está diretamente
ortorrômbica do cristal de enxofre coberto por uma relacionada com o acúmulo de intermediários (ou
camada hidrofílica de polímeros carregados seja, N2O, NO2- e S0bio). Quando relação S/N está
naturalmente (Kostrytsia et al., 2018a). próxima de 2,1 g S/g N, começa a reduzir
significativamente a emissão de N2O, um potente
O SDT tem sido empregado como o doador de gás de efeito estufa, no processo de DACE com o
elétrons na conexão da DGC com o processo sulfeto como doador de elétrons (Yang et al.,
SANI® para tratamento de esgoto (Jiang et al., 2016b). Em uma relação S/N baixa, a falta de uma
2013), porque sua taxa de DACE é maior do que fonte de elétrons pode levar ao acúmulo de NO2-,
com S0quim, conforme mostrado na Tabela 7.8. que inibe a desnitrificação (Cui et al., 2019). Uma
Deve-se notar que o SDT é tóxico para as BOE razão de massa S/N mais alta favorece o S0bio como
quando sua concentração excede 200 mg S/L, principal produto final, enquanto o SO42- é o
afetando a atividade da Nar (Fajardo et al. 2014; Lu produto preferencial da oxidação de SDT
et al., 2018). Portanto, em reatores de DACE acompanhada por desnitrificação completa quando

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a relação S/N está abaixo do valor estequiométrico pode facilitar tanto o aumento da concentração de
(1,4 g S/g N). Para alcançar remoção de NO3- biomassa como a robustez para a desnitrificação
superior a 90%, é necessário atingir a relação autotrófica eficiente e estável (Yang et al., 2016a).
mínima de 1,6 g S/g N, maior do que a razão Os detalhes das diferentes configurações dos
estequiométrica teórica de 1,4 g S/g N (Wang et al. biorreatores e suas aplicações no processo DACE
2009; Lu et al., 2012b). estão resumidos na Tabela 7.8.

Tipos de lodo Alcalinidade, oxigênio e temperatura

Os tipos de lodo (ou seja, lodo ativado, A proporção de alcalinidade por nitrogênio
biofilmes e grânulos) nas diferentes configurações removido deve ser mantida em aproximadamente
de biorreator, tais como UASB (reator anaeróbio de 4,00-4,46 mg CaCO3/mg N (Zhang e Shan, 1999;
manta de lodo e fluxo ascendente; em inglês, Oh et al., 2003) para atingir a faixa de pH ideal de
upflow anaerobic sludge blanket reactor) e reator 6 a 8 para as BOE (Oh et al., 2001). Quando o S0quím
de biofilme, ou seja, RLF (reator de leito fixo; em é usado como o doador de elétrons, 4,6 g de
inglês, packed-bed reactor) e MBBR (reator de alcalinidade (como CaCO3) são consumidos por g
leito móvel com biofilme; em inglês, moving-bed NO3--N removido (Kim e Bae, 2000). Algumas
biofilm reactor), influenciam significativamente a fontes alcalinas facilmente disponíveis, como
concentração de biomassa e a taxa de calcário, calcita, dolomita e concha de ostra, podem
desnitrificação. É importante manter uma alta ser consideradas para adição. Em casos de sistemas
concentração de biomassa no sistema para de enxofre-calcário, a proporção volumétrica ideal
melhorar a taxa de desnitrificação. O reator de do calcário para S0quím é de 1:1 - 1:3 m3/m³. O
biofilme é comprovadamente robusto e tem um oxigênio afeta o crescimento das bactérias
bom desempenho na DACE. O reator de leito fixo desnitrificantes autotróficas. A concentração de
é particularmente adequado para a remoção de OD entre 0,1-0,3 mgO2/L pode inibir a atividade da
NO3- em baixa concentração, uma vez que um Nos, e OD > 1,6 mgO2/L inibe completamente o
longo tempo de retenção (> 3 h) é necessário para processo de DACE (Cui et al., 2019). Para a
a desnitrificação completa. O MBBR é capaz de maioria dos desnitrificantes autotróficos, a faixa de
manter alto teor de biomassa contendo BOE de temperatura adequada é geralmente de 25-35 °C
crescimento lento (Cui et al., 2018). Mesmo sob (Shao et al., 2010; Fajardo et al., 2014). O processo
limitação severa de NO3-, o MBBR ainda pode de DACE com sulfeto como doador de elétrons
alcançar a remoção completa de NO3- e tem alta atinge a maior eficiência de desnitrificação (> 97%)
resiliência (Khanongnuch et al., 2019). Outro a 35 °C, no entanto diminui para 36-59% quando a
método para melhorar o desempenho do processo temperatura cai para 15 °C (Fajardo et al., 2014).
de DACE é através da granulação das BOE, o que

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Tabela 7.8 Diferentes configurações de biorreator contendo floco, biofilme e grânulos para o processo de DACE.
Tipo de Configuração Doador Aceptor pH do Temperatura Taxa de Escala
lodo biorreator de de afluente (ºC) desnitrificação
elétrons elétrons (gN/m3·d)
Floco Batelada S2O32- NO3- 8,0 30 52,5 Lab.
S0bio 12,0
S0quím 7,0
UASB S2O32- NO3- 7,0 28-32 105,8 Lab.
SDTd 23,1
S0quím 11,2
UASB SDTd NO3- - 30 4.964,2 Lab.
Biofilme PBR S0quím NO3- 7,2-7,5 15-25 360,0 Lab.
PBR S0quím NO3- 7,1-7,4 20-25 94,5-232,0 Lab.
FMFAR SDTd NO3- - 25 100,8 Piloto
MBBR SDTd NO3- - 20 350,0 Plena
UFCR S0quím NO3- 7,1-7,5 25-35 720,4 Lab.
MBBR SDTd NO3- 7,2-7,8 21-23 180,0 Lab.
MBBR SDTd NO3- - - 370,0 Lab.
Granular GSAD SDTd NO3- 7,3-7,7 28-32 310,0 Lab.
UASB: reator anaeróbio de manta de lodo e fluxo ascendente (em inglês, upflow anaerobic sludge blanket reactor); PBR: reator de
leito empacotado (em inglês, packed-bed reactor); FMFAR: reator anóxico preenchido com biomídia fixa (em inglês, fixed-media-
filled anoxic reactor); MBBR: reator de leito móvel com biofilme (em inglês, moving-bed biofilm reactor); UFCR: reator em coluna
e fluxo ascendente (em inglês, up-flow column reactor); GSAD: desnitrificação autotrófica com lodo granular (em inglês, granular-
sludge autotrophic denitrification); SDTd: sulfeto dissolvido total (SDTd=H2S+HS-+S2-).

7.3.6 Implicações do processo de DACE

A chave para o sucesso da aplicação desse processo 7.4 DESENVOLVIMENTO DO PROCESSO


é manter quantidades suficientes de BOE de SANI, MODELAGEM E APLICAÇÃO
crescimento lento no sistema. Nesse sentido, os
reatores de biofilme (como MBBR) ou de lodo 7.4.1 Introdução
granular são os mais indicados. O processo de
DACE pode ser usado para atualizar ou reformar
7.4.1.1 A história da água de Hong Kong
estações existentes que tratam esgoto com elevada
carga de enxofre ou esgoto ditos normal, dosando a Atualmente, 40% da população mundial reside em
quantidade apropriada de substratos de enxofre em áreas urbanas costeiras. Por ser uma cidade costeira
um tanque anóxico existente ou adicional para altamente populosa, a densidade populacional de
aumentar a remoção de NT. Também pode ser Hong Kong chega a 6.659 pessoas/km², o que
aplicável no tratamento de produtos farmacêuticos impõe um alto estresse hídrico de apenas 143
presentes em esgoto, visto que as BOE possuem m3/hab/ano (Lu et al., 2012b), muito abaixo do
uma alta tolerância a vários compostos nível de escassez absoluta de água mundial de
farmacêuticos durante a biodegradação (Jia et al., 1.000 m3/hab/ano (ONU, 2018). Para resolver esse
2017). Além dos esgotos municipais, o processo de problema de sobrevivência, Hong Kong começou a
DACE provavelmente contribui para a remoção de usar água do mar na descarga de vasos sanitários
NT na recuperação de águas subterrâneas e (em inglês, Seawater for Toilet Flushing – SWTF)
superficiais, no tratamento de lixiviado de aterro e no final dos anos 1950 e agora abrange 85% da
água salobra e esgotos de dessulfurização de população, economizando aproximadamente 280
biogás.

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milhões de m3 da preciosa água doce por ano, Água de Hong Kong (WSD, 2019b). Para
equivalente a aproximadamente 20% da sua maximizar a eficiência energética, o Aeroporto
demanda total (WSD, 2019ª). Essa quantidade é Internacional de Hong Kong (HKIA, 70 milhões de
quase igual à água reciclada anualmente utilizada passageiros/ano) desenvolveu um sistema triplo de
na irrigação agrícola na Califórnia (USEPA, 2012). abastecimento de água, ampliando o sistema duplo
Um sistema SWTF típico em Hong Kong começa de água para reutilização de água cinza em
com a captação de água do mar de um local combinação com água do mar, no resfriamento dos
adequado à beira-mar, passando por uma tela ambientes (ver Figura 7.8). O sistema triplo pode
grossa com abertura de malha de 5-10 mm para economizar até 52% da demanda de água doce no
proteger as bombas, seguido por eletrocloração in- HKIA (Leung et al., 2012). É classificado como um
situ subsequente (3-6 mg/L cloro) para desinfectar dos sistemas de água com maior eficiência
e controlar o crescimento microbiano nas redes de energética do mundo (Grant et al., 2012). A
abastecimento. O consumo de energia do SWTF, aplicação com sucesso do SWTF durante 60 anos
incluindo captação, pré-tratamento e distribuição, é em Hong Kong oferece experiência suficiente no
estimado em 0,32 kWh/m3 (Tang et al., 2007), uso direto da água do mar como um recurso hídrico
significativamente menor do que a recuperação de alternativo econômico e sustentável para áreas
água de esgoto doméstico tratado biologicamente costeiras populosas e ilhas. No entanto, existem
usando filtração por membrana ou um biorreator de algumas limitações para a aplicação deste sistema
membrana acoplado ao processo de osmose reversa duplo de abastecimento de água de baixo custo e
(0,8-1,2 kWh/m3 e 1,2-1,5 kWh/m3, demanda energética em áreas costeiras ou em ilhas,
respectivamente) (Pearce, 2007), bem como sendo que a distância da captação da água do mar
dessalinização de água do mar (2,5-4,0 kWh/m3) deve ser inferior a 10 km e a densidade
(Banco Mundial, 2004). Nas linhas de alimentação, populacional ser de pelo menos 3.000 pessoas/km2
são utilizados tubos de aço e ferro dúctil revestidos (Liu et al., 2016). A experiência do abastecimento
internamente com argamassa de cimento, duplo de água de Hong Kong pode se estender a
enquanto, nos edifícios e residências, são uma aplicação potencial em cidades do interior
empregados principalmente os tubos de polietileno. com escassez de água e acesso a água salgada ou
Para obter detalhes, consulte as informações de salobra, como uma fonte alternativa de água para
projeto do Departamento de Abastecimento de descargas de vasos sanitários.

Figura 7.8 O esquema do sistema TWS no AIHK (modificado de Van Loosdrecht et al., 2012).

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2017 (Lau et al., 2006; Wang et al., 2009; Lu et al.,


7.4.1.2 Princípio do processo SANI® 2012b; Wu et al., 2016). A comparação entre o
O resultado do uso do SWTF em Hong Kong é processo convencional de remoção biológica de
um esgoto salino contendo, em média, 167 nitrogênio (RBN) e o processo SANI® em termos
mgSO42-S/L e 5.000 mgCl-/L (Van Loosdrecht et de conceito de processo e reações é mostrada na
al., 2012), inevitavelmente causando problemas de Figura 7.9 e na Tabela 7.9, respectivamente.
odor no tratamento de lodo. Uma solução ideal é
minimizar a produção de lodo. Nesse sentido, um Desde a introdução do processo de remoção de
novo processo à base de enxofre para o tratamento nitrogênio na década de 1960, o tratamento
de esgoto salino, chamado de processo SANI®, foi biológico de esgoto tem contado com o fluxo de
desenvolvido por pesquisadores a partir de estudos elétrons do carbono orgânico para o oxigênio por
em laboratório, piloto e em escala real entre 2004 e meio de um ciclo integrado de carbono e
nitrogênio, como mostrado na Figura 7.9a.

Tabela 7.9 Comparação das principais reações no processo convencional de remoção biológica de nitrogênio e no processo
SANI®.
Processo Reação ΔGo Produção
convencional de RBN teórica
Oxidação orgânica 1 1 1 1 -120,10 0,49
𝐶 𝐻 𝑂 + 𝑂2 → 𝐶𝑂2 + 𝐻2 𝑂
24 6 12 6 4 4 4
aeróbia gSSV/gDQO
(7.16)
Desnitrificação 1 1 1 1 1 7 -113,63 0,8-1,2
𝐶 𝐻 𝑂 + 𝑁𝑂3− + 𝐻 + → 𝐶𝑂2 + 𝑁 + 𝐻 𝑂
heterotrófica 24 6 12 6 5 5 4 10 2 20 2 gSSV/gN
(7.17)
Nitrificação 1 1 1 1 1 -43,64 0,17
𝑁𝐻4+ + 𝑂2 → 𝑁𝑂3− + 𝐻 + + 𝐻2 𝑂
8 4 8 4 8
gSSV/gN
(7.18)
Processo SANI®
Redução de sulfato 1 1 1 1 -20,69 0,07
𝐶 𝐻 𝑂 + 𝑆𝑂42− → 𝐻𝐶𝑂3− + 𝐻𝑆 −
24 6 12 6 8 4 8
anaeróbia gSSV/gDQO
(7.19)
Desnitrificação 1 1 1 1 1 1 -92,94 0,4-0,6
𝐻2 𝑆 + 𝐻𝑆 − + 𝑁𝑂3− + 𝐻 + → 𝑆𝑂42− + 𝑁2 +
16 16 5 80 8 10
autotrófica 1 gSSV/gN
𝐻2 𝑂
10
(7.20)
Nitrificação 1 1 1 1 1 -43,64 0,17
𝑁𝐻4+ + 𝑂2 → 𝑁𝑂3− + 𝐻 + + 𝐻2 𝑂
8 4 8 4 8
gVSS/gN
(7.18)

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Figura 7.9 Comparação do processo convencional de remoção biológica de nitrogênio e do processo SANI® (Wu et al., 2016)
.
No entanto, o processo convencional de RBN BOE. O SDT residual, se houver, pode ser
gera uma grande quantidade lodo em excesso completamente oxidado a sulfato durante a
devido aos elevados coeficientes teóricos de nitrificação aeróbia. Do ponto de vista da
produção de lodo resultantes da remoção dos transferência de elétrons, o processo SANI®
materiais orgânicos por oxidação aeróbia e anóxica estende o processo de RBN baseado no ciclo de
(mais detalhes na Tabela 7.9). Contudo, o processo carbono-nitrogênio em um processo de RBN
SANI® integra a remoção orgânica anaeróbia por baseado no ciclo enxofre-carbono-nitrogênio (ver
redução de sulfato e remoção de nitrogênio anóxico Figura 7.9b), que oferece uma oportunidade para
por desnitrificação autotrófica para remoção de reduzir o lodo do tratamento de esgoto salino e
NO3˗, minimizando a produção de lodo biológico salobro ou com enxofre.
tanto quanto possível (consulte os coeficientes
teóricos de produção de lodo das reações relevantes 7.4.2 Desenvolvimento do processo
na Tabela 7.9). O estudo estequiométrico mostrou SANI®
que a produção de lodo biológico desse novo
processo de RBN pode ser potencialmente 1/10 da
RBN convencional (Lu et al., 2012b). No novo 7.4.2.1 Estudo de laboratório
processo, o carbono orgânico é oxidado a CO 2 por Para comprovar a ideia do processo SANI®, foi
BRS, que aumenta o pH do reator até 8,0, no qual conduzido um estudo, em escala de laboratório, na
a grande maioria do H2S gerado a partir da reação Universidade de Ciência e Tecnologia de Hong
anaeróbia se dissolve na fase aquosa do biorreator Kong de 2004 a 2009 (ver Figura 7.10). O sistema
redutor de sulfato (Poinapen e Ekama, 2010a). Isso, foi operado por mais de 500 dias (Wang et al.,
portanto, fornece uma quantidade adequada de 2009; Hao et al., 2014). O afluente continha 265
sulfeto dissolvido (o doador de elétrons) para a mg DQO/L (principalmente glicose, CH3COO- e
desnitrificação autotrófica subsequente, durante a extrato de levedura), 30 mg NH4+ -N/L, 400-600
qual o sulfeto é convertido de volta a SO42- pelas

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mg/L de SO42- e 3.000-4.000 mg/L de salinidade,


qualidade semelhante à do efluente de um tanque Para permitir que as três reações biológicas (ver
de sedimentação primária em uma típica estação de eq. 7.18, 7.19 e 7.20) fossem realizadas
tratamento biológico de esgoto salino em Hong individualmente e efetivamente, o Reator 1 era
Kong. Nesse sistema, o carbono orgânico é dotado de uma manta de lodo anaeróbio com fluxo
inicialmente oxidado a CO2 por BRS no reator de ascendente, e os Reatores 2 e 3 preenchidos com
manta de lodo e fluxo ascendente redutor de sulfato meio suporte de polipropileno (área superficial
(em inglês, sulphate-reducing up-flow sludge específica: 215 m2/m3) para desenvolvimento de
blanket – SRUSB) (Reator 1). Esse processo eleva biofilme. O sistema atingiu as seguintes remoções:
o pH para um nível alcalino (> 7,5-8) com o sulfato 95% de DQO, 99% de NO3- e 74% de remoção de
(ácido forte) sendo reduzido a sulfeto (ácido fraco), NT sem a retirada do lodo excedente durante todo
dissolvendo o sulfeto de hidrogênio na água o período de operação (Wang et al., 2009). O TDH
principalmente na forma de SDT para dos biofiltros aeróbios e anóxicos e a razão de
desnitrificação autotrófica no biofiltro anóxico recirculação (R) entre esses dois reatores tiveram
subsequente (Reator 2), onde o NO3- é reduzido a um papel importante no desempenho do sistema na
N2. Através dessa reação, o sulfeto dissolvido será eficiência de remoção dos poluentes e redução da
convertido novamente em SO42- pelas BOE. A produção de lodo. Para entender melhor esse novo
NH4+ restante e o sulfeto residual são oxidados a processo, um modelo de estado estacionário foi
NO3- e SO42- durante a nitrificação no biofiltro desenvolvido a partir de balanços de DQO, massa
aeróbio (Reator 3), cujo efluente é recirculado para de nitrogênio e enxofre e carga (elétron), bem como
o Reator 2 para remoção do nitrogênio com uma das estequiometrias de redução de sulfato,
vazão de recirculação de 3Q (Q = vazão afluente), desnitrificação autotrófica e nitrificação autotrófica
semelhante a um processo de remoção biológica de (Lu et al., 2009). A abordagem da modelagem é
nitrogênio convencional. detalhada na Seção 7.4.4. Em princípio, a previsão
do modelo ajustou bem com os dados medidos em
termos de remoção de DQO, NO3-, SO42, produção
de sulfeto e sólidos em suspensão totais do efluente
(SST). As análises de balanço de massa de DQO,
enxofre e nitrogênio nos três reatores forneceram
uma boa verificação cruzada para os resultados
experimentais e de modelagem. O desempenho do
sistema SANI®, em escala de laboratório, é
resumido na Tabela 7.10.
Figura 7.10 Diagrama esquemático da configuração
experimental do sistema SANI®. (1) SRUSB (Reator 1), (2)
tanque de equalização, (3) filtro anóxico (Reator 2), (4)
filtro aeróbio (Reator 3) e (5) tanque de efluente.

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Tabela 7.10 Desempenho do sistema SANI® em escala de laboratório sob várias taxas de recirculação (Wang et al., 2009).
Parâmetros I II III IV
Taxa de recirculação do filtro anóxico/filtro aeróbio 1Q 2Q 3Q 4Q
DQO afluente ao filtro anóxico 31,8±1,5 15,5±0,8 25,9±1,3 21,4±1,0
DQO efluente do filtro aeróbio ou efluente do sistema 14,1±0,7 8,1±0,4 14,7±0,6 11,7±0,6
NT afluente do SRUSB (mgN/L) 30±1,5 30±1,3 30±1,5 29±1,5
NT efluente do filtro aeróbio (mgN/L) 16±0,8 10±0,5 8±0,4 19±0,9
Remoção de NO3- no filtro anóxico (%) 99±4,1 99±4,5 97±4,6 8±0,4
Eficiência de nitrificação no filtro aeróbio (%) 98±4,1 99±4,5 93±4,5 17±0,8
Eficiência de remoção de NT (%) 49±2,4 65±3,2 74±3,7 34±1,7
Eficiência de remoção de DQO (%) 94,4±4,7 96,9±4,8 94,3±4,7 94,2±4,7
Q = vazão de esgoto afluente; Remoção de NO3- no filtro anóxico (%) = NO3--N removido no filtro anóxico (Ng) / NO3--N afluente
ao filtro anóxico (gN)·100; Eficiência de nitrificação no filtro aeróbio (%) = NH 4+-N consumido no filtro aeróbio (gN)/NH4+-N
afluente ao filtro aeróbio (gN)·100; Eficiência de remoção de NT (%) = (NT afluente do SRUSB – NT efluente do filtro aeróbio)/NT
afluente do SRUSB·100.
operada continuamente por 225 dias em estado
7.4.2.2 Estudo em escala piloto estacionário e atingiu remoções médias de 87% de
A fim de demonstrar a viabilidade do processo DQO, 87% de SST e 57% de NT (Lu et al., 2012b).
SANI®, um estudo em escala piloto foi conduzido A baixa eficiência de remoção de nitrogênio (57%)
durante 225 dias com 10 m3/d de esgoto real salino foi atribuída principalmente à alta fração de
(filtrado por uma peneira de 6 mm), oriundo nitrogênio orgânico solúvel não biodegradável
principalmente do Aeroporto Internacional de (NSNB) presente no esgoto que vinha
Hong Kong, contendo frações de compostos principalmente do Aeroporto Internacional de
orgânicos complexos e DQO não biodegradável Hong Kong (Lu et al., 2011).
(Lu et al., 2011; 2012b). A planta piloto do
processo SANI® foi instalada na estação elevatória
de esgoto Tung Chung (TCSPS) próxima do
aeroporto (ver Figura 7.11). A Tabela 7.11 mostra
as principais condições operacionais da planta
piloto durante o período de estado estacionário. A
planta piloto foi alimentada com esgoto salino que
continha em média 280 mg SST/L, 431 mg
DQO/L, 588 mg SO42-/L e 87 mg NT/L. As cargas
de DQO e de nitrogênio foram de 0,63
kgDQO/m3/d e 0,12 kgN/m3/d, respectivamente, Figura 7.11 Planta piloto SANI® na estação elevatória de
durante todo o estudo. A planta piloto SANI® foi esgoto Tung Chung (foto: HKUST).

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Tabela 7.11 Principais condições operacionais da planta piloto SANI® sob condições estacionárias (Lu et al., 2012b).
Reator TDH TDH atual Idade de Vazão Taxa de Temperatura
nominal (ATDH) (h) lodo afluente recirculação média (ºC)
(NTDH) (h) (d)
SRUSB 16,3 4,1 90 Q - 25
Biorreator 9,4 2,7 110 3,5Q 2,5Q 25
anóxico
(BAR1)
Biorreator 9,4 2,7 42 3,5Q - 25
aeróbio
(BAR2)
Q = vazão afluente (10 m3/d)
A fração de sólidos em suspensão voláteis no de Esgoto de Sha Tin (em inglês, Sha Tin
Reator Biológico (SSVRB) em relação aos sólidos Wastewater Treatment Works – STWTW) em
em suspensão no Reator Biológico (SSRB) no colaboração com o conselho local de esgoto: o
reator redutor de sulfato permaneceu estável em Departamento de Serviços de Drenagem de Hong
0,7, e a média do índice volumétrico de lodo (IVL) Kong (em inglês, Hong Kong Drainage Services
ficou abaixo de 110 mL/g. Foi observada a redução Department – DSD) (ver Figura 7.12 e Tabela
de cerca de 90% do lodo biológico, e não foi 7.12). A planta de demonstração consistia em
realizado descarte de lodo da planta piloto durante quatro reatores SRUSB (verdes) para remoção
os 225 dias de operação, o que pode ser atribuído orgânica no SD1 e um reator com meio suporte
ao baixíssimo coeficiente de produção de lodo móvel (MBBR) para remoção de nitrogênio em
observado (0,02 kg SSV/kg DQOremovida), assim SD2. No MBBR, a desnitrificação autotrófica
como a elevada idade de lodo (> 100 dias) no reator representou 54% da área do reator, e a nitrificação
redutor de sulfato. Essa redução significativa de ocupou 46% do reator. O MBBR é uma tecnologia
lodo biológico foi verificada pelo método de compacta para tratamento de esgoto. Nessa planta,
modelagem de estado estacionário mostrado na o esgoto salino bruto afluente passou por uma
Seção 7.4.4. Ao longo da operação não foi peneira grossa de 6 mm e, em seguida, por uma
detectada a formação de H2S e CH4, o que foi peneira de malha fina (350 μm) para substituir o
posteriormente confirmado pelo modelo de estado tratamento primário. Parte do efluente do MBBR
estacionário e pela análise microbiana (Wang et al., foi tratado por coagulação química e sedimentação
2011; Lu et al., 2012a). como uma opção de pós-tratamento (por exemplo,
dosagem de 12 mg/L de alumínio e 1 mg/L de
7.4.3 Demonstração do processo SANI® polímero aniônico, operado com TDH de 1 h).
Finalmente, todo o efluente foi tratado com sistema
Com base na experiência do estudo em escala de flotação por ar dissolvido. Destaca-se que os
piloto, o processo SANI® foi ampliado para 1.000 SST no efluente do MBBR foram de 40-80 mg
m3/d para comprovar seu potencial de aplicação em SST/L, em média, significativamente inferior ao do
Hong Kong. O sistema foi implantado em dois MBBR convencional, com cerca de 200 mg SST/L
tanques retangulares de decantação primária (Ødegaard, 2006), atribuído à baixa produção de
desativados (SD1 e SD2) na Estação de Tratamento lodo do processo SANI®.

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Tabela 7.12 Condições operacionais dos reatores na planta de demonstração SANI® (Wu et al., 2016).
SRUSB MBBR anóxico MBBR aeróbio Total
Fase II - operação em estado estacionário de três meses (com uma vazão média de 800 m3/d):
Volume de reator (m3) 192 (4 x 48) 112 96 400
TDH (h) 5,76 3,36 2,88 12,0
Fase III - operação dinâmica de um mês (com vazão média de 720 m3/d, máximo de 1.000 m3/d):
Volume de reator (m3) 144 (3 x 48) 112 96 352
TDH (h) 4,8 3,37 3,2 11,7

Figura 7.12 Planta de demonstração SANI® de 1.000 m3/d (acima) e diagrama esquemático do processo (abaixo).

A planta de demonstração operou 40% do TDH total dos sistemas convencionais de


continuamente entre 2013-2017, nas seguintes remoção biológica de nitrogênio nas ETEs locais.
fases: (i) período de partida (start-up) da planta
(Fase I: dias 1-125); (ii) período de estado A qualidade média do efluente (incluindo pós-
estacionário com uma vazão média de 800 m3/d tratamento) é: 15 ± 5 mg SST/L, 5,6 ± 1,8 mg
(Fase II: dias 126-213); e (iii) período de operação DBO5/L, 8,4 ± 1,6 mg NT/L e 0,9 ± 0,3 mg PT/L
dinâmica com um fator de pico diurno de 1,3 com (ver Tabela 7.13). A taxa de produção de lodo
vazão média de 720 m3/d, ou seja, vazão máxima (biológico) foi determinada como sendo 0,35 ±
próxima de 1.000 m3/d (Fase III: dias 214-250), 0,08 g SST/g DBO5 (ou 0,19 ± 0,05 g SST/g DQO).
conforme detalhado na Tabela 7.12. A planta de demonstração reduziu 60-70% da
Posteriormente, a planta de demonstração foi produção de lodo em comparação com as ETEs
operada com uma vazão contínua de locais (0,9-1,3 gSST/gDBO5).
aproximadamente 1.000 m3/d. A planta de
demonstração confirmou que um TDH total O projeto e a operação do processo SANI® são
(nominal) de 12-13 h é viável, o que reduziria 30- influenciados pelo TDH, carga aplicada e pelas
taxas de bioconversão. O TDH dos reatores

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SRUSB na planta de demonstração foi reduzido de Larsen (1995) e, então, generalizado para uso no
16 h (partida) para 4,8 h (estável), ao mesmo tempo tratamento de esgoto por Grau et al. (2007). Ekama
que a carga orgânica aplicada foi elevada de 0,8 (2009) introduziu, para toda a planta, a modelagem
para 2,4 kg DQO/m3/d, sendo mantida a remoção do estado estacionário baseado no balanço de
de cerca de 80% da DQO. O TDH mínimo do reator massa em projetos de ETEs, bem como o rastreio
SRUSB atingiu 2 h sob o padrão de vazão diurna, dos fluxos dos produtos sólidos, líquidos e gasosos
sem ocorrência de perda de lodo devido à baixa nas ETEs. Na modelagem de estado estacionário,
produção de gás metano e ao projeto particular do muitos dos bioprocessos podem ser concluídos,
reator SRUSB. O TDH do MBBR foi mantido em enquanto outros que não atingem a conclusão são
4-6 h, correspondendo à carga de nitrogênio de 0,2- simplificados (como a regeneração de biomassa
0,4 kg N/m3/d. Através da maturação do biofilme morta para a respiração endógena) ou mantidos
nitrificante autotrófico e do biofilme porque são as reações mais lentas, para governar o
desnitrificante, as taxas superficiais específicas de dimensionamento do sistema, como a nitrificação
nitrificação e de DACE (desnitrificação no sistema aeróbio de lodo ativado e a hidrólise no
autotrófica) puderam atingir até 1,5 g NH4+-N/m2/d sistema de digestão anaeróbia. Tal modelagem,
de 2 g NOx--N/m2/d, respectivamente. No entanto, portanto, tem a vantagem de exigir menos
considerando as variações dinâmicas na vazão de parâmetros de entrada.
esgoto e cargas aplicadas, bem como fatores
ambientais (por exemplo, temperatura), são A modelagem em estado estacionário de
recomendados valores conservadores de projeto processos convencionais de RBN é baseada em
para a taxa de redução de SO42-, taxa de DACE e balanços de massa de DQO, N e P e, em seguida,
taxa de nitrificação a 20 °C, de 1,5 kg DQO/m3/d, dos elementos C, H e O. A modelagem de estado
1 g NOx˗-N/m2/d e 1 g NH4+-N/m2/d, estacionário da redução biológica de sulfato em um
respectivamente. reator SRUSB alimentado com lodo de esgoto
primário foi desenvolvida por Pionapen e Ekama
O balanço de massa na planta confirmou a (2010a), cuja validação foi realizada no
conversão do SO42- a sulfeto e o retorno a SO42˗ em cotratamento de lodo primário e drenagem ácida de
quase 99%. O enxofre elementar acumulado na minas. Eles demonstraram ainda que a maioria do
biomassa e/ou nos reatores pode estar envolvido H2S e CO2 produzidos permaneceram dissolvidos
com a desnitrificação autotrófica como fonte de como HS˗ e HCO3˗, respectivamente. Sem
enxofre. Portanto, a perda de enxofre via enxofre produção de gás CO2 e com baixa emissão de
elementar pode ser comum no processo SANI®. ortofosfato (H2PO4-), o equilíbrio ácido/base fraco
Vale ressaltar que no método convencional de do sulfeto controla o pH do reator SRUSB. Lu et
medição de DQO o enxofre total dissolvido será al. (2009) desenvolveram um modelo de estado
oxidado a SO42˗. Assim, para obter um valor de estacionário para o processo de desnitrificação
DQO razoável, sugere-se a diluição da amostra. autotrófica usando SDT como doador de elétrons e
Um método de correção também pode ser aplicado posteriormente integrou-o com bioprocessos C-N-
(Poinapen e Ekama, 2010a; Daigger et al., 2015). S; isso foi verificado por um sistema SANI® em
escala de laboratório (ver a Figura 7.13). Esse
modelo de estado estacionário foi posteriormente
calibrado pelo estudo SANI® em escala piloto e
7.4.4 Modelagem da planta SANI® no
finalmente verificado pela planta de demonstração
estado estacionário
SANI®.
McCarty (1975) propôs o balanço de massa
estequiométrico a partir do balanço de DQO
(elétron), sendo mais tarde apresentado por Gujer e

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A modelagem de estado estacionário para o


projeto da planta SANI® consiste em duas etapas
principais: (i) desenvolvimento dos balanços de
massa e carga de DQO, C, H, N, O, P, S e
estequiometrias para determinar a produção de
biomassa e sulfeto, amônia e ortofosfato, e
alcalinidade total da remoção de DQO
biodegradável (ver Capítulo 4); e (ii) determinação
das constantes cinéticas para a redução do sulfato,
desnitrificação autotrófica e nitrificação. Quatro
bioprocessos comuns ocorrem sob condições
anaeróbias, anóxicas e aeróbias: (i) sulfetogênese
na redução biológica do sulfato, (ii) desnitrificação
Figura 7.13 Modelagem de estado estacionário: entrada, autotrófica, (iii) nitrificação e (iv) oxidação aeróbia
base e saída.
do sulfeto. Os doadores e aceptores de elétrons para
esses quatro bioprocessos estão listados na Tabela
7.14.

Tabela 7.14 Bioprocessos chave que acontecem no processo SANI®.


Nº. Bioprocesso Doador de elétrons Doador de Doador de Doador de
reagente elétrons produto elétrons reagente elétrons produto
1 Sulfetogênese CxHyOzNaPb CO2(g); H2CO3; SO42-; SO32-; H2S/HS-
HCO3-; CO32- S2O32-; S0
2 Desnitrificação H2S/HS-; SO32-; SO42- NO3-; NO2- N2
autotrófica S2O32-; S0
3 Nitrificação NH4+ NO3-; NO2- O2 H2O
4 Oxidação aeróbia H2S/HS-; SO32-; SO42- O2 H2O
de sulfeto S2O32-; S0

A composição estequiométrica afluente, com ONA). Essas composições elementares são


os valores x, y, z, a e b em CxHyOzNaPb são determinadas com base nas equações de Ekama
atribuídos a cada uma das principais frações (2009). Por exemplo, a composição orgânica
orgânicas do esgoto: isto é, (CxHyOzNaPb) pode ser expressa como
(i) orgânicos solúveis biodegradáveis (OSB), Cfc/12Hfh/1Ofo/16Nfn/14Pfp/31, onde fc, fh, fo, fn, fp são as
(ii) partículas orgânicas biodegradáveis frações em massa (g elemento/g composto) de cada
(POB), elemento nos compostos orgânicos e f c + fh + fo +
(iii) orgânicos solúveis não biodegradáveis fn + fp = 1.
(OSNB),
(iv) particulados orgânicos não degradáveis 7.4.4.1 Equações estequiométricas
(POND), e
(v) amônia livre e salina (ALS).
A composição da biomassa definida para Estequiometria da redução biológica de sulfato
redução de sulfato por BRS, oxidação de sulfeto Na redução biológica de sulfato, as BRS utilizam a
por BOE e nitrificação da amônia por organismos DQO afluente como fonte de carbono para o seu
nitrificantes autotróficos (ONA) são atribuídos crescimento, enquanto o SO42- é reduzido a SDT,
com CkHlOmNnPp (representando BRS, BOE ou

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uma vez que a relação mássica de DQO e COT em DQO = 8∙[y + 2∙(2x – z) – 3a + 5b]
esgoto salino está entre 2,5 e 3 (Poinapen e Ekama, (g DQO/mol) (7.23a)
2010a). A estequiometria geral da redução de SO42- Mw = 12x + y + 16z + 14a + 31b
com compostos orgânicos biodegradáveis (g massa seca/mol) (7.23b)
identificados como CxHyOzNaPb e a composição da
biomassa produzida como CkHlOmNnPp pode ser Estequiometria da desnitrificação autotrófica
expressa pela Eq. 7.21 (Lu et al., 2009, 2012a):
No reator anóxico, o sulfeto doa elétrons para o
CxHyOzNaPb + [(1 – E)∙(γs/8)]∙SO42- + [3∙x – z + 4∙b NO3- na desnitrificação autotrófica, e, portanto, a
– E∙(γs/γB)∙(3∙k – m + n + 4∙p) – 4∙(1 – estequiometria da desnitrificação autotrófica pode
E)∙(γs/γB)∙H2O → [x – a + b + E∙(γs/γB)∙(n – k – p) ser definida a partir de balanços de massa e carga
– (1 – E)∙(γs/8)]∙H2S + [2∙(1 – E)∙(γs/8) – E∙(γs/γB)∙(n (Ekama, 2009; Lu et al., 2009, 2012a), que pode ser
– k – p) – (x – a – b)]∙HS- + [E∙(γs/γB)]∙CkHlOmNnPp expressa pela Eq. 7.24.
+ [a – n∙E∙(γs/γB)]∙NH4+ + [x – k∙E∙(γs/γB)]∙HCO3- + {(1/8) – (2/10)(1 – E´) – (E´/γ´B)[ – n + p(2 –
f∙[b – p∙E∙(γs/γB)]∙H2PO4- + (1 – f)∙[b – f)]}HCO3- + (nE´/γ´B)NH4+ + (2/10)(1 – E´)NO3- +
p∙E∙(γs/γB)]∙HPO42- f∙p(E´/γ´B)H2PO4- + (1 – f)∙p(E´/γ´B)HPO42- + (1/8)
(7.21) HS- + {(3/8) – (4/10)(1 – E´) – (E´/γ´B)[2k – m + n
onde f é a fração de H2PO4- no ortofosfato (OP) + p(2 + f)]}H2O → (E´/γ´B)Ck´Hl´Om´Nn´Pp´ +
formado (OP = H2PO4- + HPO42-), γS e γB são os (1/8)SO42- + (1/10)(1 – E´)N2 + {(1/8) – (2/10)(1 –
elétrons disponíveis para as reações redox por mol E´) - (E´/γ´B)[k – n + p(2-f)]}CO2
de orgânicos biodegradáveis, CxHyOzNaPb, e os (7.24)
elétrons por mol da biomassa de BRS, onde γ’B é a capacidade de doar elétrons por mol de
CkHlOmNnPp, respectivamente: biomassa desnitrificante autotrófica (isto é, BOE),
Ck´Hl´Om´Nn´Pp´; E´ é definido como a massa de
γs = 4x + y – 2z – 3a + 5b (e- eq/mol) (7.22a) DQO produzida (biomassa de desnitrificação
autotrófica e lodo endógeno) por dia como uma
γB = 4k + l – 2m – 3n + 5p (e- eq/mol) (7.22b) fração do fluxo de nitrato reduzido por dia no reator
anóxico no estado estacionário (produção líquida
onde E é definido como a massa de DQO produzida da biomassa desnitrificante autotrófica e resíduo
(como biomassa de BRS ativa e lodo endógeno) endógeno), ou seja, E' = YBOE/(1 + bBOE∙TRSAX),
por dia como uma fração da massa de orgânicos onde TRSAX é a idade do lodo da zona anóxica no
biodegradáveis que são utilizados por dia no reator MBBR (d), YBOE é o coeficiente de produção de
SRUSB no estado estacionário. A partir do modelo biomassa desnitrificante autotrófica (0,8 mg
cinético do digestor anaeróbio baseado em DQO DQObiomassa/mg NO3--N); e bBOE é a taxa de
definido por Sötemann et al. (2005), E é dado por respiração endógena da biomassa desnitrificante
E = YBRS/[1+ bBRSTRS(1-YBRS)], onde TRS é a autotrófica (0,04 d-1).
idade do lodo do reator SRUSB (d); YBRS é o
coeficiente de produção da biomassa anaeróbia Estequiometria da nitrificação
(0,113 mgDQObiomassa/mgDQOremovida); e bBRS é a
taxa de respiração endógena da biomassa anaeróbia A principal reação na zona aeróbia do MBBR é a
(0,04 d-1). nitrificação e sua estequiometria pode ser descrita
como:
A concentração de DQO/mol e o peso molar 14[(1/7) – (E”/8γ”B)(n + p)]HCO3- + NH4+ +
(Mw) do substrato orgânico de composição 14{(1/7) – (E”/4)[(n”/ γ”B) + (1/8)]}O2 +
CxHyOzNaPb, são dados por: f∙(14p”E”/8γ”B)H2PO4- + (1 –
f)∙(14p”E”/8γ”B)HPO42- → (14E”/8γ”B)

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CkHlOmNnPp + 14[(1/14) – (n”E”/8γ”B)]NO3- é a idade do lodo da zona aeróbia do MBBR (d) e


+14[(1/7) – (E”/8γ”B)(k” + n” + p”)]CO2 + YBOE' é o coeficiente de produção de biomassa
14[(3/14) + (E”/8γ”B)(2k” – m” – 2n” +3p”) – autotrófica desnitrificante (0,8 mg DQObiomassa/mg
(E”/16)]H2O DQOremovida); e bBOE' é a taxa de respiração
(7.25) endógena da biomassa de desnitrificação
autotrófica (0,04 d-1).
onde γ”B é a capacidade de doação de elétrons por
mol da biomassa nitrificante autotrófica, 7.4.4.2 Equações cinéticas
Ck”Hl”Om”Nn”Pp”; E” é definido como a massa de
DQO produzida (como a biomassa de nitrificação Os modelos de estado estacionário, diferente
autotrófica e lodo endógeno) por dia como uma dos modelos complexos de simulação dinâmica,
fração do fluxo de amônia oxidada por dia na zona são muito simples e requerem somente as vazões e
aeróbia no estado estacionário, ou seja, a partir da as cargas afluentes para determinar os parâmetros
cinética baseada em N temos que E” = YANO/(1 + de projeto do sistema. Eles são baseados nas taxas
bANO TRSOX) onde TRSOX é a idade do lodo da zona cinéticas de processo mais lentas que governam o
aeróbia (d); YANO é o coeficiente de produção de comportamento geral do sistema e podem
biomassa nitrificante autotrófica (0,15 mg relacionar esse processo ao projeto do sistema e aos
DQObiomassa/ mg NH4+ -N); e bANO é a taxa de parâmetros operacionais (Ekama, 2009). No reator
respiração endógena (decaimento bacteriano) dos SRUSB, a cinética de hidrólise anaeróbia é a mais
microrganismos nitrificantes autotróficos (0,04 d - lenta e, portanto, uma constante cinética limitante,
1
). que governa a taxa de hidrólise de partículas
orgânicas biodegradáveis (POB) e determina a
Estequiometria de oxidação aeróbia de sulfeto remoção de DQO biodegradável e a produção de
sulfeto de hidrogênio (Poinapen e Ekama, 2010b).
Durante a operacão, parte do sulfeto é sempre A idade do lodo (em dias) é o parâmetro
oxidado pelo oxigênio dissolvido na zona aeróbia. fundamental de projeto. A taxa de variação da
Portanto, a estequiometria da oxidação do sulfeto a concentração de material orgânico biodegradável
SO42- via oxigênio dissolvido é expressa na Eq. particulado (XS) com o tempo no reator SRUSB
7.26 (similar à eq. 7.24). durante a hidrólise anaeróbia pode ser descrita por:

dXBRS
(1/8) HS- + (nE'''/γ'''B)NH4+ + f∙p(E'''/γ'''B)H2PO4- + = YBRS ∙ rhid − bBRS ∙ XBRS (7.27a)
dt
(1 – f)∙p(E'''/γ'''B)HPO42- + [(1/8) + (E'''/γ'''B)(n –
p)]HCO3- + [(1-E''')/4]O2 → [(1/8) – (E'''/γ'''B)(k –
n + p)]CO2 + (1/8)SO42- + dXS
= −rhid + bBRS ∙ XBRS (7.27b)
(E'''/γ'''B)Ck'''Hl'''Om'''Nn'''Pp''' + [(1/2)(1 – E''') – dt

(3/8) + (E'''/γ'''B)(2k''' – m''' + n''' + 3p''')]H2O


dSSDT
(7.26) = (1 − YBRS ) ∙ rhid (7.27c)
dt

onde γ'''B é a capacidade de doação de elétrons por dSSO4 1 dSSDT


=− ∙
mol das BOE, Ck'''Hl'''Om'''Nn'''Pp'''; E''' é definido dt 2 dt
como a massa de DQO produzida (como a 1
=− ∙ (−rhid + bBRS ∙ XBRS )
biomassa oxidante de sulfeto aeróbio e lodo 2
endógeno) por dia como uma fração do fluxo de (7.27d)
amônia oxidada por dia na zona aeróbia no estado Onde,
estacionário, ou seja, da equação cinética baseada rhid taxa volumétrica de hidrólise
em N de E''' = YBOE'/(1 + bBOE'TRSOX), onde TRSOX (mgDQO/L/d)

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XBRS DQO da biomassa no reator SRUSB μhid,máx taxa máxima de crescimento


(mgDQO/L) específico de hidrólise anaeróbia
YBRS coeficiente de produção de biomassa no (em geral, 0,4 d-1)
reator SRUSB (por exemplo, 0,113 XS DQO de partículas
mgDQO/ mgDQO) biodegradáveis (mg DQO/L)
bBRS taxa de respiração endógena da XBRS concentração de biomassa no
biomassa de BRS (por exemplo, 0,04 reator SRUSB (mg DQO/L)
d-1) YBRS coeficiente de produção de
XS DQO de partículas biodegradáveis no biomassa no reator SRUSB (por
reator SRUSB (mgCOD/L) exemplo, 0,113 mg DQO/mg
SSDT DQO do sulfeto de hidrogênio no DQO).
reator SRUSB (mgDQO/L)
SSO4 concentração de sulfato no reator O processo de nitrificação ocorre na zona
SRUSB (mgSO42--S/L). aeróbia e seu comportamento é o mesmo do
processo convencional de nitrificação autotrófica.
Assumindo que o resíduo endógeno (f ED = 0) e Consequentemente, as constantes cinéticas para
a DQO particulada não biodegradável são nitrificação podem ser determinadas pela cinética
constantes, a variação da DQO particulada (XDQO) de Monod (ver Seção 5 no Capítulo 5). Estão
é causada apenas pelas mudanças na biomassa incluídas a taxa de crescimento de nitrificantes
(XBRS) e na DQO particulada biodegradável (XS), dXANO/dt (eqs. 5.3, 5.5), a taxa de crescimento
como mostrado na Eq. 7.28: específica μANO da equação de Monod (Eq. 5.4), a
taxa de conversão de amônia (Eq. 5.6), a taxa de
dXDQO dXBRS dXs formação de nitrato (Eq. 5.7), e a taxa de utilização
= + = (YBRS − 1) ∙ rhid
dt dt dt de oxigênio (Eq. 5.8), bem como a taxa de
(7.28) respiração endógena dos nitrificantes (Eq. 5.9). No
reator anóxico, o comportamento cinético da
onde a taxa de hidrólise anaeróbia (rhid) pode ser desnitrificação autotrófica pode ser simplificado
descrita com a cinética de saturação como: para as equações 7.30 e 7.31, relacionando a
equação de Monod aos parâmetros de nitrato (SNO3)
K BRS,máx ∙ Xs e compostos de enxofre, incluindo sulfeto
rhid = ∙ XBRS
K s + Xs dissolvido total (SDT), enxofre elementar (Ss0 e
μhid,máx ∙ Xs
= ∙X tiossulfato (SS2O3).
YBRS ∙ (K s + Xs ) BRS
(7.29) dSNO3 1
= ∙μ
dt YBOE BOE,máx
𝑆𝑆𝐷𝑇 𝑆𝑆 0
Onde, ∙( +
𝑆𝑆𝐷𝑇 + 𝐾𝑆𝐷𝑇 𝑆𝑆 0 + 𝐾𝑆 0
rhid taxa de hidrólise volumétrica (mg 𝑆𝑆2𝑂3
DQO/L/d) + )
𝑆𝑆 0 + 𝐾𝑆2𝑂3
KSRB,máx taxa de hidrólise específica
𝑆𝑁𝑂3
máxima na cinética Monod (por ∙ 𝐵𝑂𝐸 𝑋𝐵𝑂𝐸
𝑆𝑆𝐷𝑇 + 𝐾𝑁𝑂
exemplo, 3,25 mg DQO/mg 3

DQO/d) (7.30)
Ks constante de meia saturação Ks
(por exemplo, 500 mg DQO/lL a dXBOE 𝑑𝑆𝑁𝑂3
= Y𝐵𝑂𝐸 ∙ ( ) − 𝑏𝐵𝑂𝐸 ∙ 𝑋𝐵𝑂𝐸
20 oC) dt 𝑑𝑡

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(7.31) específica de NO3- e NH4+ poderia, portanto, ser


Onde, usada como uma constante cinética de entrada na
XBOE DQO da biomassa no reator anóxico modelagem de estado estacionário conforme obtido
(mg DQO/L). na planta de demonstração do processo SANI®, ou
YBOE coeficiente de produção de seja, BA,NOx = 1 g NOx--N/m2.d e BA, NH4 = 1 g NH4+
biomassa do reator SRUSB (por -N/m2.d (a 20 °C).
exemplo, 0,8 mg DQO/mg NO3--N)
bBOE taxa de respiração endógena de 7.4.5 Estratégia de projeto da planta
biomassa de BOE (por exemplo, SANI®
0,04 d-1)
μBOE,máx taxa de crescimento específico
máximo de BOE (por exemplo, 0,75 7.4.5.1 Modelo em estado estacionário para
L/d). a planta completa

Nesta seção, verificamos o modelo de toda a planta


Como descrito na Seção 7.3, as BOE são
acima com dados do sistema de demonstração
facilmente inibidas pela exposição ao oxigênio.
SANI® (ver a Figura 7.12b). Na simulação da
Assim, utilizar um reator de biofilme de
unidade de tratamento primário, o desempenho de
crescimento aderido, como o MBBR ou um sistema
captura de sólidos foi definido em 47% para refletir
integrado de lodo ativado por filme fixo (IFAS)
o desempenho real da peneira de malha fina da
para a nitrificação e de DACE, é ideal para reter a
planta; enquanto, na simulação do desempenho dos
maior parte dos ONA funcionais (nitrificantes) e
reatores SRUSB, uma unidade digestora anaeróbia
BOE nas zonas aeróbia e anóxica, respectivamente.
mais uma unidade clarificadora pontual foram
A modelagem da cinética de bioprocessos
associadas em série para representar as zonas de
complexos e a transferência de massa de biofilme
leito de lodo e os separadores trifásicos dos reatores
em um reator de biofilme para remoção de NT sob
SRUSB. Uma linha de recirculação entre o ponto
diferentes níveis de OD na zona de reação
da zona de clarificação e a zona de digestão
autotrófica do processo SANI® devem ser
anaeróbia do reator SRUSB foi construída para
desenvolvidas no futuro. No estágio atual, a
simular a recirculação interna do reator. A taxa de
complexidade é reduzida com o uso de constantes
recirculação foi definida em 60% de acordo com os
cinéticas empíricas (ver Capítulo 18) na
dados reais de operação da planta de demonstração
modelagem no estado estacionário de reatores de
SANI®. Duas unidades de MBBR foram aplicadas
biofilme com o processo SANI®. Com base na
no modelo para simular as zonas anóxicas e
operação do sistema SANI®-MBBR em escala de
aeróbias do sistema MBBR. Os principais
laboratório por mais de 700 dias, a espessura do
parâmetros de projeto utilizados na simulação
biofilme em ambas as zonas anóxica e aeróbia do
incluem as dimensões do tanque, área superficial
MBBR é geralmente abaixo de 200 μm e o biofilme
específica do meio suporte, taxas de enchimento do
em ambas as zonas têm uma grande porosidade
meio suporte e as taxas de recirculação entre as
(Cui et al., 2019), tornando as cargas específicas de
zonas aeróbia e anóxica. O pós-tratamento foi
amônia, nitrato, oxigênio e sulfeto inferiores a taxa
simulado com base no desempenho de captura de
crítica de substrato em reatores convencionais de
sólidos da unidade piloto da planta de
biofilme (g/m2·d). Assim, a cinética do biofilme
demonstração. O modelo desenvolvido para a
para nitrificação e desnitrificação autotrófica pode
planta completa do processo SANI® mostra que seu
ser assumida como de ordem zero com penetração
projeto tem muito potencial (ver Tabela 7.15).
parcial ou total. A taxa de conversão de superfície

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Tabela 7.15 Comparação dos valores medidos (M) na planta de demonstração com os valores preditos (P) com base no modelo.
Vazão Afluente Efluente Efluente Efluente Efluente Efluente
(800 m3/d) micro- SRUSB MBBR MBBR
peneirado anóxico aeróbio
Parâmetro M P M P M P M P M P M P
DQO (mg/l) 488 488 352 369 - 69 - 97 112 108 62 45
DBO (mg/l) 231 239 178 188 - 10 - 25 31 31 5,6 9
SST (mg/l) 362 243 192 149 - 45 - 71 68 79 15 17
SSV (mg/l) - 193 - 118 - 24 - 47 - 55 - 11
NT (mg/l) 53 53 48 49 - 48 - 16 16 15 8,4 10,9
NH4+-N (mg/l) 33 35 37 35 - 45 - 10 1,3 2,3 0,4 2,3
NO3--N (mg/l) - 0 - 0 - 0 - 1 7,9 6,2 7,5 6,2

Massa de DQO tratada por dia


7.4.5.2 Dimensionamento de reatores = FDQOi = Q i ∙ DQOi
SANI®.

Nesta seção, apresentamos uma sequência de (7.32)


cálculo dos reatores para substituir o complicado Massa de DQO biodegradável tratada por dia
= FDQOb,i = (1 − fSU,DQOi − fXU,DQOi ) ∙ DQOi
modelo de estado estacionário. Um cálculo simples
pode estimar razoavelmente os principais (7.33)
parâmetros operacionais de projeto, como idade do Massa de material orgânico particulado não
lodo, volume do reator, meio suporte do biofilme biodegradável
= FXUV,i = FDQOi ∙ fSU,DQOi /fCV
etc. Além disso, os resultados do cálculo do volume
do reator e a idade do lodo são os principais (7.34)
parâmetros de entrada para a modelagem de estado Massa de sólidos em suspensão inorgânicos (SSI)
estacionário da planta completa. = FXSSFi = Q i ∙ XSSF
(7.35)
Projeto do reator SRUSB YBRS ∙ TRS
MXSSV = FDQOb,i ∙ [ ]
Um reator SRUSB ideal irá converter toda a 1 + bBRS ∙ TRS
DQO biodegradável (tanto a DQO rapidamente ∙ (1 + fOHO ∙ bBRS ∙ TRS)
degradável como a lentamente) em biomassa e + FX UV,i ∙ TRS
HCO3-, via hidrólise anaeróbia, redução de sulfato
e respiração endógena. A DQO particulada não (7.36)
biodegradável é retida no leito de lodo (e MXSSF = FXSSF,i ∙ TRS + fXU,DQOi ∙ fav,BRS ∙
eventualmente deixa o reator através do lodo MXSSV
descartado), enquanto a DQO solúvel não (7.37)
biodegradável sai do reator através do efluente.
Com base nesse cenário, os principais parâmetros fav,BRS = 1/[1 + fBRS ∙ bBRS ∙ TRS + fCV ∙ (1
de projeto incluem (i) a massa de lodo no sistema + bBRS ∙ TRS)]
(MXSST, kg SST), (ii) a redução média diária de (7.38)
SO42-, (iii) a fração ativa do lodo relativa ao SSV MX𝑆𝑆𝑇 = MXSSV + MXSSF
(fav,BRS), e (iv) a demanda de SO42- (FSO4, kgS/d).
E podem ser determinados da seguinte forma: (7.39)

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fVT = MXSSV /MXSST reator (que corresponde ao o tempo de retenção


(7.40) hidráulica (TDH = volume do reator m3/vazão de
esgoto m3/d). A idade de lodo e a concentração de
FSO4 = FDQOi ∙ (1 − fSU,DQOi − fXU,DQOi ) lodo no reator SRUSB caem consideravelmente na
faixa de 15-100 dias e 5-15 g SSRB/m3,
∙ [(1 − fCV ∙ YBRSV )
respectivamente. Os dados de projeto adequados
+ (1 − fBRS ) podem ser obtidos a partir da Figura 7.14; por
YRRSV ∙ fCV ∙ TRS exemplo, quando a carga afluente é 1,5 kg
∙ bBRS ( )] DQO/m3/d, o reator SRUSB pode ter um TDH de
1 + bBRS ∙ TRS
(7.41) 4,8 h, enquanto a idade de lodo deve ser mantida
Onde em 15, 29 e 43 dias correspondendo a uma
Qi Vazão afluente (L/d ou m3/d) concentração de lodo de 5, 10 e 15 kg SSRB/m3,
DQOi concentração de DQO afluente (mg respectivamente. É importante que quando a razão
DQO/L) mássica de DQO/SO42- > 1,2, o sulfato se torna
fSU,DQOi DQO solúvel não biodegradável/DQO limitante no processo de remoção de DQO.
total afluente
fXU,DQOi DQO particulada não
biodegradável/DQO total afluente
fcv razão de DQO por SSV ou DQO por
massa de orgânicos solúveis
XSSF concentração de sólidos em suspensão
inorgânicos (mg SSI/L)
MXSSV massa de matéria inorgânica particulada
afluente no biorreator
YBRS coeficiente de produção de biomassa de
BRS
bBRS taxa de respiração endógena de
biomassa de BRS (d-1)
Figura 7.14 Curvas de projeto SRUSB (para o estudo de
fOHO fração residual endógena de organismos caso do SANI® em escala real; os dados de entrada são da
heterotróficos ordinários Tabela 7.15).
MXSSF massa de sólidos em suspensão voláteis
no biorreator Dimensionamento de reatores de DACE e
fav,BRS fração ativa de BRS nitrificantes
MXSST massa de SST lodo no sistema
fVT razão SSV/SST do lodo ativado O dimensionamento desses reatores está limitado
fBRSv fração residual endógena de BRS (mg ao sistema de crescimento aderido e baseado nos
SSV/mg DQO). dados obtidos do MBBR da planta SANI® de
demonstração. O princípio de projeto dessas zonas
No projeto de reator SRUSB, a escolha da (reatores) autotróficas desnitrificantes (anóxicas) e
concentração de lodo e da idade de lodo é crítica. nitrificantes (aeróbias) é baseado na determinação
Com base nas equações acima, na Figura 7.14, são da (i) concentração efluente de NO3- que está
mostradas curvas de projeto que refletem as correlacionada com a razão de recirculação entre
relações entre a idade de lodo projetada (d), e a esses dois reatores; (ii) demanda de oxigênio no
concentração de lodo (kg SSRB/m3) e seus efeitos reator aeróbio e da oxidação aeróbia do SDT; e (iii)
na carga de DQO (kg DQO/m3.d) e tamanho do da área superficial e do volume necessários para

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cada reator, de acordo com as seguintes equações 7.5 RECUPERAÇÃO DE RECURSOS


7.42-7.47 (adotado do Capítulo 18): BASEADA NA CONVERSÃO DO
ENXOFRE
Concentração de nitrato efluente
7.5.1 Introdução
= SNO3 = NITC /(a + 1)
(7.42) Uma mudança de tratamento passivo para
tratamento neutro em carbono e energia com
Onde NITc é a capacidade de nitrificação (=SNHx,i – recuperação concomitante de recursos é uma meta
SNHx,e), e SNHx,i e SNHx,e são as concentrações de longa data do tratamento de esgoto, dado que
afluente e efluente de NH4+. mais de 50% dos recursos perdidos/desperdiçados
em uma cidade acabam no esgoto (Van Loosdrecht
A demanda de massa de oxigênio no reator e Brdjanovic, 2014). A coleta de biogás através de
aeróbio digestão anaeróbia tem sido praticada por mais de
um século, e os nutrientes são reciclados pela
FONIT = [4,57 ∙ (SNHx,i − SNHx,e ) + SSDTane ] ∙ Q i aplicação de biossólidos no solo (USEPA, 1999).
(7.43) Portanto, a economia de energia e a recuperação de
A demanda de área superficial para o reator recursos de processos envolvendo a conversão do
nitrificante (também para o reator aeróbio) SO42- devem ser consideradas na rápida expansão
= AF,NH4 = (Q i ∙ NITC )/BA,NOX das tecnologias de conversão biológica de enxofre.
(7.44) As oportunidades emergentes são descritas a seguir
A demanda de área superficial para o sulfeto (Lin et al., 2018; Zeng et al., 2019).
dissolvido total
= AF,NOx = [Q i ∙ (NITc − SNO3 e ) ∙ BA,NOx ] 7.5.2 Sulfetos metálicos
(7.45)
Volume do reator aeróbio Os sulfetos metálicos são amplamente aplicados
= VOX = AF,NH4 /a F em processos industriais devido às suas
(7.46) características únicas, como como
Volume do reator anóxico hidrocraqueamento em refinarias de combustível,
= VAX = AF,NHx /a F hidroprocessamento e redução de oxigênio em
(7.47) células de combustível (Da Costa et al., 2016). Na
nanoescala (1 a 100 nm), sulfetos metálicos podem
onde aF é a área superficial específica do biofilme ainda ser aplicados na terapia do câncer,
no reator, que é igual ao percentual de enchimento fotocatálise, optoeletrônica e como agentes
do meio suporte multiplicada pela área superficial antimicrobianos em tecnologias de modificação
específica do meio suporte bruto, por exemplo, têxtil (Zeng et al., 2019). Os sulfetos metálicos que
60% de relação de enchimento 500 m2/m3 = 300 estão disponíveis comercialmente são geralmente
m2/m3 no caso da planta de demonstração. sintetizados por meio de métodos, incluindo alta
gravidade, banhos químicos, radiação γ, pirólise e
termólise de metais complexos (Da Costa et al.,
2016). Elevadas temperatura e pressão são
essenciais nos processos que usam produtos
químicos perigosos (por exemplo, o estabilizador
de superfície óxido de trioctilfosfina). Em
contraste, a produção biológica de sulfetos
metálicos é uma forma segura e econômica e um

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método de síntese ambientalmente amigável. Por 2-5 nm (Bai et al., 2009). Sulfeto é o produto da
exemplo, nanopartículas de sulfeto de cádmio redução de sulfato mediada por BRS, que pode se
(CdS) de 8 nm foram sintetizadas intracelularmente ligar extracelularmente na biomassa ou precipitar
pela bactéria fotossintética Rhodopseudomonas com íons metálicos em solução. Valiosos sulfetos
palustres. E. coli também se mostrou capaz de metálicos produzidos através da via metabólica de
produzir intracelularmente nanocristais de CdS de BRS são mostrados na Tabela 7.16.

Tabela 7.16 Produto potencial de sulfeto metálico mediado pelas BRS (Zeng et al., 2019).
Produto Localização pH Aplicação Agente funcional
Operacional
CuS Extracelular 6,0 Agentes fototérmicos para Sistema sulfetogênico
ablação de células cancerosas
PbS Extracelular 7,2-7,8 Semicondutores Sistema sulfetogênico

Sb2S3 Extracelular 7,0 -9,0 Células solares Sistema sulfetogênico

FeS Extracelular 7,5 Água subterrânea e remediação Desulfovibrio


de solo/adsorventes de metais Vulgaris Miyazaki
pesados
CdS Intracelular/extracelular 7,4 Monitores, fotodiodos, Desulforibrio caledoiensis
eletrônicos, células solares e
sensores
ZnS Intracelular 7,4 Semicondutores Desulfobacteriaceae

Duas estratégias são executadas quando as BRS metálicos na solução, reduzindo o potencial para a
são aplicadas na produção de sulfeto metálico: o recuperação dessas partículas. Em comparação, a
metal reage diretamente com o sulfeto no sistema recuperação de sulfetos metálicos biogênicos de
sulfetogênico (sistema in-line), ou sulfeto é sistema sulfidogênico off-line pode ser uma opção
produzido e separado como um agente precipitante adequada, particularmente no tratamento de esgoto
de metal (sistema off-line). A síntese de base contendo metais. Além disso, as características da
biológica demonstrou superioridade na ligação dos metais são também sensíveis às
estabilidade dos produtos; os precipitados de mudanças de pH. Por exemplo, a natureza,
sulfeto de zinco (ZnS) biogerados por superfície e características de sedimentação do
Desulfovibrio sulfuricans foram mais estáveis do sulfeto de cobre (CuS) e ZnS são fortemente
que aqueles gerados por processos abióticos. O influenciadas pelo pH do meio (Mokone et al.,
Ni3S2 biogênico em uma cultura mista de BRS 2010). Quando a precipitação é conduzida com
exibiu uma melhor cristalinidade do que o sulfeto em excesso em pH operacional abaixo de 6,
correspondente em amostras abióticas (Gramp et o potencial zeta reduz para melhorar as
al., 2007). As substâncias poliméricas propriedades de sedimentação e desidratação dos
extracelulares adsortivas, como carboxila, precipitados de ZnS. Um biorreator modular para
tiol/fosfato e amino/hidroxil, tanto de BRS quanto recuperação seletiva de metal a partir da drenagem
de outros organismos, obstruem a formação de ácida de minas (DAM) usando um sistema
sulfetos metálicos. Além disso, a agregação sulfetogênico off-line foi proposto por Hedrich e
induzida por ligação de polipeptídios metálicos e Johnson (2014), cujo controle de pH é crucial para
proteínas de organismos em um sistema em linha a formação de sulfetos metálicos. Por exemplo,
limita a dispersão de partículas de sulfetos com pH abaixo de 3, Cu pôde ser precipitado

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seletivamente por sulfeto, enquanto outros metais Como uma das mais bem-sucedidas tecnologias
(Fe e Zn) presentes em altas concentrações em de recuperação de enxofre, o processo THIOPAQ®
lixiviados puderam ser recuperados como sulfetos tem sido aplicado para dessulfuração de gás por
metálicos precipitados. A cristalinidade dos mais de 25 anos (Paques, Holanda). Esse sistema
sulfetos metálicos é de extrema importância, consiste em três partes: o absorvedor de sulfeto, o
especialmente quando são usados em processos biorreator para oxidação de sulfeto e o decantador
industriais de alta tecnologia, como na construção para separação do enxofre elementar. Primeiro, a
de painéis solares, já que a separação espacial de corrente de gás contendo sulfeto entra em contato
cargas é crucial no projeto de um doador-receptor com uma solução no absorvedor. Posteriormente, o
eficiente de heterojunções (Bansal et al., 2013). Os líquido contendo sulfeto é transferido para um
fatores que determinam a cristalinidade em biorreator onde o sulfeto é convertido
sistemas sulfidogênicos não são ainda claros, biologicamente por BOE à enxofre elementar em
embora uma melhor cristalinidade de ZnS condições alcalinas fracas (pH 8-9), normalmente
biogênico foi obtida por Desulfovibrio dominado pelo microrganismo haloalcalifílico
desulfuricans em comparação à verificada em Thioalkalivibrio. Finalmente, o líquido misturado
testes abiogênicos (Xu et al., 2016). A entra em um decantador para recuperar o enxofre
cristalinidade mineral é uma abordagem atraente elementar. Neste processo, mais de 90% do sulfeto
para alcançar a produção biogênica de sulfetos afluente pode ser convertido a enxofre elementar
metálicos em sistemas sulfidogênicos off-line e (Van den Bosch, 2008). O enxofre elementar
para realizar a recuperação de recursos valiosos a recuperado serve como matéria-prima para
partir de resíduos. produção de ácido sulfúrico, fertilizantes e
pesticidas. Em contraste com o enxofre cristalino
7.5.3 Recuperação e reutilização de comercial, o enxofre produzido a partir de oxidação
enxofre elementar biológica de sulfeto é caracterizada pela alta
hidrofilicidade e atividade biológica (Kleinjan et
Assim como sulfetos metálicos, o enxofre al., 2012). O enxofre elementar biogênico pode
elementar também pode ser recuperado e estimular a geração de ácido sulfúrico e a
reutilizado com a ajuda de um grupo de bactérias dissolução de minérios de sulfeto associados ao
denominadas de BOE quimiolitotróficas, capazes enxofre elementar químico durante a oxidação
de utilizar o O2 como aceptor de elétrons para biológica de sulfeto no processo de lixiviação
oxidar o sulfeto em enxofre elementar. O princípio (Tichý et al., 1994). Além disso, o enxofre
básico para a oxidação seletiva de enxofre é regular biogênico pode ser usado diretamente como
a razão molar oxigênio/sulfeto (O/S) em fertilizante, o que é demonstrado com um vegetal
aproximadamente 0,7 (Lin et al., 2018). O controle oleaginoso, canola. Um aumento de 50% no
do OD é uma estratégia comum para alcançar a rendimento de grãos foi observado após a adição de
relação O/S adequada quando o reator é operado enxofre biogênico, superando o enxofre elementar
com uma concentração de sulfeto relativamente comercial usado no mesmo estudo (Cline et al.,
estável; no entanto, a concentração dinâmica de 2003). Além disso, o processo de enxofre-calcário
OD resultante de seu contínuo consumo causa usando enxofre elementar para promover a
dificuldades em manter a razão O/S desejada desnitrificação autotrófica na remediação de águas
(Janssen et al., 1998). Assim, o potencial de subterrâneas tem uma baixa taxa de reação devido
oxirredução (ORP), determinado pelas à baixa solubilidade do enxofre. O enxofre
concentrações de sulfeto e OD, é um indicador biogênico pode superar essa desvantagem porque
alternativo mais viável para o controle da oxidação sua hidrofilicidade aceleraria a transferência de
seletiva do enxofre. massa.

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7.5.4 Recuperação de metabólicos transferência transmembrana de elétrons não está


intermediários envolvida de forma alguma. Desulfovibrio gigas e
Desulfovibrio vulgaris são bastante distintos em
Produtos/metabólicos intermediários a partir da termos de número, tipo e localização da
atividade das BRS representam outra oportunidade hidrogenase, resultando em variações no seu
de recuperação de recursos ou energia. No entanto, desempenho de produção de H2 (0,26 mmol/L/h em
essas tentativas só podem ser conseguidas após Desulfovibrio vulgaris; 0,11 mmol/L/h em
uma compreensão do mecanismo metabólico das Desulfovibrio gigas). Comparado com
BRS e suas interações sintróficas com outros Desulfovibrio vulgaris, que contém um grande
microrganismos. Tal viabilidade técnica sem número de hidrogenases, apenas dois [NiFe] Hases
comprometer o propósito principal de conversão de estão presentes em Desulfovibrio gigas: a
enxofre é, portanto, uma resposta a ser encontrada hidrogenase conservadora de energia (Ech) e a
a partir da pesquisa científica. periplasmática HynAB-1 (Morais-Silva et al.,
2013). As BRS também foram capazes de catalisar
Biohidrogênio a produção de H2 no cátodo de sistemas
bioeletroquímicos. Uma cultura pura de
Um alto nível de atividade de hidrogenase é Desulfovibrio vulgaris Hildenborough imobilizada
frequentemente observado em sistemas em um eletrodo de carbono pôde catalisar a
enriquecidos com BRS, especialmente em produção de H2 com metil viologeno como
ambientes com baixas concentrações de enxofre. A mediador redox (Tatsumi et al., 1999), enquanto
produção de H2 durante a conversão do lactato por um biocatodo microbiano sem mediador é mais
espécies de BRS Desulfovibrio vulgaris foi desejável para o funcionamento estável dos
observada pela primeira vez por Tsuji e Yagi sistemas de eletrólise. Uma cultura enriquecida
(1980). Com formiato como o único doador de com Desulfitobacterium sem mediadores no cátodo
elétrons, a maior taxa de produção de H2 de 0,6 foi proposta, alcançando taxa de produção de H 2
mmol/Lmeio/h foi observada com a mediação da quatro vezes maior do que a encontrada nos
BRS Desulfovibrio vulgaris Hildenborough controles abióticos (Villano et al., 2011). Além
(Martins e Pereira, 2013). Essa taxa de produção disso, a capacidade de Desulfovibrio caledoniensis
pôde aumentar significativamente para 5 e Desulfovibrio paquesii de receberem elétrons
mmol/Lmeio/h usando um reator de borbulhamento diretamente de um cátodo à base de grafite para
para manter baixa a pressão parcial de H2 (PH2) que catalisar a produção de H2 foi demonstrada.
facilitava a termodinâmica de reação (Martins et Esforços adicionais são necessários para o uso de
al., 2015). No entanto, se a energia recuperada da BRS para produção de H2.
produção de H2 é equivalente ao fornecimento de
gás para o borbulhamento do reator ainda não está
Hidrocarbonetos
claro. As vias de transferência de elétrons para a
produção de H2 a partir do formiato por Para o processo de redução de sulfato, oxidadores
Desulfovibrio foram propostas por Martins et al. incompletos geralmente superam os oxidadores
(2016). A transferência direta de elétrons completos na competição por substratos, como
envolvendo enzimas periplasmáticas intermediários da degradação anaeróbia da matéria
([NiFeSe]Hase) e a transferência transmembrana orgânica (por exemplo, H2 e/ou lactato), e a
de elétrons permitem o metabolismo energético; no oxidação incompleta se torna a via metabólica
entanto, os pesos relativos dessas duas vias são dominante (Muyzer e Stams, 2008). Esta situação
desconhecidos. Por outro lado, a produção de H2 também resulta em uma produção maior de
por Desulfovibrio gigas ocorre exclusivamente por intermediários durante seu metabolismo. A
meio da via enzimática periplasmática direta, e a produção de hidrocarbonetos alifáticos de C10-C25

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por Desulfovibrio com compostos orgânicos ou autotrophicum, Desulfococcus multivorans,


ácidos graxos suplementando um meio com água Desulfosarcina variabilis e Desulfobotulus
do mar foi registrada pela primeira vez por sapovorans foram 11, 27, 22 e 43% (peso/peso) da
Jankowski e Zobell em 1944. Os alcanos n-C25-C35 matéria celular seca, respectivamente. O custo de
foram os principais produtos (até 80% dos produção de PHAs em reatores em bateladas
hidrocarbonetos totais) produzidos por sequenciais (RBS) usando resíduos como substrato
Desulfovibrio desulfuricans, e CH3COO- e pode atingir até 3-5 dólares/kg PHA (Roland-Holst
formiato foram formados simultaneamente com a et al., 2013), que é muito maior do que o custo de
fixação de CO2 (Bagaeva, 1998). Tem sido plástico obtido com derivados do petróleo, de
hipotetizado que essa síntese é iniciada com a aproximadamente 1 dólar/kg PHA (Salehizadeh e
formação de CH3COO- e formiato a partir da Van Loosdrecht, 2004). A maior parte do custo
fixação do CO2. As micromoléculas produzidas são associado à biossíntese de PHA está relacionada à
reduzidas a aldeídos, que ainda sofrem a matéria-prima, aeração (se necessária),
condensação do aldol, alongando a cadeia de esterilização (manutenção de uma cultura pura) e
carbono para produzir hidrocarbonetos. A síntese extração dos PHA. De forma otimista, dividindo os
de hidrocarbonetos por Desulfovibrio custos entre o tratamento de esgoto e produção de
desulfuricans depende em grande parte da PHA seria uma opção ao se aplicar tecnologias do
composição do meio e a razão volumétrica de H2 tipo RBS, por exemplo.
para CO2 (o ideal é 9:1) em fase gasosa (Bagaeva,
2000). O fornecimento de H2 é a favor de
crescimento bacteriano e síntese de produtos 7.6 CONCLUSÃO E PERSPECTIVAS
reduzidos, incluindo os hidrocarbonetos. O
potencial de síntese intracelular de hidrocarbonetos Como o primeiro processo de tratamento biológico
de Desulfovibrio desulfuricanos varia de 0,8 a à base de enxofre para o tratamento de esgoto
2,25% do peso seco. Além de Desulfovibrio convencional, o processo SANI® foi desenvolvido
desulfuricans, Desulfovibrio desulfuricans G20 para lidar com esgoto salino com baixa produção
também foi relatado como capaz de sintetizar de lodo. Além disso, o processo SANI® oferece
alcanos extracelularmente (Friedman e Rude, uma oportunidade de usar água do mar para
2012). Em geral, muitos obstáculos ainda precisam descarga de vasos sanitários como um recurso
ser vencidos antes que as BRS possam ser hídrico econômico para cidades e ilhas costeiras
utilizadas como um biocatalisador com escassez de água. Também pode auxiliar no
economicamente viável para a manufatura tratamento eficiente em termos de energia de
industrial de biocombustíveis "drop-in". esgoto industrial carregado de enxofre para a
remoção de nutrientes (incluindo fósforo no
futuro).
Polihidroxialcanoatos

O armazenamento de polihidroxialcanoatos (PHA) Nosso trabalho recente provou que a bactéria


em BRS foi investigado pela capacidade de Anammox pode ser enriquecida no processo
produção de PHA desses microrganismos sob SANI® para lidar com esgoto salino de baixa
diferentes condições de salinidade. A BRS concentração ou efluentes de tratamento primário
Desulfonema magnum cultivada com benzoato quimicamente aprimorado (CEPT) (Deng et al.,
demonstrou o maior conteúdo de PHA, em cerca de 2019). Esse novo processo, o processo SMOX®,
88% (peso/peso) de matéria celular seca, que é será ampliado em um futuro próximo e otimizará o
comparável a alguns dos melhores organismos processo SANI, tornando-o mais eficiente em
aplicados comercialmente (Hai et al., 2004). O termos de energia no tratamento de esgoto salino.
conteúdo de PHA em Desulfobacterium A recuperação de materiais bioquímicos escassos

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(por exemplo, polissacarídeos sulfatados) do lodo sulfeto-enxofre elementar, a fim de substituir o


de sistemas de tratamento de esgoto rico em sulfato fornecimento de aceptores de elétrons de oxigênio
é uma oportunidade de levar a recuperação de da aeração por métodos bioquímicos ou
recursos em ETEs para o mercado de forma efetiva eletroquímicos inovadores ou combinados para
(Xue et al., 2019). Tecnicamente, o processo de superar a principal barreira de consumo de energia
tratamento biológico do ciclo de enxofre-sulfeto- em ETEs.
sulfato pode ser alterado para um ciclo sulfato-

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NOMENCLATURA
Símbolo Descrição Unidade
a Razão de recirculação -
aF Área superficial específica m2/m3
AF,NH4 Área superficial para o reator nitrificante/aeróbio m2/m3
AF,NOx Área superficial para o reator de DACE m2/m3
BA,NH4 Taxa de conversão de superfície específica de amônia g NH4+-N/m2/d
BA,NOx Taxa de conversão de superfície específica de nitrato/nitrito g NOx--N/m2/d
bADO Taxa de respiração endógena dos microrganismos desnitrificantes 1/d
autotróficos
bANO Taxa de respiração endógena dos microrganismos nitrificantes 1/d
autotróficos
bBOE Taxa de respiração endógena de biomassa de BOE 1/d
bBRS Taxa de respiração endógena de biomassa de BRS 1/d
CH3COO- Acetato -
CO Monóxido de carbono -
DQOc DQO carbonácea mg DQO/L
DQOi Concentração de DQO afluente mg DQO/L
E DQO de lodo produzido/DQO utilizada -
E Massa de DQO produzida (como biomassa de BRS ativa e lodo -
endógeno) por dia como uma fração da massa de orgânicos
biodegradáveis que são utilizados por dia no reator SRUSB no estado
estacionário
E’ Massa de DQO produzida (como biomassa de desnitrificação -
autotrófica e lodo endógeno) por dia como uma fração do fluxo de
nitrato reduzido por dia no reator anóxico no estado estacionário
(produção líquida da biomassa desnitrificante autotrófica e resíduo
endógeno)
E’’ Massa de DQO produzida (como biomassa de nitrificação autotrófica -
e lodo endógeno) por dia como uma fração do fluxo de amônia
oxidada por dia na zona aeróbia no estado estacionário
E’’’ Massa de DQO produzida (como biomassa oxidante de sulfeto -
aeróbio e lodo endógeno) por dia como uma fração do fluxo de
amônia oxidada por dia na zona aeróbia no estado estacionário
f Fração de H2PO4- no ortofosfato -
fav Fração de biomassa ativa -
fav,BRS Fração ativa de BRS -
fc Fração em massa de carbono -
FDQOb,i Massa de DQO biodegradável tratada -
FDQOi Massa de DQO tratada -
fcv Razão de DQO por SSV ou DQO por massa de orgânicos solúveis -
fED Fração de resíduo endógeno -
fh Fração em massa de hidrogênio -
fn Fração em massa de nitrogênio -
fo Fração em massa de oxigênio -
fOHO Fração residual endógena de organismos heterotróficos ordinários -
FONIT Fluxo de oxigênio para nitrificação -
fp Fração em massa de fósforo -
FSO4 Demanda de sulfato -
FBRS Fração residual endógena de BRS -
fSU,DQOi DQO solúvel não biodegradável/DQO total afluente -
fVT Razão SSV/SST do lodo ativado -

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430
430

FXFSS,i Massa de sólidos suspensos inorgânicos -


FXUv,i Massa de material orgânico particulado não biodegradável -
fXU,DQOi DQO particulada não biodegradável/DQO total afluente -
H2 Hidrogênio -
H2S Sulfeto de hidrogênio -
TDH Tempo de detenção hidráulica h
Ks Constante de meia saturação -
KS0 Constante de meia saturação do enxofre elementar mg DQO/L
KS2O3 Constante de meia saturação do tiossulfato mg DQO/L
KBOE,NO3 Constante de meia saturação do nitrato para BOE mg N/L
KBRS,máx Taxa de hidrólise específica máxima na cinética Monod mg DQO/mg DQO/d
KSDT Constante de meia saturação do sulfeto mg DQO/L
Mw Peso molar -
MXSSF Massa de matéria inorgânica particulada afluente no biorreator -
MXSST Massa de SST no lodo no sistema kg SST
MXSSV Massa de sólidos suspensos voláteis no biorreator -
N2 Gás nitrogênio -
N2O Óxido nitroso -
NH4+ Amônia -
NITc Capacidade de nitrificação -
NO Óxido nítrico -
NO2- Nitrito -
NO3- Nitrato -
NOx- Óxido de nitrogênio -
Qi Vazão afluente L/d ou m3/d
R Taxa de recirculação -
rhid Taxa volumétrica de hidrólise mg DQO/L/d
S0bio Enxofre elementar biogênico -
S0quím Enxofre elementar químico -
S2O32- Tiossulfato -
S4O62- Tetrationato -
SNHx,e Concentração efluente de NH4+ -
SNHx,i Concentração afluente de NH4+ -
SNO3 Concentração de nitrato -
SNO3,e Concentração de nitrato efluente -
SO32- Sulfito -
SO42- Sulfato -
TRS Idade do lodo do reator SRUSB d
TRSAX Idade do lodo da zona anóxica do MBBR d
TRSOX Idade do lodo da zona aeróbia d
SS0 DQO do enxofre elementar mg DQO/L
SS2O3 DQO do tiossulfato mg DQO/L
SSO4 Concentração de sulfato no reator SRUSB mg SO42--S/L
SSDT DQO do sulfeto de hidrogênio no reator SRUSB mg DQO/L
SSDT,ane DQO do sulfeto dissolvido total no efluente da zona anóxica mg DQOL
IVL Índice volumétrico de lodo mL/g
VAX Volume do reator anóxico m3
VOX Volume do reator aeróbio m3
VR Volume do reator m3
VSRUSB Volume do reator SRUSB m3
XDQO DQO particulada mg DQO/L
XSSF Concentração de sólidos em suspensão inorgânicos mg ISS/L
XS DQO de partículas biodegradáveis mg DQO/L

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XBOE DQO da biomassa no reator anóxico mg DQO/L


XBRS DQO da biomassa no reator SRUSB mg DQO/L
YADO Coeficiente de produção de biomassa desnitrificante autotrófica mg DQObiomassa/mg
NO3--N reduzido
YANO Coeficiente de produção de biomassa nitrificante autotrófica mg DQObiomassa/mg
NH4+-N
ƳiB Elétrons disponíveis para reação redox por mol de biomassa -
autotrófica desnitrificante
YBOE Coeficiente de produção de biomassa de BOE mg DQO/mg NO3--N
YBOE’ Coeficiente de produção de biomassa desnitrificante autotrófica mg DQObiomassa/mg
DQOdegradada
YBRS Coeficiente de produção de biomassa de BRS mg DQO/mg DQO
YBRSv Coeficiente de produção de biomassa de BRS mg SSV/mg DQO
γB Capacidade de doação de elétrons da biomassa de BRS e- eq/mol
γ’B Capacidade de doação de elétrons da biomassa de BOE e- eq/mol
γ’’B Capacidade de doação de elétrons da biomassa nitrificante autotrófica e- eq/mol
γ’’’B Capacidade de doação de elétrons da biomassa de BOE aeróbias e- eq/mol
γS capacidade de doação de elétrons de orgânicos biodegradáveis e- eq/mol
μANO Taxa de crescimento específica -
μhid,máx Taxa máxima de crescimento específica de hidrólise anaeróbia 1/d
μBOE,máx Taxa de crescimento específica máxima de BOE 1/d

Abreviatura Descrição
ADP Adenosina difosfato
AGV Ácidos graxos voláteis
ALS Amônia livre e salina
AMP Adenosina monofosfato
AnFB-MBR Biorreator anaeróbio de leito fluidizado com membrana (em inglês, anaerobic
fluidized-bed membrane bioreactor)
APS Adenosina 5'-fosfossulfato
APSR Adenosina-5'-fosfossulfato redutase
ATP Adenosina trifosfato
ATPS Adenosina trifosfato sulfurilase
BOE Bactérias oxidadoras de enxofre
BRS Bactérias redutoras de sulfato
CdS Sulfeto de cádmio
CEPT Tratamento primário quimicamente aprimorado (em inglês, chemically-enhanced
primary treatment)
CO2 Dióxido de carbono
COT Carbono orgânico total
CuS Sulfeto de cobre
DAM Drenagem ácida de minas
DBO Demanda bioquímica de oxigênio
DBO5 Demanda bioquímica de oxigênio de 5 dias
DGC Dessulfuração de gases de combustão
DMSO Dimetilsulfóxido
DQO Demanda química de oxigênio
DSD Departamento de Serviços de Drenagem
Dsr Sulfito redutase dissimilatória
ETE Estação de Tratamento de Esgoto
FCSD Flavocitocromo c sulfeto desidrogenase

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FeS Sulfeto ferroso


FMFAR Reator anóxico preenchido com biomídia fixa (em inglês, fixed-media-filled anoxic
reactor)
GSAD Desnitrificação autotrófica com lodo granular (em inglês, granular-sludge autotrophic
denitrification)
H2 Hidrogênio
Hase(s) Hidrogenase(s)
HKIA Aeroporto Internacional de Hong Kong (em inglês, Hong Kong International Airport)
IFAS Sistema integrado de lodo ativado por filme fixo (em inglês, integrated fixed-film
activated sludge)
IVL Índice volumétrico de lodo
MBBR Reator de leito móvel com biofilme (em inglês, moving-bed biofilm reactor)
N Nitrogênio
NADPH Nicotinamida adenina dinucleotídeo fosfato reduzido
Nar Nitrato redutase
Ni2S3 Sulfeto de níquel
Nir Nitrito redutase
Nor Óxido nítrico redutase
Nos Óxido nitroso redutase
NSNB Nitrogênio orgânico solúvel não biodegradável
NT Nitrogênio total
O2 Oxigênio
OD Oxigênio dissolvido
ONA Organismos nitrificantes autotróficos
OP Ortofosfato
ORP Potencial de oxirredução
OSB Orgânicos solúveis biodegradáveis
OSNB Orgânicos solúveis não biodegradáveis
PAPS 3'-fosfoadenilil-sulfato
PBR Reator de leito empacotado (em inglês, packed-bed reactor)
PbS Sulfeto de chumbo
PH Politionato hidrolase
PHAs Polihidroxialcanoatos
POB Partículas orgânicas biodegradáveis
POND Particulados orgânicos não degradáveis
RBN Remoção biológica de nitrogênio
RBS Reator batelada sequencial
SANI® Redução de sulfato, desnitrificação autotrófica e nitrificação integrada (em inglês,
Sulphate reduction, Autotrophic denitrification, Nitrification Integrated)
Sb2S3 Trissulfeto de antimônio
SCE Sistema enzimático carreador de enxofre
SdAD Desnitrificação autotrófica conduzida por enxofre (em inglês, sulphur-driven
autotrophic denitrification)
SDT Sulfeto dissolvido total
SO Sulfito oxidase
Sox Complexo enzimático oxidador de enxofre
SQR Sulfeto:quinona oxidoredutase
SRUSB Reator de manta de lodo e fluxo ascendente redutor de sulfato (em inglês, sulphate-
reducing up-flow sludge blanket)
SSI Sólidos em suspensão inorgânicos
SSRB Sólidos em suspensão no reator biológico
SST Sólidos em suspensão total
SSV Sólidos em suspensão volátil

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SSVRB Sólidos em suspensão volátil no reator biológico


STWTW Estação de Tratamento de Esgoto de Sha Tin (em inglês, Sha Tin Wastewater
Treatment Works)
SWTF Água do mar para descarga de vasos sanitários (em inglês, Seawater for Toilet
Flushing)
TCA Ciclo do ácido tricarboxílico
TCSPS Estação elevatória de esgoto de Tung Chung (em inglês, Tung Chung Sewage Pump
Station)
TDH Tempo de detenção hidráulica
TQO Tiossulfato:quinona oxidoredutase
TRS Idade de lodo (ou tempo de retenção de sólidos)
TWS Sistema triplo de abastecimento de água (em inglês, Triple Water System)
UASB Reator anaeróbio de manta de lodo e fluxo ascendente (em inglês, upflow anaerobic
sludge blanket)
UFCR Reator em coluna e fluxo ascendente (em inglês, up-flow column reactor)
UQ Ubiquinona
USEPA Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos (em inglês, United States
Environmental Protection Agency)
WSD Departamento de Abastecimento de Água (em inglês, Water Supply Department)
ZnS Sulfeto de zinco

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8 Desinfecção de esgoto
Ernest R. Blatchley III
Tradução: Luiz Antonio Daniel

8.1 HISTÓRICO universal entre os países desenvolvidos. Mesmo


nos EUA, onde a desinfecção de esgoto seja talvez
A desinfecção de esgoto é usada com o propósito mais frequentemente aplicada, há algumas estações
de diminuir a concentração de microrganismos de tratamento de esgoto (ETE) nas quais a
patogênicos, viáveis ou infecciosos, presentes no desinfecção não é requerida e muitas outras que
esgoto tratado antes de sua disposição no ambiente desinfetam sazonalmente. Por exemplo, nas regiões
e, de modo mais geral, para diminuir os riscos à temperadas dos EUA, é comum, para atender os
exposição humana aos microrganismos limites permissíveis de disposição, que a
patogênicos associados ao esgoto. A eficiência desinfecção seja feita somente nos meses de
requerida para a desinfecção será influenciada “tempo quente” quando o contato humano com a
pelos usos pretendidos para o esgoto tratado, bem água nos corpos hídricos receptores é mais
como os usos pretendidos do corpo hídrico, no qual provável do que nos meses de “tempo frio”.
o efluente é lançado. Os exemplos de uso abrangem
ampla gama, desde a não necessidade de Um estudo de caso interessante, que pode ser
desinfecção, a disposição no corpo hídrico que não citado, é o das ETEs operadas pela Metropolitan
tenha contato humano imediato direto ou indireto, Water Reclamation District of Greater Chicago
a disposição em corpo hídrico que tenha uso (MWRDGC) (Distrito Metropolitano de
recreativo, a irrigação de culturas comestíveis e não Recuperação de Água da Grande Chicago). Na
comestíveis, a produção de água potável a jusante década de 1970, o MWRDGC realizou estudo
e, em última análise, para a produção direta de água pioneiro que demonstrou que a qualidade
potável. microbiológica num corpo receptor foi
essencialmente idêntica em locais a pelo menos 16
O desempenho dos sistemas de desinfecção km a jusante do ponto de disposição do efluente da
será influenciado pela qualidade do esgoto ETE, quando feita a desinfecção com cloro, e
afluente, bem como pelas características dos quando não foi feita a desinfecção; entretanto, a
processos de tratamento do esgoto a montante. Os qualidade química e ecológica do corpo receptor
processos de desinfecção são geralmente aplicados era efetivamente superior quando não foi usada a
no fim ou próximo ao fim da sequência de cloração. Com base nos resultados deste estudo, o
tratamento do esgoto, de forma que o desinfetante MWRDGC solicitou, com sucesso, à EPA de
é aplicado no efluente que contém baixas Illinois, permissão para a operação da ETE sem a
concentrações de matéria dissolvida e em desinfecção. A ETE foi operada deste modo por
suspensão que poderiam “competir” pelos agentes vários anos. Recentemente, a pressão dos usuários
desinfetantes ativos. da água para fins recreacionais na área de Chicago
resultou na inclusão da desinfecção em quatro das
A inclusão da desinfecção do esgoto não é sete ETEs operadas pelo MWRDGC.

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8.2 CONCEITO DE MICRORGANISMOS indicadores são geralmente desenvolvidos para


INDICADORES produzir efluente tratado com qualidade
microbiológica que seja consistente com o uso
As comunidades microbianas no esgoto tendem a pretendido da água do corpo receptor.
ser misturas altamente complexas de
microrganismos de várias ordens taxonômicas. Os Nos últimos anos, o reconhecimento da
patogênicos microbianos comuns encontrados no importância dos vírus na transmissão de doenças
esgoto incluem ampla variedade de bactérias motivou a avaliação do uso de vírus ou de
(células vegetativas e esporos), vírus e protozoários substitutos virais como indicadores de qualidade
parasitos (incluindo estágios de repouso, tais como microbiológica (EPA, 2015). Indicadores virais
cistos e oocistos). Por isso, não é prático identificar comuns propostos para este propósito incluem os
todas as espécies de microrganismos da população colifagos F-específicos e somáticos, que são vírus
microbiana, ou igualmente dos patogênicos que parasitam células bacterianas (coliformes).
microbianos. Como alternativa, a qualidade Vários bacteriófagos identificados têm
microbiológica é frequentemente caracterizada características estruturais e fisiológicas que imitam
com base na concentração de microrganismos importantes vírus que se hospedam nos humanos.
viáveis de uma ou talvez de algumas famílias Porém, como estes fagos têm a habilidade de
microbianas. somente parasitar células bacterianas específicas,
eles não são patogênicos aos humanos. Há métodos
O conceito de microrganismo indicador é analíticos estabelecidos para quantificar as
aplicado para este propósito em amostras de concentrações de fagos infecciosos ambientais em
esgoto. Idealmente, um indicador microbiano amostras de água; alguns destes métodos são
fornecerá uma medida do risco da exposição aos rápidos, fáceis e de baixo custo de aplicação (EPA,
microrganismos patogênicos. As características 2015; McMinn et al., 2017).
desejáveis de um microrganismo indicador
incluem: onipresença em efluentes não
desinfetados; não serem patogênicos aos humanos;
8.3 DESINFECÇÃO COM HALOGÊNIOS
serem de quantificação simples, barata e rápida por
(CLORO)
métodos de cultivo; sua presença (ou ausência)
deve correlacionar rigorosamente com a presença Os halogênios têm características químicas que os
(ou ausência) de microrganismos patogênicos; permitem atuar como bons desinfetantes. Na
deve ser pelo menos tão resistente à desinfecção camada externa dos halogênios, especificamente
quanto os microrganismos patogênicos que são no estado elementar, falta um elétron para
prováveis estarem presentes no esgoto. Nenhum completar o octeto. Por isso, os halogênios tendem
microrganismo satisfaz a todas estas a exibir comportamento químico similar, no qual
características, mas alguns grupos de todos tendem a aceitar elétrons eficazmente (isto é,
microrganismos têm muitas destas características. eles tendem a atuar como oxidantes efetivos). Os
halogênios são, também, agentes substitutos
Entre os microrganismos indicadores de uso efetivos.
mais comum para a quantificação da qualidade
microbiológica de efluentes estão as bactérias do Embora os halogênios tendam a exibir
grupo coliforme, frequentemente E. coli ou os comportamento químico semelhante, não são
coliformes termotolerantes. Enterococcus é equivalentes como desinfetantes. Entre os
frequentemente usado como indicador nos halogênios, o cloro é o mais amplamente usado,
efluentes que são lançados em águas marinhas. Os principalmente por fatores econômicos, fácil
padrões de lançamento para estes grupos de aplicação e pela experiência acumulada de cerca de

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um século de uso como desinfetante. Por esta especiação do cloro livre será influenciada pela
razão, o foco da discussão sobre os halogênios, química fundamental da solução, incluindo pH e
neste livro, será o cloro. Os leitores devem concentração do íon cloreto. A Figura 8.1 ilustra a
compreender que o comportamento dos outros especiação do cloro livre em função do pH em uma
halogênios que são usados como desinfetantes amostra de água que contém 5,0 mg/L (7,0x10-5 M)
(especialmente bromo e iodo) tende a ser de cloro livre e de íon cloreto (Cl-) na concentração
semelhante, embora não idêntico ao do cloro. de 10-4 M (3,6 mg/L), que é representativa de água
de abastecimento ou de esgoto comum.
8.3.1 FÍSICO-QUÍMICA DO CLORO

O termo “cloro livre” refere-se às formas de cloro


oxidado (valência +1 ou zero) que estão em
solução; essas formas de cloro tendem a ter alta
afinidade por elétrons (isto é, elas são agentes
oxidantes eficazes). A distribuição das várias
formas de cloro livre existentes é governada por
equilíbrio químico bem definido. As equações 8.1b
a 8.4b sumarizam estes equilíbrios e suas
respectivas constantes de equilíbrio, todas a 25 oC.
Os valores das constantes de equilíbrio foram
retirados de Odeh et al., (2004) e Deborde e Von Figura 8.1 Diagrama de distribuição dos compostos de
Gunten (2008). cloro livre em amostra que contém 7,0x10-5 M de cloro
livre e íon cloreto em concentração de 10-4 M em
Cl2 + H2 O ⇋ HOCl + H + + Cl− temperatura de 25 oC. Essas condi3ções são
representativas da adição de cloro livre à água de
(8.1a) abastecimento ou ao esgoto comum.
[HOCl][H+ ][Cl− ] −3 2
Kh = [Cl2 ]
= 1,04 ∙ 10 M
Para a situação ilustrada na Figura 8.1, o cloro
livre é dominado por HOCl e OCl-, com a
(8.1b) distribuição entre estas duas espécies sendo
HOCl ⇌ H + + OCl− governada pelo pH (relativo ao pKa  7,47).
(8.2a) Próximo ao pH neutro, a concentração molar de
[H+ ][OCl− ] HOCl e OCl- é pelo menos 5 a 6 ordens de
Ka = [HOCl]
= 3,39 ∙ 10−8 M
magnitude maiores do que as concentrações das
(8.2b) outras espécies de cloro livre. Para o propósito de
HOCl + HOCl ⇌ Cl2 O + H2 O avaliar as respostas dos microrganismos à
exposição ao cloro nestes sistemas, é provável que
(8.3a) a prevalência será de HOCl e OCl-. Neste contexto,
[Cl2 O] −3 −1 é relevante reconhecer que o HOCl é considerado
K Cl2 O = [HOCl]2 = 8,7 ∙ 10 M
desinfetante muito mais eficaz do que o OCl-. As
(8.3b) concentrações relativamente baixas de outras
Cl2 + Cl− ⇌ Cl3− espécies de cloro livre indicam que a desinfecção
(8.4a) promovida por elas provavelmente será
[Cl−
3] desprezível.
K Cl3− = [Cl ][Cl− ]
= 0,18 M −1
2
(8.4b) Por outro lado, as espécies de cloro livre em
concentrações muito baixas (traço) podem ser
Essas equações de equilíbrio indicam que a contribuintes relevantes na química dos sistemas de

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desinfecção com cloro. Um exemplo da molécula. Esta informação é a base da definição


importância dessas outras espécies de cloro livre é formal de cloro livre:
sua função como agentes substituintes. Em
particular, cloro molecular (Cl2) e monóxido de Cloro livre = [Cl2 ] + [HOCl] + [OCl− ] + 2 ∙
cloro (Cl2O) tendem a ser melhores agentes [Cl2 O] + [Cl3− ] (8.10)
substituintes do que HOCl e OCl-. As constantes de
velocidade para as reações envolvendo Cl2 e Cl2O A equação 8.10 é representação mais detalhada
podem ser muitas ordens de magnitude maiores do do cloro livre do que a normalmente apresentada na
que suas correspondentes às de HOCl e OCl- literatura, na qual são consideradas as
(Blatchley e Cheng, 2010; Sivey et al. 2010). contribuições das espécies de cloro livre que estão
Portanto, Cl2 e Cl2O podem contribuir presentes como concentrações traço (isto é, Cl2,
significativamente para a dinâmica química em Cl2O e Cl-3 ). As definições comuns de cloro livre
reações que envolvem cloro livre. usualmente incluem somente as contribuições do
As equações 8.5b a 8.9b resumem o HOCl e OCl-, e eventualmente Cl2, devido à
comportamento eletroquímico dos compostos que participação dominante que estas espécies
compreendem o cloro livre, assim como valores do representam em termos de concentração molar.
potencial padrão de redução (PPR) para cada
composto17. O resumo do comportamento do cloro livre
apresentado anteriormente fornece informações
sobre a distribuição do cloro livre e seu
comportamento, quando o cloro livre é
Cl2,aq + 2e− ⟶ 2Cl− (8.5a) predominante como cloro residual. No entanto, em
esgoto, é provável que a química do cloro seja
PPR = 1,36 V (8.5b) influenciada por outros constituintes que estão
presentes na solução.
HOCl + H + + 2e− ⟶ H2 O + Cl− (8.6a) O cloro livre reage com ampla variedade de
compostos em solução, por exemplo, as reações
PPR = 1,49 V (8.6b) entre o cloro livre e o nitrogênio amoniacal – N-
amoniacal. Coletivamente, as reações entre o cloro
OCl− + H2 O + 2e− ⟶ Cl− + 2OH − (8.7a) livre e o N-amoniacal definem o que se denomina
de mecanismos de “cloraminação” e de “cloração
PPR = 0,90 V (8.7b) ao breakpoint”. Esses processos são governados
por dois conjuntos de reações entre o cloro livre e
2H + + Cl2 O + 4e− ⟶ H2 O + 2Cl− (8.8a) a amônia. O primeiro conjunto compreende reações
de substituição, em que o cloro com valência +1
PPR = não disponível (8.8b) substitui os prótons (H+). Coletivamente, estas
reações resultam na conversão de cloro livre, na
Cl3− + 2e− ⟶ 3Cl− (8.9a) forma de HOCl, em cloro combinado inorgânico:

PPR = não disponível (8.9b) HOCl + NH3 ⇌ NH2 Cl + H2 O (8.11)

As semi-reações apresentadas nas equações 8.5 HOCl + NH2 Cl ⇌ NHCl2 + H2 O (8.12)


a 8.9 formam a base da equivalência eletroquímica
destes compostos. Especificamente, estas reações HOCl + NHCl2 ⇌ NCl3 + H2 O (8.13)
indicam que todas as espécies de cloro livre nestas
equações têm a capacidade de aceitar dois elétrons NH2 Cl + NH2 Cl ⇌ NHCl2 + NH3 (8.14)
por molécula, exceto o monóxido de cloro (Cl2O),
que tem a capacidade de aceitar quatro elétrons por As reações 8.11 a 8.13 resultam na formação

17
Os vales de PPR são de White (1992)

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direta de cloraminas inorgânicas: NH2Cl Wahman (2018) desenvolveu e disponibilizou


(monocloramina), NHCl2 (dicloramina) e NCl3 na web programas para a simulação das reações
(tricloramina ou tricloreto de nitrogênio). A reação entre o cloro livre e o N-amoniacal. A Figura 8.2
8.14, que é às vezes identificada como uma reação ilustra a distribuição do cloro residual em esgoto
de dismutação, possibilita a conversão da que foi clorado imediatamente a jusante de sistema
monocloramina em dicloramina. Todas essas de nitrificação bioquímica funcionando
quatro reações de substituição são reversíveis. A adequadamente. Nesta simulação, foi assumido que
reação 8.14, no sentido para a direita, é do tipo a concentração de NH3-N era de 0,5 mg/L (como
catálise ácida geral, o que significa que é N), pH = 7,5; alcalinidade = 150 mg/L como
promovida em qualquer condição quando os CaCO3, com o progresso da reação avaliado após
prótons (H+) estão disponíveis para serem doados, 60 minutos do início da reação.
incluindo pH baixo e soluções que contêm altas
concentrações de compostos doadores de prótons, A informação apresentada na Figura 8.2 indica
tais como tampões de pH. É importante reconhecer que o cloro residual no esgoto é provavelmente
que não ocorrem reações de oxidação e redução dominado pelo NH2Cl, a menos que seja feita a
(redox) nas reações 8.11 a 8.14. remoção completa de NH3-N. Para as condições da
simulação representada na Figura 8.2, o cloro
O segundo grupo de reações são os processos
redox em que o cloro com valência +1 é reduzido a residual é quase somente NH2Cl até que a
íon cloreto (Cl-), resultando na oxidação do N concentração de cloro adicionada ao sistema
reduzido. Estes processos redox ocorrem em ampla exceda aproximadamente 4,5 mg/L como Cl2, que
gama de taxas. Resumos abrangentes destas corresponde ao breakpoint do sistema. Isto
reações e de suas cinéticas são fornecidos por representa razão molar cloro: nitrogênio de
Jafvert e Valentine (1992) e Wahman (2018). Uma aproximadamente 1,8. Para adição de cloro livre
característica interessante das reações redox, que acima deste valor, o residual estará principalmente
contribuem neste mecanismo de reação, é que todas na forma de cloro livre; entretanto, grande
procedem, direta ou indiretamente, do NHCl2. quantidade do cloro adicionado será consumida na
Portanto, qualquer aspecto do comportamento do
oxidação do NH3-N. Isto representa o uso
processo que promova a formação de NHCl2
aumentará essas reações redox, desse modo ineficiente do cloro e um cenário improvável para
diminuindo a estabilidade do cloro residual a maioria das aplicações práticas.
combinado. Os atributos específicos do
comportamento do processo que promoverão a
formação de NHCl2 incluem reduções no pH e
aumento na razão Cl:N aplicada ao sistema.

Coletivamente, as reações de substituição e as


reações redox descritas anteriormente controlarão a
distribuição de cloro residual entre as várias
espécies de cloro livre e cloro combinado
inorgânico. No esgoto, frequentemente há pequena
quantidade de N-amoniacal em solução na entrada
do tanque de contato. Mesmo quando se aplica a
nitrificação bioquímica, o N-amoniacal estará
presente em concentrações típicas de 0,5 a 1,0
mg/L (como N) (McCarty, 2018). Portanto, as Figura 8.2 Curva da cloração ao breakpoint após 60
cloraminas inorgânicas (especialmente NH2Cl) minutos de reação para as condições de pH = 7,5,
provavelmente predominam como cloro residual concentração inicial de NH3-N = 0,5 mg/L como N,
no esgoto clorado. alcalinidade = 150 mg/L como CaCO3. Os resultados da
simulação são do modelo de Wahman (2018)

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A espécie de cloro residual terá efeitos O equilíbrio das reações 8.15 e 8.16 está
importantes no comportamento da desinfecção. O deslocado para a direita, e a reação para a direita é
NH2Cl é substancialmente menos efetivo como extremamente rápida em ambos os casos. Estas
desinfetante do que o HOCl, embora a magnitude características simplificam o controle do processo
desta diferença na eficácia da desinfecção seja para a descloração, pois a dosagem do agente
variável entre os microrganismos e as condições de desclorante (bissulfito, HSO−3 , neste caso) pode ser
aplicação do desinfetante. Por exemplo, a 20 oC e definida usando medições em tempo real da
pH = 7,5, o cloro livre é aproximadamente 250 concentração de cloro residual e a vazão. Em vários
vezes mais eficaz do que NH2Cl para a inativação casos, o agente desclorante é adicionado com
de cistos de Giardia, enquanto, nas mesmas pequeno excesso estequiométrico em relação ao
condições, o cloro livre é aproximadamente 16 cloro com valência +1 para assegurar a descloração
vezes mais eficaz do que NH2Cl para a inativação completa. O bissulfito que permanece após a
de vírus (Malcolm Pirnie and HDR Engineering, descloração é razoavelmente benigno e não
1991). Portanto, a presença de NH3-N, mesmo em representa ameaça para a vida aquática a jusante do
baixa concentração, resultará em cloro residual que ponto de aplicação.
é dominado pelo NH2Cl, não pelo cloro livre. Além
disso, a formação de cloro combinado inorgânico, Deve-se notar que a descloração com bissulfito
essencialmente todo na forma de NH2Cl, diminuirá gera prótons (H+) como produto dessas reações. A
a eficácia da desinfecção, em relação ao descloração com compostos de enxofre S[IV]
comportamento do cloro livre. consome alcalinidade. Em águas fracamente
tamponadas, essa acidez adicionada pode resultar
Quando comparados com outros desinfetantes, em substancial redução do pH. Este efeito pode ser
os compostos de cloro com valência +1 tendem a compensado pela adição de um tampão de pH
ser relativamente estáveis. Essa característica pode adequado, como os compostos à base de carbonato.
ser benéfica em aplicações nas quais é necessário
prevenir o crescimento de patógenos após o 8.3.2 Mecanismos de desinfecção: cloro
processo de desinfecção. Porém, no contexto de
algumas das aplicações da desinfecção de esgoto, O cloro tende a reagir amplamente e com pouca
esta característica pode ser prejudicial, pois os seletividade com microrganismos e biomoléculas
compostos de cloro residual podem ser tóxicos a críticas (Virto et al., 2005). Há vários mecanismos
peixes e outras formas de vida aquática. Por isso, possíveis pelos quais o cloro com valência +1 pode
as vezes é necessário desclorar o esgoto. inativar os microrganismos; o conhecimento atual
desses mecanismos provém da compreensão da
A descloração é feita pela adição controlada de química da reação do cloro com estas
composto químico que apresenta rápida demanda biomoléculas.
de cloro. Os agentes desclorantes mais comuns são
baseados em compostos de enxofre reduzido O cloro livre, especialmente o HOCl, reage
(S[IV]), tais como bissulfito de sódio. A química rapidamente com as aminas para produzir os
da descloração baseada no bissulfito é definida pela derivados correspondentes de nitrogênio clorado,
seguinte expressão estequiométrica: frequentemente sucedidos por reações mais lentas
de oxidação/redução com estes compostos. As
HOCl + HSO3− ⇌ SO2− +
4 + 2H + Cl

(8.15) moléculas importantes que contêm grupos amina
incluem proteínas, seus aminoácidos constituintes,
NH2 Cl + HSO3− + H2 O ⇌ SO2− + +
4 + H + NH4 e bases nucleotídicas (purinas [adenina e guanina]
(8.16) e pirimidinas [citosina, uracila, timina]). O HOCl
reage com essas biomoléculas seguindo o

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mecanismo que imita a cloração ao breakpoint alternativos. Para a desinfecção de esgoto, as duas
(Shang et al., 2000). Reação com comportamento alternativas mais comuns ao cloro são os perácidos
semelhante foi observada com cloração de culturas e a radiação ultravioleta (UV).
puras de bactérias gram-positivas e gram-negativas
(Shang e Blatchley, 2001). As reações do cloro
livre com bactérias podem resultar em danos à 8.4 DESINFECÇÃO COM PERÁCIDOS
membrana e vazamento dos constituintes celulares (ÁCIDO PERACÉTICO)
para a solução. Porém, os danos na membrana
como uma resposta bacteriana parece requerer Os perácidos são desinfetantes orgânicos que
exposição ao cloro que excede em muito a contêm um ou mais grupos peróxido (-O-OH).
exposição requerida para resultar na inativação Esses compostos compartilham semelhanças
bacteriana (isto é, perda da capacidade de estruturais e funcionais com o peróxido de
reprodução) (Virto et al., 2005). hidrogênio (H2O2) e estão em equilíbrio com o
H2O2 nas soluções usadas em aplicações práticas.
Observou-se que o cloro livre inativa Como descrito a seguir, existe o comportamento
rapidamente a maioria dos vírus, provavelmente sinérgico entre os compostos peróxidos orgânicos
por causa da estrutura das partículas virais. e o H2O2, que pode ser relevante em aplicações de
Especificamente, a maioria dos vírus é constituída desinfecção.
por ácido nucléico, DNA ou RNA, envolvido por
uma capa de proteína denominada capsídeo; o cloro Os compostos perácidos têm sido usados em
com valência +1 tende a reagir rapidamente com os ampla gama de aplicações para a desinfecção ou a
ácidos nucléicos e proteínas. oxidação. Os exemplos incluem: produção
farmacêutica, aplicação em saúde, desinfecção de
Embora haja longa história de sucesso no uso superfícies, branqueamento no processamento de
do cloro como desinfetante e oxidante no celulose/papel, tratamento de água de lastro,
tratamento de água e de esgoto, há também produção de alimentos e bebidas, controle de
importantes inconvenientes nessas aplicações. biofilmes em torres de resfriamento e mais
Entre elas, há a formação de subprodutos da recentemente na desinfecção de esgoto (Block,
desinfecção (SPDs). Mais de 700 SPDs foram 2001; Luukkonen e Pehkonen, 2017). Essas
identificados em águas cloradas (Krasner et al., aplicações são favorecidas pelas características do
2006); é provável que existam muito mais SPDs amplo espectro antimicrobiano dos perácidos, bem
ainda não identificados. Entre esses compostos, como pelo seu baixo potencial de formar SPDs. Os
muitos apresentam uma ou mais formas de SPDs predominantemente formados na aplicação
toxicidade. de perácidos incluem ácidos carboxílicos, que
resultam de sua degradação natural, e alguns
Um segundo problema está relacionado à aldeídos que são formados pela reação entre
ineficácia do cloro contra grupos de patogênicos perácidos e a matéria orgânica natural (MON)
microbianos. Especificamente, o cloro com (Luukkonen e Pehkonen, 2017; Santoro et al.,
valência +1 é muito pouco eficaz contra muitos 2007).
protozoários parasitos, particularmente quando eles
estão presentes em seus estágios resistentes. Um Quando aplicados para a desinfecção de esgoto,
bom exemplo é a baixa eficácia do cloro contra os os perácidos podem ser gerados in loco e, de acordo
oocistos de Cryptosporidium (Murphy et al., 2015). com a demanda, por misturas apropriadas de ácido
carboxílico e peróxido de hidrogênio. No caso de
Essas importantes limitações da desinfecção ácido peracético (APA), o desinfetante perácido
com cloro motivaram a procura por desinfetantes mais comumente aplicado, é também possível

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adquirir comercialmente misturas para essas Dada a natureza reversível dessas reações, o
aplicações. Os sistemas de desinfecção com equilíbrio entre reagentes e produtos é rapidamente
perácidos podem ser adaptados aos tanques de atingido e pode ser descrito, em termos
contato de cloro existentes. Como tal, sua aparência quantitativos, para o APA à temperatura ambiente,
física e leiaute são muito similares aos dos sistemas como segue (Luukkonen e Pehkonen, 2017):
de cloração.
[CH3 COOOH]
K eq = [CH = 2,10 a 2,91 M −1 (8.19)
3 COOH][H2 O2 ]
O APA é relativamente estável e pode ser
armazenado para uso. Os sistemas com APA
O APA é disponível como produto comercial,
podem ser facilmente ligados e desligados,
com composição típica (m/m) de 15% de APA,
tornando-os muito adequados para atender as
25% de H2O2, 35% de ácido acético e 25% de água
variações e os picos de vazão. Um método de
(Santoro et al., 2007). O APA é ácido fraco
aplicação do APA é em conjunto com a radiação
(Luukkonen e Pehkonen, 2017; Santoro et al.,
UV (descrita a seguir), no qual o sistema de
2007), com pKa de 8,0 a 8,2 nas temperaturas
desinfecção com UV pode ser dimensionado para
comuns dos sistemas de desinfecção. O
as condições de vazão média, com o APA sendo
comportamento ácido/base dos perácidos é
aplicado em linha para atender as condições de
relevante porque as formas neutras (protonadas)
grandes vazões ou picos que excedem as restrições
desses compostos tendem a ser as mais efetivas
do sistema UV projetado. Isso possibilita que o
como desinfetante. Portanto, a aplicação de
projeto e implementação do sistema UV atenda à
perácido é favorecida na desinfecção quando o pH
maioria das condições operacionais, com o APA
é menor do que o pKa do perácido desinfetante. As
sendo usado quando a vazão exceder as condições
soluções de APA se autodecompõem lentamente;
de projeto do sistema UV. Essa abordagem trará o
este comportamento pode ser neutralizado pela
benefício de economia pela redução de custos de
adição de compostos que atuam como agentes
capital do sistema UV e, ao mesmo tempo,
estabilizantes, tais como o ácido dipicolínico ou
dispondo da flexibilidade para atender às variações
pirofosfato de sódio (Santoro et al., 2007).
de vazão nos sistemas de tratamento de esgoto,
especialmente aquelas que atendem comunidades
Os ácidos perfórmico (APF) e perpropiônico
com sistema combinado de coleta, ou seja esgoto e
(APP) também são usados como desinfetantes.
águas pluviais.
Porém, suas aplicações são menos frequentes do
que a do APA. Em geral, a estabilidade dos
8.4.1 Físico-química dos perácidos perácidos tende a aumentar com o aumento do
comprimento da cadeira alifática, o que favorece o
Os desinfetantes perácidos são preparados pela
uso do APA. De fato, APF não é suficientemente
adição de um ácido carboxílico ao peróxido de
estável, exigindo que seja preparado no local, o que
hidrogênio. O processo é prontamente reversível e
dificulta seu uso. Por outro lado, quando o
é representado pela seguinte equação geral:
comprimento da cadeia alifática aumenta, mais
carbono orgânico estará presente na água, o que
R − COOH + H2 O2 ⇌ R − COOOH + H2 O (8.17)
aumenta o potencial para o crescimento microbiano
na água tratada. O APA parece reunir a melhor
A reação para a direita, nesse processo, é
combinação destas características, que
catalisada por ácido. O perácido de uso mais
provavelmente o torna o mais frequentemente
comum é o APA, CH3COOOH. Sua formação é
usado na desinfecção com perácidos.
descrita como segue:

CH3 COOH + H2 O2 ⇌ CH3 COOOH + H2 O (8.18)

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8.4.2 Mecanismos da desinfecção: boa ação desinfetante (Block, 2001).


perácidos

Os processos de desinfecção e de oxidação com


8.5 DESINFECÇÃO COM RADIAÇÃO
perácidos parecem estar fortemente relacionados à
ULTRAVIOLETA
sua autodecomposição. Especificamente, os
perácidos estão sujeitos à clivagem homolítica da Os sistemas de desinfecção com ultravioleta (UV)
ligação peróxido para produzir radicais livres. inativam os microrganismos por reações
fotoquímicas que causam danos a uma ou mais
Usando o APA como exemplo, esta reação ocorre biomoléculas críticas. Portanto, para compreender
como a seguir: o processo de desinfecção com UV, é necessário ter
o conhecimento básico sobre radiação UV, bem
CH3 COOOH ⟶ CH3 COO• + HO• (8.20) como os princípios fundamentais que regem a
fotoquímica e os processos fotoquímicos.
Essa reação inicia uma série de outras reações
sequenciais que resultam na formação de um
8.5.1 Leis da fotoquímica
espectro de espécies reativas de oxigênio (ERO),
incluindo o ânion superóxido (O−2 ), radical Um grupo de cientistas notáveis desenvolveu o
hidroperoxila (HO•2 ), bem como os radicais acila e conjunto das três “leis” da fotoquímica que
peracila (Luukkonen e Pehkonen, 2017). Acredita- auxiliam a entender a dinâmica desses processos. A
se que o radical hidroxila (HO• ) desempenhe papel lei de Grotthus-Draper18 (também conhecida como
dominante na desinfecção (Block, 2001). primeira lei da fotoquímica ou do princípio da
ativação fotoquímica) estabelece que a radiação
A inativação microbiana pelos perácidos parece eletromagnética (fótons) deve ser absorvida por um
envolver o ataque a diversas biomoléculas críticas. sistema para que ocorra a alteração fotoquímica. A
As reações específicas que foram identificadas lei de Stark-Einstein19 (também conhecida como
como participantes na inativação microbiana como segunda lei da fotoquímica, lei da
incluem a oxidação de grupos sulfidrila (-SH) e equivalência química, ou lei da equivalência de
enxofre (S-S) em enzimas, desnaturação de fótons) estabelece que para cada fóton absorvido
proteínas, ruptura das funções quimiosmóticas por um composto químico, somente uma molécula
através das membranas, danos nas bases do DNA e é ativada pelo processo fotoquímico (ou fotofísico).
inativação da catalase (Block, 2001; Luukkonen e A lei de Bunsen-Roscoe (às vezes denominada de
Pehkonen, 2017; Santoro et al., 2007). Esse último terceira lei da fotoquímica) indica que a extensão
mecanismo contribui para o sinergismo, que foi da reação fotoquímica será regida pela dose
reportado entre perácidos e peróxido de hidrogênio, (fluência) da radiação absorvida pelo alvo; por sua
porque a catalase é eficaz para a desativação do vez, a dose de radiação é determinada pela taxa em
peróxido de hidrogênio como desinfetante. Na que os fótons são liberados para o alvo fotoquímico
ausência de catalase, o peróxido de hidrogênio tem e pelo tempo de exposição. Coletivamente, as leis

18
Uma exceção importante da primeira lei da fotoquímica permitir a ocorrência dos processos denominados “multi-
são as reações que envolvem a fotossensibilização, em que foton”. Nesses processos, mais de um fóton pode ser
uma molécula na vizinhança imediata da molécula alvo absorvido pela molécula alvo antes que a energia associada
absorverá um fóton e, em seguida, transfere a energia com o primeiro fóton absorvido(s) seja dissipada por um
absorvida para a molécula alvo por colisão subsequente. processo fotoquímico ou fotofísico. Essas fontes intensas de
19
Foram observadas algumas exceções da segunda lei. Um radiação são raramente usadas em aplicações práticas. Como
exemplo importante envolve o uso de fontes potentes de tal, a lei de Stark-Einstein será válida na maioria das
radiação (por exemplo, alguns lasers), que podem enviar aplicações práticas.
fótons para um alvo em taxa suficientemente elevada para

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da fotoquímica estabelecem correspondência


unívoca entre fótons e moléculas e indicam que a
dose de radiação (formalmente definida a seguir) é
a principal variável que rege a extensão da reação
fotoquímica. Outra implicação dessas leis é que a
energia do fóton deve se igualar ou exceder a
energia de ligação para a reação fotoquímica
ocorrer.

A Figura 8.3 ilustra o conceito de equivalência


fóton-molécula para radiação nos comprimentos de
onda nas faixas do visível e do UV, usando um
Figura 8.3 Energia dos fótons (U) em função do
conjunto de ligações químicas comuns e os valores
comprimento de onda. Os valores da energia média de
representativos de suas energias de ligação. Os
ligação (H) das ligações comuns estão sobrepostos. Na
dados nessa figura indicam os comprimentos de
parte inferior do gráfico estão indicados os intervalos de
onda de radiação UV que são suficientemente
comprimento de onda correspondentes aos tipos de
energéticos para promover a clivagem das ligações
radiação. Os valores médios da energia de ligação podem
químicas. Essa correspondência entre energia do
ser obtidos no website dedicado20.
fóton e energia da ligação determina que a maior
parte da fotoquímica envolve a radiação UV.
8.5.2 Princípios da cinética fotoquímica
Na parte inferior da Figura 8.3 estão também
As leis da fotoquímica indicam que duas condições
indicadas as faixas nominais de comprimento de
fundamentais devem ser satisfeitas para que a
onda que foram definidas para a radiação visível
reação fotoquímica ocorra. Primeiro, o fóton deve
(isto é, comprimentos de onda que são percebidos
ser absorvido pela molécula alvo. Segundo, o fóton
pelos humanos pelo o sentido da visão), bem como
absorvido deve ter energia suficiente para romper a
várias sub-regiões da radiação UV, incluindo
ligação existente ou formar uma nova. Se ambas as
UVA, UVB, UVC e UV a vácuo (UVV). Deve-se
condições são satisfeitas, então é possível que a
notar que na literatura há relatos de variações nas
reação fotoquímica ocorra, embora não se tenha
faixas dessas sub-regiões.
certeza. Se nenhuma dessas condições for
satisfeita, a reação fotoquímica não ocorrerá.
Essas condições qualitativas definem quando é
possível uma reação fotoquímica ocorrer, mas não
fornecem informações para definir a taxa de reação
desse processo. As descrições quantitativas da taxa
de um processo fotoquímico são baseadas na lógica
similar à que é usada para descrever os processos
químicos térmicos convencionais, especificamente
uma reação elementar bimolecular. Na Tabela 8.1
está apresentado o resumo das equações das taxas
para reações elementares bimoleculares (térmicas)
e para reações elementares fotoquímicas.

20
http://butane.chem.uiuc.edu/pshapley/env
ironmental/l14/1.html

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Considerando primeiro o caso de reações equação 8.24 indica que a taxa de uma reação
elementares bimoleculares, no nível elementar o elementar bimolecular em um ponto no espaço será
processo envolve a colisão de duas moléculas, B e governada pelas condições que existem naquele
C, que resulta na formação de um ou mais produtos. ponto, incluindo a temperatura local e as atividades
Esse processo requer que B e C colidam com locais dos reagentes. Em vários sistemas de
energia suficiente para a ruptura de uma ou mais reatores químicos e bioquímicos, as condições de
ligações ou uma nova ligação seja formada. A mistura são tais que as concentrações dos reagentes
equação da taxa pode ser decomposta para são uniformes, ou quase uniformes, em vasta
descrever esses dois processos. As concentrações extensão espacial.
(ou formalmente, as atividades) dos reagentes ([B])
e [C]) podem ser imaginadas como representações A cinética fotoquímica é descrita usando lógica
de suas disponibilidades para participar de colisões semelhante, mas com terminologia e variáveis de
com outras moléculas; a taxa desse processo processo, que são relevantes para a fotoquímica.
aumenta linearmente com [B] e [C]. O produto, Como indicado anteriormente, um processo
fotoquímico pode ocorrer quando a energia de um
A ∙ [B] ∙ [C] (8.21) fóton é absorvida por uma molécula alvo; esse
processo é descrito pela equação da taxa básica da
representa a frequência de colisões entre B e C. O reação fotoquímica indicada na Tabela 8.1.
termo exponencial, Observe que o termo h é a notação abreviada para
representar a energia de um fóton de freqüência 
Ea
exp (− ) (8.22) (h = constante de Planck). O símbolo Ei representa
R.T
a taxa de fluência da radiação (em determinado
comprimento de onda) que incide na molécula
descreve a fração dessas colisões que têm energia
alvo; isso pode ser imaginado como uma expressão
suficiente para completar a reação.
da disponibilidade de fótons em um local.
Frequentemente, a equação da taxa de reação é
apresentada na forma mais curta:
O símbolo  representa o coeficiente de
d[B] absorção molar para uma molécula, que descreve a
= −k ∙ [B] ∙ [C] (8.23)
dt eficiência pela qual a molécula alvo absorve os
fótons incidentes de determinado comprimento de
em que o termo k representa a constante da taxa de onda. O símbolo  representa o rendimento
reação de segunda ordem que pode ser expressa quântico, um termo que descreve a fração dos
como segue: fótons absorvidos em um determinado
comprimento de onda que resulta em uma reação.
Ea
k = A ∙ exp (− ) (8.24) Finalmente, o termo Qe descreve a energia da
R.T
radiação em um determinado comprimento de
Quando aplicada ao nível microscópico, a onda.

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Tabela 8.1 Resumo das equações da taxa de reação fundamental para as reações elementares químicas (térmicas) e reações
fotoquímicas.
Tipo de reação Equação da reação básica Equação de cinética
Bimolecular elementar (térmica) B + C → Produtos d[B] Ea
= −A ∙ exp (− ) ∙ [B] ∙ [C]
dt R∙T
Fotoquímica elementar (fotolítica) B + hυ → Produtos d[B] 2,303 ∙ 𝐸𝑖 ∙ 𝜖 ∙ [𝐵] ∙ Φ
=−
dt 𝑄𝑒

Como no caso da reação elementar fotoquímico, isso tem profundo efeito na análise,
bimolecular, a equação fundamental da cinética projeto e desempenho do fotorreator.
para uma reação fotoquímica pode ser decomposta.
O quociente: 8.5.3 Mecanismos da inativação
2,303∙Ei ∙ε∙[B]
microbiana: radiação UV
(8.25)
Qe
O principal mecanismo da inativação microbiana
resultante da exposição às radiações UVB e UVC é
descreve a taxa na qual os fótons incidentes são
o dano fotoquímico direto causado nos ácidos
absorvidos pela molécula alvo, enquanto o
nucléicos (DNA e RNA) e às proteínas. As
rendimento quântico descreve a fração desses
radiações UVB e UVC (às vezes referidas como
eventos de absorção de fótons que resultam na
“UV germicida”) são absorvidas eficazmente pelos
reação. Em vários casos, taxa de um processo
ácidos nucléicos.
fotoquímico é definida na forma simplificada:

d[B] A Figura 8.4 ilustra o espectro de absorção


= −k ′ ∙ Ei ∙ [B] (8.26) normalizado dos extratos de DNA de uma espécie
dt
comum de alga marinha, uma bactéria veiculada
em que o termo k’ representa a constante da taxa de pela água e um protozoário parasito. Apesar da
reação fotoquímica que pode ser expandida como diferença nesses organismos, seus espectros de
segue: absorção pelo DNA apresentam formas
notavelmente semelhantes, com o pico de absorção
2,303∙ε∙.Φ
k′ = (8.27) próximo a 260 nm e geralmente absorção menor em
Qe
comprimentos de onda imediatamente acima e
As equações da taxa que são usadas para abaixo desse valor. Em comprimentos de onda
descrever a cinética fotoquímica são aplicadas ao menores que aproximadamente 240 nm todos os
nível local. Esta característica é crítica para a três extratos de DNA apresentaram forte absorção.
compreensão do comportamento dinâmico dos
reatores fotoquímicos, incluindo aqueles usados
para a desinfecção, porque os campos da taxa de
fluência dentro desses sistemas geralmente
demonstram fortes gradientes espaciais. Uma vez
que a taxa local do processo fotoquímico é
diretamente proporcional à taxa de fluência local,
isso significa que os gradientes na taxa de fluência
local resultam em gradientes igualmente fortes nas
taxas de reação fotoquímica local. Como será
demonstrado na discussão da dinâmica do reator

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proteínas. Isto é particularmente importante com


alguns vírus, cuja estrutura consiste tipicamente de
uma capa protéica denominada capsídeo que
envolve a molécula de ácido nucléico. Os danos ao
capsídeo tendem a se tornarem mais importantes
em comprimentos de onda menores que
aproximadamente 240 nm, nos quais as proteínas
absorvem mais eficazmente a radiação. Os
capsídeos podem desempenhar papéis críticos na
fixação do vírus à sua célula hospedeira específica.
Se uma partícula viral for incapaz de se fixar ao seu
Figura 8.4 Espectros de absorção do DNA extraído de três hospedeiro, a infecção do hospedeiro será evitada.
organismos aquáticos: Tetraselmis (alga marinha), Vibrio Acredita-se que o dano fotoquímico às proteínas do
harveyi (bactéria) e Cryptosporidium parvum (protozoário capsídeo seja responsável pelo aumento de
parasito comum). Esses espectros de absorção foram sensibilidade de alguns vírus a estes comprimentos
normalizados aos seus valores medidos em 254 nm. de onda relativamente curtos (Eischeid e Linden,
2011).
A absorção das radiações UVB e UVC
promovem reações entre as bases adjacentes numa 8.5.4 Fontes de radiação UV germicida
fita de ácido nucléico, que é particularmente
verdadeiro entre bases pirimídicas adjacentes, A fonte mais comum de radiação UV germicida é a
sendo a timina a mais eficiente. Os dois produtos lâmpada de descarga de mercúrio (Hg). Um
mais comuns da reação que resulta da irradiação esquema genérico da construção da lâmpada de
dos ácidos nucléicos com UV são os dímeros descarga está representado na Figura 8.6. O
ciclopirimidina (CPDs) e o fotoproduto 6-4 (Figura estabelecimento de uma tensão entre os eletrodos
8.5). Estes produtos e outras formas de danos neste sistema faz com que os elétrons (e-) migrem
fotoquímicos são às vezes denominados de do catodo para o anodo. As interações entre os
“lesões” na molécula de ácido nucléico. O acúmulo elétrons e os gases no interior da lâmpada resulta
de um número suficiente de lesões pode resultar na na emissão de radiação.
perda de viabilidade ou infecciosidade dos
microrganismos.

Figura 8.6 Ilustração esquemática de uma lâmpada de


descarga de gás.

Dois tipos comuns de lâmpadas de Hg estão


disponíveis. A fonte de radiação UV germicida
mais frequentemente usada é a lâmpada de baixa
pressão de Hg (BP), que é caracterizada pela
Figura 8.5 Ilustração esquemática de fotorreações que
pressão parcial de Hg da ordem de 10-3 a 10-2 Torr.
produzem dímero de ciclopirimidina (CPD) e o
As colisões entre os elétrons, moléculas de gases
fotoproduto 6-4. Imagem de Li et al. (2006)
nobres e átomos de mercúrio resultam na excitação
A radiação UVC pode também causar danos às eletrônica do mercúrio. Os átomos excitados de Hg

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podem retornar às condições de baixa energia ou eficiência de conversão de energia de


estado fundamental pela liberação de um fóton. As aproximadamente 35 a 40%. Apesar desta
duas raias dominantes de emissão do Hg excitado eficiência relativamente alta, as lâmpadas
ocorrem em 253,7 nm e 185 nm. convencionais BP de Hg têm modesta densidade de
emissão de potência, resultando na necessidade de
As lâmpadas de amálgama de mercúrio foram grande número de lâmpadas em algumas
desenvolvidas como alternativa às lâmpadas aplicações. As lâmpadas de amálgama melhoram
convencionais de baixa pressão de Hg. Nas esta situação, mas os sistemas baseados em
lâmpadas de amálgama, o mercúrio está misturado lâmpadas de amálgama podem ainda necessitar de
com outros metais para formar um amálgama grande número de lâmpadas, o que resulta em
sólido. O amálgama atua como regulador de sistemas complexos.
pressão do Hg no sistema. As lâmpadas de
amálgama podem operar em temperaturas mais
elevadas (cerca de 80 oC) do que as lâmpadas de
baixa pressão de Hg. Isso possibilita às lâmpadas
de amálgama gerar mais potência do que as
lâmpadas de baixa pressão de Hg. Entretanto, o
espectro de emissão de uma lâmpada de amálgama
é essencialmente idêntico ao da lâmpada
convencional de baixa pressão de Hg, em termos de
localização e altura relativa dos picos.

As lâmpadas de média pressão de Hg (MP)


operam com pressão parcial de Hg a
aproximadamente 75 Torr (aproximadamente 0,1 Figura 8.7 Espectros de emissão normalizados para
atm). Nessas condições, a física da geração dos lâmpada de amálgama de mercúrio (baixa pressão) e para
fótons incluirá outros processos que não são lâmpada de média pressão (MP) de Hg. Os espectros para
relevantes nas lâmpadas de baixa pressão de Hg. cada lâmpada estão normalizados em relação aos seus
Como resultado, o espectro de emissão das respectivos picos espectrais (Fonte: Trojan Technologies).
lâmpadas MP de Hg é muito diferente daquele das
lâmpadas BP de Hg. Em particular, os espectros de As lâmpadas MP de Hg podem ter potência de
emissão das lâmpadas MP de Hg são caracterizados emissão de 1 a 2 ordens de magnitude maior do que
por ampla “elevação” entre os comprimentos de as lâmpadas BP de Hg. No entanto, as lâmpadas
onda de aproximadamente 200 a 240 nm. Raias MP têm eficiência de conversão de energia de
bem definidas são evidentes nos comprimentos de aproximadamente 10%, portanto requerem muito
onda que estão espalhados por toda a porção UV do mais energia do que as lâmpadas BP para atender a
espectro e também na porção de radiação visível do uma determinada potência de emissão requerida.
espectro. Os espectros de emissão normalizados
para lâmpadas BP de mercúrio (amálgama) e para Uma desvantagem importante das lâmpadas BP
MP estão representados na Figura 8.7. e MP é a inclusão do Hg em sua construção. Em
âmbito mundial, há pressão crescente para reduzir
As lâmpadas BP de Hg são caracterizadas pela ou eliminar o uso de Hg. A Convenção de
emissão dominada pela raia de 254 nm, que está Minamata sobre o Mercúrio é um tratado
próxima ao comprimento de onda de absorção internacional que prevê a redução ou eliminação
máxima dos ácidos nucléicos. Além disso, as dos usos comercial e industrial do Hg (EU, 2011).
lâmpadas BP de Hg são caracterizadas pela A Convenção de Minamata inclui exceções para

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algumas aplicações em que alternativas não tende a penetrar através do líquido a ser desinfetado
surgiram ou não foram demonstradas; importantes de forma mais eficaz do que a radiação em
entre essas exceções estão as denominadas comprimentos de onda mais curtos.
lâmpadas “fluorescentes”, que contêm Hg. Estas
fontes de iluminação, que são idênticas
eletronicamente às lâmpadas BP de Hg, são
preferidas em muitas aplicações devido à sua alta
eficiência. Até o momento, não há cláusula na
Convenção de Minamata ou outros tratados
internacionais para eliminar o uso de lâmpadas de
Hg para a geração de radiação UV. Contudo, há
pressão crescente para desenvolver e implementar
fontes alternativas de radiação UV.

Entre fontes alternativas de radiação UV mais


promissoras estão os diodos de emissão de luz UV
(LEDs de UV). Como todos os LEDs, os LEDs de Figura 8.8 Espectros de emissão normalizados para
UV são dispositivos semicondutores que emitem alguns LEDs UV comercialmente disponíveis. Os valores
radiação eletromagnética (“luz”) como o resultado na legenda indicam o comprimento de onda nominal do
da recombinação de elétrons e lacunas, seguindo o pico de cada LED, como indicado pelo fabricante. A linha
princípio da eletroluminescência (Held, 2009). de referência horizontal indica 50% da emissão máxima
LEDs de UV não contêm mercúrio. Seus espectros relativa. Os valores entre parênteses na legenda indicam
de emissão são regidos pela composição elementar a largura da banda dos espectros para ½ da emissão
do material do diodo. A Figura 8.8 ilustra os máxima. Dados fornecidos pela AquiSense.
espectros de emissão normalizados para vários
LEDs de UV comercialmente disponíveis. Entre os LEDs de UV atualmente disponíveis
no mercado, a potência de emissão tende a ser
Os LEDs de UV comercialmente disponíveis bastante modesta e a eficiência de conversão de
têm como importantes vantagens serem energia é baixa, quando comparada com as
essencialmente fontes instantâneas de liga/desliga lâmpadas de Hg. No entanto, as tendências
e não requererem tempo para aquecimento. Além históricas sugerem que, como a demanda por LEDs
disso, como seus espectros de emissão são regidos aumenta, a potência de emissão e a eficiência de
pela composição elementar do diodo, é possível conversão de energia aumentam, enquanto os
selecionar LEDs de UV com espectros de emissão custos unitários dos dispositivos tendem a
que são ajustados a uma aplicação. No caso de diminuir. Essas tendências foram seguidas nos
aplicações para a desinfecção, um exemplo seria o últimos anos à medida que o interesse por LEDs de
uso de LEDs de UV com emissão centrada nas UV para as aplicações em tratamento de água tem
vizinhanças de 270 a 280 nm. Estes LEDs de UV aumentado.
tendem a ter alta eficiência nominal, duram mais e
são mais baratos do que aqueles que emitem
próximo a 260 nm, que é o comprimento de onda 8.6 CINÉTICA DE DESINFECÇÃO
com absorção máxima pelos ácidos nucléicos.
A lógica usada no desenvolvimento dos modelos
Também, é comum que as soluções aquosas
matemáticos, que descrevem a cinética dos
tenham maior transmitância entre 270 e 280 nm do
processos de desinfecção, é adaptada das teorias
que a 260 nm ou comprimentos de onda inferiores;
fundamentais que são usadas para descrever a
portanto, a emissão de radiação desses dispositivos

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cinética intrínseca das reações químicas e viabilidade ou infecciosidade a serem atendidas,


fotoquímicas. No entanto, é importante reconhecer que quase sempre envolvem elementos empíricos.
que a desinfecção é inerentemente mais complexa
do que uma reação química elementar, pois pode 8.6.1 Cinética de desinfecção:
envolver inúmeras reações bioquímicas. Além desinfetantes químicos
disso, o resultado do processo é a alteração
fisiológica no comportamento ou resposta da Como ocorre com maioria dos desinfetantes, a
população microbiológica, enquanto na reação estratégia usada para simular a cinética da
química o interesse é pelo consumo do reagente ou desinfecção química é baseada na lógica
a formação do produto, que frequentemente pode semelhante àquela usada para definir a cinética das
ser medido de forma mais direta e precisa do que a reações químicas elementares. Em termos gerais, a
inativação microbiana. molécula desinfetante (cloro com valência +1, por
exemplo) e o microrganismo alvo são vistos como
Outro ponto relevante a ser considerado nesses “reagentes” nesses modelos.
modelos é que o resultado final mais relevante para
as aplicações em desinfecção é a perda de Dentre os modelos, o mais básico foi
viabilidade ou a capacidade de infectar a célula desenvolvido por Harriet Chick (Chick, 1908),
hospedeira. No contexto da desinfecção, as posteriormente reforçado e levemente modificado
bactérias viáveis são capazes de se reproduzir; a por Herbert Watson (Watson. 1908). O modelo de
evidência desta capacidade é usualmente Chick-Watson assume a forma:
demonstrada por meio de métodos de cultivo. Para
dN
os organismos parasitos, tais como protozoários ou = − ∧ CnN (8.28)
dt
vírus, a capacidade de infectar a célula hospedeira
e completar o ciclo de vida é o ponto final de
Onde:
interesse. Os ensaios de infecciosidade para vírus e
N concentração de microrganismos viáveis
protozoários também envolvem a incubação das
T tempo
amostras para confirmar a infecção e completar o
 coeficiente de letalidade específica
ciclo de vida. De forma mais ampla, as variáveis
(parâmetro da taxa de reação)
viabilidade e infecciosidade representam o padrão
C concentração do desinfetante químico (por
ouro para a quantificação da eficiência da
exemplo, cloro)
desinfecção. Assim, os modelos matemáticos que
N constante empírica (frequentemente
são usados para descrever a cinética de desinfecção
assumida  1).
devem ser baseados na viabilidade ou
infecciosidade como objetivo final, a menos que
A separação das variáveis e a subsequente
método analítico alternativo possa ser demonstrado
integração permite definir a equação que descreve
para produzir resultados semelhantes.
o grau da inativação resultante da exposição ao
desinfetante. Se for atribuído à constante empírica
Conjuntamente, essas características
o valor n = 1, então a forma integrada do modelo
determinam que os modelos matemáticos usados
de Chick-Watson é:
para simular a cinética dos processos de
desinfecção envolverão a mistura de empirismo e N
ln ( ) = − ∧∙ Ct (8.29)
teoria. A maioria dos modelos de cinética de N0
desinfecção envolve a fundamentação teórica, que
é baseada nos princípios fundamentais da cinética As equações 8.28 e 8.29 são frequentemente
das reações químicas ou fotoquímicas. No entanto, usadas como expressões padrão para definir a
estes modelos também necessitam ser adaptados à cinética de desinfecção com desinfetantes

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químicos, incluindo cloro livre, cloraminas patamar e de cauda são evidentes nas medições das
inorgânicas (isto é, cloro com valência +1) e respostas de muitas populações microbianas
perácidos. A equação 8.29 é frequentemente expostas ao desinfetante.
consistente para expressar a resposta de inativação
de microrganismos simples, tais como vírus e
algumas bactérias, porém com limitações do
alcance da inativação. Forma também a base do
conceito “Ct”, que é comumente usado para definir
a exposição ao desinfetante requerida para atender
à eficiência desejada. A ideia por traz deste
conceito é a de que uma dada eficiência de
inativação é regida pelo produto da concentração
do desinfetante e o tempo de exposição. Uma
definição mais formal de Ct (que é uma
representação da dose de desinfetante químico) é a
integral da concentração do desinfetante no tempo
de exposição: Figura 8.9 Ilustração esquemática da cinética de
desinfecção prevista pelo modelo de Chick-Watson (linha
𝜏
Ct = dose desinfetante = ∫0 C(t) ∙ dt (8.30) preta sólida). Estão incluídos também os desvios comuns
do comportamento de Chick-Watson, incluindo a
Onde: existência dos comportamentos “patamar” (linha azul) e
C(t) concentração do desinfetante dependente “cauda” (linha vermelha).
do tempo
 tempo de contato. As simulações precisas do comportamento dos
processos de desinfecção requerem o uso de
O modelo de Chick-Watson implica em uma modelos cinéticos que simulem com precisão a
reposta de cinética log-linear na desinfecção (isto resposta das populações microbianas. Essa
é, de primeira ordem). No entanto, desvios necessidade motivou o desenvolvimento de
importantes do comportamento de primeira ordem modelos matemáticos de cinética de desinfecção
são frequentemente observados em medições que são consistentes com as respostas observadas
empíricas da cinética de inativação microbiana. Os das populações microbianas.
dois desvios comuns do modelo de Chick-Watson
são a existência de “patamar” e a presença de O modelo de Collins-Selleck foi desenvolvido
“cauda” na resposta da população microbiana à para considerar os comportamentos do patamar e
exposição ao desinfetante (ver Figura 8.9). A da cauda (Selleck et al., 1978). O modelo é
resposta em patamar é atribuída à influência dos representado pela seguinte equação:
mecanismos de reparo e à capacidade de alguns
dN
microrganismos resistirem à exposição à dose = −k ∙ N (8.31)
d(Ct)
nominal do desinfetante sem demonstrar perda
mensurável de viabilidade ou infecciosidade. A
k = 0 para ct ≤ τ
cauda é atribuída ao envolvimento dos
microrganismos pelas partículas, protegendo-os da k0
exposição ao desinfetante. A cauda pode também k=− para Ct > τ
b ∙ Ct
ser causada pela heterogeneidade fenotípica da
população microbiana (Pennell et al., 2008). O modelo de Collins-Selleck incorpora duas
Independente da causa, o fenômeno da formação de

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importantes modificações no modelo de Chick- para desinfecção com cloro, com dose limiar () de 4
Watson. A primeira, a variável independente é Ct e mg.min/L e ko/b= 4.
não o tempo. A segunda, a constante de inativação
(k) pode variar. A esta constante é atribuído o valor O modelo de Collins-Selleck é usado para
zero para as doses de desinfetante inferiores a um ajustar dados empíricos da inativação de bactérias
valor limiar (); é assumido que não ocorre indicadoras por desinfetantes químicos (Hassen et
inativação em doses inferiores a esse valor. Além al., 2000; Selleck et al., 1978). Uma lógica
disso, a constante de inativação decresce quando Ct semelhante possibilitou a aplicação do modelo de
aumenta. Separando as variáveis e integrando, a Collins-Selleck para descrever a cinética de
equação (8.31) resulta na forma algébrica do desinfecção associada à radiação UV (Brahmi et
modelo de Collins-Selleck: al., 2010). No entanto, vários outros modelos foram
desenvolvidos para considerar os desvios do
N dN k0 Ct d(Ct)
∫N =− ∫τ (8.32) comportamento do modelo de Chick-Watson. Por
0 N b Ct
exemplo, o modelo de Hom é amplamente usado
N k0 Ct para simular a cinética de desinfecção de esgoto. O
ln ( ) = − ∙ ln ( ) modelo é expresso pela equação:
N0 b τ
𝑑𝑁
ou = −𝑚 ∙ 𝑘 ∙ 𝐶 𝑛 ∙ 𝑡 𝑚−1 ∙ 𝑁 (8.33)
𝑑𝑡

−k0⁄
N Ct b onde m e n são parâmetros adimensionais
=( ) empíricos, que são selecionados (por análise de
N0 τ
regressão) para ajustar o modelo aos dados
empíricos. Quando m = 1, o modelo de Hom reduz-
A Figura 8.10 é a representação gráfica do
se ao modelo de Chick-Watson. Para m < 1, o
modelo de Collins-Selleck. Para doses de
modelo é consistente com a presença de um
desinfetante inferiores à dose limiar (Ct = ), não é
patamar.
observada alteração na concentração de
microrganismos viáveis ou infecciosos. Para doses
Em todos os modelos de desinfecção química,
de desinfetante maiores que o limiar, a
a capacidade em considerar o declínio do
concentração de microrganismos viáveis ou
desinfetante ou a “demanda” de desinfetante é útil.
infecciosos decresce monotonicamente, mas a taxa
A incorporação de um termo que considera o
de declínio diminui quando Ct aumenta.
declínio de primeira ordem do desinfetante produz
uma solução de forma fechada para descrever a
cinética de desinfecção (isto é, em um reator de
batelada) (Hass e Joffe, 1994). A existência de tal
solução de forma fechada pode ser útil na
simulação do rendimento do processo de
desinfecção.

8.6.2 Cinética de desinfecção: radiação UV

A terceira lei da fotoquímica indica que a extensão


da reação fotoquímica é regida pela dose de
radiação recebida pelo alvo. Ampliando este
Figura 8.10 Ilustração gráfica do modelo de Collins-Selleck princípio à desinfecção, é evidente que a extensão

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da inativação, que é observada em uma população, laboratório que empregam reatores rasos e bem
é regida pela dose de UV à qual a população é misturados, posicionado sob feixe colimado de
exposta. Como tal, a dose de UV torna-se a variável radiação UV. De forma explicita, a definição
principal no controle do processo de desinfecção formal da dose de UV é:
com UV.
τ
Dose UV = ∫0 Ei ∙ dt (8.36)
A lógica usada para descrever a cinética de
desinfecção com UV é adaptada dos métodos O modelo de evento único sugere que o gráfico
usados para descrever a cinética dos processos de ln(N/No) versus a dose de UV resultaria em uma
fotoquímicos puros. O modelo mais simples que é linha reta passando pela origem e com declividade
usado para descrever a cinética de desinfecção com –k. isso é análogo ao comportamento que é previsto
UV é o modelo de evento único, que assume que pela equação de Chick-Watson, exceto que a
um único evento fotoquímico em uma biomolécula variável independente é a dose de UV ao invés da
crítica de um microrganismo alvo é suficiente para dose de desinfetante químico (isto é, Ct).
causar a inativação. O modelo de evento único, que Semelhante à desinfeção química, o modelo de
é análogo ao modelo de Chick-Watson, tem a evento único é útil para a simulação de respostas de
forma: inativação de alguns microrganismos simples,
incluindo alguns vírus e bactérias, em extensões
dN
− −k ∙ Ei ∙ N (8.34) limitadas de inativação. No entanto, como ocorre
dt
na desinfecção química, desvios comuns do
onde: comportamento de evento único são observados em
N concentração de microrganismos viáveis ou resultados empíricos, incluindo a existência de
infecciosos patamar ou cauda.
t tempo (s)
k constante de inativação (cm2/mJ) O modelo de eventos em série foi desenvolvido
Ei taxa de fluência incidente (mW/cm2) para considerar a presença de patamar na resposta
da população microbiana à exposição à radiação
Separando as variáveis e integrando, obtém-se UV. A lógica que ampara este modelo é que a
a forma algébrica: inativação de organismos superiores requer danos
múltiplos. O modelo de eventos em série foi
N τ desenvolvido com a suposição de que incrementos
ln ( ) = −k ∫0 Ei ∙ dt (8.35)
N0 nos danos induzidos pela radiação UV se
acumulam como resultado de eventos fotoquímicos
independentes, discretos e sequenciais. O modelo
onde: posteriormente supõe que o microrganismo pode
No concentração de microrganismos viáveis ou ser capaz de resistir em algum nível ao dano antes
infecciosos antes da exposição à radiação que a perda de viabilidade seja evidente. Em outras
UV palavras, os microrganismos são assumidos ter um
 período de exposição limiar para os danos induzidos pela radiação UV,
abaixo do qual eles manterão a viabilidade. A
A integral do lado direito da equação 8.35 é a lógica do modelo de eventos em série é descrita
dose de radiação UV à qual a população de como segue:
microrganismos foi exposta. Nesta equação está
implícito que todos os microrganismos da hυ hυ hυ hυ
M0 → M1 → ∙∙∙ Mn−1 → Mn → Mn+1 ∙∙∙ (8.37)
população alvo recebem a mesma dose, uma
condição que é muito próxima dos experimentos de

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onde Mi representa o microrganismo que acumulou de bactéria, E. coli (•), fungo, Candida parapsilosis (∎) e
i unidades de dano. A transformação de um vírus bacteriano, bacteriófago f2(•) (Severin et al., 1983).
microrganismo com uma unidade de dano para a
próxima é assumida ocorrer a uma taxa que é A cauda é outra característica comum do
descrita pelo modelo de evento único (Equação comportamento de resposta à dose de UV, no qual
8.34). Assume-se existir um limite para a a taxa de inativação decresce rapidamente. Pennel
viabilidade em n unidades de dano. Portanto, todos et al. (2008) desenvolveram o modelo Persistência
os microrganismos com n-1 unidades de dano ou Fenotípica e Proteção Externa (PFPE) para
menos se manterão viáveis. É possível definir o descrever este comportamento. O modelo foi
modelo de dose-resposta de eventos em série, desenvolvido considerando a hipótese de que a
somando as concentrações de todos os população microbiana poderia ser descrita como
microrganismos com n-1 ou menos unidades de um conjunto de duas subpopulações. Foi assumido
danos como função da dose de UV (Severin et al., que uma das subpopulações fosse relativamente
1983, 1984): sensível à inativação microbiana. O
comportamento desta subpopulação foi descrito
N (𝑘∙𝐷)𝑖 usando o modelo de eventos em série, que
= 𝑒𝑥𝑝(−𝑘 ∙ 𝐷) ∑𝑛−1
𝑖=0 (8.38)
N0 𝑖!
possibilitou expressar o patamar referente aos
dados. A segunda subpopulação foi assumida
A Figura 8.11 ilustra a aplicação do modelo de apresentar maior resistência à exposição à radiação
eventos em série para descrever o comportamento UV do que a primeira subpopulação, resultando em
da resposta à dose de UV aplicada a três inativação relativamente lenta; o comportamento
microrganismos aquáticos: bactéria, fungo e vírus de resposta à dose desta subpopulação foi também
(bacteriófago). No caso do vírus, o menor e mais descrito pelo modelo de eventos em série, mas na
simples dos três microrganismos, foi observado o maioria dos casos os dados são insuficientes para
valor limite de n = 1. Quando n = 1, o modelo de manter o valor limite diferente de n = 1 para esta
eventos em série se reduz identicamente ao modelo subpopulação. A resistência à radiação UV da
de evento único, resultando em comportamento de segunda subpopulação foi atribuída à presença de
primeira ordem. Para os organismos mais partículas (isto é, proteção contra a exposição à
complexos, o valor limite observado foi grande, radiação UV) ou a variações fenotípicas (isto é, a
como evidenciado pelo “patamar” no existência de uma fração da população
comportamento da resposta à dose desses inerentemente resistente). Ambos os fatores
microrganismos mais complexos. resultarão em comportamento de resposta à dose de
UV que difere daquele da subpopulação sensível,
embora seja usualmente difícil definir qual desses
fatores é realmente responsável pela resistência.
Matematicamente, o modelo PFPE é um modelo de
duas populações, que pode ser usado para explicar
a existência de patamar e ou de cauda em um
conjunto de dados da resposta microbiana à dose:

N n−1 (k ∙ D)i
1
= (1 − p) ∙ exp(−k1 ∙ D) ∑ +p
N0 i=0 i!
∙ exp(−k 2 ∙ D)

Figura 8.11 Ilustração do modelo de eventos em série para (8.39)


a simulação do comportamento de resposta à dose de UV,

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onde:
p fração da população microbiana que
expressa resistência à inativação
k1 constante de inativação da subpopulação
sensível.
k2 constante de inativação da subpopulação
resistente.

A Figura 8.12 ilustra as aplicações do modelo


PFPE para descrever o comportamento da resposta
à dose de UV entre duas populações microbianas.
As populações de esporos, tais como a de Bacillus
subtilis, frequentemente exibem patamar. Quando
a inativação aumenta, essas populações de esporos
frequentemente exibem cauda. O modelo PFPE é
capaz de explicar esses dois comportamentos (ver
Figura 8.12, painel superior). Uma resposta um
pouco mais simples é observada entre células
vegetativas de E. coli, que frequentemente não
apresentam patamar. O modelo PFPE é também
capaz de explicar este comportamento (ver Figura
8.12, painel inferior).

8.6.3 Comparação da cinética de


desinfecção entre os desinfetantes
comuns Figura 8.12 Ajustes do modelo PFPE aos valores medidos
da resposta à dose dos esporos de Bacillus subtilis em três
A capacidade de um desinfetante inativar os comprimentos de onda: 222 nm (•), 254 nm (•) e 282 nm
microrganismos depende da estrutura do (∎) (figura superior); cinco réplicas da resposta à dose do
microrganismo, das condições de aplicação e do experimento com E. coli em  = 254 nm (figura inferior)
mecanismo pelo qual o desinfetante realiza a (Pennell et al., 2008).
inativação microbiana. Portanto, a eficácia do
desinfetante será variável entre os microrganismos Os quatro microrganismos listados na Tabela
alvo e as condições de aplicação. Contudo, em 8.2 são indicadores importantes da qualidade
geral, é possível avaliar a eficácia da inativação microbiológica em esgoto, particularmente quando
entre os desinfetantes. Em termos quantitativos, relacionados aos processos de desinfecção. E. coli
isso é frequentemente feito medindo a fração de é microrganismo indicador comumente usado, que
uma população microbiana que é inativada como frequentemente é a base da regulamentação da
resultado da exposição à dose quantificável de um qualidade microbiológica do efluente. Como tal, os
desinfetante. Como exemplo, a Tabela 8.2 fornece sistemas de desinfecção são frequentemente
valores representativos de doses de desinfetantes projetados para controlar E. coli com o objetivo de
que foram reportadas resultar em 3,0 log10 unidades atender o padrão de lançamento. Os oocistos de C.
de inativação de vários microrganismos que parvum são a forma dormente deste protozoário
frequentemente são alvos do projeto de parasito. C. parvum é responsável por grande
desinfecção. parcela das doenças mundialmente veiculadas pela

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água, portanto o controle deste patógeno é disponíveis são relativamente simples, baratos e de
relevante nos sistemas de esgoto, especialmente aplicação rápida. Além disso, o MS2 é
quando é esperado o contato humano com o esgoto relativamente resistente aos desinfetantes comuns.
tratado, bem como quando o esgoto é lançado em Conjuntamente, essas características motivam o
área recreacional ou quando o efluente é usado em uso do MS2 como substituto viral e também como
irrigação de lavouras. O norovírus humano (HNV) possível organismo indicador.
é responsável por grande parcela de enfermidades
gastrointestinais veiculadas pela água (Wobus et Os dados apresentados na Tabela 8.2 mostram
al., 2006). Embora um método para cultivar o HNV várias tendências que são importantes para os
tenha sido desenvolvido (Ettayebi et al., 2016), tem desinfetantes comumente usados. O HOCl é eficaz
sido difícil reproduzi-lo. Não é possível quantificar para o controle da maioria das células de bactérias
a cinética de desinfecção na ausência de um método vegetativas e a maioria dos vírus. No entanto, é
de cultivo prático para a reprodução dos vírus. notavelmente ineficaz para o controle de alguns
Como resultado, o norovírus murino (MNV) tem protozoários parasitos, especialmente C. parvum.
sido estudado como substituto do HNV. O MNV Também o NH2Cl é eficaz como desinfetante, mas
compartilha muitas características bioquímicas e frequentemente requer doses de 1 a 2 ordens de
genéticas do HNV e são disponíveis métodos de magnitude maiores que as de HOCl para satisfazer
cultivo para propagar o MNV (Wobus et al., 2006). a mesma eficiência de inativação. As doses de APA
Consequentemente, o MNV tem sido usado como geralmente são pouco maiores do que as de NH2Cl
substituto do HNV em experimentos para para efetuar determinada eficiência de inativação
quantificar a cinética de inativação com vários microbiana, e o APA tende a apresentar eficácia
desinfetantes. O colifago MS2 é outro substituto relativa semelhante contra ampla gama dos
viral comumente usado em experimentos deste microrganismos alvo listados na Tabela 8.2, como
tipo. Como todos os colifagos, MS2 é parasito de o HOCl ou NH2Cl. Todos os três desinfetantes
células bacterianas (coliformes) e não é patogênico químicos listados na Tabela 8.2 são eficazes para o
a células de humanos, o que simplifica seu uso em controle de bactérias vegetativas e vírus em doses
experimentos. Adicionalmente, os colifagos são que podem ser facilmente aplicadas em situações
comuns em esgoto. O MS2 é um vírus com RNA práticas; no entanto, o controle de C. parvum é
de fita única, que é estruturalmente similar a alguns modesto nas doses de desinfetantes químicos
vírus humanos. Os métodos de cultivo do MS2 usadas na maioria das aplicações práticas.

Tabela 8.2 Resumo das doses de desinfetante reportadas para inativar 3 log10 de microrganismos alvo comumente usados na
desinfecção. As doses dos desinfetantes químicos estão com unidade em mg.min/L. As doses de UV254 estão em mJ/cm2. As
referências das quais os valores foram extraídos estão indicadas com parênteses.
Desinfetante Microrganismo
Escherichia coli Cryptosporidium parvum Norovírus murino Colifago MS2
HOCl 0,101) 5.3004,A) 0,1797) 0,1427)
NH2Cl 6,91) 14.0005) 118) 6558)
APA 802) n/d B) 738) 6098)
UV254 5,53) 5,26) 159) 979)
1)
Chauret et al., 2008; 2)Rossi et al., 2007; 3)Sommer et al., 2000; 4)Murphy et al., 2015; 5)Rennecker et al., 2000; 6)Craik et al.,
2001; 7)Lim et al., 2010; 8)Dunkin et al., 2017; 9)Weng et al., 2018.
A)
As respostas de inativação com HOCl foram estimadas assumindo que o HOCl foi a única forma de cloro livre que contribuiu
para a inativação de oocistos de C. parvum.
B)
Os dados de eficiência de inativação de oocistos de C. parvum com ácido peracético são amplamente variáveis na literatura. O
ácido peracético é frequentemente reportado ser semelhante ao cloro livre para inativar oocistos de C. parvum.

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A Figura 8.13 contém fotomicrografias de organismo indicador nos processos de desinfecção


alguns microrganismos relevantes no processo de de esgoto onde o esgoto tratado é lançado no
desinfecção de esgoto. Além dos organismos oceano ou no ambiente marinho. As barras nestas
listados na Tabela 8.2 e descritos anteriormente, há imagens indicam o tamanho relativo destes
imagens de Enterococcus e norovírus humano. microrganismos.
Enterococcus são frequentemente usados como

Figura 8.13 Escherichia coli (superior esquerda; https://phil.cdc.gov/details.aspx?pid=10068; Enterococcus (superior direito,
Purification and characterization of enterocin MC13 produced by a potential aquaculture probiont Enterococcus faecium MC13
isolated from the gut of Mugil cephalus, Canadian Journal of Microbiology (2011); Oocistos de Cryptosporidium parvum (centro
esquerda, Solar water disinfection (SODIS): A review from bench-top to roof-top, Artigo de revisão de literatura∙Journal of
Hazardous Materials, 235-236:29-46 agosto 2012); Colifago MS2 (centro direita, Almeida et al., 2018); Partícula de norovírus
murino, (inferior esquerda, Hsu et al., 2005; partícula de norovírus humano (inferior direita, imagem da Wikipedia; barras
brancas = 50 μm).

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Nos sistemas de desinfecção com radiação desempenho dos processos de desinfecção estavam
UV254, o controle da maioria dos microrganismos é aqueles originalmente desenvolvidos para a
feito em doses de 40 mJ/cm2 ou menores. No simulação da eficiência dos sistemas com
entanto, alguns vírus são resistentes à exposição à desinfecção com radiação UV (Chiu et al., 1999a,
UV254. A inativação de vários vírus é aumentada 1999b; Lin et al., 1999). Esses modelos fornecem
pelo uso de radiação com comprimentos de onda considerações detalhadas do comportamento do
menores que (aproximadamente) 240 nm, processo pela integração dos efeitos da mecânica
provavelmente devido à capacidade dessa radiação dos fluidos, incluindo a turbulência, bem como a
de comprimento de onda curto danificar as distribuição espacial da energia radiante e seus
proteínas do capsídeo das partículas virais. É efeitos na taxa local de desinfecção no reator. Essa
também notável que a faixa de doses UV254 abordagem de modelagem foi capaz de identificar
necessária para controlar os microrganismos aspectos do dimensionamento que limitavam o
listados na Tabela 8.2 é menor do que as faixas comportamento do reator. Por sua vez, a
correspondentes para os desinfetantes químicos. identificação dessas características limitantes
Esta tendência é amplamente mantida para a possibilitou melhorias no projeto do reator, que
maioria dos microrganismos, o que implica que o resultaram em aumento na eficiência do processo.
projeto do sistema de desinfecção com radiação
UVC para o controle do microrganismo alvo Um esforço semelhante e paralelo surgiu logo
provavelmente efetuará controle mais amplo do em seguida para fornecer descrições abrangentes e
que seria obtido com um sistema de desinfecção integradas da eficácia do processo nos sistemas de
química comparável. desinfecção química. Este esforço paralelo levou
ao desenvolvimento da Estrutura de Projeto
Integrado de Desinfecção (EPID), que possibilita a
8.7 MODELOS DE PROCESSO caracterização determinística precisa e detalhada
do desempenho do processo nos sistemas de
Como em todo sistema de reatores, o desempenho desinfecção química (Bellamy et al., 2000;
do processo em reatores de desinfecção é regido Ducoste et al., 2001).
pelo efeito combinado do comportamento do
transporte, mistura interna e a cinética intrínseca As aplicações contemporâneas destes métodos
das reações de interesse. No caso dos sistemas de de modelagem integrada geralmente envolvem o
desinfecção, as reações de interesse incluirão a uso de fluidodinâmica computacional (FDC) para
própria desinfecção, como também as reações que simular a mecânica dos fluidos (incluindo
resultem no declínio ou demanda do desinfetante e turbulência) e o comportamento de mistura. As
geração de subprodutos da desinfecção. Os simulações com FDC são usadas para resolver as
modelos de processos, que adequadamente reúnem equações de movimento e continuidade, junto com
os termos para considerar cada um desses efeitos, um modelo apropriado para a turbulência em
demonstraram fornecer previsões precisas do sistema fechado. Quando adequadamente
desempenho do processo de desinfecção para aplicadas, as simulações de FDC podem fornecer
praticamente todos os sistemas de desinfecção. informações precisas sobre a mecânica dos fluidos
nos sistemas de reatores. Com os software e
8.7.1 Modelos determinísticos do hardware dos computadores contemporâneos é
processo possível desenvolver simulações que capturam os
comportamentos mais relevantes da mecânica dos
Entre os primeiros modelos que forneceram fluidos em um reator de desinfecção em um período
descrições abrangentes e integradas do de tempo relativamente curto, frequentemente tão

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curto quanto algumas horas a um ou dois dias de do sistema (isto é, absorbância, dissipação,
tempo de simulação computacional. Junto a essas reflexão, refração) que regem a distribuição
simulações de mecânica dos fluidos, muitas rotinas espacial da energia radiante. Quando integrados
de FDC permitem a inclusão de equações para adequadamente, e quando informações precisas são
descrever o comportamento de quantidades disponíveis para descrever outros parâmetros (por
escalares, tais como a concentração de exemplo, vazão, geometria do reator, cinética de
microrganismos viáveis, a concentração de um reação), estes modelos integrados podem fornecer
desinfetante químico, a distribuição espacial da previsões precisas e determinísticas do
energia radiante (isto é, o campo da taxa de fluência desempenho do processo. Com tal, essas
em um sistema com desinfecção com radiação UV) ferramentas numéricas são valiosas no projeto e
e as taxas de reação que são responsáveis pela otimização dos sistemas de desinfecção.
formação dos subprodutos da desinfecção.
A Figura 8.14 ilustra a capacidade dessas
Como um aparte, melhorias consideráveis nos abordagens de modelagem integrada para simular o
métodos analíticos e modelos numéricos para a desempenho do processo de desinfecção nos
medição e simulação os campos de taxa de fluência tanques de contato de cloro. Esses modelos de
nos fotorreatores de UV foram observadas nos simulação foram baseados em simulações da
últimos anos. Com relação às medições, o Detector mecânica dos fluidos com FDC em tanques de
Microfluoerescente de Sílica (DMFS) permite a contato com desinfecção química (cloro) com o
medição precisa e pontual da distribuição da taxa mesmo volume interno, mas com cinco diferentes
de fluência em fotorreatores UV (Li et al., 2011). configurações de compartimentação interna. As
Este equipamento coleta estas medições numa equações cinéticas de declínio do cloro, produção
maneira consistente com a definição fundamental de trihalometanos (como indicador da formação de
da taxa de fluência e pode ser aplicado em ampla SPD) e a inativação de Giardia lamblia foram
gama de arranjos físicos. Para simulações incluídas no modelo para permitir a comparação
numéricas, o método traçado de raio foi direta do desempenho de cada geometria do reator.
implementado para fornecer simulações detalhadas
e precisas dos campos de taxa de fluência em ampla Essa abordagem para a simulação do
gama de tipos de reatores UV (Ahmed et al., 2018). desempenho do processo é uma ferramenta
A capacidade do método de traçado de raio em poderosa para o projeto de tanques de contato e
fornecer simulações precisas dos campos de taxa de para a otimização ou modificação do projeto do
fluência é regida pela capacidade desses modelos reator após a instalação. No entanto, essas
considerarem os fenômenos ópticos que regem o abordagens de modelagem geram previsões
campo de taxa de fluência, incluindo a divergência, determinísticas do desempenho do processo. As
absorção, reflexão e reflexão; estes modelos abordagens determinísticas podem ser suficientes
também consideram a geometria do sistema. para a análise do desempenho do processo de
desinfecção em sistemas em que os parâmetros de
Para os constituintes químicos e bioquímicos, entrada não apresentem forte variabilidade
que são relevantes nas aplicações de desinfecção, temporal. No entanto, em algumas aplicações,
as simulações precisas das quantidades escalares incluindo a maioria das aplicações em esgoto, a
reativas dependem da disponibilidade de qualidade da água afluente e a vazão, bem como a
informações precisas para descrever a cinética das cinética das reações críticas, podem apresentar
reações que conduzem à sua formação ou declínio. forte variação temporal. Como tal, é apropriado
No caso do campo da taxa de fluência, é também considerar as abordagens de modelagem que
necessário incorporar termos ao modelo para considerem a natureza estocástica destes processos.
precisamente considerar o comportamento óptico

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8.7.2 Modelos probabilísticos desinfeção de esgoto com UV em sistemas em


(estocásticos) do processo escala plena é resumido a seguir.

O desempenho do processo em sistemas de O desempenho do processo de desinfecção com


desinfecção de esgoto é afetado por muitas UV é afetado por várias variáveis conhecidas,
variáveis, incluindo a vazão e a qualidade da água. sendo que o desempenho é definido pela
Os efeitos desses fatores no desempenho do concentração dos organismos alvo viáveis ou
processo podem ser precisamente considerados nos infecciosos, N, que saem no efluente tratado no
modelos determinísticos. Por extensão, se houver sistema de desinfecção. Os fatores que diretamente
dados suficientes disponíveis para definir a afetam N incluem a concentração de organismos
variabilidade dos parâmetros de entrada que regem alvo viáveis ou infecciosos que entram no reator,
a saída do modelo, então essas abordagens de N0, a cinética intrínseca de sua inativação e a
modelagem podem ser aplicadas em um sentido distribuição de dose de UV fornecida pelo reator
estocástico para gerar previsões do desempenho do para a população de organismos alvo que se desloca
processo que consideram a variabilidade. Uma no sistema. Por sua vez, a distribuição da dose de
vantagem importante das abordagens de UV é diretamente influenciada pelo campo do
modelagem estocástica é que o uso de fatores de escoamento (isto é, mecânica dos fluidos) no reator
segurança, que são frequentemente aplicados para e pelo campo da taxa de fluência. Esses aspectos
considerar as fontes de incerteza (variabilidade) no são influenciados pela geometria do reator, vazão
desempenho do processo, podem ser reduzidas ou através do sistema, potência de emissão da lâmpada
eliminadas. Isso permite o desenvolvimento de e da transmitância da água em comprimento de
projetos de reatores que são simultaneamente mais onda UV. Todas as variáveis de entrada descritas
eficientes e mais confiáveis do que aqueles que são anteriormente podem ser independentemente
desenvolvidos com base em abordagens de medidas ou precisamente simuladas. Algumas
modelagem determinística. dessas características apresentam variabilidade ou
podem ser controladas. Outras são invariáveis.
A abordagem de modelagem estocástica foi Finalmente, algumas são dependentes de outros
recentemente aplicada para a análise e previsão de aspectos do sistema, mas o controle desta
desempenho de processo em sistemas de dependência e sua natureza específica são bem
desinfecção que são usados em tratamento de definidos.
esgoto. Como ilustração de tal abordagem, o
método de Ahmed et al. (2019) para aplicações de

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Figura 8.14 Simulações de desempenho do processo de desinfecção a base de cloro para uma gama de projetos de reatores
com base na simulação FDC integrada com termos para descrever a cinética das reações participantes. As cores da legenda
indicam o tempo de detenção calculado (linha superior), concentração de desinfetante (segunda linha), concentração de THM
total, como indicador da formação de SPD (terceira linha) e fração sobrevivente de Giardia lamblia (linha inferior), com base na
aplicação de modelo FDC (Angeloudis et al., 2014)

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Entre os fatores que afetam o desempenho do Primeiro, o valor de N0 varia em cerca de 3 log10
processo de desinfecção com radiação UV citam-se nessas amostras. O valor de N0 influencia
vazão, potência da lâmpada, transmitância de UV e diretamente na concentração de E. coli viável que
geometria/configuração do reator, todos atuam na está presente no esgoto desinfetado (N). Todos os
determinação da distribuição de dose UV, que é conjuntos de dados individuais evidenciam a
liberada no reator. Para um dado conjunto de formação de cauda. O modelo PFPE (Pennell et al.,
condições operacionais, definidas por esses 2008) foi considerado consistente com esses
parâmetros, a distribuição da dose de UV torna-se conjuntos de dados; portanto, a regressão não linear
essencialmente determinística. Por outro lado, o foi aplicada a cada um dos conjuntos de dados para
valor de N0 e a cinética intrínseca da inativação gerar as estimativas dos parâmetros do modelo
microbiana exibem variabilidade considerável, PFPE (ver equação 8.39). Como tal, esta análise
como ilustrado na Figura 8.15. Por extensão, para resultou em 46 conjuntos independentes de
uma determinada condição operacional, a grande parâmetros do modelo.
maioria da variabilidade no desempenho do
processo é atribuível a estes parâmetros, que são Os dados apresentados na Figura 8.15 também
específicos da população microbiana e da água ilustram que a dose de UV254 de 10 a 15 mJ/cm2
sendo tratada. atenderá com segurança os limites permitidos para
a descarga do efluente da estação de tratamento na
qual as amostras foram coletadas. Isto é notável
porque as diretrizes convencionais de projeto, tal
como a Ten States Standards (Managers, 2014),
recomenda dose nominal de 30 mJ/cm2, ou maior,
a ser usada na desinfecção de esgoto. Os dados
apresentados na Figura 8.15 indicam que isto
representa superdimensionamento por um fator de
2 a 3 para esta estação de tratamento.

Uma abordagem de Monte Carlo foi aplicada


para desenvolver as previsões estocásticas do
desempenho do processo deste sistema. A Figura
8.16 fornece uma ilustração esquemática desta
Figura 8.15 Replicas (n= 46) das medições da cinética abordagem de modelagem. Para qualquer condição
intrínseca da inativação de E. coli por radiação UV254 para operacional, definida pela geometria do reator,
amostras de efluente da estação de tratamento de vazão, potência emitida pela lâmpada e
esgoto. As linhas de referência horizontais indicam os transmitância UV, a distribuição de dose UV
limites permitidos para lançamento para esta estação de fornecida pelo reator foi considerada
tratamento baseado no máximo diário e na média determinística. A distribuição de dose UV foi
geométrica mensal. Fonte: Ortiz (2004). calculada pela aplicação da simulação por FDC
integrada para a mecânica dos fluidos e a simulação
Considerando ainda os dados apresentados na do campo de taxa de fluência pela abordagem do
Figura 8.15, que representam as medições do traçado de raio (Ahmed et al., 2018). O modelo
comportamento da resposta de E. coli à dose UV, PFPE foi ajustado a cada conjunto de dados das
há várias tendências importantes que surgem ao se réplicas dos experimentos de resposta à dose
analisar as 46 amostras de efluente não aplicada de UV (por exemplo, Figura 8.15); esta
desinfetadas, coletadas em uma única estação de análise gerou conjuntos replicados dos parâmetros
tratamento em período aproximado de 12 meses. do modelo PFPE e N0. O modelo de escoamento

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segregado foi aplicado para a previsão do envolvem um componente estatístico, como um


desempenho do reator usando a distribuição de média geométrica mensal. Como tal, os limites
dose UV e um conjunto de parâmetros de entrada, permitidos de descarga são consistentes com a
incluindo N0 e os parâmetros do modelo PFPE. Os abordagem de modelagem estocástica. Esses
valores de N0 e dos parâmetros do modelo PFPE resultados sugerem que pode ser possível relaxar a
foram selecionados por abordagem quase aleatória: operação do sistema reduzindo a potência da
para um determinado valor de N0, os parâmetros lâmpada ou reduzindo o número de canais que
remanescentes do modelo foram selecionados de recebem a vazão.
forma a considerar as correlações entre os
parâmetros do modelo. Repetindo esta abordagem Para o Caso 2, o 90o percentil dos resultados da
para grande número de amostras, um processo simulação estava bem acima dos limites
estatístico conhecido como ‘bootstrapping”, foi permitidos, sugerindo que a probabilidade de não
possível desenvolver uma população de previsões atendimento ao limite permitido é muito alta.
de desempenho do reator para cada condição Nessas circunstâncias, uma ação possível incluiria
operacional avaliada. Como tal, este processo o aumento da potência emitida pelas lâmpadas ou
possibilitou avaliar o desempenho do reator, o aumento no número de bancos em operação por
incluindo a variabilidade, em uma gama de canal, de 1 para 2.
condições operacionais (Ahmed et al., 2019). A abordagem da modelagem estocástica
ilustrada nas figuras 8.15 a 8.17 possibilita a
Em ambos os casos, a geometria do reator era análise quantitativa do desempenho do reator,
de um grande sistema de desinfecção com UV em incluindo a variabilidade, para os sistemas de
canal aberto com lâmpadas de amálgama de UV desinfecção com UV. Este método de análise pode
posicionadas horizontalmente e paralelas à direção ser aplicado a praticamente a qualquer fotorreator
do escoamento; assumiu-se que as lâmpadas foram UV ou sistema de desinfecção com UV, mas é
operadas com 60% da potência máxima de provavelmente mais adequado para aplicações em
emissão. O sistema era constituído de 7 canais, sistemas em grande escala, nos quais os custos de
cada qual com 2 bancos de lâmpadas; cada banco capital e operacionais associados com a incerteza
de lâmpadas continha um arranjo de 8x24 lâmpadas do processo são maiores do que os de sistemas
(isto é, 192 lâmpadas por banco). O Caso 1 pequenos, e para os quais a aplicação desta
envolveu a vazão de 7.880 m3/h, resultando em abordagem é economicamente justificada.
uma velocidade de aproximação de 0,15 m/s.
Todos os sete canais foram operados, mas somente Este método probabilístico de análise não é
um banco por canal estava ativo. O Caso 2 limitado aos sistemas de desinfecção com UV. De
envolveu as mesmas variáveis, exceto a vazão que fato, uma abordagem conceitualmente semelhante
foi aumentada para 23.600 m3/h, resultando em à de Monte Carlo foi desenvolvida e aplicada para
velocidade de aproximação de 0,47 m/s. a análise do desempenho do processo nos sistemas
de desinfecção química com ácido peracético
Para o Caso 1, o 90o percentil dos resultados da (Santoro et al., 2015). Nessa análise estocástica, foi
simulação estava bem abaixo dos limites aplicado FDC para a simulação da mecânica dos
regulatórios dessa estação de tratamento de esgoto, fluidos. Para cada vazão, os resultados da
com base na concentração máxima diária permitida simulação FDC foram interpretados para
e na média geométrica mensal. Nessas condições, a produzirem uma população de trajetórias de
probabilidade de não atendimento ao limite partículas através do reator. Foi desenvolvido um
permitido é muito pequena, mas diferente de zero. modelo para descrever o declínio do APA através
No entanto, os limites de descarga permitidos para do reator; esse modelo foi sobreposto às trajetórias
a qualidade microbiológica frequentemente das partículas para gerar uma população de doses

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de APA para cada condição operacional. Igual ao modelo estocástico de desinfecção com APA gerou
modelo estocástico de desinfecção com UV, os estimativas do desempenho do processo como
autores observaram que a distribuição de dose foi função da condição operacional, incluindo a
essencialmente determinística para uma variabilidade. Essa abordagem de modelagem
determinada condição operacional. A natureza permite que os projetistas e operadores desses
estocástica do processo foi atribuída à variabilidade sistemas, com base nas informações, tomem
da cinética de desinfecção. Também como o decisões sobre a operação de seus sistemas para que
modelo estocástico de desinfecção com UV, o os objetivos do tratamento sejam atendidos.

Figura 8.16 Ilustração esquemática da abordagem de modelagem Monte Carlo usada para simulação de desinfecção com
radiação UV em estação de tratamento de esgoto em escala plena (adaptado de Ahmed et al., 2019). Para uma determinada
condição operacional, como definida pela geometria do reator, vazão, potência da lâmpada e transmitância de UV, a
distribuição de dose liberada pelo reator foi calculada com base na aplicação da fluidodinâmica computacional integrada e no
modelo de simulação do campo da taxa de fluência (isto é, modelo FDC-I; superior esquerdo). Para cada experimento de dose-
resposta, um modelo cinético foi aplicado para obter a estimativa dos parâmetros do modelo dose-resposta (inferior
esquerdo). Amostragem quase-aleatória dos parâmetros do modelo e N0 foram aplicadas para a previsão de rendimento do
reator com base no modelo de escoamento segregado. Para cada simulação, uma estimativa de N foi feita. Coletivamente,
esses resultados das simulações produziram estimativas do desempenho do processo, incluindo a variabilidade, para
determinada condição operacional.

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A Figura 8.17 ilustra os resultados dessa que entra no sistema, bem como pelas
abordagem de simulação estocástica para duas variabilidades desses parâmetros e pelos requisitos
condições operacionais distintas. da qualidade microbiológica do esgoto desinfetado.
A qualidade da água afluente ao sistema de
desinfecção será influenciada pelos usos da água na
comunidade servida pela estação de tratamento
(por exemplo, residencial, comercial, industrial),
bem como pelos processos de tratamento que
precedem o sistema de desinfecção. A vazão
também será influenciada pelo tamanho da
comunidade e pelos padrões de uso da água na
comunidade. Nas comunidades com sistema de
coleta de esgoto combinado, a vazão e a qualidade
da água afluente à estação de tratamento podem
apresentar grandes variações durante os eventos
com escoamento das águas pluviais.

Os requisitos para a qualidade microbiológica


do esgoto desinfetado serão influenciados pelo uso
pretendido para o esgoto tratado. Em locais de
clima frio, não há requisitos para a qualidade
microbiológica do esgoto tratado para algumas
estações de tratamento. Em locais onde o efluente
tratado é lançado no corpo receptor, que tem baixo
risco de contato direto humano, os valores limites
permitidos são frequentemente baseados em grupos
de bactérias indicadoras, tais como E. coli,
coliformes termotolerantes ou Enterococcus. Esses
limites de permissão podem incluir a concentração
FDP: Função de Distribuição de Probabilidade máxima diária de bactérias indicadoras viáveis, ou
a limitação baseada na média geométrica periódica
Figura 8.17 Resumo dos resultados da simulação de (por exemplo, mensal) da concentração de
Monte Carlo para duas condições operacionais. Ambos os bactérias indicadoras viáveis, ou ambas. Em
casos são aplicados a sistemas de desinfecção com UV em circunstâncias nas quais o efluente desinfetado é
escala plena com uso de lâmpadas de amálgama de Hg usado para irrigação, os requisitos para tratamento
orientadas horizontalmente e paralelas à direção do são provavelmente mais restritivos. Nos Estados
escoamento. Outros detalhes das condições operacionais Unidos, as regulamentações federais não definiram
estão no texto da referência original (Ahmed et al., 2019) as aplicações de reúso; portanto, a regulamentação
da aplicação para reúso é de responsabilidade de
cada estado. Um exemplo de estrutura regulatória
8.8 APLICAÇÕES DA DESINFECÇÃO EM para reúso de esgoto foi definida pelo Estado da
TRATAMENTO DE ESGOTO Califórnia pelos regulamentos dos Títulos 17 e 22
do Código de Regulamentos da Califórnia
O projeto e implementação dos sistemas de
(California Code Regulations) (CSWRC Board,
desinfecção no contexto do tratamento de esgoto
2015). A Tabela 8.3 fornece breve resumo desses
são influenciados pela qualidade e vazão do esgoto
requerimentos regulatórios para várias aplicações

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de reúso na Califórnia. “Disinfected Secondary-23 Recycled Water”


(Secundário Desinfetado– 23 Água Reciclada)
Várias categorias de esgoto tratado estão pode ser usada para irrigação de áreas onde não há
apresentadas na Tabela 8.3. Os regulamentos que cultivo de alimentos e o contato humano é mínimo,
disciplinam o tratamento e o uso têm como objetivo tais como canteiros de rodovias e cemitérios. De
minimizar os riscos da exposição humana aos forma oposta, “Disinfected Tertiary Recycled
microrganismos patogênicos nessas aplicações. Os Water” (Terciário Desinfetado Água Reciclada)
requisitos para o tratamento tornam-se mais pode ser usada em ampla gama de aplicações,
restritivos quando aumenta o nível de contato incluindo a irrigação de culturas de alimentos,
humano com o esgoto tratado. Por exemplo, parques e parques infantis.

Tabela 8.3 Resumo dos regulamentos de reúso definidos pela California State Water Resources Control Board (Conselho de
Controle dos Recursos Hídricos do Estado da California) (CSWRC Board, 2015).

Categoria de reúso Tratamento mínimo Desinfecção


Oxidação1) Filtração2) Coliformes totais Outros
requisitos
Secundário
Desinfetado– 23 Água √ NMP
Reciclada < 23 Média 7 dias
100 mL

NMP Não mais que uma


< 240 amostra no período
100 mL de 30 dias
Secundário √
Desinfetado– 2.2 Água NMP
< 2,2 Média 7 dias
Reciclada 100 mL

Não mais que uma


NMP
< 23 amostra no período
100 mL
de 30 dias
Terciário Desinfetado √ √
Água Reciclada NMP Cloro3)
< 2,2 Média 7 dias
100 mL
Outros
Não mais que uma desinfetantes4)
NMP
< 23 amostra no período
100 mL
de 30 dias

NMP
< 240 Sempre
100 mL
1)
“Esgoto oxidado” é definido como o esgoto no qual a matéria orgânica foi estabilizada, não é putrescível e contém oxigênio
dissolvido.
2)
“Esgoto filtrado” é o esgoto oxidado submetido a um ou mais processos de separação física, que podem incluir a filtração em meio
granular e ou em membranas.
3)
As condições mínimas exigidas para a desinfecção com cloro incluem a exposição ao desinfetante  450 mg.min/L e tempo de
contato de pelo menos 90 minutos nas condições de vazão máxima na estação seca.
4)
Quando são aplicadas alternativas à desinfecção com cloro, como radiação UV, elas devem atender à inativação de pelo menos 5
log10 para colifagos MS2, poliovírus ou vírus alternativo ainda não usado que seja pelo menos tão resistentes quanto o poliovírus.

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O desempenho do sistema de desinfecção é tanques de contato que foram usados em


regido pela eficiência com que o desinfetante é configurações de desinfecção de esgoto. Esses dois
disponibilizado ao microrganismo alvo. No exemplos têm a mesma área em planta, mas
entanto, o projeto e a implementação de sistemas diferentes compartimentações internas. Ambas as
de desinfecção devem envolver a caracterização configurações empregam defletores internos com a
detalhada do esgoto a ser desinfetado. Isto é melhor estrutura em serpentina. Esta geometria é
atendido com a amostragem regular do esgoto, com empregada para fornecer um canal longo e estreito,
medições dos parâmetros de qualidade da água que com a vantagem de compartilhar as paredes
afetarão o desempenho do processo de desinfecção. internas como meio de reduzir os custos de
Nos sistemas de desinfecção química, serão construção e disponibilizar uma forma que é
incluídas as medições da demanda de desinfetante, geralmente mais fácil de ajustar à planta da estação
que é frequentemente atribuída aos compostos de tratamento de esgoto. Em ambos os casos, o
reduzidos que estão dissolvidos na água. A desinfetante químico é injetado na entrada do
presença de partículas também afetará o processo tanque de contato, usualmente em uma área
de desinfecção, pois os sólidos em suspensão caracterizada por mistura intensa, com o objetivo
fornecem proteção aos microrganismos na água; o de promover a distribuição uniforme do
comportamento de cauda na cinética de desinfetante. Nos sistemas de cloração, a
desinfecção é frequentemente atribuído aos efeitos descloração é normalmente necessária; isto é
das partículas em suspensão na água. Para a realizado pela injeção do agente desclorante,
desinfecção com UV, as medições da qualidade da usualmente na forma de compostos de S(IV), na
água (esgoto) devem incluir a transmitância à saída do tanque de contato. O agente desclorante
radiação UV no comprimento de onda deve também ser introduzido em área com mistura
correspondente à fonte de UV que será usada. intensa para promover a distribuição uniforme no
Frequentemente, isto significa fazer as medições da efluente. A dosagem do agente desclorante é
transmitância UV em comprimento de onda de 254 frequentemente feita com base na resposta em
nm, que corresponde à raia de emissão dominante tempo real das medições de vazão e da
das lâmpadas de baixa pressão de Hg. concentração de cloro residual no efluente. Para
promover a descloração, é comum aplicar o agente
8.8.1 Sistemas de desinfecção química desclorante em quantidade levemente acima do
requerido pela estequiometria (aproximadamente
Os sistemas de desinfecção química geralmente 10% de excesso). As reações envolvidas na
envolvem o tanque de contato, que é projetado para descloração com os compostos de S(IV) [ver
se aproximar das condições de escoamento reações (8.15) e (8.16)] são rápidas, portanto, se os
pistonado, que corresponde ao limite superior compostos de S(IV) são completamente misturados
teórico da eficiência do reator. Essas condições são com o efluente, a descloração essencialmente
adequadas em sistemas de desinfecção porque se completa pode ser feita de forma confiável. Na
espera muitas vezes que produzam um desempenho Figura 8.18 foram também incluídas as trajetórias
global de inativação da ordem de 3 a 4 log10 ou predominantes do escoamento da água neste
mais, o que corresponde à inativação muito maior sistema, assim como as áreas com tendência a
do que a requerida na maioria dos processos de serem caracterizadas como de mistura inadequada.
tratamento de esgoto. As condições que favorecem Estas “zonas mortas” tem efeito negativo no
a aproximação ao escoamento pistonado são desempenho geral do processo nos sistemas de
reatores com comprimento longo e estreitos, tais desinfecção. A geometria representada na parte
como tubos circulares ou canais retangulares. superior da Figura 8.18 é geralmente preferida em
sistemas de desinfecção química, com tendência a
A Figura 8.18 ilustra a planta de dois tipos de ser hidrodinamicamente mais eficiente. Vários

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fatores contribuem para este comportamento, Como indicado nas equações que são usadas
incluindo a presença de canais longos com menos para descrever a cinética de desinfecção com cloro
voltas no sistema. Como regra geral, os tanques de ou APA, a dose desinfetante (Ct) representa a
contato para desinfetantes químicos devem ser principal variável que rege a eficácia da
projetados tal que cada passagem através do reator desinfecção. Como tal, um tempo de contato
tenha razão (comprimento : largura) que se relativamente pequeno pode ser compensado por
aproxima de 20:1, com duas ou mais passagens. uma concentração relativamente elevada de
desinfetante. Esta relação pode ser usada para
definir uma estratégia de controle para o sistema de
desinfecção. Por exemplo, em condições de vazão
baixa, será observado tempo de contato longo no
tanque de contato, o que permitirá manter uma
concentração relativamente baixa de desinfetante.
Inversamente, em condições de vazões elevadas, o
tempo de contato será relativamente curto, de
forma que a concentração do desinfetante deverá
ser aumentada para manter a eficácia adequada da
desinfecção.
Figura 8.18 Ilustração esquemática (planta) de tanques de
contato para desinfetante químico. As setas indicam as
8.8.2 Sistemas de desinfecção UV
trajetórias predominantes do escoamento da água
através do sistema. As áreas pontilhadas indicam zonas O desenvolvimento do projeto do sistema de
que são normalmente caracterizadas por mistura desinfecção com UV deve envolver a
ineficiente e circulação, às vezes referenciadas como caracterização do histórico de vazões e a
“zonas mortas”, que são partes desses sistemas que transmitância UV (TUV) da água a ser tratada. O
diminuem o desempenho do processo. registro da vazão fornecerá informação para definir
a faixa das vazões a serem tratadas pelo sistema.
As exigências de tempo de contato para o cloro Essa informação é fundamental para o projeto, pois
e APA são semelhantes e, portanto, a conversão da geralmente o sistema de desinfecção deve inativar
desinfecção com cloro para APA é frequentemente eficazmente os microrganismos alvo, atendendo
feita pela adaptação do dispositivo do sistema para aos requisitos locais, mesmo em condições de
atender a injeção de APA, que era anteriormente vazões elevadas. De forma semelhante, o registro
usado para a cloração. Genericamente, as histórico da TUV fornecerá informação para
características geométricas do tanque de contato indicar a faixa de condições que necessitarão ser
que são usadas para desinfecção de esgoto com consideradas para o projeto do sistema. Idealmente,
cloro ou APA são essencialmente idênticas. Os qualquer correlação entre a vazão e a TUV deve
tempos de contato médios típicos desses sistemas também ser identificada, pois pode ser relevante no
variam de 30 a 120 minutos, dependendo dos desenvolvimento do algoritmo de controle do
requisitos da aplicação e das restrições regulatórias sistema.
locais. O tamanho total do tanque de contato deve
ser baseado em medições da série temporal da O desempenho do processo nos sistemas de
vazão a ser tratada no sistema. As medições de desinfecção com UV é regido pela distribuição da
vazão devem ser feitas em período de tempo longo dose de UV fornecida pelo reator aos
o suficiente para permitir a quantificação das microrganismos alvo. Por sua vez, a distribuição da
variações de vazão que são esperadas no sistema. dose de UV será regida pela geometria interna do
reator, potência de emissão da lâmpada e outros

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parâmetros relacionados ao próprio reator. aberto. A imagem superior é de um sistema em canal


Diferente dos sistemas de desinfecção química, o aberto com a configuração de lâmpadas horizontais
projeto definitivo dos módulos de lâmpadas é paralelas à direção do escoamento. Nesta imagem
normalmente feito pelos fabricantes dos sistemas também está incluída a ilustração do sistema de controle
de desinfecção com UV. Como tal, o projeto de um de nível da água, localizado a jusante da zona irradiada. A
reator de desinfecção para o local envolverá a imagem inferior é de um sistema com lâmpadas
colaboração entre o fabricante, o engenheiro orientadas diagonalmente à direção do escoamento da
projetista e os usuários finais. água. O controle de nível também será necessário nesse
sistema, mas não está ilustrado nesta imagem. (Imagens:
A maioria dos sistemas de desinfecção com UV cortesia da Trojan Technologies).
usados no tratamento de esgoto envolve a
modulação do projeto e as configurações em canal Os sistemas em canal aberto são de manutenção
aberto. A Figura 8.19 ilustra dois exemplos de mais simples do que os sistemas de reatores
configurações de canal aberto para sistemas de fechados, em parte porque oferecem acesso fácil
desinfecção com UV usados no tratamento de aos módulos de lâmpadas. No entanto, uma
esgoto: sistemas com lâmpadas horizontais desvantagem dos equipamentos em canal aberto
(paralelas à direção do escoamento da água) e está relacionada à superfície livre no reator que
sistemas com lâmpadas orientadas diagonalmente. segue a linha de energia do sistema. Como tal, as
perdas de energia localizadas devido à perda de
carga resultarão na elevação local da superfície
livre. Este comportamento é um pouco complicado
pela variabilidade das vazões que frequentemente
são observadas nas estações de tratamento de
esgoto. Como resultado, os sistemas em canal
aberto incluirão dispositivos de controle de nível,
localizados a jusante da zona irradiada. Estes
dispositivos frequentemente são comportas ou
vertedores de soleira alongada.

O projeto em módulos, típico dos sistemas de


desinfecção com UV em canais abertos, também
facilita o uso de reatores de geometria semelhantes
em ampla gama de condições operacionais. Para
sistemas de grande porte, em particular, é comum
construir o sistema com canais múltiplos, onde
cada canal conterá dois ou mais bancos de
lâmpadas. Algoritmos de controle para esses
dispositivos são implementados para ativar os
canais e/ou bancos dentro de um canal, dependendo
da vazão, TUV e, provavelmente, a potência da
lâmpada, com base em determinado objetivo de
tratamento. Algoritmos de controle com base no
hidrograma de vazões afluentes foram
Figura 8.19 Ilustração esquemática de duas configurações
desenvolvidos para ativar canais e bancos e às
comuns de sistemas de desinfecção com UV em canal
vezes para ativar resistores (“dimming”) para
controlar a emissão de radiação pela lâmpada, com

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base em medições em tempo real da vazão e da destino dos vírus nos sistemas de desinfecção está
TUV. aumentando, por eles serem responsáveis pela
maioria das enfermidades veiculadas pela água, e
por alguns vírus serem resistentes aos
8.9 PERSPECTIVAS desinfetantes. É provável que o interesse nessa área
continuará a aumentar. Uma área de interesse
As ferramentas contemporâneas de modelagem específico é o desenvolvimento de ensaios que
possibilitam previsões detalhadas e precisas permitam a avaliação de riscos apresentados pelo
desempenho do processo de desinfecção. Essas norovírus humano, que é responsável por grande
ferramentas são geralmente baseadas nas parte das doenças humanas relacionadas à água. As
aplicações de fluidodinâmica computacional abordagens possíveis podem incluir o
integrada, expressões cinéticas para definição das desenvolvimento de um vírus substituto ou
taxas de consumo do desinfetante, inativação do indicador ou o desenvolvimento de um ensaio para
microrganismo alvo e formação de SPD, com quantificar o norovírus infeccioso nas amostras de
informação sobre a qualidade da água e a vazão água. Qualquer das abordagens poderia resultar em
impostas ao reator. As adaptações recentes desses melhorias da compreensão do comportamento do
métodos para incluir simulações estocásticas são norovírus humano nos sistemas de tratamento, que
avanços potencialmente importantes, que resultam por sua vez permitiria o desenvolvimento de
em melhorias simultâneas no desempenho e na melhores projetos de sistemas de desinfecção.
confiabilidade do processo. Esses modelos
estocásticos foram aplicados em sistemas de Atualmente, a maioria das aplicações práticas
desinfecção química e com radiação UV e são de sistemas de desinfecção com UV tem sido
particularmente relevantes em aplicações em baseada em lâmpadas de baixa ou média pressão de
unidades de grande escala, nas quais os custos de mercúrio. No entanto, essas fontes de radiação UV
energia e capital são provavelmente elevados. são disponíveis somente para pequena variedade de
geometrias. Também, a pressão política e pública
Os projetos convencionais de sistemas de para diminuir o uso de mercúrio poderá dificultar,
desinfecção para tratamento de esgoto são focados no futuro, a confiança nessas fontes de UV. As
no uso de somente um desinfetante. No entanto, as lâmpadas de LED e de excímero estão entre as
características dos desinfetantes podem possibilitar alternativas às lâmpadas de mercúrio. Esses tipos
que sejam mais eficazes quando usados de fonte de radiação UV oferecem a possibilidade
combinados do que individualmente. Um exemplo de selecionar a faixa de comprimento de onda de
potencialmente importante evolve o uso de emissão que é otimizada para uma determinada
desinfecção com UV em condições operacionais aplicação, e, ao mesmo tempo, permite a
comuns, com a inclusão de APA ou outro flexibilização na geometria da fonte. À medida que
desinfetante químico para satisfazer a demanda das aumenta a demanda por essas fontes alternativas de
condições operacionais, tais como vazões elevadas radiação UV, seus custos de produção tendem a
ou baixa qualidade da água. diminuir, enquanto sua potência de emissão e a
eficiência de conversão de energia tendem a
Historicamente, o foco regulatório dos sistemas melhorar. Como tal, é provável que os sistemas de
de desinfecção tem sido a concentração de desinfecção com UV baseados em fontes
bactérias indicadoras. No entanto, a maioria das alternativas sejam mais comuns no futuro.
bactérias vegetativas tende a ser facilmente
inativada e pode não ser bom indicador das
ameaças à saúde humana pelos microrganismos
patogênicos no esgoto sanitário. O interesse pelo

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8.10 CONSIDERAÇÕES FINAIS grupos de microrganismos patogênicos, tais como


os protozoários parasitos ou vírus. A modelagem
A desinfecção do esgoto é usada com o objetivo de do processo pode facilitar o projeto do sistema de
reduzir o risco da exposição humana a desinfecção, permitindo o desenvolvimento e
microrganismos patogênicos veiculados pela água. implementação de sistemas confiáveis e eficientes.
As opções de processos usadas atualmente incluem Novas estratégias de desinfecção provavelmente
a cloração (normalmente associada à descloração), surgirão quando novos microrganismos
aplicação de ácido peracético e radiação patogênicos e novos desinfetantes forem
ultravioleta. Todas as três abordagens oferecem identificados. Alguns desses sistemas podem
controle eficaz das bactérias veiculadas pela água, envolver combinações de desinfetantes
mas podem ter eficácia limitada contra outros previamente usados individualmente.

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NOMENCLATURA

Símbolo Descrição Unidade


C Concentração do desinfetante químico mg/L
Ct Dose do desinfetante químico mg.min/L
C(t) Concentração do desinfetante dependente do tempo mg/L
Ei Taxa de fluência de radiação mW/cm2
h Energia de um fóton com frequência “” (h = constante de Planck) J/foton
k Constante de inativação cm2/mJ
k’ Constante da taxa de reação fotoquímica cm2/mJ
k1 Constante de inativação da subpopulação sensível cm2/mJ
k2 Constante de inativação da subpopulação resistente cm2/mJ
N Concentração de microrganismos viáveis ou infecciosos UFC/100 mL ou
NMP/100 mL
n Constante empírica
N0 Concentração de microrganismos viáveis ou infecciosos antes da exposição à UFC/100 mL ou
radiação UV NMP/100 mL
m Parâmetro empírico -
Mi Microrganismos que acumularam i unidades de danos -
p Fração da população microbiana que expressa resistência à inativação -
Qe Energia da radiação em determinado comprimento de onda J/einstein
t Tempo de exposição Segundos para
desinfecção
com UV;
minutos para
desinfecção
química
H Energia média de ligação kJ/mol

Símbolos gregos Explicação Unidade


 Coeficiente de letalidade específica -
 Coeficiente de absorção molar para uma molécula L/mol.cm
 Rendimento quântico mol/einstein
 Período de exposição min
 Comprimento de onda nm

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Siglas Descrição
APA Ácido peracético
APF Ácido perfórmico
APP Ácido perpropiônico
BP Baixa pressão
DCPs Dímeros de ciclopirimidina
DMFS Detector microfluorescente de sílica
EPID Estrutura de Projeto Integrado de Desinfecção
ERO Espécies reativas de oxigênio
FDP Função de Distribuição de Probabilidade
FDC Fluidodinâmica computacional
HNV Norovírus humano
LEDs Light emitting diodes - Diodos emissores se luz
MNV Norovírus murine
MON Matéria orgânica natural
MP Média pressão
MWRDGG Metropolitan Water Reclamation District of Greater Chicago
PFPE Persistência Fenotípica e Proteção Externa
PPR Potencial padrão de redução
SODIS Desinfecção solar da água
SPD Subprodutos da desinfecção
TUV Transmitância UV
UFC Unidade formadora de colônias
UV Ultravioleta
UVV UV vácuo

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Figura 8.20 Este livro foi concluído durante o surto epidêmico do SARS-Coronavírus-2 (SARS-CoV-2). O trabalho de Medema et
al. (2020) demonstrou a presença do RNA viral SARS-CoV-2 no esgoto. De acordo com o conhecimento atual, o novo
coronavírus é eliminado nas fezes, mas é questionável se ele ainda é infeccioso após a eliminação dessa maneira. O SARS-CoV-
2 é membro de um grupo que não tem significante rota de transmissão veiculada pela água. Portanto, o consenso baseado no
conhecimento atual é que os protocolos padrão são suficientemente protetores. (Imagem: A. Eckert e Higgis, título da figura
adotado de https://www.kwrwater.nl/)

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9 Aeração e Mistura
Diego Rosso, Michael K. Stenstrom e Manel Garrido‐Baserba
Tradução: Bruno Sidnei da Silva

9.1 FUNDAMENTOS E TECNOLOGIA DA necessitam ser corrigidos para as condições do


AERAÇÃO esgoto, devido aos efeitos dos poluentes e
condições de processo que exercem uma forte
influência sobre a eficiência de transferência de
9.1.1 Fundamentos e métricas massa.
Para atingir a demanda microbiológica de
oxigênio em processos biológicos é necessário Um aviso para o leitor: neste capítulo nós
transferir oxigênio para o líquido. Os sistemas de resumimos um relatório simplificado de equações
aeração transferem oxigênio para o meio líquido relacionadas à transferência de oxigênio na água.
pela liberação de ar através de orifícios ou poros Um tratamento completo sobre o assunto é
(como os difusores de bolhas), pelo cisalhamento apresentado em outras fontes, como em periódicos
da superfície do líquido com um dispositivo de artigos científicos (a propósito, Redmon et al.,
mecânico (como um misturador ou turbina), ou 1983; Philichi e Stenstrom, 1989; Wagner e Pöpel,
através do contato direto do ar com uma grande 1996; Gillot et al., 2005), livros (por exemplo,
superfície de água (por exemplo, a superfície de USEPA, 1989; Rosso, 2018), ou protocolos
lagoas). Um parâmetro físico fundamental para a normalizados (por exemplo ASCE, 1997, 2007).
classificação e compreensão da transferência de
oxigênio na água é a velocidade interfacial entre o 9.1.1.1 Transferência de oxigênio em água
gás e o líquido. As gotas em queda e as bolhas limpa
grossas crescentes têm grandes gradientes de
velocidade interfacial gás-líquido e podem ser O oxigênio é um gás moderadamente solúvel, o
agrupadas como interfaces de regime de alto fluxo, que implica que sua saturação em água é baixa e
enquanto as bolhas finas têm baixos gradientes de muito esforço é necessário para manter um certo
velocidade interfacial e podem ser agrupadas como nível de oxigênio dissolvido (OD). Isso também
interfaces de regime de baixo fluxo. (Rosso, 2018; significa que a qualquer momento podemos utilizar
Rosso et al., 2012; Rosso e Stenstrom, 2006b). a Lei de Henry para descrever o equilíbrio entre o
ar atmosférico e o oxigênio dissolvido na água. O
Quando analisamos ou especificamos sistemas objetivo de um projeto de aeração é fornecer
de aeração, é importante definir a eficiência de oxigênio para a água acima da sua demanda por
transferência de oxigênio, que é necessária para oxigênio, ou seja, deixando um residual que
comparar diferentes tecnologias, bem como para corresponde ao OD. O primeiro passo é quantificar
monitorar sistemas de aeração operando por um a taxa de transferência de oxigênio em água limpa
longo período de tempo (ASCE, 1989). Enquanto (OTR – oxygen transfer rate, kg.O2/h). A OTR
alguns parâmetros podem ser calculados para a quantifica a capacidade do sistema de aeração, ou
água limpa (na ausência de poluentes), outros

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seja, a quantidade de oxigênio que ele pode Onde:


fornecer para a água por unidade de tempo:
dC/dt Taxa de mudança da concentração de
OTR = kLa.(ODSat – OD).V oxigênio (mg.O2/L.h)
(9.1) KLa Coeficiente de transferência de oxigênio na
água sob certa temperatura ‘T’ (1/h)
onde: C* Concentração de equilíbrio do oxigênio na
kLa Coeficiente de transferência de massa
água sob certa temperatura ‘T’ e pressão
líquido-gás (1/h)
atmosférica do local Pb (mg/L)
ODSat Oxigênio Dissolvido de Saturação na Água
Cr Oxigênio dissolvido na água na saturação
(Kg.O2/m³), também representado por C∞*
(kg.O2/m³)
OD Oxigênio dissolvido na água (KgO2/m³),
também representado por Cr
A OTR (taxa de transferência de oxigênio)
V Volume de água (m³)
define a capacidade do sistema de aeração sem
considerar sua eficiência, e, portanto, é necessário
Sob condições padrão (standard em inglês,
definir parâmetros adicionais, como a eficiência de
água limpa; difusores novos, ou seja, sem Fouling
aeração (AE – aeration efficiency, kgO2/kWh):
- incrustação biológica - F=1; concentração de
oxigênio dissolvido = 0 mg/L; temperatura da água OTR
= 20°C; e pressão atmosférica padrão: 101,3 kPa; AE = (9.4)
P
umidade relativa: 36%), a taxa de transferência de
oxigênio padrão, SOTR – standard oxygen transfer Onde:
rate, pode ser derivada da equação (9.1) com a P Demanda de Potência do sistema de aeração
(kW)
devida conversão de unidades:

SOTR = kLa20*. C∞ 20*.VTK (9.2) A demanda de potência utilizada no cálculo da


eficiência de aeração, sua correção padronizada e
Como se pode verificar na equação 9.1 (e na sua definição para as condições de campo (AE,
equação 9.3 a seguir), a taxa de transferência de SAE ou αSAE, respectivamente; Tabela 9.1)
oxigênio é proporcional à diferença entre a podem ser definidas de diferentes maneiras. O uso
concentração de oxigênio e a concentração de da potência elétrica inclui as ineficiências do
oxigênio de equilíbrio na água, ou seja, à força soprador, motores e caixas de engrenagens, mesmo
motriz para transferência de oxigênio através do que não sejam conhecidas ou medidas. A potência
filme interfacial. Isto pode ser expresso pela elétrica é usada com mais frequência porque é a
seguinte equação: melhor previsão do consumo real de energia. A
potência mecânica (freio) pode ser mais
dC conveniente de se usar caso os motores ou caixas
dt de engrenagens estiverem sendo especificados
= k L a∗ . (C∞

separadamente, já que ela está relacionada à
− Cr ). V (9.3) fórmula de compressão adiabática que é aplicada
A nomenclatura apresentada aqui está em aos sopradores. Para obter a potência elétrica a
conformidade com a da ASCE para medição da partir da potência mecânica, as perdas devem ser
transferência de oxigênio em água limpa (ASCE, medidas e, às vezes, há controvérsias nos métodos
2006). de medição. Uma fonte significante de erro no
projeto dos sistemas de aeração resulta da confusão
entre os tipos de potência. Ao menos que seja

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especificado de outra forma, a potência elétrica empreiteiros. A utilização independente da OTE e


será utilizada ao longo desse capítulo. da eficiência dos sopradores simplificam a
especificação e o projeto do sistema de aeração.
Para dispositivos de aeração sub-superficial
(como os difusores de bolhas finas e grossas), a De modo a evitar distorções devido a condições
eficiência de transferência de oxigênio (OTE – ambientais e de processo específicas do local,
oxygen transfer rate, %) pode ser utilizada, condições padrões são utilizadas e definidas como
definida da seguinte forma: OD zero, salinidade zero, 20°C, 1 atm e 36% de
umidade relativa do ar. Portanto, os resultados são
OTR O2,entrada− O2,saída
OTE = ~ (9.5) tipicamente mencionados como Eficiência de
WO2 O2,entrada
Transferência de Oxigênio Padrão (SOTE –
standard oxygen transfer efficiency, %), Taxa de
A OTR é obtida da Eq. 9.1, e WO2 representa a
Transferência de Oxigênio Padrão (SOTR –
vazão mássica de oxigênio alimentada no tanque de
standard oxygen transfer rate, kg.O2/h) ou
aeração (kg.O2/h), conforme equação a seguir:
Eficiência de Aeração Padrão (SAE – standard
aeration efficiency, kg.O2/kWh). É altamente
WO2 = vazão.mássica de O2 = Q.ar . ρar / ar (9.6)
recomendável utilizar esses termos, já que eles são
padronizados, evitando assim confusões. Todos os
O2, entrada e O2, saída representam o fluxo de massa
detalhes sobre correção para as condições padrão
de oxigênio entrando e saindo de um volume de
estão disponíveis em protocolos padrão. Existem
água limpa. A OTE quantifica a eficiência da
várias definições utilizadas para descrever os
operação e é geralmente mais conveniente, uma
sistemas de aeração que estão listadas na tabela 9.1
vez que permite a comparação do sistema de
e que são utilizadas ao longo desse capítulo.
aeração, sem as questões complicadas que cercam
os sopradores. Os sopradores são geralmente
fornecidos por diferentes fabricantes ou

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Tabela 9.1 Resumo de todo as definições utilizadas para especificar sistemas de aeração.
Símbolo Definições Observações
WO2 Vazão mássica de oxigênio alimentada no tanque de
aeração
OTR Taxa de transferência de oxigênio em água limpa OTR = kLa.(ODSat – OD).V
SOTR Taxa de transferência de oxigênio padrão em água
limpa
OTE Eficiência de Transferência de Oxigênio em água 𝑂𝑇𝑅 (𝑂2,𝑒𝑛𝑡.−𝑂2,𝑠𝑎í𝑑. )
limpa 𝑂𝑇𝐸 = ~
𝑊𝑂2 𝑂2,𝑒𝑛𝑡.
SOTE Eficiência de Transferência de Oxigênio sob
condições Padrão (%)
AE Eficiência de Aeração em água limpa 𝑂𝑇𝑅
𝐴𝐸 =
𝑃
SAE Eficiência de Aeração padrão em água limpa
KLa Coeficiente de transferência de massa líquido-gás Medido em testes em água limpa
(1/h)
𝛼 Fator alfa, razão entre o kLa de um difusor novo em αSOTE (kL a) água de processo
α= ou α =
água de processo com o kLa de um difusor novo em SOTE (kL a) água limpa

água limpa, também conhecido como fator alfa


(adimensional)
F Fator de ‘Fouling (incrustação biológica)’ αSOTEdifusor novo
𝐹=
αSOTEdifusor usado
𝛼𝐹 Fator alfa para difusores usados
𝛼SOTE Eficiência de Transferência de Oxigênio sob
condições Padrão em água de processo
𝛼𝐹SOTE Eficiência de Transferência de Oxigênio sob
condições Padrão em água de processo para
difusores usados
𝛼𝑆𝐴𝐸 Eficiência de Aeração sob condições padrão em água
de processo para difusores novos
𝛼𝐹𝑆𝐴𝐸 Eficiência de Aeração sob condições padrão em água
de processo para difusores usados
Condições padrão são definidas como 20ºC, salinidade zero, umidade relativa do ar de 36%, OD zero na água. Legenda: P –
demanda de potência ; V - volume
transferência de massa na água de processo com o
9.1.1.2 Transferência de oxigênio na água coeficiente de transferência de massa na água
de processo limpa, ou:
Traduzir as condições padrão em água limpa
(kL a) água de processo
para as condições de água de processo requer a α= (9.7)
(kL a) água limpa
utilização, para locais específicos, de vários Ou
parâmetros empíricos. A água de processo (ou αSOTE
α= (9.8)
SOTE
esgoto) é caracterizada pela presença de
contaminantes dissolvidos e em suspensão,
Onde:
adicionada pela presença de biomassa, que causam
SOTE oxygen transfer efficiency at standard
um desvio do desempenho do aerador em relação
conditions = Eficiência de
ao seu desempenho em água limpa. O parâmetro de
Transferência de Oxigênio sob
maior impacto é o fator alfa ‘𝛼′ (ver seção 9.1.1.3),
condições Padrão (%)
que é definido como a razão entre o coeficiente de

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𝛼SOTE Eficiência de Transferência de 𝛼 razão entre o kLa de um difusor novo em


Oxigênio sob condições Padrão para água de processo com o kLa de um difusor
água de processo, exceto para o efeito novo em água limpa, também conhecido
de contaminantes no coeficiente de como fator alfa (adimensional)
transferência de massa. F razão entre o kLa da água de processo de um
difusor após um certo período de operação
Observe que chamamos alfa de parâmetro, com o kLa da água de processo de um
embora agora reconheçamos que sua natureza é difusor novo (sem incrustação biológica no
variável. Mais tarde nesse capítulo iremos falar tempo t0: F=1), também conhecido como
mais sobre a natureza dinâmica do fator alfa. fator de fouling/ incrustação (adimensional)
kLa20 coeficiente aparente de transferência de
A SOTE tem sido medida sob condições de massa de oxigênio em água limpa sob
água limpa e seguindo guias de protocolos padrão temperatura T = 20°C, também referido
(por exemplo, ASCE, 2007) (ver seção 9.1.1.1). como coeficiente de transferência de massa
Este valor, ou uma estimativa do valor real, deve de oxigênio (1/h)
ser fornecida pelo fabricante da tecnologia de 𝜃 coeficiente Arrhenius de correção da
aeração. Por outro lado, a 𝛼SOTE pode ser somente temperatura com valor típico de 1,024.
medida a posteriori e no local ou em uma T temperatura do licor misto (°C)
configuração de fluxo lateral (ver seção 9.1.1.2). 𝛽 fator de correção para sólidos dissolvidos
que pode ser assumido como equivalente a
Uma vez que o fator alfa é conhecido, a taxa de 0,95 a 1,0 se a planta trata esgoto
transferência de oxigênio sob condições de campo doméstico. Para esgoto contendo uma
pode ser calculada. O kLa precisa ser corrigido para considerável parcela de esgoto industrial,
a temperatura da água (utilizando um coeficiente de esse valor pode ser calculado com base na
correção “arrhenius”), para a água de processo concentração de sólidos dissolvidos na água
(utilizando um fator alfa) e para condições de de processo. Neste caso, o valor 𝛽 deve ser
incrustação biológica (fouling) dos difusores (ou calculado como a razão entre a
seja, o fator F). De maneira similar, C* deve ser concentração de saturação de oxigênio na
superfície da água contendo sólidos
corrigido para a temperatura da água, pressão e
dissolvidos (água de processo), e a
condições de processo.
concentração de saturação de oxigênio na
superfície da água limpa.
A fórmula resultante da OTR para as condições
Ω fator de correção da pressão atmosférica.
padrão de campo (água de processo) (𝛼SOTR),
Para tanques com profundidade menor que
com a devida correção de unidades é apresentada a
6 metros, o fator pode ser aproximado como
seguir:
uma razão entre pb/ps, onde pb é a pressão
barométrica local e ps é a pressão
OTR = α . F . k L a . θ(T−20) . (β . Ω . τ . C∞20


Cr ). VTk barométrica padrão ao nível do mar.
(9.9) τ fator de correção de temperatura e que pode
ser calculado com base em valores de
Onde: concentração de oxigênio dissolvido na
OTR Taxa de transferência de oxigênio sob uma superfície, como:
temperatura ‘T’, pressão ambiente (local)
C∗s
‘pb’, águas residuárias de processo (esgoto) τ=
C∗s,20
(9.10)
e concentração residual de OD ‘Cr’,
(kg.O2/dia)

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onde: 9.1.1.3 O misterioso fator alfa


𝐶𝑠∗ valor tabulado da concentração de
saturação de OD na superfície da água sob A redução na taxa de transferência de oxigênio
certa temperatura T (ou seja, que é causada pelos contaminantes presentes no esgoto é
registrada durante o teste), pressão governada pelo fator alfa (𝛼), como pode ser
atmosférica padrão ps e umidade relativa do encontrado em um dos primeiros trabalhos sobre o
ar igual a 100%. assunto de Eckenfelder (1956). Esse rótulo
∗ particular para um indicador de eficiência é dado
𝐶𝑠,20 valor tabulado da concentração de
saturação de OD na superfície da água na exatamente pela sua natureza desconhecida. O fator
temperatura de 20°C, pressão atmosférica 𝛼 é, então, relatado como o parâmetro de processo
padrão ps e umidade relativa do ar igual a mais incerto (Karpinska e Bridgeman, 2016), uma
∗ vez que é altamente variável e difícil de estimar. O
100% (𝐶𝑠,20 = 9,08 mg/L, conforme Metcalf
& Eddy, 2014). fator 𝛼 é altamente dinâmico (Jiang et al., 2017;
Leu et al., 2009) e não pode ser previsto com
A eficiência de transferência de oxigênio segurança sob diferentes condições de processo,
(OTE) sob condições de campo ou de processo seja em uma mesma instalação (Amerlinck et al.,
2016) ou em diferentes instalações (Gillot e Héduit,
OTR 2008; Redmond et al., 1992).
OTE = (9.11)
WO2

Embora seja geralmente assumido que os


Enquanto o OD permanecer inalterado (ou seja, componentes mais significativos que afetam o fator
sob condições de estado estacionário), a taxa de 𝛼 são os agentes tensoativos ou surfactantes, o fator
consumo de oxigênio TCO pode ser calculada alfa é na verdade uma composição de parâmetros
diretamente como: que engloba uma grande e potencial variedade de
OTR
componentes e condições, todas elas afetando-o de
TCO = (9.12) diferentes maneiras e magnitudes. Compostos
V
químicos (ou seja, surfactantes, substratos
Para fins de teste em escala plena de um sistema orgânicos, etc.) bem como restrições físicas (ou
de aeração utilizando a metodologia do off-gas (ver seja, coalescência de bolhas, hidrodinâmica, etc.) e
seção 2.3.2), o OD permanece praticamente ainda a influência de atividade microbiana, são
constante durante poucos minutos de medição, algumas das principais causas que afetam a redução
permitindo o cálculo direto da TCO local em tempo da eficiência de aeração no esgoto. A reologia do
real. lodo é uma particularidade importante em altas
concentrações de sólidos em suspensão, como nos
O fator alfa e o fator de incrustação biológica biorreatores de membrana (MBRs) ou nos
(fouling) (que tem uma variabilidade considerável) digestores aeróbios.
têm uma enorme influência na taxa de transferência
de oxigênio (OTR) e na eficiência de transferência O fator 𝛼 é a priori desconhecido e pode ser
de oxigênio (OTE) sob condições de campo. As calculado somente a posteriori, porque a
seções seguintes descrevem o fator alfa e sua composição do esgoto e as condições exatas do
influência no projeto de processos de estações de reator não podem ser conhecidas de antemão.
tratamento, na seleção de equipamentos, nas Regimes de baixa vazão na interface gás-líquido
estratégias de operação e manutenção, e nos custos (como aquelas produzidas por difusores de bolha
de energia. fina) geralmente apresentam fatores 𝛼 menores que
regimes de alta vazão nessa interface (como
aqueles produzidos por bolhas grossas ou aeradores

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superficiais) para condições similares (Stenstrom e um misturador ou uma turbina, ou (ii) pela
Gilbert, 1981). Entretanto, é preciso lembrar que liberação de ar através de borrifadores ou materiais
fatores alfas altos são usualmente associados com porosos. Além disso, existe uma terceira categoria
baixa SOTE e vice-versa, devido a geometria e de tecnologia: (iii) novos dispositivos (referidos
hidrodinâmica das bolhas e das gotículas. como sem bolhas, por exemplo os MABR) que
utilizam a sua porosidade intrínseca como uma
Diferenças nos fatores 𝛼 entre sistemas de verdadeira membrana semi-permeável, como as
aeração foram observados já no início da década de membranas de osmose reversa, para transferência
1930 (Kessener e Ribbius, 1934), mas foram de gás para o meio líquido. Essas membranas
geralmente esquecidos até a crise de energia da permitem o trânsito de água e ar através da
década de 1970, que aumentou a consciência sobre membrana, sem permitir a passagem de soluto ou
tecnologias energeticamente eficientes. Antes da material em suspensão, e sem gerar uma interface.
década de 1980, muitas estações foram projetadas Também há outros equipamentos de aeração, como
com um fator 𝛼 de 0.8, que era considerado um as turbinas submersas ou difusores de jato (jet
fator 𝛼 ‘universal’ para todos os tipos de sistemas diffusers em inglês), que podem criar bolhas finas
de aeração. Entretanto, está sendo demonstrado que sem utilização de pequenos orifícios, ou seja, são
métodos de aeração diferentes apresentam aeradores de bolhas finas, mas não são aeradores de
diferentes fatores 𝛼, e para difusores de bolha fina poros finos. Estas tecnologias utilizam a energia
o fator 𝛼 decresce ao longo do tempo de operação mecânica para cisalhar bolhas grandes em bolhas
devido ao “fouling (incrustação biológica)” ou finas. Entretanto, devido a sua ineficiência, elas
incrustação química (Boyle e Redmon, 1983). têm sido largamente abandonadas pelas estações de
Além disso, para sistemas de bolha fina em lodo tratamento de esgotos municipais.
ativado, o fator 𝛼 é função das condições de
processo como o tempo de retenção celular (TRC) O mecanismo de transferência de oxigênio em
ou idade do lodo (IL), também chamado de tempo processos de lodo ativado é ainda longe de ser
médio de retenção celular (TMRC), ou a vazão de totalmente descrito ou modelado, apesar do
ar (Rosso e Stenstrom, 2005). Adicionalmente, o conhecimento disponível. Atualmente especialistas
efeito da biomassa sobre o fator 𝛼 vem sendo reconhecem que a taxa de transferência de oxigênio
registrado (Cornel et al., 2003; Krampe ; Krauth, pode ser avaliada pelo coeficiente de transferência
2003; Germain et al., 2007; Henkel et al., 2011), de oxigênio volumétrico global, KLa, que é
fornecendo as evidências necessárias que estão composto pelo coeficiente de transferência de
direcionando os esforços para estudo da dinâmica oxigênio global, KL, e pela área de interface
dos fluidos nos tanques de aeração (por exemplo disponível para troca, a. KLa é geralmente
Fayolle et al., 2007). determinado para água limpa, seguindo a norma
ASCE. Ele é utilizado como uma constante ou
9.1.2 Bolhas finas, bolhas grossas e como função da vazão de ar, com base nas
gotículas seguintes premissas: (i) o tanque de aeração é de
mistura completa; (ii) as características reológicas
Os sistemas de aeração transferem oxigênio do lodo ativado não impactam significativamente
para um meio líquido pela difusão do gás através na transferência de oxigênio, e (iii) a aeração é
da interface gás-líquido, ou dissolvendo o gás em fornecida ao tanque de forma homogênea. Essas
uma solução líquida utilizando uma membrana premissas são conhecidas como o limite de
semi-permeável. Em outras palavras, tecnologias acurácia para modelos de eficiência de aeração e
ambientais podem contar com (i) transferência como tal dificultam qualquer estudo de otimização
gasosa interfacial, com uma interface gás-líquido que delas fazem uso (Amaral et al., 2016;
criada pelo cisalhamento da superfície líquida com Karpinska et al., 2016). Portanto, esses modelos de

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aeração têm sido ampliados utilizando relações aeradores superficiais do que como aeradores de
empíricas, como o fator 𝛼 mencionado bolhas finas. Aeradores de alta turbulência podem
anteriormente (ver seção 9.2.1.3), para introduzir a atingir taxas de transferência melhores, mas por
dependência de condições operacionais e outro lado apresentam alta demanda de energia, e
ambientais no processo. baixa eficiência de aeração.

Além disso, descobriu-se que a distribuição do Baixas velocidades interfaciais. Os difusores


tamanho da bolha desempenha um papel na são bocais ou superfícies porosas colocados no
estimativa da transferência de oxigênio, afetando o fundo do tanque: eles liberam bolhas que viajam
KL e o a. Em alguns estudos, um único tamanho de até a superfície do tanque. Em geral, as bolhas são
bolha é adotado (Fayolle et al., 2007). Espera-se consideradas finas em tamanho quando seu
que essas limitações sejam superadas lentamente, diâmetro é menor que 5 mm. Materiais
entretanto, até o momento somente alguns estudos sinterizados de cerâmica porosa ou poliméricos, e
(em escala laboratorial e que não representam membranas poliméricas perfuradas são
estações em escala plena) estão tentando ir além usualmente agrupados de forma conjunta e
dessas hipóteses através da quantificação referenciados como difusores de bolhas finas.
fotográfica (McGinnis e Little, 2002), através da Enquanto as turbinas e os aeradores de jato (jet
introdução de modelos interativos que são aerators em inglês) produzem bolhas, uma vez que
responsáveis pela coalescência e quebra da bolha essas atinjam sua velocidade limite, a sua
(Karpinska et al., 2016), ou ampliando o velocidade interfacial será a mesma que a de uma
conhecimento existente sobre os efeitos da bolha originada através de difusores de poros
viscosidade (Amaral et al., 2016) através de finos. Os difusores de bolhas finas apresentam
modelos computacionais de dinâmica dos fluídos maior queda de transferência de massa em água de
(CFD – computacional fluid dynamics). processo do que os difusores de bolhas grossas ou
os aeradores superficiais.
Em tratamento de esgoto existem dois regimes
de velocidade interfacial: alta e baixa, que A turbulência controla a queda da transferência
correspondem, respectivamente, a bolhas grossas e de gás e pode ser caracterizada pela interface dos
aeradores superficiais, e difusores de bolha fina. números de Reynold ou Péclet. O número de
Sherwood pode ser correlacionado com o número
Altas velocidades interfaciais. Aeradores de Péclet, seja para explicar a turbulência e um
superficiais cisalham a superfície do esgoto número adimensional, chamado de número de
produzindo um spray de gotículas finas que pairam contaminação interfacial, seja para explicar o
sobre a superfície do esgoto até um raio de poucos acúmulo de contaminante interfacial (Rosso e
metros. Gotículas em queda e bolhas grossas em Stenstrom, 2006b).
ascensão apresentam amplos gradientes de
velocidade interfacial gás-líquido e podem ser
agrupados como regimes de interface de alto fluxo, 9.1.3 Dentro do Tanque de Aeração
enquanto as bolhas finas apresentam baixos
gradientes de velocidade interfacial e podem ser As próximas seções apresentam uma visão
agrupados em regimes de interface de baixo fluxo. global dos sistemas de aeração disponíveis
As bolhas grossas são maiores, normalmente comercialmente (excluindo os sopradores), cujas
produzidas por orifícios maiores ou iguais a 6 mm, características serão descritas posteriormente nesse
podendo apresentar diâmetros de até 50 mm. A alta capítulo. A figura a seguir (Figura 9.1) ilustra os
turbulência associada com aeradores de bolhas principais componentes do sistema de aeração
grossas faz com que eles se comportem mais como próximo ou dentro do tanque.

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9.1.3.1 Aeração de Bolhas reduzindo o custo de capital, mas estão entre os


sistemas de aeração menos eficientes, e são bons
As bolhas são tipicamente liberadas na candidatos para uma melhoria (upgrading).
profundidade máxima e transferem oxigênio
enquanto viajam para a superfície. As bolhas Os difusores de bolhas grossas são raramente
também induzem a movimentação do líquido que afetados por incrustação biológica (fouling) ou por
contribui com a mistura. Na verdade, uma vez que incrustação química. Isto se deve a grande
4/5 do ar é nitrogênio, podemos concluir que pelo dimensão e alta turbulência sobre os orifícios de
menos 80% da energia investida na aeração de saída, o que os tornam, na prática, difíceis de
bolhas contribui exclusivamente para a mistura. entupir. Por outro lado, esses difusores são sempre
caracterizados por baixa SAE (na faixa de 0,6 – 1,5
Difusores de bolhas grossas kgO2/kWh), porque bolhas grandes viajam muito
Os difusores de bolhas grossas utilizam rapidamente através da coluna de água e
relativamente grandes orifícios ou ranhuras para apresentam uma razão superfície/volume
liberar bolhas de ar geralmente de dimensões acima relativamente baixa.
de 50 mm. As bolhas nessa faixa de diâmetro
liberadas na água não podem existir como esferas, As figuras 9.2 e 9.3 mostram dois modelos de
mas como tampas esféricas (que se assemelha ao difusores de bolhas grossas disponíveis
formato de uma medusa, ou água viva), porque a comercialmente. A figura 9.2 mostra duas
coluna d’água é muito pequena. As bolhas grossas visualizações de um pulverizador. Pulverizadores
são turbulentas naturalmente e são caracterizadas pertencem a primeira geração de difusores de
por acumulação interfacial de surfactantes menos bolhas grossas, e são essencialmente parafusos
severa. Portanto, elas apresentam altos fatores 𝛼 ocos de metal (os mais antigos) e de plástico (os
quando comparadas com sistemas de bolhas finas mais novos) contendo um ou mais orifícios para
(Eckenfelder e Ford, 1968; Kessener e Ribbius, liberação de ar. O ar viaja através de uma tubulação
1934; Rosso e Stenstrom, 2006a). Os sistemas de principal de ar (manifold), desce por tubulações
bolhas grossas são geralmente instalados em verticais, e, finalmente, entra no pulverizador para
configurações ao longo de todo o piso, para ser liberado através dos seus orifícios localizados
otimizar a distribuição de ar e sua eficiência. embaixo da tampa de metal que provoca o
Antigamente, com menores custos de energia, os cisalhamento da bolha e evita a canalização do ar
difusores de bolhas grossas eram geralmente (bolhas viajando para cima como pérolas de um
instalados em uma única fileira nas laterais de colar). Um sistema mais simples para produzir
tanques de fluxo em pistão (fileira em espiral) ou bolhas grossas com relativa alta eficiência é utilizar
em duas ou mais fileiras (fileira, em crista ou uma tubulação em grade, usualmente de plástico,
sulco). Aumentando a vazão de ar nesses arranjos com orifícios de aproximadamente 5 mm de
de difusores geralmente aumenta a velocidade do diâmetro espaçados em intervalos de pelo menos
líquido, mas tem um efeito limitado sobre a OTR. 0,5 metros ao longo da parte inferior dos tubos.
Esses sistemas necessitam de poucos difusores,

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Figura 9.1 Representação dos diferentes componentes em um sistema de aeração.

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aumenta e o ar é liberado pela fileira de orifícios


maiores. Sob altas vazões, o ar é forçado através de
aberturas que o libera através de grandes tampas
esféricas (>100mm).

Figura 9.3 Difusor de bolha grossa tipo “alimentador de


frango”.

Devido a sua capacidade de suportar altas


vazões de ar, os difusores de bolha grossa têm a
vantagem de serem capazes de fornecer OTRs
extremamente altas para um certo volume de
tanque. Os sistemas de bolha grossa geralmente
apresentam baixa SAE (SAE e OTR em geral são
inversamente proporcionais). A obtenção de altas
transferências de massa (ou seja, alta OTR)
necessita de taxas altas de vazão que resultam em
um pequeno tempo de retenção da bolha e redução
da área para transferência de gases. A OTR máxima
para difusores de bolha grossa pode ser muitas
vezes maior que difusores de bolha fina ou
aeradores superficiais e é usualmente limitada pela
capacidade do soprador (e não pela área superficial
Figura 9.2 Exemplo de um pulverizador de ar. Acima está de fundo do tanque como no caso dos difusores de
a base parcialmente desmontada para evidenciar a bolha fina). Portanto, grids densos de difusores de
estrutura interna. Abaixo é a parte superior da tampa de bolhas grossas são geralmente a tecnologia
borracha que atua como uma válvula de retenção. escolhida para tratamento de águas residuárias
industriais de alta concentração, onde os difusores
O difusor tipo “alimentador de frango” (Figura de bolha fina são uma má escolha devido a sua
9.3) é uma nova tecnologia de aeradores de bolha vazão de ar limitada e seus fatores alfa
grossa, caracterizado por uma faixa mais ampla de extremamente baixos. Para sistemas que não
vazão de ar. Este difusor possui em suas laterais necessitam de altas OTR por unidade de volume,
orifícios de dois tamanhos que aumentam como as estações municipais, os difusores de
proporcionalmente de diâmetro indo de cima para bolhas grossas são uma má escolha para economia
baixo na lateral do difusor. Quando a de vazão de de energia. As estações com difusores de bolhas
ar é baixa, apenas os orifícios superiores liberam ar, grossas começaram a ser substituídas após o
mas se a vazão de ar aumenta a contrapressão aumento repentino dos preços de energia no início

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dos anos de 1970, e atualmente a maioria das também reduzem as perdas de calor (Lippi et al.,
estações de tratamento de esgoto municipal 2009; Talati e Stenstrom, 1990).
geralmente utilizam difusores de bolhas finas. As
altas taxas de vazão em difusores de bolhas grossas Entretanto, os difusores de poros finos
geram aerossóis e spray que usualmente apresentam duas grandes desvantagens: a primeira
necessitam algum tipo de gestão. é a necessidade de limpeza periódica. Cada difusor
de poros finos suja inevitavelmente e
Difusores de bolhas finas inexoravelmente. Além disso, a incrustação
Os difusores de bolhas finas podem ser produzidos inorgânica e a degradação do material (ou seja, seu
por diferentes tecnologias, seja pela liberação de ar envelhecimento) adicionam complexidade ao
através de uma placa porosa, pequenos orifícios, ou problema de quantificar os cronogramas de
pelo cisalhamento mecânico de bolhas grandes em limpeza e substituição. Nenhum difusor é imune da
pequenas. A mais recente tecnologia utiliza combinação desses fenômenos, a diferença é
turbinas submersas ou difusores de jato (jet- somente a extensão deles para cada instalação em
diffusers), que criam bolhas finas, mas o fazem sem particular.
possuir pequenos orifícios, e em ambos os casos a
energia mecânica é utilizada para o cisalhamento
de bolhas grandes em bolhas finas. As bolhas finas
provenientes de turbinas submersas ou difusores de
jato (jet-diffusers) apresentam SAE (na faixa de 1,2
– 1,8 kg.O2/kWh) menores que bolhas finas
provenientes de difusores de bolhas finas. Além
disso, suas bolhas são liberadas em poucos pontos
concentrados, muitas vezes ocasionando uma
distribuição desigual de OD e uma menor
eficiência geral.

Um subconjunto importante dos sistemas de


bolhas finas são os difusores de poros finos
(Figuras 9.4, 9.5, 9.6 e 9.7); difusores de poros
finos produzem suas pequenas bolhas pela
liberação de ar comprimido através de pequenos
orifícios ou poros em membranas perfuradas ou
materiais porosos, como pedras de cerâmica ou
plásticos sintetizados. Os difusores de poros finos
são atualmente os mais comumente utilizados em
tratamento de esgotos nos EUA e Europa. Eles
apresentam alta SAE (na faixa de 3.6-4.8
kg.O2/kWh) e são rotineiramente utilizados em
configurações de piso-completo (full-floor),
aproveitando ao máximo a sua eficiência. Os
sistemas de difusores de poros finos limitam a
remoção de compostos orgânicos voláteis em
virtude de sua maior eficiência, o que resulta em
vazões de ar mais baixas (Hsieh et al., 1994, 1993).
Pelo mesmo motivo, os difusores de poros finos

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A segunda importante desvantagem das bolhas


finas (que também se aplica às turbinas e injetores)
é o amplo efeito negativo provenientes dos
contaminantes presentes no esgoto sobre a
eficiência de transferência, que é mais
frequentemente quantificado pelo fator alfa ‘α’. Os
difusores de poros finos geralmente apresentam
fatores alfa menores que os difusores de bolhas
grossas ou aeradores superficiais para condições
similares (Kessener e Ribbius, 1934; Stenstrom e
Gilbert, 1981). Antes da década de 1980, muitas
estações foram projetadas com um valor ‘α’ (alfa)
constante de 0,8, que era considerado como um
fator ‘α’ universal para todos os tipos de sistemas
de aeração e para todas as condições. Em casos
semelhantes, atualmente ainda testemunhamos
procedimentos de projeto insatisfatórios
empregando valores muito elevados e
desatualizados para α. Entretanto, tem sido
demonstrado que métodos de aeração diferentes
apresentam diferentes valores para ‘α’, e para
difusores de poros finos, o ‘α’ inicial diminui ao
longo do tempo de operação devido ao ‘fouling’
(incrustação biológica)’ ou devido a incrustração
química (Rosso e Stenstrom, 2006b). Além disso,
para sistemas de bolhas finas, o fator ‘α’ é função
das condições do processo, como o tempo médio de
retenção celular (TMRC ou IL - idade do lodo) ou
a vazão de ar (Rosso et al., 2005). Finalmente,
variações diurnas na carga orgânica fazem como
que o ‘α’ se comporte dinamicamente (Jiang et al.,
2017; Leu et al., 2009).

Figura 9.4 A primeira geração de difusores de poros finos:


cúpulas de cerâmica (topo). O ar é alimentado por um
parafuso oco, preenchendo o espaço delimitado pela
cúpula, e então é liberado pelos poros da cerâmica
sinterizada. Na parte inferior é um difusor retirado após
um tempo prolongado de operação, com bioincrustação
visível na superfície externa. A seção descolorida do
interior da cúpula mostra a posição do orifício de liberação
de ar do parafuso, devido a presença de contaminantes
no ar fornecido.

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Figura 9.5 Variedade de modelos de difusores de


diferentes fabricantes. Da esquerda para a direita: um
disco de membrana EPDM, um tubo de membrana de
silicone e um tubo de membrana EPDM.

Figura 9.6 Exemplos de instalações de piso completo de


difusores de poros finos. Superior: discos de cerâmica;
inferior esquerdo: tubos de poliuretano; canto inferior
direito: painéis de poliuretano.

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Figura 9.7 Aplicação de difusor de poros finos em lagoa aerada. Os tubos de ar (na parte superior da unidade difusora)
distribuem o ar ao longo da lagoa e as mangueiras verticais transportam o ar dos tubos de ar para as unidades difusoras
(localizadas próximo ao fundo da lagoa). A imagem à esquerda mostra uma unidade difusora em demonstração em uma feira
técnica. Este sistema pode ser utilizado em lagoas com profundidades irregulares.

A tabela resumo abaixo compila a experiência dos processos com alto tempo de retenção de lodo.
autores abrangendo as últimas quatro décadas em Isso indica que a eficiência não é somente uma
muitas estações de recuperação de recursos função do sistema de aeração, mas também do
hídricos (ERAR) (tabela 9.2). Os números são processo onde ela está instalada. Por isso nossa
para comparações relativas e não devem ser declaração de advertência contra o uso desses
utilizados para finalidades de projeto. Observe que dados para projeto, uma vez que os números aqui
os difusores de poros finos têm o potencial de podem corresponder a configurações de processo
atingir as mais altas AE (eficiência de aeração), muito diferentes do caso em projeto.
mas oferecem seu melhor desempenho em

Tabela 9.2 Resumo da eficiência de aeração (AE), eficiência de aeração padrão (SAE) e fatores ‘α’ ponderados para vazão de
ar de sistemas de aeração disponíveis comercialmente. Essas faixas são o resultado de décadas de medições de campo pelos
autores em um grande número de ERAR operando em configurações muito diferentes. Utilize por sua própria conta e risco!
Tipo de aerador SAE, kg.O2/kWh Baixa idade do Alta idade do Lodo Fator ‘α’
Lodo e AE sob 2 e AE sob 2
mg.O2/L mg.O2/L
Alta velocidade 0,9 – 1,3 0,4 – 0,8 0,4 – 0,8 0,47 – 0,64
Baixa velocidade 1,5 – 2,1 0,7 – 1,5 0,7 – 1,5 0,48 – 0,71
Turbina 1,2 – 1,8 0,4 – 0,6 0,6 – 0,8 0,30 – 0,47
Injetores (jets) 1,5 – 1,7 0,8 – 1,2 0,8 – 1,2 0,37 – 0,60
Bolha grossa 0,6 – 1,5 0,3 – 0,7 0,4 – 0,9 0,35 – 0,64
Bolha Fina 3,6 – 4,8 0,7 – 1,0 2,0 – 2,6 0,20 – 0,55

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Os aeradores superficiais movimentam um


9.1.3.2 Aeração Mecânica spray de líquido através do ar, permitindo que as
Aeradores superficiais gotículas esfriem pela evaporação até a
Os aeradores superficiais pertencem a primeira temperatura de bulbo úmido do ar (a temperatura
geração de tecnologias de transferência de de bulbo úmido é uma função tanto da temperatura
oxigênio. Esses aeradores não precisam de um quanto da umidade do ar, de modo que o ar frio e
soprador para realizar a transferência de oxigênio. seco tenha o nível mais baixo de temperatura de
Os aeradores superficiais cisalham o líquido em bulbo úmido). Esse resfriamento pode ser bem-
pequenas gotículas, que se espalham em uma vindo ao tratar efluentes industriais quentes ou
nuvem turbulenta a vários metros por segundo, indesejável ao tratar esgoto municipal em climas
permitindo seu contato turbulento com o ar frios. A perda de calor e a formação de spray
atmosférico e, geralmente, oxigenando-as até pelo aerossol são fatores importantes e devem ser
menos metade da saturação. Assim que entram em considerados ao selecionar sistemas de aeração.
contato com a superfície do líquido, elas se Questões como a pulverização (aspersão) e geração
misturam com todo o volume de líquido disponível, de odores são especialmente importantes em áreas
produzindo um padrão típico de concentração de urbanas.
OD conforme Figura 8. Como não há vazão de ar
com os aeradores superficiais, a OTE não pode ser Os aeradores superficiais são fornecidos
nem definida nem medida. A circulação do líquido através de duas configurações diferentes: alta
aspirado no spray também proporciona a mistura. rotação (ou seja, com acionamento direto), e baixa
Em alguns casos, os aeradores superficiais também rotação (ou seja, com uma caixa de engrenagem ou
são especificados pela taxa de bombeamento de caixa de velocidades). Aeradores de alta rotação
líquido, bem como por uma OTR. Os aeradores geralmente trabalham sob 900 – 1200 rpm, e
superficiais são tipicamente caracterizados por devido a ausência de engrenagem, são fáceis de
altos valores de OTR e baixos SAE (na faixa de instalar e menos caros. Por outro lado, a pluma que
0,9-2,1 kgO2/kWh). eles geram é altamente turbulenta, que resultam em
uma alta formação de aerossóis e um potencial de
cisalhamento dos flocos do lodo ativado. Em geral,
os aeradores de alta rotação apresentam menores
SAE que os aeradores de baixa rotação (0,9 – 1,3
kg.O2/kWh para aeradores de alta rotação; 1,5 – 2,1
kg.O2/kWh para aeradores de baixa rotação).

A introdução de uma caixa de engrenagem ou


de velocidades entre o motor elétrico e a hélice
permite que o aerador trabalhe sob baixa rotação
(30 – 60 rpm). Isto está usualmente associado com
o aumento dos custos de capital e tempo
prolongado para aquisição (geralmente, as caixas
de engrenagem somente são fabricadas depois que
um pedido de compra é emitido). O maior custo
inicial e maior tempo de fabricação podem ser
Figura 9.8 Esquema de concentrações de OD padrão em
compensados pela maior SAE.
tanques equipados com aeradores superficiais.

Os aeradores superficiais não podem ser


utilizados em tanques profundos ou lagoas sem

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provisões para misturar as seções inferiores, como


tubos de aspiração ou hélices inferiores. Um tubo
de aspiração garante que o efeito de bombeamento
ascendente do aerador de superfície se estenda aos
níveis mais baixos do tanque. Uma hélice inferior é
montada em um eixo longo, posicionando-a
aproximadamente 1 metro acima do fundo do
tanque. Aeradores de alta e baixa rotação raramente
são usados em tanques com profundidades maiores
que, respectivamente, 4 e 5 metros, sem tubos de
aspiração ou misturadores inferiores.

Figura 9.9 Um aerador superficial de baixa rotação


durante sua instalação (acima) e em operação (abaixo). A
hélice no fundo do tanque é utilizada para garantir que os
sólidos e o OD sejam distribuídos através de toda a
profundidade. As quatro vigas estruturais servem como
suporte para o aerador e atuam também como defletores
para evitar a formação de vórtices.

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No caso de lagoas ou tanques com fundo de superficiais escovantes é utilizada para bombear o
terra, o fundo deve ser devidamente protegido da líquido e não para a aeração. Portanto, valos de
abrasão superficial provocada pelo líquido. Não é oxidação com aeradores superficiais escovantes
incomum que aeradores de superfície criem geralmente são candidatos para retrofitting por
depressões em tanques com fundos de terra, difusores de bolhas finas ou por misturadores /
permitindo que rochas e detritos entrem e bombas mecânicas subsuperficiais de baixa
danifiquem suas hélices ou criem instabilidades potência (como os misturadores ‘banana-blade’),
estruturais. Além disso, para lagoas muito largas e que devem reduzir significativamente o consumo
rasas, a zona de influência do aerador pode não se de energia dos valos de oxidação.
estender até a borda da lagoa, potencializando a
deposição de sólidos e a formação de lodo. Uma aplicação menos frequente para aeradores
superficiais escovantes são as lagoas aeradas rasas
Um tipo de aerador de superfície que fornece (figura 9.11). A escova superficial é montada em
aeração e mistura, além de conferir velocidade uma barcaça flutuante, aberta no centro, onde o
horizontal à água, é o aerador superficial escovante aerador de superfície realiza a mistura e aeração.
ou rotor (de eixo horizontal ou vertical), Esse tipo de tecnologia de aeração é escolhido para
normalmente encontrado em valos de oxidação lagoas devido a facilidade de operação e
(Fig. 9.10). Esses aeradores de baixa rotação manutenção, já que a barcaça pode ser facilmente
geralmente apresentam elevados requisitos puxada para a terra para realizar as ações de
específicos de energia (em outras palavras, baixa manutenção ou reparo. Além disso, o aerador pode
SAE) já que eles bombeiam o líquido assim como ser movimentado para evitar o acúmulo de lodo no
aeram. Em valos de oxidação, uma velocidade fundo.
mínima do líquido é necessária para manter o licor
misto em suspensão. Em tanques plug-flow não há
necessidade de manter uma velocidade do líquido.
Uma vez que a água é cerca de três vezes mais
densa que o ar, muito da energia dos aeradores

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Figura 9.10 Um valo de oxidação (conforme esquema acima) equipado com um aerador superficial escovante (rotor de eixo
horizontal) parado (a esquerda inferior) e em operação (a direita inferior).

Figura 9.11 Um aerador superficial escovante (rotor de eixo horizontal) montado sobre uma barcaça em uma lagoa aerada.

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uma operação instável (as vibrações começam


9.1.4 Sopradores de ar rapidamente devido a necessidade de o soprador
Os sopradores são máquinas de fluido adiabático dissipar o trabalho mecânico transmitido por seu
usadas para produzir volumes relativamente altos motor) até que controladores de segurança
de ar ou gás de baixa pressão para fins de mistura, imponham um ‘desligar’. Um evento de pico de
aeração ou combustão. Os sopradores não pressão não passa despercebido: o ruído alto e as
comprimem o ar, apenas o sopram. Este conceito é grades vibratórias no edifício do soprador
crítico porque as limitações da pressão de descarga anunciam danos estruturais iminentes se a operação
do soprador podem ser uma restrição incapacitante do soprador não for interrompida imediatamente.
na seleção e operação / manutenção dos difusores.
A compressão adiabática operada por sopradores O ar comprimido é distribuído através de um
tem um aumento correspondente na pressão de sistema de tubulação para difusores submersos para
saída do soprador apenas em virtude do fato de que liberação no piso do reator. A medida que as bolhas
impomos uma queda de pressão no sistema de sobem pela massa líquida, o oxigênio é transferido
aeração. Sem uma queda de pressão imposta na para ela. Um sistema de sopradores bem projetado
descarga de ar, não há pressão e apenas velocidade fornece uma faixa ampla de vazão de ar, atingindo
(assim como um secador de cabelo). as flutuações de demanda de oxigênio do processo,
normalmente com uma faixa de pressão
Todos os sopradores estão associados com relativamente estreita sob condições ambientais
algum grau de ineficiência, sendo que 60-80% é variáveis. Sopradores, como uma parte chave de
uma faixa típica de eficiência. A perda de potência sistemas de aeração, precisam ser cuidadosamente
devido a ineficiência do soprador eleva a avaliados. Deve-se dar atenção especial às suas
temperatura de descarga e somente esse aumento capacidades de "aumentar" ou "reduzir" sua
de temperatura pode aquecer o tanque de aeração rotação de modo a garantir que toda a gama de
(na prática, não há aumento significativo da demandas possa ser atendida, sem quaisquer fluxos
temperatura da água). Na realidade, algumas inatingíveis nessa faixa. Lembre-se que 4/5 do ar é
perdas de calor de um tubo de aço quente para a composto de um gás que não contribui para a
atmosfera circundante devem ser esperadas, e aeração, portanto, ainda mais atenção deve ser dada
frequentemente observamos tubos de distribuição para a transferência de oxigênio; qualquer mudança
de ar que são revestidos para conservar o calor e nos requisitos de oxigênio multiplicam os
prevenir queimaduras de contato. Uma vez que a requisitos de ar (e requisitos de potência do
capacidade do soprador de superar a queda de soprador e custos de energia) por várias vezes.
pressão é muito limitada, em algum ponto cada
soprador atingirá sua pressão de descarga máxima, Tipos de Sopradores
Os sopradores são classificados em dois grandes
que é referida como picos de pressão. A zona de
tipos: os dinâmicos (ou seja, centrífugos) e os de
pico de pressão está sempre na área superior deslocamento positivo. Existem várias
esquerda da curva de um soprador. Quando um configurações diferentes para cada tipo de
soprador atinge o pico de pressão, ele não pode soprador, conforme mostrado na Figura 9.12.
mais deslocar o ar pela saída e começa a apresentar

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Figura 9.12 Configurações de sopradores dinâmico e de deslocamento positivo.

Os sopradores centrífugos (ou dinâmicos), dispositivo de pressão variável. Sopradores de DP


como as bombas centrífugas, produzem vazão comprimem continuamente um volume fixo de gás
variável e uma faixa estreita de pressões, utilizando em um espaço confinado para aumentar a pressão e
hélices rotativas. Por outro lado, os sopradores de fornecer alguma velocidade. Há vantagens e
deslocamento positivo (DP) são geralmente desvantagens nos dois tipos, conforme resumido na
considerados como de vazão constante e tabela 9.3.

Tabela 9.3 Resumo das principais características de sopradores de deslocamento positivo e centrífugos.
Sopradores de Deslocamento Positivo (DP) Sopradores Centrífugos
• Mais econômico em pequena escala • Econômico para todas as escalas, mas
especialmente para grandes instalações
• Barulhento - o ruído associado aos lóbulos • Podem também ser barulhentos, mas os sons
rotativos é mais difícil de amortecer. Três giratórios contínuos e de frequência mais alta
sopradores de lóbulo abordam parcialmente são mais fáceis de amortecer.
essa deficiência.
• A operação com pressão excessiva causa
• As transmissões de vibração para tubos e oscilação, que pode resultar na destruição do
suportes são, algumas vezes, problemáticas soprador.
• Sobrecargas do motor com pressão de • Proteção da corrente e controladores de
descarga excessiva, exigindo proteção da detecção de vibração são necessários para
corrente do motor. uma operação segura.
• Possíveis pressões de descarga mais altas • Possível alta vazão de descarga.

invólucro fechado para fornecer velocidade ao gás.


9.1.4.1 Sopradores Centrífugos O ar é continuamente liberado de forma radial, e o
Os sopradores centrífugos são mais comuns em aumento de sua energia cinética é convertido em
grandes estações que os de deslocamento positivo um aumento de pressão, impondo uma queda de
devido aos grandes volumes de ar a baixa pressão pressão na descarga. A figura 9.13 ilustra o
disponíveis. Esses sopradores dependem da conceito. Os sopradores centrífugos originais
velocidade de rotação de uma hélice dentro de um também não apresentam capacidade de aumentar

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ou reduzir sua rotação e devem ser operados sob


velocidade rotacional constante.

Figura 9.14 Relação Pressão x vazão para sopradores


normalmente utilizados (Adaptado de Loera, 2013). A área
de oscilação (pico) é a do canto inferior esquerdo da
Figura 9.13 Um dos sopradores mais comuns em ERAR: o figura.
soprador centrífugo de múltiplo estágio.

As tecnologias mais recentes incluem


sopradores centrífugos com palhetas-guia de
entrada variável e difusores de saída variável.
Variando o ângulo das palhetas, a vazão de ar pode
ser variada, e o soprador adquire capacidade de
ajuste. Todavia, os sopradores centrífugos
apresentam uma faixa ótima de operação, e fora
dessa faixa, a eficiência decai.
Tal como acontece com sopradores de
deslocamento positivo, os sopradores centrífugos
também estão sujeitos a perdas, pois o gás sob
pressão escapa entre as hélices e o invólucro
(carcaça) e ao redor das hélices. A figura 9.14
mostra a relação entre a vazão de descarga e a
pressão para uma quantidade de sopradores
normalmente utilizados.

O desempenho dos sopradores é afetado por


mudanças na temperatura do gás de entrada e na
pressão barométrica, o que causa uma mudança na
densidade do gás comprimido. A densidade do gás
ou do ar aumenta com menor temperatura e/ou
maior pressão, exigindo maior entrada de energia
para comprimir o mesmo volume de gás. A
capacidade dos sopradores centrífugos diminui em
altas temperaturas, e o projeto adequado exige que
o tamanho do soprador seja avaliado na
temperatura operacional máxima esperada.

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convencional, sopradores de múltiplo estágio


utilizam um número de hélices em série para
aumentar a pressão de descarga do gás. Nessa
configuração, uma saída variável pode ser
alcançada através da instalação de uma válvula de
controle na entrada do soprador ou através da
utilização de um dispositivo de variação de
velocidade no motor do soprador. A redução da
rotação de sopradores centrífugos de múltiplo
estágio é limitada, porque sua curva é plana
conforme a saída se aproxima do ponto de
oscilação (pico) conforme mostrado na figura 9.14.
A figura 9.14 mostra curvas de desempenho típicas
de sopradores centrífugos de múltiplo estágio
contendo um dispositivo de variação de rotação.
Observe a proximidade da linha de controle anti-
surto ao limite de pico previsto. As curvas de
desempenho tornam-se bastante planas à medida
que a capacidade é reduzida em direção à linha de
pressão de pico, criando uma zona de instabilidade
potencial. É importante garantir que a linha de
controle anti-surto (anti-oscilação) esteja
localizada suficientemente longe da linha de pico
prevista para manter a operação estável. A
localização da linha anti-surto identifica a redução
de rotação mínima do soprador.

Os sopradores centrífugos de simples estágio


dependem de uma única hélice para desenvolver a
pressão de descarga e o volume de vazão de ar
necessários. Existem vários sopradores centrífugos
de simples estágio. As diferenças nas várias
configurações incluem os motores acionados por
frequência variável (AFV) versus motores de
velocidade constante, ou o uso de palhetas-guia de
entrada e palhetas difusoras de saída. Os
sopradores centrífugos de simples estágio
Figura 9.15. Esquema de um soprador centrífugo de normalmente operam a uma rotação (rpm) muito
múltiplo estágio (topo) e um exemplo de um soprador mais alta do que os sopradores de vários estágios e,
centrífugo de múltiplo estágio em operação em uma geralmente, há uma caixa de engrenagens (caixa de
grande planta de tratamento de esgoto (segunda de cima velocidades) para aumentar a rotação da hélice.
pra baixo). As duas abaixo são uma unidade similar, mas
durante manutenção. O soprador centrífugo de simples estágio tipo
turbo, ou de acionamento direto, é relativamente
Um típico soprador centrífugo de múltiplo novo e utiliza uma hélice muito similar à hélice do
estágio é mostrado na figura 9.15. Sob operação soprador de simples estágio com engrenagem

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integrada. Eles são referidos como de acionamento


direto porque a hélice é conectada diretamente ao
eixo da armadura do motor. Eles também são
referidos como “turbo de alta rotação” porque sua
velocidade rotacional é muito alta (tão alta quanto
70.000 rpm). Por causa da alta velocidade
rotacional, equipamentos especializados como
AFV de alta rotação, um filtro EMC, um filtro
harmônico e um filtro sinusoidal, rolamentos
especiais, etc., tornam-se necessários para o pacote Figura 9.16 Soprador tipo turbo de alta rotação ou de
completo do soprador. Esses sopradores foram acionamento direto.
introduzidos no mercado na virada do século.
Sopradores centrífugos de simples estágio e
acionamento direto são fabricados em duas Um soprador de simples estágio com
configurações. Devido a forma como o motor e a engrenagem integrada depende de uma caixa de
hélice estão intimamente integrados, os sopradores engrenagens localizada entre o motor de
de acionamento direto são ideais para instalações acionamento e o soprador para aumentar a
que necessitam de um único pacote integrado de velocidade da hélice especialmente projetada para
fornecimento. fornecer a vazão de ar e pressão de descarga
necessárias. A caixa de engrenagens e a hélice são
A figura 9.16 mostra uma configuração projetadas com base em condições específicas de
horizontal utilizando rolamentos de aerofólio. Uma vazão de ar, pressão de descarga, temperatura e
vez que usa vazão de ar para suspender o eixo do umidade relativa do ar de entrada. A Figura 9.17
rotor, o tipo de rolamento aerofólio não é uma boa mostra uma vista em corte de um soprador com
escolha para aplicações que requerem paradas e engrenagem integral mostrando o caminho da
partidas frequentes. Na verdade, este é o rolamento vazão de ar através das palhetas-guia de entrada, na
das turbinas de aviões a jato, por isso as aeronaves hélice, e através das palhetas difusoras de saída
em aeroportos não usam a energia da turbina (para para o tubo de descarga. O soprador opera sob uma
evitar o desgaste do eixo). Uma outra opção é velocidade de rotação fixa e sistema de controle
utilizar rolamentos magnéticos permanentes. A complexo que varia continuamente o ângulo da
capacidade desses sopradores é atualmente entrada e das palhetas-guia, permitindo uma vazão
limitada em aproximadamente 200 kW pela variável e eficiência relativamente alta, mesmo
indústria de rolamentos e pelo peso da armadura. durante a redução de sua rotação.

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Figura 9.17 Sopradores centrífugos de simples estágio com engrenagem integrada. No topo à esquerda: Bateria do soprador;
no topo à direita: detalhe da entrada em exibição com o servomotor operando as palhetas-guia à esquerda da entrada; inferior
esquerdo: detalhe das aletas de entrada; canto inferior direito: detalhe das palhetas-guia de descarga.

comprimem volumes discretos de ar em trânsito


9.1.4.2 Sopradores de Deslocamento através das cavidades de engrenagens ou rotores
Positivo acoplados de dois ou três lóbulos. Os desenhos a
Os sopradores de deslocamento positivo (DP) seguir ilustram o conceito (figura 9.18). Devido a
produzem ar comprimido sob capacidade constante natureza discreta do processo, sopradores DP não
e variando a pressão. Os sopradores DP são tão eficientes quanto os centrífugos, mas
podem atingir altas pressões de saída para uma

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mesma taxa de vazão de ar. Também, a vazão pode


ser variada pela variação da velocidade do soprador
DP. A desvantagem desse tipo de soprador é o
barulho produzido pela compressão, normalmente
reconhecida como um barulho alto de batida.

Figura 9.18 Esquema de um soprador de deslocamento


positivo.
Como já mencionado, os sopradores DP não
são perfeitos e inevitavelmente ocorrem perdas
reduzindo a eficiência. As perdas em sopradores de
deslocamento positivo ocorrem quando o ar sob
pressão escapa ao redor dos lóbulos e entre o
revestimento e os lóbulos. Figura 9.19 Soprador de deslocamento positivo tipo
lóbulo rotativo.
O típico soprador de lóbulo rotativo, conforme
mostrado na Figura 9.19, consiste em duas hélices
simétricas que giram em direções opostas em um
espaço fechado, movendo o gás da entrada para a
saída. A rotação dos lóbulos não comprime o gás.
A pressão é gerada restringindo a descarga do gás
da máquina.

Semelhante ao soprador de lóbulo rotativo, o


parafuso rotativo consiste em dois eixos helicoidais
girando em direções diferentes em um espaço
fechado. O volume da cavidade entre os dois eixos
diminui progressivamente, resultando em um
aumento na pressão e diminuição na capacidade de
descarga da entrada para a saída do invólucro
(carcaça) do soprador. Em contraste com o
soprador DP tradicional, os parafusos rotativos
operam em modo contínuo (não discretamente) e
são de fato uma tecnologia híbrida entre os DP e os
centrífugos.

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9.1.5 O ‘elefante na sala’: Processos com a maioria dessas instalações estão situadas em áreas
Oxigênio Puro - POP populosas e tendem a ser instalações de grandes
processos. Na configuração mais comum, de 3 a 5
O processo de lodo ativado com oxigênio puro reatores são utilizados em série para garantir uma
(LAOP, Figura 9.20) envolve a utilização de alta utilização do oxigênio aplicado. Estações
oxigênio puro em reatores de estágio coberto ao maiores normalmente terão vários trens paralelos
invés de difusores de ar ou aeradores mecânicos em de reatores. O processo foi introduzido e
tanques descobertos. O processo foi desenvolvido desenvolvido pela Union Carbide Corporation.
para combater a necessidade de expansão da planta Para conhecer a história da tecnologia e seu
em termos de capacidade quando encontram-se desenvolvimento, veja o livro do inventor do
presentes questões físicas da instalação. Portando, processo (McWhirter, 1978).

Figura 9.20 Típico processo de lodo ativado com oxigênio puro. Os reatores em série são cobertos enquanto os decantadores
secundários são abertos para a atmosfera.

A adoção dessa tecnologia atingiu sua Os processos LAOP são quase que
maturidade uma geração atrás (no meio da década exclusivamente eficientes para remoção de
de 1980). A idade dessas instalações, combinada DBO5,20, sendo isso um desafio quando requisitos
com o aumento dos custos de energia e o aumento de remoção de nutrientes são colocados para a
no interesse pela remoção/recuperação de instalação. Tradicionalmente, estações com OP que
nutrientes, impôs uma questão sobre o que fazer necessitavam de nitrificação foram construídas
quando nos aproximarmos do final de sua vida útil. como duas estações em série com decantadores
Uma grande porção, se não a maior parte da vazão secundários entre os dois estágios. Além disso, se a
de esgoto dos Estados Unidos é recebida em um água de reuso tornar-se uma parte integrante do
pequeno número de instalações do tipo LAOP. portfolio do sistema de abastecimento de água em
Mais importante, aproximadamente um terço da várias áreas, alterações nas estações LAOP estarão
vazão de esgoto dos Estados Unidos é administrada no horizonte e o futuro dessas estações LAOP
por 47 estações maiores que 100 MGD (Metcalf & necessita ser repensado para resolver os seguintes
Eddy, 2014), muitas delas localizadas em áreas problemas:
costeiras (por exemplo Nova Iorque, Boston,
Philadelphia, Los Angeles, São Francisco, Miami, • Os arranjos das tubulações para aplicação de
Seattle, etc.). Na verdade, dado o pequeno número gás oxigênio dos reatores de estações com OP
de estações LAOP e seu tamanho relativamente também retém escuma. Para combater esse
grande, a análise de um pequeno número de problema, estações com OP são geralmente
estações pode impactar um grande número de operadas com idade do lodo muito baixa a fim
pessoas atendidas em uma escala continental. de permitir a lavagem pelo sistema de

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organismos espumantes. Idade do lodo na faixa solução seria aumentar o volume do reator, o
de 1 a 2 dias são comuns em estações com OP. que pode não ser possível.
• Baixa idade do lodo previne a nitrificação, que • As instalações de geração de oxigênio de
geralmente não é necessária para grandes muitas estações com OP estão no final de sua
estações localizadas em áreas costeiras. vida útil e precisam ser recuperadas, o que
Quando a nitrificação é praticada em estações demandará capital e uma dependência contínua
com OP, com o aumento da idade do lodo, pode dessa tecnologia. Avanços recentes na
ser necessário o ajuste do pH no sistema. Os tecnologia de oscilação da pressão a vácuo
reatores fechados de estações com OP podem moderar esse problema, uma vez que
previnem o stripping de dióxido de carbono esta nova tecnologia é talvez duas vezes mais
com baixos valores de pH. É comum observar eficiente do que as tecnologias anteriores de
pHs de 6,0 no efluente de reatores de estações geração de oxigênio.
com OP, que reduz as taxas de nitrificação e • A simples conversão de aeradores de superfície
pode causar corrosão excessiva. Será também em difusores de poros finos em estações com
necessário desenvolver novos procedimentos OP não é viável com os equipamentos
para reduzir o intumescimento do lodo. existentes. A operação com OP não é
• A operação sob baixa idade do lodo usualmente compatível com as tubulações do sistema de
produz um efluente que não é adequado para aeração e difusão existentes. Uma nova geração
água de reuso, devido a alta concentração de de difusores de poros finos com materiais
SST e a pobre remoção de contaminantes adequados será necessária. Também, os
emergentes (Leu et. al., 2012). aeradores de baixa rotação utilizados em
• A operação sob baixa idade do lodo e alto estações com OP apresentam altos fatores alfa
cisalhamento nos reatores geram outros (0,8) sob baixa idade do lodo. Os difusores de
desafios na separação dos sólidos, devido ao poros finos teriam fatores alfa muito mais
pobre adensamento do licor misto e elevado baixos (~ 0,4) para idades do lodo baixas.
volume de lodo de excesso (por exemplo baixa
concentração de SSRB – sólidos em suspensão
no reator biológico).
• O consumo de energia de estações com OP
pode ser maior que de estações aeradas.
Inicialmente quando as estações com OP foram
introduzidas, elas eram mais eficientes
energeticamente que as estações aeradas devido
ao fato de que as estações aeradas utilizavam
sistemas de aeração do tipo de bolhas grossas
com trajetória em espiral. Entretanto, com o
surgimento dos difusores de poros finos e sua
instalação preenchendo completamente o piso Figura 9.21 Ilustração de alguns desafios enfrentados por
do tanque, a situação se inverteu. processos de LAOP para três estações amostradas.
• Será difícil converter estações com OP em
estações aeradas devido a alta TCO que a Um processo bem controlado atinge de 70 a
operação de estações com OP suporta. A TCO 80% de utilização do oxigênio pela bactéria, o que
do primeiro reator pode ser tão alta quanto 150 significa que de 20 a 30 % do oxigênio gerado está
mg/L.h que está bem acima da máxima TCO sendo desperdiçado. Na verdade, as previsões
praticada por sistemas eficientes de difusores originais da Union Carbide de desempenho ideal,
de poros finos, na ordem de 80 mg/L.h. Uma atingindo ~ 90% de utilização de oxigênio,

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raramente foram alcançadas. Entretanto, os A uniformidade da suspensão de lodo ativado,


engenheiros da Estação de Controle de Poluição de portanto, de sua atividade biológica, é determinada
Água à Beira-mar de São Francisco planejaram pelas condições de mistura (Rosso, 2018).A
uma estratégia de controle mais eficiente para redução na eficiência de conversão devido ao
atingir 100% de utilização do oxigênio fornecido curto-circuito pode ultrapassar 50% (Ahnert et al.,
para o processo (Miot et al., 2016). 2010), enquanto as zonas mortas correspondentes
podem chegar a 10-20% do volume do tanque (De
Como muitas dessas instalações estão Clercq et al., 1999). A mistura é essencial para
chegando ao fim de sua vida útil, a questão em atingir os seguintes objetivos: (i) manter o licor
aberto sobre seu futuro torna-se cada vez mais misto em suspensão e garantir que todo o volume
importante. No entanto, cada caso está sendo da zona seja utilizado; (ii) misturar diferentes
tratado através de um desenho base específico para fluxos de alimentação para produzir uma suspensão
cada local com base neste conjunto de opções homogênea; (iii) encorajar a floculação do licor
tecnológicas: misto; e (iv) evitar curto-circuito.
• Conversão de instalações de LAOP para
estações aeradas, caso se tenha área disponível. Geralmente, a mistura pode ser classificada
• Descomissionamento das instalações de de acordo com sua duração. A primeira é rápida
geração de oxigênio no local e substituição por (<30 s) e é usada onde a mistura é necessária, como
suprimento de oxigênio por fornecedor externo. quando um produto químico é adicionado ao
• Converter parcialmente ou totalmente para um efluente ou licor misto (ou seja, adição de
processo atmosférico. O stripping de dióxido de coagulantes para floculação, polímeros para
carbono no final dos reatores de estações com desidratação, hipoclorito para desinfecção, etc.) ou
OP tem sido utilizado com sucesso por quase diferentes fluxos de licor mistos são combinados
20 anos para aumentar o pH do efluente. (isto é, lodo de retorno, vazões internas de
• Intensificar a incorporação de tecnologias no recirculação e vazão principal). A mistura rápida
estado da arte (por exemplo, processos foi amplamente estudada e modelada (Rosso,
“ballasted”, processos baseados em biofilmes). 2018). Detalhes, características do equipamento e
• Nitrificar e denitrificar em processos com OP outros exemplos usados em instalações de
modificados. tratamento de esgoto para mistura rápida podem ser
• Adicionar um processo de nitrificação e encontrados em manuais técnicos e em Metcalf &
denitrificação após o processo com OP. Eddy (2014). No entanto, o tipo de processo de
mistura que é menos compreendido e certamente
Na época em que este livro foi escrito, não mais difícil de caracterizar e modelar é a mistura
havia diretrizes claras sobre como abordar o
contínua (ou suave). Isso não pode ser desacoplado
assunto sistematicamente. Várias grandes estações
de LAOP na América do Norte estão avaliando das taxas de reação microbiana observadas e
alternativas e desenvolvendo maneiras de nitrificar governa dois processos-chave que aceleram a
e denitrificar. conversão biológica: floculação (formação de
agregados ou flocos microbianos) e manutenção de
9.2 SISTEMA DE MISTURA EM LODO sólidos em suspensão. Embora alguns
ATIVADO pesquisadores tenham sido tentados a distinguir os
dois, eles são semelhantes na maioria das
Em estações de tratamento de esgoto, a aeração aplicações, visto que os sólidos precisam ser
fornece oxigênio e mistura. No entanto, devido à mantidos em suspensão para que a floculação
hidrodinâmica da planta, as condições do processo ocorra (Pretorius et al., 2015).
nas bacias de aeração podem variar
significativamente ao longo do volume do tanque.

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A mistura e aeração de tanques de lodo ativado loco proposta por Barnard et al. (2017). As
são processos intensivos que consomem muita condições de mistura incompleta visam permitir
energia, portanto, tornou-se importante otimizar o que mantas de sólidos se desenvolvam no piso das
equipamento de mistura (Füreder et al., 2018; zonas não-aeradas, desencadeando condições
Sharma et al., 2011). Enquanto a aeração pode anaeróbias na manta e promovendo processos
representar cerca de 50-75% do consumo total de relacionados à fermentação, que transformam o
energia de uma ERAR (Reardon, 1995; Rosso e carbono orgânico complexo em carbono orgânico
Stenstrom, 2005; WEF, 2009), alguns autores mais facilmente biodegradável e disponível. Deve-
mostraram que a mistura consome 5-20% (Füreder se ter cuidado ao explorar essas configurações,
et al., 2018; Krampe, 2011). Além disso, até três devido aos efeitos secundários da fermentação
quartos dos tanques apresentam potencial de excessiva (Barnard et al., 2017).
otimização em termos de consumo de energia
(Füreder et al., 2018). Portanto, o estudo e a 9.2.1 Quantificação e projeto de sistemas
otimização da mistura caminham lado a lado com de mistura
qualquer esforço para diminuir a intensidade
energética e aumentar a sustentabilidade do A abordagem conservadora tradicional de
processo de tratamento. superdimensionar sistemas de mistura durante a
fase de projeto pode ter grandes desvantagens
A aeração é em geral não desacoplada da (Pretorius et al., 2015). Isso inclui capital
mistura, mesmo se são utilizados aeração excessivamente gasto em equipamentos e muita
superficial ou difusores de ar. A liberação de um energia usada durante toda a vida útil do
fornecimento contínuo de bolhas satisfaz a misturador, desperdiçando recursos e energia e
demanda de oxigênio, mas também mantém as impactando negativamente o meio ambiente. Além
condições de mistura dentro do reator, o que ajuda disso, a mistura excessiva em zonas anaeróbias ou
a garantir que o substrato correspondente (isto é, anóxicas pode levar à entrada de ar, impactando
DQO, NO3-, AGVs, etc.) esteja em contato com negativamente o desempenho do seletor e a
microrganismos. No entanto, desacoplar a aeração qualidade do efluente, especialmente em sistemas
da mistura pode ter vantagens, mas em tais casos a de remoção biológica de nutrientes (RBN). Além
zona não aerada deve ser fornecida com o mínimo disso, a estrutura do floco de licor misto pode ser
de mistura. Fornecer apenas mistura sem aeração danificada, incentivando a quebra do floco e
pode ser feito de duas maneiras. O mais óbvio é por impactando negativamente a sedimentação do lodo
meios mecânicos, geralmente com hélices. Existe a (Rosso, 2018). Finalmente, Barnard et al. (2017)
opção de empregar equipamento movido a ar para afirmaram que misturadores de tamanho
fornecer mistura, mas deve-se tomar cuidado para excessivamente conservador muitas vezes inibem a
evitar a transferência de oxigênio (por exemplo, fermentação de DQO rapidamente biodegradável -
misturando zonas anóxicas com difusores de bolha DQOrb em zonas anaeróbias devido à aeração
grossa, a la Neethling?). O advento de dispositivos acidental, limitando assim o potencial de remoção
mecânicos que podem fornecer transferência e biológica de fósforo ‘P’. Todas essas desvantagens
mistura de oxigênio (por exemplo, aerador / sublinham a importância de um projeto adequado
misturadores hiperbólicos) fornece a oportunidade para o equipamento de mistura.
de ajustar zonas aeradas, oscilantes e intermitentes
com apenas uma unidade de equipamento. Garantir as condições de mistura adequadas
requer uma quantificação do nível de mistura. No
Às vezes, limitar ou reduzir as condições de entanto, a questão de como quantificar a
aeração e mistura pode fornecer remoção “suspensão homogênea” em tanques de aeração é
aprimorada de nutrientes, como a fermentação in objeto de um debate contínuo, pois outros autores

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definiram diferentes benchmarks para essa principalmente ao ruído de medição (ou erro) de
condição (Rosso, 2018). Os métodos propostos sondas OD nessa baixa faixa de operação. Outros
para quantificar a eficácia da mistura podem ser fatores, como taxas de conversão biológica,
divididos em dois grupos: tradicionais e concentrações de substrato, concentração de vários
computacionais (CFD). Na maioria dos projetos, as aceptores de elétrons, etc. também afetam a
condições fictícias de mistura completa são ocorrência de reações anóxicas ou anaeróbias.
geralmente assumidas (Stamou, 2008), mas na
realidade fatores podem impactar essa “mistura boa Uma abordagem promissora no monitoramento
ou completa” teórica no processo de lodo ativado. da mistura é o mapeamento do tanque usando
Mesmo que algumas regras práticas comuns medições da taxa de consumo de oxigênio (TCO).
indiquem os requisitos mínimos de ar para fornecer A TCO é um indicador da atividade da biomassa
boas condições de mistura (Metcalf e Eddy, 2013; (mgO2/L.h) e pode se tornar uma técnica
Pretorius et al., 2015), nenhuma delas pode assumir importante na avaliação da distribuição das reações
o impacto de outros fatores. biológicas que ocorrem no tanque de aeração. O
cálculo e mapeamento correspondente da
É comumente aceito que a necessidade de ar distribuição da atividade microbiana pela TCO
para garantir uma mistura eficaz varia de 1,2 a 1,8 pode detectar as áreas onde a biomassa em
m3/h.m3 de volume do tanque, e que os requisitos suspensão está recebendo menos carga devido a
típicos de energia para manter um regime de fluxo problemas hidrodinâmicos/mistura. Essas medidas
completamente misturado com aeradores de TCO ajudarão a identificar as áreas onde os
mecânicos variam de 13 a 26 W por m3 do volume valores são mais baixos do que o esperado em
do tanque (Karpinska et al., 2016). No entanto, comparação com áreas vizinhas ou experiências
como mencionamos, nenhuma dessas premissas anteriores. No entanto, devemos esclarecer a
considera o impacto da hidráulica do tanque (seção principal limitação desta abordagem, que consiste
transversal, profundidade ou presença de na sua bidimensionalidade. As bolhas coletadas
defletores), entrada de energia ou qualquer outra representam a média dos fenômenos de
variável que possa afetar a mistura. transferência de gás ao longo da lâmina d'água, não
havendo mapeamento de profundidade quando as
Um dos métodos mais comuns usados para bolhas são coletadas na superfície. Em teoria, o off-
quantificar a mistura é o mapeamento do gas poderia ser coletado abaixo da superfície,
Coeficiente de Variação (CoV) da concentração de permitindo assim o mapeamento em 3-D, mas as
sólidos, OD ou TCO. O método CoV pode ser limitações práticas de empurrar a campânula de gás
usado não apenas para sólidos totais em suspensão em profundidade, combinadas com a menor
(SST), mas também para outros parâmetros-chave, transferência de gás em profundidades mais baixas
desde contaminantes (ou seja, DBO5,20, nitrito e (enquanto o erro do instrumento permanece
nitrato) até indicadores de processo, que podem inalterado por profundidade), limitam severamente
trazer informações úteis sobre as condições de esta abordagem. O mapeamento da TCO via off-
homogeneidade existentes. Além disso, o uso da gas depende da coleta do off-gas na superfície, o
medição de OD como indicador de mistura também que significa que apenas as bolhas que atingem a
pode apresentar algumas limitações, superfície no ponto de coleta são capturadas pelo
principalmente em relação aos baixos valores de analisador. Essas bolhas podem ter sido geradas
OD. Valores baixos de OD (isto é, OD<0,5 mg/L) abaixo da campânula de off-gas ou em sua
são difíceis, se não impossíveis, de utilizar para vizinhança (especialmente a montante, devido à
definir as condições reais de oxigênio (aeróbio, velocidade média do líquido). Portanto, a incerteza
anóxico, anaeróbico) e certamente para diferenciar de amostragem é inerentemente incorporada a essa
entre os metabolismos anóxico e anaeróbio, devido medição. A Figura 9.22 foi criada para mostrar dois

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perfis típicos de TCO em tanques de aeração hidrodinâmica que estão diminuindo o espaço
(Hodgson et al., 2019). Pode-se ver como o reativo ou funcional dentro do tanque.
mapeamento da TCO revela potenciais atalhos na

Figura 9.22 Mapeamento da TCO. A figura superior esquerda mostra a posição correspondente da campânula de off-gas
implantada para realizar as medições (OTE, %). O eixo X corresponde ao comprimento do tanque de aeração, o eixo Y à TCO
(mgO2/L.h) e Z à largura de passagem do reator. Observe o gradiente visível ao longo da largura do reator.

Nos últimos anos, o uso da Dinâmica de Fluidos ASM não está disponível. Apesar de buscar
Computacional (CFD), que combina análise CFD e resultados mais confiáveis do que os obtidos a
taxas de reação biológicas, vem evoluindo (Fayolle partir do ASM único, essa abordagem depende do
et al., 2007; Karpinska et al., 2016) e tentativas trade-off entre um modelo que pode ser
estão sendo feitas para superar suas limitações implementado e executado em um prazo realista,
atuais (Amaral et al., 2019; Karpinska et al., 2016). e a extensão das simplificações e a precisão da
Potenciais possibilidades de acoplamento dos solução, o que pode levar a uma série de erros de
dados CFD com códigos baseados em ASM foram saída.
exploradas para gerar um modelo adequado de
tanque em série, onde o modelo biocinético pode
ser implementado (Karpinska et al., 2016). No
entanto, até o momento, um modelo CFD capaz de
modelar um sistema de três fases acoplado a um

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9.2.2 Equipamentos de Mistura Hélices rotativas podem induzir fluxo tanto na


direção radial quanto na axial (Figura 9.23).

Ambos

Figura 9.23 Esquemático de padrões de fluxo e imagem de diferentes hélices misturadoras.

Em aplicações de tratamento de esgoto, as difíceis de se manter livres de vazamentos, devido


hélices de fluxo axial são mais comumente a uma combinação de manutenção deficiente e
utilizadas. O fluxo axial pode ser para frente (longe características de fabricação.
do eixo através do qual a hélice é alimentada) ou
para trás. O principal exemplo de fluxo inverso
seriam hélices verticais de bombeamento
ascendente. A principal exceção ao fluxo axial
seria o misturador hiperbólico (Figura 9.24) que é
projetado para induzir o fluxo radialmente de uma
hélice vertical, especificamente ao longo do piso de
uma zona de mistura. Hélices verticais flutuantes
também podem ser utilizadas para evitar requisitos
estruturais. As hélices horizontais, por outro lado,
geralmente necessitam de motores submersos, uma
vez que as hélices de penetração na parede
raramente são utilizadas na área de tratamento de
esgoto. Os motores submersos provaram ser

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propósito de promover tanto a nitrificação quanto a


denitrificação foi aparentemente investigado pela
primeira vez na planta Avenida 91, em Phoenix no
Arizona (Stensel et al., 1994). Nos anos seguintes,
a nitrificação-denitrificação simultânea tem se
mostrado viável. Em tais sistemas, a necessidade de
aeração de baixo nível, mantendo uma suspensão
homogênea de licor misto, é óbvia.

A mistura de ar é normalmente empregada em


canais para transportar licor misto de bacias de
aeração para decantadores secundários. Diferentes
pesquisadores encontraram níveis de potência
ideais ligeiramente diferentes entre eles, e é
recomendado projetar taxas de vazão de ar
ajustáveis, permitindo aos operadores ajustar o
nível exato de potência ideal para um determinado
sistema (Pretorius et al., 2015). Um teste simples
para verificar a eficácia do uso de ar para misturar
zonas não aeradas é jogar um medidor de lodo no
reator, coletar amostras e fazer uma observação
Figura 9.24 Figuras de um misturador hiperbólico visual sobre a formação de uma manta de lodo no
implantado em uma ETE e instalado acima da malha de reator.
difusores existente.

A mistura a ar é outra opção, que inclui todos 9.3 FATORES QUE AFETAM A
os sistemas de aeração por bolhas. Muitos sistemas TRANSFERÊNCIA DE OXIGÊNIO
de bolhas finas são projetados para manter uma
certa vazão de ar mínima, considerado o limite de Diferentes fatores impactam a transferência de
mistura. Muitos difusores movidos a ar são oxigênio em sistemas de aeração, desde o ambiente
projetados especificamente para induzir vazão da até o processo. Nas seções a seguir, o estado da arte
massa líquida, em particular difusores grandes e de a cerca dos fatores que afetam a transferência de
bolhas grossas, mas também alguns misturadores oxigênio é apresentado. Por exemplo,
de bolhas finas, por exemplo, quando utilizados em características relacionadas aos difusores, como o
configurações de trajetória em espiral. Os tipo, profundidade de instalação, distribuição,
misturadores pneumáticos têm a vantagem de tempo em operação, e vazão de ar influenciarão a
distribuir a mistura por toda a coluna de água sem capacidade do sistema de transferir ar na forma de
mover as partes abaixo da superfície do líquido. O oxigênio dissolvido. Similarmente, características
principal benefício de um misturador de ar é que o dos reatores aeróbios como profundidade, volume
efeito da potência de mistura é distribuído e tipo do reator, assim como condições
verticalmente por toda a coluna de água desde o operacionais como tempo de retenção celular ou
ponto de liberação até a superfície. Entretanto, a idade do lodo, processo de remoção de nutrientes,
principal preocupação com o uso de misturadores turbulências, composição do esgoto e fouling
de ar em zonas não aeradas é a transferência (incrustação biológica) influenciarão a
acidental de oxigênio. O conceito de aerar transferência de massa de oxigênio (Eckenfelder Jr
intencionalmente uma zona anóxica com o et al., 1956; Groves et al., 1992; Henkel, 2010). No

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entanto, a transferência de oxigênio também pode oxigênio (Rosso e Stenstrom, 2007). O aumento na
ser afetada por outros fatores que podem ser demanda de oxigênio é parcialmente ou mais do
controlados ou previstos como a temperatura, que compensado pela economia produzida pela
pressão barométrica, salinidade ou pressão da maior eficiência de transferência, para processos
coluna de água. localizados em regiões de clima quente.

9.3.1 Idade do Lodo Além dessas vantagens, há evidências


crescentes de que processos operando com idade do
A variável de processo mais importante que afeta a lodo mais alta são mais eficientes na remoção de
eficiência da aeração no sistema de lodo ativado é compostos antropogênicos, como produtos
o tempo médio de retenção celular, ou idade do farmacêuticos (Göbel et al., 2007; Soliman et al.,
lodo. A idade do lodo está diretamente relacionada 2007). Estudos relataram taxas de remoção de até
à concentração de biomassa e determina a demanda 90% para o desregulador endócrino 17a-
de oxigênio. A eficiência da aeração e os fatores α etinilestradiol (EE3) em uma ETE que foi
são maiores em sistemas com idade do lodo mais reformada para atender a remoção de nutrientes
alta. Os processos biológicos de remoção de com o sistema operando com idade do lodo de 11-
nutrientes, operando com idade do lodo maiores, 13 dias (Andersen et al., 2003). A operação com
melhoraram a eficiência da aeração. Além disso, os idade do lodo mais alta para aumentar a remoção
seletores anóxicos e anaeróbios em estações com de residuais orgânicos se tornará mais importante à
remoção de nutrientes têm efeitos benéficos que medida que a água de reuso se tornar mais
vão além da remoção de nutrientes ou de melhores amplamente praticada.
características de sedimentação. Ao utilizar o
carbono prontamente disponível do esgoto, eles
removem mais rapidamente os surfactantes, que
têm o impacto mais dramático na redução da
transferência de oxigênio.

Estudos de literatura (Rosso e Stenstrom, 2005;


USEPA, 1989) mostraram que a eficiência de
transferência de oxigênio é diretamente
proporcional à idade do lodo, inversamente
proporcional à vazão de ar por difusor e
diretamente proporcional aos parâmetros
geométricos (submergência do difusor, número e
área superficial dos difusores). A Figura 9.25
ilustra esse conceito. A idade do lodo determina a
necessidade líquida de oxigênio e se relaciona com
o grau de tratamento e remoção de contaminantes Figura 9.25 Efeito da idade do lodo no fator α e na 𝛼SOTE.
que reduzem a transferência de oxigênio. Os Áreas sombreadas apresentam intervalos com 95% de
sistemas com idade do lodo mais alta removem ou confiança.
absorvem os surfactantes no início do processo, o
que melhora a eficiência média de transferência de 9.3.2 Função dos seletores biológicos
oxigênio. O efeito líquido do aumento da idade do
lodo é aumentar a demanda de oxigênio, aumentar Quase todos os novos projetos de processo de lodo
a remoção de compostos orgânicos biodegradáveis ativado utilizam seletores biológicos, anóxicos ou
e aumentar a eficiência global de transferência de anaeróbios. O benefício dos seletores é a redução

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no número de organismos filamentosos (Harper e


Jenkins, 2003), o que melhora o índice volumétrico
de lodo (IVL) e reduz a probabilidade de
intumescimento do lodo e a formação de mantas de
lodo nos decantadores secundários (Schuler e Jang,
2007). Um estudo pesquisou 21 estações com
seletores anóxicos e anaeróbios, relatando que
todas as estações apresentaram melhora após a
instalação do seletor (Parker et al., 2003). Entre as
estações com seletores anóxicos, 70%
apresentaram índice volumétrico de lodo (IVL)
inferior a 200 mL/g. As estações que utilizavam
seletores anaeróbios foram ainda melhores e mais
de 90% delas tiveram IVLs inferiores a 150 mL/g.
Martins et al. (2004) relataram resultados Figura 9.26 Visão esquemática do papel dos seletores na
semelhantes e concluíram que uma melhor via e destino de DQO rapidamente biodegradável
operação é alcançada se o primeiro estágio for (contendo surfactantes). O gráfico mostra a prova das
anaeróbio. Foi relatado que a atividade de diferentes eficiências do processo. Os pontos de dados no
organismos acumuladores de fósforo (PAO) gráfico foram medidos em uma estação de tratamento
aumenta mesmo quando operando um seletor com duas linhas independentes de lodo ativado e
estritamente anóxico, com os PAO melhorando a decantadores secundários, tratando o mesmo efluente.
estrutura do floco e a densidade da biomassa
(Tampus et al., 2004). A Figura 9.27 mostra os resultados de uma
pesquisa de muitas ERARs testadas quanto à
Uma vantagem dos seletores é a remoção ou eficiência de transferência de oxigênio de seus
adsorção de uma fração da carga carbonácea, ou sistemas. Os difusores testados eram de todas as
seja, a DQO rapidamente biodegradável (DQOrb). marcas e modelos e operavam por períodos de
Isso é ilustrado na Figura 9.26. A DQOrb é tempo muito variáveis (desde novo a mais de 5
parcialmente composta por surfactantes, que são anos). Nesta figura definimos os difusores como
normalmente descarregados como ácidos graxos, ‘NOVOS’ quando instalados a menos de um mês,
óleos, sabões e detergentes. Os surfactantes, devido ‘USADOS’ quando em operação entre 2 e 24
à sua natureza anfifílica, acumulam-se na interface meses, ‘ANTIGOS’ quando em operação por mais
ar-água das bolhas ascendentes, reduzindo a de 24 meses, e ‘LIMPOS’ para aqueles que foram
eficiência da transferência de oxigênio. A remoção limpos a menos de um mês. Agrupamos os dados
do DQOrb pode melhorar a eficiência da por tipo de processo, ou seja, apenas remoção de
transferência de oxigênio, o que reduz os custos DBO (ou seja, convencional), apenas nitrificação e
operacionais com aeração (Rosso e Stenstrom, ND (nitrificação e denitrificação). Cada ponto no
2006a, 2007). gráfico é a média ponderada da vazão de ar de um
teste ‘off-gas’ em um tanque de uma ERAR.

A primeira observação é que para cada cluster


de dados a dispersão é ampla: os alfas sempre
variam ±0,1, indicando uma alta variabilidade entre
os locais e os tempos de operação. No entanto, se
olharmos para as médias e barras de erro, há uma
clara tendência de alta. De fato, os processos

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convencionais devem ser operados na extremidade idade do lodo é a mesma apenas para nitrificação e
inferior de idade do lodo, o processo ND para processos ND, a única diferença parece ser a
(nitrificação e denitrificação) se beneficia de uma presença de seletores anóxicos.
idade de lodo mais longa. Além disso, a faixa de

Figura 9.27 A) Eficiência de Transferência de Oxigênio Padrão para estações selecionadas operando com diferentes
configurações; B) A evolução dos fatores α ou αF para estações selecionadas operando com layouts diferentes. As etiquetas
referem-se ao status do difusor: NOVO (até 1 mês de instalação), USADO (entre 1 e 24 meses de operação), ANTIGO (mais de
24 meses de operação) e LIMPO (até 1 mês de um evento de limpeza). Observe o aumento em α ou αF com o aumento da
Idade do Lodo e o aumento adicional devido aos seletores anóxicos (a Idade do Lodo média para sistemas com apenas N,
nitrificação, e ND, denitrificação, é a mesma).

Os processos de alta taxa, caracterizados por


uma idade de lodo muito baixa (por exemplo, o
estágio A no processo A/B), podem ter uma faixa
de fatores alfa que não é uma extrapolação linear
descendente da tendência visível na Figura 9.28
(Rosso e Al- Omari, 2019).

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bolhas de diâmetros maiores. Consequentemente,


essas bolhas maiores resultam em uma área
interfacial menor. Portanto, à medida que a vazão
de ar por difusor aumenta, o desempenho em água
limpa da SOTE diminui (Warriner e Brenner;
USEPA, 1989). A razão de uma maior vazão de ar
em uma planta é o aumento da demanda de
oxigênio, que corresponde a maiores concentrações
de contaminantes que reduzem o fator alfa.
Portanto, na água de processo, quanto maior a
vazão de ar necessária, menor a SOTE e fatores alfa
devido a maior concentração de contaminantes, que
resultam em uma redução acentuada na αSOTE.

Além disso, o aumento das taxas de aeração


geralmente resulta no aumento da OTR, devido aos
efeitos da turbulência causada pela aeração. Altas
vazões de ar e turbulências de mistura podem
Figura 9.28 Custos e créditos dimensionais e reduzir a profundidade da camada limite,
adimensionais para diferentes configurações de melhorando o coeficiente de transferência de
processo. oxigênio kL e a OTR (Ji e Zhou, 2006; Vogelaar et
al., 2000).
Por essas e outras razões, os seletores anóxicos para
nitrificação/desnitrificação (ND) devem sempre ser
9.3.4 Densidade de difusores
avaliados como alternativa ao tratamento
convencional. Nossa análise anterior (Figura 9.28) Normalmente, espera-se que um aumento na
mostrou que as operações de ND podem ter um densidade de difusores, definido como a área
custo operacional total menor (custos de aeração + coberta pelos difusores em relação à área total do
descarte de lodo - crédito de metano) do que uma piso do tanque, resulte em uma OTE maior. No
estação de tratamento somente com nitrificação ou entanto, existe um valor máximo para a densidade
convencional (Rosso e Stenstrom, 2005). Se o de difusores em que o aumento da SOTE é mínimo
custo operacional do processo convencional for (retornos decrescentes), e isso é determinado pelo
normalizado para 1,00, somente com nitrificação tamanho dos difusores, pela vazão de ar e pelo
terá um custo total de 1,13 e as operações ND terão espaço entre os difusores (USEPA, 1989).
um custo total de 0,88. A operação ND oferece um
crédito de oxigênio devido à sua natureza de Deve-se ter cuidado durante o projeto para
processo e maior eficiência de transferência de evitar uma especificação exagerada de difusores.
oxigênio associada à idade do lodo mais alta. Os Se muitos difusores forem selecionados, com base
dois fatores superam a demanda adicional de em uma análise de custo/benefício que indique que
oxigênio criada pela maior idade do lodo. mais difusores teriam um menor custo global de
energia durante seu ciclo de vida, existe o risco de
9.3.3 Vazão de ar ocorrer uma vazão de ar excessivamente baixa por
difusor. Quando os difusores são operados com
Em difusores de poros finos, a distribuição do vazão de ar excessivamente baixa, a descarga da
tamanho das bolhas está ligada à vazão de ar, sendo bolha pode ser irregular e o licor misto pode não ser
que a maior vazão de ar por difusor resulta em mais bem misturado.

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9.3.5 Profundidade do tanque 9.3.6 Fouling (incrustação biológica),


incrustação química e limpeza dos
A OTE do reator aeróbio aumenta com o aumento difusores
da sua profundidade devido ao maior tempo de
residência das bolhas e à maior pressão parcial de A eficiência de transferência de oxigênio de
oxigênio no momento da formação das bolhas. No difusores de poros finos inevitavelmente diminui
entanto, Wagner e Pöpel (1998) e Gillot e Héduit ao longo do tempo devido a uma combinação de
(2008) mostraram como o fator alfa diminui com o ‘fouling (incrustação biológica)’ e incrustação
aumento da profundidade. À medida que a pressão química (Figura 9.29). Os difusores oferecem um
parcial aumenta com a profundidade do difusor, a habitat único para o desenvolvimento e
pressão de operação do soprador também aumenta. crescimento de biofilme. Tanto o substrato do
No entanto, a Eficiência de Aeração Padrão (SAE) esgoto quanto os produtos microbiológicos
permanece constante, pois o aumento da solúveis (PMS) produzidos pela biomassa
profundidade reflete no aumento do consumo de plantônica no tanque de aeração estão prontamente
energia (USEPA, 1989; WEF, 2009). Quando disponíveis para o biofilme, servindo como
medimos os coeficientes de transferência de gás em substrato para a comunidade microbiana séssil. A
sistemas com tanques profundos, a diferença entre composição microbiana exata e sua extensão
o kLa verdadeiro e o kLa aparente (ou seja, o kLa variam de uma estação de tratamento para outra,
realmente medido) pode ser grande. Pesquisadores pois a formação de biofilme é afetada por variáveis
discutiram esses fenômenos e as correções durante do processo operacional (ou seja, disponibilidade
o período que levou à compilação dos padrões de de substrato solúvel, nível de oxigênio dissolvido,
testes anteriores (Downing e Waste, 1963). A concentração de ferro no licor misto e carga
medida aparente de kLa reflete um desvio análogo orgânica) (Kim e Boyle, 1993; Rieth et al., 1990).
no cálculo dos fatores alfa. A magnitude dos efeitos
é geralmente pequena e muito menor do que o erro
experimental associado ao teste de campo. No
entanto, o caso de tanques muito profundos (> 10
m) ainda não foi resolvido e os testes in loco
continuam sendo a única solução para quantificar
os fatores alfa no momento.

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Figura 9.29 Ilustração da interação do biofilme com as propriedades mecânicas e biomecânicas dos difusores de poros finos,
na superfície do orifício desses difusores, com micrografias mostrando detalhes da estrutura do EPS, fixação do biofilme e os
fenômenos de escamação (adaptado de Garrido-Baserba et al., 2018).

Ao mesmo tempo, a contrapressão (muitas vezes características do orifício (Kaliman et al., 2008).
chamada de pressão úmida dinâmica, DWP – Ambos os efeitos são responsáveis pela diminuição
dynamic wet pressure) geralmente aumenta e, em na eficiência geral do processo e no desperdício de
alguns casos, drasticamente. Este aumento da energia. A limpeza de difusores de poros finos é
pressão úmida dinâmica é devido ao entupimento quase sempre necessária e restaura a eficiência do
de poros em difusores de cerâmica e membrana processo e reduz os custos de energia. Observações
(USEPA, 1989) ou, para membranas poliméricas, de 94 testes de campo mostram que a eficiência
está associado a uma mudança permanente nas diminui com o tempo e a maior taxa de queda

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ocorre nos primeiros 24 meses de operação (Rosso biológica) e incrustação química dependendo das
e Stenstrom, 2006a). O declínio da eficiência foi condições do processo, qualidade da água, tipo de
quantificado e incluído nas análises de custos, e o difusor e tempo de operação (USEPA, 1985,1989).
patrimônio líquido foi comparado aos custos de Como resultado, os difusores de poros finos
limpeza. A frequência de limpeza é sempre maior precisam ser limpos rotineiramente. A escolha da
para taxas de incrustação mais altas e a frequência frequência e do método de limpeza determina a
ideal foi tão curta quanto 9 meses e nunca superior eficiência e os benefícios a longo prazo do uso de
a 24 meses. aeração através de difusores de poros finos.
Diferentes métodos têm sido utilizados para limpar
difusores de poros finos, variando em
complexidade e custo. O método mais simples é
esvaziar o tanque de aeração e lavar os difusores da
parte superior do tanque, usando o efluente da
planta. Essa forma de limpeza, chamada de “tank-
top hosing”, é eficaz na remoção do acúmulo de
lodo biológico e geralmente restaura parcial ou
completamente a eficiência. No entanto, para os
casos em que precipitados inorgânicos (sílica,
carbonato de cálcio, gesso, etc.) tenham causado
incrustação química, pode ser necessária uma
limpeza ácida. Além disso, a lavagem manual com
ácido clorídrico de baixa concentração (10 a 15%
Figura 9.30 Eficiência de transferência de oxigênio padrão p/p) é popular e a limpeza com ácido gasoso usando
para água de processo por profundidade (αSOTE/m) de ácido clorídrico gasoso ou ácido acético injetado
103 ETEs em operação de 0 a 60 meses. As ETEs foram nas linhas de distribuição de ar também é possível
divididas em aquelas com idade do lodo menor que 5 dias (Schmit et al., 1989). Esta técnica é limitada aos
e aquelas com idade do lodo maior que 5 dias. difusores cerâmicos, devido à incompatibilidade
entre as membranas poliméricas atualmente
Devido à natureza química e à morfologia desses empregadas e os ácidos inorgânicos fortes.
materiais, eles sofrem fouling (incrustação

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Incrustado Limpo
Figura 9.31 Um difusor de disco de EPDM sujo obtido de uma estação de tratamento convencional após 2 anos em operação
(SRT < 2 dias), limpo por escovação de superfície no lado direito. A diferença no número e tamanho das bolhas liberadas é
devido à camada de incrustação biológica ainda presente no lado esquerdo da membrana. O ar liberado dos orifícios na metade
esquerda precisa viajar através da camada biológica e, durante esse tempo de viagem, tem a oportunidade de coalescer e
formar bolhas menores e maiores com transferência de massa desfavorável. O detalhe mostra a membrana na vazão de ar
operacional (foto grande cortesia de Shao Yuan Ben Leu).

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Figura 9.32. Exemplos de limpeza de difusores. Topo: um tanque esvaziado equipado com cúpulas cerâmicas antes (esquerda)
e durante (direita) a limpeza por meio de mangueiras situadas no topo do tanque; os difusores limpos são nitidamente de cor
mais clara. Abaixo: limpeza das membranas de poliuretano por meio de escovação.

Além disso, a limpeza pneumática é possível liberar a pressão do ar na linha de alimentação de


para difusores de membrana, através de flexão ar e deixar a membrana do difusor colapsar sobre a
rotulada e flexão reversa (ou relaxamento). A carcaça do difusor. Embora, em teoria, essa prática
prática da flexão consiste em aumentar seja eficaz e relativamente simples de implementar,
periodicamente a vazão de ar a um nível de excesso raramente os sopradores fornecem pressão de
por um curto período de tempo, o que pode ser descarga suficiente para atender efetivamente aos
seguido pelo procedimento inverso que consiste em requisitos de flexão.

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Os resultados específicos dependerão do dados de aeração de sistemas com difusores de


projeto da planta e das condições para limpeza do poros finos de reatores com alta concentração de
difusor (Rieth et al., 1990). Por exemplo, é SST. Os conjuntos de dados plotados na Figura
necessário ter capacidade ociosa ou períodos de 9.33 são de testes piloto e em escala real. A linha
carga reduzida ou operação modificada para de ajuste é uma curva exponencial dupla com
esvaziar os tanques de aeração para limpeza. Isso estatísticas descritivas relatadas no gráfico (ver
geralmente é possível em estações grandes, mas Tabela 9.4 e Figura 9.33). Observe a diferença
pode não ser possível em estações pequenas. Há entre 4 e 6 g/L, onde os biorreatores de membrana
também custos diretos de limpeza, como mão de são antieconômicos para operar e os decantadores
obra associada à limpeza, produtos químicos e secundários são limitados pelo fluxo gravitacional
peças de reposição. Portanto, a escolha dos de sólidos. Em resumo, essas relações permitem
métodos e as frequências de limpeza é importante. obter resultados semelhantes para concentrações
inferiores a 10 g/L de SST, mas para concentrações
9.3.7 Concentrações do licor misto mais altas, as variações se fundem devido ao tipo
de relação proposta e às condições de validade em
Na ausência de respiração, a presença física de cada caso, conforme mostrado na Figura 9.33.
sólidos tem um efeito prejudicial na OTR porque a
camada de sólidos que se acumula nas bolhas tem
baixa permeabilidade e bloqueia a transferência de
oxigênio (Ju e Sundararajan, 1994). A transferência
de oxigênio foi, por muito tempo, considerada
inversamente relacionada às concentrações de SST
no licor misto do reator (Krampe e Krauth, 2003;
Muller et al., 1995; Ozdemir e Yenigun, 2013).
Para representar esse fenômeno, diferentes autores
propuseram relações entre a concentração de SST
no licor misto e o fator α. Por exemplo, Krampe e
Krauth (2003) propuseram uma relação
exponencial inversa e Henkel et al. (2011)
apresentaram uma teoria de uma relação linear Figura 9.33 Dependência do fator α em função da
inversa. concentração de SST em processos de lodo ativado
(pontos vermelhos) e biorreatores de membrana (todos
No entanto, Rosso et al. (2005) mostraram a os outros pontos), equipados com difusores de poros
relação entre o fator α e a idade do lodo em um finos. Observe a queda acentuada no fator alfa devido à
sistema de lodo ativado com aeração por difusores natureza fortemente não newtoniana do lodo espesso
de poros finos. Para reconciliar as diferentes para SST > 1% (Baquero-Rodriguez et al., 2018).
posições, plotamos na Figura 9.33 todos os dados
de Rosso et al. (2005) e comparamos com outros

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Tabela 9.4 Previsão do fator alfa com base na concentração de SSRB.


Referência Faixa de SSRB Equação
Krampe e Krauth (2003) 0-30 g/L α= e-0.08788 SSRB
Henkel et al. (2011) 1-12 g/L α= 0.062 · SSRB + 0.972 ± 0.070
μ
Baquero-Rodríguez et al. (2018) 0-30 g/L α = (μ−v) x exp(−v x SSRB) x exp(−μ x SSRB)
{ 𝜇 = 0,507, 𝑣 = 0,104}

À medida que a concentração de lodo aumenta, aeração, o desempenho do soprador está


a coalescência das bolhas deve aumentar devido à inversamente relacionado à altitude em que o
natureza de “afinamento” do lodo. De fato, bolhas soprador está instalado, devido aos efeitos da
coalescentes (associadas a mais cisalhamento altitude na pressão atmosférica e na densidade do
interfacial) podem diluir o fluido e apresentar ar. Assim, a pressão atmosférica é considerada
menos resistência para subir. Essas bolhas aqui.
coalescentes, tendo um 'a' substancialmente mais
baixo em seus kLa, exibem de fato fatores alfa mais Três fatores diminuem a densidade do ar:
baixos. Foram relatadas correlações entre o aumento da temperatura do ar, diminuição da
desempenho da aeração e a viscosidade aparente do pressão atmosférica e aumento da umidade relativa.
lodo ativado. Para reatores de tanque agitado, Do ponto de vista da eficiência mecânica, uma
existe uma correlação exponencial entre o kLa do diminuição na densidade do ar resulta em uma
lodo ativado e o número de Reynolds (Krampe e maior demanda de produção de vazão volumétrica
Krauth, 2003; Nittami et al., 2013). Pode-se supor de ar pelo soprador, para garantir uma vazão
que um aumento na viscosidade aparente pode mássica de ar equivalente em relação às condições
levar à produção de bolhas maiores no estágio de padrão. A avaliação dos requisitos de energia
sua formação. Bolhas maiores levarão a uma depende das condições de operação, técnicas de
redução da área de superfície específica (Durán et controle e tipo de soprador (Water Environment
al., 2016). Federation, 2009). Uma comparação do consumo
de energia ao nível do mar e em altitudes mais
9.3.8 Temperatura e pressão elevadas é obtida dividindo o consumo de energia
em condições padrão pelo fator de correção da
Alterações na temperatura da água induzem densidade do ar nas condições desejadas. Para
mudanças na sua concentração de saturação de cidades com altitudes acima do nível do mar
oxigênio. A concentração de saturação de oxigênio variando de 1.600 a 3.600 metros, o fator de
da água diminui com o aumento da temperatura, e correção de altitude correspondente está na faixa
a diminuição da solubilidade do oxigênio em entre 0,81 e 0,69 (Ludwig, 1997). É o caso de
temperaturas mais altas é um fator importante no cidades como La Paz na Bolívia (3.640 metros de
projeto de sistemas de aeração. Aumentos na altitude), Quito no Equador (2.850 metros de
temperatura do licor misto geralmente coincidem altitude), Bogotá na Colômbia (2.625 metros de
com aumentos na temperatura do ar ambiente e altitude), Cidade do México no México (2.240
diminuem as capacidades dos sopradores em metros de altitude) e Denver nos Estados Unidos
sistemas de aeração por ar difuso (Jenkins, 2013). (1.600 metros de altitude). A maioria das
localidades mencionadas acima são consideradas
Apesar do notável progresso na aeração, os países em desenvolvimento com baixa cobertura de
efeitos da pressão barométrica na OTE foram saneamento, e como, no momento, o
amplamente ignorados (Baquero-Rodríguez et al., desenvolvimento de suas ETEs está em grande
2018). Em relação à demanda de energia de parte em andamento, destacamos aqui a escassez de

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conhecimento publicado sobre processos aerados um sistema de lodo ativado realmente é. De fato,
em regiões de alta altitude. em um reator real multifásico heterogêneo, o fluxo
de fluido pode ser impactado pela geometria do
A concentração de saturação de oxigênio na tanque, pelas propriedades físicas de seu conteúdo
água é importante para a aeração e representa a (fase, densidade, viscosidade) e pelas variáveis das
quantidade máxima de oxigênio que pode ser condições operacionais (vazões, distribuição de
dissolvida na água (Jenkins, 2013). A concentração oxigênio, temperatura, etc).
de saturação de oxigênio na água é uma função da
pressão barométrica, pressão da água, salinidade e Nos últimos anos, a abordagem baseada em
temperatura (Jenkins, 2013), e diminui modelagem dinâmica mostrou potencial de ser uma
visivelmente quando a pressão atmosférica não é 1 ferramenta poderosa, fornecendo informações
atm e/ou a salinidade (com base na Escala Prática detalhadas sobre o processo da unidade e sobre o
de Salinidade) ou a temperatura é alta. Os comportamento do sistema. Mais detalhes sobre
procedimentos para estimar a concentração de como medir o impacto da hidrodinâmica em ETEs
saturação de oxigênio sob essas condições "padrão" por CFD e suas limitações atuais podem ser
podem ser encontrados em Benson e Krause encontrados na revisão de Karpinska e Bridgeman
(1984). Como dito anteriormente, a força motriz (2016).
para a transferência de oxigênio é o gradiente de
concentração entre a concentração de saturação de Na época em que este livro foi escrito, todo o
oxigênio e o oxigênio dissolvido. Para todos os trabalho utilizando a dinâmica computacional dos
efeitos práticos, a salinidade da água potável pode fluidos para determinar a influência da
ser considerada insignificante. hidrodinâmica ainda não podia ser considerado em
seu estado de maturidade, pois diferentes
9.3.9 Impacto da hidrodinâmica especialistas e grupos de pesquisa ainda estavam
abordando um conjunto de limitações
As seções anteriores deste livro resumiram as fundamentais:
investigações com foco no impacto das condições
ambientais e operacionais do processo na • Em alguns modelos as bolhas são consideradas
transferência de oxigênio. Há também um interesse parte da fase líquida e são contabilizadas
acadêmico em explorar o efeito hidrodinâmico na apenas como uma mudança na densidade do
transferência gás-líquido impulsionado tanto pela líquido, proporcional à fração de retenção do
compreensão mais profunda dos fenômenos de gás; quando cada fase é considerada como
transporte dentro do tanque de aeração quanto pelo tendo seu único vetor de velocidade, um
desejo de modelar a emissão de gases de efeito modelo empírico de arrasto é empregado.
estufa. • Assume-se que as bolhas não mudam de
tamanho durante sua subida, apesar da
Embora o projeto hidráulico de sistemas de mudança na pressão hidrostática em relação a
tratamento de esgoto seja um passo crucial para profundidade da água, e que consequentemente
garantir a operação confiável do processo, na as bolhas não aceleram durante sua subida e não
maioria dos projetos o comportamento do fluxo é aumentam sua perturbação do campo de
previsto através do modelo de reator ideal (Stamou, velocidade do líquido, como de fato acontece.
2008). As ETEs são assumidas, então, como tendo • Assume-se que as bolhas não interagem umas
um regime de mistura completa em todos os tipos com as outras.
de tanques (ou seja, aeróbios, anóxicos e • A viscosidade é o único efeito sobre o
anaeróbios). No entanto, a hidrodinâmica de um coeficiente de transferência de gás, e não
biorreator pode influenciar o quão "bem misturado" considera o efeito de contaminantes (ou seja,

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surfactantes), o que equivale a considerar Ativado (ASM) (Henze, 2000; Henze et al., 1987)
exclusivamente a biomassa e não o efeito de é contar como entradas do usuário a possibilidade
agentes que reduzem o fator alfa (como os de inserir parâmetros de ajuste de curva de SOTE e
surfactantes). utilizar fatores αlfa constantes ou variáveis ao
longo do tempo.
O impulso para o avanço desse conhecimento é
certamente importante, pois elucidará os As curvas de SOTE são normalmente corrigidas
fenômenos de transferência de gás cujos efeitos são apenas para vazão de ar, densidade de difusores e
registrados quantitativamente por testes de campo sua submergência (Barker e Dold, 1997; DHI,
(por exemplo, medições de transferência de gás). 2014; Snowling, 2014). Como tanto a OTE quanto
Portanto, a integração de modelagem bem- o fator alfa ‘α’ variam com a carga, ambos exibem
sucedida de tratamento biológico de efluentes uma natureza dinâmica. Embora inúmeras
combinando hidrodinâmica, transferência de massa tentativas de desenvolver relações descritivas ou
e biocinética continua sendo um dos principais preditivas para ‘α’ tenham sido publicadas (Gillot
objetivos na modelagem de processos de efluentes et al., 2005; Gillot e Héduit, 2008; Plano et al.,
(Pereira et al., 2012). 2011; Rosso e Stenstrom, 2005; Wagner e Pöpel,
1998), nenhuma dessas tentativas foram
9.3.10 Dinâmicas diárias e fator alfa completamente bem-sucedidas em descrever a
verdadeira natureza dinâmica do fator α. Portanto,
Os efeitos deletérios na eficiência de transferência o uso de um fator α dinâmico torna-se necessário
de oxigênio causados pela DQO tendem a aumentar para abordar a dinâmica real do processo. A
durante o período diário de maior necessidade de primeira tentativa de modelar o fator α
aeração, o que também tende a ocorrer quando as dinamicamente foi apresentada pelos autores Jiang
cargas de energia e demanda de energia são et al. (2017). Ao realizar testes de 24 horas de off-
máximas (Aymerich et al., 2015). Essa gas na primeira zona aerada de duas ETEs, foi
amplificação frequentemente exacerba os custos de desenvolvida uma correlação entre o fator alfa e a
aeração durante os horários de pico, muitas vezes DQO aplicada ao reator:
resultando em um período de 4-6 horas custando
tanto quanto o restante do dia (Emami et al., 2018). α = A x e−ka x DQO (9.13)
Esse fenômeno ocorre de forma consistente em
quase todos as ETEs, onde as características do onde:
afluente flutuam diariamente, semanalmente e A, ka: Parâmetros de ajuste (ajuste de função por
mensalmente. minimização de erros ou resíduos)

Até o momento, o uso de fatores alfa constantes Os resultados desses experimentos são
é a prática mais comum em projeto e modelagem apresentados na Figura 9.34 mostrando a DQO e o
de processos, promovendo assim imprecisões no fator α negativamente correlacionados em função
fornecimento de oxigênio e a necessidade da carga de DQO afluente à planta de tratamento.
constante de recalibração do modelo para
compensar a falta de estrutura (Amaral et al., 2016;
Plano et al., 2011). Apenas recentemente os
modelos de processo incorporaram a capacidade de
especificar fatores alfa como variáveis em função
do tempo. O estado da arte de projeto e modelagem
de aeração usando simuladores disponíveis
comercialmente baseados no Modelo de Lodo

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Figura 9.34 Fator alfa (α) e DQO total. A correlação


negativa do fator alfa como função da DQO local (ou seja,
medida no mesmo ponto de onde o off-gas é medido) ao
longo de um ciclo diurno (dados de Leu et al., 2009). Os
dados agregados de ambos os estudos são representados
pela linha vermelha pontilhada (r2 = 0,7).

9.4 ALGORITMO DE PROJETO


Para aplicar o que ilustramos neste capítulo ao
projeto ou modernização de uma estação de
tratamento, são propostos dois exemplos
hipotéticos. Primeiro, como exemplo de projeto,
um algoritmo pode ser implementado conforme Figura 9.35 Fluxograma de projeto de um tanque de
mostrado na Figura 9.35. aeração.

Para uma carga constante e uma determinada


idade do lodo, a demanda de oxigênio é calculada
primeiramente como a OTR necessária (massa de
O2 por unidade de tempo):

OTR = (Vazão da planta x Carga da planta) – lodo


de excesso (9.14)

O tamanho do tanque de aeração e a


profundidade da água são determinados com base
em restrições geométricas e econômicas
específicas de cada planta. Em seguida, o tipo de
difusor é selecionado e uma αSOTE estimada é
assumida. Com base na faixa de vazão de ar por
difusor recomendada pelo seu fabricante, o número

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total de difusores é estimado. A αSOTE pode ser


selecionada com base nas informações dos
fabricantes e nos valores de α da literatura, ou
qualquer outra informação disponível. A taxa de
vazão de ar necessária agora pode ser calculada a
partir da taxa de consumo de oxigênio (TCO) e da
eficiência de transferência de oxigênio (OTE), o
que permite que seja calculada a taxa de vazão de
ar específica. Em seguida, o ponto de projeto é
encontrado na Figura 9.36, localizando a idade do
lodo no eixo horizontal e o contorno que
corresponde à vazão de ar específica normalizada,
definida como:

Q
QN = (9.15)
a x ND x Z

Figura 9.36 Gráfico de projeto e verificação. I: Vazão =


Onde: 0,875 m3/s (exemplo de projeto), QN = 0,0046 s-1, Idade do
Q vazão de ar (m³/s) lodo = 8,7 dias, αSOTEestimada = 11,9%; II: Vazão = 1,094 m3/s,
a área de borbulhamento do difusor (m²) QN = 0,0058 s-1, Idade do lodo = 6,3 dias, αSOTEestimada =
ND número total de difusores (-) 10,5%; III: Vazão = 1,313 m3/s, QN = 0,0069 s-1, Idade do lodo
Z submergência dos difusores (m) = 4,9 dias, αSOTEestimada = 9,5%.

Um novo valor de αSOTE é determinado pela Um exemplo numérico é fornecido. Dada uma
leitura da ordenada do ponto de projeto. Se o novo vazão afluente de 0,875 m3/s, com uma carga de
valor de αSOTE for diferente do valor de αSOTE 180 mg/L SSRB e assumindo um rendimento de
assumido por mais do que uma pequena diferença 0,5 e um coeficiente de decaimento de 0,06 1/d, a
(por exemplo, 0,5%), uma nova taxa de vazão de ar OTR necessária será de 9.540 kgO2/d.
e vazão específica de ar deve ser calculada usando Considerando um tempo de retenção hidráulica de
a nova αSOTE para selecionar um novo ponto de 4 horas, 3 tanques com dimensões de 90 x 9 x 5m
projeto. O novo ponto de projeto está localizado na (comprimento x largura x profundidade) cada, e
Figura 9.36, e um terceiro valor de αSOTE é uma αSOTE inicial de 13,5%, a vazão de ar será de
determinado e comparado com o segundo valor de 0,985 m³/d. Quando o projeto utiliza discos
αSOTE. O processo é repetido até que a nova cerâmicos de 22,9 cm de diâmetro (a = 0,0373 m²
αSOTE e a αSOTE anterior sejam por difusor) operando a 7,87 x 10-4 m³/s por difusor,
aproximadamente iguais. Se o procedimento não 1.252 difusores por tanque é necessário.
convergir, um número diferente de difusores ou Apresentados esses dados, é possível calcular a QN
mesmo uma tecnologia de difusores diferente deve = 0,004152 s-1. Este valor, em conjunto com uma
ser escolhida para o procedimento. idade do lodo de 8,7 dias, é observado na figura
9.36 (ponto I). A nova αSOTE é de 11,9%. Uma
nova QN é calculada como sendo 0,0051 1/s, e o
processo converge até 11,7% após uma interação.

O procedimento de projeto apresentado aqui


envolve várias partes (Figura 9.37). O principal
papel do fabricante é fornecer o sistema de aeração

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e verificar seu desempenho usando um teste em de fator alfa do fabricante sem abordar criticamente
fábrica ou em campo (testemunhado por um sua validade está expondo a equipe de projeto à
especialista independente) de forma repetível e possível falha do sistema (e provável litígio com o
transparente. É por isso que normas para testar cliente). Na verdade, os engenheiros consultores
sistemas de aeração em água limpa e em água de são contratados especificamente para ajudar o
processo são cruciais. De maneira análoga, o cliente a decifrar as implicações quantitativas das
desempenho e a eficiência do soprador devem ser suposições do projeto: caso contrário, o cliente
avaliados usando a separação de funções ilustrada provavelmente poderia realizar o projeto por conta
aqui. própria. Se todas as funções forem separadas e o
desempenho da aeração for testado de acordo com
protocolos normalizados (por exemplo, ASCE ou
Normas Europeias), o procedimento de projeto
deve resultar em um sistema de aeração totalmente
funcional cujo desempenho e eficiência possam ser
verificados de forma independente e estar dentro
das expectativas almejadas. O papel do especialista
terceirizado é verificar os dados do fabricante e
verificar as suposições do consultor sobre o fator
alfa.

Figura 9.37 Funções e responsabilidades durante o É de importância crucial definir claramente os


projeto de um sistema de aeração ideal. As setas
descrevem amplamente o fluxo de informações durante o
parâmetros de eficiência e desempenho dos
projeto. sistemas de aeração durante sua análise ou
A testemunha independente não deve ter especificação. Para comparar diferentes
nenhum conflito de interesse com o fabricante, é tecnologias, bem como para monitorar o mesmo
claro. Além disso, o consultor que projeta o sistema sistema de aeração por um longo tempo em
de aeração deve solicitar a verificação de terceiros operação, é necessário um campo de jogo nivelado.
sempre que não houver expertise interna para O parâmetro mais básico para definir o
avaliar criticamente a garantia do equipamento (o desempenho é a OTR. Este é o objetivo do projeto:
diabo está nos detalhes, como diz o ditado). Como se a quantidade de oxigênio transferida para a água
o fabricante conhece melhor a tecnologia de por unidade de tempo for menor que a OTR alvo
aeração fornecida, ele precisa garantir o por longos períodos de tempo a cada dia (ou,
desempenho em água limpa, que é uma medida do especialmente, indefinidamente), o reator
desempenho e da eficiência do equipamento em biológico sofrerá deficiência de oxigênio e seu
uma condição padrão independentemente do desempenho será comprometido, e violações, com
efluente. A razão entre a taxa de transferência de relação aos requisitos de descarga de efluentes, são
oxigênio na água de processo e na água limpa (o prováveis de acontecer.
misterioso fator alfa) é mais uma função das
características do afluente e das condições de O papel assumido pelo cliente durante o projeto
operação da planta do que do equipamento. Uma é o de observar o procedimento e verificar
vez que a compreensão das características do diligentemente se todas as partes estão cumprindo
esgoto e das condições de operação é seus papéis. Quando o procedimento de projeto
responsabilidade dos engenheiros consultores estiver concluído, o cliente deve assumir a
responsáveis pelo projeto do processo de responsabilidade de operar a planta da forma como
tratamento, então é seu papel selecionar as faixas foi projetada. Desvios das condições de projeto
de fatores alfa. O consultor que usa uma sugestão podem ser necessários, mas uma avaliação com a

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equipe de projeto é recomendada para evitar efeitos Dois cenários foram apresentados na Figura
imprevistos e as discussões resultantes entre as 9.36: o ponto de projeto I mostra o projeto inicial e
partes. é o mesmo do exemplo anterior; o ponto de projeto
II mostra um aumento de carga de 0,875 para 1,094
9.4.1 Algoritmo de verificação / melhoria m3/s, com uma queda no αSOTE de 11,9 para
10,5%. O aumento de 1.094 para 1.313 m³/s para o
Um segundo exemplo é útil para ilustrar o ponto de projeto III resulta em uma queda adicional
crescimento da carga em uma planta existente e é na eficiência para 9,5%. O efeito prático do
mostrado na Figura 9.38. A carga adicional que aumento de carga será um aumento no consumo de
entra na planta aumenta a demanda de oxigênio e, energia elétrica por unidade de carga tratada. A
para fornecer uma maior massa de oxigênio, os importância do exemplo de carga aumentada é
aeradores são operados com uma vazão de ar mais entender que há duas razões para a redução da
alta. Isso causa um aumento no QN, uma vez que o eficiência da aeração: aumento da vazão de ar e
número de difusores e a geometria do tanque não redução da idade do lodo.
mudam. Se a concentração de SSRB não for
aumentada, a ETE operará com idade do lodo mais Quando as estações passam por melhorias ou
baixa. Isso causará duas fontes de redução da adaptações, há a necessidade de dados e parâmetros
eficiência de aeração: menor idade do lodo e maior de projeto dos potenciais fabricantes de difusores.
vazão de ar. Eles podem fornecer diretrizes detalhadas a serem
seguidas para projetar com sucesso o sistema de
aeração, mas os parâmetros de eficiência
fornecidos e garantidos pelos fabricantes devem ser
limitados à água limpa. Os engenheiros de projeto
devem realizar testes específicos no local para
quantificar o fator α para o esgoto, utilizando
técnica de avaliação no local, como o teste de
coluna in loco (Figura 9.39).

Figura 9.38 Fluxograma de verificação/melhoria do


tanque de aeração.

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subestimar a taxa de transferência de oxigênio ou o


desejo de compensar a incerteza com fatores alfa
conservadores e superdimensionados.

9.5 AERAÇÃO E ENERGIA

O custo energético da aeração pode representar de


45-75% dos custos do processo (Reardon, 1995;
Rosso e Stenstrom, 2005; Rosso et al., 2008). O
consumo de energia aumentará no caso de maior
remoção de nitrogênio, portanto, há um evidente
compromisso entre a qualidade do efluente
alcançada e o investimento em energia e a pegada
ambiental. Valores consistentes com os
apresentados na Figura 9.40 são amplamente
divulgados em todo o mundo.

Figura 9.39 Esquema e imagem do teste de coluna in loco


para água de processo.

A alternativa é estimar os fatores alfa baseado


em experiências anteriores de outras instalações Figura 9.40 Detalhamento estimado do uso de energia
similares e na própria experiência interna, mas para uma vazão típica de 20MGD (74.500m³/dia)
mesmo para um engenheiro experiente essa escolha (adaptado de WEF, 2009).
é arriscada. A metodologia baseada em um método
de coluna in loco está totalmente documentada em Assim, a aeração se tornou o principal foco de
Rosso et al. (2013). Estes testes devem ser consideração para reduzir o uso de energia com o
realizados em água limpa e em água de processo na objetivo final de alcançar a neutralidade de energia
própria ETE. Os resultados obtidos ajudarão a líquida para a recuperação de recursos hídricos.
contornar a incerteza causada pela extrapolação de Como exemplo, podemos ver que o consumo de
resultados de diferentes esgotos e projetos. Além energia das ERARs varia de 335 MWh por mês
disso, um teste prolongado de incrustação biológica (ERARs atendendo a 100.000 de equivalente
em ETEs pode ser realizado dentro do prazo populacional, ou PE) até 6.600 MWh por mês
programado do projeto, fornecendo aos projetistas (ERARs servindo 3.000.000 PE), enquanto os
dados de desempenho de aeração específicos do custos de energia associados podem variam de
local. Este procedimento minimiza o risco de 45.000 Euros por mês a 280.000 Euros por mês,
respectivamente.

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Devido à elevada intensidade energética, é de


extrema importância entender a eficiência da
aeração para melhorar o projeto, o desempenho, as
previsões de custos e a sustentabilidade do
processo. Compreender a eficiência da aeração e
reduzir os custos operacionais caminham de mãos
dadas (Rosso e Shaw, 2015; Rosso e Stenstrom,
2006a).

Uma extensa dissertação sobre a relação entre a


aeração e a energia é relatado em Rosso (2018). O
que resumimos aqui é o efeito composto das
variações diurnas de vazão, carga, requisitos de ar
e, finalmente, emissões de gases de efeito estufa
pela energia consumida. Os requisitos de energia
durante os ciclos circadianos serão ainda mais
exacerbados devido a vários fatores. Estudos Figura 9.41 Ebulição superficial indicando na superfície
recentes demonstraram que as variações diárias de que no fundo do tanque um difusor está danificado ou um
DQO, NTK, vazão afluente e αSOTE, juntamente coletor de ar está vazando.
com as estruturas de tarifas de energia e os métodos
atuais de produção de energia, exacerbaram as Pode-se ter a sorte de encontrar um tanque
necessidades de ar e as emissões de GEE para esvaziado em uma estação de tratamento. Certos
ERARs localizadas em áreas onde a carga de pico detalhes, visíveis apenas quando o tanque é
da planta corresponde às taxas de pico de energia. esvaziado parcial ou totalmente, permitem uma
O efeito da composição da vazão de pico, carga de inspeção dos elementos do sistema de aeração que
pico e dinâmica do desempenho do sistema de o tanque em operação cheio não permitiria. Por
aeração precisa ser considerado. exemplo, a substituição seletiva de um barrilete de
difusores trincado (Figura 9.42) que produz uma
descarga diferencial de ar devido à menor queda de
9.6 PRÁTICAS DE AERAÇÃO pressão associada aos novos difusores.
SUSTENTÁVEIS

9.6.1 Diagnóstico do sistema de aeração

Um componente muito importante do diagnóstico


de sistemas de aeração é percorrer a planta
procurando sintomas de condições insalubres. Um
exemplo de detecção simples de falhas é a
observação de fervuras superficiais, semelhantes a
pequenos gêiseres ou “vulcões”, que indicam
difusores danificados ou coletores de ar com
vazamento (Figura 9.41).

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devido ao mau nivelamento do barrilete durante a


montagem no local.

Figura 9.43 Distribuição de ar irregular de um grupo de


difusores em uma nova instalação, provavelmente devido
ao mau nivelamento do barrilete durante sua montagem.

Outra prática relativamente fácil é rastrear a


pressão de descarga da casa do soprador. No
entanto, devido ao grande efeito que a carga
hidrostática tem na pressão total de descarga, esta
prática requer manômetros de boa qualidade e pode
ser aplicada a difusores cuja queda de pressão
aumentará em um valor absoluto, e que pode ser
registrada dentro da escala de resolução do
manômetro. Portanto, seria muito desafiador, se
não impossível, notar o aumento da queda de
Figura 9.42 Descarga diferencial de ar de um novo pressão dos difusores cerâmicos.
barrilete de difusores instalado para substituir um
barrilete danificado. Observe o aumento da vazão de ar A limpeza dos difusores pode ser realizada
dos novos difusores, devido à sua menor queda de através de: (i) limpeza mecânica: mangueira no
pressão. A imagem na parte superior mostra os difusores topo do tanque; lavagem sob pressão; escovação;
e a imagem na parte inferior é a superfície do tanque. pneumaticamente (membranas de flexão/reversão)
e (ii) limpeza química, utilizando ácidos (líquidos
Outra questão que pode ser identificada com a ou gasosos), bases e/ou detergentes.
observação visual de tanques parcialmente
esvaziados é a descarga uniforme de ar ao longo de O conhecimento atual sugere que a limpeza a
um grid de difusores. A Figura 9.43 mostra uma cada 24 meses é uma boa prática para conter a
distribuição de ar irregular de um conjunto de queda na eficiência de todos os difusores (Rosso e
difusores em uma nova instalação, provavelmente Stenstrom, 2006a); no entanto, a eficácia e a

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frequência da limpeza são específicas do local e lavagem sob pressão devem ser realizadas com um
devem ser avaliadas caso a caso. Ao usar produtos pouco de água acima dos difusores, para evitar
químicos, deve-se ter cuidado para evitar danos na danos mecânicos ou destruição das membranas dos
tubulação e nas conexões de distribuição de ar. A difusores.
limpeza com mangueira no topo do tanque e a

Figura 9.44 Energia consumida pela casa do soprador de uma estação de tratamento de esgoto em escala plena durante um
período de cinco anos. Observe o ciclo sazonal anual, mostrado pelos valores diários (pontos azuis) e a média móvel de 30 dias
(linha laranja). A média de 1 ano (linha preta) mostra o aumento de longo prazo na demanda de energia, quase dobrando no
período coberto por este gráfico. Os cálculos para produzir este gráfico foram baseados em registros de dados do processo.

Em relação à eficácia da limpeza pneumática, Além de limpar difusores, uma profilaxia


foi realizado um estudo sobre difusores que foram importante é garantir uma boa remoção de areia.
flexionados e reversos (ou seja, a pressão na Por que estamos falando sobre remoção de areia em
alimentação de ar foi aliviada, causando o colapso um capítulo sobre aeração? Porque sem uma boa
da membrana na estrutura do difusor) (Figura remoção de areia a montante do tanque de aeração,
9.45). Neste caso, a limpeza pneumática mostrou- o acúmulo de areia no tanque pode inviabilizar os
se eficaz em conter o aumento da contrapressão, difusores de aeração, principalmente em grids com
porém o declínio da αFSOTE não apresentou baixa vazão de ar (Figura 9.46).
diferença estatisticamente significativa entre os
difusores que foram limpos pneumaticamente e os
que não foram. No entanto, esta prática é
automatizada e praticamente sem esforço (desde
que a pressão de descarga do soprador possa
realmente atender aos requisitos para flexão
efetiva) e mesmo que apenas o aumento da
contrapressão fosse contido, a operação da bateria
do soprador poderia poupar os eventos de adição
automática de unidades adicionais durante os
períodos de pico de demanda de energia.

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Figura 9.46 Exemplo dos efeitos deletérios do acúmulo de


areia no piso do tanque de aeração, com a
correspondente obstrução e danos aos difusores.

Finalmente, um elemento muito importante, de


custo relativamente insignificante, mas importante
em sua funcionalidade, é uma purga devidamente
instalada para drenar continuamente a umidade
que pode se acumular e o lodo que pode entrar nos
barriletes de ar. Esta purga pode ser aberta
periodicamente para drenar o líquido coletado ou
pode ser deixada sempre aberta. Idealmente, essa
purga seria um tubo de ~10-20 mm de diâmetro
Figura 9.45 Média ponderada da vazão ar da pressão de conectando a parte superior do tanque acima da
descarga ou contrapressão de painéis de membrana de água com a parte inferior do barrilete de aeração
poliuretano ao longo do tempo em operação. O gráfico (ou seja, o ponto baixo onde o líquido
mostra tanto a queda de pressão de um difusor que não
sofre a profilaxia de flexão e flexão reversa de sua inevitavelmente se acumularia). Um bom
membrana (denominado de Controle), quanto de procedimento de projeto deve sempre incluir uma
difusores submetidos a tal procedimento diariamente purga.
(denominados de RF1 e RF2). O benefício de flexionar as
membranas é claro aqui, apesar da falta de eficácia em
conter o declínio na eficiência da transferência de 9.6.2 Sistemas de tratamento aerado
oxigênio para esses difusores específicos (dados de Odize mecanicamente simples
et al., 2017).
As lagoas de estabilização são, frequentemente,
processos de tratamento de esgoto baratos e com
baixa intensidade energética. No entanto, elas têm
um uso intensivo de terra e, portanto, sua
adequação como alternativa sustentável é limitada
principalmente a pequenas comunidades e/ou áreas
rurais. Para lagoas facultativas de recuperação de
recursos hídricos, a força motriz para a
transferência de oxigênio e para o consumo de
energia do processo é a mistura. A Figura 9.47
ilustra um esquema de uma lagoa aerada.

Figura 9.47 Esquema de uma seção de uma lagoa aerada


equipada com um aerador de superfície.

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Figura 9.48 Exemplo de lagoas aeradas em operação em uma grande instalação. Acima uma vista da lagoa do lado do efluente;
na margem esquerda está a tubulação principal de distribuição de ar com todos os cabeçalhos flutuantes onde muitos
conjuntos de difusores estão conectados e flutuando debaixo d'água. No canto inferior esquerdo está uma imagem da casa
do soprador. O centro inferior é uma fotografia de um conjunto danificado sendo recuperado em uma barcaça de serviço;
observe a grande quantidade de trapos sendo retirados da superfície da montagem, visíveis à esquerda e na parte superior da
imagem; uma das membranas do difusor foi removida deste conjunto para estudos de incrustação fora do local. No canto
inferior direito está um detalhe da referida superfície da membrana difusora.

A aeração para lagoas aeradas geralmente é substituição desses sistemas para sistemas de
realizada por aeração mecânica, embora a aeração aeração difusa. Os sistemas de aeração difusa em
difusa seja possível. No caso de aeração difusa lagoas tendem a empregar sistemas flutuantes em
(Figura 9.48), a separação primária é um elemento vez de grids de difusores ancorados no piso. Isso
chave para evitar o acúmulo destrutivo de material facilita a recuperação de conjuntos de difusores em
fibroso e trapos nos conjuntos dos difusores. Para uma única barcaça de serviço e também significa
aeração mecânica, geralmente são empregados que o sistema de difusores funcionará bem em
aeradores de superfície de alta rotação, lagoas com profundidade irregular, nivelando os
normalmente operando na extremidade inferior das difusores à superfície. Essa estratégia mantém até
faixas de SAE. A questão adicional da perda de mesmo a descarga de bolhas em montagens
calor no inverno, agravada pelos sistemas de distantes, uma vez que a submergência dos
aeração de superfície, contribui para o interesse em

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difusores para todas as unidades está atrelada à Estação 2


superfície da água. O cenário de operação e teste desta planta é
semelhante ao da primeira estação: utiliza discos
Existem compensações entre os requisitos de cerâmicos para aeração e o processo de tratamento
manutenção dos dois métodos alternativos de foi convertido de convencional para nitrificação e
desnitrificação (ND). A capacidade desta estação
aeração. Se forem usados aeradores de superfície,
é relativamente menor que as outras duas: a
eles devem ser mantidos usando barcos com população atendida é de aproximadamente
pessoal treinado para trabalhar em alto mar, o que 220.000 habitantes e a vazão volumétrica média
pode ser proibitivo no inverno. Se difusores de desta estação é de 76.000 m³/d.
poros finos forem utilizados, a manutenção do
soprador é sempre realizada principalmente em Estação 3
terra, mas a manutenção dos difusores exigiria Os difusores de poros finos usados nesta estação de
métodos ‘offshore’, como uma barcaça. tratamento são feitos de EPDM (Borracha
Monômera de Etileno-Propileno-Dieno), e ela
9.6.3 Estratégias de conservação de ainda não foi atualizada para um processo ND
energia devido à sobrecarga existente. Semelhante à
estação 1, a capacidade desta planta é de 12.500
Apresentamos aqui três estudos de caso realizados m³/d e a população atendida é de 880.000
em estações de tratamento de esgoto municipal habitantes. Até o último teste, os difusores na
para mostrar a implementação de possíveis maioria dos tanques desta estação (8 de 10) não
estratégias de conservação de energia. Um resumo haviam sido limpos desde a instalação (8 anos).
dos dados relativos às estações de tratamento está
resumido na Tabela 9.5. Testes de ‘off-gas’ foram realizados como em
Redmon et al. (1983). O balanço de massa entre o
Estação 1 oxigênio alimentado (fração molar de 20,95%) e o
Esta estação de tratamento atende 800.000 pessoas fluxo de ‘off-gas’ retorna a OTE, além disso a OTE
e trata aproximadamente 240.000 m³/d. Esta foi padronizada para αSOTE. Para cada teste, os
estação utiliza difusores cerâmicos tipo disco para dados foram coletados de 6 a 8 posições da
aeração. Quando foi reformada para um sistema de campânula distribuídos uniformemente na
difusores de poros finos, esta estação de tratamento superfície do tanque de aeração e, em seguida,
passou a operar como um processo de lodo ativado apresentados como uma média ponderada de
convencional (LAC) para tratamento secundário e vazão. Além disso, a OTR, kgO2/h foi calculada
após quase 20 anos converteu o processo para medindo a vazão do ‘off-gas’ e a perda de carga dos
nitrificação e desnitrificação (ND) visando a difusores foi medida a partir de leituras da estação
remoção de amônia. Testes de off-gas foram e testes em água limpa. Com a OTR e a perda de
aplicados continuamente em dois processos para carga, os custos de aeração foram calculados pela
avaliar a incrustação biológica do difusor. função adiabática dos sopradores (Metcalf e Eddy,
2013).

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Tabela 9.5. Características das estações de tratamento testadas.


Parâmetro Estação 1 Estação 2 Estação 3
Vazão média volumétrica (m³/hora) 10.000 3.150 12.500
DBO5,20 do efluente primário (mg/L) 162 132 146
Amônia no efluente primário (mg/L) 28 25 28
Tanques em operação 18 6 10
Processo de Tratamento ND ND LAC
População atendida 800.000 220.000 880.000
*ND: nitrificação/desnitrificação; LAC: Lodo ativado convencional.
perdem quase 50% de sua αSOTE após três meses
Discussão de operação. A Figura 9.48B mostra a recuperação
A Figura 9.49 mostra os efeitos da incrustação de αSOTE devido à limpeza dos difusores. Na
biológica/incrustação química na eficiência da Estação 3, apenas dois dos dez tanques de aeração
aeração: αSOTE foi plotada em função do tempo foram esvaziados e limpos durante o período de
em operação após a instalação de difusores de teste. Quando comparados com os tanques sem
poros finos. Na Figura 9.49A, αSOTE em todos os limpeza, os tanques limpos apresentaram 19,5%
sistemas diminui com o aumento do tempo de de αSOTE comparado a 15,5% sem limpeza, um
operação, mas a taxa de incrustação aumento de 4 pontos percentuais ou uma melhora
biológica/incrustação química varia com os tipos relativa de aproximadamente 30%. Além disso, a
de difusores e tipo de operação da estação. O economia de energia devido à limpeza dos
rótulo numérico no topo de cada ponto de dados é difusores pode ser avaliada integrando o aumento
a Idade do Lodo operacional. Pode-se observar líquido na eficiência da aeração entre os difusores
que a incrustação biológica é extremamente rápida limpos e não limpos, conforme mostrado na área
quando a Idade do Lodo é baixa: os difusores sombreada.

Figura 9.49 (A) Diminuição da eficiência de aeração de difusores de poros finos. Dependendo dos tipos de difusores e do tipo
de processo em operação, a taxa de incrustação biológica dos difusores é específica do local. (B) A limpeza dos difusores
recuperou significativamente a eficiência da aeração, e a economia de energia foi calculada pela diferença dos difusores com
e sem limpeza.

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A Figura 9.50 mostra os custos de energia de convencionais foi dimensionada para o nível de
aeração nas três estações. Com base no status de ND. Como resultado, os custos de aeração foram
limpeza/incrustação biológica, os difusores foram reduzidos exponencialmente com a Idade do Lodo.
agrupados em três colunas: a coluna azul claro Ao operar com uma idade do Lodo baixa, o status
mostra difusores recém-instalados, a coluna azul de aeração varia drasticamente e mais energia de
escuro mostra difusores limpos e a coluna vermelha bombeamento é necessária devido a mais
escura mostra difusores sujos. A barra de linha no incrustação biológica dos difusores (em vermelho).
topo de cada coluna mostra o desvio padrão dos Idades do Lodo maiores fornecem melhores OTE
resultados do teste, e os custos de aeração de e, portanto, o processo ND requer menos ar para
diferentes processos (convencional ou ND) foram oxidar a mesma quantidade de poluentes. Essa
plotados separadamente para as estações 1 e 2. observação confirmou as observações de estudos
Melhorias significativas na utilização de energia anteriores (Rosso e Stenstrom, 2006b) em que
pela limpeza dos difusores foram observadas, o que maiores idades do lodo associada a um ambiente
proporcionou uma economia de energia de anóxico no processo ND fornecem uma
aproximadamente 4,5 kWh/PE.ano, ou 9.900 composição bacteriana mais saudável que pode
kWh/d na Estação 1. reduzir os impactos negativos dos surfactantes na
transferência de oxigênio (ou seja, um fator alfa
mais alto, Stenstrom et al., 1981). Nesses casos, a
análise de ‘off-gas’ serve como uma ferramenta útil
para a operação da planta e manutenção do difusor.

Figura 9.50 Consumo de energia de difusores de poros


finos em diferentes estações de tratamento. Os custos de
aeração foram padronizados por cargas totais de oxigênio
e população atendida.

A Figura 9.51 mostra o custo de aeração sob Figura 9.51 Custos com aeração da Estação 1,
diferentes condições de processo. O custo com apresentados em função do tipo de processo operação da
consumo de energia da Estação 1 foi plotado com a estação e em função da incrustação biológica dos
Idade do lodo. Para comparar diferentes processos, difusores: a incrustação biológica dos difusores foi
as cargas de tratamento foram convertidas para as reduzida para idades do lodo mais altas
mesmas bases: a OTR total dos processos

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NOMENCLATURA
Símbolo Descrição Unidade
a Área de borbulhamento do difusor m²
AE Eficiência de aeração na água limpa Kg.O2/kWh
Q Vazão de ar m³/s
OD Oxigênio dissolvido na água Kg.O2/m³
ODsat Oxigênio dissolvido de saturação na água Kg.O2/m³
kLa Coeficiente de transferência de massa líquido-gás 1/h
kLacw Coeficiente de transferência de massa líquido-gás em água limpa 1/h
kLapw Coeficiente de transferência de massa líquido-gás em água de 1/h
processo
ND Número total de difusores -
OTE Eficiência de transferência de oxigênio em água limpa %
OTR Taxa de transferência de oxigênio em água limpa kg.O2/h
P Demanda de Potência do sistema de aeração kW
SAE Eficiência de aeração padrão kg.O2/kWh
SOTE Eficiência de Transferência de Oxigênio sob condições padrão %
em água limpa
SOTR Taxa de transferência de oxigênio sob condições padrão em água kg.O2/h
limpa
V Volume de água m³
Z Submergência dos difusores m

Abreviação Descrição
AFV Acionamento de frequência variável
ASCE American Society of Civil Engineers - Sociedade americana de engenharia civil
ASM Activated sludge model - Modelo de Lodo Ativado
CFD Computational fluid dynamics - Dinâmica de fluido computacional
DQOrb DQO rapidamente biodegradável
DWP Pressão dinâmica ou contrapressão
EE3 17a-etinilestradiol
EPA Environmental Protection Agency - Agência de proteção ambiental
EPDM Borracha Monômera de Etileno-Propileno-Dieno
ERAR Estação de recuperação de água e recursos
ETE Estação de tratamento de esgoto
F Fator de ‘fouling’ ou incrustação biológica
IL Idade do Lodo
IVL Índice volumétrico do lodo
LAC Processo de Lodo Ativado Convencional
ND Processo de nitrificação e denitrificação
Re Número de Reynolds
rpm Rotações por minuto
SSRB Sólidos em suspensão no reator biológico

Símbolos gregos Explicação Unidade


α Razão do coeficiente de transferência de massa entre água de processo -
e água limpa
αF Fator alfa para difusores usados -
αFSAE Eficiência de aeração em condições padrão na água de processo para %
difusores usados

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αFSOTE Eficiência de transferência de oxigênio em condições padrão na água %


de processo para difusores usados
αSAE Eficiência de aeração em condições padrão na água de processo %
αSOTE Eficiência de transferência de oxigênio sob condições padrão em água %
de processo para difusores novos

Figura 9.52 Sistema de aeração da Estação de Recuperação de Água ‘Donald C. Tillman’, que faz parte do sistema de
tratamento de esgoto da cidade de Los Angeles (foto: D. Rosso).

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10 Intumescimento de lodo
Mark C.M. van Lossdrecht, Antonio M. Martins e George A.
Ekama
Tradução: André Bezerra dos Santos e Silvio Luiz de Sousa Rollemberg

10.1 INTRODUÇÃO decantação) contabiliza a maior parte da área total


da ETE, da ordem de 30-50% (Figura 10.1).
O processo de lodo ativado é a tecnologia mais
comumente utilizada para o tratamento biológico
de esgoto. Consiste em duas fases, uma fase
bioquímica (tanque de aeração) e um estágio físico
(decantador secundário). No tanque de aeração,
carbono orgânico, amônia e fosfato são removidos
do esgoto pelo lodo ativado. A quantidade de
biomassa que é produzida nas Estações de
Tratamento de Esgoto (ETEs) é relativamente
baixa. Por exemplo, um efluente contendo carbono
com 500 mg de DQO gera 200-300 mg de sólidos
em suspensão. Sem a retenção de biomassa, essa
também seria a concentração real de lodo no Figura 10.1 ETE para remoção biológica de nutrientes
processo de tratamento. Portanto, a retenção de moderna na Holanda (processo BCFS®) mostrando a
biomassa é usada para aumentar a sua concentração importância da separação de lodo no layout total do
no estágio bioquímico e serem obtidas maiores processo. O projeto do tanque de sedimentação foi
taxas de conversão volumétricas. Uma vez que as baseado em um índice volumétrico de lodo (IVL) de 120
bactérias formadoras de flocos podem ser ml/g (Foto: Van Loosdrecht et al., 1998).
separadas do esgoto tratado pela força da
gravidade, essa opção é a mais econômica e A relação entre a sedimentação do lodo e o
favorável em termos de demanda de energia, sendo projeto do decantador secundário é tratado em
a tecnologia padrão aplicada para a separação detalhes no Capítulo 12. O índice volumétrico de
sólido-líquido. Uma boa separação (sedimentação) lodo (IVL) é usado como uma medida empírica que
e compactação (adensamento) do lodo ativado no liga as características do lodo e o projeto do
decantador secundário é uma condição necessária decantador (Ekama e Marais, 1986). Esse valor é
para se garantir uma boa qualidade do efluente obtido pela sedimentação de uma amostra de lodo
final. Essa separação é, portanto, baseada na em um cilindro de 1 litro em um período de 30
formação de flocos compactos. Como a força de minutos. O volume da camada de lodo pode ser lido
gravidade é relativamente baixa, a área de e dividido pelo conteúdo original de sólidos em
sedimentação necessária (ou seja, tanques de suspensão na amostra. Dessa forma, obtém-se o

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volume que é tomado por um grama de lodo após a decantadores. O intumescimento de lodo é
sedimentação. O IVL tem um grande efeito no tipicamente uma operação ou problema empírico,
tamanho necessário do decantador (Figura 10.2), e então não há um valor exato para distinguir um
um aumento no IVL de 100 a 150 ml/g resultará em lodo intumescido de um não intumescido.
quase o dobro da área de projeto necessária para
sedimentação. Detalhes sobre essa medição são Flocos de lodo abertos e porosos assentam mais
fornecidos em Van Loosdrecht et al. (2016). lentamente, portanto exigem decantadores maiores
a fim de serem mantidos nessa unidade de
sedimentação e evitando sua saída no efluente. O
crescimento de bactérias filamentosas é
especialmente prejudicial e leva a muitos
problemas na prática. A fração de volume de
bactérias filamentosas na comunidade de lodo
ativado que causa esse problema pode ser muito
pequena; frações de volume de 1-20% são
suficientes para causarem o intumescimento do
lodo (Palm et al., 1980; Kappeler e Gujer, 1994b).
Embora as bactérias filamentosas muitas vezes não
sejam o grupo bacteriano metabólico dominante no
tratamento, elas ainda causam o intumescimento do
lodo (Figura 10.3).
Figura 10.2 Relação entre o índice volumétrico de lodo
(IVL) e a área superficial necessária para um decantador Apesar de uma vasta quantidade de pesquisas sobre
de acordo com as diretrizes de projeto de decantadores o intumescimento do lodo, esta situação continua a
da STOWA (STOWA, 1994). ser um problema de operação em várias ETEs.
Provavelmente, isso é causado por várias condições
O intumescimento do lodo é um termo usado que causam a proliferação de organismos
para descrever o crescimento excessivo de filamentosos. Muitas bactérias filamentosas não
bactérias filamentosas, problema comum e antigo estão disponíveis em culturas puras, evitando um
no processo de lodo ativado (por exemplo, estudo microbiológico detalhado desses
Donaldson, 1932). Quando os flocos de lodo são organismos. As condições de operação da ETE sob
abertos e porosos, a sedimentação é impedida, e o as quais ocorre o intumescimento de lodo são
lodo sedimentado conterá baixas quantidades de apenas marginalmente documentadas.
sólidos. Na prática, o intumescimento está
associado a um alto IVL. O valor crítico para o IVL Uma razão para não encontrar uma boa solução
acima do qual ocorre o intumescimento do lodo é geral para o intumescimento de lodo pode ser a
fortemente dependente das condições locais do ausência de um consenso sobre o nível exato em
projeto e construção dos decantadores. Na verdade, que o problema deve ser abordado. A abordagem
o volume de lodo geralmente é definido quando os dominante encontrada na literatura é tentar
sólidos em suspensão não podem ser mantidos no identificar as bactérias filamentosas específicas em
decantador, embora diferentes regiões tenham um lodo intumescido (Eikelboom, 1975; 2000).
diferentes tradições na concepção de decantadores. Através dos estudos e compreensão da
Por exemplo, atualmente na Holanda, um IVL ecofisiologia do lodo filamentoso (seja em cultura
acima de 120 ml/g é considerado um lodo pura ou aplicando técnicas in situ, como
intumescido, uma vez que esse valor de índice é microautoradiografia: MAR), espera-se que uma
atualmente usado nas diretrizes de projeto de

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solução para evitar a ocorrência do crescimento 10.2 ASPECTOS HISTÓRICOS


específico de filamentos possa ser encontrada.
Não é o objetivo deste capítulo descrever
completamente a história e os desenvolvimentos
dos sistemas de lodo ativado. Para isso, o leitor é
convidado a ler as revisões de Allemann e
Prakasam (1983) ou Albertson (1987), por
exemplo. Iremos apenas destacar alguns dos fatos
históricos mais importantes que contribuíram para
a compreensão do problema do intumescimento do
lodo.

O processo de lodo ativado foi desenvolvido no


início de 1900 na Inglaterra (Ardern e Lockett,
1914). Inicialmente, sistemas de alimentação e
descarte simultâneos foram colocados em
operação, mas foram rapidamente convertidos em
sistemas de fluxo contínuo. Apesar do aumento da
ocorrência de problemas de sedimentação, os
sistemas de fluxo contínuo tornaram-se populares e
se espalharam pelo mundo. Donaldson (1932)
suspeitou que o retrofluxo em tanques de aeração
projetados como fluxo em pistão, que muda o
comportamento hidráulico e o regime do substrato
para um modo de mistura completa, foi um fator
importante na promoção do desenvolvimento de
Figura 10.3 Pesadelos para os operadores de ETEs: (A) lodo intumescido. Como medida corretiva, ele
bactérias filamentosas, (B) lodo intumescido saindo com sugeriu que o tanque de aeração deveria ser
o efluente tratado (fotos: D.H. Eikelboom e D. Brdjanovic). compartimentado (i.e., um reator de fluxo em
pistão) para promover o desenvolvimento de lodo
Uma abordagem diferente é pelo com sedimentação satisfatória. No entanto, os
reconhecimento de que a característica geral é a sistemas de lodo ativado de mistura completa com
morfologia celular. Perceber como a morfologia da alimentação contínua continuaram sendo o projeto
célula microbiana afeta a ecologia da bactéria pode preferido. Claramente, as vantagens da engenharia
levar a uma solução geral independente das civil na fase de construção prevaleceram sobre as
espécies envolvidas (Chudoba et al., 1973a; vantagens da engenharia de processo durante a
Rensink, 1974). Nesse sentido, a ocorrência de um operação. No entanto, a discussão sobre o efeito do
tipo específico de bactéria filamentosa é um padrão de alimentação na sedimentação do lodo foi
problema de segunda ordem. O problema é, reaberta na década de 1970. Estudos mostraram a
portanto, que tanto a engenharia de processo como vantagem de usar tanques compartimentados com
o conhecimento de microbiologia são necessários um padrão de fluxo em pistão sobre sistemas
para resolver o problema e que a solução não pode completamente misturados alimentados
ser obtida a partir de um desses dois campos continuamente (Chudoba et al., 1973b; Rensink,
isoladamente. 1974; e muitos outros), confirmando as
recomendações anteriores de Donaldson (1932).

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Pasveer (1959) voltou à tecnologia original de projetar condições de reator que impeçam a
alimentação e descarte simultâneos de Ardern e proliferação de todos os filamentos e ainda assim
Lockett, a partir da qual ele desenvolveu o sistema alcancem a qualidade necessária do efluente?
Pasveer ou valo de oxidação. Isso reabriu a Mesmo que algumas ETEs nunca tenham
discussão sobre as vantagens da utilização desses experimentado o problema de intumescimento de
sistemas no tratamento de águas residuárias lodo, por décadas os cientistas, engenheiros e
municipais. O valo de oxidação do tipo microbiologistas têm falhado em encontrarem uma
alimentação e descarte simultâneos tornou-se resposta definitiva para essas perguntas. No
relativamente popular na Europa por alguns anos, entanto, alguns relacionamentos podem ser
mas novamente quase todos esses sistemas foram inferidos e serão brevemente discutidos aqui.
logo convertidos em valos de oxidação de fluxo
contínuo pela adição de um decantador secundário 10.3.1 Abordagem microbiológica
e recirculação de lodo. No entanto, durante a
década de 1960, Pasveer mostrou que valos de A falta de sucesso em encontrar uma solução geral
oxidação em grande escala, alimentados para o controle do intumescimento de lodo levou
intermitentemente, produziam um lodo com muitos pesquisadores a olharem para a população
melhor sedimentação do que a alimentação microbiana e procurarem as bactérias filamentosas
contínua em sistemas de mistura completa predominantes responsáveis pelo o
(Pasveer, 1969). intumescimento do lodo. As chaves de
identificação foram desenvolvidas (Eikelboom,
Na década de 1970, Chudoba e seus colegas de 1977, 2000) para identificar bactérias filamentosas
trabalho (1973b) e Rensink (1974) desenvolveram com base na caracterização microscópica.
o reator seletor, que se tornou a ferramenta de
engenharia mais difundida para controlar o Apesar de várias limitações, esses métodos de
intumescimento de lodo. No entanto, embora o uso identificação produziram uma ferramenta
de seletores biológicos tenha sido bem-sucedido e sistemática que permitiu uma relativa confiança na
tenha reduzido os problemas de intumescimento de identificação dos filamentos. A próxima etapa foi
lodo em muitos sistemas de lodo ativado, ainda há encontrar relações entre os filamentos mais
relatos regulares de sua falha. predominantes e sua fisiologia e as condições
operacionais (por exemplo concentração de
oxigênio dissolvido - OD, relação
10.3 RELACÃO ENTRE MORFOLOGIA E alimento/microrganismo A/M etc.) para definir
ECOFISIOLOGIA estratégias (específicas) para seu controle (Jenkins
et al., 1993) (Tabela 10.1). A distribuição dos
Uma das questões mais intrigantes e complexas microrganismos filamentosos varia
sobre o lodo intumescido é se a morfologia, consideravelmente entre as diferentes áreas
fisiologia e cinética do substrato microbiana estão geográficas (Martins et al., 2004a) e sazonalmente.
relacionadas e como elas contribuem para o Pode-se concluir que Microthrix parvicella e os
domínio das bactérias filamentosas no lodo tipos 0092 e 0041/0675 são aparentemente os
ativado. Existe um mecanismo geral que poderia principais filamentos morfotípicos, responsáveis
explicar o crescimento de bactérias filamentosas? pelos eventos de intumescimento de lodo
Ou cada microrganismo filamentoso precisa ser observados em sistemas de lodo ativado com
identificado e descrito fisiologicamente, remoção biológica de nutrientes (BNR). Essas
morfologicamente, cineticamente e pesquisas também mostraram que os episódios de
taxonomicamente para se desenvolver estratégias intumescimento de lodo, supostamente devidos à
de controle do intumescimento do lodo? É possível abundância de Microthrix parvicella, eram mais

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frequentes no inverno e na primavera do que no nutrientes. Curiosamente, as bactérias filamentosas


verão e outono (por exemplo, Kruit et al., 2002). morfotípicas encontradas nos referidos sistemas
Também foi confirmado que os morfotipos tipo são geralmente Gram-positivas, o que implica que
021N, tipo 0961, Sphaerotilus natans e Thiothrix sua provável superfície celular hidrofóbica poderia
sp., são controlados pelos estágios anaeróbio e facilmente adsorver compostos com baixa
anóxico, típicos em sistemas bio-P e solubilidade. No entanto, não está claro se os
desnitrificantes (Ekama et al., 1996b). No entanto, sistemas com baixa carga também podem ser
essas condições parecem ser ineficientes para os enriquecidos com bactérias formadoras de flocos
microrganismos filamentosos dominantes Gram-positivas.
encontrados em sistemas biológicos de remoção de

Tabela 10.1 Grupos propostos de um morfotipo modelo para microrganismos filamentosos (Wanner and Grau, 1989; Jenkins et
al., 1993).

Microrganismos Características Controle


Grupo I: presentes na zona aeróbia com baixo OD
Sphaerotilus natans, tipo Uso de substrato rapidamente Seletores aeróbio, anóxico ou
1701, Haliscomenobacter biodegradável; crescem bem em baixas anaeróbio com fluxo em pistão;
Hydrossis concentrações de OD; crescem em uma aumentar a idade de lodo; aumentar a
ampla gama de idades de lodo concentração de OD no tanque de
aeração (> 1,5 mg O2 /L)
Grupo II: presentes na zona aeróbia com metabolismo mixotrófico
Thiothrix sp., tipo 021N Uso de substrato rapidamente Seletores aeróbio, anóxico ou
biodegradável, especialmente ácidos anaeróbio com fluxo em pistão; adição
orgânicos de baixo peso molecular; são de nutrientes; eliminar sulfeto e/ou
presentes em idades de lodo moderadas e ácido orgânico em altas concentrações
elevadas; capazes de oxidar sulfetos para (eliminar condições sépticas)
armazenar o enxofre nos grânulos;
elevada taxa de utilização de nutrientes
em condições de deficiência de nutrientes
Grupo III: outros microrganismos presentes na zona aeróbia
Nostocoida limicola spp., Uso de substrato rapidamente Seletores aeróbio, anóxico ou
tipo 1851 biodegradável; são presentes em idades anaeróbio com fluxo em pistão;
de lodo moderadas e elevadas reduzir a idade de lodo
Grupo IV: presentes nas zonas aeróbia, anóxica ou anaeróbia
Microthrix parvicella, tipo Abundante em sistemas anaeróbio- Ainda há incerteza, mas as soluções
0092, tipo 0041/0675) anóxico-aeróbio; presente em elevadas mais recomendadas são: instalar uma
idades de lodo; possível crescimento na unidade retentora de escuma (skimmer)
hidrólise de substratos particulados para remover substrato particulado;
manter um regime de fluxo em pistão
em todo o sistema; vários estágios
(anaeróbio/anóxico / aeróbio) devem
ser bem definidos; manter uma
concentração de oxigênio
relativamente alta na fase aeróbia (1,5
mgO2/l) e um baixo teor de
concentração de amônia (< 1 mgN/l)
(Kruit et al., 2002) e um baixo teor de
nitrato e nitrito no reator anóxico antes
do reator aeróbio (Casey et al., 1999;
Musvoto et al., 1994)

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Durante a década de 1990, métodos por suas substâncias poliméricas extracelulares


moleculares baseados em análises de DNA e RNA (SPE).
foram introduzidos no tratamento biológico de
esgoto (Capítulo 2). Esses métodos permitem a
identificação correta de uma população de 10.4 IDENTIFICAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO
bactérias filamentosas. Portanto, é aconselhável DE BACTÉRIAS FILAMENTOSAS
aplicar em pesquisas de intumescimento de lodo
sondas de genes específicos, sempre que existirem. A base para a compreensão e caracterização do
Seu uso, juntamente com a caracterização das intumescimento de lodo é geralmente considerada
bactérias filamentosas e definição do correto como dependente da correta identificação das
controle e das condições operacionais (por bactérias filamentosas envolvidas. Isso é discutido
exemplo, seletor biológico), são considerados os brevemente a seguir.
maiores desafios para controlar o intumescimento
de lodo. 10.4.1 Caracterização microscópica contra
métodos moleculares
10.3.2 Abordagem morfológica ecológica
Muitos tipos de bactérias ainda não foram
As bactérias filamentosas crescem identificados e não são reconhecidas
preferencialmente em uma ou duas direções. Essa taxonomicamente. Portanto, essas bactérias não
característica morfológica parece dar vantagens estão documentadas em manuais de identificação
competitivas aos organismos filamentosos sob microbiológica padrão, como o Manual
concentrações limitantes de substrato (por exemplo Sistemático bacteriológico de Bergey. Eikelboom
ambientes com limitação de difusão). Pensa-se que (1975, 1977) desenvolveu a primeira chave de
esses organismos têm uma maior velocidade de identificação para identificar bactérias
crescimento externo e vencem a competição filamentosas em sistemas de lodo ativado, baseada
porque ganham fácil acesso ao substrato disponível principalmente nas características morfológicas e
no líquido (Martins et al., 2003a). Isso está de na resposta das bactérias filamentosas a alguns
acordo com alguns outros estudos que também testes de coloração microscópicos. Os
relacionam o crescimento excessivo de procedimentos, técnicas e chaves de identificação
microrganismos filamentosos com a resistência à foram compilados em um manual microscópico de
difusão do substrato dentro dos flocos biológicos investigação de lodo (Eikelboom, 2000) que, junto
(Pipes, 1967; Kappeler e Gujer, 1994a). com um manual ligeiramente diferente de Jenkins
et al. (1993a, 2006), são usados como referências
Dadas essas visões, sua morfologia como tal, dá mundiais na identificação de bactérias
a esses organismos uma vantagem ecológica. Isso filamentosas.
também implicaria que, sob condições de processo
sem intumescimento de lodo, as bactérias No entanto, embora muito útil, esse tipo de
filamentosas ainda podem estar presentes dentro do identificação tem suas limitações. Muitas bactérias
floco. Se ocorrer limitação de substrato, elas filamentosas (por exemplo, morfotipos
crescerão rapidamente para fora do floco. A Sphaerotilus natans, 1701, 0092 e 0961) podem
presença quase onipresente de filamentos no lodo alterar a morfologia em resposta a mudanças nas
ativado levou até mesmo a sugestões de que, na condições ambientais e, embora algumas delas
verdade, organismos filamentosos formam a possam ter a mesma aparência morfológica,
espinha dorsal dos flocos de lodo ativado (Jenkins provavelmente variam consideravelmente em sua
et al., 1993a). Esse tipo de estrutura de esqueleto fisiologia e taxonomia. Por exemplo, a morfologia
filamentoso promoveria a fixação de outras células bacteriana filamentosa da Nostocoida limícola

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engloba várias bactérias filogeneticamente bactéria filamentosa está mais relacionado à


diferentes (Seviour et al., 2002) pertencentes aos morfologia do que a um metabolismo específico.
seguintes grupos: baixo mol% G+C de bactérias
Gram-positivas, alto mol% G+C bactérias Gram- Um problema geral que enfrentamos é que os
positivas, Planctomicetos, bactérias verdes sem dados fisiológicos são descritos para morfotipo de
enxofre e a subclasse alfa de Proteobacteria bactérias filamentosas, que provavelmente são
(Martins et al., 2004b). Isso também se aplica ao bactérias filogeneticamente não relacionadas com
morfotipo filamentoso Eikelboom tipo 1863. grandes diferenças fisiológicas e,
consequentemente, os dados fisiológicos antigos
A identificação microscópica de bactérias (por exemplo, o morfotipo ‘Nostocoida limicola ')
filamentosas baseadas na morfologia requer uma podem ou não ser corretos. Portanto, dados
pessoa bem treinada e experiente; caso contrário, fisiológicos antigos devem ser interpretados com
um julgamento errado pode ser feito facilmente. cautela e futuros estudos fisiológicos bacterianos
Além disso, cerca de 40 novos morfotipos de devem mostrar inequivocamente a taxonomia dos
bactérias filamentosas foram identificados em um organismos estudados.
estudo de pesquisa em sistemas industriais de lodo
ativado (Eikelboom e Geurkink, 2002), tornando a Os poucos estudos fisiológicos com culturas
identificação de bactérias filamentosas ainda mais puras de bactérias filamentosas
complexa. Essa identificação enganosa e difícil por quimioheterotróficas mostraram que a maioria
técnicas microscópicas tradicionais direcionou a delas parece ter uma condição de metabolismo
pesquisa para métodos moleculares. Os métodos respiratório estritamente aeróbio, com oxigênio
moleculares baseados na análise do DNA ou RNA como aceptor de elétrons. Até onde sabemos,
da bactéria desenvolveram-se rapidamente. Para o apenas os morfotipos tipo 0961, tipo 1863, tipo
lodo ativado, vários métodos são atualmente 1851 e Nostocoida limicola têm a capacidade de
usados. A fim de caracterizar a complexidade de realizar um metabolismo fermentativo e, portanto,
uma comunidade microbiana, o 16S rRNA da podem ter vantagens competitivas em sistemas
bactéria pode ser usado. Os detalhes desses com estágios anaeróbios. No entanto, acredita-se
métodos estão fora do escopo deste capítulo e são que esses morfotipos sejam apenas componentes
tratados resumidamente no Capítulo 2. Os detalhes menores da população microbiana total e eles, em
sobre a metodologia para avaliação microscópica geral, não são responsáveis por causarem episódios
são descritos em Van Loosdrecht et al. (2016). de intumescimento de lodo.

10.4.2 Fisiologia das bactérias filamentosas Algumas bactérias filamentosas, como


Microthrix parvicella, Sphaerotilus natans,
Como afirmado acima, a maioria dos organismos Thiothrix spp., tipo 021N e tipo 1851, são capazes
filamentosos ainda são muito mal caracterizados e de usar nitrato como aceptor de elétrons,
descritos, principalmente devido aos problemas de reduzindo-o apenas a nitrito, mas a taxa de
cultivo e manutenção de culturas. No entanto, utilização de substrato e taxa de desnitrificação
desenvolvimentos recentes combinando para as bactérias filamentosas analisadas até agora
microautoradiografia com hibridização in situ (tipo 021N e Thiothrix spp.) são muito mais baixas
fluorescente (FISH) se mostram promissores para (em mais de 80 vezes) do que para bactérias
elucidar a fisiologia exata de bactérias formadoras de flocos (Shao e Jenkins, 1989). A
filamentosas. No entanto, não existe nenhuma bactéria tipo 0092, uma bactéria filamentosa
relação intrínseca óbvia entre a morfologia das dominante na remoção de muitos nutrientes em
bactérias filamentosas e uma fisiologia específica. sistemas de lodo ativado, parece ser incapaz de usar
Portanto, o comportamento ecológico geral de nitrato como um aceptor de elétrons. Além disso,

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no caso de Microthrix parvicella, é relatado que o lipídios sob condições anaeróbias ou


crescimento não é sustentado sob condições microaerofílicas foram destacadas, incluindo a
anóxicas. O contato com zonas anóxicas tem sido necessidade de glicerol no meio. O polifosfato é
usado, através de informações fisiológicas, para provavelmente o principal suprimento de energia
controlar o intumescimento de lodo, para este metabolismo anaeróbio/microaerofílico.
principalmente devido ao intumescimento causado O organismo produz lipases extracelulares,
pelo tipo 021N e Sphaerotilus natans (Ekama et al., indicando que as gorduras são de fato a principal
1996a). Dentre as bactérias filamentosas fonte de carbono.
predominantes encontradas em sistemas de lodos
ativado com remoção biológica de nutrientes,
apenas o morfotipo tipo 0092 e Microthrix 10.5 TEORIAS GERAIS RECENTES PARA
parvicella foram cultivados em uma cultura pura e EXPLICAR O INTUMESCIMENTO DE
dificuldades significativas são encontradas no LODO
isolamento dessas últimas. Microthrix parvicella
parece ser o organismo problemático mais Várias hipóteses sobre o intumescimento do lodo
dominante em processos biológicos de remoção de foram formuladas na esperança de encontrar uma
nutrientes (Nielsen et al., 2002). A principal explicação geral para este problema. Infelizmente,
diferença é que seus substratos preferidos são os nenhuma delas levou a uma solução definitiva.
ácidos graxos de cadeia longa, em vez de ácidos Além disso, a maioria dessas teorias ainda carece
graxos voláteis. O organismo necessita de de verificação experimental inequívoca. No
compostos de enxofre reduzidos para síntese de entanto, elas formam o quadro teórico básico atual
proteínas e é descrito como microaerofílico para abordar e compreender o intumescimento de
(Slijkhuis e Deinema, 1988; Rossetti et al., 2005). lodo e, portanto, serão discutidos a seguir.
Quando as condições anóxicas ou anaeróbio-
anóxicas são introduzidas para estimular a remoção 10.5.1 Seleção baseada na difusão
biológica de nutrientes, M. parvicella pode,
portanto, proliferar. Observou-se que os seletores, Vários pesquisadores apontaram que a morfologia
de fato, não podiam eliminar o lodo intumescido das bactérias filamentosas ajuda a utilização de
com M. parvicella sob condições anóxico-aeróbias. substrato sob baixo teor de nutrientes ou
Quando no sistema com um seletor, o reator concentração de oxigênio. Até o início dos anos
principal era totalmente aeróbio, o lodo 1970, a competição entre bactérias filamentosas e
intumescido com M. parvicella era devidamente não filamentosas foi baseada no fato de que a razão
controlado, enquanto, quando o reator principal era superfície-volume (relação A/V) é maior para
anóxico-aeróbio, M. parvicella continuava a se bactérias filamentosas (Pipes, 1967).
proliferar (Ekama et al., 1996a). Essa experiência Especialmente em baixa concentração de substrato,
de laboratório é apoiada por uma avaliação em essa alta relação A/V é vantajosa para os
escala real por Kruit et al. (2002). Eles concluíram organismos, uma vez que aparentemente facilita a
que o principal critério para prevenir o aumento do transferência de massa para as células que possuem
intumescimento de lodo por M. parvicella era ter alta relação A/V. Em concentrações mais baixas de
distintamente separados os estágios aerados (OD > substrato, isso levaria a uma taxa de crescimento
1,5 mg/l) e anóxicos (nenhum oxigênio detectável). relativamente mais alta.

Uma abordagem metagenômica (McIllroy et Teorias posteriores propuseram que os


al., 2013) deu mais informações sobre o filamentos poderiam penetrar facilmente fora dos
metabolismo de Microthrix parvicella. O flocos. Quando os flocos estão crescendo em uma
predomínio de ácidos graxos de cadeia longa como concentração de substrato baixa, as bactérias

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filamentosas dentro do floco detectam


efetivamente uma maior concentração de substrato
do que os formadores de flocos (Sezgin et al., 1978;
Kappeler e Gujer, 1994a). Microgradientes de
concentração de substrato nos flocos foram
teoricamente previstos (por exemplo, Beccari et al.,
1992) e experimentalmente observados nos flocos
de lodo ativado. Posteriormente, Martins et al.
(2004c) estenderam essa teoria comparando o
crescimento de flocos com o crescimento de
biofilme. Van Loosdrecht et al. (1995) e Picioreanu
et al. (1998) indicaram que condições dominadas Figura 10.4 Relação entre a taxa de utilização de substrato
por difusão (isto é, baixas concentrações de (qs) e a concentração de substrato (S) para formação de
substrato), superfícies abertas e filamentosas se bactérias formadores de flocos e bactérias filamentosas,
tornam dominantes no biofilme. Em concentrações de acordo com a teoria cinética de seleção.
de substrato elevadas, surgem biofilmes compactos
e suaves. Ben-Jacob et al. (1994) mostraram que a Com base nesses resultados, Chudoba et al.
morfologia da colônia de uma cultura pura também (1973b) formularam a teoria da seleção cinética
dependia de microgradientes de substrato, em que para explicar a ocorrência ou supressão de bactérias
baixas concentrações de substrato levavam a filamentosas em sistemas de lodo ativado. A
formação de uma morfologia filamentosa. explicação deles foi com base em um critério de
Portanto, pode ser que a baixa concentração de seleção para substrato solúvel limitante no
substrato leve a um floco mais aberto e filamentoso crescimento das bactérias filamentosas e
(Martins et al., 2003b). Bactérias filamentosas se formadoras de floco. Chudoba et al. (1973b)
encaixam perfeitamente em tal estrutura. levantaram a hipótese de que os microrganismos
filamentosos (estrategistas K) são organismos de
10.5.2 Teoria da seleção cinética crescimento lento que podem ser caracterizados
como tendo taxas máximas de crescimento (μmáx) e
Da mesma forma que Donaldson (1932), Chudoba uma constante de afinidade (KS) menor do que as
et al. (1973a) relacionaram as características de das bactérias formadoras de flocos (estrategistas r)
sedimentação com a características de mistura do (Figura 10.4). Em sistemas onde a concentração de
lodo ativado no tanque de aeração. Usando culturas substrato é baixa (normalmente CS < KS), como em
mistas com um substrato definido sob condições de sistemas completamente misturados
laboratório controladas, Chudoba et al. (1973a) continuamente alimentados, as bactérias
mostraram que os sistemas de aeração com um filamentosas têm uma taxa de crescimento
baixo grau de mistura axial e macrogradientes de específico maior do que a verificada para as
concentração de substrato mais elevados ao longo bactérias formadoras de flocos e, assim, vencem a
do sistema poderiam suprimir o crescimento de competição por substrato. Em sistemas onde a
bactérias filamentosas, formando um lodo com concentração de substrato é alta, como em reatores
propriedades de sedimentação satisfatórias. Os de fluxo em pistão e reatores de batelada sequencial
autores concluíram que a causa primária da seleção (RBS), as bactérias filamentosas devem ser
de microrganismos formadores de flocos em uma suprimidas, uma vez que sua taxa de crescimento
cultura mista é o macrogradiente da concentração deve ser menor do que a encontrada para bactérias
de substrato na parte de entrada do sistema. formadoras de flocos. Estudos com cultura pura de
algumas bactérias filamentosas (por exemplo,
Sphaerotilus natans, Haliscomenobacter

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hydrossis, tipo 1701, tipo 021N, Microthrix dos flocos. Com base nesse raciocínio pode muito
parvicella) e bactérias formadoras de floco bem ser que a teoria relaciona à difusão (Pipes,
(Arthrobacter globiformis, Zoogloea ramigera) 1967; Sezgin et al., 1978; Kappeler e Gujer, 1994a;
apoiaram esta teoria (por exemplo, Van den Eynde Martins et al., 2004c) e a teoria cinética de seleção
et al., 1983). No entanto, é questionável se essas (Chudoba et al., 1973b) são dois lados da mesma
bactérias formadoras de floco são representativas moeda e, portanto, têm o mesmo poder descritivo.
de sistemas de lodo ativado. O uso de sondas
moleculares mostrou que bactérias não dominantes Um experimento que indicou que ambas as
têm sido regularmente enriquecidas a partir do lodo teorias são potencialmente corretas foi realizado
ativado. Uma técnica com base em MAR por Martins et al. (2008). Quando se avaliou o
quantitativo e FISH foi aplicado in situ para se crescimento bacteriano na presença de amido,
medir a cinética de bactérias filamentosas verificou-se que a concentração de substrato
(Candidatus Meganema perideroedes e Thiothrix solúvel sempre se mantinha baixa. O produto da
sp.) (Nielsen et al., 2003). Essa abordagem é hidrólise (maltose) é assimilado diretamente pelas
promissora, e esforços devem ser feitos para células em crescimento ativo. Nesse caso, há a
estendê-la a outras bactérias filamentosas e não utilização de substrato em baixas concentrações,
filamentosas. sem haver a formação de um gradiente de substrato
porque o amido é hidrolisado dentro do floco e não
Até agora, ninguém demonstrou na biomassa em suspensão (líquido).
inequivocamente que bactérias filamentosas têm,
em geral, uma menor taxa máxima de crescimento Nesse caso, a sedimentação satisfatória do lodo
do que outras bactérias presentes no lodo. Além foi obtida (de acordo com a teoria baseada na
disso, não há uma explicação teórica para entender difusão), mas os flocos foram formados
por que uma morfologia filamentosa levaria a uma predominantemente por células Nostocoida (de
menor taxa de crescimento. O valor de KS acordo com a teoria cinética de seleção). Essa
geralmente mais baixo para bactérias filamentosas, observação indicaria que a competição entre
conforme proposto na teoria de seleção cinética, bactérias filamentosas e não filamentosas seria
também não foi comprovado ainda para o caso descrita corretamente pela teoria cinética de
geral. Se o KS é visto como uma propriedade de seleção, mas a morfologia do floco é dependente da
enzimas para utilização do substrato, novamente mesma formação de gradiente de difusão (Figura
parece não haver relação direta entre o KS e a 10.5) como para sistemas de biofilme (Van
morfologia filamentosa. Se, entretanto, o KS é visto Loosdrecht et al., 1995).
como um parâmetro de transferência de massa
aparente descrevendo a transferência de massa para
a célula, como na hipótese da relação A/V baseada
em difusão de Pipes (1967), então está totalmente
de acordo com a teoria cinética de seleção. Em
flocos, o valor KS com base nas medições do
líquido é de qualquer maneira um coeficiente
aparente influenciado pela morfologia dos flocos.
Quanto maior a resistência de difusão (quanto
maiores e mais densos os flocos), maior o valor de
KS aparente medido (Beccari et al., 1992; Chu et
al., 2003). Para filamentos que se estendem do
floco, isso significaria um valor de KS aparente
inferior em comparação com as bactérias dentro

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10.5.3 Teoria de seleção de


armazenamento

Tradicionalmente os microrganismos não


filamentosos supostamente devem exibir a
capacidade de armazenar substrato sob altas
concentrações de substrato. Essa habilidade
presumivelmente dá uma vantagem extra para as
bactérias não-filamentosas nos sistemas de lodo
ativado de elevada dinâmica, como em reatores de
fluxo em pistão, RBS e sistemas seletores (por
exemplo, Van den Eynde et al., 1983). No entanto,
estudos recentes mostraram que o lodo intumescido
pode ter uma capacidade de armazenamento
semelhante ou ainda maior que sua capacidade de
sedimentação satisfatória (Beccari et al., 1998;
Martins et al., 2003b). Estudos de culturas puras ou
mistas também mostram que algumas bactérias
filamentosas, como Microthrix parvicella, podem
ter uma alta capacidade de armazenamento em
todas as condições ambientais possíveis (ou seja,
aeróbias, anóxicas e anaeróbias) (Nielsen et al.,
2002). O organismo filamentoso Thiothrix
caldifontis demonstrou ter o metabolismo regular
de bactérias acumuladoras de fosfato, bem como
potencial de armazenamento de sulfeto (Rubio-
Rincon et al., 2017). Esse material armazenado
pode ser metabolizado para geração de energia ou
produção de proteína durante os períodos de fome
(famine) aeróbia, que representaria uma grande
vantagem na seleção desses microrganismos ao
invés de outras bactérias filamentosas e não
Figura 10.5 (A) Esquerda: lodo contendo amido manchado filamentosas. Uma capacidade de armazenamento
de azul com iodeto, Direita: sobrenadante, sem coloração menor das bactérias filamentosas pode claramente
por causa da ausência de amido, (B) gráfico microscópico não ser considerada como regra absoluta no
de flocos de lodo de uma cultura de lodo ativado cultivada mecanismo de seleção dessas bactérias. Contudo,
com amido, dominada por células Nostocoida. A linha azul embora não possam ser os principais parâmetros de
representa a concentração do substrato para um seleção, o armazenamento e a regeneração
substrato solúvel normal, e a vermelha a concentração de (depleção) são processos intrínsecos que
substrato para um produto de hidrólise (fotos: A.M. desempenham um papel-chave em sistemas
Martins). semelhantes a seletores (Van Loosdrecht et al.,
1997). Portanto, eles devem ser considerados na
descrição dos processos metabólicos dos sistemas
com ou sem o problema de intumescimento do
lodo.

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10.6 AÇÕES CORRETIVAS desenvolvidos e adotados em preferência aos


métodos não específicos.
Existem duas estratégias principais que podem ser
seguidas para se controlar o volume de lodo, ou Até agora, nenhuma ação preventiva para o
seja, pelo uso de métodos não específicos e controle de lodo intumescido foi baseada no
específicos. Os métodos não específicos conhecimento da fisiologia e/ou cinética de um tipo
compreendem técnicas como cloração, ozonização específico de bactéria filamentosa, apesar da
e a aplicação de peróxido de hidrogênio. O grande ênfase em estudos na identificação das
princípio da aplicação desses métodos é bastante bactérias filamentosas presentes. Ações
simples: uma vez que a maior parte das bactérias preventivas generalizadas parecem concordar que
filamentosas, que causam o intumescimento do substratos prontamente biodegradáveis precisam
lodo, são localizadas fora do floco, elas são mais ser consumidos em elevadas concentrações. Isso
suscetíveis à ação dos oxidantes do que as bactérias significa que, na parte de entrada do processo de
formadoras de floco. Observe que essa explicação lodo ativado, um tipo de hidráulica de fluxo em
está de acordo com a hipótese baseada na difusão pistão é necessário até que a DQO rapidamente
para a competição pelas bactérias filamentosas. A biodegradável (RBCOD – Readly biodegradable
cloração é amplamente utilizada nos EUA e os COD) seja consumida, e, depois disso, um reator de
procedimentos para sua implementação estão bem mistura completa possa ser usado. O baixo
documentados (por exemplo, Jenkins et al., consumo de oxigênio dissolvido resultará na
1993b). No entanto, sua aplicação na Europa é formação do lodo intumescido da mesma forma
limitada devido a preocupações ambientais sobre a que para a DQO rapidamente biodegradável.
formação potencial de subprodutos indesejáveis,
como os compostos orgânicos halogenados. Outro O efeito combinado da concentração de
aspecto negativo é que as bactérias de crescimento oxigênio e concentração de substrato prontamente
lento, como as nitrificantes, quando afetadas pelos biodegradável nas propriedades do lodo é ilustrado
oxidantes, demoram muito para se recuperar, o que na Figura 10.6.
poderia potencialmente levar à deterioração da
qualidade do efluente. Além disso, os métodos não
específicos não removem as causas do crescimento
excessivo de microrganismos filamentosos, e seu
efeito é apenas transitório. Isso se aplica aos
métodos de controle de curto prazo, como a
redistribuição da biomassa dos decantadores
secundários para os tanques de aeração e/ou
aumento na taxa de descarte de lodo. Por outro
lado, os métodos específicos são métodos
preventivos que se destinam ao estímulo do
crescimento das estruturas das bactérias
formadoras de floco às custas das estruturas das
bactérias filamentosas. O desafio é encontrar a Figura 10.6 Efeito da concentração de oxigênio e
condição ambiental certa em uma estação de concentração de substrato rapidamente biodegradável (o
tratamento de lodo ativado para atingir esse último expresso como a taxa real de consumo de
objetivo. Devido ao fato de esses métodos substrato em relação à sua taxa máxima) no tipo de lodo
específicos permitirem a permanência e controle formado em um processo de lodo ativado (Martins et al.,
sustentável do problema do intumescimento de 2003b).
lodo em sistemas de lodo ativado, eles devem ser

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A concentração efetiva de substrato deve ser 1997; Beun et al., 1999). Entretanto, embora os
vista em relação à constante de afinidade pelo seletores tenham sido amplamente instalados e
substrato e, portanto, a relação entre a taxa real e a ainda é a ferramenta de engenharia mais aplicada
taxa máxima de utilização do substrato é usada mundialmente em sistemas de lodo ativado em
aqui. A concentração de oxigênio dissolvido parece escala plena para a prevenção do fenômeno do
ser relevante apenas para o período em que o intumescimento do lodo, a ocorrência de falhas
substrato rapidamente biodegradável está ainda são regularmente citadas na literatura (por
disponível. O pré-requisito da aplicação inicial de exemplo, em Ekama et al., 1996b). Isto é, não está
um fluxo em pistão em um processo de lodo claro se tais falhas foram devido a um projeto
ativado resultou no desenvolvimento de seletores inadequado do tanque seletor para as condições
para evitar o intumescimento do lodo. Ambas as transientes no sistema de tratamento biológico ou a
teorias para o intumescimento do lodo (A/V ou outros fatores que afetaram de alguma forma a
seleção baseada em difusão, bem como a teoria da dinâmica populacional, dando vantagem
seleção cinética) suportam essa abordagem. competitiva às bactérias filamentosas. No caso do
intumescimento causado pela M. parvicella nos
10.6.1 Seletor processos de remoção biológica de nutrientes, os
seletores pareceram falhar (Eikelboom, 1994;
Um seletor é definido como a parte inicial de um Ekama et al., 1996b; Kruit et al., 2002) ou não
reator biológico, caracterizado por um baixo foram suficientes (consulte também a Seção 10.4.2
número de dispersão e por um macrogradiente de sobre fisiologia). Os diferentes seletores e suas
concentração de substrato adequado (Chudoba et potenciais armadilhas serão descritos
al., 1973b; Rensink, 1974). Também pode ser uma resumidamente aqui nas seções a seguir. Uma visão
pequena zona inicial separada de um reator geral das diretrizes/recomendações de projeto de
biológico que recebe o afluente e uma vazão de um seletor pode ser encontrada na Tabela 10.2.
lodo ativado recirculado e tem uma alta taxa de
utilização da DQO rapidamente biodegradável, que 10.6.1.1 Seletores aeróbios
usualmente resulta na sua remoção completa
(Jenkins et al., 1993a). Em sistemas do tipo seletor, Até o final da década de 1980, apenas a remoção de
os microrganismos são submetidos a períodos com carbono orgânico era necessária na maioria dos
(fartura, feast) e sem (fome ou regeneração, países, e sistemas totalmente aeróbios eram
famine) substrato externo. Em essência, um RBS preferidos, geralmente com um padrão de
alimentado por pulso ou um RBS alimentado em alimentação do tipo mistura completa. Nos EUA,
uma forma estática é o sistema de seletor ideal. os sistemas eram principalmente projetados para
uma elevada carga orgânica e com um tempo de
Foi demonstrado que, de fato, em tais sistemas, retenção de sólidos (TRS) ou idade de lodo inferior
o oposto de lodo intumescido, ou seja, lodo a 5 dias. Nessas condições, a ocorrência de
granular aeróbio, pode ser formado (Beun et al., intumescimento de lodo foi atribuída
1999). No seletor, os microrganismos estão sujeitos principalmente ao crescimento excessivo de
a ambientes de alta taxa de crescimento e são bactérias filamentosas, como tipo 021N e tipo
capazes de acumular substrato como produtos de 1701. Na Europa e África do Sul, plantas
armazenamento intracelular. Um período projetadas com baixa carga, como os sistemas de
suficientemente longo sem qualquer substrato valos de oxidação e aeração prolongada, foram
externo disponível (uma baixa taxa de crescimento construídas. Na década de 1990, padrões de
ou ambiente de fome) deve então existir (estágio lançamento mais rigorosos em relação aos
aeróbio) para restabelecer a capacidade de nutrientes, particularmente as emissões de amônia,
armazenamento das células (Van Loosdrecht et al., foram exigidos na Europa e nos EUA. A fim de

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cumprir esses requisitos, as ETEs foram ampliadas


e modificadas para aumentarem a capacidade de
nitrificação. Os sistemas de aeração foram
melhorados, e a idade de lodo era geralmente maior
do que 10 dias, de maneira a possibilitar a
nitrificação. Além disso, a aeração intermitente se
tornou mais comum, uma vez que permitiam um
certo grau de desnitrificação. Nessas condições, o
intumescimento de lodo era principalmente devido
à proliferação dos morfotipos Microthrix
parvicella e tipos 021N, 0041/0675, 0092 e 0581.
Essas observações levaram à definição do que é
referido para o grupo de bactérias filamentosas que Figura 10.7 Seletor aeróbio (foto: M. van Loosdrecht).
se proliferam em baixas relações A/M, conforme
relatado em Jenkins et al. (1993a, b). Seletores Em sistemas com padrões de alimentação
aeróbios, uma pequena zona de mistura (aeróbia ou altamente dinâmicos, tais como temperatura e
anóxica) ou zona de contato (sem aeração), foram vazão, e variações de carga como em sistemas de
implementados para controlar o lodo intumescido, tratamento de esgoto, um bom projeto não é uma
atribuído em muitos casos ao crescimento tarefa fácil e pode ser uma razão plausível para as
excessivo do tipo 021N, Thiothrix spp., falhas comuns dos tanques de seletor aeróbio.
Sphaerotilus natans, mas nem sempre com sucesso Portanto, na prática, espera-se que apenas sistemas
para o microrganismo Microthrix parvicella. de fluxo em pistão, como em canais longos (razão
comprimento-largura maior que 10:1), tanques de
O tempo de contato, um parâmetro de projeto contato compartimentados ou um RBS alimentado
típico para seletores, tem um efeito significativo e em pulsos, possam garantir um macrogradiente
não linear sobre a sedimentabilidade do lodo significativo de concentração de substrato e
(Martins et al., 2003a). Quando o tempo de contato funcionem corretamente sob condições altamente
é insuficiente, o substrato solúvel não é totalmente dinâmicas. Além disso, uma alimentação
consumido na zona de contato e é transportado para escalonada adequada pode melhorar o desempenho
o tanque de aeração principal. Nesse caso, o de sistemas de lodo ativado que são cineticamente
crescimento de microrganismos filamentosos limitados (Scuras et al., 2001). A necessidade de
ocorrerá devido à utilização de um substrato que se manter uma concentração mínima de OD como
encontra em baixa concentração no tanque de função da taxa de carga orgânica solúvel ou taxa de
aeração. Por outro lado, quando o tempo de contato utilização do substrato solúvel no tanque de
é excessivo, a concentração de substrato será baixa, aeração ou seletor aeróbio tem sido reconhecida e
aproximando-se do nível típico encontrado de verificada em vários estudos, e diagramas de
tanque de aeração do tipo mistura completa, o que trabalho têm sido propostos (Figura 10.5). Embora
também favorece o crescimento de microrganismos o tempo de contato recomendado em um tanque
filamentosos. O efeito principal de um tanque de seletor aeróbio seja muito curto, a quantidade de
contato que é muito grande ou pequeno no índice oxigênio necessário é de aproximadamente 15 a
volumétrico de lodo (IVL) torna difícil a 30% da DQO solúvel removida (Jenkins et al.,
elaboração de um bom projeto (Figura 10.7). 1993a; Ekama et al., 1996a; Martins et al., 2003b).
Isso demonstra a importância de um suprimento de
oxigênio suficiente no seletor aeróbio. Se um
seletor aeróbio compartimentado (fluxo em pistão)
tiver uma taxa de aeração muito baixa, os impactos

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negativos na sedimentabilidade do lodo podem ser desnitrificação direta (aproximadamente 7-9 mg de


piores do que um tanque seletor de mistura DQO prontamente biodegradável por mg NO3--N).
completa superdimensionado (muito grande) O tipo de mistura tem sido considerado de menor
(Martins et al., 2003b). Além disso, o controle da ou nenhuma influência em comparação com os
aeração é muito importante, e os sensores devem seletores aeróbios. O projeto de um seletor anóxico
ser colocados no primeiro compartimento, onde o é, portanto, em princípio, mais robusto e pode lidar
consumo de oxigênio é mais alto (Tabela 10.2), e com as variações de vazão, desde que o nitrato
não final do seletor, como é muitas vezes permaneça em excesso (Martins et al., 2004b). No
encontrado. entanto, em sistemas em escala plena, é difícil
equilibrar as cargas de nitrato e DQO rapidamente
10.6.1.2 Seletores não aerados biodegradável, uma vez que existem variações
diárias e uma parcela da desnitrificação acaba
ocorrendo no decantador secundário.
Como nos seletores aeróbios, toda a DQO
rapidamente biodegradável deve ser removida nos
Para períodos com baixa concentração de
reatores anóxico e anaeróbios (seletores), evitando
nitrato ou mesmo ausência, são esperadas
qualquer entrada da DQO rapidamente
condições anaeróbias no seletor anóxico. Essas
biodegradável no estágio aeróbio, que pode trazer
condições não são necessariamente prejudiciais
vantagens para as bactérias filamentosas (Kruit et
para as características de sedimentabilidade do
al., 2002). Além disso, oxigênio e nitrato devem
lodo porque em um seletor anóxico de fluxo em
estar ausentes do reator anaeróbio, e oxigênio do
pistão, uma fração importante da DQO
reator anóxico. As vazões de recirculação podem
rapidamente biodegradável pode ser armazenada
adicionar involuntariamente oxigênio a esses
por organismos heterotróficos comuns (Beun et al.,
seletores. Além da interrupção do EBPR -
2000) ou usada pelos organismos acumuladores de
enhanced biological phosphorus removal e/ou
fósforo (PAO – phosphate-accumulating
atividade desnitrificante, a presença de condições
organisms) ou organismos acumuladores de
microaerofílicas nos estágios anaeróbio e/ou
glicogênio (GAO – glycogen-accumulating
anóxicos, que, por exemplo, pode ser atribuída à
organisms). No entanto, o vazamento (leakage) da
difusão de oxigênio através da superfície do líquido
DQO rapidamente biodegradável para o tanque de
(Plósz et al., 2003) ou à aeração do lodo/líquido
aeração e subsequente intumescimento do lodo
recirculado a partir de bombas-parafuso ou
pode ocorrer se o seletor anóxico tiver uma
vertedores sobrecarregados (overflow weirs), pode
capacidade reduzida de armazenamento (por
levar ao agravamento das características de
exemplo, em reatores de mistura completa). Assim,
sedimentação do lodo.
são necessárias mais pesquisas para se descobrir os
fatores-chave na competição entre esses
10.6.1.3 Seletores anóxicos microrganismos. Nesse ínterim, a fim de se projetar
um seletor anóxico confiável em escala plena, é
Os critérios de projeto de seletores anóxicos
aconselhável a realização de estudos em escala
(Tabela 10.2) são baseados principalmente na
piloto para, a partir daí se fazerem os ajustes
proporção da DQO rapidamente biodegradável
necessários para a implantação em escala plena. No
(RBCOD) versus a concentração de nitrato que
entanto, apesar de tudo isso, a luta por
entra no reator (Ekama et al., 1996b). Já que, em
concentrações ainda mais reduzidas de nitrato no
seletores, espera-se que uma fração importante da
efluente vai, de qualquer maneira, levar à
DQO rapidamente biodegradável seja convertida
recirculação de um lodo com baixo teor de nitrato,
em produtos de armazenamento, a proporção é
limitando o uso de seletores anóxicos.
maior do que o intervalo típico para a

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Tabela 10.2 Critérios de projeto de seletores aeróbios, anóxicos e anaeróbios em sistemas de tratamento de esgotos
municipais.
Parâmetro Valor Referência
Seletor aeróbio
Número de ≥3 Jenkins et al. (1993a)
compartimentos
Tempo de contato 10-15 min., dependendo da carga, temperatura e Still et al. (1996)
composição do esgoto (i.e., fração da DQO rapidamente
biodegradável).
Taxa de carregamento 12 (1º compartimento), 6 (2º comp.) e 3 (3º comp.) Jenkins et al. (1993a)
do lodo kgDQO/kgSSRB.d
Carga do floco 50-150 gDQO/kgSST (1º comp.) Kruit et al. (1994)
Concentração de OD ≥ 2 mgO2/l, mas dependerá da taxa de carregamento do Sezgin et al. (1978)
lodo, taxa de carregamento do floco e taxa de utilização Albertson (1987) Martins
do substrato. O sensor deve ser posicionado no 1º comp. et al. (2003b)
Seletor anóxico
Número de ≥3 Jenkins et al. (1993a)
compartimentos
Taxa de carregamento 6 (1º compartimento), 3 (2º comp.) e 1,5 (3º comp.) Jenkins et al. (1993a)
de lodo kgDQO/kgSSRB.d
Tempo de contato 45-60 min. Kruit et al. (2002)
(RBCOD/NO3-- Usualmente cerca de 7-9 mg DQO rapidamente Jenkins et al. (1993a)
N)consumido biodegradável (RBCOD) por mg NO3--N devido ao Ekama et al. (1996a) Van
substrato armazenado. Loosdrecht et al. (1997)
Seletor anaeróbio
Número de ≥ 3, canais longos (razão comprimento: largura maior que Albertson (1987), Kruit
compartimentos 10:1) et al. (2002)

Tempo de contato 1-2 h Kruit et al. (2002)


(DQOAGV+fermentável/P 9-20 gDQO/gP Wentzel et al. (1990)
O43--P)i Smolders et al. (1996)

bactérias são capazes de utilizar substratos solúveis


10.6.1.4 Seletores anaeróbios simples no estágio anaeróbio e armazená-los como
Sob condições estritamente anaeróbias (por polihidroxialcanoatos (PHA,
exemplo, processos do tipo UCT), o substrato polyhydroxyalkanoates). Entretanto, a reserva
solúvel, principalmente ácidos graxos voláteis e energética que permite os mecanismos de captação
outros substratos simples, são utilizados, sendo a e armazenamento é diferente. O polifosfato é usado
maior parte armazenada. O projeto de seletores no caso de PAOs, e glicogênio no caso de GAOs.
anaeróbios segue a razão entre a taxa de utilização Essa diversidade metabólica dá uma flexibilidade
da DQO rapidamente biodegradável e a taxa de considerável para o seletor anaeróbio na remoção
liberação de fósforo, a qual é necessária para a da carga orgânica, independentemente da
remoção de fósforo, garantindo que virtualmente ocorrência de remoção ou não de fósforo. No
nenhuma DQO rapidamente biodegradável entre entanto, apesar da grande diversidade de PAOs e
no tanque de aeração principal (Tabela 10.2). Essas GAOs, nenhuma bactéria filamentosa foi
condições são criadas em sistemas de lodo ativado identificada até então como tendo esse
para promoverem o crescimento de PAOs. No metabolismo. Como resultado da disponibilidade e
entanto, os GAOs também podem crescer em consumo da DQO rapidamente biodegradável no
condições semelhantes. Ambos os tipos de estágio anaeróbio, PAOs e GAOs se acumulam no

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lodo e, portanto, forçam os microrganismos 2002; Tsai et al., 2003). Um exemplo de um


aeróbios, que carecem de substrato na fase aeróbia, sistema de tratamento projetado nessas
a diminuírem em número. Assim, quanto mais considerações é o BCFS® (Van Loosdrecht et al.,
substrato é removido do estágio anaeróbio, que 1998), que atualmente está sendo aplicado com
também significa menos substrato disponível no sucesso em doze plantas em escala plena na
estágio óxico, melhores serão as características de Holanda.
sedimentação do lodo ativado. Além disso, um lodo
rico em bactérias poli-P geralmente sedimenta
melhor porque tais bactérias crescem formando 10.7 MODELAGEM MATEMÁTICA
aglomerados densos, e também o polifosfato
intracelular, em combinação com a precipitação Para estudar ecossistemas complexos, como
química do fósforo, aumenta a densidade do lodo culturas de lodo ativado, nas quais muitos fatores
ainda mais. As condições de mistura em seletores estão agindo juntos, a modelagem matemática pode
anaeróbios, como em seletores anóxicos, não ser uma ferramenta muito útil. Nesse sentido, muito
parecem ser críticas. Além disso, a transferência de progresso foi alcançado nos últimos anos, apesar da
DQO para o estágio aeróbio é muito menos extrema complexidade da dinâmica de população
prejudicial do que a condição aeróbia; isso significa de lodo ativado. Os modelos Activated Sludge
que o projeto do seletor anaeróbio não é crítico Models (ASM 1, 2, 2d e 3) publicados pelo Grupo
(Martins et al., 2004a). Pesquisas recentes de Trabalho da IWA em Modelagem Matemática
confirmaram o sucesso de seletores anaeróbios no para projeto e operação de estações biológicas de
controle de lodo intumescido, mesmo quando tratamento de esgoto são exemplos de modelos
Microthrix parvicella é a bactéria filamentosa mais úteis para estudar a dinâmica populacional em
dominante (Kruit et al., 2002). Entretanto, o seletor sistemas de lodo ativado. Como o conhecimento da
anaeróbio nem sempre pode ser utilizado. Por fisiologia bacteriana aumenta, esses modelos estão
exemplo, sua aplicação não é recomendada para sendo continuamente atualizados (Figura 10.8).
esgoto rico em compostos de enxofre. Isso é porque
as condições anaeróbias do seletor podem
aumentar a produção de compostos de enxofre
reduzidos, que podem ser usados na fase aeróbia
pelas bactérias oxidadoras de enxofre, as quais
possuem morfologia filamentosa (Eikelboom,
2000).

Estudos recentes na Holanda mostraram que


uma biomassa de elevada sedimentação (IVL < 120
ml/g com valores comuns abaixo de 100 ml/g) pode
ser formada em sistemas biológicos de remoção de
nutrientes em escala plena com a implementação de
seletores anaeróbios e anóxicos do tipo fluxo em
pistão (Kruit et al., 2002). Um fator potencialmente
importante que tem liderado a formação de um lodo
com boa sedimentabilidade é a introdução de um
reator aeróbio após o estágio anóxico/aeróbio para
criar simultaneamente uma baixa concentração de Figure 10.8 Estrutura de floco modelada com bactéria
nitrogênio amoniacal (< 1 mgN/l) e uma elevada filamentosa e não filamentosa (imagem: Martins et al.,
concentração de OD (> 1,5 mgO2/l) (Kruit et al., 2004c).

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Um exemplo é a incorporação do processo de microrganismos filamentosos foram considerados


armazenamento no ASM 3. Esta é uma primeira menores do que os considerados para as bactérias
tentativa de permitir a modelagem do metabolismo não filamentosas para representar as diferenças na
de armazenamento de polímeros intracelulares para resistência à difusão do substrato. Essa abordagem
descrever melhor as conversões que ocorrem em fornece resultados qualitativos realistas. No
seletores biológicos. Além disso, os modelos entanto, ainda não é possível prever o IVL do lodo
metabólicos recentemente desenvolvidos fornecem ou propriedades de sedimentação do lodo.
uma melhor ligação entre os cinética e bioquímica
de armazenamento (Beun et al., 2000) e certamente Estudos posteriores consideraram tanto a
contribuirá para a descrição e modelagem dos micromorfologia do floco quanto as características
processos metabólicos que ocorrem em seletores de crescimento orientado das bactérias
biológicos. No entanto, apesar do grande detalhe filamentosas (crescimento unidirecional
nesses modelos, o crescimento de bactérias preferencial) (Takács e Fleit, 1995). Esse estudo foi
filamentosas e, portanto, o intumescimento do a primeira tentativa de combinar as características
lodo, ainda não podem ser previstos. morfológicas com a fisiologia das bactérias
filamentosas e não filamentosas. Três grupos de
Modelos que podem prever as características de microrganismos (formadores de flocos, filamentos
sedimentação do lodo ativado estão em uma fase em baixa concentração de OD e filamentos em
inicial de desenvolvimento. Alguns modelos já baixa relação A/M) foram considerados, com os
existem para prever o desenvolvimento de parâmetros cinéticos seguindo a tendência indicada
bactérias filamentosas e não filamentosas pela teoria da seleção cinética, e diferentes cenários
considerando tanto a existência de espécies duplas de substrato solúvel e OD foram simulados. A
quanto uma competição de grupo (por exemplo, simulação da estrutura de floco do lodo ativado sob
formadores de flocos, filamentos, filamentos em condições governadas por difusão mostrou, como
baixa concentração de OD e filamentos em baixa esperado, que as bactérias filamentosas
relação A/M) por um único substrato ou por um predominam em substrato solúvel e ambientes de
grupo de substratos (DQO rapidamente limitação de OD. Os autores não diferenciaram
biodegradável ou DQO lentamente biodegradável) especificamente entre o efeito dos parâmetros
(Kappeler e Gujer, 1994a; Takács e Fleit, 1995). cinéticos e o efeito da morfologia celular.
Esses modelos podem ser basicamente
categorizados em dois grupos: o primeiro Mais recentemente, Martins et al. (2004c)
considerando a fisiologia bacteriana e cinética- adotaram para flocos de lodo ativado um modelo
biocinética, e o segundo considerando tanto a anterior que previa a morfologia do biofilme
fisiologia e cinética, bem como a morfologia das (Picioreanu, 1998). Essa abordagem mostrou que o
bactérias. O transporte difusional de substratos nos gradiente de difusão é mais importante para a
flocos de lodo ativado é um importante mecanismo morfologia do floco do que as diferenças em
na competição entre bactérias formadoras de flocos constantes de afinidade entre diferentes
e bactérias filamentosas. Kappeler e Gujer (1994a) organismos, apoiando a teoria baseada em
propuseram que a DQO rapidamente biodegradável gradiente de difusão para seleção de bactérias
pode favorecer o crescimento de microrganismos filamentosas.
filamentosos devido à resistência difusional do
substrato nos flocos biológicos. Eles sugeriram a Em resumo, a modelagem pode ser usada para
integração desse comportamento nos modelos melhor avaliar o papel do crescimento
tradicionais de lodo ativado (Capítulo 14). Os unidirecional de bactérias filamentosas juntamente
coeficientes de meia-saturação da DQO com a maior capacidade de crescimento de
rapidamente biodegradável observados para bactérias filamentosas esperada de acordo com o

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microgradiente de substrato no floco de lodo


ativado, sob uma ampla gama de parâmetros
cinéticos. Novas pesquisas devem ser realizadas
tentando elucidar o papel da morfologia bacteriana
e difusão nessa competição porque os parâmetros
cinéticos, ou seja, o intrínseco coeficiente de meia
saturação do substrato, capacidade de
armazenamento e taxas de decomposição, são
amplamente desconhecidos. Esse tipo de estudo
pode levar a uma melhor compreensão da
competição entre bactérias filamentosas e não
filamentosas nos microambientes governados por
gradiente, que são muito típicos em sistemas de
lodo ativado. Figura 10.9 Lodo granular aeróbio (foto: M.R. de Kreuk).

Para biofilmes, já havia a hipótese de que a sua


10.8 LODO GRANULAR morfologia dependia da razão entre taxa de
transporte de substrato e o crescimento de biomassa
Com o entendimento de que o intumescimento de (Van Loosdrecht et al., 1995, 2002). Isso significa
lodo ocorre quando a DQO rapidamente que minimizar gradientes de substrato sobre o floco
biodegradável é removida sob condições em que de lodo e selecionar bactérias de crescimento lento
significativos gradientes de substrato ocorrem irão melhorar o IVL. Portanto foi, por exemplo,
sobre o floco de lodo, percebeu-se que grânulos sempre relativamente fácil de obter lodo granular
devem se formar quando essas condições são anaeróbio ou lodo granular nitrificante (Figura
minimizadas (Beun et al., 1999). Na verdade, o 10.10) e difícil de se conseguir isso sob condições
lodo granular e o lodo intumescido estão em aeróbias plenas.
extremidades opostas na escala de morfologia do
lodo (Figura 10.9). A aplicação de seletores anaeróbios resulta em
um grupo de bactérias (bactérias acumuladoras de
fosfato e glicogênio) com uma taxa máxima de
crescimento menor do que as bactérias
heterotróficas ordinárias. Eles têm, portanto, uma
vantagem adicional sobre os seletores aeróbios. A
seleção dessa condição também tem liderado a
formação de um lodo granular aeróbio mais estável
(De Kreuk et al., 2004).

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Figure 10.10 Variedades de lodo granular: (A) nitrificante, (B) heterotrófico, (C) desnitrificante, (D) metanogênico (foto:
Biothane B.V), e (E) anammox (foto: Paques B.V.).

Uma descrição adicional do processo de lodo


granular aeróbio é apresentada no Capítulo 11. As ideias básicas delineadas no Capítulo 11
levaram a processos opostos ao intumescimento de
lodo como o do lodo granular. Mesmo em sistemas
10.9 CONCLUSÕES bem projetados, pequenos descuidos operacionais
podem facilmente resultar no intumescimento de
O intumescimento de lodo é um dos principais lodo. Portanto, enquanto os processos básicos que
problemas das propriedades do lodo ativado, mas, regem a morfologia do lodo não forem plenamente
na prática, há um nível suficiente de compreensão, considerados, a declaração feita por Albertson
pelo menos no nível necessário para controlar o (1987), ‘Apesar de tudo que aprendemos e
problema. Por exemplo, um sistema de lodo entendemos, algum lodo ainda intumescerá', ainda
ativado para remoção biológica de nutrientes será válido (Figura 10.11).
(BNR), projetado para minimizar problemas de
intumescimento de lodo devem ter as seguintes
características gerais: (i) uma etapa de pré-
tratamento para remover substratos complexos (por
exemplo, lipídios), (ii) seletores biológicos de
fluxo em pistão para permitir um macrogradiente
significativo da concentração de substrato ao longo
do sistema, (iii) estágios anaeróbio, anóxico e
aeróbio bem definidos operados com fluxo em
pistão, com a exclusão de oxigênio no estágio
anóxico, e nitrato e oxigênio no estágio anaeróbio,
(iv) evitar o uso de aeração intermitente e
condições microaerofílicas, e (v) aeração suficiente Figure 10.11 Manifestação extrema do intumescimento de
para manter uma elevada concentração de OD (> lodo (foto: Eikelboom, 2006).
1,5 mgO2/1) e baixa concentração de amônia (<
1mg N/1) no estágio aeróbio final.

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NOMENCLATURA

Símbolo Descrição Unidade


Cs Concentração de Substrato mgDQO/L
Ks Concentração de meia saturação para utilização de substrato mgDQO/L
qs Taxa de Utilização de Substrato mgDQO/L.h

Abreviação Descrição
ADM Anaerobic digestion model - Modelo de Digestão Anaeróbia
AGV Ácidos Graxos Voláteis
ASM Activated sludge model - Modelo de Lodo Ativado
A/V Relação Superfície/Volume
DBO Demanda Bioquímica de Oxigênio
DQO Demanda Química de Oxigênio
DQORB DQO rapidamente biodegradável
FISH Fluorescence in-situ hybridization - Hibridização Fluorescente in situ
GAO Glycogen accumulating organism - Organismos Acumuladores de Glicogênio
IVL Índice Volumétrico de Lodo
IWA International Water Association - Associação Internacional da Água
MAR Microautoradiografia
PAO Phosphorus accumulating organism - Organismos Acumuladores de Fósforo
SPE Substâncias Poliméricas Extracelulares
SSRB Sólidos em Suspensão no Reator Biológico
TRS Tempo de Retenção de Sólidos
UCT Universidade de Cape Town

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11 Lodo Granular Aeróbio


Mario Pronk, Edward J.H. van Dijk e Mark C.M van Loosdrecht
Tradução: André Bezerra dos Santos e Silvio Luiz de Sousa Rollemberg

11.1 INTRODUÇÃO mantendo o lodo no reator pela separação através


de membrana, nos chamados biorreatores à
O lodo granular aeróbio é um processo de membrana (Capítulo 13). Os processos de biofilme
tratamento de esgoto desenvolvido para permitir são geralmente limitados pela quantidade de área
uma maior concentração de lodo e uma maior para transferência de massa no biofilme e precisam
eficiência energética, quando comparado com os de pós-tratamento para a remoção de sólidos em
processos convencionais de lodo ativado (LA) suspensão, tornando a redução de área limitada. Os
(Figura 11.1). O tratamento convencional de esgoto biorreatores à membrana requerem um nível
com base no processo de lodo ativado requer relativamente alto de investimento e energia extra
grandes volumes de reatores devido às para o processo de separação por membrana. Uma
concentrações relativamente baixas de lodo (3-5 opção alternativa é cultivar um lodo com índice
g/L). Neste, a concentração é limitada pelo volumétrico de lodo (IVL) baixo (20-70 mL/g) com
processo de decantação (sedimentação do lodo), a morfologia granular, sem a necessidade de meio
qual depende da força da gravidade para separar o suporte. Embora isso tenha sido desenvolvido no
lodo floculento do efluente clarificado. Portanto, as início dos anos de 1970 para o tratamento
Estações de Tratamento de Esgoto (ETEs) de lodo anaeróbio de esgoto (Capítulo 16), os processos de
ativado convencional precisam de grandes lodo granular só se tornaram disponíveis no início
decantadores secundários e a limitada taxa de dos anos 2000, para os processos aeróbios de
aplicação de lodo resulta em grandes áreas remoção biológica de nutrientes.
superficiais dessas unidades (Capítulo 12).
No lodo granular aeróbio (LGA), a morfologia
Várias opções de projeto visando estações de da biomassa permite uma elevada velocidade de
tratamento de esgoto mais compactas surgiram ao sedimentação do lodo. Enquanto os flocos de lodo
longo do tempo. Estes novos sistemas dependem ativado são geralmente pequenos e têm um alto
principalmente da imobilização da biomassa em coeficiente de arraste no sistema (lavagem dos
meios suportes como biofilmes (Capítulo 18) ou sólidos), os grânulos aeróbios, por sua vez,

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geralmente têm um diâmetro maior e coeficiente de Desde o surgimento do lodo granular anaeróbio
arraste menor (Figura 11.2). As velocidades mais na década de 1970, a granulação tem sido
elevadas de sedimentação dos grânulos aeróbios relacionada principalmente à microbiologia
(4-10 m/h) em comparação com os flocos de lodo específica dos processos metanogênicos. Pensou-
ativado (0,8-1,4 m/h) permitem a integração do se que as estruturas complexas de comunidades
decantador no próprio reator biológico de necessárias para converter substratos
tratamento e, assim, um projeto de reator anaerobiamente em metano, e o papel crucial do
compacto. Isso é ainda melhorado pelas transporte de interespécies de hidrogênio,
propriedades de sedimentação do tipo discreta de formariam o motor evolucionário para os
um leito de lodo granular. A concentração de organismos anaeróbios crescerem em agregados
biomassa acima de 10 g/L é facilmente alcançada. compactos ou grânulos. Entretanto, as primeiras
No entanto, na prática, valores mais baixos são tentativas de formação de lodo granular aeróbio
suficientes, uma vez que o projeto das estações de falharam, e foi admitido que isso ocorreu porque a
tratamento é limitado por outras restrições da conversão aeróbia de substratos, em geral, não
planta (Capítulo 5). dependia de interações sintróficas.

Figura 11.1 Estações de tratamento de esgoto Nereda® na


Holanda em (A) Garmerwolde (140.000 E.P – Equivalente
Populacional )e (B) Utrecht (430.000 E.P – Equivalente
Populacional). Em Utrecht, a nova ETE Nereda® de 6 Figura 11.2 (A) Lodo ativado da ETE Harnaschpolder,
tanques (em operação desde 2019) é visível à esquerda, Holanda, e (B) grânulos aeróbios com filamentos lavados
sendo uma parte da velha ETE abandonada mostrada à da ETE Nereda® em Utrecht, Holanda.
direita.

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Devido à introdução de impostos sobre o biofilme irregular se desenvolverá, enquanto que


lançamento de águas residuárias em 1970 na em baixas taxas de cisalhamento o biofilme torna-
Holanda, as indústrias começaram a encontrar se altamente heterogêneo, com muitos poros e
soluções compactas para o tratamento de suas protuberâncias. Com um equilíbrio correto entre a
águas residuárias. Isso levou ao surgimento dos taxa de carregamento da superfície do biofilme e a
reatores anaeróbios de fluxo ascendente e manta de taxa de cisalhamento, biofilmes lisos e estáveis
lodo (UASB – Upflow Anaerobic Sludge Blanket) podem ser obtidos (Van Loosdrecht et al., 1995).
(Lettinga et al., 1975), que foi rapidamente Isto foi avaliado posteriormente por modelos
introduzido, especialmente na indústria de matemáticos (Van Loosdrecht et al., 2002;
alimentos. Durante a década de 1980, a empresa Picioreanu et al., 1998). Uma abordagem
GistBrocades também começou a desenvolver um semelhante foi realizada por meio da análise do
sistema compacto de tratamento de esgoto IVL (Martins et al., 2004). Nesta pesquisa,
(Heijnen, 1984; Heijnen et al., 1990). Para o concluiu-se que os microrganismos de crescimento
projeto de reatores compactos sem a necessidade de mais lento (arqueias metanogênicas, anammox e
depender da formação de lodo granular, foi bactérias nitrificantes) formarão grânulos mais
desenvolvido os sistemas de tratamento anaeróbio naturalmente do que os microrganismos de
e aeróbio usando biofilmes em pequenos meios crescimento rápido, como os heterotróficos
suportes suspensos (grãos de areia). Isso liderou a aeróbios e bactérias fermentativas.
formação de partículas de boa sedimentação e com
elevada área superficial de biofilme específica. A primeira prova do princípio de granulação
Esta tecnologia anaeróbia desenvolveu-se aeróbia foi relatada por Heijnen e Van Loosdrecht
rapidamente para o que se conhece atualmente (1998) e uma patente foi solicitada. Nesse trabalho,
como reatores anaeróbios de manto de lodo os grânulos foram cultivados aerobiamente em um
granular expandido (EGSB – expanded granular reator de batelada sequencial (RBS) tratando
sludge bed) e reatores de circulação interna (IC – melaço. Quando aplicada uma velocidade crítica de
internal circulation) (Capítulo 16). Ambos sedimentação de 35 m/h, a granulação pôde ser
dependem de processos de biofilme do tipo lodo obtida. Os grânulos de sedimentação rápida
granular. Para sistemas aeróbios, os processos de permaneceram no sistema enquanto os flocos de
formação de grânulos mostraram ser mais sedimentação lenta foram lavados (removidos com
complexos e o reator CIRCOX® tornou-se a o efluente do reator). No entanto, embora os
tecnologia aeróbia compacta padrão para águas grânulos fossem formados, a operação estável foi
residuárias industriais (Heijnen et al., 1993). considerada problemática a longo prazo
Porém, o seu uso no tratamento de águas (Morgenroth et al., 1997). A razão para essa
residuárias municipais não ocorreu devido às instabilidade não estava clara na época. No entanto,
dificuldades em lidar com as grandes variações de o acompanhamento e a evolução das pesquisas
vazão que ocorrem nestas últimas. levaram ao desenvolvimento da tecnologia do lodo
granular aeróbio em escala real. Os detalhes são
Na década de 1990, algumas pesquisas sobre a discutidos posteriormente neste capítulo.
morfogênese de biofilmes e flocos (especialmente
para o desenvolvimento do reator CIRCOX®) A transição das observações em escala de
resultou na postulação de uma hipótese geral. Esta laboratório para os reatores de LGA em escala
hipótese afirmava que a razão entre o carregamento plena a nível comercial levaram aproximadamente
da superfície do biofilme (ou a taxa na qual a nova 12 anos. Um consórcio público-privado formado
biomassa é produzida) e a taxa de cisalhamento entre vários órgãos e instituições, como a Delft
determina a estrutura do biofilme. Quando forças University of Technology, várias autoridades
de cisalhamento são relativamente altas, apenas um holandesas de água e esgoto, a empresa de

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consultoria Royal HaskoningDHV, além do apoio tratamento de efluente doméstico (65%) e


de empresas nacionais holandesas e programas industrial (35%, consistindo de efluente de
internacionais de inovação, foram os responsáveis matadouro), construída em Epe, Holanda. Outro
pelo desenvolvimento da tecnologia de lodo marco importante na tecnologia ocorreu em 2013
granular aeróbio na Holanda. Esta nova tecnologia em Garmerwolde WWTP, Holanda, onde foram
foi registrada pela Royal HaskoningDHV como instalados os reatores Nereda®, classificados como
uma marca comercial sob o nome Nereda®. A os maiores RBS do mundo, estabelecendo-a como
tecnologia começou a ser aplicada para tratamento uma tecnologia de escala plena. O projeto desse
de águas residuárias industriais em 2005, e a sistema, desempenho e maiores informações são
primeira planta de demonstração para o tratamento descritas em detalhes em Pronk et al. (2015).
de esgoto sanitário foi projetada e construída em Atualmente, esta tecnologia está se espalhando em
Gansbaai, África do Sul, entre 2006 e 2008. Em todo o mundo e, em 2020, já soma mais de 80
2010, foi implantado comercialmente o primeiro plantas, abrangendo E.P. (equivalente
reator de lodo granular aeróbio em escala real para populacional) de 5.000 para E.P. de 2.400.000.

Figura 11.3 ETEs Nereda®; de Vika, Holanda (E.P. de 5.000) para Ringsend em Dublin, Irlanda (E.P. de 2.400.000).

11.2 CONSIDERAÇÕES IMPORTANTES precisa receber substrato. Se não ocorrer a difusão


PARA A SELEÇÃO DO LODO do substrato em todo o grânulo, a estrutura vai se
GRANULAR AERÓBIO deteriorar, devido à decomposição, causando uma
granulação instável. Caso a taxa de utilização do
substrato seja menor do que a difusão do substrato
11.2.1 Gradientes no grânulo, ocorre um crescimento bacteriano
uniforme em toda a sua extensão. Quando a taxa de
O gradiente de substrato é um parâmetro
utilização do substrato é maior do que a taxa de
importante que controla a morfologia dos flocos e
difusão, o substrato só penetra na parte externa do
dos biofilmes (Capítulo 10). Devido a difusão e
grânulo ou mesmo nas pontas das protuberâncias.
consumo simultâneo do substrato, ocorrem
Esta relação pode ser expressa com elegância com
diferentes concentrações do substrato em função da
o fator adimensional G (crescimento), que foi
profundidade do floco ou biofilme. Para que os
desenvolvido por Picioreanu et al. (1998) para
grânulos grandes se sustentem, todo o interior

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biofilmes planos. Na equação a seguir é ao crescimento filamentoso quando também a taxa


apresentada a relação entre a taxa máxima de de transporte de oxigênio para o biofilme é
crescimento da biomassa e a taxa máxima de limitante (Figura 11.4). Essa dupla limitação de
transporte e difusão do substrato. penetração de oxigênio e DQO tem um impacto
negativo na taxa de sedimentação, estabilidade e
μm Cx,m
G = L2y (11.1) desempenho do processo. Este problema foi
Ds Cs,o
superado na tecnologia Nereda®, através de
aplicação de uma alimentação anaeróbia do
Onde:
Cs,o concentração do substrato no lodo afluente, a qual permite a utilização total de DQO
(g/m³) prontamente biodegradável antes do início da
Ds coeficiente de difusão desse substrato aeração.
(m²/d)
Cx,m densidade máxima da biomassa no
biofilme (g/m³)
um Taxa de específica de crescimento
máximo (1/d)
Ly espessura do biofilme (m)

Altos valores de G levarão a um crescimento


digitiforme (finger-type outgrowths), biofilmes
mais ásperos e, portanto, com taxas de
sedimentação mais lentas. Isso também causa
formação de grânulos e biofilmes instáveis. No
caso de lodo ativado, leva à formação de lodo
filamentoso. Por outro lado, valores baixos de G
resultam em biofilmes e grânulos estáveis e densos.

Um dos motivos da dificuldade em obter lodo


granular aeróbio é a baixa solubilidade de oxigênio.
A difusão de oxigênio no biofilme é geralmente o
processo limitante na maioria das conversões. Por
exemplo, em um reator com concentração de
oxigênio de 2 mgO2/L, o oxigênio é o limitante para
a nitrificação, a menos que a concentração de
amônia seja inferior a 0,44 mgN/L (Capítulo 17).
Tipicamente, nessas concentrações, a profundidade
de penetração de oxigênio não é superior a 20 a 40
µm.
Baixas concentrações de DQO rapidamente
biodegradável (isto é, acetato, glicose etc.), como
por exemplo quando o substrato é fornecido a um
reator de mistura completa, ocasionará o
crescimento digitiforme (finger-type outgrowths)
na parte externa dos grânulos ou biofilmes. Em
sistemas de lodo granular, tais condições irão levar

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11.2.2 Seleção microbiana

O cultivo e estabilidade do lodo granular aeróbio


em baixas concentrações de oxigênio são vitais
para a aplicação do sistema em escala plena. Baixas
concentrações de oxigênio dissolvido são
necessárias para minimizar o gasto energético com
aeração, bem como a remoção eficiente de
nitrogênio, permitindo o mecanismo da nitrificação
e desnitrificação simultâneas. A incorporação de
uma alimentação anaeróbia no processo
proporciona que a DQO rapidamente
biodegradável - DQORB (RBCOD – Readly
biodegradable COD) seja convertida em polímeros
de armazenamento (principalmente
polihidroxialcanoatos, PHA -
polyhydroxyalkanoates). Isso é então seguido de
um processo aeróbio, onde ocorre o crescimento da
biomassa especializada no armazenamento de
polímeros, contornando efetivamente o mecanismo
expresso pelo Fator G através da separação da
utilização do substrato do crescimento da
biomassa. Isso faz a formação do grânulo menos
dependente da concentração de oxigênio. No
período anaeróbio, os organismos acumuladores de
fósforo (PAO – phosphate-accumulating
organisms) e/ou acumuladores de glicogênio (GAO
– glycogen-accumulating organisms), acumularão
a DQO rapidamente biodegradável em PHA. Uma
vez que a concentração de substrato é muito maior
em condições anaeróbias do que a verificada no
período aeróbio, pode-se afirmar que grande
parcela da DQO rapidamente biodegradável será
armazenada no período anaeróbio. Na fase aerada,
as camadas internas crescem utilizando o nitrato
Figura 11.4 Grânulos aeróbios com morfologia lisa (topo), (desnitrificação) ou obtêm oxigênio posteriormente
(meio) com crescimento digitiforme e (abaixo) com no processo, quando os reservatórios de
crescimento filamentoso. armazenamento dos organismos nas camadas
Observe que o fator G (Eq. 11.1) assume reação externas se esgotam. Há uma vantagem extra na
de ordem zero enquanto algumas conversões conversão da DQO rapidamente biodegradável em
ocorrerão em concentrações abaixo dos polímeros de armazenamento (PHA). As bactérias
coeficientes de afinidade do substrato (geralmente que crescem armazenando polímeros têm uma taxa
em torno de 10 -100 μg/L). De toda forma, o fator de crescimento (µmax) menor do que as bactérias
G dá uma visão valiosa sobre o processo de heterotróficas que crescem realizando a oxidação
granulação. direta da DQO (bactérias heterotróficas ordinárias)
na presença de oxigênio (Van Loosdrecht et al.,

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1997). Em geral, microrganismos de crescimento topo da manta de lodo é removido. Isso resulta em
mais lento crescem em estruturas mais densas do um tempo de retenção sólido (idade de lodo) de 0,5-
que microrganismos de crescimento rápido. Esse 5 dias para o lodo floculento e cerca de 30 dias para
crescimento em estruturas densas é uma razão extra a fração granular. Uma discussão mais aprofundada
pela qual os microrganismos de crescimento lento sobre a sedimentação e seus parâmetros associados
(metanogênicas, anammox, nitrificantes, PAO) pode ser encontrada na Seção 11.3.4.
geram grânulos aeróbios compactos e densos. A
boa distribuição do substrato no grânulo 11.2.4 Força de Cisalhamento
combinado com a seleção de microrganismos de
crescimento lento foi reportada de ser o mecanismo A força de cisalhamento pode contrabalançar a
chave para a formação de biofilmes estáveis e tendência de bactérias de crescimento rápido de
uniformes (Picioreanu et al., 1998). formar filamentos. Por exemplo, no reator
CIRCOX® mencionado na introdução, o
11.2.3 Seleção física cisalhamento é um fator dominante na obtenção de
biofilmes lisos e regulares em um reator que é
Na prática, o esgoto é uma mistura complexa de alimentado continuamente sob condições aeróbias
substratos, consistindo de um material dissolvido e (Kwok et al., 1998). Por outro lado, quando
particulado (Capítulo 3). Os compostos solúveis microrganismos de crescimento lento (ou seja, toda
podem sofrer difusão no lodo granular, enquanto o DQO rapidamente biodegradável é convertida
material particulado primeiro tem que ser anaerobiamente em PHA) são adequadamente
transformado a partir da hidrólise. A fração de selecionados no reator, a força de cisalhamento não
material particulado não biodegradável irá se desempenha nenhum papel significativo no
acumular no reator. No caso do lodo granular processo de formação de grânulos, já que, nesse
aeróbio, pode-se classificar a DQO em: (i) caso, não haveria crescimento de filamentos na
granular, DQO para formação do lodo; e (ii) não biomassa. Além disso, na prática, a aplicação de
granular, DQO para formação do lodo. A DQO cisalhamento implica em maior dissipação de
para formação de lodo não granular consiste em energia e maiores custos, portanto, não é algo
material inerte e a DQO que não é convertida em desejável nem mesmo exigido em reatores LGA.
PHA e eventualmente contribui para a formação do
floco. Como resultado, os reatores de lodo granular 11.2.5 Alimentação do sistema com fluxo
sempre contêm uma fração de material floculento, ascensional tipo pistão
consistindo da DQO particulada inerte, biomassa
que cresce a partir da oxidação aeróbia da DQO Todos os aspectos descritos acima levaram às
remanescente após o período anaeróbio, e material estratégias operacionais ótimas para formação de
que se desprende do lodo granular. Esta fração de biomassa granular no tratamento de esgoto com o
baixa sedimentabilidade precisa ser removida para processo Nereda® (Figura 11.11). Para minimizar
formar e manter a parcela de biomassa granular no a limitação de difusão do substrato e garantir a
sistema de LGA. Para remover o lodo de melhor utilização do substrato ao longo da
sedimentação lenta e ao mesmo tempo reter lodo profundidade dos grânulos, o esgoto bruto não deve
granular, é aplicado no processo uma determinada ser diluído antes do contato com os grânulos. Em
pressão de seleção. Para se fazer isso, o lodo reatores LGA, isto é alcançado a partir da
presente no topo da manta de lodo é removido após alimentação do esgoto pelo fundo do reator (Figura
um curto tempo de sedimentação. A curta fase de 11.5) na ausência de aeração.
sedimentação permite a seleção dos grânulos de
alta sedimentabilidade, os quais são retidos no
reator, enquanto o lodo floculento que reside no

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11.2.6 Efeito do substrato e do regime de


alimentação na morfologia do
grânulo

O regime de alimentação aplicado nos reatores de


LGA com diferentes substratos terá um impacto
significativo sobre a morfologia do grânulo e,
portanto, na estabilidade do sistema em geral. Na
prática, o esgoto é, obviamente, uma mistura
complexa de substratos. A Figura 11.6 (A-D)
demonstra essa complexidade e o impacto de várias
estratégias de alimentação em RBS empregados no
cultivo de lodo granular aeróbio sobre a formação,
morfologia e estabilidade dos grânulos aeróbios.
Nesse contexto, alguns cenários são possíveis:

(A) Substratos solúveis prontamente


biodegradáveis quando alimentados
anaerobiamente são utilizados por microrganismos
Figura 11.5 Representação gráfica da alimentação do tipo PAO ou GAO e convertidos em polímeros
anaeróbia tipo pistão através de um leito de grânulos de armazenamento. Em um período aeróbio
sedimentados em um reator de lodo granular aeróbio. subsequente, esses polímeros de armazenamento
são usados para crescimento em uma taxa
A alimentação ascensional em fluxo do tipo relativamente lenta. Isto resulta em lodo granular
pistão garante um nível relativamente alto da compacto. Os compostos que não são convertidos
concentração de substrato através do leito de lodo anaerobiamente (por exemplo, butanol, propanol),
(grânulos no fundo do reator). Essa estratégia de são adsorvidos na matriz do lodo granular e são
alimentação em pistão combinada com um período oxidados na fase aeróbia. Esse mecanismo também
de alimentação anaeróbia suficientemente longo, ocasiona o crescimento de todo o grânulo e assim,
resulta na penetração do substrato no grânulo. também pode auxiliar na formação de grânulos
Portanto, o crescimento pode ocorrer ao longo da estáveis. Portanto, a alimentação anaeróbia é uma
profundidade da biomassa granular e não somente estratégia adotada que garante não só a granulação
na superfície do grânulo. Este modo de operação estável, mas também proporciona a remoção de
tem um efeito extremamente benéfico da biomassa nutrientes, notadamente, nitrogênio e fósforo, o que
granular: grânulos maiores tendem a estar no fundo é importante no tratamento de esgoto doméstico.
do leito de lodo e assim obterem a maior parte da
DQO rapidamente biodegradável, enquanto (B) Substratos solúveis rapidamente
nenhuma ou pouca DQO rapidamente biodegradáveis que permanecem no líquido após a
biodegradável é deixada para a fração floculenta fase anaeróbia ou dosados na forma de pulso em
presente na manta de lodo. um reator de lodo granular aeróbio, levarão a
utilização do substrato sob limitação de difusão de
oxigênio. O substrato é usado de forma simultânea
para crescimento e formação polímeros de
armazenamento, sendo limitado principalmente às
áreas externas do grânulo, enquanto as regiões
internas são privadas de oxigênio (Beun et al.,

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2002). O consumo rápido de substratos facilmente granulação. Ambos os substratos são convertidos
biodegradáveis na presença de oxigênio na fração na presença de oxigênio por bactérias de
externa do grânulo levará à formação de crescimento relativamente lento, levando uma
protuberâncias digitiforme ou filamentosa na formação de biofilme mais denso (Mosquera-
superfície. Isso vai depender da concentração de Corral et al., 2003; Villaseñor et al., 2000).
oxigênio no reator e também da tensão de Portanto, os sistemas LGA podem apresentar
cisalhamento, a qual é necessária para garantir a estabilidade, mesmo que alimentados por
superfície regular e granulação estável (Beun et al., substratos convertidos aerobiamente, desde que
1999). Os grânulos formados sob elevada presença esses substratos favoreçam a abundância de
de substratos solúveis rapidamente biodegradáveis bactérias de crescimento lento.
na presença de oxigênio são mais propensos a
quebrarem sob tensão de cisalhamento, uma vez (C) Substratos particulados (por exemplo,
que as regiões internas são inativas, ocasionando a amido e proteínas) apresentam outro desafio em
deterioração e enfraquecimento do grânulo (Beun sistemas LGA, devido à necessidade de hidrólise.
et al., 2002). Isso leva a uma granulação instável, Substratos particulados são principalmente
afeta as características de sedimentação dos hidrolisados na superfície dos grânulos (De Kreuk
grânulos e também ocasiona maior teor sólidos em et al., 2010). Os produtos de hidrólise (VFA –
suspensão (flocos e células soltas) no líquido volatile fatty acids) irão, a partir daí, ficar
(sobrenadante) depois da fase de rápida disponíveis para conversão em polímeros de
decantação. Além disso, a nitrificação e o potencial armazenamento por organismos PAO e/ou GAO.
de remoção de fósforo também são reduzidos. As Isso resulta em granulação estável. Dependendo da
bactérias nitrificantes de crescimento lento terão taxa de hidrólise no período anaeróbio, pode
seu crescimento diminuído devido ao crescimento ocorrer também a hidrólise na fase aeróbia. Sob
excessivo das bactérias heterotróficas na camada condições aeróbias, os produtos da hidrólise serão
externa, sendo empurradas para as camadas usados diretamente para o crescimento pelos
internas do grânulo. Com isso, as bactérias organismos presentes na superfície do grânulo. Isto
nitrificantes se situarão nas camadas internas, criará gradientes de limitação de difusão de
sendo privadas de oxigênio, e prejudicando a substrato acentuados no grânulo, induzindo o
nitrificação (Elenter et al., 2007; Gonenc e crescimento de filamentos, tornando o grânulo
Harremoes, 1990). Alguns substratos específicos, menos estável, e deteriorando a qualidade do
como a amônia e metanol, mesmo quando efluente tratado devido à maior presença de sólidos
convertidos aerobiamente, promovem boa em suspensão na fase líquida.

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Figura 11.6 Efeito na formação granular aeróbia com fontes diferentes de carbono e regimes de alimentação em reatores
em bateladas sequenciais empregados em sistemas de lodo granular aeróbio; (A) Substratos rapidamente biodegradáveis
dissolvidos alimentados anaerobiamente, (B) alimentação aeróbia de substratos rapidamente biodegradáveis dissolvidos
em um reator de mistura completa, (C) alimentação anaeróbia de substratos poliméricos através de um leito granular, (D)
alimentação aeróbia lenta de substratos rapidamente biodegradáveis dissolvidos em um reator de mistura completa.

(D) Substratos rapidamente biodegradáveis receberão nenhum substrato e morrerão. O


alimentados lentamente em um ambiente aeróbio crescimento filamentoso terá, portanto, um efeito
ocasionará elevados gradientes nos grânulos, prejudicial sobre a sedimentação dos grânulos e,
limitando a difusão de substrato. A concentração de assim, comprometerá a qualidade do efluente.
substrato no lodo se torna muito baixa ou Portanto, a formação de grânulos é improvável.
praticamente zero. Isso fornece condições muito Embora a elevada taxa de cisalhamento possa ser
boas para a proliferação de organismos utilizada como estratégia para controlar o
filamentosos, já que eles têm a vantagem da direção crescimento dos filamentos, isso nem sempre se
do crescimento e área superficial disponível configura como uma opção.
(Martins et al., 2003; Martins et al., 2011).
Portanto, os sistemas de lodo granular aeróbio
alimentados sob estas condições irão deteriorar-se
rapidamente. A quebra dos grânulos acontecerá
devido à ausência de difusão do substrato nas
camadas internas dos grânulos, os quais não

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11.3 CINÉTICA DO LODO GRANULAR nitrificante do lodo diminui devido a dois fatores:
AERÓBIO o efeito intrínseco da temperatura sobre a atividade
dos microrganismos nitrificantes (reduzindo a taxa
11.3.1 Remoção de Carbono de nitrificação pela metade a cada redução de 8-10
°C da temperatura), bem como o acúmulo de DQO
No LGA, a remoção de carbono não é muito em suspensão no lodo devido à diminuição das
diferente das estações de tratamento convencionais taxas de hidrólise. No entanto, para o lodo granular,
que possuem remoção biológica de fósforo. No o efeito da temperatura é muito menor, pois a
geral, as mesmas bactérias presentes em sistemas redução da atividade microbiana é compensada por
de lodo ativado estão presentes no lodo granular. uma maior profundidade de penetração do oxigênio
No entanto, a maior diferença é a distribuição da no lodo granular. Além disso, devido à remoção
idade de lodo nas estações de tratamento de lodo preferencial de DQO em suspensão nas estações de
granular. Nas estações de tratamento de lodo tratamento de LGA (descarte seletivo do lodo
ativado, os flocos biológicos têm a mesma idade de floculento), a fração nitrificante do lodo não é
lodo. Embora a idade de lodo média nas estações diluída pelo mesmo. Portanto, no geral, a taxa de
de tratamento de lodo granular seja semelhante à nitrificação específica do lodo granular é muito
verificada com o lodo ativado, a idade de lodo dos menos afetada pela temperatura quando comparada
grânulos é maior do que a da fração de lodo à que ocorre em flocos de lodo ativado (Figura
floculento, conforme reportado em Ali et al. 11.7).
(2019). Os grânulos de maior diâmetro consistem
basicamente de microrganismos PAO e vários
outros grupos microbianos que crescem utilizando
substratos solúveis e rapidamente biodegradáveis,
podendo ter uma idade de lodo maior que 30 dias.
No entanto, a fração de lodo floculento também
contém compostos particulados inertes, biomassa
granular aeróbia desprendida e outras partículas
orgânicas lentamente hidrolisáveis. Essa fração
geralmente tem uma idade de lodo significativa
menor (0,5-5,0 dias) do que a biomassa granular
aeróbia. A composição dessa fração de lodo
floculenta é comparável ao lodo de estações de
tratamento de lodo ativado alimentadas com alta
carga. É importante mencionar que essa fração de
Figura 11.7 Relação geral da temperatura e da
lodo floculento não é mineralizada e, portanto,
concentração de oxigênio dissolvido na taxa de
propicia uma produção de metano relativamente
nitrificação volumétrica em reatores de lodo granular
alta.
aeróbio em escala plena.
Em grânulos suficientemente grandes, a
11.3.2 Remoção de Nitrogênio concentração de oxigênio nas partes mais internas
do grânulo torna-se zero, enquanto a concentração
A nitrificação é realizada por microrganismos
de oxigênio perto na camada externa do grânulo é
nitrificantes que são presentes tanto nos grânulos
alta o suficiente para nitrificação. Por causa disso,
quanto nos flocos. Devido à alta idade de lodo nos
a nitrificação e a desnitrificação podem ocorrer
grânulos, a nitrificação pode ser facilmente
simultaneamente dentro do grânulo. A
mantida, mesmo em baixas temperaturas. Em
concentração de oxigênio dissolvido necessária
estações de tratamento de lodo ativado, a atividade

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para uma nitrificação e desnitrificação ótima está 11.3.3 Remoção biológica de fósforo
diretamente relacionada ao tamanho e atividade
dos grânulos. Grânulos maiores têm maiores A remoção biológica do fósforo no LGA é
volumes anóxicos do que grânulos menores em realizada pelos mesmos organismos encontrados
iguais condições de concentração de oxigênio nos processos convencionais de lodo ativado. Nas
dissolvido na suspensão (Figura 11.8). Em estações de tratamento de LGA, as condições de
temperaturas mais baixas, por causa da menor crescimento para PAOs são intrinsecamente ideais,
atividade microbiológica, a profundidade de uma vez que a granulação estável depende do
penetração do oxigênio aumenta. Isso diminui o consumo efetivo e total da DQO sob condições
volume para desnitrificação, tornando mais difícil anaeróbias.
manter efetivamente a nitrificação e desnitrificação
O fósforo presente no afluente é removido a
simultâneas.
partir do crescimento da biomassa e pelo
armazenamento de polifosfato nos PAOs. Sob
condições anaeróbias, os PAOs podem utilizar VFA
formando PHA durante a hidrólise do polifosfato
para produção de energia (Capítulo 6). Isso leva à
liberação de fosfato no líquido. A duração da fase
de alimentação é definida pela necessidade
hidráulica de alimentação do esgoto no reator e,
normalmente, dura de 0,5-1 hora. Nos sistemas de
coleta de esgoto, com longas extensões de redes
coletoras, onde ocorrem hidrólise e fermentação de
forma significativa, o tempo de alimentação
anaeróbia (entre 0,5 e 1 hora) é longo o suficiente
para a ocorrência desses processos. Em sistemas de
coleta de esgoto com curtas extensões, serão
Figura 11.8 Efeito da concentração de oxigênio dissolvido
na suspensão no volume de desnitrificação disponível
observadas hidrólise e fermentação menores, sendo
dentro do lodo granular. A zona cinza indica a necessário um prolongado período anaeróbio para
profundidade de penetração do oxigênio. A zona azul converter a DQO hidrolisável em VFA, os quais
representa a zona anóxica. serão utilizadas para o crescimento de PAOs.

A eficiência da nitrificação e desnitrificação Na fase aeróbia após a alimentação anaeróbia,


simultâneas também depende da quantidade de o reator é aerado para permitir o crescimento
polímeros armazenados nas partes mais profundas bacteriano. O oxigênio se difunde entre os
dos grânulos. Devido ao teor relativamente baixo grânulos, permitindo que os PAOs e os GAOs
de DQO rapidamente biodegradável no esgoto, a comecem a consumir o PHA armazenado
desnitrificação dependerá principalmente da DQO anaerobiamente, e subsequente crescimento dessas
lentamente biodegradável e dos polímeros células. Os PAOs irão repor a reserva de
armazenados presentes na camada externa do lodo polifosfato, removendo o fosfato do líquido (água
granular. Nesses casos, a desnitrificação pode ser residuária). Nas camadas mais profundas dos
aumentada, alternando condições grânulos, os PAOs utilizarão nitrato ou nitrito em
aeróbias/anóxicas, ou seja, ligando e desligando o vez de oxigênio como aceptores de elétrons. Isso
sistema de aeração. faz com que a taxa de utilização de fosfato seja
menos suscetível a possíveis mudanças da
concentração de oxigênio no meio, diferentemente

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do que ocorre com a nitrificação, onde a Portanto, isoladamente, o IVL não é um parâmetro
concentração de oxigênio é essencial para a muito útil para monitorar a qualidade do lodo
ocorrência do processo. granular. Por outro lado, o IVL é importante para
monitorar a quantidade de biomassa que pode ser
11.3.4 Propriedades do Lodo Granular mantida no reator sem haver a expansão desta, por
exemplo durante a alimentação, e perda com o
A velocidade de sedimentação do lodo granular efluente. Outra medição importante para
aeróbio depende, sobretudo, do diâmetro do caracterização de lodo granular aeróbio é a
grânulo, e pode ter valores de até 100 m/h (Figura distribuição do tamanho do grânulo no sistema.
11.9). Para isso, uma amostra de lodo passa numa série de
peneiras (entre 200 e 2.000 µm). Então a
concentração de biomassa de cada fração de
peneira é medida. Uma vez que um grânulo é
definido como um agregado maior que 200 µm,
toda partícula de lodo menor que 200 µm é
considerada não granular. Observe que este limite
é relativamente arbitrário e a fração "não granular"
ao lado do lodo floculento também contém
pequenos "grânulos iniciais”. Um valor normal
para a fração floculenta está entre 1 e 2 g/L em um
reator LGA em escala plena. Em sistemas operados
com elevadas concentrações de sólidos em
suspensão no reator biológico, a contribuição da
fração de grânulos maior que 1 mm aumenta e, em
Figura 11.9 Velocidade de sedimentação terminal de
alguns casos, essa fração pode representar até 90%
grânulos individuais de um reator Nereda® em escala
do total da concentração de biomassa no reator.
plena em uma ETE localizada em Garmerwolde, Holanda
(a linha com R2 = 0,98 é calculada a partir de um modelo).
11.3.5 Aspectos operacionais dos reatores
Uma medição padrão de 30 minutos do índice LGA
volumétrico de lodo (IVL), portanto, dará Os sistemas atuais de lodo granular aeróbio
informações sobre o comportamento de dependem da operação em regime intermitente
sedimentação do lodo granular, porque em 30 (batelada sequencial), o que gera várias vantagens.
minutos, os grânulos já deverão ter sedimentado há O principal aspecto é a estabilidade da granulação
muito tempo. No acompanhamento de reatores por contato direto do LGA com esgoto bruto em
LGA, é prática comum ser medido o IVL após 5 altas concentrações. Além disso, os grânulos são
minutos (IVL5) e após 30 minutos (IVL30) de alimentados preferencialmente em relação à
sedimentação. Se o IVL5 se aproxima do IVL30, competição existente com o lodo floculento e a
isso é uma indicação de um alto grau de granulação. DQO rapidamente biodegradável é totalmente
O IVL de um lodo granular maduro normalmente convertida em condições anaeróbias.
varia entre 20 e 40 mL/g. É preciso lembrar que o
IVL medido é um valor máximo ditado pela fração Esta operação em batelada também permite
da biomassa de pior sedimentação presente no menor concentração no efluente final (tratado). A
reator. A presença de uma pequena fração de flocos concentração do efluente em processos contínuos é
de sedimentação lenta em um teste tradicional de igual à verificada no tanque de aeração. Para
IVL pode ocasionar valores elevados de IVL. requisitos de qualidade de efluente com baixas

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concentrações (de DQO), isto pode levar a um online das concentrações de amônia, nitrato e
decréscimo nas taxas de conversão em condições fosfato durante um dia operacional em uma ETE
operacionais de concentrações baixas (de DQO). Nereda®. No decorrer da fase de alimentação
Na operação de um RBS, a fase de aeração começa (Qafl), as concentrações do sobrenadante na parte
com altas concentrações de DQO, atingindo altas superior do reator são iguais às concentrações do
taxas de conversão. Isto significa que as efluente. Quando a alimentação interrompe e a
concentrações de substrato durante a maior parte da aeração começa, o reator fica completamente
fase de reação são altas o suficiente para não misturado, levando a um forte aumento nas
limitarem a taxa de conversão. Assim, as taxas de concentrações de amônia e fosfato e diminuição do
conversão só caem em concentrações de substrato nitrato. Essas mudanças são proporcionais à taxa de
muito baixas. Por causa disso, as concentrações de troca volumétrica de operação do RBS. A posterior
efluentes podem chegar a praticamente zero sem diminuição das concentrações de amônia e fosfato
reduzir as taxas de conversão. fornece imediatamente a informação que a taxa de
conversão está finalizada. Tal informação é
A operação em batelada também permite um utilizada para fins de monitoramento e controle de
contínuo monitoramento da cinética do lodo processos.
granular. A Figura 11.10 mostra o monitoramento

Figura 11.10 Monitoramento on-line das concentrações de amônia, fosfato, nitrato, oxigênio e a vazão afluente durante um dia
de operação de uma planta Nereda®.

Na fase de reação, a NH4+ é convertida em NO2- parcela do NO2- será convertida em NO3- pelas
, NO3- e N2. Uma vantagem do processo do LGA é bactérias oxidadoras de nitrito (NOB – nitrite
a nitrificação e desnitrificação simultâneas. oxidizing bacteria). Semelhante ao NO2-, o NO3-
Quando o oxigênio está presente na fase aquosa, a também pode ser desnitrificado no núcleo anóxico
NH4+ é convertida em NO2- pelas bactérias do grânulo. A quantidade de desnitrificação
oxidadoras de amônia (AOB – amnonia oxidizing simultânea depende de muitas condições de
bacteria). Por causa das condições anóxicas dentro processo, como temperatura, concentração de
do núcleo do grânulo, e a presença de PHA oxigênio dissolvido no reator e a quantidade de
armazenado pelas bactérias PAO/GAO, parte do VFA no afluente. De forma prática, esse valor pode
NO2- é convertido diretamente em gás N2. A outra variar entre 20% e 80%. Caso seja necessário a

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realização de uma desnitrificação aprimorada, é


necessário a inclusão de períodos de desnitrificação
adicionais, alcançado através do controle
operacional de acionamento e desligamento do
sistema de aeração.

11.4 CONTROLE DO PROCESSO

11.4.1 Ciclo Nereda®

O processo de lodo granular aeróbio é um processo


em batelada sequencial. Nesse sistema, o reator
passa por uma série de etapas para tratar o esgoto.
Essas etapas consecutivas (alimentação e descarte Figura 11.11 O ciclo Nereda®.
simultâneos, fase de aeração e um curto período de
sedimentação) são chamados de ciclo Nereda® Na primeira fase, o afluente é alimentado de
(Figura 11.11). baixo para cima (fluxo ascensional) através de uma
manta de lodo de fundo no reator, enquanto o
As etapas, ou duração das fases em um ciclo efluente tratado na batelada anterior é empurrado
Nereda®, não são fixas. A duração das diferentes para fora na parte superior. Devido às boas
fases pode ser adaptada de acordo com as propriedades de sedimentação do lodo granular
circunstâncias do processo. Além disso, o tempo aeróbio, isso pode ser feito em velocidades de fluxo
total do ciclo pode ser alterado pelo software de relativamente altas, sem o risco de perda de lodo no
controle de processo dos sistemas Nereda®. Mais efluente tratado. Altas velocidades de fluxo na
importante, o monitoramento on-line detalhado faixa de 5 m/h não são incomuns para um reator
(Figura 11.10) permite acompanhar o progresso da LGA.
conversão biológica. Isso pode ser usado para Durante a fase de aeração, o reator é aerado para a
ajustar as fases e processar o valor-alvo desejado. conversão de DQO e nutrientes. Além disso, as
Portanto, o processo LGA é altamente adaptável condições anóxicas podem ser aplicadas para a
em comparação com um processo convencional de remoção de nitrito e nitrato. Na prática, a aeração é
lodo ativado, por exemplo. O processo LGA é controlada com base em uma série de estratégias
controlado para atender aos requisitos de efluentes diferentes, como o controle da concentração
para DQO, N e P, limitando as quantidades de oxigênio dissolvido, potencial redox, pH,
sólidos em suspensão no efluente, otimizando o concentrações de amônia, fosfato e NOX.
tempo de retenção de lodo (idade de lodo) e
gerenciando as variações de fluxo no afluente. Nos A fase de decantação tem duas finalidades.
parágrafos a seguir são apresentadas outras Antes de alimentar o reator para o próximo ciclo, o
abordagens. leito de lodo deve sedimentar para evitar a lavagem
de lodo quando se inicia a alimentação e descarte
simultâneos. Como se sabe, os grânulos
sedimentam mais rapidamente do que os flocos,
ocasionando uma camada de lodo de baixa
sedimentabilidade acima do leito granular. O
descarte de lodo é retirado do topo da manta de lodo

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no final da fase de decantação. Aqui, o lodo 11.4.3 Remoção de nutrientes


granular é favorecido em relação ao lodo
floculento, e essa estratégia é bastante importante O controle de processos para a remoção biológica
para o processo de granulação (conforme discutido eficaz de fósforo é mínimo. O tempo de ciclo
na Seção 11.2.3). anaeróbio é principalmente decidido pelas
restrições hidráulicas do processo. Em geral, o
tempo de alimentação deve ser longo o suficiente
11.4.2 Programação dos ciclos (bateladas) para garantir a utilização de DQO pelos PAOs,
Na maioria das estações de tratamento de esgoto a permitindo crescimento desses organismos e assim,
vazão pode variar enormemente. Não é incomum a utilização de fósforo sob condições aeróbias. Só
que durante um evento de chuva a vazão afluente à no caso de esgoto com muito pouca DQO solúvel
ETE chegue a ser 5 vezes maior do que sob pode ser necessário um período anaeróbio extenso.
condições de período seco, muito embora as cargas Na fase de aeração, a utilização de fósforo é, em
globais de poluição muitas vezes possam geral, mais rápida do que a taxa de nitrificação,
permanecer as mesmas. Para tratar este aumento na também não sendo necessário nenhum controle
vazão em um reator mais compacto possível, a específico nessa etapa. Na operação estável de
duração de cada ciclo pode ser adaptada. Esse qualquer processo de remoção biológica avançada
processo é chamado de programação dos ciclos de fósforo (EBPR – enhanced biological
(bateladas). Um exemplo de programação de ciclo phosphorus removal), é necessário minimizar a
sob condições de período seco e condições aeração após a remoção de fosfato do líquido, a fim
climáticas úmidas (chuvosas) são apresentadas na de evitar a redução da atividade das bactérias PAOs
Figura 11.12. O exemplo mostra a programação por conta do excesso de aeração. Em casos onde é
para um sistema com dois reatores e um tanque de necessário, a remoção biológica total de fosfato
equalização do afluente. Sob condições climáticas pode ser complementada com alguns precipitantes
de período seco, os reatores funcionam com um químicos. Isso pode ser requerido, por exemplo,
tempo de ciclo total de 6,5 horas, uma fase de para demandas rigorosas quanto à qualidade do
alimentação de 1 hora, uma fase de reação de 5 efluente tratado, ou no caso de efluentes de baixa
horas e uma fase de decantação/descanso/tempo relação DQO/P, ou mesmo durante períodos com
ocioso de 0,5 hora. Os reatores são alimentados a elevada carga hidráulica (ex. períodos chuvosos).
partir do tanque de equalização do afluente que A dosagem da quantidade complementar de
armazena o esgoto quando o reator está na fase de produtos químicos pode ser facilmente otimizada e
alimentação. controlada efetivamente. Uma vez que a utilização
de fósforo é linear após a primeira hora de aeração,
Durante os períodos de chuva o ciclo encurta. o fosfato pode ser monitorado online, e a
O tempo total do ciclo é de apenas 3 horas, mas a concentração de fósforo no efluente removido por
duração da fase de alimentação é aumentada para processo biológico, pode ser previsto com precisão.
90 minutos. Também não há mais tempo entre as Esta informação pode ser usada para determinação
fases de alimentação, portanto um dos reatores está de forma on-line a quantidade de precipitante
sempre sendo alimentado. O tempo total disponível necessário para a complementação química.
para aeração é reduzido por estas mudanças na A remoção de nitrogênio é controlada na fase de
programação. Isso pode ser compensado em parte aeração. A nitrificação é sensível à concentração de
pelo aumento dos níveis de oxigênio no reator. oxigênio dissolvido. O monitoramento on-line de
Então, os requisitos da qualidade do efluente amônia relata a taxa de nitrificação na condição
tratado e as condições climáticas, são fatores aplicada de oxigênio dissolvido. A concentração de
determinante para o tamanho dos reatores no oxigênio dissolvido pode ser ajustada, alterando a
projeto. taxa de aeração. A diminuição desta resulta na

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diminuição da taxa de nitrificação e aumento da ser necessário um período extra (pós-


nitrificação-desnitrificação simultâneas. Com o desnitrificação), aplicando-se on/off na aeração na
controle de processos, a razão ideal entre ambos os segunda fase do ciclo. A operação do ciclo
processos pode ser definida. Uma vez que os PAOs otimizado, e consequente monitoramento direto
podem usar tanto oxigênio quanto nitrato como das concentrações dos parâmetros citados, dão
aceptores de elétrons, não há grande influência do informações úteis para o controle on-line de ciclos
controle de aeração sobre o processo de remoção de aeração on/off.
de P. Caso a desnitrificação seja insuficiente, pode

Figura 11.12 Programação da batelada para uma ETE com dois reatores e um tanque de equalização em períodos seco e
chuvoso.

em decantadores secundários é conhecido como


11.4.4 Sólidos em suspensão no efluente um dos principais problemas nas estações de
O desempenho do LGA na remoção de sólidos em tratamento de lodo ativado convencional. Caso
suspensão no efluente e as medidas para otimizar nenhuma medida for tomada, pode haver flotação
esta remoção são semelhantes ao que ocorre nas de lodo devido à desnitrificação, a qual pode
estações de tratamento de lodo ativado. Para evitar acontecer na fase de alimentação e descarte
a lavagem de pequenos materiais flutuantes (lodo) simultâneos, fase inicial do processo Nereda®.
com o efluente, são colocados defletores nas Devido às altas taxas de conversão em um reator
canaletas coletoras do efluente tratado, LGA e a alimentação pelo fundo do reator, a
semelhantes às utilizadas nos decantadores desgaseificação do gás N2 pode ocorrer mais
secundários. Além disso, quanto aos decantadores facilmente nesses sistemas. O déficit de gás para o
secundários utilizados nas estações de tratamento gás N2 na fase líquida entre uma solução
de lodo ativado, é importante citar que se deve completamente isenta e solução saturada está entre
evitar a desnitrificação indesejada, resultando em 5 e 10 mg/L, dependendo da temperatura da água e
um aumento de sólidos em suspensão no efluente. pressão ambiente. Uma temperatura mais elevada
A ascensão do lodo devido à produção de gás N 2 vai proporcionar uma menor solubilidade de gás N2

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em água e um menor déficit de gás N2. Um calculada em cada profundidade de água


ambiente com pressão mais alta (pressão assumindo f igual a 1. Caso a concentração de N 2
atmosférica mais a pressão devido a coluna de na fase líquida tornar-se maior do que a
água) proporciona uma maior solubilidade de gás concentração de saturação, pequenas bolhas de gás
N2 e um maior déficit de gás N2 no meio líquido. se formarão, levando à flotação de lodo. A
A concentração de equilíbrio do gás N2 durante a concentração real de N2 na fase líquida não é
aeração pode ser calculada a partir da Eq. 11.2. apenas influenciada tão somente pela transferência
Com a fração de gás N2 no ar (f) de 0,79, a de bolhas de gás durante a aeração e pelo processo
concentração mínima de N2 na fase de água pode de desnitrificação, como também pela capacidade
ser calculada em cada profundidade de água (h). de mistura do reator. Este processo complexo é
Também a concentração de saturação pode ser mostrado na Figura 11.13.

Figura 11.13 Arraste (stripping) do gás nitrogênio de uma situação de saturação completa (A), e depois de 5 minutos (B), 15
minutos (C) e 60 minutos (D) na temperatura de 20 ºC. A área vermelha marca uma concentração de supersaturação e a área
verde marca uma um déficit maior que o equilíbrio com o ar.

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Ceq = k H f(Patm + hρg) (11.2) deva ser digerido. Em um reator LGA devidamente
projetado, preferencialmente apenas grânulos
Onde: menores e lodo floculento são regularmente
Ceq concentração no equilíbrio do gás N2 descartados. Para limitar o tamanho dos grânulos e
(mol/m3) manter ótima as eficiências de remoção biológica
kH Coeficiente de Henry para o gás N2 de fósforo, é necessário controlar o TRS dos
(mol/m3.Pa) grânulos maiores. Isso é feito ocasionalmente
f Fração gasosa do gás N2 nas bolhas de gás descartando o lodo a partir do fundo da manta de
(-) lodo. Grânulos largos reduzem a área superficial
Patm Pressão atmosférica (Pa) específica do biofilme do reator. Assim, as taxas de
h Profundidade da água (m) conversão aeróbia potenciais são diminuídas
ρ Densidade da água (kg/m3) porque dependem da taxa de transferência de massa
g Aceleração da gravidade (m/s2) do oxigênio do líquido para o grânulo. Note que
como esses grânulos largos são relativamente
Durante a alimentação, o potencial de velhos e bem mineralizados, a digestibilidade deste
desgaseificação é dependente de dois processos. lodo é relativamente baixa. Devido ao fato de a
Em primeiro lugar, as condições anóxicas levam à digestibilidade da fração de lodo floculento ser
produção de gás N2 devido à desnitrificação. Em maior do que a de grânulos largos, a digestibilidade
segundo lugar, a alimentação pelo fundo do reator média do lodo residual de sistemas LGA é
que move a água para cima, diminuindo a pressão semelhante ou um pouco maior à verificada para
ambiente e resultando em uma menor concentração sistemas de lodo ativado.
de saturação. Para prevenir a desgaseificação
durante a fase da alimentação, uma fase de arraste
de gás (stripping) curta pode ser adicionada no 11.5 CONSIDERAÇÕES PARA PROJETO
final do ciclo quando necessária. Ao aerar
intensamente o reator por alguns minutos, o gás N2 O processo do LGA contém etapas de tratamento
é retirado da fase líquida e a desgaseificação do gás semelhantes às utilizadas em ETEs de lodo ativado
N2 é evitada. Uma visão mais aprofundada e convencional, mas existem algumas diferenças
descrição do modelo é dado por Van Dijk et al. importantes. Os requisitos para o pré-tratamento
(2018). são semelhantes; eles dependem das características
do esgoto e incluem gradeamento, desarenação e,
se necessário, remoção de óleo, gordura e material
11.4.5 Tempo de retenção de sólidos graxo. Quando os requisitos do efluente tratado são
(idade de lodo) mais rigorosos, pode ser necessária uma etapa de
Como mencionado anteriormente, enquanto o pós-tratamento, utilizando produtos químicos
tempo de retenção de sólidos (TRS) médio do lodo (como dosagem de coagulantes ou carvão ativado)
em um processo típico de LGA é semelhante ao ou sistemas mecânicos (como filtro de areia,
lodo ativado convencional, por outro lado os ultrafiltração etc.). As tecnologias de pré-
grânulos individualmente têm uma ampla tratamento e sistemas terciários não serão mais
distribuição de vários TRS. Uma vez que a fração abordadas neste capítulo, pois elas têm projetos
granular possui um TRS que permite a nitrificação semelhantes aos aplicados em sistemas de lodo
em todas as temperaturas, o controle do TRS é ativado.
menos sensível do que para ETEs de lodo ativado.
O TRS da fração floculenta não é explicitamente
definido, mas idealmente deve ser o mais curto
possível, considerando que esse lodo de descarte

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11.5.1 Configurações da planta esgoto. Isso é resolvido através da aplicação de


vários reatores, de modo que sempre haja um reator
Uma vez que o processo LGA é um processo em que possa receber o esgoto. Posteriormente, esta
batelada sequencial, o tratamento de esgoto para abordagem estipula que um mínimo de três reatores
um fluxo contínuo requer múltiplos reatores. Cada é necessário para operação contínua e nesse caso, o
reator passa por um ciclo de alimentação - reação - tempo de alimentação será de 1/3 do tempo total do
decantação. Enquanto um reator está em reação ou ciclo (Figura 11.14, esquerda).
em decantação, não pode receber alimentação de

Figura 11.14 Diferentes configurações das estações de tratamento Nereda® na Holanda: (esquerda) em Epe, três reatores (N)
sem um tanque de equalização, (meio) em Garmerwolde, dois reatores (N) sem um tanque de equalização (B), e (direita) em
Vroomshoop, uma configuração híbrida aonde a ETE Nereda® (com um tanque de equalização) é operada em paralelo a um
sistema de lodo ativado convencional (C); aqui o lodo excedente do sistema LGA é encaminhado para o sistema de lodo
ativado. Abaixo é apresentada uma descrição da configuração.

Isso pode resultar em tempos de alimentação equalização do afluente pode ser usado para
mais longos do que os necessários para a utilização superar a necessidade de ter sempre um reator no
anaeróbia de DQO e liberação de fosfato, e resulta modo de alimentação (Figura 11.14, meio). Usando
em volumes de reatores geralmente maiores do que tal tanque de equalização para o afluente, apenas
necessários. No entanto, isso torna a remoção um reator seria suficiente para o tratamento. Além
biológica de fosfato mais estável. Esse disso, para ETEs maiores com mais de três
superdimensionamento pode ser limitado pela reatores, um tanque de equalização pode ser usado
aplicação de mais reatores (n), reduzindo o tempo para minimizar o volume do reator e assim, a fase
de alimentação para 1/n do tempo de ciclo total. de alimentação pode ser mais curta com vazões
mais altas. Ao minimizar o tempo de alimentação
Para ETEs menores, construir três tanques de anaeróbia, deve ser avaliado o tempo anaeróbio
tratamento pode ser antieconômico e um tanque de mínimo para a remoção biológica do fósforo, o qual

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dependerá das proporções de DQO/P, DQO influenciada pelo nível de comportamento de fluxo
rapidamente biodegradável/DQO total, e a fração em pistão (vertical) no reator. Um fluxo de pistão
de substrato hidrolisável. não otimizado irá diminuir a taxa de troca
volumétrica máxima e irá levar a um maior volume
Outra opção de projeto para lodo granular é do reator. Um dos parâmetros que influenciam a
uma configuração híbrida. Nesta configuração, o alimentação é a velocidade do fluxo ascendente
reator LGA é construído em paralelo a um reator de (m/h). Durante o período de alimentação anaeróbia,
lodo ativado continuamente alimentado pelo LGA a DQO rapidamente biodegradável é consumida do
(Figura 11.14, direita). Certamente quando se trata afluente pelo leito granular. Para permitir a
da modernização das estações de tratamento de hidrólise e a utilização dessa parcela de DQO,
lodo ativado existentes, esta é geralmente uma geralmente tempos de alimentação de 0,5-3,0 horas
opção interessante. Na configuração híbrida, o são necessários, dependendo do tipo de esgoto. De
reator LGA trata apenas parte do afluente total, forma geral, o tempo anaeróbio é definido pelas
sendo o lodo excedente encaminhado para o tanque restrições hidráulicas específicas do local de
de aeração. Ao se fazer isso, acontece uma tratamento.
melhoria da sedimentabilidade da biomassa do
sistema de lodo ativado, assim como da capacidade Os processos na fase de reação dependem dos
de remoção de nutrientes deste sistema, otimizando requisitos do efluente tratado desejado. Caso o
assim a operação do sistema de LGA e lodo objetivo seja apenas remover DQO, a fase de
ativado. reação consiste em um período de aeração
relativamente curto, onde apenas a DQO e o PHA
11.5.2 Volume de projeto armazenado serão oxidados. Em muitos casos, isso
também resultará na quase completa remoção de
O volume de projeto do reator depende fósforo, porque os PAOs desempenham um papel
principalmente da vazão afluente e suas variações, importante no processo de granulação e na remoção
cargas de DQO total e nitrogênio, temperatura da de DQO. No entanto, caso a nitrificação também
água e requerimentos de qualidade do efluente seja necessária, a fase de reação exigirá um período
tratado. A soma dos tempos para as três fases do de aeração mais longo, levando a volumes maiores
ciclo (alimentação, aeração e decantação) e a de reatores. O tempo alocado para desnitrificação é
quantidade de esgoto, determinam o volume total muito dependente do tipo de esgoto e do sistema de
dos reatores LGA. coleta de esgoto utilizado.

Na fase de alimentação anaeróbia, o esgoto é O volume total da ETE (reatores Nereda® +


alimentado a partir do fundo através de um leito tanque de equalização) depende da taxa de
granular estabelecido no reator. Simultaneamente, carregamento de lodo, variações de vazão e
o efluente tratado é empurrado para fora no topo do configuração de ciclo. No exemplo a seguir, temos
reator. Como resultado, o volume no reator é um sistema Nereda® com três reatores (à esquerda
constante. Na maioria dos RBS convencionais isso na Figura 11.14). Para se determinar o volume do
simplesmente não é possível devido às reator, inicialmente precisa ser estabelecida uma
propriedades de sedimentação do lodo floculento. configuração de ciclo. O tempo total do ciclo pode
A quantidade de troca entre o afluente (esgoto ser calculado por:
bruto) e o efluente tratado é expresso como taxa de
troca volumétrica, que é um número entre 0 e t = talimentação + treação +tdecantação (11.3)
100%. Um reator LGA adequadamente projetado
pode ter uma troca volumétrica de até 65% e, às Onde:
vezes, até mais. Esta taxa de troca máxima é t tempo total do ciclo (h)

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talimentação duração da fase de alimentação (h) Onde:


treação duração da fase de reação (h) nciclos número de ciclos por dia por reator
tdecantação duração da fase de decantação (h) treação, dia tempo total de reação por dia (h)

Em uma ETE com configuração em múltiplos O volume da reação agora pode ser calculado
reatores sem um tanque de equalização afluente, o com base no tempo total de reação por dia, a vazão
tempo total do ciclo deve ser um múltiplo da do projeto, a concentração de DQO e a taxa de
duração da fase de alimentação: carregamento de lodo. Este último parâmetro é
normalmente semelhante à faixa reportada para
talimentação = (treação +tdecantação) / (nreatores – 1) (11.4) sistema de lodo ativado de 0,1-3,0
kgDQO/kg.SST.d. A nitrificação ocorre
Onde: normalmente até 0,4 kgDQO/kgSS.d em
nreatores número de reatores. temperaturas moderadas. As temperaturas mais
altas podem permitir a nitrificação com taxas de
Portanto, em uma configuração de 3 reatores, a carregamento mais altas.
duração da fase de alimentação é a metade da soma
Q .DQO
da duração das fases de reação e decantação. A fase Vreator = treação,dia (11.7)
SSRB .TCL nreator
de alimentação e a fase de reação são avaliadas 24

juntas, então uma fase de alimentação mais longa


leva a uma fase de reação mais longa. Apenas a fase Onde:
de decantação/descanso tem uma duração fixa, de Vreator volume de um reator (m3)
normalmente 20-30 minutos. Como resultado, o Q vazão (m3/d)
volume do reator é apenas marginalmente DQO concentração de DQO (kg/m3)
influenciado pelo ciclo escolhido. Na prática, a SSRB concentração de lodo (kg/m3)
duração da alimentação é determinada por TCL taxa de carregamento de lodo
parâmetros como a relação de troca volumétrica, a (kgDQO/kgSSRB.d)
velocidade de fluxo ascendente e o tempo mínimo
de alimentação anaeróbia. Em uma configuração com tanque de
equalização, a duração da fase de alimentação pode
No processo de elaboração do projeto, o tempo ser escolhida mais livremente, tipicamente mais
de reação pode ser escolhido livremente, por curta, o que permite uma fase de reação mais longa.
exemplo 4 horas. Mais tarde, este valor pode ser Portanto, na configuração com tanque de
otimizado para minimizar o volume total dos equalização, o volume do reator será usado de
reatores, como pode ser visto na Figura 11.15. forma mais eficiente. O volume total dos tanques
Baseado nas equações 11.3 e 11.4 e o valor de de equalização e dos reatores combinados não será
reação total, o tempo de ciclo total (t) pode ser muito menor do que em uma configuração sem
calculado. A média do tempo de reação por dia por tanque de equalização. No entanto, a redução no
reator pode ser calculada com base no número de volume do reator proporcionará uma redução geral
ciclos por dia: dos custos. O tempo de alimentação não é mais
calculado de acordo com a equação 11.4, mas é
nciclos = 24/t (11.5) livremente escolhido no projeto levando-se em
consideração os limites de velocidade ascendente.
e São usados valores típicos de 0,5-1,0 hora. O
tanque de equalização é calculado com base no pico
treação, dia = nciclos treação (11.6) de vazão durante as condições de período seco.
Durante o tempo chuvoso, a programação do reator

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é alterada conforme descrito na seção 11.4.2, e o A Figura 11.15 mostra que o volume total dos
tanque de equalização não será esvaziado durante a tanques não muda significativamente quando o
fase de alimentação porque as vazões de entrada e tanque de equalização é aplicado. Em contraste, o
saída estão equilibradas. O volume do tanque de volume restante do reator é usado de forma mais
estabilização segue a partir de: eficiente para aeração, conforme mostrado na
Figura 11.15B. Isso mostra a eficiência, que pode
Qpico talim
Vequalização = − Q pico (11.8) ser expressa como o número de horas por dia que
nreator nciclos 24
os reatores são usados na fase de reação. Além
disso, há uma configuração de ciclo ideal, onde é
Onde:
necessária uma quantidade mínima de volume de
Qpico vazão de pico durante as condições de
reator.
período seco (m3/d).
Em uma configuração híbrida, muitas variações
são possíveis. Pode ser projetado com ou sem
tanque de equalização, com um ou vários reatores.
Na forma mais simples, apenas um reator LGA é
construído. Nesse modelo, a ETE convencional
recebe toda a carga quando o reator LGA não está
alimentando. Semelhante à configuração com um
tanque de equalização, a duração da fase de
alimentação e a fase de reação são adotadas com
base nas condições de contorno do sistema LGA e
do sistema convencional. Alternativamente, os
reatores LGA podem ser construídos em uma linha
separada, sendo continuamente alimentados com
uma fração fixa da vazão total da ETE. Neste caso,
a configuração com ou sem tanque de equalização
pode ser aplicada.

11.5.3 Tratamento do lodo

O lodo é descartado em um reator LGA por dois


motivos: (i) a retirada seletiva do lodo de
sedimentação lenta e, (ii) a retirada para controle da
idade de lodo. No final de cada ciclo, a fração de
LGA de pior sedimentabilidade é retirada através
Figura 11.15 Efeito da aplicação de um tanque de da remoção da parte superior do leito de lodo, após
equalização (TE). A aplicação de um TE (azul) não lidera um período de decantação. Isso é chamado de
imediatamente a uma diminuição do volume total (A), descarte seletivo, sendo essencial para o processo
mas a eficiência dos reatores (B), expressa como tempo de granulação. O descarte seletivo consiste em se
relativo disponível para o aumento da reação. As linhas separar o lodo floculento dos grânulos aeróbios,
tracejadas mostram que o projeto é limitado pela taxa de incluindo nessa separação os grânulos pequenos e
troca volumétrica. alguns sólidos em suspensão do afluente (ex. fibras
de celulose). O descarte seletivo consiste
Usando todos os cálculos anteriores, a geralmente na remoção de material relativamente
configuração ótima do reator pode ser encontrada. não mineralizado, cuja digestibilidade é geralmente

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boa. O tratamento do lodo de descarte dos reatores tem um potencial de recuperação de biogás
LGA é comparável ao utilizado com lodo ativado, próximo aos obtidos nas ETEs de lodo ativado
embora pesquisas recentes mostrem que podem ser convencional, onde a decantação primária é usada
recuperados biopolímeros do lodo de descarte dos para maximizar a produção de biogás. Para
reatores LGA (ver a Seção 11.6). processos de lodo granular, isso foi integrado no
próprio reator de tratamento. A DQO particulada
11.5.4 Sólidos em Suspensão no Reator da água residuária é incorporada na fração de flocos
Biológico do lodo. Esta fração tem um tempo de residência
curto (0,5- 5,0 dias) e, portanto, uma
As ETEs de lodo granular são geralmente operadas digestibilidade muito boa. O lodo granular tem uma
com altas concentrações de sólidos em suspensão idade de lodo muito longa e, portanto, uma
no reator biológico (SSRB), bem superiores aos digestibilidade ligeiramente mais baixa do que o
valores encontrados nos sistemas de lodo ativado. lodo biológico floculento (200 contra 230
Este também é um parâmetro importante que mLCH4/gSSV). O lodo de descarte total dos
impulsiona a compactação dos reatores da reatores LGA dá um rendimento de biogás
tecnologia Nereda®. Um projeto típico de um semelhante ao encontrado em processos de lodo
reator LGA alcança concentração de 8 g/L, mas ativado com a combinação do lodo primário e
valores da ordem de 15 g/L não são incomuns em secundário (300 mLCH4/gSSV) (Guo et al., 2020).
ETEs de LGA. No entanto, quando se observam
valores superiores a 8 g/L, a concentração da Um dos compostos do lodo floculento são as
biomassa não é o fator limitante no processo de fibras de celulose (Figura 11.16) que formam uma
tratamento. Essas altas concentrações podem ser fração significativa do afluente (20-30% da DQO
alcançadas por causa da biomassa densa dos particulada). Essa fração acaba no lodo de descarte
grânulos. Os grânulos maduros de reatores LGA e contribui para a maior produção de biogás. A
podem ter uma concentração de SSRB de 50-60 celulose pode ser recuperada por uma etapa de
g/L. Portanto, considerando um reator com peneiramento ou no lodo de descarte. Este último
porosidade do leito granular de 50%, espera-se uma tem a vantagem de um menor fluxo hidráulico
concentração de SSRB de 25-30 g/L. (demanda menor capacidade de peneiramento). A
celulose recuperada pode ser usada para substituir
a celulose em processos industriais. Também pode
11.6 RECUPERAÇÃO DE RECURSOS ser hidrolisada em açúcares (e posteriormente ser
fermentada em VFA) e dosado como substrato em
O objetivo principal do tratamento de esgoto é a ETEs onde a DQO é limitante para remoção de
proteção da saúde humana e do meio ambiente. No fósforo e/ou remoção de nitrogênio.
entanto, na última década, a recuperação de
recursos também se tornou um aspecto importante
no processo de tratamento de esgoto (Kehrein et
al., 2020). O estudo da formação de lodo granular
abriu novas opções para a recuperação de recursos,
especialmente os polímeros que formam a matriz
do lodo granular. A integração da recuperação de
recursos com a tecnologia Nereda® é brevemente
apresentada a seguir.

Tradicionalmente, a energia na forma de biogás


é recuperada do lodo de descarte. O lodo granular

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desse material não é uma simples mistura de


polissacarídeos e proteínas. No lodo granular, e
provavelmente também outros biofilmes, as
bactérias produzem glicoproteínas, semelhante ao
glicosaminoglicano sulfatado, semelhante ao ácido
hialurônico, e compostos contendo ácidos siálicos.
Esses polímeros são responsáveis pela alta
estabilidade da matriz polimérica que envolve os
microrganismos (Felz et al., 2020).

Os polímeros formadores de gel são geralmente


extraídos de fontes biológicas e não são produzidos
a partir de produtos químicos derivados do
petróleo. O fornecimento desses polímeros está em
Figura 11.16 Imagem do lodo de descarte peneirado (≥ geral limitado, porque a produção em separado
200μm) de uma ETE Nereda®, mostrando as fibras de deles é muito cara. Por exemplo, o fornecimento de
celulose misturadas com a biomassa granular. alginato é limitado pela quantidade de algas
cultivadas naturalmente que podem ser colhidas. O
A recuperação de fosfato pode ser integrada nos cultivo também faz o polímero caro. A matriz
processos convencionais de lodo ativado, polimérica extracelular de lodo ativado ou lodo
geralmente na forma de recuperação de estruvita do granular pode, portanto, formar um novo recurso
digestato. Quando o ferro é dosado ou está presente muito interessante que pode ser recuperado. Os
no esgoto, é formada a vivianita durante a digestão, polímeros de lodo ativado têm um comportamento
a qual pode ser recuperada por separação floculento, enquanto os polímeros do lodo granular
magnética (Prot et al., 2019). Uma opção extra em podem formar géis estáveis. O volume de produção
um processo de lodo granular em batelada como pode ser muito maior do que a maioria dos atuais
nas estações de tratamento Nereda® é dada pelo biopolímeros. Em uma ETE Nereda®, tem sido
grande desprendimento de fosfato durante a observados valores próximos de 5 kg/ E.P. ano de
alimentação do afluente. No início da fase de biopolímeros. A extração e uso de polímeros de
aeração, as concentrações de fosfato são altas. Caso lodo granular aeróbio estão atualmente em fase de
o líquido do reator seja recolhido nesse estágio, é desenvolvimento. A primeira unidade de extração
possível recuperar fosfato como mineral de cálcio em grande escala foi inaugurada em 2019 na
ou como estruvita. No entanto, a recuperação nesta Holanda (Figura 11.17) e o polímero é
fase deve ser equilibrada o suficiente para deixar comercializado sob a marca de Kaumera. O
fosfato disponível para a efetiva remoção biológica processo de extração atual é semelhante ao da
de fósforo (Barat e Van Loosdrecht, 2006). extração de alginato a partir de algas marinhas.
Inicialmente o polímero é solubilizado pelo
A matéria-prima mais interessante para aquecimento do lodo em uma solução alcalina de
recuperar é formada pela matriz polimérica carbonato. Depois de remover o material não
extracelular do lodo granular. Isso pode ser solubilizado por centrifugação, o polímero é
extraído e usado como base para novos materiais. precipitado por neutralização de pH e adição de
No momento da escrita (2020), a matriz polimérica cálcio ou por acidificação do líquido em baixo pH.
extracelular ainda não é, em geral, bem
caracterizada (Seviour et al., 2019), mas com boas Tradicionalmente, os biopolímeros são usados
perspectivas para os próximos anos de aumento do principalmente nas indústrias de alimentos e
conhecimento da composição, com o médica. Isso é devido a sua limitada
desenvolvimento e uso de novas ferramentas disponibilidade e preço elevado. Os polímeros
analíticas. Métodos que têm sido amplamente derivados de esgoto são menos adequados para
utilizados para análise de polissacarídeos e esses mercados, mas o volume potencial do
proteínas mostraram ser importantes (Seviour et mercado está estimulando o desenvolvimento de
al., 2019), sendo observado que a composição

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novas aplicações. As primeiras aplicações podem até 80% de material de enchimento. As


ser encontradas na agricultura, em que o polímero investigações atuais revelaram que os compósitos
estimulou o crescimento da ETE. Uma de argila-Kaumera se assemelham a materiais do
característica interessante é o retardamento da tipo nácar (material orgânico/inorgânico
chama do polímero (Kim et al., 2020). Esta estruturado, por exemplo, madrepérola). Eles têm
característica pode ser um valor agregado uma resistência à tração muito alta, não são
importante quando o Kaumera é utilizado para a inflamáveis e mantém sua resistência até 180 °C.
produção de materiais e revestimentos. Os Os compósitos formados por Kaumera e a celulose
polímeros químicos podem ser utilizados para produzem um material semelhante à madrepérola,
produção de material compósito, onde os polímeros que tem um elevado valor estético (Figura 11.18),
podem conter 10-20% de material de enchimento mostrando que o esgoto descarregado nos
inorgânico. Os biopolímeros também podem ser banheiros pode ser transformado em produtos
utilizados para essa finalidade, mas podem conter atraentes.

Figura 11.17 Estação de tratamento Nereda® em Zutphen, Holanda, com uma unidade de extração de Kaumera. No fundo é
mostrada a ETE de lodo ativado convencional existente.

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Figura 11.18 A: Plástico compósito retardante de chama derivado de um Kaumera e argila. B e C: Brincos e colar produzidos a
partir dos bioprodutos do esgoto. O principal material é um compósito de Kaumera e celulose. A esfera plástica no colar é de
PHA. A cor azul é vivianita e a cor vermelha é extraída de um lodo anammox (criação da arte por Yuemei Lin).

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NOMENCLATURA

Símbolo Descrição Unidade


Ceq Concentração no Equilíbrio do gás N2 mol/m³
CS,O Concentração de substrato no lodo g/m³
Cx,m Densidade máxima da biomassa no biofilme g/m³
Ds Coeficiente de Difusão do substrato m²/s
f Fração de gás N2 gasoso nas bolhas de gás -
g Aceleração da gravidade m²/s
G Fator de crescimento adimensional -
h Profundidade de água m
kH Coeficiente de Henry para N2 gasoso mol/m³.Pa
Ly Espessura do biofilme m
nreator Número de reatores -
nciclos Número de ciclos por dia por reator -
t Tempo total do ciclo h
talimentação Duração da fase de alimentação h
treação Duração da fase de reação h
treação,dia Tempo total de reação por dia h
tdecantação Duração da fase de decantação h
Q Vazão m³/d
Qpico Vazão de pico m³/d
Patm Pressão atmosférica Pa
Vreator Volume do reator m³

Abreviação Descrição
LGA Lodo Granular Aeróbio
AOB Ammonia-oxidizing bacteria/Bactérias Oxidadoras de Amônia
LAC Lodo Ativado Convencional
EBPR Enhanced biological phosphorus removal/Remoção Biológica Avançada de Fósforo
GAO Glycogen-accumulating organisms/Organismos Acumuladores de Glicogênio
SSRB Sólidos em Suspensão no Reator Biológico
NOB Nitrite-oxidizing bacteria /Bactérias Oxidadoras de Nitrito
PAO Phosphate-accumulating organisms/Organismos Acumuladores de Fósforo
DQORB DQO rapidamente biodegradável
UASB Upflow anaerobic sludge bed reactor/Reator de Anaeróbio de Fluxo Ascendente e Manta de
Lodo
TRS Tempo de Retenção de Sólidos
IVL Índice Volumétrico de Lodo
TCL Taxa de Carregamento de Lodo
VFA Volatile fatty acids/Ácidos Graxos Voláteis

Símbolos Gregos Descrição Unidade


µm Taxa de crescimento específico máxima l/d
ρ Densidade da água kg/m³

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Figura 11.20 Lodo granular aeróbio de uma Planta Nereda ®(foto: Royal HaskoningDHV).

Figura 11.21 As séries de dados apresentadas na Figura 11.10 foram transformadas em uma sequência de notas conectadas de
tal forma que são tocadas ou ouvidas separadamente, sendo o resultado conhecido como melodia Nereda® produzida em
cooperação entre Royal HaskoningDHV e Fundação Pinta 021 (https://pinta021.org/muzika‐vode/) (photo: Foundation Pinta
021).

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12 Decantação Final
Imre Takács e George A. Ekama
Tradução: Sérgio Roberto Carvalho de Souza

12.1 INTRODUÇÃO que o tratamento biológico é alcançado, o lodo tem


de ser separado do esgoto tratado, que se torna o
Decantação final, em seu nível mais fundamental, efluente secundário. O lodo no reator consiste de
separa a fase sólida mais pesada (a massa de lodo) micro-organismos (principalmente bactérias) e de
da fase líquida mais leve (efluente) utilizando a resíduos de tecido celular de tamanho na faixa do
gravidade, por conseguinte, é frequentemente micrômetro, que normalmente seriam difíceis de
denominada fase de separação sólida-líquida. O separar da fase líquida. No entanto, por natureza, o
processo é geralmente executado em grandes lodo é floculento, e sob condições adequadas,
tanques de concreto denominados decantadores forma facilmente flocos de lodo ativado que são de
finais ou decantadores secundários. Milhares de uma a três ordens de magnitude superior às das
livros, artigos e relatórios contém informações em bactérias individuais. Os flocos, com densidade
abundância produzidas no último meio século ligeiramente superior à da água, podem ser
relacionadas à teoria, projeto e operação de separados em decantadores. Uma vez que a
decantadores finais. O objetivo deste capítulo é diferença de densidade entre a massa de lodo e a
oferecer uma visão global do processo de água é pequena, baixas velocidades de
decantação e sua implementação na prática, com sedimentação e longos tempos de detenção são
especial ênfase aos aspectos práticos. requeridos, tipicamente da ordem de horas. Esta
característica combinada com altas vazões de
A decantação induzida pela gravidade é esgoto gerados em áreas densamente povoadas,
utilizada em várias outras situações, por exemplo, resulta em grandes estruturas visíveis do espaço
para produzir efluente primário a partir do esgoto próximas às grandes áreas povoadas.
bruto em decantadores primários, ou adensamento
(redução do teor de água) do lodo em espessadores. Para cada 1.000 pessoas de uma cidade servida
O despejo industrial, além da sedimentação por sistema de esgotos adequado, requer-se,
gravitacional, utiliza outros métodos (por exemplo, aproximadamente, 5 a 15 m² de área superficial de
membranas ou flotação) para a fase de separação decantação secundária, dependendo dos hábitos
de lodo ativado. Estas aplicações e seus aspectos de locais de uso da água.
engenharia não estão discutidos neste capítulo (ver
Capítulo 13). 12.1.2 Funções de um decantador
secundário
12.1.1 Objetivo da decantação
Decantadores finais realizam múltiplas funções no
Em reatores de lodo ativado, uma mistura tratamento de esgoto, proporcionando três
concentrada de lodo e esgoto é produzida e mantida funcionalidades distintas: (I) clarificação, para
para o tratamento biológico do esgoto. Uma vez produzir um efluente clarificado, (II) adensamento,

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para promover a recirculação de fluxo de lodo forma contínua. Quanto mais alta a concentração
concentrado, e (III) armazenamento de lodo, de sólidos na recirculação de lodo ativado (RLA),
geralmente em um tempo limitado, durante menor a vazão de recirculação requerida. Um
períodos de vazão elevada. decantador bem projetado (acoplado a um sistema
biológico funcionando otimamente) gerará sólidos
altamente adensados (tipicamente na faixa de 7 a
12.1.2.1 Clarificação em decantadores
12 kg SST/m³) para o fluxo de recirculação de lodo.
secundários
Caso o desempenho do adensamento no decantador
Efluentes finais de decantadores secundários bem não seja ótimo, maiores fluxos de vazão de
projetados, geralmente contém somente 5 a 15 recirculação são requeridos na operação diária, o
mg/L de sólidos em suspensão. Considerando a que aumenta a demanda de energia do decantador
faixa típica de concentração de SST no reator através do mecanismo de remoção de lodo e do
biológico de 1.500 a 3.500 mg/L, a eficiência aumento de sólidos em suspensão no reator
esperada do decantador secundário está na faixa de biológico/SSRB resultante da maior vazão de
99% a 99,9%. Existem dois fatores-chave para recirculação de lodo ativado. Caso a vazão de
alcançar esta alta eficiência de modo consistente: recirculação de lodo ativado seja muito alta, há um
(I) um decantador secundário deve criar condições aumento de risco na instabilidade do manto de lodo
que promovam a floculação do lodo e a captura de (ver próximo parágrafo).
pequenas partículas, incorporando-as aos flocos de
lodo ativado; (II) as condições de fluxo na zona de 12.1.2.3 Lodo armazenado em decantadores
clarificação devem ser uniformes, particularmente secundários
próximo aos vertedores e canaletas de efluente,
para minimizar o efeito local de correntes Em sistemas típicos de lodo ativado, a maior parte
ascendentes desde as camadas profundas, com altas do lodo está nos reatores biológicos em todo
concentrações de sólidos, e misturá-las no efluente. instante, mas há uma troca contínua de massa de
Os meios de engenharia para alcançar estas metas lodo entre os reatores e o decantador. Um aumento
estão resumidos na seção 12.2. O conteúdo de repentino da vazão afluente ou uma redução da
sólidos em suspensão de uma amostra de efluente compactação do lodo deslocará parte do lodo do
contribui para, e às vezes constitui a maior parte, reator para o decantador, resultando num aumento
das concentrações finais de DBO, DQO e P total (e do manto de lodo. Levará tempo (e potencialmente
menos para N total). Diante dos baixos limites de com a intervenção do operador) para retornar a
concentração nos efluentes que estão começando a massa de lodo acumulada no manto de lodo do
ser exigidos em áreas sensíveis, é importante decantador para o reator. A funcionalidade do
manter os sólidos efluentes sob o mais baixo teor armazenamento do lodo no decantador proporciona
possível. Mesmo quando o efluente secundário seja a captura e retenção de sólidos até que o
submetido a subsequente tratamento terciário (tal mecanismo de recirculação de lodo se ajuste à
como várias tecnologias de filtração), um bom sobrecarga temporária.
efluente clarificado, com baixa concentração de
sólidos em suspensão, aumenta a vida útil e reduz Existem configurações de decantador e
os custos operacionais da unidade terciária. estratégias operacionais que explicitamente
utilizam a funcionalidade do armazenamento de
lodo do decantador (ver, por exemplo, manto de
12.1.2.2 Adensamento em decantadores
filtração em decantador de fluxo vertical). Esta
secundários
funcionalidade pode ser benéfica para a qualidade
O lodo sedimentado no fundo do decantador deve do efluente, no entanto são requeridos um bom
ser recirculado para o reator de lodo ativado de projeto e uma operação cuidadosa de modo a

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prevenir o arraste acidental do manto de lodo e altas


concentrações de sólidos no efluente.

Figure 12.1 Decantadores secundários são algumas das estruturas mais visíveis na Terra a partir do espaço (foto: D. Brdjanovic)

12.2 CONFIGURAÇÕES DE DECANTADOR remoção de lodo e do anteparo interno. Somente as


NA PRÁTICA características gerais de três tipos de decantadores
mais comuns (escoamentos radial, horizontal e
Decantadores finais bem projetados devem vertical) serão discutidas aqui. Pesquisa e
proporcionar condições de escoamento quiescente experiência operacional em instalações de escala
e lento da água de processo para alcançar as completa têm demonstrado que não há diferença
melhores operações possíveis de clarificação e significativa no desempenho de decantadores bem
compactação. Ao mesmo tempo, os motivadores projetados independentemente de suas formas. A
econômicos apontam para objetivos opostos: estas decisão de escolher um tipo ou outro geralmente
unidades são grandes, com custo de construção não é orientada pelo desempenho do processo.
significativo e área ocupada potencialmente Espaço, fornecedores ou outras considerações de
custosa. O regime de escoamento dentro do engenharia determinarão a melhor opção para cada
decantador desempenha um papel importante de local. Por exemplo, se o espaço é limitado,
melhorar ou dificultar o seu desempenho. O regime decantadores retangulares com paredes comuns
de escoamento é uma consequência do formato do podem ser mais adequados. Combinar com
decantador, da posição e configuração das unidades existentes ou simplificar operações
estruturas de entrada e saída, do mecanismo de (usando os mesmos decantadores com os quais os

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operadores estão familiarizados) também pode ser ajudam a dissipar a energia do fluxo, produzindo
uma importante consideração. condições quiescentes no decantador. A biomassa
em suspensão do reator, devido sua densidade mais
12.2.1 Decantadores circulares com alta, geralmente escoará para o perímetro logo
modelo de fluxo radial acima do topo do manto de lodo, como uma
“corrente de densidade”. Frequentemente se
Um dos formatos mais populares de decantador, desenvolve assim um regime de recirculação de
devido seu projeto mecânico mais simples, é o formato toroidal (“rosquinha”), com o fluxo
circular (Figura 12.2). Estruturas de entrada e saída voltando ao centro pela superfície. O controle do
de água de processo podem ser posicionadas em regime de escoamento no decantador é geralmente
diferentes locais, mas o tipo de escoamento nestas realizado pela instalação de diversas estruturas de
unidades em geral é radial, conduzindo a desvio e anteparos próximos aos pontos de entrada
velocidades mais altas no centro do decantador e e saída. O efluente é retirado através de vertedores
reduzindo em direção ao perímetro. Normalmente, triangulares, e o fluxo vertido é coletado em uma
a biomassa em suspensão é introduzida no centro, canaleta. O vertedor deve ser nivelado de modo que
numa bacia confinada de floculação ou de o escoamento seja uniformemente distribuído ao
amortecimento O projeto dessa bacia deve ajudar a longo de toda a extensão de vertedor. O lodo
floculação da massa de lodo. As passagens abertas sedimentado no fundo do tanque é coletado pelo
da bacia de amortecimento para o decantador mecanismo raspador de lodo e é removido de um
poço de lodo.

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Figure 12.2 Decantador circular (foto: EnviroSim)

Figure 12.3 Ilustração conceitual de um decantador circular com escoamento tipo fluxo radial

Os dois mecanismos mais típicos de coleta de Utilizando a vantagem oferecida pelo formato
lodo são o raspador (lâminas) e o de sucção. circular, ambos mecanismos giram algumas vezes

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por hora por ação de um acionador periférico que de anteparos internos. O efluente é coletado através
rola e se apoia sobre a parede externa. da descarga de vertedores em canaletas. A remoção
Uma ilustração conceitual de um sistema de lodo neste exemplo é tipo contracorrente em
específico com alimentação central e de canaleta relação ao escoamento do fluxo de líquido,
periférica de efluente está mostrada na Figura 12.3. podendo ser também concorrente ou tipo fluxo
Setas pretas representam genericamente o regime cruzado. O mecanismo de remoção de lodo
de escoamento no tanque, setas marrons indicam a geralmente é tipo raspador mecânico ou com
direção do fluxo de lodo e setas azuis indicam o correntes.
fluxo do efluente clarificado vertido ao longo das
canaletas.

Para o projeto detalhado de cada componente


do decantador, são necessários dimensionamentos
hidráulico, estrutural e de outros tipos, que vão
além dos objetivos deste texto.

12.2.2 Decantadores retangulares com


regime de escoamento horizontal

Decantadores retangulares podem ser construídos


compartilhando paredes comuns entre si, o que leva
ao melhor aproveitamento da área disponível. Por Figure 12.4 Decantador retangular (foto: D. Brdjanovic)
isso, grandes estações são geralmente projetadas
com decantadores retangulares (Figura 12.4).

Similares aos decantadores circulares,


alimentação e coleta de efluente podem estar em
diferentes localizações, mas o regime de
escoamento, em geral, é horizontal. A ilustração
conceitual de um sistema retangular é mostrada na
Figura 12.5. Neste exemplo, a biomassa em
suspensão é alimentada numa extremidade da
entrada e o efluente é removido na extremidade
oposta, resultando em escoamento longitudinal. A
existência de correntes de densidade e regime de
recirculação é normalmente atenuada utilizando-se

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Figure 12.5 Decantador retangular genérico com escoamento horizontal

flui através dele na direção vertical, fluidiza-o


12.2.3 Decantadores profundos com ligeiramente. Neste processo, partículas finas são
regime de escoamento tipo vertical capturadas e retidas. Desse modo, este tipo de
Caso o decantador seja relativamente profundo em clarificador frequentemente produz um efluente
relação ao seu diâmetro, o regime de escoamento claro, com baixa concentração de sólidos,
torna-se predominantemente vertical. Este tipo de independente da carga hidráulica, até enquanto o
projeto é muito usado na Alemanha (por exemplo, manto não se expanda até atingir os vertedores.
o tanque tipo Dortmund). Um esquema conceitual
mostra as principais características dessas 12.2.4 Melhorias comuns a todos os tipos
estruturas (Figura 12.6). de decantadores

Das inúmeras soluções de engenharia


desenvolvidas para melhorar o desempenho dos
decantadores, quatro são aqui discutidas com
rápidas explanações: bacia de floculação,
removedor de escuma, anteparos e lamelas
colocadas em decantadores.

12.2.4.1 Bacia de Floculação

Nem todos decantadores são projetados e


construídos com bacia de floculação. O fluxo de
SSRB pode também entrar no decantador através
de aberturas ou frestas de amortecimento do
Figure 12.6 Decantador de fluxo vertical (tanque escoamento executadas diretamente na tubulação
Dortmund) de alimentação.

Uma característica única do decantador Uma bacia de floculação adequadamente


profundo é a filtração no manto de lodo – o SSRB projetada pode reduzir significativamente a
é introduzido abaixo do manto de lodo, e enquanto concentração de sólidos no efluente por promover
a floculação, uma vez que o lodo está sob alta

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condição de cisalhamento no reator aerado e a


quebra de flocos é provável. Valores típicos de
projeto para tempo de detenção na bacia de
floculação e para o gradiente médio de velocidade
são da ordem de, respectivamente, 20 minutos e 15
s-1.
Uma bacia de floculação é mostrada na Figura 12.7
(as janelas na tubulação de entrada por onde entra
a biomassa em suspensão na bacia são visíveis).

Figure 12.8 Escuma no decantador (foto: Black and


Veatch)

Figure 12.7 Bacia de floculação (foto: Brown and Cadwell)

12.2.4.2 Remoção de escuma

Caso a escuma que flutua na superfície do Figure 12.9 Anteparo de escuma (tipo Black and Veatch)
decantador não seja removida, a qualidade do
efluente pode deteriorar-se (Figura 12.8).
A escuma pode ter diferentes origens, de
natureza mecânica ou biológica. Podem ser detritos
A maioria dos decantadores é equipada com
mais leves que não foram removidos anteriormente
anteparos de escuma (um exemplo de projeto está
ao longo da estação de tratamento, sólidos
apresentado na Figura 12.9) e vários mecanismos
biológicos mais leves devido ao conteúdo gasoso
de remoção de escuma.
(por exemplo, agregação de nitrogênio gasoso
devido à desnitrificação no manto de lodo), ou
escuma produzida biologicamente (por exemplo,
Nocárdia). Geralmente a presença de escuma
biológica indica um problema operacional no
próprio reator de lodo ativado e é melhor ser
removida antes de entrar no decantador. Reciclar
escuma e seus micro-organismos formadores para
o sistema biológico pode piorar a situação. A
escuma deve ser removida do fluxo em tratamento
tão logo que possível e destruída, com a mínima
utilização de água.

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12.2.4.3 Anteparos em detalhes neste capítulo, sendo antes o foco na


engenharia de processo.
Anteparos são elementos direcionadores de fluxo e
dissipadores de energia, os quais podem ser Muitos problemas operacionais são causados
elementos sólidos ou equipados com fendas ou por falha de projeto e podem somente ser
aberturas. São geralmente instalados no decantador corrigidos através de novo projeto e
secundário, próximos à entrada ou saída, embora reconstrução/reforma/atualização. Outros
anteparos têm sido instalados no centro de tanques problemas na operação requerem substituições que
também para reduzir efeitos de corrente de estão dentro dos procedimentos normais de
densidade. Anteparos são discutidos mais em operação e podem ser executados através do
detalhes na seção 12.6 junto a com modelagem gerenciamento da estação, manutenção ou
FDC (Fluidodinâmica Computacional). operação.

12.2.4.4 Lamelas 12.2.5.1 Tanques Rasos


Quando partículas discretas sedimentam Devido a condições locais ou por opção do
lentamente através da altura do líquido clarificado projetista, algumas vezes os decantadores são
no decantador, suas trajetórias percorridas para projetados com menos que 2,5 – 3,0 m de lâmina
alcançar o manto de lodo, contra o fluxo em de água lateral. Estes decantadores são mais
escoamento, são significativas. Lamelas, tubos suscetíveis a sobrecargas sólidas, uma vez que o
inclinados ou placas estruturadas instaladas na manto de lodo pode facilmente alcançar os
zona de clarificação do decantador reduzem a vertedores de efluente (por exemplo, devido ao
trajetória percorrida para alguns centímetros. Os aumento de carga, deterioração das propriedades de
sólidos sedimentarão na superfície inclinada e sedimentação do lodo ou vazão insuficiente de
deslizarão como uma só massa, mais rápido do que recirculação). Esta situação pode conduzir ao
as partículas individuais. Apesar disso, lamelas não arraste (perda de sólidos) do manto de lodo ou ser
são muito usadas nos decantadores secundários, considerado falha grosseira do decantador, pelo
devido a seu potencial de acumulação de lodo nas fato do manto de lodo alcançar os vertedores de
superfícies inclinadas dos tubos ou placas, efluente. Manter baixo o manto de lodo através de
resultando na necessidade de limpeza e em casos alta taxa de recirculação é importante em
extremos, entupindo as lamelas ou produzindo decantadores rasos.
placas de lodo anaeróbio com potencial de flotar.

12.2.5.2 Distribuição desigual de fluxo


12.2.5 Problemas operacionais
Normalmente as estações de tratamento de
Uma estação de tratamento de esgoto é um esgoto têm várias unidades de decantação final: a)
ambiente complexo em grande escala industrial porque a área requerida é muito grande e não é
com procedimentos operacionais devidamente mecanicamente viável implantar somente uma
documentados, que precisam ser seguidos. Esta unidade; b) dispor de redundância para ações de
situação é igualmente válida para a operação dos manutenção ou falhas mecânicas, de modo que um
decantadores. Parte significativa do empenho de decantador possa ser retirado de serviço e
operação e manutenção é aplicada na própria esvaziado, enquanto a estação continua operando
manutenção, limpeza e lubrificação de cada com as outras unidades. Algumas vezes a
equipamento para que ele possa desempenhar bem, distribuição de vazão e sólidos entre diferentes
por toda sua vida útil e com a eficiência esperada. decantadores pode ser significativamente
Estes problemas mecânicos não são considerados desequilibrada devido a problemas de construção

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ou operacionais. Neste tipo de situação, pode haver nivelados. A direção dos ventos deve ser levada em
maior vazão a um dos decantadores em operação, conta durante o projeto do equipamento de
produzindo efluente de maior turbidez com maior remoção de escuma. Caso as condições de campo
concentração de sólidos em suspensão que a dos permitam, cercas ou barreiras podem ser instaladas
outros. Algumas vezes, a inspeção visual dos para reduzir o efeito do vento.
fluxos através dos vertedores pode ser o meio
simples para identificação de diferentes cargas 12.2.5.5 Alterações bruscas de temperatura
hidráulicas. O desequilíbrio de distribuição de
vazão pode ser frequentemente corrigido pela Em certas localizações geográficas com grande
medição de vazão em torno de unidades variação de temperatura durante o dia ou forte
individuais, corrigindo perdas desiguais (mantendo exposição à luz solar, pode ocorrer a inversão
a concentração de SSRB uniforme nas diferentes térmica no decantador final. O lodo sedimentado é
unidades de lodo ativado), e ajustando comportas ligeiramente mais pesado que água de processo,
em caixas repartidoras. Repartição uniforme de portanto ocupando o fundo do tanque de
vazões simplesmente construindo canal com sedimentação. Uma diferença significativa de
soleiras niveladas não funciona na prática. temperatura entre o líquido na superfície do
decantador e o lodo no fundo pode resultar numa
12.2.5.3 Vertedores com distribuições inesperada inversão de camadas, resultando na
desiguais flotação do manto de lodo. Esta situação poderia
ser devido ao intenso resfriamento da superfície
Vertedores incorretamente nivelados podem durante uma noite fria, lodo mais quente entrando
resultar mais vazão em certas partes do decantador, no decantador durante a operação diurna, ou
gerando ressurgência localizada e potencial para aquecimento da camada de lodo devido à insolação
elevar ou arrastar o manto de lodo junto à parte direta. Caso o problema persista, somente um
afetada. O vertedor nestes casos deve ser nivelado cobrimento da maior parte da área ou o
novamente, o que poderá diminuir a concentração enclausuramento total da unidade pode ser capaz de
de sólidos do efluente nas mesmas condições de remediar a situação.
carga. Esta situação é uma das razões para que seja
utilizado vertedor triangular fixado no concreto do 12.2.5.6 Congelamento em tempo frio
canal de descarga, de modo que possa ser ajustado
precisamente com equipamento de nivelamento. Em climas frios, apesar do calor natural do esgoto,
formações de gelo podem ocorrer nas superfícies
12.2.5.4 Efeito do vento expostas. Esta situação é particularmente
predominante em estações com tanques de aeração
Um vento forte e consistente pode afetar o regime que usam sistema de aeração superficial (por
de escoamento no decantador final (Figura 12.10). exemplo, rotores mecânicos) que pode diminuir a
Particularmente, tanques circulares de grande temperatura do esgoto em processo. Nesses locais
diâmetro são suscetíveis à exposição ao vento. O deveria ser considerada a adoção de reatores e
regime de circulação alterado pode resultar no decantadores cobertos, assim como aeração por ar
desequilíbrio da carga dos vertedores e elevar a difuso, que transfere algum calor para o meio
concentração de sólidos em suspensão no efluente, líquido.
mesmo se os vertedores estiverem perfeitamente

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Figure 12.10 Efeito do vento (foto: D. Brdjanovic)

operações manuais. Alguns projetos de


12.2.5.7 Problemas de recirculação decantadores incluem escovas que continuamente
Em decantadores que utilizam tubos de sucção limpam as peças expostas. Outras soluções incluem
(arranjo dos tubos no formato de órgão musical) cloração aplicada no entorno dos vertedores, ou
para extração de lodo e recirculação, as perdas de cobertura do tanque.
carga na sucção podem ser um problema,
principalmente nos tubos mais longos. Nestes
casos, o sistema de recirculação tem de ser operado
em regime de alta vazão, que nem sempre é
desejável, ou as tubulações de sucção podem ser
substituídas por raspadores.

12.2.5.8 Algas nos vertedores

O crescimento de algas ocorrerá nos vertedores e


em outros locais expostos da estrutura do
decantador devido à insolação natural e ao
conteúdo de fósforo do efluente (Figura 12.11).
Além de ser desagradável à vista, pode ter um Figure 12.11 Algas nos vertedores (foto: D. Brdjanovic)
efeito negativo periódico na qualidade do efluente
ou interferir na operação de equipamentos, tal
como calhas de remoção de escuma. As algas nos
vertedores podem ser removidas através de

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12.2.5.9 Placas de lodo anaeróbio resultando em lodo ascendente (flutuando) à


superfície. Esta condição pode ser contornada por
Caso surjam placas de lodo anaeróbio regularmente medida do próprio tratamento, essencialmente com
na superfície do decantador final, na cor marrom um alto nível de desnitrificação no processo, para
escura ou negra, é possível que o mecanismo de que somente baixos níveis de substrato e nitrato
raspagem de lodo esteja desalinhado ou residuais estejam presentes na saída dos reatores.
desgastado, deixando lodo residual no fundo. Estes
densos bolsões de lodo não raspado desenvolvem
anaerobiose e em razão do gás metano gerado, 12.3 AVALIAÇÃO DA
flutuam para a superfície. A limpeza e inspeção do SEDIMENTABILIDADE DO LODO
tanque podem ser necessárias para determinar a
causa dos detritos flutuantes. Lodos biológicos, a depender de sua fonte,
histórico, composição, densidade e habilidade a
12.2.5.10 Pássaros flocular, sedimentam e adensam diferentemente, e
esta característica deve ser considerada durante
Em certas áreas, gaivotas e outros pássaros podem projeto e operação dos decantadores.
utilizar os decantadores finais como habitat até o Consequentemente, alguns métodos de avaliação
ponto em que seus dejetos e penas passem a são usados para quantificar a sedimentabilidade do
contribuir sensivelmente como carga de nutrientes lodo. Os métodos podem ser divididos em duas
no efluente, assim como dificultar a operação categorias: (I) fornecer informação sobre a
adequada de equipamentos ou elevar os custos de velocidade de sedimentação, e (II) fornecer
limpeza e manutenção. Decantadores cobertos não informação sobre a compactação. Os métodos mais
têm este problema. Outra solução pode ser feita frequentemente usados são descritos
esticando-se linhas visíveis cruzando o decantador, resumidamente abaixo. Para realizar um teste real,
que não interfiram com a operação, mas que o leitor deve consultar a norma pertinente, que
incomodem os pássaros o suficiente para que contém a descrição detalhada de todas as
deixem a área. circunstâncias experimentais que devem ser
levadas em consideração para produzir resultados
12.2.5.11 Lodo Intumescido confiáveis que possam ser comparados com outras
medições do mesmo método.
O lodo intumescido não se adensa nos mesmos
níveis do lodo normal no fundo dos decantadores 12.3.1 Índice Volumétrico de Lodo
finais. Esta condição é tão frequente e tão difícil de
ser superada que um capítulo inteiro é dedicado a A medição mais comum para operação de plantas,
ela (Capítulo 10). devido a sua simplicidade, é o Índice Volumétrico
de Lodo, IVL (definido como Índice Mohlmann em
12.2.5.12 Lodo Ascendente alguns países). Neste teste (APHA et al., 2006),
toma-se uma amostra de lodo em cilindro graduado
Micro-organismos heterotróficos presentes no de 1 L, que, após mistura inicial, é deixada a
SSRB continuam seu metabolismo mesmo após o sedimentar por 30 minutos. A concentração do lodo
lodo ser transferido para o decantador. Caso haja é medida pela concentração do SSRB. O IVL é
substrato e nitrato disponíveis o bastante, pode ser calculado considerando o volume (em mililitros
formado gás nitrogênio na forma de bolhas por litro observado no cilindro de 1 L) que a
microscópicas ou visíveis através da camada de lodo ocupa após 30 minutos, dividindo-
desnitrificação. Bolhas de gás aderem-se aos flocos o pela concentração do SSRB em gramas por litro
e podem reduzir sua densidade significativamente, do lodo colocado no cilindro de teste. Então,

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essencialmente o IVL (unidade mL/g) define o apesar de requerer um aparato experimental mais
volume que 1 grama de lodo ocupa após 30 minutos complexo. O SSRB sempre é diluído ou
de sedimentação sob a condição do teste. concentrado para o valor de 3,5 g/L, e a proveta de
sedimentação (que usualmente tem volume de 5 L
O teste do IVL em sua forma original é o teste e diâmetro de 120 mm) é lentamente agitada a 1-2
mais simples que pode ser realizado, mas ele tem RPM. Os resultados deste teste são mais
algumas desvantagens. A duração de 30 minutos é reproduzíveis do que os testes IVL ou IVLD.
um ponto arbitrário na curva de sedimentação, Tem havido por parte dos líderes das indústrias
portanto os resultados são variáveis. Lodos que muitas solicitações para padronizar protocolos de
sedimentam e adensam rápido ou testes feitos teste de sedimentação na literatura ao longo dos
usando concentrações mais baixas de SSRB, na últimos 20 anos, dado que isto melhoraria a
maioria das vezes concluem a sedimentação em 30 qualidade dos dados coletados e a operação de
minutos e o IVL, nesses casos, é um indicador do decantadores secundários. A despeito de todos
potencial de compactação do lodo. Em estes esforços e de todas as deficiências do teste
concentrações mais altas de SSRB ou em caso de IVL, ele é ainda utilizado amplamente em sua
lodos de sedimentação mais lenta, o processo de forma original, a forma mais simples.
sedimentação não é concluído em 30 minutos e
nestes casos, o IVL é um indicador da velocidade A medição da Velocidade de Sedimentação em
de sedimentação do lodo amostrado. O teste do IVL Zona (ou Velocidade de Sedimentação em Zona
falha em concentrações mais altas de SSRB. Por Agitada) é um ensaio projetado para fornecer
exemplo, um IVL maior que 150 mL/g não pode informações sobre a velocidade de sedimentação
ser medido caso a concentração no cilindro de 1 L de uma amostra de lodo, registrando a taxa real de
(1.000 mL) seja maior que 1000/150 ou 6,7 g/L. Os descida da interface de lodo sob uma determinada
efeitos de parede também podem alterar a medida concentração de SSRB. Como este teste é
do IVL, na medida em que os pequenos cilindros frequentemente usado no contexto da teoria de
utilizados para o teste possuem valores altos de fluxo, a sua descrição é feita na Seção 12.4.1.
razão área por volume quando comparados ao dos Outros métodos totalmente automatizados, como
decantadores em escala real. métodos de testes contínuos (por exemplo, medidor
de sedimentabilidade) também estão disponíveis.
12.3.2 Outros métodos de teste

Vários métodos têm sido desenvolvidos para 12.4 TEORIA DO FLUXO PARA
melhorar e padronizar os resultados do teste de AVALIAÇÃO DA CAPACIDADE DE
IVL. O teste de IVL diluído (IVLD) requer a SEDIMENTAÇÃO DO DECANTADOR
diluição da amostra de lodo com efluente de tal
modo que o volume de sedimento após 30 minutos Fluxo de sólidos é uma designação especial de taxa
se reduza à faixa de 150-250 mL. Este teste evita o de fluxo de massa – a massa de sólidos transferida
problema da alta concentração de SSRB e pode ser por unidade de área na unidade de tempo (expressa,
utilizado como um melhor indicador do potencial por exemplo, em kg/m²/h). A teoria do fluxo
de intumescimento filamentoso (caso IVLD > 150 descreve os vários fluxos de sólidos que afetam o
mL/g). transporte de sólidos no decantador, e é utilizada,
entre outros métodos, para estimar a área requerida
O teste do IVL agitado, IVLA, realizado para de decantador e parâmetros operacionais tais como
3,5 g/L de concentração de SSRB (IVLA3,5) é um a recirculação (retorno ou descarga pelo fundo).
aperfeiçoamento. O teste é usado como padrão em Este capítulo resumirá brevemente o método
muitos países (por exemplo, no Reino Unido), utilizado para avaliação da sedimentabilidade do

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lodo e a fundamentação matemática da teoria do A curva na Figura 12.13 pode ser dividida em
fluxo, bem como outros métodos de projeto usados três seções distintas:
na prática.
1) Fase de acomodação com duração de um a dois
12.4.1 Teste de Velocidade de minutos do início do teste. Esta situação é
Sedimentação em Zona devida à aceleração das partículas de lodo
formando a interface e à dissipação da energia
Velocidade de Sedimentação em Zona (VSZ) é a decorrente do enchimento do cilindro.
taxa de descida da interface de sólidos (manto de 2) Trecho linear com duração usual de 3-30
lodo), medida em m/h ou unidades similares em minutos, dependendo da concentração de
uma proveta de teste de acordo com Standard SSRB e da altura da coluna de sedimentação. A
Methods (método 2710 D). O teste é denominado inclinação deste trecho linear representa a
teste de Velocidade de Sedimentação em Zona Velocidade de Sedimentação em Zona (VSZ)
Agitada (VSZA) caso a proveta seja equipado com do lodo na concentração com a qual a coluna
um mecanismo de agitação lenta. O teste VSZA foi preenchida. Quando a coluna é agitada
fornece uma medição mais acurada da como é requerido para o teste padrão de
sedimentabilidade do lodo do que outras medições, velocidade de sedimentação, a inclinação do
como os testes IVL, IVLD e IVLA. Uma ilustração trecho linear representa a Velocidade de
da progressão do teste em relação ao tempo é Sedimentação em Zona Agitada (VSZA) na
mostrada na Figura 12.12 (para maior clareza, um concentração com a qual a coluna foi
cilindro sem agitador é mostrado, mas o teste preenchida.
padrão VSZ requer mistura a 1-2 RPM). 3) O início da compressão a partir do fundo do
cilindro resulta na diminuição gradual da
velocidade de sedimentação em seguida à fase
linear.

Figura 12.12 Progressão do teste de velocidade de


sedimentação em zona (a 1, 2, 4, 6, 8, 10 e 45 minutos), Figura 12.13 Altura da interface em função do tempo no
(foto: Environment Canada) teste VSZ

Neste caso, um volume de SSRB de 5.400 mg/L Uma série de testes VSZA para diferentes
(5,4 kg/m³) foi colocado em um cilindro, e fotos do concentrações de SSRB é geralmente realizada
mesmo cilindro foram tomadas a 1, 2, 4, 6, 8, 10 e para medir a velocidade de sedimentação utilizada
finalmente a 45 minutos e colocadas juntas. A na teoria de fluxo. A teoria e suas aplicações são
altura da interface é registrada e plotada em função definidas a seguir. A concentração mais baixa de
do tempo, produzindo um formato similar à Figura SSRB na qual o teste pode ser realizado com
12.13. sucesso está entre 1 e 1,5 g/L. Em baixas

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concentrações pode ser difícil determinar a posição 12.4.2 Sedimentação discreta, floculenta,
do manto de lodo (também da chamada de zona de em zona e de compressão
sedimentação) como está mostrado na Figura
12.14. Numa suspensão, as partículas discretas
independentes e não-floculentas (por exemplo, do
Além disso em concentrações diluídas, a taxa mesmo tipo que a areia) sedimentam mesma
de descida da interface é alta e o início da velocidade, independentemente de sua
compressão a partir do fundo do cilindro pode ser concentração, de acordo com a lei de Stokes. A
iniciada em poucos minutos. Ao contrário do que velocidade de sedimentação das partículas
ocorre em altas concentrações de SSRB, a interface individuais dependerá somente de sua forma,
é bem definida, mas dependendo da concentração e tamanho (diâmetro) e densidade. Uma amostra de
da compactabilidade da amostra, o trecho linear da sólidos em suspensão de um reator biológico de
fase de sedimentação pode ser afetado pela lodo ativado comporta-se de forma muito diferente
compressão logo no início do teste. quando comparada à suspensão de areia,
principalmente devido à sua natureza floculenta.
No início de um teste IVL ou de Velocidade de
Sedimentação em Zona, o lodo composto por
flocos orgânicos, de grandes e pequenas
dimensões, e partículas inorgânicas começará a
sedimentar como uma matriz coagulada (estágio 1
na Figura 12.15) e a velocidade de sedimentação
será fortemente influenciada pela concentração do
SSRB.

Figura 12.14 Interface indefinida (foto: Environment


Canada)

Figura 12.15 Progressão do teste VSZ

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Esta fase é denominada de Sedimentação em próxima à função exponencial. (Figura 12.17). Esta
Zona e permanece ao longo dos estágios 1 a 3 na função, conhecida por função Vesilind, é da forma:
Figura 12.15 até que não haja mais manto de lodo
na concentração original do SSRB – ela se reduz vs = vo . e-Psz.X (12.1)
através de uma região de transição para a zona de
compressão (Estágio 4). A sedimentação por
compressão é claramente diferente da onde:
sedimentação em zona – as partículas se apoiam vs velocidade de sedimentação (m/h)
mutuamente e a compressão é realizada expulsando vo velocidade inicial de sedimentação (m/h),
a água da matriz do lodo. A velocidade de obtida através da intersecção da extensão da
sedimentação não é mais uma função da curva com a concentração zero
concentração do lodo, mas depende da pressão psz parâmetro de sedimentação em zona (L/g
intersticial, da compressibilidade e da ou m³/kg)
permeabilidade do lodo. X concentração de SSBR (g/L ou kg/m³) nos
vários testes VSZ
12.4.3 A Função Vesilind de sedimentação
É importante observar que a parte inicial da
No gráfico do teste de VSZA, onde é plotado o curva na região de baixa concentração (0 a
nível da interface ao longo do tempo (Figura aproximadamente 1.500 mg/L na Figura 12.17) é
12.13), o estágio da sedimentação em zona pode ser puramente uma extensão matemática da curva de
reconhecido pelo trecho linear da curva, onde o pontos medidos e na realidade, a velocidade de
manto de lodo sedimenta com velocidade sedimentação em zona não pode ser estendida ou
constante. O teste é repetido para várias medida naquela faixa de concentração.
concentrações como mostra a Figura 12.16.
Caso os mesmos pontos medidos da Figura
12.17 sejam plotados em gráfico semi-log, a função
exponencial é transformada em uma reta (Figure
12.18) de declividade psz e interseção com eixo y
em ln(vo).

A distribuição de erro das medições é diferente


na forma original e na representação semi-
logarítimica da função Vesilind. Ainda de um
Figura 12.16 Resultados de testes VSZA a diferentes ponto de vista prático, não há muita diferença entre
concentrações do SSRB (dados: Environment Canada) obter os parâmetros vo e psz diretamente da curva
exponencial ou da forma linearizada. No primeiro
A fase inicial de latência e o trecho linear são método, a regressão é efetuada diretamente com os
claramente visíveis na curva. Testes realizados com valores de vs, e depois com valores de ln(vs).
amostras de SSRB com baixa concentração Presume-se que a maioria das avaliações realizadas
mostram altas velocidades de sedimentação, atualmente seja efetuada utilizando-se de funções
enquanto amostras com alta concentração de planilhas (por exemplo, Excel Solver) em vez de
sedimentam mais lentamente. Os valores da métodos gráficos largamente utilizados
velocidade de sedimentação em zona (em m/h) historicamente. Valores ligeiramente diferentes
podem ser plotados como função da concentração podem ser obtidos pelos dois caminhos – contudo
de SSRB (mg/L), resultando numa curva muito a acurácia dos resultados dependerá na maioria das
vezes da leitura adequada da interface durante os

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testes VSZA e a seleção do trecho linear da curva


de altura da interface – tempo.

Figura 12.17 Relação Vesilind entre a velocidade de sedimentação e a concentração de SSRB no teste (dados: Environment
Canada)

Figura 12.18 Função Vesilind representada em escala semi-log (dado: Environment Canada)

12.4.4 Curvas de fluxo gravitacional, de Js = vs.X (12.2)


descarga de sólidos e total

Fluxo gravitacional (de sedimentação) (Js) é a


massa de sólidos transportada sob influência da Onde:
sedimentação induzida pela gravidade, e pode ser Js fluxo gravitacional (kg/(m²/h))
determinada pelo produto da velocidade vs velocidade de sedimentação (m/h) à
sedimentação (vs) pela concentração de sólidos concentração X (da equação 12.1)
(X): X concentração de sólidos (kg/m³)

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O fluxo gravitacional para um lodo de boa


sedimentabilidade com um IVL de cerca de 48
mL/g está representado na Figura 12.19. A curva
de fluxo gravitacional geralmente tem seu valor
máximo na concentração de 2 a 3 kg/m³. Abaixo
dessa concentração, o fluxo diminui em razão do
baixo teor de sólidos, enquanto que acima desta
concentração, o fluxo reduz-se devido à baixa
velocidade de sedimentação inerente a
concentrações mais altas.
Figura 12.21 Fluxo total de sólidos

O fluxo total, para uma determinada taxa de


descarga de fundo (saída de retorno de lodo
ativado), possui um valor mínimo que se relaciona
com uma determinada concentração definida como
“concentração limitante”, XL. Caso a concentração
de alimentação do decantador seja menor que a
concentração limitante, o aumento do fluxo de
sólidos associado à velocidade de sedimentação,
compensa com folga a diminuição do fluxo de
Figura 12.19 Fluxo gravitacional (de sedimentação) descarga de sólidos. Para alimentação do
decantador com concentração mais alta que XL, o
Para um fluxo fixo de recirculação, o fluxo de aumento no fluxo de descarga de sólidos mais do
massa é linearmente proporcional à concentração que compensa a diminuição do fluxo de sólidos
de sólidos, X (Figura 12.20), ou seja, quanto mais relacionado à velocidade de sedimentação. A
alta for X, maior o fluxo de sólidos para o fundo do camada no decantador correspondente à
decantador gerado pela taxa de descarga pelo concentração limitante será sempre o gargalo da
fundo. sedimentação, porque a ela corresponde o menor
fluxo de sólidos, JL, para o fundo em toda a faixa
de concentração. A faixa de concentração varia
desde a baixa concentração da alimentação até a
alta concentração do lodo de recirculação.

JL = JS(XL)+JB(XL) (12.3)

Quando o fluxo aplicado (a massa de sólidos


aplicada por unidade de área (kg/m²/h))
corresponde exatamente ao fluxo limitante, então
Figura 12.20 Fluxo de descarga de sólidos nesta situação o decantador está criticamente
carregado ou está em ponto de falha. Em projeto de
O fluxo total transportando sólidos para o fundo decantador, normalmente esta condição deve ser
do decantador é a soma dos fluxos gravitacional e atendida para a vazão de pico em período chuvoso
de massa (Figura 12.21). (VPPC). Após definir-se a concentração limitante
(XL, kg/m³) a partir do mínimo na curva de fluxo

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total, o mínimo ou o fluxo limitante (JL, kg/m²/h) crítica de descarga de fundo, sempre pode ser
pode então ser determinado. determinado um fluxo mínimo para a concentração
limitante.
12.4.5 Critérios limites de aplicação de
sólidos dos decantadores Esta situação está configurada na Figura 12.21.
O fluxo aplicado no decantador deve ser menor que
Considere o fluxo total como representado na o fluxo mínimo para que o decantador seja
Figura 12.21. Caso a taxa de descarga pelo fundo carregado. O decantador está criticamente
aumente, as curvas de fluxo de descarga de sólidos carregado quando o fluxo aplicado é igual ao fluxo
e de fluxo total serão rotacionadas no sentido anti- mínimo. Para uma determinada condição de VPPC
horário em torno da origem, e, então, a uma e concentração de SSRB, a área e a razão de
determinada taxa de descarga de fundo, o valor recirculação devem ser selecionadas de modo que
mínimo do fluxo total (e, portanto, a concentração o fluxo total resultante seja igual ou menor que o
limitante) irá desaparecer (Figura 12.22). fluxo mínimo.

Esta taxa de descarga de fundo é então 12.4.5.2 Critério II de Processamento de


denominada taxa crítica de descarga de fundo (q R, Sólidos - fluxo aplicado limitante
crit = QR/A, em m/h), e que define a menor (taxa de aplicação superficial)
concentração limitante que pode ser determinada
(XL,min). O fluxo máximo que pode ser transportado Para taxas de descarga de fundo maiores do que a
para o fundo de cada decantador ou a capacidade taxa crítica de descarga de fundo, a concentração
máxima de processamento de sólidos do limitante não pode ser determinada (Figure 12.23).
decantador é determinado por dois critérios
diferentes, dependendo se a taxa de descarga de
fundo está abaixo ou acima do valor crítico.

Figura 12.23 Curva de fluxo total sem concentração


limitante (taxa de descarga de fundo maior do que a
crítica)

Figura 12.22 Curva de fluxo total para vazão de Nesta condição, o fluxo aplicado (carga sólida)
recirculação crítica ao decantador deve ser menor que o fluxo
gravitacional da concentração de entrada (SSRB)
12.4.5.1 Critério I de Processamento de ou, de forma equivalente, a taxa de aplicação
Sólidos - fluxo de sólidos mínimo superficial (aplicação hidráulica, m/h) deve ser
limitante menor que a velocidade de sedimentação em zona
do lodo na concentração de entrada (SSBR).
Para taxas de descarga de fundo (saída de
recirculação de lodo ativado) menores que a taxa ql = QVPPC/A = vs, SSRB = vo.e-Psz.SSRB (12.4)

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As seções seguintes descrevem com mais gravitacional, mas a definição de seu eixo vertical
detalhes como a teoria do fluxo é aplicada para (y) é diferente.
projeto de decantador, especificamente
estabelecendo a área requerida e a taxa de
recirculação mínima.

12.4.6 Análise do ponto de estado

Análise do Ponto de Estado (APE) é uma forma


visual conveniente para determinar a condição
operacional do decantador. A APE é baseada no
balanço de massa de sólidos em torno do
decantador representado graficamente. O método
Figura 12.24 Diagrama do Ponto de Estado
inerentemente contém simplificações tais como: (i)
é baseado em condições de regime permanente, (ii)
A linha de fluxo de efluente representa o fluxo
somente a dimensão (vertical) é considerada e
que é aplicado ao decantador pela vazão efluente
nenhum curto-circuito ou detalhes do mecanismo
(na direção oposta comparada ao do fluxo
de extração de lodo são contemplados, (iii) efeitos
gravitacional).
como compressão não são considerados, (iv)
sólidos no efluente são desprezados. A despeito QI
dessas hipóteses simplificadas, a APE é JI = XF (12.5)
A
frequentemente utilizada no em pré-
dimensionamento para definir a área do decantador A inclinação da linha de fluxo de efluente é a
e a capacidade da bomba de recirculação, e na taxa de aplicação hidráulica, que é ql = Ql/A (m/h),
operação, para estimar a concentração máxima de normalmente referida como taxa de aplicação
SSRB e estabelecer cenários de vazão de superficial (TAS).
recirculação antes de realizar o ajuste fino da
operação com base no desempenho real. Note-se que o fluxo de efluente não é a carga
real de sólidos que o decantador recebe. Isso é
O Diagrama do Ponto de Estado (Figura 12.24) denominado de fluxo total aplicado (na Eq.12.7).
é elaborado representando vários fluxos no
decantador como função da concentração de A linha de concentração da alimentação é a
sólidos. linha vertical indicativa da concentração da
alimentação. Esta linha cruza a linha de fluxo de
O Diagrama do Ponto de Estado é baseado na efluente no Ponto de Estado (ponto de operação).
curva do fluxo gravitacional (de sedimentação) da O fluxo no eixo y neste ponto corresponde à taxa
Figura 12.19. Esta curva requer somente as duas de aplicação de sólidos. A linha de descarga de
constantes de Vesilind (vo e psz) para ser conhecida. fundo é definida similarmente à linha de efluente.
Sobrepostos ao fluxo gravitacional estão os fluxos
QR
de vertido, de descarga pelo fundo e das linhas de JR = XF (12.6)
A
alimentação. As linhas de fluxo de efluente e de
descarga de fundo representam, ambas, os fluxos Todavia, duas transformações são efetuadas
de sólidos aplicados ao decantador geradas pelas para ampliar a utilidade do método.
taxas de aplicação superficial e de descarga de
fundo, nas mesmas unidades do fluxo

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1) A linha é plotada com a declividade negativa qR taxa hidráulica de descarga de fundo, QR/A,
(uma vez que se posiciona na direção oposta à (m/h)
do fluxo de efluente. jI taxa de fluxo de sólidos do efluente,
2) A linha de descarga de fundo (a qual, QI/A.XF (kg/m²/h)
originalmente, de acordo com a equação 12.6, jR taxa de fluxo de sólidos descarregados pelo
começa com fluxo zero e concentração zero) é fundo, QR/A.XF (kg/m²/h)
deslocada para cima de tal modo que se inicia a jAP taxa de fluxo total de sólidos aplicados,
partir do fluxo total aplicado no eixo vertical (X (Q+QR)/A.XF (kg/m²/h).
= 0). O fluxo total aplicado (também
denominado taxa de carga sólida) é obtido pela Ponto de estado é o ponto de operação do
soma do fluxo de efluente com o fluxo de decantador com fluxo de afluente na concentração
descarga de fundo à concentração de de alimentação.
alimentação,

QI +QR QI
JAP = XF = (1 + R) XF (12.7)
A A

Onde:

R Razão de recirculação (QR/Ql).

Uma vez que o fluxo total aplicado é removido


do decantador na concentração da descarga de
fundo (assumindo teor nulo de sólidos no efluente),
Figura 12.25 Informações importantes sobre o Diagrama
o ponto onde a linha do fluxo de descarga de fundo
deslocada cruza o eixo X (fluxo “residual” zero) do Ponto de estado
representa a concentração da descarga de fundo em A posição do ponto de estado e a linha de
decantador subcarregado. Quando a linha de fluxo descarga de fundo, relativas à curva de fluxo
de efluente, a linha de concentração de alimentação gravitacional, definem a condição operacional do
e a linha de descarga de fundo se cruzam no ponto decantador, classificado segundo os tipos do
de estado, então o balanço de massa de sólidos no Critério de Processamento de Sólidos (CPS).
decantador está satisfeito e todos sólidos que
entram no decantador saem dele via recirculação 3) Caso o Ponto de Estado esteja acima da curva
pela descarga de fundo, desde que o ponto de de fluxo gravitacional, o decantador está
estado e a linha de descarga de fundo estejam sobrecarregado (falha do CPS II). Nesta
dentro da envoltória da curva de fluxo condição, está sendo aplicado um fluxo maior
gravitacional. As características mais importantes e do que pode ser processado pelo decantador.
concentrações presentes no diagrama do ponto de Esta situação resultará no acúmulo de sólidos
estado estão indicadas na Figura 12.25. no decantador, o qual não poderá ser mantido
em regime permanente e resultará na perda
Onde: grosseira de sólidos com o efluente.
XF concentração de alimentação (kg/m³)
XR concentração de recirculação (kg/m³) 4) Caso o Ponto de Estado encontre-se na curva de
XL concentração limitante (kg/m³) fluxo gravitacional, o decantador estará
qI taxa de aplicação hidráulica ou de fluxo de carregado na condição menos critica segundo o
efluente, Ql/A, (m/h) CPS II, e sua condição depende da posição da
linha de fluxo de descarga pelo fundo em

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relação ao ramo descendente da curva de fluxo


gravitacional em concentrações mais altas: • Caso a linha de fluxo de descarga de fundo
situe-se abaixo do ramo descendente da
• Caso a linha de fluxo de descarga de fundo curva de fluxo gravitacional, o decantador
situe-se abaixo do ramo descendente da estará subcarregado (ambos os critérios
linha de fluxo gravitacional, o decantador CPS II e CPS I adequados).
estará criticamente carregado (CPS II • Caso a linha de fluxo de descarga de fundo
crítico, for tangencial ao ramo descendente da
• Caso a linha de fluxo de descarga de fundo curva de fluxo gravitacional, o decantador
corte o ramo descendente da linha de fluxo estará criticamente carregado (CPS II
gravitacional, o decantador estará adequado, mas CPS I crítico).
sobrecarregado (CPS II crítico, CPS I • Caso a linha de fluxo de descarga de fundo
falho). cortar o ramo descendente da curva de fluxo
gravitacional, o decantador estará
5) Caso o Ponto de estado situe-se abaixo da curva sobrecarregado (CPS II adequado, mas CPS
de fluxo gravitacional, o decantador satisfará o I falho).
CPS II, e sua condição dependerá do CPS I, o
fluxo mínimo de sólidos.

Figura 12.26 Diagramas do Ponto de Estado (linhas de fluxo de efluente e de alimentação não mostradas) para diferentes
condições de carga

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Todas as combinações são apresentadas O gráfico contém três linhas que ajudam a
visualmente na Figura 12.26, onde o ponto azul é o determinar a condição operacional do decantador
ponto de estado e a linha vermelha é a linha de baseada na sua carga hidráulica (taxa de fluxo de
fluxo de descarga de fundo. A linha de fluxo de efluente) e na razão de recirculação.
efluente (não mostrada) conecta a origem com o
ponto de estado. O decantador deve atender ambos • linha CPS II. A linha reta horizontal representa
os critérios de processamento de sólidos para não a velocidade de sedimentação na concentração
ser carregado criticamente ou sobrecarregado. Dos de alimentação, XF (baseada nos dois
nove casos representados, 1a, 1b, 1c, 2a e 3a são de parâmetros Vesilind, vo e psz), como
sobrecarga, 2b, 2c e 3b são de criticamente apresentado na equação 12.4. A área acima
carregado, e somente um caso (3c) é subcarregado. dessa linha, o CPS II (Critério de
A teoria do fluxo pode ser apresentada em forma Processamento de Sólidos) não é atendido e o
conceitual e gráfica através de diferentes maneiras, decantador está sobrecarregado. Contudo,
além do Diagrama do Ponto de Estado apresentado condições de subcarga não são garantidas
anteriormente. Estes métodos são baseados na abaixo da linha horizontal – que depende da
mesma teoria, contendo a mesma função Vesilind posição da linha de fluxo limitante (CPS I).
de sedimentação, e definem os mesmos fluxos de
sedimentação gravitacional, de efluente e de • linha CPS I. O fluxo de sólidos admissível de
descarga de fundo usando eixos diferentes. Eles acordo com o CPS I aumenta com a elevação
podem ser mais práticos ou convenientes para certo da razão de recirculação. O conceito de fluxo
projeto ou proposta operacional, mas produzirão mínimo foi explicado anteriormente na Figura
exatamente os mesmos resultados. 12.21, e é equivalente a uma série de condições
críticas de carga, quando a linha de recirculação
O Gráfico Ekama de Projeto e Operação de é tangencial à linha de fluxo gravitacional do
(P&O) Diagrama do Ponto de Estado. A equação desta
linha (sem detalhar o desenvolvimento) é dada
Este gráfico reorganiza a informação disponível na nas equações 12.8 e 12.9. Se o ponto de
teoria do fluxo e no Diagrama do Ponto de Estado. operação ficar abaixo desta linha, o CPS I será
A taxa de fluxo de efluente (Q/A, em m/h) é plotada satisfatório.
contra a razão de recirculação no eixo X (Figura
−psz (1+R).XF (1+ α)
12.27). QI v0 1+ α
= e 2R (12.8)
A R 1− α

onde:
4R
𝛼 = √1 − (12.9)
psz .(1+R).XF

• Linha limite de critério. Conforme o princípio


apresentado na Figura 12.20, acima de certa
razão de recirculação (R) não é possível
determinar a concentração crítica e o fluxo
mínimo de sólidos. O limite entre razões de
recirculação menores, onde o fluxo crítico pode
ser determinado e maiores razões de
Figura 12.27 Gráfico Ekama de Projeto e Operação recirculação, onde ele não pode ser definido é a
linha de limite de critério. Esta situação pode

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mostrar que a razão crítica de recirculação Também há vários padrões de projeto em países,
(acima da qual não existe um fluxo mínimo) é por exemplo, no Reino Unido (WRC), na
uma função hiperbólica: Alemanha (ATV, e sua nova versão, DWA) e na
Holanda (STOWA). Estas diretrizes e métodos de
QI v0
= (12.10) projeto são muito utilizados nesses países e nos
A e2 .R
vizinhos. O princípio dos cinco procedimentos de
Onde: projeto mais amplamente utilizados (inclusive
qR,cri = vo/e² (m/h), e representa a inclinação da teoria do fluxo) é sumarizado a seguir. O objetivo
curva de fluxo gravitacional em seu ponto é ilustrar a variedade de princípios que são usados
de inflexão, que ocorre em valores o dobro nesses métodos, e não apresentar uma orientação
de X (a 2/psz) do que para o fluxo detalhada, passo a passo. Para executar um real
gravitacional máximo (a 1/psz). procedimento de projeto o leitor precisa seguir os
passos originais das referidas diretrizes. Desde que
Os nove casos possíveis de carga mostrados na somente os mais importantes elementos de
Figura 12.26 podem também ser plotados no procedimento de projeto são usados nestes
gráfico Ekama P&O (Figura 12.28). Somente um exemplos, um decantador projetado com o
detalhe do gráfico total da Figura 12.27 é mostrado. procedimento real pode ser significativamente
diferente dos resultados desses exemplos.

Os exemplos simplificados a seguir focam dois


parâmetros específicos de projeto: (i) Área: qual
deve ser o tamanho do decantador para lidar com
os fluxos de pico, e (ii) Capacidade da bomba de
recirculação: qual tipo de bomba de recirculação
deve ser instalado por segurança operacional em
período seco e período chuvoso.

Os métodos usam equações algébricas


Figura 12.28 Exemplos de carga no gráfico Ekama P&O relativamente simples e diretas, que geralmente
podem ser calculadas à mão ou em simples
planilhas. Para facilitar o uso do livro, o usuário é
12.5 VISÃO GERAL DO USO DA TEORIA encorajado a usar a planilha21. Todos os métodos
DO FLUXO E OUTROS MÉTODOS de projeto requerem a especificação da carga para
PARA PROJETO E OPERAÇÃO a qual o decantador é projetado. Nestes exemplos,
os valores estão apresentados na Tabela 12.1 (Data
A teoria do fluxo não é o único método atualmente
Tab da planilha) serão usados.
utilizado para projeto de decantador. De fato,
muitas empresas consultoras e empreiteiras têm
Da Tabela 12.1, o pico diário esperado na ETE
seus próprios métodos de projeto baseados na
em período seco será 1.500 m³/h e o de período
experiência. O uso de modelo computacional de
chuvoso, 2.500 m³/h, tem de ser ajustado ao
fluidodinâmica (ver Seção 12.6) para detalhar
projeto. Alguns métodos de projeto levam em conta
projeto de decantador está difundido na prática.
a massa de sólidos transferida ao decantador

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https://experimentalmethods.org/courses/settling-
tests/

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durante condições de vazão de pico, resultando em mesmo tipo de lodo com boa sedimentação. As
decréscimo temporário da concentração (XF, VPPC) propriedades de sedimentação desta amostra de
de SSRB do reator. lodo foram analisadas usando todos os diferentes
métodos requeridos, que permitem a comparação
Vários métodos de projeto requerem diferentes direta dos métodos e do projeto resultante do
medições de características de sedimentação do decantador. Em caso real de projeto, devem ser
lodo (ou seja, vo e pSZ, ou IVL, ou IVLD, etc.). Os levados em consideração os parâmetros de
exemplos seguintes de projeto são baseados num sedimentação de lodo mais conservadores.

Tabela 12.1 Exemplo de projeto – cargas do decantador

Parâmetro Símbolo Valor Unidade


SSRB em Vazão de Período Seco (VTS) XF, VPS 3,5 kg/m3
Vazão média de período seco QM VPS 1.000 m3/h

Fator de pico diário (período seco) PFPS 1,5 -

Fator de pico de tempestade PFTP 2,5 -

1) A velocidade de sedimentação na concentração


12.5.1 Projeto baseado na teoria do fluxo SSRB (Critério II de Processamento de
Os parâmetros da função Vesilind de sedimentação Sólidos) é calculada a partir da Eq. 12.4 (vS,SSRB
para lodo foram determinados em uma série de = 16,8.e(-0,36.3,5) = 4,8 m/h).
ensaios de sedimentação em zona (Figura 12.16, 2) A taxa de fluxo de efluente durante VPPC não
resultados na Tabela 12.2). Na aplicação prática da deve exceder essa velocidade, portanto a área
teoria do fluxo, é recomendado que a área mínima requerida é 523,6 m² (= 2.500/4,8)
superficial seja aumentada (o fluxo permissível é 3) A razão de recirculação pode ser selecionada
então reduzido) para um fator de segurança de 25% por dois métodos (que produzirão o mesmo
em relação ao valor teórico. Esta situação é para resultado):
incluir fatores não idealizados na estrutura real de a) A razão mínima de recirculação para
projeto do decantador, em contraste à aproximação satisfazer o CPS I pode ser obtida na
ideal 1-D, conforme estabelecido na teoria do fluxo interseção das Linhas I e II no gráfico
(Ekama e Marais 2004). Ekama P&O (Ekama P&O Tab na planilha)
(R = 0,45).
Os parâmetros a serem usados no projeto são b) Usando o diagrama de Análise do Ponto de
mostrados na Tabela 12.2 (Data Tab da planilha). Estado, as razões de recirculação (taxas de
Nenhuma outra informação (além da Tabela 12.1 e descarga de fundo) que fazem a linha de
Tabela 12.2) é requerida para usar a teoria do fluxo descarga de fundo tangente à curva de fluxo
para projeto. gravitacional podem ser determinadas. Esta
situação é feita tanto para VPPC e como
Etapas de projeto (na Data Tab da planilha): para VPPS:
• Para VPPC, é requerida uma razão de
recirculação de 0,44 (Tab Projeto e SP

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VPPC Tab na planilha) resultando em 5) Devido a considerações práticas (desenhos de


1.100 m³/h de vazão de recirculação projeto padrão, número de unidades, etc.), a
• Para VPPS, é requerida uma razão de área real selecionada poderia ser um pouco
recirculação de 0,31 (Tab Projeto e SP maior que o mínimo teoricamente requerido.
VPPS Tab) resultando em 465 m³/h de Neste caso, foi escolhido 700 m².
vazão de recirculação.
c) Como consideração prática, são escolhidas 6) A taxa de fluxo de efluente para VPPC é
duas bombas, cada uma com capacidade de 2.500/700 = 3,6 m/h.
550 m³/h. Portanto, a capacidade total de
recirculação é de 1.100 m³/h. 7) A área final escolhida (700 m²) e a vazão de
recirculação (550 e 1.100 m³/h) podem ser
4) É aplicado um fator de segurança de 25% (nova inseridos nos campos (na Data Tab da
área mínima é de 654,5 m²). planilha), e

Tabela 12.2 Parâmetros de projeto para teoria do fluxo

Parâmetro Símbolo Valor Unidade


Velocidade inicial de sedimentação V0 16,8 m/h
Parâmetro de sedimentação em zona pSZ 0,36 m3/kg
Fator de segurança de área requerida FA 25 %

a) O Ponto de Estado e a posição da linha de hidráulica máxima e/ou da carga de sólidos


fluxo de descarga de fundo podem ser máxima (como apresentado neste exemplo) ou
verificados nos diagramas de Ponto de outro critério. Neste caso, as cargas máximas de 1
Estado nas VPPC e VPPS (comparando m/h para VPPS e 2,5 m/h para VPPC estão
com a Figura 12.26). previstas. Além do mais, o decantador não deve ser
b) O ponto de operação no gráfico Ekama carregado com mais que 6 kg/m²/h durante o
P&O pode ser verificado para garantir que período seco e 15 kg/m²/h temporariamente no
se posicione na zona de operação segura período chuvoso. Cada uma dessas especificações
(abaixo do CPS II e à direita do CPS I na levará a uma área requerida de decantador, como
Figura 12.27). calculado na Tab Projeto da planilha. A maior área
requerida será a selecionada – neste caso 1.108 m².
12.5.2 Projeto empírico Razões de recirculação entre 0,5 e 1,0 são
usualmente satisfatórias. Este projeto resulta num
As regras do projeto empírico são baseadas em decantador significativamente maior comparado ao
experiências de engenharia (frequentemente local) projeto baseado na teoria do fluxo (1.100 m² contra
e, como tal, são bastante variadas a depender de 700 m²). Isto é em grande parte devido às
diferentes países e áreas. O exemplo aqui usado não excelentes propriedades de sedimentação do lodo
deve ser aplicado como geralmente válido – é usado como exemplo (vo = 16,8 m/h, IVL = 60
apenas um exemplo. mL/g, IVLA3,5 = 48 mL/g), que não são
consideradas nos critérios do projeto empírico. Na
A definição da área requerida de decantador prática, parâmetros de sedimentação do lodo mais
pode ser baseada na especificação da carga conservadores são escolhidos, mesmo se houver

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evidência de que um processo biológico existente A= {XF.QVPPC/(306,86*qR,crit0,68.IVLA3,5-0,77-


produz de forma consistente lodo de boa XF.qR,crit)}
sedimentação. (12.11b)

12.5.3 Projeto WRC A área determinada para a vazão de pico de


período chuvoso (VPPC) é 642 m², que é maior que
O procedimento de projeto WRC é baseado no teste a área requerida para VPPS.
IVLA3,5, que produz a medição mais confiável de
sedimentabilidade, conforme descrito na Seção 3) É aplicado um fator de segurança de 25% (nova
12.3. O IVLA3,5 do lodo utilizado neste exemplo foi área mínima é 802m²).
48 mL/g (sedimentação e compactação muito
boas). O método de projeto WRC é apresentado e 4) A taxa de fluxo de efluente de VPPC é
usado aqui com a extensão descrita no Relatório 2.500/802 = 3,1 m/h.
Técnico Científico Nº 6 da IWA (Ekama et al.,
1997). A extensão consiste de uma relação 12.5.4 Projeto ATV
empírica entre a razão crítica de recirculação e o
IVLA3,5. Conforme a teoria do fluxo, em que o As diretrizes de projeto ATV (recentemente DWA)
método WRC se baseia, a taxa de aplicação fornecem orientação prática e detalhada para
superficial pode aumentar somente até a taxa de muitos aspectos do projeto do decantador final, tais
recirculação crítica. O método WRC original não como área, profundidade, razão de recirculação,
tem essa característica – ele sempre define uma alta carga de vertedor, tempo de compactação, número
taxa de fluxo de efluente para uma alta taxa de de pontes, posição da canaleta de efluente,
recirculação. A modificação no passo 1 a seguir anteparos de escuma, etc. As diretrizes levam em
define a taxa de recirculação crítica a partir do consideração mudanças dinâmicas tais como
IVLA, que define, portanto, a máxima taxa de fluxo transferência de sólidos para o decantador durante
de efluente. Para taxas de recirculação maiores do evento de tempestade, causando a redução do teor
que a crítica, a taxa de fluxo de efluente (taxa de do SSRB e carga sólida reduzida. Neste capítulo
aplicação superficial) não deve ser aumentada (de somente um cálculo simplificado é apresentado
acordo com o CPS II da teoria do fluxo). para ilustrar o princípio.

Etapas de projeto (Tab Projeto na planilha): Os princípios do projeto ATV 1976 (e


1) A razão de recirculação crítica é calculada pela STOWA) são baseados no teste IVLD. O teste
Eq 12.11a IVLD é essencialmente um teste IVL desenvolvido
sob condições mais uniformes: diluindo a amostra
qR,crit = 1,612 - 0,00793.IVLA3,5 - de lodo com efluente tal que o volume de lodo
0,0015.max(0,(IVLA3,5-125))1,115 sedimentado caia para a faixa de150-250 mL.
(12.11a) Baseado no IVLD, dois conceitos relacionados ao
e, 1,23 m/h é obtido. volume de lodo sedimentado são introduzidos:

2) A área requerida é calculada de uma equação VLD30 é o volume de lodo sedimentado de


empírica derivada de uma base de parâmetros SSRB sob as condições de teste:
de fluxo de sedimentação medidos em 30
plantas no Reino Unido e correlacionados ao VLD30 = XF . IVLD (mL/L) (12.12)
IVLA3,5.
A taxa de aplicação volumétrica de lodo (qsv em
L/m²/h) é:

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qsv = Qi / A . VLD30 (L/m²/h) (12.13) 6) A vazão de recirculação necessária é calculada


com base no simples balanço de massas,
a qual é a taxa volumétrica de lodo sedimentado apresentado na Eq. 12.17
aplicada ao decantador, analogamente à carga
sólida, mas expressa em volume em vez de massa. (QI+QR).XF = QR.XR (12.17)

Etapas de projeto (Tab Projeto na planilha): onde:


QI vazão afluente (m³/h)
1) A taxa de fluxo de efluente permissível QR vazão de recirculação (m³/h)
depende do VLD30. XF concentração de sólidos em suspensão do
biorreator (kg/m³)
qo = 2.400.VLD30-1,34 (12.14) XR concentração de sólidos na recirculação
(kg/m³)
e, qo =1,86 m/h é o valor calculado.
Os valores de 212 e 473 m³/h são calculados para
2) qo deve ser menor que 1,6 m/h. as duas condições. Uma bomba de 500 m³/h é
selecionada por considerações práticas.
3) A área requerida para VPPC é 2.500 (m³/h)/1,6
(m/h) = 1.563 m².
12.5.5 Projeto STOWA
4) Para considerações práticas, 1.500 m² é o valor
selecionado. O procedimento de projeto STOWA está baseado
aproximadamente no projeto ATV. Passos de
5) A vazão de recirculação requerida é baseada na projeto (Tab Projeto na planilha)
compressibilidade do lodo, a máxima
concentração do lodo que pode ser alcançada 1) Taxa de fluxo de efluente permitida calculada
sob as condições dadas, a qual é estimada a com base na Eq. 12.18. A taxa de fluxo de
partir do teste IVLD. efluente permitida depende do VLD30.

1 200
Em condições de vazão média de período seco: q0 = + (m/h) (12.18)
3 VLD30

1200 qo = 1,29 m/h é calculado.


XR,VMPS = (12.15)
IVLD
2) A taxa volumétrica de carga de lodo é calculada
Em condições de vazão de pico de período de acordo com a equação (12.13), obtendo-se o
chuvoso: valor qVL = 270 L/m²/h. Esta taxa deve estar
entre 300 e 400 L/m²/h, então o valor 300 será
1200
XR,VPPC = +2 (12.16) usado para cálculo da área superficial.
IVLD

onde: 3) A taxa de fluxo de efluente permissível é


calculada como qo = qVL/VLD30 =
XR, VMPS 20,0 (1.200/60) qVL/(XF.IVLD) = 300/(60.3,5) = 1,43 m/h.
XR, VPPC 22,0 (1.200/60+2) (g/L), as
concentrações de recirculação são
determinadas em separado

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4) Portanto, durante condições de VMPS, 1.000 usado neste exemplo simplificado. Portanto,
(m³/h)/1,43 (m/h) = 700 m² de área é o valor durante a condição VPPC, 0,7 x 2.500
requerido. (m³/h)/1,43 (m/h) = 1.225 m² de área é o valor
requerido.
5) Durante as vazões de período chuvoso, os
sólidos transferidos temporariamente para o 6) Por considerações práticas, o valor 1.200 m² de
decantador e a resultante queda do SSRB são área é selecionado.
considerados no passo 3. O cálculo real é
iterativo até que os balanços de carga de sólidos 7) O fluxo de recirculação pode ser determinado
sejam reduzidos diante do lodo armazenado no similarmente ao método ATV, resultando em
manto, sujeito às condições reais. A máxima bomba com capacidade de 500 m³/h.
redução de XF permitida é 30%, e isto será

Tabela 12.3 Tabela sumária de comparação dos métodos de projeto

Parâmetro Unidades Empírico Fluxo WRC ATV (1976) STOWA


Área de decantador m2 1.108 700 802 1.500 1.200
Para VMPS 1.000 m³/h
Taxa de fluxo de efluente m/h 0,90 1,43 1,25 0,67 0,83
Taxa de recirculação m/h 0,81 0,79 1,25 0,33 0,42
Concentração da RLA kg/m3 7,39 9,86 7,00 10,50 10,50
Taxa de aplicação de sólidos kg/m3/h 6,00 7,75 8,72 3,50 4,38
Para VPPS 1.500 m³/h
Taxa de fluxo de efluente m/h 1,35 2,14 1,87 1,00 1,25
Taxa de recirculação m/h 1,20 0,64 1,25 0,33 0,42
Concentração da RLA kg/m3 9,33 13,05 8,75 14,00 14,00
Taxa de aplicação de sólidos kg/m3/h 7,58 10,25 10,91 4,67 5,83
Para VPPC 2.500 m³/h
Taxa de fluxo de efluente m/h 2,26 3,57 3,12 1,67 2,08
Taxa de recirculação m/h 0,90 1,57 1,25 0,33 0,42
Concentração da RLA kg/m3 12,25 11,45 12,25 21,00 21,00
Taxa de aplicação de sólidos kg/m3/h 11,05 18,00 15,27 7,00 8,75

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de fluxo unidimensional (1-D) em conjunto com


12.5.6 Comparação entre decantadores modelagem de lodo ativado, e b) modelos de fluido
projetados segundo diferentes dinâmica computacional (CFD), (2-D ou 3-D), que
métodos podem ser usados para auxiliar no projeto
A partir dos exemplos anteriores, fica claro que detalhado do decantador. A Figura 12.29 ilustra
princípios significativamente diferentes de projeto três diferentes tipos de modelos que serão
de decantador são usados em todo o mundo e a brevemente introduzidos neste capítulo.
demonstração simplificada descrita neste capítulo
leva a diferentes taxas de fluxo de efluente e de 12.6.1 Modelos Zero-dimensional
descarga pelo fundo (Tabela 12.3). Decantadores
projetados com base na teoria do fluxo e que Esta representação simples é um modelo de
utilizam os princípios WRC resultam em área decantador “sem volume”, sem área ou
superficial relativamente menor e bombas maiores profundidade. O único propósito deste modelo é
são usadas para remover os sólidos sedimentados muitas vezes para reter o SSRB no sistema, e o
no fundo com baixa concentração. As diretrizes do conceito é essencialmente baseado em um balanço
ATV e do STOWA levam à instalação de de massa instantâneo em torno do decantador (por
decantadores maiores e contam com boa exemplo, Eq. 12.17). A concentração de sólidos na
compactabilidade do lodo (como é o caso do lodo recirculação, XR, (caso calculada) pode ser definida
usado nesta demonstração), que requer baixas taxas a partir da Eq. 12.17, caso as vazões e a
de recirculação. concentração operacional do SSRB sejam
conhecidas. Os sólidos no efluente podem ser
ignorados. Muito antes de 1990, modelos de
12.6 MODELAGEM DE DECANTAÇÃO simulação de lodo ativado utilizavam tal
SECUNDÁRIA abordagem, uma vez que seu foco estava no
desempenho biológico e apenas nos componentes
Modelos de decantador secundário, isolado ou solúveis do efluente. Também é possível
acoplado a um modelo de lodo ativado, são determinar os sólidos efluentes usando abordagens
rotineiramente usados em engenharia de processo e empíricas simples, geralmente vinculadas ao SSRB
projeto. Dependendo dos objetivos da modelagem, de entrada (remoção percentual) ou fluxo de
diferentes níveis de conceituação estão disponíveis. sólidos aplicados. Neste caso, sólidos perdidos com
Os dois mais utilizados na prática são: a) modelos o efluente têm de ser incluídos na Eq. 12.17.

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Figura 12.29 Representação Zero, 1-D e 2-D do mesmo decantador (imagem: MMI Engineering)

manto de lodo estável. Há vários recursos


12.6.2 Modelos Uni-dimensional implementados nos modelos 1-D que fazem suas
Estes modelos levam em consideração o volume do previsões mais realistas.
decantador. Existem algumas variações nesta
categoria, incluindo modelos simples de 2 A presença do manto de lodo é simulada tanto
compartimentos (somente a zona clarificada e o (i) utilizando um pequeno número (8 – 15) de
manto de lodo são considerados), ou a mistura do camadas e a abordagem de “fluxos mínimos” entre
balanço de massa e modelos de base empírica que as camadas vizinhas. Neste método, o menor dos
estimam o fluxo de descarga pelo fundo, fluxo de dois fluxos é usado em cada camada, um que pode
efluente e concentrações do manto de lodo usando ser “aceito” baseado na concentração de sólidos
várias equações algébricas. presente na camada, ou um que pode ser distribuído
pela camada acima com base em sua própria
Contudo, o modelo mais amplamente utilizado concentração de sólidos, como (ii) pela
nesta categoria é o modelo 1-D de fluxo em implementação de mistura de retorno ou difusão
camadas. Este modelo representa o decantador atuando entre as camadas.
como uma pilha de camadas horizontais. O
movimento horizontal não é considerado, de Os sólidos do efluente e o comportamento
acordo com a teoria do fluxo. Tanques retangulares compressível são simulados usando artifícios da
e circulares não são distinguidos nos modelos 1-D. função Vesilind de sedimentação para levar em
Fluxo de descarga de sólidos e fluxo de conta as sedimentações discreta e compressiva (por
sedimentação baseados em balanços de massa exemplo, o modelo duplo-exponencial, Takacs et
dinâmicos são implementados em cada camada, e a al., 1991). Para a região de sedimentação discreta
saída do modelo é um perfil vertical de sólidos (topo do decantador), ou seja, os sólidos do
(uma concentração para cada camada). Ainda que efluente, pesquisas adicionais levaram à
a teoria do fluxo, conforme discutida neste identificação do parâmetro de sedimentação
capítulo, constitui a base destes modelos, uma vez floculante neste modelo. A concentração de SST na
que não leva em conta as sedimentações discreta e qual ocorre a transição da sedimentação discreta e
por compressão, os modelos baseados somente nela para a floculenta é referida como limite de
não podem prever os sólidos do efluente ou um floculação (LDF). O LDF está diretamente

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vinculado à eficiência da colisão de partículas e é de sedimentação foi desenvolvida (Mancell-Egala


dependente da fração não sedimentável, da carga et al., 2017) e classificada como Limite da
das partículas, da densidade das partículas, do Sedimentação Stockesian (LDSS). Este parâmetro
tamanho das partículas, das características das descreve a concentração de SSRB para a qual
substâncias poliméricas extracelulares (EPS) etc. ocorre a transição da sedimentação floculenta para
(Mancell-Egala et al., 2017). Além do mais, o LDF sedimentação em zona. Quanto maior for o valor
define o comportamento da sedimentação do LDSS, maior será a capacidade do decantador,
floculenta que é o principal regime de uma vez que a sedimentação em zona ocorre
sedimentação no decantador. Baseado em trabalhos somente em concentrações elevadas. Uma grande
iniciais, uma correlação linear entre LDF e sólidos faixa de tipos de lodos foi caracterizada como lodo
em suspensão no efluente (SSE) foi observada sob granular, lodo RBN e lodo ativado de alta taxa,
condições de regime estacionário (Figura 12.30) mostrando valores de LDSS de 5.000, 1.200 e 780-
(Ngo et al., 2018). Quanto menor o LDF, melhor 1.000 mg SST/L, respectivamente. Valores de
será a eficiência de colisão, levando a uma menor LDSS definidos experimentalmente foram
quantidade de SST com melhor qualidade do validados com o modelo de sedimentação de
efluente. Além disso, o LDF tem sido proposto Takacs et al. (1991) (Mancell-Egala et al., 2016).
como método de medição para cálculo do Quando comparado a curvas de fluxo com
coeficiente de floculação do modelo de pequenas variações na matriz de lodo, o LDSS
sedimentação de Takacs et al. (1991), ao invés de provou ser mais rápido na caracterização da
usar o último parâmetro como parâmetro de velocidade de sedimentação em zona e menos
calibragem. errático. Outra melhoria promissora é descrita em
Torfs et al. (2017) em relação aos tradicionais
modelos de sedimentação. Nestes modelos, o
comportamento da sedimentação é descrito como
função somente da concentração de sólidos, mesmo
sabendo-se que o estado de floculação (ou seja,
densidade do floco, resistência do floco, tamanho
do floco) desempenha também uma função
importante no desempenho da sedimentação. Além
disso, normalmente somente partes específicas do
comportamento da sedimentação são incluídas na
estrutura do modelo (ou seja, sedimentação em
zona e algumas vezes sedimentação por
compressão para modelos SST e sedimentação
Figura 12.30 Correlação entre LDF (limite de floculação) e discreta para modelos de Decantador Primário).
sólidos em suspensão do efluente (SSE) (baseada em Ngo
et al., 2018) Para superar algumas destas simplificações,
Torfs et al. (2017) apresentaram uma estrutura de
Existem pesquisas em andamento para modelagem a qual combina o estado da arte em
melhorar também os métodos de estimativa da modelos SST (modelagem de sedimentação em
capacidade do decantador. A sedimentação zona e de compressão) baseados no “estado da arte”
floculenta (stockesian) é predominante em em modelagem de Decantador Primário (conceito
decantadores de operação ideal e, a mudança para de distribuição de Velocidade de Sedimentação de
uma sedimentação em zona “mais lenta” (non- Partículas – Bachis et al., 2015). A estrutura
stocksian) tanto causa falha como baixa qualidade resultante permite integrar todos diferentes regimes
do efluente. Uma nova métrica para características de sedimentação (discreta, floculenta, em zona e de

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compressão) em um modo modular e que permite computacional proibitiva. Os modelos 1-D em


reconhecer mudanças no estado de floculação por camadas não podem ser usados para investigar
considerar diferentes classes de flocos em vez de detalhes das estruturas do decantador, por exemplo,
apenas uma única concentração variável. Contudo, geometria do tanque ou colocação do anteparo. Os
as necessidades de calibração desta estrutura de modelos computacionais de fluidodinâmica (CFD)
modelagem são elevadas e são necessários um 2-D ou 3-D são necessários para este propósito.
robusto protocolo assim como medições confiáveis
e inovadoras. 12.6.3 Modelos Computacionais de
Fluidodinâmica
Modelos dinâmicos 1-D realizam um papel
importante em conjunto com modelos de lodo Os modelos CFD são baseados na conservação da
ativado na previsão de processos em toda a planta. massa fluida (continuidade), conservação do
Devido sua estrutura simples, eles não acrescentam momento nas direções horizontal e vertical,
uma carga computacional significativa ao modelo conservação da massa de sólidos (transporte de
do processo, e podem prever razoavelmente as três sólidos em suspensão), conservação da entalpia
principais funcionalidades dos decantadores (balanço de calor), e um modelo de turbulência.
secundários – clarificação, adensamento e Para alcançar uma solução numérica estável, o
estocagem de lodo. Os sólidos do efluente previstos decantador tem de ser discretizado em uma rede
nestes modelos constituem uma parte importante fina, muitas vezes usando dezenas de milhares de
da qualidade do efluente. Os sólidos recirculados elementos de rede. Nesta representação é possível
são utilizados no descarte e afetam a idade do lodo, considerar detalhes físicos como os anteparos, em
o adensamento e a carga e o desempenho da linha sua geometria exata, posição e ângulo. O conjunto
de sólidos. Finalmente, o armazenamento de lodo de equações é subsequentemente resolvido para
(previsão dinâmica do manto de lodo) considera cada nó para cada etapa de tempo. Isto representa
alterações no inventário de sólidos no reator, o que uma carga computacional significativa, mas pode
pode ter um significativo efeito no desempenho do resultar em um quadro muito detalhado de
processo. Sob certas condições, reações biológicas distribuição de sólidos e um modelo de escoamento
ou químicas ocorrem nos decantadores no decantador como o mostrado na Figura 12.31
secundários, tal como a desnitrificação. Os (em um exemplo do modelo CFD 2-D).
modelos 1-D são, quase exclusivamente, usados Acrescentar a terceira dimensão aumenta a
para simular essas reações uma vez que os modelos complexidade e o tempo de execução destes
0-D, por falta de um volume reativo, não são modelos, e devem somente ser incluídos caso
adequados para tal propósito, e a implementação de necessário.
modelos biológicos complexos em modelos
hidrodinâmicos 2-D e 3-D apresenta uma demanda

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Figura 12.31 Resultados do modelo CFD 2-D (Imagem: MMI Engineering)

O uso de modelos CFD tem se acelerado neste caso a simulação não previu uma melhoria
significativamente nestes anos recentes devido a significativa nos sólidos em suspensão do efluente.
avanços na modelagem hidrodinâmica e calibração
de modelo. Detalhes de projeto do decantador são
frequentemente sujeitos à verificação ou 12.7 EXEMPLOS DE PROJETO
otimização em modelos CFD antes da implantação
em escala real. Um exemplo é mostrado na Figura Projetar um decantador. Estabelecer a área
12.32. Neste caso é simulado um anteparo requerida de decantador e a capacidade da bomba
Stamford, que é projetado para desviar o fluxo da de recirculação. Utilizar dos métodos simplificados
área do vertedor de efluente, O efeito do anteparo é conforme foi descrito na Seção 12.5 para projetar o
claramente visível no campo de fluxo; entretanto decantador para as condições esperadas de carga no
futuro conforme especificado na Tabela 12.4.

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Figura 12.32 Efeitos do anteparo Stamford no campo de fluxo em torno dos vertedores (Imagem: MMI Engineering)

Tabela 12.4 Especificações de projeto


Parâmetro Símbolo Valor Unidade
SSRB XF 3,2 kg/m3
Vazão média de período seco QMTS 240 m3/h
Fator de pico diário (período seco) FPTS 1,4
Fator de pico período chuvoso FPPC 2,8
Fator de segurança para teoria do fluxo FA 1,25
Fator de segurança para procedimento WRC FWRC 1,25

Baseado na Tabela 12.4, o pico diário de período


As propriedades de sedimentação do lodo no seco é 336 m³/h, e o de período chuvoso, 672 m³/h.
local não são conhecidas, pois o novo processo a
ser construído implementará a remoção biológica 1) Projeto usando a teoria do fluxo
de nutrientes além de receber 10% de contribuição a) A velocidade de sedimentação para a
industrial no afluente. A ETE atual no local não é concentração SSRB (Critério II de Manuseio
exigida para nitrificar e não tem recebimento de de Sólidos) é calculada pela Eq. (12.4) (1,5
despejo comercial. Os valores médios de m/h).
sedimentabilidade entretanto serão assumidos b) A área mínima requerida durante VPPC é
como mostra a Tabela 12.5. 672/1,5 = 448 m².
c) A razão mínima de recirculação do gráfico
Esta tarefa pode ser facilmente calculada Ekama P&O é 0,49. Esta razão de
manualmente ou usando a planilha já mencionada. recirculação será uma segura, uma vez que
não está incluído um fator de segurança da
Etapas de solução área.

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d) Usando o diagrama de Análise do Ponto de A bomba de recirculação é selecionada para


Estado, desenhando tangentes à curva de 100% de recirculação para VPPC ou 336 m³/h.
fluxo gravitacional no ponto de estado, em Usando carga hidráulica de 1 m/h ou 5 kg/m²/h de
VPPC (329 m³/h) e em VPPS, as razões de carga sólida para VPPS e 2 m/h ou 10 kg/m²/h para
recirculação respectivas de 0,49 e 0,32 são VPPC, a taxa de carga sólida de 5 kg/m²/h resulta
suficientes. A capacidade da bomba de na maior área de decantador, 3,2.(336+672)/5 =
recirculação é selecionada para 330 m³/h (2 369 m² de área requerida.
bombas). Este projeto resulta em um decantador menor
e) fator de segurança de 25% é aplicado (A = se comparado ao do projeto baseado na teoria do
553,4 m²). Isto é arredondado para 550 m². fluxo. Isto se deve ao fato do método empírico não
considerar propriedades esperadas de baixa
2) Projeto pelo método empírico sedimentação do lodo.

Tabela 12.5 Parâmetros de sedimentação do lodo assumidos para os vários métodos de projeto
Parâmetro Símbolo Valor Unidade
Índice Volumétrico de Lodo IVL 190 mL/g
Índice Volumétrico de Lodo Diluído IVLD 160 mL/g
Índice Volumétrico de Lodo Diluído Agitado para IVLA3,5 120 mL/g
3,5 g/L de SSRB
Velocidade inicial de sedimentação v0 5,82 m/h
Parâmetro de sedimentação em zona pSZ 0,42 m3/kg

3) Projeto WRC c) A área requerida para VPPC é 672


a) Calcular a taxa de recirculação crítica (m³/h)/0,56 (m/h) = 1.196 m². Seleciona-se
calculada em 0,66 m/h com base na Eq. 1.200 m².
12.11a. d) A concentração de recirculação sob condição
b) A área requerida pela Eq. 12.11b para VPPC de VMPS (Eq. 12.15) é 7,5 g/L, e sob
é 583 m² e para VPPS é 292 m². O maior condição de VPPC e (Eq. 12.16) é 9,5 g/L.
deles, com 25% de folga de segurança, resulta e) A vazão de recirculação, baseada no balanço
em 729 m². de massa apresentado na Eq. 12.17 é 179 m³/h
c) A recirculação para VPPC é 481 m³/h. É para VMPS e 341 m³/h para VPPC; 350 m³/h
escolhida uma bomba de recirculação de 500 é selecionado.
m³/h. A taxa de fluxo vertido para VPPC é
672/729 = 0,92 m/h.

4) Projeto ATV
a) VLD30 pela Eq. 12.12 é 3,2.160 = 512 mL/L. 5) Projeto STOWA
b) A taxa de fluxo de efluente pela Eq. 12.14 é a) VLD30 da Eq.12.12 é 3,2.160 = 512 mL/L. A
0,56 m/h. Isto é menor que o máximo, 1,6 taxa permissível de fluxo de efluente baseada
m/h. na Eq. 12.18 é 0,72 m/h.
b) A taxa volumétrica de aplicação de lodo pela
Eq.12.13 é 371 L/m²/h (se coloca entre 300 e

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400 L/m²/h). Portanto, o valor 0,72 m/h é m³/h para VMTS e 341 m³/h para VPPC; 350
aceito. m³/h é o valor selecionado.
c) A área requerida é 240/0,72 = 332 m² para
VMPS e usando 70% como redução máxima A tabela 12.6 resume as áreas de decantador
da concentração SSRB, 0,7 x 672/0,72 = 650 selecionadas e as capacidades da bomba de
m². recirculação usando os diferentes métodos de
d) A vazão de recirculação, baseada no balanço projeto.
de massa apresentado na Eq. 12.17, é 179

Tabela 12.6 Resumo das soluções


Unidade Fluxo Teórico Empírico WRC ATV (1976) STOWA
Área do m2 550 369 729 1.200 650
decantador
Vazão de m3/h 330 336 500 350 350
recirculação

Figura 12.33 Exemplo de tanque de decantação secundária, adequadamente operado e mantido, com produção de efluente de
boa qualidade (foto D.H. Eikelboom).

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NOMENCLATURA

Abreviatura Descrição
APE Análise do ponto de estado
FDC Fluidodinâmica computacional
FPPS Fator de pico diário (período seco)
FPTC Fator de pico tempo chuvoso
IVL Índice volumétrico de lodo
IVLA3,5 Teste do índice volumétrico de lodo agitado realizado para 3,5 g/L de
concentração do SSRB
IVLD Índice volumétrico de lodo diluído
RBS Reator de batelada sequencial
RLA Recirculação de lodo ativado
SSRB Sólidos em suspensão do reator biológico

Abreviatura Descrição
STOWA Stichting Toegepast Orderzoek Waterbeheer - Fundação para Pesquisa
Aplicada na Gestão de Água
VMPS Vazão média de período seco
VPPC Vazão de pico em período chuvoso
VSZ Velocidade de sedimentação em zona
VSZA Velocidade de sedimentação em zona agitada
VPS Vazão de período seco
TAS Taxa de aplicação superficial

Símbolo Descrição Unidade


A Área do decantador m2
DSV30 Volume de lodo sedimentado do SSRB sob condições de teste mL/L
FA Fator de segurança para área -
G Gradiente de velocidade s-1
jAP Fluxo total aplicado kg/m2.h
JB Fluxo de massa kg/m2.h
jl Taxa de fluxo de efluente kg/m2.h
JL Fluxo limitante, correspondente a XL kg/m2.h
jR Taxa de fluxo de descarga de fundo kg/m2.h
JS Fluxo gravitacional kg/m2.h
psz Parâmetro de sedimentação em zona L/g ou m3/kg
ql Taxa de aplicação superficial ou de fluxo de efluente m/h
Ql Vazão afluente m3/h
qo Taxa de fluxo de afluente permissível m/h
QR Vazão de recirculação m3/h

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qR Taxa hidráulica de descarga de fundo m/h


qRcrit Taxa hidráulica crítica de descarga de fundo m/h
qSV Taxa de aplicação volumétrica de lodo L/m2/h
R Taxa de recirculação (QR/Ql) -
vo Velocidade de sedimentação inicial m/h
vS Velocidade de sedimentação m/h
x Concentração do SSRB em vários testes VSZ g/L ou kg/m3
X Concentração de sólidos kg/m3
XF Concentração de sólidos na alimentação kg/m3
XL Concentração limitante de sólidos kg/m3
XR Concentração da recirculação kg/m3

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Figura 12.34 Um reator de batelada sequencial (RBS) serve como tanque de decantação durante a fase de espera. Este projeto
particular (WWTP Bile’ca, Bósnia e Herzegovina) envolve um sistema de descarga de efluente ajustável que determina o
volume de efluente descarregado do reator após o período de sedimentação (foto: D. Brdjanovic).

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13 Biorreatores com membranas

Xia Huang, Fangang Meng, Kang Xiao, Hector A. Garcia e Jiao


Zhang
Tradução: Eduardo Lucas Subtil

13.1 PRINCÍPIOS DE SEPARAÇÃO POR tamanho variando de mícrons (por exemplo, floco)
MEMBRANAS até vários angstroms (por exemplo, sais). Os
tamanhos dos poros dessas membranas, em
A principal função da separação por membrana é comparação com os tamanhos dos poluentes
separar, purificar ou concentrar componentes de particulados/ coloidais/ solúveis, são
uma mistura, aplicando uma ou mais forças esquematicamente demonstrados na Figura 13.1. A
motrizes através de uma membrana permeável MF é capaz de rejeitar substâncias particuladas
seletiva de modo que os componentes de interesse com um tamanho maior que 0,1 m. UF rejeita
possam preferencialmente atravessar a membrana. coloides e macromoléculas com um tamanho de
A membrana permeável seletiva é a chave para 0,002-0,100 m ou mais; a capacidade de rejeição
garantir uma separação eficaz. Os mecanismos de das membranas de UF é geralmente medida pelo
separação por membrana incluem exclusão por peso molecular de corte. A NF rejeita compostos
diferença de tamanho (peneiramento), orgânicos com peso molecular de 100-1.000 Da ou
difusão/eletrodiálise, osmose, transição de fase, mais, bem como alguns íons relacionados a dureza.
etc. A exclusão por diferença de tamanho é um OR rejeita sais e solutos de tamanho pequeno
processo de filtração mecânica utilizando presentes na alimentação. MF e UF são referidos
membranas porosas, enquanto outros mecanismos como processos de baixa pressão, enquanto NF e
dependem da interação físico-química entre os RO são referidos como processos de alta pressão.
componentes que serão separados e o material da
membrana. Os processos de separação por O biorreator com membrana (MBR –
membranas podem ser acionados por gradientes de Membrane Bioreactor) é um processo integrado de
pressão, concentração, temperatura, potencial tratamento biológico e separação por membrana
elétrico, etc. para tratamento de esgoto e recuperação de água. A
membrana utilizada em MBR é geralmente de MF
Os processos de membrana operados por ou UF, cujo objetivo principal é separar os sólidos
pressão têm sido aplicados com sucesso no em suspensão do lodo ativado para garantir a
tratamento de água, tratamento de esgoto e qualidade do efluente. A membrana pode reter
recuperação de água. Microfiltração (MF), completamente os flocos de lodo e bactérias, bem
ultrafiltração (UF), nanofiltração (NF) e osmose como alguns dos biopolímeros coloidais e solúveis
reversa (RO) são os melhores exemplos, capazes de presentes no lodo.
rejeitar uma ampla gama de poluentes com

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Os sistemas MBR aeróbios são projetados para projetados para recuperar a energia, material
remover poluentes orgânicos, nutrientes e a maioria orgânico e nutrientes N/P, com o auxílio da
dos patógenos. MBRs anaeróbios (AnMBRs) são capacidade de rejeição das membranas MF ou UF.

Figura 13.1 Esquema mostrando exclusão de poluentes em função do tamanho por membranas de osmose reversa (OR),
nanofiltração (NF), ultrafiltração (UF), microfiltração (MF) e filtração convencional (FC).

13.2 INTRODUÇÃO AOS BIORREATORES externas de fluxo tangencial (side-stream) e lodo


COM MEMBRANAS ativado, com o objetivo de melhorar a separação
sólido/líquido em processos convencionais de lodo
ativado (CAS) (Bemberis et al., 1971). Este
13.2.1 História dos Biorreatores com sistema combinado foi inicialmente aplicado no
Membranas Japão para tratamento de esgotos municipais em
pequena escala.
Desde a descoberta do sistema de lodo ativado no
início do século 20, os processos de lodo ativado
Tendo em vista que o consumo de energia era
têm sido amplamente utilizados no tratamento de
uma limitação importante dos MBRs de membrana
esgoto, embora apresentem dificuldades de
externa e fluxo tangencial, Yamamoto et al. (1989)
separação sólido/líquido. As membranas de
propuseram o uso de membrana submersa,
ultrafiltração foram desenvolvidas no início do
denominado MBR submerso, sendo um importante
século 20 na Europa (Bechhold, 1907) e utilizadas
marco no desenvolvimento da tecnologia. Os
comercialmente (Zsigmondy e Bachmann, 1922)
MBRs submersos geralmente têm menor consumo
em pesquisas de laboratório com o propósito de
de energia devido à menor pressão de sucção e à
separação de bactérias ou biomoléculas. No final
ausência de uma bomba de recirculação. Desde
da década de 1960, os MBRs foram desenvolvidos
então, os processos baseados em MBR têm sido
por Dorr-Oliver pela combinação de membranas

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amplamente aceitos e aplicados no tratamento de pode ser reduzida em 30-50% dependendo da


águas residuárias. Um importante fornecedor na capacidade da planta).
aplicação de MBR na década de 1990 foi Kubota; • Aumento da qualidade da água do permeado
aproximadamente 60 plantas de MBR da Kubota devido à capacidade de rejeição da membrana e
foram instaladas no Japão para tratamento de ao aumento da degradação biológica (menores
esgoto doméstico e industrial na década de 1990, concentrações de poluentes no efluente).
resultando em uma capacidade total de tratamento • Controle independente do tempo de retenção de
de 5.500 m3/d (Judd e Judd, 2011). Desde 1990, sólidos (TRS) e do tempo de retenção
outras empresas de membrana entraram no hidráulica (TDH), melhorando o controle de
mercado aumentando a oferta comercial de MBR, tais parâmetros e concentrações muito maiores
incluindo a Mitsubishi Rayon (o módulo de de Sólidos em Suspensão no Reator Biológico
membrana SUR MBR), Norit X-Flow (módulos de (SSRB).
membrana polimérica tububular) e GE-Zenon • Menor produção de lodo como resultado das
(membranas imersas de UF - ZeeWeed®). Desde elevadas concentrações de SSRB.
então, os MBRs têm sido amplamente usados em
todo o mundo. Uma baixa demanda de área é interessante para
o projeto da estação de tratamento de esgoto (ETE)
Devido aos benefícios da separação por em grandes cidades que enfrentam escassez de
membrana, os processos baseados em MBR têm terras. O aumento da qualidade do permeado, que
sido adaptados com o uso de novos processos de pode atender às regulamentações de descarte mais
membrana, como MBRs baseados em destilação rigorosas e aos requisitos de reutilização da água, é
por membrana (MD) e MBRs com osmose direta uma das principais razões para a ampla aplicação
(FO). Os sistemas MBR também foram integrados de MBRs no mundo. A redução da produção de
com outros processos biológicos, como grânulos lodo é atraente em regiões onde o tratamento deste
aeróbios, anammox e, particularmente, processos resíduo não era bem conduzido no passado. Por
anaeróbios. MBRs anaeróbios (AnMBRs) são causa dessas vantagens, os MBRs são considerados
considerados um processo promissor para a um processo importante para o tratamento de
produção de energia (ou seja, produção de metano) esgotos municipais e industriais.
durante o tratamento de esgoto sanitário.
13.2.3 Configuração dos Biorreatores com
13.2.2 Características dos Biorreatores Membranas
com Membranas
Como mencionado anteriormente, existem duas
Os MBRs referem-se a uma combinação do configurações principais de MBR com diferentes
processo biológico e do processo de membrana, unidades de membrana e diferentes pressões para
geralmente de MF ou UF. Os MBRs promovem o produção de permeado (Figura 13.2A e 13.2B): o
tratamento de esgoto por meio da transformação MBR de fluxo tangencial (sMBR) com pressão
biológica de poluentes e da separação por positiva e MBRs submersos ou imersos (iMBRs)
membrana de bactérias e o efluente tratado. Os com pressão à vácuo.
MBRs têm as seguintes vantagens:
Na configuração de fluxo tangencial, as
• Sistema compacto devido à eliminação do unidades de membrana são instaladas externamente
decantador secundário e alta taxa de conversão ao biorreator (Figura 13.2A). A biomassa é
volumétrica resultante das elevadas bombeada diretamente através de vários módulos
concentrações de bactérias (a demanda por área de membrana em série e volta para o biorreator, ou
é bombeada para tanque, a partir do qual uma

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such as wastewater treatment.
Rs and
systems
13.2.3
648 Membrane bioreactor configuration
ocesses, 648
icularly As mentioned above, there are two main MBR
BRs) are configurations with different membrane units and
energy different
segundadriven
bomba pressure
circula for permeate através
a biomassa (Figure dos
13.2A pode operar com retrolavagem na mesma linha,
during andmódulos
13.2B):emthe
série. A limpezaMBR
side-stream e a imersão
(sMBR)daswith através do bombeando do permeado, para reduzir o
membranas
positive nas and
pressure, soluções de controle
submerged de depósito
or immersed MBRs depósito da superfície da membrana. Da mesma
podem with
(iMBRs) ser realizadas no local com o uso de um
vacuum pressure. forma, a limpeza química também pode ser feita na
tanque de limpeza, bomba e tubulação instalados. mesma linha por operações de retrolavagem com
soluções químicas, sem a necessidade da
Recirculação transferência de módulos de membrana ou licor
cess and A Recirculated stream
misto do biorreator. Em sistemas onde as
MBRs
membranas estão em um tanque separado do
ological Entrada
In biorreator, cassetes individuais de membranas
embrane podem ser isolados para realizar operações de
. MBRs Membrana
Membrane
limpeza por imersão de membrana; no entanto, a
biomassa deve ser continuamente bombeada de
ArAir
volta para o biorreator principal para limitar o
ation of aumento nas concentrações de SSRB. Nos sistemas
Bioreactor
Biorreator
ncreased onde as membranas são instaladas no biorreator
he high Lodo
Sludge Saída
Out principal, os módulos de membrana são removidos.
reduced B
y). Out
Saída Os iMBRs geralmente consomem menos
wing to energia do que os sMBRs, devido aos efeitos da
ological Entrada
In
aeração para o controle do depósito. No entanto,
utants in apesar do uso de energia ser mais favorável nas
membranas submersas, ainda há mercado para a
configuração de fluxo tangencial, particularmente
e (SRT) Ar
Air em aplicações industriais de menor vazão (isto é,
ading to
tratamento de lixiviado de aterro), onde a limpeza
d much Biorreator
Bioreactor
da membrana é mais frequente. Observe que o
(MLSS) projeto dos processos MBR deve levar em
Sludge
Lodo
consideração todos os fatores operacionais,
of these Figure 13.2 MBR process configurations: (A) a side stream incluindo fluxo da membrana, pressão
MBR (sMBR) and (B) a submerged or immersed MBR (iMBR). transmembrana (PTM), uso de energia e frequência
Figura 13.2 Configurações do processo MBR: (A) MBR de
de limpeza.
fluxo tangencial (sMBR) e (B) MBR submerso ou imerso
(iMBR).
A Figura 13.3 mostra uma série de novos
MBRs que foram desenvolvidos ou aplicados para
Nos MBRs submersos, as unidades de vários fins, incluindo controle de depósito,
membrana são instaladas no biorreator principal ou remoção de nutrientes, recuperação e reúso de
em um tanque separado (Figura 13.2B). Nesses água, cultivo de bactérias especializadas, aumento
MBRs, a aeração tem por objetivo fornecer de fluxo, tratamento de águas residuárias
oxigênio para a biomassa e controlar o depósito da complexas e remoção biológica de nutrientes (ou
membrana (Fouling), devido a capacidade de seja, nitrogênio e eliminação de fósforo).
limpeza das bolhas de ar. O sistema de membrana

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systems where the membranes are in a separate tank wastewater reuse, the cultivation of specialized
to the bioreactor, individual trains of membranes can bacteria, flux enhancement, high-strength wastewater
be isolated to undertake cleaning regimes treatment, and biological nutrient removal (i.e
incorporating membrane soaks; however, the biomass 649
nitrogen and phosphorous elimination).

Novas configuração de MBR


New MBR configurations
§ AGMBR
AGMBR
§ HFMBR
HFMBR
§ SRMBR
SRMBR
§ VSMBR
VSMBR

MBR
MBRspara o reúso de água
for wastewater reuse MBR para o controle de depósito
MBRs for fouling control
MBR ++ RO
§ MBR OR § AsMBR
AsMBR
MDBR
§ MDMBR Novos
Novel MBRs
MBRs § JLMBR/Airlift
JLMBR/AirliftMB
MBR
NFMBR
§ NFMBR § MABR
MABR
OMBR § MCBR
MCBR
§ OMBR

MBRSpecial
com microrganismos
microbe-basedespecíficos
MBR
Anammox
§ Anammox MBR MBR
Fungi MB
§ Levedura MBR

Figure 13.3 Summarized illustration showing novel MBRs developed in recent years: AGMBR (aerobic granular sludge MBR)
Figura 13.3 Ilustração resumida mostrando novos MBRs desenvolvidos nos últimos anos: AGMBR (MBR de lodo granular
HFMBR (hybrid biofilm MBR); SRMBR (submerged rotating MBR); VSMBR (vertical submerged MBR); MBR+RO (MBR with
aeróbio); HFMBR (MBR de biofilme híbrido); SRMBR (MBR rotativo submerso); VSMBR (MBR submerso vertical); MBR + RO
reverse osmosis); MDBR (membrane distillation bioreactor); NFMBR (nanofiltration MBR); OMBR (osmotic MBR); AsMBR (air
(MBR com osmose reversa); MDBR (biorreator de destilação por membrana); NFMBR (MBR de nanofiltração); OMBR (MBR
sparging MBR); JLMBR (jet loop MBR); MABR (membrane adsorption bioreactor); MCBR (membrane coagulation bioreactor)
osmótico); AsMBR (MBR de ar); JLMBR (jet loop MBR); MABR (biorreator de adsorção por membrana); MCBR (biorreator de
anammox MBR (anaerobic ammonium oxidation MBR) (adopted from Meng et al., 2011a).
coagulação de membrana); anammox MBR (MBR de oxidação anaeróbico de amônio) (adotado de Meng et al., 2011a).

hidrofilicidade/hidrofobicidade, também
13.2.4 Materiais e módulos de membrana influenciam o desempenho do MBR,
Geralmente, dois tipos diferentes de materiais, a especialmente na formação de depósitos na
saber, polimérico e cerâmico, podem ser usados membrana.
para a síntese de membranas. Uma membrana Os polímeros comuns para membranas comerciais
típica normalmente tem uma estrutura assimétrica, de MF/UF incluem acetato de celulose (AC),
formada por uma fina camada mais densa na parte fluoreto de polivinilideno (PVDF), polissulfona
superior, responsável pela seletividade (PS), polietilsulfona (PES), poliacrilonitrila
permanente, e uma camada de suporte porosa mais (PAN), cloreto de polivinila (PVC), polietileno
espessa, que provê a propriedade mecânica. Uma (PE), politetrafluoretileno (PTFE) e polipropileno
membrana para aplicação de MBR deve ter as (PP). Todos os polímeros acima podem ser
seguintes características: (i) alta porosidade, utilizados para sintetizar membranas com
tamanho e distribuição de poro adequado para propriedades físicas desejáveis e resistência
fornecer alta seletividade e alta permeabilidade à química razoável, usando técnicas específicas de
água; (ii) mecanicamente robusta, ou seja, capaz de síntese. Para o mercado de MBR, as membranas
suportar com frequência lavagens e limpezas com PES e PVDF são os produtos dominantes. Mais
ar; (iii) material que seja quimicamente resistente, recentemente, produtos de PTFE também se
isto é, resistente a pH extremo e oxidantes durante tornaram disponíveis. As membranas PES
a limpeza química; e (iv) idealmente resistente a apresentam boa estabilidade química, podendo
formação de depósitos. Várias outras tolerar uma faixa de pH de 1,5-13 e apresentam
características da membrana, como carga resistência moderada ao cloro. As membranas de
superficial, rugosidade e PVDF podem tolerar ácidos fortes (por exemplo,
até pH 1), mas são menos resistentes para operar

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650
650

em condições alcalinas (o pH da operação deve ser placa plana (FS/flat-sheet) e tubular


inferior a 11). As membranas de PVDF apresentam (MT/multitube). As propriedades básicas dos
boa resistência ao cloro, tornando-as ideais para produtos de módulo de membrana dos principais
aplicações em MBR onde a limpeza com fornecedores de membrana estão listadas na Tabela
hipoclorito é amplamente utilizada. As membranas 13.1.
de PTFE mostram uma excelente resistência
química a condições extremas de pH ou oxidantes 13.2.5.1 Produtos de HF imersos
como hipoclorito e ozônio.
Materiais inorgânicos, como alumínio, zircônio,
sílica e óxido de titânio, são usados para fabricar Suez (Zenon)
membranas cerâmicas. As membranas cerâmicas A tecnologia ZeeWeed® 500 da Suez Water
apresentam resistência hidráulica, térmica e Technologies & Solutions foi uma das primeiras
química superior. As membranas de aço inoxidável membranas de MBR e a primeira membrana de
são uma alternativa potencial para o tratamento de fibra-oca vertical do mercado. Desenvolvida pela
efluentes industriais, devido à sua tolerância a altas Zenon Environmental Inc. (1980 a 2006) e
temperaturas e ao alto fluxo de permeado. No posteriormente adquirida pela GE Water & Process
entanto, essas membranas inorgânicas não são a Technologies (2006-2017), a membrana de fibra-
primeira opção para estações de MBR em grande oca vertical ZeeWeed® 500 foi introduzida pela
escala devido aos seus altos custos. Além disso, as primeira vez em 1993 (chamada ZeeWeed® 150)
membranas inorgânicas às vezes induzem a para substituir a membrana tubular Permaflow®
formação de depósitos inorgânicas mais graves em (introduzida em 1983). A membrana ZeeWeed®
biorreatores anaeróbio com membrana anaeróbia 500 atual (Figura 13.4A) pode ser usada para
(Trzcinski e Stuckey, 2016). Portanto, as aplicações que variam de água potável a
membranas inorgânicas só podem ser usadas em dessalinização de água do mar, mas é mais
algumas aplicações especiais, como o tratamento conhecida para uso em aplicações de MBR.
de águas residuárias industriais de alta temperatura. A membrana ZeeWeed® 500 para MBR usa PVDF
reforçada especificamente formulada que resulta
13.2.5 Fabricantes comerciais de módulos em uma membrana de UF com um tamanho de poro
de membranas nominal de 0,035 μm. Seu produto atual inclui a
membrana LEAPmbr® e tecnologia de aeração
Devido à característica única dos MBRs e, (Figura 13.4B), resultando em um consumo total de
particularmente, à redução significativa no preço energia (aeração + permeação) de menos de 0,06
da membrana, os MBRs tornaram-se mais kWh/m3. Hoje, mais de 2.300 MBRs globalmente
amplamente usados para tratamento de esgoto na estão usando membranas ZeeWeed® 500,
última década (Xiao et al., 2014). Mais de 40 representando mais de um milhão de módulos
empresas globalmente fornecem módulos de operacionais em campo, produzindo mais de 26,5
membrana para aplicações em MBR. Esses milhões de m3/dia (7 bilhões de galões/dia) de água
produtos podem ser categorizados com base nas limpa.
configurações de fibra-oca (HF/hollow-fibre),

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651

Tabela 13.1 Principais fornecedores globais de membrana para aplicações de engenharia de MBRs.
Material da Configuração do Tamanho Nome do produto Fabricante
membranaa módulo nominal do
poro (µm)
PVDF Fibra-oca 0,035 ZeeWeed 500 Suez (Zenon), EUA
PVDF Fibra-oca 0,4 Sterapore Mitsubishi Rayon, Japão
PVDF Fibra-oca 0,1 BSY Origin Water, China
PVDF Fibra-oca < 0,1 SMM Memstar, Singapura
PVDF Fibra-oca 0,03 PURON Koch Membrane Systems, EUA
PVDF Fibra-oca 0,1 Microza MUNC Asahi Kasei, Japão
PVDF Fibra-oca 0,04 Memcor MemPulse DuPont, EUA
PVDF Fibra-oca 0,075 Saveyor SVM Canpure, Canadá
0,05 CPM
PVDF Fibra-oca 0,1 SMT-600-BR Beijing Scinor, China
PVDF Fibra-oca < 0,1 BF, BT Tianjin Motimo, China
PVDF Fibra-oca 0,1-0,2 FMBR Hangzhou Creflux, China
PVDF Fibra-oca 0,02 FFM-MBR-20 FFM Inc., EUA
HDPE Fibra-oca 0,4 KSMBR Econity, Coréia do Sul
PVDF Fibra-oca 0,4 SuperMAK ENE, Coréia do Sul
PVDF Fibra-oca 0,1 RCM Philos, Coréia do Sul
PVDF & PTFE Fibra-oca 0,04 – 0,08 EcoFil, EcoFlon Ecologix, EUA
PTFE Fibra-oca 0,1; 0,2; 0,45 Poreflon SPMW Sumitomo, Japão
PVDF Fibra-oca 0,1 ZENOMEM Suzhou Vina, China
Polietileno Placa Plana 0,4 Kubota SMU Kubota, Japão
clorado
PVDF Placa Plana 0,08 MEMBRAY Toray, Japão
PVDF Placa Plana 0,1 SINAP SINAP, China
PVDF Placa Plana 0,08 – 0,30 PEIER Jiangsu Lantian Peier, China
PES Placa Plana 0,04 CES SubSnake Colloide Engineering Systems,
Northern Ireland
PES & PVDF Placa Plana 0,08; 0,1; 0,4 Ecoplate, EcoSepro Ecologix, EUA
PES Placa Plana 0,01 – 0,20 Neofil LG Electronics, Coréia do Sul
PES Placa Plana 0,04 BIO-CEL Microdyn-Nadir, Alemanha
PES Placa Plana ~ 0,07 U70 A3 Water Solutions GmbH,
Alemanha
PVDF Placa Plana 0,14 M70
PVDF Placa Plana 0,2 MFP2 Alfa Laval, Suécia
PES Placa Plana ~ 0,07 MEMBRIGHT FLI Environmental Group, EUA
PVDF Placa Plana 0,05 VINAP Suzhou Vina, China
PES Placa Plana 0,05 MicroClear Weise, Alemanha
PVDF Tubular 0,03 Airlift MBR Pentair X-Flow (Norit), Holanda
PVDF Tubular 0,03; 100 Bioflow Berghof, Alemanha
kDa
Cerâmica Plana/multi canais 0,1 CH250 Meidensha, Japão
Cerâmica Plana/multi canais 0,2 CFM ItN Nanovation, Alemanha
Cerâmica Tubular 0,02; 0,05; JWCM Jaingsu Jiuwu Hi-tech, China
0,1; 0,2; 0,5

a) PVDF: polyvinylidene fluoride/fluoreto de polivinilideno; PE: polyethylene/polietileno; HDPE: high-density


polyethylene/polietileno de alta densidade; PVC: polyvinyl chloride/cloreto de polivinila; PES: polyethersulfone/polietilsulfona;
PTFE: polytetrafluoroethylene/politetrafluoretileno.

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13.2.5.1 Immersed HF products The ZeeWeed® 500 membrane for MBR uses a
specifically formulated reinforced PVDF chemistry
Suez (Zenon) that results in a UF membrane with a nominal pore
652
Suez Water Technologies & Solutions’ ZeeWeed® 500
652 size of 0.035 µm. The current product features
technology was one of the earliest MBR membranes LEAPmbr® membrane and aeration technology
and the first vertical hollow-fibre membrane on the (Figure 13.4B), resulting in total energy usage
Mitsubishi Rayon
market. Developed by Zenon Environmental Inc.são (aeration membranas de MF/UF submersas para a
A(1980
Mitsubishi Chemical Aqua Solutions Co., Ltd. aplicação em+ permeation)
MBR. STERAPORE of less than
TM 0.06 kWh/m3.
são
to 2006) and later acquired by GE Water & Today over 2,300 MBRs globally are using ZeeWeed®
(MCAS) é uma empresa líder mundial em produtos membranas de PVDF reforçadas com os tamanhos
Process Technologies (2006-2017), the ZeeWeed® 500 membranes,
de membrana de fibra-oca de MF/UF (Figura 13.5). nominais dos poros de representing
0,05 e 0,4 μm. more
As than
áreas one million
For Translation Purposes Only

500 vertical hollow-fibre membrane was first


®
operating
efetivas modules
da membrana in the
variam de 18field m2 por over 26.5
producing
a 2.400
introduced in 1993 (called ZeeWeed
A MCAS pode oferecer uma ampla gama de 150) to replace módulo. 3
STERAPORE
million TM
foi instalado
m /day (7 billion em mais
gallon/day) of de
clean water.
®
their Permaflow
produtos de membranatubularde membrane
MF/UF para (introduced
o in5.000 sistemas MBR para o tratamento de esgoto
®
1983). The
tratamento de current ZeeWeedtratamento
águas residuárias, 500 membrane
de água (Figuredoméstico e industrial
Mitsubishi Rayon em todo o mundo desde
13.4A)e água
potável can be used fore assim
de processo applications ranging
por diante. Os from1992.Mitsubishi
Como líder global no fornecedor de
Chemical Aqua Solutions Co., Ltd.
TM
principais
drinking produtos
water to da MCAS,desalination
seawater STERAPORE but ,it is bestmembranas de MBR, a MCAS agora está
(MCAS) is a leading company of MF/UF hollow fiber
known for use in MBR applications. expandindo os negócios de membranas no mundo.
membrane products in the world (Figure 13.5).

A A

B B

Figure 13.4 ZeeWeed® membrane products: (A) a ZeeWeed® TM


Figura 13.4 Membrana ZeeWeed®: (A) cassete ZeeWeed® Figure
Figura 13.5 SteraporeTM:membrane
13.5 Sterapore
Membrana products:
(A) um módulo e (B) (A) a module
500D Cassette; (B) a ZeeWeed® 500 membrane train with
500D; (B) uma série de membrana ZeeWeed® 500 com and de
uma unidade (B)deck
a single
únicodeck unit
(fonte: (source: www.thembrsite.org).
www.thembrsite.org).
LEAP aeration
aeração (source:
LEAP (fonte: Suez).
Suez)

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membrane products for wastewater treatment, built over 30 MBR projects each with an overall
application. STERAPORETM are reinforced PVDF of 0.1 µm.
drinking and processing water treatment and so on. capacity larger than 100,000 m3/d. The BOW MBR
membranes with the nominal pore TM sizes of 0.05 and
MCAS main products, STERAPORE , are membrane uses reinforced PVDF materials, which
0.4 µm. Effective membrane areas are from 18 to Memstar
submerged MF/UF 2 membranes for the MBR TM provide high chemical stability, and it has a pore size
2,400 m per module. STERAPORE has been Memstar is the membrane production branch of CITIC
653

For Translation Purposes Only


application. STERAPORE
installed
TM
in more than are
5,000reinforced
MBR systems PVDF of 0.1 µm.
for sewage Envirotech Limited (CEL) Group, which is a leading
membranes with the nominal pore sizes of 0.05
and industrial wastewater treatment plants in and membrane-based integrated environmental solutions
0.4 µm. Effective
worldwide membrane
since 1992.areas
As are
a from leader
global Memstarprovider specializing in water and wastewater
18 to of MBR
2 TM
Beijing
2,400 mOriginper Water
membranemodule. STERAPORE
supplier, MCAS arehasnow beenexpending
Memstarmembranas
is the membrane
treatment, e production
water fabrica
supply and branch
fibras-ocasof CITIC
recycling. deMemstar
PVDF
For Translation Purposes Only

installed
A Beijing in more than 5,000
Origin business
membrane MBR
Water in systems
the world. forCo.
Technology sewage
Ltd. Envirotech Limited (CEL)
produzidas
specializes tanto Group,
por
in advanced whichde
inversão is fase
a leading
membrane-based induzida por
water and
and industrial
(BOW) foi fundadawastewater
em 2001. treatment
Ela se tornou plants in
o maior membrane-based
não
wastewater integrated
solvente (NIPS)environmental
treatment e and
como solutions
por separação
manufactures bothdenon-
fase
worldwideBeijing
fornecedor since 1992. Water
de Origin
membranasAs a global leadercom
da China, of MBR uma providertermicamente
specializing induzida
solvent-induced in phase
water and éwastewater
(TIPS);
separationo maior fabricante
(NIPS) and
membraneBeijing
supplier, MCAS
Origin Water are now expending
Technology Co. Ltd. treatment,thermally-induced
(BOW) water supply and phase recycling.
separation Memstar
(TIPS)
participação de mercado de cerca de 70% (Figura global de produtos de PVDF sintetizados porPVDF
TIPS.
membrane business in the world. specializes in advanced itmembrane-based water and of TIPS
13.6). was founded in 2001. It has become the largest Ahollow Memstarfibres;
possuiis the largest
quatro manufacturer
fábricas em Cingapura,
membrane supplier in 2019,
China, awith a market wastewater
share of China treatment
PVDFe EUA, and
products manufactures
globally. both
Memstar non-has four
Foi relatado
Beijing Origin
que, no final de BOW havia usando processos de fabricação de
aboutWater
70% (Figure 13.6). solvent-induced
manufacturingphasefacilities
separation (NIPS) China
in Singapore, and and the
construído mais de 30 projetos de MBR,
Beijing Origin Water Technology Co. Ltd. (BOW) cada um última
thermally-induced geração. A tecnologia Memstar MBR usa
USA, usingphase separationmanufacturing
state-of-the-art (TIPS) PVDF processes.
com
was uma capacidade
founded in 2001.total
It maior que 100.000
has become m3/d. hollow membranas
the largest fibres; it is thede
The Memstar
fibra-oca
largest
MBR
de uses
manufacturer
technology
PVDF TIPScom
ofPVDF um
hollow-
A membrana
membrane A BOWinMBR
supplier China,usawith
PVDF reforçada,
a market of PVDF tamanho
share que products de poro nominal
globally. Memstarde 0,04 μm
has
fibre membranes with a nominal pore size 0.04 µm e 1,3
four mm de
fornecem alta estabilidade
about 70% (Figure 13.6). química e tem um manufacturing diâmetro externo.
and 1.3facilities
mm Eles fornecem
in diameter.
outer Singapore, China
They andmódulos
provide the
membrane de
tamanho de poro de 0,1 μm. membrana
USA, using coman
state-of-the-art
modules with uma área útil
manufacturing
effective deprocesses.
membrana
membrane area of de 10
10
The Memstar MBR technology
(SMM-1010),
(SMM-1010), 12.5 uses PVDF
12,5(SMM-1013),
(SMM-1013), 2020 hollow-
(SMM-1520),
(SMM-1520), 25
A fibre membranes with ora 30
nominal µm
(SMM-1525)
25 (SMM-1525) ou 30 pore
(SMM-2030) size
(SMM-2030)m20.04
(Figure m213.7).
(Figura
and 1.3 13.7).
mm outer diameter. They provide membrane
modules with an effective membrane area of 10
(SMM-1010), 12.5 (SMM-1013), 20 (SMM-1520), 25
2
(SMM-1525) A or 30 (SMM-2030) B m (Figure 13.7).

B
A B

Figure 13.7
Figura 13.7Memstar
Membranamembrane products:
Memstar: (A) (A)
uma module;
módulo;(B)(B)
a
stack (or skid) (photo: Judd and Judd, 2011).
cassete (ou skid) (foto: Judd e Judd, 2011).
Figure 13.6 Beijing Origin Water MBR membrane products: (A)
a stack; (B) hollow fibres (source: Beijing Origin Water). Koch
Figure 13.7
A Memstar
Puron membrane
GmbH foi products: (A) ano
fundada module;
final(B)dea
2001 e
stack (or skid) (photo: Judd and Judd, 2011).
adquirida pela Koch Separation Solutions, Inc.
Figure 13.6
Figura Beijing
13.6 Origin Waterde
Membranas MBRMBRmembrane products:
da Beijing (A)
Origin (anteriormente Koch Membrane Systems, Inc.) em
a stack; (B) hollow fibres (source: Beijing Origin Water).
Water: (A) um cassete; (B) fibras ocas (fonte: 2004. O biorreator de membrana de ultrafiltração
Beijing Origin Water). PURON® de base única transformou a tecnologia
de tratamento de águas residuárias industriais e
Memstar municipais. Este projeto de módulo patenteado
Memstar é um produto de membrana do grupo (Figura 13.8) apresenta fibras-ocas de PVDF
CITIC Envirotech Limited (CEL), que é um reforçadas que são fixadas apenas na parte inferior,
fornecedor líder de soluções ambientais integradas virtualmente eliminando o acúmulo contínuo
com base em membrana, especializado em (clogging) de cabelo, materiais fibrosos e lodo.
tratamento de água e esgoto, abastecimento e Sólidos e partículas, incluindo bactérias,
reciclagem de água. A Memstar é especializada em permanecem do lado de fora, enquanto o permeado
tratamento avançado de água e esgoto com é extraído através da membrana para o interior das

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654
654

fibras. A saída de ar está localizada dentro do feixe do que os métodos tradicionais de limpeza. A
de fibra para limpar toda a fibra, minimizando o otimização da recirculação do licor misto nos
consumo de energia. A nova geração de produtos módulos de membranas permite um aumento dos
PULSION® MBR oferece até 40% de redução de fluxos de operação e o desempenho geral. Com a
energia relacionada com aeração e 25% de redução otimização do projeto e do layout foi possível
de área. Esta inovação a baseada na formação de reduzir o tamanho do tanque, eliminando a
uma grande bolha através de um feixe de fibras de necessidade de válvulas de ar. O menor fluxo de ar
membrana compartimentada, criando uma ação de aplicado às membranas possibilitou a redução do
bombeamento semelhante a um pistão que resulta tamanho do equipamento de suprimento de ar em 565
em menores requisitos de ar e energia de aeração 50%.

A B C
Single header
Virtually eliminates
clogging

Central aeration
or Translation Purposes Only

Improves scouring
efficiency

® PURON® MBR e PULSION MBR: (A) membranas de fibra oca PURON®,


Figura13.8
Figure 13.8 PURON
Membrana MBR and PULSION MBR membrane products: (A) PURON® hollow(B) projeto
fibre de cabeçote
membranes, PURON® single
(B)único
®
header
PURON®,design, (C) PULSION
(C) módulo PULSION®MBR
MBRmodule (images:
(imagens: Koch Separation
Koch Separation Solutions,
Solutions, Inc.). Inc.).

Unidade de membrana consiste em um


Koch
13.2.5.2 Produtos de FS imersos compartimento
13.2.5.2 Immersedpara as membranas
FS productse outro para os
Puron GmbH was founded in late 2001 and acquired difusores, que abriga placas de membranas com um
by Koch Separation Solutions, Inc. (formerly Koch Kubotamédio de poro de 0,2 μm. O módulo de
tamanho
Kubota Systems, Inc.) in 2004. The single-header
Membrane KUBOTAé deSubmerged
membrana do tipo plana Membrane
com uma áreaUnit de ® was
2
A Unidade de Membrana® Submersa KUBOTA foi filtração efetiva
developed de 0,80
in the m /cartucho
late 1980s by the(série FS/FK)
Kubota Corporation,
ultrafiltration PURON membrane bioreactor has 2
desenvolvida no final da década de 1980 pela ouwho
1,45 m
provides membrane systems forEmadvanced
/placa (série RM/RW) (Figura 13.9).
transformed industrial and municipal wastewater dezembro de treatment
2019, Kubota
Kubota Corporation, que fornece sistemas de
treatment wastewater and tinha mais de (Figure
regeneration 6.000 13.9).
membranatechnology. Thisavançado
para tratamento patenteddemodule
esgoto edesign instalações MBR em todo o mundo.
(Figure 13.8) features reinforced
reúso de água (Figura 13.9). PVDF hollow fibres
that are fixed only at the bottom, virtually eliminating
the clogging
A KUBOTA build-up of hair,
Submerged fibrousUnit®
Membrane materials
tem and A B
sludge solids. Solids
sido empregada and particles,
em diversos including
processos MBR parabacteria,
tratamento de esgoto e águas residuárias industriais
remain on the outside, while permeate is drawn
em todotheo membrane
through mundo desde a década
to the inside de 1990.
of the A The
fibres.
aeration nozzle is cantered within the fibre bundle to
scour the entire fibre length, minimizing power
consumption. The next generation PULSION® MBR
product offers up to 40% aeration energy reduction
and 25% footprint reduction. This innovation pulses a
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1 and acquired
ormerly Koch Kubota
single-header KUBOTA Submerged Membrane Unit® was
bioreactor has developed in the late 1980s by the Kubota Corporation,
who provides membrane systems for advanced
al wastewater 655
module design wastewater treatment and regeneration (Figure 13.9).
F hollow fibres
lly eliminating
A B fabricadas com as membranas sobre uma camada
materials and
suporte de não-tecido de polietileno tereftalato
uding bacteria,
eate is drawn (PET), com um tamanho de poro nominal de 0,08
the fibres. The μm. Cada placa tem uma área de membrana de 0,7-
fibre bundle to 1,4 m2. A Toray desenvolveu recentemente um
mizing power novo módulo da série NHP. O módulo NHP tem
LSION® MBR uma densidade de empacotamento semelhante a
ergy reduction um módulo de fibra-oca, enquanto mantém as
vation pulses a excelentes características de um módulo MBR de
embrane fibre
placa plana. Este novo projeto de módulo oferece
ng action that
y requirements
maior produtividade com menor área e maior
s. Improved eficiência de limpeza com menor demanda de
mbrane module energia.
performance.
ced tank sizing Sinap
cycle valves. A Shanghai Sinap Membrane Technology Co., Ltd
membranes has foi estabelecida em conjunto com Instituto de
Figura
Figure13.9
13.9Exemplo
Example das séries Kubota
of Kubota (A) RM (A)
andRM
(B)eSP
(B)series
SP
ent by 50%. (source:
(fonte: www.kubota.com).
www.kubota.com). Física Aplicada da Academia Chinesa de Ciências
de Xangai (Figura 13.11).
Toray Sinap é o fabricante líder de membrana de placa
A Toray é uma fabricante de membranas japonesa plana na China. A membrana de placa plana da
consolidada que oferece membranas de alta Sinap é de PVDF e com tamanho de poro de 0,1
qualidade e produtos de tratamento de água em μm. A membrana da Sinap possui típica estrutura
todo o mundo (Figura 13.10). assimétrica, proporcionando maior resistência aos
poluentes, baixa resistência intrínseca da
As membranas MEMBRAY® MBR da Toray membrana à permeação e melhor estabilidade
são do tipo placa plana de PVDF, que são operacional.

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Toray Sinap

For Translation Purposes


Toray is an established Japanese membrane Shanghai Sinap Membrane Technology Co., Ltd is
manufacturer which offers high quality membranes
656 jointly established by Shanghai Institute of Applied
and water treatment products globally (Figure 13.10).
656 Physics of Chinese Academy of Science (Figure
13.11).

A
A

B
B

Figura13.10
Figure 13.10The
O módulo de membrana
Toray NHP Toray NHP:
membrane module: (A) NHPFigura 13.11 O módulo de MBR da Sinap: (A) Painéis
(A) the Figure 13.11 The Sinap MBR module: (A) Membrane panels
210 300S module; (B) a lateral view of membrane elementsde membrana
o módulo NHP-210-300S; (B) uma vista lateral dos e (B) Módulo Sinap (fonte: Sinap).
and (B) Sinap module (source: Sinap).
elementos
(source: da membrana (fonte:
www.toraywater.com).
www.toraywater.com).

Meidensha apresenta resistência à limpeza química e ao arraste


A Meidensha Co. é uma empresa japonesa fundada com ar; (iii) a limpeza automática pode ser usada
em 1897 e envolvida no negócio de engenharia de para reduzir a manutenção diária; (iv) a superfície
processamento de água. Eles fornecem membranas hidrofílica e lisa pode manter um ciclo de filtração
de placa plana de cerâmica para MBRs imersos mais longo; e (v) uma quantidade menor de ar para
desde 2012 (Figura 13.12). a limpeza é necessária, reduzindo o consumo de
Em comparação com MBRs convencionais, seu energia. A membrana da série Meiden CH250 usa
sistema combina as características de membranas material de alumina e o tamanho nominal dos poros
cerâmica e de placa planas, oferecendo várias é de 0,1 μm.
vantagens: (i) é eficaz no tratamento de águas
residuárias industriais complexas, contendo
solventes, óleo, produtos químicos e/ou sólidos em
suspensão; (ii) a membrana cerâmica é robusta e

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The Meidensha Co. is a Japanese company established smooth surface can maintain longer filtration

For Translation Purposes Onl


in 1897 and engaged in the water processing performance; and (v) a smaller amount of scrubbing
engineering business. They have provided ceramic air is required to reduce energy consumption. The
flat-sheet membranes for immersed MBRs since 2012 Meiden CH250 series membrane uses alumina 657
(Figure 13.12). material and the nominal pore size is 0.1 µm.

13.2.5.3 Tubular products


A
Pentair
13.2.5.3is Tubular
X-Flow products membrane brand of
the international
Pentair
Pentairand uniquely combines high-quality
membranes
X-Flow é with
a marca outstanding implementation
internacional de membranas know-
da
how. In 2011, Pentair Inc. acquired X-Flow.
Pentair e combina membranas de alta qualidade The X-
Flow AnMBR technology is preferred
com excelente know-how de implementação. Em in a side-stream
MBR2011,configuration.
a Pentair Inc. The adquiriu
membranea modules
X-Flow. are A
vertically arranged outside of
tecnologia X-Flow AnMBR é preferidathe bioreactor tank em
in a
setup of up toMBR
configuração maximum
de fluxoofexterno
thirteen modulesOsin
tangencial.
B parallel and two in series. The membrane
módulos de membrana são dispostos verticalmente material is
PVDF and is optimized using the unique
fora do tanque do biorreator em uma configuração Helix
technology of enhancing turbulence
de no máximo treze módulos em paralelo e dois em improving
performance. Its mean da
série. O material size is 0.03éµm.
poremembrana In theepast
PVDF é
decade, Pentair X-Flow developed the Crossflow
otimizado usando a tecnologia exclusiva Helix para FFR
technology
aumento especially
de turbulência,for AnMBRmelhorandosystems. The
o seu
Crossflow FFR technology with the
desempenho. O tamanho médio de poro é de 0,03aid of absolute
barrier
μm. ofNathe Compact 33V Helixa membrane
última década, Pentair elements
X-Flow
provides an optimal UF performance
desenvolveu a tecnologia Crossflow able to deliver
FFR
excellent quality para
especialmente effluent that can
sistemas be reused.
AnMBR. A tecnologia
Crossflow FFR com o auxílio da barreira absoluta
dos elementos de membrana do Compact 33V
Helix fornece um desempenho otimizado da UF,
capaz de entregar efluente de excelente qualidade
que pode ser reutilizado.

Figura 13.12 O elemento de membrana de placa


Figure 13.12
plana de The ceramic
cerâmica flat sheet
e a unidade demembrane element
deck duplo (fonte:and
double stack unit (source:
www.meidensha.com). www.meidensha.com).

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658
658
568

A B

Figura 13.13 Módulo Pentair X-low: A) o módulo Compacto 33V; B) MBR Anaeróbio; C) esquema do processo AnMBR com
Figure 13.13tecnologia
Pentair Crossflow FFR (fonte:A)
X Flow module: www.xflow.pentair.com).
the Compact 33V module; B) Anaerobic MBR; C) schematic of AnMBR process with
Crossflow FFR technology (source: www.xflow.pentair.com).
13.3 DESEMPENHO DO TRATAMENTO DE reutilização) e padrões específicos adotados em
ÁGUAS RESIDUÁRIAS E QUALIDADE diferentes países.
DO EFLUENTE
A versão primária do MBR, ou seja, uma
13.3 WASTEWATER TREATMENT ofcombinação
full-scale simples
MBRs, da established in the 1990s
unidade aeróbia e da or 2000s,
13.3.1 Remoção de poluentes were mainly
membrana in the
(aqui form ofO-MBR),
denominada O-MBR.pode Forser
TN removal,
PERFORMANCE AND EFFLUENT
convencionais usada para remover efetivamente DBO, DBO,
denitrification is required and, hence, an anoxic zone
QUALITY NH4+-N e SS. As primeiras unidades de MBRs em
Os poluentes convencionais normalmente incluem should be added before or after the aerobic tank,
escala plena, estabelecida nos anos 1990 ou 2000,
matéria orgânica (medida pela demanda química de forming an anoxic/aerobic-MBR (AO-MBR)
foram concebidas na configuração O-MBR. Para a process.
13.3.1 Ordinary
oxigênio pollutant
- DQO ou demandaremoval
biológica de oxigênio
For simultaneous
remoção removal of éthe
de NT, a desnitrificação N ande,P nutrients
necessária
- DBO), nitrogênio amoniacal (NH4+-N),
The ordinary pollutants portanto, uma zona anóxica deve ser adicionada
using a biological method, an anaerobic zone is further
nitrogênio total (NT),typically
fósforo totalinclude organic
(FT), sólidos em
antes ou
added todepois
triggerdo the
tanque aeróbio, formando
microbial um
P release-and-uptake
suspensão by(SS)
matter (measured e turbidez.
chemical oxygen A demand
eficiência- COD
de
processo MBR anóxico/aeróbio (AO-MBR). Para a
tratamento necessária difere de acordo com o tipo mechanism and form an anaerobic/anoxic/aerobic-
or biological oxygen demand - BOD), ammonium remoção simultânea dos nutrientes N e P usando
de água residuárias (por exemplo, esgotos
(NH4+-N),
nitrogen sanitários total nitrogen MBR (AAO-MBR) process.
zonaThe AAO-MBR process
industriais), (TN), total método biológico, uma anaeróbia é
versus efluentes demanda de
phosphorus (TP), suspended solids (SS),
efluentes (por exemplo, lançamento versusand turbidity. is the most prevalent in large-scale MBRs for
adicionada para ocorrência do mecanismo
The required treatment efficiency differs according to municipal wastewater treatment. The detailed
wastewater type (e.g. municipal wastewater vs. arrangement of the zones can differ according to the
industrial wastewater), effluent demand (e.g. specific design of the process flow (Xiao et al., 2014).
discharge vs. reuse), and specific standards adopted in In this chapter, the complete biological/membrane
different
Downloaded countries.
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microbiano de liberação e absorção de P, formando


um processo MBR anaeróbio/anóxico/aeróbio
(AAO-MBR). O processo AAO-MBR é o mais
usual em MBRs de grande escala para o tratamento
de esgoto sanitário. O arranjo detalhado das zonas
pode diferir de acordo com o projeto específico do
fluxo do processo (Xiao et al., 2014). Neste
capítulo, o processo completo de tratamento
biológico/membrana é considerado de forma
conjunta.

Uma pesquisa das eficiências de tratamento de


DQO, NH4+-N, NT e PT em MBRs de esgoto
sanitário em escala plena, de diversas referências
publicada em todo o mundo, é apresentada na
Figura 13.14 (Xiao et al., 2019).

Figura 13.14 (A) concentrações afluentes, (B)


concentrações efluentes e (C) remoção de DQO, NH4+-N,
NT e TP em MBRs em escala plena tratando esgoto
municipal (modificado de Xiao et al., 2019).

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660

A pesquisa mostra que as concentrações do plena e uma pesquisa recente mostra que as
afluente de DQO, NH4+-N, NT e PT estavam nas unidades de MBR também podem atingir mais de
faixas de 500-700, 25-50, 40-70 e 6-12 mg/L, 90% da remoção de DBO e DQO e 95% da
respectivamente. As concentrações do efluente de remoção de NH4+-N (Zhang et al., 2020). Mais
DQO, NH4+-N, NT e PT foram predominantemente pesquisas e desenvolvimento definitivamente
de 10-30, 0-3, 5-15 e 0-1, respectivamente. Uma valem a pena.
remoção média de ~95% foram alcançadas para
DQO e NH4+-N. Embora com uma flutuação maior, Existem vários avanços técnicos do MBR que
a remoção de NT foi de 80-90%. A remoção de PT sustentam sua excelência na remoção de poluentes
variou de 80% a 99% (mais frequentemente de 87- comuns (Xiao et al., 2019). Sem dúvida, as
98%), dependendo da condição biológica e das membranas podem rejeitar diretamente os flocos
dosagens químicas voltadas para o processo de do licor misto, células de microrganismos e outros
remoção de PT. No caso da China, as sólidos em suspensão maiores que 0,5 μm. A
concentrações de DQO, NH4+-N, NT e PT no capacidade de rejeição das membranas pode ser
esgoto sanitário foram de 150-400, 15-30, 25-40 e aumentada quando seus os poros são reduzidos
2-4 mg/L, respectivamente (dados apresentados devido à adsorção/bloqueio por substâncias
como intervalo interquartil) (Sun et al., 2016b). De formadoras de depósitos ou a superfície da
acordo com as estatísticas para a qualidade do membrana é coberta por uma camada de depósito
afluente e do efluente, as médias de remoção de dinâmico, permitindo a rejeição parcial de
DBO, DQO, NH4+-N, NT, PT e SS por todas as aglomerados de biopolímero e detritos, DQO/N/P
ETEs municipais em escala plena (principalmente coloidal, e até mesmo substâncias solúveis como
adotando processos de LAC – Lodo Ativado Produtos Microbianos Solúveis (PMS) e alguns
Convencional) são estimadas em 92%, 88%, 87%, solutos menos biodegradáveis.
65%, 83% e 93%, respectivamente (Sun et al.,
2016b). Em comparação com os processos de LAC, A filtração por membrana de MF ou UF, como
o MBR é particularmente eficaz na remoção de SS, um processo físico, provavelmente não alterará
DQO e NH4+-N, o que também foi verificado por diretamente a natureza dos microrganismos. No
uma comparação de longo prazo de um MBR em entanto, pode melhorar profundamente o processo
escala plena e LAC operado em paralelo biológico devido à retenção completa dos
(localizado adjacentemente e compartilhando o microrganismos e rejeição parcial dos poluentes. A
mesmo fluxo de esgoto sanitário). Quanto à separação completa do TDH e TRS permite que o
remoção biológica de nutrientes (RBN), o MBR MBR mantenha uma alta concentração de lodo e
também é competitivo para a remoção de NT. A uma baixa relação alimento-microrganismo (A/M)
precipitação química de PT é às vezes necessária (ou seja, uma carga de lodo mais baixa) e mantendo
para auxiliar na remoção adicional de PT. No geral, os microrganismos em condição de respiração
o MBR é extremamente adequado para o endógena para uma degradação mais completa dos
tratamento de esgoto sanitário. poluentes. Para o tratamento de esgoto sanitário, a
relação A/M para o sistema MBR é normalmente
A aplicação do MBR também foi estendida ao de 0,03-0,10 kgBOD5/kgSSRB.d, menor do que o
tratamento de efluentes industriais. Um número LAC, que é normalmente 0,05-0,15
crescente de MBRs tem sido aplicado para tratar kgBOD5/kgSSRB.d. A co-retenção de
uma grande variedade de águas residuárias microrganismos e poluentes também conduz ao co-
industriais (Xiao et al., 2019). As eficiências de metabolismo microbiano para a remoção de
remoção de poluentes variam amplamente de poluentes refratários. Novamente, devido à rejeição
acordo com o tipo de água residuária. O MBR foi da membrana, as bactérias nitrificantes são
aplicado para tratamento de lixiviado em escala mantidas mais facilmente no lodo do sistema e

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mais resilientes a baixas temperaturas, o que é 13.3.2 Qualidade higiênico-sanitária do


crítico para a remoção estável de NH4+-N e permeado
benéfico para a remoção geral de NT. Para tratar
águas residuárias com baixas razões DQO/NT, uma A presença de patógenos é a preocupação principal
fonte de carbono endógeno pode ser empregada na recuperação e reutilização de esgoto para fins
para desnitrificação por meio da extensão da zona de, por exemplo descarga de lavatórios, lavagem de
anóxica, o que concomitantemente reduz ainda veículos, irrigação de área verde urbana, reúso
mais a produção de lodo. ambiental para fins recreacional e irrigação
agrícolas. Os patógenos cobrem uma ampla gama
Para a remoção biológica do P, o MBR atua de protozoários (como Cryptosporidium e Giardia),
como uma faca de dois gumes. Por um lado, o MBR helmintos (bem como seus ovos), esporos de
possibilita uma elevada concentração de lodo e um fungos, bactérias patogênicas (como coliformes
alto teor de P por unidade de massa de lodo (isto é, termotolerantes e enterococos) e vírus (como
uma alta concentração de P no lodo), e a membrana enterovírus, adenovírus e norovírus). Os riscos à
pode rejeitar parte do P coloidal também; por outro saúde devido à exposição humana direta ou indireta
lado, as maiores idade do lodo do MBR (15-30 d) a esses patógenos devem ser seriamente
significa uma menor descarga do excesso de lodo considerados ao projetar processos de recuperação
do sistema. Portanto, não há consenso se o MBR de água de esgoto. Os coliformes termotolerantes
pode facilitar a remoção biológica de P ou não, e a são geralmente empregados como um indicador de
remoção química de PT (por adição de bactérias patogênicas na recuperação de água de
precipitantes ou coagulantes) às vezes é necessária esgotos e nos padrões de reúso. Observa-se que as
para garantir a qualidade do efluente. Vale ressaltar bactérias patogênicas também estão sujeitas aos
que adicionar precipitantes ou coagulantes também padrões de lançamento de esgoto, devido aos seus
tem o mérito de aliviar o depósito da membrana. profundos riscos aos ecossistemas e à saúde
Finalmente, devido à rejeição total da biomassa pública. O colifago F-específico, o colifago
pela membrana, o sistema MBR é mais resistente somático e o fago T4 são frequentemente
aos problemas intumescimento do lodo que empregados como indicadores de vírus em
costumam afetar os processos de LAC. Em pesquisas com MBR.
comparação com LAC, uma operação mais estável
e remoção de poluentes podem ser alcançadas por Não é surpreendente que as membranas de MF
MBR em casos de águas residuárias complexas, ou UF possam rejeitar com eficácia protozoários,
que resulta em um choque frequente de qualidade helmintos, esporos de fungos e bactérias, porque
afluente, microbiota frágil ou condições ambientais são maiores do que as membranas. A Figura 13.1
instáveis. Além disso, a configuração do processo apresenta uma comparação entre os tamanhos dos
MBR é mais flexível, mais fácil para instalação poros da membrana e patógenos. Obviamente, a
modular e mais conveniente para operação rejeição da membrana é superior a decantação
automatizada. Isso fornece ao MBR oportunidades gravitacional na remoção de bactérias. Uma
adicionais para aplicações nas áreas de, por pesquisa de ETEs em escala plena mostra que a
exemplo, tratamento de efluentes industriais, remoção logarítmica de E. coli e enterococos por
tratamento descentralizado de esgoto (como em MBR foi aproximadamente 3 ordens maior do que
áreas rurais) e processos anaeróbicos (como o por LAC, conforme ilustrado na Figura 13.15.
AnMBR).

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ser aprisionados nos flocos de lodo e, então, ser


rejeitados pela membrana. A inativação microbiana
dos vírus no licor misto também é um mecanismo
possível para a remoção.

Em comparação com as tecnologias de


desinfecção química (como cloração, radiação UV
e oxidação avançada), a rejeição dos patógenos
com base em membrana é um processo físico que
não tem os riscos de formação de subprodutos da
Figura 13.15 Eficiências de remoção de bactérias e vírus em desinfecção, do aumento da resistência bacteriana
plantas MBR e LAC em escala plena (modificado de Xiao e mutações involuntárias.
et al., 2019).
13.3.3 Remoção de Poluentes Emergentes
Ao contrário da rejeição óbvia de bactérias pela
membrana por meio da exclusão por tamanho, a Poluentes orgânicos traços (POTr), ou poluentes
rejeição de vírus é mais incerta, devido ao tamanho microrgânicos, aumentaram a preocupação pública
similar ou até menor dos vírus do que os poros da com a segurança da água. Esses poluentes podem
membrana, conforme ilustrado na Figura 13.1. Na exercer toxicidade aguda ou crônica, mesmo em
prática, os MBRs em escala plena demonstram uma concentrações traço, e geralmente são persistentes
remoção de 3-6 log dos vírus testados (com alguma ou pseudo-persistentes no ambiente aquático. A
flutuação), muito mais alta do que as plantas de ocorrência de POTr nos efluentes das ETEs deve
LAC (remoção de 1-3 log) (Figura 13.15). Ao ser seriamente considerada, independentemente
contrário da remoção das bactérias, os mecanismos destes efluentes serem descartados ou reutilizados.
de remoção dos vírus são complexos e ainda não Os POTr mais amplamente investigados incluem
foram totalmente elucidados. Existem várias compostos de disruptores endócrinos (EDCs –
explicações na literatura. Uma que prevalece é que endocrine disrupting compounds) e produtos
a membrana e a camada gel/torta de depósito, farmacêuticos e de cuidados pessoais (PPCPs –
atuam como um filtro composto em conjunto pharmaceutical and personal care products),
elevando a rejeição de vírus. A própria membrana categorizados de acordo com os impactos e uso,
pode rejeitar parcialmente os vírus, com a taxa de respectivamente.
rejeição dependendo do tamanho dos poros. Os
canais dos poros podem ser estreitados devido à EDCs incluem uma gama de compostos
adsorção de incrustantes nas paredes dos poros. A fenólicos (como alquilfenóis e polietoxilatos de
camada de gel é uma matriz de biopolímeros com alquilfenol) e estrogênios esteroides. Os PPCPs
alta porosidade e conteúdo de água, mas podem ser classificados, de acordo com seus
permeabilidade muito baixa, e é compressível efeitos médicos, em: antiinflamatórios e
tornando-se mais densa em maiores pressões analgésicos, antibióticos, reguladores de lipídios,
transmembranares (PTM). O tamanho efetivo dos almíscares, entre outros.
poros da camada gel de alginato de cálcio é
estimado em 5-30 nm (Huang et al., 2010). A Os antibióticos podem ser subdivididos em
camada de gel pode contribuir muito para a rejeição sulfonamidas, quinolonas, tetraciclinas,
global dos vírus. Deve-se notar, entretanto, que o macrolídeos, etc. Observe que os poluentes listados
crescimento excessivo da camada gel agrava o aqui são apenas a ponta do iceberg. Existem muito
depósito da membrana. Além disso, os vírus podem mais POTr, incluindo produtos químicos sintéticos
se ligar aos sólidos em suspensão no licor misto ou

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e metabólitos intermediários, ainda a serem uma pequena porção dos POTr (particularmente os
devidamente monitorados e revelados. compostos não carregados com grandes valores
para a constante de Henry) podem evaporar sob as
As concentrações individuais dos EDCs condições de aeração nos tanques aeróbios ou de
conhecidos nos esgotos municipais variam membrana.
tipicamente de 1 ng/L a 1 μg/L (Xue et al., 2010),
variável de acordo com o tipo de EDCs. As As eficiências de remoção dos POTr dependem
concentrações individuais detectáveis de PPCPs principalmente de sua biodegradabilidade e
são geralmente de 10 ng/L a 10 μg/L em esgoto hidrofobicidade. Para POTr que são facilmente
bruto (Sui et al., 2011). As concentrações são degradáveis, as eficiências de remoção por MBR e
bastante variáveis entre os diferentes tipos de LAC são normalmente comparáveis, enquanto para
antibióticos (Gao et al., 2012). As eficiências de POTr refratários, o MBR é mais eficaz na
remoção de EDCs e PPCPs em MBRs em escala degradação biológica. Para POTr com forte
plena foram pesquisadas, com os resultados hidrofobicidade que são prontamente adsorvidos
mostrados na Figura 13.16. Cerca de metade dos pelo lodo, as concentrações mais altas de lodo, bem
POTr são removidos com eficiência maior do que como provavelmente maiores teores de SPE no
95%, e dois terços dos POTr tiveram uma remoção MBR, conduzem à absorção de POTr, mas a
de mais de 80%, enquanto alguns PPCPs tiveram elevada idade do lodo é desfavorável para o
uma eficiência de remoção inferior a 20%. A descarte do lodo de excesso. Para POTr com
grande variabilidade no desempenho de remoção hidrofobicidade mais fraca, mas ainda passíveis de
foi atribuída à biodegradabilidade e ser adsorvidos pelas partículas e coloides no licor
hidrofobicidade amplamente variadas que, em misto, o MBR é vantajoso na rejeição desses
última análise, resultam da estrutura química dos produtos químicos e na melhoria da qualidade do
compostos. efluente. No geral, as eficiências de remoção são
influenciadas em conjunto pelas propriedades do
Os POTr no sistema MBR podem sofrer licor misto (por exemplo, SSRB e SPE) e as
adsorção, degradação, rejeição e evaporação. Eles condições operacionais (como idade do lodo).
podem ser adsorvidos pelas células bacterianas,
SPE, sólidos em suspensão e coloides no licor A adsorção pode ser melhorada adicionando
misto. A adsorção é determinada principalmente adsorventes, como carvão ativado em pó (CAP), no
pela hidrofobicidade dos POTr, que é refletida pelo sistema MBR. A membrana garantirá a rejeição
coeficiente de partição octanol/água (Kow). Depois completa das partículas adsorventes. Observe que a
de serem adsorvidos na fase do lodo, os poluentes adsorção é meramente um processo físico que
podem então sofrer biodegradação e o processo de transfere os POTr da fase aquosa para a fase
duas etapas pode ser descrito por um modelo de sólida/lodo. A remoção final dos poluentes ainda
duas fases, onde o coeficiente de partição lodo- depende da degradação ou do descarte adequado do
água, constante de taxa de transferência de massa excesso de lodo. Para os POTr que não são
de água-lodo e a constante de biodegradação são os adsorvíveis nem biodegradáveis, o tratamento
parâmetros-chave (Urase e Kikuta, 2005; Xue et avançado (como ozonização e NF) é incorporado
al., 2010). A membrana MF ou UF tem um efeito ao sistema para garantir a alta qualidade do
marginal na retenção direta dos POTr (via adsorção efluente.
de curto prazo nos poros); no entanto, a adsorção e
exclusão de tamanho pela camada gel/torta não são As respostas biológicas aos produtos
desprezíveis. Os POTr podem ser rejeitados farmacêuticos em sistemas de tratamento de esgoto
prontamente quando são adsorvidos na fase de lodo também são dignas de nota. As ETEs são
ou ligados a coloides (Figura 13.1). Além disso, reservatórios potenciais de resíduos de antibióticos,

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bactérias resistentes a antibióticos (BRA) e genes levantaram recentemente a preocupação pública


de resistência a antibióticos (ARGs), e a liberação com a saúde humana e a segurança ecológica
desses contaminantes no meio ambiente é devido aos seus potenciais impactos
considerada arriscada para os ecossistemas e para a ecotoxicológicos e persistência no meio ambiente.
saúde humana. Foi relatado que o MBR supera o Esses materiais são difíceis de sedimentar em
LAC na remoção da maioria dos BRA e ARGs, tanques de sedimentação e, como tal, não foram
devido à eficiência da rejeição da membrana (Le et removidos de forma satisfatória em ETEs
al., 2018). No entanto, alguns ARGs ainda convencionais. Em comparação, o MBR pode
persistem no efluente da membrana, e mais atingir mais de 99% de remoção de microplásticos
esforços são necessários para alcançar uma (Lares et al., 2018), devido à evidente
eliminação completa dessas substâncias. superioridade da rejeição da membrana. A
membrana pode servir como uma barreira eficaz
Os microplásticos, comumente definidos como para bloquear a descarga de microplásticos das
partículas de plástico menores que 5 mm, ETEs para o meio ambiente.

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Figura 13.16 Eficiências de remoção de EDCs e PPCPs em MBRs em escala total (adotado de Xiao et al., 2019).

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13.3.4 Recuperação de Energia hidráulica. Além do pH quase neutro, a carga


orgânica apropriada é também um parâmetro
Hoje em dia, o esgoto é considerado um fluxo que crucial limitante da produção de biogás, e uma
contém recursos valiosos em vez de apenas um produção teórica ótima de metano de 0,382 m3 CH4/
contaminante, e a recuperação de energia e recurso kg DQO removida foi proposta a uma carga
do esgoto é um aspecto vital do desenvolvimento orgânica de 6 kg DQO/m3.d para AnMBRs tratando
de um sistema de tratamento sustentável, além da esgoto (Wei et al., 2014). A competição interna por
purificação da água. O processo de tratamento substâncias orgânicas entre bactérias redutoras de
anaeróbio é tecnicamente promissor para atingir sulfato e arquéias produtoras de metano em
esse objetivo, e os AnMBRs estão atraindo muita AnMBRs é afetada se a carga orgânica é
atenção devido às suas vantagens na retenção de insuficiente e/ou alta quantidade de sulfato está
microrganismos anaeróbios de crescimento lento, presente (Chen et al., 2016; Lei et al., 2018).
qualidade de efluente excelente e estável, produção
eficiente de bioenergia, sua pequena pegada, etc, Como mencionado acima, a perda de metano é
em comparação com os processos anaeróbios um problema existente nos AnMBRs, e a coleta do
convencionais. Até o momento, os AnMBRs foram metano dissolvido no permeado é um ponto
aplicados com sucesso para tratar águas residuárias importante de pesquisa, sobretudo a partir das
de alta concentração (por exemplo, efluentes de perspectivas de aumento da eficiência do biogás e
processamento de alimentos) com DQO de 102-103 redução da emissão de gases de efeito estufa. Além
mg/L, com eficiências de remoção de poluentes disso, o depósito da membrana em AnMBRs
geralmente >90%. Com carga orgânica também é inevitável. Para alcançar uma operação
relativamente baixa, mas grande volume de água, o estável de AnMBRs, várias estratégias de controle
tratamento de esgoto tornou-se recentemente um de formação de depósito podem ser aplicadas,
campo de aplicação importante de AnMBRs, e incluindo a otimização das condições operacionais,
várias configurações e modificações foram dosagem de aditivos (como carvão ativado
propostas para melhorar o desempenho do granular), aumento da força de cisalhamento na
tratamento e a produção de metano. Em geral, os superfície da membrana por movimento mecânico
AnMBRs produzem 0,1 - 0,5 m3 CH4/kg DQO ou injeção de biogás, regulação da limpeza
removida no tratamento de esgoto (Wei et al., química, uso de membranas cerâmicas, etc. Deve-
2014; Hu et al., 2018). se notar que, com mais pesquisa e
desenvolvimento, os AnMBR têm uma aplicação
A produção de metano em AnMBRs é afetada prática promissora para alcançar uma recuperação
tanto por parâmetros operacionais quanto pela energética eficiente no tratamento de esgoto.
competição bacteriana nos reatores. A temperatura
de fermentação, o pH e a carga orgânica podem 13.4 FORMAÇÃO DE DEPÓSITO EM
influenciar significativamente a produção de MEMBRANA E SEU CONTROLE
metano. Condições mesofílicas (20 - 42 °C) e
psicrofílicas (0 - 20 °C) são favorecidas para
13.4.1 Definição do depósito em
AnMBRs, com maior rendimento de metano
membrana
observado em temperaturas mais altas. Além disso,
a perda de metano, nomeadamente metano O depósito da membrana (Fouling) é normalmente
dissolvido no efluente, está relacionada com a definido como o acúmulo de lodo, coloides,
temperatura. Maior solubilidade de metano em solutos, bem como matéria inorgânica nos poros da
temperaturas mais baixas causa mais perda de membrana e/ou na sua superfície (Meng et al.,
metano, especialmente em AnMBRs cuja força 2009). A formação de depósito é operacionalmente
motriz do processo de membrana é a pressão dependente de vários fatores, como o tamanho dos

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poros da membrana e o fluxo imposto, bem como 13.4.2 Caracterização do depósito na


o tempo de operação dos módulos de membrana. A membrana
consequência do depósito da membrana em MBRs
é o declínio na produção de água e a necessidade Quaisquer compostos presentes no esgoto ou no
de limpeza da membrana (por exemplo, limpeza licor misto do lodo ativado são contaminantes
física e química). Além disso, o próprio depósito e potenciais para MBRs. Formadores de depósitos
a limpeza implementada resultam em deterioração das membranas podem ser caracterizados do nível
da membrana, encurtando assim a sua vida útil. de composto ou em nível de grupo químico ou em
Portanto, a formação de depósitos na membrana é nível de espécie, dependendo das abordagens
um dos principais problemas que limitam a utilizadas para a caracterização do depósito (Meng
aplicação dos MBRs. et al., 2017). Em nível de composto, SPE e PMS
são amplamente reconhecidos por desempenhar
Em função da capacidade de remoção dos papéis dominantes no desenvolvimento de
formadores de depósitos por limpeza física e depósitos nas membranas. Os polissacarídeos são
química (Figura 13.17), o depósito pode ser considerados o principal componente dos
classificado como reversível, que pode ser biopolímeros (> 100 kDa), que são conhecidos
facilmente removido por limpeza física, quanto como as principais substâncias causadoras de
irreversível, que não pode ser removida por depósitos (Rosenberger et al., 2006; Shen et al.,
limpeza física, mas pode ser facilmente removida 2012). De fato, devido ao grande tamanho dos
por limpeza química, ou ainda como depósito polissacarídeos as membranas possuem maior
irrecuperável, que não pode ser removido por capacidade para a sua rejeição do que proteínas e
nenhum método de limpeza. Assim, as taxas de substâncias húmicas, levando a acumulação de
desenvolvimento de depósitos reversível e polissacarídeos tanto no licor misto quanto na
irreversível determinam a implementação da camada de torta biológica (Meng et al., 2011b).
limpeza física e química, respectivamente. Em Além disso, os polissacarídeos têm uma forte
comparação, o acúmulo de depósitos propensão à gelificação, que está associada à
irrecuperáveis pode ser considerado um indicador estrutura reticulada das moléculas de
potencial da deterioração do desempenho da polissacarídeos. Em particular, a presença de
membrana. cátions multivalentes no esgoto pode aumentar
consideravelmente a formação da camada gel nas
membranas. Além disso, outras biomoléculas,
como proteínas e substâncias húmicas, também
podem contribuir para o desenvolvimento de
depósito da membrana por meio de deposição
direta na camada de torta ou nas interações entre
moléculas (Wang et al., 2015; Zheng et al., 2014).

Deposição de bactérias, bem como o


desenvolvimento do biofilme em membranas é
outro fator chave levando ao desenvolvimento do
depósito de membrana (BlanpainAvet et al., 2011;
Gutman et al., 2013). Por um lado, as bactérias
depositadas ou os biofilmes desenvolvidos nas
Figura 13.17 Ilustração esquemática da formação e
membranas podem produzir uma grande
remoção de incrustantes de membrana em MBRs
quantidade de SPE ou PMS e podem contribuir
(adotado de Meng et al., 2009).
para o acúmulo de biopolímeros nas membranas.

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Por outro lado, as bactérias podem degradar alguns bacterianos de comunidades da camada de torta
biopolímeros biodegradáveis do licor misto do lodo biológica em MBRs anaeróbios são geralmente
ativado. Assim, a presença de micro-organismos formados de uma maneira estocástica não seletiva
nas membranas torna o comportamento do depósito (Cheng et al., 2019), indicando que MBRs aeróbios
muito mais complexo do que atualmente sabemos. e anaeróbios têm mecanismos de depósitos
Por exemplo, partículas subvisíveis, que são de diferentes.
tamanho de micrômetros, são os principais
incrustantes durante a operação de AnMBRs (Zhou No futuro, uma compreensão das mudanças
et al., 2019). Essas partículas podem ser dinâmicas dos biopolímeros e das bactérias em
consideradas como aglomerados de biopolímeros e plantas reais de MBR é necessária para revelar mais
bactérias livres. claramente os mecanismos de formação de
depósito. Um método de rastreamento da fonte
A tecnologia de sequenciamento de alto seria de alguma ajuda na identificação do processo
rendimento é poderosa para caracterizar as dinâmico de formação de depósito da membrana e
comunidades microbianas da camada de torta a fonte de formação de depósito na membrana
biológica. No entanto, a identificação e durante sua operação de longo prazo. Recomenda-
caracterização dos principais microbiomas se uma compreensão abrangente dos processos
causadores de depósitos não devem ser confinados funcionais e metabólicos da camada de torta
simplesmente às suas quantidades relativas, mas biológica, multi-ômicos (por exemplo,
também aos seus papéis no desenvolvimento do metatranscriptômica, metaproteômica e
depósito. Algumas espécies raras (com uma metabolômica). Esses estudos acabariam por
abundância relativa baixa) foram identificadas por ajudar no desenvolvimento de estratégias de
desempenhar papéis importantes no controle de depósitos.
desenvolvimento do depósito (Zhang et al., 2018).
Comunidades da camada de torta biológica não são 13.4.3 Estratégias para controle de
estruturadas aleatoriamente, mas são reguladas por depósitos das membranas
força mecânica, substrato local e associações de
espécies-espécies (Xu et al., 2019). Por exemplo, Normalmente, a essência do controle de depósito
essas comunidades da camada de torta biológica na maioria processos de membrana é regular as
desenvolvidas em alto fluxo são formadas interações entre membranas e incrustantes por
principalmente por processos determinísticos, vários métodos (Figura 13.18).
enquanto aquelas em baixo fluxo são guiadas
principalmente pela dispersão estocástica da
biomassa em suspensão. No entanto, os conjuntos

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Figura 13.18 Estratégias de controle de depósito para operação MBR: TRS, tempo de retenção de sólidos; TDH, tempo de
retenção hidráulica; AI, aeração intermitente; RQA, retrolavagem quimicamente assistida; LIL, limpeza no local; GAC, carvão
ativado granular.

No geral, o controle de depósito em MBR pode


ser conseguido pelo seguinte: (i) pré-tratamento de 13.4.4 Otimização das condições de
alimentação para remover potenciais incrustantes operação da membrana
(por exemplo, fibras, fios de cabelo e areia grossa)
de fluxos de águas residuárias; (ii) aprimoramento
das condições hidrodinâmicas para regular as 13.4.4.1 Pré-tratamento
interações membrana-incrustante; (iii) Antes de ser bombeado para os biorreatores em
determinação de um fluxo de operação adequado ETEs, o esgoto deve ser pré-tratado em peneiras.
para as membranas; (iv) limpeza física e química Comparado com ETEs convencionais usando
das membranas com depósito para remover os peneiras, MBRs requerem o uso de peneiras
incrustantes depositados ou acumulados sobre ultrafinas (0,2-1,0 mm). Isso ocorre porque as
as/nas membranas; (v) modificação do lodo em peneiras grosseiras não podem remover cabelos
suspensão (intumescimento) para melhorar a grandes ou longos e outros detritos que tendem a
filtrabilidade do licor misto. Detalhes dessas obstruir ou acumular nos canais da membrana. O
estratégias de controle de depósito são clogging não só acelera o desenvolvimento de
apresentadas na seção seguinte (Seção 13.4). depósito, mas também reduz os efeitos de limpeza
da aeração. Já que o clogging não pode ser
removido de forma eficaz por limpeza física e/ou
química, o clogging leva a manutenção manual não
programada em plantas MBR. Os detalhes do

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projeto de pré-tratamento em MBRs podem ser que são fluidizadas pela aeração limitam o
encontrados na Seção 13.5.2. desenvolvimento da camada de torta (Rosenberger
et al., 2011). Um estudo recente mostrou que a
13.4.4.2 Melhoria das condições adição de grânulos de plástico (polietilenoglicol, 4
hidrodinâmicas mm) com enchimento de 5% no reator diminui a
aeração em 50% (Kurita et al., 2015). No entanto,
A limpeza mecânica pela aeração pode colocar o a introdução de partículas de plástico ou grânulos
lodo em um estado em suspensão e mitigar o pode causar danos à membrana (Kurita et al., 2015;
depósito na membrana. Assim, a utilização de ar ou Siembida et al., 2010) e, portanto, otimização da
aeração é um método amplamente utilizado para forma e dureza dos grânulos de plástico e sua
limpeza de membranas. O aumento da intensidade dosagem são necessários durante aplicações reais.
da aeração pode facilitar a limpeza física devido a
maior velocidade do fluxo tangencial e da tensão 13.4.4.3 Otimização do fluxo da membrana
de cisalhamento. A fim de economizar energia para
operação do MBR, a otimização da aeração, O trade-off entre fluxo imposto e controle do
incluindo taxas, tamanho da bolha e modos de depósito é muito importante para a operação do
aeração, é de grande importância para o controle do MBR. Um baixo fluxo pode garantir uma baixa
depósito. A aeração intermitente ou cíclica tem velocidade de desenvolvimento do depósito, mas
sido considerada uma estratégia de controle de com menor produção de permeado.
depósito eficiente com menor consumo de energia. Operacionalmente, determinação do fluxo crítico
A estratégia de 'eco-aeração' usando aeração (definido como ‘existe um fluxo abaixo do qual um
intermitente com intervalos de 10/30 economiza declínio de fluxo com o tempo não ocorre; acima
até 50% da energia consumida na aeração (Buer e dele o depósito é observado’ (Field et al., 1995) é
Cumin, 2010). um pré-requisito para a operação do MBR, já que
operação com fluxo subcrítico é geralmente
O controle automático da aeração associado ao preferida pela maioria dos fornecedores de
OD, amônio e PTM, pode alcançar economia de membranas. Deve-se notar que o depósito
energia (Gabarrón et al., 2015; Sun et al., 2016a). inevitavelmente vai ocorrer, mesmo quando a
O modo de aeração intermitente pode membrana é operada abaixo do fluxo crítico.
potencialmente aumentar a remoção de nutrientes Particularmente, durante operação em longo prazo,
em MBRs porque as bactérias funcionais incrustantes de membrana se acumulam mesmo em
responsáveis por eliminação de N e P podem ser fluxo operacional muito baixo. Além disso, o fluxo
enriquecidas como resultado das variações das crítico para uma determinada membrana varia com
concentrações de OD (Guadie et al., 2014). as condições ambientais tais como temperatura,
propriedades do lodo, acúmulo de depósito
A adição de partículas (carvão ativado granular irreversível e envelhecimento da membrana.
e esferas de plástico) no licor misto pode Portanto, o fluxo crítico em uma determinada
intensificar consideravelmente a dinâmica dos planta de MBR deve ser reavaliado periodicamente
fluidos na zona do módulo (Rosenberger et al., e as estratégias de controle do depósito devem ser
2016). Assim, a limpeza mecânica em combinação atualizadas em conformidade.
com a limpeza por aeração pode alcançar um
controle eficiente de depósito em MBRs. Esferas 13.4.5 Limpeza das membranas com
de plástico (Microdyn-Nadir GmbH) têm sido depósito
aplicadas comercialmente para controle de
depósito em membranas de placa plana A limpeza da membrana geralmente é necessária
(Rosenberger et al., 2016). As esferas de plástico durante a operação do MBR para manter o

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desempenho da membrana. É bem conhecido que a difusão. É amplamente aceito que o modo de
limpeza da membrana inclui limpezas física e filtração intermitente (filtração acoplada com
química. A limpeza física pode eliminar relaxamento) pode aliviar o depósito na membrana,
incrustantes de membrana fracamente aderidos, e tem sido amplamente incorporado em MBRs
muitas vezes denominados “depósitos reversível", como uma estratégia operacional padrão para
enquanto a limpeza química pode remover alguns melhorar o desempenho da membrana. Em alguns
materiais persistentes sobre as/nas membranas. Em casos, relaxamento combinado com retrolavagem
MBRs, esses dois métodos podem ser usados pode ser usado para aumentar a eficácia da limpeza.
separadamente, mas geralmente são aplicados em
combinações para recuperar efetivamente a Limpeza ultrassônica
permeabilidade da membrana. A limpeza ultrassônica é eficaz para aliviar a
polarização por concentração e remoção da camada
13.4.5.1 Limpeza física de torta na membrana, e é usado em vários
processos de filtração por membrana por causa de
A operação de manutenção de MBRs normalmente muitas vantagens, por exemplo não emprego de
depende de limpeza física por meio de aeração, reagentes químicos e não interrupção do processo
retrolavagem, ou seja, inverter o fluxo, ou de filtração. Existem vários parâmetros-chave que
relaxamento, que simplesmente interrompe a influenciam as eficiências de limpeza, por exemplo
permeação enquanto continua a limpar a membrana a frequência ultrassônica, densidade de potência, e
com aeração. Com a crescente pesquisa sobre duração, que podem ser usados para a otimização
limpeza física, uma série de novas estratégias de da limpeza por ultrassom.
limpeza também foram propostas, para exemplo,
ultra-sonicação online, vibração/rotação, etc. Vibração/rotação
A vibração e a rotação das membranas podem
Retrolavagem normalmente gerar alto cisalhamento ou
Os principais parâmetros de limpeza para turbulência na superfície da membrana, que pode
retrolavagem usando permeado são fluxo de permitir a limpeza online de membranas.
retrolavagem, duração e frequência. Uma
variedade de frequências e durações de 13.4.5.2 Limpeza química
retrolavagem são usados em MBRs, ou seja,
retrolavagens menos frequentes e mais longas A limpeza química é um processo essencial para a
(filtração de 7-16 min / 30-60 s retrolavagem), ou recuperação da permeabilidade de membranas com
retrolavagens mais frequentes e mais curtas depósito severo, devido ao envolvimento de
(filtração de 5-12 min / retrolavagem de 5-20 s). reagentes químicos. Normalmente, a limpeza in
Uma frequência e duração de retrolavagem ótima é situ e ex situ podem ser aplicadas dependendo da
dependente do tipo de membrana, parâmetros condição do depósito. Limpeza in situ inclui
operacionais (fluxo, temperatura, etc.), fluxo de limpeza online, onde tanto o licor misto quanto os
retrolavagem, as variações de PTM e propriedades módulos de membrana não são transferidos e a
dos incrustantes. limpeza de recuperação que é realizada nos tanques
de membrana após o licor misto ser transferido dos
Relaxamento tanques de membrana para outros tanques. A
O relaxamento permite o transporte difusivo de limpeza ex situ também é um tipo de limpeza de
incrustantes para longe das superfícies da recuperação que requer que as membranas com
membrana impulsionadas por um gradiente de depósito sejam movidas para tanques de limpeza.
concentração, e muitas vezes é realizado em A limpeza química online, incluindo limpeza no
conjunto com lavagem por aeração para melhorar a local (LIL) e retrolavagem quimicamente assistida

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(RQA), normalmente visa manter a permeabilidade concentrações, por exemplo 0,2-0,3% de NaOCl,
da membrana e, portanto, também é chamada de 0,5-1% de ácido oxálico e 0,2-0,3% de ácido
limpeza de manutenção. Essa limpeza de cítrico. Todo o processo de limpeza pode durar
manutenção pode ser intensificada pelo aumento algumas horas, dependendo da condição do
das concentrações de reagentes químicos. Em depósito nas membranas. Por meio da limpeza
comparação, a limpeza de recuperação no modo in química de recuperação, a maioria dos incrustantes
situ ou ex situ visam remover a maioria dos na superfície da membrana ou nos poros da
incrustantes na superfície da membrana e nos membrana pode ser amplamente removido ou
poros, e é conduzida usando altas concentrações de danificado devido à exposição a altas
reagentes químicos e um longo tempo de concentrações de reagentes químicos e longo
exposição. tempo de exposição. No entanto, alterações ou
danos às membranas causados por limpeza química
LIL - Limpeza no local de longo prazo são inevitáveis. Estas alterações
A LIL é projetada para manter a permeabilidade da afetarão o desempenho da membrana, como fluxo
membrana e reduzir a frequência da limpeza e resistência à filtração. Com relação ao LIL e
offline. A LIL é geralmente realizada em intervalos RQA, atividades microbianas e o lodo em
entre 1 e 6 semanas em MBRs. A duração mais suspensão também podem ser impactados pelos
comum para tal a limpeza de manutenção é de 1-3 reagentes químicos durante a limpeza da
h. NaOCl, o reagente de limpeza prevalente em membrana. Além disso, deve-se prestar mais
MBRs em escala plena, é muitas vezes combinado atenção ao fluxo de resíduos e especialmente a
com ácido cítrico durante a limpeza. As dosagem excessiva de produtos químicos deve ser
concentrações típicas de NaOCl e ácido cítrico para evitada.
a RQA são 300-2.000 mg/l e 0,2-1,5%,
respectivamente. É evidente que o LIL requer 13.4.6 Melhorando a filtrabilidade do licor
apenas concentrações moderadas de produtos misto
químicos em comparação com a limpeza offline.
Devido a importância das SPE/PMS e espécies
RQA – retrolavagem quimicamente assistida bacterianas, o TDH e o TRS são muito importantes
Através da adição de uma baixa concentração de no desenvolvimento do depósito (Meng et al.,
agentes de limpeza na água de retrolavagem, 2009). Ou seja, a otimização do TDH e do TRS
eficiência da retrolavagem é aumentada. RQA ajudará a melhorar o filtrabilidade do licor misto
também é parte da limpeza de manutenção. É em MBRs. Contudo, o estabelecimento de tais
executada menos frequentemente do que a parâmetros do reator é normalmente realizado em
retrolavagem física normal, mas com mais direção à remoção de nutrientes, incluindo a
frequência comparada à LIL regular. A RQA pode remoção de nitrogênio e fósforo.
ser realizada diariamente ou a cada 7-14 dias, mas
geralmente em uma base diária. A concentração de A adição de adsorventes ou coagulantes no
reagentes químicos usada na RQA é geralmente licor misto pode ser adotada por causa de seus
inferior ao da LIL e limpeza offline. A papéis na redução dos níveis dos PMS ou das SPE.
concentração típica para o uso de NaOCl na RQA A adição de carvão ativado em pó (CAP) é um
está na faixa de 100-500 mg/L. método conveniente para diminuir os níveis dos
PMS. CAP pode não só adsorver biomoléculas no
Limpeza de recuperação lodo, mas também atuar como um meio para o
A limpeza de recuperação normalmente é realizada crescimento de biomassa e isso reduz a quebra de
uma ou duas vezes por ano. Este tipo de limpeza flocos (Wang et al. 2020). Mais interessante, a
química usa reagentes químicos com altas presença de CAP pode melhorar os efeitos da

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lavagem por aeração na superfície da membrana. usando bactérias QQ imobilizadas em portadores


No entanto, o uso excessivo de tais adsorventes de enzimas magnéticas (MECs) (Yeon et al.,
pode resultar na produção de mais lodo para 2009), membranas imobilizadas por enzima (Kim
descarte. et al., 2011; Oh et al., 2012) e esferas (Kim et al.,
2013; Lee et al., 2016).
Por causa da neutralização de carga e ligações
por pontes dos coagulantes, a adição de uma Além disso, protozoários e metazoários, que
concentração ideal de coagulante pode induzir são os maiores consumidores de bactérias e
numa menor concentração de PMS, menor ocorrem de forma onipresente em estações de
hidrofobicidade e melhor floculação, que resultam tratamento de águas residuárias, são significativos
na diminuição da resistência da camada de torta e para o controle de depósito. O movimento de tal
do bloqueio de poro. Até agora, alúmen, cloreto vermes leva à formação de estruturas porosas e
férrico e quitosana têm sido usados como esponjosas na camada de torta biológica, conforme
coagulantes em MBRs (Wu et al., 2006). Além relatado em um estudo em escala piloto (Jabornig e
disso, produtos comerciais, baseados em Podmirseg, 2015).
compostos à base de polímeros catiônicos, foram
desenvolvidos para MBRs, por exemplo o MPE50 13.4.7.2 Abordagens eletricamente assistidas
e o MPL30, desenvolvidos pela Nalco, e o KD452,
pela Adipap. Abordagens eletricamente assistidas (por exemplo
eletrocoagulação, eletroforese) foram incorporadas
13.4.7 Outros métodos potenciais de em MBRs para melhorar a permeabilidade da
controle do depósito membrana. A eletroforese (EF) induzida por um
campo elétrico produz uma força repulsiva elétrica
entre incrustantes e membranas (Akamatsu et al.,
13.4.7.1 Métodos biológicos 2010; Hawari et al., 2015). No EF-MBR, um
Além das limpezas física e química, métodos cátodo é normalmente posicionado perto das
biológicos também foram recentemente membranas no lado do permeado e um ânodo é
reconhecidos como uma estratégia sustentável para submerso no lodo em suspensão. O uso de
controle do depósito em MBRs. As bactérias nas membranas condutoras, que funcionam como
membranas secretam moléculas chamadas quorum membranas e cátodos de separação, simplifica o
sensing (QS) ou autoindutoras (AIs) que podem sistema. As membranas condutoras podem ser
regular suas densidades populacionais e a formação fabricadas por deposição de polímeros condutores,
de biofilme (Grandclement et al., 2016). Focando como polipirrol (Liu et al., 2013), em membranas
nesse fenômeno, o quorum quenching (QQ), comerciais.
método baseado no controle biológico, foi
desenvolvido (Lee et al., 2016), o qual pode MBRs baseados em eletrocoagulação também
prevenir interações célula-célula ou célula- foram desenvolvidos como um novo processo para
membrana de três maneiras possíveis mitigação de depósito em MBRs (Bani-Melhem e
(Grandclement et al., 2016; Lade et al., 2014): (i) Elektorowicz, 2010; Wei et al., 2012; Zhang et al.,
perturbação da síntese de sinais QS ou AIs, (ii) 2015). O processo de eletrocoagulação pode gerar
degradação de sinais QS ou AIs, e (iii) interdição cátions metálicos como resultado da eletro-
do transporte ou aceitação dos sinais QS ou AIs. dissolução de ânodos solúveis feitos de alumínio ou
Uma série de estudos em escala de laboratório e em ferro e pode contribuir para controle do depósito
escala piloto mostraram o forte potencial de por dois mecanismos: (i) neutralização de carga e
métodos baseados em QQ no controle de depósito sorção de PMS e das SPE, e (ii) oxidação química
de PMS e das SPE. Apesar de não haver aplicações

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reais até agora, essas abordagens fornecem uma incluem óxido de grafeno (OG), óxido de grafeno
alternativa potencial para o desenvolvimento de reduzido (OGr), nanotubos de carbono (NTCs),
estratégias de controle de depósito. fulerenos (C60), nanopartículas de cobre (Cu NPs),
nanopartículas de prata (Ag NPs), nanopartículas
13.4.7.3 Potencial de mitigação de de dióxido de titânio (NPs de TiO2) e
incrustação usando membranas à nanopartículas de óxido de zinco (ZnO NPs)
base de nanomateriais podem ser usadas para desenvolver novas
membranas ou modificar as propriedades da
Em geral, o depósito na membrana ocorre mais superfície de membranas comerciais para que
facilmente em membranas hidrofóbicas do que em tenham alto permeabilidade ou fortes propriedades
hidrofílicas, devido à interação hidrofóbica entre a anti-depósito. A maioria destes ENMs possuí
matéria hidrofóbica e membranas nos biorreatores. características distintas como habilidades
A maioria das membranas poliméricas usadas antimicrobianas e hidrofilicidade, resultando então
comercialmente para aplicação em MBR são de em efeitos multifuncionais para aliviar o depósito
natureza hidrofóbica; a afinidade entre incrustantes nas membranas (Qu et al., 2013).
e materiais da membrana podem levar a um severo
depósito. Como tal, muita atenção foi dada à
redução do depósito na membrana pela 13.5 PROJETO, OPERAÇÃO E
modificação de membranas hidrofóbicas em MANUTENÇÃO DE ESTAÇÕES DE
relativamente hidrofílicas. Por exemplo, polímeros MBR
hidrofílicos solúveis em água são usados como
aditivos para melhorar a hidrofilicidade da 13.5.1 Composição do processo
superfície durante o processo de fabricação da
membrana. Copolímeros anfifílicos com um Os processos baseados em MBR para tratamento de
segmento de cadeia hidrofílica também podem ser esgoto consistem em pré-tratamento, tratamento
envolvidos na fabricação de membranas biológico, filtração por membrana e
hidrofílicas. Uma camada interfacial de hidratação monitoramento e controle de sistemas. O sistema
é produzida na superfície hidrofílica da membrana de filtração por membrana inclui módulos/cassetes
como resultado da interação entre hidrogênios de membrana, tanques de membrana e instalações
hidrofílicos formadores de grupos funcionais e as de filtração/aeração/limpeza das membranas. O
moléculas de água circundantes, que evitam a projeto de todo o processo deve ser compatível com
fixação de incrustantes na superfície da membrana a qualidade da água residuária bruta e requisitos do
(Chew et al., 2017). tratamento. Em função dos diferentes níveis
requeridos de remoção de poluentes C/N/P,
A incorporação de nanomateriais em/sobre existem várias escolhas de configuração de
membranas é um dos tópicos mais populares na processo para o tratamento biológico, conforme
pesquisa e desenvolvimento de novas membranas. ilustrado na Figura 13.19.
Nanomateriais projetados (ENMs), os quais

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oxide nanoparticles (ZnO NPs) can be used to develop levels of C/N/P pollutant removal, there are several
new membranes or modify the surface properties of choices of process configuration for the biological
commercial membranes so that they have high treatment, as illustrated in Figure 13.19.
permeability or strong anti-fouling properties. Most of 675

A) AAO-MBR Demanda de ar GG0


Air demand Air demand
Demanda de arGGMM
O

Esgoto decantando Efluente


Settled sewage Effluent
Anaerobic tank
Tanque anaeróbio Anoxicanóxico
Tanque tank Aerobicaeróbio
Tanque tank Membrane
Tanque tank
de membrana

Recirculation
Recirculação R1R1 Recirculation
Recirculação R3R3
Recirculation R
Recirculação R2 2 Excess sludge
Lodo de excesso

B) AAOA-MBR Demanda de ar G
Air demand G0
O
Carbono
Externalexterno
carbon Air demand
Demanda deGarM GM

Efluente
Esgoto decantando
Settled sewage Effluent
Anaerobic tank
Tanque anaeróbio Anoxic tank
Tanque anóxico Aerobicaeróbio
Tanque tank Anoxicanóxico
Tanque tank Membrane tank
Tanque de membrana

Recirculation
Recirculação RR1
1 Recirculation R2
Recirculação R2
LodoExcess
de excesso
sludge

C) Two-stage
AO-MBR deAO-MBR
dois estágio
Fluxo secundário
Side-stream

Air demand Carbono carbon


externo
Demanda de ar G01G O1 External Air demand
Demanda G O2
de ar G02 Air demand
Demanda deGarM GM

Efluente
Esgoto decantando
Settled sewage Effluent
Anaerobic tank
Tanque anaeróbio Anoxic tank
Tanque anóxico Aerobicaeróbio
Tanque tank Anoxicanóxico
Tanque tank Aerobic tank
Tanque aeróbio Membrane
Tanque tank
de membrana

Recirculation R1
Recirculação R1 Recirculation
Recirculação RR2 2 Recirculation
Recirculação R3 R3
LodoExcess sludge
de excesso

Figure 13.19 Examples of the flow charts of MBR based processes for municipal wastewater treatment: (A) AAO MBR for C, N,
and P removal; (B) AAOA MBR for enhanced endogenous denitrification; (C) two stage AO MBR for enhanced denitrification.
Figura 13.19 Exemplos de fluxogramas de processos baseados em MBR para o tratamento de esgoto municipal: (A) AAO-MBR
The pretreatment, primary treatment and sludge treatment are not depicted.
para remoção de C, N e P; (B) AAOA-MBR para desnitrificação endógena intensificada; (C) AO-MBR de dois estágios para
desnitrificação aprimorada. O pré-tratamento, o tratamento primário e o tratamento com lodo não são descritos.

Quando DQO e DBO são os alvos principais águas residuárias (por exemplo, parte das águas
não é requisitada a remoção de NT ou PT, um MBR residuárias desviam das zonas aeróbias e vão
aeróbio de único estágio pode ser adequado para diretamente para as zonas anóxicas para salvar a
esse propósito. No entanto, quando a remoção de fonte de carbono para desnitrificação), e as rotas de
NT é levada em conta, uma zona anóxica é recirculação do licor misto (por exemplo, o AAO-
necessária para compor o processo MBR MBR reverso e o UCT- Universidade of Cape
anóxico/aeróbio (AO-MBR). Para remoção Town/ (Universidade da Cidade do Cabo) - MBR).
biológica simultânea de N e P, o processo AAO- Por exemplo, o processo AAOA-MBR (Figura
MBR representado na Figura 13.19A cumpre este 13.19B) tem um tanque anóxico adicional
propósito. posicionado após a zona aeróbia para melhorar
desnitrificação endógena em caso de insuficiência
O processo AAO-MBR é mais comumente da fonte de carbono do esgoto bruto (ou seja, com
aplicado para tratamento de esgoto municipal, e uma baixa Relação C/N). O (AO)n-MBR de dois
várias variantes personalizadas do processo foram estágios ou múltiplos estágios também é projetado
desenvolvidas através da modificação das para alcançar uma utilização completa da fonte de
localizações espaciais dos tanques A/O, a carbono endógena, conforme ilustrado na Figura
alternância temporal dos tanques A/O (por 13.19C.
exemplo, um tanque alternável A/O), as rotas de

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Para o tratamento de águas residuárias aqueles com módulos de membrana de fibra oca).
industriais (como mineração, refino de petróleo, Uma tela ultrafina pode ser instalada antes ou
petroquímica, químicos relacionados ao carvão, depois da câmara de areia ou do tanque de
química fina, processamento de alimentos, sedimentação, ou integrado a caixa de areia para
produtos farmacêuticos, fabricação de papel, economizar área.
impressão e tingimento, e efluentes eletrônicos),
todo o processo é normalmente mais longo do que A caixa de areia remove areia maior que 0,2
para tratamento de esgoto municipal, devido à mm com uma densidade relativa acima de 2,65 para
complexidade dos efluentes industriais e evitar abrasão dos equipamentos mecânicos e
dificuldade do tratamento. Diferente do esgoto módulos de membrana e interferência nos sistemas
municipal, efluentes industriais podem ter biológicos (Metcalf & Eddy, 2003). Se a areia não
propriedades de alto teor, baixa for removida com eficácia, os efeitos adversos são
biodegradabilidade, alta toxicidade, alta salinidade amplificados em um grau maior no processo MBR
ou alto teor de óleos e graxas. Antes do tratamento do que no processo de LAC, devido ao TRS
biológico baseado em MBR, os efluentes tipicamente mais longo no sistema MBR. Para
industriais devem ser adequadamente pré-tratados melhorar a remoção de areia, um TDH mais longo
por meio de, por exemplo, separação de óleo/água, na câmara de areia é sugerido para o processo MBR
coagulação, flotação, precipitação química, do que para o processo de LAC. Entre os vários
condicionamento de pH e hidrólise-acidificação. tipos de caixa de areia, a caixa de areia aerada é
Além disso, o pós-tratamento do efluente da atrativa, pois pode remover alguns óleos e graxas,
membrana pode ser necessário, como adsorção por o que é favorável para reduzir o risco de ocorrer
carvão ativado, oxidação avançada, tratamento por depósito na membrana causado por matéria oleosa.
filtro aerado biológico, NF, OR etc. A configuração O decantador primário é projetado para remover
específica de todo processo depende da qualidade sólidos em suspensão, e é necessário para o
do efluente industrial e do objetivo do tratamento. processo MBR quando a concentração afluente de
SS é alta (por exemplo,> 350 mg/L) (CECS, 2017).
13.5.2 Pré-tratamento O tempo de sedimentação pode ser de 0,5-2,0 h e a
taxa de escoamento hidráulico pode ser de 1,5-4,5
As instalações de pré-tratamento (e tratamento m3/m2.h (CECS, 2017). Quando a razão C/N da
primário) incluem peneiras, caixas de areia e um água residuária é inadequada para desnitrificação
decantador primário. A peneira serve para remover biológica, o tempo de sedimentação pode ser
objetos de grande porte em suspensão e flutuantes, reduzido para 0,5-1,0 h (e a taxa de escoamento
material fibroso, e material particulado, a fim de hidráulica correspondentemente é de 2,5-4,5
proteger o posterior tratamento biológico e m3/m2.h) para economizar a fonte de carbono; outra
sistemas de filtração por membrana. Peneiras opção é permitir a passagem de parte da água
convencionais grosseiras e finas têm um tamanho residuária diretamente para as unidades de
de malha de 16-25 mm e 1,5-10,0 mm, tratamento biológico.
respectivamente. No entanto, eles não podem
garantir a rejeição completa do cabelo e material O pré-tratamento (e tratamento primário) deve
fibroso que pode ficar emaranhado nas fibras da garantir remoção suficiente de substâncias oleosas
membrana, obstruir os canais de membrana, ou (por exemplo, os óleos animais e vegetais são
bloquear os aeradores de bolhas grossas no tanque reduzidos para <50 mg/L e substâncias
de membrana. Portanto, uma peneira ultrafina semelhantes ao petróleo diminuíram para <5
adicional com um tamanho de malha de 0,2-1 mm mg/L). Separação de óleo/água e instalações de
(denominado uma peneira ultrafina aqui) é flotação podem ser adotadas para o tratamento
necessário para o sistema MBR (especialmente quando necessário. Quando o pH da água

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residuária está fora da faixa de 6-9 e torna-se dos tanques, rotas e razões de recirculação do licor
inadequado para um sistema biológico, um tanque misto, produção de lodo em excesso e demanda de
de condicionamento de pH é necessário na seção de aeração. O volume dos tanques está relacionado à
pré-tratamento. vazão de águas residuárias e qualidade,
concentração do lodo e taxa de escoamento,
Para águas residuárias industriais, o pré- crescimento do lodo e tempo de retenção e/ou taxa
tratamento tem por objetivo reduzir as de reação dos poluentes. As rotas e razões de
concentrações de SS, substâncias oleosas, recirculação do licor misto podem afetar as
poluentes refratários e melhorar a distribuições das concentrações de oxigênio
biodegradabilidade; ajustar o pH, o que é crítico dissolvido (DO), concentrações de lodo e
para o tratamento biológico subsequente. Em eficiências de remoção de poluentes nos tanques
adição às peneiras, caixa de areia e decantador anaeróbio (A1), anóxico (A2), aeróbio (O) e de
primário, as instalações de pré-tratamento de águas membrana (M). Por exemplo, a recirculação de O
residuárias industriais podem incluir separação de para A2 deve ser alta o suficiente para a remoção
óleo, flotação, floculação, condicionamento de pH, de NO3--N, mas não muito alta, para perturbar o
precipitação química, ou unidades de hidrólise- ambiente anóxico de A2. O OD na zona anóxica
acidificação, de acordo com as características das deve ser inferior a 0,2 mg/L para evitar a inibição
águas residuárias. Por exemplo, separação de do processo de desnitrificação. Para processos
óleo/água e flotação é normalmente necessário para MBR com tanques O e M separados, uma
o pré-tratamento de águas residuárias de refinarias proporção adequada de recirculação de M para O
de petróleo e matadouros; coagulação pode ser (ou para A2) irá prevenir qualquer acúmulo
empregada para águas residuárias altamente excessivo de SSRB no tanque de membrana de
tóxicas ou refratárias de indústrias de carvão exacerbar o depósito na membrana. A concentração
químico, petroquímicas e indústrias de química de OD no tanque O separado é recomendado ser de
fina; pode ser necessário ajustar o pH para águas 1-2 mg/L. Se o processo biológico não é suficiente
residuárias de química fina, fabricação de papel, para atender o padrão de PT para um efluente, a
galvanoplastia e impressão e tingimento; precipitação química pode ser conduzida (pela
precipitação química pode ser aplicada a águas dosagem de produtos químicos nos tanques
residuárias com metais pesados, de indústrias de biológicos ou em um tanque de reação adicional)
galvanoplastia e eletrônicos; e hidrólise- como suplemento. Para o cálculo dos volumes dos
acidificação e reatores anaeróbios de manta de lodo tanques, vazões de recirculação, produção de lodo
podem ser adotados para processamento de e demanda de aeração, a Tabela 13.2 lista uma série
alimentos, fabricação de papel, tabaco e águas de parâmetros que são principalmente adotados a
residuárias farmacêuticas com alta concentração partir da ‘Technical Specification for Design of
e/ou baixa biodegradabilidade. Membrane Bioreactor Processes for Municipal
Wastewater Treatment’ (padrão chinês T/CECS
13.5.3 Unidades de tratamento biológico e 152-2017) (CECS, 2017). Este padrão foi
parâmetros cinéticos principalmente baseado na experiência chinesa
com engenharia de MBRs em grande escala. O
procedimento detalhado e as equações para o
13.5.3.1 Visão geral das unidades de cálculo são introduzidos nas seções a seguir
tratamento biológico (13.5.3.2-13.5.3.4). Há outras abordagens para o
projeto de MBRs, para os quais os leitores podem
O projeto das unidades de tratamento biológico de
se referir aos livros, por exemplo, Judd e Judd
um processo MBR inclui principalmente o volume
(2011), Park et al. (2015) e WEF (2012).

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Tabela 13.2 Parâmetros típicos para o projeto de tratamento biológico baseado em MBR para tratamento de esgoto municipal.

Descrição Símbolo Unidade Valor típico


Concentração Sólidos em Suspensão no XM g SSRB/L 6-15 (fibra oca)
Reator Biológico (SSRB) do tanque de 10-20 (placa plana)
membranaa)
Proporção de SSRB volátil no SSRB total y kg SSVRB/kgSSRB 0,4-0,7
(SSVRB/SSRB)
Razão de carga orgânica/lodo Ls kgDBO5/kgSSRB.d 0,03-0,10
Idade do lodo total (ou TRS) θt d 15-30
Razão de recirculação (do tanque anóxico RA2-A1 - 1-2
ao anaeróbio)
Razão de recirculação (do tanque aeróbio RO-A2 - 3-5
ao anóxico)
Razão de recirculação (do tanque de RM-O - 4-6
membrana ao aeróbio)
Produção de sólidos observada Yt kg SSRB/kg DBO5 0,25-0,45 (com
sedimentação primária)
0,5-0,9 (sem
sedimentação primária)
Produção de biomassa Y kg SSVRB/kg DBO5 0,3-0,6
Coeficiente de decaimento endógeno kd d-1 0,05-0,2
Taxa máxima de crescimento específico µnm d-1 0,66
de bactérias nitrificantes
Taxa de utilização máxima específica de vnm kgNH4+-N/kgSSRB.d 0,02-0,10
amônia
Constante de meia velocidade para Kn mgNH4+-N/L 0,5-1,0
utilização de amôniab)
Taxa de desnitrificação específica Kdn kgNO3-N/kgSSRB.d 0,03-0,06
Conteúdo de fósforo no lodo Px kgP/kgSSVRB 0,03-0,07
a)
As concentrações de SSRB em outros tanques pode ser calculada pelo balanço de massa; b)em 20°C.

Q(S0 −Se )θOM1 Yt


VOM1 = (13.1)
13.5.3.2 Cálculo dos volumes do tanque e dos 1000XOM1

fluxos de recirculação
onde VOM1 (m3) denota o volume somado do tanque
Esta seção apresenta o dimensionamento das aeróbio (O) e o tanque de membrana (M, excluindo
unidades de tratamento biológico em um processo o volume do cassete de membrana) onde as reações
MBR, tomando o processo AAOMBR como biológicas aeróbias ocorrem; Q (m3/d) é a vazão
exemplo (ver Figura 13.19A para o fluxograma do projetada; S0 e Se (mg/L) são as concentrações de
processo). DBO5 na alimentação e no efluente da seção de
tratamento biológico, respectivamente (Se é
insignificante quando a taxa de remoção é superior
Zona aeróbia a 90%); XOM1 (g/L) é a média ponderada das
O volume da zona aeróbia pode ser calculado a concentrações de SSRB nos tanque O e M (XO e
partir da taxa de crescimento de bactérias XM, respectivamente; XO pode ser derivado de XM
nitrificantes e TRS (Opção 1) usando a equação: e razão de recirculação via balanço de massa); e Yt
(kgSSRB/kgDBO5) é a produção observada de

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sólidos. θOM1 (d) é a idade do lodo mínima na zona de amônia (vn, kgNH4+-N/kgSSRB.d), corrigido
aeróbia, que pode ser estimada através da: para a temperatura:

1 vnm NOM1 1,07(T−20)


θOM1 = F (13.2) vn = (13.6)
µn Kn 1,053(T−20) +NOM1

onde µn (d-1) é a taxa de crescimento específica de Veja a tabela 13.2 para valores típicos de y e
bactérias nitrificantes e F é um fator de segurança vnm.
com o valor de 1,5-3. µn pode ser derivado da taxa
máxima de crescimento específico de bactérias Zona anóxica
nitrificantes (µnm, d-1) de acordo com a relação O volume da zona anóxica (A2) pode ser calculado
Monod, com a correção da temperatura: pela taxa de desnitrificação e balanço de massa de
N usando a equação:
μnm NOM1 1,07(T−20)
µn = (13.3)
Kn 1,053(T−20) +NOM1 Q(Nt0 −Nte )−124∆Xv
VA2 = (13.7)
1000XA2 Kdn 1,026(T−20)
+
onde Kn (mgNH4 -N/L) é a constante de meia
velocidade para utilização de amônia; NOM1 onde VA2 (m3) é o volume da zona anóxica; Nt0 e
(mgNH4+-N/L) é a concentração de amônia na zona Nte (mg/L) são as concentrações NT no afluente e
aeróbia; e T (° C) é a temperatura do licor misto. efluente do sistema biológico, respectivamente; Kdn
Consulte a Tabela 13.2 para valores típicos de XM, (kgNO3--N/kgSSRB.d) é a taxa específica de
Yt, µnm e Kn. desnitrificação; e XA2 (g/L) é a concentração de
SSRB no tanque anóxico que pode ser derivado do
O volume da zona aeróbia também pode ser XM e das taxas de recirculação através do balanço
calculado a partir da taxa de utilização de amônia e de massa. Ver Tabela 13.2 para o valor típico de
do balanço de massa de N (Opção 2) usando a Kdn.
equação:
Zona Anaeróbia
Q(Nk0 −Nke )−124∆Xv
VOM1 = (13.4) O volume da zona anaeróbia (A1) pode ser
1000XOM1 vn
calculado a partir do TDH:
onde Nk0 e Nke (mg/L) são as concentrações de N QtA1
Kjeldahl do afluente do tanque O e do efluente da VA1 = (13.8)
24
membrana, respectivamente; ΔXv (kgSSVRB/d) é
a descarga de biomassa do sistema; 124/1.000 é o onde VA1 (m3) é o volume da zona anaeróbia e tA1
conteúdo de nitrogênio nos microrganismos com a (h) é o TDH de A1, normalmente no intervalo de 1-
fórmula química empírica de C5H7NO2; e vn 2 h.
(mgNH4+-N/kgSSRB.d) é a taxa específica de
utilização de amônia. A ΔXv pode ser estimada via: Vazões de recirculação
As vazões de recirculação do licor misto entre
Q(S0 −Se )
∆Xv = yYt (13.5) tanques diferentes podem ser calculadas das vazões
1000
de recirculação, usando as equações:

Onde y é a razão SSVRB/SSRB. vn pode ser Q M→O = QR M→O (13.9)


derivado da taxa de utilização máxima específica
Q O→A2 = QR O→A2 (13.10)

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Consulte a Tabela 13.2 para obter os valores típicos


Q A2→A1 = QR A2→A1 (13.11) de Y, Yt, kd, y e Tt.

Os resultados dos cálculos usando essas


onde QM→O, QO→A2 e QA2→A1 são as vazões de diferentes abordagens podem ser comparados para
recirculação de M para O, de O a A2, e de A2 para verificação mútua. Quando agentes químicos como
A1, respectivamente; e RM→O, RO→A2 e RA2→A1 são sais de alumínio ou ferro são adicionados à unidade
as razões de recirculação de M para O, de O a A2, biológica para fins de remoção de PT ou controle
e de A2 para A1, respectivamente. Ver Tabela 13.2 de depósito na membrana, o excesso de lodo
para valores típicos de RM→O, RO→A2 e RA2→A1. conterá precipitados químicos ou produtos da
coagulação; o aumento da quantidade de lodo em
13.5.3.3 Cálculo de produção de lodo excesso excesso pode ser estimado em 5 vezes a massa de
alumínio ou 3,5 vezes a massa de ferro (CECS,
O excesso de lodo pode ser calculado a partir da 2017; JSWA, 2009). O excesso de lodo é
produção de biomassa, produção observada de normalmente bombeado para fora do tanque de
sólidos ou idade do lodo (tempo de retenção de membrana porque é onde a concentração de SSRB
sólidos) (indicado como opções 1-3, é mais alta. A vazão média do excesso de lodo (Qw,
respectivamente). Para as aplicações de engenharia m3/d) pode ser calculada usando a seguinte equação
de MBRs na China, por exemplo, a Opção 1 é para o projeto de instalações de descarga de lodo:
frequentemente adotada para o projeto do processo,
∆X
a Opção 2 oferece uma estimativa conveniente Qw = (13.13)
XM
durante a operação prática, devido à sua
simplicidade, e a Opção 3 adiciona uma análise
retrospectiva dos dados de engenharia. As
equações para o cálculo são fornecidas da seguinte 13.5.3.4 Cálculo da demanda de aeração para
forma: reações biológicas

YQ(S0 −Se ) fQ(SS0 −SSe ) Demanda de oxigênio


− k d Vt Xy + (Op. 1) A demanda de oxigênio para a zona aeróbia inclui
1000 1000
Yt Q(S0 −Se )
∆𝑋 = (Op. 2) o oxigênio necessário para a oxidação do carbono
1000
Vt X orgânico e nitrificação. Para o cálculo da
(Op. 3)
{ θt quantidade de oxigênio necessária, o carbono
(13.12) orgânico consumido para desnitrificação deve ser
onde ΔX (kgSSRB/d) é a taxa de produção de lodo subtraído do carbono orgânico oxidado total. Deve-
de excesso; Y (kgSSVRB/kgDBO5) é o produção se notar que a aeração no tanque de membrana
de biomassa; kd (d-1) é o coeficiente de decaimento (geralmente aeração de bolha grossa para limpeza
endógeno; Yt (kgSSRB/kgDBO5) é o rendimento da membrana) pode contribuir consideravelmente
observado de sólidos; SS0 e SSe (mg/L) são as para o OD na zona aeróbia por meio da recirculação
concentrações de SS de alimentação e efluente do de licor misto do tanque de membrana para o
sistema biológico, respectivamente; f é a taxa de tanque aeróbio. Para o cálculo da demanda de
conversão de lodo para SS, normalmente 0,5-0,7 aeração na zona aeróbia, a contribuição da aeração
gSSRB/gSS; X (g/L) é a média ponderada das pela membrana deve ser deduzida para evitar
concentrações de SSRB; y é a razão superestimação.
SSVRB/SSRB; Vt (m3) é o volume total dos
tanques biológicos; e θt (d) é a idade total do lodo.

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A demanda de oxigênio para reações biológicas A equação para a padronização da demanda de


na zona aeróbia (O, kgO2/d) é expressa na seguinte oxigênio é dada a seguir:
forma:
OCos(20)
Ostd = ρ.g.h (13.19)
𝑉0 1,024 (T−20) α.[β.Cos(T) (1+ )−Co ]
𝑂 = (𝑂𝑠 + 𝑂𝑛 − 𝑂𝑑𝑛 ) − 𝑂𝑚 (13.14) 2P
𝑉0 +𝑉𝑀1

onde Ostd (kgO2/d) é a demanda do estado padrão


onde Os é a demanda total de oxigênio para oxidar de oxigênio; As Cos(20) e Cos(T) (mg/L) são as
carbono orgânico, On é a demanda de oxigênio para concentrações de água limpa saturada de OD a 1
nitrificação, Odn é a demanda de oxigênio bar a 20°C e T °C, respectivamente; Co (mg/L) é a
compensada pela desnitrificação e O m é a concentração média do OD no tanque aeróbio,
quantidade de oxigênio trazida pelo líquido tipicamente 1-2 mg/L; ρ é a densidade do licor
recirculado do tanque de membrana para o tanque misto, tipicamente 1.002-1.006 g/cm3; g (m/s2) é a
aeróbio. V0 é o volume do tanque aeróbio e VM1 é aceleração gravitacional; h (m) é a profundidade de
o volume do tanque de membrana (excluindo o água do tanque aeróbio; P (kPa) é a pressão
volume do cassete de membrana). Os, On, Odn e Om atmosférica real; α é o coeficiente de transferência
(todos em kgO2/d) podem ser calculados usando as de oxigênio no lodo para água limpa, e β é a razão
seguintes equações: da concentração de OD saturado no lodo para água
1,47 limpa. Particularmente, o fator α é um fator de
Os = Q. (S0 − Se ) − 1,42∆Xv (13.15) correção importante para a transferência maciça do
1000
oxigênio no lodo, que é crítico para o projeto do
Q.(Nk0 −Nke )
On = 4,57. [ − 0,124∆Xv ] (13.16) montante de aeração. Foi relatado que o valor do
1000
fator α em MBRs em escala plena é geralmente
Q.(Nt0 −Nte ) maior do que em processos de LAC na mesma
Odn = 2,86. [ − 0,124∆Xv ] (13.17)
1000 concentração de SSRB (por exemplo, ~10 g/L) (Xu
1
et al., 2017). A relação entre o fator α e a
Om = Q M→O . Comd concentração de SSRB é dada como:
1000
(13.18)
onde Comd (mg/L) é a concentração de OD na vazão α = k1 . exp(−k 2 XO ) (13.20)
de recirculação, tipicamente 4-8 mg/L; 1,47 é a
razão entre a DBO última e o DBO de 5 dias onde XO (g/L) é a concentração de SSRB no tanque
(DBO5); 1,42 é a demanda de oxigênio por unidade aeróbio. Os parâmetros empíricos k1 e k2 podem ser
de SSVRB (expressa como C5H7NO2); 4,57 é a 1,7 e 0,08, respectivamente, quando XO está na
demanda de oxigênio por unidade Kjeldahl N; e faixa de 6-20 g/L, de acordo com resultados de
2,86 é a compensação da demanda de oxigênio por grandes MBRs em escala plena tratando esgoto (Xu
unidade NO3--N. et al., 2017).

Fornecimento de ar
Demanda de oxigênio padrão Finalmente, o fornecimento de ar para operação
A demanda calculada do oxigênio deve então ser pode ser calculado de acordo com a eficiência do
convertida a condição padrão (em 20 °C e 1 bar na aerador (soprador ou aerador mecânico). Tomando
água limpa) baseada na altitude local, na a aeração do soprador como exemplo, o
profundidade da água, na temperatura, na fornecimento de ar é expresso como:
concentração projetada do OD, e na transferência
de oxigênio no licor misto vs. água limpa.

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Ostd 100
GO = . (13.21)
0,28ηA 24 τ1
Javg = J1 (13.22)
τ1 +τ0

onde GO (Nm3/h) é a condição padrão de onde τ1 (min) é o período de operação e τ0 (min) é


fornecimento de ar; 0,28 (kgO2/m3) é o teor de o período de relaxamento. Se a membrana é
oxigênio no ar; e ηA (%) é a eficiência de frequentemente submetida a retrolavagem em um
transferência de oxigênio do soprador. fluxo reverso de Jb (L/m2.h), uma duração de τb
(min) e um intervalo de tb (min), então o fluxo
médio em vários ciclos de retrolavagem (durante os
13.5.4 Sistema de filtração por membrana
quais nenhuma limpeza química é realizada) é
calculado como:
13.5.4.1 Fluxo
τ1 τb
Javg = J1 -Jb (13.23)
Recomenda-se que a filtração da membrana seja τ1 +τ0 tb +τb
operada no modo de fluxo constante, isto é, o fluxo
médio é mantido relativamente constante durante a O fluxo de pico corresponde à vazão de pico do
filtração. Para MBRs submersos, as bombas de afluente das águas residuárias, e o fluxo de pico
sucção são operadas de forma intermitente temporário ocorre quando alguns dos cassetes de
(liga/desliga) para impedir o desenvolvimento do membrana são suspensos devido à limpeza da
depósito na membrana. Um ciclo de filtração membrana e manutenção do equipamento. Para
consiste em um período de funcionamento (por proteger o sistema de filtração por membrana, a
exemplo, 7-13 min) e um período de relaxamento operação em fluxo de pico ou fluxo de pico
(por exemplo, 1-3 min). Para os MBRs externos de temporário não deve durar muito. A vazão
fluxo tangencial, a membrana deve ser retrolavada projetada das bombas de sucção deve satisfazer a
com a frequência, duração e intensidade operação no fluxo máximo. Fluxo crítico refere-se
apropriados de acordo com as diretrizes do ao fluxo abaixo do qual o depósito na membrana
fabricante ou condição de operação. não é significativo e a resistência à filtração da
membrana (ou PTM) é relativamente estável ao
Para o projeto do sistema de filtração por longo do tempo; acima dela, a resistência (ou PTM)
membrana, há vários fluxos que precisam ser aumenta rapidamente. Recomenda-se que o fluxo
considerados: o fluxo médio, fluxo de operação, de operação, o fluxo de pico e o fluxo de pico
fluxo de pico, fluxo de pico temporário e fluxo temporário sejam sempre inferiores a 80-90% do
crítico. Para o tratamento de esgoto, o fluxo médio fluxo crítico.
de todo o ciclo de filtração é normalmente 15-25
L/m2.h para MBRs submersos e 30-45 L/m2.h para 13.5.4.2 Área de membrana
MBRs externos de fluxo tangencial. O fluxo médio
para tratamento de águas residuárias industriais é A área total da membrana (AM, m2) necessária para
geralmente menor e varia de acordo com as águas o sistema de filtração pode então ser calculada a
residuárias específicas a serem tratadas (Judd e partir da vazão total (Q, m3/d) e fluxo médio (Javg,
Judd, 2011). Em um ciclo de filtração, o fluxo L/m2.h), multiplicado por um fator de segurança
instantâneo é zero no período de relaxamento e, (FM) de aproximadamente 1,1-1,2 (ou estimado a
como tal, o fluxo no período de operação (ou seja, partir da razão de fluxo máximo para fluxo médio,
fluxo de operação) é maior do que o fluxo médio conforme o caso), usando a seguinte equação:
de todo o ciclo. A relação entre o fluxo médio (Javg,
L/m2.h) e o fluxo em execução (J1, L/m2.h) em um
ciclo de filtração é expressa como:

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683

Q
AM = FM (13.24) Judd, 2011). A vazão de um soprador que fornece
0,024Javg
ar para a aeração do tanque de membrana pode,
portanto, ser calculada a partir de DEA f, DEAm ou
O número de cassetes de membrana (nM) pode
DEAp usando as seguintes equações:
ser determinado via:

AM
DEAf . AP
nM = (13.25) GM = { DEAm . AM (13.27)
AM0
DEAP . 24Q
onde AM0 é a área de membrana por unidade de
cassete (m2). onde GM (Nm3/h) é o suprimento de ar para o
tanque de membrana, AP (m2) é a área total dos
O volume do tanque de membrana (VM, m3) cassetes de membrana e Q (m3/d) é a vazão total do
pode ser projetado a partir de AM (m2) e da permeado. Observe que, além da aeração contínua
densidade de empacotamento aparente (ϕM, m2/m3) conforme calculado acima, a aeração por
de todo o tanque de membrana: membrana também pode ser realizada em modo
intermitente, alternado ou em pulso.
AM
VM = (13.26)
φM
13.5.4.4 Procedimento de limpeza química
A densidade de empacotamento pode depender A limpeza química de uma membrana com
da configuração específica do produto de depósito inclui a limpeza in situ e a limpeza ex situ
membrana e do sistema hidráulico projetado no de acordo com a localização da limpeza, ou
tanque de membrana. É necessário espaço limpeza de manutenção e limpeza de recuperação
suficiente ao redor dos cassetes de membrana para de acordo com a gravidade do depósito (consulte a
garantir a circulação do licor misto no tanque. Seção 13.4.5.2). A limpeza online ou limpeza de
manutenção in situ geralmente é realizada no modo
13.5.4.3 Demanda de aeração LIL ou RQA. NaOCl e NaOH são agentes de
limpeza alcalinos típicos para remover depósitos
Para MBRs submersos, a aeração com bolhas orgânicos, e ácido cítrico, ácido oxálico e HCl são
grossas é normalmente aplicada para limpeza da agentes de limpeza ácidos típicos para remover
membrana para mitigar depósito e o clogging; o depósitos inorgânicos (por exemplo, íons
sistema de aeração das membranas consiste em um metálicos). NaOCl e ácido cítrico são os agentes de
aerador, soprador, tubulação de ar e equipamentos limpeza mais comumente aplicados na engenharia
auxiliares. A demanda específica de aeração em de MBR.
relação à área de projeção (ou seja, footprint) do
cassete de membrana (DEAf) é geralmente 60-120 Um sistema de limpeza química online deve
Nm3/m2.h no caso de MBRs para tratamento de incluir uma bomba de retrolavagem (para o caso do
esgoto (CECS, 2017). A demanda específica de RQA) e instalações para armazenamento, dosagem,
aeração também pode ser calculada com relação à medição e mistura de produtos químicos, e estar
área da membrana (DEAm) e vazão de permeado sob controle automático. A Tabela 13.3 dá
(DEAp). Para tratamento de águas residuárias exemplos de procedimentos para limpeza online
municipais, o DEAm e DEAp de referência para com NaOCl de módulos de membrana de fibra oca
módulos de membrana de fibra oca são 0,3 e de placa plana, respectivamente. Para limpeza
Nm3/m2.h e 15 Nm3/m3 de permeado, online usando NaOCl, ácido cítrico ou ácido
respectivamente, enquanto aqueles para módulos oxálico, uma recomendação para aplicações de
de membrana de placa plana são em dobro (Judd e engenharia é que a concentração seja menor que 3-

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684
684

5 g/L, a dosagem seja menor que 4-6 L/m2 e o limpeza online, a concentração, a dosagem, o
tempo de contato seja menor que 1-2 h (CECS, tempo de contato e a temperatura podem ser
2017). Em períodos de baixas temperaturas, aumentados de acordo com as necessidades.
quando o depósito tende a piorar, a frequência de

Tabela 13.3 Exemplos de procedimentos para limpeza in situ de NaOCl de módulos de membrana de fibra oca e de placa plana.

Módulo de membrana Situação Procedimento Dosagem


(a) Fibra oca Limpeza de manutenção: Injeção (30 min) → Concentração: 0,5-1,0
semanal imersão (60 min) → g/L de cloro;
aeração (30 min) Volume dosado: 3-5 L/m2
Limpeza intensificada: Injeção (30 min) → Concentração: 2-3 g/L de
mensalmente, ou quando PTM imersão (60 min) → cloro;
> 30 kPa aeração (30 min) Volume dosado: 3-5 L/m2
(b) Placa plana Limpeza de manutenção: não
mandatória (depende do
fabricante)
Limpeza intensificada: uma vez Injeção (8-15 min) → Concentração: 3-5 g/L de
a cada 3-6 meses, ou quando imersão (1-2 h) cloro;
PTM > 30 kPa Volume dosado: 4-6 L/m2

O sistema de limpeza de recuperação deve


incluir instalações de dosagem de produtos 13.6 APLICAÇÃO PRÁTICA
químicos, dispositivos de elevação e tanques de
limpeza (para limpeza de recuperação ex situ) e 13.6.1 Aplicações gerais de membrana
instalações de transferência de lodo (para limpeza
de recuperação in situ). Os agentes ácidos e Houve aumentos significativos na capacidade de
alcalinos devem ser transportados em dutos tratamento de MBRs em escala plena. De acordo
separados. Uma recomendação para casos em com o site MBR (http://www.thembrsite.com/,
escala plena é que a limpeza de recuperação deve acessado em 21 de janeiro de 2020), o número
ser realizada regularmente uma vez por ano, ou global dos maiores MBRs com uma capacidade de
imediatamente quando o PTM atinge 50 kPa (ou tratamento de > 105 m3/d chegou a 62 com uma
quando a limpeza online não consegue reduzir o capacidade de tratamento de pico total de
PTM para menos de 30 kPa) (CECS, 2017). Para 147,33.105 m3/d. Grande parte dos maiores MBRs
cada instância de limpeza offline, por exemplo, as estão na China, EUA e Cingapura, com 84% da
membranas com depósito podem ser imersas em capacidade total de tratamento global. Vale
NaOCl (3-5 g/L de cloro) por 12-24 h, ou imersas ressaltar que a China possui a maior parcela de
em NaOCl (3-5 g/L de cloro) e ácidos MBRs de grande escala.
cítrico/oxálico (10-20 g/L) alternadamente. A
concentração, o tempo de contato e a temperatura Os MBRs têm sido amplamente aplicados para
podem ser ajustados conforme necessário. Para tratar esgoto municipal, águas residuárias
mais detalhes, Wang et al. (2014) forneceram uma industriais e lixiviados, devido aos requisitos cada
pesquisa de protocolos de limpeza online e offline vez mais rigorosos para os efluentes. A maioria dos
aplicados na prática em MBRs em escala plena. MBRs, especialmente as aplicações em grande
escala, são para o tratamento de esgoto municipal,
e as plantas subterrâneas de MBR utilizadas em

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ha. By placing the WWTP underground (Figure 13.20),

For Translation P
coagulants). T
the unsightly architecture and unpleasant odours of with PVDF
typical WWTPs are eliminated. The synergy between Memstar, Si
the smaller footprint due to MBR technology 685 and operated sim
underground placement of the plant also significantly each membra
reduced the capital expenditure on land investment as each unit. T
rapid urbanization has greatly driven up land prices in membrane un
algumas áreas para reduzir ainda mais a área urbanização aumentou muito os preços dos
Guangzhou. l/m2.h, and hi
ocupada. Além disso, embora os MBRs apareçam terrenos em Guangzhou.
with intensi
em quase todos os setores industriais e no
protocols. Th
tratamento de lixiviados, a alta concentração de The image part with r elationsh ip I D r Id 90 w as n o t foun d in the file.

can be reduce
poluentes refratários no afluente requer
the optimized
modificações efetivas dos processos de MBR e/ou protocol. The
integrações eficientes com outras tecnologias. Não the nearby u
obstante, a redução de energia em MBRs é uma AAO-MBR s
meta de desenvolvimento permanente. Com sua 1.24 h, respec
capacidade e número crescentes, a aplicação em the range of 8
larga escala de MBRs está fornecendo uma at 12 d. The i
experiência útil e feedback para seu are shown in
desenvolvimento futuro. Os exemplos a seguir são
fornecidos com relação a esses problemas.
Figure 13.20 Aerial view of the Jingxi WWTP.
13.6.2 Quatro casos completos de
Figure 13.20 Vista aérea da ETE de Jingxi.
aplicação de MBR

Esta seção fornece quatro casos globais de Na ETE subterrânea de Jingxi, o afluente flui
aplicação de MBR. O afluente, nesses casos, inclui para o sistema AAO-MBR após o tratamento
águas residuárias municipais, águas residuárias primário por uma peneira fina e caixa de areia
industriais e lixiviados. Esses casos são típicos em (Figura 13.21).
tecnologias avançadas e modificações para
mitigação de energia, redução da área e melhoria
da qualidade do efluente. O projeto do processo de
tratamento, os parâmetros operacionais reais e o
desempenho desses casos são fornecidos a seguir.

Caso 1: Um MBR subterrâneo de grande escala


para tratamento de esgoto municipal
A ETE subterrânea de Jingxi na cidade de
Guangzhou, capital da província de Guangdong, no
sul da China, foi inaugurada em 2010, sendo àquele Figura 13.21 Esquema do processo de tratamento baseado
ponto a maior planta subterrânea de MBR da Ásia. em MBR na ETAR de Jingxi.
Tem uma capacidade de tratamento de 100.000
m3/d (fluxo de pico de 120.000 m3/d), ocupando O processo AAO garante a eficiência de
uma área de 1,82 ha e tratando águas residuárias de remoção de NT e PT (com o auxílio de coagulantes
uma área de captação de 16.500 ha. Ao colocar a químicos). Há um MBR submerso (Figura 13.22)
ETE no subsolo (Figura 13.20), a arquitetura com membranas de fibra oca de PVDF (SMM-
desagradável a vista e os odores desagradáveis de 1520, Memstar, Cingapura). Dez tanques de
ETEs típicas são eliminados. A sinergia entre a membrana são operados simultaneamente, com 20
menor área devido à tecnologia MBR e a colocação unidades de membrana para cada tanque de
subterrânea da planta também reduziu membrana e 88 módulos de membrana para cada
significativamente as despesas de capital com unidade. A área de superfície efetiva total de cada
investimento em terras, visto que a rápida unidade de membrana é de 1760 m2. O fluxo de

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686 592
686

Case 2: MBRs
referência é de 15 L/m2.h, e um fluxo mais alto de
A with lo
até 25 L/m2.h pode ser alcançado com protocolos
recove
de limpeza para manutenção das membranas There are seve
intensificada. A demanda de energia específica do 328,050 m3/d,
sistema pode ser reduzida de 0,22 kWh/m3 para operation or und
0,18 kWh/m3 pela otimização da recirculação of the largest M
interna e protocolo de aeração. O efluente da planta (Tuas Water Rec
é usado para reabastecer o rio urbano próximo. O peak 1,200,000

For Translation Purposes Only


TDH de cada tanque no sistema AAO-MBR é
An Integrate
definido em 1,03 h, 2,09 h, 3 h e 1,24 h,
was commission
respectivamente. O SSRB no tanque de membrana of 12,500 m3/d
está na faixa de 8.000-13.000 mg/L e TRS é treatment proce
controlado em 12 d. A qualidade do afluente e do Plant under con
efluente do tanque MBR é mostrada na Tabela of low energy co
13.4. cleaning.
B

Tabela 13.4 Qualidade do afluente e do efluente na ETE The influen


subject to a bio
Jingxi
where biosorpt
lamella plate pr
Poluente Afluente (mg/L) Efluente (mg/L) flows through a
DBO5 130±30 3±1 five passes throu
non-aerated and
DQO 210±50 13±5 the last pass flo
SS 90±30 2±1 The MBR efflue
+-N
for NEWater (t
NH4 20±5 0,6±0,3 water to cushi
NT 30±5 7,4±0,6 production (Fi
primary treatm
PT 2,5±0,5 0,15±0,04
capture and red
Figure 13.22 Photos of the membrane tank at the Jingxi plant:
subsequent pro
(A) the installation of membrane modules, and (B) the enhances the nu
Figura
effluent13.22 Fotos‘waterfall’.
discharge do tanque de membrana na planta de internal nitrate/
Jingxi: (A) a instalação de módulos de membrana, e (B) a addition. It also
descarga de efluente em 'cascata'. accumulating o
Table 13.4 Influent and effluent quality at the Jingxi WWTP. are shown in T
Caso 2: MBRs Influent
para (mg/l)
tratamento de(mg/l)
esgoto tank, PVDF ho
Pollutant Effluent
Suez Water Tech
BOD5 municipal130±30
com baixo consumo3±1 de
size of 0.035 m
COD energia e limpeza
210±50 sem recuperação
13±5
surface area of
SS
Existem sete MBRs90±30
(capacidade de2±1 tratamento and the peak f
NH +-N 20±5 0.6±0.3
total4 328.050 m3/d, fluxo de pico total 522.075 effluent quality
TN
3 30±5 7.4±0.6
mTP
/d) em operação ou em comissão 0.15±0.04
2.5±0.5
em Cingapura,
e um dos maiores MBRs em todo o mundo está em
construção (Tuas Water Reclamation Plant, média
de 800.000 m3/d, pico de 1.200.000 m3/d) a partir
de 2020.

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687

Uma Planta Integrada de Validação e grau para amortecer o abastecimento de água em


Demonstração foi comissionada em 2017, com Cingapura) (Figura 13.23). O tratamento primário
uma capacidade de tratamento de 12.500 m3/d (pico biologicamente intensificado maximiza a captura
de 18750 m3/d). Simula o processo de tratamento de carbono orgânico e reduz a necessidade de
da Planta de Recuperação de Água de Tuas, em aeração nos processos subsequentes. O AO-MBR
construção, demonstrando o conceito de baixo alimentado em etapas aumenta a remoção de
consumo de energia e limpeza sem recuperação nutrientes sem a necessidade de circulação interna
química. de nitrato/nitrito ou adição externa de carbono.
Também promove o desenvolvimento de
O afluente (esgoto) da planta está sujeito a um organismos desnitrificantes que acumulam
tratamento primário biologicamente intensificado, polifosfatos. Os parâmetros operacionais são
onde a biossorção é aplicada antes do decantador mostrados na Tabela 13.5. Em relação ao tanque de
primário compacto de placa lamelar. O efluente membrana, estão instaladas membranas de fibra
primário flui através de um sistema AO-MBR de oca de PVDF fornecidas pela Suez Water
alimentação por etapas; há cinco passagens pelo Technologies and Solutions (tamanho de poro
sistema e cada passagem contém zonas aeradas e nominal de 0,035 µm), com uma área de superfície
não aeradas. O licor misto da última passagem é efetiva total de 26.396,2 m2. O fluxo líquido é de
encaminhado para um tanque de membrana 20 L/m2.h e o fluxo de pico pode chegar a 30
submerso. O efluente MBR é posteriormente L/m2.h. A qualidade do efluente MBR é mostrada
tratado por RO e reutilizado para a produção de na Tabela 13.6.
NEWater (a água recuperada ultra-limpa e de alto

Figura 13.23 Esquema do processo de tratamento baseado em MBR em uma validação integrada e planta de demonstração.

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688
688

Tabela 13.5 Parâmetros chave de processo de uma planta de validação e demonstração integrada.

Parâmetro Unidade Valor


TDH do tanque de biossorção hora 0,5
SSRB do tanque de biossorção mg/L 1.500
Área de fixação da placa lamelar/área de instalação do piso - 10
Espaçamento da placa lamelar mm 100
Tela fina do MBR mm 2
Razão de recirculação do lodo primário - 0,1-0,2
Número de passos do biorreator alimentado em etapas - 5
SSRB no biorreator mg/L 2.000-5.000
TDH do biorreator horas 5
TRS do biorreator dias 5-10
Razão de volume do biorreator anóxico/aeração - 1:1
Razão de recirculação do lodo do MBR % 100

Tabela 13.6 Qualidade do efluente de um tanque de MBR em uma planta de validação e demonstração integrada.

Poluente Unidade Concentração do efluente


Carbono orgânico total (COT) mg/L 6,6
+-N
NH4 mg/L 2,19
NO3--N mg/L 1,19
NO2--N mg/L 0,51
3--P
PO4 mg/L 0,17
Condutividade µS/cm 728

O consumo de energia de todo o processo de Caso 3: Um MBR assistido por biofilme para
tratamento está na faixa de 0,24-0,28 kWh/m3, ou tratamento de águas residuárias
menos do que 0,5 kWh/kgCOD, e o consumo de industriais
energia da lavagem com ar no tanque de membrana Esta planta/instalação de tratamento de águas
é tão baixo quanto 0,04 kWh/m3. A limpeza de residuárias é propriedade da Adama Agan Ltd.,
manutenção com NaOCl (concentração de 200 Ashdod, Israel. A empresa é uma produtora de
mg/L) é realizada duas vezes por semana, e química fina relacionados à agricultura. Como os
nenhuma limpeza de recuperação foi realizada regulamentos atualizados exigiam maior qualidade
entre o início da operação em agosto de 2017 e do efluente, os processos de LAC anteriores foram
fevereiro de 2020. adaptados como um sistema de lodo aeróbio duplo,
onde o MBR é aplicado. O projeto foi executado
pela Adama Agan e pela EPT (Environmental
Protection Technologies), empresa israelense de

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week, and no recovery cleaning was conducted
between the start of operation in August 2017 and
February 2020.
689

Case 3: A carrier assisted MBR for industrial


engenharia de processos.
wastewater treatmentA planta de retrofit MBR Figura 13.24 Vista aérea da estação de tratamento MBR
foi comissionada em 2012, com uma capacidade de pertencente a Adama Agan Ltd.
This wastewater treatment plant/facility is owned by
tratamento de 7.200 m3/d (Figura 13.24).
Adama Agan Ltd., Ashdod, Israel. The company is an Figure 13.24
Neste Aerialdeview
sistema lodoof the MBR
aeróbio treatment
duplo, plant belonging
o primeiro
ole agriculture-related
treatment fine chemical producer. Because
The ima ge part with r elationship I D r Id9 0 w as no t fou nd in the file.

tosistema
Adamade Agan Ltd.consiste em um reator micro-
lodo
Wh/m3, or less aeróbio, um reator aeróbio e um clarificador por
updated
ouring energy
regulations required higher effluent quality,
gravidade. O efluente do primeiro sistema de lodo
theas former
s low 0.04 CAS processes were retrofitted as a dual
flui para o segundo sistema de lodo (ou seja, o
singaerobic
NaOCl sludge system, where MBR is applied. The In this dual
sistema MBR) queaerobic sludge
consiste em system,
um tanque the first sludge
aeróbio,
ed twice per
project was carried out by Adama Agan and EPT
as conducted
system consists
pós-tanque anóxicoofe tanque
a micro-aerobic
de membranareactor,
(Figura an aerobic
ust (Environmental
2017 and Protection Technologies), an Israeli 13.25). and a gravity clarifier. The effluent from the
reactor,
based process engineering firm. The MBR retrofit first sludge system flows into the second sludge
plant was commissioned in 2012, with a treatment
ustrial system (i.e. the MBR system) which consists of an
capacity of 7,200 m3/d (Figure 13.24). aerobic tank, post-anoxic tank, and membrane tank
is owned by (Figure 13.25).
ompany is an Figure 13.24 Aerial view of the MBR treatment plant belonging
ucer. Because to Adama Agan Ltd.
luent quality,
ted as a dual 1 - Sistema de lodo 2 - Sistema MBR
applied. The In this dualTanque
aerobic sludge system, the first
Tanque aeróbio sludge
Decantador Tanque Tanque anóxico Tanque de
gan and EPT system consists of a micro-aerobic reactor, an aerobic
micro-aeróbio aeróbio membrana
s), an Israeli reactor, and a gravity clarifier. The effluent from the Metanol

MBR retrofit first Afluente


sludge system flows into the second sludge Efluente

h a treatment system (i.e. the MBR system) which consists of an


aerobic tank, post-anoxic tank, and membrane tank
(Figure 13.25).
Lodo de Lodo de
Retorno de lodo excesso Retorno de lodo excesso

Figure 13.25 Schematic of the wastewater treatment process owned by Adama Agan Ltd.

Figura 13.25 Esquema do processo de tratamento de águas residuárias de propriedade da Adama Agan Ltd.

ZeeWeedMódulosmembrane de modules
membrana (SUEZ, ZeeWeedFrance)(SUEZ,are compounds
pode adsorver in ethepré-concentrar
mixed liquor. os This process not only
compostos
França) estão instalados. A fim
installed. In order to enhance the removal efficiencies de aumentar a orgânicos residuários recalcitrantes no licor misto.
improves the effluent quality but also helps remove
eficiência de remoção de DQO recalcitrante, os Este processo não apenas melhora a qualidade do
of process
atment recalcitrant
owned by Adama COD,
Agan Ltd. MACarriers
MACarriers (material suporte para MBR) são
(membrane- toxicity and make the nitrification process more stable.
efluente, mas também ajuda a remover a toxicidade
accommodating carriers) are added to the
adicionados ao reator no segundo sistema reactor de lodo. in e tornar o processo de nitrificação mais estável.
the second
Z, France) are Um sludge
biofilme
compounds system.
denso
in the mixedDense
eliquor. and
forte This
pode strong notbiofilm
ser formado
process only The influent
A qualidade ande doeffluent
do afluente quality
efluente do MBR comof the MBR
al efficiencies rapidamente
improves the na
effluentenorme
quality área
but
can be quickly formed on the huge bacteria-friendly alsode superfície
helps remove e sem os MACarriers é dado na Tabela
without and with MACarriers are provided in13.7 Table
(membrane- disponível
toxicity andpara
makeas thebactérias
nitrification
dosprocess more stable.
MACarriers, que
the surface
reactor in area of MACarriers which can adsorb and pre- 13.7.
concentrate
trong biofilm theinfluent
The residual
and effluentrecalcitrant
quality of the MBRorganic
teria-friendly without and with MACarriers are provided in Table
dsorb and pre- 13.7.
ant organic

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690
690

Tabela 13.7 Qualidade do afluente e do efluente de uma planta de tratamento pertencente à Adama Agan Ltd.

Efluente (mg/L)
Poluente Afluente (mg/L)
MBR sem MACarriers MBR com MACarriers
DQO 3500 200-300 Dados não disponíveis
COT Dados não disponíveis 95-120 80-110
NH4+-N 10,5 0,5-10 0,5-2
NT 236 <20 <20
SST 60 <3 <3
AOX 50,4 5-8 3,5-5
AOX: halógenos orgânicos absorvíveis

Caso 4: Um MBR de fluxo tangencial para Este sistema MBR é projetado com uma
tratamento de lixiviado configuração de fluxo tangencial, consistindo em
O projeto Waste-to-Energy no Wuzhong Venous um processo A/O e unidades UF externas. As
Industrial Park, província de Jiangsu, é uma das unidades de UF contêm 18 módulos de membrana
maiores usinas de incineração de resíduos sólidos PVDF tubular (MEMOS, Alemanha) com uma área
na China, com uma capacidade de tratamento de superfície efetiva total de 490 m2 (Figura 13.27).
projetada de 3.550 t/d de resíduos sólidos quando A filtração tangencial é aplicada e a filtração e a
foi comissionado. A planta de tratamento de limpeza online são controladas automaticamente.
lixiviado afiliada adotando o MBR pertence e é O licor concentrado é bombeado de volta para os
operada pela Everbright Environmental Energy tanques A/O.
(Suzhou) Co. Ltd. Comissionada em 2014, tem
uma capacidade de tratamento projetada de 700 Em relação aos parâmetros operacionais, a
m3/d. concentração de SSRB é de aproximadamente
15.000 mg/l, e o TDH é definido em 7,81 d (1,92 d
O lixiviado flui sucessivamente em três tanques para o tanque anóxico e 5,89 d para o tanque
de pré-tratamento paralelos, três reatores aeróbio). A qualidade do afluente e do efluente
anaeróbios paralelos de circulação interna e externa nesta estação de tratamento de lixiviado é mostrada
(IOC) (volume efetivo: 1900 m3 cada), dois tanques na Tabela 13.8. Conforme a demanda por
anóxico-aeróbios paralelos (volume efetivo: 800 tratamento de resíduos sólidos municipais
m3 para cada tanque anóxico; 2400 m3 para cada aumenta, o projeto de transformação de resíduos
tanque aeróbio), uma unidade UF, uma unidade NF em energia será expandido e a estação de
e uma unidade RO (Figura 13.26). A água tratada é tratamento de lixiviado será expandida para tratar
totalmente reaproveitada, sem descarte de líquido. 2.500 m3/d no futuro.

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(effective volume: 800 m3 for each anoxic tank; 2,400 treatment increases, the waste-to-energy project will

For Trans
m3 for each aerobic tank), a UF unit, an NF unit and expand, and the leachate treatment plant will be
an RO unit (Figure 13.26). The treated water is totally expanded to treat 2,500 m3/d in the future.
reused, and zero liquid is discharged. This MBR 691

Biogás
Sistema MBR
Pré-tratamento Tanque anóxico TTanque aeróbio Ultrafiltração Nanofiltração Osmose reversa
Licor concentrado

Efluente
Afluente

Lodo de excesso
Lodo
primário

596
Figure 13.26 Schematic of the treatment process in the leachate treatment plant in Suzhou.
Figura 13.26 Esquema do processo de tratamento na estação de tratamento de lixiviado em Suzhou.

Tabela 13.8 Qualidade do afluente e do efluente para uma planta de tratamento de lixiviado em Suzhou (unidades: mg/L).
Table 13.8 Influent and effluent qualities for the leachate treatment plant in Suzhou (unit: mg/l).
+
Água
Water DQO DBO5
COD NH4 -N
BOD NT
NH4+-N TN SS SS Cl- Cl-
Influent
Afluente 32.000 32,000
15.000 15,000
1.500 1,500
1.800 1,800 22,000
22.000 6,500
6.500
Effluent 13 0 0.22 13 0 200
Efluente 13 0 0,22 13 0 200
Note: annual average values from November 2018 to October 2019.
Nota: valores anuais médios de novembro de 2018 a 2019.
For Translation Purposes Only

T he image pa rt w ith re lationsh ip ID rI d 90 w as n ot foun d in the file.


reduced waste solids and handling costs (Barreto et al .,
2017; Livingstone, 2010). These advantages may
13.6.3
encourage Últimos
the design desenvolvimentos
of compact and containerized em
movable/portable sistemas
MBR systemsMBR for the treatment of
municipal and industrial wastewater in remote areas
without access to sewer systems. In addition, HL-
13.6.3.1may
MBR systems O conceito dealternatives
offer on-site MBR de alta for carga
the
(HL-MBR)
provision of urgent sanitation services in the context
of either natural or man-made disasters (Barreto et al .,
HL-MBR
2017; Hai refere-se2011;
and Yamamoto, a umHaiMBR
et al .,operado
2014). a uma alta
taxa de carga orgânica e alta concentração de SSRB
Such(15-40
a HL-MBR g/L) (Kim
systemetcanal.,
be 2019).
achieved Asbyvantagens
either dos
HLMBRs
operating the MBR system em at comparação com (os
high SRT conditions i.e. MBRs
not wasting sludge), orincluem:
convencionais by working (i) at high capacidade
maior influent para
organic-loading rates. When
tratar maiores taxas deoperating the system(ii)
carga orgânica, at maiores
high SRTtaxasconditions,
de consumo the de
majority
oxigênio of the MLSS a uma
associadas
consistsmaior
of non-biodegradable
taxa de conversãoand/or de DQO,inorganic
(iii) menor
suspended solids instead of active biomass without
demanda de área e custos de construção, e (iv)
enhancing the treatment capacity of the MBR at a
redução de resíduos sólidos e custos de manuseio
given footprint. On the other hand, operating the MBR
system (Barreto et al., 2017;
at a low, relatively standardLivingstone, 2010). Essas
SRT (5 to 15 days)
vantagens podem encorajar o projeto
and at a high influent loading rate results in sludge de sistemas
MBR móveis/portáteis compactos
consisting primarily on active biomass and therefore, e em contêineres
Figura 13.27Membrane
Figure 13.27 Módulosmodules
de membrana na treatment
in the leachate estação de parathe
enhancing o tratamento de águas
treatment capacity of residuárias
the MBR atmunicipais
a
tratamento de lixiviado em Suzhou
plant in Suzhou. e industriais
given footprint. em áreas
For example, remotas organic
the volumetric sem acesso a
loadingsistemas
rate candebeesgoto. increased
Além fromdisso,
4 toos13sistemas
3
kg RBCOD/m
HLMBR .d as the MLSS
podem concentration
oferecer alternativasincreases
no local para
13.6.3 Latest developments in MBR systems
in the MBR from 10 to 40 g/l at an SRT of
13.6.3.1 The high loaded MBR (HL MBR) concept approximately 10 days (Kim et al ., 2019). Moreover,
HL-MBR refers to an MBR operated at a high the sludge wastage can also be reduced by a factor of
organic-loading rate and high MLSS concentration 10 when increasing the MLSS concentration from 10
(15-40 g/l) (Kim et al ., 2019). Advantages of HL- to 40 g/l.
MBRs compared to conventional MBRs include: (i )
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692
692

a prestação de serviços de saneamento urgentes no transferência de oxigênio e o fator α. Portanto, as


contexto de desastres naturais ou provocados pelo características de projeto do conceito HL-MBR
homem (Barreto et al., 2017; Hai e Yamamoto, (altas concentrações de SSRB e baixos TRSs)
2011; Hai et al., 2014). maximizam as limitações de transferência de
oxigênio impostas pelos sistemas convencionais de
Tal sistema HL-MBR pode ser alcançado aeração difusa. Por causa disso, o sistema HLMBR
operando o sistema MBR em condições de TRS não pode ser operado em concentrações de SSRB
altas (isto é, não retirando lodo), ou trabalhando em de 20 g/L e superiores. Essas limitações impostas
altas taxas de carga orgânica afluente. Ao operar o pelos sistemas de aeração convencionais limitam o
sistema em condições de TRS alto, a maioria do projeto e a operação do sistema HL-MBR. Nesse
SSRB consiste em sólidos em suspensão não contexto, há uma necessidade de tecnologias de
biodegradáveis e/ou inorgânicos em vez de fornecimento de oxigênio mais eficientes para
biomassa ativa sem aumentar a capacidade de remover essas limitações de projeto.
tratamento do MBR para a mesma área. Por outro
lado, a operação do sistema MBR em um baixo Existem várias tecnologias de aeração
TRS, relativamente padrão (5 a 15 dias) e em uma inovadoras disponíveis para aprimorar o processo
alta carga afluente resulta em um lodo com de transferência de oxigênio, como deep-shaft (um
biomassa mais ativa e, portanto, aumentando a contator de tubo em U ou eixo vertical), sistemas
capacidade de tratamento do MBR para a mesma de aeração com oxigênio puro (HPO) e sistemas de
área. Por exemplo, a carga orgânica volumétrica aeração com oxigênio supersaturado. Dentre eles,
pode ser aumentada de 4 para 13 kg DQORB/m3.d sistemas de aeração com oxigênio supersaturado
conforme a concentração de SSRB aumenta no apresentam vantagens promissoras para o
MBR de 10 para 40 g/L em um TRS de acoplamento ao conceito HL-MBR. Eles foram
aproximadamente 10 dias (Kim et al., 2019). Além desenvolvidos para trabalhar com HPO e em
disso, a retirada de lodo também pode ser reduzida condições de alta pressão. As vantagens de tais
por um fator de 10 ao aumentar a concentração de sistemas incluem: (i) eles podem ser operados com
SSRB de 10 para 40 g/L. HPO em condições de alta pressão para atingir
eficiências de transferência de oxigênio acima de
Um grande desafio para o HL-MBR é a 95% (Ashley et al., 2014), (ii) seu custo
ineficiência dos sistemas de aeração convencionais operacional é baixo devido a suas necessidades de
na transferência de oxigênio em concentrações de operação e manutenção simples, (iii) eles não são
SSRB mais altas do que as usuais (por exemplo, afetados pelo sistema que está submerso (Osborn et
>20 g/L). Vários autores avaliaram os efeitos da al., 2010), (iv) eles são totalmente
concentração de SSRB na transferência de móveis/portáteis, o que é ideal para acoplamento
oxigênio relatando o fator α (a taxa de transferência com sistemas de tratamento de águas residuárias
de massa da água de processo para água limpa) móveis/portáteis, e (v) são muito simples de
(Cornel et al., 2003; Durán et al., 2016; Germain et aumentar para adaptar os sistemas de tratamento de
al., 2007; Henkel et al., 2011; Krampe e Krauth, águas residuárias. Se corretamente implementados,
2003; Muller et al., 1995). Esses autores os sistemas de aeração de oxigênio supersaturados
concordam que o fator α diminui exponencialmente podem ser capazes de eliminar a limitação atual
com a concentração de SSRB, mesmo atingindo imposta pelos sistemas convencionais de aeração
um determinado valor de concentração de SSRB no difusa no conceito HL-MBR. As duas tecnologias
qual fatores α desprezíveis são relatados. Além de aeração de oxigênio supersaturado mais
disso, a eficiência de transferência de oxigênio relevantes disponíveis no mercado são o sistema de
também é proporcional ao TRS (Rosso et al., oxigênio dissolvido supersaturado (SDOX) e a
2008); quanto menor o TRS, menor a eficiência de tecnologia de Speece cone. Exemplos de

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598
693

dispositivos em escala plena usando tais 13.6.3.2 App


T he image part w ith relationship ID rI d90 w as no t found in the file.

tecnologias são apresentados na Figura 13.28. Case 1: An H


A bench-scal
O sistema SDOX, que consiste em uma câmara system was e
pressurizada operada em condições de alta pressão 13.29 shows
(aproximadamente 800 kPa e superior) conectada a 13.30 shows t
uma fonte HPO, foi desenvolvido pela
BlueInGreen LLC nos EUA. A corrente afluente

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Th e ima ge part w ith r elation ship I D r Id90 w as no t fo un d in the file.

entra no topo da câmara pressurizada, onde uma


grande interface gás-líquido é criada entre o líquido
e o oxigênio puro, permitindo que a concentração
de oxigênio dissolvido (OD) alcance até 350 mg/L
na câmara pressurizada ou superior, dependendo
das condições de pressão operacional (Osborn et
al., 2010). A tecnologia SDOX foi avaliada
principalmente para a introdução de DO no
contexto da restauração de lagos e rios; outra
The image par t w ith relationship ID rI d90 w as no t found in the file.

aplicação inclui o controle de odores em sistemas


de esgoto municipais.
Figure 13.29 Be
A tecnologia de cone Speece, que consiste em equipped with
SDOX system p
uma câmara de contato de bolhas cônica de fluxo hand side is the
descendente conectada a uma fonte HPO, foi 2020).
desenvolvida pelo Dr. Richard Speece em 1971
(McGinnis e Little, 1998). O fluxo afluente e o
SD
fluxo HPO são introduzidos simultaneamente no
topo da câmara do cone Speece a uma pressão The image par t with r elation ship I D r Id90 w as not fo und in th e file .

moderada. A uma velocidade específica da água


para baixo, bolhas de oxigênio são empurradas para
baixo no cone e dissolvidas na corrente. A solução
supersaturada rica em oxigênio é então devolvida à
bacia receptora por meio de difusores submersos.
O2
A tecnologia cone Speece é aplicada
principalmente para a introdução de OD para
restaurar lagos e rios (Ashley et al., 2008). Pressurized
chamber

Figure 13.30 Sch


(adopted from
Figure 13.28 (A) Example of the side stream dissolution
process in the SDOX® system; (B) a containerized SDOX®
system13.28
Figura packaged
(A) inExemplo
a 20 ft ISOdo
shipping container;
processo (C) a ECO2®
de dissolução The oxyg
Speece cone system for highly effective superoxygenation. system in a w
lateral no sistema SDOX®; (B) um sistema SDOX® em
contêineres embalado em um contêiner ISO de 20 pés; (C)
um sistema ECO2® Speece cone para superoxigenação
altamente eficaz.

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694
694

13.6.3.2 Aplicações do sistema HL-MBR concentrações de SSRB no contexto do HL-MBR


13.6.3.2 Applications of the HL MBR system foram avaliados, incluindo a taxa de transferência
Caso 1: Um HL-MBR equipado com SDOX de massa de oxigênio, as eficiências de
Case 1: An HL MBR equipped with SDOX
Um HL-MBR em escala de bancada equipado com transferência de oxigênio e os fatores α (Kim et al.,
A bench-scale HL-MBR equipped with the SDOX
osystem
sistema
13.6.3.2 SDOX foi of
Applications
was establishedestabelecido
theKim
by et al.por
HL MBR Kim Figure
system
(2020). et al. 2020). A Figura 13.31 mostra os fatores α como
(2020).
13.29 A Figura 13.29 mostra a configuração uma função das concentrações de SSRB para o
Case 1: shows
An HLthe experimental
equipped withset-up,
SDOX and Figure
experimental
13.30 e aMBR
shows the Figura
schematic13.30 mostra
of the o esquema do
system. sistema SDOX em comparação com (i) os fatores α
A bench-scale HL-MBR equipped with the SDOX
sistema.
system was established by Kim et al. (2020). Figure para difusores de bolha fina (no mesmo lodo que na
13.29 shows the experimental set-up, and Figure
The imag e part w ith rela tionship ID rI d90 w as no t found in the file.
avaliação do SDOX) (Kim et al., 2019) e com (ii)
13.30 shows the schematic of the system. os fatores α para difusores de bolha convencionais
(em lodo de sistemas MBR municipais/industriais
The image part w ith relatio nsh ip ID rId90 w as n o t fo un d in the file.
em escala plena e piloto) (Germain et al., 2007).

Figure 13.29 Bench scale experimental set up of an HL MBR


equipped with the SDOX system. On the left hand side is the
Figura 13.29 Configuração experimental de bancada de
SDOX system provided by BlueInGreen LLC, and at the right
umFigure 13.29 Bench
HL-MBR scale experimental
equipado com(adopted set up SDOX.
o sistema of an HLNo
MBRlado
hand side is the MBR system from Kim et al.,
equipped with the SDOX system. On the left hand side is the
2020).
esquerdo está o sistema SDOX fornecido pela
SDOX system provided by BlueInGreen LLC, and at the right
BlueInGreen LLC,
hand side is the e no
MBR lado(adopted
system direito from
estáKim
o sistema
et al., MBR
2020). Figura 13.31 fator α em função da concentração de SSRB
(adotado de Kim et al., 2020).
SDOX Biological para o sistema SDOX, para difusores de bolhas finas (Kim
reactor
PLC et al., 2019) e para plantas de MBR municipais e industriais
SDOX Reator
Biological
Biológico
reactor
em escala completa fornecidas com difusores de bolhas
PLC
BOM finas e grossas (Germain et al. , 2007) (adotado de Kim et
al., 2020).
BOM

pH sensor
Level Ambos os estudos conduzidos com difusores de
sensor DO sensor
pH sensor
Sensor de pH bolha convencionais mostraram uma diminuição
O2 Level
Sensor
de nível
sensor Sensor
DO de OD
sensor dramática do fator α em função da concentração de
O2 SSRB, e mesmo valores desprezíveis do fator α em
concentrações de SSRB acima de 15 g/L. Por outro
Pressurized
chamber lado, o sistema SDOX exibiu valores de fator α
Pressurized
Câmara
pressurizada
chamber
muito maiores em faixas elevadas de concentração
Figure 13.30 Schematic diagram of the SDOX HL MBR system de SSRB de 15-45 g/L. Mesmo na concentração de
(adopted from
Figure 13.30 Kim et al.,
Schematic 2020).of the SDOX HL MBR system
diagram SSRB mais alta avaliada, de aproximadamente 45
am dissolution (adopted from Kim et al., 2020). g/L, um fator α de 0,35 foi relatado. Os fatores α
nerized
ream SDOX® Figura 13.30 Diagrama esquemático do sistema SDOX HL-
dissolution relatados na Figura 13.31 foram obtidos de lodo
MBRThe oxygen transfer
et al.,performances of the SDOX
ainerized SDOX ®®
ner; (C) a ECO 2 (adotado de Kim 2020). com as características esperadas para um sistema
ainer; (C) a ECO2® system
oxygenation. Theinoxygen
a widetransfer
range ofperformances of the SDOX
MLSS concentrations in the
eroxygenation.
HL-MBR (ou seja, altas concentrações de SSRB e
system in a wide range of MLSS concentrations in the
Os desempenhos de transferência de oxigênio obtidas de plantas operando em valores de TRS
do sistema SDOX em uma ampla gama de curtos). Portanto, pode-se concluir do ponto de

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vista de desempenho da transferência de oxigênio sistemas biológicos e é prática comum aplicar um


que o sistema SDOX supera os difusores fator de depósito ao estimar o desempenho dos
convencionais nas condições avaliadas e que sistemas de difusão de bolhas. Ao aplicar um fator
remove as limitações impostas pela aeração difusa de incrustação para operação de longo prazo, os
convencional para o conceito HL-MBR. É possível difusores de bolha fina exigem potência
operar o sistema HL-MBR em concentrações semelhante (84 kW) ao sistema SDOX (80 kW) em
SSRB de até 45 g/L. concentrações SSRB relevantes para o LAC. No
entanto, a uma concentração de lodo de 10 g/L (ou
O sistema SDOX precisa operar com oxigênio seja, uma faixa de concentração de MBR padrão),
puro e recircular o lodo por meio de um vaso os difusores de bolha fina (33 kW) exigem menos
pressurizado, o que pode gerar custos operacionais energia do que ambos os difusores de bolha grossa
adicionais. As necessidades de energia para o (242 kW) e o sistema SDOX (86 kW). Aplicando o
sistema SDOX em comparação com as fator de depósito para operação de longo prazo, os
necessidades de energia para difusores difusores de bolha fina exigem mais potência (99
convencionais foram avaliadas por Kim et al. kW) em comparação com o sistema SDOX (80
(2020) para um sistema MBR hipotético projetado kW). A uma concentração de 20 g/L SSRB, o
para tratar uma vazão de águas residuárias sistema SDOX (99 kW) supera significativamente
municipais afluentes de 2.000 m3/d e uma demanda os sistemas de aeração de bolha fina (672 kW) e de
biológica de oxigênio de 2.530 kgO2/dia. Os bolha grossa (554 kW). Esta faixa de concentração
resultados são apresentados na Tabela 13.9. Três SSRB se aplica ao conceito HL-MBR. Além da
sistemas de aeração diferentes foram incluídos na concentração de SSRB de 20 g/L, as diferenças são
comparação como segue: difusores finos, difusores ainda mais perceptíveis. Acima de 20 g/L, nem
grossos e o sistema SDOX. Valores de eficiência mesmo é viável introduzir OD por difusores de
de aeração padrão (EAP) média foram bolhas finas, uma vez que fatores α não detectáveis
considerados (Henze et al., 2008; foram relatados (Germain et al., 2007; Kim et al.,
www.blueingreen.com). Os fatores α selecionados 2019). A tecnologia SDOX só foi comparada aos
para esta avaliação foram retirados da literatura sistemas convencionais de aeração difusa, uma vez
conforme descrito na Tabela 13.9. Ao trabalhar que esses são os sistemas mais amplamente usados
com lodo ativado convencional padrão (LAC) - para fornecer OD em sistemas de tratamento de
concentrações relevantes de aproximadamente 4 águas residuárias (Mueller et al., 2002). Além
g/L, os difusores de bolhas finas exigem menos disso, nesta comparação, apenas os requisitos de
energia (28 kW) em comparação com os difusores energia (potência) foram discutidos e os custos
de bolhas grossas (147 kW) e ao sistema SDOX (80 adicionais para atividades de manutenção não
kW). Deve-se notar que os fatores α declarados foram considerados. A tecnologia SDOX pode
acima para sistemas de difusores de bolhas são exigir menos manutenção em comparação com os
maiores do que os relatados em estudos em ETEs sistemas de aeração difusa, o que representa outras
operacionais em escala plena. Rosso et al. (2005), vantagens potenciais para a tecnologia SDOX que
com base em dados operacionais de podem tornar o sistema competitivo na faixa mais
aproximadamente 30 ETEs, relatou um fator α baixa de concentrações avaliadas de SSRB e ser
médio de 0,3 para sistemas operando com baixos ainda mais vantajoso na faixa alta de concentração
TRSs. Os sistemas difusores de bolhas são de SSRB.
propensos ao depósito quando operados em

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696
696

Tabela 13.9 Comparação da energia requerida para sistemas de aeração em função da concentração de SSRB (adotado de Kim
et al., 2020).

SSRB Tipo de sistema de aeração


(g/l) Difusor de bolhas finas Difusor de bolhas grossas
Fator α Energia requerida Fator α Energia Fator α Energia requerida
(kW) EAP (4,2 requerida (kW) EAP (4,1
Kg/kWh) (kW) EAP Kg/kWh)
(1,0 Kg/kWh)
Germain Kim et Germain Kim et Gunder, Gunder, 2000 Kim et al., Kim et al., 2019
et al., al., 2019 et al., al., 2019 2000 2019
2007 2007
4 1,00 0,90 25 28 0,72 147 0,85 80
10 0,50 0,75 50 33 0,44 242 0,71 86
20 0,04 ND 672 0,19 554 0,53 99
30 ND ND 0,08 1271 0,39 116
45 ND ND 0,02 4416 0,25 153

Caso 2: Um HL-MBR equipado com um sistema para o cone. As avaliações foram realizadas
de cone Speece alimentando o cone com HPO em vazões de gás
O desempenho do sistema Speece cone também foi variando entre 5 e 40% da capacidade máxima
avaliado no contexto de HL-MBRs. Barreto et al. teórica de dissolução de oxigênio do cone. Os
(2017) avaliaram o desempenho de um MBR autores relataram que a Eficiência de Transferência
fornecido com um sistema Speece cone alimentado de Oxigênio em água limpa sob condições padrão
com esgoto. Além disso, Barreto et al. (2018) (ETOP) não é afetada pela pressão dentro do cone,
avaliaram o desempenho de transferência de nem pela velocidade de entrada, nem pela vazão de
oxigênio do Speece cone em várias condições recirculação. Porém, Taxa de transferência de
operacionais em água limpa e com lodo. A oxigênio em água limpa sob condições padrão
configuração piloto com uma capacidade de (TTOP) aumenta com a pressão dentro do cone e
tratamento de ~ 1 m3/d foi instalada no salão de com a taxa de recirculação, não sendo afetada pela
pesquisa Delft Blue Innovations na estação de velocidade de entrada. Além disso, o TTOP
tratamento de águas residuárias Harnaschpolder em aumenta com a vazão em massa de HPO no cone,
Den Hoorn, Holanda. A Figura 13.32 mostra a embora o ETOP seja afetado negativamente.
configuração experimental. A Figura 13.33 mostra Portanto, se um TTOP mais alto for o produto
o diagrama de fluxo de processos esquemático do desejado, o sistema Speece cone deve ser operado
sistema Speece cone HL-MBR. na pressão operacional máxima permitida, vazão de
recirculação e vazão de gás HPO. No entanto,
As condições operacionais avaliadas por quanto maior a vazão do HPO, menor o ETOP.
Barreto et al. (2018) incluem a pressão dentro do Portanto, a decisão sobre qual vazão de HPO o cone
cone, a velocidade de entrada no cone, a vazão de deve ser operado deve ser baseada nas necessidades
recirculação e a vazão em massa de oxigênio puro de oxigênio do sistema e em considerações

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Speece cone system should be operated at the replaced.

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maximum allowable operational pressure,
recirculation flow rate, and HPO gas flow rate.
However, the higher the HPO gas flow rate, the lower Permeate/

the SOTE. So the decision at which HPO gas flow rate


backwash water
tank
697
the cone should be operated should be based both on
the oxygen needs of the system and on financial DO pH T PIT
econômicas
considerationssobre
on theocapital
capital versus
versus os custos
the operational
operacionais do sistema.
costs of the system. Valores
SOTE values de ETOP de
of approximately Screened
100 % can be achieved,
aproximadamente 100%butpodem
at the expense of either
ser alcançados, influent tank
having a large Speece cone system, or by operating
mas às custas de ter um grande sistema de Speece at
a high sludge recirculation rate through the
cone, ou operando a uma alta recirculação de lodo Speece
cone (i.e.
através dohigh energy
Speece needs
cone andé,operational
(isto costs).
alto requerimento O2
Anoxic tank Air
Aerobic tank Speece
de energia e custos operacionais). cone

The ima ge p art w ith r elationship I D r Id90 w as no t found in the file.

Figure 13.33 Schematic process flow diagram of the Speece


cone HL MBR system (adopted from Barreto et al., 2017).

Barreto
Figura et13.33 al . Diagrama
(2017) esquemático
also evaluated the
do processo do
performance of the Speece cone HL-MBR at a MLSS
sistema HL-MBR com Speece cone (adotado de Barreto et
concentration of up to approximately 30 g/l. The
al., 2017).
results are shown in Figure 13.34. The loading rates to
the HL-MBR system were continuously increased by
Barreto et al. (2017) também avaliaram o
mostly increasing the COD influent concentration
desempenho
until reaching the desired do HL-MBR com Speece tocone em
MLSS concentration
uma concentração
operate the HL-MBR system. The Speece de SSRB
cone HL-de até
MBR aproximadamente
system performed 30 g/L. Os
properly, resultados são
biologically
Figure 13.32 The pilot scale Speece cone HL MBR system removingmostrados
all the influentna COD
Figura 13.34. aAs
until reaching MLSS taxas de
located at the Harnaschpolder wastewater treatment plant carregamento
concentration of 25 to 30 para o these
g/l. At sistema HL-MBR foram
concentrations
Figura
in Den 13.32
Hoorn, O The
sistema de Speece
Netherlands. On cone HL-MBR
the left em of
hand side escala
the aumentadas
the system still exhibited CODcontinuamente aumentando
removal efficiencies,
piloto localizado
photo is the Speecenacone
estação dedevice,
aeration tratamento
and on de
the águas
right
hand side is Harnaschpolder
the MBR (photo: H.A.
however, not as wella concentração
principalmente as at the lower de DQO MLSS
no afluente
residuárias em Garcia).
Den Hoorn, Holanda. No
concentration values.
até atingir The COD removal
a concentração efficiencies
de SSRB desejada para
lado esquerdo da foto está o dispositivo de aeração do
decreased fromo sistema
operar approximately
HL-MBR. 100% to 80%.HL-MBR
O sistema The do
Speece cone e no lado direito está o MBR (foto: H.A. cause for this reduction was a limiting capacity in the
Compared to fine bubble diffused aeration, the Speece cone funcionou adequadamente,
Garcia). flow of the recirculation sludge pump that limited the
Speece cone is more efficient, since nearly 100% of removendo biologicamente todo a DQO afluente
até atingir a concentração de SSRB de 25 a 30 g/L.
Em comparação com a aeração difusa por
Nessas concentrações, o sistema ainda exibia
bolhas finas, o Speece cone é mais eficiente, uma
eficiências de remoção de DQO, no entanto, não
vez que quase 100% do oxigênio fornecido pode
tão bem como com valores de concentração de
ser efetivamente distribuído na solução receptora
SSRB mais baixos. As eficiências de remoção de
final. Além disso, não há necessidade de grande
DQO diminuíram de aproximadamente 100% para
quantidade de energia para comprimir enormes
80%. A causa para esta redução foi uma capacidade
quantidades de ar em sistemas de aeração difuso
limitada da vazão da bomba de recirculação do
que são liberados de volta à atmosfera carregando
lodo, que limitou a quantidade de OD introduzida
vários compostos voláteis. Além disso, o Speece
no sistema. No entanto, o sistema Speece cone
cone também dispensa manutenção, uma vez que
mostrou um bom desempenho geral de remoção de
não necessita de limpeza ou substituição dos
DQO quando forçado com concentrações mais
difusores.
altas de SSRB.

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desenvolvimento do depósito em plantas MBR de


grande escala, por exemplo, variações sazonais das
taxas de depósito da membrana. Então, de acordo
com a big data de plantas MBR, diagnósticos
auxiliados por computador e controle de depósito
de membrana (por exemplo, com o auxílio de
inteligência artificial) podem ser desenvolvidos em
um futuro próximo. Além disso, como a limpeza
química é essencial para a recuperação do fluxo, o
trabalho futuro também deve se concentrar na
busca por agentes de limpeza mais eficientes e no
Figura 13.34 Remoção de DQO em função da desenvolvimento de novos modos de limpeza.
concentração de SSRB para o HL-MBR com Speece cone Outros métodos de controle de depósito assistidos
(adotado de Barreto et al., 2017). mecanicamente, como vibração mecânica, são uma
alternativa potencial.

13.7 TENDÊNCIAS FUTURAS DA Reduzindo os custos operacionais e de capital


TECNOLOGIA MBR Maiores custos de capital e operacionais são outro
fator que limita a aceitação de MBRs pelo setor de
Após meio século de desenvolvimento, os MBRs
saneamento. Uma redução no custo de capital pode
são reconhecidos como uma alternativa muito
ser alcançada por meio do desenvolvimento de
promissora para o tratamento de águas residuárias
membranas de baixo custo ou do desenvolvimento
municipais e industriais. Como mencionado acima,
de membranas resistentes a produtos químicos com
eles têm várias vantagens sobre os processos de
uma longa vida útil. O custo operacional pode ser
LAC convencionais devido ao envolvimento da
reduzido otimizando os sistemas de lavagem da
separação por membrana. Em geral, a aplicação de
membrana e aeração do biorreator, que estão
MBRs pode reduzir substancialmente o uso de área
ligados ao controle de depósito da membrana e
de terreno e melhorar a qualidade do efluente, etc.
remoção de poluentes, respectivamente.
Como tal, os MBRs são uma alternativa
Independentemente disso, os modos de aeração
indispensável no campo do tratamento e
devem ser atualizados para melhorar o controle de
recuperação de águas residuárias. No entanto, os
depósito das membranas e aumentar a transferência
desafios permanecem. Pesquisas futuras devem se
de oxigênio no licor misto, o que pode levar a uma
concentrar em abordar os desafios que incluem (i)
redução no uso de aeração.
controlar o depósito na membrana, (ii) reduzir os
custos operacionais e capitais, (iii) melhorar os
Melhorando os efeitos sinérgicos entre
efeitos sinérgicos entre membranas e
membranas e microrganismos
microrganismos e (iv) aplicar MBRs
Devido ao controle independente de TRS e TDH,
racionalmente.
as concentrações de SSRB são mais altas em MBRs
do que em processos de LAC. Portanto, há uma
Controle do depósito na membrana
grande oportunidade de tirar proveito de
A ocorrência do depósito na membrana pode em
populações bacterianas com tão alta concentração
último caso resultar em manutenção manual
e alta biodiversidade. Por exemplo, MBRs podem
inesperada e irregular, como a implementação de
permitir a ocorrência de desnitrificação endógena,
limpeza intensiva. Isso leva a cargas de trabalho
a possibilidade de redução de lodo e o crescimento
adicionais para uma planta MBR. Assim, é
de microrganismos especializados. Aumentar os
necessário compreender os padrões de
efeitos sinérgicos entre membranas e

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microrganismos por meio de vários métodos, como se obter recuperação de recursos e de energia de
otimização de processo, pode diminuir fluxos de águas residuárias.
potencialmente o custo de operação e melhorar a
remoção de poluentes de MBRs. Agradecimentos
Os autores expressam sua grande gratidão ao Dr.
Aplicar MBRs racionalmente Guihe Tao do PUB, Agência Nacional de Água de
Sem dúvida, os MBRs são preferidos em cidades Cingapura, ao Dr. Jinsong Zhang da CITIC
densamente povoadas onde o uso do solo é Envirotech Ltd., ao Dr. Min Luo da SUEZ Water
relativamente caro ou em regiões com deficiência Technologies & Solutions e à China Everbright
hídrica. Os MBRs também podem ser usados para International Ltd. por fornecerem informações
o tratamento descentralizado de águas residuárias sobre os casos em escala plena na Seção 13.6. Os
(como em áreas rurais), porque os MBRs, em autores também gostariam de agradecer ao Sr. Sang
comparação com os processos de LAC, são mais Yeob Kim e ao Sr. Mauricio Barreto, alunos de
fáceis para fazer instalação modular, com alta doutorado do Instituto IHE Delft para Educação em
flexibilidade na configuração do processo e Água, por sua contribuição técnica para o
gerenciamento centralizado. Além disso, os desenvolvimento do HL-MBR na Seção 13.6.3.
processos MBRs+OR combinados são muito Além disso, os autores gostariam de agradecer a
apropriados para atingir descarga zero de líquido BlueInGreen LLC, OVIVO Water-MBR Systems e
durante o tratamento de águas residuárias ECO Oxygen Technologies LLC por seu apoio
industriais. Por causa da alta seletividade das financeiro para conduzir a maioria das pesquisas
membranas e da forte capacidade de biodegradação sobre HL-MBR apresentadas na Seção 13.6.
da biomassa, os MBRs também são atraentes para

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NOMENCLATURA

Símbolo Descrição Unidade


AM Área de membrana total m2
AM0 Área de membrana por unidade de cassete de membrana m2
AP Área de membrana projetada dos cassetes de membrana m2
Co Concentração média de OD no tanque aeróbio mg/L
Comd Concentração de OD na recirculação do tanque de membrana mg/L
para o tanque aeróbio
Cos(20) Concentração de OD na água limpa saturada a 1 bar e 20 ºC mg/L
Cos(T) Concentração de OD na água limpa saturada a 1 bar e T ºC mg/L
F Fator de segurança para estimativa da idade do lodo mínima na -
zona aeróbia
FM Fator de segurança para cálculo da área de membrana -
f Taxa de conversão de lodo do SS gSSRB/gSS
GM Suprimento padrão de ar do soprador para o tanque de Nm3/h
membrana
GO Suprimento padrão de ar do soprador para reações biológicas Nm3/h
g Aceleração da gravidade m/s2
h Profundidade do tanque aeróbio m
Javg Fluxo médio de um ciclo de filtração l/m2.h
Jb Fluxo da retrolavagem l/m2.h
Kdn Taxa específica de desnitrificação kgNO3—
N/kgSSRB.d
Kn Constante de meia velocidade para utilização de amônia mgNH4+-N/L
Kow Coeficiente de partição octanol/água -
k1 O primeiro parâmetro empírico para estimativa do fator α -
k2 O segundo parâmetro empírico para estimativa do fator α -
kd Coeficiente de decaimento endógeno d-1
Ls Carga orgânica do lodo kgBOD5/kgSSR
B.d
Nk0 Concentração de nitrogênio Kjeldahl no afluente do tanque mg/L
aeróbio
Nke Concentração de nitrogênio Kjeldahl no efluente da membrana mg/L
NOM1 Concentração de amônia na zona aeróbia mg/L
Nt0 Concentração de NTno afluente do sistema biológico mg/L
Nte Concentração de NT no efluente do sistema biológico mg/L
nM Número de cassetes de membrana
O Demanda de oxigênio para reações biológicas na zona aeróbia kgO2/d
Om Demanda de oxigênio compensada pela desnitrificação kgO2/d
Odm Quantidade de oxigênio trazido pelo líquido recirculado do
tanque de membrana ao tanque aeróbio
On Demanda de oxigênio para nitrificação kgO2/d
Os Demanda de oxigênio para oxidação de carbono orgânico kgO2/d
Ostd Demanda de oxigênio padrão a 20 ºC e 1 bar em água limpa kgO2/d
P Pressão atmosférica atual kPa
Px Conteúdo de fósforo no lodo kgP/kgSSVRB
Q Vazão de projeto m3/d
QA2→A1 Vazão de recirculação do tanque anóxico para o anaeróbio m3/d
QM→O Vazão de recirculação do tanque de membrana para o aeróbio m3/d
QO→A2 Vazão de recirculação do tanque aeróbio para o anóxico m3/d
Qw Vazão de descarte de lodo média m3/d

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Símbolo Descrição Unidade


RA2→A1 Razão de recirculação do tanque anóxico para o anaeróbio -
RM→O Razão de recirculação do tanque de membrana para o aeróbio -
RO→A2 Razão de recirculação do tanque aeróbio para o anóxico -
S0 Concentração de DBO5 na alimentação mg/L
Se Concentração de DBO5 no efluente mg/L
SS0 Concentração de SS na alimentação do sistema biológico mg/L
SSe Concentração de SS no efluente do sistema biológico mg/L
T Temperatura do licor misto ºC
tA1 TDH do tanque anaeróbio h
tb Intervalo do retrolavagem da membrana minute
VA1 Volume do tanque anaeróbio m3
VA2 Volume do tanque anóxico m3
VM Volume do tanque de membrana m3
VM1 Volume do tanque de membrana excluindo o cassete de m3
membrana
VO Volume do tanque aeróbio m3
VOM1 Volume da zona aeróbia, i.e suma de VO e VM1 m3
Vt Volume total dos tanques biológicos m3
vn Taxa de utilização específica de amônia kgNH4+-
N/kgSSRB.d
vnm Taxa de utilização máxima específica de amônia kgNH4+-
N/kgSSRB.d
X Média ponderada das concentrações de MLSS dos tanques g/L
biológicos
XA2 Concentração de SSRB no tanque anóxico g/L
XM Concentração de SSRB no tanque de membrana g/L
XO Concentração de SSRB no tanque aeróbio g/L
XOM1 Média ponderada das concentrações de MLSS dos tanques g/L
aeróbio e de membrana
Y Produção de biomassa kgSSVRB/kgD
BO5
Yt Produção de biomassa observada kgSSRB/kgDB
O5
y Proporção de SSRB volátil no SSRB total kgSSVRB/kgSS
RB
ΔX Taxa de produção de lodo em excesso kgSSRB/d
ΔXv Taxa de descarga de biomassa kgSSVRB/d

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Abreviação Descrição
A/M Razão alimento/microrganismo
A1 Tanque anaeróbio
A2 Tanque anóxico
AAO-MBR Anaeróbio/anóxico/aeróbio-MBR
AAOA-MBR AAO-MBR com um pós-tanque anóxico
AC Acetato de celulose
Ag NP Nanopartícula de prata
AGMBR MBR de lodo aeróbio granular
AI Autoindutor
Anammox Oxidação anaeróbia de amônia
AnMBR MBR anaeróbio
AO-MBR Anóxico/aeróbio-MBR
AOX Halogênios orgânicos absorvíveis
ARG Genes resistentes a antibióticos
AsMBR MBR de pulverização de ar
DQOb DQO biodegradável
BRA Bactérias resistentes a antibióticos
BOW Beijing Origin Water Technology Co. Ltd.
C60 Fulerenos
RQA Retrolavagem quimicamente assistida
CEL CITIC Envirotech Ltd.
LIL Limpeza no local
CNT Nanotubo de carbono
COT Carbono orgânico total
Cu NP Nanopartícula de cobre
DBO Demanda bioquímica de oxigênio
DQO Demanda química de oxigênio
EDC Composto disruptor endócrino
ENM Nanomaterial projetado
EP Eletroforese
EPS Substâncias poliméricas extracelulares
ETE Estação de tratamento de esgoto
FO Osmose direta
FS Placa plana
GO Óxido de grafeno
HF Fibra oca
HFMBR MBR de biofilme híbrido
HL-MBR MBR de alta taxa
HPO Oxigênio de alta pureza
IA Aeração intermitente
iMBR MBR submerso
IOC Circulação interna e externa
JLMBR MBR jet loop
LAC Lodo ativado convencional
M Tanque de membrana
MBR Biorreator com membrana

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Abreviação Descrição
MCBR Biorreator de coagulação e membrana
MD Destilação por membrana
MDBR Biorreator de destilação por membrana
MEC Portadores de enzimas magnéticas
MF Microfiltração
SSRB Sólidos em suspensão no reator biológico
SSVRB SSRB volátil
MRC Mitsubishi Rayon Co. Ltd.
MT Multitubo
NH4+-N Nitrogênio amoniacal
NM Nanomaterial
NT Nitrogênio total
CAPosmoo Carvão ativado em pó
PAN Poliacrilonitrila
PE Polietileno
PES Polietersulfona
PET Polietileno tereftalato
POTr Poluente orgânico traço
PP Polipropileno
PPCP Produtos farmacêuticos e de cuidados pessoais
PS Polisulfona
PT Fósforo total
PTFE Politetrafluoretileno
PTM Pressão transmembrana
PVDF Fluoreto de polivinilideno
OD Oxigênio dissolvido
RO Osmose reversa
QQ Quorum quenching
QS Quorom sensing
RBN Remoção biológica de nitrogênio
rGO Óxido de grafeno reduzido
DEAf A demanda específica de aeração em relação à área de projeto do cassete
de membrana
DEAm Demanda de aeração específica em relação à área de membrana
DEAp Demanda de aeração específica em relação à vazão de permeado
EAP Eficiência de aeração padrão
SDOX Oxigênio dissolvido supersaturado
sMBR MBR de fluxo tangencial
SMP Produtos microbianos solúveis
SRMBR MBR submerso rotativo
SS Sólidos em suspensão
ETOP Eficiência de Transferência de Oxigênio em água limpa sob condições
padrão

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Abreviação Descrição
TTOP Taxa de transferência de oxigênio em água limpa sob condições padrão
TDH Tempo de detenção hidráulica
TiO2 NP Nanopartícula de dióxido de titânio
TRS Tempo de retenção de sólidos
UCT Universidade da Cidade do Cabo
UV Ultravioleta
VSMBR MBR submerso vertical
ZnO NP Nanopartícula de óxido de zinco

Símbolos gregos Explicação Unidade


α Razão do coeficiente de transferência de oxigênio no lodo para aquele em -
água limpa
β Razão da concentração de OD saturado no lodo para aquele em água limpa -
ηA Eficiência da transferência de oxigênio do soprador %
θOM1 Idade do lodo mínima na zona aeróbia d
θM Idade do lodo total (i.e. TRS) d
µn Taxa de crescimento específica de bactérias nitrificantes d-1
µnm Taxa de crescimento máxima específica de bactérias nitrificantes d-1
ρ Densidade do licor misto g/cm3
τ0 Período de relaxamento de um ciclo de filtração minuto
τ1 Período de operação de um ciclo de filtração minuto
τ2 Duração de uma retrolavagem de membrana minuto
φM Densidade de empacotamento aparente de membrana no tanque de membrana m2/m3

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14 Modelagem de processos de lodo


ativado
Mark C.M. Van Loosdrecht, George A. Ekama, Carlos M. Lopez
Vazquez, Sebastiaan C.F. Meijer, Christine M. Hooijmans e
Damir Brdjanovic
Tradução: Lucas Brandimarte Molleta

14.1 O QUE É UM MODELO? tempo, mas não no intervalo de tempo em que se


está interessado. Por exemplo, caso a dinâmica
Um modelo pode ser definido como uma diária em uma estação de tratamento de esgoto seja
representação ou descrição (muitas vezes de interesse, a concentração de amônia no efluente
simplificada) de um sistema de interesse (Wentzel variará no tempo; a concentração de nitrato variará
e Ekama, 1997). Isso consequentemente significa nos reatores, etc. Entretanto, dentro de um dia, as
que um modelo nunca reflete exatamente a concentrações de amônia e nitrato no digestor de
realidade. Então, a questão ‘Este modelo descreve lodo, que fazem algumas vezes parte do modelo
uma estação de tratamento de esgoto?’ não tem total de lodo ativado, não irão variar. Usualmente o
sentido, a menos que a(s) parte(s) da estação de tempo de detenção hidráulico é 30 dias, resultando
tratamento que o modelo deva descrever já em um tempo de variação característico neste
tenha(m) sido definida(s). Nunca se desenvolve um digestor da ordem de duas ou três semanas.
modelo que descreve cada organismo, cada Consequentemente, pode-se considerar o processo
molécula de água ou cada detalhe do processo. ocorrendo no digestor como estando em um tipo de
Modelos são usados como simplificações da estado congelado. Dificilmente há qualquer
realidade, de tal maneira que eles descrevam aquela variação diária nos processos em comparação com
parte da realidade que é relevante para entender e aqueles ocorrendo na linha de tratamento de
para se lidar. É importante também notar que um esgoto. Por outro lado, há processos que são tão
modelo matemático só pode ser bem-sucedido se rápidos que eles estão em estado estacionário ou em
ele cumpre as expectativas que as pessoas têm dele. condição de equilíbrio. Esses processos ocorrem
tão rapidamente que a velocidade de mudança
Há dois aspectos que são muito relevantes em excede muito a dinâmica de interesse. As
modelagem: os aspectos de tempo e de escala. Em mudanças que são de interesse comum em
geral, processos podem ser separados em três tratamento de esgoto são, por exemplo, mudanças
grupos da perspectiva de tempo. Eles podem ser em na concentração de amônia, que tem o valor da taxa
estado congelado, dinâmico e estacionário. na ordem de grandeza de horas. As mudanças que
Modelos são geralmente feitos para descrever o são relevantes para controle de processo possuem
estado dinâmico, em que variações ocorrem como valores de taxa na ordem de minutos. Entretanto,
função do tempo. Quando um processo está em um ao se considerar processos de precipitação química,
estado congelado significa que ele mudará com o eles irão ocorrer mais ou menos instantaneamente

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(em alguns segundos). Estes processos rápidos não entanto, na modelagem padrão de lodo ativado, isso
têm que ser descritos em uma maneira dinâmica é negligenciado, por não ser relevante o suficiente
porque eles ocorrem tão rapidamente que se pode para ser levado em consideração.
assumir que eles estão em condição de equilíbrio Consequentemente, isso significa que os modelos
ou completamente realizados. Portanto, uma das de lodo ativado geralmente não são projetados para
primeiras considerações ao se fazer um modelo é descrever um sistema na escala de um floco de lodo
considerar quais processos são de interesse, ativado, mas na escala de um reator.
seguida por uma determinação da escala de tempo
relevante, uma avaliação da dinâmica do processo, A próxima etapa na modelagem é examinar o nível
e finalmente uma descrição adequada dos de detalhe relevante de um modelo microbiano
processos que são variáveis no tempo. Os outros (Figura 14.1).
processos, que estão em um estado congelado ou
estacionário, não são de importância primária já
que podem ser introduzidos de maneira muito mais
veloz e simples no modelo, ou até omitidos. Isso
porque eles podem ser considerados como
processos contínuos com concentrações estáveis
sob certas condições (como em digestores). Então,
o aspecto do tempo é o primeiro grande problema
Figura 14.1 Representação esquemática do refinamento
na tentativa de simplificar a realidade. A
passo a passo de um modelo (Smolders et al., 1995).
abordagem recomendada é considerar as constantes
de tempo e selecionar os processos que têm a
dinâmica na ordem das constantes de tempo de Os métodos de projeto típico tradicional de
interesse. Para o tratamento de esgoto, isso tratamento de esgoto são baseados na abordagem
geralmente significa dinâmica horária ou diária e, de ‘caixa preta’ com foco nas características do
às vezes, dinâmica anual. No último caso, é claro, afluente e efluente da estação, enquanto nada ou
a digestão se tornará importante, pois ao longo do muito pouco é conhecido sobre o que está
ano o desempenho de um digestor mudará porque acontecendo em seu interior. Os parâmetros de
a produção de lodo irá variar durante o ano. projeto tradicionais, como a relação A/M (taxa de
carregamento de lodo), não são baseados na
A segunda questão relevante para modelagem é a compreensão dos processos de uma estação de
resolução do espaço. Pode-se, teoricamente, fazer tratamento de esgoto. No entanto, pode-se projetar
um modelo que descreva cada centímetro quadrado uma estação razoavelmente bem aplicando uma
de uma estação de lodo ativado. No entanto, a taxa de carregamento adequada, sem realmente
questão é se alguém está interessado em tal saber quais processos estão ocorrendo nela.
descrição detalhada em primeiro lugar. A resposta Portanto, o modelo caixa preta pode funcionar bem
depende novamente do propósito do modelo. Em na prática.
geral, na prática de tratamento de esgoto, o
tamanho do reator é da ordem de dezenas de O modelo caixa preta não é por definição errado ou
metros. Para descrever os gradientes de não científico, mas a aplicação de sua abordagem
concentração de componentes relevantes no reator, depende muito da finalidade do modelo. Se o
dos quais o oxigênio é o mais sensível, objetivo é projetar uma estação de tratamento de
normalmente é necessária uma escala de alguns esgoto, a prática tem mostrado que a relação A/M
metros. Em outra escala, existe um gradiente de pode ser uma abordagem básica muito boa para o
concentrações dentro do floco de lodo ativado que projeto, apesar do fato de não fornecer informações
pode teoricamente ser descrito por um modelo. No sobre a composição do lodo. Pode-se refinar esta

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abordagem e avançar para modelos caixa cinza, Tecnicamente e em princípio isso é possível, mas,
como foi o caso no Modelo de Lodo Ativado No. 1 novamente, deve ser feito dependendo da
(ASM1, sigla do nome em inglês Activated Sludge finalidade e do uso do modelo. Se o modelo for
Model, Henze et al., 1987a, 1987b), No. 2 (ASM2, muito complexo e com muitos parâmetros em
Henze et al., 1995) e No. 2d (ASM2d, Henze et al., relação ao que se deseja descrever, essa abordagem
1999). Aqui, o lodo foi dividido em frações pode ser geralmente considerada uma perda de
relevantes: uma fração de matéria orgânica inerte, tempo e esforço. Também não há necessidade
uma fração de bactérias nitrificantes, bactérias absoluta de um modelo descrever exatamente a
heterotróficas, bactérias desnitrificantes e uma realidade. Até que ponto a realidade deve ser
fração de bactérias removedoras de fosfato. correspondida depende novamente do propósito.
Diferentes aspectos funcionais do lodo foram Por exemplo, se alguém deseja ter uma ideia sobre
especificados para um modelo baseado em a emissão de N2O de estações de tratamento esgoto,
populações onde comunidades microbianas talvez três ou quatro teorias possam ser criadas e
selecionadas foram definidas dentro do lodo incorporadas ao modelo. Neste ponto, é de
ativado e, como tal, incorporadas ao modelo. interesse primordial olhar para os resultados da
simulação de diferentes modelos em termos de
Além disso, o metabolismo dos organismos e suas tendências e em que medida essas tendências
rotas metabólicas internas também podem ser refletem a realidade. Neste estágio, deve-se focar
descritos. Com esse aumento nas informações, a apenas nas tendências e uma boa calibração, ajuste
abordagem se aproxima da modelagem caixa de exato e conhecimento preciso dos valores dos
vidro (como o Modelo de Lodo Ativado No. 3: parâmetros não são necessários. Pelo contrário, por
ASM3, Gujer et al., 1999, e o modelo TU Delft de exemplo, se for necessário prever o desempenho de
RBAF: modelo TUDP, Van Veldhuizen et al., uma estação para atender à legislação que exige que
1999). Isso resulta em um modelo maior e mais cada amostra retirada do efluente seja inferior a
complexo. O desafio aqui é descobrir para cada 1 mgNH4/L, então a precisão dos parâmetros
processo qual é o nível adequado de descrição. A colocados no modelo deve ser muito superior.
questão é: o aumento da complexidade também Neste caso, deve-se garantir que a previsão do
aumenta a qualidade do modelo (saídas), ou seja, modelo deva ser exatamente inferior a 1 mgNH4/L.
fornece uma melhor descrição da estação de Esses dois exemplos mostram novamente que o
tratamento de esgoto? Por exemplo, foi modelo deve sempre ser julgado em relação ao
demonstrado que com um aumento no nível de propósito de seu uso.
detalhe na descrição da nitrificação, uma melhoria
marginal do desempenho do modelo pode ser Podem ser identificados dois extremos no tipo de
obtida, enquanto no caso da remoção de fosfato, modelos matemáticos: modelos empíricos e
uma melhoria significativa pode ser obtida mecanísticos. Um modelo empírico é baseado no
incluindo uma descrição metabólica. Portanto, a reconhecimento dos parâmetros que parecem ser
preferência pela modelagem de caixa preta, cinza essenciais para descrever o padrão comportamental
ou de vidro depende muito do propósito e da de interesse e a vinculação destes parâmetros por
aplicação do modelo. Este é o ponto em que a relações empíricas estabelecidas pela observação.
modelagem geralmente dá errado, pois os Os mecanismos e/ou processos que operam no
modeladores negligenciam o propósito e fazem do sistema não são conhecidos ou são ignorados: uma
próprio modelo o propósito da modelagem. abordagem clássica da caixa preta. Em contraste,
um modelo mecanístico é baseado em alguma
Claro, pode-se até tentar avançar para o próximo conceituação dos mecanismos biológicos/físicos
nível de complexidade, incluindo fundamentos da que operam no sistema, ou seja, é baseado em uma
genética microbiana e mudança genética. ideia conceitual (ou modelo). A complexidade

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deste modelo mecanístico dependerá do grau de provavelmente não incluirá todos os processos e
compreensão dos processos biológicos e químicos compostos que estão presentes no sistema; apenas
que ocorrem no sistema. Como os modelos aqueles considerados significativos para o
mecanísticos têm alguma base conceitual, eles cumprimento dos objetivos definidos para o
costumam ser mais confiáveis do que os modelos modelo precisam ser incluídos. A arte de construir
empíricos. Por causa de sua abordagem de caixa modelos conceituais e mecanísticos está em
preta, os modelos empíricos têm uma aplicação eliminar os processos e compostos que pouco ou
estritamente restrita pelos limites (por exemplo, nada contribuem para o cumprimento dos objetivos
características do esgoto, parâmetros do sistema) definidos para o modelo. É uma perda de tempo e
dentro dos quais o modelo foi desenvolvido; apenas esforço desenvolver um modelo complicado, onde
a interpolação é possível. Sendo baseados um mais simples é adequado. É muito improvável
conceitualmente, os modelos mecanísticos têm que um modelo que descreva um fenômeno
maior segurança na aplicação fora dos limites dos completamente possa ser desenvolvido.
quais foram desenvolvidos; tanto a interpolação Teoricamente, uma descrição completa deve
quanto a extrapolação são possíveis. No entanto, incluir aspectos até o nível mais fundamental. O
em última análise, todos os modelos são apenas a nível de organização geralmente é definido pelos
nossa racionalização de padrões comportamentais objetivos do modelo. Por exemplo, ao modelar o
de processos que concebemos ser de interesse. comportamento biológico em sistemas de
Devido a esta racionalização, qualquer modelo tratamento de esgoto, não podemos incluir
precisa ser rigorosamente calibrado e diretamente os mecanismos de controle bioquímico
adequadamente verificado por testes apropriados. (como relações ADP/ATP e NAD/NADH), ou
Além disso, as condições dentro das quais se espera mesmo o comportamento de espécies específicas
que o modelo opere com sucesso precisam ser de microrganismos. A biomassa em suspensão no
delineadas com firmeza. Para os modelos sistema de lodo ativado contém uma grande
empíricos, essas são estritamente as condições diversidade de diferentes espécies de
dentro das quais o modelo foi desenvolvido, microrganismos para as quais técnicas de
enquanto para os modelos mecanísticos essas são identificação e enumeração tornaram-se
as condições sob as quais se espera que o recentemente disponíveis. Essas técnicas, no
comportamento conceituado permaneça válido. É entanto, são demoradas e trabalhosas. Em vez
evidente a partir da discussão anterior que os disso, os microrganismos que cumprem uma
modelos com base mecanística têm maior potencial função particular no sistema de lodo ativado (por
para aplicação em estações de tratamento esgoto, e exemplo, degradação aeróbia de orgânicos ou
a atenção será focada nesses modelos. nitrificação) são agrupados como uma única
entidade, que é chamada de organismo ‘substituto’.
Os processos operando em um sistema e os A este organismo substituto é atribuído um
compostos sobre os quais atuam devem ser conjunto de características únicas que refletem o
identificados a fim de estabelecer um modelo comportamento do grupo, mas podem não refletir
conceitual no qual se baseia o modelo matemático as características de qualquer organismo individual
mecanístico. As várias interações entre os ou espécies de organismos no grupo. Para ilustrar,
processos e entre os processos e compostos são essa abordagem é equivalente a modelar o
delineadas descritivamente. Para desenvolver o comportamento ‘macroscópico’ de uma floresta de
modelo mecanístico a partir do modelo conceitual, árvores em oposição ao comportamento
as taxas de processo e as interações ‘microscópico’ de cada árvore individual ou
estequiométricas com os compostos são espécies de árvores que compõe a floresta. Ao
formuladas matematicamente. O equivalente considerar o comportamento da floresta, um
matemático do modelo mecanístico muito parâmetro que poderia ser modelado, por exemplo,

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é a produção de dióxido de carbono (CO2). A as descrições completas dos parâmetros do sistema


floresta como entidade terá taxas de produção e não são necessárias. Eles são orientados para
consumo de CO2 definidas. As espécies de árvores determinar os parâmetros de projeto mais
individuais dentro da floresta, ou mesmo cada importantes do sistema. Por outro lado, os modelos
árvore, podem ter taxas específicas de produção e dinâmicos têm vazões e cargas variáveis e,
consumo de CO2 que divergem significativamente portanto, incluem o tempo como parâmetro. Os
daquelas da entidade floresta. Entretanto, o efeito modelos dinâmicos são mais complexos do que os
obtido pela modelagem da floresta como uma de estado estacionário e são úteis para prever a
entidade será quase igual ao efeito líquido da resposta dependente do tempo de um sistema
modelagem da contribuição cumulativa de cada existente ou proposto. Sua complexidade significa
árvore individual ou espécies de árvores. A grande que para a aplicação, os parâmetros do sistema
vantagem em modelar a floresta como uma devem ser completamente definidos. Por esta
entidade sobre a modelagem de indivíduos é a razão, o uso de modelos dinâmicos para projeto é
necessidade consideravelmente menor de restrito. Frequentemente modelos em estado
informação para desenvolver o modelo e calibrá-lo. estacionário para projeto e modelos cinéticos
Ao modelar sistemas biológicos de tratamento de dinâmicos evoluem interativamente. Modelos
esgoto, a utilização de substrato por organismos é cinéticos dinâmicos podem fornecer orientação
um exemplo típico: a Equação de Monod (Monod, para o desenvolvimento de modelos em estado
1949) é usada para relacionar a taxa de crescimento estacionário para projeto; eles ajudam a identificar
específica do organismo substituto à concentração os parâmetros de projeto que têm uma grande
de substrato no meio, enquanto os organismos que influência na resposta do sistema e ajudam a
constituem o grupo substituto podem ter taxas de eliminar os processos que não são de grande
crescimento específicas diferentes ou podem importância no estado estacionário. Para modelos
responder de forma diferente aos vários substratos dinâmicos, com sua maior complexidade, apenas
presentes no esgoto afluente. Assim, para modelar aqueles parâmetros que parecem ser importantes
sistemas de tratamento de esgoto, o nível são considerados para inclusão no modelo.
organizacional que é modelado é o comportamento
da massa de uma população ou grupo de Para sistemas de lodo ativado, selecionar o nível de
microrganismos selecionados. Nos modelos organização no organismo substituto ou
desenvolvidos para sistemas de lodo ativado, os comportamento de massa das populações, os
principais grupos de organismos, suas funções e as modelos dinâmicos foram, até recentemente,
zonas em que essas funções são desempenhadas estruturados para considerar apenas os efeitos
estão resumidos no Capítulo 2. líquidos verificados no meio. Por exemplo, ao usar
a Equação de Monod, a taxa cinética foi
Os parâmetros nesse nível que precisam ser determinada pela DQO solúvel no meio líquido e
incluídos no modelo matemático dependem muito pelas concentrações de organismo substituto. No
dos objetivos do modelo, levando em consideração entanto, com as extensões dos modelos para incluir
o nível de organização descrito anteriormente. Para remoção biológica avançada de fósforo (RBAF),
modelagem matemática de sistemas de tratamento parâmetros internos à biomassa substituta têm sido
de esgoto, dois tipos diferentes de modelos incluídos, como por exemplo, poli-β-
matemáticos são geralmente desenvolvidos: hidroxialcanoatos (PHA), glicogênio e polifosfato.
modelos de estado estacionário e modelos Com esse desenvolvimento, embora o modelo
dinâmicos. Os modelos de estado estacionário têm possa estar em um determinado nível de
vazões e cargas constantes e tendem a ser organização, informação sobre processos e
relativamente simples. Essa simplicidade torna comportamento dos níveis mais baixos de
esses modelos úteis para projeto. Nesses modelos, organização é essencial, particularmente para

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identificar os processos chave que controlam a 14.2 POR QUE MODELAGEM?


resposta do sistema. Geralmente informação de
níveis mais baixos da organização é de natureza As vantagens mais importantes do uso de modelos
microbiológica e/ou bioquímica, e quanto mais no tratamento de esgoto são: obter compreensão do
completa é essa informação, mais confiável é o desempenho da estação, avaliar possíveis cenários
modelo. Para fazer uso dessa informação, para modernização, avaliar o projeto de uma nova
organismos ‘modelo’ que são parte do ‘substituto’ estação, apoiar as decisões de gestão, desenvolver
são identificados e as características novos esquemas de controle e fornecer treinamento
microbiológicas e bioquímicas conhecidas do a operadores.
organismo são usadas para obter um maior
entendimento do substituto. Mais recentemente a A modelagem força o modelador a tornar seu
abordagem do organismo substituto para trabalho explícito. As comparações qualitativas são
modelagem tem sido considerada inadequada para frequentemente encontradas na literatura como
descrever completamente alguns padrões ‘melhor’, ‘maior’, ‘menor’, ‘superior’, etc. Tais
comportamentais observados em sistemas de lodo comparações não são muito úteis e são de natureza
ativado; por exemplo o efeito do seletor (Gabb et subjetiva. Por exemplo, a percepção de ‘grande’ ou
al., 1991), inibição na utilização de substrato na ‘pequeno’ por um pesquisador no laboratório ou
transferência de zona anóxica para zona aeróbia por um operador de estação de tratamento de esgoto
(Casey et al., 1994), e geração de intermediários de não é necessariamente a mesma. Quando se trata de
nitrogênio na desnitrificação (Casey et al., 1994). modelagem, não é possível usar elementos
Para descrever observações e similares, foi descritivos, mas é necessário usar entradas
descoberto que um nível mais baixo de organização quantitativas para tamanhos, taxas e conversões,
precisa ser selecionado: a síntese e atividade de pois o modelo requer números como entrada. Isso
certas enzimas chave e os processos que elas também força os modeladores a se tornarem
mediam precisam ser modelados (Wild et al., quantitativos e objetivos em sua abordagem e,
1994). Modelar nesse nível da organização tem assim, o conhecimento do processo é mais bem
sido denominado modelagem com biomassa definido. Claro, modelar não é obrigatório, mas
estruturada. Informação microbiológica e muitas vezes ao se fazer um modelo, cria-se uma
bioquímica detalhada é requerida para essa estrutura que leva em conta tudo o que é
abordagem de modelagem (Wentzel e Ekama, considerado relevante. Além disso, força a coleta
1997). de dados estruturada e mais extensa e incentiva o
modelador a ser organizado. Isso muitas vezes
Deve-se notar que há uma diferença essencial entre expõe o conhecimento e as limitações de dados
um modelo de lodo ativado e um modelo de e/ou dados incorretos (como TRS ou vazões), apoia
(estação de) tratamento de esgoto. O segundo esforços para melhorar a qualidade dos dados e
termo é usado para indicar o conjunto de modelo de aprimora as boas práticas de monitoramento da
lodo ativado, modelo hidráulico, modelo de estação. Portanto, não é surpreendente que obter
transferência de oxigênio e modelo de conhecimentos sobre o desempenho da estação
sedimentação em decantador, todos necessários (quantificação de informações, balanços de massa
para descrever uma verdadeira estação de e reconciliação de dados) e aprender sobre a
tratamento de esgoto em escala plena (Gernaey et estação de tratamento de esgoto em questão pode
al., 2004). O modelo de estação de tratamento de ser ainda mais importante do que a própria
esgoto deve ser ainda distinguido de um modelo de modelagem.
estação inteira, que combina modelos de
tratamento de esgoto com modelos de tratamento O segundo principal motivo de utilização de
de lodo. modelos é a possibilidade de economia de tempo e

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dinheiro no processo de seleção de muitos deles ocorrem simultaneamente, mesmo em


tecnologia/processo. A comparação dos uma única unidade de processo. Para lidar com uma
desempenhos do sistema em uma abordagem situação tão complexa, é necessário um modelo que
quantitativa em vez de qualitativa permite em apoie a compreensão desses processos relevantes.
muitos casos uma tomada de decisão mais fácil e Portanto, apesar do fato de que da perspectiva do
uma comparação rápida de opções. Em projeto a modelagem como tal geralmente não é
comparação com uma descrição qualitativa como estritamente necessária, ela está se tornando cada
‘um sistema é mais eficiente do que o outro’, os vez mais usada como parte do processo de projeto.
resultados do modelo que mostram que ‘um Aplicando métodos estatísticos para a ocorrência
sistema é 2% (ou 20%) mais eficiente do que o de cenários de pior caso, economias significativas
outro’ são muito mais informativos e úteis. Se podem ser feitas e a estação ainda pode atingir seus
informações importantes ou critérios de seleção padrões de qualidade de efluentes por
forem quantificados (como eficiência de aproximadamente 95% do tempo. No projeto
purificação, qualidade do efluente, produção de tradicional todos os piores cenários são
lodo, requisitos de oxigênio, etc.), a aplicação de frequentemente considerados como ocorrendo
modelagem para avaliar possíveis cenários de simultaneamente, levando a um cenário altamente
modernização tornará a comparação mais eficaz e improvável.
rápida do que a discussão sobre tais questões que
são geralmente empíricas, intuitivas, longas e Outro motivo importante para o uso de modelos é
frequentemente complicadas. Para fins de a possibilidade de diminuir ou minimizar riscos.
avaliação de cenários de modernização, não é Ao usar modelos, cenários ‘e se’ podem ser
necessário fazer um modelo muito preciso examinados de forma quantitativa em relação a
realizando um extenso procedimento de calibração, quais são os efeitos dos riscos potenciais. Essa
pois a incerteza real está associada às entradas do quantificação do tipo caixa de vidro (em oposição
modelo e não aos parâmetros do modelo. É ao tipo caixa preta) é inestimável na avaliação e
considerado muito mais útil usar tendências para seleção do risco aceitável, rejeitando riscos que não
comparação, pois pequenas diferenças não são podem ser assumidos e na identificação de medidas
relevantes no contexto do horizonte de projeto que podem ser tomadas para mitigar ou controlar
usual usado na engenharia de tratamento de esgoto. tais riscos. Por exemplo, perguntas como ‘O que
No caso de avaliação de um novo projeto de acontecerá se a vazão dobrar?’ e ‘Qual é o efeito de
estação, novamente não é necessário ter um modelo tal aumento na qualidade do efluente?’ podem ser
ajustado devido à incerteza nas condições do tratadas adequadamente usando modelos. Além
processo nos próximos 10 ou 20 anos. Para o disso, os modelos permitem a minimização dos
projeto preliminar da estação, geralmente modelos riscos relacionados ao aumento de escala dos
estáticos (estado estacionário) são usados enquanto sistemas (escala de laboratório vs. escala piloto vs.
a modelagem dinâmica é aplicada para análise de escala real). Os riscos relacionados se originam do
sensibilidade e otimização do projeto. Um desafio fato de que, por exemplo, as condições de mistura,
adicional é o fato de que o esgoto possui variações de carga, etc., são diferentes para
composição extremamente complexa e incerta. A instalações em escala real e em escala de
vazão e concentrações do esgoto são de natureza laboratório. Do ponto de vista do controle do
altamente dinâmica e muito difíceis de controlar, processo, a escala piloto dá uma resposta muito
apesar de certas possibilidades limitadas de mais rápida em comparação a estações em escala
influenciar a sua composição (Capítulo 3). Muitos real com maior inércia.
processos ocorrem dentro da estação de tratamento
de esgoto; alguns deles são relevantes para o Além disso, a aplicação de modelos melhora a
tratamento e muitos deles não são. No entanto, transferência de conhecimento e a tomada de

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decisões. A engenharia de tratamento de esgoto e a em modelos, pois sua aplicação ainda é de interesse
engenharia ambiental em geral são áreas científico. Na prática, controladores simples são
multidisciplinares que exigem conhecimentos de ajustados com base no modelo, o que permite uma
diferentes disciplinas, como microbiologia e otimização da estratégia de controle muito mais
bioquímica, além de engenharia física, biológica e rápida em instalações em escala plena (Capítulo
mecânica. Adicionalmente, cada grupo de 15).
especialistas envolvidos, sejam eles operadores,
engenheiros ou cientistas, costuma ter sua própria No âmbito da modelagem integrada do sistema de
perspectiva sobre o mesmo assunto. Ao expressar água urbano, a modelagem do tratamento de esgoto
o assunto em um contexto matemático, a mesma é um componente importante e é necessário
ferramenta de comunicação (linguagem) é usada. vincular o tratamento ao sistema coletor (para levar
Tal abordagem multidisciplinar permite uma em consideração os efeitos de, por exemplo,
melhor descrição da realidade, cada disciplina extravasamentos ou processos que ocorrem na rede
dando sua contribuição para melhor entendimento coletora) por um lado, ou a qualidade e quantidade
da realidade que pode ser incorporada de forma da água do corpo receptor, por outro. A modelagem
estruturada, organizada e quantitativa no modelo. integrada está se tornando uma ferramenta cada vez
A comunicação relacionada a modelos melhorou mais popular para apoiar a tomada de decisão no
muito após a introdução do ASM1 em 1987. Antes nível da gestão do sistema de água urbano, pois traz
da introdução do ASM1, pelo menos cinco ou seis objetividade e dá uma visão quantitativa das
maneiras diferentes de modelar estações de diferenças relevantes entre as opções.
tratamento de esgoto foram descritas; cada modelo
tinha suas diferentes abordagens na escrita, na
notação e na implementação de equações, o que 14.3 PRINCÍPIOS DE MODELAGEM
tornava o entendimento dos modelos e seus
resultados extremamente difícil. O contexto
14.3.1 Construção do modelo
uniforme e a padronização introduzidos pelo
ASM1, em termos de notações, símbolos e Existem muitos tipos diferentes de modelos que
estrutura, tornaram a comparação de resultados e a podem ser categorizados de maneira geral em (i)
transferência de conhecimento muito mais fácil e físicos, (ii) verbais ou conceituais e (iii)
incentivaram ainda mais as aplicações de matemáticos. O modelo físico é uma representação
modelagem. do sistema reduzido espacialmente. Por exemplo,
os experimentos em laboratório e em escala piloto
Hoje em dia, os modelos são ferramentas valiosas usados por cientistas e engenheiros para investigar
para treinamento. Por exemplo, o operador da a resposta e o comportamento do sistema são
estação pode investigar com segurança por meio da modelos físicos. O modelo verbal ou conceitual
modelagem o que pode acontecer se alguém fornece uma descrição qualitativa do sistema e
realizar determinada ação em uma estação de geralmente é desenvolvido a partir de observações
tratamento, sem correr o risco de perturbar a sua detalhadas; esses modelos podem ser apresentados
operação. Além disso, os modelos podem ser como diagramas esquemáticos (por exemplo,
usados para transferir conhecimento de fluxogramas) ou como uma série de declarações
engenheiros de projeto para operadores e, é claro, narrativas. A preparação de um modelo verbal é a
em ambientes acadêmicos em todo o mundo, onde parte mais importante, mas também a mais
a modelagem está cada vez mais se tornando parte complexa da construção do modelo. O modelo
do currículo de engenheiros e cientistas. Do ponto matemático fornece uma descrição quantitativa do
de vista do controle de processos, na prática ainda sistema. Com os modelos matemáticos, as taxas
não há controladores diretos funcionais baseados dos processos que atuam no sistema e sua interação

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estequiométrica com os compostos são formuladas • seleção do modelo: escolha dos modelos
matematicamente. As formulações matemáticas necessários para descrever as diferentes
precisam ser incorporadas em um procedimento de unidades da estação a serem consideradas na
solução que leva em conta as restrições físicas e simulação, ou seja, seleção do modelo de lodo
características impostas pelo sistema no qual os ativado, modelo de sedimentação, etc.;
processos ocorrem, por exemplo, temperatura e • hidráulica, ou seja, determinação dos modelos
condições de mistura. Modelos matemáticos hidráulicos para a estação ou tanques;
raramente são desenvolvidos isoladamente, mas • caracterização do esgoto e biomassa, incluindo
geralmente evoluem interativamente a partir de um características de sedimentação de biomassa;
modelo conceitual que pode ser baseado em algum • calibração dos parâmetros do modelo de lodo
grau em observações feitas em um modelo físico, ativado;
por exemplo, experimentos em escala de • falsificação do modelo, e
laboratório ou piloto (Wentzel e Ekama, 1997). • avaliações de cenários.

A metodologia de pesquisa que combina modelos A metodologia é ilustrada em detalhe por Petersen
verbais, matemáticos e físicos (Figura 14.2) é et al. (2002).
muito útil para fazer progresso rapidamente e
avaliar novos sistemas. 14.3.2 Configuração geral do modelo

Equações de equilíbrio formam a base de qualquer


descrição de modelo. Essas equações descrevem a
mudança na concentração em um reator ao longo
do tempo como resultado de conversões químicas e
biológicas e de processos de transporte. No estado
estacionário, a mudança da concentração em
função do tempo torna-se zero. Os processos de
transporte e conversão são duas partes distintas do
modelo (de natureza física e químico-biológica,
respectivamente).

Os processos biológicos dependem apenas da


Figura 14.2 O processo de construção do modelo. concentração em um reator no local onde ocorre a
conversão. Em essência, os processos de conversão
são, portanto, independentes do tipo ou do tamanho
Diversos fatores devem ser considerados em
do reator (os microrganismos não sabem em que
relação à modelagem e simulação de lodo ativado,
tipo de reator eles estão, concreto ou aço, fluxo
e uma abordagem passo a passo é necessária para
pistonado ou totalmente misturado, lodo ativado ou
progredir da definição do propósito do modelo até
reator de biofilme, etc.). Dessa forma, as
o ponto onde um modelo de estação de tratamento
conversões biológicas e químicas são chamadas de
de esgoto está disponível para simulações. As
microcinética e podem ser facilmente estudadas em
seguintes etapas principais podem ser distinguidas
laboratório e não serão alteradas em uma instalação
neste processo (Coen et al., 1996; Petersen et al.,
em escala real. Esta parte de um modelo de
2002; Hulsbeek et al., 2002):
processo é, portanto, universal e pode ser
formulada como um modelo geral de lodo ativado,
• definição da finalidade do modelo ou dos
como a família de modelos ASM. As
objetivos do estudo de simulação;
concentrações locais em um reator dependem do

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transporte dos compostos reagentes no reator ou compartimentos são acoplados pelo vetor de
estação de tratamento. Ao comparar sistemas em estado, incluindo as concentrações e vazões das
escala real, as diferenças essenciais residem nesses ligações entre os compartimentos. Esse modelo
processos de transporte. geral é geralmente resolvido numericamente para
fornecer as concentrações de todos os compostos
A vantagem dos processos de transporte (como em função do tempo para cada composto incluído
fluxo convectivo, mistura, aeração) é que eles são no modelo. Portanto, efetivamente pode-se falar de
muito bem estudados e descritos por regras gerais. quatro modelos: o modelo de processo, o modelo
Eles podem, portanto, ser relativamente bem hidráulico, o modelo de reator/compartimento e
previstos para diferentes tipos e escalas de finalmente o modelo de lodo ativado.
processos. Pode-se estudar biologia e química em
laboratório (por exemplo, o efeito da temperatura, A equação de balanço de massa em estado
concentração e pressão sobre os microrganismos) e estacionário é, em termos matemáticos:
então usar modelos físicos de transporte para
prever o que vai acontecer em escala real. δ(Sin ∙ Qin ) δ(Sout ∙ Qout )
Reconhecer o fato de que os microrganismos não =
δt δt
sofrerão mudanças entre as condições de +(α∙q∙X∙V)+(k1 A∙(Smax − S)) (14.1)
laboratório e de escala real, ao contrário dos
processos de transporte, ajuda a compreender os Onde:
processos e sua integração em modelos
matemáticos. Tal integração permite que esses α estequiometria
modelos sejam usados no projeto de processo A área superficial (m2)
(seleção de biorreatores, tipos, estabilidade, kl coeficiente externo de transferência de
otimização, automação e controle, aumento de massa (m/h)
escala, etc.). q taxa de conversão específica (1/h)
Qin vazão afluente (m3/h)
Os componentes de um modelo completo de Qout vazão efluente (m3/h)
tratamento de esgoto são apresentados Smax coeficiente de saturação (gDQO/m3)
esquematicamente na Figura 14.3. Primeiro, S concentração no líquido (gDQO/m3)
parâmetros mensuráveis do esgoto devem ser Sin concentração no afluente (gDQO/m3)
transformados em um vetor afluente com as Sout concentração no efluente (gDQO/m3)
concentrações dos diferentes compostos do modelo t tempo (h)
(Capítulo 3). A estação de tratamento de esgoto é V volume (m3)
modelada hidraulicamente, descrevendo as X concentração de biomassa (gDQO/m3)
diferentes zonas/compartimentos do reator da
estação, incluindo o decantador. Cada Efetivamente, ela afirma que um composto que
compartimento do reator é modelado entra em um reator sai com o efluente, é convertido
individualmente para suas características de no reator ou é trocado com a fase gasosa no
mistura e transferência de massa (por exemplo, compartimento. Cada termo na equação do balanço
aeração). Normalmente, um reator de mistura de massa é expresso como massa ao longo do
completa é usado. Uma equação de balanço de tempo. É útil perceber que, para analisar um
massa é aplicada para cada reator. Tal equação de sistema complexo, é melhor trabalhar nessas
balanço de massa inclui um modelo de dimensões do que em termos de concentração.
bioconversão. No modelo geral, todos os

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Figura 14.3 Representação esquemática de um modelo completo de uma estação de tratamento de esgoto (Meijer, 2004)

ASM1, enquanto no Modelo de Digestão


14.3.3 Estequiometria Anaeróbia (ADM1, sigla do nome em inglês
Da definição do sistema, toma-se apenas aqueles Anaerobic Digestion Model, Batstone et al., 2002)
compostos do sistema que são considerados o hidrogênio é incluído, pois desempenha um papel
importantes e/ou constituem uma parte importante na estabilidade do sistema anaeróbio.
significativa da massa total do sistema (sendo pelo Os modelos ASM são projetados especificamente
menos uma pequena porcentagem dela). Por para aplicações em temperaturas mais baixas (5 a
exemplo, no caso da nitrificação, na maioria das 20°C), nas quais não se espera que ocorra um
plantas a concentração de nitrito permanecerá acúmulo significativo de nitrito. O nitrito só se
muito baixa ou próxima do limite de detecção, acumula em temperaturas mais altas ou no caso de
portanto, do ponto de vista do balanço de massa, eventos tóxicos incomuns. Assim, o nitrito é
não há necessidade de levar o nitrito em deixado de fora do modelo. Da mesma forma, na
consideração. Na digestão anaeróbia, da mesma desnitrificação, apenas uma pequena quantidade da
forma, não há necessidade de levar em conta o conversão de nitrato é na forma de N2O, então do
hidrogênio, pois o teor de hidrogênio do gás é ponto de vista da descrição da remoção de N, não é
muito baixo, já que quase tudo acaba em metano. relevante incluir a contribuição de N2O. No
Tais intermediários só serão especificados se entanto, se a estação precisa cumprir limites de gás
considerados importantes, por exemplo, quando N2O, é importante levar isso em consideração.
houver acúmulo de nitrito ou hidrogênio. O nitrito Novamente, isso depende do propósito da
não está incluído no processo de nitrificação no aplicação do modelo.

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Além da determinação de compostos e processos relevantes. No exemplo, cinco equações de


relevantes, a definição dos equilíbrios (ou balanços equilíbrio podem ser feitas (para carbono,
de massa) relevantes é essencial. Para cada oxigênio, hidrogênio, nitrogênio e carga) e há sete
equilíbrio conservado, o número de átomos de um coeficientes desconhecidos. Um desses
composto que entra na estação é igual ao que sai. coeficientes pode ser igual a 1 e há apenas um
Exemplos de equilíbrios conservados são coeficiente que precisamos saber, por exemplo, a
nitrogênio, fósforo, DQO ou conversão de quantidade de oxigênio consumido por DQO
alcalinidade. Usando equações de balanço de convertida ou a quantidade de biomassa produzida
massa, coeficientes estequiométricos por massa de DQO substrato utilizada (coeficientes
desconhecidos podem ser calculados. Isso reduz de rendimento, do inglês yield).
substancialmente as informações necessárias para a
modelagem porque a abordagem permite que uma Esta é uma abordagem geral para organizar a
série de incógnitas sejam calculadas. O uso da estequiometria da reação para qualquer processo
medição de DBO para caracterizar esgoto está biológico, por exemplo, se orgânicos (ou DQO) são
diminuindo e, em vez disso, as abordagens usados aerobiamente (com O2).
modernas dependem de DQO. O projeto baseado
em DBO está associado a uma abordagem de caixa ?DQO + ?O2 + ?NH4+ + ?HCO3-
preta e não pode ser usado para balanço de massa, → ?DQO-Biomassa + ?CO2+ ?H2O (14.2)
pois não é conservador e depende de muitos fatores
(por exemplo, tempo de reação, temperatura). Na Em sistemas de tratamento de esgoto geralmente
prática a DBO ainda é usada principalmente para não se está interessado nas conversões para CO2 e
vincular a saída do ASM em relação ao impacto do H2O, e o balanço de DQO é usado para substituir
efluente no corpo receptor (onde a DBO ainda é um um dos balanços elementares. Se o coeficiente para
indicador relevante da qualidade da água). Em a DQO for definido como 1, e se o coeficiente do
contraste, o equilíbrio de DQO é mantido porque rendimento para biomassa for conhecido, a Eq.14.2
ela é, por definição, a quantidade de elétrons que torna-se:
são transferidos para o oxigênio a fim de oxidar
toda a matéria orgânica do sistema em CO2 e água. 1DQO + (1-YH)O2 + fNYHNH4+ + fNYHHCO3- →
É por isso que a modelagem hoje em dia é baseada YH DQO-Biomassa (14.3)
em DQO ao invés de DBO.
Onde:
A estequiometria pode ser determinada com base YH rendimento heterotrófico (gDQO-
nos compostos relevantes envolvidos na reação e Biomassa/gDQO-Substrato)
uso de balanços de massa para calcular os fN fração de nitrogênio na biomassa
coeficientes relevantes. Por exemplo, na reação de (gN/gDQO-Biomassa)
crescimento heterotrófico, os compostos relevantes
são matéria orgânica, oxigênio, amônia, Para derivar essa equação, usamos efetivamente a
alcalinidade, biomassa, dióxido de carbono e água. DQO, o nitrogênio e o balanço de carga. O balanço
Neste estágio de desenvolvimento da equação, não de DQO afirma que o consumo de oxigênio e a
é necessário determinar qual composto é utilizado produção de biomassa estão sempre acoplados; é
e qual é produzido, pois ele simplesmente receberá impossível economizar oxigênio e produzir menos
um sinal negativo ou positivo; em outras palavras, lodo, pois o substrato (DQO) é oxidado pelo
não é importante de que lado da equação o oxigênio ou se torna lodo. A partir do equilíbrio de
parâmetro está. A próxima etapa é definir o N, a quantidade de amônia necessária pode ser
coeficiente de um composto como 1 e usar balanços calculada, e a partir do equilíbrio de carga, a
para calcular todos os outros coeficientes quantidade de bicarbonato (alcalinidade) pode ser

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determinada, etc. A reação estequiométrica pode reais e funções interruptoras é um pouco vago e
ser escrita como uma função do coeficiente de incerto na modelagem de lodo ativado. Portanto, é
rendimento e, neste exemplo particular, a importante perceber se os valores de K estão lá
quantidade de nitrogênio dentro da biomassa. Os como parâmetros reais do modelo ou como uma
coeficientes estequiométricos para cada composto função interruptora para parar o processo quando o
estão incluídos na matriz do modelo (Tabela 14.1). composto relevante não estiver mais presente.

14.3.4 Cinética S SO SN
μ= μmax ∙ ∙ ∙∙∙ (14.4)
KS +S KO +SO KN +SN
Cada reação tem sua própria equação de taxa. A
equação da taxa especifica a taxa de conversão do Para descrever a cinética de inibição, uma
composto com o coeficiente de rendimento abordagem semelhante é aplicada, mas agora a
estequiométrico de 1. A taxa de conversão dos constante de afinidade é chamada de constante de
outros compostos segue da multiplicação de cada inibição e, consequentemente, é possível definir
coeficiente de rendimento pela equação da taxa. O um termo de inibição (Eq. 14.5), que novamente
modelo pode ser baseado na cinética baseada em tem um valor entre 0 e 1. A constante de inibição é
substrato (um coeficiente estequiométrico do igual à concentração de substrato na qual é
substrato é igual a 1) ou na cinética baseada no observada uma diminuição de 50% na taxa.
crescimento (um coeficiente estequiométrico de Existem também termos de inibição muito mais
biomassa igual a 1). Não é aconselhável usar ambas complexos, mas no ASM esse é o termo que
ao mesmo tempo em um modelo. No ASM1, as geralmente é aplicado, especialmente para a
taxas são descritas com base na taxa de inibição do substrato.
crescimento; o coeficiente de biomassa é, portanto,
definido como 1. No ASM, uma equação de S KS
saturação é usada como a equação de taxa padrão. 1- = (14.5)
KS +S KS +S
A cinética de saturação (Monod) inclui dois
parâmetros principais, o parâmetro de taxa máxima É importante notar que a multiplicação de tantos
e a constante de afinidade ou saturação (o valor K, fatores causa desvios porque esses fatores nunca
definido como a concentração na metade da taxa são exatamente iguais a 1. Ao se multiplicar dois
máxima). O termo de saturação S/(K+S) pode ter fatores com valor de 0,9 com o valor de um terceiro
um valor entre 0 e 1, e pode ter uma função fator de 0,5, o resultado será 0,4, enquanto o valor
diferente no modelo. Vários termos de afinidade real deva ser 0,5 pois este é o fator limitante. Isso
refletem um valor real, por exemplo, o termo de significa, consequentemente, um valor de taxa 20%
afinidade de oxigênio é um parâmetro observado. menor. Portanto, é melhor usar um operador lógico
No entanto, em alguns casos, o termo de saturação no modelo e escolher o fator mínimo entre os
é apenas um termo interruptor. Por exemplo, uma termos (Eq. 14.7) em vez de multiplicar esses
função interruptora é usada no modelo para parar o fatores (Eq. 14.6), pois parece que isso se aproxima
processo de crescimento quando não há amônia melhor da realidade.
presente (Eq. 14.4). A constante de afinidade para
a amônia é efetivamente muito baixa e dificilmente S SO SNH SKI
mensurável, então o coeficiente colocado na μ= μmax ∙ ∙ ∙ (14.6)
KS +S KO +SO KNH +SNH KI +SKI
equação tem o único propósito de garantir que não
haja mais crescimento quando a amônia for S SO SNH SKI
totalmente consumida. Consequentemente, isso μ= μmax ∙MIN ( ; ; ∙ )
KS +S KO +SO KNH +SNH KI +SKI
significa que não é necessário calibrar esse valor.
(14.7)
Como distinguir entre parâmetros mensuráveis

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de uma estação em escala real. Um exemplo é dado


A razão pelo uso da Eq.14.6 é parcialmente um na Figura 14.4.
hábito herdado (na época inicial do
desenvolvimento dos modelos na década de 1970, O principal problema está associado à construção
usar operadores lógicos em computação através de de um modelo hidráulico de uma estação de
equações diferenciais integrais era difícil e tratamento de esgoto. Uma solução rigorosa seria
extremamente demorado e, portanto, não era fazer um modelo de fluidodinâmica computacional
aplicado). Não importa muito qual equação é usada completo da estação, que pode descrever
para modelagem de lodo ativado; a questão é exatamente o fluxo nos reatores. No entanto, em
entender os motivos das escolhas feitas em geral, os detalhes obtidos para a vazão dessa forma
diferentes estágios de desenvolvimento do modelo. excedem em muito os requisitos da maioria dos
modelos de conversão. Uma vez que estamos
principalmente interessados na bioconversão,
14.3.5 Transporte
precisamos descrever adequadamente as mudanças
Um modelo típico de tratamento de esgoto tem nas concentrações na estação de tratamento. Medir
vários termos de transporte, que geralmente vários compostos relevantes pode ajudar a definir o
dependem do tempo (Figura 14.3). A entrada do modelo hidráulico. Para modelos de lodo ativado,
modelo é a vazão variável com o tempo e a esses compostos são em geral oxigênio, amônio e
composição do esgoto. O processo é descrito em nitrato e, para sistemas de remoção de fósforo, o
um modelo hidráulico, representando a hidráulica fosfato. Como primeiro passo, uma divisão clara
pode ser feita entre as zonas aeróbia e anóxica ou
anaeróbia em uma estação de tratamento.

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Figura 14.4 Esquema hidráulico do processo PhoStrip® na ETE Haarlem Waarderpolder nos Países Baixos e sua representação no simulador de modelagem SUMO (adaptado
de Brdjanovic et al., 2000 por Dynamita).
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Dentro de cada zona, deve-se observar se, por


exemplo, em um tanque aerado, existe um Esse formato facilita a apresentação clara e
gradiente na concentração de oxigênio. Desde que inequívoca dos compostos e processos e suas
a concentração de oxigênio esteja sempre bem interações em uma única página. Além disso, o
acima do coeficiente de saturação de oxigênio
formato matricial permite fácil comparação de
usado nas equações cinéticas, não há necessidade
direta de descrever as mudanças na concentração diferentes modelos e facilita a transformação do
na zona aeróbia, e o tanque pode ser considerado modelo em um programa de computador. A matriz
completamente misturado. Se a concentração dos é representada por várias colunas e linhas; uma
compostos reagentes se tornar próxima ou inferior coluna para cada composto e uma linha para cada
às constantes de saturação, o modelo hidráulico processo. Um exemplo simplificado é dado na
deve ser tal que a mudança nas concentrações seja Tabela 14.1.
claramente descrita. Em geral, isso significa usar
um modelo de fluxo pistonado ou descrever o A primeira etapa na configuração da matriz é
sistema como uma série de tanques. Se a identificar os compostos de relevância no modelo.
concentração observada de, por exemplo, amônia
Os compostos são apresentados como símbolos
no tanque de aeração é de aproximadamente 4 mg/l
através do tanque, ele pode ser considerado como listados no cabeçalho da coluna apropriada,
um tanque totalmente misturado e ser representado incluindo uma linha com as dimensões.
no esquema hidráulico da estação como um único
reator. No entanto, se a concentração de amônia A segunda etapa na configuração de uma matriz é
observada mudar de 4 mg/l na entrada do tanque de identificar os processos biológicos que ocorrem no
aeração para 0 mg/l na saída, isso indica um forte sistema. Essas são conversões ou transformações
gradiente de concentração dentro do tanque e, que afetam os compostos considerados no modelo
consequentemente, é muito melhor modelá-lo e são discriminadas uma abaixo da outra no lado
como um tanque segmentado com uma série de esquerdo da matriz. As taxas de processo são
reatores menores totalmente misturados em série.
formuladas matematicamente e são listadas no lado
Um segundo aspecto levado em consideração é a
direito da matriz estequiométrica de acordo com o
transferência de compostos entre gás e líquido (por
exemplo, oxigênio) em reatores aerados ou entre respectivo processo. Ao longo de cada linha de
biofilme e líquido. Isso é descrito em detalhes no processo, o coeficiente estequiométrico para
Capítulo 9 e no Capítulo 17. conversão de um composto em outro é inserido de
modo que cada coluna de composto liste os
coeficientes estequiométricos para os processos
14.3.6 Notação matricial
que influenciam aquele composto. Se o coeficiente
A equação de equilíbrio (Eq.14.1) pode ser descrita estequiométrico for igual a zero, para maior clareza
para cada composto individual. O grande número ele geralmente não é apresentado na matriz. A
de compostos e conversões relevantes torna a convenção de sinais usada na matriz para cada
modelagem de lodo ativado complexa. Muitas composto é ‘negativo para consumo’ e ‘positivo
equações de equilíbrio precisam ser formuladas, para produção’. Nesta convenção as taxas de
resultando em uma perda da visão geral. Portanto, processo sempre têm um sinal positivo. Destaca-se
o Grupo de Trabalho da associação internacional de que o oxigênio é DQO negativa, ele aceita elétrons:
qualidade da água (IAWQ, sigla do nome em inglês os elétrons são passados do substrato para o
International Association on Water Quality) sobre oxigênio para formar água. Deve-se ter cuidado
‘Modelagem Matemática do Tratamento de com as unidades usadas nas equações de taxas dos
Esgoto’ (Henze et al., 1987) recomenda o método processos.
de matriz para a apresentação do modelo.

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Tabela 14.1 Exemplo de uma matriz estequiométrica simples para modelagem de lodo ativado (Henze et al., 1987b).

Componentes i 1: SO 2: SS 3: XH Equação de taxa do processo ρj


Lista de processos j
1 1 SS
Crescimento aeróbio - +1 - +1 μH max ∙ ∙X
YH YH KS +SS H
Lise +1 -1 bH ∙XH
Taxa de transformação ri = ∑ νj,i ∙ρj [Mi L-3 T-1 ]
observada ri j
Definição dos parâmetros Definição dos parâmetros cinéticos:
estequiométricos:

heterotrófica (DQO)
Oxigênio dissolvido

Substrato orgânico
μHmax Taxa de crescimento específica

dissolvido (DQO)
YH Coeficiente de máxima [T-1]
rendimento heterotrófico KS Coeficiente de saturação para

Biomassa
[MH MS-1] substrato [MDQOL-3]
bH Constante de taxa de decaimento
(O2)

[T-1]

Os coeficientes estequiométricos são bastante Por conveniência, dois aspectos extras podem ser
simplificados ao se trabalhar em unidades adicionados à descrição da matriz (Tabela 14.2). O
consistentes. primeiro aspecto é uma matriz com a composição
em termos de equilíbrios conservados, neste caso a
No exemplo apresentado na Tabela 14.1, os DQO, N e o equilíbrio de carga. A biomassa é
compostos são expressos como equivalentes de expressa na matriz estequiométrica em termos de
DQO. Desde que sejam usadas unidades DQO, mas também contém nitrogênio. Na matriz
consistentes, a continuidade pode ser verificada em de composição isso é incluído. Uma vez que a
relação aos parâmetros estequiométricos movendo- matriz de composição e a matriz de estequiometria
se em qualquer linha da matriz; a soma dos contêm efetivamente todos os equilíbrios
coeficientes estequiométricos deve ser zero. conservados, a multiplicação das duas matrizes
leva a zero.
Esta matriz forma um resumo sucinto das
complexas interações entre compostos e processos. Em segundo lugar, geralmente se está interessado
Ela permite que alterações em processos, não apenas nos compostos expressos nas
compostos, estequiometria e cinética sejam dimensões usadas no modelo, mas também em suas
prontamente incorporadas. A matriz mostra dois unidades medidas ou observadas. Por exemplo, a
aspectos importantes do processo: a equação de quantidade de lodo é geralmente medida como
reação para cada processo é representada nas gSST e não gDQO. A matriz de compostos
diferentes linhas, e nas colunas para cada composto observados contém esses fatores de conversão
pode-se observar diretamente em quais conversões entre, por exemplo, gDQO e gSST. Outras
o composto está envolvido. Multiplicando os quantidades observadas potencialmente
fatores estequiométricos com suas respectivas interessantes são o nitrogênio Kjeldahl, SSV ou
equações de taxa, obtém-se a equação de conversão DBO.
total para cada composto.

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Tabela 14.2 Exemplo de uma matriz estequiométrica para modelagem de lodo ativado (adaptado de Gujer e Larsen, 1995).

Componente

Alcalinidade

Biomassa
Substrato

Substrato
Oxigênio

Amônia
Inerte

Inerte

Taxa
SST
Símbolo SO SI SS SNH SHCO XH XI XS XTSS
Unidade gO2 gDQO gDQO gN mol gDQO gDQO gDQO gSST
Processo MATRIZ ESTEQUIOMÉTRICA
Hidrólise 1 -1 -0,75 r1
Crescimento
-0,5 -1,5 -0,08 -0,005714 1 0,9 r2
aeróbio
Lise 0,07 0,005 -1 0,2 0,8 -0,12 r3
Conservativos MATRIZ DE COMPOSIÇÃO
ODt-DQO -1 1 1 0 1 1 1
N 0,02 1 0,08 0,05 0
Carga 0,071429 -1
Observáveis
SST 0,9 0,9 0,75

brevemente descrito aqui. O sistema experimental


14.4 DESENVOLVIMENTO GRADUAL DO usado nesta abordagem compreendeu um sistema
MODELO BIOCINÉTICO: ASM1 de lodo ativado mistura completa usando esgoto
sanitário decantado, e a caracterização básica do
O desenvolvimento do modelo é um processo afluente e do lodo e as condições operacionais estão
gradual e ascendente, onde são incluídos apenas os listadas na Tabela 14.3.
processos estritamente necessários para o propósito
predefinido da modelagem. Começar simples e O objetivo do estudo foi usar o modelo para
aumentar a complexidade quando necessário é o descrever corretamente o conteúdo de biomassa no
princípio geral que governa o desenvolvimento de sistema, o consumo de oxigênio pela biomassa e a
modelos. Em geral, os modelos de lodo ativado da conversão de nitrogênio. Para começar, pode-se
família ASM são desenvolvidos para descrever a usar um modelo muito simples consistindo em
taxa de utilização de oxigênio e a produção de lodo apenas três componentes relevantes (oxigênio
(acoplada ao balanço de DQO) e conversões de N dissolvido SO, substrato orgânico dissolvido SS e
e P em estações de tratamento de esgoto sanitário. biomassa heterotrófica XH) e dois processos de
conversão relevantes (crescimento de biomassa
No entanto, apesar de serem projetados para fins aeróbia e lise). Com um aumento no TRS a
práticos (e, portanto, não acadêmicos), eles não são biomassa (organismos vivos), como uma fração da
modelos de esgotamento sanitário, pois não massa de lodo (SSV) no sistema, diminui. Para
descrevem a remoção de patógenos. descrever isso foi usado o processo de lise ou
Provavelmente, a melhor maneira de descrever o morte-regeneração, ou seja, desintegração de
desenvolvimento do modelo de lodo ativado em células mortas resultando na geração de substrato
etapas é a abordagem original de Ekama e Marais biodegradável solúvel disponível para a geração de
(1978), posteriormente descrita por Dold et al., nova biomassa (Capítulo 4). A lise de biomassa
(1980), e elaborada em maior detalhe em Gujer e heterotrófica aqui resume todos os processos que
Henze (1991). O resultado desta abordagem é um levam à perda de biomassa (decaimento, lise,
modelo que se aproxima do ASM1 e, como tal, é respiração endógena, predação, etc.). A

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manutenção ou decaimento endógeno também escolha do coeficiente de rendimento YH (0,67


poderiam ter sido usados aqui para descrever a gDQO/gDQO) junto com a equação de
redução da biomassa. Para o processo de conservação de DQO é suficiente para determinar
crescimento aeróbio todos os três componentes são todos os coeficientes estequiométricos para
relevantes; oxigênio dissolvido e substrato crescimento aeróbio (Figura 14.5). Para ambos os
orgânico são utilizados pela biomassa em processos, pode-se definir a taxa; para o
condições aeróbias (logo coeficiente negativo) para crescimento aeróbio, é um produto da taxa de
produzir biomassa (coeficiente positivo). Em geral, crescimento específica máxima, da afinidade pelo
uma matriz pode ser simplificada se for possível substrato e da concentração de biomassa
atribuir, para cada processo, um coeficiente (assumindo que o oxigênio não está limitando o
estequiométrico com um valor de +1 ou -1. A crescimento).

Tabela 14.3 Resumo dos dados do sistema experimental, Ekama e Marais (1978).

Parâmetro Valor
Regime de alimentação 12 h/d ligado entre 02 e 14 hrs
Vazão 18 L/d
Volume do reator 6,73 L
Processos Remoção de DQO e nitrificação (totalmente aeróbio)
Conteúdo de biomassa no reator 1.375 mgSSV/L ou 2.090 mgDQO/L
Tempo de retenção de sólidos (TRS) 2,5 d
Temperatura operacional 20,4°C
Concentração de DQO afluente 570 mgDQO/L
Concentração de NTK afluente 46,8 mgN/L

Para a lise, é uma espécie de processo de 1ª ordem provavelmente o processo ou processos relevantes
em que a biomassa se desfaz na proporção à foram negligenciados. Neste experimento em
concentração de biomassa presente, e a constante particular, o consumo total de oxigênio observado
de proporcionalidade é chamada de constante de ao longo de 24 horas e o previsto pelo modelo
taxa para decaimento. Substituir os coeficientes no parecem ser bastante próximos. No entanto, foi o
modelo biocinético resulta na matriz para o Modelo desvio entre a previsão do modelo e os resultados
A (Tabela 14.4). experimentais que levou Dold et al. (1980) a
sugerir a divisão da degradação da matéria orgânica
Se este modelo for usado para comparar a taxa de no esgoto em dois processos (frações): o processo
consumo de oxigênio (TCO) observada relativamente rápido de biodegradação de parte da
experimentalmente, percebe-se que as observações DQO composta de orgânicos como AGVs e
experimentais se desviam consideravelmente das glicose, e o processo relativamente lento de
previsões do modelo, exceto para o período entre 0 degradação de DQO (celulose, amido, proteínas,
e 2 horas e ao final do experimento (respiração etc.). Este fracionamento de DQO biodegradável
endógena). Em geral, se as previsões do modelo em DQO rapidamente e lentamente biodegradável
estão se desviando em termos dos níveis do (DQORB e DQOLB, respectivamente) foi
parâmetro de interesse, isso pode ser ajustado de desencadeado pela observação experimental do
forma relativamente direta alterando o valor do(s) perfil de TCO, que mostrou uma queda muito
parâmetro(s) selecionado(s) do modelo. No acentuada quase imediatamente após a interrupção
entanto, se as previsões do modelo em termos de da alimentação (14 horas), seguida por uma
tendências e formas estiverem erradas, muito diminuição lenta observada até o final do

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experimento onde atingiu o valor estacionário a DQOLB é convertida em DQORB pelo processo
observado nas primeiras duas horas de teste. relativamente lento de hidrólise (Figura 14.5).
Portanto, o processo de lise foi razoavelmente bem
descrito pelo modelo. Além disso, concluiu-se que

Tabela 14.4 Apresentação matricial do Modelo A.

Componente SO SS XH Taxa
SS SO
Crescimento -0,5 -1,5 +1,0 μmax ∙ ∙ ∙X
H KS +SS KO,H +SO H
Lise +1,0 -1,0 bH ∙XH

processos de lise foram ajustados pela suposição de


Isso implica que há uma necessidade de estender o que os produtos de lise são lentamente
Modelo A, introduzindo dois tipos de substrato biodegradáveis e, como tal, são adicionados ao
(DQORB e DQOLB) e um processo adicional conjunto de X S. Esses produtos são
(hidrólise). No ASM1 também foi assumido que o disponibilizados para o crescimento heterotrófico
substrato lentamente biodegradável consiste aeróbio pela hidrólise. Isso significa que existem
inteiramente em substrato particulado (XS), o que dois tipos de substrato particulado: um derivado do
não é necessariamente verdade, mas no ASM1 é esgoto afluente e o segundo gerado pela
aceito como tal. É necessária uma distinção entre decomposição da biomassa. Em alguns casos eles
material solúvel (S) e particulado (X) para são agrupados (como neste caso), enquanto em
determinar qual composto se sedimentará no alguns modelos eles são considerados
decantador e qual deixará o sistema com o efluente. separadamente. No entanto, ambas as opções
resultam em ema diferença líquida virtualmente
nula. Ademais, admite-se que o material
hidrolisável XS adsorve na biomassa heterotrófica
XH, resultando em um tipo de expressão cinética de
Lagrange como a equação da taxa de hidrólise.
Portanto, é a quantidade de substrato por biomassa
que é importante aqui (limitante da taxa) e não a
concentração de substrato em relação ao meio
líquido como no caso da DQORB. Ao implementar
isso, o Modelo B foi formado (Tabela 14.5).

Figura 14.5 Modelo A: comparação de valores observados


experimentalmente (pontos de dados) com uma taxa de
consumo de oxigênio prevista teoricamente (linha
contínua) (adaptado de Ekama e Marais, 1978; Gujer e
Henze, 1991).

A introdução de uma fração de DQOLB (XS) não


afetou o processo de crescimento heterotrófico,
uma vez que se assume que o crescimento não é
diretamente baseado em DQOLB. Além disso, os

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tratamento de esgoto para um composto que não é


degradado por microrganismos durante sua
retenção no sistema de tratamento. Materiais como
plásticos, materiais à base de madeira e fibrosos,
unhas e cabelos são todos orgânicos e, estritamente
falando, considerados biodegradáveis, mas não em
sistemas de tratamento de esgoto. Mesmo um
composto como a celulose é considerado não
biodegradável em estações de tratamento de esgoto
de alta carga, mas biodegradável em sistemas de
Figura 14.6 Modelo B: comparação de valores observados baixa carga. Além do material particulado inerte
experimentalmente (pontos de dados) com uma taxa de derivado do esgoto afluente, existe também o
consumo de oxigênio prevista teoricamente (linha segundo componente gerado pelo decaimento da
contínua) (adaptado de Ekama e Marais, 1978; Gujer e biomassa. Este último decorre do fato de que as
Henze, 1991). paredes celulares são feitas de DQO que é
biodegradada muito lentamente e é considerada
O Modelo B descreve a TCO muito precisamente
não biodegradável, resultando na divisão dos
(Figura 14.6). No entanto, a concentração prevista
produtos do processo de lise em 92% sendo X S
de lodo ativado foi 22% menor do que a
(biodegradável) e 8% XI (não biodegradável),
concentração medida. Isso indicou a necessidade
determinados experimentalmente.
de aumentar a produção de lodo pela introdução de
Consequentemente, as taxas no Modelo B não são
uma fração afluente não biodegradável de DQO
alteradas, visto que o perfil de TCO foi descrito
(sendo inerte e também matéria orgânica
corretamente.
particulada que se acumula no reator: XI). O termo
‘não biodegradável’ é usado no contexto de

Tabela 14.5 Apresentação matricial do Modelo B.

Componente SO SS XH XS Taxa
SS SO
Crescimento -0,5 -1,5 +1,0 μmax ∙ ∙ ∙X
H KS +SS KO,H +SO H
Lise -1,0 +1,0 bH ∙XH
(XS /XH )
Hidrólise +1,0 -1,0 kH ∙ ∙X
K X +(XS /XH ) H

A inclusão de XI resultou no novo Modelo C balanço de DQO e, consequentemente, um


mostrado na Tabela 14.6. A concentração de aumento na produção de lodo causará uma
biomassa observada no reator foi muito bem diminuição na demanda de oxigênio. Não foi
prevista pelo Modelo C; no entanto, devido à maior possível prever corretamente o consumo de
produção/remoção de lodo (DQO) do sistema, o oxigênio e a produção de lodo simultaneamente
consumo de oxigênio foi significativamente pelo Modelo C.
subestimado pelo modelo (apesar do fato de que o
perfil de TCO geral foi bem previsto, Figura 14.7). A partir das observações experimentais (resultados
não apresentados) ficou claro que o efluente da
Isso é esperado, uma vez que o consumo de estação de tratamento continha nitrato, o que
oxigênio e a produção de lodo são ligados pelo implicava que a nitrificação deveria ser incluída.

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energia no processo de nitrificação, e (ii) como


fonte de nitrogênio para o crescimento da biomassa
heterotrófica. A diferença entre a amônia
consumida e o nitrato formado é de 0,08,
representando o teor de nitrogênio da biomassa. O
saldo geral de N neste caso se ajustará a (4,25 =
4,17 + 0,08 · 1,0). Além disso, o processo de
crescimento para os autótrofos foi considerado o
mesmo do que o dos heterótrofos, pelo qual o
substrato particulado e uma pequena quantidade de
Figura 14.7 Modelo C: comparação de valores observados substrato inerte são produzidos. A taxa de processo
experimentalmente (pontos de dados) com uma taxa de
de crescimento para autótrofos é gerada
consumo de oxigênio prevista teoricamente (linha
contínua) (adaptado de Ekama e Marais, 1978; Gujer e analogamente a dos heterótrofos com termos de
Henze, 1991). saturação para amônia e oxigênio. Com a inclusão
de três materiais e dois processos adicionais, o
Com a inclusão da nitrificação, o modelo teve que Modelo D foi criado, o que satisfez o equilíbrio de
ser estendido pela adição de três materiais e dois DQO e N. Com esse modelo, foi possível dividir o
processos, a saber, amônio (NH4+, SNH), nitrato consumo total de oxigênio em consumo de
(NO3-, SNO) e biomassa autotrófica nitrificante (XA) oxigênio para oxidação de amônio e consumo de
e crescimento aeróbio (nitrificante) e lise do oxigênio para degradação de DQO. Isso mostra o
nitrificante. Novamente, foi necessário avaliar a valor agregado de usar o modelo, fornecendo uma
influência de cada um dos materiais adicionais nas compreensão sobre onde o oxigênio é usado e para
reações existentes. A amônia não é usada apenas na quais processos (conhecido como análise de
nitrificação, mas também no crescimento celular, processo). Os resultados da simulação da TCO pelo
portanto foi necessário adicionar um fator Modelo D são apresentados na Figura 14.8.
estequiométrico para a amônia na relação de
crescimento. Se a biomassa contém 8% de Houve alguns dilemas nesta fase do
nitrogênio (0,08 mgN/mgDQO), então o fator desenvolvimento do modelo, como ‘A
torna-se 0,08. Além disso, foi assumido que no correspondência é suficientemente precisa?’ ou ‘O
processo de lise o nitrogênio permanece dentro da desvio, por exemplo, em TCO de 5 a 10% às 14h00
biomassa. No entanto, no processo de hidrólise, a é aceitável?’. As respostas a essas perguntas
DQOLB da biomassa é degradada (por exemplo, dependem inteiramente da qualidade dos dados
proteínas em aminoácidos), resultando em uma experimentais. Se os balanços de DQO e N dos
liberação de amônia. Como consequência, além de dados forem exatamente 100%, então pode valer a
uma unidade de substrato, também são produzidas pena buscar refinamentos no modelo para obter
0,08 unidades de amônia. Isso também acontece uma previsão melhor, porque os dados são
com a DQOLB afluente: conforme a parte da confiáveis e precisos. No entanto, se os balanços de
proteína é hidrolisada, a amônia é liberada e as DQO e N não forem 100%, mas na faixa de 95-
proteínas são medidas no afluente como N 105%, não há muito sentido em tornar o modelo
orgânico, ou seja, a diferença entre o NTK e o muito mais preciso. Fazer modelos é relativamente
nitrogênio amoniacal. Assim, para a nitrificação, fácil, mas obter dados experimentais confiáveis e
uma certa quantidade de oxigênio e amônia são precisos é a parte mais difícil do desenvolvimento
consumidas e nitrato e biomassa são produzidos. A de modelos para sistemas de tratamento de esgoto.
quantidade de amônia consumida não é exatamente Se o equipamento resultar em uma imprecisão de 5
igual à quantidade de nitrato produzida, devido ao a 10%, não há sentido em tornar o modelo mais
duplo uso da amônia, a saber (i) para geração de preciso.

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Tabela 14.6 Apresentação matricial do Modelo C.

Componente SO SS XH XS XI Taxa
SS SO
Crescimento -0,5 -1,5 +1,0 μmax ∙ ∙ ∙X
H KS +SS KO,H +SO H
Lise -1,0 +0,92 +0,08 bH ∙XH
(XS /XH )
Hidrólise +1,0 -1,0 kH ∙ ∙X
K X +(XS /XH ) H

1980; Gujer e Henze, 1991) são previstos


corretamente. Para o objetivo pré-definido, o
modelo é considerado correto, mas isso não
significa necessariamente que as premissas
utilizadas estão corretas. Na verdade, usando essas
suposições, uma descrição matemática
suficientemente apropriada para o propósito de seu
uso é obtida. No entanto, o Modelo D omitiu alguns
processos que na realidade desempenham um papel
importante, como a atividade de protozoários
(Tabela 14.7). Nesse caso, avaliou-se que a
Figura 14.8 Modelo D: comparação de valores observados
inclusão de protozoários no modelo não aumentaria
experimentalmente (pontos de dados) com uma taxa de
consumo de oxigênio prevista teoricamente (linha seu poder descritivo e, consequentemente, esse
contínua). Consumo de oxigênio para degradação de DQO processo não foi incluído. A próxima etapa no
e nitrificação estão separadas (adaptado de Ekama e desenvolvimento do modelo foi a inclusão do
Marais, 1978; Gujer e Henze, 1991). processo de desnitrificação. Em geral, existem duas
abordagens possíveis que, em última análise, levam
Não se deve esquecer que um modelo só pode ter aos mesmos resultados finais. Pode-se presumir
sucesso se atender às expectativas que o modelador que existe um grupo especial de bactérias que
tem dele. Se o objetivo do modelo é descrever realizam a desnitrificação ou que todos os
corretamente as tendências gerais, não há microrganismos heterotróficos podem
necessidade de outros refinamentos. Obviamente, o desnitrificar, mas a uma fração de sua taxa em
ajuste fino e a calibração para um ajuste mais condições aeróbias. Em outras palavras, ou existe
preciso são possíveis, mas isso aumenta a uma população especializada que pode utilizar
complexidade do modelo. Aqui, foi decidido não tanto oxigênio quanto nitrato e outra parte da
adicionar compostos ou processos extras, já que a população que só pode usar oxigênio, ou todos os
última parte da calibração pode ser feita heterótrofos podem desnitrificar, mas a uma taxa
simplesmente mudando alguns parâmetros do reduzida, corrigida pelo fator η (fator de redução
modelo. Em geral, as simulações do modelo para taxa de crescimento em condições anóxicas).
mostraram que a linha medida e a linha do modelo Estas considerações são diferentes suposições
se ajustam bem: TCO, produção de lodo e conceituais, mas matematicamente elas se
nitrificação (dados não mostrados, ver Dold et al., resumem a mesma equação.

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Tabela 14.7 Apresentação matricial do Modelo D.

Componente SO SS SNH SNO XH XS XI XA Taxa


SS SO SNH
Crescimento -0,5 -1,5 -0,08 +1,0 μmax ∙ ∙ ∙ ∙X
H KS +SS KO,H +SO KN,H +SNH H
Lise -1,0 +0,92 +0,08 bH ∙XH
(XS /XH )
Hidrólise +1,0 +0,08 -1,0 kH ∙ ∙X
K X +(XS /XH ) H
Crescimento - SO SNH
-4,25 +4,17 +1,0 μmax ∙ ∙ ∙X
autotrófico 18,0 A KO,A +SO KN,H +SNH A
Lise
+0,92 +0,08 -1,0 bA ∙XA
autotrófica

Como a última suposição simplifica o modelo, Uma das limitações mais importantes do ASM é
optou-se por usar estequiometria para que ele não descreve o fenômeno de
desnitrificação e as bactérias que são organismos intumescimento do lodo (em inglês: bulking).
heterotróficos comuns. Embora a realidade seja Portanto, se o ASM for usado, por exemplo, para
provavelmente muito mais complexa, foi melhorar o processo de nitrificação, é necessário
demonstrado que esta abordagem simplificada verificar se as alterações propostas causam
funciona satisfatoriamente na prática. intumescimento do lodo. A aeração limitada, que é
benéfica para a remoção de nitrogênio, quase
Outro aspecto importante diz respeito à inevitavelmente induz ao intumescimento do lodo.
diferenciação entre frações de material inerte e O fenômeno em si não pode ser modelado de uma
nitrogênio, que é um dos itens que difere de um forma que seja suficientemente confiável para
modelo comercial para outro. Conforme implementação em pacotes de software comerciais,
mencionado anteriormente, o material inerte pode apesar de algumas tentativas descritas na literatura
se originar do afluente ou da degradação da (Krebs, 1995). Consequentemente, isso significa
biomassa, e o conteúdo final da biomassa que o modelo não pode ser aplicado com precisão
degradada, o material inerte, pode ser diferente em para prever concentrações de efluentes muito
composição ao do material inerte no afluente. Isso baixas quando processos altamente eficientes são
também pode ser levado em consideração no implementados. Além disso, esta consideração
modelo; o material inerte pode ser separado ou análoga é válida também para o processo de
agrupado. Em princípio, não é estritamente desnitrificação. Por outro lado, mesmo que o
necessário definir essas frações separadamente, modelo seja capaz de prever a concentração de
mas às vezes isso é feito por razões estéticas ou amônia em 0,5 mg/L, sempre há algumas
para o propósito específico de aplicação do imprecisões e imperfeições nos procedimentos
modelo. Raciocínio semelhante se aplica ao analíticos para determinar a concentração de
fracionamento de nitrogênio. O desenvolvimento amônia, bem como no procedimento de
do modelo descrito por Ekama e Marais (1978) amostragem e manuseio da amostra.
ainda é considerado válido e o Modelo D estendido
com desnitrificação torna-se próximo ao ASM1 Outra limitação do ASM é que ele não leva em
(Henze et al., 1987b). Para obter mais detalhes consideração a remoção de micropoluentes, como
sobre o ASM1, o leitor deve consultar Dold et al., metais, xenobióticos ou compostos disruptores
1980; Van Haandel et al., 1981; Alexander et al., endócrinos estrogênicos. Isso se deve em parte ao
1983; Warner et al., 1986; Henze et al., 1987a, aumento necessário da complexidade do modelo e
1987b, 2000. em parte à falta de conhecimento sobre os

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microrganismos e reações bioquímicas envolvidos grupo desenvolveu e aplicou sua própria


na conversão desses compostos. Em alguns casos, abordagem e notação, primeiro em modelos de
como na modelagem do tratamento de efluentes em estado estacionário e, posteriormente, em modelos
refinarias de petróleo, é necessário prever a dinâmicos. A Tabela 14.8 resume as características
redução de fenóis. Para apoiar a desnitrificação, o essenciais desses e de vários outros modelos de
metanol é frequentemente adicionado em lodo ativado. No início dos anos 1980, Poul
condições anóxicas e sua conversão precisa ser Harremoës, Presidente da associação internacional
incluída. Também há casos em que, por exemplo, de pesquisa e controle da poluição aquática
se está interessado na redução de sulfito. Em todos (IAWPRC, sigla do nome em inglês International
esses casos, um novo organismo especializado Association of Water Pollution, Research and
deve ser incluído no modelo, pois a biomassa Control), que mais tarde se tornou a associação
incluída no ASM1 não converte esses internacional de qualidade da água (IAWQ, sigla
micropoluentes. Exemplos de tais extensões podem do nome em inglês International Association of
ser encontrados na literatura, e hoje em dia alguns Water Quality), e que atualmente é a associação
pacotes de software comercial incluem, por internacional de água (IWA, sigla do nome em
exemplo, a utilização de metanol. No caso de inglês International Water Association) iniciou a
outros compostos de DQO, como ácidos graxos ideia de combinar os modelos mais relevantes e
voláteis (AGVs), os organismos comuns que aplicados e trabalhar em conjunto em um nível
removem a DQO do esgoto irão convertê-los e, internacional para acelerar o desenvolvimento de
portanto, o modelo não precisa ser estendido para um modelo unificado. Como consequência, em
esse propósito. Além do nível do ASM1, o modelo 1982, o ‘Grupo de trabalho sobre modelagem
pode ser estendido para levar em consideração a matemática para projeto e operação de tratamento
transferência de oxigênio, pH e alcalinidade, biológico de esgoto’ foi estabelecido com Gerrit
digestão anaeróbia, remoção química de fósforo e Marais (Universidade da Cidade do Cabo/Cape
precipitação, unidades adicionais (como Town), Leslie Grady (Universidade de Clemson),
decantadores, etc.), processos de correntes Willy Gujer (EAWAG), Tomonori Matsuo
secundárias, a fase gasosa etc. Novamente, se o (Universidade de Tóquio) e Mogens Henze
modelo precisa ser estendido depende da finalidade (Universidade Técnica da Dinamarca) como
do modelo. presidente. Essa atividade conjunta resultou no
desenvolvimento do primeiro Modelo de Lodo
14.5 MODELOS DE LODO ATIVADO Ativado dinâmico, denominado abreviadamente
ASM1 (Henze et al., 1987b). O ASM1 pode ser
Nos últimos vinte anos, o conhecimento e a considerado o modelo de referência, uma vez que
compreensão do tratamento de esgoto avançaram este modelo desencadeou a aceitação geral da
extensivamente e se afastaram de abordagens modelagem de tratamento de esgoto, primeiro na
empíricas para uma abordagem de ‘primeiros comunidade de pesquisa e, posteriormente,
princípios’ baseada em fundamentos, abrangendo também na prática. Esta evolução foi, sem dúvida,
química, microbiologia, engenharia física e de suportada pela disponibilidade de computadores
bioprocessos e matemática. Muitos desses avanços mais potentes. O ASM1 é, em essência, um modelo
amadureceram ao ponto de serem codificados em de consenso, resultado das discussões entre
modelos matemáticos para simulação por diferentes grupos de modelagem da época. Muitos
computadores. dos conceitos básicos do ASM1 foram adaptados
do modelo de lodo ativado definido por Dold et al.
Antes da década de 1980, vários grupos de pesquisa (1980). Um resumo dos desenvolvimentos de
trabalharam independentemente uns dos outros no pesquisa que resultaram no ASM1 foi fornecido
desenvolvimento de modelos de lodo ativado. Cada por Jeppsson (1996) e em um capítulo recente de

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Ekama e Takács (2014) (em Jenkins e Wanner, oxigênio e a produção de lodo (juntamente com o
2014). Ainda hoje, o modelo ASM1 ainda é, em balanço de DQO), e as conversões de N e P em
muitos casos, o estado da arte para modelar estações de tratamento de esgoto sanitário.
sistemas de lodo ativado (Roeleveld e Van Contudo, apesar de serem projetados para fins
Loosdrecht, 2002). O ASM1 tornou-se uma práticos (e, portanto, não acadêmicos), eles não são
referência para muitos projetos científicos e modelos sanitários, pois não descrevem a remoção
práticos, e foi implementado (em alguns casos com de patógenos. Provavelmente, a melhor maneira de
modificações) na maioria dos softwares comerciais descrever o desenvolvimento do modelo de lodo
disponíveis para modelagem e simulação de ativado em etapas é a abordagem original de Marais
estações para remoção de nitrogênio. Copp (2002) e Ekama (1976) e Ekama e Marais (1978),
relata experiências com implementações do ASM1 posteriormente descrita por Dold et al. (1980), e
em diferentes plataformas de software. Em geral, mais elaborado em Gujer e Henze (1991). O
os modelos de lodo ativado da ‘família’ ASM são resultado dessa abordagem é um modelo que se
desenvolvidos para descrever a taxa de consumo de aproxima do ASM1.

Tabela 14.8 Visão geral de modelos de lodo ativado selecionados (baseado em Gernaey et al., 2004).

Remoção química de P
PAO desnitrificantes

Lise de PAO / PHA

Variáveis de estado
Desnitrificação

heterotrófico /

Fermentação
Decaimento
Nitrificação

autotrófico

Referência
Hidrólise

Reações
Modelo

RBAF

UCTDOLD ⚫ ⚫ MR, Cst AE 8 13 Dold et al., 1980, 1991


ASM1 ⚫ ⚫ MR, Cst AE 8 13 Henze et al., 1987b
ASM3 ⚫ ⚫ RE, AE Cst 12 13 Gujer et al., 1999
UCTPHO ⚫ ⚫ MR, Cst AE ⚫ Cst ⚫ 19 19 Wentzel et al., 1988,
1989a,b
ASM2 ⚫ ⚫ MR, Cst AE ⚫ Cst ⚫ ⚫ 19 19 Henze et al., 1995
ASM2d ⚫ ⚫ MR, Cst AE ⚫ ⚫ Cst ⚫ ⚫ 21 19 Henze et al., 1999
B&D ⚫ ⚫ MR, Cst AE ⚫ ⚫ AE ⚫ 36 19 Barker e Dold, 1997
TUDP ⚫ ⚫ MR, Cst AE ⚫ ⚫ AE ⚫ 21 17 Meijer, 2004
ASM3-bioP ⚫ ⚫ RE, AE Cst ⚫ ⚫ AE 23 17 Rieger et al., 2001
MR, conceito de morte regeneração; AE, dependente do aceptor de elétrons; RE, conceito de respiração endógena; Cst, não
depende do aceptor de elétrons

O ASM1 é um modelo estruturado baseado na DQO (matéria orgânica) e quatro frações de


cinética de Monod que prevê os processos de nitrogênio (Henze et al., 1987b; Gujer e Henze,
reações biológicas (bacteriológicas). O ASM1 1991). A concentração de oxigênio dissolvido e a
modela a remoção de DQO e N, consumo de alcalinidade também estão incluídos como parte
oxigênio e produção de lodo. O esgoto é das características do esgoto. Dos oito processos do
caracterizado em termos de sete componentes modelo, três estão relacionados ao crescimento de
dissolvidos e seis particulados que são usados para organismos heterotróficos e autotróficos, dois
descrever dois grupos de biomassa, sete frações de descrevem o decaimento da biomassa (teoria de

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morte-regeneração, Dold et al., 1980) e três estão juntaram. O conhecimento adquirido sobre a RBAF
relacionados à hidrólise. O modelo é apresentado levou à publicação do Modelo de Lodo Ativado nº2
em formato de matriz, também conhecido como (ASM2) (Henze et al., 1995), que incluiu os
matriz de Petersen ou matriz de Gujer (Petersen, processos de RBAF. Em particular, o ASM2 inclui
1965; Takács et al., 2007). Esta matriz contém Organismos Acumuladores de Fósforo, (PAO –
coeficientes estequiométricos e um vetor cinético. phosphate accumulating organisms), crescendo
Todas as variáveis de estado envolvidas em um apenas em condições aeróbias, com as reações
processo são exibidas em colunas, e todos os anaeróbias, anóxicas e aeróbias correspondentes. O
processos onde uma variável de estado está ASM2 foi um equilíbrio entre complexidade e
envolvida são apresentados nas linhas da matriz. Já simplicidade, e entre diferentes pontos de vista
em uso na modelagem química (Petersen, 1965), sobre como o modelo correto deveria se parecer
esta representação ajudou a apresentar o modelo de para ser usado como uma plataforma conceitual
forma compacta. Isso facilitou sua publicação, para seu desenvolvimento posterior (Henze et al.,
interpretação e comparação não só entre modelos, 2000). Em 1996, Mark Van Loosdrecht
mas também entre processos e compostos. No (Universidade de Tecnologia de Delft) tornou-se
entanto, certas limitações principais do ASM1 são, membro do grupo de trabalho após a saída de
por exemplo, que ele apenas descreve reações Tomonori Matsuo, Mark Wentzel e Gerrit Marais.
heterotróficas e autotróficas sob condições Como a ocorrência da RBAF desnitrificante foi
aeróbicas e anóxicas (em que, por exemplo, bem estabelecida (por exemplo, Kuba et al., 1997;
heterotróficos ordinários consomem substratos Murnleitner et al., 1997), o modelo ASM2 foi
carbonáceos e organismos nitrificantes autotróficos expandido em 1999 pela inclusão de PAO
oxidam amônia em nitrato), e não inclui processos desnitrificante (DPAO). Esta versão do modelo foi
de remoção biológica avançada de fósforo (RBAF) denominada ASM2d (Henze et al., 1999). Tanto o
(Gujer e Henze, 1991). Apesar do fato de que em ASM2 quanto o ASM2d são semelhantes ao ASM1
grande parte o conhecimento de processos de no sentido de que assumem que a célula é uma
RBAF já estivesse disponível quando o ASM1 foi caixa preta, em oposição ao uso da abordagem
desenvolvido (Comeau et al., 1986; Van metabólica para modelar os processos que ocorrem
Loosdrecht et al., 1997), RBAF não foi incluído no dentro da célula. No entanto, o ASM2d parece estar
ASM1 pois a maioria das estações de tratamento de superparametrizado em relação aos dados
esgoto daquela época não incorporava remoção de disponíveis, exigindo uma abordagem mais
fósforo biologicamente (ou quimicamente) sistemática para calibração (Brun et al., 2002).
intensificada (Fenu et al., 2010). Embora isso tenha permitido que o modelo se
adaptasse e descrevesse mudanças dinâmicas na
Nos últimos anos, diversos grupos de pesquisa comunidade de lodo ativado, ainda faltava a
começaram a trabalhar na descrição da RBAF para capacidade de descrever inteiramente a dinâmica
sua incorporação em modelos dinâmicos de lodo observada, particularmente no que diz respeito aos
ativado, principalmente baseados em compostos processos de hidrólise e RBAF (Sin e
solúveis diretamente mensuráveis. De meados da Vanrolleghem, 2006). Paralelamente a esses
década de 1980 a meados da década de 1990, o desenvolvimentos, em 1994 um crescente
processo de RBAF cresceu em popularidade e a conhecimento da bioquímica celular interna dos
compreensão de seus mecanismos bioquímicos PAOs resultou no desenvolvimento de um modelo
aumentou (Henze et al., 2000). Nesse ínterim, em metabólico (modelo TUDP; Smolders et al., 1994a,
1990, a composição do grupo de trabalho mudou, b; Murnleitner et al., 1997) descrevendo as fases
quando Leslie Grady saiu e Takashi Mino anaeróbia e aeróbia da RBAF com base em
(Universidade de Tóquio) e Mark Wentzel compostos de armazenamento intracelular. Este
(Universidade da Cidade do Cabo/Cape Town) se

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modelo foi posteriormente totalmente integrado ao apenas o ASM3 irá descrever a absorção com
ASM por Meijer (2004). precisão. No entanto, não há problema em usar o
ASM1 para simulação de sistemas de remoção de
Ao mesmo tempo que o modelo ASM2d foi nitrogênio porque a nitrificação é um processo
apresentado, o grupo de trabalho também lento e, portanto, há tempo suficiente para a
desenvolveu o modelo ASM3 para corrigir biodegradação de DQO lentamente biodegradável.
algumas das limitações do ASM1. O ASM3 foi A segunda razão para introduzir o ASM3 foi que o
proposto para se tornar o novo padrão para ASM1 provou ser tão bem-sucedido na simulação
modelagem baseada em ASM. Ele substituiu o de estações de tratamento de esgoto que muitos
processo de morte-regeneração para organismos começaram a acreditar que o que estava no ASM1
heterotróficos por um processo de respiração era 100% verdade e a realidade. No entanto, os
endógena e também introduziu o papel de mecanismos de armazenamento exibidos pela
armazenamento de substratos orgânicos (Gujer et biomassa mostram que o que está no ASM1 não é
al., 1999). Em 2000, o grupo de trabalho totalmente verdadeiro, mas próximo o suficiente da
apresentou a visão geral dos modelos ASM 1 a 3 realidade para servir ao seu propósito. Portanto, o
(Henze et al., 2000). Em essência, o ASM3 ASM3 tem um valor educacional agregado porque
descreve os mesmos processos do ASM1, embora demonstra que existem maneiras diferentes (mas
o ASM3 tenha sido apresentado para corrigir as não necessariamente melhores) de modelar a
deficiências do ASM1. Isso é parcialmente baseado mesma estação de tratamento. No entanto, a razão
nas observações dos testes de taxa de consumo de mais importante para a introdução do ASM3 foi o
oxigênio (TCO) com lodo ativado, que revelaram o reconhecimento da importância de três taxas de
fato de que as bactérias absorvem prontamente a consumo de oxigênio no processo, a saber: a taxa
DQO rapidamente biodegradável e a armazenam rápida de consumo de oxigênio para degradação de
como substrato interno que será convertido DQO rapidamente biodegradável (DQORB), a taxa
lentamente (conversão de DQO rapidamente lenta associada à degradação de DQO lentamente
biodegradável em DQO lentamente biodegradável (DQOLB), e o ainda mais lenta TCO
biodegradável). Quando acetato (substrato endógena. Em contraste, no ASM1 há apenas um
definido) é adicionado ao lodo ativado, a TCO processo de consumo de oxigênio, por isso é muito
observada sugere a presença de dois substratos; difícil realizar a calibração, pois é necessário
pode ser observada uma degradação rápida e lenta calibrar outros processos que influenciam
do substrato associada com TCO (Henze, 1992; indiretamente os processos que consomem
Henze et al., 2008). oxigênio.

No ASM1, parece que dois substratos estão O outro problema é a ciclagem da DQO no
presentes (SS e XS), enquanto nos experimentos processo, pois no processo de decaimento DQO
originais apenas acetato (SS) foi dosado. Para particulada é produzida, hidrolisada e usada para o
descrever a TCO observada com o ASM1 neste crescimento novamente. Isso significa que se no
caso, foi necessário definir que o acetato é processo um parâmetro é alterado, ele influencia
parcialmente solúvel e parcialmente particulado, o todos os outros processos devido à ciclagem, e é
que não é recomendado. Esta deficiência é difícil usar a calibração automatizada porque cada
resolvida com a introdução de um composto de parâmetro influencia todos os processos. No ASM3
armazenamento, XSTO,S, no ASM3. Isso significa esse problema foi resolvido, pois o processo de
que o substrato é absorvido rapidamente e decaimento foi substituído pela respiração
armazenado, enquanto o crescimento ocorre endógena, que elimina o ciclo da DQO (Figura
consumindo o substrato armazenado. Ambos os 14.9). Em outras palavras, uma vez que as células
modelos irão descrever a TCO observada, mas são produzidas, elas começam a se oxidar e, com

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isso, a biomassa é reduzida pelo processo de perto, é útil eliminar a interação de bioprocesso da
mineralização aeróbia (a respiração endógena reciclagem de substrato do modelo de morte-
clássica). Embora isso tenha alguma controvérsia regeneração.
conceitual, por exemplo, porque um organismo se
oxidaria (ou seja, faria dieta) quando há comida por

Figura 14.9 Degradação da DQO no (A) ASM1 e (B) ASM3.

Uma das aplicações mais importantes do ASM3 é diferença significativa se a DQO rapidamente ou
em reatores de fluxo pistonado, como seletores lentamente biodegradável está presente ou se a
(Makinia et al., 2006). Se, por exemplo, acetato DQO é armazenada ou não. Em sistemas com um
deve ser removido no seletor aeróbio para evitar o TRS longo (10-20 dias dependendo da temperatura,
intumescimento de lodo, o projeto do seletor é que são mais comuns na prática), uma grande parte
governado pelo tempo necessário para absorver o da remoção de nitrato está efetivamente associada
acetato e pela quantidade de oxigênio necessária com a DQO lentamente biodegradável do afluente
para isso. Se o ASM1 for usado em vez disso, os e da morte-regeneração no reator de pré-
requisitos de oxigênio no seletor serão desnitrificação e apenas da morte-regeneração no
significativamente superestimados. Na realidade, reator pós-desnitrificação, de modo que a
uma grande proporção de acetato é armazenada sensibilidade para a proporção exata entre COD
dentro da biomassa e, uma vez armazenado, não há rapidamente e lentamente biodegradável é muito
mais o problema de intumescimento de lodo. Se menor. O mesmo se aplica à diferenciação entre
alguém deseja projetar o seletor aeróbio e incluí-lo ASM1 e ASM3. Em sistemas de alta carga a
no modelo, o ASM3 é o melhor modelo a ser usado. respiração endógena é menos importante e,
portanto, o acúmulo de DQO na forma de
Outra aplicação relevante do ASM3 é para a polímeros de armazenamento e a passagem para a
descrição de uma estação de remoção de nitrogênio fase aerada de uma estação de tratamento podem
pré-desnitrificante operando com TRS baixo (Yuan ser significativos.
et al., 2002; Sahlstedt et al., 2004). Aqui, há uma

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Em conclusão, o ASM3 é recomendado para (i) quantidade de componentes industriais solúveis


simular sistemas de alta carga de nitrificação- estão presentes no afluente, e (iv) facilitar a
desnitrificação com tempos de detenção anóxicos calibração automática. Caso contrário, ASM1 deve
curtos (volumes), (ii) apoiar a modelagem do ser igualmente bem-sucedido na descrição de uma
seletor, (iii) melhorar a previsão de sistemas de estação de lodo ativado.
aeração que diminuem ao longo do reator, durante
alimentação escalonada ou quando grande

Figura 14.10 Interações no modelo integrado ASM2-TUDP (Meijer, 2004).

A consequência da introdução da RBAF e mostra a extensão necessária para a descrição da


Organismos Acumuladores de Fósforo (PAO) nos fisiologia complexa do PAO. Os nitrificantes e
ASM é que o modelo se torna bastante complexo, heterotróficos ordinários usam oxigênio para
conforme ilustrado na Figura 14.10. oxidar seu substrato para formar CO2 ou nitrato e
biomassa. Eles têm uma fisiologia bem simples,
O lado esquerdo da Figura 14.10 mostra a parte das resultando em processos simples. A fisiologia dos
conversões realizadas por nitrificantes e PAOs inclui polímeros de armazenamento interno
heterotróficos ordinários, enquanto o lado direito (poli-hidroxialcanoato: PHA, glicogênio e poli-P)

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e seu comportamento sob condições anaeróbias, de conservação (estequiometria) e, portanto, as


anóxicas e aeróbias é diferente. Eles também se escolhas entre as taxas de processo ou de
comportam de forma diferente em condições crescimento e as taxas de utilização de substrato ou
aeróbias, dependendo da presença ou não do de oxigênio não são importantes.
substrato. Obviamente, existem muitas variações
possíveis e a inclusão da RBAF no modelo Assim, a abordagem de caixa preta pode ser usada,
aumenta substancialmente sua complexidade (o como também é o caso do ASM1. Portanto, para o
número de processos no ASM aumenta de 11 para próprio sistema de lodo ativado, o rastreamento de
22). A situação se torna ainda mais complexa C, H, O e carga não são necessários; DQO e N são
quando os organismos acumuladores de glicogênio suficientes. Mas quando os ASMs são integrados
(GAO – glycogen accumulating organisms) com modelos de digestão anaeróbia (DA) para
também são incluídos. ASM2 e ASM2d são formar modelos de estação inteira, isso torna-se
semelhantes ao ASM1 ao assumir que a célula é importante porque a modelagem de DA requer o
uma caixa preta em oposição ao uso da abordagem rastreamento de C, H, O e carga para prever a
metabólica para modelagem, que leva em produção e composição de gás e geração de
consideração o que está acontecendo dentro da alcalinidade (Brink et al., 2007).
célula.
No entanto, se for necessário descrever a situação
Em 1994, o aumento do conhecimento da com crescimento heterotrófico e formação de
bioquímica celular interna de PAOs resultou no produto (polímeros de armazenamento) como para
desenvolvimento de um modelo metabólico que PAOs em processos de RBAF, o número de
descreve as fases anaeróbia e aeróbia da RBAF compostos relevantes aumenta; cada polímero de
(Smolders et al., 1994a,b; 1995a,b,c). O modelo foi armazenamento adicional traz um composto extra,
desenvolvido e validado usando culturas mas o número de balanços não aumenta, o que
enriquecidas de PAOs cultivadas em experimentos significa que os graus de liberdade (valores
de reatores em batelada sequenciais (RBS) desconhecidos) aumentam como consequência do
anaeróbio/aeróbio (A/O) em escala de laboratório. aumento do número de compostos desconhecidos.
Por que usar um modelo metabólico é útil? No Nesse caso, é necessário saber pelo menos um
modelo padrão para crescimento heterotrófico, coeficiente de rendimento e taxa, e a escolha da
existem sete compostos relevantes (substrato, taxa do processo torna-se importante. Por exemplo,
oxigênio, carga, dióxido de carbono, água, amônia durante condições aeróbias, os PAOs usam PHA
e biomassa), cinco balanços independentes armazenado internamente para produzir o
(carbono, hidrogênio, oxigênio, nitrogênio e carga) composto intermediário acetil-CoA que é usado
e dois graus de liberdade. Se conhecermos um posteriormente para o crescimento de biomassa,
rendimento e um coeficiente de taxa, é possível formação de glicogênio e criação da energia
descrever todo o sistema com um modelo. Se necessária para esses processos e para a formação
alguém fosse descrever a remoção de DQO e de poli-P.
nitrificação em um nível metabólico, isso não traria
nenhuma vantagem, pois os coeficientes de Obviamente, a introdução de compostos de
rendimento e taxa ainda seriam necessários. armazenamento cria uma rede de processos mais
Embora a estequiometria metabólica permita o complicada. Nos processos com polímeros de
rastreamento, os fluxos de C, H, O, N, P e carga armazenamento adicionais, coeficientes de
através de um sistema fornecem mais informações rendimento adicionais também serão introduzidos.
do ponto de vista da modelagem, o que torna o A eficiência dos processos de conversão seria,
modelo mais complexo, mas não mais preciso. entretanto, a mesma para todos os rendimentos.
Todas as taxas estão ligadas por meio de relações Dentro de um modelo metabólico, pode-se vincular

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os rendimentos macroscópicos ao rendimento podem ser lidas separadamente, pois são apenas o
metabólico, que é a eficiência de geração de resultado da reformulação matemática. A partir das
energia (ATP) por unidade de substrato oxidado. A reações metabólicas, foi determinada uma
oxidação do substrato está relacionada à estequiometria geral anaeróbia, aeróbia e anóxica.
transferência de elétrons para o consumo de Uma descrição completa do modelo TUDP é
oxigênio ou nitrato. Os coeficientes de rendimento fornecida por Meijer (2004) e De Kreuk et al.
são, portanto, todos uma função deste parâmetro (2007). No geral, a formulação de uma reação
básico (ATP produzido por par de elétrons global anaeróbia é clara, pois existe apenas uma
transferidos) e o número de parâmetros de reação metabólica. Assim, ao medir a taxa de
rendimento independentes é menor em uma consumo de acetato, todas as outras taxas são fixas.
descrição metabólica para esses microrganismos Em relação à estequiometria aeróbia e anóxica,
complexos. cinco reações gerais (rX, rPP, rGLY, rPHA e mPHA) são
dadas, mas o sistema pode ser resolvido se quatro
Inicialmente, a cinética mais simples foi escolhida das cinco taxas forem determinadas. Em 1999, Van
para o modelo metabólico. Smolders et al. (1994b) Veldhuizen et al. integraram o modelo metabólico
propuseram uma estrutura cinética na qual o de RBAF com os processos heterotrófico,
consumo de oxigênio (ou nitrato) e a degradação do hidrolítico e autotrófico do ASM2d (Henze et al.,
PHA são o resultado líquido do crescimento da 1999). Com este modelo, foi simulado um processo
biomassa (rX), formação de poli-P (rPP), formação MUCT- Modified University of Cape Town em
de glicogênio (rGLY) e manutenção (mO e mPHA). escala plena para remoção de DQO, N e P
Sua estrutura cinética é expressa por equações (Veldhuizen et al., 1999). Este estudo mostrou que
lineares que levam a um conjunto de reações o modelo TUDP foi capaz de descrever as
globais (Meijer, 2004). Em seguida, Kuba et al. condições em escala plena sem quaisquer ajustes
(1996) propuseram um modelo metabólico para significativos. Para fortalecer a aplicação em escala
RBAF desnitrificante. Em 1997, Murnleitner et al. plena do modelo, um protocolo de calibração foi
combinaram os modelos anaeróbio, aeróbio e desenvolvido e testado. Usando o mesmo modelo,
anóxico, propondo uma estrutura cinética em que o Brdjanovic et al. (2000) simularam um processo
crescimento era o resultado líquido do consumo de em escala plena de remoção de P em correntes
PHA e poli-P e formação de glicogênio sem alterar secundárias. Após calibrar a formação de
sua estequiometria original. Do ponto de vista glicogênio, o modelo descreveu o processo sem a
ecológico, o armazenamento é preferível ao necessidade de ajustes adicionais de outros
crescimento, sugerindo que, em sua competição parâmetros. Uma vez que a temperatura
com outros microrganismos, os PAOs dependem desempenha um papel importante nas conversões
de sua capacidade de armazenamento. Um rápido microbianas, Brdjanovic et al. (1998) estudaram o
reabastecimento de compostos de armazenamento efeito da temperatura na RBAF. Seus resultados
é uma condição primária para a sobrevivência a foram incorporados ao modelo TUDP que foi
longo prazo. Assim, a taxa máxima de crescimento usado para simular um processo MUCT em escala
não é mais uma propriedade intrínseca dos PAOs, real otimizado para RBAF desnitrificante (ETE
mas passa a depender das condições ambientais e Hardenberg, ver Meijer et al., 2001). Com base em
da capacidade máxima de armazenamento de PHA todos esses experimentos práticos, o modelo
(Brdjanovic et al., 1998). Com a estrutura cinética metabólico TUDP atualizado e validado mostrou
reformulada, Murnleitner et al. (1997) descreveram que sua estequiometria é totalmente confiável e
todos os experimentos realizados por Smolders et pode ser usado e extrapolado sem calibração. Para
al. (1994a, b; 1995a, b) e Kuba et al. (1996) com simular RBAF em escala plena, o modelo
um conjunto de parâmetros do modelo. Apesar metabólico foi combinado com as reações
disso, é preciso destacar que essas reações não heterotróficas, hidrolíticas e autotróficas do

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ASM2d (Henze et al., 1999). A Figura 14.11


mostra como as diferentes estruturas do modelo
interagem.

Figura 14.11 Esquemas simplificados de fluxos de substrato para (A) biomassa autotrófica e heterotrófica nos modelos ASM1 e
ASM3 (modificado de Gujer et al., 1999), (B) armazenamento e crescimento de PAO no modelo ASM2 (Henze et al., 1995), e (C)
armazenamento e crescimento aeróbio de PAO no modelo TUDP (Van Veldhuizen et al., 1999; Brdjanovic et al., 2000).
Adaptado de Gernaey et al. (2004).

Embora fosse possível reformular os processos No modelo metabólico TUDP, a estrutura cinética
autotróficos e heterotróficos do ASM2d em uma resulta em um conjunto de reações atípicas do
forma metabólica, tal modelo teria o mesmo modelo. Essas reações são o resultado matemático
número de rendimentos que o modelo original. da formulação cinética e não podem ser vistas
Portanto, não seria menor e, além disso, não independentemente. Para quem não está ciente
melhoraria o desempenho do modelo. Portanto, no disso, isso pode facilmente levar a interpretações
modelo TUDP, os processos do ASM2d foram errôneas da matriz do modelo, pois as reações
mantidos em sua forma original e a integração dos estequiométricas individuais não descrevem o
dois modelos foi relativamente simples. Isso processo de RBAF real. Isso deve ser
poderia aumentar a confiabilidade da descrição do compreendido quando o modelo é usado para fins
processo de RBAF que o ASM2d parecia não ter educacionais. No entanto, na prática de
(Sin e Vanrolleghem, 2006). No entanto, onde os modelagem, trabalhar com o conceito metabólico
dois modelos são unidos surge uma nova forma de tem vantagens importantes sobre outras abordagens
competição de substrato (por exemplo, entre de modelagem. A principal vantagem é a sólida
Organismos Heterotróficos Ordinários: OHO e base estequiométrica do modelo metabólico. Essa
PAO). Além disso, com a RBAF os processos de base estequiométrica sólida é em grande parte
fermentação e hidrólise no modelo tornam-se mais devida à inclusão de glicogênio e à modelagem
sensíveis e dois conceitos de respiração endógena/ simultânea da dinâmica de reativa do glicogênio e
manutenção são usados simultaneamente. do PHA.

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É claro que ao usar informações metabólicas os contexto de desenvolvimento de modelos também


graus de liberdade no modelo podem ser reduzidos. é importante mencionar a função do hardware. O
Uma melhor compreensão dos processos desenvolvimento dos modelos e a capacidade
metabólicos do organismo fechará a lacuna para computacional (CPU) cresceram lado a lado
uma situação de ‘caixa branca’. O aumento da (Gujer, 2006). Do ponto de vista técnico, tornou-se
complexidade dos processos é consequentemente viável trabalhar com modelos que continham um
refletido nos modelos. No entanto, uma melhor grande número de descrições de processos e
compreensão das interações complexas dentro da variáveis. Na década de 1990, os modelos eram
célula e a introdução da abordagem metabólica dão cada vez mais usados por pesquisadores, mas a
mais confiança e consistência na aplicação de modelagem matemática se tornou popular também
modelos para descrever processos de lodo ativado. entre os profissionais. Hoje, modelos matemáticos
Está, na prática, coletando informações de um nível são comumente usados na América do Norte,
organizacional inferior para ajudar a compreender Austrália e muitos países da Europa (Hauduc et al.,
e modelar os processos em um nível de organização 2009). Para facilitar a aplicação de modelos
superior. Para obter mais detalhes sobre ASM2, matemáticos, software foi desenvolvido para
ASM2d, ASM3 e modelos metabólicos, o leitor auxiliar no projeto, otimização, operação e
deve consultar Henze et al. (2000), Gernaey et al. treinamento. Simuladores de modelagem fornecem
(2004) e Meijer (2004). uma melhor compreensão das estações de
tratamento de esgoto, uma vez que permitem aos
Seguindo o trabalho de modelagem metabólica usuários visualizar a resposta dos sistemas de
pelo grupo de Delft, Filipe et al. (2001) tratamento a mudanças em uma série de variáveis
melhoraram o modelo de utilização anaeróbia de diferentes, e também são usados para otimizar as
acetato. Uma dependência cinética a poli-P foi estações de tratamento de esgoto e para treinar os
incluída, o que melhorou a descrição da utilização operadores das estações. Exemplos de pacotes
de acetato sob várias concentrações iniciais de poli- comerciais são GPS-X, SIMBA, STOAT, SUMO,
P. Também foi sugerida uma dependência diferente WEST, BioWin etc. Para pesquisa e treinamento,
de pH para a utilização anaeróbia de acetato que se SSSP, ASIM, AQUASIM e até Microsoft Excel
torna crítica quando a utilização anaeróbia de são regularmente usados (referências a pacotes são
substrato é limitante. No modelo TUDP, a fornecidas no final do capítulo). Benefícios
utilização anaeróbia de acetato foi modelada de significativos estão associados ao uso de
acordo com Smolders et al. (1994a). Além disso, simuladores na análise, projeto e operação de
Filipe et al. (1999) propuseram melhorias para o sistemas de tratamento de esgoto (Meijer e
modelo de utilização anóxica de acetato de acordo Brdjanovic, 2012).
com Smolders et al. (1994a). No entanto, essas
melhorias não foram incorporadas ao modelo Para facilitar a sua utilização por profissionais de
TUDP. maneira estruturada e organizada, várias
orientações práticas sobre como modelar uma
estação de tratamento de esgoto, e protocolos sobre
14.6 A CAIXA DE FERRAMENTAS ASM como caracterizar o esgoto e lodo foram
desenvolvidos em todo o mundo nos últimos anos.
Atualmente, os modelos de lodo ativado são Em 2004, no 4º Congresso Mundial da Água da
considerados confiáveis e capazes de descrever IWA em Marrakech, grupos que desenvolveram
estações de tratamento de esgoto complexas. Do vários protocolos (Hochschulgruppe, STOWA,
ponto de vista prático, para a maioria das BIOMATH e WERF) se reuniram para
aplicações de engenharia, os modelos são desenvolver planos para sintetizar as melhores
considerados suficientemente desenvolvidos. No práticas de modelagem disponíveis. Um novo

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Grupo de Trabalho de Boas Práticas de Modelagem disponibilizar alguns estudos de caso práticos
da IWA (GMP-TG, sigla do nome original em foram mencionados como instrumentos-chave para
inglês Good Modelling Practice Task Group) foi lidar com certos obstáculos, como a complexidade
formado sobre o uso de Modelos de Lodo Ativado, das teorias e procedimentos do modelo, as etapas
paralelamente e com total apoio do grupo de demoradas e, finalmente, a confiabilidade dos
trabalho original em modelagem matemática para modelos.
projeto e operação de tratamento biológico de
esgoto. O site deste e de outros grupos de trabalho Além do envio do questionário, foram organizados
relevantes da IWA no campo da modelagem diversos workshops, reuniões e cursos sobre
matemática são apresentados nos anexos. O GMP- modelagem de lodo ativado, como seminários de
TG consiste em uma equipe internacional de modelagem de tratamento de efluente. O GMP-TG
modeladores que combina experiência e esteve envolvido no desenvolvimento de um novo
conhecimento sobre modelagem de lodo ativado Sistema de Notação de Modelos IWA (Corominas
para fornecer orientação aos profissionais (Rieger et al., 2010), e entrevistou vários modeladores
et al., 2012). Um dos objetivos do GMP-TG foi ilustres (Peter Dold, George Ekama, Willi Gujer,
preparar um relatório técnico e científico para Mogens Henze, Mark Van Loosdrecht, entre
propor procedimentos simples e eficazes para a outros). Uma das sugestões foi recomendar valores
utilização de modelos do tipo ASM (Rieger et al., típicos para razões, variáveis e parâmetros usados
2012). Na preparação deste relatório, o GMP-TG regularmente na modelagem de esgoto. O resultado
desenvolveu e enviou um questionário em 2007 foi compilado no livro da IWA ‘Guidelines for
para comparar e coletar informações relevantes using activated sludge models’, Scientific and
sobre o uso prático da modelagem. Os objetivos Technical Report No. 22 (Rieger et al., 2012).
foram definir melhor o perfil dos usuários de Obviamente, a IWA desempenhou um papel
modelos ASM, identificar as importante na evolução da modelagem de esgoto,
ferramentas/procedimentos que são usados facilitando seu desenvolvimento, fornecendo uma
(modelos, diretrizes, protocolos) e destacar as plataforma para várias comunidades de prática e
principais limitações encontradas durante a promovendo pesquisas e práticas de modelagem
construção e utilização de modelos do tipo ASM por meio de várias publicações.
(Hauduc et al., 2009). O resultado do questionário,
preenchido por 96 respondentes, mostrou que os No mesmo site GMP-TG, as ‘matrizes de Gujer’
modelos são utilizados por pesquisadores para fins ajustadas para sete modelos publicados podem ser
de otimização, bem como por modeladores baixadas como uma planilha do MS Excel: (i)
contratados por empresas privadas para a ASM1 (Henze et al., 1987a,b, 2000); (ii) ASM2d
realização de projetos. A modelagem é vista como (Henze et al., 1999); (iii) ASM3 (Gujer et al.,
uma ferramenta de engenharia, necessitando de 1999); (iv) ASM3 + BioP (Rieger et al., 2001); (v)
treinamento relevante que muitas vezes é ASM2d + TUD (Meijer, 2004); (vi) o modelo de
deficiente. Os modelos biocinéticos mais utilizados Barker & Dold (Barker e Dold, 1997); e (vii)
foram ASM1 (57%) e ASM2d (32%), seguidos de UCTPHO + (Hu et al., 2007). No mesmo site,
ASM3, outro (não especificado), ASDM (BioWin), uma comparação de diferentes regras de
Mantis (GPS-X) e o modelo TUDP. O estudo nomenclatura de parâmetros, incluindo o novo
também revelou que os modelos às vezes não são Sistema de Notação de Modelos IWA (Corominas
aplicados de forma adequada, o que pode ser et al., 2010), também pode ser encontrado.
devido à falta de conhecimento e à procedimentos
padronizados. O desenvolvimento e melhoria de Mais recentemente, entre outras iniciativas para
procedimentos de modelagem padronizados e uma melhorar a transferência de conhecimento,
melhor transferência de conhecimento ao facilitando e disponibilizando alguns estudos de

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caso práticos (Hauduc et al., 2009), IHE Delft descreve a seleção de quinze aplicações municipais
publicou o livro ‘A practical guide to activated e industriais de modelo de lodo ativado realizadas
sludge modelling’ (Meijer e Brdjanovic, 2012) que nas últimas duas décadas pelo grupo de modelagem
é usado no curso de modelagem ministrado todos Delft (Brdjanovic et al., 2015). Além de uma série
os anos no IHE Delft22 em cooperação com a de exemplos da Holanda, este livro inclui alguns
Universidade Técnica de Delft. Com um enfoque estudos pioneiros sobre modelagem de lodo
muito prático, ele apresenta todas as etapas ativado na Índia (Brdjanovic et al., 2007; Lopez-
executadas como parte de um projeto de Vazquez et al., 2013), Bósnia e Herzegovina
modelagem onde cinco ETEs foram sujeitas a (Hodzic et al., 2011; Price e Vojinovic, 2010),
modernização para os padrões de descarte de México (Fall et al., 2012), Croácia (Meijer e
efluentes da UE em um novo estado membro da Brdjanovic, 2012) e Uruguai (Bentancur, 2014).
UE. Além dos protocolos gerais de modelagem e Isso demonstra que esforços também estão sendo
diretrizes para caracterização e fracionamento de realizados nos países em desenvolvimento para
efluentes, são apresentados métodos para avaliação aplicar os modelos aos sistemas de lodo ativado
quantitativa de afluentes, abordando diferentes existentes (principalmente para otimização ou
componentes da cadeia de efluentes urbanos e modernização).
introduzindo uma metodologia para quantificação
de componentes de esgoto. Diretrizes para vazões No geral, a modelagem matemática está se
e pontos de medição necessários para a preparação tornando uma prática padronizada e madura,
de um programa de amostragem adicional também principalmente em países desenvolvidos, e os
são mostradas, bem como um inventário de todas esforços feitos pelo GMP-TG da IWA e a
as amostragens regulares do dia-a-dia a serem publicação de diversas diretrizes de modelagem
usadas em um projeto de modelagem, uma (por exemplo, Rieger et al., 2012; Meijer e
metodologia para avaliação de uma estação de lodo Brdjanovic, 2012; Brdjanovic et al., 2015) acabará
ativado e métodos para avaliar os dados brutos da por contribuir para aumentar sua confiabilidade e
estação e filtrar possíveis erros que afetam a aplicação.
confiabilidade e os resultados do modelo. Além
disso, são incluídos métodos práticos para 14.7 DESAFIOS PARA O ASM E
avaliação de dados de esgoto desenvolvidos por TENDÊNCIAS FUTURAS
Meijer et al. (2002). Novos desenvolvimentos na
avaliação de dados também são apresentados neste Com relação ao desenvolvimento futuro da
livro em relação a um recente estudo de caso bem modelagem de lodo ativado, é importante levar em
documentado realizado em uma estação na consideração as necessidades e desenvolvimentos
Holanda. Uma metodologia para o projeto e atuais e futuros. As tendências relacionadas a
avaliação de decantadores secundários também é tecnologias de processo de tratamento de esgoto
descrita, incluindo os cinco procedimentos de existentes provavelmente precisarão se concentrar
projeto e operação de decantadores mais em fornecer uma descrição melhor dos processos
comumente usados, como o empírico, teoria do de remoção de nutrientes atuais e novos, não
fluxo, WRC, ATV (recentemente DWA) e as apenas pela remoção de nutrientes, mas também
diretrizes de projeto STOWA (Henze et al., 2008). para reduzir os custos de energia associados e o
A última parte do livro aborda a metodologia impacto ambiental das estações de tratamento de
aplicada na calibração do modelo e suas principais esgoto. Tais esforços, em combinação com a
etapas. Além disso, outra publicação recente recuperação de recursos (não apenas dos próprios

22
www.un-ihe.org/modelling-wastewater-treatment-
processes-and-plants

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nutrientes, mas também de outros produtos competição entre PAOs e GAOs para condições
valiosos) contribuirão para avançar dos conceitos anaeróbia-anóxica-aeróbia sequenciais que são
de tratamento convencional para atingir os tipicamente encontradas na maioria dos sistemas de
objetivos delineados para Estações de Recuperação remoção biológica de nutrientes (RBN). Isto
de Água e Recursos (ERAR), estações de sugeriu a incorporação de até seis grupos de
tratamento de esgoto como fábricas de energia e biomassa diferentes consistindo de Accumulibacter
biorrefinarias (Kartal et al., 2010; Van Loosdrecht Tipos I e II e Competibacter e Defluvicoccus
e Brdjanovic, 2014; Energiefabriek, 2015). desnitrificantes e não desnitrificantes de acordo
com suas capacidades desnitrificantes observadas.
No que diz respeito a novos desenvolvimentos, Seu modelo também incluiu um processo de
embora o processo de RBAF possa atingir taxas de desnitrificação em várias etapas (de nitrato a gás
eficiência de remoção de fósforo relativamente dinitrogênio). No geral, o modelo de Oehmen et al.
altas (com concentrações de fósforo no efluente (2010) com ajustes mínimos foi capaz de descrever
inferiores a 1 mg/l), ele tende a sofrer transtornos e com sucesso as atividades de biomassa de RBAF
deterioração do processo devido a fatores ainda não observadas em dados de reator em batelada
completamente compreendidos (Oehmen et al., sequencial anaeróbio-anóxico-aeróbio em escala
2007). O aparecimento de Organismos de laboratório. No entanto, a aplicação em
Acumuladores de Glicogênio (GAOs – glycogen condições de escala plena do modelo metabólico
accumulating organisms), como Competibacter e desenvolvido por Oehmen et al. (2010) não é tão
Defluviicoccus, foi provisoriamente ligado à simples (por exemplo, devido à ausência de matéria
operação não ideal e até mesmo à falha do processo orgânica e processos de oxidação de nitrogênio,
de RBAF (Cech et al., 1993; Satoh et al., 1994; bem como limitações práticas relativas aos
Saunders et al., 2003). Assim, GAOs são vistos equilíbrios elementares). Recentemente, SUMO,
como microrganismos indesejáveis no tratamento um modelo desenvolvido por Dynamita 23 não só
de esgoto, uma vez que não contribuem para o incorporou um módulo PAO-GAO estendido para
processo de RBAF, mas competem com PAOs na levar em conta as interações entre esses
etapa anaeróbia pela mesma fonte de carbono organismos, mas também um tipo relativamente
(DQORB, como ácidos graxos voláteis: AGV). Em novo de PAO com capacidades fermentativas
2009, Lopez-Vazquez et al. incorporaram a (discutivelmente Tetrasphera, Liu et al., 2019).
influência da fonte de carbono (como acetato e Este ‘novo tipo de PAO’ parece estar ativo em
propionato), temperatura (de 10 a 30°C) e sistemas de RBAF de corrente secundária
dependência do pH de PAOs e GAOs(de pH 6,0 a (S2EBPR, na sigla em inglês) e, portanto, se
7,5) no modelo metabólico alterado por prolifera nesses sistemas, conforme sugerido por
Murnleitner et al. (1997). Assim, usando um observações práticas (Dunlap et al., 2016; Barnard
modelo mecanístico, Lopez-Vazquez et al. (2009) et al., 2017; Varga et al., 2018). Seguindo este
foram capazes de avaliar a influência da fonte de modelo conceitual, além de ‘PAO convencional’
carbono, do pH e da temperatura na interação entre (ativo na linha principal), um segundo grupo de
PAOs e GAOs e seus efeitos na estabilidade da PAO, um ‘PAO de corrente secundária’, foi
RBAF com o objetivo de facilitar a eficiência e incorporado aos modelos de RBAF. Como tal, no
robustez do processo. Concluíram que os PAOs são módulo de RBAF recém-adicionado ao SUMO, o
favorecidos por temperaturas inferiores a 20°C e ‘PAO de corrente secundária’ torna-se ativo e é
níveis de pH superiores a 7,0. Com base na capaz de consumir AGV quando o potencial de
pesquisa realizada por Lopez-Vazquez et al. oxidação-redução na corrente secundária
(2009), Oehmen et al. (2010) expandiram a (calculado em termos das concentrações de

23 www.dynamita.com

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oxigênio, nitrato e sulfato na fase líquida) diminui remoção química de P em uma estação piloto. A
para abaixo de -200 mV. Apesar disso, embora tal maioria dos simuladores comerciais já incorporou
abordagem de modelagem provavelmente requeira funcionalidades semelhantes (como BioWin,
melhorias adicionais, principalmente porque os SUMO e GPS-X), mas pesquisas e
mecanismos biológicos reais e os microrganismos desenvolvimentos futuros provavelmente se
dominantes envolvidos não são completamente concentrarão na implementação de tais modelos em
conhecidos (Onnis-Hayden et al., 2019; Liu et al., sistemas em escala real em toda a estação, com
2019), o módulo descreveu de forma satisfatória a particular interesse na recuperação de fósforo.
atividade biológica de remoção de P observada em
sistemas S2EBPR. Em geral, esses modelos Com relação à implementação de tecnologias
integrados parecem ser úteis para descrever as inovadoras de tratamento de esgoto, um foco mais
atividades microbianas relevantes e as populações forte pode ser esperado na modelagem dos
de interesse da RBAF com o objetivo de explorar bioprocessos envolvidos e relacionados à
as condições ambientais e operacionais benéficas implementação do processo anammox na linha de
para o processo de RBAF. tratamento principal (mainstream) e na tecnologia
de lodo granular aeróbio (De Kreuk et al., 2007;
Em alguns casos, como elevado pH (> 7,5) e altas Kartal et al., 2010; Wett et al., 2013; Lackner et al.,
concentrações de Ca++, pode ser necessário 2014). No caso do processo anammox e das
adicionar precipitação de P induzida tecnologias de lodo granular aeróbio, um dos
biologicamente aos modelos ASM (Maurer et al., primeiros desafios a superar é descrever
1999; Maurer e Boller, 1999). De fato, sob certas satisfatoriamente o processo de nitrificação em 2
condições, as reações de RBAF coincidem com etapas (as atividades de oxidação de amônio e
uma precipitação natural que pode ser responsável nitrito, respectivamente), bem como sua forte
por um importante efeito de remoção de P que não interação com os organismos relacionados a
está relacionado às reações de RBAF incluídas nos anammox e RBAF (Dapena-Mora et al., 2004;
modelos descritos até agora. A formação desses Wyffels et al., 2004). Como tal, para aplicações de
precipitados, principalmente contendo fosfato de modelagem de lodo granular aeróbio e anammox
cálcio, é promovida pela alta concentração de P e na corrente principal, torna-se bastante importante
aumento da força iônica durante a liberação descrever o substrato, as reações do produto e as
anaeróbia de P por PAO. As equações do modelo e conversões considerando os gradientes redox
os componentes necessários para descrever este dentro dos flocos ou grânulos correspondentes e as
processo de precipitação foram fornecidos por populações envolvidas, levando em consideração
Maurer e Boller (1999). Além disso, Flores-Alsina sua simbiose e/ou competição. Nesse sentido,
et al. (2015) desenvolveram um módulo de química fatores como a difusão (que depende das
de fase aquosa em toda a estação capaz de propriedades dos flocos e suas respectivas
descrever as variações de pH em sistemas de lodo condições de cisalhamento, coesão, substâncias
ativado. Mbamba et al. (2016) estudaram e poliméricas extracelulares e intensidade de
aplicaram o modelo desenvolvido por Flores- turbulência, Arnaldos et al., 2015; Regmi et al.,
Alsina et al. (2015) para descrever a precipitação 2019) desempenham um papel importante, em
de minerais com ênfase específica em precipitados particular descrevendo o processo simultâneo de
de P. Além disso, com um interesse crescente em nitrificação-desamonificação, observado tanto em
melhorar o processo de remoção de P em estações sistemas conduzidos por anammox e remoção de P
de lodo ativado existentes por meio da com nitrificação-desnitrificação simultânea quanto
implementação de remoção química de P, Mbamba em sistemas de lodo granular aeróbio (Kagawa et
et al. (2019) modelaram a adição de ferro (Fe). Os al., 2015; Baeten et al., 2018a, 2018b). Os
autores descreveram com sucesso o processo de coeficientes de meia saturação aparentes (que

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agrupam os processos de reação-difusão dentro de de esgoto podem ser expostas a concentrações


flocos densos ou grânulos) aplicados em modelos relativamente altas de sulfato afluente devido à
ASM ao invés de modelos de biofilme têm se intrusão de água salina ou ao uso de água de fontes
mostrado bem-sucedidos na descrição da atividade alternativas (Lu et al., 2009), particularmente em
em macroescala (por exemplo, predição de regiões de clima quente (Sharma et al., 2008;
concentrações de efluentes), mas principalmente Choubert et al., 2012). Além disso, a potencial
sob dinâmica populacional bastante estável (Baeten influência positiva ou negativa de processos
et al., 2018a). Portanto, será útil ao se definir as movidos a enxofre nos sistemas de tratamento de
faixas operacionais para usar uma abordagem esgoto sanitário (Rubio-Rincon et al., 2017; Cui et
agrupada (Arnaldos et al., 2015; Baeten et al., al., 2019) aumenta a necessidade de desenvolver
2018a) ou um modelo baseado em biofilme modelos de sulfato e/ou enxofre. Por outro lado, a
(Picioreanu et al., 2004; Kagawa et al., 2015). Essa maioria dos softwares de comerciais de simulação
escolha depende consideravelmente do objetivo da (por exemplo, BioWin, GPS-X ou SUMO) tem
modelagem, que vai desde a compreensão dos módulos de simulação adicionais adequados para
fenômenos em micro e macroescala, quanto descrever conversões de enxofre, mas apenas para
também a operação do reator até a otimização do aplicações industriais (por exemplo, geralmente
processo e projeto de atividades microbianas efluentes ricos em sulfato de indústrias
(Baeten et al., 2018b). No entanto, a escolha feita petroquímicas) e são, portanto, limitados para
determinará a utilização de um modelo menos ou aplicações específicas além do setor industrial. A
mais complexo. Até agora, os simuladores de necessidade de descrever e avaliar a corrosão de
modelagem existentes, como BioWin e SUMO, estruturas de concreto, problemas ou melhorias de
possuem módulos e extensões específicos para processo, bem como mudanças nas populações
descrever as aplicações de tecnologias baseadas em microbianas dominantes causadas pela presença de
anammox e de lodo granular aeróbio, mas ainda concentrações relativamente altas de sulfato
mais pesquisas precisam se concentrar na definição afluente provavelmente expandirá a aplicação de
do objetivo e, consequentemente, na definição do modelos relacionados a enxofre e sulfato para o
nível de complexidade do modelo. setor de esgoto sanitário.

A aplicação da conversão de enxofre no tratamento Além dos desenvolvimentos mencionados, a


de esgoto provavelmente continuará a ser uma aplicação de novas tecnologias, como anammox,
opção viável para o tratamento de águas ricas em processos relacionados ao enxofre e lodo granular
sulfato geradas pela indústria, intrusão de água aeróbio, pode implicar na necessidade de
salina e até mesmo o uso de água do mar para incorporação de modelos biocinéticos mais
esgotamento sanitário para aliviar a escassez de complexos (Nielsen et al., 2010; Oehmen et al.,
água (Hvitved-Jacobsen et al., 1998; Huisman e 2010 ) e abordagens de balanço elementar (Takács
Gujer, 2002; Wang et al., 2009; Hao et al., 2014; et al., 2007; Lu et al., 2009). E também é provável
Cui et al., 2019). que se estabeleçam ligações mais fortes com
genômica, técnicas moleculares e análises de
Sem dúvida, a modelagem matemática pode ser metaboloma (Fiehn, 2001) para desenvolver os
uma ferramenta útil para obter um melhor métodos experimentais necessários para
entendimento dos fatores que afetam esses determinar e compreender as atividades
processos e facilitar sua implementação. No microbianas envolvidas (Van Loosdrecht et al.,
entanto, a aplicação de modelos de conversão de 2015).
sulfato ou enxofre em sistemas de tratamento de
esgoto sanitário é limitada a apenas alguns estudos, A incorporação de novos processos (por exemplo,
apesar do fato de que várias estações de tratamento anammox, lodo granular aeróbio e conversões de

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enxofre) provavelmente seguirá os conceitos do desempenhar um papel proeminente para atingir


IWA GMP-TG (Rieger et al., 2012). O aumento da esses objetivos (Copp, 2002; Jeppsson et al., 2013;
complexidade desses processos biológicos Gernaey et al., 2014). Como um ponto de partida
combinados requer o desenvolvimento de controles de modelagem de estação inteira, a descrição
de processo eficazes nos quais a aplicação de matemática dos processos de separação nos
modelos de lodo ativado dinâmicos pode se tornar tanques de decantação primária (TDP) que afetam
crucial para uma aplicação bem-sucedida em escala as frações de DQO precisa de atenção especial
plena (Regmi et al., 2019). (Nopens et al., 2014; Vanrolleghem et al., 2014).
Isso ocorre principalmente porque um TDP pode
A modelagem de emissões de óxido nitroso em contribuir para maximizar a recuperação de energia
estações de remoção de nutrientes (Ni et al., 2013; por meio da digestão anaeróbia de orgânicos e
Nopens et al., 2014) é outro tópico emergente. favorecer a conversão de estações existentes de
Nesse sentido, o Grupo de Trabalho da IWA sobre ‘sistemas de remoção’ em ‘sistemas de recuperação
Gases de Efeito Estufa (GEE) está desempenhando de recursos’ e ‘fábricas de energia’ (Kartal et al.,
um papel importante no projeto e operação de 2010; Van Loosdrecht e Brdjanovic, 2014;
sistemas de tratamento de esgoto ecologicamente Energiefabriek, 2015). Até alguns anos atrás, a
corretos. Desenvolvimentos robustos e relevantes maioria dos processos de separação de TDP ainda
em modelagem matemática foram feitos para eram modelados como caixas pretas com
descrever as emissões de N2O e CH4 (Flores-Alsina coeficientes de remoção agrupados e grosseiros
et al., 2011; Corominas et al., 2012; Mampaey et atribuídos a todos os orgânicos particulados,
al., 2019). Tais avanços levaram à avaliação de enquanto os orgânicos particulados não
parâmetros específicos para reduzir as emissões de biodegradáveis demonstraram estar sujeitos a
GEE e também para avaliar o desempenho das maior eficiência de remoção do que os orgânicos
estações de tratamento de esgoto (Flores-Alsina et biodegradáveis (Ikumi et al., 2014a, b). Bachis et
al., 2014a). Sem dúvida, os esforços de modelagem al. (2015) desenvolveram um modelo para um TDP
adicionais continuarão a se concentrar na avaliação com base nas distribuições de velocidade de
dos mecanismos biológicos e das condições sedimentação determinadas por Maruejouls et al.
operacionais que levam às emissões de GEE e no (2012) observando que o processo de remoção que
desenvolvimento de estratégias de minimização ocorre no TDP afeta as características do efluente,
vinculadas ao controle e automação de processos bem como a geração e a qualidade do lodo
(Regmi et al., 2019). sedimentado (que geralmente é digerido
anaerobiamente para geração de biogás). Além da
Como consequência da interação entre as modelagem de TDP, Torfs et al. (2016) propôs uma
tecnologias existentes, mas também para a estrutura de modelo unificado descrito com um
implementação de novas tecnologias, a modelagem conjunto de equações diferenciais parciais (EDPs)
da estação inteira prestará atenção especial a: (i) para modelar os processos de sedimentação que
desenvolver uma estratégia de controle ideal para a ocorrem em TDP e tanques de sedimentação
estação, (ii) aumentar a eficiência dos processos de secundários (TDS). Este conjunto de equações é
remoção, (iii) redução dos custos operacionais, (iv) capaz de descrever o processo de sedimentação
maximização da recuperação de energia através da discreta que ocorre no TDP, bem como a
produção de biogás, e (v) maximização da remoção sedimentação por compressão observada no TDS.
e recuperação de nutrientes nos processos de Esta proposta foi posteriormente alterada por
correntes secundárias. A este respeito, o grupo de Bürger et al. (2017) que sugeriram uma solução
trabalho da IWA sobre benchmarking de numérica para aumentar a versatilidade da teoria da
estratégias de controle para estações de tratamento sedimentação unificada. Esses avanços estão
de esgoto (BSM) desempenhou e continua a contribuindo para lidar com as limitações de longa

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data de TDP e TDS, que foram negligenciadas até aeróbios e anaeróbios é definido (Grau et al.,
agora, mas são relativamente importantes para 2009), que também está disponível em simuladores
alcançar os objetivos finais da ERAR. como por exemplo BioWin, SUMO ou GPS-X, e
(ii) o uso de modelos interligados estabelecidos
Outro aspecto importante na modelagem de estação pela aplicação de um conjunto de equações de
inteira é o acoplamento das variáveis de estado transformação algébrica (‘transformadores’) com
(Volcke et al., 2006) dos tanques de processo de base em uma descrição de ‘matriz de Gujer’ de dois
lodo ativado e aqueles do TDS (Bürger et al., 2011, modelos (Vanrolleghem et al., 2005; Volcke et al.,
2012; Torfs et al., 2013). Modelos para 2006; Nopens et al., 2009; Solon et al., 2017). No
decantadores usam sólidos em suspensão totais geral, essas abordagens anteriores podem ajudar de
como uma variável de estado, o que não é forma satisfatória a aplicar um modelo de estação
explicitamente usado em modelos ASM e precisa inteira. Recentemente, modelos de estação inteira
ser calculado como uma variável composta dos também foram desenvolvidos para descrever as
processos de lodo ativado. Além disso, devido às transformações de P pela estação inteira, incluindo
diferentes condições redox criadas, o fundo de um o destino da digestão anaeróbia de lodo de RBAF
decantador precisa ser modelado dinamicamente de (altamente rico em fósforo e compostos
maneira semelhante a um biorreator para levar em intracelulares), pela inclusão dos processos
consideração os potenciais efeitos redox sobre os necessários no ADM1 (Ikumi et al., 2014a,b; Ikumi
processos biológicos ativos. Alguns exemplos da e Ekama, 2019) e pelo desenvolvimento de um
necessidade de se ter uma descrição de modelagem novo conjunto de modelos de processo biológico
satisfatória da operação do TDS são o lodo (lodo ativado, digestão anaeróbia), físico-químico
flutuante devido à desnitrificação sob condições (fase aquosa, precipitação, transferência de massa)
anóxicas em estações de remoção de nitrogênio, a e interfaces de modelo (entre a fase líquida e de
liberação secundária de P sob condições anaeróbias lodo) para descrever as transformações trifásicas
em sistemas de RBAF e a descrição da (gás, líquido, sólido) de compostos e as
sedimentabilidade do lodo. Alguns desses interligações próximas entre os ciclos de P, enxofre
processos podem ser imitados pela adição de um (S) e ferro (Fe) (Flores-Alsina et al., 2016;
tanque anóxico (desnitrificante) além do tanque de Mbamba et al., 2016; Solon et al., 2017). Esses
decantação secundária (Brdjanovic et al., 2000). modelos contribuíram não apenas para expandir os
No entanto, este ‘truque’ é mais um intermediário modelos ASM, mas também ADM1 (Batstone et
do que a solução final para o problema. Todavia, al., 2012), incluindo processos relevantes para
para aplicar a modelagem de estação inteira, os avaliar a digestão anaeróbia de lodo de RBAF,
maiores desafios podem ser encontrados ao precipitação química de compostos de P,
combinar modelos ASM com modelos de digestão composição de gás (envolvendo compostos
anaeróbia (como ADM1) (Batstone et al., 2002). relacionados a S) e precipitação mineral. Nesse
Esses desafios estão relacionados não apenas à sentido, o desenvolvimento de uma estrutura físico-
descrição dos processos de digestão de lodo que química generalizada do grupo de trabalho da IWA
ocorrem em adensadores e digestores anaeróbios (Batstone et al., 2012) contribuiu para essa
de lodo, mas também aos processos físico- conquista. Embora os fundamentos das reações
químicos que ocorrem dentro desses sistemas. Um físico-químicas sejam bem compreendidos, estão
dos primeiros desafios são os diferentes conjuntos disponíveis de outras disciplinas e não necessitam
de variáveis de estado usados pelos modelos ASM de calibração (uma vez que a termodinâmica define
e ADM1. No geral, existem duas maneiras os pontos finais dos processos cinéticos). Mais
diferentes de lidar com essa questão: (i) a pesquisas são necessárias para validar o destino dos
abordagem do ‘supermodelo’, em que um conjunto compostos orgânicos que impulsionam os
completo de variáveis válidas para ambientes bioprocessos e a termodinâmica das taxas de

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precipitação em sistemas em escala plena. Esses da formação de estruvita (Rahaman e Mavinic,


aspectos de modelagem de estação inteira 2009). Além da potencial economia de energia que
requerem pesquisas adicionais envolvendo ferramentas de hidroinformática (como CFD) pode
atividades de desenvolvimento experimental e de trazer (Rieger et al., 2012), com a crescente
modelagem para esclarecer e alcançar uma necessidade e interesse no reúso de água e
modelagem satisfatória dos processos físico- modelagem integrada, os processos de remoção
químicos. Juntamente com aqueles relativos à biológica e físico-química de micropoluentes serão
implementação de tecnologias desenvolvidas outra área de modelagem de grande expansão e
recentemente (como a implementação do anammox desenvolvimento futuro (Gujer et al., 2006;
para o tratamento de correntes de rejeito ricas em Clouzot et al., 2013), onde a CFD também pode ser
nitrogênio), isso pode contribuir para atingir os aplicada (Radu et al., 2010; Laurent et al., 2014). É
objetivos da ERAR. provável que, devido a sua abordagem bastante
prática, esforços adicionais continuarão lado a lado
A fluidodinâmica computacional (CFD, sigla do com vínculos colaborativos mais fortes entre a
inglês computational fluid dynamics) pode prática e a pesquisa para avaliar e fornecer
potencialmente ajudar a melhorar a descrição e feedback sobre modelos recentemente
operação de praticamente todas as unidades de desenvolvidos em cenários de casos reais. Um
processo de estações de tratamento de esgoto (de exemplo claro e promissor de tal desenvolvimento
tanques de decantação primária a secundária, é o estabelecimento do AM Team (Modelagem
incluindo os processos de aeração e biológicos, Avançada para Otimização de Processo24), uma
Plósz et al., 2012; Laurent et al., 2014; Nopens et derivação da Gent University para modelagem de
al., 2014; Wicklein et al., 2015; Karpinska e tratamento de esgoto com base em CFD. Esta
Bridgeman, 2016; Samstag et al., 2016). Ao estreita colaboração entre a academia e a prática
estudar a influência das limitações e gradientes de tem contribuído para a aplicação de CFD para
difusão por CFD, as interações entre a morfologia melhorar a qualidade do efluente, reduzir o
bacteriana, a competição bacteriana e suas consumo de energia e aumentar a capacidade e
interações físicas e hidrodinâmicas podem ser mais confiabilidade do tratamento de esgoto e
bem compreendidas e, portanto, levar a melhores recuperação de recursos. Provavelmente, outras
práticas de operação e controle. No entanto, apesar empresas especializadas em CFD surgirão nos
da complexidade adicional, métodos experimentais próximos anos. Para apoiar a aplicação de modelos
e configurações confiáveis estão sendo CFD de forma estruturada e confiável, a IWA
desenvolvidos para apoiar o desenvolvimento de ajudou a estabelecer o Grupo de Trabalho sobre
modelos e aumentar sua confiabilidade e aplicação. CFD para Processos Unitários com o objetivo
Até agora, combinar CFD com modelos bio- principal de desenvolver e estabelecer diretrizes de
cinéticos e químicos levou a: uma melhor descrição modelagem para a aplicação de modelos CFD no
da distribuição do tempo de residência e das tratamento de esgoto. Com esse objetivo, Nopens
interações gás-líquido de fluxo cruzado (Le et al. (2012), Laurent et al. (2014) e Wicklein et al.
Moullec et al., 2008); melhor mistura e aeração, (2015) propuseram diretrizes e protocolos
assim como melhores avaliações das reações estruturados para o desenvolvimento de boas
biológicas em reatores de processo (Le Moullec et práticas de modelagem ao aplicar CFD em estações
al., 2010; Meister e Rauch, 2016; Rehman et al., de tratamento de esgoto. Não há dúvida de que a
2017); e até mesmo para o estudo das emissões de modelagem CFD será desenvolvida e expandida,
N2O (Bellandi et al., 2019) e para a descrição mas seu uso e aplicação precisam ser bem definidos
melhorada da recuperação de nutrientes por meio respondendo primeiro qual é o objetivo da

24 www.am-team.com

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modelagem e, consequentemente, selecionando micropoluentes). O software de modelagem


uma abordagem de modelagem apropriada, por hidráulica WEST desenvolvido pela Universidade
exemplo, um modelo baseado em CFD ou um de Gent (Vanhooren et al., 2003) e atualmente
modelo ASM (mais simples). mantido pelo Instituto Hidráulico Dinamarquês
(DHI), foi atualizado em colaboração com a
Um interesse crescente em modelagem integrada University of Cape Town, para realizar um dos
de água (urbana) continuará a motivar a integração principais esforços de vinculação modelos de
de modelos de processo de tratamento de esgoto tratamento de esgoto com modelos de qualidade de
com modelos de qualidade de água de rios corpo receptor e modelos de rede coletora (Ikumi
(RWQM) e modelos de coleta de esgoto (Gujer, et al., 2014b), além de outros desenvolvimentos
2006; Vanrolleghem et al., 2014). Até poucos anos recentes (Benedetti et al., 2013a; Langeveld et al.,
atrás, apenas os fenômenos hidráulicos e de 2013). Juntamente com os avanços da modelagem
transporte de poluentes na coleta de esgoto de estação inteira, isso poderia levar a
considerados (Hvitved-Jacobsen, 2013). No oportunidades promissoras para o desenvolvimento
entanto, modelos e simuladores recentes (por de um modelo integrado adequado de águas
exemplo, SUMO) estão começando a considerar os urbanas, capaz de descrever e otimizar todo o
processos químicos e biológicos que ocorrem no sistema de água urbano, incluindo os corpos
sistema de coleta de esgoto, olhando para a rede receptores (Benedetti et al., 2013b).
coletora como reatores físicos, químicos e
biológicos (Rauch et al., 2002). Um dos primeiros No entanto, não se deve esquecer o fato de que,
exemplos de modelagem holística (uma apesar desses avanços significativos e do
combinação de rede de esgoto, estações de desenvolvimento de modelos matemáticos mais
tratamento e o receptor/rio) usando diferentes (complexos e) completos, um problema comum
modelos (combinando Mike Urban, BioWin e ainda é a falta de dados de entrada (de qualidade e
HEC-RAS), embora realizado de modo sequencial confiáveis) para ‘alimentar’ os modelos ou a
(em oposição a abordagem em tempo real, que é potencial influência de cenários regularmente
melhor e mais realista, mas muito mais complexa,), dinâmicos e mesmo extremos afetando a qualidade
mostrou grandes vantagens com este tipo de e as características do esgoto afluente e,
aplicação de modelagem (Hodzic et al., 2011, Price consequentemente, a confiabilidade dos modelos.
e Vojinovic, 2010). No momento, um grande Além disso, conforme destacado por Nopens et al.
estudo de modelagem holística está sendo realizado (2014), mais métodos são necessários para avaliar
na Croácia (Brdjanovic, comunicação pessoal), que a probabilidade de conformidade, quantificar a
combina um grande sistema de coleta de esgoto, incerteza e suas fontes e avaliar como riscos,
quatro estações de tratamento de esgoto e benefícios e custos são ou podem ser distribuídos
modelagem da qualidade da água do mar ao longo entre as partes interessadas (consultores,
de um litoral de 23 km25. empreiteiros, operadores e proprietários). Um dos
objetivos do recém-concebido Grupo de Trabalho
Tal abordagem integrada é de grande importância da IWA sobre Incerteza de Projeto e Operações
para o projeto, operação e manutenção de sistema (DOUT) é superar essas limitações com ações
de coleta de esgoto, não apenas a partir de uma como o desenvolvimento de modelos de gerador de
perspectiva holística de gestão da água, mas esgoto afluente para fornecer dados de entrada
também de um potencial foco futuro de gestão de relevantes e incorporar avaliações de incerteza
ativos (que precisa de uma descrição de explícitas no projeto e operação de sistemas de
modelagem satisfatória da remoção de tratamento de esgoto auxiliados por modelos

25 http://odvodnjaporec.hr/projekti/projekt-porec/

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754

(Gernaey et al., 2011; Flores-Alsina et al., 2014b; sépticas mais interessantes podem ser encontradas
Nopens et al., 2014). na Caixa de Ferramentas de Gerenciamento de
Lodo de Fossas (FSM27); no entanto, a modelagem
Tendo em vista que 2,6 bilhões de pessoas ainda FSM está fora do escopo deste livro e para obter
não têm acesso a esgotamento sanitário, que a mais informações o leitor deve consultar Strande et
maior parte da população nos países em al., 2014 e Velkushanova et al., 2020.
desenvolvimento não está conectada a sistemas de
coleta de esgoto e que apenas uma pequena fração Além disso, a computação em nuvem ganhou
do esgoto nos países em desenvolvimento é tratada, interesse recentemente (Armbrust et al., 2010),
isso levanta a questão da modelagem holística em unindo esforços e contribuindo para abordagens e
que os modelos de esgotamento sanitário e de notações padronizadas (Corominas et al., 2010) e,
drenagem urbana e modelos de tratamento de portanto, compartilhar modelos de tratamento de
esgoto (não apenas ASM e ADM) serão esgoto entre pesquisadores, desenvolvedores de
complementados e integrados com modelos software e profissionais, apesar de estarem em
(des)centralizados de saneamento em cidades que longitudes e latitudes diferentes, pode não estar
não são totalmente cobertas por sistema de coleta longe da realidade. Esta pode ser uma ferramenta
de esgoto. Existem vários exemplos disso em todo poderosa para facilitar a aplicação de modelagem
o mundo, especialmente em países em de estação inteira e de modelagem integrada de
desenvolvimento. Avanços recentes nessa direção águas urbanas para contribuir com a otimização da
incluem o desenvolvimento de um fluxograma de qualidade e quantidade da água transportada
excrementos (também frequentemente descrito através das veias e artérias aquáticas de um
como um fluxograma de merda26), que é uma assentamento urbano.
ferramenta para ajudar a compreender e comunicar
o gerenciamento de excrementos em uma cidade ou Do ponto de vista comercial e prático, a
povoado. Outra novidade é um conceito de incorporação dos processos e abordagens descritos
esgotamento sanitário descentralizado e seu anteriormente aumentará consideravelmente a
modelo que considera todos os principais complexidade do modelo. No entanto,
componentes da cadeia de serviços de esgotamento compreensivelmente, os profissionais se sentem
sanitário (Brdjanovic et al., 2015). Esta ferramenta desconfortáveis trabalhando com modelos cada vez
de apoio à decisão de áreas sem esgotamento mais complexos. Portanto, fornecedores com
sanitário foi incorporada em uma ferramenta de habilidades de modelagem específicas podem
apoio à decisão chamada WaMEX por IHE Delft, aparecer no mercado, uma vez que os ‘generalistas’
que também inclui componentes de coleta de convencionais de tratamento de esgoto não serão
esgoto (Abbot e Vojinovic, 2009; Sanchez et al., capazes de lidar com o rápido lançamento e
2013; Vojinovic et al., 2014) e tratamento de desenvolvimento de modelos mais complexos para
esgoto (Von Sperling e Chernicharo, 2005). aplicações específicas. Assim, como em outras
áreas, em um futuro próximo os consultores
Outro aspecto de modelagem interessante é a terceirizarão suas atividades de modelagem para
modelagem da influência da descarga de lodo de especialistas em modelagem.
fossas sépticas em estações de tratamento de
esgoto, uma prática regularmente aplicada em Não é impossível imaginar que mais cedo ou mais
muitos países (especialmente de baixa e média tarde novas interfaces e métodos de interação entre
renda) (Strande et al., 2014). Ferramentas de usuários (muito provavelmente menos
modelagem de gerenciamento de lodo de fossas especializados) e modelos serão criados. Isso

26 sfd.susana.org 27 www.fsmtoolbox.com

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poderia ser na forma de jogos sérios e uso de 14.8 CONCLUSÕES


simuladores de sistema de água urbana em 3D com
interfaces de usuário ‘superficiais’ simplificadas e Modelagem é uma atividade importante no
modelos especializados mais complexos rodando desenvolvimento da ciência. Modelagem não
‘invisivelmente’ em segundo plano. Outro requer apenas a formulação explícita e quantitativa
desenvolvimento futuro esperado é o uso de de conceitos teóricos, ela também permite
modelos construídos nos sistemas de aquisição de transferência de conhecimento complexo entre
dados (SCADA) de grandes instalações de disciplinas científicas assim como entre aplicações
tratamento de esgoto; assim, o conhecimento teóricas e práticas. Por 30 anos, modelos de lodo
complexo contido nos ASMs seria disponibilizado ativado tiveram um papel crucial no
aos operadores de processo, possibilitando desenvolvimento do processo de lodo ativado.
operação da estação mais eficiente e segura no dia Esses modelos não são tipicamente acadêmicos;
a dia. Também se espera que os limites da eles não têm como objetivo a inclusão de todos
modelagem sejam estendidos, alcançando um potenciais sub-processos envolvidos no processo
caráter multidisciplinar, uma vez que outras de lodo ativado. Em vez disso, eles são formulados
questões serão incluídas, por exemplo, com a mínima complexidade necessária para
emergências, riscos e aspectos sociais (Abbott e descrever as características relevantes do processo
Vojinovic, 2010a,b; Vojinovic e Abbott, 2011; na prática. Eles também fornecem uma plataforma
Abbott e Vojinovic, 2013; Brdjanovic et al., 2014; sistematizada para a descrição de modelos
Zakaria et al., 2015). Ao fazer isso, a modelagem biotecnológicos em geral, através do uso de
se aproximará dos tomadores de decisão e notação padronizada e uma apresentação matricial.
aumentará e facilitará o uso de modelos por partes Ao longo dos anos, diversos projetos de pesquisa
interessadas diferentes e atualmente não sobre esgoto se beneficiaram muito do
envolvidas. Por último, mas não menos importante, desenvolvimento de modelos de lodo ativado. Por
apesar de todos esses desenvolvimentos esperados um lado, a modelagem foi expandida pelo
(Van Loosdrecht e Brdjanovic, 2014) e do desenvolvimento de novos conceitos teóricos e
lançamento de modelos mais complexos para suas aplicações em campo. Por outro lado, modelos
várias aplicações de tratamento de esgoto, deve-se têm sido usados para aplicações práticas.
ter em mente que um modelo ainda é uma mera Acreditamos que esse capítulo será útil para
representação da realidade, geralmente aplicado inspirar futuros engenheiros a utilizar modelos
como uma ferramenta para fins de melhoria e como ferramentas centrais em seu trabalho de
otimização. Um modelo não deve de forma alguma melhorar as tecnologias de tratamento de esgoto
ser usado como um substituto para um programa pela inovação e otimização.
educacional ou critério de projeto, mas sim como
um complemento.

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Tabela 14.9 Uma matriz estequiométrica e uma matriz de composição de componentes (Meijer, 2004).

1 2 3 4 5 6

Componente → SO SF SA SNH SNO SN2


 Processo

gDQO/m3

gDQO/m3
gO2/m3

gN/m3

gN/m3

gN/m3
1 rOh Hidrólise aeróbia qDQOXS/d 1-fSI cN,1

2 rNO
h Hidrólise anóxica qDQOXS/d 1-fSI cN,1

3 rAN
h Hidrólise anaeróbia qDQOXS/d 1-fSI cN,1

Organismos heterotróficos regulares XH

Crescimento aeróbio
4 rOSF com SF qDQOXS/d -(1/YH-1) -1/YH cN,4

Crescimento aeróbio
5 rOSA com SA qDQOXS/d -(1/YH-1) -1/YH cN,5

Crescimento anóxico (1/YH -1) (1/YH-1)


-
6 rNO
SF com SF qDQOXS/d -1/YH cN,6 2,86 2,86

Crescimento anóxico (1/YH -1) (1/YH-1)


-
7 rNO
SA com SA qDQOXS/d -1/YH cN,7 2,86 2,86

8 rAN
fe Fermentação qDQOSF/d -1 1 cN,8

9 rHL Lise heterotrófica qDQOXH/d cN,9

Organismos acumuladores de fósforo XPAO

Armazenamento
10 rAN
SA anaeróbio de SA qDQOSA/d -1

11 rAN
M Manutenção anaeróbia qP/d

Armazenamento (1-YNO
SA ) (1-YNO
SA )
-
12 rNO
SA anóxico de SA qDQOSA/d -1 2,86 2,86

Consumo anóxico de (1-1/YNO


PHA ) (1-1/YNO
PHA )
-
13 rNO
PHA PHA qDQOPHA/d cN,13 2,86 2,86

Armazenamento (1/YNO
PP ) (1/YNO
PP )
-
14 rNO
PP anóxico de poliP qP/d cN,14 2,86 2,86

Formação anóxica de (1/YNO


GLY -1) (1/YNO
GLY -1)
-
15 rNO
GLY glicogênio qDQOGLY/d cN,15 2,86 2,86

16 rNO
M Manutenção anóxica qDQOPAO/d cN,16 -1/2,86 1/2,86

Consumo aeróbio de
17 rOPHA PHA qDQOPHA/d 1/YOPHA -1 cN,17

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Armazenamento
18 rOPP aeróbio de poliP qP/d -1/YOPP cN,18

Formação aeróbia de
19 rOGLY glicogênio qDQOGLY/d 1-1/YOGLY cN,19

20 rOM Manutenção aeróbia qDQOPAO/d -1 cN,20

Organismos nitrificantes autotróficos XA

Crescimento
21 rOA autotrófico qDQOXA/d 1-4,57/YA cN,21 1/YA

22 rOAL Lise autotrófica qDQOXA/d cN,22

1 2 3 4 5 6

Componente → SO SF SA SNH SNO SN2

 Composição gO2 gDQO gDQO gN gN gN

1 DQO qDQO -1 1 1 -2,86 ...

2 COT/DQO gC/gDQO ... 0,4 cN,1

3 Nitrogênio gN iN,SF iN,SA 1 1 1

4 Fósforo gP iP,SF iP,SA

5 Carga iônica mol ... -1/64 +1/14 -1/14

6 SST g

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Tabela 14.9 ... continuação. Para definição dos símbolos ver Meijer (2004).

7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18
SPO SI SHCO XI XS XH XPAO XPP XPHA XGLY XA XTSS
gDQO/m3

gDQO/m3

gDQO/m3

gDQO/m3

gDQO/m3

gDQO/m3

gDQO/m3

gDQO/m3
mol/m3
gP/m3

gP/m3

g/m3
cP,1 fSI ce,1 -1 cTSS,1
cP,1 fSI ce,1 -1 cTSS,1
cP,1 fSI ce,1 -1 cTSS,1

cP,4 ce,4 1 cTSS,4


cP,5 ce,5 1 cTSS,5
cP,6 ce,6 1 cTSS,6
cP,7 ce,7 1 cTSS,7
cP,8 ce,8 cTSS,8
cP,9 ce,9 fXI,H 1-fXI,H -1 cTSS,9

YAN
PO ce,10 -YAN
PO YAN
SA 1-YAN
SA cTSS,10
1 ce,11 -1 cTSS,11
YNO
PO ce,12 -YNO
PO YNO
SA cTSS,12
cP,13 ce,13 1/YNO
PHA -1 cTSS,13
cP,14 ce,14 -1/YNO
PP 1 cTSS,14
cP,15 ce,15 -1/YNO
GLY 1 cTSS,15
cP,16 ce,16 -1 cTSS,16
cP,17 ce,17 1/YOPHA -1 cTSS,17
cP,18 ce,18 -1/YOPP 1 cTSS,18
cP,19 ce,19 -1/YOGLY 1 cTSS,19
cP,20 ce,20 -1 cTSS,20

cP,21 ce,21 1 cTSS,21


cP,22 ce,22 fXI,A 1-fXI,A -1 cTSS,22
7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18
SPO SI SHCO XI XS XH XPAO XPP XPHA XGLY XA XTSS
gP gDQO mol gDQO gDQO gDQO gDQO gP gDQO gDQO gDQO g
1 1 1 1 1 1 1 1
0,334
... ... ... ... 0,334 0,375 ...
(α)
iN,SI iN,XI iN,XS iN,XH iN,BM iN,BM
1 iP,SI iP,XI iP,XS iP,XH iP,BM 1 iP,BM
-1,5/31 -1 -1/31
iTSS,XI iTSS,XS iTSS,BM iTSS,BM iTSS,PP iTSS,PHA iTSS,GLY iTSS,BM 1

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Websites de grupos de trabalho da International Water Association com relevância em modelagem


▪ Grupo de Trabalho em Gases de Efeito Estufa (GEE):
http://www.iwa-network.org/task/task-group-on-green-house-gas
▪ Grupo de Trabalho de Boas Práticas de Modelagem (GMP) - Guidelines for use of activated sludge models:
http://www.iwa-network.org/task/good-modelling-practice-gmp-guidelines-for-use-of-activated-sludge-
models
▪ Grupo de Trabalho sobre Benchmarking de Estratégias de Controle para Estações de Tratamento de Esgoto
(BSM):
http://www.iwa-network.org/task/benchmarking-of-control-strategies-for-wastewater-treatment-plants
http://www.benchmarkwwtp.org/
▪ Grupo de Trabalho sobre Estrutura Físico-química Generalizada (GPCF):
http://www.iwa-network.org/task/generalized-physicochemical-framework

Referências de softwares simuladores (websites)


▪ AQUASIM: https://www.dora.lib4ri.ch/eawag/islandora/object/eawag%3A10827
▪ ASIM: http://www.asim.eawag.ch/
▪ BioWin: https:// https://envirosim.com/
▪ GPS-X: https://www.hydromantis.com/GPSX.html
▪ Mike Urban: https://www.mikepoweredbydhi.com/products/mike-urban
▪ SIMBA: https://www.inctrl.com/software/simba/
▪ SSSP: https://www.jstor.org/stable/25043503
▪ STOAT: http://www.wrcplc.co.uk/software-development
▪ SUMO: http://www.dynamita.com/
▪ WEST: http://www.mikebydhi.com/products/

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NOMENCLATURA

Símbolo1) Símbolo2) Descrição Unidade


A A Área superficial m2
bA bANO Taxa específica de perda de massa endógena de organismos 1/d
nitrificantes
bH bOHO Taxa específica de perda de massa endógena de organismos 1/d
heterotróficos ordinários (OHO)
A/M A/M Relação alimento microrganismo ou fator de carga (FC) gDQO/gSSV.d
fH fXE,OHO Fração não biodegradável de OHOs mgDQO/mgDQO
fN fn Conteúdo de nitrogênio de SSV mgN/mgSSV
ALS ALS Amônia livre e salina mgN/L
K K Constante de meia saturação -
kH Kh Taxa específica máxima de hidrólise de DQOLB por OHOs em mgDQO/mgDQO.d
condições aeróbias
KI Constante de meia saturação para composto inibitório mg/L
Kl Coeficiente de transferência externa m/h
Constante de meia saturação para crescimento de organismos
KN KNHx com nitrogênio (ASL) mgN/L
Constante de meia saturação para crescimento de nitrificantes
KN,Ax KANO com nitrogênio (ASL) mgN/L
Constante de meia saturação para crescimento de OHOs com
KN,H KOHO,NHx nitrogênio (ASL) mgN/L
KO KO Constante de meia saturação para oxigênio dissolvido mgO2/L
Constante de meia saturação para nitrificantes para oxigênio
KO,A KANO,O2 mgO2/L
dissolvido
Constante de meia saturação para OHOs para oxigênio
KO,H KOHO,O2 mgO2/L
dissolvido
Concentração de meia saturação para utilização de orgânicos
KS KS mgDQO/L
solúveis
Concentração de meia saturação para utilização de DQOLB por
Kx Kx mgDQO/mgDQO.d
OHOs
q Taxa específica de conversão l/h
Qin Qi Vazão afluente m3/h
Qout Qe Vazão efluente m3/h
ri Taxa de transformação observada para o processo i ML-3T-1
S S Concentração solúvel no meio líquido mgDQO/L
SHCO Concentração de bicarbonato mg/L
SI SU Concentração de DQO solúvel não biodegradável mgDQO/L
Sin Si Concentração de substrato afluente mgDQO/L
SKI Concentração de composto inibidor mg/L
Smax Concentração de saturação gDQO/m3
SN Concentração de nitrogênio (amônia ou nitrato) mgN/L
SNH SNHx Concentração de amônia livre e salina mgALS-N/L
SNO SNO3 Concentração de nitrato mgNO3-N/L
SO SO2 Concentração de oxigênio dissolvido mgO2/L
Sout Se Concentração de substrato efluente mgDQO/L
SS SS Concentração de DQO rapidamente biodegradável DQORB mgDQO/L
t t Tempo h
V VR Volume do reator m3
vj,i Termo estequiométrico geral na matriz do modelo para
composto i no processo j
X X Concentração de biomassa gDQO/m3

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XA XANO Concentração de biomassa nitrificante mgDQO/L


XH XOHO Concentração de biomassa ordinária heterotrófica (OHO) mgDQO/L
XI XI Orgânicos particulados não biodegradáveis no esgoto afluente mgDQO/L
XS/XH XS/XOHO Relação de concentração DQOLB/OHO mgDQO/mgDQO
XS XS Concentração de DQO lentamente biodegradável DQOLB mgDQO/L
XSTO,S Concentração de orgânicos armazenados intra-celularmente mgDQO/L
XTSS XTSS Concentração de SST no reator mgSST/L
YH YOHO Rendimento de OHOs mg DQO/mgDQO
1)
Símbolos usados nesse capítulo são os símbolos originais reportados na literatura fonte. Consequentemente, não foi realizada
tentativa por parte dos autores deste capítulo para alinhar os símbolos com os símbolos usados nos capítulos 3, 4, 5, 6, 7 e 17. 2)
Em vez disso, uma coluna adicional com os símbolos relevantes destes capítulos foi adicionada a tabela, para comparação.

Abreviação Descrição
ADM Modelo de digestão anaeróbia (sigla do nome em inglês Anaerobic digestion model)
AE Aceptor de elétrons
AGV Ácidos graxos voláteis
ASM Modelo de lodo ativado (sigla do nome em inglês Activated sludge model)
DBO Demanda bioquímica de oxigênio
DQO Demanda química de oxigênio
DQOLB DQO lentamente biodegradável
DQORB DQO rapidamente biodegradável
ERAR Estações de Recuperação de Água e Recursos
GAO Organismos acumuladores de glicogênio (sigla em inglês para Glycogen accumulating organisms)
IWA Associação internacional de água (sigla do nome em inglês International Water Association)
MR Morte regeneração
NTK Nitrogênio total Kjeldahl
OD Oxigênio dissolvido
OHO Organismos heterotróficos ordinários
PAO Organismos acumuladores de fosfato (sigla em inglês para Phosphate accumulating organisms)
PHA Poli-hidroxialcanoato
RBAF Remoção biológica avançada de fósforo
RPA Reator perfeitamente agitado
RE Respiração endógena
SST Sólidos em suspensão totais
TCO Taxa de consumo de oxigênio
TRS Tempo de retenção de sólidos
TUDP Modelo de RBAF da Universidade Tecnológica de Delft

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Símbolo Símbolo Descrição Unidade


grego1) grego2)
α Representa uma fórmula estequiométrica -
η Fator de redução para utilização de DQORB sob condições anóxicas -
μ μ Taxa de crescimento específica de organismos 1/d
μmax μmax Taxa de crescimento específica máxima de organismos 1/d
μH μOHO Taxa de crescimento específica de OHOs 1/d
μHmax μOHO,max Taxa de crescimento específica máxima de OHOs 1/d
μAmax μANO,max Taxa de crescimento específica máxima de nitrificantes 1/d
ρj Taxa cinética do processo j ML-3T-1
1)
Símbolos gregos usados nesse capítulo são os símbolos originais reportados na literatura fonte. Consequentemente, não foi
realizada tentativa por parte dos autores deste capítulo para alinhar os símbolos com os símbolos usados nos capítulos 3, 4, 5, 6,
7 e 17. 2) Em vez disso, uma coluna adicional com os símbolos relevantes destes capítulos foi adicionada a tabela, para
comparação.

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15 Controle de processo
Gustaf Olsson e Pernille Ingildsen
Tradução: Rodrigo de Freitas Bueno e Alexandre Magno Parente da Rocha

15.1 FORÇAS MOTRIZES E MOTIVAÇÕES et al., 1973). Desde então, o desenvolvimento


PARA O CONTROLE técnico de novos processos, a tecnologia de
sensores e instrumentação, o maior desempenho
Diversas forças motrizes motivam o controle dos computacional, a tecnologia de comunicação e a
sistemas de tratamento de esgoto. Alguns deles são Internet das Coisas, os métodos de detecção, a
forças atribuídas pela demanda e outras são devidas teoria de controle e a inteligência artificial
as forças de oferta tecnológica: tornaram a ICA difundida em todos os tipos de
operações de água (Olsson, 2012). A ênfase não
• Economizar custos de capital otimizando as está apenas no tratamento de esgoto mais eficiente,
operações para reduzir a necessidade de mas em muitos aspectos dos sistemas de alerta
capacidade adicional ou para aplicar mais carga precoce, monitoramento da planta e orientação do
a um determinado sistema. operador. Também houve um grande
• Minimizar os custos operacionais de energia, desenvolvimento no sentido de compreender as
produtos químicos e gerenciamento de lodo, expectativas do cliente, ferramentas de coleta de
apesar das mudanças de carga e outros dados e o manuseio de 'big data'.
distúrbios.
• Manter operação consistente para manter a Muitas vezes, a ICA é implementada para
qualidade da água efluente. melhorar a eficiência ou reduzir custos, mas apenas
• Compreender as flutuações de processo, como como uma segunda etapa para as plantas existentes.
aeração, adensamento do lodo e geração de Em vez disso, o acoplamento de projeto e operação,
lodo. conhecido como projeto integrado de controle,
• Detectar perturbações e fornecer aviso prévio precisa ser melhorado. Projetos inflexíveis ou
para neutralizar eventos repentinos, como subdimensionados não podem ser melhorados por
chuva ou toxicidade. controle.
• Ganhar transparência sobre o que está
acontecendo na planta para resolução de 15.1.1 Recursos do sistema ICA
problemas e a pós-análise de eventos
prejudiciais. O Sistema ICA ideal é baseado em alguns blocos
de construção fundamentais:
Nenhum desses aspectos foi totalmente
compreendido quando a instrumentação, controle e • A equipe (people-ware),
automação (ICA) atraiu a atenção da indústria de • Hardware (sensores, atuadores),
água e esgoto no início dos anos de 1970 (Olsson

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• Ware de comunicação (sistemas de informação, Finalmente, qualquer decisão será transformada em


hardware, protocolos de comunicação, etc.), ação usando um 'atuador'.
• Software (os elementos usuais: PLC, SCADA,
displays e algoritmos de controle).

Qualquer operação com água pode ser


simbolizada por três dimensões. Os fluxos de
massa formam uma dimensão: cada componente
pode ser rastreado por seu balanço de massa no
sistema. Energia, a segunda dimensão, descreve o
fluxo de energia elétrica, química e térmica. A
energia não é apenas consumida, mas a água que
entra contém energia térmica e química que pode
ser recuperada como calor, biogás ou nutrientes. Os
equilíbrios de energia no sistema de águas
residuárias, em particular a possibilidade da planta Figura 15.1 O princípio de malha fechada
de ‘energia zero’, estão recebendo cada vez mais
atenção. A palavra smart é usada hoje em dia como uma
característica de dispositivos, pessoas e fenômenos.
A perspectiva do Sistema ICA representa a Pode significar inteligente, perspicaz ou focado. Às
terceira dimensão, o fluxo de informações. O vezes é sinônimo de elegante, estiloso ou
conceito fundamental de malha fechada pode arrumado. No entanto, um sistema de água
formar a base da compreensão dos sistemas inteligente não é o mesmo que um sistema elegante,
inteligentes. Ingildsen e Olsson (2016) a chamaram glamoroso ou moderno. Em vez disso, opera para
de abordagem 'MAD': medir (M), analisar (A) e cumprir os requisitos de produção de um produto
decidir (D). Este conceito de malha fechada pode aceitável, enquanto mantém os requisitos de
ser praticado em todos os níveis, desde o simples energia e recursos no mínimo. Esse sistema deve
controle de componentes até a gestão e decisões responder rápida e adequadamente às perturbações
estratégicas. O princípio é ilustrado na Figura 15.1. e se recuperar rapidamente após uma grande
perturbação. A operação do sistema deve ser
Medir é saber: precisamos de dados adequados suficientemente transparente para que as pessoas
no espaço e no tempo. Medição - o 'M' - inclui não envolvidas na operação tenham informações
apenas sinais de sensores e instrumentos, mas suficientes para tomar decisões racionais. O
também resultados de análises laboratoriais, objetivo é integrar o ciclo completo da água urbana:
observações e comunicações humanas. É composto abastecimento de água, distribuição de água,
por relatórios gerenciais diários e mensais e drenagem urbana, tratamento de águas residuárias,
informações semelhantes que servirão de base para bem como o lado do cliente ou da procura. O
as decisões de longo prazo. Os dados devem ser objetivo de nossas operações deve ser adaptar,
verificados, analisados, compreendidos e proteger e preservar os sistemas naturais de água
interpretados - o ‘A’ - para se tornarem dos quais dependemos e nos quais operamos. Em
informações confiáveis. A decisão ou controle - o última análise, nosso consumo de água humano não
'D' - não precisa ser automático como em um deve ter efeitos prejudiciais sobre a natureza.
controle de malha fechada típico. Pode ser manual
em termos de decisões sobre a operação da planta Uma operação em sistema de água (e/ou
ou sobre operações mais voltadas para os negócios. esgotamento sanitário) só pode ser inteligente se
pessoas em todas as posições - não apenas os

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funcionários da concessionária - se envolverem, de (2002) introduziram uma nova maneira de pensar


modo que possam ver seu respectivo papel em toda ao descrever o desenvolvimento e implementação
a operação da planta ou sistema. É crucial que os de um sistema de supervisão baseado em
usuários de água também estejam envolvidos. Por conhecimento para operar uma estação de
muito tempo, as concessionárias de abastecimento tratamento de esgoto. Seu sistema estruturou a
de água e esgotamento sanitário bem como suas operação em coleta de dados, diagnóstico e suporte
operações têm sido invisíveis para os usuários, que à decisão e integrou o controle por módulos de
consideram o perfeito fornecimento de água e o raciocínio baseados em agentes. O controle
tratamento de esgoto um direito adquirido. Deve-se integrado é descrito com mais detalhes na Seção
reconhecer que a maior parte da energia 15.10.
relacionada ao ciclo da água é usada em casa, não
nas operações da concessionária. Portanto, passar 15.1.2 Forças motrizes
informações ao usuário é fundamental. Se os
clientes puderem medir seu consumo de água e Existem várias forças motrizes para
obter informações sobre como isso se relaciona implementar o Sistema ICA em sistemas de água.
com os vizinhos ou o que é "normal", isso pode Algumas são atribuídas a demanda e outras são
torná-los mais conscientes de maneira a ser menos ofertas de tecnologia, conforme descrito com
desperdiçadores. alguns detalhes em Olsson et al. (2014).

Hoje em dia, o foco do controle na maioria dos As principais forças motrizes são requisitos
sistemas de água está nos processos unitários. legais mais rigorosos, considerações financeiras e
Além disso, o controle do sistema combinado de eficiência de implementação. Outras forças são o
esgoto e água pluvial também tem recebido atenção aumento da urbanização e da população, o que
crescente para o benefício da qualidade do corpo implica um aumento no uso de água e da carga de
receptor de água (Ahm et al., 2016). As estruturas esgoto. As mudanças climáticas e as condições
do sistema combinado de esgoto e água pluvial não climáticas extremas associadas aumentam ainda
são projetadas originariamente para medição de mais os desafios operacionais dos sistemas de água
vazão, mas efetivamente para descarregar o urbanos. No entanto, embora a qualidade da água
excesso de água. Usando modelos e estimativas é seja certamente um fator determinante no projeto
possível quantificar a descarga do sistema da planta, normalmente não é o principal fator para
combinado de esgoto e água pluvial para que o Sistema ICA e, infelizmente, não é normalmente
possam ser realizados adequados cálculos de integrada aos requisitos operacionais. Além disso,
balanço de massa. As vazões do sistema apesar da necessidade do Sistema ICA ser
combinado de esgoto e água pluvial podem ser reconhecida décadas atrás (Vanrolleghem et al.,
derivadas utilizando-se os chamados sensores 1996a), ele só foi implementado como uma
virtuais, onde as vazões são estimadas com base em segunda etapa para as plantas existentes para
medições de nível de água no sistema. melhorar a eficiência ou reduzir custos, mesmo que
projetos inflexíveis ou subdimensionados não
Ampliar a perspectiva de processos únicos para possam ser melhorados por controle.
uma visão de toda a planta e, posteriormente, para
todo o ciclo hidrológico urbano é necessária para O desenvolvimento de processos tornou-se
lidar com a complexidade crescente dos sistemas cada vez mais sofisticado devido aos requisitos de
hídricos urbanos. Esta transição requer pensamento efluentes, e isso aumentou a demanda pelo Sistema
sistêmico, onde a multiplicidade de acoplamentos ICA. Os biorreatores têm mais zonas; anaeróbia,
entre processos e controladores individuais são anóxica e aeróbia. Mais vazões de recirculação
considerados (Beck, 2005). Rodriguez-Roda et al. podem estar sujeitas a controle. Os sistemas de

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suprimento de ar são mais sofisticados, por meio computação não é mais um obstáculo. O verdadeiro
dos quais as zonas de aeração podem ser desafio é converter big data em informações úteis.
controladas separadamente, as perdas de pressão O nível de educação dos operadores e engenheiros
podem ser minimizadas pelo controle de pressão de processo aumentou consideravelmente nas
variável e os compressores são fornecidos com últimas décadas.
controle de velocidade variável. Produtos químicos
e carbono externo podem ser adicionados para fins 15.1.3 Esboço do capítulo
de controle.
O restante do capítulo é descrito a seguir. As
A importância dos atuadores também não deve perturbações nos sistemas de tratamento de esgoto
ser negligenciada. Nas últimas décadas, houve uma são significativas e são a razão para o controle,
revolução no desenvolvimento da eletrônica de conforme explicado na Seção 15.2. A função do
potência. Dispositivos eletrônicos de potência, controle é descrita com mais detalhes na Seção
como IBGT-Insulated Gate Bipolar Transistors 15.3. A instrumentação é a base para a operação
(transistores bipolares de porta isolada), estão avançada e seu papel no monitoramento e controle
agora geralmente disponíveis para correntes de até é discutido na Seção 15.4. Os sistemas de
1.200 A e tensões de até 3.000 V com frequências esgotamento sanitário são sistemas dinâmicos, o
de chaveamento de mais de 1 MHz. Isso torna o que implica que qualquer correção precisa de
controle de frequência de motores elétricos tempo para ser notada no sistema, conforme
acessível e confiável, desde a escala de mW até descrito na Seção 15.5. Para manipular qualquer
drives de MW. O controle de velocidade variável sistema, precisamos de atuadores, para traduzir as
tem uma grande influência nas operações de decisões em ações mecânicas, como motores,
tratamento de esgoto para controle de vazão, bem bombas, compressores e válvulas, o que é abordado
como para controle de fluxo de ar. Isso tem um na Seção 15.6. As duas seções a seguir, 15.7 e 15.8,
impacto profundo na qualidade das ações de são dedicadas aos princípios básicos de controle e
controle e na eficiência energética de várias algumas aplicações típicas no tratamento de esgoto.
operações. Todos os principais fornecedores de A energia está intimamente relacionada ao
motores elétricos e bombas fornecem uma grande tratamento de água e esgoto, e a energia e outros
quantidade de informações na Internet. Existem custos operacionais são discutidos na Seção 15.9.
várias palestras curtas disponíveis em Uma estação de tratamento de esgoto consiste em
www.youtube.com. Procure por "sistemas de muitos processos unitários e suas interações devem
acionamento elétrico". ser levadas em consideração para um controle mais
avançado, que está na Seção 15.10.
A energia é a maior despesa operacional isolada
em operações de água, portanto faz sentido do Para o leitor interessado, uma descrição
ponto de vista econômico reduzir esses custos abrangente do controle em sistemas de tratamento
sempre que possível por meio de um controle de esgoto está disponível no livro de Olsson e
adequado. A visão de usinas com energia zero ou Newell (1999). Uma descrição do estado da arte
mesmo positiva já foi concretizada em alguns casos atualizada de problemas de controle em sistemas de
(por exemplo, Nowak et al., 2011). esgoto é encontrada em Olsson et al. (2005). No
livro mais recente de Ingildsen e Olsson (2016), o
Houve um impulso tecnológico substancial princípio de malha fechada é demonstrado não
influenciando o Sistema ICA nos sistemas de água. apenas para o tratamento biológico de esgoto, mas
O desenvolvimento da instrumentação e dos para todos os níveis de operação da água. Neste
atuadores tem sido significativo, contribuindo para capítulo, limitamos a discussão aos sistemas de
tornar o controle mais bem-sucedido. O poder de controle no tratamento biológico de esgoto.

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15.2 PERTURBAÇÕES EM SISTEMAS DE tradicional de reduzir seu efeito tem sido projetar
TRATAMENTO DE ESGOTO plantas com grandes volumes para atenuar grandes
distúrbios de carga. No entanto, essa solução
Um dos incentivos para o controle é o aparecimento incorre em grandes custos de capital. Os sistemas
de distúrbios prestes a acontecer ou que já surgiu de controle online, que comprovadamente lidam
dentro de uma planta. O impacto dessas bem com a maioria dessas variações, são muito
perturbações deve ser compensado, mas é ainda mais econômicos e, portanto, uma alternativa
melhor se as perturbações puderem ser atenuadas atraente. A eliminação de perturbações é, de fato,
ou, melhor de tudo, eliminadas antes de atingirem um dos principais incentivos para a introdução do
a planta. Em comparação com a maioria das outras controle de processo online nos sistemas de
indústrias de processo, existem muitos distúrbios tratamento de esgoto.
externos aos quais uma estação de tratamento de
esgoto pode estar sujeita. O esgoto afluente Muitos distúrbios estão relacionados à vazão de
normalmente varia substancialmente tanto em entrada da planta. O afluente muda tanto em termos
termos de concentração de poluentes, composição de vazão, concentração e composição, conforme
e vazão, com escalas de tempo variando de horas a ilustrado na Figura 15.2. Qualquer uma dessas
meses. Eventos discretos, como tempestades, mudanças deve ser compensada. Se o resultado da
derramamentos tóxicos e cargas de pico também perturbação for medido dentro da planta, como
ocorrem de tempos em tempos. Alguns distúrbios uma mudança no nível de oxigênio dissolvido, um
são criados dentro da planta devido ao projeto do manto de lodo crescente ou uma concentração
processo, operação deficiente, equipamento variável de sólidos em suspensão, a informação
inadequado ou falhas de processo. Como resultado, medida é enviada de volta para um controlador que
uma estação de tratamento dificilmente está em irá ativar uma bomba, uma válvula, ou um
estado estacionário, mas está sujeita a um compressor, de modo que a influência no
comportamento transitório o tempo todo. comportamento da planta seja minimizado.
O desempenho consistente deve ser mantido na
presença dessas perturbações. O método

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Figura 15.2 Variações diurnas típicas de clima seco em um município com esgoto predominantemente doméstico. Os dados
mostram variações de quinta a domingo (observe o pico em P que é no sábado).

Às vezes, uma mudança de carga pode ser


medida a montante, antes de entrar na planta. Em
seguida, as informações podem ser encaminhadas
para preparar a planta. Por exemplo, a aeração pode
ser aumentada antes que um aumento de carga
atinja a planta. Outro exemplo é quando o
bombeamento do lodo de retorno pode ser
aumentado para baixar a manta de lodo, a fim de
deixar o decantador pronto para um aumento
esperado na carga hidráulica.

No entanto, infelizmente, muitos distúrbios são Figura 15.3 Variações no afluente em uma grande estação
de tratamento de águas residuárias tendo apenas bombas
criados dentro de uma planta devido à operação primárias on-off, resultando em variações repentinas e
inadequada. Frequentemente, isso se deve à falta de indesejadas de vazão para a estação.
compreensão de como as várias partes de uma
planta interagem. A Figura 15.3 mostra esse A retrolavagem do filtro às vezes pode criar
exemplo. A vazão afluente é bombeada por meio enormes problemas operacionais. Em uma planta
de três bombas on-off. Isso cria mudanças de médio porte, a retrolavagem aumentou a vazão
repentinas na vazão, o que irá deteriorar o do afluente em quase 50%, conforme ilustrado na
comportamento tanto da clarificação quanto da Figura 15.4.
sedimentação na unidade de decantação
secundária.

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Figura 15.4 Retrolavagem do filtro (linha inferior) e seu impacto na vazão do afluente da planta (linha superior) e na operação
da planta.

Figura 15.5 Variações da vazão afluente durante três semanas no inverno. A figura inferior mostra as variações diárias e alguns
períodos de chuva. A figura superior mostra como a temperatura diminui como resultado da chuva fria.

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Figura 15.6 A relação entre grandes distúrbios hidráulicos e a qualidade do efluente. A figura superior mostra a intensidade da
chuva durante aproximadamente 40 dias e a figura do meio é a vazão afluente correspondente para estação de tratamento
do município. A figura inferior mostra a concentração de sólidos em suspensão após o decantador secundário; isso demonstra
claramente que o decantador está operando perto de sua capacidade máxima e está falhando durante grandes picos
hidráulicos, resultando em grandes valores de concentração de sólidos em suspensão no efluente.

A planta de remoção de nutrientes tem um A Figura 15.5 é um registro de dados ao longo de


reator anaeróbio como primeira etapa. Este reator três semanas que mostra como as fortes chuvas
foi submetido não apenas a uma grande vazão, mas durante o inverno irão influenciar a temperatura da
também a uma água rica em oxigênio, inibindo as água, resultando em menor atividade microbiana,
reações anaeróbias. A água se propagou para a zona bem como carga extra para o decantador. Altas
anóxica seguinte, ainda com algum oxigênio vazões terão um impacto significativo no
sobrando. Obviamente, as reações biológicas desempenho do decantador. Isso é ilustrado na
sofreram bastante e a qualidade do efluente foi Figura 15.6.
insatisfatória.
Se o sobrenadante do lodo for recirculado para
Descobriu-se que o bombeamento precisava ser o afluente da planta durante uma alta carga, então a
executado de maneira diferente e o problema foi carga de nitrogênio para a planta pode ser muito
prontamente resolvido, uma vez que o padrão de grande, conforme ilustrado na Figura 15.7. A figura
perturbação foi compreendido. Em vez de bombear mostra como a taxa de consumo de oxigênio
a vazão de retrolavagem diretamente para o aumenta significativamente conforme o
afluente da planta, ele era temporariamente sobrenadante é recirculado dentro da planta. É
armazenado em um volume disponível e bombeado fundamental identificar as fontes dos distúrbios
gradualmente de volta para a entrada da planta. Isso para obter uma operação de alto desempenho de
atenuou a alteração da vazão. uma planta. Em seguida, o sistema de controle pode
ser estruturado de forma que essas perturbações
Em um país frio, a temperatura da água afluente possam ser atenuadas ou mesmo evitadas.
pode mudar rapidamente como resultado da chuva.

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Os distúrbios também surgem da mudança das 15.3 O PAPEL DO CONTROLE E


populações bacterianas e mudanças em suas AUTOMAÇÃO
propriedades microbianas e físicas. Por exemplo,
não é incomum que um sistema de tratamento sofra O Sistema ICA em sistemas de tratamento de
de problemas de sedimentação de lodo devido a um esgoto já percorreu um longo caminho e agora é
surto de bactérias filamentosas. As operações uma área de tecnologia estabelecida e reconhecida
impostas pelos sistemas de controle online podem na profissão. Vários fatores combinados tornaram
ser a causa de uma mudança na população de esse progresso possível:
bactérias. Essas perturbações devem ser tratadas
adequadamente no projeto e avaliação do sistema • Tecnologia de instrumentação - medir é saber -
de controle. Outros distúrbios internos podem ser está hoje muito mais madura. Instrumentos
gerados devido a operações inadequadas ou complexos, como sensores de nutrientes in-situ
inapropriadas, incluindo erro humano, atuadores on-line, agora são usados regularmente no
inadequados ou com mau funcionamento e/ou campo. A instrumentação não é mais
quebras de sensor, todos os quais podem causar considerada o maior obstáculo para o controle
problemas operacionais graves. Choques do tratamento de esgoto.
repentinos de vazão como resultado de ligar ou • Atuadores melhoraram ao longo dos anos.
desligar bombas (sem qualquer controle de Hoje, os acionamentos de velocidade variável
velocidade variável) ou retrolavagem repentina de em bombas e compressores são uma tecnologia
filtros ocorrem em muitas plantas também. Muitos comprovada e permitem melhor controle e
dos distúrbios internos podem ser evitados (ou seus operação flexível das plantas.
impactos minimizados) através da introdução de • Poder de computação pode ser considerado
sistemas de controle online, particularmente quase gratuito.
sistemas de alerta precoce. • Coleta de dados não é mais um grande
obstáculo. Pacotes de software estão
disponíveis para aquisição de dados e
supervisão da planta. Os benefícios do SCADA
e dos sistemas de controle de processo não são
mais questionados. O software de análise e
monitoramento de dados está disponível
comercialmente. O obstáculo não são os
produtos, mas a competência para levar
vantagem dos algoritmos e software
disponíveis.
• Teoria de controle e a tecnologia de automação
oferecem ferramentas poderosas. O
benchmarking de diferentes métodos de
controle está se tornando reconhecido e
ferramentas para avaliar o desempenho da
estratégia de controle estão disponíveis, como
Figura 15.7 O efeito da recirculação do sobrenadante em
custos, robustez e 'imagens de desempenho'.
uma planta durante um período de 10 dias. A curva inferior
• Modelos dinâmicos avançados de muitos
mostra a vazão do sobrenadante (que não é muito alta,
processos unitários foram desenvolvidos e
mas tem uma concentração alta). A figura superior mostra
existem simuladores comerciais disponíveis
a taxa de consumo de oxigênio no aerador (adaptado de
para condensar o conhecimento da dinâmica
M.K. Nielsen, Dinamarca).
das plantas.

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• Operadores e engenheiros de processo são hoje humano. O mais importante de tudo: pessoas.
muito mais treinados em instrumentação, Nenhum sistema de controle pode ser apresentado
computadores e compreensão de controle. aos operadores que não sejam capazes de
Naturalmente, com os novos desafios da influenciar seu projeto. Muito do desempenho é
qualidade da água, a necessidade de mais baseado na confiança. Qualquer sistema de
educação é aparente o tempo todo. controle bem-intencionado e funcionando pode ser
• Existem incentivos óbvios para o Sistema ICA, (e tem sido!) uma falha total se o pessoal de
principalmente do ponto de vista econômico. operação não confiar nele. Portanto, o
As plantas também estão se tornando cada vez envolvimento das pessoas e a educação são partes
mais complexas, o que exige automação e cruciais de um sistema de sucesso. Então, quais são
controle. as prioridades?

O desenvolvimento em direção a abordagens de • Mantenha a planta funcionando. Antes mesmo


controle de processo/planta ainda está em seus de considerar o controle da qualidade da água,
primórdios, mas sua implementação está ganhando deve-se garantir que os equipamentos da planta
impulso, o que será discutido mais detalhadamente estejam funcionando adequadamente. Isso
na Seção 15.10. O Sistema ICA foi aceito como um inclui medidores de velocidades de motores
elemento padrão dos sistemas de tratamento de elétricos, medidores de ruído acústico e
esgoto. As concessionárias agora são altamente indicadores que podem garantir que as bombas
dependentes do Sistema ICA para minimizar os e compressores estejam funcionando. Medições
recursos necessários para operar as instalações com de nível simples ou sensores de medição
eficácia. No entanto, apesar da aceitação quase hidráulica podem confirmar que os níveis do
universal, ainda há uma grande oportunidade para tanque estão dentro dos limites aceitáveis. As
aplicar ainda mais o Sistema ICA. Provavelmente, medições de vazão de gás indicam a produção
o maior obstáculo para um melhor controle é a falta de metano em um digestor e os sensores de
de flexibilidade do processo em muitas plantas. O condutividade podem detectar mudanças na
projeto e a operação da planta ainda precisam ser composição do afluente. A ideia de manter a
integrados sistematicamente. planta funcionando não é obter informações
precisas sobre o estado da planta, mas garantir
15.3.1 Definindo as prioridades uma operação básica confiável. A maioria das
ações de controle do equipamento são malhas
Qualquer operador da planta deve definir as de controle de processo tradicionais (Figura
prioridades para uma operação eficaz, e o 15.1), como controle de pressão de ar, controle
desempenho eficiente deve depender do de nível de líquido e controle de vazão.
equipamento em funcionamento. Todos os elos da • Atender aos requisitos de efluente. Não é
cadeia devem estar funcionando para se ter um suficiente manter os parâmetros físicos
sistema operacional satisfatório. O hardware inclui corretos. Outras variáveis que estão
não apenas instrumentação, comunicação e diretamente relacionadas à qualidade do
computadores, mas também atuadores, como efluente devem ser controladas. Isso é realizado
compressores, bombas, motores e válvulas. Os neste nível. Envolve a manipulação de
sistemas de comunicação estão se tornando cada variáveis de diferentes processos unitários,
vez mais importantes nos sistemas de controle da como controle de dosagem para precipitação
fábrica. O software depende não apenas de química, controle da vazão de ar para manter o
algoritmos de controle adequados, mas também de nível de oxigênio dissolvido (OD) satisfatório e
bancos de dados, sistemas de comunicação, controle de lodo de retorno ou controle de
aquisição de dados e telas amigáveis ao ser

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tempo de retenção de sólidos (TRS) para 15.4 INSTRUMENTAÇÃO E


gerenciar a composição de lodo. MONITORAMENTO
• Minimizar o custo. Em cada processo unitário,
o esquema de controle pode ser mais elaborado. ‘Medir é saber’. Fenômenos medidos ou
Um exemplo é o controle do OD, onde o ponto observados formam a base de toda malha fechada.
de ajuste do OD é variável, não apenas ao longo Em sistemas de água, é evidente que as vazões e
do tanque de aeração, mas também variável no uma infinidade de concentrações e parâmetros de
tempo (consulte a Seção 15.8). O objetivo neste qualidade são a base para todas as operações. A
nível é otimizar a operação do processo instrumentação deve ser robusta, fácil de manter e
unitário. Tudo isso depende de sensores e econômica. Isso é ainda mais importante em um
instrumentos adequados. O custo pode ser processo desassistido.
influenciado pela diminuição da demanda de
energia (para aeração ou mistura) ou pela 15.4.1 Sensores e instrumentos
redução do custo de dosagem de produtos
químicos na precipitação de fósforo ou na Por muito tempo a instrumentação (os termos
operação de centrifugação. O custo também comuns instrumentos de medição ou
está relacionado ao pessoal. Muitas plantas hoje instrumentação aqui são utilizados para sensores,
são operadas satisfatoriamente sem mão de analisadores e outros instrumentos de medição) foi
obra durante as noites e fins de semana. considerada o gargalo para o controle e automação
• Integrar a operação da planta. O objetivo do em sistemas de água. Isso melhorou
controle integrado é também satisfazer o consideravelmente nas últimas décadas. Um
requisito do efluente com custo mínimo. Ao importante desenvolvimento de sensores de
coordenar vários processos, é possível diminuir nutrientes ocorreu a partir de analisadores
o impacto dos distúrbios que entram na planta laboratoriais ex-situ automatizados que tiveram que
ou dentro dela (comparar as figuras 15.4 e ser protegidos do sistema medido por meio de
15.7). A operação combinada dos processos unidades de filtração para sensores in-situ que
pode possibilitar o aproveitamento ótimo dos podem ser colocados diretamente no líquido a ser
volumes disponíveis e dos lodos para o melhor monitorado. Há também um desenvolvimento
funcionamento. interessante em direção a sensores cada vez mais
"inteligentes" com vários cabeçotes, que podem ser
Os atuais padrões de hardware e software de colocados em qualquer parte do processo. A seguir
computador e a crescente disponibilidade de está uma lista de apenas algumas das principais
medições confiáveis em tempo real (devidamente medições em sistemas de água. Mais detalhes sobre
validadas) para uma gama crescente de parâmetros as propriedades do sensor são encontrados em sites
diferentes estão permitindo o controle avançado do de fornecedores (busca por "sensores de água e
processo de malha fechada em estações de esgoto" e palavras-chave semelhantes) e em
tratamento de esgoto (ETEs), resultando em maior Ingildsen e Olsson (2016).
segurança operacional e melhor economia
operacional. No entanto, esses benefícios podem As medições formam a espinha dorsal da
ser limitados pelo projeto das próprias ETEs, operação em sistemas de água:
porque o projeto nem sempre foi feito com a
perspectiva de controle em mente. • Medições físicas: vazão, níveis de água, vazões
de ar e pressões de ar.
• Medições de qualidade da água: oxigênio
dissolvido (OD), sólidos em suspensão totais
(SST), amônia, nitrito e nitrato, fosfato,

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material orgânico como demanda química de em termos técnicos, mas também em termos
oxigênio (DQO) ou demanda bioquímica de econômicos, por meio do cálculo do custo de
oxigênio (DBO), nível de lodo e respirometria. propriedade (Tabela 15.1). Os custos de
investimento para o próprio dispositivo costumam
A introdução de um sensor em uma planta ou ser uma pequena parte dos custos durante a vida útil
sistema requer não apenas confiança no da instrumentação. No entanto, é enfatizado que
equipamento. Se o valor da medição não for uma análise simples de custo-benefício muitas
compreendido, é muito fácil perder o interesse pelo vezes é insuficiente para avaliar o benefício da
sensor e, consequentemente, o desempenho da instrumentação. O valor de um sensor depende de
medição diminuirá gradualmente devido à falta de quão inteligentemente ele é usado. É necessário
atenção ou manutenção. Muitos instrumentos de que os operadores tenham um certo nível de
alta qualidade falharam devido a essa falta de compreensão de seu processo para operar a planta
conexão com o propósito da informação. O com razoável confiança.
aumento da confiança na instrumentação é agora
impulsionado pelo fato de que definições claras de As medições da instrumentação devem estar
características de desempenho e testes disponíveis 24 horas por dia e 7 dias por semana.
padronizados para instrumentação tornaram-se As informações precisam ser extraídas
disponíveis (ISO 15839, 2003). adequadamente dos dados medidos. Assim, a
instrumentação deve sempre ser combinada com
A padronização das especificações da triagem de dados adequada, processamento de
instrumentação permite especificar, comparar e medição e extração de recursos das medições,
selecionar a instrumentação mais adequada, não só conforme discutido na próxima seção.

Tabela 15.1 Itens (e exemplos) incluídos no cálculo do custo de propriedade da instrumentação.


Instrumentação Custo da própria instrumentação
Condicionamento Custo da plataforma, construção, bombas, tubos, pré-tratamento
Instalação Custos de tempo para projeto e trabalhadores qualificados
Integração Custo de tempo para programação de SCADA, malhas de controle
Consumíveis Custos de produtos químicos, energia, etc.
Manutenção Custo do contrato de serviço e custos de tempo para calibração, limpeza
Partes separadas Custo de peças sobressalentes

Existem muitos desenvolvimentos de sensores aumento dos recursos de comunicação dos


interessantes ocorrendo em empresas e laboratórios sensores diretamente para a análise de medição
de pesquisa em todo o mundo. Obviamente, isso e decisão de controle.
aumentará as oportunidades de tornar a operação da • Micropoluentes: a detecção e medição de
planta mais inteligente em vários sentidos. Alguns micropoluentes na água é um desafio crescente.
desenvolvimentos significativos são (Ingildsen e O primeiro passo para remover esses
Olsson, 2016): contaminantes é, obviamente, detectá-los e
medir sua concentração.
• Adicionar energia do processador aos • A espectroscopia oferece a capacidade de
sensores: tornar os sensores mais complexos medir todo o espectro online e pode fornecer
adicionando processamento ao sensor principal uma imagem muito mais completa da qualidade
aumentará a capacidade de monitoramento, da água do que a medição apenas de
veja a seguir. A Internet das Coisas (IoT) comprimentos de onda específicos.
adiciona outra camada de "inteligência" com o

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• A comunicação sem fio faz parte do Existe um grande fluxo de dados dos processos
desenvolvimento da IoT e torna possível obter em uma sofisticada estação de tratamento. Mais
medições de campo mais facilmente de locais instrumentação e desenvolvimento de nova
distantes, aumentando assim a probabilidade de instrumentação fornecerão ainda mais dados. No
utilizar sistemas de alerta antecipado com entanto, deve ser enfatizado que mais dados não
sucesso. são valiosos, a menos que tenhamos sucesso em
traduzir os dados em informações úteis.
15.4.2 Monitoramento
Ao contrário dos humanos, os computadores
Rastrear o estado operacional do processo atual por são infinitamente atentos e podem detectar padrões
meio da instrumentação é chamado de anormais nos dados das plantas. A detecção
monitoramento. O monitoramento pode dar precoce e o isolamento de falhas em processos
transparência sobre o que está acontecendo na biológicos são muito eficazes porque permitem que
planta. Sem ele, os processos são como uma caixa ações corretivas sejam tomadas muito antes que a
preta. Mesmo uma instrumentação confiável pode situação se torne desfavorável. Mudanças lentas
falhar durante a operação, o que pode ter nas propriedades biológicas não são facilmente
consequências graves se a instrumentação for observadas pelos humanos e podem crescer
usada no controle de malha fechada. Portanto, é gradualmente até se tornarem um sério problema
necessária a validação de dados em tempo real operacional.
antes de usar medições para fins de controle. Um
monitoramento consistente da qualidade do Todas as análises de dados podem não ser em
produto nos ajudará a evitar problemas que se tempo real. Também há valor na análise de longo
tornem muito grandes, conforme ilustrado na prazo. Existe um limite para a capacidade de
Figura 15.8. qualquer ser humano de receber dados. No entanto,
com o suporte de computadores, podemos
compreender mais do que apenas olhar para os
dados, mas isso requer o domínio de ferramentas de
análise relevantes, bem como uma compreensão
profunda do que está acontecendo na realidade.

Alguns exemplos de monitoramento básico são


descritos a seguir. A Figura 15.9 ilustra as
variações diárias (durante cerca de 3 semanas) da
vazão afluente. Alguns picos significativos na
vazão são óbvios. A linha indica o valor médio e os
desvios de ± 2σ e ± 3σ da média. É óbvio que
Figura 15.8 Um sistema de monitoramento é baseado na desvios maiores que 3σ devem ser observados
análise das medições e observações. Muitas vezes, uma
omissão ou falha pode ser detectada automaticamente.
cuidadosamente e operações adequadas devem ser
Com base no resultado, algumas recomendações ou implementadas.
suporte do operador podem ser fornecidos e uma ação de
controle pode ocorrer.

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Figura 15.9 Variações da vazão afluente durante um período de três semanas. O valor médio e os limites ± 2σ e ± 3σ são
indicados.

A Figura 15.10 ilustra o que acontece quando é descrito em literalmente centenas de artigos.
há uma falha de sensor. A figura superior mostra o Visões gerais são encontradas em Irizar et al.
sinal de medição e o operador observador pode (2008), Hamouda et al. (2009) e Olsson et al.
notar uma mudança no sinal aproximadamente no (2014). Yuan et al. (2019) revisaram os métodos de
tempo 900. Ao filtrar o sinal, no entanto, as detecção para abastecimento e distribuição de água,
mudanças podem se tornar mais óbvias. Um filtro sistemas de coleta e tratamento de esgoto sanitário.
passa-alta mostra essencialmente a variabilidade
(ou taxa de mudança) do sinal. O sinal filtrado é
exibido na figura inferior e revela uma mudança
significativa no caráter de ruído do sinal, expondo
assim um problema de sensor. Obviamente, é
possível detectar a mudança a olho nu, mas isso
requer atenção de alguém. Ao transformar o ruído
em um sinal separado, é possível configurar
alarmes automáticos e, portanto, reagir à mudança
em tempo hábil, em vez de perceber isso tarde
demais.

Qualquer sistema de monitoramento deve


determinar se os dados adquiridos são
significativos e corretos, portanto, a triagem de
dados é essencial. No mínimo, deve incluir
comparações de intervalo normal (limites superior Figura 15.10 Detecção de um problema no sensor. A figura
e inferior), taxa de mudança e variância. As superior mostra o sinal do sensor. O perfil do ruído
técnicas de filtragem são essenciais para remover o mudará após o tempo 900, indicando um problema no
ruído e, ao mesmo tempo, reter as informações sensor. A figura inferior mostra a variabilidade do sinal.
essenciais do sinal. Filtros passa alta podem Quando a variabilidade excede um limite (por exemplo,
detectar mudanças repentinas ou rápidas. 0,15), o sistema de monitoramento pode dar um alarme
automático.
Ao detectar rapidamente desvios do "normal",
é possível minimizar o custo do comportamento O conhecimento do processo é condição
anormal. O monitoramento como base para essencial para um diagnóstico adequado. Uma
sistemas de alerta precoce no tratamento de esgoto observação primária pode levar a toda uma cadeia

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de exames do problema, como no diagnóstico Análise de Componentes Principais (ACP). Essa


médico. Por exemplo, uma alta turbidez do efluente técnica é simples no sentido de que os dados podem
pode ser um aviso primário. A razão pode ser uma ser facilmente projetados em uma dimensão menor.
vazão afluente muito alta, baixa capacidade de O ACP tem sido usado no monitoramento de
sedimentação do lodo ou um alto manto de lodo. reatores batelada sequencial em (Villez et al.,
Ao fazer o encadeamento posterior e fazer 2008) e como base para o controle da duração da
perguntas (automática ou manualmente), a causa fase (Villez et al., 2010). Ruiz et al. (2011) usaram
primária do problema pode ser rastreada. ACP para detecção de falhas.

Combinando informações de vários sensores e No entanto, os métodos de ACP são


modelos matemáticos, outros parâmetros insuficientes para lidar com dados altamente
operacionais que não são mensuráveis diretamente variáveis, como vazão e composições afluentes
podem ser estimados: são conhecidos como (Rosen et al., 2003). As estações de tratamento de
sensores virtuais e permitem que ferramentas de esgoto têm uma ampla gama de constantes de
monitoramento poderosas sejam construídas. Uma tempo e é difícil olhar para as correlações de dados
aplicação inicial de sensores virtuais para verificar em apenas uma escala de tempo. Vários métodos
o desempenho da instrumentação é descrita por para estender o ACP para dados dinâmicos em
Lumley (2002). Leonhardt et al. (2012) usaram um sistemas de tratamento de esgoto foram
sensor virtual para estimar o transbordamento de desenvolvidos (Rosen e Lennox, 2001; Lennox e
águas pluviais. Racault et al. (2011) demonstraram Rosen, 2002). Flores et al. (2007) avaliaram
como a taxa de transferência de oxigênio é técnicas estatísticas multivariáveis selecionadas
estimada a partir de balanços de massa. Medindo as para várias estratégias de controle total da estação
concentrações de OD combinadas com modelos, é de tratamento de esgoto.
possível estimar a taxa de consumo de oxigênio e,
portanto, a taxa de reação. Uma excelente visão Corominas et al. (2018) revisou muitos
geral dos sensores virtuais no tratamento biológico métodos baseados em computador comumente
do esgoto é apresentada por Haimi et al. (2013). usados que podem transformar dados em
informações úteis. Isso inclui métodos baseados em
A análise multivariada é um método para gráficos de controle, balanços de massa, modelos
detectar mudanças nos padrões e correlações em de regressão (multilinear, mínimos quadrados
grandes conjuntos de dados, incluindo mais de duas parciais (PLS - partial least squares)), mapas auto-
variáveis. Por meio dessa análise, é possível organizáveis (SOM – self organizing maps),
detectar situações que exigem intervenção humana. análise de componente principal (PCA – principal
É uma alternativa viável ao exame manual de component analysis), análise de componente
dados; apesar de muitas horas de observação, ainda independente (ICA – independente componente
não sendo possível rastrear todas as mudanças analysis tem outro significado aqui), redes neurais
como fazem os algoritmos computacionais. artificiais (ANNs – artificial neural networks),
Portanto, esta é uma ajuda para entender quando agrupamento, métodos difusos, máquinas de
constituir uma equipe de análise. vetores de suporte (SVMs – supporting vector
machines) e técnicas para o reconhecimento de
A análise multivariada foi usada por muitos características qualitativas em séries de dados.
anos na indústria de processos químicos e só foi Ferramentas baseadas em computador para
introduzida na indústria de águas residuárias no informação (Sistemas de Apoio à Decisão
final da década de 1990 (Rosen e Olsson, 1998). O Ambiental, EDSS – environmental decision
método mais conhecido para reduzir a support systems) e gestão do conhecimento
dimensionalidade de uma nuvem de dados é a (ontologias) também são discutidas. É fácil se

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perder em como selecionar o melhor método de A dinâmica das unidades de processo típicas
análise de dados e não há um atalho simples para pode ser classificada como rápida, média e lenta,
encontrar o melhor. Uma revisão específica das conforme descrito na Tabela 15.2 e essa
técnicas de aprendizado de máquina aplicadas ao classificação influencia o tipo de modelo que pode
campo de água e esgoto é descrita por Hadjimichael ser desenvolvido e também o projeto de estratégias
et al. (2016). de controle.

Vários livros e artigos sobre análise de dados Há uma grande diferença entre as escalas de
elementares podem ser baixados gratuitamente da tempo rápida e lenta (Tabela 15.2). Isso permite a
Internet (pesquise por ‘análise de dados’, ‘análise separação das várias ações de controle em
de dados estatísticos’ e ‘mineração de dados’). Há diferentes domínios de tempo. Na escala de tempo
muitos softwares comerciais e gratuitos disponíveis rápida, as variáveis que mudam muito lentamente
para análise de dados. Todos os métodos aqui serão consideradas constantes. Por exemplo, a
descritos podem ser executados em algum software concentração de OD pode mudar em uma fração de
disponível. Software como o Excel pode ser usado uma hora. Nesta escala de tempo, a concentração
com sucesso para análise de dados elementares, de biomassa pode ser considerada constante. Por
enquanto produtos de software mais sofisticados outro lado, na escala de tempo lenta, por exemplo,
como Matlab1 ou SAS2 contêm uma grande quando pretendemos controlar o inventário total de
variedade de métodos de análise de dados. lodo, então a concentração de OD pode ser
considerada como mudando instantaneamente.

15.5 A IMPORTÂNCIA DA DINÂMICA Essa separação no tempo torna o problema de


controle menos complexo. Permite que as ações de
É crucial estar razoavelmente familiarizado com a controle sejam compartimentadas em escalas de
dinâmica para entender o controle. Basicamente, tempo rápidas, médias e lentas e podemos
isso significa que o resultado de uma ação corretiva considerá-las e muitas vezes analisá-las
levará algum tempo; ele nunca aparecerá separadamente.
instantaneamente. Portanto, a escala de tempo de
qualquer mudança de processo é extremamente Um sistema de tratamento de esgoto de fluxo
importante. A dinâmica de um sistema de contínuo está em um estado transitório na maior
tratamento de esgoto envolve uma ampla gama de parte do tempo, porque a vazão afluente e sua
escalas de tempo, de segundos a meses. A concentração e composição dificilmente são
percepção humana não é muito boa para lidar com constantes. O sistema de controle visa cuidar
dinâmicas que são muito rápidas ou muito lentas. dessas mudanças. As medições online e as ações
Também requer muito treinamento e profundo corretivas devem trazer as várias variáveis do
conhecimento dos sistemas para compreender os processo aos seus valores desejados. Em contraste,
processos que funcionam e interagem em em um reator batelada sequencial, o sistema está
diferentes domínios do tempo. É muito fácil chegar propositalmente em um estado transitório. Uma
a uma conclusão errada. Portanto, sistemas de fase de oxidação continuará até que a oxidação seja
controle inteligentes ajustados com as constantes concluída e, em seguida, uma fase de redução
de tempo e ganhos corretos são importantes para (como a desnitrificação) assumirá e terminará
lidar com esse problema. Além disso, esses quando a redução do nitrato for concluída. Um
sistemas estão sempre atentos. sistema batelada sequencial é, portanto, muito
adequado para o controle de processo dinâmico.

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Tabela 15.2 Tempos de resposta dinâmica do processo de remoção biológica de nutrientes.

Velocidade Escala de tempo Mecanismos de Tratamento de esgoto


Rápido Minutos-Horas Hidráulica e dinâmica de vazão
Transferência de massa de oxigênio
Precipitação química
Dinâmica de OD
Separação sólido-líquido
Médio Horas - várias horas Dinâmica de concentração
Remoção de nutrientes
Devagar Dias-meses Crescimento de biomassa

Às vezes, o tempo necessário para as medições típico em um aerador em escala real é de 15 a 30


deve ser levado em consideração. Para obter uma minutos, uma mudança no fluxo de ar a cada
leitura de OD leva alguns segundos. No entanto, minuto só produzirá ações de controle sem sentido
esse atraso é pequeno em comparação com o tempo e desgastará as válvulas. Em vez disso, uma ação
típico para uma mudança de OD, que é uma fração de controle a cada 8-12 minutos é adequada e mais
de hora. A leitura do respirômetro levará mais apropriada. Neste período, o controlador pode ver
tempo, normalmente meia hora. É óbvio que tal alguns resultados da mudança do fluxo de ar.
medição pode ser usada apenas para ações
corretivas mais lentas, da ordem de horas. Também Modelar para controle não é o mesmo que
é importante lembrar que o valor da medição é modelar para entender os mecanismos cinéticos
frequentemente corrompido por ruído. As básicos. Consequentemente, modelos como os
variações de ruído podem ser bastante rápidas e o Modelos de Lodo Ativado ASM 1, 2 e 3 (Henze et
controlador não deve reagir às variações rápidas e al., 2000) ou o Modelo de Digestão Anaeróbia
falsas. Portanto, filtrar o sinal é crucial. ADM (Batstone et al., 2002) não devem ser a base
para a síntese do controlador. Em vez disso, eles
É importante lembrar a dinâmica ao fechar a representam descrições detalhadas da maneira
malha. Controlar o inventário total de lodo pela como entendemos os mecanismos dos processos
vazão de descarte de lodo é um processo muito biológicos. Os modelos abrangentes são, no
lento. A taxa de mudança depende da taxa de entanto, excelentemente adequados como bases de
crescimento da biomassa e o período de tempo teste para controladores, para entender o
típico é da ordem de vários dias. Normalmente, comportamento nos diferentes domínios de tempo.
mudar o tempo de retenção do lodo de 10 para 11 Na implementação do controle, por outro lado, é
dias levará de 10 a 20 dias. O tempo de retenção do necessário identificar os parâmetros-chave que são
lodo é um valor médio e não pode ser calculado no cruciais para a operação da planta. Esses
dia a dia. Em vez disso, as vazões e concentrações parâmetros podem ser taxa de consumo de
de lodo devem ser calculadas em um período mais oxigênio, taxa de respiração e taxas de reação para
longo, normalmente semanas. remoção de DBO, para nitrificação ou
desnitrificação. O potencial redox pode refletir o
Às vezes, os controladores são ajustados para progresso do processo de desnitrificação anóxico.
serem muito "ambiciosos". Por exemplo, mesmo
que um sensor de OD possa produzir um valor de Os principais parâmetros são calculados a partir
concentração de OD várias vezes a cada minuto, de medições primárias. Por exemplo, a
isso não significa que a taxa de fluxo de ar deva ser concentração de OD pode ser usada como base para
alterada a cada minuto. Como o tempo de resposta a estimativa das taxas de consumo de oxigênio.

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Medições online de nitrogênio ou nitrato de amônia • Adições de produtos químicos ou fontes de


podem ser elaboradas posteriormente para calcular carbono,
as taxas de reação de remoção de nitrogênio. • Fornecimento de ar ou oxigênio,
Consequentemente, a estimativa de parâmetros • Pré-tratamento de esgoto afluente.
dinâmicos é uma parte importante da modelagem
que formará a base para um controle mais avançado Existem várias outras variáveis manipuladas
(compare a Seção 15.4.2). em uma planta que estão relacionadas ao
equipamento e às malhas de controle básicas no
processo, como controladores de vazão,
15.6 VARIÁVEIS E ATUADORES controladores de nível etc. Elas não estão incluídas
MANIPULADOS nesta discussão.

Diversas variáveis podem ser usadas para


manipular processos biológicos de esgoto. No
15.6.1 Variáveis hidráulicas
entanto, as possibilidades de controlar a planta de A maioria das variáveis manipuladas altera os
forma flexível são bastante limitadas. Um grande padrões de fluxo hidráulico através da planta. As
problema em muitas plantas é a falta de controle diferentes vazões influenciarão os tempos de
das bombas ou compressores. Portanto, projetar retenção nas várias unidades. Além disso, a taxa de
novas plantas para flexibilidade e controlabilidade mudança é crucial em muitas partes da estação de
é um desafio importante. Isso requer não apenas o tratamento, uma vez que influencia os processos de
uso de atuadores variáveis, mas também que eles decantação e adensamento. As vazões também
sejam variáveis na faixa operacional adequada determinam a interação entre diferentes processos
(Seção 15.1.2). unitários. Assim, as variáveis hidráulicas
manipuladas podem ser divididas em quatro
Flexibilidade e controlabilidade são a chave grupos:
para uma operação eficaz e eficiente. No entanto,
esteja ciente de que também é verdade que se a • Variáveis que controlam as vazões afluente,
controlabilidade não for usada com sabedoria, com • Variáveis que controlam o inventário de lodo e
base nas entradas dos sensores e no uso inteligente sua distribuição,
dos controles, ela não tem, tem pouca ou mesmo • Recirculação interna dentro do processo
possui uma utilidade negativa. biológico,
• Vazões de retorno externos, influenciando as
A Seção 15.2 deu um exemplo de como o interações entre os diferentes processos
bombeamento liga/desliga pode criar problemas unitários.
posteriormente no processo. O controle de
velocidade variável é uma tecnologia comprovada Nesta categoria, incluiremos também o
e é um pré-requisito importante para um bom controle da duração da fase em reatores batelada
controle, tanto para o bombeamento de água e lodo sequencial, o que equivale a controlar o tempo de
quanto para controlar o fluxo de ar para o controle retenção de uma unidade contínua.
de OD.
A vazão afluente para o sistema de lodo ativado
As variáveis manipuladas podem ser pode ser manipulada de várias maneiras. Do ponto
categorizadas nos seguintes grupos: de vista da planta, a vazão afluente pode ser
considerada uma perturbação externa que deve ser
• Hidráulica, incluindo variáveis de inventário de tratada pelos vários sistemas de controle. Em
lodo e vazões de recirculação, seguida, enfatizamos que o bombeamento da vazão

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afluente deve ser suave e recomendado o deteriorar o desempenho da planta


bombeamento de velocidade variável (compare a consideravelmente.
Figura 15.3). Por outro lado, se houver bacia de
equalização disponível ou se a rede de esgoto puder O inventário de lodo pode ser controlado
ser utilizada como tanque de equalização, a vazão principalmente por três variáveis manipuladas:
afluente passa a ser uma variável de controle. Os
volumes adicionais antes da planta nos permitirão • vazão de descarte de lodo ativado,
controlar a vazão para minimizar as consequências • vazão de retorno de lodo ativado,
prejudiciais das variações afluentes. • vazão de alimentação escalonada.

Muitas plantas são projetadas com dois ou mais A manipulação da vazão de descarte de lodo
tanques de aeração paralelos. O processo de divisão ativado é usada para controlar o inventário total de
de vazão é crucial para que a carga seja distribuída lodo no processo. Uma vez que o inventário total é
uniformemente. Frequentemente, esse não é o caso, uma função da taxa de crescimento total dos
o que resulta em uma sobrecarga aparente em organismos, ele é usado para controlar o tempo de
algumas partes do sistema. Em muitas plantas, a retenção do lodo ou a idade do lodo. Esta variável
divisão de vazão é realizada por um arranjo fixo de manipulada irá influenciar o sistema em uma escala
canais, o que pode não ser garantia absoluta de que de tempo de vários dias ou semanas.
a vazão real seja dividida corretamente. Se a
divisão da vazão tiver que ser garantida, as vazões A manipulação da vazão de retorno de lodo
devem ser medidas e as vazões individuais ativado é usada para distribuir o lodo entre os
controladas. reatores de aeração e as unidades de decantação ou
O by-pass deve ser uma variável manipulada no entre os reatores acidogênicos e metanogênicos em
sentido de que nunca deveria ocorrer, a menos que sistemas anaeróbios de dois estágios. O retorno
seja ordenado. Deve ser comparado com a desde a fase de sedimentação é uma variável
alternativa de não realizar o by-pass e deve ser importante para a obtenção do ponto de operação
baseado em algum cálculo quantitativo com um correto nos reatores, mas raramente útil para o
horizonte de tempo adequado (compare a Seção controle de hora em hora. Alguns sistemas são
15.1.1). fornecidos com diversos pontos de alimentação
para o lodo de retorno. Isso tem um potencial de
Todos os diferentes modos de controle de vazão redistribuição de lodo para certas cargas, como
afluente são simplesmente maneiras diferentes de carga tóxica. Uma combinação de diferentes
aumentar a autoridade de controle. Em outras vazões de retorno pode ser importante. Em
palavras, o interceptor de esgoto ou a equalização sistemas com precipitação química, o lodo do
ou o controle de bypass contribuem para tornar decantador secundário pode ser combinado com
mais fácil obter uma vazão uniforme para a planta. lodo químico de uma unidade de decantação pós-
Seu objetivo é a rejeição de perturbações. Uma precipitação. Desta forma, as propriedades do floco
variação suave da vazão é crucial para a operação podem ser influenciadas e os produtos químicos
do decantador secundário. Requer não apenas serão melhor utilizados para a remoção do fósforo.
bombeamento de velocidade variável no nível
operacional para evitar distúrbios, mas também Ao controlar a alimentação escalonada em uma
uma capacidade de armazenamento adequada em planta de lodo ativado, o lodo dentro do tanque de
poços úmidos ou tanques a montante para aeração pode ser redistribuído, dado o tempo
amortecer distúrbios que não podem ser evitados. adequado. Exclusivamente para o controle da
O controle de bombeamento deficiente pode alimentação escalonada, obter-se-á uma estrutura
de estabilização de contato. Além disso, o lodo de

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retorno pode ser realimentado não apenas para a melhor sedimentação do lodo. Para a remoção do
parte de entrada do tanque de aeração, mas em fósforo, sais ferrosos, férricos ou de alumínio são
diferentes pontos de alimentação ao longo do adicionados para obter a precipitação química pela
tanque, o que é conhecido como controle formação de fosfatos insolúveis. Uma mudança na
escalonado do lodo de retorno. Esta pode ser uma dosagem química pode ter um efeito bastante
forma eficiente de prevenir o intumescimento do rápido, influência na formação de flocos e na
lodo. sedimentação. Na Seção 15.8, o controle da
precipitação química é discutido.
Vazões de retorno internos ou externos
fornecem acoplamentos entre as diferentes Além do uso normal de produtos químicos para
unidades da planta. As vazões de retorno podem ser remoção de P, produtos químicos podem ser
consideradas como distúrbios controláveis para o adicionados para melhorar as propriedades de
sistema reator-decantador. Eles devem ser sedimentação do lodo no decantador secundário.
manipulados de forma que seu impacto prejudicial Às vezes, produtos químicos são adicionados ao
seja minimizado. Algumas vazões de retorno têm decantador primário para reduzir a carga para o
valores muito altos, como a vazão de recirculação aerador, embora isso possa levar a carbono
de nitrato em uma planta de pré-desnitrificação. insuficiente para a remoção de nutrientes.
Num sistema com pré-desnitrificação é necessário A adição de polímero pode ser usada em
recircular a água rica em nitrato da saída do reator situações de emergência para evitar grandes falhas
de nitrificação. Em particular, o oxigênio contido do decantador. Em uma base rotineira, é usado para
na água recirculada pode limitar a taxa de condicionamento de lodo para melhorar as
desnitrificação na zona anóxica. propriedades de desidratação. Além disso, os
polímeros podem ser usados para aumentar ainda
A seção 15.2 demonstrou que a vazão de mais a eficiência do processo de pré-precipitação.
retrolavagem de um filtro de leito profundo pode
criar grandes perturbações e deve ser manipulado A adição de alcalinizante é feita em processos
adequadamente. Outras vazões podem ter anaeróbios de dois estágios para controlar o pH,
concentrações extremamente altas, como que podem inibir os microrganismos
sobrenadantes do tratamento de lodo, conforme metanogênicos.
indicado na Seção 15.2. A maioria deles pode ser
manipulada propositalmente para obter um melhor 15.6.3 Adição de carbono
desempenho da planta. Em um sistema bio-P,
existem três tipos de reatores: anaeróbio, anóxico e A adição da fonte de carbono às vezes é necessária
aeróbio. Dependendo do projeto, existem muitos na desnitrificação para obter uma proporção
padrões de recirculação em tal planta. Em um adequada de carbono/nitrogênio no sistema. Muito
sistema anaeróbio de dois estágios, a recirculação pouco carbono resulta em desnitrificação
ajuda a manter os metanógenos removidos do incompleta, enquanto muito carbono adiciona um
estágio de acidificação e restaura a capacidade de custo para o produto químico e sua subsequente
tamponamento do pH para reduzir o uso de remoção. A escala de tempo de tal operação está
cáusticos. relacionada ao tempo de retenção da
desnitrificação. Para um sistema de pré-
15.6.2 Adição de produtos químicos desnitrificação, o carbono geralmente é fornecido
por meio do esgoto afluente. No entanto, isso pode
Os produtos químicos são adicionados por duas ser insuficiente durante os períodos de baixa carga,
razões diferentes, para obter a precipitação química então algumas fontes de carbono precisam ser
para a remoção do fósforo ou para formar uma adicionadas. Em um sistema de pós-

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desnitrificação, uma fonte de carbono (como processo medido por um sensor é a base para uma
metanol ou etanol) sempre deve ser adicionada. decisão. Para tomar essa decisão, o objetivo ou
Então surge o problema de como ajustar a dosagem propósito deve ser declarado. Depois de tomada a
à necessidade de carbono, sem medições extensas. decisão, ela deve ser implementada por meio de um
atuador, que normalmente é um motor, uma
15.6.4 Fornecimento de ar ou oxigênio bomba, uma válvula ou um compressor.

O oxigênio dissolvido (OD) é uma variável chave Hoje, a engenharia de controle pode oferecer
na operação de lodo ativado. Do ponto de vista quase tudo em termos de métodos e algoritmos que
biológico, a escolha de um ponto de ajuste de OD a operação de água possa precisar. O controle
adequado é crucial. A dinâmica do OD é tal que o automático às vezes é chamado de tecnologia
OD pode ser influenciado em frações de uma hora. oculta. Ele aparece em toda parte ao nosso redor e
Os principais fatores relacionados ao suprimento nem sequer pensamos nisso. Só percebemos
de OD são o suprimento total de ar, os pontos de quando não funciona. Estamos sujeitos a
ajuste de OD e a distribuição espacial de OD. Para realimentação em nossa vida diária. No corpo
obter o perfil de OD necessário, são necessárias humano, as células nervosas sentem a temperatura
medições individuais de vazão de ar e controle em e o cérebro controla os músculos para restringir os
malha fechada sobre as válvulas para cada zona de capilares da pele. Equilibrar o corpo exige que
aeração. O controle de OD será discutido mais percebamos a direção por meio de nosso sistema de
detalhadamente na Seção 15.8. equilíbrio. O cérebro controla os músculos dos pés
e das pernas para nos manter em pé. Ao dirigir um
A vazão de ar é reconhecida como de grande carro, o motorista sempre aplica o conceito de
importância para toda a operação. É razoável supor malha fechada. Os olhos observam o velocímetro e
que um sistema de controle de OD em bom a estrada etc. e o cérebro compilará todas as
funcionamento deva estar disponível. No entanto, informações e decidirá o que fazer no momento
como o custo de energia é significativo, é seguinte. Isso se traduz nos músculos para girar o
interessante minimizar o suprimento de ar. É bem volante, frear ou acelerar. A razão para a
sabido que o fornecimento insuficiente de ar realimentação constante é que a cena muda
influencia o crescimento do organismo, a formação continuamente. Em outras palavras, o processo está
de flocos e as propriedades de sedimentação do sujeito a distúrbios que nos obrigam a usar a
lodo. No entanto, uma vez que os organismos realimentação.
indesejáveis são formados, nem sempre é óbvio
como se livrar deles apenas controlando o OD. Ainda que o controle seja aplicado em áreas
completamente diferentes, existe uma teoria
comum que é independente das aplicações.
15.7 CONCEITOS BÁSICOS DE CONTROLE Existem literalmente centenas de livros didáticos
sobre controle. O livro didático de Åström e
O princípio fundamental de controle é a Murray (2014), disponível em acesso aberto, é
realimentação, ilustrado pela Figura 15.1. O recomendado, uma vez que os autores são líderes
processo (por exemplo, um aerador, um sistema de mundiais no desenvolvimento de teoria e
dosagem química ou um reator anaeróbio) está o engenharia de controle.
tempo todo sujeito a distúrbios externos. Estes
distúrbios são causados principalmente pelas Em outras palavras: controle é sobre como
variações na carga afluente, mas também podem operar a planta ou processo em direção a um
ser causadas por mudanças internas, como objetivo definido, apesar dos distúrbios. Com as
recirculações, bombeamento, etc. O estado atual do variáveis manipuladas e controladas identificadas

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na etapa anterior, uma configuração de controle determinados momentos. Nenhuma medição de


adequada deve ser definida usando um algoritmo OD é feita e não há garantia de que a concentração
de controle adequado. O diagrama de blocos na de OD estará correta. Tal controle de malha aberta
Figura 15.11 é uma representação de engenharia de é completamente diferente do controle de malha
controle do controlador simples de malha fechada fechada, onde a mudança de aeração é baseada em
mostrado na Figura 15.1. Ele descreve os sinais (o medições de OD verdadeiras.
fluxo de informações) do sistema de controle.
Observe que os termos 'controle de malha fechada', O projeto de controladores de malha fechada
'controle de feedback' ou apenas 'controle' são tem atraído considerável atenção na literatura de
frequentemente usados como sinônimos. Este tipo controle. Muitos algoritmos de controle avançados
de malha de controle aparece em todo o controle baseados em, por exemplo, modelos dinâmicos,
local de níveis, pressões, temperaturas e vazões. O redes neurais e lógica fuzzy têm sido propostos. Os
controlador tem duas entradas, o valor de medição sistemas de controle baseados em regras simples
(real) y e o valor de referência (ponto de ajuste) u c (controle baseado em regras) também encontraram
e uma saída, o sinal de controle u. Neste caso aplicações bem-sucedidas. No entanto, pouca
simples, entretanto, o controlador usa apenas a evidência convincente foi apresentada sugerindo
diferença entre as duas entradas. que esses algoritmos avançados produzem melhor
desempenho de controle de processo unitário em
sistemas de tratamento de esgoto do que os
algoritmos PID (proportional-integral-
derivative/derivado integral proporcional)
convencionais, que têm sido usados na maioria das
aplicações práticas de controle de processo (mais
de 95% de os controladores em uma indústria típica
de papel e celulose são controladores PID).
Figura 15.11 A estrutura de controle de em malha fechada Obviamente, isso pressupõe que os controladores
mais simples. PID estejam corretamente ajustados, o que requer
conhecimento técnico e experiência com
As propriedades do controlador (os parâmetros controladores PID e sistemas dinâmicos.
do controlador) podem ser alteradas (geralmente
chamamos esse procedimento de ajuste) para que a
saída do sistema fique o mais próximo possível do 15.8 EXEMPLOS DE CONTROLE EM
setpoint. O controlador tenta tornar o erro e = uc - y MALHA FECHADA EM SISTEMAS DE
o menor possível. É razoável pensar que quanto TRATAMENTO DE ESGOTO
mais parâmetros um controlador complexo contém,
O controle tradicional de ETE ainda é amplamente
mais graus de liberdade ele possui. Com a ajuda
orientado para o processamento da unidade. Alguns
desses parâmetros, isso pode ser alterado à vontade,
exemplos de controle de processo de unidade de
e o comportamento do sistema de malha fechada
última geração incluem:
também pode ser alterado de forma mais arbitrária.
• Controle de OD com um ponto de ajuste
Observe a diferença entre controle de malha
constante ou variável como parte da operação
aberta e malha fechada. Em um controlador de
de processo da unidade de aeração. Em uma
malha aberta, a ação de controle não é baseada em
planta de nitrificação, o ponto de ajuste do OD
nenhuma realimentação ou medição, mas sim no
não precisa mais ser constante. É calculado
tempo. Por exemplo, um compressor que fornece ar
online com base em informações de
para um aerador pode ser ligado e desligado em

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desempenho de remoção de nitrogênio, Exemplo: controle de oxigênio dissolvido


monitorado com sensores de amônia.
• Controle da duração da fase de aeração em O controle do oxigênio dissolvido é de fundamental
plantas do tipo batelada sequencial com base importância no processo de lodo ativado, tanto em
em sensores de nutrientes. plantas de recirculação quanto em sistemas em
• Controle de recirculação de nitrato em uma batelada ou intermitentes. O controle da aeração
planta de pré-nitrificação com base em tem sido objeto de pesquisas consideráveis desde a
medições de nitrato e OD na aeração e na zona década de 1970, quando os sensores de OD
anóxica. atingiram um nível de robustez e precisão
• Controle do tempo de retenção do lodo com adequados para o controle em malha fechada. Hoje,
base em medições de concentração de amônia o controle de OD para um ponto de ajuste é uma
no efluente e em estimativas de capacidade de tecnologia madura do ponto de vista metodológico,
nitrificação. embora na realidade ainda esteja sofrendo de baixo
• Controle de lodo de retorno com base nas desempenho e até encontre falhas ocasionais,
medições do manto de lodo no decantador. devido às limitações físicas (por exemplo,
• Decantação de tanques de aeração ATS capacidade inadequada dos sopradores) e/ou
(aeration tank settling) como forma de hardware com mau funcionamento (por exemplo,
aumentar temporariamente a capacidade da quebra de um sensor de OD). Vamos considerar
planta em condições de tempestade (Nielsen et aqui o controle da concentração de OD para um
al., 1996; Gernaey et al., 2004). ponto de ajuste pré-especificado por meio da
• O controle de processos anaeróbios visa manipulação da vazão de ar, conforme ilustrado na
estabilizar o processo e maximizar a produção Figura 15.12.
de biogás. Na maioria dos casos, o controle é
baseado apenas em medições de fluxo de
biogás. As informações do próprio reator,
como o pH, são necessárias para um melhor
controle. Medições mais avançadas estão em
desenvolvimento.
• Controle de dosagem no controle químico de
precipitação baseado em medições locais de
pH, alcalinidade ou concentração de fosfato.

Revisões abrangentes desses sistemas de


controle podem ser encontradas em Olsson et al.
(2005, 2014), Åmand et al. (2013, 2014), Olsson
(2012) e em Ingildsen e Olsson (2016).
Figura 15.12 Estrutura de um circuito de controle de
oxigênio dissolvido padrão.
Um outro desafio que os futuros sistemas ICA
devem enfrentar é a mitigação das emissões de
O OD é medido em um ponto no tanque de
gases de efeito estufa, como N2O, de plantas de
aeração. A concentração é comparada com o ponto
remoção biológica de nitrogênio (Mannina et al.,
de ajuste de OD e o controlador de OD (o 'mestre')
2016). O controle desses parâmetros em níveis que
irá calcular a mudança de vazão de ar necessária
minimize a emissão de N2O e ainda permita uma
para modificar a concentração de OD para o valor
remoção satisfatória de nitrogênio deve ser
desejado. No entanto, o controlador de OD não vai
desenvolvida e demonstrada.
diretamente manipular a válvula de ar. Em vez

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disso, a vazão de ar desejada é dada como um ponto significa que o ponto de ajuste de OD apropriado
de ajuste para um segundo controlador, o pode ser determinado por medições online.
controlador de vazão de ar (o 'escravo'). Este
controlador recebe a medição da vazão de ar e a Um analisador de amônia online é colocado
compara com a vazão de ar desejada. Essa próximo à saída do tanque de aeração. Em
diferença fará com que o atuador (um compressor condições ideais, a concentração de amônia
ou uma válvula) altere a vazão de ar para o valor diminuirá ao longo do tanque de aeração e atingirá
necessário. A estrutura de controle é chamada de um valor baixo pouco antes da saída. Se a
malha de controle em cascata e é a configuração concentração de amônia for muito baixa, então
padrão neste tipo de sistema. podemos ter sido muito ambiciosos. Nesse caso, a
qualidade do efluente pode ser alcançada com
Existem duas razões importantes pelas quais o menos ar. Consequentemente, o ponto de ajuste do
controlador de OD não está diretamente acoplado à OD pode ser diminuído para as últimas zonas de
válvula. O primeiro motivo tem a ver com as aeração. Por outro lado, se a concentração de
características da válvula. Normalmente as amônia for muito alta na saída, tentaremos
válvulas são não lineares, como em uma válvula melhorar a taxa de nitrificação aumentando o ponto
borboleta. Uma mudança de 10% no sinal da de ajuste de OD para que possamos alcançar a
válvula produzirá respostas significativamente baixa concentração de amônia necessária. No
diferentes se a válvula estiver quase fechada, na entanto, pode não ser suficiente para aumentar o
faixa intermediária ou quase totalmente aberta. Isso fluxo de ar. A carga pode ser simplesmente muito
significa que uma mudança de vazão de ar desejada alta e a capacidade de nitrificação insuficiente para
exigirá movimentos de válvula muito diferentes se esta carga. Portanto, o valor superior do ponto de
a válvula estiver quase fechada ou se estiver quase ajuste do OD deve ser limitado.
totalmente aberta. Se a vazão de ar for medida, o
controlador de vazão pode produzir a vazão A Figura 15.13 mostra o resultado do controle
necessária independente da não linearidade da de OD com um ponto de ajuste de OD variável na
válvula. Ter o controlador escravo de malha ETE de Källby em Lund, Suécia. É uma planta de
fechada no lugar significa que o controlador mestre PE (população equivalente) de 100.000 do tipo pré-
verá um comportamento linear do sistema de fluxo nitrificação. Em uma das duas linhas paralelas
de ar. A segunda razão tem a ver com o idênticas, um controlador de ponto de ajuste de OD
comissionamento do sistema de controle. O foi testado com base nas concentrações de amônio
controlador escravo é ajustado enquanto o no final da parte aerada da planta. Um controlador
controlador mestre é definido como manual. Desta PI simples foi usado para alterar o valor do ponto
forma, pode-se garantir que a resposta do sistema de ajuste de OD, com base no sinal do sensor de
de fluxo de ar é adequada. Feito isso, o controlador amônia na saída da aeração. O valor do setpoint do
mestre pode ser colocado em modo automático e OD foi enviado ao sistema controlador do OD,
posteriormente sintonizado. conforme mostrado na Figura 15.12. O controlador
resultante é expandido para uma estrutura de três
Exemplo: controle do setpoint de OD com base controladores trabalhando em cascata usando o
em medições de amônia princípio mestre-escravo. O desempenho do
controlador é mostrado na Figura 15.13. Às vezes,
Com o desenvolvimento de sensores de nutrientes,
com alta concentração de amônia no afluente, o
foi possível estender o controle de OD para
ponto de ajuste de OD é elevado ao máximo
permitir um ajuste online do nível de suprimento de
(definido para 3 mg/L). Em períodos com baixa
oxigênio. Para um sistema com recirculação, isso
carga de amônia, o ponto de ajuste OD pode ser
diminuído para valores muito menores. Aqui, ele é

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limitado a ficar acima de 0,5 mg/L. Ao permitir um prontamente o custo extra de um analisador de
ponto de ajuste de OD variável, economizaremos amônia.
energia para aeração. Durante o período de teste
nesta planta, uma economia de energia de aeração Existem muitas publicações sobre o controle de
de 28% foi obtida em comparação com a linha OD. Åmand et al. (2013, 2014) e os dois capítulos
paralela onde um ponto de ajuste de OD constante de livro Olsson et al. (2019a, 2019b) apresentam
foi aplicado. Isso corresponde a uma parte análises abrangentes de controle de aeração.
significativa dos custos operacionais e compensa

Figura 15.13 Controle do OD com um setpoint de OD variável. O gráfico superior mostra a concentração de amônio no final da
parte aerada da planta. O ponto de ajuste de amônio é 3 mg/L de NH4-N. O gráfico inferior mostra o ponto de ajuste de OD na
última zona aeradora durante o mesmo período de tempo. O ponto de ajuste do OD é limitado entre 0,5 e 3 mg/L (de Ingildsen,
2002).

Exemplo: Controle de precipitação química um sistema de controle em malha fechada possa ser
estabelecido.
Em muitas ETEs e locais, a remoção de fósforo é
A precipitação química pode ser aplicada antes
obtida por meio de precipitação química. Os
ou depois da etapa de tratamento biológico,
processos de precipitação química são muito mais
denominada pré-precipitação e pós-precipitação,
rápidos do que as reações biológicas. Em
respectivamente. Os produtos químicos também
comparação com a escala de tempo das variações
podem ser adicionados diretamente ao tanque de
na vazão e composição do esgoto, pode-se
aeração, o que é conhecido como precipitação
presumir que a precipitação química ocorre
simultânea. Muitas plantas aplicam uma
instantaneamente. Isso representa um recurso útil
combinação desses diferentes tipos de precipitação.
do ponto de vista de controle e implica que a
Aqui, mostraremos que, com um sensor de fosfato
perturbação pode ser tratada rapidamente por meio
instalado, pode ser alcançado um excelente
do controle em malha fechada. No entanto, a
desempenho de controle usando um controlador em
questão desafiadora é a medição oportuna e
malha fechada simples, demonstrado aqui para um
confiável das variáveis-chave do processo para que
processo de pós-precipitação.

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O fósforo é precipitado por pós-precipitação na e é óbvio que a concentração é frequentemente


estação de tratamento Källby, Lund, Suécia. A inferior a 0,5 mg/L. Em outros períodos, é muito
linha consiste em um sistema de dosagem, onde os maior, de modo que a variabilidade do fosfato no
produtos químicos da precipitação são introduzidos efluente é alta. Obviamente, a dosagem às vezes é
na corrente de água que segue para uma câmara de muito ambiciosa, e isso se refletirá diretamente nos
floculação, onde uma mistura suave garante o custos operacionais.
acúmulo de flocos químicos, seguida de um
decantador para a remoção do lodo. O tempo médio O tempo de retenção na câmara de floculação é
de retenção na câmara de floculação é de 1 hora e curto, em média em torno de 1 hora. Isso é
o tempo médio de retenção no decantador é de 4,3 consideravelmente mais curto do que a constante
horas. As linhas biológicas anteriores alcançam a de tempo da variação na carga afluente de fosfato
remoção biológica parcial do fósforo, e a para a etapa química. Portanto, deve ser possível
precipitação química é aplicada para remover a controlar a precipitação de fosfato por meio de
quantidade restante de fosfato que é tipicamente controle em malha fechada baseado em um sensor
cerca de 2 mg P/L. de fosfato in-situ localizado no efluente da câmara
de floculação. A concentração de fosfato afluente
Aqui iremos comparar duas estratégias de para a etapa química variou de cerca de 1 a 3 mg/L,
controle implementadas pela primeira vez por enquanto o valor alvo foi de 0,5 mg/L.
Ingildsen (2002):

1) Dosagem proporcional à vazão: Esta é uma


estratégia comum, mas se baseia na suposição
de que a concentração de P é constante. No
entanto, geralmente não é esse o caso; a
suposição da relação constante entre a carga de
fosfato afluente e a dosagem pode não ser
totalmente correta, pois fatores como o pH
podem influenciar o processo.
Figura 15.14 A concentração de fosfato no efluente com
2) Controle em malha fechada: Um ciclo de
controle da dosagem química baseada na vazão (de
realimentação é aplicado para controlar a
Ingildsen, 2002).
dosagem em direção a um determinado ponto
de ajuste de fosfato no efluente. O sinal
realimentado vem de um analisador de fosfato O desempenho em termos de concentração de
online localizado no final da câmara de fosfato no efluente é exibido na Figura 15.15. O
floculação. ponto de ajuste foi intencionalmente alterado de 0,5
para 0,4 mg/L PO4-P no dia 23 e de volta para 0,5
Um controlador proporcional de vazão foi mg/L no dia 33. A concentração de pico no dia 31
testado por 35 dias. O desempenho em termos de é devido a um mau funcionamento da bomba de
fosfato de efluente pode ser visto na Figura 15.14. dosagem. O controlador proposto é baseado na
Quatro períodos de mau funcionamento são concentração de fosfato do efluente, enquanto a
observados na concentração de fosfato no efluente maioria das licenças ambientais de efluente são
(dias 9, 10, 11 e 15). Especialmente o último definidas em termos da concentração de fósforo
incidente (dia 15) é facilmente detectável, onde a total do efluente. Na planta de Källby verificou-se
concentração de fosfato no efluente aumenta que as concentrações de fósforo total e ortofosfato
drasticamente. O critério de efluente é de 0,5 mg/L estão linearmente correlacionadas, com um valor

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de regressão de 0,96. Isso significa que é possível certo de que a concentração total de fósforo
controlar o processo em direção a um determinado também estará em conformidade.
ponto de ajuste de fosfato e estar razoavelmente

Figura 15.15 A concentração de fosfato no efluente com controle de dosagem química com base em medições de fosfato in situ
(de Ingildsen, 2002).

O controlador em malha fechada funciona bem Exemplo: controle de reator anaeróbio


em termos de precisão. Isso pode ser usado para
A principal dificuldade da digestão anaeróbia (DA)
quantificar a economia ao comparar várias
é que ela é frequentemente percebida como instável
estratégias. O controle em malha fechada in-situ
durante as operações de partida e de estado
com 0,5 mg/L como ponto de ajuste é usado como
estacionário. Desequilíbrios no ecossistema
base de comparação. Agora podemos comparar a
microbiano podem levar à sobrecarga orgânica,
dosagem química para as diferentes estratégias
causando severa redução na capacidade de
com base em 90% de conformidade. Se a
degradação e lavagem dos microrganismos,
conformidade em 90% do tempo for aceita, isso
resultando em desempenho ruim do reator, redução
significa que 10% das vezes a dosagem pode ser
da produção de biogás e até desligamento. A forma
menor do que no controlador em malha fechada.
tradicional de evitar esse tipo de instabilidade é
Essa quantificação de conformidade de 90% é
operar o processo muito abaixo da capacidade
incluída para evitar situações extremas. Neste caso,
teórica do reator. Além disso, a natureza das
uma linha da planta foi operada com dosagem
características do afluente envolve variação
proporcional à vazão, enquanto a linha paralela foi
dinâmica tanto da vazão quanto da composição,
operada com base nas medições de fosfato. A
que são perturbações significativas para os
quantidade de produtos químicos de dosagem
processos. O tratamento desses distúrbios por
usando o controle em malha fechada foi diminuída
atenuação ou rejeição é, portanto, importante para
em mais de 35% em comparação com o controle de
uma operação estável. Uma abordagem mais
dosagem proporcional à vazão. O tempo de retorno
economicamente viável para superar o problema é
para um analisador de fosfato é consequentemente
aplicar um monitoramento próximo e controle
curto, apenas alguns meses.
automático do processo, a fim de aumentar a
estabilidade operacional, atenuar e rejeitar

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perturbações e permitir o tratamento de resíduos e medida no próprio biorreator, ele fornecerá


produção de biogás a uma taxa específica mais informações prévias e mais úteis. A medição do pH
elevada (Liu, 2003). também adiciona informações importantes,
conforme demonstrado por Steyer et al. (1999). A
É fundamental caracterizar a alimentação de alcalinidade e o conteúdo de hidrogênio na fase
um digestor para obter uma operação confiável do gasosa também foram usados. A taxa de
DA. Jinguara e Kamusoko (2017) apresentam uma alimentação é a variável típica de controle, uma vez
revisão dos métodos de caracterização da que a taxa de carregamento orgânico deve ser
alimentação. Hoje existem ferramentas analíticas adaptada à capacidade de tratamento do sistema
disponíveis para testar automaticamente o para se obter uma operação eficiente do processo.
potencial bioquímico do metano (biogás), a Jimenez et al. (2015) apresentam uma visão geral
biodegradabilidade anaeróbia, bem como a dos problemas de instrumentação e controle em
atividade metanogênica específica. Liu et al. DA.
(2019) descreve o potencial de automação de testes
de alimentação para não especialistas. A partida de reatores anaeróbios é
relativamente lenta devido ao baixo crescimento
Muitos biorreatores anaeróbios ainda são líquido de biomassa anaeróbia e a necessária
operados sem monitoramento ou controle rigoroso. adaptação a componentes específicos do esgoto.
Isso não ocorre apenas porque o DA envolve etapas Portanto, a partida da estação é um processo crítico
de degradação complicadas, mas também devido à que depende muito das habilidades do operador.
falta de dispositivos analíticos adequados. Na Além disso, após o período de partida, o processo
verdade, a tecnologia de sensor é a parte mais fraca fica vulnerável a distúrbios como sobrecarga
da cadeia de processo (Liu, 2003; Boe, 2006; temporária, eliminação de biomassa e toxicidade.
Olsson et al., 2005). O monitoramento e controle Com um bom sistema de controle, o reator
rigorosos do processo de DA requerem, em anaeróbio pode - mesmo durante o modo de
primeiro lugar, a identificação de parâmetros de inicialização transiente e com grande carga - ser
processo adequados, que podem dar indicações de operado próximo à sua capacidade e ainda manter
desequilíbrios no ecossistema microbiano e avisos uma operação estável (Liu et al., 2004).
de distúrbios externos. A atividade dos diferentes
grupos microbianos envolvidos no processo de DA Controle mais avançado
pode ser medida indiretamente, monitorando os
Se um sistema de controle não pode funcionar bem
metabólitos. Em geral, agora é possível analisar o
o suficiente nas informações medidas por
pH, alcalinidade, fluxo e composição do biogás,
realimentação direta das variáveis observadas,
ácidos graxos voláteis, matéria orgânica
então pode-se buscar incorporar um modelo do
biodegradável, hidrogênio dissolvido e toxicidade
sistema no controlador. Esse modelo constitui a
online por sensores e instrumentos mais baratos
base para um controle preditivo mais sofisticado.
(Liu, 2003).
Consequentemente, é bem-vinda a utilização de
modelos dinâmicos simplificados que permitem
O momento das medições é importante.
que todos os parâmetros do modelo sejam
Controlar o processo de DA regulando a
atualizados de forma exclusiva a partir de medições
alimentação com base apenas na vazão de biogás
online disponíveis e com diferentes horizontes de
não é um controle eficiente, simplesmente porque
tempo preditivos. Naturalmente, a escala de tempo
a vazão de gás é uma informação muito tardia para
dos modelos também deve estar relacionada à
o controlador. Qualquer mudança na taxa de
escala de tempo em que a variável controlada pode
alimentação será notada após um atraso
influenciar o processo. A eficácia para gerenciar a
significativo. Se qualquer variável puder ser

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alta complexidade do processo por modelos o bombeamento primário do esgoto afluente. Nesta
hierárquicos e modulares foi demonstrada em seção, enfatizaremos como o controle e a
várias aplicações da indústria de processo. automação podem reduzir a necessidade de energia
Consequentemente, sugere-se que os futuros elétrica. Discussões mais detalhadas sobre a
sistemas de controle de processos de água e esgoto necessidade de energia no tratamento de esgoto são
sejam baseados em princípios semelhantes. apresentadas em Olsson (2015, capítulos 15-19) e
em Capodaglio e Olsson (2020).
Para melhorar a confiabilidade de um sistema
de controle, um controle de fallback é essencial. O controle de OD foi discutido e agora é óbvio
Quando problemas graves ocorrem, por exemplo, que mesmo o controle de OD simples, com base em
falhas de atuador ou sensor, o sistema de controle apenas um sensor de OD, economizará muita
deve reagir a isso e aplicar uma estratégia de energia elétrica em comparação com nenhum
controle robusta que pode não ser ideal, mas evitará controle. Além disso, ter um ponto de ajuste
falhas de processo significativas. Uma vez que a variável no tempo da concentração de OD reduzirá
funcionalidade do equipamento tenha sido ainda mais o consumo de energia, conforme
restaurada, o sistema de controle pode mover o discutido na Seção 15.8. Existem outras
processo de volta para um estado operacional mais possibilidades para economizar energia no controle
eficiente. Para qualquer aplicação bem-sucedida de do OD. Por exemplo, a pressão do ar pode ser
controle, também é necessário que o processo seja minimizada. Suponha que a planta tenha dois ou
flexível o suficiente para permitir um grau razoável mais aeradores paralelos. O sistema de ar deve
de liberdade em termos de manipulação pelo fornecer ar suficiente para a planta. No entanto, às
sistema de controle. Naturalmente, qualquer novo vezes a pressão pode ser reduzida. Isso é notado se
processo deve ser projetado para tal flexibilidade, as válvulas de vazão de ar não estiverem totalmente
em vez de ter que ser sujeito a um redesenho caro abertas, o que causa uma queda de pressão nas
no futuro. Em muitas situações, este é um grande válvulas. A ideia é diminuir gradualmente a
gargalo para a implementação bem-sucedida de pressão do fluxo de ar para que a válvula de vazão
controle em sistemas de água e esgoto. de ar fique quase totalmente aberta. Isso minimiza
a queda de pressão e possibilita maior economia de
energia. Tais métodos de controle foram
15.9 ECONOMIA DE CUSTOS implementados; ver, por exemplo Olsson e Newell
OPERACIONAIS DEVIDO AO (1999).
CONTROLE
Bombas de grande capacidade, principalmente
O consumo de energia elétrica está para o esgoto afluente, costumam ser os
intimamente relacionado aos sistemas avançados equipamentos que mais demandam energia em uma
de tratamento de esgoto. O tratamento e a planta. Em muitos casos, o equipamento de
transferência de água e esgoto consomem grandes bombeamento não foi projetado para as vazões
quantidades de energia. As estimativas indicam adequadas. Se a bomba for sobre dimensionada, ela
que, em média, o tratamento de esgoto sozinho pode funcionar com um baixo nível de eficiência
requer cerca de 1-3% da produção total de energia para baixas vazões. Em alguns casos, é mais
elétrica de um país, o que representa uma fração econômico instalar uma bomba especial para
significativa das contas de energia municipais. A pequenas vazões. A bomba deve ser projetada para
utilização de energia das estações de tratamento funcionar no ponto de operação mais eficiente para
está na faixa de 20 a 45 kWh per capita da vazões mais comuns (Olsson, 2015, Capítulo 16).
população por ano. As plantas mais antigas podem
ter demandas ainda maiores. Este valor não inclui

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A aeração por compressores deve ser 15.10 INTEGRAÇÃO E CONTROLE DE TODA


continuamente variável. No entanto, controlar a A PLANTA
vazão de ar fechando as válvulas causará
considerável perda de energia. Os compressores de A integração visa minimizar o impacto no corpo
velocidade variável economizarão energia receptor, garantindo um melhor aproveitamento
significativamente. Normalmente, o requisito de dos recursos. A resiliência do sistema é um fator
energia para o fluxo de ar é proporcional a n3, onde importante. Isso inclui sua capacidade de atenuar
n é a velocidade de rotação. Isso significa que distúrbios, mas também deve refletir sua
apenas 1/8 da energia é necessária para produzir sensibilidade a distúrbios maiores ou mesmo a
metade da vazão. Consequentemente, o potencial ataques propositais e prejudiciais. Na abordagem
de economia de energia é considerável. integrada, o objetivo é formular critérios para o
corpo receptor e sua qualidade ecológica, ao
O custo da precipitação química é significativo. mesmo tempo em que satisfaz várias restrições
Na Seção 15.8, demonstramos que o controle em econômicas e técnicas. É um grande desafio
malha fechada pode contribuir para custos relacionar esse desempenho ao efluente da planta e
operacionais muito mais baixos. possível extravasamento do esgoto. Precisamos de
medidas de desempenho da operação da planta que
Na verdade, uma estação de tratamento de relacionem a qualidade do efluente aos recursos
esgoto deve ser considerada uma estação de necessários para obtê-lo, como energia, produtos
recuperação de nutrientes e energia. Considerando químicos e outros materiais e custos operacionais.
o potencial energético na digestão anaeróbia, existe Modelos estão sendo desenvolvidos para encontrar
um enorme potencial não utilizado na maioria das estratégias para encontrar dinamicamente a carga
plantas. Apenas uma planta (na Suécia) pode máxima da ETE de acordo com o monitoramento
ilustrar isso: a usina usa 41 kWh/pessoa.ano de contínuo e a previsão do estado operacional. Um
energia elétrica. Ao mesmo tempo, a usina produz exemplo é maximizar a capacidade de nitrificação
biogás correspondente a 72 kWh/pessoa.ano. Além no processo de lodo ativado, dependendo da carga
disso, o conteúdo de calor da água efluente é do sistema. Alguns resultados em escala plena são
atendido em bombas de calor que produzem 336 relatados por Rosen et al. (2004, 2006). Outro
kWh/pessoa/ano. A planta é de fato um importante aspecto é a gestão do armazenamento (no sistema
produtor de energia. de coleta de esgoto e nos tanques de retenção), não
só durante as chuvas, mas também durante o
Conforme discutido na Seção 15.8, o DA é um funcionamento normal. Ao misturar diferentes
processo crucial para obter uma planta de energia tipos de esgoto para compensar, por exemplo,
zero. Em muitas plantas, o DA usa apenas uma déficit ou sobrecarga de nutrientes, a capacidade da
fração do conteúdo de energia do esgoto. Uma planta pode ser maximizada.
grande economia ocorre quando a instrumentação
e o controle adequados permitem que a planta opere Toda integração significa algum
com uma capacidade maior. Uma implementação comprometimento. Se não houvesse interações, a
de controle que evita a ampliação da planta otimização individual de cada subprocesso seria a
apresenta uma relação custo-benefício bastante melhor estratégia. Uma visão integrada da
favorável. Subprodutos do tratamento de esgoto operação dará um resultado melhor do que se cada
também pode fornecer uma fonte valiosa de um dos processos for controlado separadamente.
energia, se gerenciado e utilizado de forma eficaz. Esta é a essência de um índice multicritério: vários
Além disso, os custos de transporte e disposição do desempenhos são ponderados e comparados entre
lodo, que atualmente representam uma grande si. Isso pode ser ilustrado com alguns exemplos:
carga para a indústria, podem ser reduzidos.

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• A interação entre a aeração e o decantador é um • O objetivo para a produção de lodo não é o


problema clássico de integração, refletido no mesmo nas diferentes ETEs. Às vezes, a meta é
compromisso que deve ser feito no controle da maximizar a produção de metano, enquanto em
vazão de retorno do lodo. outras plantas a produção de lodo precisa ser
• A zona anóxica em uma planta com pré- minimizada.
desnitrificação interage intimamente com o
reator com nitrificação. Água rica em oxigênio Na operação de ETE com sistema combinado
é recirculada da zona aeróbia para a zona de esgoto com água pluvial, as operações
anóxica. O nível de OD em direção à saída da individuais do sistema às vezes estão em conflito.
zona de nitrificação deve ser um compromisso Então o objetivo geral de minimizar a carga para a
entre a satisfatória nitrificação e a água receptora deve anular os objetivos individuais
desnitrificação após a nitrificação. (Rauch e Harremoës, 1996a; Schütze et al. 1999;
• Existe uma interação entre os processos ligados Vanrolleghem et al., 1996b). Uma abordagem
em série. Por exemplo, a pré-precipitação inicial para o controle integrado foi publicada por
química em um decantador primário removerá Rauch e Harremoës (1996b).
não apenas os fosfatos, mas também o material
orgânico particulado, economizando energia de Um sistema de controle em toda a ETE
aeração. Por outro lado, uma pré- presumirá que todos os diferentes processos da
desnitrificação pode então obter muito pouco unidade são controlados localmente. Além disso,
carbono. Da mesma forma, se a precipitação for considerará a interação entre as diferentes partes da
combinada com um processo bio-P, o último planta, por exemplo, computando pontos de ajuste
pode ser limitado pelo carbono. adequados para os controladores locais. O sistema
• Os fluxos de reciclagem interconectam várias de controle da coleta do esgoto controlará a vazão
partes de uma estação de tratamento. Os nas várias partes do sistema de coleta usando as
sobrenadantes do tratamento de lodo são, na informações dos sensores de nível de água e vazão,
maioria das vezes, altamente concentrados em equipamentos de bombeamento e pluviômetros. O
nutrientes e devem ser sincronizados no tempo acoplamento entre o sistema de coleta de esgoto e
com a carga afluente da planta. o controle da estação de tratamento é obtido quando
• A água de retrolavagem dos filtros de leito a vazão do afluente da estação pode ser prevista e
profundo é recirculada para a entrada da planta. manipulada. As medidas típicas e as malhas de
Uma vez que as vazões são frequentemente controle para o sistema de esgoto em interação e a
significativas, é necessário um controle ETE estão listados na Tabela 15.
sincronizado da vazão e carga da planta.

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Tabela 15.3 Os objetivos, medidas e alças de controle para uma operação com sistema combinado de coleta de águas pluviais
e esgoto.

Objetivo parcial Medidas Dispositivos de controle


Minimizar transbordamento a
Sistema de Estações de bombeamento
montante Níveis de chuva
coleta Vertedores ajustáveis
Utilizar tanques para a Vazões
esgoto Tanques
maioria das águas poluídas.
Vazões
Retorno de bombeamento de lodo
Tratar o máximo possível de (entrada, saída,
(controle de manta de lodo em seg.
esgoto durante e após a retorno
Estação de tanques de sedimentação)
chuva. de lodo, reciclos)
tratamento Controle de ATS (aeration tank settling)
Reduzir a carga hidráulica e a Sólidos em suspensão
de esgoto (sedimentação em tanques de aeração)
carga de lodo nos tanques de (tanques de aeração e
Bombeamento primário (desvio antes do
decantação secundários. retorno de lodo)
tratamento biológico ou da planta total)
Manto de lodo

Seguindo o desenvolvimento dos modelos, os variáveis estão hoje reunidas online nos sistemas
pesquisadores, junto com os operadores, SCADA de estações de tratamento e análises de
desenvolveram as tecnologias e a experiência dados com vários graus de sofisticação são
necessárias para o monitoramento on-line confiável componentes padrão da operação de tratamento e
de sistemas de coleta de esgoto, o que complementa monitoramento de qualidade. No entanto, a última
o monitoramento mais estabelecido de estações de função, que é o controle de processo, é menos
tratamento. O controle integrado já foi realizado na desenvolvida e frequentemente limitada a algumas
vida real, por exemplo na Holanda (Weijers et al., malhas de controle de processo de unidade. Deve-
2012), na Dinamarca (Grum et al., 2011) e na se notar que a operação da planta se torna sub-
Alemanha (Seggelke et al., 2013). Benedetti et al. otimizada com apenas controladores locais. O
(2013) apresentam uma revisão abrangente dos potencial da automação em toda a ETE é coordenar
desafios e soluções de integração. os vários processos da unidade para que os
requisitos gerais de desempenho sejam mais bem
atendidos. Ter sucesso com isso significa que a
15.11 CONSIDERAÇÕES FINAIS automação obtém um terceiro propósito, além da
aquisição de informações e controle de processo.
Automação é o método de fazer um processo ou Isso pode ser chamado de otimização geral e é
sistema operar e se adaptar automaticamente. A realizado na operação integrada do ciclo
incerteza no processo ou no ambiente ao redor do hidrológico urbano. Nos últimos anos foram
processo torna a automação uma oportunidade e relatados desenvolvimentos encorajadores. É
um grande desafio. As perturbações estão por toda bastante evidente que a operação eficaz deve
parte e são a principal razão para o controle. Outra depender do funcionamento do equipamento.
razão é ser capaz de operar de forma ótima, e o Todos os elos da cadeia devem estar em
controle seria relevante mesmo se não houvesse funcionamento para obter um bom sistema
distúrbios. operacional. O hardware inclui não apenas a
instrumentação, mas também todos os vários
Pode-se dizer que a aplicação da automação na atuadores, como compressores, bombas, motores e
operação de tratamento de esgoto tem duas funções válvulas. Observe que, se todos os componentes
principais: aquisição de informações e controle de não estiverem funcionando o tempo todo,
processo. Para a primeira função, o nível de estratégias de fall-back devem ser implementadas.
automação é relativamente alto. Milhares de

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O desenvolvimento futuro estará explorando a emergente (Yuan e Blackall, 2002). Estudos


enorme capacidade de distribuição de dados que é fundamentais para entender como certos
possível hoje. Muitos sistemas SCADA também microrganismos são selecionados e como as
estão aplicando a tecnologia da Internet, o que propriedades bacterianas são influenciadas por
oferece um potencial quase ilimitado para projetos e operações de plantas específicas são de
avaliação e decisão de dados remotos. A sala de vital importância e precisam ser realizados
controle distribuída já está aqui. Embora haja um sistematicamente. Técnicas moleculares modernas
limite para a quantidade de especialistas que uma que permitem a identificação e quantificação de
estação de tratamento pode pagar, levando em microrganismos presentes em um sistema são
conta que os dados da planta podem ser ferramentas indispensáveis para esses estudos. Os
disponibilizados em qualquer lugar, é possível avanços fundamentais mais rápidos virão da
utilizar competências especializadas onde quer que incorporação de dados detalhados em microescala
estejam. No entanto, existem vários aspectos em modelos matemáticos atuais, de modo que esses
humanos e gerenciais de como distribuir a modelos representem mais de perto os processos do
responsabilidade e a tomada de decisão nos lodo, permitindo a otimização da população de
diversos setores. Também já existe software lodo com base em modelos. Um grande esforço de
comercial disponível para monitoramento e microbiologistas e engenheiros ainda é necessário
controle de processos descentralizados. para a aplicação prática desses métodos no
Naturalmente, deve haver cautela contra a contexto de controle de processo. A estreita
divulgação de dados confidenciais ou contra o uso colaboração entre microbiologistas e engenheiros
indevido de informações e também é necessário não pode ser superestimada.
garantir que os dados de cada planta individual
sejam interpretados corretamente. O Sistema ICA é frequentemente percebido
como a tecnologia oculta. Você só vai notar quando
A crescente incorporação do Sistema ICA na não funcionar. A complexidade das ETEs
operação de tratamento de esgoto não é apenas modernas é frequentemente refletida nos sistemas
impulsionada pelo impressionante ICA. Várias especialidades devem cooperar para
desenvolvimento técnico de instrumentação e alcançar um sistema de tecnologia de processo e
tecnologia de computador, modelagem e controle, automação. O desafio da automação é compreender
e o progresso na automação. Também é motivado os aspectos do sistema a partir de uma perspectiva
por obrigações econômicas e ambientais e acaba de processo da unidade e compreender os aspectos
sendo um investimento necessário e compensador. do processo através de uma perspectiva de sistema.
Já está comprovado em várias instalações que os Este desafio tem consequências profundas na
investimentos do Sistema ICA se pagaram profissão e nas abordagens educacionais
rapidamente e veremos que o Sistema ICA se fundamentais, principalmente nos currículos de
tornará uma parte crescente do investimento total. engenharia civil e ambiental. Os especialistas e
projetistas de processos devem ser capazes de
Evidências crescentes se tornaram disponíveis avaliar as implicações do ICA e os engenheiros de
demonstrando que as populações microbianas e computação e controle devem compreender a
suas propriedades são determinadas em conjunto controlabilidade do processo e suas restrições. Isso
pela composição do esgoto e pelo projeto e enfatiza ainda mais o caráter multidisciplinar das
operação de um sistema de tratamento. O impacto operações de água. O objetivo principal de
dos sistemas de controle nas comunidades desenvolver nossos serviços públicos em um nível
microbianas não atraiu muita atenção no passado, e mais alto de operação inteligente é garantir não
a otimização da população de lodo por meio do apenas que o sistema de esgotamento sanitário seja
controle de processos online ainda é um conceito operado de forma mais eficiente, mas também se

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adapte ao meio ambiente e à sociedade humana de soluções erradas ocasionalmente, devemos usar o
forma sustentável. Devemos tentar entender nossos "pensamento de malha fechada" para encontrar
sistemas de infraestrutura humana como uma parte uma maneira de aprender com nossas experiências.
integrante da natureza que habitamos. Precisamos A estrutura é sempre a mesma, enquanto as
sentir nosso ambiente, nossos sistemas e nosso uso medidas, as análises e as decisões são diferentes.
para ter certeza de que os três sistemas estão Isso envolve:
funcionando em sincronicidade. Na verdade,
devemos pensar em termos de "parceria com a • Fazendo uso de grandes quantidades de dados,
natureza" - sustentando, preservando, restaurando • Analisar os dados para se tornarem
e aprendendo com a natureza em todas as nossas informações confiáveis e úteis,
operações com água. Isso não está em conflito com • Esgotando as possibilidades da comunicação
o objetivo original de aplicar instrumentação, digital,
controle e automação (ICA) para tornar as • Usar o potencial dos métodos de controle e
operações mais baratas. É uma meta muito mais decisão em todos os níveis da operação.
elevada alcançar a verdadeira sustentabilidade e a
tarefa é muito mais complexa, exigindo uma Essas considerações também serão verdadeiras
compreensão mais profunda de nossos sistemas de no futuro bem distante: água é vida e devemos
infraestrutura, dos sistemas físicos e biológicos tratá-la com sabedoria. Como dissemos há mais de
naturais com os quais eles interagem e de nosso duas décadas e ainda devemos ter em mente
uso. (Olsson e Newell, 1998), “Nossas sociedades
precisarão de água e ar limpos. A sustentabilidade
Devemos pensar em termos de malha fechada não será apenas uma questão de custo. Na verdade,
em todos os níveis, desde o equipamento até a já é uma questão de sobrevivência em alguns
gestão de alto nível e as decisões estratégicas. Além países. Qual o papel do Sistema ICA neste
disso, observe que a realimentação deve ser usada desenvolvimento e como podemos enfrentar esse
para garantir nosso aprendizado contínuo. Quando desafio?” Este é o nosso desafio nos próximos
resolvemos problemas e implementamos as anos.

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NOMENCLATURA

Abreviação Descrição
DA Digestão anaeróbia
STA Sedimentação no tanque de aeração
DBO Demanda biológica de oxigênio
OD Oxigênio dissolvido
ICA Instrumentação, controle e automação
IWA International Water Association
IP Integral proporcional
PID Proporcional-integral-derivado
SCADA Supervisory control and data acquisition - Controle de supervisão e aquisição de dados
TRS Tempo de retenção de sólidos
AGV Ácido graxo volátil

Figura 15.16 Detalhe do sistema de medição e controle do tanque de aeração de lodo ativado (foto: D. Brdjanovic).

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16 Tratamento anaeróbio de águas


residuárias
Jules B. van Lier, Nidal Mahmoud e Grietje Zeeman
Tradução: Thiago Bressani Ribeiro e Carlos Augusto de Lemos Chernicharo

qualquer localidade. Adicionalmente, a produção


16.1 SUSTENTABILIDADE NO de lodo excedente é muito pequena, além de se
TRATAMENTO DE ÁGUAS tratar de lodo estabilizado, sendo que pode ainda
RESIDUÁRIAS haver valor de mercado quando da produção de
lodo anaeróbio granular no biorreator.
16.1.1 Definições e benefícios ambientais Complementarmente, durante o processo de
dos processos anaeróbios tratamento, energia é produzida sob a forma de
biogás ao invés de consumida energia de elevada
A digestão anaeróbia refere-se à estabilização da qualidade (p.ex.: elétrica). Considerando que a
matéria orgânica sem a presença de oxigênio; O digestão anaeróbia apenas remove compostos
principal produto final é o biogás, composto orgânicos, há muito pouca ou eventualmente
principalmente de metano e dióxido de carbono. Os nenhuma desvantagem de maior monta
processos de digestão anaeróbia ocorrem em remanescente, mesmo no que diz respeito ao
diversos ambientes naturais onde o material comissionamento do processo. A Figura 16.1
orgânico está disponível e o potencial de redução- mostra o destino do carbono e da energia tanto nos
oxidação (redox) é baixo (ausência de oxigênio). processos aeróbios quanto anaeróbios de
Isso é tipicamente o que ocorre no trato intestinal tratamento de águas residuárias, assumindo que a
de ruminantes, em pântanos, sedimentos de lagos e oxidação de 1 kg de DQO requer 0,5-1 kWh de
trincheiras de infiltração, aterros sanitários, e energia de aeração, dependendo do sistema de
inclusive na rede coletora de esgoto doméstico. O aeração aplicado e do tipo de reator. Em contraste
tratamento anaeróbio refere-se a uma tecnologia de com o tratamento anaeróbio, a rota aeróbia é
estabilização de resíduos sólidos orgânicos ou geralmente caracterizada pelos altos custos de
poluentes de natureza orgânica presentes em águas energia, e com uma grande fração da matéria
residuárias, sem a necessidade de aeração. Durante orgânica sendo convertida em lodo. O tratamento
o tratamento anaeróbio, compostos orgânicos aeróbio em sistemas de lodo ativado produz
biodegradáveis são mineralizados, sendo que os aproximadamente 50% (ou até mais) de lodo a
compostos inorgânicos como NH4+, PO43- e HS- partir da conversão da DQO, o qual demanda
permanecem em solução. processamento adicional (por exemplo, via
digestão anaeróbia) antes de ser enviado para
O tratamento anaeróbio pode ser conduzido em disposição final, reutilizado ou incinerado. Os
sistemas tecnicamente simples, passíveis de serem princípios de fluxo de carbono/energia da
aplicados em qualquer escala e praticamente em conversão biológica aeróbia e anaeróbia têm efeito

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considerável sobre a configuração do respectivo excede 4.500; águas residuárias antes consideradas
sistema de tratamento de águas residuárias. Não não adequadas agora estão sendo tratadas pelo
surpreendentemente, até o momento, a tecnologia processo anaeróbio, tais como efluentes químicos
anaeróbia evoluiu de forma competitiva. Diversos contendo compostos tóxicos ou águas residuárias
tipos de contaminantes orgânicos presentes nas de composição complexa. Para os tipos mais
águas residuárias, mesmo aqueles que antes se extremos de águas residuárias, novos sistemas de
acreditava não são serem passíveis de degradação reatores de alta taxa têm sido desenvolvidos
via digestão anaeróbia, atualmente estão sendo conforme discutido na seção 16.7.2.
tratados por processos de conversão anaeróbios de
alta taxa. Analisando as razões pelas quais a tecnologia
anaeróbia foi selecionada, as seguintes vantagens
marcantes sobre sistemas convencionais de
tratamento aeróbio podem ser citadas:

• Redução da produção de lodo excedente em até


90%.
• Redução em até 90% no requerimento de área
quando são utilizados sistemas de leito
expandido.
• Possibilidade de aplicação de altas cargas de
DQO, atingindo 20-35 kg de DQO por m3 de
reator por dia, requerendo menores volumes do
reator.
• Não utilização de combustível fóssil no
tratamento, economizando aproximadamente
0,5-1,0 kWh/kgDQO removida, dependendo da
eficiência de aeração. Produção de CH4 com
conteúdo energético de 13,8 MJ/kgDQOremovida,
Figura 16.1 Destino do carbono e energia no tratamento
fornecendo cerca de 1,5 kWh de eletricidade
aeróbio (superior) e anaeróbio (inferior).
(assumindo 40% eficiência de conversão
elétrica). O valor de 13,8 MJ/kgDQO refere-se
Desde a década de 1970, o tratamento
ao poder calorífico superior (PCS) do CH4 seco.
anaeróbio de alto taxa tem sido particularmente
Uma vez que o biogás contém umidade, o valor
aplicado a águas residuárias orgânicas industriais
de 12,4 MJ/kgDQO deve ser usado nos cálculos
provenientes do setor agroalimentar e da indústria
de recuperação energética, o qual refere-se ao
de bebidas (Tabela 16.1). Os percentuais mostrados
poder calorífico inferior (PCI). O PCI considera
refletem mais ou menos a distribuição atual.
as perdas de energia para evaporação da água
Atualmente, em mais de 90% dessas aplicações, é
condensada no biogás.
utilizada a tecnologia anaeróbia de leito de lodo,
• Partida rápida (< 1 semana), quando se utiliza
para a qual a presença de lodo granular é de
lodo anaeróbio granular como inóculo.
importância eminente. Curiosamente, tanto o
• Pouco ou nenhum uso de produtos químicos.
número de reatores anaeróbios instalados, quanto o
• Tecnologia simples, com elevada eficiência de
potencial de aplicação do tratamento anaeróbico de
tratamento.
águas residuárias, estão se expandindo
• Lodo anaeróbio pode ser armazenado sem
rapidamente. Os autores estimam que o número
alimentação, e os reatores podem ser operados
atual de reatores anaeróbios de alta taxa instalados
quando necessário (por exemplo, durante

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períodos sazonais de culturas agrícolas de 4 • Sistemas anaeróbios de alta taxa facilitam a


meses por ano na indústria açucareira). reciclagem de água em fábricas, o que é um
• O lodo excedente tem um valor de mercado. Na passo para se alcançar o fechamento de ciclos
Europa, os preços variam entre 100 e 200 €/m³, nos processos industriais.
incluindo os custos de transporte.

Tabela 16.1 Aplicação mundial de tecnologia anaeróbia para tratamento de águas residuárias industriais. Número total de
reatores instalados registrados = 2.266, segundo levantamento em janeiro de 2007 (adaptado de van Lier, 2008).

Setor industrial Tipo de efluente Reatores instaladosa) (% do


total)
Açúcar, batata, amido, levedura, pectina, ácido cítrico,
Agroalimentício conservas, confeitaria, frutas, vegetais, laticínios, 36
padaria
Cerveja, malte, refrigerante, vinho, suco de frutas,
Bebidas 29
café
Sumo de cana, melaço de cana, melaço de beterraba,
Destilaria de álcool 10
vinho, grãos, frutas
Reciclagem de papel, polpa mecânica, polpa NSSCb),
Papel e celulose 11
polpa de sulfito, palha, bagaço
Química, farmacêutica, lodo, lixiviado de aterro,
Miscelânea 14
águas ácidas de mina, esgoto municipal
a)
Vários tipos de sistemas de reatores anaeróbios de alta taxa; b) sulfito neutro semi-químico (do inglês, neutral sulphite semi-
chemical)

Obviamente, o ranking exato das vantagens industrial ou às vezes até mesmo dentro dos
anteriores depende das condições econômicas e edifícios da fábrica onde o lodo foi produzido. Isso
sociais locais. Nos Países Baixos, o gerenciamento é de particular interesse em áreas densamente
do lodo excedente é o fator de custo determinante povoadas e para as indústrias que buscam recuperar
na operação dos sistemas de tratamento de águas a água do processo, utilizando o tratamento
residuárias. Uma vez que o aterro sanitário não é anaeróbio como primeiro passo de tratamento.
uma opção para a disposição de lodo de esgoto e O interesse renovado nos aspectos energéticos
resíduos orgânicos, e os preços para incineração da tecnologia anaeróbia resulta diretamente do
podem chegar a €400-500/tonelada de lodo úmido, aumento dos preços da energia, das preocupações
a baixa produção de lodo em reatores anaeróbios é com os combustíveis fósseis e da preocupação
um benefício econômico imediato. geral com o aquecimento global. As mais de 25
A compacidade do sistema, outro importante toneladas de DQO/d contidas no efluente da
ativo do processo anaeróbio, pode ser ilustrada por agroindústria podem ser convertidas em 7.000
um exemplo em larga escala, onde um reator m³CH4/d (assumindo 80% de recuperação de CH4),
anaeróbio com 6 m de diâmetro e uma altura de 25 com uma energia equivalente a aproximadamente
m é suficiente para tratar até 25 toneladas de DQO 250 GJ/d. Trabalhando com um moderno
diariamente. O lodo produzido, inferior a 1 equipamento de cogeração de eletricidade e calor
tonelada de matéria seca por dia neste exemplo, não (CHP), atingindo 40% de eficiência, pode-se
é considerado um resíduo, mas sim é alcançar a geração de 1,2 MW de energia elétrica
comercializado como lodo de inóculo para partida útil (Tabela 16.2). A recuperação geral da energia
de novos reatores. Tal compacidade torna o sistema pode ser ainda maior (chegando a até 60%) se todo
adequado para implantação dentro do parque o calor dos gases de exaustão puder ser usado nas

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instalações industriais ou nas proximidades diretas. estabilizado antecipado de 20 € /tonelada de CO2, a


Supondo que o tratamento aeróbio completo indústria acima poderia ganhar 500 €/d em créditos
exigiria aproximadamente 0,5-1 de carbono (com base em uma usina movida a
kWh/kgDQOremovida, ou até 1 MW de energia carvão), e nenhum combustível fóssil seria usado
elétrica instalada no caso anterior, o benefício para tratar as águas residuárias. Embora esse
energético total do uso da tecnologia anaeróbia montante seja insignificante nos países
sobre o processo de lodo ativado é de 2,2 MW. A industrializados, poderia fornecer um incentivo
um preço de energia de 0,1 €/kWh isso equivale a real nos países em desenvolvimento para começar
aproximadamente 5.000 €/d. Além da energia em a tratar águas residuárias usando processos
si, os créditos de carbono que podem ser obtidos anaeróbios de alta taxa e, assim, proteger o meio
pela geração de energia renovável utilizando a ambiente local.
tecnologia anaeróbia também podem se tornar de A Tabela 16.2 apresenta um resumo da
interesse (Tabela 16.2). Enquanto em uma usina produção de energia esperada, bem como da
elétrica média movida a carvão, a geração de 1 MW redução prevista de emissões de CO2 (se o CH4
de eletricidade emite aproximadamente 21 produzido for convertido em eletricidade) de um
tonCO2/d, para uma usina movida a gás natural este reator anaeróbio, operado a cargas orgânicas
valor reduz-se pela metade. A um preço disponíveis comercialmente.

Tabela 16.2 Energia produzida e redução de emissão de CO2 aplicando sistemas anaeróbios de alta taxa para tratamento de
efluentes

Capacidade de carga (kgDQO/m3.d) 5-40


Energia produzida (MJ/m3 de reator instalado por d) 50-400
Energia elétrica produzida (kW/m3 de reator instalado) 0,25-1,9
Redução de emissão de CO2 (tonCO2/m3.ano, baseado em plantas movidas a carvão) 1,9-14
Dados assumidos: 80% de eficiência de recuperação de CH4 em relação à carga de DQO afluente e 40% de eficiência de conversão
elétrica utilizando um equipamento moderno de cogeração de eletricidade e calor. Cálculos baseados no poder calorífico inferior
do CH4 (12,4 MJ/kgDQO)

de matéria orgânica se acumula em ambientes


16.2 MICROBIOLOGIA DAS CONVERSÕES anaeróbios, onde essa matéria é inacessível a
ANAERÓBIAS organismos aeróbios. O processo de digestão
anaeróbia envolve uma complexa teia alimentar, na
16.2.1 Degradação anaeróbia de polímeros qual a matéria orgânica é sequencialmente
orgânicos degradada por uma grande variedade de
microrganismos. Os consórcios microbianos
A degradação anaeróbia da matéria orgânica é um envolvidos convertem conjuntamente matéria
processo de etapas múltiplas de reações em série e orgânica complexa e a mineralizam nos produtos
em paralelo. Esse processo se desenvolve em finais metano (CH4), CO2 de dióxido de carbono,
quatro estágios consecutivos: (i) hidrólise, (ii) amônia (NH3), sulfeto de hidrogênio (H2S) e água
acidogênese, (iii) acetogênese e (iv) metanogênese. (H2O). O ecossistema anaeróbio é resultado de
Estes são discutidos a seguir. interações complexas entre microrganismos de
diversas espécies. Os principais agrupamentos de
As arqueias metanogênicas estão localizadas no microrganismos são: (i) bactérias fermentativas,
final da cadeia alimentar anaeróbia e, em parte (ii) bactérias acetogênicas produtoras de
graças à sua atividade, nenhuma grande quantidade hidrogênio, (iii) bactérias acetogênicas

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consumidoras de hidrogênio, (iv) metanogênicas Os compostos produzidos durante esta fase


redutoras de dióxido de carbono e (v) incluem ácidos graxos voláteis (AGVs),
metanogênicas acetoclásticas. As reações que os álcoois, ácido láctico, CO2, H2, NH3 e H2S, bem
microrganismos mediam são apresentadas na como novo material celular.
Figura 16.2. 3) Acetogênese (produção intermediária de
ácidos), na qual os produtos da digestão são
convertidos em acetato, hidrogênio (H2) e CO2,
bem como em novas células.
4) Metanogênese, na qual acetato, hidrogênio
mais carbonato, formiato ou metanol são
convertidos em metano, CO2 e em novas
células.

Neste esquema global, os seguintes


subprocessos podem ser distinguidos (Figura
16.3):
1) Hidrólise de biopolímeros:
- hidrólise de proteínas
- hidrólise de polissacarídeos
- hidrólise de gorduras
2) Acidogênese/fermentação:
Figura 16.2 Representação esquemáticas das reações - oxidação anaeróbia de aminoácidos e
envolvidas na digestão anaeróbia de materiais açúcares
poliméricos. Os números indicam os grupos microbianos - oxidação anaeróbia de ácidos graxos de
envolvidos: 1. Bactérias hidrolíticas e fermentativas; 2. cadeia longa e álcoois
Bactérias acetogênicas; 3. Bactérias homoacetogênicas; 3) Acetogênese:
4. Metanogênicas hidrogenotróficas; 5. Metanogênicas - formação de acetato e H2 a partir de
acetoclásticas (adaptado de Gujer e Zehnder, 1983). produtos intermediários (particularmente
AGVs)
O processo de digestão pode ser subdividido - homoacetogênese: a formação de acetato
em quatro fases principais: a partir de H2 e CO2
4) Metanogênese:
1) Hidrólise, na qual bactérias hidrolíticas- - formação de metano a partir de acetato
fermentativas colonizam substratos sólidos - formação de metano a partir de
como o primeiro passo na solubilização do hidrogênio e dióxido de carbono.
substrato, ou onde enzimas excretadas por
bactérias fermentativas (conhecidas como 'exo- Além do acetato e H2/CO2, a metanogênese
enzimas') convertem o material complexo e não também pode proceder a partir de metilaminas,
dissolvido em compostos menos complexos e metanol, formiato, monóxido de carbono etc.,
dissolvidos que podem passar pelas paredes embora em quantidades muito menores.
celulares e membranas das bactérias
fermentativas. A Figura 16.2 ilustra a degradação
2) Acidogênese, na qual os compostos dissolvidos unidirecional da matéria orgânica aos produtos
presentes nas células das bactérias finais CH4 e CO2. O processo homoacetogênico
fermentativas são convertidos em uma série de ilustra a interconversão de acetato (o principal
compostos simples que são então excretados. precursor do CH4) e H2/CO2. Na prática, também

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podem ocorrer as chamadas reações reversas, como é o principal critério de projeto para digestores
a formação de AGVs de cadeia média ou álcoois a anaeróbios tratando substratos (semi-)sólidos e
partir de acetato e propionato. Essas reações águas residuárias com elevada proporção de
reversas podem tornar-se de particular importância SS/DQO, como efluentes de destilarias de etanol e
no caso de mau funcionamento ou perturbação do esgotos de baixa temperatura.
reator anaeróbio ou quando uma reação específica
é deliberadamente perseguida. Em aplicações A hidrólise pode ser definida como o processo
normais da tecnologia anaeróbia, ou seja, em que substratos poliméricos complexos,
desempenho estável do reator em condições particulados ou dissolvidos, são convertidos em
mesofílicas, o acetato é o principal precursor do compostos monoméricos e diméricos que são
CH4 (aproximadamente 70% do fluxo de DQO). É facilmente acessíveis para bactérias acidogênicas.
interessante observar que só há conversão de DQO Durante a digestão anaeróbia de substratos
e nenhuma destruição de DQO. A remoção de complexos, a hidrólise é geralmente o primeiro
DQO ocorre devido ao fato de que o produto final passo. Com a digestão de lodo biológico, como no
da cadeia de reação, CH4, é gasoso e altamente caso de lodo ativado excedente, a hidrólise é
insolúvel em água. precedida de decaimento e lise da biomassa. Em
alguns casos, uma etapa preparatória, ou seja, pré-
Na presença de aceptores alternativos de tratamento físico-químico ou cominuição, é
elétrons, como NO3 e SO42-, outros grupos aplicada para melhorar a etapa de hidrólise
bacterianos como desnitrificantes e redutoras de (Gonzalez et al., 2018). Os produtos da hidrólise
sulfato também estarão presentes no reator são os substratos para bactérias acidogênicas.
anaeróbio (ver Seção 16.4).

16.2.1.1 Hidrólise

Como as bactérias são incapazes de processar a


matéria orgânica particulada, o primeiro passo na
degradação anaeróbia consiste na hidrólise dos
polímeros. Este processo é apenas um fenômeno de
superfície, no qual as partículas poliméricas são
degradadas por enzimas ligadas à membrana de
bactérias hidrolíticas aderidas a superfícies sólidas, Figura 16.3 Hidrólise de lipídios.
ou através da ação de exo-enzimas excretadas para
produzir moléculas menores que podem atravessar A baixa relação superfície-volume, ou a
a barreira celular. Durante o processo de hidrólise limitada área livre superficial de substratos sólidos
enzimática, as proteínas são hidrolisadas a explica em grande parte a limitação geral da taxa
aminoácidos, polissacarídeos a açúcares simples e de hidrólise na digestão anaeróbia (Chandler et al.,
lipídios a ácidos graxos de cadeia longa (AGCL). 1980; Zeeman et al., 1996; Azman et al., 2015).
A hidrólise é considerada a etapa limitante do Portanto, o projeto de digestores de lodo no qual o
processo global de digestão, condicionando o tempo de detenção hidráulica (TDH) é equivalente
processo e o projeto do reator quando substratos à idade do lodo, o volume do digestor é totalmente
(semi-)sólidos e águas residuárias com elevada determinado pelo tempo de retenção celular
relação de sólidos em suspensão (SS)/DQO são mínimo exigido. Para a digestão de lodo aeróbio
tratados. Ademais, o processo de hidrólise é muito excedente em condições mesofílicas, a idade do
sensível a flutuações de temperatura. Por essa lodo mínima está na faixa de 20-30 dias. Uma vez
razão, o tempo de retenção celular (idade do lodo) que enzimas hidrolíticas são proteínas e, portanto,

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propensas à digestão, há baixas concentrações de orgânicos maiores, como propionato e butirato,


enzimas hidrolíticas em digestores de lodo. No bem como H2, CO2, alguns ácidos lácticos, etanol e
entanto, a operação em dois estágios ou em fluxo amônia (Figura 16.2).
pistonado pode aumentar a concentração de
enzimas hidrolíticas e, assim, acelerar a hidrólise Tipicamente, compostos neutros como
(ex., Ge et al., 2011; Ghasimi et al., 2016). Mesmo açúcares e proteínas são convertidos em AGVs e
em águas residuárias diluídas, como o esgoto ácido carbônico, sendo os principais produtos
doméstico de baixa temperatura, a hidrólise pode finais. Portanto, organismos fermentativos são
condicionar o processo geral e, assim, também os geralmente designados como microrganismos
requisitos de projeto do reator. Deve-se notar que acidificadores ou acidogênicos e,
45-75% do esgoto doméstico e 80% do lodo consequentemente, essa etapa de processo é
primário consiste em matéria em suspensão denominada acidogênese. A Tabela 16.3 lista
(particulada). Os principais biopolímeros no esgoto várias reações acidogênicas a partir da sacarose
são proteínas, carboidratos e lipídios. Uma gerando diferentes quantidades de AGVs, HCO3-,
apresentação esquemática da hidrólise de lipídios H2 e H+. Demonstra-se que o tipo de produto final
em AGCL é dada na Figura 16.3. depende das condições do meio no reator. A partir
da Tabela 16.2 observa-se que a energia livre de
16.2.1.2 Acidogênese Gibbs (ΔGo') das reações acidogênicas menos
energéticas tendo sacarose como substrato depende
Durante a etapa de acidogênese, os produtos de fortemente das concentrações de H2
hidrólise (aminoácidos, açúcares simples e AGCL), predominantes. Se organismos degradadores, como
que são compostos solúveis relativamente os metanogênicos, removerem efetivamente o H2,
pequenos, são difundidos dentro das células o acetato será o principal produto final. No entanto,
microbianas através da membrana celular e se a metanogênese for retardada e o H2 se acumular,
posteriormente fermentados ou oxidados produtos mais reduzidos como propionato e
anaerobiamente. A acidogênese é uma reação butirato provavelmente serão formados, e
muito comum e é realizada por um grande grupo de possivelmente até mesmo os compostos ainda mais
microrganismos hidrolíticos e não hidrolíticos. reduzidos como lactato e álcoois. Portanto,
Aproximadamente 1% de todas as bactérias efluentes de reatores anaeróbios com sobrecarga ou
conhecidas são fermentativas (facultativas). Os perturbados (ou reatores projetados como reatores
produtos de acidificação consistem em uma acidogênicos em um processo anaeróbio de duas
variedade de pequenos compostos orgânicos, fases) geralmente contêm esses produtos
principalmente AGVs, ou seja, acetato e ácidos intermediários mais reduzidos.

Tabela 16.3 Reações acidogênicas tendo sacarose como substrato e as correspondentes energias livre de Gibbs (ΔGo') a 25 oC.

Reações ΔG0’ (kJ/mol) Eq.


C12H22O11 + 9H2O → 4CH3COO- + 4HCO3- + 8H+ + 8H2 -457,5 (16.1)
C12H22O11 + 5H2O → 2CH3CH2CH2COO- + 4HCO3- + 6H+ + 4H2 -554,1 (16.2)
C12H22O11 + 3H2O → 2CH3COO- + 2CH3CH2COO- + 2HCO3- + 6H+ + 2H2 -610,5 (16.3)

A acidogênese é a etapa mais rápida de maiores, e rendimentos bacterianos e taxas de


conversão na cadeia alimentar anaeróbia. O ΔGo' conversão cinco vezes maiores em comparação
das reações de acidificação é o mais elevado de com os microrganismos metanogênicos (Tabela
todas as conversões anaeróbias, resultando em 16.4). Por essa razão, os reatores anaeróbios ficam
taxas de crescimento bacteriano dez a vinte vezes sujeitos à acidificação, ou seja, uma queda

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repentina de pH, quando os reatores são inibição, por sua vez, leva a um acúmulo ainda
sobrecarregados ou perturbados por compostos mais rápido de AGVs e queda subsequente de pH
tóxicos. Uma vez que a alcalinidade é consumida (Figura 16.4). O fato de que as acidogênicas ainda
pelos ácidos produzidos, então o pH começa a cair, estão ativas mesmo em pHs tão baixos como 4-5
resultando em uma maior concentração de AGVs significa que a acidificação do reator para pH 4-5
não dissociados, levando a uma inibição mais pode ocorrer e assim o será quando a capacidade
severa dos organismos metanogênicos. Esta metanogênica do sistema é excedida.

Tabela 16.4 Propriedades cinéticas médias dos microrganismos acidogênicos e metanogênicos

Processo Taxa de conversão Y Ks um


gDQO/gSSV.d gSSV/gDQO mgDQO/L 1/d
Acidogênese 13 O,15 200 2,00
Metanogênese 3 0,03 30 0,12
Global 2 0,03-0,18 - 0,12

16.2.1.3 Acetogênese

Os ácidos graxos de cadeia curta (AGCC, também


chamados de AGV) que não o acetato, produzidos
na etapa da acidogênese, são ainda convertidos em
acetato, gás hidrogênio e dióxido de carbono pelas
bactérias acetogênicas. Os substratos acetogênicos
mais importantes são propionato e butirato,
intermediários-chave no processo de digestão
anaeróbia. No entanto, lactato, etanol, metanol e até
H2/CO2 são também (homo) acetogenicamente
convertidos em acetato, como mostrado na Figura
Figura 16.4 O pH do reator cai como resultado da 16.2 e Tabela 16.5. Os AGCL são convertidos por
sobrecarga metanogênica e acumulação de AGVs bactérias acetogênicas específicas seguindo a
oxidação- na qual grupos funcionais acetato são
A conversão acidogênica de aminoácidos divididos da cadeia alifática (Tabela 16.5) (Alves
geralmente segue a reação de Stickland, na qual um et al., 2009). AGCL com número de átomos
aminoácido é desamonificado pela oxidação ímpares de C também produzem propionato, assim
anaeróbia produzindo também AGV e H2, em como acetato. AGCL não saturados, como oleato e
conjunto com a desamonificação redutiva de outros linoleato, são primeiro saturados pela adição de H2
aminoácidos que consomem o H2 produzido. De antes da oxidação-. As bactérias acetogênicas são
ambas as reações, NH3 é liberada e posteriormente produtoras obrigatórias de hidrogênio e seu
atua como um aceptor de prótons, levando assim a metabolismo é inibido por este composto, que
um aumento do pH. Nesta reação não há produção resulta imediatamente da estequiometria da reação
líquida de prótons e não há possibilidade de queda de conversão, da mesma forma que para o
de pH do reator. propionato:

[acetato].[CO2 ][H2 ]3
∆G′ = ∆G 0, + RT ln [propionato]
(16.4)

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Estudos realizados com as conversões indicadas pelo ΔG’ positivo na Tabela 16.5. A
acetogênicas têm elucidado as associações estreitas partir desta tabela, depreende-se que as reações
necessárias entre as bactérias acetogênicas para o etanol, o butirato, o propionato e o AGCL
produtoras de H2 e os microrganismos palmitato não ocorrerão em condições padrão, pois
metanogênicos que consomem e regulam o nível o ΔG’ é positivo e, portanto, o rendimento
H2 em seu ambiente. Isso é de vital importância, energético bacteriano é negativo.
pois essas reações são termodinamicamente
desfavoráveis em altas concentrações de H2,

Tabela 16.5 Estequiometria e mudança de energia livre (ΔG’) para algumas reações acetogênicas, assumindo pH neutro,
temperatura de 25 °C e pressão de 1 atm (101 kPa). A água é considerada um líquido puro e todos os compostos solúveis têm
uma atividade de 1 mol/kg.
Composto Reação ΔG0’ Eq.
(kJ/mol)
Lactato CH3CHOHCOO- + 2H2O → CH3COO- + HCO3 - + H+ + 2H2 -4,2 (16.5)
Etanol CH3CH2OH + H2O → CH3COO- + H+ + 2H2 +9,6 (16.6)
Butirato CH3CH2CH2COO- + 2H2O → 2CH3COO- + H+ + 2H2 +48,1 (16.7)
Propionato CH3CH2COO- + 3H2O → CH3COO- + HCO3 - + H+ + 3H2 +76,1 (16.8)
Metanol 4CH3OH + 2 CO2 → 3CH3COOH + 2H2O -2,9 (16.9)
Hidrogênio-CO2 2HCO3 - + 4H2 + H+ → CH3COO- + 4H2O -70,3 (16.10)
Palmitato CH3-(CH2)14-COO- + 14H2O → 8CH3COO- + 7H+ + 14H2 +345,6 (16.11)

No entanto, sob condições estáveis de digestão, organismos consumidores de elétrons, como as


a pressão parcial do hidrogênio é mantida em um arqueias metanogênicas. Associações microbianas
nível extremamente baixo. Isso pode ser alcançado nas quais um organismo produtor de H2 só pode
por uma utilização efetiva do hidrogênio pelos crescer na presença de um organismo consumidor
microrganismos metanogênicos ou pelas bactérias de H2 são chamadas associações sintróficas. O
redutoras de sulfato. Os microrganismos acoplamento da formação e uso de H2 é chamado
metanogênicos têm uma afinidade muito elevada de transferência de hidrogênio interespécie. Em
pelo hidrogênio molecular no digestor anaeróbio, uma instalação produtora de metano em
mantendo assim a pressão parcial do hidrogênio funcionamento adequado, a pressão parcial do
abaixo de 10-4 atm, o que é suficiente para garantir hidrogênio não excederá 10-4 atm e geralmente
a ocorrência da reação acetogênica produtora de encontra-se entre 10-4 - 10-6 atm. Em uma
hidrogênio (Figura 16.5). concentração tão baixa de hidrogênio, a degradação
do etanol, butirato ou propionato torna-se
Essa interdependência significa que a exergônica e produzirá energia para as
degradação de ácidos graxos de cadeias maiores e acetogênicas.
álcoois depende fortemente da atividade de

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Figura 16.5 Energia livre em função da pressão parcial de H2. Um valor de ΔG’ negativo indica a possibilidade de ocorrência
das reações acidogênicas e metanogênicas referidas nesta seção.

Semelhante aos outros substratos acetogênicos, converter elevadas concentrações de óleos e graxas
a conversão de AGCL é altamente endergônica e (O&G) em metano (Figura 16.6) (Van Lier et al.,
muitas vezes limita todo o processo de digestão 2015).
(Novak e Carlson, 1970). Testes com reatores
anaeróbios de fluxo ascendente e manta de lodo
(UASB) têm sido apenas parcialmente bem-
sucedidos, pois AGCLs tendem a ser absorvidos
pelo lodo. Os aglomerados gordurosos de biomassa
resultantes mostraram apenas baixa ou nenhuma
atividade metanogênica, e o biogás produzido nas
partículas de lodo impregnadas de AGCLs
causaram flutuação do lodo e a perda da biomassa
com o efluente. Os reatores de leito expandido, nos
quais os AGCLs são mais uniformemente
distribuídos sobre a biomassa disponível, têm sido
mais bem-sucedidos (Rinzema, 1988). A força de
flutuação do biogás retido no lodo anaeróbio
impregnado de AGCLs também pode ser usada
para separar o lodo do efluente, por meio da
instalação de um dispositivo de flotação dentro do
Figura 16.6 Representação esquemática do reator
reator anaeróbio. Dessa forma, o efluente é
Biopaq®AFR para tratamento de efluentes ricos em óleos
clarificado, ao mesmo tempo em que o lodo
e graxas (O&G), no qual a separação do lodo é baseada na
metanogênico ativo é retido no bioreator. A
flotação do lodo. Esses reatores operam tanto com lodo
empresa holandesa Paques desenvolveu este reator
granular como com lodo floculento
anaeróbio de flotação, o Biopaq®AFR, para

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Outros autores propuseram a utilização da ou metanogênicas acetoclásticas, e as


capacidade absortiva do lodo e periodicamente metanogênicas que utilizam hidrogênio, ou
alimentar o lodo com AGCLs, após a qual a metanogênicas hidrogenotróficas (Tabela 16.6). De
digestão de estado sólido converterá a matéria maneira geral, aproximadamente 70% do metano
absorvida em CH4 (Pereira et al., 2004; Cavaleiro produzido se origina do acetato como o principal
et al., 2015). Tal modo de operação de leito precursor. O restante é originário principalmente de
sequencial requer vários reatores para tratar um H2 e CO2. A taxa de crescimento das
fluxo contínuo de águas residuárias. metanogênicas acetoclásticas é muito baixa,
resultando em tempos de duplicação de vários dias
16.2.1.4 Metanogênese ou até mais. As taxas de crescimento extremamente
baixas explicam por que os reatores anaeróbios
Durante a quarta e última etapa da digestão requerem tempos de partida muito longos quando
anaeróbia, um grupo de arqueias metanogênicas se utiliza lodo de inóculo não adaptado, e porque
reduz o CO2 disponível a CH4 usando hidrogênio elevadas concentrações de lodo são idealmente
como doador de elétrons, e ao mesmo tempo o escolhidas. As metanogênicas hidrogenotróficas
acetato é descarboxilado para formar CH4 a partir possuem taxa máxima de crescimento muito mais
do grupo metil, e CO2/bicarbonato a partir do grupo elevada que as metanogênicas acetoclásticas, com
carboxílico (Figura 16.2). É durante a tempos de duplicação de 4 a 12 horas. Devido a
metanogênese que a DQO afluente é finalmente essa característica, e apesar da delicada fase de
convertida em uma forma gasosa de baixa reação acetogênica discutida na seção anterior, os
solubilidade (CH4), que deixa automaticamente o reatores anaeróbios de alta taxa permanecem
reator. As metanogênicas são anaeróbias estritas, notavelmente estáveis em condições variadas.
com um espectro de substratos muito restrito.
Algumas só podem usar alguns substratos A Tabela 16.6 lista dois tipos de metanogênicas
determinados, como acetato, metilaminas, metanol, acetoclásticas com características cinéticas muito
formiato e H2/CO2 ou CO. Para fins de engenharia, diferentes. Ainda, as características morfológicas
as metanogênicas são classificadas em dois grandes de ambos os gêneros metanogênicos são muito
grupos: as metanogênicas que convertem acetato, diferentes como indicado pela Figura 16.7.

Tabela 16.6 Reações metanogênicas mais importantes, as energias livres de Gibbs correspondentes (ΔG’), e algumas
propriedades cinéticas.
Etapa funcional Reação ΔG0’ μmáx Td KS Eq.
(kJ/mol) 1/d d mgDQO/L

Metanogênese CH3 - COO- + H2O → CH4 + HCO3- -31 0,12a) 5,8a) 30a) (16.12)
acetoclástica1) 0,71b) 1,0b) 300b)
Metanogênese CO2 + 4H2 → CH4 + 2H2O -131 2,85 0,2 0,06 (16.11)
hidrogenotrófica
1)
Duas metanogênicas acetoclásticas com diferentes propriedades cinéticas, pertencentes a aMethanosaeta spec. e bMethanosarcina
spec.

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de águas residuárias sempre visam as menores


concentrações possíveis do efluente, e
concentrações de substratos dentro dos biofilmes
ou dos grânulos de lodo próximos de "zero" quando
as concentrações no meio líquido são baixas.
Nessas condições, a Methanosaeta spp. tem uma
clara vantagem cinética sobre a Methanosarcina
spp. (Fig. 16.8).

Figura 16.8 Curvas de crescimento de Monod das


Figura 16.7 Morfologia e aparência das metanogênicas metanogênicas Methanosarcina spp. e Methanosaeta
acetoclásticas mais importantes pertencentes ao gênero spp. A taxa de crescimento máxima (max) e a constante
Methanosarcina (acima) e Methanosaeta (abaixo) (Fotos: de saturação de Monod (Ks) de ambos os gêneros são
subseção Environmental Technology, Wageningen dados na Tabela 16.6.
University)
Uma vez que a Methanosaeta spp. domina o
Methanosarcina spp. são caracterizadas por leito de lodo, um sistema de tratamento de águas
uma forma cocóide, aparecendo em pequenos residuárias muito eficaz é obtido, atingindo
aglomerados semelhantes a cachos de uvas, e concentrações extremamente baixas de acetato no
possuem um espectro de substratos relativamente efluente. Considerando as propriedades cinéticas
amplo, pois podem converter acetato, H2/CO2, inferiores em baixas concentrações de substrato e
metilaminas, metanol, formiato etc. Elas possuem as propriedades inferiores de adesão de
max relativamente elevado e Ks relativamente Methanosarcina spp., é aconselhável manter as
baixo. Methanosaeta spp. são filamentosas, concentrações efluentes de acetato em níveis muito
aparecem em grandes conglomerados semelhantes baixos durante a primeira partida de reatores
a espaguete, só podem converter acetato, e são anaeróbios inoculados como lodo não adaptado.
cineticamente caracterizadas por um baixo max e
Ks muito elevado. Embora o max destas últimas 16.3 ESTIMANDO A PRODUÇÃO DO CH4
seja significativamente menor, as Methanosaeta
spp. são as metanogênicas acetoclásticas mais A poluição orgânica pode ser classificada de
comuns em sistemas anaeróbios de alta taxa diferentes formas, como com base na solubilidade
operados com elevadas idades do lodo e baixos (matéria orgânica solúvel e insolúvel) ou baseada
TDHs, como sistemas com leito de lodo e filtros na biodegradabilidade. Esta última tem relação
anaeróbios. A razão para esse fenômeno pode ser direta com o potencial de conversão bioquímica da
atribuída ao fato de que os sistemas de tratamento matéria orgânica. No entanto, devido à enorme

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variedade de compostos orgânicos nas águas menores são obtidas para o teste de DBO
residuárias, é impraticável e geralmente também anaeróbio, devido ao crescimento celular
impossível determinar esses compostos significativamente menor sob condições
separadamente. Para quantificar a poluição anaeróbias. Esforços para padronizar esses testes
orgânica na prática, considera-se o fato de que estão sendo feitos atualmente em vários
esses contaminantes podem ser oxidados por laboratórios (Holliger et al., 2016).
agentes fortemente oxidantes. Na prática da
engenharia de tratamento de águas residuárias, são No teste padronizado de DQO, que geralmente
aplicados dois testes padronizados baseados na utiliza dicromato como agente oxidante a uma
oxidação da matéria orgânica: o teste de demanda temperatura elevada (150 oC), (quase) todos os
bioquímica de oxigênio (DBO) e o teste de compostos orgânicos são completamente oxidados
demanda química de oxigênio (DQO) (Capítulo 3). a CO2 e H2O. Por outro lado, o nitrogênio
Em ambos os testes, o material orgânico é oxidado organicamente ligado presente nesses compostos
e a quantidade de oxigênio consumida representa o permanece reduzido e é convertido em NH3. Da
valor do parâmetro. O teste de DBO refere-se à mesma forma, a matéria orgânica contendo sais
quantidade bioquímica de oxigênio exigida pelos quaternários de amônio, como a betaína (trimetil-
organismos aeróbios para oxidar a matéria glicina), também permanece reduzida e, portanto, é
orgânica. O valor da DBO está, portanto, 'invisível' no teste de DQO.
intimamente relacionado com a
biodegradabilidade. Para aplicação no tratamento O carbono orgânico total (COT) é outra medida
anaeróbio, é preferível usar algum tipo de teste utilizada, mas é um parâmetro muito menos útil,
padronizado de biodegradabilidade anaeróbia em uma vez que o estado de redução do carbono não é
vez do teste de DBO aeróbio convencional medido. A concentração de carbono orgânico é
(Spanjers e Vanrolleghem, 2016). Em um teste medida na forma de dióxido de carbono após a
anaeróbio, uma amostra da água residuária é incineração do material orgânico presente em uma
exposta a uma quantidade disponível de lodo amostra de água residuária. Correções devem ser
anaeróbio e a quantidade total de CH4 produzida feitas para o carbono inorgânico, originalmente
após a conclusão do processo de digestão é presente na amostra. O valor teórico de um
determinada e, em seguida, relacionada à composto puro segue da Eq. 16.14:
quantidade de matéria orgânica presente na
amostra de água residuária. Como uma certa COTt =12n/(12n+a+16b+14d)
quantidade de CH4 é equivalente a uma certa (gCOT/gCnHaObNd) (16.14)
quantidade de DQO, podemos então determinar a
DBOanaeróbia, ou a quantidade máxima de CH4 que
16.3.1 DQO
pode ser produzida por quantidade de matéria
orgânica. Este último teste é mais conhecido como A DQO representa, sem dúvida, o parâmetro mais
o potencial biometanogênico, ou teste BMP importante para medir a concentração de
(Holliger et al., 2016). contaminantes nas águas residuárias,
particularmente as de origem industrial. Esta
Uma vez que geralmente nem todos os característica na qual a matéria orgânica é quase
poluentes orgânicos são biodegradáveis e também completamente oxidada torna o teste de DQO
parte do substrato orgânico será usado para síntese muito adequado para avaliar os balanços de DQO.
celular, o valor da DBO é, geralmente, Cálculos da DQO do substrato e da quantidade
substancialmente menor do que o valor da DQO. teórica de metano produzido são apresentados a
Esse é particularmente o caso para o teste seguir.
convencional de DBO aeróbio, mas diferenças

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A DQO de um composto orgânico CnHaOb pode A razão entre os valores de DQO e COT é
ser facilmente calculada com base na reação de calculada a partir de:
oxidação química, assumindo uma oxidação
completa: DQO/COT = 8(4n + a − 2b − 3d)/(12 n ) = 8/3 +
2(a − 2b − 3d)/(3n)
CnHaOb + ¼ (4n+1−2b)O2 → nCO2 +(a/2)H2O (16.19)
(16.15)
A Tabela 16.7 lista os valores calculados de
A Eq. 16.15 mostra que 1 mol de material DQO por unidade massa para uma série de
orgânico demanda 1/4·(4n + a - 2b) mols de O2 ou compostos orgânicos do tipo CnHaObNd. No caso de
8·(4n + a - 2b) gO2. Assim, a demanda teórica de compostos fortemente reduzidos, por exemplo,
oxigênio de material orgânico pode ser expressa metano, a DQO equivalente é elevada. Utilizando
como: Eq. 16.17, pode-se calcular a DQO para o metano
(CH4 i.e., n=1, a=4, b=0, d=0):
DQOt =8(4n+a−2b)/(12n+a+16b)
(gDQO/gCnHaOb) (16.16) DQOCH =8(41 + 4 − 20 − 30)/(121 + 4 + 160 +
4
140) = 4 gDQO/gCH4
Obviamente, com compostos contendo (16.20)
nitrogênio (proteínas e aminoácidos), a Eq. 16.16
precisa ser corrigida para o número de elétrons A razão DQO/COT difere substancialmente
que permanecerão com o N e o peso total de N no para os vários compostos, a qual se relaciona com
composto. as diferenças no estado médio de oxidação do
carbono orgânico (C-ox). O C-ox pode variar de -
DQOt =8(4n+a−2b−3d)/(12n+a+16b+14d) 4, o estado mais reduzido de carbono, como
(gDQO/gCnHaObNd) (16.17) encontrado no CH4, até +4, o estado mais oxidado,
como encontrado no CO2. A figura 16.9 retrata o
A DQO equivalente de um composto orgânico C-ox para uma série de compostos. Uma vez que
pode ser rapidamente avaliada com base na reação durante a digestão anaeróbia o C-ox médio
de oxidação completa. Da equação de oxidação permanecerá o mesmo, a composição teórica
química para o ácido acético, CH4/CO2 do biogás produzido está linearmente
correlacionada com o estado médio C-ox daquele
CH3COOH + 2O2 → 2CO2 + 2H2O composto (Tabela16.7).
(16.18)
Quanto menor o C-ox médio em um composto
Tem-se que 1 mol (60 gramas) de ácido acético (ou seja, quanto mais negativo), mais oxigênio
requer 2 mols (64 gramas) de oxigênio. Isso pode ser ligado ao composto, e, portanto, maior o
significa que 1 grama de ácido acético requer 64/60 seu valor de DQO e maior o seu BMP.
(1,067) grama de oxigênio e, consequentemente, 1
grama de ácido acético corresponde a 1,067 grama
de DQO.

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Figura 16.9 Composição teórica do biogás produzido em relação ao estado médio de oxidação do carbono em substratos
específicos, assumindo a completa mineralização do substrato

Tabela 16.7 Valores estequiométricos de DQO e COT por unidade de massa para diferentes compostos orgânicos CnHaObNd,
valores DQO/COT, estados médios de oxidação para esses compostos, e % estimada de CH 4 no biogás.
Composto n a b d gDQO/ gCOT/ DQO/ C-ox CH4 %
gCnHaObNd gCnHaObNd COT
Metano 1 4 0 0 4,00 0,75 5,33 -4,00 100,0
Etano 2 6 0 0 3,73 0,8 4,67 -3,00 87,5
Metanol 1 4 1 0 1,50 0,38 4,00 -2,00 75,0
Ciclohexano 6 12 0 0 3,43 0,86 4,00 -2,00 75,0
Etileno 2 4 0 0 3,43 0,86 4,00 -2,00 75,0
Ácido palmítico 16 32 2 0 3,43 0,75 3,83 -1,75 72,0
Acetona 3 6 1 0 2,21 0,62 3,56 -1,33 67,0
Etilenoglicol 2 6 2 0 1,29 0,39 3,33 -1,00 62,5
Benzeno 6 6 0 0 3,08 0,92 3,33 -1,00 62,5
Betaína 5 11 2 1 1,64a) 0,51 3,20 -0,80 60,0
Glicerina 3 8 3 0 1,22 0,39 3,11 -0,67 58,0
Fenol 6 6 1 0 2,38 0,77 3,11 -0,67 58,0
Lisina 6 14 2 2 1,53 0,49 3,11 -0,67 58,0
Fenilanina 9 11 2 1 1,94 0,65 2,96 -0,44 56,0
Insulina 254 377 75 65 1,45 0,53 2,72 -0,08 51,0
Glicose 6 12 6 0 1,07 0,4 2,67 0,00 50,0
Ácido lático 3 6 3 0 1,07 0,4 2,67 0,00 50,0
Ácido acético 2 4 2 0 1,07 0,4 2,67 0,00 50,0
Ácido cítrico 6 8 7 0 0,75 0,38 2,00 1,00 37,5
Glicina 2 5 2 1 0,64 0,32 2,00 1,00 37,5
Ácido fórmico 1 2 2 0 0,35 0,26 1,33 2,00 25,0
Ácido oxálico 2 2 4 0 0,18 0,27 0,67 3,00 12,5
Dióxido de 1 0 2 0 0,00 0,27 0,00 4,00 0,0
cloro
a)
DQO calculada. Teorético: com o teste de DQO padronizado de dicromato nenhuma DQO será medida .

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Como calcular o estado de oxidação do carbono O estado médio de oxidação C-ox e, dessa
(C-ox)? Durante o teste de DQO, o N permanece forma, a DQO, não serão alterados durante a
reduzido e o N-orgânico é convertido em N-NH3. digestão anaeróbia. Portanto, a DQO, e não o COT,
Consequentemente, o N utiliza 3 elétrons. Um é geralmente usada para quantificar os orgânicos,
átomo de H fornece um elétron e um átomo de O uma vez que a DQO pode então ser usada para
tomará dois elétrons, então o estado médio de realizar um balanço de massa no reator anaeróbio
oxidação C-ox em um composto CnHaObNd é (ver também seção 16.5). Para prever a quantidade
calculado como a seguir: relativa de CH4 no biogás produzido quando a
composição exata da matéria orgânica é
C-ox = (2b − a + 3d)/n (16.21) desconhecida, a razão DQO/COT é uma ferramenta
muito útil, pois isso se assemelha ao C-ox médio.
Uma vez que o C-ox do carbono totalmente Na verdade, a razão DQO/COT está linearmente
oxidado é +4 (CO2), o número de elétrons liberados correlacionada com o C-ox médio e, portanto, com
por átomo C na oxidação completa de CnHaObNd o conteúdo CH4 esperado no biogás (Figura 16.10).
equivale a:

4 − (2b + 3d − a)/n = 4 + (a − 2b − 3d)/n


(16.22)

Consequentemente, o número de moléculas de


O2 requeridas para a oxidação equivale a:

n + 1/4a − 1/2b − 3/4d (16.23)

Dessa forma, a reação para a oxidação


completa desse composto é:
Figura 16.10 Porcentagem esperada de CH4 no biogás
CnHaObNd + (n + a/4 − b/2 − 3d/4)O2 → nCO2 + produzido em função da razão DQO/COT:
(a/2 − 3d/2)H2O + dNH3 %CH4=18,75.DQO/COT

(16.24)
Na presença de aceptores inorgânicos de
elétrons específicos, como os ânions oxigenados,
Se o composto (CnHaObNd) for completamente
sulfato ou sulfito, a produção de metano
biodegradável e for inteiramente convertido pelos
diminuirá, enquanto os ânions oxigenados serão
organismos anaeróbios (sem crescimento de lodo)
reduzidos, como, por exemplo, mostram as
em CH4, CO2 e NH3, a quantidade teórica de gás
reações seguintes:
metano (e CO2) produzida pode ser calculada
usando a equação de Buswell:
10H + 2H+ + 2NO3− → N2 + 6H2O
CnHaObNd + (n − a/4 − b/2 + 3d/4)H2O → (n/2 +
a/8 − b/4 − 3d/8)CH4 +(n/2 − a/8 + b/4 + (16.26)
3d/8)CO2 + dNH3
(16.25) 8H + SO42− → H2S + 2H2O + 2OH−

(16.27)

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Para águas residuárias contendo um excesso de conversão anaeróbia de compostos orgânicos


doadores orgânicos de elétrons em relação às contendo nitrogênio.
quantidades de nitrato (NO3-), nitrito (NO2-),
sulfato (SO42-) ou sulfito (SO32-), uma remoção 16.4 IMPACTOS DE ACEPTORES
completa desses aceptores inorgânicos de elétrons ALTERNATIVOS DE ELÉTRONS
pode ser esperada. Enquanto os dois primeiros
serão reduzidos ao gás N2, os dois últimos acabarão 16.4.1 Conversões bacterianas em
como H2S. Uma vez que a solubilidade do H2S na condições anóxicas
água excede consideravelmente a do CH4, uma
remoção substancialmente menor de DQO da fase Digestores anaeróbios contêm comunidades
líquida será obtida se a água residuária contiver microbianas mistas. Além dos consórcios
sulfato. metanogênicos descritos anteriormente, outras
bactérias estão presentes que podem competir com
A quantidade de CO2 presente no biogás é as arqueias metanogênicas por substratos
geralmente significativamente menor do que a metanogênicos (Tabela 16.8). As bactérias listadas
estimada a partir da equação de Buswell ou a partir possuem diferentes sistemas de respiração
da razão DQO/COT, como indicado na Figura microbiana e podem usar diferentes aceptores de
16.10. Isso se deve à (i) solubilidade relativamente elétrons, como oxigênio (O2) pelas bactérias
elevada do CO2 na água, deixando o reator aeróbias (facultativas), nitrato (NO3-) pelas
juntamente com o efluente e (ii) porque parte do bactérias desnitrificantes, sulfato (SO42-) ou sulfito
CO2 pode ficar quimicamente ligada à fase líquida (SO32-) pelas bactérias redutoras de sulfato, e ferro
devido à presença de cátions que neutralizam (Fe3+) pelas redutoras de ferro. Anóxico significa
AGV, SO42- e/ou NO3- presentes no efluente, e/ou que o oxigênio na forma de gás oxigênio (O2) não
devido à formação de amônia, resultante da está disponível como um aceptor de elétrons.

Tabela 16.8 Estequiometria e energia livre ΔG’ (kJ/mol de substrato) da conversão de hidrogênio e acetato sob diferentes
condições
Reação ΔG0’ (kJ/mol substrato) Eq.
Aeróbia
H2 + 0,5 O2 → H2O -237 (16.28)
CH3COO- + 2O2 → 2HCO3 - + H+ -844 (16.29)
Desnitrificante
H2 + 0,4 NO3 - + 0,4H+ → 0,2N2 + 1,2H2O -224 (16.30)
CH3COO- + 1,6NO3 - + 0,6H+ → 2HCO3 - + 0,8N2 + 0,8 H2O -792 (16.31)
Bactéria redutora de Fe3+
H2 + 2 Fe3+→2Fe2+ + 2H+ -228 (16.32)
-352 (16.33)
Bactéria redutora de sulfato
H2 + 0,25SO4 2- + 0,25H+ → 0,25HS- + H2O -9,5 (16.34)
CH3COO- + SO4 2- → HS- + 2HCO3 - -48 (16.35)
Metanogênica
H2 + 0,25HCO3 - + 0,25H+ → 0,25CH4 + 0,75H2O -8,5 (16.36)
CH3COO- + H2O → CH4 + HCO3 - -31 (16.37)

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pode ser alcançada se, além da redução do sulfato,


16.4.1.1 Redução de sulfato também ocorrer a metanogênese.
Na presença de sulfato, sulfito ou tiosulfato, as
bactérias redutoras de sulfato (BRS), que possuem Na presença de sulfato, a matéria orgânica não
um espectro de substrato muito mais amplo, são é necessariamente degradada menos facilmente,
capazes de utilizar vários intermediários do mas comparado ao metano, o sulfeto de hidrogênio
processo anaeróbio de mineralização (Tabela 16.8). tem a grande desvantagem de dissolver-se muito
Essas bactérias convertem sulfato em sulfeto de melhor em água do que o metano. Isso significa
hidrogênio. Além dos substratos metanogênicos que, para o mesmo grau de degradação dos resíduos
diretos, como hidrogênio molecular (H2), formiato, orgânicos, uma maior quantidade de DQO estará
acetato, metanol e piruvato, as BRS também podem presente no efluente do reator (como sulfeto),
usar propionato, butirato, ácidos graxos de cadeia quando o sulfato estiver presente no afluente. A
mais longa e ramificados, lactato, etanol e produção de sulfeto também pode causar os
compostos mais elevados como álcool, fumarato, seguintes problemas técnicos durante o processo de
succinato, maleato e aromáticos (Colleran et al., digestão anaeróbia:
1995). Assim, os principais produtos
intermediários do processo de degradação • O H2S é tóxico para as arqueias metanogênicas
anaeróbia (H2/CH3COO-) podem ser convertidos (AM), as bactérias acetogênicas (BA) e as BRS.
tanto por BRS, metanogênicas e/ou bactérias No caso do tratamento metanogênico de águas
estritas produtoras de hidrogênio (BH). Como esses residuárias, alguns dos compostos orgânicos
três grupos de microrganismos operam sob as serão utilizados pelas BRS em vez das AM e,
mesmas condições ambientais (pH, temperatura), portanto, não são convertidos em metano. Isso
eles competirão pelos mesmos substratos. O resulta em um menor rendimento de metano por
resultado desta competição depende da cinética de unidade de matéria orgânica degradada e,
conversão (ver Seção 16.10). portanto, afeta negativamente o equilíbrio
energético geral do processo. Além disso, a
Se o material orgânico for oxidado via redução qualidade do biogás é reduzida, uma vez que
do sulfato, 8 elétrons podem ser aceitos por parte do sulfeto produzido acaba como H2S no
molécula de sulfato. Uma vez que uma molécula de biogás. É, portanto, normalmente necessária a
oxigênio só pode aceitar 4 elétrons, a capacidade remoção do H2S do biogás.
aceptora de elétrons de 2 mols de O2 equivale à de • O sulfeto produzido tem mau odor e pode
1 mol de SO42-, que é equivalente a 0,67 g de O2 por causar problemas de corrosão em tubos,
g SO42-. Isso significa que, para águas residuárias motores e caldeiras. Assim, os custos de
com uma razão de DQO/sulfato de 0,67, há manutenção da instalação aumentam e
teoricamente sulfato suficiente disponível para investimentos extras são necessários para evitar
remover completamente a matéria orgânica (DQO) esses problemas.
através da redução do sulfato. Para relações de • Parte do sulfeto estará presente no efluente do
DQO/sulfato inferiores a 0,67, a quantidade de reator anaeróbio. Como mencionado
matéria orgânica é insuficiente para a redução anteriormente, isso resulta em uma menor
completa do sulfato presente e substrato extra deve eficiência geral de tratamento do reator
então ser adicionado se a remoção do sulfato for o anaeróbio, uma vez que o sulfeto contribui para
objetivo do tratamento. Pelo contrário, para águas a DQO da água residuária (para cada mol de
residuárias com relação DQO/sulfato superior a sulfeto são necessários dois mols de oxigênio
0,67, a remoção completa da matéria orgânica só para uma oxidação completa em sulfato). Além
disso, o sulfeto pode perturbar a eficiência do
tratamento do sistema de pós-tratamento

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aeróbio, por exemplo, crescimento exacerbado Hansen, 1992). As cepas Desulfovibrio têm sido
de algas em lagoas ou ocorrência de reportadas como capazes de reduzir di-, tri-e tetra-
intumescimento filamentoso em sistemas de thionato (Fitz e Cypionka, 1990). Uma habilidade
lodo ativado. Assim, pode ser necessário um única de algumas BRS, por exemplo, Desulfovibrio
sistema extra de pós-tratamento para remover o dismutans e Desulfobacter curvatus, é a
sulfeto contido no efluente do reator anaeróbio. desmutação de sulfito ou tiossulfato (Widdel e
Hansen, 1992):
Com base no consumo de substratos, as BRS
podem ser classificadas nos seguintes três grupos: 4SO32− + H+ → 3SO42− + HS− (16.41)

1) BRS oxidadoras de hidrogênio (HBRS), ΔGo' = − 58.9 kJ/mole SO32-


2) BRS oxidadoras de ácido acético (ABRS), e
3) BRS oxidadoras de ácidos graxos (AGBRS). S2O32− + H2O → SO42− + HS− + H+ (16.42)
ΔGo' = − 21.9 kJ/mole S2O32-
No último grupo, dois padrões de oxidação
podem ser distinguidos (16.39, 16.40):
A ecologia microbiana das BRS tem sido
amplamente estudada utilizando diferentes técnicas
CH3CH2COOH + 2H2O → CH3COOH + 3H2 +
analíticas, como microeletrodos para sulfetos,
CO2 (BH) técnicas de ressonância magnética nuclear (RMN)
e ferramentas analíticas genéticas (Santos et al.,
(16.38) 1994; Raskin et al., 1995; Muyzer e Stams, 2008).
Algumas BRS foram identificadas como capazes
2−
CH3CH2COOH + 0,75SO4 → CH3COOH + 0,75S de respirar oxigênio, apesar de serem classificadas
2- como bactérias anaeróbias estritas.
+ CO2 (AGBRS)
(16.39) Na ausência de um aceptor de elétrons, as BRS
2− 2−
são capazes de crescer através de uma reação
CH3CH3COOH + 1,75SO4 → 1,75S + 3CO2 + fermentativa ou acetogênica. Piruvato, lactato e
3H2O (AGBRS) etanol são facilmente fermentados por muitas BRS
(16.40) (Widdel et al., 1988). Uma característica
interessante das BRS é sua capacidade de realizar
Algumas BRS são capazes de oxidar oxidação acetogênica em sintrofia com as arqueias
completamente AGV para CO2 e sulfeto como metanogênicas hidrogenotróficas. Este fenômeno
produtos finais. Outras BRS não possuem o ciclo tem sido descrito para coculturas definidas
ácido tricarboxílico e realizam uma oxidação utilizando lactato, etanol ou propionato (Widdel et
incompleta de AGV tendo acetato e sulfeto como al., 1988; Oude Elferink et al., 1994; Wu et al.,
produtos finais. Neste último caso, o acetato é 1991) bem como em bioreatores metanogênicos
excretado no meio. Deve-se notar ainda que a como UASB, reatores de leito fluidizado e de leito
oxidação incompleta do ácido propiônico por uma fixo (por exemplo, Wu et al., 1992). Na presença
BRS produz os mesmos produtos de degradação de sulfato, no entanto, esses microrganismos se
que a conversão por bactérias estritas produtoras de comportam como verdadeiras BRS e metabolizam
hidrogênio e ABRS. propionato como doadores de elétrons para a
redução do sulfato.
Além da redução do sulfato, também pode
ocorrer a redução de sulfito e tiossulfato (Widdel e

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Se o SO42- estiver presente na água residuária, lado, estão disponíveis no mercado diversas
a redução do SO42- pelas BRS não poderá ser soluções tecnológicas que reduzem a concentração
evitada. Várias tentativas foram feitas para tentar de H2S no reator anaeróbio para minimizar a
direcionar a competição para um sistema de reator toxicidade para arqueias metanogênicas (Figura
único, mas não foram bem-sucedidas. Por outro 16.11).

Figura 16.11 Soluções tecnológicas para reduzir a concentração de H2S em reatores anaeróbios. (A) Dessorção aprimorada de
H2S via recirculação do biogás e dessorção de sulfeto na linha de gás; (B) remoção de H 2S em um sistema de pós-tratamento
(micro)aeróbio e recirculação do efluente tratado para o afluente do reator anaeróbio para diluição; e (C) a maior parte do
H2S será desprendida na etapa de acidificação devido à prevalência do pH baixo.

A desnitrificação só pode ser esperada se o afluente


16.4.1.2 Desnitrificação contiver nitrato (ver Capítulo 5) ou quando o
Em geral, não ocorre a desnitrificação durante a efluente nitrificado for recirculado para o reator
digestão e o tratamento anaeróbio de águas anaeróbio (Kassab et al., 2010). A presença de
residuárias. Sob condições anaeróbias, o nitrogênio nitrato em ambientes metanogênicos impacta
organicamente ligado será convertido em amônio.

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negativamente a formação de metano (Tugtas e os parâmetros relevantes, e as medições devem ser


Pavlostathis, 2008). avaliadas para operação e controle adequados. A
seção 16.3 discute a utilidade da DQO como
A desnitrificação é mediada por parâmetro de controle para sistemas anaeróbios. A
microrganismos desnitrificantes, ou seja, bactérias razão para isso é que, em contraste com os sistemas
quimioheterotróficas capazes de oxidar matéria aeróbios, não há destruição de DQO em um reator
orgânica com nitrato. O nitrato é então convertido anaeróbio. Durante o tratamento anaeróbio, a DQO
via nitrito e óxido de nitrogênio em gás N2. é apenas "rearranjada". Compostos orgânicos
Geralmente, microrganismos desnitrificantes complexos são convertidos em intermediários mais
preferem oxigênio como um aceptor de elétrons, simples e eventualmente mineralizados para CH4 e
pois este composto produz mais energia (Tabela CO2. Toda a DQO que entrou no sistema acaba no
16.8). Em processos de lodo ativado, as produto final CH4, subtraídas as parcelas de DQO
desnitrificantes começam a usar o nitrato quando o incorporada na nova biomassa bacteriana e
O2 está (quase) esgotado e apenas ocorrerá a uma qualquer DQO residual no efluente. Uma vez que
concentração de O2 dissolvido de 1 mg/L ou um balanço de massa perfeito só pode ser feito
inferior. usando a DQO como parâmetro, a DQO é,
portanto, geralmente tomada como uma ferramenta
A desnitrificação é um processo heterotrófico de controle para operar um sistema anaeróbio:
que requer um doador de elétrons. Para oxidar
matéria orgânica via desnitrificação, 5 elétrons DQOafluente = DQOefluente (16.45)
podem ser aceitos por molécula de NO3- (ou 3
elétrons por molécula de NO2-). Portanto, a Para efeitos práticos, a Eq. 16.45 deve ser
capacidade de aceitação de elétrons de 11⁄4 mols de expandida para as diversas saídas do reator
O2 é igual à de 1 mol de NO3-, o que equivale a 0,65 anaeróbio, conforme mostrado na Figura 16.12.
g de DQO por g de NO3-, ou 2,86 g DQO por g de
NO3—N. Para identificar o destino da DQO em um reator
anaeróbio, devem ser realizadas análises
A estequiometria da oxidação do metanol com detalhadas das saídas gasosas, líquidas e sólidas
nitrato e nitrito ocorre de acordo com as seguintes (Tabela 16.9).
equações:

CH3OH + 2NO2− → N2 + CO32− + 2H2O


(16.43)
− −
5CH3OH + 6NO3 → 3N2 + 4HCO3 + CO32−
+ 8H2O
(16.44)
Essas reações mostram que a desnitrificação
resultará em um aumento do pH (produção de Figura 16.12 Balanço de DQO em um reator anaeróbio. Ao
carbonato). diferenciar as frações de DQO no gás, no líquido e nos
sólidos, os parâmetros faltantes podem ser estimados a
16.5 TRABALHANDO COM O BALANÇO partir dos parâmetros facilmente mensuráveis.
DE DQO

Como em qualquer sistema biológico, um processo


de tratamento anaeróbio deve ser monitorado para

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Tabela 16.9 As várias frações de DQO e seu destino em um reator anaeróbio. O número de pontos indica a importância relativa
da fração DQO indicada no respectivo compartimento (afluente, efluente, lodo, biogás).

Fração de DQO Afluente Efluente Lodo Biogás


Orgânico solúvel ••• ••• •
Inorgânico solúvel • •• •
Orgânico em ••• •• ••
suspensão
Inorgânico em • •
suspensão
Coloidal • •• •
Absorvido • •••
Retido •••
CH4 • •••
H2 •
H2S • •• •
N2 •
Nova biomassa •• ••
formada

Com base nas características básicas do Frequentemente ocorrem "lacunas" no balanço


afluente, ou seja, vazão e concentrações de DQO, e de DQO que podem ser atribuídas principalmente à
em informações sobre a biodegradabilidade da "perda de elétrons" quando estes são canalizados
DQO, a taxa de produção de CH4 esperada pode ser para ânions oxidados como SO42- e NO3-, como
facilmente estimada. Da Seção 16.3.1, podemos explicado na Seção 16.4. Portanto, neste caso, para
derivar que: fechar o balanço de DQO, todos os gases reduzidos
devem ser levados em consideração ou a
CH4 + 2 O2 →CO2 + 2H2O (16.46) concentração de aceptores de elétrons precisa ser
medida. Deve-se perceber que a DQO solúvel
o que significa que 22,4 m³ CH4 (CNTP) requer 2 contendo gases como o H2S, ou sua forma ionizada
mols de O2 (DQO), o que equivale a 64 kg de DQO. HS-, estará presente no efluente. Neste exemplo, a
Portanto, teoricamente, 1 kg de DQO pode ser DQO orgânica é convertida em DQO inorgânica,
convertido em 0,35 m³ de CH4. da qual uma fração dependente de pH acabará no
biogás enquanto o restante permanecerá no
Da mesma forma, a DQO teórica equivalente efluente.
para 1 kg 'SSV bacteriano', com uma composição
estimada de C5H7O2N, pode ser calculado como Outra causa frequentemente citada para uma
1,42 kgDQO/kgSSV. Tendo ambos como produtos “lacuna” de DQO é a retenção ou acúmulo de DQO
finais, o CH4 e as novas células bacterianas recém- refratária ou lentamente biodegradável no leito de
cultivadas expressas como DQO, o balanço pode lodo, algumas vezes alterando drasticamente o
ser feito se o afluente e o efluente forem valor estequiométrico de 1,42 kgDQO/kg SSV.
propriamente medidos. Este último é particularmente verdadeiro durante o
tratamento de águas residuárias ricas em óleos e
graxas (O&G) ou AGCL. Com esses substratos, as
eficiências de remoção de DQO são geralmente

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muito elevadas, mas baixas taxas de produção de de sistemas de tratamento anaeróbio de alta taxa na
CH4 levam a enormes lacunas no balanço. Neste década de 1970 (Hulshoff Pol et al., 2004; Van Lier
exemplo, a lacuna de DQO indica potenciais et al., 2015). A imobilização pode ocorrer em
problemas operacionais graves a longo prazo. material suporte inerte instalado em uma matriz
Eventualmente, o acúmulo de gorduras e/ou outros fixa em filtros anaeróbios, que são operados tanto
sólidos inertes deteriorará a AME do lodo, e em fluxo ascendente como descendente. A matriz
O&G/AGCL absorvido no lodo pode resultar em também pode ser livre e flutuante, como em
flutuação de lodo e perda com o efluente. A biorreatores de leito móvel e de leito fluidizado. Se
diminuição da biomassa ativa pode levar à falha nenhum material suporte inerte for usado, ocorrerá
completa do processo anaeróbio de alta taxa. uma "autoimobilização", que é entendida como a
imobilização de bactérias em si mesmas em
Operar um reator anaeróbio usando o balanço conglomerados bacterianos, ou em partículas
de DQO como ferramenta para monitorar o inertes ou orgânicas muito pequenas presentes na
desempenho do reator fornece ao operador água residuária. Os conglomerados bacterianos
informações vitais sobre o funcionamento do amadurecerão no devido tempo e formarão um lodo
sistema. Ações adequadas podem ser realizadas granular de forma arredondada.
antes que ocorra uma deterioração irreversível.
Ademais, o impacto dos aceptores de elétrons Com relação à imobilização, particularmente o
alternativos na taxa de produção de CH4 pode ser fenômeno da granulação de lodo anaeróbio tem
facilmente avaliado enquanto, com base na desafiado muitos pesquisadores de áreas muito
produção de gás e nos valores de DQO do diferentes. A granulação, na verdade, é um
efluente, uma estimativa pode ser feita da processo completamente natural e ocorrerá em
quantidade de biomassa nova formada e retida. todos os sistemas onde as condições básicas para
sua ocorrência são atendidas, ou seja,
16.6 IMOBILIZAÇÃO E GRANULAÇÃO DE principalmente com substratos solúveis e em
LODO reatores operados com fluxo ascendente e com
tempos de detenção hidráulica (TDH) inferiores ao
A chave para a moderna biotecnologia de alta taxa, tempo de duplicação bacteriana. Devido à taxa de
seja qual for o sistema de tratamento considerado, crescimento muito baixa dos cruciais organismos
é a imobilização de microrganismos adequados. Na metanogênicos acetoclásticos, particularmente em
verdade, a necessária retenção elevada de biomassa condições sub-ótimas, as últimas condições são
em sistemas de tratamento anaeróbio baseia-se na facilmente atendidas. A formação de grânulo
imobilização, o que geralmente leva à formação de anaeróbio é observada principalmente em
consórcios microbianos bem equilibrados. A bioreatores anaeróbios que são operados com fluxo
presença desses consórcios é considerada um pré- ascendente (Hulshoff Pol et al., 2004). No entanto,
requisito para a adequada operação do processo a granulação bem-sucedida também tem sido
anaeróbio, especialmente considerando a observada em reatores anaeróbios em batelada
ocorrência de diversas reações de conversão sequenciais (Sung e Dague, 1995; Wirtz e Dague,
sintrófica na degradação anaeróbia da maioria dos 1996). Talvez pela primeira vez desde a década de
compostos orgânicos, o efeito prejudicial de 1950, foi observada a ocorrência da granulação de
concentrações mais elevadas de intermediários lodo em decanto-digestores Dorr Oliver de fluxo
específicos e o grande efeito de fatores ambientais reverso, na África do Sul. No entanto, isso só se
como pH e potencial de redox. Avanços tornou evidente pela observação de amostras de
significativos no conhecimento dos fundamentos lodo colhidas de tal digestor em 1979 (Lettinga,
do processo de imobilização têm sido feitos desde 2014). Enquanto estudavam a partida e a
o desenvolvimento e implementação bem-sucedida viabilidade dos filtros anaeróbios de fluxo

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ascendente, Young e McCarty (1969) já 1) Núcleos de crescimento adequados, ou seja,


reconheciam a capacidade do lodo anaeróbio de materiais suporte inertes orgânicos e
formar agregados que sedimentavam muito bem. inorgânicos, bem como agregados
Estes grânulos eram tão grandes quanto 3,1 mm de bacterianos, já estão presentes no lodo de
diâmetro e sedimentavam rapidamente. Em inóculo.
experimentos com filtros anaeróbios tratando águas 2) A matéria finamente dispersa, incluindo
residuárias de amido de batata e soluções de biomassa bacteriana viável, será retida cada
metanol realizados nos Países Baixos, observações vez menos quando as velocidades superficiais
semelhantes foram feitas (Lettinga et al., 1979). No de líquido e gás aumentarem, aplicando taxas
entanto, concomitante com a redução do interesse de diluição superiores às taxas de crescimento
pela tecnologia anaeróbia nos EUA e na África do bacteriano sob as condições ambientais
Sul, foi dada grande ênfase no desenvolvimento de prevalentes. Como resultado, ocorre
sistemas anaeróbios em escala industrial nos Países automaticamente a formação de filme e/ou
Baixos, onde a nova legislação de proteção das agregado.
águas superficiais coincidiu com a crise energética 3) O tamanho dos agregados e/ou espessura do
mundial dos anos 70. Como resultado, foi possível biofilme são limitados, a depender da força
dar maior ênfase a pesquisas aplicadas e intrínseca (forças de ligação e do grau de
fundamentais neste campo, particularmente entrelaçamento bacteriano) e das forças
também sobre o fenômeno da granulação de lodo. externas exercidas sobre as partículas/filmes
Esse aumento do interesse mundial ocorreu tanto (tensão de cisalhamento). Portanto, no devido
nos campos de engenharia quanto da tempo partículas/filmes vão se desintegrar,
microbiologia. Como resultado, a visão sobre o evoluindo a próxima geração. A primeira
mecanismo do processo de granulação de lodo para geração de agregados, reportada por Hulshoff
tratamento anaeróbio foi suficientemente Pol et al. (1983) como grânulos
elucidada, pelo menos para aplicação prática (ver "filamentosos", consistem principalmente de
adicionalmente Hulshoff Pol et al., 2004; Van Lier bactérias multicelulares em forma de
et al., 2015). A granulação pode se desenvolver em bastonetes longos. Estes agregados são
todas as temperaturas, ou seja, sob condições bastante volumosos e, na verdade, são mais
mesofílicas, termofílicas e psicrofílicas. Considera- flocos do que grânulos.
se de grande importância prática desvendar ainda 4) Núcleos de crescimento secundário retidos
mais os fundamentos relativos ao crescimento de crescerão novamente em tamanho, mas
agregados granulares mistos equilibrados, não também em densidade bacteriana. O
apenas do ponto de vista microbiano, mas também crescimento não se restringe à periferia, mas
do ponto de vista da engenharia de processos. também ocorre dentro dos agregados. No
devido tempo eles se desintegrarão
16.6.1 Mecanismo subjacente à granulação novamente, evoluindo uma terceira geração,
de lodo etc.
5) Os grânulos irão gradualmente 'envelhecer' ou
Em essência, a granulação do lodo baseia-se no fato 'amadurecer', processo que é caracterizado
de que a retenção bacteriana é imperativa quando pela substituição dos volumosos "grânulos
as taxas de diluição excedem as taxas de filamentosos" por densos “grânulos
crescimento bacteriano. A imobilização requer bastonetes”.
ainda a presença de material suporte e/ou núcleos
de crescimento específicos. A ocorrência de Durante o processo de seleção, as cargas
granulação pode ser explicada como a seguir: orgânica e hidráulica volumétricas são
incrementadas gradualmente, aumentando as

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tensões de cisalhamento no interior do reator. O não é necessária e é de fato prejudicial para


resultado é a formação de agregados de lodo firmes alcançar biofilmes estáveis e suficientemente
e estáveis, de elevada densidade e alta velocidade espessos. Atualmente, os reatores de lodo granular
superficial. A Figura 16.13 mostra a evolução expandido (EGSB) despertam mais interesse em
temporal das concentrações de lodo no reator, aplicações comerciais do que os sistemas de leito
expressas em gSSV/L, e da carga orgânica fluidizado que são mais caros (ver também Seção
volumétrica aplicada. A partida é finalizada quando 16.7.2.4).
a carga orgânica volumétrica de projeto
(kgDQO/m3.d) é atingida. Para águas residuárias
solúveis que são parcialmente acidificadas, o lodo
granular será facilmente cultivado.

A Tabela 16.10 lista algumas características


comuns do lodo granular metanogênico.

Com relação ao processo de granulação,


essencialmente não há diferenças de princípio entre
um reator UASB, inoculado com lodo de esgoto
digerido, e um reator de fluxo ascendente com Figura 16.13 Dinâmica do lodo durante a primeira partida
material suporte inerte livre e flutuante, como o de um reator UASB. Fase I: carga orgânica volumétrica < 3
reator de leito fluidizado, que usa partículas de kgDQO/m3.d, expansão do leito de lodo e perda da fração
coloidal de lodo, uma camada flotante pode ocorrer e a
areia ou pedra-pomes como meio suporte para o atividade específica metanogênica começa a aumentar.
crescimento da biomassa. De fato, a granulação Fase II: perda excessiva de lodo com ocorrência de
pode proceder razoavelmente bem em um reator de seleção entre lodo pesado e leve, grande incremento na
leito fluidizado, desde que o reator seja operado carga orgânica volumétrica e formação de agregados
densos. Fase III: aumento na concentração total de lodo,
com um cisalhamento moderado nas partículas, ou aumento da quantidade de lodo granular, a carga
seja, em tal modo que os biofilmes possam crescer orgânica volumétrica pode ser aumentada ainda mais.
suficientemente em espessura e/ou partículas
diferentes possam crescer juntas. Experiências em
larga escala mostraram que a fluidização completa

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Tabela 16.10 Proposta para definição e características de lodo granular de boa qualidade (Fotos: Paques B.V.)
Exemplos de lodo granular Características de lodo granular de boa qualidade
Atividade metabólica:

Faixa de atividade metanogênica específica de lodo


granular:
0,1 – 2,0 kgDQOCH4/kgSSV.d

Valores típicos para efluentes industriais:


0,3 – 1,0 kgDQOCH4/kgSSV.d

Grânulos cultivados em água residuária de processamento


de batata
Sedimentabilidade e outras propriedades físicas:

• Velocidades de sedimentação: 2 - 100 m/h,


tipicamente: 30 - 75 m/h
• Densidade: 1,0 - 1,05 g/L
• Diâmetro: 0,1-8 mm, tipicamente: 0,15 - 4 mm
• Forma: forma esférica e superfície bem definida
• Cor: preta / cinza / branca

Grânulos cultivados em água residuária de fábrica de


papel
Definição: conglomerado microbiano denso e de forma esférica, consistindo de microrganismos, material inerte e substâncias
poliméricas extracelulares, caracterizado por elevados níveis atividade metabólica e sedimentabilidade

2001). O primeiro reator anaeróbio foi


16.7 REATORES ANAERÓBIOS desenvolvido em 1905, quando Karl Imhoff
projetou um tanque combinado decantador-
Os reatores anaeróbios têm sido usados desde o digestor que tratava todo o esgoto (e não somente
século 19, quando Mouras e Cameron águas fecais). No tanque Imhoff, os sólidos
desenvolveram o equipamento denominado sedimentam e são estabilizados em um único
“limpador automático” e a fossa séptica para tanque (Imhoff, 1916). A efetiva digestão
reduzir a quantidade de sólidos na rede coletora de controlada de sólidos em um reator separado, ex-
esgoto. Embora em uma taxa muito baixa, os situ, foi desenvolvida pela empresa Ruhrverband,
primeiros processos de estabilização anaeróbia Essen-Relinghausen, na Alemanha.
ocorreram em tanques que foram projetados para
interceptar sólidos de águas fecais (McCarty,

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Ao mesmo tempo, Buswell et al. (1932) passou detenção da biomassa e do líquido a ser tratado são
a adotar a mesma tecnologia para tratamento de desacopladas. Em processos anaeróbios, a carga
efluentes líquidos, considerando despejos máxima permitida de DQO é governada pela
industriais. Todos esses sistemas podem ser quantidade de biocatalisadores anaeróbios
caracterizados como de baixa taxa, uma vez que (microrganismos viáveis) que estão em contato
nenhum recurso especial foi incluído no projeto com os constituintes das águas residuárias
para aumentar a capacidade catabólica anaeróbia. (substrato). Em contraste, nos processos aeróbios,
Logo, a viabilidade desses sistemas era muito a carga de DQO permissível é determinada pela
dependente da taxa de crescimento dos consórcios taxa de transferência máxima do aceptor de
microbianos anaeróbios. Como resultado, os elétrons, ou seja, de oxigênio. Elevadas
reatores eram muito grandes e frágeis em operação. concentrações de lodo em sistemas anaeróbios de
Além disso, uma lagoa anaeróbia pode ser alta taxa são obtidas por retenção física e / ou
considerada um sistema de tratamento anaeróbio de imobilização do lodo anaeróbio. Maiores
baixa carga. Lagoas anaeróbias são frequentemente concentrações de biomassa permitem a aplicação
construídas em conjunto com lagoas facultativas e de elevadas cargas volumétricas de DQO, ao passo
de maturação. As cargas orgânicas aplicadas às que se mantém elevado tempo de retenção celular
lagoas anaeróbias variam entre 0,025-0,5 kgDQO / (idade do lodo) e tempos de detenção hidráulica
m3.d, com profundidades usualmente em torno de relativamente curtos. Nas últimas quatro a cinco
4 m. A principal desvantagem das lagoas décadas, várias configurações de reatores
anaeróbias são os problemas relacionados a anaeróbios de alta taxa foram desenvolvidas com
emissões odorantes, pois esses sistemas podem ser base em diferentes mecanismos de retenção de
facilmente sobrecarregados. No entanto, a perda do lodo, como o reator anaeróbio de contato, o filtro
gás metano (CH4) para a atmosfera, rico em energia anaeróbio (FA), o reator anaeróbio de fluxo
e com elevado potencial de aquecimento global, ascendente e manta de lodo (UASB), o reator de
também é uma desvantagem reconhecida. leito fluidizado, o reator de leito granular
expandido (EGSB), o reator de circulação interna
16.7.1 Sistemas anaeróbios de alta taxa (IC), o reator anaeróbio compartimentado, os
reatores de alta taxa acoplados a membrana, e os
Um dos maiores sucessos no desenvolvimento do reatores de mistura completa (CSTR) acoplados a
tratamento anaeróbio de águas residuárias foi a membranas. Os últimos são mais conhecidos como
introdução dos reatores de alta taxa, nos quais a biorreatores anaeróbios de membrana (AnMBR)
(por exemplo, Dereli et al., 2012).

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Figura 16.14 Capacidades de carga relativas de diferentes sistemas anaeróbios. As cargas máximas aplicadas em condições de
escala plena chegam a aproximadamente 40 kgDQO/m³.d aplicando contato aprimorado em versões avançadas de sistemas
de leito de lodo granular expandido.

Para assegurar a aplicação de elevadas cargas por uma grande variedade de organismos
orgânicas em um reator anaeróbio para o diferentes (ver Seção 16.2). A (co)existência de
tratamento de uma água residuária específica, as nichos dentro do sistema é um pré-requisito
seguintes condições devem ser atendidas: absoluto para a conversão total do substrato.
Dependendo do tipo de substrato, grânulos
• Elevada retenção de lodo quando em operação. anaeróbios e / ou biofilmes são caracterizados
• Contato suficiente entre os microrganismos por diversidades filogenéticas, distribuições
viáveis e a água residuária. espaciais e atividades localizadas de bactérias e
• Elevadas taxas de reação e ausência de arqueias. Por exemplo, apesar das
limitações de transporte de massa, tanto em concentrações relativamente altas de H2 na
termos de substratos como de produtos de massa líquida, a pressão parcial de H2 no
reação (intermediários). interior dos biofilmes e grânulos é mantida a
• A biomassa viável deve ser suficientemente um nível muito baixo para permitir que mesmo
adaptada e / ou aclimatada. Considerando as reações acetogênicas muito endergônicas
baixas taxas de crescimento microbiano em ocorram, a tomar pela oxidação do propionato.
condições anaeróbias e, portanto, a elevada
idade do lodo, a adaptação da biomassa pode A Figura 16.14 ilustra o desenvolvimento de
levar longos períodos de tempo. reatores de alta taxa e o impacto da retenção
• Prevalência de condições ambientais aprimorada de lodo e do melhor contato entre
favoráveis para todos os organismos microrganismo e substrato quanto às cargas
necessários dentro do reator sob todas as orgânicas aplicáveis. Embora os primeiros testes
condições operacionais impostas, com foco nas efetuados por Buswell não tenham atingido cargas
etapas de processo limitantes. Deve-se orgânicas da ordem de 1 kg DQO/ m³.d, os sistemas
enfatizar que esta condição não significa que as anaeróbios modernos são oferecidos no mercado
circunstâncias devam ser semelhantes em para cargas orgânicas superiores a 40 kg DQO/
qualquer local dentro do reator e em qualquer m³.d.
momento. A digestão anaeróbia é caracterizada

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Até o presente, os processos anaeróbios são 16.7.2 Reatores anaeróbios de estágio único
encontrados preponderantemente como tecnologia
de tratamento de fim de linha para águas residuárias 16.7.2.1 Reatores anaeróbios de contato
oriundas de agroindústrias e do processamento de
alimentos. A Tabela 16.1 relaciona os diversos Seguindo o desenvolvimento histórico dos reatores
setores industriais onde os 2.266 reatores de alta taxa, os reatores anaeróbios de contato
inventariados no ano de 2007 foram instalados. representam a primeira configuração em que o
Deve-se notar que o número atual de reatores tempo de residência celular (idade do lodo) foi
anaeróbios de alta taxa operando em escala plena desacoplado do tempo de detenção hidráulica
excede 4.000 unidades (Van Lier et al., 2015). (TDH). A concentração de biomassa no reator foi
Além das aplicações tradicionais, o número de aumentada empregando-se um decantador
reatores anaeróbios em escala plena fora do setor secundário com recirculação de lodo, semelhante
de processamento de alimentos também cresceu ao seu homólogo aeróbio (Fig.16.15).
rapidamente. Exemplos comuns são efluentes de
fábricas de papel e águas residuárias de indústrias
químicas, como as que contêm formaldeído,
benzaldeídos, tereftalatos etc. (p. ex.: Razo-Flores
et al., 2006). É interessante notar que os reatores
anaeróbios estejam sendo empregados para o
tratamento de águas residuárias de indústrias
químicas em larga escala, uma vez que a tecnologia
Figura 16.15. Processo de contato anaeróbio, equipado
anaeróbia não foi amplamente aceita por estas
com floculador ou desgaseificador para potencializar a
indústrias, devido a preconceitos gerais contra o
sedimentação do lodo no decantador secundário.
tratamento biológico e, em particular, o processo
anaeróbio. No que diz respeito aos compostos
O primeiro relato acerca de um reator anaeróbio
químicos, é interessante mencionar que certas
de contato foi para o tratamento de efluentes
substâncias, tais como poli cloro-aromáticos e poli
diluídos da indústria de processamento de carne,
nitroaromáticos, bem como as ligações azo-
que possuem DQO de aproximadamente 1.300 mg/
corante, só podem ser degradadas quando uma
L (Schroepfer et al., 1955). No entanto, várias
etapa de redução (anaeróbia) é introduzida no
versões da primeira geração de sistemas de
fluxograma de tratamento. Os processos
tratamento anaeróbio de alta taxa para águas
anaeróbios são, portanto, complementares aos
residuárias de concentração intermediária não
aeróbios para se atingir o tratamento completo
tiveram muito sucesso. Na prática, a principal
destas águas residuárias.
dificuldade era a má separação do lodo anaeróbio
do efluente tratado no decantador secundário. A
Os atuais processos anaeróbios de alta taxa
formação de biogás e sua fixação às partículas
também são capazes de tratar águas residuárias em
sólidas durante a etapa de sedimentação foram
baixas temperaturas e com baixa concentração de
outros problemas cruciais (Rittmann e McCarty,
matéria orgânica. Além do esgoto sanitário no caso
2001). A má separação do lodo foi atribuída à
de regiões de clima temperado, muitas águas
agitação muito intensa aplicada no biorreator,
residuárias industriais são lançadas a baixas
culminando em partículas de lodo muito pequenas
temperaturas, a exemplo das águas servidas da
com baixa capacidade de sedimentação. Além
indústria cervejeira. O potencial de aplicação dos
disso, a supersaturação de gases solubilizados
processos anaeróbios ainda está se expandindo e
resultava em forças de arraste para a superfície do
novas configurações de reatores estão sendo
decantador. A ideia da mistura intensificada era
desenvolvidas para ampliar o campo de aplicação.

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garantir um contato otimizado entre o lodo e o descendente (Young e Yang, 1989). Vários tipos de
efluente. Os reatores anaeróbios de contato meio suporte sintéticos, bem como materiais
modernos aplicam condições de mistura muito naturais, como cascalho, coque e segmentos de
mais suaves e as unidades de desgaseificação são bambu, têm sido investigados para serem usados
frequentemente instaladas antes da etapa de em filtros anaeróbios. Resultados de pesquisas
decantação secundária. De fato, os reatores indicam que a forma, o tamanho, o peso, a área
anaeróbios de contato modernos são superficial específica e a porosidade do meio
consideravelmente eficazes para o tratamento de suporte são aspectos importantes, bem como as
águas residuárias concentradas, com elevado teor propriedades de aderência à superfície no que diz
de sólidos em suspensão. Dessa forma, estes respeito à fixação bacteriana. Os filtros anaeróbios
reatores têm uma participação de mercado com adequado meio suporte podem ser
consolidada dentre os sistemas anaeróbios de alta comissionados rapidamente, devido à aderência
taxa aplicados em escala plena (Van Lier, 2008). Se eficiente dos microrganismos anaeróbios ao
bem projetados, os reatores anaeróbios de contato material inerte. Essa facilidade de inicialização do
modernos podem atingir tolerar cargas orgânicas sistema foi o principal motivo de sua popularidade
da ordem de 10 kg DQO/ m³.d. No entanto, os nas décadas de oitenta e noventa. No entanto, os
efluentes destes reatores requerem uma etapa de filtros anaeróbios de fluxo ascendente tendem a ter
tratamento subsequente para cumprir com mais problemas do que outros sistemas durante
restrições de lançamento. uma operação de longo prazo. A principal
desvantagem da tecnologia é a dificuldade em
16.7.2.2 Filtros anaeróbios manter o contato necessário entre o lodo e a água
residuária, posto a corriqueira colmatação. Esta
Um método alternativo de retenção de lodo foi situação é particularmente o caso de águas
encontrado a partir da utilização de um material residuárias parcialmente solúveis. Tais problemas
suporte inerte, no qual os microrganismos de colmatação podem obviamente ser superados
anaeróbios podem crescer aderidos. Enquanto os (pelo menos parcialmente) pela aplicação de um
primeiros filtros anaeróbios já eram aplicados no decantador primário e / ou uma etapa de pré-
século 19 (McCarty, 2001), a utilização para acidificação (Seyfried, 1988). No entanto, isso
tratamento de águas residuárias industriais requer a construção e operação de unidades
começou na década de 1960 nos Estados Unidos adicionais. Para além dos custos mais elevados,
(Young e McCarty, 1969; Young, 1991). Os filtros esta possibilidade não elimina completamente o
anaeróbios, também denominados de processo de problema de curto-circuito hidráulico (colmatação
leito fixo, foram desenvolvidos como um sistema do meio suporte), culminando em eficiências de
de biofilme no qual a biomassa é retida, baseando- tratamento mais reduzidas.
se nos seguintes aspectos:
A tecnologia de filtros anaeróbios tem sido
• a fixação de um biofilme a um meio suporte amplamente aplicada no tratamento de águas
sólido (estacionário), residuárias das indústrias de bebidas,
• o aprisionamento de partículas de lodo entre os processamento de alimentos, farmacêutica e
interstícios do material de suporte, e química devido à sua alta capacidade de retenção
• a sedimentação e formação de agregados de de lodo (Ersahin et al., 2011). Desde 1981,
lodo que apresentam uma velocidade de aproximadamente 140 instalações de filtros
sedimentação elevada. anaeróbios de fluxo ascensional em escala plena
foram colocadas em operação para o tratamento de
A tecnologia de filtros anaeróbios pode ser vários tipos de águas residuárias, o que representa
aplicada em configuração de fluxo ascendente e

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aproximadamente 6% da quantidade total de


reatores de alta taxa inventariados (Figura 16.16).

Figura 16.16. Tecnologias anaeróbias implementadas para águas residuárias industriais considerando o período de 1981-2007
(à esquerda) e o período de 2002-2007 (à direita). Reator UASB: reator anaeróbio de fluxo ascendente e manta de lodo; IC®:
reator de circulação interna, um tipo de sistema EGSB com hidrodinâmica movida a biogás; EGSB: reator de leito de lodo
granular expandido; FA: filtro anaeróbio; CSTR: reator de mistura completa; LAG: lagoa anaeróbia; HYBR: sistema híbrido
combinado com leito de lodo na seção inferior e filtro na parte superior; FB: reator de leito fluidizado (Van Lier, 2008).

As experiências com o sistema são anaeróbios são ocasionalmente operados sob fluxo
razoavelmente satisfatórias, aplicando-se cargas descendente, referidos como reatores de filme fixo
orgânicas volumétricas modestas a relativamente de fluxo descendente. Vários modos de operação e
elevadas, da ordem de 10 kg DQO/ m³.d. Os filtros tipos de meio suporte foram investigados, mas a
anaeróbios de fluxo ascendente permanecerão aplicação em escala plena encontra barreiras. O
atraentes principalmente para o tratamento de fator limitante é a baixa carga orgânica volumétrica
águas residuárias de natureza solúvel, aplicável devido à quantidade restrita de biomassa
particularmente quando o processo de granulação que pode ser retida em tal sistema, uma vez que se
do lodo não ocorrer de forma satisfatória. No baseia principalmente na adesão da biomassa à
entanto, os problemas de longo prazo relacionados superfície do meio suporte; em um filtro anaeróbio
à colmatação do sistema e à estabilidade do meio de fluxo ascendente, a atividade anaeróbia é
suporte causaram um declínio no número de majoritariamente encontrada na biomassa não
sistemas em escala plena sendo instalados. aderida.

A fim de minimizar a colmatação e o acúmulo


de lodo nos interstícios do meio suporte, os filtros

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16.7.2.3 Reatores anaeróbios de leito de lodo escala laboratorial e piloto usando processos
anaeróbios de leito de lodo, o que resultou no
Os reatores anaeróbios de leito de lodo figuram estabelecimento de milhares de reatores em escala
como o processo de tratamento anaeróbio de águas plena em todo o mundo (Nnaji, 2013; Lim e Kim,
residuárias mais populares até o presente. A 2014; Van Lier et al., 2015). Estes reatores são,
retenção de lodo nestes reatores é baseada na sem dúvida, os sistemas anaeróbios de tratamento
formação de agregados de lodo de fácil de águas residuárias mais populares até o presente,
sedimentação (flocos ou grânulos) e na aplicação tendo um amplo potencial de aplicação no
de um sistema interno de separação gás-líquido- tratamento de efluentes industriais. Em vista de tal
sólido (dispositivo GLS). potencial e do fato de que quase 90% dos reatores
de alta taxa recém-instalados são sistemas de leito
Um dos desenvolvimentos mais notáveis e de lodo (Van Lier et al., 2015; Figura 16.16), a
significativos na tecnologia de tratamento tecnologia UASB foi caracterizada em maior
anaeróbio de alta taxa é a invenção do reator UASB detalhamento do que outros sistemas (Seção 16.8).
por Lettinga e colaboradores, na Holanda (Lettinga
et al., 1976; Lettinga et al., 1980). A retenção de A Figura 16.17 mostra uma representação
lodo neste reator é baseada na formação de esquemática de um reator UASB. Dois exemplos
agregados de lodo (flocos ou grânulos) de boa de reatores UASB em escala plena são mostrados
sedimentabilidade, e na aplicação de um na Figura 16.18.
dispositivo GLS interno em formato de funil
invertido. A introdução da tecnologia UASB para Os primeiros reatores UASB foram instalados
tratamento de águas residuárias industriais só para o tratamento de águas residuárias das
precisou de 5-6 anos para sair da escala indústrias alimentícia, de bebidas e de base
laboratorial, em 1971-1972, para a escala piloto, agrícola, seguidos rapidamente por aplicações para
em 1976, e aplicação em escala plena, em 1977- efluentes de fábricas de papel e papelão, em 1983
1978, em uma usina de produção de açúcar na (Habets e Knelissen, 1985). A maioria dos reatores
Holanda (Lettinga, 2014). Até onde se sabe, este é em escala plena é usada para tratar águas
o ciclo de desenvolvimento mais curto registrado residuárias agroindustriais, mas as aplicações para
para qualquer nova tecnologia no campo da o tratamento de efluentes de indústrias químicas
engenharia ambiental bem-sucedida até o presente. também estão aumentando, conforme discutido a
Após as primeiras aplicações, muitos resultados de seguir (Van Lier et al., 2015; Rajagopal et al.,
desempenho bem-sucedidos foram relatados em 2013).

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Figura 16.17 Reatores UASB dos principais fabricantes de sistemas anaeróbios: (A) Paques B.V. e (B) Biothane B.V.

Figura 16.18. Reatores UASB para tratamento de (A) águas residuárias de fábricas de suco de frutas em Bregenz, Alemanha e
(B) águas residuárias de laticínios na Indonésia (fotos: Paques B.V. e Biothane B.V., respectivamente).

Semelhante aos filtros anaeróbios de fluxo 15 kg DQO/ m³.d (Rittmann e McCarty, 2001). No
ascendente, em um reator UASB as águas entanto, uma das principais limitações desse
residuárias se deslocam em um modo ascendente. processo está relacionada às águas residuárias que
No entanto, ao contrário dos filtros anaeróbios, os apresentam alto teor de sólidos em suspensão, o
reatores UASB não empregam meio suporte. Esta que dificulta o desenvolvimento de lodo granular
tecnologia propicia um lodo de boa denso (Alphenaar, 1994). O conceito de reator de
sedimentabilidade, baixos tempos de detenção leito de lodo é baseado nos seguintes aspectos:
hidráulica, eliminação do custo de meios suportes,
elevadas concentrações de biomassa (até 80-100 g/ 1) O lodo anaeróbio tem ou adquire boas
L no fundo do reator), efetiva separação sólido- propriedades de sedimentação, desde que o
líquido e a operação em elevadas cargas orgânicas processo seja operado corretamente. Pequenas
volumétricas (COV) (Speece, 1996). As COVs de partículas ou lodo de baixa sedimentabilidade
projeto situam-se normalmente na faixa entre 4 e serão eliminados do sistema.

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2) O bom contato necessário entre o lodo e as defletores devem ser instalados abaixo da
águas residuárias nos reatores UASB é abertura entre as câmaras de gás, bem como
geralmente garantido através de alimentação entre a câmara de gás e a parede do reator.
uniforme junto ao fundo do reator. Além disso, c) Remover as partículas de lodo por um
o aumento da velocidade de fluxo ascendente mecanismo de sedimentação, floculação
resulta em um melhor contato entre as e/ou aprisionamento na manta de lodo (caso
partículas de lodo e os poluentes. Para COVs presente no decantador). As partículas de
superiores a 5 kg DQO/ m³.d, a mistura entre o lodo podem então deslizar de volta para o
lodo e o efluente é provocada pela turbulência compartimento de digestão, caso o leito de
do biogás. A mistura mecânica não é aplicada lodo não atinja o decantador, ou podem ser
em reatores UASB. ocasionalmente removidas junto com o
3) Para águas residuárias contendo compostos excesso de lodo do compartimento de
biodegradáveis inibidores, a mistura digestão.
hidrodinâmica é adicionalmente alcançada pela d) Limitar a expansão do leito de lodo no
aplicação de um fluxo de recirculação de compartimento de digestão. O sistema atua
líquido. Como resultado, desenvolve-se um como uma espécie de barreira contra a
padrão de fluxo mais próximo da mistura expansão excessiva da parte mais leve do
completa e a estratificação do substrato e leito de lodo. Se o leito de lodo se expandir
produtos intermediários ao longo da altura do no compartimento de decantação, o lodo
reator é minimizada, reduzindo assim a inibição tenderá a adensar (posto que o gás foi
potencial. separado). Esse lodo adensado e mais
4) A eliminação de agregados de lodo anaeróbio pesado desliza de volta para o
ativo é evitada pela separação do biogás compartimento de digestão.
produzido por meio de uma câmara de coleta de e) Reduzir ou evitar que as partículas de lodo
gás instalada na parte superior do reator. Desta flutuantes sejam removidas do sistema.
forma, uma zona com relativamente pouca Para este propósito, um defletor de escuma
turbulência é criada na parte superior do reator deve ser instalado anteriormente à canaleta
e, consequentemente, o reator é dotado de um de coleta do efluente.
decantador secundário embutido. f) Realizar algum polimento do efluente em
5) A câmara de coleta de gás atua como um relação aos sólidos em suspensão.
separador trifásico gás-líquido-sólido. O
dispositivo GLS constitui uma parte essencial Alguns pesquisadores e profissionais sugerem
de um reator UASB e serve para: a substituição do dispositivo GLS por um leito
a) Coletar, separar e conduzir o biogás suporte na parte superior do reator. Isso é
produzido. Para um desempenho conhecido como reator híbrido de fluxo ascendente
satisfatório, a área da interface líquido-gás e trata-se de uma fusão dos reatores UASB e filtro
dentro do dispositivo deve ser anaeróbio de fluxo ascendente. Em alguns projetos,
suficientemente grande para que o gás o meio suporte é instalado apenas no
possa escapar facilmente. Isso é compartimento de decantação, deixando o GLS em
particularmente importante se houver sua posição original. Aproximadamente 3% de
acúmulo de escuma. todos os reatores anaeróbios instalados são
b) Minimizar a turbulência do líquido no sistemas híbridos (Figura 16.16). Na maioria das
compartimento de decantação para aplicações, a conversão de matéria orgânica ocorre
melhorar a sedimentação do lodo. Para preferencialmente no leito de lodo e a remoção
evitar que o biogás borbulhe na zona de aprimorada de sólidos em suspensão de pequena
sedimentação no topo, um ou mais dimensão é obtida na parte superior. Testes com

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esgoto doméstico mostraram uma remoção ser problemática. O sistema depende da formação
aprimorada de sólidos em suspensão e matéria de um biofilme aderido e/ou partículas
coloidal (Elmitwalli et al., 2002). relativamente uniformes (em espessura, densidade
e resistência). A fim de manter uma situação
Para alguns efluentes químicos específicos, estável em relação ao desenvolvimento do
como águas residuárias de ácido ftálico purificado biofilme, um alto grau de pré-acidificação é
(PTA) (Kleerebezem, 1999a, b), um reator híbrido considerado necessário e a matéria orgânica em
apresenta melhor desempenho do que um reator suspensão deve estar ausente na alimentação
UASB de estágio único. No entanto, os resultados (Ehlinger, 1994). Apesar disso, uma espessura de
mostraram que a conversão do ácido ftálico em biofilme uniforme é sobremaneira difícil de
benzoato só é possível em baixas concentrações de controlar e em muitas situações ocorre uma
acetato e benzoato. Ao aplicar um sistema híbrido, segregação de diferentes tipos de biofilmes ao
estes compostos são convertidos no leito de lodo, longo da altura do reator. Em reatores de escala
enquanto o ácido ftálico é então convertido na plena, as partículas desprovidas de biofilme
seção híbrida, onde microrganismos específicos frequentemente são segregadas, levando a
são retidos para degradar o composto refratário. problemas operacionais. Objetivando manter o
biofilme no reator, ajustes de vazão são
A desvantagem mais comum dos reatores necessários, após os quais o meio suporte começará
híbridos é a deterioração do meio suporte após a se acumular na parte inferior do reator como uma
longos períodos de operação. espécie de leito estacionário, enquanto agregados
leves fofos (biofilmes destacados) estarão
16.7.2.4 Reatores anaeróbios de leito presentes na parte superior. Este último só pode ser
expandido (EGSB) e fluidizado realizado quando a velocidade superficial
permanece relativamente baixa, o que, por sua vez,
Sistemas de leito expandido e leito fluidizado são não é o objetivo de um sistema de leito fluidizado.
considerados como a segunda geração de reatores
de leito de lodo, atendendo cargas orgânicas Os sistemas de segunda geração, como o
volumétricas extremas, da ordem de 30 a 60 kg Anaflux (Holst et al., 1997), dependem da
DQO/ m³.d em escala de laboratório e 20 a 40 kg expansão do leito ao invés da fluidização. Como a
DQO/ m³.d em escala plena. O processo de leito expansão do leito permite uma distribuição muito
fluidizado é baseado na adesão de bactérias a mais ampla dos biofilmes predominantes, o sistema
partículas móveis (meio suporte), que consistem, é consideravelmente mais fácil de operar. Como
por exemplo, em areia fina (0,1-0,3 mm), basalto, nos filtros anaeróbios convencionais, um meio
pedra-pomes ou plástico. Pode ser considerado suporte poroso inerte (partículas < 0,5 mm,
uma tecnologia de tratamento anaeróbio avançado densidade de aproximadamente 2) é usado para o
(Li e Sutton, 1981; Heijnen et al., 1990), capaz de crescimento bacteriano aderido no sistema
tolerar elevas cargas quando operado sob Anaflux. Um separador trifásico também é
condições definidas. Os reatores de leito fluidizado utilizado no topo do reator, semelhante ao
tornam-se altamente eficientes devido à elevada dispositivo GLS em reatores UASB. Quando a
transferência de massa resultante da (i) turbulência camada de biofilme aderida aos agregados (meio
líquida e do fluxo em torno das partículas, (ii) suporte) torna-se excessivamente desenvolvida e os
reduzida colmatação e menor curto-circuito devido agregados (mais leves) subsequentemente se
à ocorrência de grandes poros através da expansão acumulam no dispositivo separador, o material é
do leito e (iii) elevada área superficial específica do periodicamente extraído do reator por uma bomba
meio suporte devido ao seu pequeno tamanho. No externa, submetido a uma tensão de cisalhamento
entanto, a operação estável de longo prazo parece que remove parte do biofilme. Em sequência, tanto

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o meio suporte quanto a biomassa desprendida são variar entre 25-30 m/ h, causando uma mistura
retornados ao reator, e a biomassa livre (em quase completa no reator.
suspensão) é então varrida para fora do sistema.
Desta forma, a densidade do meio é controlada e Resultados excelentes foram obtidos com
um leito mais homogêneo é criado. Até 30-90 instalações modernas de leito expandido em escala
kgSSV / m³reator podem ser retidos desta forma e plena, como os reatores Biobed EGSB e Biopaq®IC
devido às elevadas velocidades de fluxo ascendente (Figura 16.19), considerando vários tipos de águas
(até 10 m/ h), um excelente contato líquido- residuárias e COVs entre 25-35 kg DQO/ m³.d. As
biomassa é alcançado. O sistema é aplicável para cargas extremas de DQO para sistemas do tipo
efluentes com concentração de sólidos em EGSB resultam em elevadas taxas de liberação de
suspensão < 500 mg/ L. A maioria dos reatores biogás, a seguir:
anaeróbios de leito fluidizado em escala plena são
instalados como processos Anaflux. No entanto, Vbiogas =
Ef−met 0.35 (T+273)
atualmente, os reatores do tipo EGSB são de muito DQO. . . . Vasc,líquido
100 Fmet−biogás 273
mais interesse para aplicações em escala plena do
que os sistemas fluidizados, que são mais caros. (16.47)

Os reatores EGSB podem ser considerados Em que:


como uma melhoria do reator UASB convencional. Ef-met = quantidade de DQO convertida em
O sistema EGSB emprega lodo granular, que é CH4 ou eficiência de remoção de DQO
caracterizado por boa sedimentabilidade e uma com base na produção de CH4,
elevada atividade metanogênica (ver também Fmet-biogás = fração de metano no biogás (por
Tabela 16.10). Como consequência, as COVs exemplo, 0,6 para 60% CH4),
aplicadas e as velocidades de fluxo ascendente são T = temperatura operacional do reator, em
consideravelmente maiores em reatores EGSB em ºC,
comparação com reatores UASB. A expansão do Vasc,líquido = velocidade ascensional do líquido no
leito de lodo é alcançada pelas condições de reator.
processo prevalentes. Ao se aplicar elevadas cargas
orgânicas, a capacidade de sedimentação tenderia a Deve-se notar que o valor real de Fmet-biogás será
ser menor devido à retenção de biogás nos maior do que a estimativa teórica usando 18,75 /
grânulos. No entanto, devido à boa 100 · DQO / COT (Figura 16.10), devido à alta
sedimentabilidade do lodo, também podem ser solubilidade do CO2 no meio e a ligação química
aplicadas elevadas velocidades ascensionais do de HCO3- a cátions tais como Na +, K + e NH4 +
líquido, ou seja, superiores a 6 m/ h. Tais (Seção 16.3.1.).
velocidades, conjuntamente com a ação de
levantamento do gás produzido, levam a uma Geralmente, uma taxa limite de liberação de
(modesta) expansão do leito de lodo. biogás da ordem de 2-3 m³/ m².h é aplicada para
Adicionalmente, como consequência, um excelente dispositivos GLS convencionalmente projetados
contato entre o lodo e o efluente é propiciado, para reatores EGSB. Para taxas que excedam esses
levando a aplicação de cargas potencialmente mais valores, separadores de gás mais avançados são
elevadas em comparação com reatores UASB necessários. Os reatores EGSB têm uma elevada
convencionais. Em alguns sistemas de leito relação altura-diâmetro, com alturas de até 25
expandido, por exemplo, no reator Biopaq®IC metros. Consequentemente, a turbulência do biogás
(Figura 16.20), as velocidades ascensionais, aumenta de baixo para cima. Uma vez que os
resultantes de fluxos hidráulicos e gasosos, podem sistemas EGSB dependem da retenção completa do
lodo granular, a separação eficiente do lodo na

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parte superior do sistema é de extrema importância. fins de mistura. Como consequência, e em


As várias empresas que fornecem os reatores contraste com os sistemas UASB, todo o lodo
EGSB têm projetos personalizados para separar retido é misturado com o efluente aduzido,
ativamente o lodo do fluxo de líquido e gás, enquanto pequenas partículas inativas são
aplicando dispositivos GLS específicos. É claro varridas do sistema.
que, sob as condições operacionais de EGSB, 4) Águas residuárias contendo ácidos graxos de
dispositivos GLS convencionalmente projetados cadeia longa (AGCL) (Rinzema, 1988). Sob
não são úteis. Curiosamente, aplicando um sistema condições de baixas velocidades de fluxo
EGSB, vários outros tipos de águas residuárias ascendente (reatores UASB), os AGCL tendem
podem ser tratadas, o que não seria factível a serem absorvidos no lodo e formar
utilizando-se reatores UASB convencionais. aglomerados de ácidos graxos inacessíveis. Sob
altas velocidades de fluxo ascendente (reatores
Exemplos são: EGSB), o substrato é introduzido em uma
1) Águas residuárias contendo compostos concentração mais baixa e é mais
altamente tóxicos, todavia biodegradáveis pela uniformemente distribuído para a biomassa.
via anaeróbia. O tratamento desses efluentes
requer que a diluição externa ou interna Uma versão especial do conceito EGSB é o
mantenha a concentração dos compostos reator de Circulação Interna (IC ®) (Vellinga et al.,
tóxicos suficientemente baixa. Por exemplo, 1986), (ver também a Figura 16.19). Neste tipo de
reatores em escala plena têm mostrado reator, o biogás produzido é separado do líquido a
desempenho estável ao longo de muitos anos, meia altura do reator através de um dispositivo
tratando águas residuárias com elevadas separador gás/líquido e transportado para cima por
concentrações de formaldeído, atingindo meio de uma tubulação até uma unidade
valores de aproximadamente 10 g/ L (Zoutberg desgaseificadora ou dispositivo de expansão. Nesta
e Frankin, 1996). unidade, o biogás separado é removido do sistema,
2) Águas residuárias contendo corantes e outros enquanto a mistura de lodo e efluente regressa para
compostos auxiliares têxteis tóxicos podem ser o fundo do reator por meio de outra tubulação. A
convertidas com sucesso em biogás sem efeitos pressão exercida pelo biogás coletado é utilizada
inibitórios sobre a biomassa (Frijters et al., para promover uma recirculação do líquido e do
2006). lodo granular na parte inferior do reator, o que
3) Águas residuárias sob baixa temperatura (< resulta em um contato melhorado entre o lodo e o
10oC) e diluídas (DQO < 1 g/ L), ou seja, efluente. A extensão da recirculação de
quando a produção específica de gás é muito líquido/lodo depende da produção de gás (Vellinga
baixa e a consequente mistura proporcionada et al, 1986; Pereboom e Vereijken, 1994; Habets et
pelo gás é ausente (Rebac et al., 1998). Os al., 1997).
reatores EGSB são caracterizados por uma
mistura hidráulica aprimorada e, portanto, são Exemplos em escala plena de sistemas IC e
menos dependentes da produção de biogás para EGSB são mostrados na Figura 16.20.

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Figura 16.19 Reatores EGSB e IC® dos principais fabricantes de sistemas anaeróbios Biothane B.V. (à esquerda) e Paques B.V.
(à direita).

Figura 16.20. Uma instalação EGSB para tratamento de águas residuárias de laticínios na Alemanha (à esquerda) e uma
instalação IC para tratamento de águas residuárias de cervejarias em Den Bosch na Holanda (à direita) (fotos: Biothane B.V. e
Paques B.V., respectivamente).
O sucesso dos reatores de leito expandido na década de 1990 resultou em um aumento na participação de
vendas às expensas dos reatores UASB (Figura 16.21).

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Figura 16.21. Participação dos reatores UASB e EGSB nos sistemas de tratamento anaeróbio em grande escala instalados no
período de 1984 a 2007. Os reatores EGSB incluem os sistemas EGSB, IC® e FB.
mais aprimorados que possam operar em condições
16.7.2.5 Processos avançados de separação de elevada vazão.
lodo-líquido

Problemas com a formação de grânulos restringem


os fornecedores a disponibilizar reatores
anaeróbios de alta taxa do tipo EGSB às indústrias
para o tratamento de suas águas residuárias. Além
disso, para os tipos mais complexos de efluentes,
como aqueles caracterizados por um alto teor de
sólidos em suspensão, os reatores de leito
expandido não são muito apropriados. Sob as
condições de fluxo prevalentes, os sólidos em
suspensão serão varridos do sistema e/ou os sólidos
mais pesados podem impactar negativamente a
formação e crescimento dos grânulos (Alphenaar, Figura 16.22. O reator Biopaq®UASBplus para o
1994). A incapacidade de formar grânulos também tratamento de águas residuárias concentradas, operado
é experimentada durante o tratamento de águas com lodo granular ou floculento.
residuárias caracterizadas por concentrações de
DQO que excedem 50 g/ L, por exemplo, A sedimentação fisicamente assistida pode ser
provenientes de destilaria ou vinhaça. Devido às alcançada pela utilização de um decantador de
elevadas concentrações de DQO, os tempos de placas inclinadas (decantador de alta taxa) para a
detenção hidráulica resultantes são muito longos, separação lodo-líquido no reator. A empresa
diminuindo drasticamente a pressão hidráulica Biothane Systems International incorporou um
seletiva dentro do reator, que é considerada crucial decantador de placas inclinadas no dispositivo GLS
para a granulação do lodo (Hulshoff Pol et al., em seu sistema BioBed®EGSB (Zoutberg e
2004). Os desenvolvimentos de novos reatores Frankin, 1996). Na última década, a empresa
estão se concentrando na robustez do sistema holandesa Paques aplicou essa ideia a um reator de
semelhantemente aos reatores UASB, nos quais os leito de lodo de fluxo ascendente com uma elevada
potenciais de aplicação de cargas orgânicas devem relação altura-diâmetro, em um sistema conhecido
atingir os níveis dos sistemas EGSB, embora a como o Biopaq®UASBplus (Figura 16.22). Embora
presença de lodo granular não possa ser garantida. o dispositivo separador de lodo UASBplus também
Isso exige dispositivos de separação de sólidos possa ser empregado para a retenção de grânulos

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anaeróbios, é adequado para o lodo anaeróbio regime de mistura parcial ou completa, diferentes
floculento, que é prevalente no caso de águas concepções têm sido testadas considerando a
residuárias mais concentradas, como o caso da separação das várias fases do processo anaeróbio
vinhaça proveniente da produção de bioetanol. (Van Lier et al., 2001). Um exemplo extremo é o
Aproximadamente um quinto dos sistemas processo de dois estágios em que a etapa de
UASBplus em escala plena estão operacionais, dos acidificação é completamente separada da etapa
quais aproximadamente um terço dos reatores metanogênica (veja a Seção 16.7.2.7). O
contém flocos ou pequenos agregados; a maioria sequenciamento de fases horizontal é obtido em
dos reatores UASBplus está instalada na China. reatores anaeróbios compartimentados, melhor
Mais recentemente, a mesma empresa caracterizados como um conjunto de reatores
introduziu um novo sistema no qual a separação UASB operados em série sem dispositivos GLS
lodo-líquido é realizada na parte inferior do reator (Bachmann et al., 1985; Barber e Stuckey, 1999).
de alta taxa. O sistema denominado Biopaq®ICX Embora algumas aplicações em escala plena
leva o efluente tratado da parte superior para um tenham sido feitas com esgoto doméstico, este
decantador de placas inclinadas na parte inferior do reator não foi desenvolvido para além da escala
reator (Figura 16.23). As vantagens observadas piloto (Zhu et al., 2015). A preocupação refere-se à
são: (i) o lodo flotante não é perdido do sistema; (ii) limitação hidrodinâmica que restringe o tempo de
há uma melhor separação lodo-líquido, atribuída à retenção celular do sistema, uma vez que a
maior densidade do lodo no fundo, que resulta do velocidade do líquido é substancialmente maior
aumento da pressão hidráulica de 1-2 bar; e (iii) as àquela de um reator de leito de lodo de etapa única.
concentrações de lodo são incrementadas, Como resultado, a massa de lodo pode mover-se
atingindo 70-80 kg SS/ m³, o que possibilita a lentamente com o líquido através dos vários
aplicação de cargas orgânicas volumétricas para compartimentos. Reatores verticalmente
além de 40 kg DQO/ m³.d. escalonados, como o sistema de leito de lodo
compartimentado de fluxo ascendente (Van Lier et
al., 1994, 2001; Guiot et al., 1995; Tagawa et al.,
2002) foram desenvolvidos especificamente para
elevadas temperaturas. No entanto, embora o
conceito tenha mostrado resultados promissores em
escala piloto, até o presente nenhum reator em
escala plena foi desenvolvido.

Possibilidades muito interessantes podem


existir para o reator anaeróbio em bateladas
sequenciais (RABS), que consiste em um conjunto
de reatores operados em bateladas considerando o
método de 'enchimento e esvaziamento'. Uma certa
quantidade de água residuária bruta é alimentada ao
Figura 16.23. O reator Biopaq®ICX com separação de reator anaeróbio, após o líquido sobrenadante de
biomassa aprimorada na parte inferior do reator uma batelada anterior ter sido retirado. Em seguida,
uma mistura suave do conteúdo do reator é
16.7.2.6 Outros sistemas anaeróbios de alta proporcionada a fim de permitir que o lodo ativo
taxa sedimentado entre em contato com a água
residuária e degrade os compostos orgânicos
Ao passo que os reatores anaeróbios de contato, os biodegradáveis. Após um período suficiente de
reatores UASB e os EGSB são baseados em um reação, o lodo é deixado sedimentar e o líquido

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sobrenadante é removido. O próximo ciclo é então 2012; Muñoz Sierra et al., 2019). As águas
iniciado. A granulação ocorre bem em um RABS residuárias industriais com características físico-
tratando efluentes diluídos e também sob químicas extremas provavelmente ocorrerão com
temperaturas ambientes mais baixas (Banik e mais frequência no futuro, pois os processos de
Dague, 1997). Estes sistemas mostraram-se de produção industrial mais limpos exigem uma
particular interesse para águas residuárias contendo redução no consumo de água atrelado ao aumento
ácidos graxos de cadeia longa (AGCL) (Alves et da reutilização, além da recuperação de recursos
al., 2001). Durante o período de enchimento, os (Van Lier et al., 2015; Dereli et al., 2012).
AGCLs são absorvidos pelo lodo anaeróbio e
subsequentemente estabilizados durante o processo Combinações de membranas com diferentes
de digestão, considerando a regeneração do lodo tipos de configurações de reatores anaeróbios de
em uma biomassa metanogênica altamente ativa. alta taxa, como CSTR, reatores de contato, UASB,
EGSB, leito fluidizado e reatores híbridos parecem
16.7.2.7 Reatores anaeróbios de membranas possíveis alternativas para o tratamento de
efluentes industriais (Ozgun et al., 2013). No
Os reatores anaeróbios de membranas (AnMBR) entanto, a integração da membrana elimina a
estão sendo cada vez mais pesquisados, pressão de seleção hidráulica necessária para a
particularmente para aplicações onde os sistemas granulação, enquanto a biomassa floculenta com
de leito de lodo comumente aplicados são menos piores características de imobilização é retida em
bem-sucedidos. Os AnMBRs combinam as vez de ser varrida do sistema. Além disso, ao
vantagens dos reatores de membrana (MBR) e da aplicar filtração de fluxo cruzado, as forças de
tecnologia anaeróbia (Dereli et al., 2012; Ersahin cisalhamento prevalentes reduzirão o diâmetro das
et al., 2014). Os custos operacionais relacionados partículas. Portanto, nenhuma granulação é
aos requisitos de energia para a recirculação de esperada em reatores de leito de lodo acoplados à
gás/líquido para controle de colmatação da filtração por membrana, o que diminuiria a
membrana e os custos químicos necessários para a capacidade de sedimentação da biomassa em uma
limpeza da membrana ainda têm um grande peso operação de longo termo. No entanto, uma
na viabilidade econômica dos AnMBRs. No abordagem sequenciada de um reator UASB
entanto, os custos de aquisição e/ou substituição de seguido por módulos de membrana separados
membrana diminuíram significativamente devido a oferece perspectivas interessantes de tratamento. O
um declínio nos custos dos módulos (Ozgun et al., reator UASB fornece uma pré-eliminação de
2013). Apesar dessas restrições, os AnMBRs sólidos em suspensão por aprisionamento e
oferecem efluentes de alta qualidade, livres de biodegradação no leito de lodo, o que reduz a carga
sólidos, e a retenção completa da biomassa, de sólidos para a membrana e, assim, minimiza a
independentemente de suas propriedades de colmatação relacionada à formação da camada de
sedimentação e/ou granulação. Além disso, os partículas (torta) (Ozgun et al., 2013). A maioria
AnMBRs podem ser usados para reter dos sistemas AnMBR pesquisados consiste em um
determinadas comunidades microbianas que reator CSTR acoplado a módulos de membrana de
podem degradar poluentes específicos nas águas fluxo cruzado ou um reator CSTR equipado com
residuárias. Portanto, a tecnologia AnMBR pode membranas submersas.
apresentar uma opção atrativa para o tratamento de
efluentes industriais em condições extremas, como A implantação comercial bem-sucedida da
elevada salinidade, temperatura, concentrações de tecnologia AnMBR começou no início dos anos
sólidos em suspensão e presença de toxicidade, que 2000. No Japão, a empresa Kubota implantou 13
dificultam a granulação e a retenção de biomassa plantas de escala relativamente pequenas com
ou reduzem a atividade biológica (Dereli et al. , vazões de até 2,5 m³/ h usando membranas

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submersas de folha plana. A mesma configuração a alimentação de um reator metanogênico é


foi selecionada para uma escala maior nos EUA relativamente prejudicial para a estabilidade do
pela empresa ADI, onde três sistemas em escala leito de lodo granular. Isso significa que a retenção
plena foram implantados desde 2008 (Christian et de lodo de um reator acidogênico precisa ser
al., 2011; Allison et al., 2013). Neste mesmo ano melhorada.
também ocorreu a construção do primeiro reator
AnMBR multi-tubular em escala de demonstração, Reatores de acidificação podem ser
tratando soro de leite de um produtor de queijo combinados com sistemas de aprisionamento de
cottage nos EUA. Este sistema utilizou membranas sólidos, protegendo o reator metanogênico de uma
de ultrafiltração da empresa Pentair (anteriormente carga elevada de sólidos. Testes foram realizados
Norit). Com base nos bons resultados, as empresas combinando decantação primária com digestão
Biothane Systems International e a Pentair co- anaeróbia para o esgoto doméstico. No entanto,
desenvolveram um sistema AnMBR de baixa embora Wang (1994) tenha implementado alguns
demanda energética denominado Memthane. sistemas em escala plena na China, nenhuma
Atualmente existem 11 reatores Memthane em implantação de grande porte foi registrada até o
escala plena. presente. Outra pesquisa sobre reatores de
acidificação se concentrou na produção de AGVs,
16.7.2.8 Reatores acidogênicos e hidrolíticos seja como um precursor para a produção de
bioplásticos (Tamis et al., 2018) ou para o aumento
À exceção dos reatores de mistura completa, até o da remoção de nutrientes em plantas de remoção
presente nenhuma configuração específica de biológica de nutrientes para esgoto doméstico.
reator foi desenvolvida para a etapa de
acidogênese. O processo de acidogênese 16.7.2.9 Tendências atuais de mercado
geralmente ocorre suficientemente rápido em um associadas à venda de reatores
reator sob mistura utilizado simultaneamente como anaeróbios de alta taxa
um tanque de equalização. Na prática, geralmente
não há necessidade de uma acidogênese completa. Diversos reatores anaeróbios de alta taxa foram
Além disso, atualmente se compreende que as introduzidos no mercado nas últimas décadas. A
etapas de acidificação e metanogênese conjuntas Figura 16.16 indica claramente que os reatores de
são benéficas para a formação de grânulos leito de lodo foram (e são), em grande medida, os
(Verstraete et al., 1996). A conversão de substrato mais bem-sucedidos. Desde o desenvolvimento da
passível de fermentação por microrganismos tecnologia UASB, ocorreu uma ampla introdução
acidogênicos é indispensável para a produção de no mercado. Desde a década de 1990, os reatores
substâncias poliméricas extracelulares (EPS – de leito de lodo expandido conquistaram o mercado
expolymeric substances) requeridas para a (Figura 16.21), devido à relação custo-benefício e
formação de uma estrutura granular estável, com o potencial de tratamento de cargas orgânicas mais
elevada resistência (Vanderhaegen et al., 1992). elevadas. Mais recentemente, várias outras
Vários autores sugeriram que os EPS são configurações foram introduzidas no mercado,
particularmente produzidos por organismos expandindo os potenciais de aplicação do
acidogênicos, criando uma matriz na qual todas as tratamento anaeróbio de alta taxa. Os dois líderes
bactérias e arqueias estão incorporadas (por de mercado global em tecnologia de digestão
exemplo, Batstone e Keller, 2001). Atualmente, na anaeróbia, as empresas Paques B.V. e Biothane-
maioria das aplicações em escala plena, busca-se Veolia, estão ambos localizados na Holanda e
uma pré-acidificação de no máximo 40%. cooperando estreitamente com universidades
Adicionalmente, a presença de concentrações mais (holandesas) no desenvolvimento de tecnologias.
elevadas de microrganismos acidogênicos durante As vendas de reatores de ambas as empresas são

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ilustrativas para o desenvolvimento das tecnologias Veolia no período de existência da empresa (1976-2019),
dados de 2019 não incluídos.
de digestão anaeróbia em todo o mundo. A Figura
16.24 mostra as vendas da Paques B.V., indicando
o aumento sequencial da tecnologia UASB e IC. Na
16.8 REATORES ANAERÓBIOS DE FLUXO
última década, vários sistemas de reatores novos, ASCENDENTE E MANTA DE LODO
além daqueles previamente discutidos, foram (UASB)
desenvolvidos, como o Biopaq®AFR,
Biopaq UASBplus, Biopaq ICX e Biopaq®Ubox.
® ®
16.8.1 Descrição do processo

Tendências semelhantes nas vendas de reatores O desenvolvimento e a implantação de reatores


podem ser observadas na Figura 16.25 para a UASB (Figura 16.17) deflagaram um grande
empresa Veolia-Biothane, que iniciou com o avanço na aceitação do tratamento anaeróbio para
primeiro reator UASB em escala plena construído uma ampla variedade de águas residuárias. O
em uma usina de beneficiamento de açúcar na sucesso do reator UASB pode ser atribuído à sua
Holanda, em 1976. Vale mencionar os avanços capacidade de reter uma alta concentração de lodo,
dessa empresa acerca da tecnologia BioBulk CSTR ao passo que se se obtém uma separação eficiente
e o reator Memthane AnMBR. das fases sólida, líquida e gasosa. O reator UASB
consiste em um tanque circular ou retangular no
qual as águas residuárias fluem de forma
ascendente através de um leito de lodo anaeróbio
que ocupa aproximadamente metade do volume do
reator, e consiste em grânulos ou flocos de elevada
sedimentabilidade (Figura 16.17). Durante a
passagem pelo lodo anaeróbio, o processo de
tratamento ocorre por aprisionamento de sólidos e
conversão da matéria orgânica em biogás e lodo. O
biogás produzido flui em direção ao topo do reator,
carreando efluente e partículas sólidas (lodo
biológico e sólidos inertes). As bolhas de biogás
são direcionadas (via defletores) para uma
Figura 16.24. Número de referências (eixo y) indicando as
superfície gás-líquido na parte superior do reator,
vendas de reatores anaeróbios de alta taxa pela Paques
conduzindo a uma eficiente separação gás-sólido-
B.V. no período de existência da empresa (1981-2018)
líquido. As partículas sólidas regressam para o topo
da manta de lodo, enquanto os gases liberados são
capturados em um cone invertido ou estrutura
semelhante, localizada na parte superior do reator.
O efluente passa pelas aberturas entre os defletores
carreando algumas partículas sólidas que se
depositam no compartimento de decantação,
devido à redução na velocidade ascensional face ao
aumento da área em seção transversal. Após a
sedimentação, os sólidos deslizam de volta para a
manta de lodo, enquanto o efluente deixa o
decantador através de calhas coletoras.
Figura 16.25 Número de referências (eixo y) indicando as
vendas de reatores anaeróbios de alta taxa pela Biothane-

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16.8.2 Considerações sobre o projeto de granular expandido, atingindo valores de até 8-10
reatores UASB m/ h.

16.8.2.1 Carga hidráulica máxima Com base na Vasc máxima permitida, as


dimensões mínimas em planta podem ser
A capacidade de conversão metanogênica em calculadas (Eq. 16.49).
reatores UASB, expressa em kgDQO/ m3.d, está
Qafl
diretamente relacionada à quantidade de biomassa Amin = (m²) (16.49)
Vasc max
viável retida e à atividade metanogênica específica
do lodo acumulado. Além da quantidade e
Para um determinado tempo de detenção
qualidade do lodo retido, as cargas orgânicas
hidráulica (TDH), a velocidade ascensional
volumétricas máximas também dependem da
máxima determina a razão H/A, em que H é a altura
mistura adequada do lodo com a água residuária
do reator de acordo com a Eq. 16.50.
afluente. O tempo de retenção celular (idade do
lodo) necessário estabelece limites quanto às Amin .Hmax
θ= (h) (16.50)
velocidades ascendentes de líquido aplicáveis Q

(Vasc), bem como à produção específica de biogás


resultante do processo de conversão anaeróbia e
(Lettinga e Hulshoff Pol, 1991). O projeto do reator
UASB combina as características de um biorreator H = Vasc . TDH (m) (16.51)
de alta taxa com as de um decantador secundário
embutido na parte superior. Portanto, a Vasc média Vreator = TDH . Q (m³) (16.52)
nos compartimentos de digestão e decantação estão
na faixa de 0,5-1,0 m/ h. Cargas hidráulicas mais Para qualquer situação em que a carga orgânica
elevadas podem conduzir à perda indesejável de aplicada não seja restritiva, a Eq. 16.52 fornece o
biomassa se um lodo do tipo floculento se acumular volume necessário para o reator UASB. Este é o
durante a operação do reator. Isso pode acontecer, caso para águas residuárias diluídas, como a
por exemplo, durante a partida do reator quando maioria do esgoto doméstico na zona tropical da
este é inoculado com lodo não adaptado, tal como América Latina, onde os valores de DQO são <
lodo de esgoto digerido, ou durante o tratamento 1.000 mg/ L. Logo, a carga hidráulica determina a
anaeróbio de esgoto doméstico. A Vasc pode ser quantidade de lodo acumulado e a capacidade
calculada a partir da vazão média e a área da seção metanogênica no reator geralmente excede as
transversal do reator (A) (Eq. 16.48). cargas orgânicas aplicadas.

Qafl
Vasc = (m/h) (16.48) 16.8.2.2 Carga orgânica aplicada
A

Na maioria dos casos, os reatores UASB são usados


sendo:
para o tratamento de águas residuárias mais
concentradas (Tabela 16.1). A capacidade de
Qafl igual à vazão afluente
conversão volumétrica ou carga orgânica aplicada
(COV) em kgDQO/ m³reator.d é então dependente
Com o crescimento e o acúmulo de lodo
de:
floculento espesso, ou lodo granular com elevada
capacidade de sedimentação, cargas hidráulicas • quantidade de biomassa acumulada (X), em kg
muito maiores são admissíveis no reator. Valores de sólidos em suspensão voláteis (SSV)/
elevados de Vasc são aplicados em reatores de leito volume do reator (m³),

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• atividade metanogênica específica (AME) do testes piloto nas últimas décadas e na grande
lodo em kgDQO/ kgSSV.d quantidade subsequente de experiência em escala
• o grau de mistura alcançado levando a um fator real, foi desenvolvida uma tabela de cargas
de contato entre 0 e 1. orgânicas aplicáveis (rv ou COV) que dependem
da temperatura do reator (Tabela 16.11). Quando a
A AME depende de uma série de fatores como:
COV ou rv aplicável é conhecida, o volume do
• temperatura, reator UASB pode ser facilmente calculado a
• presença de compostos inibidores ou tóxicos, partir da vazão e concentração afluentes (Eq.
• biodegradabilidade do substrato, 16.53):
• presença de sólidos em suspensão (SS) no C .Q
Vreator = aflu aflu
.
(m²) (16.53)
rv
afluente,
Um reator UASB é limitado hidraulicamente
• grau de pré-acidificação das águas residuárias.
ou pela carga orgânica aplicável, porquanto que o
Em reatores UASB convencionais, a massa de volume do reator é calculado pela Eq. 16.51 ou
lodo anaeróbio geralmente está na faixa de 35-40 16.52. Se a situação real não for conhecida, o
kgSSV/m³ de volume do reator (decantador volume é geralmente calculado com base em
incluído). O fator de contato depende da eficácia e ambas as considerações, adotando-se o maior
uniformidade do sistema de distribuição do valor resultante. A Figura 16.26 mostra o impacto
afluente e da carga orgânica aplicada, com a da concentração de águas residuárias (em kDQO/
produção de biogás resultante contribuindo m³) no volume necessário do reator. Assumindo-
amplamente para a mistura no reator. se um TDH mínimo de 4 h para evitar a perda de
Considerando o número de fatores desconhecidos, sólidos, o volume mínimo necessário do reator
uma caracterização completa das águas residuárias será de pelo menos 1.000 m³, independentemente
é indispensável para o projeto de um reator da concentração afluente. Não obstante, para
UASB. Além disso, testes em escala piloto são elevadas concentrações afluentes de DQO, o
geralmente realizados para obter uma melhor volume requerido para o reator depende
compreensão do crescimento e do diretamente da concentração das águas
desenvolvimento do lodo anaeróbio para uma residuárias, uma vez que a carga orgânica
água residuária específica. Com base em muitos admissível é pré-estabelecida.

Tabela 16.11 Cargas orgânicas aplicáveis em reatores UASB de etapa única para vários tipos de águas residuárias em função da
temperatura de operação. A biomassa consiste em lodo floculento espesso ou grânulos.
Temperatura (oC) Carga orgânica volumétrica
Água residuária Água residuária não Efluente com < 5% Efluente com 30 -
acidificada acidificada de DQO 40% de DQO
particuladaa) particulada
15 2-4 1.5 - 3 2-3 1.5 - 2

20 4-6 2-4 4-6 2-3

25 6 - 12 4-8 6 - 10 3-6

30 10 – 18 8 - 12 10 - 15 6-9

35 15 - 24 12 - 18 15 - 20 9 - 14

40 20 – 32 15 - 24 20 - 27 14 - 18

a)
5% da DQO afluente consiste em DQO particulada, 95% referem-se à DQO solúvel.

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Particularmente para reatores caracterizados


por uma elevada relação altura/diâmetro, ou
aqueles operados sob elevada carga orgânica
volumétrica, um cuidado especial é dado ao projeto
do separador trifásico (GLS), como pode ser visto
na Figura 16.27.

Figura 16.26 Determinação do volume do reator UASB


usando as seguintes suposições: TDH min = 4 h, Q = 250
m³/ h, rv = 15 kgDQO/m³.d, T = 30 ºC. O volume é
determinado pela carga hidráulica ou orgânica (adaptado
de Lettinga e Hushoff Pol, 1991).

Frequentemente, a grande incógnita refere-se à


carga hidráulica máxima ou ao TDH mínimo. É Figura 16.27 Determinação do volume do reator UASB
impraticável trabalhar-se com números fixos, pois usando as seguintes suposições: Q = 250 m³/ h, altura do
isso depende diretamente do tipo de lodo que será reator = 6 m, T = 30 ºC. O volume é determinado pela
cultivado para aquela água residuária específica carga hidráulica ou orgânica. A Vcrit determina o nível de
(granular ou floculento). Geralmente, para reatores corte para o volume mínimo necessário do reator com
UASB, e particularmente aqueles operados com base nas limitações hidráulicas (adaptado de Lettinga e
lodo não granular, considera-se uma velocidade Hushoff Pol, 1991).
ascensional máxima de 1 m/ h. A Figura 16.27
mostra o impacto no volume do reator quando 16.8.2.3 Componentes internos do reator
velocidades ascensionais de 6 m/ h podem ser
toleradas, o que se verifica quando da manutenção Os componentes internos mais importantes do
de lodo granular de boa qualidade. No exemplo, a reator UASB e que requerem consideração
mesma altura do reator é considerada. Com efeito, cuidadosa são o sistema de alimentação, a saída de
os volumes obtidos podem ser reduzidos por um efluente e o dispositivo GLS. A maioria dos
fator de 6. projetistas e fornecedores aplica seus próprios
projetos (muitas vezes patenteados). Foge ao
Além das velocidades de líquido, os reatores de escopo deste capítulo abordar em detalhes as
alta taxa também são limitados pela turbulência características de projeto desses componentes
provocada pelo biogás produzido. A velocidade internos, todavia a Seção 16.10 fornece algumas
ascensional do biogás (Vbiogás) pode ser calculada características gerais de projeto de reatores
usando a Eq. 16.46. Com dispositivos GLS anaeróbios aplicados ao tratamento de esgoto
convencionais, a Vbiogás máxima recomendada está sanitário.
entre 2 e 3 m/ h.

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De importância crucial são a uniformidade e a apropriado. Em comparação com os reatores


densidade de tubos do sistema de alimentação, UASB, os sistemas de distribuição dos reatores
particularmente quando o reator UASB é aplicado EGSB são menos críticos devido às áreas
para baixas cargas orgânicas volumétricas, ou seja, superficiais relativamente pequenas do reator.
quando a turbulência provocada pela produção de
biogás é limitada. A Tabela 16.12 fornece alguns Diretrizes preliminares de projeto para
valores indicativos aplicáveis aos reatores UASB dispositivos GLS convencionais em reatores
operados com lodo floculento ou granular. UASB são fornecidas na Tabela 16.13. Outras
Experiências em escala real mostram que para características de projeto são explicadas em
cargas orgânicas volumétricas superiores a 5 detalhes em Van Haandel e Lettinga (1994), e
kgDQO/ m³.d, a turbulência induzida pelo biogás é Chernicharo e Bressani-Ribeiro (2019).
suficiente para uma mistura adequada, reduzindo a
resistência à transferência de massa a um nível

Tabela 16.12 Área necessária (m²) por tubo de alimentação de um reator UASB, por tipo de lodo e carga orgânica volumétrica
aplicada.
Tipo de lodo Carga orgânica (kg DQO/ Área superficial por tubo de alimentação
m³.d) (m²)
Lodo floculento espesso (20-40 kg <1–2 1–2
ST/m³)
>3 2–5
<1 <1
Lodo floculento denso (> 40 kg 1–2 1–2
ST/m³)
>2 >2
<2 <2
Lodo granular 2–4 2–4
>4 >4

Tabela 16.13 Síntese das diretrizes para o projeto de dispositivo separador gás-líquido-sólido.

Dispositivo GLS para reatores UASB


1 O ângulo das paredes inclinadas deve ser de 45 a 60o.
2 A área superficial das aberturas entre os coletores de gás deve corresponder a 15-20% da área superficial do reator.
3 A altura do coletor de gás deve ser aproximadamente 1/3 da alura do reator, para alturas do reator de 5-6 m.
4 Para facilitar a liberação e coleta do gás e para combater a formação de uma camada de escuma, a escuma no
interior do dispositivo GLS deve ser rotineiramente removida.
5 Para evitar que o fluxo de gás entre no compartimento do decantador, a sobreposição dos defletores instalados
abaixo das aberturas deve ser de 15 a 20 cm.
6 Geralmente, defletores de escuma devem ser instalados antes das canaletas coletoras de efluente.
7 O diâmetro das tubulações de gás deve ser suficiente para garantir a fácil extração, principalmente em caso de
formação de escuma.
8 Na parte superior da câmara de gás, um sistema de injeção de jatos anti-espuma deve ser instalado caso o
tratamento da água residuária seja acompanhado de forte formação de espuma.

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16.9 CINÉTICA DO PROCESSO


16.8.3 Reator UASB-tanque séptico ANAERÓBIO
O reator UASB-tanque séptico é sistema de As taxas de conversão bacteriana, incluindo
particular interesse para aplicação em soluções processos anaeróbios, são geralmente descritas
descentralizadas. Esses reatores são aptos para o pela cinética de Monod para conversão de substrato
tratamento de esgoto doméstico relativamente (ver Capítulo 2). A cinética de conversão
diluído ou águas residuárias mais concentradas, anaeróbia, incluindo todos os parâmetros cinéticos,
como águas fecais coletadas separadamente. foi amplamente revisada por Batstone et al. (2002),
Semelhante à configuração de um reator UASB, o que apresentou um modelo unificado de digestão
sistema é operado sob fluxo ascensional e anaeróbia referido como ADM1 em analogia ao
velocidades muito baixas, variando de ASM1 para lodos ativados. O ADM1 evoluiu a
aproximadamente 0,01 m/ h para o tratamento de partir de vários modelos anaeróbios que foram
águas fecais a 0,20 m/ h para esgoto doméstico apresentados na literatura nas últimas décadas. Para
diluído. Para águas residuárias de origem a mesma conveniência explicada nas seções 16.3 e
doméstica concentradas, uma velocidade 16.5, o modelo ADM1 também faz uso do balanço
ascensional média de 0,02-0,05 m / h é de DQO para descrever o fluxo de elétrons durante
recomendada. Por causa das baixas cargas o processo de conversão anaeróbia. São notáveis as
hidráulicas, uma melhor separação de sólidos é grandes variações nos parâmetros cinéticos
obtida. De fato, os reatores UASB-tanque séptico avaliados para as reações de conversão, como
funcionam como um sistema de acumulação e indicado na Tabela 16.14 (Batstone et al., 2002).
estabilização de sólidos e um reator metanogênico Isso significa que a configuração do processo, a
para compostos orgânicos solúveis. A produção de flora microbiana prevalente e a efetiva operação do
lodo é muito baixa, tal que o período para remoção sistema determinam em grande monta os
é de 4-7 anos considerando o tratamento de esgoto parâmetros cinéticos aplicáveis.
doméstico. O reator UASB-tanque séptico é um
sistema robusto e compacto, podendo ser projetado Até o presente, o ADM1 tem sido uma
com TDH de 2 a 4 dias, o que corresponde a cargas ferramenta muito útil para descrever os sistemas
orgânicas volumétricas de 0,23-0,45 (kgDQO / existentes, facilitando o entendimento sobre a
m³.d), mesmo em países mediterrâneos e países dinâmica do processo e o impacto da alteração de
com clima temperado com uma baixa temperatura parâmetros, tais como concentração de
do esgoto durante o inverno abaixo de 13 ° C) (Al- alimentação, fluxo de substrato, temperatura, etc.
Jamal e Mahmoud, 2009; Mahmoud e Van Lier, Usando dados reais de um reator, os parâmetros
2011). Para melhorar a mistura, o reator UASB- cinéticos podem ser ajustados para prever de forma
tanque séptico pode ser opcionalmente equipado realista o desempenho para a remoção de DQO e
com um misturador central para movimento produção de CH4. Além disso, para fins de ensino,
periódico e suave do leito de lodo. o ADM1 é uma ferramenta valiosa que dá uma
visão sobre a importância de etapas de conversão
Para a remoção de nutrientes e de coliformes específicas em toda a cadeia de reações
fecais, uma etapa separada de pós-tratamento é consecutivas. Por outro lado, o ADM1 ainda carece
necessária. Logo, considerando a eficiente remoção de incorporar a cinética de biofilmes e a hidráulica
de sólidos em suspensão no reator UASB-tanque do processo, o que pode determinar amplamente a
séptico, é vantajosa a aplicação de processos cinética real em sistemas de tratamento anaeróbio
subsequentes simplificados, como filtros de alta taxa.
percoladores.

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Por exemplo, em um sistema trifásico, o utilizado como uma ferramenta de projeto. O


transporte de massa convectivo em um nível micro desafio atual está associado à combinação do
e macro, induzido pelos produtos finais gasosos, modelo biológico do ADM1 com outros modelos
pode ter um efeito importante nos parâmetros hidrodinâmicos e químicos, a fim de criar uma
cinéticos. A efetiva dinâmica resultante do sistema ferramenta de projeto abrangente ou uma
pode anular totalmente os parâmetros de entrada do ferramenta de suporte operacional considerando
modelo. Portanto, até presente, o ADM1 não é um ambiente dinâmico.

Tabela 16.14 Parâmetros cinéticos dos principais substratos/ produtos intermediários no processo de conversão anaeróbia
(Batstone et al., 2002). Dados de vários tipos de sistemas de digestão. A tabela apresenta os dados de revisão da literatura
apenas se disponíveis, caso contrário, valores típicos são considerados. Todos os substratos e pesos relacionados a SSV são
expressos como equivalentes de DQO.

Substrato Taxa de
utilização µmax (1/d) Y (kgSSV/kg) Ks (kg/m³) Kd (1/d)
(kg/kgSSV.d)
Hidrogênio 2-65 0,02-12 0,014-0,183 0,00002-0,0006 0,009

Acetato 3-18 0,05-1,4 0,014-0,076 0,011-0,930 0,004-0,036

Propionato 0,16-0,31 0,004-0,016 0,025-0,05 0,06-1,15 0,01-0,04

Butirato 5-14 0,35-0,90 0,066 0,012-0,30 0,027

Valerato 15-19 0,86-1,20 0,058-0,063 0,062-0,36 0,01-0,03

AGCL 1,4-37 0,10-1,65 0,045-0,064 0,06-2,0 0,01-0,20

Aminoácidos 36-107 2,36-16 0,06-0,15 0,05-1,4 0,01-3,2

Monossacarídeos 29-125 0,41-21,3 0,01-0,17 0,022-0,63 0,02-3,2

16.10 TRATAMENTO ANAERÓBIO DE aplicação de sistemas convencionais de lodo


ESGOTO SANITÁRIO ativado, para o que alternativas são buscadas. Os
processos anaeróbios de tratamento de águas
O esgoto sanitário é, em termos de quantidade, a residuárias oferecem uma alternativa econômica, já
tipologia de águas residuárias mais abundante no reconhecida em meados da década de 1970
planeta. O despejo de esgoto não tratado em águas considerando o trabalho de Lettinga e
superficiais tem um enorme impacto ambiental e colaboradores. Os reatores anaeróbios de alta taxa
representa sérios problemas de saúde pública. foram desenvolvidos nas décadas de 1970 e 1980
Minimizar os riscos ambientais e de saúde pública para o tratamento de efluentes industriais de
tem sido o principal incentivo para o elevada concentração, porém com baixo conteúdo
desenvolvimento de tecnologias de tratamento de DQO particulada. Deve-se notar que o esgoto
adequadas para lidar com essas águas residuárias sanitário é caracterizado como um tipo de água
(ver Capítulo 1). No entanto, em muitos países em residuária muito diluída, com uma elevada fração
desenvolvimento, restrições financeiras limitam a de DQO particulada. Em diversas partes do mundo,

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as concentrações de DQO do esgoto doméstico são percoladores, lodo ativado, processos físico-
< 1.000 mg/L e muitas vezes até abaixo de 500 químico, filtros de areia, wetlands etc. (Von
mg/L, com temperaturas que raramente chegam a Sperling e Chernicharo, 2005).
25 oC. De acordo com a Figura 16.26, o tratamento
anaeróbio desses efluentes é limitado pelas O reator UASB e a etapa de pós-tratamento
restrições hidrodinâmicas do sistema, e não pela podem ser implementados consecutivamente ou em
capacidade de conversão de matéria orgânica. uma configuração mais integrada. A Tabela 16.16
Devido à alta fração de DQO particulada, lista as características mais importantes dos
desenvolve-se nos reatores UASB um lodo processos anaeróbios de alta taxa para tratamento
floculento ao invés de grânulos durante o de esgoto. A maioria das vantagens está em
tratamento de esgoto sanitário. A hidrólise desta consonância com aquelas listadas para reatores
fração particulada torna-se a etapa de processo anaeróbios industriais (Seção 16.1.1).
limitante ao invés da metanogênese. Além disso, as
temperaturas do esgoto são frequentemente (muito) Não obstante, durante o estágio inicial de
mais baixas do que as dos efluentes industriais. desenvolvimento do processo anaeróbio de
Somente em condições de clima tropical o esgoto tratamento de esgoto doméstico, algumas das
doméstico atingirá temperaturas ideais para o limitações foram simplesmente ignoradas ou
processo anaeróbio (Van Haandel e Lettinga, negligenciadas no projeto de sistemas em escala
1994). A primeira experiência com tratamento plena devido às limitações financeiras (p.ex.: van
anaeróbio compacto/de alta taxa usando reatores Lier et al., 2010). Isso resultou em experiências
UASB para tratamento de esgoto ocorreu no início negativas com divulgação pejorativa do processo.
da década de 1980, em Cali, Colômbia (Van Atualmente, medidas devem ser tomadas para
Haandel e Lettinga, 1994). Os resultados obtidos na evitar a emissão descontrolada de gases de efeito
operação de um reator UASB piloto de 64 m³ estufa e o lançamento do CH4 capturado sem a
mostraram a viabilidade do sistema nas condições queima deve ser proibida (Chernicharo et al.,
ambientais e características do esgoto vigentes. Os 2015). Para a maioria das restrições listadas,
testes iniciais foram rapidamente seguidos por soluções técnicas estão disponíveis, ou pelo menos
reatores em escala real na Colômbia, Brasil e Índia em desenvolvimento, a tomar pela recuperação do
(Chernicharo et al., 2015). A Tabela 16.15 lista metano dissolvido em efluentes anaeróbios
alguns dos resultados desses reatores UASB em (Chernicharo et al., 2017; Heile et al., 2017).
escala plena tratando esgoto doméstico. Desde o
início de 1990, centenas de reatores UASB em A simplicidade do sistema também se observa
escala plena foram construídos, variando de 50- na Figura 16.28, que compara as unidades
50.000 m³ em volume, particularmente sob funcionais de um processo de lodo ativado com as
condições (sub)tropicais (Von Sperling e de um sistema anaeróbio de alta taxa. O reator
Chernicharo, 2005; Chernicharo et al., 2015; UASB de etapa única compreende apenas quatro
Chernicharo e Bressani -Ribeiro, 2019). unidades funcionais:
Geralmente, uma redução da DBO entre 70 e 80% 1) Decantador primário: remoção/ aprisionamento
é alcançada, com concentrações efluentes de sólidos em suspensão (não) biodegradáveis
inferiores a 40–50 mg/L. As eficiências de remoção do afluente.
em relação a DQO e SST são de aproximadamente 2) Reator biológico (tratamento secundário):
65-75% e eventualmente até mais elevadas remoção de compostos orgânicos
(Chernicharo et al., 2015). A fim de cumprir os biodegradáveis, convertendo-os em metano.
limites legais de lançamento, os reatores UASB são 3) Decantador secundário: clarificação do
geralmente acompanhados por um sistema de pós- efluente tratado no compartimento de
tratamento, como: lagoas de polimento, filtros decantação, na parte superior do reator UASB.

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4) Digestor de lodo: estabilização (digestão) e


melhoria das características de desidratação do
lodo retido.
Tabela 16.15 Desempenho dos primeiros reatores UASB em escala plena tratando esgoto doméstico. A DQO refere-se à
DQOtotal do esgoto bruto (Van Haandel e Lettinga, 1994).
País Volume Temperatura DQO afluente DQO efluente Ef. de remoção
TDH (h)
(m³) (oC) (mg/L) (mg/L)a) de DQO (%)
Colômbia 64 24-26 4-6 267 110 65

Colômbia 6.600 25 5,2 380 150 60-80

Brasil 120 23 4,7-9 315-265


3 145 50-70
2
Brasil 67,5 23 7 402 130 74

Brasil 810 30 9,7 563 185 67

Índia 1.200 20-30 6 563 146 74

a) Calculado a partir da DQO afluente e eficiência de remoção

Tabela 16.16 Principais vantagens e limitaçõesa) do tratamento anaeróbio de esgoto em sistemas de alta taxa.
Vantagens
• Economias substanciais em termos de custos operacionais, chegando a 90%, pois não é necessária energia
para aeração.
• Redução de 40-60% nos custos de investimento, pois menos unidades de tratamento são necessárias.
• A depender da escala de implantação, o CH4 produzido é de interesse para a recuperação de energia na forma
de eletricidade e / ou produção de calor.
• As tecnologias não fazem uso de equipamentos de alta tecnologia, exceto para as bombas de alimentação e
peneiras finas. O sistema é menos dependente de tecnologias importadas
• O processo é robusto e pode lidar com elevadas cargas hidráulicas e orgânicas periódicas.
• As tecnologias são compactas com TDHs médios entre 6 e 9 h, portanto, adequadas para aplicação em áreas
urbanas, minimizando os custos de transporte.
• Aplicações em pequena escala permitem tratamento de esgoto descentralizado, diminuindo a dependência
de extensas redes coletoras.
• A produção de lodo de excesso é baixa, sendo este estabilizado e de fácil deságue, portanto não requer
unidades específicas de tratamento.
• Os nutrientes (N e P) são retidos no efluente, assegurando a possibilidade de utilização para fins agrícolas.
Limitações
• O efluente anaeróbio exige pós-tratamento para atender a critérios de lançamento ou reúso.
• O CH4 produzido encontra-se amplamente dissolvido no efluente (dependendo da concentração de DQO e
da temperatura do líquido). Até o presente, nenhuma (ou apenas muito poucas) medida foram tomadas para
evitar que o CH4 escape para a atmosfera.
• O CH4 coletado geralmente não é recuperado ou queimado.
• A aplicação do tratamento anaeróbio de esgoto doméstico em baixas temperaturas requer longos TDHs e,
portanto, grandes volumes de reatores, o que limita a viabilidade do processo.
• Gases como o H2S, que se encontram dissolvidos no efluente, podem escapar, causando problemas de odor.
a)
Comparativamente ao processo de lodo ativado

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Figura 16.28 Unidades funcionais de uma estação de tratamento de esgoto, comparando lodos ativado (A) e a tecnologia
UASB (B).

O pré-tratamento do esgoto bruto via simples, pois os critérios hidráulicos limitam a


gradeamento e desarenação é necessário para carga a ser aplicada. O dimensionamento
qualquer sistema de tratamento compacto. O volumétrico de um reator UASB tratando esgoto
tratamento anaeróbio de esgoto geralmente requer com uma concentração média de DQO de 500
peneiras finas, de 4-6 mm de distância livre entre mg/L pode ser calculado usando as eqs. 16.48-
barras, após grades grossas, para minimizar 16.52. Aplicando um Vasc média de 0,7 m/h e um
problemas operacionais, como entupimento do TDH de aproximadamente 8 h (Chernicharo et al.,
sistema de distribuição do efluente. Na maioria dos 2015), a altura do reator é 0,7 m/h x 8 h = 5,6 m,
casos, a peneira fina é a parte mais cara do sistema enquanto o volume do reator é 8 h x Q em m³/h.
de tratamento. O lodo de um reator anaeróbio
adequadamente projetado, tratando esgoto
doméstico, é bem estabilizado devido ao longo
tempo de residência celular, e pode ser desidratado
por meio de leitos de secagem. Odores não são
emitidos nestes leitos.

De acordo com a Figura 16.29, o projeto de um


reator UASB para o tratamento de esgoto diluído
(em temperaturas entre 20-30 oC) é relativamente

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seja, uma baixa relação DQOsolúvel/DQOtotal, e uma


baixa temperatura. Os sólidos em suspensão podem
constituir 50-65% da DQOtotal. Portanto, a
conversão da DQO é amplamente limitada pela
hidrólise do material particulado e a taxa de
hidrólise na temperatura prevalente determina a
idade do lodo a ser utilizada. Zeeman e Lettinga
(1999) apresentam a seguinte equação para
determinar o TDH para o tratamento de águas
residuárias com uma elevada fração de sólidos em
suspensão (e produção de biomassa << acumulação
Figura 16.29 Representação esquemática de um reator
de sólidos) com base na idade do lodo estabelecida,
UASB para tratamento de esgoto doméstico. Os
massa de lodo retida no reator UASB, fração
aspectos de projeto mais importantes são indicados.
sólidos em suspensão hidrolisados e remoção de
sólidos em suspensão.
Os aspectos mais críticos de projeto são
ilustrados na Figura 16.29 e são bem explicados por V θ(DQOp,0 −DQOp,e )(1−nh )
TDH = = (h)
Van Haandel e Lettinga (1994), Von Sperling e Q X
Chernicharo (2005) e Chernicharo e Bressani- (16.54)
Ribeiro (2019). A Tabela 16.17 fornece alguns Θ = tempo de retenção celular (idade do lodo);
números principais com base nos vários reatores nh = fração de hidrólise da DQO particulada;
em escala real na América Latina. DQOp,0 = DQO particulada afluente;
DQOp,e = DQO particulada efluente;
Tabela 16.17 Alguns critérios de projeto para reatores X = quantidade de biomassa acumulada (em kg de
UASB tratando esgoto em países tropicais. sólidos em suspensão voláteis (SSV)/ volume do
reator (m³),
Parâmetro Valor
TDH médio 6-8 h
Após o cálculo do TDH, é necessário verificar
Altura 5m
se a Vasc não é maior que o Vasc crítica. Para o
Densidade de tubos de 1 tubo a cada 1-4m²
tratamento de esgoto doméstico de baixa
distribuição
concentração, em condições mesofílicas, a Vasc
Sistema de distribuição Cada tubo para um
crítica determinará o TDH.
compartimento
Pressão estática na Até 50 cm
Quando a temperatura do esgoto doméstico é <
caixa de distribuição
20 ºC, a idade do lodo, ao invés das condições
do efluente
Média diária de 4 m/h
hidrodinâmicas prevalentes, determinará o TDH.
Velocidade
Durante 2-4 h: 8 m/h
Quando o reator não é bem projetado (por exemplo,
ascensional nas
TDH muito baixo para determinada temperatura),
aberturas
0,7 m/h
o lodo em suspensão não digerido começa a se
Velocidade
acumular no leito de lodo, a capacidade hidrolítica
ascensional
e metanogênica diminui gradualmente,
deteriorando a remoção de DQO particulada e
Embora o esgoto doméstico seja um tipo de solúvel, culminando na falha no reator.
água residuária diluída, também é caracterizado
como um efluente complexo, com um teor Conforme indicado anteriormente, o principal
relativamente alto de sólidos em suspensão, ou critério de projeto, além da Vasc (m/h), é o tempo de

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retenção celular (idade do lodo - θ), que deve de água, as concentrações de esgoto variam entre
sempre estar acima de um valor mínimo, a fim de 1.000-2.500 mgDQO/L, por ex.: no Oriente Médio,
manter a capacidade de conversão hidrolítica e no Norte da África, na Península Arábica etc. Além
metanogênica do lodo. No tratamento de esgoto disso, os climas temperados no Oriente Médio e no
doméstico diluído em condições tropicais, DQO < Norte da África são caracterizados por invernos
1.000 mg/L e t > 20 ºC, essa premissa será sempre frios, especialmente nas áreas montanhosas.
atendida, pois as condições hidráulicas (Vasc)
determinam o TDH. Ao considerar a hidrólise
como a etapa limitante do processo, a qual é
descrita por uma cinética de primeira ordem, tem-
se que a idade do lodo requerida é determinada por
esta constante de hidrólise de primeira ordem e a
conversão desejada de DQO particulada.

A efetiva idade do lodo de um reator UASB em


operação pode ser calculado usando a Eq.16.55,

Vreator V . DQOlodo
θ= = (d) (16.55)
Q Qe .DQOpaticulada + Qex .DQOex

Figura 16.30 Tempo de retenção celular requerido para


sendo:
tratamento de esgoto doméstico em função da
DQOlodo = concentração do lodo (em termos de
temperatura.
DQO) por m³ de volume do reator (kg DQO/m³)
DQOparticulada = concentração efluente de
DQOparticulada (kg DQO/m³) Experiências na Jordânia e na Palestina
V = volume do reator (m³) mostram concentrações de DQO do esgoto
Qe = vazão de esgoto efluente (m³/d) doméstico atingindo 2.500 mgDQO/L com
DQOex = concentração do lodo de excesso (em relações SST/DQO de 0,6 (Mahmoud et al., 2003),
termos de DQO) por m³ de volume do reator (kg enquanto as temperaturas no inverno podem cair
DQO/m³) para 15 ºC. Ao aplicar os critérios de projeto de um
Qex = vazão de lodo de excesso (m³/d) reator UASB convencional, o TDH precisa ser
aumentado atingindo valores de 20-24 horas
A temperatura tem um grande impacto nas (Hallalsheh et al., 2005). Obviamente, isso afetará
taxas de hidrólise de primeira ordem e, portanto, na a hidrodinâmica do sistema, exigindo mudanças no
idade mínima de lodo requerida. O impacto da sistema de distribuição do efluente para evitar
temperatura na idade do lodo necessária em um curtos-circuitos. Alternativamente, a grande carga
reator UASB tratando esgoto sanitário é ilustrado de sólidos em suspensão pode ser endereçada em
na Figura 16.30. unidades separadas, como um decantador primário
ou remoção aprimorada de sólidos em filtros de
Posta a importância da idade do lodo, fluxo ascendente, acoplado a um digestor de lodo
evidencia-se que o projeto de um reator UASB (Elmitwalli, 2000). Uma nova abordagem é acoplar
convencional para esgoto sanitário, conforme o reator UASB a um digestor mesofílico com troca
aplicado em países tropicais, precisa ser de lodo (Mahmoud, 2002; Mahmoud et al., 2004;
reconsiderado quando a temperatura cai e as Mahmoud, 2008). Com este sistema, os sólidos
concentrações de DQO excedem 1.000 mg/L. Em acumulados serão digeridos em temperaturas mais
muitos países áridos com abastecimento limitado

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altas, enquanto a atividade metanogênica no reator diz respeito à sustentabilidade no tratamento de


UASB será aumentada por um fluxo de retorno. esgoto doméstico, esta decisão é considerada uma
Os primeiros reatores UASB em escala real na oportunidade perdida, especialmente porque o
região do Oriente Médio estão localizados no Delta esgoto mais concentrado é efetivamente ideal para
do Nilo e na área de Fayoum, ao sul do Cairo, o pré-tratamento anaeróbio. A energia recuperada
Egito. O projeto é baseado na abordagem poderia então ter sido usada na planta para o
convencional levando em consideração a tratamento subsequente do efluente até atingir os
concentração relativamente alta do esgoto, padrões de lançamento ou de reúso. Qualquer
resultando em um TDH médio ligeiramente excesso de energia poderia ter servido como fonte
superior a 12 h, embora caia para 5 h durante as de alimentação para, por exemplo, bombas de
vazões de pico (Nada et al., 2011). Na área de irrigação ou para assentamentos nas proximidades
Fayoum, o reator UASB é seguido por um filtro da planta.
percolador convencional para pós-tratamento do
efluente anaeróbio. Os resultados de longo prazo Considerando a preocupação atual com o
mostram que o efluente atende aos critérios locais consumo de combustíveis fósseis, as emissões de
de lançamento para DBO e SST de 60 e 50 mg/L, CO2 relacionadas e as mudanças climáticas, o
respectivamente. No entanto, os limites mais tratamento anaeróbio oferece uma alternativa
restritivos para DQO, de 80 mg/L, não puderam ser viável para tratar o enorme fluxo de esgoto
atendidos. Isto deve-se às concentrações muito doméstico em muitas partes do mundo. No entanto,
elevadas de matéria orgânica inerte no esgoto para evitar quaisquer emissões de gases de efeito
provenientes de fossas sépticas e esterco animal. estufa, a recuperação e o uso de todo o CH4
Testes piloto em Amã mostraram a viabilidade do produzido deve se tornar uma parte intrínseca de
sistema como método de pré-tratamento de baixo qualquer projeto de estação de tratamento
custo ideal para redução da carga de DQO, ao anaeróbia. Devido à sua compacidade, o tratamento
mesmo tempo em que gera energia para o pós- anaeróbio de esgoto de alta taxa pode ser aplicado
tratamento. A Tabela 16.18 resume brevemente os em áreas urbanas. Este último levará a enormes
resultados mais importantes (Hallalsheh et al., reduções de custos na construção de sistemas de
2005). Um reator UASB seguido por wetlands coleta e transporte de esgoto, bem como estações
construídos atendendo a 100 casas na Palestina elevatórias. Deve-se considerar que menos de 20%
mostrou desempenho de processo estável com dos efluentes domésticos produzidas na Ásia são
resultados muito satisfatórios. O sistema é operado tratados, e na América Latina esse valor é de apenas
sem consumo de energia elétrica, posto que a 15% (WWAP, 2017). Na África, as águas
combinação dos processos anaeróbio e natural não residuárias geradas raramente são coletadas e o
requerem eletricidade e a alimentação é realizada tratamento de esgoto, com exceção da área do
por gravidade. Mediterrâneo e da África do Sul, é praticamente
ausente. Com o incremento da compreensão básica
No entanto, embora as perspectivas de uma do processo anaeróbio e o aumento do número de
aplicação em grande escala em Amã tenham se experiências em escala plena, o tratamento
mostrado promissoras (Tabela 16.18), optou-se por anaeróbio certamente se tornará um dos principais
alterar o antigo sistema de lagoas de estabilização métodos para tratar efluentes (e resíduos sólidos)
em uma planta moderna de lodo ativado. No que de natureza orgânica.

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Tabela 16.18 Testes com reatores UASB piloto em Amman-Zarqa na planta de tratamento Khirbet As Samra, Jordânia

Características médias do efluente Desempenho do processo (incluindo pós-decantação)


Vazão 180.000 m³/d Remoção de DQO: Até 80%
DQO 1.500 mg/L Remoção de DBO: Até 85%
DBO 500-700 mg/L Remoção de SST: Até 80%
SST 600-700 mg/L Remoção de patógenos: Negligenciável
NH4+-N 70-130 mg/L Produção de CH4: 0,25 (inverno)-0,44 (verão)
Nm³CH4/kgDQremovida

NTK 90-200 mg/L Assumindo uma recuperação de CH4 de apenas 0,15


Nm³CH4/kgDQremovida tem-se uma produção de CH4 de
27.000 m³/d, equivalente a um potencial de geração de
energia de ≈ 5MW (assumindo 40% eficiência em um
Ptot 10-40 mg/L motor CHP)
T 16-28 oC

16.11 TRATAMENTO ANAERÓBIO DE considerando que toda a DQO removida é


ÁGUAS FECAIS EM NOVOS convertido em CH4. Deve-se notar que o
SISTEMAS DE SANEAMENTO aquecimento da água implica em 4,2 MJ / m³ oC, e
perdas de energia adicionais ocorrerão durante a
Conforme indicado anteriormente, o esgoto conversão de energia.
sanitário é tipicamente muito diluído, com
concentrações de DQO às vezes até abaixo de 500 Efluentes provenientes de vaso sanitário (fezes
mg/L. Quando, além da intensa diluição, também e urina) apresentam tipicamente elevadas
prevalecem baixas temperaturas (< 20 ° C), a concentrações de DQO e nutrientes (Kujawa-
aplicação do processo anaeróbio direto não é Roeleveld e Zeeman, 2006). A diluição ocorre a
viável, devido aos longos TDHs necessários e, partir da mistura com a água de descarga, águas
portanto, grandes volumes de reator e condições cinzas (ducha/banheira, cozinha, pia e água de
hidráulicas desfavoráveis. Os longos TDHs lavanderia) e, frequentemente, água pluvial. Redes
decorrem das longas idades de lodo requeridas para coletoras convencionais para o transporte de esgoto
baixas temperaturas (ver Figura 16.28 e Equação doméstico são concebidas para o transporte de
16.54). O aquecimento do esgoto para favorecer o efluentes líquidos.
tratamento anaeróbio implica em elevado
dispêndio energético, o que não faz sentido. Com Em novos sistemas de saneamento, as águas
base em uma concentração de DQO de 500 mg/L, fecais e cinzas são coletadas, transportadas e
a recuperação de energia bioquímica máxima via tratadas separadamente (Otterpohl et al., 1997;
metano é de apenas 0,5 kgDQO/m³ x 0,70 Zeeman, 2012). Quando da aplicação de vasos
(eficiência de conversão de DQO) x 12,4 MJ/ kg de sanitários que usam uma pequena quantidade de
DQO (consulte a Seção 16.1.1) = 4,3 MJ/ m³, água para a descarga (≤ 1 L por descarga), o

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tratamento anaeróbio de águas fecais em condições 2011b). Novas técnicas físico-químicas de


mesofílicas (≥ 25 ° C) pode se tornar uma técnica recuperação de N estão em pesquisa, considerando
viável (De Graaff et al., 2010). Atualmente, há a concentração da amônia para reutilização (por
sistemas de coleta e transporte a vácuo para exemplo, Van Linden et al., 2019, 2020).
tratamento anaeróbio em escala plena em pequenas Fernandes et al. (2015) publicou a possibilidade de
comunidades. Na Holanda, Suécia e Bélgica, a utilizar um fotobiorreator para recuperar N e P de
tecnologia UASB-tanque séptico é aplicada, efluente anaeróbio do tratamento de águas fecais
enquanto na Alemanha a tecnologia de reatores de (coletadas a vácuo). Este novo conceito de
mistura completa (tipo CSTR) é usada para o saneamento, incluindo o tratamento anaeróbio de
tratamento de águas fecais. águas fecais (coletadas a vácuo), encontra-se
atualmente implantado em escala plena em quatro
Ao se utilizar reatores UASB para o tratamento localidades na Holanda, considerando três edifícios
de águas fecais (coletadas a vácuo) com uma comerciais e um conjunto habitacional de 250 casas
concentração de aproximadamente 10 gDQO/L, na cidade de Sneek (De Graaf e Van Hell, 2014).
TDHs mais baixos podem ser aplicados em Novas aplicações em escala plena podem ser
comparação com reatores de mistura completa. O encontradas na Alemanha para um conjunto
tratamento anaeróbio de águas fecais é parte de um habitacional de aproximadamente 800 casas, bem
conceito de saneamento em escala local, onde os como na Bélgica e na Suécia para 320 apartamentos
nutrientes são recuperados / removidos do efluente (EP = 1.800) e 430 casas (EP = 1.200),
anaeróbio e a água cinza é tratada separadamente, respectivamente. A maioria dos novos conceitos de
por exemplo, em um sistema de lodo ativado ou saneamento mencionados aplica a codigestão de
wetlands construídos. A elevada concentração de águas fecais (coletada a vácuo) com resíduos
nutrientes nas águas fecais tratadas em sistemas alimentares.
anaeróbios permite uma recuperação mais
eficiente. Uma recuperação de 0,22 kgP/hab.ano, Desenvolvimentos recentes indicam que o
via precipitação de estruvita, foi relatado por De “novo conceito de esgotamento sanitário" é uma
Graaff et al. (2011a) considerando o tratamento opção atraente para novos conjuntos habitacionais,
anaeróbio de águas fecais (coletadas a vácuo) em para recuperar energia por meio do tratamento
reatores UASB. Este per capita representa 10% da anaeróbio de águas fecais em conjunto ou não à
produção industrial global de fertilizantes de fração orgânica dos resíduos sólidos urbanos
fósforo. Aproximadamente 40% do P afluente está (FORSU) e subsequente recuperação de nutrientes
contido no lodo anaeróbio do tratamento de águas para fins agrícolas, conforme esquematicamente
fecais. representado na Figura 16.31. Além do tratamento
Embora relativamente elevada de águas fecais, propõe-se também que as águas
(aproximadamente 1gN/L), a concentração de cinzas sejam tratadas com uma qualidade que possa
nitrogênio no efluente anaeróbio do tratamento de ser reutilizada para, pelo menos, para infiltração no
águas fecais (coletadas a vácuo) ainda é muito solo (Bisschops et al., 2019). Em todos os 'novos
baixa para a recuperação de N com eficiência conceitos de saneamento', a digestão anaeróbia
energética, considerando as tecnologias desempenha um papel central na estabilização da
disponíveis atualmente. Atualmente, a remoção de matéria orgânica, minimizando o consumo de
N é aplicada por meio de processos de nitritação e energia (fóssil) e maximizando a recuperação de
anammox (Vlaeminck et al., 2009; De Graaff et al., energia bioquímica na forma de gás metano.

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Figura 16.31 Tratamento descentralizado de águas fecais separadas na fonte (AF) e água cinza (AC) com recuperação de
nutrientes para fins agrícolas (adaptado de Bisschops et al., 2019). FORSU: fração orgânica dos resíduos sólidos urbanos

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The IWA Anaerobic digestion Model No 1


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NOMENCLATURA

Símbolo Descrição Unidade


A Área da seção transversal do reator m²
Amin Área superficial mínima m²
Ef-met quantidade de DQO (kg/m³) convertida em CH4 %
Fmet-biogas fração de metano no biogás, geralmente entre 0.6 e 0.9 -
H Altura do reator m
Ks Constante de saturação de Monod mgDQO/L
Qafl Vazão afluente m³/h
rv Carga orgânica volumétrica kgDQO/m³.d
T Temperatura °C
Td Tempo de duplicação da biomassa d
Vbiogas Velocidade ascensional do biogás m/h
Vcrit Nível de corte para o volume mínimo necessário do reator m/h
com base nas limitações hidráulicas
Vreator Volume do reator m³
Vasc Velocidade ascensional do líquido m/h
Vasc,max Velocidade ascensional máxima permitida do líquido m/h
X Quantidade de biomassa acumulada kgVSS/m³
Xreator Concentração de biomassa viável no reator kg/m³
∆G°’ Energia livre de ativação kJ/mol

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Abreviatura Descrição
ABRS BRS oxidadoras de ácido acético
AGBRS BRS oxidadoras de ácidos graxos
AGCC ácidos graxos de cadeia curta
AGCL ácidos graxos de cadeia longa
AGV Ácidos graxos voláteis
BA Bactérias acetogênicas
BMP Biomethane potential/Potencial biometanogênico
BRS Bactérias redutoras de sulfato
ADM1 Anaerobic digestion model/Modelo de digestão anaeróbia no.1
AME atividade metanogênica específica
AnMBR Anaerobic membrane bioreactors/biorreatores anaeróbios de membrana
ASM1 Activated sludge model nº1/Modelo de lodo ativado no.1
CHP Combined heat and power/Cogeração de eletricidade e calor
COV Carga orgânica volumétrica
CSTR Continuous stirred tank reactor/Reatores de mistura completa
EGSB Expanded granular sludge reactor/Reator de leito granular expandido
EPS Extracellular polymeric substance/Substâncias poliméricas extracelulares
FB Fluidized bed reactor/Reator de leito fluidizado
FA Filtro anaeróbio
GLS Sistema de separação gás-líquido-sólido
HBRS BRS oxidadoras de hidrogênio
IC Internal circulation reactor/Reator de circulação interna
PTA Purified therephthalic acid/ácido ftálico purificado
SSV Sólidos em suspensão voláteis
TDH Tempo de detenção hidráulica
UASB Upflow anaerobic sludge blanket/Reator anaeróbio de fluxo ascendente e manta de
lodo

Símbolo grego Explanação Unidade


μmax Taxa específica de crescimento 1/d
Θ Tempo de detenção hidráulica (TDH) h

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17 Modelagem de biofilmes
Eberhard Morgenroth
Tradução: Paulo Gustavo Sertório de Almeida

17.1 O QUE SÃO BIOFILMES? extracelular polymeric substances) contendo


polissacarídeos, proteínas, ácidos nucléicos livres e
Os processos de tratamento biológico possuem as água (Sutherland, 2001). SPE pode ser entendido
duas seguintes condições em comum: (i) como o componente de aderência para a
microrganismos ativos devem ser concentrados no manutenção da integridade do biofilme. É
sistema, e (ii) microrganismos devem ser importante ressaltar que a concentração da
removidos do efluente tratado antes do líquido biomassa ativa no biofilme é consideravelmente
deixar o sistema. Em sistemas de lodo ativado os maior em relação ao que se observa em sistemas de
microrganismos se desenvolvem em flocos em lodo ativado. A imagem de um biofilme
suspensão na água e a subsequente separação desenvolvido em um reator de leito móvel é
sólido-líquido é necessária para reter biomassa no apresentada na Figura 17.1.
sistema (por exemplo com o uso de tanques de
decantação ou membranas). Em reatores com
biofilme, os microrganismos são imobilizados em
uma matriz biológica, por sua vez aderida a uma
superfície. Assim, a manutenção da biomassa ativa
em reatores com biofilmes não requer o uso de
decantadores. Ainda que bactérias em suspensão
possam ser varridas do sistema junto com o
efluente, a biomassa presente em biofilmes tende a
ser protegida deste processo, permanecendo em
locais de abundância, em termos de alimento
(substrato). De toda a forma, o desenvolvimento de
um biofilme dependerá do tempo de residência
Figura 17.1 Biofilme desenvolvido em meio suporte de um
celular em um sistema. Se a taxa de varrimento
reator de leito móvel (foto: AnoxKaldnes).
celular da biomassa em suspensão é mais elevada
que a taxa de crescimento de um determinado Na figura 17.2 B diferentes compartimentos
grupo de organismos, então tais organismos que compõem um biofilme são apresentados, a
preferencialmente se desenvolverão em um saber: seio líquido do reator, camada limite ou de
biofilme. Com baixas taxas de varrimento celular, contorno (transição entre o seio líquido e o
há menos incentivo para o desenvolvimento biofilme), biofilme e a superfície de aderência
bacteriano em biofilmes. Biofilmes são compostos (substratum). O transporte de substratos e
por bactérias incorporadas a uma matriz de aceptores de elétrons para o biofilme é
substâncias poliméricas extracelulares/SPE (EPS – essencialmente realizado por difusão molecular.

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Tal mecanismo é usualmente de ordem mais lenta em biofilmes, desenvolvimento de biofilmes e


em comparação com a remoção de substratos, desempenho global de reatores com biofilmes.
resultando em gradientes de concentrações no
interior do biofilme. Por consequência, a remoção
de substratos em biofilmes é geralmente limitada
pelo transporte de massa, sendo a resistência a
transferência de massa a principal desvantagem
associada a sistemas com biofilmes. Por outro lado,
os gradientes de concentrações de substratos
permitem o desenvolvimento de nichos ecológicos
distintos no interior do biofilme, a depender das
concentrações locais de substratos e aceptores de
elétrons. Um exemplo são as condições anóxicas
que podem se desenvolver no interior do biofilme,
independentemente das condições aeróbias no seio
do reator, permitindo que a desnitrificação ocorra
em porções mais internas da matriz biológica. A
compreensão das interações entre o transporte de
massa e os processos de conversão de substratos é
necessária para o entendimento do desempenho
Figura 17.2 (A) Biofilme desenvolvido em um canal de
global de sistemas com biofilme.
fluxo (imagem capturada com o uso de microscopia
confocal de varredura a laser) (foto: Hung et al., 1995;
Biofilmes podem ser benéficos para aplicações
McFeters, 2002), e representação esquemática de
associadas ao tratamento de esgoto, tratamento de
diferentes componentes de um sistema de biofilmes: seio
água para abastecimento humano, remediação de
do reator, camada de contorno e superfície de aderência
solos, bem como na formação de barreiras para
(substratum) (B) (adaptado de Wanner et al., 2006).
conter plumas de contaminação. Por outro lado,
biofilmes podem trazer prejuízos no caso de redes
de distribuição de água de abastecimento,
17.2 MOTIVAÇÃO PARA A MODELAGEM
trocadores de calor, higiene dental, implantes com
DE BIOFILMES E COMO ESCOLHER A
biomateriais e sistemas de navegação (por
ABORDAGEM MATEMÁTICA
exemplo, formação de biofilmes em cascos de
APROPRIADA
navios). Biofilmes podem ser benéficos ou
prejudiciais pois (i) convertem compostos Os modelos matemáticos variam em termos de
disponíveis no seio líquido, encontrando processos considerados dentro do biofilme, a
aplicabilidade no tratamento de águas residuárias informação que se deseja obter com o uso do
ou de abastecimento visando a remoção de modelo, bem como a demanda requerida para as
compostos indesejados, (ii) interferem no fluxo de soluções matemáticas: variando de simples
água, o que em alguns casos pode ser desejável modelos analíticos a complexos modelos
(p.ex.: atuação como bio-barreiras) e, em outros numéricos multidimensionais. Assim, antes de
casos, prejudiciais (p.ex.: em trocadores de calor), decidir sobre a particular abordagem do modelo, o
(iii) podendo ainda abrigar microrganismos objetivo da modelagem deve ser claramente
patogênicos de difícil remoção ou inativação no definido. Os subsequentes objetivos e questões são
interior de biofilmes. Este capítulo tem o foco na relevantes no sentido de predizer o desempenho de
modelagem de transporte e conversão de substratos

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reatores com biofilmes, os quais serão A escolha adequada da abordagem do modelo


considerados neste capítulo: requer um balanço entre o nível de detalhe visando
atender ao objetivo do modelamento e a
• Fluxo de substrato como uma função da complexidade associada ao modelo o qual se deseja
concentração do substrato no seio líquido do utilizar. Por exemplo, o uso de um modelo
reator: como as limitações em termos de unidimensional é, na maioria dos casos, suficiente
transferência de massa e cinética microbiana para avaliar a oxidação do carbono. Contudo, a
influenciam a taxa de conversão de substratos competição entre organismos heterotróficos e
no biofilme? Como a disponibilidade de um nitrificantes por substrato e espaço requer uma
determinado substrato no interior do biofilme é abordagem de modelamento capaz de predizer a
influenciada por limitações em termos de distribuição da biomassa ao longo da espessura do
transferência de massa pela camada limite? O biofilme. Soluções analíticas podem ser aplicadas
modelo deve prover o fluxo de substrato para o para sistemas unidimensionais com distribuição
biofilme (JLF) (quantificar a taxa global de homogênea de organismos no biofilme,
transformação do substrato no interior do considerando expressões de primeira- ou segunda-
biofilme) como uma função da concentração do ordem. Para o uso da cinética de Monod, soluções
referido substrato (SB) no seio líquido do reator numéricas passam a ser necessárias. Este capítulo
(Figura 17.3A). introduz conceitos básicos associados a
• Difusão de múltiplos componentes: Como a modelagem de biofilmes, considerando uma
disponibilidade local de doadores e aceptores abordagem analítica para a resolução de modelos
de elétrons, bem como compostos inibidores, simplificados e uma abordagem numérica para
influenciam processos microbianos? O modelo modelos de maior complexidade. Neste capítulo,
deve considerar a penetração de múltiplos soluções numéricas foram obtidas com o uso do
substratos no biofilme como critério básico software gratuito denominado AQUASIM 28
para a determinação do substrato limitante (Reichert, 1998) ou com o uso de um simulador
(Figura 17.3B). comercial denominado SUMO29. Os arquivos
• Distribuição de microrganismos: Como a contendo as simulações são disponibilizados para
disponibilidade de substratos influencia a download30, de forma que o leitor, o qual que tem
distribuição de microrganismos no biofilme e, a possibilidade de fazer uso do AQUASIM ou
consequentemente, como a distribuição de SUMO, possa explorar tais simulações. Programas
microrganismos influencia a remoção de comercialmente oferecidos estão cada vez mais
substratos? O modelo deve prever a sendo desenvolvidos para a resolução numérica de
distribuição da biomassa e a correspondente modelos de biofilmes, considerando simulações
remoção de substratos (Figura 17.3C). para estações de tratamento de águas residuárias.
• Desempenho global do reator: como o fluxo Contudo, para a utilização destes programas deve-
local de substratos do seio líquido do reator se ter um conhecimento consolidado sobre
para o biofilme se associam ao desempenho mecanismos básicos, sendo necessário desenvolver
global do reator? O modelo deve integrar os cálculos manuais utilizando soluções analíticas
fluxos locais de substratos visando prever para modelos simplificados com a finalidade de
desempenho global do reator (Figura 17.3D). checar a plausibilidade dos resultados obtidos em
relação a modelos de maior complexidade. Este

28
www.aquasim.eawag.ch 30
https://doi.org/10.25678/00021W (AQUASIM files),
29 https://doi.org/10.25678/00022X (SUMO files)
www.dynamita.com

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880
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capítulo combina discussões considerando


modelos analíticos e numéricos para biofilmes.

Figura 17.3 Representação esquemática das diferentes questões que a modelagem matemática pode contribuir para a
identificação. (A) Como o fluxo de substratos para o interior do biofilme depende da concentração de substratos no seio líquido
do reator? (B) Para reações envolvendo múltiplos substratos (p.ex.: doadores e aceptores de elétrons), qual substrato será
limitante para processos de conversão? (C) Como os microrganismos serão distribuídos na espessura do biofilme e como a
distribuição da biomassa afeta os processos de conversão? (D) Como o desempenho global do reator pode ser integrado com
o fluxo local de substratos?

estrutura observada na Figura 17.2. Algumas


17.3 MODELAGEM DE BIOFILMES COM aplicações associadas a modelos de maior
UM ÚNICO SUBSTRATO LIMITANTE, complexidade são discutidas na seção 17.10,
SEM A RESISTÊNCIA À contudo, um detalhamento em termos de análise e
TRANSFERÊNCIA DE MASSA solução de modelos multidimensionais vão além do
escopo desse capítulo; assim, o principal foco
Biofilmes, tais como apresentados na Figura 17.2, refere-se à descrição do efeito de limitações de
são agregados complexos e heterogêneos. Como transferência de massa resultando em distribuições
estes agregados podem ser descritos por um heterogêneas de substrato e biomassa em uma
modelo matemático simplificado? Quais aspectos dimensão. Como analisado e discutido em Wanner
são relevantes e quais podem ser desconsiderados? et al. (2006), a modelagem unidimensional é
Modelos complexos e numericamente suficiente e apropriada para responder boa parte
dispendiosos estão disponíveis para descrever e das questões às quais se referem os processos de
predizer estruturas heterogêneas e engenharia. Nesta abordagem, as taxas de
multidimensionais de biofilmes, tais como a conversão de substratos, a densidade e composição

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881

da biomassa no biofilme e a concentração de 17.3.1 Equações básicas


substratos são tomadas como uma média nos
diferentes planos paralelos à superfície de A equação diferencial parcial que descreve a
aderência (substratum). A partir desta difusão molecular, a utilização de substrato no
simplificação assumida, o biofilme pode ser biofilme, e a acumulação dinâmica em um sistema
descrito como uma estrutura unidimensional com para um único substrato limitante é dada por:
reações e difusão molecular no biofilme,
considerando ainda a resistência à transferência de
massa na camada limite, tal como apresentado na
Figura 17.4.

(17.1)
Onde:
SF concentração do substrato no biofilme [M
L-3]
x distância entre a superfície de aderência e a
superfície do biofilme [L]
t tempo [T]
DF coeficiente de difusão no biofilme [L2 T-1]
rF taxa de conversão de substrato por volume
de biofilme (rF > 0 para o processo de
remoção e rF < 0 para o processo de
produção) [M L-3 T-1]

A equação 17.1 é baseada na segunda lei de


Fick para difusão molecular. A derivação detalhada
da equação 17.1 é apresentada na seção 17.3.4.
Distintas equações para taxas de degradação do
substrato limitante no biofilme podem ser
definidas, como mostra a Tabela 17.1. Cabe
Figura 17.4 Concentração do substrato no interior do ressaltar que soluções analíticas relacionadas com
biofilme, na camada limite e no seio líquido. A coordenada a equação 17.1 são somente obtidas para
espacial pode ser medida a partir da superfície de expressões de ordem zero ou de primeira ordem,
aderência (z, tipicamente utilizada em simulações assumindo-se uma condição de taxa de acumulação
numéricas) ou a partir da superfície do biofilme (x, nula em estado estacionário (´steady state´). Para
simplifica a solução para cálculos manuais). taxas de conversões mais complexas soluções
numéricas são requeridas.
Para a maioria dos modelos utilizados nesse Notar que na Tabela 17.1 as constantes para
capítulo assume-se que a densidade da biomassa no taxas de degradação do substrato em ordem zero
biofilme (XF) e a sua composição são conhecidos a (k0,F, Eq. 17.2) e primeira ordem (k0,F, Eq. 17.2)
priori e são constantes ao longo da espessura do podem ser relacionadas à cinética de Monod (Eq.
biofilme. No entanto, com o uso da simulação 17.2):
numérica a composição da biomassa ao longo da
espessura do biofilme pode ser predita como um
resultado do modelo (ver exemplo da seção 17.9).

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componentes sendo considerados em um biofilme


(p.ex.: Tabela 17.12 para organismos
heterotróficos e autotróficos) com coeficientes
estequiométricos νi,j e taxas de conversão ρj para
uma matriz de processos com compostos (i) e
processos (j). O conceito da matriz estequiométrica
A expressão geral para a taxa de degradação do e cinética de processos é descrito em detalhes no
substrato na Eq. 17.5 refere-se a sistemas mais Capítulo 14.
complexos com múltiplos processos e

Tabela 17.1 Expressões de taxas para rF na Eq. 17.1 [M L-3T-1], onde XF é a concentração da biomassa ativa no biofilme [M L-3], K0,F
e k1,F são as constantes de ordem zero e de primeira ordem e µmax, Kc, Y são taxas máximas de crescimento específico, constante
de afinidade (ou constante de meia saturação) e coeficiente de produção celular, respectivamente. Na Eq. 17.5, νi,j e ρj são
coeficientes estequiométricos e taxas de conversão associadas a um referido processo j, respectivamente.

Taxa de conversão Expressões para taxas de conversão Equação


Ordem zero (17.2)

Primeira ordem (17.3)

Utilização de substrato assumindo-se a cinética (17.4)


de Monod para crescimento da biomassa

Expressão geral para taxa de conversão do (17.5)


substrato SF,i o qual é afetado por múltiplos
processos

A solução para a equação diferencial de de aderência e SLF é a concentração do substrato na


segunda ordem (Eq. 17.1) requer duas constantes superfície do biofilme. O fluxo de substrato em um
que podem derivar-se de duas condições de determinado local no biofilme (J(x)) é proporcional
contorno, como se segue: ao gradiente de concentração associado a este dado
local (x).
Condição de contorno 1
dS dSF (x)
(CC1): F = 0 em x = LF (17.8) JF (x) = −DF (17.10)
dx dx

Em que DF é o coeficiente de difusão de substrato


Condição de contorno 2 no biofilme. Utilizando a Eq. 17.10 o fluxo de um
(CC2): SF = SLF em x = 0 (17.9) substrato através da superfície do biofilme (JLF) é
calculada como
Em que CC1 (Eq. 17.8) baseia-se na premissa de
dSF
que não há fluxo de substratos através da superfície JLF (x) = −DF em x = 0 (17.11)
dx

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Biofilmes mais espessos que Lcrit (muitas vezes


O fluxo de substrato calculado (JLF) será referidos como biofilmes profundos) são limitados
subsequentemente utilizado nos balanços de massa, pelo transporte de massa e biofilmes
por sua vez elaborados para o reator de biofilme consideravelmente menos espessos que Lcrit
como um todo. (muitas vezes referidos como biofilmes rasos)
possuem penetração plena do substrato. A partir da
17.3.2 Soluções da equação de difusão e Eq. 17.13, um exercício usual é verificar que o
reação no biofilme para diferentes resultado para SF,1 de fato satisfaz a equação
expressões de taxas de conversão diferencial original (Eq. 17.12) e as duas condições
do substrato de contorno (Eqs. 17.8 e 17.9). A partir do perfil de
concentração do substrato (eq. 17.13), o fluxo de
substrato para o interior do biofilme pode ser
17.3.2.1 Taxa de remoção de substrato no diretamente calculado com a Eq. 17.11
biofilme segundo uma cinética de (assumindo-se a remoção de primeira ordem):
primeira ordem

A partir da combinação da Eq. 17.1 com a taxa de


conversão do substrato conforme uma reação em
primeira ordem dada pela Eq. 17.3 tem-se a
seguinte equação diferencial ordinária de segunda
(17.15)
ordem para uma condição de equilíbrio ou taxa de
acumulação nula (´steady state´) (∂SF/∂t = 0):
Em que o lado direito da Eq. 17.15, o qual não
depende de SLF, pode ser sumarizado na forma de
um coeficiente (k1,A). Com o uso deste coeficiente
(17.12) observa-se que o fluxo de substrato tem uma
dependência de primeira ordem em relação a S LF
Esta equação diferencial de segunda ordem para uma determinada espessura de biofilme
pode ser resolvida considerando-se as duas
condições de contorno (Eqs. 17.8 e 17.9), o que
resulta em uma solução analítica para a (17.16)
concentração do substrato no biofilme, assumindo-
se uma reação de primeira ordem (SF,1) de Cabe observar que k1,A é constante somente
quando a espessura do biofilme (LF) é constante.
Para os casos em que a espessura do biofilme é
variável, k1,A assumirá valores crescentes com o
incremento de LF.

Um parâmetro de utilidade para quantificar a


(17.13) influência da limitação do transporte de massa no
fluxo de substrato é denominado fator de eficiência
Em que Lcrit é um comprimento característico Ɛ. O fator de eficiência Ɛ é definido como como a
definido como se segue razão entre JLF,1 na Eq. 17.15 e um hipotético fluxo
de substrato sem a influência da resistência ao
transporte de massa imposto pelo processo de
(17.14) difusão molecular:

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JLF,1,com difusão
ε= (17.17)
JLF,1,sem resistência a difusão

Assumindo-se um fluxo hipotético sem a


resistência ao transporte de massa associada à
difusão do substrato (= k1,FXFLFSLF) o valor de Ɛ
pode ser calculado considerando-se o fluxo com a
difusão (Eq 17.15)

(17.18)

Para baixo valores de LF/Lcrit (< 0,4) o substrato


penetra plenamente no biofilme e o valor de Ɛ
aproxima-se de 1 (Ɛ ≈ 1). Para biofilmes espessos
(LF/Lcrit > 0,4) o valor de Ɛ na Eq. 17.18 decresce
com o incremento de LF/Lcrit. Consequentemente, a
conversão do substrato no biofilme será limitada
pelo transporte de massa, e o valor de Ɛ podendo
ser aproximado como se segue

17.5 Concentrações de substrato (SF/SLF) ao longo da


(17.19) profundidade do biofilme (x/LF) para diferentes valores de
LF/Lcrit assumindo-se uma cinética de primeira ordem no
Os perfis de concentração do substrato ao longo biofilme (A). O valor de Ɛ de acordo com as equações 17.18
da espessura do biofilme e os valores e 17.19 para uma determinada faixa definida para LF/Lcrit.
correspondentes de Ɛ são apresentados na Figura
17.5 para diferentes valores de LF/Lcrit.
Exemplo 17.1 Remoção de substrato no
biofilme segundo a cinética de
primeira ordem

Questão:
Calcular a concentração de acetato na base de um
biofilme de 400 µm de espessura assumindo-se
uma concentração de acetato (SF) de 3 mg DQO/L
na superfície do biofilme, uma constante de
primeira ordem (k1,F) de 2,4 m³/g DQO.d, uma

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densidade 31 da biomassa no biofilme de 10.000 g


DQO/m³ e um coeficiente difusão de 0,8.10-4 m².d. = 4,1 g/m2.d
Em seguida, calcular o fluxo de substrato para
interior do biofilme para concentrações de 3 ou 30 O fator de eficiência correspondente Ɛ pode ser
mg DQO/L. Discutir potenciais problemas calculado a partir da Eq. 17.18 como:
associados aos cálculos efetuados.
LF
tanh( ) tanh(400/58)
Lcrit
Resposta: ε= LF = = 0,145
400/58
Lcrit
Passo 1: Calcular Lcrit:
Portanto, o fluxo de substrato para o interior do
(0,8. 10−4 m2 /d) biofilme é de apenas 14,5% do fluxo esperado para
Lcrit = √
m3 um biofilme com penetração plena do substrato,
(2,4 DQO. d) (10.000 g DQO/m3 )
g considerando um efeito praticamente nulo em
= 58 m termos de resistência ao transporte de massa. Notar
que o valor de Ɛ é independente da concentração do
Notar que Lcrit é independente da concentração substrato na superfície do biofilme.
do substrato na superfície do biofilme.
Passo 5: Calcular o fluxo de substrato para uma
Passo 2: Calcular LF/Lcrit: concentração do substrato na superfície do biofilme
de 30 mg DQO/L.
LF 400 μm 400
= = 6,9 m2 tanh ( 58 )
Lcrit 58 μm JLF = 0,8.10 − 4 30 g/m3
d 58. 10−6 m
= 41 g/m2.d
Com LF/Lcrit > 4 o biofime pode ser considerado
como espesso (ou profundo), havendo, portanto, Notar que o fluxo calculado é exatamente 10
limitações para o transporte de massa. vezes maior que o fluxo observado para 3 mg
DQO/L. O fluxo obtido é absolutamente elevado e
Passo 3: Calcular a concentração do substrato não realista. Como isso pode ocorrer? As premissas
na base do biofilme, SF (x = LF), assumindo-se SF para todos os cálculos neste exemplo foram: (i) a
= 3 mg DQO/L remoção de substrato no biofilme assume uma
cosh(0) = 1 cinética de primeira ordem e (ii) o acetato é o
substrato limitante. Contudo, enquanto ambas as
cosh(0)
SF (x = LF ) = . 3 mg/L premissas parecem ser razoáveis para 3 mg
400 DQO/L, espera-se que nenhuma delas seja atendida
cosh( )
58
= 0,0061 mg/L para 30 mg DQO/L. Portanto, as soluções
desenvolvidas no âmbito desse capítulo devem ser
Passo 4: Calcular o fluxo de substrato aplicadas com ressalvas, certificando-se de que as
correspondente para SF = 3 mg DQO/L premissas assumidas sejam, de fato, satisfeitas. A
questão da utilização das taxas de reação de ordem
400 um, ordem zero e ordem de Monod no interior do
−4
m2 tanh( 58 ) biofilme são discutidas na Seção 17.3.2.3. A
JLF = 0,8 . 10 . 3 g/m3
d 58. 10−6 m

31
A densidade de biomassa no biofilme neste exemplo é aos parâmetros da Tabela 17.13 e compatíveis com os
baixa em comparação às sugestões na Seção 17.11.1. Tal exemplos de Wanner e Gujer, 1985; Wanner e Reichert,
valor foi escolhido para tornar os resultados comparáveis 1996; Wanner et al., 2006).

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questão da difusão de muitos substratos é feita na


seção 17.6.

17.3.2.2 Taxa de remoção de substrato no


biofilme conforme uma cinética de
ordem zero

Combinando a Eq. 17.1 com uma expressão de taxa


em primeira ordem e assumindo uma solução para
o estado de equilíbrio na equação diferencial
ordinária de segunda ordem:

Figura 17.6 Penetração parcial do biofilme considerando a


remoção do substrato segundo uma cinética de ordem
zero para x < β.LF e com a presença de zona inativa sem
(17.20) remoção de substrato para x > β.LF (área sombreada em
azul)(LF é a espessura do biofilme e LL é a espessura da
A solução para a equação 17.20 dependerá se o camada limite para a transferência de massa).
substrato se difunde ao longo de toda a espessura
do biofilme até a superfície de aderência (SF > 0 Três condições de contorno são definidas para
para 0 < x < LF ou penetração plena do biofilme) a determinação das duas constantes integradas,
ou se o substrato decresce até zero em algum local bem como o valor de β:
no interior do biofilme (penetração parcial do
biofilme).

Penetração parcial no biofilme (β ≤ 1)


assumindo uma cinética de ordem zero para a
taxa de remoção de um substrato

A resolução da Eq 17.20 para uma difusão parcial


do substrato no biofilme requer a determinação de Com estas três condições de contorno os
três constantes: duas constantes obtidas a partir da seguintes resultados são obtidos a partir da Eq.
integração da equação diferencial de segunda 17.20:
ordem e a terceira constante, a qual descreve a
difusão do substrato no biofilme onde rF tende a
zero. A relação entre a penetração do substrato no
biofilme e a espessura do biofilme (β) (Figura 17.6)
é definida como A qual pode ser rearranjada para:

Penetração do substrato no biofilme


β=
LF
(17.21)

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Em que: Penetração plena no biofilme (β ≥ 1) assumindo


uma cinética de ordem zero para a taxa de
remoção de um substrato

A resolução para a Eq. 17.20 assumindo penetração


plena do substrato, considerando ainda as
Eq. 17.25 pode ser rearranjada para prover o condições de contorno originais (Eq. 17.8 e 17.9)
valor da profundidade de penetração (βLF): provém a seguinte solução para concentração do
substrato no biofilme:

A qual pode ser rearranjada para:


Mais uma vez, deve ser verificado que a Eq.
17.24a e a Eq. 17.24b satisfazem a equação
diferencial (Eq. 17.20) e as três condições de
contorno. O fluxo de substrato para o interior do
biofilme assumindo uma taxa associada a cinética
de ordem zero em um biofilme onde o substrato é O fluxo para o interior do biofilme assumindo-
parcialmente difundido (JLF,0,p) pode ser obtido a se uma cinética de ordem zero e penetração plena
partir da Eq. 17.24a pelo cálculo do gradiente de (JLF,0,f) pode ser calculado a partir do gradiente do
substrato na superfície do biofilme (Eq. 17.11) substrato na superfície do biofilme como
como:

A razão entre fluxos para reações de ordem


zero no interior do biofilme, considerando uma
Notar que neste caso β depende da penetração parcial (Eq. 17.26) e uma penetração
concentração substrato na superfície do biofilme plena (Eq. 17.30) no biofilme, é expressa por β.
(SLF). A substituição de β na Eq. 17.27 resulta na Dessa forma, perfis de concentrações para
relação direta entre o fluxo e a concentração do diferentes valores de β são apresentados na Figura
substrato no seio do reator: 17.7 para biofilmes com penetração parcial e plena
do substrato.

Captando todos os termos da Eq. 17.27 que são


independentes de SLF uma dependência de meia
ordem é conferida entre o fluxo de substrato em
relação a SLF com a taxa de reação superficial k0,p,A
[M0.5 L-0.5 T-1]:

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substratos simultaneamente, produção e utilização


de intermediários, crescimento, decaimento e
desprendimento de distintas frações de biomassa.
Contudo, nesta seção somente a conversão de
substratos utilizando a cinética de Monod é
considerada, sem que o crescimento microbiano
seja incluído. Assim, uma comparação direta entre
soluções analíticas produzidas anteriormente e
resultados associados à modelagem numérica pode
ser efetuada. Em seções posteriores (p.ex.: seção
17.8) biofilmes são avaliados considerando-se
múltiplos processos e componentes. No sentido de
claramente identificar os processos e componentes
Figura 17.7 Concentrações do substrato (SF/SLF) ao longo incluídos nas simulações, a notação em forma de
da profundidade do biofilme (x/LF) assumindo uma taxa matriz é utilizada (como já introduzido no Capítulo
de reação de ordem zero para diferentes valores de β 14). Para um único processo associado à remoção
(números no gráfico). Notar que equações distintas de um único substrato, a cinética de Monod na Eq.
devem ser utilizadas para descrever a penetração parcial 17.4 é representada na forma de matriz, tal como
e plena do substrato no biofilme: Eq. 17.24 para β < 1 mostra a Tabela 17.2.
(linhas azuis) e Eq.17.29 para β ≥ 1 (linhas vermelhas).
A Figura 17.8 apresenta solução numérica para
um biofilme em estado estacionário e (ou taxa de
17.3.2.3 Cinética de Monod em um biofilme acumulação nula) considerando a cinética de
Expressões mais complexas para taxa de remoção Monod, em comparação com soluções analíticas
de substratos no biofilme (p.ex.: cinética de para taxas expressas a partir de cinéticas de ordem
Monod, Eq. 17.4), na maioria dos casos, não zero e primeira ordem. Para que os resultados
permitem soluções analíticas para a equação pudessem ser comparados os parâmetros referentes
diferencial que originalmente descreve a difusão e às cinéticas de ordem zero e primeira ordem foram
a reação em um biofilme unidimensional (Eq. derivados da taxa máxima de crescimento
17.1). Contudo, ferramentas para a solução específico e concentração de meia saturação (ou
numérica da Eq. 17.1 estão disponíveis e podem ser coeficiente afinidade) utilizando as Eq. 17.6 e Eq.
utilizadas para avaliar sistemas em condições de 17.7. As taxas de remoção de substrato no biofilme
estado estacionário ou dinâmicas. O AQUASIM, são apresentadas na Figura 17.8A. Os fluxos de
um programa computacional para a identificação e substrato correspondentes para a cinética de
simulação de sistemas aquáticos (Wanner e primeira ordem (JLF,1), ordem zero com penetração
Morgenroth, 2004; Wanner e Reichert, 1996). Uma parcial (JLF,0,p) e plena (JLF,0,f), bem como
breve introdução sobre a utilização do AQUASIM considerando-se a cinética de Monod (JLF,Monod) são
para o modelamento de biofilmes é apresentada na apresentados para espessuras de biofilme de 200
seção 17.3.5. Outros softwares ou simuladores de µm e 80 µm nas Figuras 17.8B e 17.8C,
estações de tratamento de águas residuárias respectivamente. Pode ser observado que as taxas
comercialmente disponíveis podem ser utilizados de remoção de substrato são sempre menores
para reproduzir os resultados computados neste assumindo-se a cinética de Monod (rMonod), em
capítulo com o uso do AQUASIM. O programa comparação com as taxas associadas a cinéticas de
AQUASIM permite resolver múltiplas equações ordem zero (r0) e primeira ordem (r1) (Figura
associadas a processos de difusão e degradação de 17.8A). Como resultado, os fluxos de substrato
assumindo-se a cinética de Monod são sempre

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menores do que o observado para fluxos associados Para um biofilme de 200 µm de espessura, fluxos
a cinéticas de ordem zero e primeira ordem assumindo uma cinética de primeira ordem no
(Figuras 17.8B e 17.8C). Importante destacar que biofilme (JLF,1, Eq. 17.15), com transição para uma
as soluções para cinéticas de ordem zero baseadas cinética de meia ordem (JLF,0,p, Eq. 17.27), e,
na Eq. 17.27 (Figura 17.8) são válidas somente subsequentemente, para uma cinética de ordem
para biofilmes parcialmente penetrados pelo zero (JLF,0,f, Eq. 17.30); Para um biofilme de 80 µm
substrato (β < 1) e os resultados baseados na Eq. de espessura, fluxos assumindo uma cinética de
17.30 são válidos somente para biofilmes com primeira ordem, com transição direta para uma
penetração plena do substrato (β ≥ 1). A transição cinética de ordem zero. Uma abordagem para a
em termos de penetração do substrato (de parcial combinação das diferentes equações analíticas de
para plena) ocorre na intersecção entre JLF,0,p e JLF,0,f fluxo pode simplesmente ser a escolha do mínimo
(em β = 1). Baseado na definição de β (Eq. 17.25) entre as três soluções analíticas em que JLF,1 e JLF,0,p
a concentração do substrato na superfície do são uma função de SLF, e JLF,0,f é independente de
biofilme (SLF,transição) resultando em β = 1 é SLF:

L2
F k0 XF
SLF,transição =
2DF
(17.32) Uma abordagem mais sofisticada seria a
utilização de uma combinação linear de deferentes
Soluções para fluxos de substrato que se fluxos de substrato, tal como descrito por Perez et
referem à cinética de ordem zero ou de primeira al. (2005) (com correções em Gapes et al., 2006).
ordem podem ser combinadas assumindo uma A adequabilidade de simples soluções analíticas e
cinética de primeira ordem (JLF,1) quando fluxos soluções numéricas de maior complexidade é
são aplicados para baixos SLF e fluxos assumindo discutida sob a perspectiva de diversas aplicações
uma cinética de ordem zero para concentrações de em Wanner et al. (2006).
substrato mais elevadas na superfície do biofilme.

Tabela 17.2 Matriz de processos para remoção de substrato por biomassa heterotrófica, assumindo que o substrato orgânico
é o composto limitante. A espessura e a densidade da biomassa no biofilme são assumidas como sendo constantes.

Processo ↓j Ss Taxa de conversão, ρj


→i
Remoção de substrato pela biomassa
heterotrófica

Unidade DQO

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cinéticas de ordem zero e primeira ordem no


biofilme (penetração parcial do substrato) é
descrita utilizando Ɛ e β, em que ambos os
parâmetros descrevem a razão entre o fluxo do
substrato dividido por um hipotético fluxo de
limitação nula para a transferência de massa.
Portanto, Ɛ ≈ 1 e β ≥ 1 descrevem situações em que
o fluxo de substrato não é limitado pela
transferência de massa para o biofilme. Por um
outro lado, Ɛ << 1 e β << 1 significam que o
transporte do substrato para o interior do biofilme
é um fator significativamente limitante para a
remoção do referido constituinte.

17.3.4 Derivação da equação de difusão e


reação (Eq. 17.1) a partir de um
balanço de massa no biofilme

A reação de difusão e reação (Eq. 17.1) pode ser


derivada de um balanço de massa para o volume
controle entre x e x + ∆x, como mostra a Figura
17.9.

Figura 17.8 Taxas de reação segundo uma cinética de


primeira ordem, ordem zero, e cinética de Monod no
biofilme (rF) são apresentadas como uma função das
concentrações locais de (SF) (A). Os correspondentes
fluxos de substrato como uma função da concentração de
substrato na superfície do biofilme (SF) são calculados
para uma espessura de biofilme de 200 µm (B) e 80 µm
(C). (Parâmetros cinéticos: µmax = 6 d-1, ks = 4 mg/L, YOHO =
0,63 g DQO/gDQO, DF = 0,00008 m²/d, XF = 10.000 g/m³,
resultando em k0,F = 9,52 d-1 (Eq. 17.6), k1,F = 2,38 m³/g.d (Eq.
17.7) e Lcrit = 58 µm (Eq. 17.14)). Figura 17.9 Balanço de massa para uma seção do biofilme
de espessura ∆x, fluxo de substrato entrando e saindo o
17.3.3 Síntese a respeito de soluções volume controle, e a remoção de substrato no interior do
analíticas para um único substrato volume controle (∆x A).
limitante

Um sumário de soluções analíticas para perfis do


substrato ao longo da espessura do biofilme, bem
como os fluxos correspondentes são apresentados
na Tabela 17.3. A magnitude da limitação em
termos de transferência de massa considerando

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Em que AF é a área superficial do biofilme (m²).


Com o uso da primeira lei de Fick, a qual calcula o
fluxo de substrato baseando-se no coeficiente de
difusão e gradientes de concentrações locais:
Considerando ∆x tendendo a zero, Eq. 17.36
resulta em Eq. 17.1:

Eq. 17.34 pode ser modificada para:

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computado no AQUASIM é a diferenciação entre


17.3.5 AQUASIM: Visão Geral a fração sólida (εs) e a fração líquida (εl) no
interior do biofilme. No AQUASIM, assume-se
Esta seção apresenta uma breve visão geral a
que a difusão molecular ocorre apenas na fração
respeito das equações numericamente resolvidas
líquida, enquanto que a equação geral de difusão
com o uso do AQUASIM. Comentários
e reação utilizada para soluções analíticas (Eq.
introdutórios sobre como simular biofilmes com o
17.1) não diferencia frações líquidas e sólidas.
uso do AQUASIM são também contextualizados.
Adicionalmente, a densidade das espécies
Informações mais detalhadas estão disponíveis
particuladas é dada no AQUASIM como massa
em Wanner e Reichert (1996), Wanner e
por volume da fração sólida (Figura 4 in Wanner
Morgenroth (2004), bem como no manual do
e Morgenroth, 2004). A densidade global do
referido software (Reichert, 1998). O software
biofilme é calculada como a densidade da fração
AQUASIM pode ser gratuitamente obtido em
sólida multiplicada por εs.
www.aquasim.eawag.ch.
O balanço de massa para substratos solúveis,
considerando a definição de concentração de
Equações substrato por volume do elemento, pode ser dado
como (o balanço de massa detalhado é
O software AQUASIM avalia sistemas com
apresentado em Wanner and Reichert, 1996):
biofilme considerando os seguintes
compartimentos: seio líquido em mistura
completa, camada limite de transferência de
massa e o biofilme (uni-dimensional). O
AQUASIM resolve simultaneamente os balanços
de massa correspondentes, os quais são descritos
a seguir. Como dados de entrada do modelo estão
incluídas as características iniciais do biofilme, a Em que DW é o coeficiente de difusão em água e
cinética de desprendimento do biofilme, bem εl.DW é o coeficiente de difusão efetivo no
como a matriz estequiométrica e cinética de biofilme, o qual corresponde a DF na Eq. 17.1.
processos, seguindo o formato da Eq. 17.5. As Observe que o termo associado à acumulação
simulações dinâmicas e em regime estacionário indica que componentes solúveis se acumulam na
são obtidas a partir condições assumidas como fração líquida do biofilme. Ainda, o AQUASIM
constantes por um período admissível de tempo. automaticamente considera a conversão de
Tal estratégia reduz consideravelmente a substratos no seio líquido, dado o aporte de
demanda computacional associada. Os dados de biomassa ativa com o afluente, biomassa
saída do modelo incluem as características atuais proveniente do desprendimento de frações sólidas
do biofilme (em um determinado momento), do biofilme e crescimento disperso (em
concentrações de substratos no biofilme e no seio suspensão) (Nogueira et al., 2005). Note que a
líquido para cada ponto no tempo. coordenada espacial no AQUASIM, ‘z’, refere-se
à distância da superfície de aderência, ao invés da
coordenada espacial ´x´ utilizada para as soluções
Parâmetros de processos relevantes
analíticas (Figura 17.4). Cabe ressaltar que o
As equações gerais de balanço de massa para o AQUASIM software não provê o fluxo de
compartimento ´biofilme´ são apresentadas em substrato como um dado de saída do modelo.
Wanner e Reichert (1996) (eqs. 17.22, 17.23 and Contudo, o usuário pode calcular o fluxo através
17.24), bem como no manual do AQUASIM da superfície do biofilme a partir das
Software. A diferença essencial entre o balanço de concentrações de substrato obtidas com a Eq.
massa definido pela Eq. 17.1 e tal como

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17.10, utilizando εl.DW como a difusão efetiva do resultado dos processos de crescimento e
substrato: decaimento da biomassa no biofilme [L.T-1], ua,S
é a taxa de aderência de frações sólidas
(particuladas) ao biofilme e ud,S é a taxa de
desprendimento da biomassa. Para simulações
considerando uma espessura constante de
biofilme ud,S pode ser definida igual a uF(LF)
No AQUASIM, o fluxo do componente SF pode (assumindo-se ua,S = 0).
ser aproximado substituindo-se (dSF/dz) pela
secante associada à concentração do substrato
(ΔSF/Δz). O valor de ΔSF pode ser calculado pelo 17.4 EXEMPLO DE COMO JLF = F(SLF)
que o software se refere como ´probe variables´ PODE SER UTILIZADO PARA
para distintos locais (z) no biofilme. Neste caso, PREDIZER O DESEMPENHO DE UM
adota-se Δz menor que o refinamento (ou REATOR COM BIOFILME
espaçamento) da malha utilizada para a simulação
Uma motivação para efetuar o cálculo do fluxo de
do biofilme:
substrato para o biofilme reside na possibilidade
de se estimar o desempenho de um reator com
biofilme. A relação entre o fluxo de substrato e o
desempenho global do reator é ilustrada abaixo
utilizando-se diferentes expressões de taxa.

Uma abordagem alternativa para o cálculo do O caso mais simplificado para um reator com
fluxo de substrato para o biofilme é baseada na biofilme é observado assumindo-se o seio líquido
mudança de concentração do substrato na camada do reator em mistura completa, como mostrado na
limite de transferência de massa (JBL): Figura 17.10.

Onde LL é a espessura da camada limite.


Em relação à espessura do biofilme (LF), o
AQUASIM calcula o referido parâmetro LF a
partir dos balanços de massa para o crescimento e
decaimento da biomassa, incluindo ainda
processos como o desprendimento (detachment) e
aderência de frações particuladas (attachment) em Figura 17.10 Reator com biofilme considerando o seio
relação ao compartimento ´biofilme´ (Wanner e líquido do reator em mistura completa e uma área
Reichert, 1996): superfícial de biofilme AF.

Para um sistema em regime estacionário (taxa


de acumulação nula) o balanço de massa para o
substrato no seio líquido é dado por:

Onde:
Onde uF(LF) é a velocidade de expansão ou
Si Concentração do substrato afluente
diminuição da espessura do biofilme como um
[M.L-3]

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AF Área superficial do biofilme [L2] substrato no biofilme para uma cinética de


rB Conversão do substrato no seio líquido primeira ordem é:
do reator [M.L-3.T-1]
VB Volume do seio líquido [L3]
Negligenciando a resistência externa à
Assumindo que os processos de conversão no transferência de massa, SLF é igual a SB. Portanto,
seio líquido do reator podem ser desprezíveis JLF,1 a partir da Eq. 17.16 pode ser substituída na
(rB·VB << JLF·AF), o balanço de massa Eq. 17.43, resultando em:
apresentado na Eq. 17.42 pode ser utilizado para
predizer a concentração efluente de substrato (SB)
para um determinado fluxo de substrato no
biofilme (JLF):
A partir da Eq. 17.44 pode ser observado que
a concentração efluente do substrato é
independente do volume do seio líquido.
Contudo, SB é determinado considerando a área
superficial do biofilme, vazão e concentração do
Um problema associado ao uso da Eq. 17.43 substrato afluente e ainda a da taxa de remoção
refere-se ao fato de que JLF é função da conforme uma cinética de primeira ordem.
concentração de substrato no seio líquido (SB).
Em cada caso, a Eq. 17.43 deve ser resolvida
17.4.2 Tentativa e Erro ou Abordagem
simultaneamente em conjunto com uma equação
Iterativa
de fluxo de substrato apropriada (p.ex.: a partir da
Tabela 17.3). A depender do tipo da equação de Uma simples abordagem para se obter SB e o
fluxo, Eq. 17.43 pode ser resolvida correspondente valor de JB que resolve a Eq.
analiticamente, por iteração, ou pode ser resolvida 17.43 é o uso de iterações da seguinte forma:
graficamente. Cabe observar que o balanço de escolha um valor aleatório para SB, calcule JLF
massa descrito pela Eq. 17.42 limita-se a utilizando uma equação de taxa apropriada (p.ex.:
substratos solúveis. A descrição de componentes a partir da Tabela 17.3). Em seguida, utilize a Eq.
particulados em reatores com biofilme é uma 17.43 para calcular o valor atualizado para SB.
tarefa relativamente mais complexa. Partículas Continue a iteração até que SB e JLF não variem
adentrando o reator podem ser retidas por significativamente entre as iterações. Para a
adsorção, em que uma parcela deste componente maioria dos dados de fluxo esta iteração tende a
pode ser hidrolisada, e, subsequentemente ser numericamente estável, provendo uma única
resultando num substrato solúvel que pode ser solução para Eq. 17.43.
convertida no biofilme. A seção 17.7.2 apresenta
uma discussão sobre como processos de
17.4.3 Solução Gráfica
desprendimento e aderência de frações
particuladas são implementadas em softwares Se uma representação gráfica do fluxo de
(simuladores) comerciais. substrato é disponibilizada a partir de cálculos,
simulações numéricas, ou ainda proveniente de
17.4.1 Solução analítica dados experimentais, então a concentração
efluente de substrato pode ser também
No caso da expressão segundo uma cinética de diretamente obtida a partir de um gráfico
primeira ordem (Eq. 17.16) uma solução analítica considerando uma dada vazão (Q), área
para a Eq. 17.43 pode ser derivada. O fluxo de superficial do biofilme (AF) e concentração

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afluente do substrato (Si). Neste caso, o balanço
de massa associado expresso pela Eq. 17.43 pode
ser rearranjado para:

A Eq. 17.45 descreve uma linha reta que


intercepta o eixo y (SB = 0) em JLF = QSi/AF e o
eixo x (JLF = 0) em SB = Si e possui inclinação
Q/AF. A intersecção entre a Eq. 17.45 e o fluxo de
substrato plotado provém a solução para a
concentração do substrato no seio líquido do Figura 17.11 Solução gráfica da Eq. 17.45 para um dado
reator e o fluxo associado ao referido substrato. fluxo de substrato (Eq. 17.8C), considerando três
Tal intersecção satisfaz o balanço de massa distintos valores de Q/AF e Si = 18 mg/L. As setas indicam
associado ao reator e a equação do balanço de as respectivas concentrações efluentes resultantes
massa associado ao biofilme (Figura 17.11). Tal associadas a cada relação Q/AF.
solução gráfica é útil para o caso de fluxos
medidos versus concentrações do substrato no 17.5 EFEITO DA RESISTÊNCIA EXTERNA
seio líquido do reator. Adicionalmente, esta À TRANSFERÊNCIA DE MASSA
solução proporciona uma ideia visual de como as
Na seção 17.3, os perfis de concentração no
alterações em concentrações ou vazões afluentes
interior do biofilme foram calculados assumindo-
afetam concentrações efluentes do substrato.
se que a concentração do substrato na superfície
do biofilme (SLF) é igual a concentração de
17.4.4 Solução numérica (p.ex.: com o uso substrato no seio líquido (SB). No entanto, mesmo
do AQUASIM Software) em condições de mistura vigorosa no meio haverá
resistência à transferência de massa, a qual
Como descrito na Seção 17.3.5, o AQUASIM
necessita ser considerada. A concentração de
software resolve simultaneamente balanços de
substrato acima do biofilme se eleva
massa para processos no biofilme e no seio
gradualmente como apresentado na Figura 17.12.
líquido, provendo diretamente concentrações
resultantes do substrato como um dado de saída
do modelo.

Figura 17.12 Perfil de concentração em porção externa


do biofilme e representação idealizada considerando
concentrações na camada limite com LL = RL.DW (Eq.
17.47) (LF é a espessura do biofilme e LL a espessura da
camada limite de transferência de massa).

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Os detalhes associados a condições de mistura assumindo-se uma cinética de primeira ordem no


nas proximidades da superfície do biofilme e o biofilme. Combinando-se o fluxo de substrato
perfil de concentração real não são usualmente através da superfície do biofilme (Eq. 17.16) com
modelados de forma explícita. Em contrapartida, o fluxo de substrato através da camada limite
a transferência de massa na superfície do biofilme externa (Eq. 17.46) tem-se:
é descrita assumindo-se uma resistência à
transferência de massa (RL):

Resolvendo a equação para SF:

Onde JBL é o fluxo de substrato na camada limite,


em direção ao biofilme. É útil a visualização de
RL pela introdução do conceito de concentração Assim, o fluxo de substrato correspondente
na camada limite a partir de um perfil linear de pode ser calculado substituindo-se a Eq 17.50 na
concentração. A espessura desta camada limite Eq. 17.16:
tende a prover uma compreensão mais intuitiva
comparada a uma mera expressão de resistência.
Assim, a resistência à transferência de massa e a
espessura da camada limite são relacionadas por:

A partir da Eq. 17.51, considerando-se a


resistência externa à transferência de massa, pode
Onde LL é a a espessura da camada limite externa ser observado que a magnitude da resistência
de transferência de massa e DW é o coeficiente de externa à transferência de massa se eleva com o
difusão em meio aquoso. aumento dos valores de k1,A e RL. Avaliando a Eq.
17.51 para casos extremos tem-se
O fluxo de substrato na camada limite (Eq.
17.46) está associado ao fluxo de substrato na
superfície do biofilme (Eq. 17.11), provendo,
portanto, uma equação adicional (condição de
contorno), a qual é necessária para calcular o
valor desconhecido da concentração de substrato Para RL.k1,A >> 1, a conversão do substrato é
na superfície do biofilme: limitada pela transferência de massa externa e o
fluxo na Eq. 17.52 se iguala ao fluxo indicado
pela Eq. 17.46 com SLF = 0. Para RL.k1,A << 1, a
remoção de substrato é limitada pela conversão e
transporte de massa no interior do biofilme,
resultando em SLF = SB. O valor de RL.k1,A pode
17.5.1 Fluxo de substrato para uma ser utilizado para avaliar abordagens distintas no
reação de primeira ordem sentido do incremento global da conversão de
considerando a camada limite substrato. Se resistência externa à transferência de
externa massa é significativa (p.ex.: RL.k1,A >> 1), então
JLF pode ser elevada pelo aumento da mistura na
O conceito de se interrelacionar o fluxo de
fase líquida, o que tende a reduzir a espessura da
substrato para interior do biofilme com a
camada limite (LL), e RL, por consequência. A
resistência externa à transferência de massa pode
ser demonstrado por meio de solução analítica,

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elevação mistura na fase líquida não tem um
efeito direto em JLF para RL.k1,A << 1.

17.5.2 Fluxo de substrato para taxa de


reação de ordem zero (penetração
parcial do substrato) considerando
a camada limite externa
Substituindo Ϛ da Eq. 17.56 na Eq. 17.55
A influência da resistência externa à transferência obtém-se o fluxo do substrato como função da
de massa no caso de penetração parcial do concentração do substrato no seio líquido do
substrato, considerando uma taxa de reação de reator (SB) e o parâmetro adimensional Ϛ:
ordem zero no biofilme pode ser determinada
combinando-se as equações 17.29 e 17.49:

Avaliando a Eq. 17.57 para casos extremos tem-


Eq. 17.53 é uma equação quadrática em
se
termos de √SLF com a seguinte solução:

Um biofilme com Ϛ → ∞ é limitado pela


Substituindo √SLF da Eq. 17.54 na Eq. 17.29 resistência externa à transferência de massa,
para o fluxo de substrato em um biofilme com enquanto para um biofilme com Ϛ → 0 a
penetração parcial do substrato, considerando resistência externa à transferência de massa pode
reações de ordem zero, tem-se ser desconsiderada.

Cabe observar que a separação estrita entre


resistência externa e interna à transferência de
massa é, de certa forma, artificial. Em uma
abordagem atual de modelamento considera-se
que condições de mistura no seio líquido apenas
Um parâmetro adimensional Ϛ é definido influenciam a resistência externa à transferência
abaixo (Eq. 17.56) como a razão do fluxo de de massa. Na realidade, as condições de mistura
substrato para o biofilme, negligenciando-se a exercem influência no desenvolvimento do
resistência externa à transferência de massa (SLF biofilme, na densidade da biomassa no biofilme e
= SB na Eq. 17.19) e do fluxo de substrato na na ocorrência de formações filamentosas
camada limite externa, assumindo-se SLF = 0. (streamers)5. Condições de mistura menos
vigorosas resultam em biofilmes de menor
densidade e mais espessos, enquanto que uma
maior tensão de cisalhamento imposta por
condições de mistura mais vigorosas resultam em
biofilmes mais densos (Van Loosdrecht et al.,
1995).

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17.5.3 Fluxo de substrato para a cinética 17.6 DIFUSÃO DE MÚLTIPLOS


de Monod no biofilme COMPONENTES
considerando a camada limite
externa 17.6.1 Difusão de dois componentes:
Para demonstrar a significância da resistência
doador e aceptor de elétrons
externa à transferência de massa, as simulações Processos de conversão em um biofilme
com o uso do AQUASIM foram executadas usualmente requerem a difusão de um doador e
utilizando a mesma cinética e parâmetros um aceptor de elétrons do seio líquido para o
associados ao biofilme referentes à Figura 17.8B. interior do biofilme. Comparando-se a penetração
Neste caso, os fluxos de substrato foram relativa entre um doador de elétrons e um aceptor
calculados excluindo-se a resistência externa à para o biofilme é possivel identificar o
transferência de massa. componente limitante para a conversão global de
substrato. Três casos são possíveis de serem
observados, como mostra a Figura 17.14:

• Caso 1: O doador de elétrons não penetra


totalmente no biofilme e a conversão de
substrato é limitada pela disponibilidade do
doador de elétrons em direção à superfície de
aderência.
• Caso 2: O aceptor de elétrons não penetra
totalmente no biofilme e limita a conversão
global do substrato.
• Caso 3: O doador e o aceptor de elétrons
penetram totalmente no biofilme. A conversão
do substrato não é limitada pelo transporte de
Figura 17.13 Fluxos de substrato para diferentes massa.
concentrações afluentes em função da espessura da
camada limite externa (LL em mm) em um biofilme de A seção 17.3.2.2 discutiu a extensão da
200 μm de espessura. Assim como na Figura 17.8, a penetração do substrato em um biofilme para um
remoção de substrato foi modelada utilizando-se a único substrato, assumindo-se taxas de reação de
cinética de Monod (Tabela 17.2) e parâmetros ordem zero no biofilme baseados no valor de β
apresentados na Tabela 17.13. (Eq. 17.25). A mesma abordagem de cálculo de
penetração de substrato pode ser utilizada para a
Os resultados apresentados na Figura 17.13 difusão de dois componentes onde o valor de β é
são baseados em espessuras da camada limite separadamente calculado para o doador de
externa de transferência de massa (LL) entre 0 e elétrons (βe.d.) e aceptor (βe.a.). Baseado nos
500 μm. Pode ser observado que para menores valores de βe.d. e βe.a. é possivel avaliar qual dos
espessuras da camada limite e maiores três casos na Figura 17.14 se aplica.
concentrações de substrato no seio líquido, o
fluxo de substrato para o biofilme tende e elevar- Caso 1: βe.d. < 1 e βe.d. < βe.a. (17.59a)
se. Para uma espessura da camada limite LL de Caso 2: βe.a. < 1 e βe.d. > βe.a. (17.59b)
500 μm o fluxo de substrato reduz-se para além Caso 3: βe.d. > 1 e βe.a.> 1 (17.59c)
de 70%.

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Figura 17.14 Penetração do substrato no biofilme, assumindo-se o doador de elétrons como limitante (Caso 1), o aceptor de
elétrons como limitante (Caso 2), e nenhum dos componentes como sendo limitantes (Caso 3). Não há conversão de
substrato na região sombreada em azul do biofilme devido a limitações do doador e aceptor de elétrons (LF é a espessura
do biofilme).

Para diferenciar os casos 1 e 2, um modo mais = 4,57 gO2/gN. Assim os valores de βe.d. e βe.a.
simples do que explicitamente avaliar βe.d. e βe.a. podem ser comparados pela razão (γe.d.,e.a):
pode ser desenvolvido calculando-se βS, ao invés
de comparar seus valores específicos. Para o
processo de crescimento as taxas de conversão
para o doador de elétrons (r0,e.d.) e aceptor (r0,e.a.)
Substituindo os βS na Eq. 17.62 com o uso das
são estequiométricamente associados:
constantes associadas a taxas segundo uma
cinética de primeira ordem a partir das equações
17.60 e 17.61 e a definição de β (Eq. 17.25) tem-
se:

Em que Y é o coeficiente de produção celular e α


é o fator estequiométrico que associa o aceptor de
elétron e a utilização do doador de elétron em uma
reação catabólica. Para substratos orgânicos o Em que DF,e.d. e DF,e.a. são coeficientes de difusão
valor de α = 1 gO2/gDQO, e para a nitrificação α e SLF,e.d. e SLF,e.a. são as concentrações de substrato

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na superfície do biofilme para o doador de eletron biofilme é limitada pelo transporte de


e aceptor, respectivamente. A vantagem em massa.
calcular as razões βS é evidenciada na Eq. 17.63,
SLF,e.d.
uma vez que vários parâmetros são suprimidos e • Caso 2 com γe.d.,e.a. > 1 ou >
SLF,e.a.
a equação pode ser simplificada para: 1 DF,e.a.
:
(∝−Y) DF,e.d.
O aceptor de elétrons é potencialmente
limitado no interior do biofilme,
contudo, o doador de elétrons penetra
totalmente no biofilme. Cabe notar que
neste caso assume-se que a conversão no
Utilizando-se γe.d.,e.a., os casos 1 e 2 podem ser biofilme é limitada pelo transporte de
diferenciados: massa.

Exemplos de crescimento da biomassa


SLF,e.d.
• Caso 1 com γe.d.,e.a. < 1 ou < heterotrófica a partir de substrato orgânico,
SLF,e.a.
1 DF,e.a. crescimento da biomassa autotrófica a partir do
:
(∝−Y) DF,e.d. nitrogênio amoniacal, bem como as condições
O doador de elétrons é potencialmente para a limitação em termos de oxigênio (p.ex.:
limitado no interior do biofilme, aceptor de elétrons) ou doador de elétrons são
contudo, o aceptor de elétrons penetra apresentados na Tabela 17.4.
totalmente no biofilme. Cabe notar que
neste caso assume-se que a conversão no

Tabela 17.4 Cálculo de compostos limitantes para o crescimento da biomassa a partir de substratos orgânicos ou nitrificação
(parâmetros estequiométricos da Tabela 17.13 assumindo-se DF = 0,8 DW, e DW da Tabela 17.10).

Remoção do substrato orgânico Nitrificação


Doador de elétrons Substrato orgânico NH4+
DF,e.d. 0,8 · 94,1· 10-6 m2/d 0,8 · 169,1 · 10-6 m2/d
Aceptor de elétrons O2 O2
DF,e.a. 0,8 · 209 . 1·10-6 m2/d 0.8 · 209,1 · 10-6 m2/d
α 1 gO2/gDQO 4,57 gO2/gN
Y 0,4 gDQO/gDQO 0,22 gDQO/gN
Aceptor de elétrons limitante (baseado na SLF,DQO SLF,NH4
> 3,7 gDQO/gO2 > 0,28 gN/gO2
Eq. 17.88) SLF,O2. SLF,O2.

Oxigênio será limitante (baseado na Eq. 29,6 mgDQO/L 2,3 mgN/L


17.88) para SLF,O2 = 8mg/L quando SLF,e.d. é
maior que →

Uma vez conhecida condição em que o doador um composto limitante pode ser calculado
de elétrons ou aceptor limitam o processo de utilizando-se as expressões cinéticas
conversão no biofilme, o fluxo de substrato para desenvolvidas para um único substrato limitante.

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O fluxo de substrato para um composto não- presença de substrato, a utilização de oxigênio é
limitante pode ser calculado baseando-se na reduzida ao processo de respiração endógena. A
estequimetria global: Tabela 17.5 indica a penetração do oxigênio para
além de 1 mm, no caso da respiração endógena
como o processo predominante. Isto explica o
motivo pelo qual o oxigênio pode periodicamente
penetrar grânulos de maior diâmetro, de forma
plena.
Exemplo 17.2 Fluxo de substratos (JLF) e
profundidade de penetração (β.LF) para o
crescimento heterotrófico ou autotrófico ou
respiração assumindo-se uma cinética de
ordem zero

A remoção de substrato em reatores com biofilme


é tipicamente limitada pelo transporte de massa.
O fluxo de substrato e a respectiva penetração no
biofilme são uma função da concentração do
substrato na superfície do biofilme, taxas de
reação no interior do biofilme e transporte de
massa por difusão. Na Tabela 17.5 o fluxo de
substrato e a profundidade de penetração (β.LF)
são apresentadas para o acetato, amônia e
oxigênio, assumindo-se uma taxa de remoção de
substrato de ordem zero, em um biofilme com
penetração parcial. Comparando-se uma
profundidade de penetração para doadores de
elétrons (acetado ou amônia) e o aceptor de
elétrons demonstra-se que em geral o processo de
remoção é limitado pela disponibilidade de
oxigênio. É também demonstrado que a
penetração do oxigênio claramente ocorre apenas
para algumas centenas de micrômetros. Portanto,
biofilmes espessos (ver a Tabela 17.11 para faixas
típicas) não são usualmente benéficos para
processos com biofilme aeróbio.

A penetração do oxigênio no biofilme


depende da taxa de utilização do substrato no
interior do biofilme. Em sistemas com biofilme
operados como reatores sequenciais por batelada
(p.ex.: sistemas de com lodo aeróbio granular)
biofilmes são subsequentemente expostos a altas
e baixas concentrações de substrato. Sem a

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Tabela 17.5 Profundidade de penetração e fluxo de oxigênio e substrato estimados para um crescimento de biomassa
segundo uma cinética de ordem zero, utilizando-se as equações 17.25 e 17.27 ou considerando-se apenas a respiração
endógena com os parâmetros cinéticos da Tabela 17.13. Os fluxos de doadores de elétrons marcados com (*) são
compreendidos como sendo não realísticos uma vez que nesse caso o oxigênio seria limitado no biofilme (Tabela 17.4).

Crescimento heterotrófico
SB,O2 Profundidade de JLF,O2 SB,HAc Profundidade de JLF,HAc
(g/m³) penetração (μm) (g/m².d) (gDQO/m³) penetração (μm) (gDQO/m².d)
1 68 4,9 1 35 4,3
3 118 8,5 5 79 9,5
5 153 11,0 15 137 16,5
8 193 13,9 150 434 52,1(*)
Nitrificação
SB,O2 Profundidade de JLF,O2 SB,NH4 Profundidade de JLF,NH4
(g/m³) penetração (μm) (g/m².d) (gN/m³) penetração (μm) (gN/m².d)
1 42 7,9 1 79 3,4
3 73 13,7 5 177 7,6(*)
5 94 17,7 15 307 13,2(*)
8 119 22,4 70 662 28,6(*)
Respiração heterotrófica na ausência de fonte Respiração autotrófica na ausência de fonte externa de
externa de substrato substrato
SB,O2 Profundidade de JLF,O2 SB,O2 Profundidade de JLF,NH4
(g/m³) penetração (μm) (g/m².d) (g/m³) penetração (μm) (g/m².d)
1 409 0,8 1 818 0,4
3 708 1,4 3 1.417 0,7
5 915 1,8 5 1.829 0,9
8 1.157 2,3 8 2.314 1,2

tenha sido baseada em uma cinética de primeira


17.6.2 Caso geral de difusão de múltiplos ordem, o conceito γe.d.,e.a. pode também ser
substratos aplicado para outras cinéticas de crescimento caso
O conceito para a aplicação de γe.d.,e.a. pode ser todas as taxas de conversão (rF,i) estejam
expandido para mais de dois compostos. Pode ser associadas a mesma taxa de conversão global (ρ)
observado que a Eq. 17.64 é baseada na premissa (GUJER e BOLLER, 1986).
do transporte difusivo somente no interior do
biofilme e sob a associação estequiométrica entre
o doador de eletrons e utilização do aceptor. Em que vi é o coeficiente estequiométrico para a
Portanto, ainda que a derivação da Eq. 17.64 remoção fo composto SF,i para um dado processo

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(Eq. 17.5). Combinando com a Eq. 17.1 e 1. Neste caso, as conclusões sobre o substrato
assumindo a condição de equilíbrio, tem-se limitante não são esclarecedoras. Para γe.d.,e.a. ≈ 1
um modelo de múltiplos substratos deve ser
utilizado para avaliar o biofilme (WANNER et
al., 2006).

Uma relação direta estequiométrica entre 17.7 COMBINAÇÃO ENTRE


fluxos de diferentes substratos SF,i baseada na Eq.
CRESCIMENTO E DECAIMENTO
17.91 é dada por (GUJER e BOLLER, 1986):
COM O DESPRENDIMENTO DA
BIOMASSA

Em vários modelos de biofilme, e em todos os


A Eq. 17.68 pode ser utilizada para calcular cálculos precedentes, o usuário deve assumir uma
fluxos de compostos não limitantes baseando-se espessura constante do biofilme. Contudo um
no fluxo do composto limitante. Isto significa que modelo matemático pode prever o
a Eq. 17.68 é uma forma mais geral da Eq. 17.89, desenvolvimento do biofilme ao longo do tempo,
a qual provê uma associação entre fluxos do incluindo a espessura do biofilme em estado de
aceptor de elétron e do doador. equilíbrio baseado em processos de crescimento,
decaimento e desprendimento do biofilme:
O composto limitante pode ser determinado,
de forma similar à abordagem baseada em γe.d.,e.a.
na Eq. 17.64, encontrando-se o composto que
resulta no menor valor para a seguinte relação
(ANDREWS, 1988; WANNER et al., 2006):

Contudo, enquanto o balanço para a espessura


do biofilme pode ser diretamente desenvolvido,
Uma vez que o fluxo do composto limitante isto não ocorre para a escolha de expressões
tenha sido determinado, o fluxo dos outros visando caracterizar a velocidade de
compostos pode ser diretamente calculado pela desprendimento do biofilme (ud,s). Uma visão
utilização da Eq. 17.68. Observe que a premissa geral sobre expressões de taxa para o
essencial para a Eq. 17.68 é que todos os desprendimento da biomassa é apresentada na
processos no biofilme são estequiometricamente Tabela 17.6. Pode ser observado que diferentes
associados. pesquisadores têm assumido mecanismos de
desprendimento do biofilme bastante distintos.
17.6.3 Complicações para múltiplos Adicionalmente, não há um consenso na
processos no interior do biofilme estimativa de valores para coeficientes de
desprendimento para as equações apresentadas na
Observe que a derivação da Eq. 17.64 e Eq. 17.65 Tabela 17.6 baseadas no tipo ou operação do
foi baseada na premissa de que a utilização do reator. Na prática, a modelagem de um reator com
aceptor de elétrons é diretamente associada com a biofilme assume uma espessura constante do
utilização do doador de elétrons, e que processos biofilme (RITTMANN et al., 2018).
como a respiração endógena são considerados
mesmo na ausência de um doador de elétron. Existem diferentes abordagens para
Devido a esta simplificação o conceito de γe.d.,e.a. quantificar as taxas de desprendimento da
necessita ser utilizado com cautela para γe.d.,e.a. ≈ biomassa (MORGENROTH, 2003). Na Eq. 17.70

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as taxas de desprendimento são descritas como um desprendimento dinâmico (quando há


uma velocidade constante (ud,s) [L.T-1]. Outras variações em relação ao tempo) de superfície ou
referências expressam o desprendimento da volumétrico são modelados não como processo
biomassa como a massa de biofilme removida por contínuos, mas como eventos discretos,
unidade de área e tempo (ud,M) [M.L-2.T-1] ou ocorrendo em certos intervalos. Um exemplo de
como a fração volumétrica do biofilme desprendimento dinâmico ocorre com a
desprendida por tempo (ud,V)[T-1]. Estas distintas retrolavagem em reatores com biofilme. A
expressões de taxas de desprendimento são mudança global na espessura do biofilme pode ser
associadas a velocidade de desprendimento como calculada assumindo-se uma expressão de
se segue: desprendimento dinâmico:

Em que XF é a densidade da biomassa no biofilme Em que ud,s pode ser definida para que todo o
[M.L-3]. A maioria dos modelos consideram taxas biofilme acima da espessura predefinida seja
de desprendimento constantes. Em contrapartida, removido durante a retrolavagem.

Tabela 17.6 Expressões de taxa para o desprendimento do biofilme (modificado de Morgenroth, 2003; . Peyton and
Characklis, 1993; Tijhuis et al., 1995)1.

Mecanismo de Expressão de taxa de desprendimento, ud,M [M.L-2.T- Referência


1
desprendimento associado a ]
Não especificado 0 Kissel et al., 1984;
Fruhen et al., 1991
Espessura constante do biofilme Wanner e Gujer, 1985
Espessura do biofilme kd (XF LF)2 Bryers, 1984; Trulear e
Characklis, 1982
kd XF LF2 Wanner e Gujer, 1986
kdXFLF Chang and Rittman,
1987; Kreikenbohm and
Stephan, 1985;
Rittmann, 1989
Cisalhamento kdXF Bakke et al., 1984
kd XF LF 0.58 Rittmann, 1982b
Taxa de crescimento ou LF (kd’ + kd’’ ) Speitel e DiGiano, 1987
consumo de substrato
kdrS LF Peyton e Characklis,
1993; Robinson et al.,
1984; Tijhuis et al.,
1995
Espessura pré-definida Lackner et al., 2008;
associada a um evento de Morgenroth and
retrolavagem Wilderer, 1999;
Rittmann et al., 2002

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1
Símbolos: kd, kd’, kd’’ = coeficientes de desprendimento, XF = densidade da biomassa no biofilme [M.L-3], LF = espessura do
biofilme [L], Lespessura de referência = Espessura do biofilme pós-retrolavagem [L], μ = taxa de crescimento específico [T-1], rS = taxa
de utilização de substrato [M L-2 T-1], τ = tensão de cisalhamento [M L-1 T-2].

17.7.1 Influência do desprendimento Exemplo 17.4 Predizendo a espessura do


(ud,s) sobre a espessura do biofilme biofilme assumindo-se um
em estado de equilíbrio (LF) e fluxo de substrato de ordem
sobre fluxo de substrato (JLF) zero

O balanço de massa apresentado na Eq. 17.70 Uma solução analítica para a espessura do
pode ser resolvido analiticamente ou biofilme pode ser também calculada para uma
numericamente com o uso do AQUASIM taxa de remoção de substrato de ordem zero
Software, considerando-se a remoção de um
substrato e uma expressão de taxa de
desprendimento do biofilme. Contudo, assumindo-se uma distinta expressão de
desprendimento do biofilme
Exemplo 17.3 Predizendo a espessura do
biofilme assumindo-se um
Observe que a opção pela taxa de
fluxo de substrato de meia
desprendimento definida pela Eq. 17.77 ao invés
ordem
do que expressa a Eq. 17.74 reside puramente em
Assumindo-se o fluxo de substrato e uma conveniência de simplificação associada à
desprendimento de biofilme tais como: solução analítica. Substituindo-se a Eq. 17.77 na
Eq. 17.70 tem-se:

Com tais definições, a Eq. 17.70 para uma A qual pode ser resolvida para LF:
condição de estado estacionário (em equilíbrio)
resulta em
Novamente, a espessura do biofilme decresce
com o incremento dos valores de decaimento
microbiano (bina) e do coeficiente de
A qual pode ser resolvida para LF: desprendimento do biofilme (kd) e com o
decréscimo das taxas de remoção de substrato
(k0).

Exemplo 17.5 Predizendo a espessura do


Portanto, tanto a elevação dos coeficientes de
biofilme utilizando uma
decaimento microbiano (b ina) e de
desprendimento (kd) resultam na diminuição da
solução numérica
espessura do biofilme. O incremento da taxa de
assumindo-se a cinética de
remoção de substrato (k0,p,A) e concentrações na Monod
superfície do biofilme (SLF) resultarão em As soluções analíticas para a espessura do
biofilmes mais espessos. biofilme podem ser obtidas apenas para

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determinadas expressões de taxa, considerando-se


o crescimento e desprendimento do biofilme.
Utlizando o AQUASIM software podemos
estimar a influência de diferentes taxas de
desprendimento assumindo uma cinética de
Monod no biofilme. Neste caso, as simulações
foram efetuadas para concentrações do substrato
no seio líquido variando de 0,20 a 100 mg/L,
considerando-se uma cinética de desprendimento
de:

com o coeficiente de desprendimento kd variando


de 0 a 100.000 1/m.d. Na Figura 17.15 fluxos de
substrato e espessuras do biofilme são
apresentadas para diferentes concentrações do
substrato no seio líquido, em que cada linha
representa um valor distinto de kd. Pode ser
observado que com o aumento dos valores
absolutos coeficiente de desprendimento (kd) o
fluxo de substrato (JLF) e a espessura do biofilme
(LF) decrescem, enquanto ambos os valores se
elevam com o aumento das concentrações de
concentrações do substrato no seio líquido. Esta
interdependência do fluxo do substrato em relação
à espessura do biofilme pode ser também Figura 17.15 Influência da concentração do substrato no
observada na Figura 17.16. seio líquido e do coeficiente de desprendimento no
fluxo de substrato (A) e na espessura do biofilme (B). Os
Fluxos de substrato foram determinados para valores numéricos apresentados no gráfico são
diferentes espessuras de biofilme e cada linha na associados a kd (1/m.d) na Eq. 17.60. O referido modelo
Figura 17.16 representa uma distinta de biofilme inclui a remoção de substrato e o
concentração do substrato no seio líquido. Para crescimento da biomassa utilizando-se os parâmetros
biofilmes consideravelmente delgados, o aumento apresentados na Tabela 17.13.
da espessura do biofilme eleva o fluxo de
substrato: a conversão de substratos em biofilmes
delgados é limitada pela biomassa. Para biofilmes
relativamente espessos, a espessura representa
uma influência limitada no fluxo de substratos. O
aumento da espessura do biofilme eleva o fluxo
do substrato somente quando as concentrações do
substrato no seio líquido são suficientemente
altas, de forma que o substrato possa penetrar até
a base do biofilme.

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reator. Contudo, as taxas e a dinâmica de retenção
de partículas, aderência do biofilme e a
degradação global não são bem compreendidas.
Boa parte das pesquisas fundamentais tem
mantido o foco nos substratos solúveis e
observações de microescala, sendo as rotas
associadas a componentes particulados
usualmente desconsideradas. Observações
detalhadas em escala plena para a avaliação da
retenção de partículas são raras (JANNING et al.,
1998). A retenção de partículas é em grande parte
um processo físico o qual depende do tamanho da
Figura 17.16 Influência da espessura do biofilme no fluxo partícula e características da superfície.
de substrato para distintas concentrações do substrato Adicionalmente, tem sido demonstrado que
no seio líquido (valores numéricos apresentados no protozoários e metazoários podem ser ativamente
gráfico em mg/L). Duas áreas são sombreadas em azul: envolvidos na remoção de partículas no seio
biofilmes delgados podem ser limitados pela baixa líquido (DE KREUK et al., 2010).
presença de biomassa onde o incremento da espessura
do biofilme resulta em um aumento significativo do Simuladores comerciais utilizam diferentes
fluxo de substrato. Para biofilmes espessos um aumento abordagens para modelar a aderência e o
na espessura não representa um aumento significativo desprendimento de componentes particulados em
do fluxo de substrato, uma vez que nesse caso a que mecanismos e parâmetros associados são
remoção de substrato é limitada pelo transporte de difíceis de serem comparados (BOLTZ et al.,
massa e regiões mais internas do biofilme não estarão 2010). A aderência de componentes particulados
ativas. A remoção de substrato no biofilme foi modelada é tipicamente descrita ou implementada como um
com o uso da cinética de Monod, considerando-se os processo de transferência de partículas do seio
valores apresentados na Tabela 17.13. líquido para a superfície do biofilme segundo uma
taxa de primeira ordem, a depender da
17.7.2 Aderência e rotas de componentes concentração do composto particulado no seio
particulados líquido (Figura 17.17). As partículas na superfície
do biofilme podem ser subsequentemente
Águas residuárias contém quantidades hidrolisadas a compostos solúveis, os quais são
significativas de matéria orgânica particulada de transportados por difusão. A maioria dos
maior dimensão, as quais não difundem no simuladores incluem algum mecanismo de
biofilme. Nessa circunstância, a equação de dispersão ou espalhamento permitindo o
difusão e reação (Eq. 17.1) e as correspondentes transporte lento de partículas para regiões mais
derivações sumarizadas na Tabela 17.3 não se internas do biofilme. O processo de espalhamento
aplicam a substratos desta natureza. A considera que biofilmes são mais heterogêneos do
modelagem prática de reatores com biofilme que o considerado em uma representação
requer a inclusão explícita de equações que simplificada unidimensional, permitindo que
permitam contabilizar processos de aderência, partículas também alcancem camadas mais
hidrólise e desprendimento de partículas. profundas. As partículas podem também ser
novamente transferidas para o seio líquido pelo
Os mecanismos para a aderência de partículas processo de desprendimento. A introdução de
em reatores com biofilme dependem das termos de transporte para a matéria orgânica
características da partícula, morfologia local do particulada e biomassa entre as camadas do
biofilme e do processo hidrodinâmico global no biofilme resulta em uma forma limitada de

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mistura em contracorrente. Os parâmetros Uma complexidade adicional reside no fato de


cinéticos para aderência, espalhamento e que a rota global de partículas em uma simulação
desprendimento de partículas são usualmente está associada a outros aspectos considerados no
determinados pelo ajuste do desempenho global modelo do biofilme, tais como a espessura da
do reator com biofilme. Assim, o valor dos camada superficial (e, portanto, o número de
parâmetros dependerá do tipo de partículas e camadas) e a densidade do biofilme. Contudo,
configuração do reator. Com os simuladores enquanto existem significativas incertezas em
comerciais utilizando diferentes abordagens para termos de mecanismos e parâmetros cinéticos, as
modelar tais processos, os valores numéricos predições realísticas contextualizadas para
referentes aos parâmetros cinéticos não podem ser reatores com biofilme requerem a modelagem de
diretamente comparados (BOLTZ et al., 2010). rotas de componentes particulados.

Figura 17.17 Discretização do biofilme em n camadas resultando em uma espessura LF/n. As setas indicam o transporte de
massa de partículas do seio líquido da primeira camada no biofilme (JX,aderência), desprendimento da primeira camada de
biofilme (JX,desprendimento) e uma mistura de biomassa em contracorrente e compostos particulados entre camadas
(JX,espalhamento ao interior, JX,espalhamento ao exterior). As expressões de taxa variam significativamente entre os simuladores comerciais
(BOLTZ et al., 2010). O fluxo de aderência (JX, aderência) é tipicamente proporcional à concentração deste componente no seio
líquido. Na maioria dos simuladores, o fluxo de desprendimento (JX,desprendimento) é uma função da concentração máxima de
sólidos na primeira camada. A acumulação de sólidos devida ao crescimento da biomassa, decaimento e hidrólise de
partículas é balanceada pelo processo de desprendimento (quando uma espessura constante de biofilme é assumida) ou
expansão do volume (quando uma densidade constante é assumida).

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17.8 MODELAGEM PRÁTICA DE 17.8.1 Coletânea de exemplos
REATORES COM BIOFILME
Exemplo 17.6 Substrato limitante altera-se
A modelagem prática de reatores com biofilme é ao longo do comprimento do
construída a partir de princípios apresentados nas reator com biofilme
seções prévias. Abordagens de modelamento e
soluções analíticas frequentemente assumem a O primeiro exemplo avalia concentrações
mistura completa no seio líquido em um único esperadas de amônia ao longo do comprimento de
processo e a conversão global de um único um reator nitrificante com biofilme. O seio
composto limitante. No entanto, na prática, em líquido do reator é aproximado como um fluxo
um reator com biofilme usualmente a fase líquida pistão. O sistema é aerado de forma que a
não apresenta mistura completa e diferentes concentração de oxigênio dissolvido seja
fatores limitantes aplicam-se para diferentes constante ao longo do comprimento do reator.
regiões do reator. Esse tipo de reator pode ser Como mostra a Tabela 17.4, é o substrato
simplificado pela separação de distintas regiões limitante se as concentrações de amônia são mais
em diferentes seções, em que cada respectiva elevadas que 0,28 gN/gO2. Assim, para uma
seção é modelada como um compartimento de concentração de O2 igual a 8 mgO2/L, a
biofilme, considerando-se o seio líquido do reator concentração de amônia é de 2,3 mgN/L.
em mistura completa (Figura 17.18). Essa Portanto, próximo a entrada, o reator nitrificante
abordagem geral pode ser aplicada com biofilme é frequentemente limitado pelas
independentemente do tipo de reator, onde um concentrações de O2 ao invés do nitrogênio
compartimento individual de biofilme pode amoniacal. Para uma concentração constante de
corresponder a tanques fisicamente separados oxigênio no seio do reator o correspondente fluxo
(p.ex.: em um MBBR ou RBC) ou podem de amônia para o biofilme é também constante,
simplesmente serem representados como uma como mostra a Figura 17.19.
discretização de um reator do tipo fluxo pistão
(p.ex.: filtros biológicos percoladores ou filtros
biologicamente ativados). Esta seção é
organizada como uma coletânea de exemplos
seguindo por uma abordagem passo a passo para
uma modelagem prática de um reator com
biofilme.

Figura 17.18 Condições de mistura em vários reatores


com biofilme pode ser aproximada como múltiplos
compartimentos com biofilme em série.

Figura 17.19 Reator nitrificante com biofilme com


aeração resultando em concentrações de O2 constantes
no seio líquido do reator. A depender das concentrações
de nitrogênio amoniacal no seio líquido do reator, o
composto limitante altera-se ao longo do comprimento
do reator.

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No momento em que as concentrações de amônia de DQO no seio líquido do reator. Uma


decrescem abaixo de 0,28 gN/gO2 o substrato observação geral a partir de tais simulações indica
limitante será a amônia. O fluxo de amônia para o que bactérias heterotróficas de crescimento mais
biofilme e a remoção observada se tornarão, rápido tendem a se desenvolver de forma mais
portanto, uma função das concentrações de expressiva sobre bactérias autotróficas de
amônia no seio líquido do reator. crescimento lento. Este aspecto tem duas
implicações: (i) o crescimento heterotrófico e a
Exemplo 17.7 Competição entre diferentes remoção de DQO são limitadas pelo crescimento
grupos de microrganismos autotrófico de uma forma muito pouco expressiva
por substrato e espaço no e (ii) o crescimento autotrófico e a oxidação de
interior do biofilme amônia são significamente influenciados pela
utilização do oxigênio pela biomassa
Como mostrado nos exemplos anteriores, heterotrófica, uma vez que os microrganismos
diferentes processos de conversão podem ocorrer autotróficos dependem do oxigênio que perpassa
em regiões distintas do biofilme, exercendo a camada onde a biomassa heterotrófica se
influência na comunidade microbiana, as quais se estabelece.
estabelecem em diferentes camadas do biofilme.
Um exemplo clássico de como a disponibilidade Pela distribuição da biomassa na Figura 17.20
de substratos e taxas de crescimento microbiano pode ser observado que as bactérias heterotróficas
influenciam a competição entre microrganismos e e autotróficas podem somente coexistir quando as
a remoção de substrato é a competição por concentrações de DQO no seio líquido são
oxigênio entre bactérias heterotróficas e menores que 30 mg/L. Tal aspecto pode ser
nitrificantes em um biofilme (WANNER e explicado pelo conceito de dupla limitação de
GUJER, 1985, 1986; WANNER e REICHERT, substrato (seção 17.8). Para concentrações de
1996). Predizer a distribuição de bactérias DQO de 30 mg/L, espera-se que o biofilme
heterotróficas e autotróficas em diferentes heterotrófico seja limitado por concentrações de
camadas do biofilme requer a modelagem de oxigênio (comparar na Tabela 17.4) sem que tal
processos locais de crescimento no biofilme, o substrato esteja disponível para o crescimento
que pode somente ser resolvido por meio de autotrófico abaixo da camada em que
solução numérica. Alguns resultados de Wanner e microrganismos heterotróficos se estabelecem.
Gujer (1985) são apresentados a seguir. Portanto, coexistência de bactérias heterotróficas
e autotróficas é somente possível se a oxidação do
Os resultados de modelamento para o substrato orgânico estiver notadamente abaixo da
substrato oxigênio e perfis de biomassa ao longo limitação por oxigênio e não de DQO. Os fluxos
da espessura do biofilme são apresentados na de substratos para uma faixa de concentrações de
Figura 17.20 para quatro diferentes concentrações DQO e amônia são apresentados na Figura 17.21.

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Figura 17.20 Concentrações de oxigênio ao longo da profundidade do biofilme e a correspondente distribuição de bactéria
heterotrófica (XOHO), autotrófica (XANO) e biomassa inerte (XI) para diferentes concentrações do substrato orgânico no seio
líquido de 0 (A), 3 (B), 13 (C) e 30 mgDQO/L (D). As concentrações de oxigênio e amônia são 8 mgO 2/L e 13 mgN/L,
respectivamente, para todos os casos (WANNER e GUJER, 1985).

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heterotróficas. A condição em que um biofilme


oxidador de carbono orgânico será limitado pelo
oxigênio ou pelo carbono orgânico pode ser
determinada com o uso da Eq. 17.64.

Como apresentado na Figura 17.22, o valor de


γe.d,e.a. na Eq. 17.64 pode ser diretamente
correlacionado com o oxigênio disponível no
biofilme para a nitrificação e a taxa de nitrificação
observada.

Figura 17.21 Fluxo de substrato orgânico (A) e amônia (B)


são ambos principalmente determinados pelas
concentrações do substrato orgânico no seio líquido,
considerando 8 mgO2/L no seio líquido (WANNER e
GUJER, 1985). As linhas pontilhadas nas figuras separam Figura 17.22 Dados experimentais demonstrando a
diferentes regiões com crescimento heterotrófico (H), redução da taxa de nitrificação com o incremento das
crescimento autotrófico (A) ou a coexistência de concentrações de substrato orgânico em um biofiltro. O
crescimento heterotrófico (H) e autotrófico (AH). eixo x corresponde a γe.d,e.a. na Eq. 17.72 (HENZE et al.,
2002).
Pode ser observado que o fluxo de DQO para
o biofilme se eleva com o aumento das
Exemplo 17.8 Como a competição entre
concentrações de DQO no seio líquido, até que o
bactérias heterotróficas e
oxigênio passa a ser o substrato limitante para
autotróficas é considerada
concentrações de DQO de 28 mgDQO/L no seio
para diretrizes de
do líquido. É interessante notar que o fluxo de
dimensionamento
amônia para o biofilme é também controlado
pelas concentrações de DQO no seio líquido ao A competição entre bactérias heterotróficas e
invés de exercido pelas concentrações de amônia autotróficas no exemplo anterior traduz-se
no seio líquido (pelo menos para concentrações de diretamente em uma abordagem de
amônia no seio líquido maiores que 5 mgN/L). A dimensionamento e nas curvas de
maior influência das concentrações de DQO no dimensionamento apresentadas na Figura 18.12.
seio líquido sobre o fluxo de amônia para o No exemplo anterior, (Figura 17.21) foi
biofilme se deve ao fato de que a quantidade de demonstrado que a nitrificação e o fluxo
oxigênio perpassando a camada heterotrófica correspondente de amônia são diretamente
decrescerá com o incremento das concentrações dependentes da concentração de DQO no seio
de DQO no seio líquido, resultando em uma líquido e do crescimento heterotrófico. A
menor disponibilidade de oxigênio para bactérias competição microbiana e os fluxos de substrato

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são subsequentementes influenciados pelas estágio representaria o compartimento de um
concentrações de oxigênio no seio líquido. As reator de biofilme com leito móvel (em inglês
curvas de dimensionamento da Figura 18.12A ´Moving -Bed Biofilm Reactor´ - MBBR) ou a
consideram a influência do substrato orgânico, seção de um biofiltro aerado (Figura 17.23A)6. O
oxigênio e amônia no seio líquido como base para objetivo é alcançar concentrações efluentes de
predizer o fluxo de amônia. Enquanto o oxigênio amônia menores que 1 mgN/L. Há uma hipótese
e a amônia no seio líquido são explicitamente de que o reator opera em sobrecarga e quatro
incluídos, a carga orgânica é utilizada como uma casos são avaliados (Tabela 17.8).
representação da concentração de DBO no seio
líquido. Como apresentado na seção 17.4, as Caso de referência
concentrações do substrato orgânico no seio No caso de referência a concentração efluente de
líquido são diretamente associadas às cargas amônia excede significativamente a meta do valor
orgânicas afluentes (p.ex.: Eq. 17.44). de 1 mgN/L (Tabela 17.8). Isto pode ser explicado
pelo fato de que a carga orgânica superficial
A Figura 18.12B (Capítulo 18) provê fluxos aplicada de 9 gDQO/m².d é elevada em
de amônia para uma situação de baixas cargas comparação com as recomendações de projeto
orgânicas (p.ex.: tal como ocorre na nitrificação (ver seção 18.1.1.6). O desempenho do processo
terciária). O leitor deve comparar o incremento pode ser subsequentemente avaliado baseando-se
dos fluxos de amônia ao ponto em que o oxigênio nas concentrações de DQO e NH4+ no seio líquido
se torna limitante com para cinética de meia (Figura 17.24A). Nas seções iniciais do reator
ordem em um biofilme parcialmente penetrado, com biofilme somente o carbono orgânico é
seguido por uma cinética de ordem zero, na oxidado, e, portanto, os organismos nitrificantes
Figura 17.8. perdem na competição. A remoção de amônia
observada nas seções iniciais é devida ao
As curvas da Figura 18.12 estão em nitrogênio requerido para a síntese celular. A
consonância com os princípios teóricos da nitrificação somente se inicia na terceira seção,
competição e difusão de múltiplos componentes, com o evidente incremento das concentrações de
mas os valores numéricos na figura são, de fato, nitrato no seio líquido do reator.
determinados a partir de um reator efetivamente
em operação. A aplicação das referidas curvas de Redução da carga superficial
dimensionamento é posteriormente discutida no Uma possível abordagem para a melhoria de
Capítulo 18. desempenho é a redução da carga superficial pelo
aumento do volume reacional (mantendo-se a área
Exemplo 17.9 Quais os efeitos da superficial específica) ou aumentando a área
competição entre bactérias superficial específica em um dado volume de
heterotróficas e autotróficas reator (em um MBBR tal possibilidade é
em um reator de biofilme em alcançada pela adição de mais elementos de meio
fluxo pistão? suporte). Diminuindo a carga superficial de 9 para
7,5 gDQO/m².d a nitrificação se eleva, permitindo
A modelagem numérica pode ser utilizada na a obtenção de concentrações efluentes de amônia
avaliação de fatores operacionais limitantes, bem abaixo de 1 mgN/L (Figura 17.24B).
como para identificar estratégias visando
melhorias de desempenho de reatores. Este Incremento na aeração
exemplo avalia o desempenho de um reator com O desempenho de reatores com biofilme em
biofilme operado para a oxidação de carbono e sobrecarga pode ser aprimorado pelo incremento
amônia (Tabela 17.7). As condições de mistura no da concentração de oxigênio no seio líquido. Com
reator são descritas em oito estágios, onde cada a elevação das concentrações de oxigênio de 4

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para 6 mgO2/L a meta em atingir concentrações fixa (em inglês ´Integraded fixed-film activated
efluentes de amônia abaixo de 1 mgN/L é sludge´ - IFAS) (ver Capítulo 18 para detalhes). A
alcançada (Figura 17.24C). A vantagem de se partir da introdução da retenção de lodo (pela
elevar as concentrações de oxigênio no seio recirculação da biomassa, Figura 17.23B) mesmo
líquido reside na possibilidade de alteração um baixo tempo de residência de sólidos de 1 d
operacional sem paralizações, enquanto a redução permite que organismos heterotróficos
de cargas superficiais aplicadas requer ampliação acumulem-se na fase líquida para a conversão do
de volumes reacionais da estação de tratamento. carbono orgânico. A oxidação do carbono
O incremento da aeração é utilizado não somente orgânico na fase líquida reduz a carga superficial
para melhorar o desempenho de reatores com sobre o biofilme e aumenta a atividade nitrificante
biofilme em sobrecarga, mas também para lidar de forma que a meta de concentração de amônia
com variações de carga afluente. seja alcançada (Figura 17.24D).
A proposta desse exemplo é demonstrar o
Recirculação de lodo potencial da modelagem numérica no sentido de
Alguns tipos de reatores com biofilme (p.ex.: avaliar diferentes cenários, em termos da
MBBR) podem ser operados com ou sem a operação global de um reator. Neste caso, a
retenção de lodo (Figuras 17.23 ae 18.11). Um discussão foi centrada nas concentrações de DQO
MBBR com retenção de lodo é referenciado como e NH4+. Contudo, o modelo pode também prover
um sistema integrado de lodo ativado e biomassa perfis de concentrações de oxigênio (Figura
17.25) em diferentes seções do reator.

Figura 17.23 Reator com biofilme modelado com oito compartimentos em série sem recirculação de biomassa (A) e com
recirculação de biomassa (B).

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Tabela 17.7 Condições operacionais para o reator com biofilme (caso de referência).

Parâmetro Símbolo Valor


Concentração afluente de DQO DQOi 300 mgDQO/L
Concentração afluente de NH4+ SNH4 45 mgN/L
Vazão afluente Qi 24.000 m3/d
Volume total do reator VR 3.200 m3 (= 8 · 400 m3)
Área superficial específica do biofilme aF 250 m2/m3
Área total do biofilme AF 800.000 m2 (= 8 · 100.000
m2)
Espessura do biofilme LF 400 μm
Espessura da camada limite LL 30 μm
Número de camadas do biofilme - 6
Concentração de oxigênio na fase SB,O2 4 mgO2/L
líquida
Carga superficial de DQO BA,DQO 9 gDQO/m2.d
Carga superficial de DQO BA,NH4 1,4 gN/m2.d

Figura 17.24 Concentrações de DQO, amônia e nitrato para os quatro cenários descritos na Tabela 17.8.

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Tabela 17.8 Condições operacionais e concentrações efluentes de amônia para os cenários avaliados.

Cenário Carga orgânica O2 no seio Tempo de residência NH4+ efluente4


superficial1 líquido2 do lodo na fase (mgN/L)
(gDQO/m².d) (mgO2/L) líquida3 (d)
A) Caso de referência 9,0 4,0 -0,1 6,7
B) Redução de carga 7,5 4,0 -0,1 0,1
superficial
C) Incremento na aeração 9,0 6,0 -0,1 0,1
D) Recirculação de lodo 9,0 4,0 1,0 0,2
(1)
A carga orgânica superficial não considera a remoção de matéria orgânica na fase líquida no cenário com recirculação do
lodo.
(2)
O tempo de residência do lodo na fase líquida para o sistema com recirculação do lodo (Figura 17.23B) é calculado como
massa de sólidos em suspensão no seio líquido do reator dividido pela taxa de remoção de sólidos do sistema. Para o reator com
biofilme sem recirculação do lodo (Figura 17.23A) o tempo de detenção do líquido foi indicado.

soluções analíticas, contudo é igualmente


importante quando da utilização de modelos
numéricos diretamente disponíveis. Com o uso de
modelos numéricos uma compreensão conceitual
frequentemente não requer a obtenção de valores
absolutos corretos, mas é essencial que perguntas
corretas sejam feitas para a interpretação dos
resultados do modelo. Uma abordagem conceitual
passo a passo é apresentada na Figura 17.26,
provendo uma sequência de decisões individuais
e correspondentes abordagens de modelamento.
Um primeiro passo é determinar quando o reator
com biofilme pode ser descrito a partir de um
Figura 17.25 Perfis de concentrações de oxigênio no seio único processo (p.ex.: considerando-se somente a
líquido e nas seis camadas do biofilme (eixo x) para os oxidação do carbono ou considerando-se apenas a
oito compartimentos do biofilme (curvas diferenciadas nitrificação) ou quando múltiplos processos e
por cores). múltiplos tipos de microrganismos devem ser
considerados (Passo 1). No caso de um processo
17.8.2 Passo a passo para a avaliação de único, a próxima pergunta é quando o doador de
reatores com biofilme elétron e o aceptor de elétron são limitantes (Passo
2). Para um único processo e um único composto
Os exemplos prévios demonstraram como um (p.ex.: seja o doador de elétron ou o aceptor de
reator com biofilme pode ser dividido em elétron), soluções analíticas, por exemplo
diferentes seções, em que fatores limitantes considerando-se a Tabela 17.3, podem ser
distintos podem ser observados nas diferentes aplicadas. Uma abordagem alternativa é utilizar
seções individuais. É benéfico para um um modelo numérico que explicitamente
engenheiro o desenvolvimento de uma considera a difusão de múltiplos componentes.
compreensão conceitual dos fatores limitantes e Sistemas complexos com múltiplos processos
mecanismos associados. Esta compreensão podem ser divididos em diferentes seções onde
conceitual é necessária para a aplicação de em cada seção há um único processo dominante.

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Por exemplo, um reator com biofilme é utilizado (Passo 4). Conversões no seio líquido são
para a oxidação combinada de carbono e usualmente desconsideradas em processos com
nitrificação pode ser dividido em duas seções; biofilme. Contudo, a inclusão de tais processos no
oxidação de carbono na primeira seção e seio líquido são essenciais em sistemas híbridos
nitrificação na segunda seção (Passo 5). Como que combinam biofilmes com lodo ativado (p.ex.:
uma alternativa, a competição microbiana, como sistema integrado de lodo ativado e biomassa fixa
discutido nos exemplos 17.8 e 17.9, pode ser – IFAS). Novamente, subsistemas podem ser
utilizada para descrever as interações. E, definidos, os quais podem ser resolvidos com o
novamente, a modelagem numérica considerando uso de soluções analíticas simplificadas ou o
múltiplos substratos, processos e frações de sistema como um todo pode ser avaliado
biomassa pode ser utilizada para uma descrição utilizando-se modelamento numérico que
global do sistema. A decisão final refere-se a considere processos, organismos e interações.
quando incluir ou não processos no seio líquido

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Figura 17.26. Abordagem conceitual para o modelamento de reatores com biofilme. Pontos de decisão (numerados) são
discutidos no texto.

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17.9 PARÂMETROS DERIVADOS Onde o lado esquerdo da Eq. 17.81 é igual a taxa
de remoção volumétrica devido ao
desprendimento do biofilme (ud,V, Eq. 17.71). A
17.9.1 Idade do lodo definição de TRS pode ser combinada com o
Para sistemas de lodo ativado, o tempo de balanço de massa do desenvolvimento global do
retenção de sólidos-TRS (ou idade do lodo) é um biofilme (Eq. 17.70). Assumindo-se um estado de
parâmetro chave no projeto e operação. A idade equilíbrio (estacionário), Eq. 17.70 pode ser
do lodo pode ser utilizada para calcular a rearranjada para:
concentração efluente do substrato, a quantidade
de biomassa no sistema, e o coeficiente de
produção de biomassa. Contudo, até qual
circunstância tal conceito pode ser aplicado para
A qual pode ser substituída na Eq. 17.81
sistemas com biofilme? Para sistemas de lodo
resultando em:
ativado, a remoção de sólidos é um processo
estocástico onde os flocos são aleatoriamente
removidos do sistema por perdas de lodo do
tanque de aeração e com o efluente secundário. A
idade do lodo, portanto, representa o tempo médio
que frações particuladas permanecem no sistema. A partir da Eq. 17.83 pode ser observado que
Contudo, a remoção de biomassa no biofilme não o TRS aumenta com o decréscimo do fluxo de
é um processo aleatório, uma vez que o substrato e aumento da espessura do biofilme.
desprendimento preferencialmente remove Indiretamente, o TRS é influenciado pelas
partículas da superfície do biofilme, enquanto concentrações no seio líquido (a diminuição de
partículas posicionadas na base do biofilme concentrações no seio líquido resulta em um
(próximas a superfície de aderência) são mais decréscimo de fluxos de substratos) e pelo
protegidas do desprendimento. Portanto, o desprendimento do biofilme (a diminuição do
conceito de tempo de retenção do lodo não pode desprendimento resulta em biofilmes mais
ser diretamente aplicado a biofilmes. espessos). Novamente, pode ser observado que a
Eq. 17.83 é baseada na premissa de um estado
Para biofilmes com múltiplos grupos de estacionário onde o crescimento de biomassa é
organismos competindo por substrato e espaço, balanceado pelo desprendimento.
distintos tempos de retenção resultantes do
desprendimento preferencial na superfície do O leitor deve também notar que o TRS deve
biofilme têm uma influência significativa na ser interpretado de maneira distinta para sistemas
competição microbiana e o cálculo da idade do de lodo ativado e em sistemas com biofilme. Em
lodo não é útil (Morgenroth, 2003; Morgenroth e sistemas de lodo ativado, cada floco tem a mesma
Wilderer, 2000). Contudo, para um biofilme probabilidade de ser removido durante perdas de
homogêneo com um único tipo de organismo, o lodo. Contudo, em biofilmes, a probabilidade de
cálculo da idade do lodo fornece uma comparação remoção de sólidos por meio de desprendimento
útil em relação com as condições de crescimento é significativamente mais elevada na superfície do
em um sistema de lodo ativado. A idade média do biofilme, em comparação com a base do biofilme.
lodo em sistemas com biofilme é definida como: O valor do TRS calculado a partir da Eq. 17.83
refere-se à média global do tempo de retenção de
Massa média de biofilme sólidos para distintas posições no biofilme
TRS = =
Taxa média de desprendimento do biofilme (Morgenroth, 2003; Morgenroth e Wilderer,
LF XF
ud,s XF
2000). O tempo de retenção de sólidos local na
(17.81) base do biofilme é mais elevado do que o

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observado para a média global, fornecendo um


nicho ecológico para bactérias de menor
crescimento. Um exemplo de bactérias com
menor crescimento desenvolvendo-se
preferencialmente em direção à base do biofilme
é associado a bactérias nitrificantes, como
discutido no exemplo da Seção 17.8.
Adicionalmente, tem sido sugerido que a base do
biofilme fornece um nicho ecológico para
organismos especializados responsáveis pela
conversão de compostos xenobióticos de baixa
biodegradação.

Exemplo 17.10 Idade do lodo para um


biofilme assumindo-se a taxa Figura 17.27 Influência das concentrações de substrato
no seio líquido e espessura do biofilme (linhas no
de crescimento segundo a
gráfico) sobre a idade do lodo - TRS calculado com o uso
cinética de Monod
da Eq. 17.81, assumindo-se uma espessura de biofilme
As simulações foram desenvolvidas com o uso do constante e incluindo processos de crescimento,
AQUASIM para calcular o TRS para diferentes decaimento e desprendimento. A remoção de substrato
concentrações de substrato no seio líquido e e crescimento no biofilme foram modelados utilizando-
espessuras de biofilme, com base nas taxas de se a cinética de Monod (Tabela 17.12) e os parâmetros
desprendimento simuladas (ud,S), utilizando-se a fornecidos na Tabela 17.13.
Eq. 17.81. Na figura 17.27 pode ser observado
que o TRS se eleva com o decréscimo 17.9.2 Concentração mínima de substrato
concentrações de substrato no seio líquido. As para a manutenção do crescimento
linhas apresentadas na Figura 17.16 representam da biomassa (Smin)
diferentes espessuras de biofilme onde o TRS se
eleva, quanto maior é a espessura do biofilme. O A concentração efluente de substrato em um
efeito de concentrações de substrato no seio reator com biofilme depende da quantidade de
líquido, espessuras de biofilme e taxas de biomassa disponível, área superficial específica e
desprendimento são similares àquelas condições operacionais do reator. Para um reator
contempladas pela equação geral (Eq. 17.81) com biofilme de mistura completa e fluxo
anterior. contínuo as concentrações efluentes foram
discutidas na seção 17.4. Contudo, a espessura do
biofilme foi sempre fornecida como um dado de
entrada do modelo independentemente do
desprendimento do biofilme e processo de
decaimento. A questão considerada na discussão
subsequente associa-se à menor concentração
efluente de substrato que pode ser alcançada em
um reator com biofilme de mistura completa e
fluxo contínuo, assumindo-se as seguintes
condições: (i) o desprendimento do biofilme é
desprezível (ud,S = 0), (ii) o crescimento
microbiano no biofilme pode ser descrito pela

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cinética de Monod, (iii) o decaimento microbiano al., 2000). O conceito de tempo característico é
é descrito por uma cinética de primeira ordem útil ao avaliar a rapidez com que um sistema se
(binaXF), e (iv) as vazões afluentes são aproxima do estado de equilíbrio (estacionário),
extremamente baixas, resultando em um biofilme como base para definir parâmetros, bem como
notadamente pouco espesso, onde as limitações para implementar soluções numéricas para o
para transferência de massa podem ser modelamento de biofilmes.
desprezadas. Assumindo o estado estacionário e
desprezando-se o desprendimento, a Eq. 17.70 O conceito de tempo característico pode ser
pode ser simplificada para: explicado usando um exemplo simples. Para uma
taxa de reação segundo uma cinética de primeira
ordem, a equação de balanço de massa para a
degradação de um substrato S em um processo de
O fluxo de substrato para o biofilme, batelada é:
desprezando-se as limitações de transporte de
massa e assumindo-se a cinética de Monod, é:

onde S é a concentração do substrato, M L-3, k1 é


a taxa de reação em primeira ordem, T-1, e t =
tempo, T. Resolvendo Eq. 17.87 com S (t = 0) =
Combinando a Eq. 17.84 e a Eq. 17.85 obtém-
S0 tem-se:
se a concentração mínima de substrato para a
manutenção do crescimento microbiano no
biofilme (Smin)

Com base na Eq. 17.88, o tempo característico


para uma taxa de reação em primeira ordem
O conceito de Smin experimentalmente (reação,1) pode ser definido como:
apresentado (Rittmann e McCarty, 1980) tem
implicações práticas para a remoção de
contaminantes a concentrações expressivamente
baixas e o valor de Smin pode ser utilizado como Observe que, para uma taxa de reação de
um fator de escala para a derivação de soluções primeira ordem, a seleção do tempo característico
pseudo-analíticas (Rittmann e McCarty, 2001; resulta em S (t = ) = exp (-1)·S0 = 36,8%·S0. No
Saez e Rittmann, 1992; Wanner et al., 2006). entanto, não há nada de especial no valor de
36,8% (há outras); o que é simplesmente
conveniente em termos matemáticos (Clark,
17.9.3 Tempo característico e números
1996). Por exemplo, o tempo característico taxa
não dimensionais para descrever a
de reação em ordem zero (reação,0) corresponde a
dinâmica do biofilme
S(t = ) = 0 para uma reação em batelada. A escala
Os vários processos em biofilmes ocorrem em de tempo é simplesmente uma medida de quão
diferentes escalas de tempo. O crescimento da rápido um processo irá se proceder. Na Tabela
biomassa ocorre em escalas de tempo na ordem de 17.9 os tempos característicos associados a
horas a dias, enquanto a difusão do substrato e processos de importância para a descrição de
processos hidrodinâmicos ocorrem na ordem de biofilmes são sumarizados. Uma faixa típica de
segundos para minutos (Esener et al., 1983; Gujer valores é fornecida na Figura 17.28.
e Wanner, 1990; Kissel et al., 1984; Picioreanu et

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Tabela 17.9 Tempos característicos para processos de relevância em um biofilme (baseado em Clark, 1996; Esener et al.,
1983; Gujer e Wanner, 1990; Kissel et al., 1984; Picioreanu et al., 2000).

Processo Tempo característico


Advecção

Retenção em um reator de
mistura completa

Difusão (massa)

Difusão (viscosa)

Reação

Desprendimento

L = distância característica [L]; u = velocidade [L T-1]; D = coeficiente de difusão [L2 T-1];  = viscosidade [L2 T-1]; V = volume
do reator [L3]; Q = vazão para o reator [L3 T-1]; k0, k1 = taxas de reação volumétrica de ordem zero e de primeira ordem [M L-3
T-1 e T-1], respectivamente; bdecaimento = coeficiente de decaimento [T-1]; , max = taxa de crescimento, crescimento máximo
taxa [T-1]; Y = coeficiente de produção de biomassa [M M-1]; SLF, XF = substrato, concentração de biomassa [M L-3]; KS =
constante de meia-saturação de Monod, [M L-3].

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derivam-se no sentido de obter informações em
termos de ordem de grandeza para adequado
julgamento e aplicação.

17.9.3.1 Aplicação de tempos característicos


para estimar tempos de resposta

Ao executar um modelo de biofilme deve-se


definir uma escala de tempo de interesse (τ0).
Todos os processos com escalas de tempo mais
curtas (ou seja, processos que ocorrem mais
rapidamente) do que τ0 podem ser assumidos
como em estado pseudo-estacionário. Processos
ocorrendo em um tempo mais alongado (ou seja,
processos mais lentos) podem ser descritos como
"congelados" no tempo (Picioreanu et al., 2000;
Wanner et al., 2006). Assim, para experimentos
com duração de algumas horas, os perfis de
concentração do substrato podem ser assumidos
no estado estacionário quando τdifusão << τ0. No
entanto, embora as alterações na espessura do
biofilme possam ser desprezadas para τcrescimento
>> τ0, quando o biofilme em desenvolvimento é
avaliado ao longo de períodos de semanas, o
crescimento do biofilme deve ser considerado
explicitamente, uma vez que τcrescimento possui
mesma ordem que τ0. A Figura 17.28 apresenta
uma visão geral de tempos característicos para
sistemas de biofilme em geral e para o exemplo
Figura 17.28 Tempos característicos calculados a partir
na Figura 17.8.
da Tabela 17.5 para parâmetros típicos de biofilme
Crank (1975) demonstrou que para difusão de
(colunas azuis baseadas em Kissel et al., 1984; Picioreanu
substrato solúvel em um biofilme o tempo
et al., 2000). Adicionalmente, os tempos característicos
necessário para se aproximar do estado
são calculados para taxas de remoção de substrato
estacionário (τestado estacionário) é dado por:
segundo uma cinética de primeira ordem e zero usando
parâmetros cinéticos na Figura 17.8 e assumindo-se LF =
τestado estacionário = 0,45 · difusão, massa
80-200 μm e SLF = 0,1-40 mg/L (colunas vermelhas).
(17,90)
Como pode ser visto para o processo de
Assumindo um coeficiente de difusão de DF =
crescimento, existem diferentes maneiras de
8·10-5 m2/d (para acetato) e LF = 500 m
definir tempos característicos com base na taxa
encontramos com o uso da Eq. 17.72 que o tempo
máxima de crescimento (τcrescimento) ou a partir de
necessário para se aproximar do estado
uma aproximação da taxa real de crescimento no
estacionário é de 4,5 minutos. Notar que o tempo
sistema (τcrescimento*). No entanto, sem regras
para atingir o estado estacionário independe se a
estritas para a definição de tempos característicos
difusão é limitada ou não pela remoção do
é de responsabilidade do usuário compreender
substrato no biofilme. As escalas de tempo para
como e por que tempos característicos ou
alcançar o estado estacionário em relação a
números adimensionais (Seção 17.9.3.2)

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microorganismos no biofilme (τcrescimento ou observado que o DaII está diretamente associado


τcrescimento*) são muito mais longos, variando de com a penetração de substrato no biofilme (β):
dias a semanas. A competição microbiana no
biofilme tende a ser um processo ainda mais lento,
uma vez que depende do diferencial da taxa de
crescimento para o organismo A (μA) e organismo Com base na Eq. 17.93, um biofilme limitado
B (μB) no biofilme (τΔ-crescimento = 1/(μA - μB)). pela difusão com DaII >> 1 corresponde a β << 1.
Tal observação faz sentido uma vez que um
biofilme limitado pelo processo de difusão tende
17.9.3.2 Números adimensionais: Número
a ser apenas parcialmente penetrado. Observe
de Damköhler (DaII), módulo de
que, utilizando-se o critério de tempo
Thiele (Φ), e Número de
característico foi possível avaliar, sem que fosse
crescimento (G)
necessária a resolução explícita de equações
A comparação entre valores de tempos diferenciais em detalhe, se a difusão ou a reação
característicos para processos acoplados permite foram os processos limitantes. O segundo número
estimar quais processos são limitados pela taxa e Damköhler está relacionado a outro número não
quais processos podem ser desprezados. Um dimensional, o módulo de Thiele (Φ) que é
exemplo é o acoplamento da reação e da difusão definido como:
do substrato em um biofilme. Suponha, por
exemplo, que para um dado biofilme o tempo
característico para conversão do substrato (τreação)
seja curto (ou seja, a reação ocorre de forma muito Picioreanu et al. (1998) introduziram o
rápida) enquanto que o tempo característico para Número de Crescimento (G) em seu estudo
a difusão (τdifusão) seja longa (ou seja, a difusão avaliando a influência da difusão local do
ocorre lentamente). Se a difusão é mais lenta que substrato e taxas de crescimento no
a reação, então pode ser assumido que o biofilme desenvolvimento de um biofilme de estrutura
é limitado pela difusão. Para o caso de conversão multidimensional. A definição de G é:
de substrato segundo uma cinética de ordem zero
(rF = k0,FXF, Eq. 17.1), então a razão de τdifusão e
τreação no biofilme é definida como:
Em que τcrescimento* é definido como (Tabela 17.9):

Combinando a Eq. 17,95 com a Eq. 17.96, e


Na literatura de engenharia química a proporção considerando-se definição de τdifusão pela Tabela
de tempos característicos definida Eq. 17.91 é 17.9 tem-se:
referida como o segundo número de Damköhler
(DaII) (Boucher e Alves, 1959):

Observe que G é idêntico a DaII, exceto pelo


uso da taxa máxima de crescimento (μ max) ao
Para um biofilme limitado pela difusão (biofilme
invés do uso da taxa de remoção de substrato
espesso) DaII >> 1; para um biofilme de reação
conforme uma cinética de ordem zero (k0,F).
limitada (raso) DaII << 1. Comparando-se DaII
Picioreanu et al. (1998) foram capazes de
com a solução explícita para um biofilme com
demonstrar com o uso de modelagem matemática
cinética de ordem zero (Tabela 17.3), pode ser
multidimensional que para o crescimento no

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biofilme limitado pelo substrato e para grandes
valores de G (por exemplo, G > 20), um biofilme
poroso se desenvolve com vários canais e vazios. O número de Peclet é frequentemente
Para biofilmes de crescimento limitado e para aplicado em estudos com reatores visando avaliar
pequenos valores do número G (p.ex.: G < 7), a dispersão axial (difusão na direção do fluxo de
biofilmes compactos e densos se desenvolvem. água) em relação ao transporte do líquido que flui
através do reator. Com Pe >> 1, o transporte
Duas lições podem ser obtidas com os difusivo é pequeno em comparação com a
números introduzidos (DaII, β, Φ, e G). advecção global. Ao aplicar o número de Peclet
Primeiramente, não existe um método único para para reatores de biofilme, qual comprimento
definir esses números não dimensionais, uma vez característico, L, deve ser usado na Eq. 17.99?
que todos os quatro números relacionam difusão Comparando o transporte advectivo e difusivo ao
com metabolismo de substrato em um biofilme, longo do comprimento do reator, o comprimento
contudo, cada um dos quatro números é definido característico seria ser o comprimento total do
de forma sensivelmente distinta. Em segundo reator. Outra aplicação do número de Peclet é
lugar, números não dimensionais podem servir a avaliar a importância relativa da difusão e
múltiplos propósitos, desde prever a difusão do advecção em um biofilme poroso que permite que
substrato em um biofilme, como diferenciar uma parcela do líquido flua através da matriz do
regimes limitados por difusão e reação e até a biofilme (Libicki et al., 1988). Nesse caso, o
predição da estrutura de um biofilme. comprimento característico seria a espessura do
biofilme. O exemplo de dois comprimentos com
Número de Biot (Bi) escalas muito diferentes considerando-se a Eq.
17.99 demonstra que sempre há escolhas a serem
Outro exemplo de número adimensional que pode feitas, em termos de definição dos tempos
ser proveniente de razões de tempos característicos e números não dimensionais.
característicos é denominado Número de Biot Nenhuma regra rígida deve ser definida, e tais
(Bi): escolhas devem ser baseadas em uma
compreensão completa dos princípios
fundamentais. A aplicação demasiada de
parâmetros não dimensionais pode refletir falta de
compreensão sobre como os processos que estão
onde τdifusão,interna (= LF2/DF) é o tempo sendo comparados em termos de tempos
característico para difusão no biofilme, enquanto característicos estão relacionados entre si.
τdifusão,externo (= LL2/DW) é o tempo característico
para difusão na camada limite externa. Se a
difusão dentro do biofilme é muito mais rápida do 17.10 COMO A ESTRUTURA 2D/3D
que na camada limite de concentração (ou seja, Bi INFLUENCIA O DESEMPENHO DO
<< 1), então, para um biofilme limitado pela BIOFILME?
difusão, podemos esperar que resistência à
transferência de massa está limitando processos Se olharmos de forma mais aproximada biofilmes
de conversão dentro do biofilme. em reatores ou em sistemas naturais, é possível
conscientizar-se de que os biofilmes muitas vezes
parecem bastante heterogêneos. A pergunta que
Número de Peclet (Pe)
pode surgir é se os modelos unidimensionais
O número de Peclet (Pe) pode ser usado para descritos nas seções anteriores serão adequados
comparar o tempo característico para difusão com para descrever biofilmes reais. Em todas as seções
o tempo característico para advecção: anteriores assumiu-se que os gradientes de

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concentração paralelos ao substrato são muito transporte de massa local. Exemplos de questões
menos representativos do que gradientes de ecológicas incluem a modelagem da teia
concentração perpendiculares ao substrato, alimentar anaeróbia em lodo granular anaeróbio
resultando em uma equação unidimensional de (Batstone et al., 2002). Outro aspecto ecológico é
difusão e reação (Eq. 17.1). a formação de diferentes estruturas de superfície
em biofilmes e no lodo granular, onde a
Nos últimos 25 anos, modelos morfologia da superfície pode ter, por exemplo,
multidimensionais para biofilmes foram influência na resistência externa à transferência de
desenvolvidos visando prever a formação da massa (Picioreanu et al., 2000). Modelos
estrutura heterogênea do biofilme, considerando a multidimensionais são normalmente usados para
disponibilidade local de substrato. Por sua vez, responder a perguntas específicas para uma
esses modelos preveem a influência desta melhor compreensão das interações no biofilme.
estrutura heterogênea sobre a ecologia microbiana Em alguns casos, tais interações têm um impacto
no interior do biofilme, e, posteriormente, em no desempenho global do reator com biofilme.
fluxos de substrato. Quando um modelo 1D Nestas circunstâncias, os resultados e
simplificado é adequado ou não ou se há a mecanismos de modelos multidimensionais
necessidade de aplicação de um modelo precisam ser levados em consideração para
multidimensional dependerá das perguntas aplicações práticas associadas a este tipo de
específicas a serem respondidas usando o modelo reator.
matemático. Uma avaliação sistemática de
diferentes abordagens de modelagem e sua Exemplo 17.11 Distribuição 2D de
adequabilidade para várias aplicações distintas é microrganismos geradores e
apresentada em Wanner et al. (2006). consumidores de hidrogênio
em agregados microbianos
Se o foco estiver na previsão de fluxos de
substrato para processos como a oxidação aeróbia A digestão anaeróbia é um processo de várias
de carbono, nitrificação e desnitrificação, então os etapas realizada por uma variedade de
modelos 1D são uma excelente escolha. Tais microrganismos os quais vivem em uma relação
modelos 1D permitem predizer limitações em de simbiose. Concentrações locais de substratos e
termos de transporte de massa para um substrato intermediários dependem da distribuição espacial
limitante, a difusão de múltiplos componentes e a de tais microorganismos. Um aspecto crucial é a
competição microbiana baseada em transferência interespécies de hidrogênio entre
estratificações entre a biomassa heterotrófica de microorganismos que produzem e utilizam
crescimento mais rápido e a biomassa autotrófica hidrogênio, respectivamente.
de crescimento mais lento. Batstone et al. (2006) aplicaram um modelo
matemático 2D para avaliar o desenvolvimento da
As situações nas quais se justifica usar um organização espacial de microorganismos
modelo multidimensional incluem (i) geometria anaeróbios em grânulos. As distribuições
complexa da superfície de aderência (por espaciais de organismos em um grânulo real são
exemplo, estudos em microescala sobre o comparadas com as simulações provenientes do
desenvolvimento de biofilme em um meio uso do modelo na Figura 17.29.
poroso) e para distribuição espacial de biofilme
(por exemplo, crescimento de biofilme "irregular"
com colônias isoladas); (ii) questões ecológicas
complexas influenciadas pela agregação local de
diferentes grupos de microorganismos e

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aleatória de biomassa sem assumir qualquer
mecanismo de base microbiológica (p.ex.: por
meio de quimiotaxia). A avaliação de potenciais
mecanismos que resultam em padrões espaciais
específicos requer o uso de um modelo
multidimensional. A simulação de vizinhanças
´célula a célula´ não pode ser definida com
modelos 1D, onde as distribuições de biomassa
são tomadas como uma média de planos paralelos
a superfície de aderência.

17.11 PARÂMETROS DE MODELAMENTO

A escolha de valores apropriados para os


parâmetros do modelo é essencial para se obter
predições confiáveis provenientes dos modelos.
Os parâmetros referentes a modelos de biofilme
podem ser classificados em três categorias: (i)
parâmetros microbianos que são independentes da
forma de crescimento: cultura em suspensão ou
biofilme (p.ex.: Y, μmax, etc.), (ii) parâmetros
relacionados ao transporte de massa que são
independentes do sistema (por exemplo, DW), e
(iii) parâmetros que dependem do tipo e operação
do reator (por exemplo, LF, LL, XF, etc.). Na
aplicação de modelos matemáticos para sistemas
de biofilme na prática, há uma limitação em
termos de medições. Medições diretas de
parâmetros in situ, considerando-se uma
amostragem representativa do biofilme, são
notadamente difíceis. Adicionalmente, biofilmes
Figura 17.29 Distribuição espacial de bactérias não são homogeneamente distribuídos por todo o
acidogênicas (vermelho) e metanogênicas (verde) em sistema. Assim, geralmente é impraticável
uma imagem de grânulos anaeróbios usando identificar todos os parâmetros de modelamento
hibridização de fluorescência in-situ (A). Distribuição especificamente associados ao sistema com base
proveniente do modelamento de acetogênicas em medições e, portanto, os parâmetros precisam
(vermelho), utilizadores de butirato/valerato (azul ser assumidos a partir de informações de
claro), utilizadores de propionato (verde) e literatura. Uma discussão a respeito de parâmetros
metanogênicas (amarelo ou azul) (B). Imagens: relevantes de modelamento é apresentada a
Batstone et al. (2006). seguir.

Batstone et al. (2006) foram capazes de 17.11.1 Densidade de biomassa no biofilme


confirmar a co-localização sintrófica medida de (XF)
geradoras e utilizadoras de hidrogênio a partir de
resultados de modelagem. A distribuição dos As densidades de biomassa em reatores de
microrganismos no modelo baseou-se no biofilme são significativamente superiores, em
crescimento local combinado com a distribuição comparação com os sistemas de lodo ativado. As

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concentrações de biomassa no biofilme (XF) são água, dependendo, até certo ponto, da densidade
tipicamente na faixa de XF = 10 a 60 gSSV/L. da biomassa no biofilme, assim como de
Rittmann et al. (2018) fornecem valores típicos de propriedades do composto. Em geral, um fator de
XF para diferentes tipos de processos de redução de 80% é normalmente usado (Horn e
conversão: Morgenroth, 2006; Stewart, 1998):

XF = 20 a 30 gSSV/L para oxidação de


carbono
= 40 a 60 gSSV/L ou nitrificação,
A diminuição dos coeficientes de difusão no
desnitrificação terciária com metanol,
interior de biofilmes não pode ser prontamente
ou desnitrificação em membranas com
medida em reatores com biofilme. Contudo, a
H2.
aproximação provida pela Eq. 17.100 é
apropriada para a maioria dos casos. Valores
Uma comparação direta das concentrações de
usualmente observados para DW são fornecidos na
biomassa em um reator de biofilme em relação a
Tabela 17.10.
densidades de biomassa no biofilme em sistemas
de lodo ativado variando de 2 a 6 gSSV/L
depende das quantidades relativas de biofilme,
água, ar e meio suporte, o que pode variar
significativamente entre diferentes tipos de
sistemas com biofilme. O valor de XF depende das
condições de crescimento. Biofilmes cultivados
sob condições incrementais em termos de tensões
de cisalhamento normalmente resultam em
biofilmes mais densos e coesos. A densidade da
biomassa no biofilme pode ser prontamente
medida a partir do volume de biofilme e medições
de sólidos como descrito, por exemplo, em Horn
e Hempel (1997). Uma nota para usuários do
AQUASIM: no AQUASIM, o biofilme é descrito
como consistindo-se em diferentes fases. Nesse
caso, a densidade da fase sólida do biofilme pode
ser calculada a partir da densidade global da
biomassa no biofilme dividido pela fração
volumétrica total dos sólidos (= ΣεS,i).

17.11.2 Coeficientes de difusão (Dw, DF)

Coeficientes de difusão em água (D W) estão


disponíveis na literatura para maioria dos
compostos (Lide, 2008; Perry e Green, 2008).
Tais referências também fornecem aproximações
para compostos que não estão listados, baseando-
se em propriedades como o peso molecular. Os
coeficientes de difusão no biofilme (DF) possuem
menores valores que os coeficientes de difusão na

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Tabela 17.10 Coeficientes de difusão em água (DW) (para (a)
Para 25°C (Lide, 2008)
mais referências ver Lide, 2008; Perry e Green, 2008; (b)
Para 25°C (Stewart, 2003)
Stewart, 2003). (c)
Estimado para 20 °C usando a relação de Einstein
associando peso molecular para DW (Logan et al., 1987;
Composto DW (m²/d)
Polson, 1950)
Oxigênio, O2 209,1 . 10-6 (a)
Dióxido de carbono, CO2 165,0 . 10-6 (a) 17.11.3 Transferência de massa externa (LL,
RL)
Hidrogênio, H2 441,5 . 10-6 (a)
Sulfeto de hidrogênio, H2S 117,5 . 10-6 (a) A espessura da camada limite de transferência de
massa externa (LL) ou a resistência à transferência
Íon de sulfeto de hidrogênio, HS˗ 149,6 . 10-6 (a)
de massa externa (RL = LL/DW) depende da
Metano, CH4 128,7 . 10-6 (a) configuração do reator, condições de operação e
Nitrogênio, N2 172,8. 10-6 (a) características do biofilme.
Óxido nitroso, N2O 222,0 . 10-6 (a)
LL = 30 – 100 μm (para a maioria dos
Amônio, NH4+ 169,1 . 10-6 (a) reatores)
Nitrito, NO2˗ 165,2 . 10-6 (a) = 10 – 300 μm (faixa observada)

Nitrato, NO3˗ 164,3 . 10-6 (a)


Valores mais baixos são observados com
Perclorato, ClO4˗ 154,8. 10-6 (a) condições de maior intensidade de mistura e
Clorato, ClO3˗ 148,6 . 10-6 (a) biofilmes mais lisos. A predição de desempenho
de um reator com biofilme é significativamente
Cloreto, Cl˗ 175,6 . 10-6 (a) influenciada pelo valor de LL (Boltz et al., 2011).
H2PO4˗ 76,0 . 10-6 (b) Na modelagem de reator com biofilme, o valor de
LL é muitas vezes calibrado com base no
HPO42˗ 65,7 . 10-6 (b)
desempenho observado em campo (Rittmann et
Hidróxido, OH˗ 455,6 . 10-6 (a) al., 2018).
Hídron, H+ 804,5 . 10-6 (a)
Abordagens experimentais dedicadas
Hidrogenocarbonato, HCO3˗ 102,4 . 10-6 (a)
especificamente a este assunto estão disponíveis
Carbonato, CO32˗ 79,7 . 10-6 (a) para estimar resistências externas de transferência
Acetato, CH3COO˗ 94,1 . 10-6 (a) de massa, dependendo das condições de operação
em MBBR demonstrando uma relação direta entre
Glicose, C6H12O6 57,9 . 10-6 (a)
a intensidade de mistura e o valor de LL (Melcer e
Etanol 107,1 . 10-6 (a) Schuler, 2014; Nogueira et al., 2015).
Tolueno 73,4 . 10-6 (a)
Para condições hidrodinâmicas bem
Metanol 110,6 . 10-6 (a) definidas, a resistência externa à transferência de
Benzeno 88,1 . 10-6 (a) massa também pode ser estimada usando
DBO Solúvel (3-30 kDa) 9,7 . 10-6 (c)
correlações empíricas obtidas em literatura de
engenharia química. O número não dimensional
DBO Solúvel (30-50 kDa) 7,3 . 10-6 (c) de Sherwood (Sh) é uma função de R L, DW e um
DBO Solúvel (50-100 kDa) 5,6 . 10-6 (c) comprimento característico (p.ex: o diâmetro de
uma partícula de suporte do biofilme) (dp):
DBO Solúvel (100-500 kDa) 4,3 . 10-6 (c)
DBO Solúvel (500-1.000 kDa) 2,6 . 10-6 (c)

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O número de Sherwood pode ser expresso


como função do número não dimensional de
Reynolds (Re = Udp/) e o número de Schmidt (Sc
= /Di) O número de Reynolds na Eq. 17.104 é
definido como Repb = Usupdp/, onde Usup é a
velocidade superficial sobre o meio suporte, a
onde U é a velocidade da corrente livre em torno qual representa o fluxo total através do leito de
da partícula suporte e  é a viscosidade meio suporte dividido pela área da seção
cinemática. O número de Reynolds depende do transversal (Clark, 1996).
fluxo e da geometria, enquanto o número de
Schmidt depende apenas das propriedades do Correlações adicionais para Sh podem ser
fluido. Os parâmetros A, B, m e n são, na maioria encontradas, por exemplo, nas tabelas 5.20 a 5.24
dos casos, determinados empiricamente a partir em Perry e Green (2008) ou em Kissel (1986).
de dados experimentais para um sistema Cabe destacar que muitas das correlações para se
específico. Por exemplo, para o caso simples de estimar Sh são provenientes de aplicações
fluxo de um fluido em torno de uma partícula relativamente simples associadas à engenharia
esférica rígida A = 2, B = 0,95, m = 1/2, n = 1/3 química, devendo-se, portanto, ter cautela para
(para 100 < Re < 700 e 1.200 < Sc < 1.525, Garner aplicações a sistemas com biofilme.
e Suckling, 1958).
Os parâmetros A, B, m e n dependem da
Para suspensões trifásicas com fluxo não geometria do meio suporte do biofilme e são
ideal, Nicolela et al. (1998) aproximou o número válidas apenas para um intervalo definido de Re e
de Sherwood usando a Eq. 17.96 com A = 2, B = Sc. A extrapolação dessas condições pode
0,265, m = 0,241, n = 1/3, assumindo-se uma conduzir a resultados errôneos. Para geometrias
expressão alternativa para o número de Reynolds complexas, a Eq. 17.102 pode não ser suficiente,
com base na teoria da turbulência de e outras formas de Sh = f (Re, Sc) devem ser
Kolmogoroff: utilizadas para ajustar os dados experimentais. A
maioria das correlações para Sh são provenientes
de aplicações para partículas rígidas, mas a
natureza elástica e heterogênea do biofilme pode
influenciar na transferência externa de massa.
Diferentes autores têm sugerido que o RL tende a
onde dissipação é a taxa de dissipação de energia por aumentar (Nicolella et al., 2000) ou diminuir
unidade massa. (Horn e Hempel, 2001) em função da colonização
do biofilme sobre o meio suporte.
Para reatores preenchidos com meio suporte
Wilson e Geankoplis (1966) proveram a seguinte Neste capítulo, o modelamento da resistência
aproximação do Número Sherwood, a qual é externa à transferência de massa é limitado à
aplicável para leitos com porosidades (porosidade) transferência de massa da fase líquida para a
entre 0,35 e 0,75: superfície do biofilme. Muitos reatores com
biofilmes são, no entanto, sistemas trifásicos
(sólido/biofilme, líquido, fases gasosas) onde a

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taxa de transferência de massa, como por LF esperadas para diferentes tipos de reatores com
exemplo, do oxigênio da fase gasosa para a fase biofilme são apresentadas na Tabela 17.11.
líquida pode limitar o desempenho global do Estimar uma espessura e uma taxa de
processo. A transferência de massa da fase líquida desprendimento típica associada a reatores com
para a fase gasosa é também relevante, no sentido biofilme em escala plena é uma tarefa por vezes
da remoção de metabólitos, tais como N2 ou CO2 difícil, uma vez que os biofilmes são distribuídos
do seio líquido. Com o aumento da mistura (por de forma heterogênea sobre o meio de suporte e
exemplo, a partir do aumento do fluxo de água) e no reator, em geral. Da mesma forma, em
do fluxo de gás, os dois tipos de transferência de aplicações práticas, a amostragem e a realização
massa serão influenciados: do seio líquido para a de medições representativas são igualmente
superfície do biofilme e da fase gasosa para a fase difíceis. Em reatores apresentando um biofilme
líquida. relativamente espesso, a incerteza associada à
estimativa de LF não é um problema, uma vez que
17.11.4 Espessura do biofilme (LF) e o fluxo de substrato para o biofilme não é sensível
desprendimento do biofilme (ud,S , a alterações em LF. Se em camadas inferiores do
ud,V, ud,M) biofilme há uma condição de limitação de
substrato (ou seja, LF >> Lcrit para uma cinética de
A espessura (LF) e as taxas de desprendimento do primeira ordem ou β < 1 para uma cinética de
biofilme (ud,S, ud,V, ud,M) estão diretamente ordem zero), então o aumento na espessura do
relacionadas a um determinado fluxo de substrato biofilme apenas intensifica tal condição em
(Eq. 17.70). As simulações associadas a um camadas mais profundas do biofilme, próximas à
biofilme podem ser realizadas fixando-se tanto a superfície de aderência. Em muitos simuladores
espessura do biofilme quanto a taxa de comerciais, a espessura do biofilme é um dado de
desprendimento. Uma faixa típica de espessuras entrada do modelo.

Tabela 17.11 Espessura típica de biofilme (LF) para diferentes tipos de reatores considerando a oxidação de carbono ou
nitrificação (baseado em Rittmann et al., 2018)(a).

Tipo de reator LF (μm)


Oxidação de carbono Nitrificação
Filtro biológico percolador 500 (topo do reator) 100-200 (topo do reator)
100 (baixa carga em porção 20-40 (baixa carga em porção
inferior) inferior)

Biodisco 500 (primeiro 100-200 (primeiro


compartimento) compartimento)
100 20-40

Biofiltro aerado submerso (meio suporte 100 (pré-retrolavagem) 20-40


denso)
40-60 (pós-retrolavagem)

Biofiltro aerado submerso (meio suporte 100-200 80-120


flutuante)

Reator Biológico de Leito Móvel (MBBR) 500 100-200


Reator Biológico de Leito fluidificado, 100-200 10-20
reator air lift

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de engenharia ou em atividades de pesquisa? A


17.11.5 Ressalvas na utilização de resposta para esta pergunta depende, em primeiro
parâmetros associados a outros lugar, do objetivo para o qual deseja-se utilizar
tipos de modelos um modelo. A seleção do modelo apropriado para
A estimativa de parâmetros para sistemas o projeto de reatores com biofilme é abordada no
complexos com biofilme é uma tarefa difícil, e, Capítulo 18. Uma discussão abrangente a respeito
em muitos casos, os parâmetros cinéticos e de diferentes tipos de modelos e o uso apropriado
estequiométricos são extraídos da literatura. No de tais modelos é apresentada em Wanner et al.
entanto, a aplicação destes parâmetros deve ser (2006). Após a seleção do modelo, a próxima
feita com cautela (Wanner et al., 2006). Um pergunta deve ser como implementar o modelo
exemplo de uso indevido de parâmetros reside na escolhido. Os parágrafos a seguir fornecem uma
aplicação direta de constantes de meia-saturação breve discussão das abordagens comumente
associadas a modelos desenvolvidos para utilizadas:
sistemas de lodo ativado para simulações de
biofilmes. As constantes de meia saturação (por • Soluções analíticas: Neste capítulo, uma série
exemplo, KS, KO2, etc.) associadas a Equação de de soluções analíticas foram apresentadas.
Monod (por exemplo, Eq. 17.4) podem ser Um ótimo benefício associado a soluções
consideradas como parâmetros microbianos analíticas é que elas fornecem ao usuário com
fundamentais, os quais não devem depender das uma compreensão muito direta de como
configurações do sistema. No âmbito do diferentes parâmetros influenciam os
tratamento de águas residuárias, no entanto, resultados da modelagem, sendo importantes
constantes de meia saturação são frequentemente no ensino do conceito de transporte de massa
estimadas com base em experimentos com em biofilmes. Para muitos problemas práticos
biomassa floculenta, frequentemente aplicando- associados a biofilmes, onde o usuário está
se modelos de lodo ativado para este fim. principalmente interessado no fluxo de
Contudo, a estrutura de modelos desenvolvidos substrato de um único composto limitante, as
para sistemas de lodo ativado não considera soluções analíticas fornecem resultados
limitações de transferência de massa em flocos, o rápidos e precisos. No entanto, para
que resulta em valores artificialmente elevados problemas complexos as soluções analíticas
para constantes de meia saturação. Em biofilmes, não são viáveis ou tornam-se muito
as limitações de transferência de massa são complexas.
explicitamente modeladas. Assim, o verdadeiro
valor referente a constante de meia saturação • Soluções pseudo-analíticas: Soluções pseudo-
precisa ser considerado. Constantes de meia analíticas são baseadas em soluções
saturação em modelos para biofilmes devem ser numéricas referentes a cinética de Monod para
menores que os valores utilizados em modelos de um único composto limitante, em um biofilme
lodo ativado (por exemplo, KS,biofilme = 0,1 · KS,lodo homogêneo. Tais soluções podem ser
convenientemente implementadas em uma
ativado).
planilha (Rittmann e McCarty, 2001; Saez e
Rittmann, 1992). No entanto, a aplicação de
17.12 FERRAMENTAS DE MODELAGEM soluções pseudo-analíticas é, assim como para
soluções analíticas, limitada a sistemas
O propósito do Capítulo 17 e do Capítulo 18 é relativamente simples.
focar principalmente em princípios básicos de
biofilmes e reatores com biofilmes. Mas como os • Soluções numéricas (1D, distribuição
tais modelos podem ser implementados na prática homogênea da biomassa): soluções

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numéricas são usadas para calcular perfis de autotróficas em um biofilme. Muitos
concentrações de substratos, os quais são simuladores comerciais de estações de
degradados ou produzidos dentro do biofilme. tratamento de esgoto incluem soluções
As frações de biomassa são homogeneamente numéricas para biofilmes 1D com
distribuídas na espessura do biofilme. Uma distribuições heterogêneas da biomassa.
fração única de biomassa pode ser assumida a Enquanto recursos básicos de modelagem
priori como na Seção 17.2. Alternativamente, serão os mesmos em simuladores comerciais
a densidade de diferentes frações de biomassa (por exemplo, difusão e degradação de
no biofilme pode ser determinada em cada substratos solúveis), é responsabilidade do
passo do tempo a partir do balanço de usuário entender como processos, tais como a
crescimento, decaimento e desprendimento fixação, desprendimento e dispersão de
(Boltz et al., 2008; Rauch et al., 1999). partículas são implementados em simulador
Enquanto as mudanças nas frações de comercial (Boltz et al., 2010; Rittmann et al.,
biomassa ao longo tempo são consideradas, 2018).
assume-se que as frações de biomassa são
sempre distribuídas homogeneamente sobre a • Soluções numéricas (2D, 3D): A aplicação de
espessura do biofilme, o que notavelmente modelos multidimensionais é discutida na
simplifica a solução numérica. Tal abordagem Seção 17.10. Atualmente, tais modelos são
considerando-se a distribuição homogênea da limitados a pesquisa. Com o uso de
biomassa é implementada em alguns computadores pessoais de alto desempenho, a
simuladores de estações de tratamento de simulação de modelos multidimensionais
esgoto. pode ser relativamente rápida. No entanto,
independentemente da velocidade
• Soluções numéricas (1D, distribuição computacional, a implementação e aplicação
homogênea da biomassa): Esta abordagem desses modelos, bem como a interpretação de
considera gradientes de concentração para o resultados multidimensionais é complexa.
substrato solúvel e frações de biomassa como Boas práticas de modelamento de reatores
resultado do crescimento, processos de com biofilme (Rittmann et al., 2018) indicam
decaimento e desprendimento ao longo do que modelos 1D apresentam um apropriado
tempo. Esta abordagem foi aplicada na Seção nível de complexidade para a maioria das
17.8 ao se avaliar a competição entre perguntas que se referem a reatores com
organismos heterotróficos e bactérias biofilme.

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Tabela 17.12 Matriz de estequiometria e expressões cinéticas para processos com biofilme heterotrófico e autotrófico
(adaptado de Wanner et al., 2006). Observe que o nitrogênio para a síntese celular não está incluído, de modo que a
remoção de nitrogênio observada pode ser diretamente relacionada ao crescimento autotrófico.

↓j →i 1 2 3 4 5 6
Nome do XOHO XANO XU SS SNH4 SO2 Taxa de processo, ρj
Processo
1: Crescimento 1
heterotrófico
2: Inativação -1 1
heterotrófica
3: Respiração -1 -1
heterotrófica
4: Crescimento 1
autotrófico

5: Inativação -1 1
autotrófica
6: Respiração -1 -1
autotrófica

Unidades DQO DQO DQO DQO N DQO


(com matriz estequiométrica i,j e vetor de taxas de processo, j)

Tabela 17.13 Parâmetros cinéticos e estequiométricos (adaptado de Wanner e Gujer, 1985; Wanner e Reichert, 1996) e
constantes de taxas segundo uma cinética de ordem zero baseadas nas eqs. 17.6 e 17.7.

Crescimento heterotrófico Nitrificação


αOHO 1,0 gO2/gDQO αOHO 4,57 gO2/gN

μOHO, Max 4,8 1/d μANO, Max 0,95 1/d

YOHO 0,4 gDQO/gDQO YANO 0,22 gDQO/gN


3
KS 5,0 gDQO/m KANO 1,00 gN/m3

KOHO, O2 0,1 gO2/m3 KANO, O2 0,10 gO2/m3

bOHO,ina 0,1 1/d bOHO,ina 0,10 1/d

bOHO,res 0,2 1/d bOHO,res 0,05 1/d

k0, DQO, OHO 12,0 gDQO/gDQO.d k0, NH4, OHO 4,30 gN/g DQO.d

k0, O2, OHO 7,2 gO2/gDQO.d k0, O2, OHO 18,80 gO2/gDQO.d
3
XOHO 10.000,0 gDQO/m XANO 10.000,0 gDQO/m3

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NOMENCLATURA

Símbolo Descrição Dimensão Exemplo de


unidades
AF Área superficial do biofilme L2 m2
aF Área superficial específica do biofilme (= AF/VR) L2 /L3 m2 /m3
Bi Biot number - -
bANO,ina Taxa de inativação para bactérias autotróficas T-1 1/d
bOSHO,ina Taxa de inativação para bactérias heterotróficas T-1 1/d
bANO,res Taxa de respiração endógena para bactérias autotróficas T-1 1/d
bOSHO,res Taxa de respiração endógena para bactérias heterotróficas T-1 1/d
DaII Segundo número de Damköhler - -
DF Coeficiente de difusão no biofilme L2T-1 m2/d
DW Coeficiente de difusão em água L2T-1 m2/d
G Número de crescimento - -
J Fluxo de substrato(1) M L2T-1 g/m2.d
JF Fluxo de substrato(1) no interior do biofilme M L2T-1 g/m2.d
JLF Fluxo de substrato(1) na superfície do biofilme M L2T-1 g/m2.d
k0,F Taxa de remoção de substrato(1) segundo uma cinética de ordem T-1 1/d
zero no interior do biofilme
k0,f,A Taxa de remoção de substrato(1) segundo uma cinética de ordem M L-2T-1 g/m2.d
zero por área superficial de biofilme para um biofilme
plenamente penetrado
k0,p,A Taxa de remoção de substrato(1) segundo uma cinética de ordem M0,5 L-0,5T-1 g0,5/m0,5.d
zero por área superficial de biofilme para um biofilme
parcialmente penetrado
k1,A Taxa de remoção de substrato(1) segundo uma cinética de L T-1 m/d
primeira ordem por área superficial de biofilme
k1,F Taxa de remoção de substrato(1) segundo uma cinética de L3 M-1T-1 m3/g.d
primeira ordem no interior do biofilme
(3) (3)
kd Coeficiente de taxa de desprendimento de biofilme
KNH4 Constante de meia saturação para SNH M L-3 mg N/L
KANO,O2 Constante de meia saturação para So2 para bactérias autotróficas M L-3 mg O2/L
KOHO,O2 Constante de meia saturação para So2 para bactérias M L-3 mg O2/L
heterotróficas
KS Constante de meia saturação para SS M L-3 mgDQO/l
LF Espessura do biofilme L µm
LL Espessura da camada limite de transferência de massa externa L µm
Pe Número de Peclet - -
Q Vazão L3T-1 m3/d
Qi Vazão afluente L3T-1 m3/d
rF Taxa de conversão de substrato (1) no biofilme M L3T-1 g/m3.d
RL Resistência externa à transferência de massa T L-1 d/m
Re Número de Reynolds (= U.dp/) - -

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S Concentração de substrato(1) no seio líquido onde o substrato é M L-3 mgDQO/L ou


um termo genérico que pode se referir a qualquer um dos mgN/L ou
compostos limitantes como substrato orgânico, NH4+, NO3˗ ou mgO2/L
O2
SB Concentração do substrato(1) solúvel no seio líquido M L-3 mg/L
SC Número de Schmidt (=/Di) - -
SF Concentração do substrato(1) solúvel no interior do biofilme M L-3 mg/L
SF,O,f Solução analítica para a concentração de substrato(1) no biofilme M L-3 mg/L
assumindo-se uma cinética de ordem zero e penetração plena
SF,O,p Solução analítica para a concentração de substrato(1) dentro do M L-3 mg/L
biofilme assumindo-se uma cinética de ordem zero e penetração
parcial
SF,1 Solução analítica para a concentração de substrato(1) no biofilme M L-3 mg/L
assumindo-se uma cinética de primeira ordem
SF,NH3 Concentração de amônia no biofilme M L-3 mg N/L

Símbolo Descrição Dimensão Exemplo de


unidades
SF,O2 Concentração de oxigênio no biofilme M L-3 mg O2/L
SF,DQO Concentração do substrato orgânico no biofilme M L-3 mgDQO/L
Si Concentração do substrato(1) solúvel no afluente M L-3 mg/L
SLF Concentração do substrato(1) solúvel na superfície do biofilme M L-3 mg/L
Smin Concentração mínima de substrato(1) que suporta o crescimento microbiano em M L-3 mg/L
um biofilme
SNH3 Concentração de amônia M L-3 mgN/L
SO2 Concentração de oxigênio M L-3 mgO2/L
SS Concentração do substrato orgânico M L-3 mgDQO/L
U Velocidade característica de fluxo L T-1 m/d
ⴎd,M Taxa de desprendimento do biofilme em termos de massa removida por área e M L-2 T-1 g/m2.d
tempo (=ⴎd,S·XF)
ⴎd,S Velocidade de desprendimento de biofilme L T-1 m/d
ⴎd,VS Taxa de remoção volumétrica associada ao desprendimento do biofilme T-1 1/d
(=ⴎd,S/LF)
VR Volume do reator L3 m³
x Distância interior do biofilme medida a partir da superfície do biofilme L m
XANO Densidade de bactérias autotróficas no biofilme M L-3 kgDQO/m³
XF Densidade da biomassa(2) no biofilme M L-3 kgDQO/m³
XOHO Densidade de bactérias autotróficas no biofilme M L-3 kgDQO/m³
XU Densidade de matéria orgânica não biodegradável no biofilme M L-3 kgDQO/m³
Y Coeficiente de produção para XF(2) desenvolvendo-se a partir de um substrato M M-1 g/g
genérico(1)
YANO Produção de biomassa autotrófica a partir de SNH4 M M-1 gDQO/gN
YOSHO Produção de biomassa heterotrófica a partir de SS M M-1 gDQO/gDQO
z Distância da superfície de aderência L m

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Subscrito Descrição
0 Ordem zero
0 No tempo zero
0,f Biofilme com cinética de ordem zero- com penetração plena
0,p Biofilme com cinética de ordem zero - com penetração parcial
1 Primeira ordem
A Por superfície de biofilme
ANO Organismos autotróficos nitrificantes – Autotrophic nitrifying organisms
B No seio líquido
e.a. Aceptor de elétrons – Electron acceptor
e.d. Doador de elétrons – Electron donor
F No biofilme
i Afluente - influent
LF Na superfície do biofilme
NH4 Amônia
O2 Oxigênio
OHO Organismos heterotróficos ordinários
S Substrato orgânico
W Em água

Símbolo Descrição Unidade


grego
β Penetração do substrato(1) assumindo-se taxas de ordem zero no biofilme -
βe.a. Penetração do aceptor de elétrons assumindo-se taxas de conversão de ordem zero -
no biofilme
βe.d. Penetração do doador de elétrons assumindo-se taxas de conversão de ordem zero -
no biofilme
Γe.d.,e.a. Penetração do doador de elétrons em relação à penetração do correspondente -
aceptor de elétrons (= βe.d./βe.a.)
ε Fator de eficiência assumindo-se taxas taxas de conversão de primeira ordem no -
biofilme
ε1 No AQUASIM: fração volumétrica do líquido no biofilme -
εS No AQUASIM: fração volumétrica de sólidos no biofilme -
ζ Relação do fluxo de substrato no biofilme desprezando-se a resistência externa à -
transferência de massa e o fluxo de substrato na camada limite assumindo-se CLF =
0
µmax Taxa de crescimento específico máxima T-1
ʋ Coeficiente estequiométrico
ʋ Viscosidade cinemática L2 T-1
Ƭ Tempo característico (ver Tabela 17.9) T
ɸ Módulo de Thiele -

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(1)
Observe que em boa parte do Capítulo 17 o tipo de substrato limitante e as unidades não são especificadas. Exemplos de possíveis
substratos são doadores de elétrons, tais como substrato orgânico (SF,DQO), amônia (SF,NH4), ou aceptores de elétrons, como oxigênio
(SF,O2) ou nitrato (SF,NO3). As unidades para o substrato devem ser consistentes com as unidades observadas para constantes cinéticas
e estequiométricas.
(2)
O tipo de biomassa não é especificado. A biomassa ativa genérica converte o substrato genérico SF. Exemplos de possíveis tipos
de biomassa são bactérias heterotróficas (XOHO) e bactérias autotróficas (XANO).
(3)
As unidades do coeficiente associado à taxa de desprendimento dependem da expressão escolhida (ver Tabela 17.6).

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18 Reatores de Biofilme
Kim Helleshøj Sørensen e Eberhard Morgenroth
Tradução: Moacir M. Araújo Jr

18.1 REATORES DE BIOFILME desprendimentos também permite o


estabelecimento de espécies que possuem
Os reatores de biofilme podem alcançar objetivos baixíssimo crescimento celular nas camadas mais
de tratamento similares aos sistemas de lodo profundas do biofilme, resultando em um sistema
ativado; exemplos são a remoção de matéria de biofilme que tipicamente possui maior
orgânica, nitrificação, desnitrificação e remoção desempenho na degradação de compostos
química ou biológica de fósforo. São envolvidos os complexos, tais como os micropoluentes, como
mesmos tipos de microrganismos, os quais são pode ser visto na Figura 18.1.
expostos às mesmas condições ambientais locais
em termos de viabilidade de doadores e receptores Outra clara diferença entre os sistemas é de que
de elétrons, pH e temperatura. Contudo, outros as principais tecnologias baseadas em biofilme
fatores diferem em reatores de biofilme em permitem a separação das bactérias para uma tarefa
comparação ao sistema de lodo ativado: os específica, pois estas ficam confinadas em zonas
processos de conversão em reatores de biofilme são específicas do sistema; em contraste, todas as
tipicamente limitados pela transferência de massa bactérias passam por todas as zonas em sistemas de
já que apenas as bactérias presentes na camada lodo ativado. Este fato também permite que as
inferior do biofilme contribuem para a remoção condições de processo em cada zona sejam
completa do substrato. Esta limitação na otimizadas sem ter o compromisso que novamente
transferência de massa traz implicações para o resulta em bactérias alcançando sua máxima
dimensionamento e operação dos reatores de velocidade de crescimento. Além disso, adiciona-
biofilme, tal como para a ecologia microbiana que se o fato de que as bactérias são fixas em meio
se estabelece no biofilme. A competição suporte, que também possibilita o atingimento de
microbiana não é baseada apenas na viabilidade do altas concentrações de biomassa nos reatores, o que
substrato no meio líquido, mas também na frequentemente conduz a dimensionamentos de
localização dos diferentes grupos de bactérias no sistemas de biofilme muito compactos e que
biofilme. Bactérias próximas a superfície do necessitam de pequena área de implantação se
biofilme possuem a vantagem de terem maior comparado aos sistemas de lodo ativado.
acesso ao substrato no meio líquido. Por outro lado,
bactérias localizadas mais distantes da superfície
do biofilme são mais protegidas de eventos que
causem desprendimentos ou toxicidade. O fato de
que as bactérias são mais protegidas contra

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condições: (i) a retenção dos microrganismos é


baseada na adesão de biomassa na superfície de
meios suportes (substratos) ao invés de usar
separadores sólido-liquido e recirculação de
biomassa; (ii) a água que contém os compostos
poluidores fica em contato com o biofilme, e
condições locais de mistura e turbulência
determinarão a efetiva transferência de massa do
meio líquido para a superfície do biofilme; (iii) o
crescimento do biofilme deve ser balanceado com
seu desprendimento para evitar entupimento do
reator enquanto há a retenção de biomassa ativa
suficiente em um biofilme estável; e (iv) se
necessário, doadores de elétrons, aceptores de
Figura 18.1 Remoção de fármacos em diferentes reatores:
elétrons, nutrientes, e/ou alcalinidade podem ser
MBBR – moving-bed biofilm reactor (reator de biofilme de
adicionados ao sistema. Por exemplo, oxigênio
leito móvel); HYBAS – solução de sistema IFAS (integrated
pode ser provisionado pela aeração para sistemas
fixed film activated sludge) da empresa AnoxKaldness;
aeróbios.
CAS - Conventional Activated Sludge (lodo ativado
Este capítulo apresentará uma visão geral de
convencional). (fonte: The Danish Environmental
alguns tipos básicos de processos de tratamento de
Protection Agency/MERMISS 2018).
biofilme e abordagens de dimensionamento
Uma visão conceitual global de diferentes tipos baseadas nos princípios introduzidos no Capítulo
de reatores á apresentada na Figura 18.2. Contudo, 17.
sem considerar as suas diferenças, todos estes
reatores de biofilme se encontram nas seguintes

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Figura 18.2 Tipos de reatores de biofilme: (A) filtro percolador; (B) reator de biofilme de leito fixo submerso operado com fluxo
ascendente ou (C) descendente; (D) reator biológico de contato ou biodisco (RBC - rotating biological contactor); (E) reator de
biofilme em suspensão com elevação por ar (“air-lift”); (F) reator de leito fluidizado; (G) reator de biofilme de leito móvel
(MBBR – moving-bed biofilm reactor) e lodo granular aeróbio (AGS – aerobic granular sludge); (H) reator de biofilme aderido a
membrana (MABR – membrane-attached biofilm reactor). Modificado de Wanner et al., 2006.

(Figuras 18.2E a 18.2G). Em adição, como


18.1.1 Tipos de reatores tecnologia mais recente, existem reatores em que o
Os reatores de biofilme podem ser agrupados em biofilme cresce aderido na superfície de
três categorias básicas: (i) sistemas não submersos membranas onde o substrato pode ser suprido tanto
ou parcialmente submersos incluindo os filtros pela fase líquida quanto pela difusão por meio das
percoladores e os reatores biológicos de contato membranas (Figura 18.2H). As principais
(Figuras 18.2A e 18.2D); (ii) reatores de biofilme diferenças entre os tipos de reatores apresentados
de leito fixo submerso (Figuras 18.2B e 18.2C); e são a área superficial específica (Tabela 18.1), os
(iii) diferentes tipos de reatores de leito fluidizado mecanismos para remoção do excesso de biomassa
e a transferência de gás.

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Tabela 18.1 Área de superfície específica do meio suporte para diferentes tipos de materiais e reatores de biofilme

Tipo de reator Material do meio Tamanho do Área específica do Referência


suporte material, mm meio suporte (aF),
m2/m3
Filtro percolador Pedra 40-80 50-100 ATV-DVWK, 2001
Plástico - 100-200 ATV-DVWK, 2001
Reator biológico de Plástico - 100-200 ATV-DVWK, 2001
contato (RBC)
Reator de biofilme Plástico (K1) 7-9 300 Rusten et al., 2006
de leito móvel (60% de
(MBBR) preenchimento do
volume)
Plástico (K5) 3,5 - 25 480 Dezotti et al., 2018
(60% de
preenchimento do
volume)
Biofiltro submerso Argila Porosa 1,3 - 8 1.000 – 1.400 ATV, 1997
Ardósia Porosa 2-8 1.200 – 1.400 ATV, 1997
Poliestireno 3–6 1.100 ATV, 1997
Antracito 2,5 – 3,5 1.900 ATV, 1997
Areia de quartzo 0,7 – 2,2 3.000 ATV, 1997
Basalto 1,4 – 2,2 3.600 ATV, 1997
Leito fluidizado de - - 200 – 2.000
lodo granular
Areia ou basalto 0,2 – 0,8 3.000 – 4.000 Nicolella et al.,
2000

suficiente para permitir a ventilação do ar através


18.1.1.1 Filtro percolador do leito independentemente do crescimento da
Filtros percoladores são as formas mais antigas de biomassa ou da água que percola o filtro. O uso de
reatores de biofilme. Eles são utilizados desde o materiais de enchimento grandes ajuda a evitar o
início do século 19, e são comumente utilizados entupimento do leito do filtro, mas que também
ainda hoje. O suporte de biofilme é estacionário e resulta em áreas superficiais específicas do
consiste em grandes pedras aleatórias de 5 a 20 cm, biofilme (aF) de 50 a 200 m²/m³ que são
material plástico estruturado ou suporte plástico relativamente pequenas se comparadas com outros
randômico (Figura 18.3). tipos de reatores de biofilme (Tabela 18.1). A água
residuária é distribuída no topo do reator por braços
A altura dos filtros percoladores variam entre 1 rotativos e percola o filtro para baixo. A água sai
a 3 m quando utilizadas pedras ou 4 a 12 m quando pelo fundo do filtro, os sólidos são removidos por
utilizados materiais plásticos como meio suporte. A sedimentação e parte do efluente é recirculada para
água residuária afluente é distribuída por cima do garantir carga hidráulica suficiente para o filtro
filtro e então percola o leito empacotado. O meio percolador (Figura 18.4).
suporte em filtros percoladores é escolhido para
proporcionar espaços intersticiais grandes o A vazão de recirculação (QR) tipicamente varia
entre 0,5 a 4 vezes a vazão afluente, mas pode ser

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tão grande quanto 10 vezes a vazão afluente para percoladores a terem baixo desempenho durante
águas residuárias industriais concentradas (WEF períodos com pequenas diferenças de temperatura.
2018). A ventilação em filtros percoladores é a Para superar esta dificuldade e reduzir a limitação
única fonte de suprimento de oxigênio e é à transferência de massa, projetos modernos de
usualmente devida à convecção natural. Por isso, filtros percoladores podem aplicar ventilação
muitas vezes se torna o fator limitante para a forçada. Esta ventilação normalmente possuirá
transferência de massa, como já identificado por perda de carga menor que 1 mca (metro de coluna
Schroeder e Tchobanoglous, 1976. A ventilação de água), e mesmo com ela o filtro percolador ainda
natural é governada pela diferença de temperatura se mantém como uma das tecnologias que possui o
entre a água e o ar, levando muitos filtros menor custo operacional para aeração.

Figura 18.3 Filtros percoladores utilizando (A) material plástico estruturado, (B) material plástico randômico ou (C) pedras
como meio suporte para o biofilme (Fotos: WesTech Engineering Inc. and Raschig USA Inc.).

Os filtros percoladores são principalmente 2006). Em aplicações industriais o filtro percolador


utilizados para a oxidação da matéria orgânica e é frequentemente utilizado como pré-tratamento
amônia. Substâncias solúveis que difundem para para águas residuárias com altas cargas orgânicas
dentro do biofilme podem ser eficientemente antes do tratamento por lodo ativado. Esta
convertidas, mas a remoção de particulados e a bio- aplicação é equivalente ao sistema de lodo ativado
floculação é menos eficiente (Parker; Newman, com biofilme (BAS - Biofilm Activated Sludge), o

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qual é utilizado em combinação com MBBR biofilme para melhor suportar o peso do biofilme e
(Malmqvist et al., 2004). Filtros percoladores pela utilização de regras de dimensionamento mais
também têm sido aplicados para a desnitrificação, conservadoras para evitar o crescimento excessivo
mas a prevenção da convecção de ar pelo reator tem do biofilme. Além disso, motores dos eixos
se mostrado ser quase impossível na prática, o que controlados por inversores possibilitou a operação
leva a baixas eficiências do sistema. periódica com maior velocidade de rotação para um
controle adicional do biofilme.

Figura 18.4 Desenho esquemático de filtro percolador


com recirculação do efluente clarificado.

18.1.1.2 Reatores biológicos de contato


(RBC)

Os reatores biológicos de contato (RBC - Rotating


biological contactors) utilizam discos de plástico
leve que são montados em um eixo horizontal
rotativo que ficam praticamente submersos na
água. Os primeiros sistemas foram introduzidos em
1960 e podem ter vantagens devido a sua baixa
demanda de energia, pequena área requerida e
simplicidade operacional. A rotação dos discos
promove tanto a aeração (quando o biofilme está
fora da água) quanto o cisalhamento do biofilme Figura 18.5 (A) reator biológico de contato (RBC)
para o seu controle de crescimento (quando o utilizando mídia plástica corrugada e (B) sistema
biofilme se move através da água). Um exemplo da compacto RBC feito pela Veolia sendo transportado para
utilização de RBC com material de plástico as Ilhas Fiji.
corrugado é apresentado na Figura 18.5. Depois de
ter quase desaparecido na década de 1990 por causa
de muitos casos de falhas com quebras de eixos ou
18.1.1.3 Reatores de biofilme de leito fixo
mídias, devido por subdimensionamento de submerso
elementos mecânicos ou sobrecarga orgânica, Desde a década de 1980 uma grande gama de
observa-se o retorno do sistema para o mercado tecnologias de reatores de biofilme submerso vem
como uma solução compacta para pequenas sendo desenvolvida utilizando-se pequenos meios
comunidades em todo o globo. Isso é graças ao granulares (0,7-0,8 mm) que são completamente
redimensionamento dos eixos e suportes de submersos em água. Os menores tamanhos de meio

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resultam em maiores áreas superficiais específicas necessitam de retrolavagem e são principalmente


(1.000 - 3.600 m²/m³) quando comparadas às áreas dimensionados para oxidação biológica. Em um
obtidas nos filtros percoladores ou RBCs (Tabela SAF, a remoção dos sólidos deve ser realizada em
18.1). A menor porosidade do leito também implica um decantador ou filtro independente (WEF 2018).
que a espessura do biofilme deve ser efetivamente Em reatores de biofilme de leito fixo submerso,
controlada para se evitar o entupimento do filtro. O oxigênio deve ser provisionado pela introdução de
menor meio suporte em reatores de leito fixo ar no fundo do filtro (Figura 18.6).
permite que os processos biológicos convencionais
sejam combinados com a filtração em A transferência de oxigênio ocorre por todo o
profundidade, retendo sólidos em suspensão e leito do filtro conforme as bolhas de ar sobem ao
assim tornando possível a eliminação de processos topo do reator. Embora sejam utilizados difusores
subsequentes para remoção de sólidos. A remoção de ar de bolhas médias ou grossas para evitar o
do excesso de biofilme é tipicamente alcançada por entupimento do sistema de aeração pelo
contralavagens regulares do filtro, onde ar e crescimento do biofilme, podem ser alcançadas
efluente tratado são introduzidos no reator para eficiências de aeração próximas a aquelas com
expandir temporariamente o seu leito e remover a difusores de bolhas finas em lodo ativado
biomassa desprendida e o material particulado (Stenstrom et al., 2008). Diferentes tipos de
retido. A contralavagem é executada quando a reatores de biofilme submerso estão disponíveis, os
perda de carga do reator excede o valor crítico (2,0 quais operam com introdução de água pelo fundo
– 2,5 mca) ou depois de períodos de tempo (fluxo ascendente) (Figuras 18.6A e C) ou pelo
definidos (usualmente na ordem de 24-48 h). Em topo (fluxo descendente) (Figura 18.6B). O
razão das contralavagens periódicas, vários material suporte pode ser mais pesado que a água,
módulos de filtros serão necessários para assegurar e nesta situação é suportado por um piso perfurado
o tratamento contínuo do afluente. Reatores de (fundo falso) instalado abaixo deste material
biofilme submerso que são especialmente (Figura 18.6A e B), ou pode ser mais leve e então
projetados para processos biológicos combinados e é suportado por uma placa de topo acima do
remoção de sólidos são chamados de filtros aerados material (Figura 18.6C). Fotos do material suporte
biológicos (BAF – biological aerated filter). A em reatores de biofilme de leito fixo são mostradas
ausência de sistema de separação de sólidos faz nas Figuras 18.7A e B.
com que o BAF seja uma das mais compactas
tecnologias de tratamento, ocupando uma pequena
área. Para a remoção de carbono ou para a remoção
de carbono e nitrificação, um ou dois estágios são
utilizados. Vários estágios de processo
normalmente serão necessários para a completa
remoção de nitrogênio, embora existam exemplos
de remoção completa de carbono e nitrogênio em
apenas um estágio (Thauré et al., 2007). A remoção
biológica de fósforo é difícil de ser alcançada
usando o reator BAF, e devido a produção
adicional de sólidos relacionada a precipitação
química do fósforo, a dosagem de coagulante é
usualmente realizada no decantador primário a
montante do BAF. Em contraste, filtros aerados
submersos (SAF – submerged aerated filters)
utilizam meios suporte mais grosseiros e não

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Figura 18.7 Materiais suportes de (A) Biofor® e (B)


BioStyr® para reatores de biofilme submerso e leito fixo.
(C) areia ou basalto podem ser sutilizados como meio
Figura 18.A Reatores de biofilme submerso: (A) fluxo suportes em reatores de leito fluidizado. O diâmetro do
ascendente e material suporte denso (Biofor®); (B) fluxo meio suporte em (A) e (B) é de 4 mm e em (C) de 1 mm
descendente e material suporte denso (Biocarbone®); e (Fotos: E. Morgenroth, Veolia, e M.C.M. van Loosdrecht,
(C) fluxo ascendente e material suporte flutuante respectivamente).
(Biostyr®) (modifificado de ATV, 1997; Tschui, 1994).

18.1.1.4 Reatores de leito fluidizado e


A Figura 18.6 mostra o desenho esquemático
expandido
dos reatores de biofilme submerso com detalhes de
como o ar e água são introduzidos no reator durante Em reatores de leito fluidizado o meio suporte é
uma operação normal e durante a retrolavagem mantido em suspensão pela introdução de água ou
(limpeza). Muitos reatores de biofilme de leito fixo ar no fundo do reator resultando altas velocidades
são operados com fluxo contínuo, mas podem ser ascensionais de água, que variam entre 10-50 m/h
operados também como reatores em batelada (Boltz et al., 2009; Nicolella et al., 2000). Reatores
sequencial (SBBR – sequencing batch biofilm de leito expandido são similares aos de leito
reactors). Nesta condição o reator é cheio com fluidizado, mas estes reatores são operados com
água residuária no início do ciclo, esta água velocidades ascensionais menores, o que resulta em
residuária é recirculada através do reator durante a uma incompleta fluidização do meio suporte de
fase de reação, e por fim, a água tratada é biofilme. Esta contínua agitação possibilita a
descartada no final do ciclo. Uma motivação para a utilização de materiais filtrantes menores se
operação de reatores de biofilme fixo como SBBR comparados aos utilizados em reatores de biofilme
é de se possibilitar o aumento da remoção biológica submerso e leito fixo, com maior relação de área
do fósforo (Morgenroth e Wilderer, 1999). superficial por volume (Tabela 18.1).

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Em reatores convencionais de leito fluidizado, onde as vazões afluentes são mais constantes
as exigências das velocidades ascensionais podem quando comparadas com esgoto sanitário.
ser alcançadas independentemente da vazão
afluente por meio da recirculação da água tratada
(Figura 18.2F). A operação destes reatores requer
um ajuste cuidadoso das velocidades ascensionais
de água. Se estas velocidades são muito baixas, o
material suporte irá sedimentar no fundo do reator.
Por outro lado, se as velocidades forem muito
elevadas, o material suporte será lavado do reator
(sairá junto com o efluente tratado). Um segundo
problema é a estratificação das partículas do
biofilme, de acordo com suas velocidades de
sedimentação. Partículas com biofilmes mais
porosos sedimentam mais vagarosamente e se
acumulam no topo do leito onde sofrem menor
cisalhamento. Como consequência, o biofilme
torna-se cada vez mais leve e estas partículas do
topo do reator começam a serem levadas pelo
efluente. Tanto a necessidade de uma velocidade
ascensional definida quanto a inerente instabilidade
do biofilme no sistema limitam a aplicação de
sistemas de leito fluidizado ou expandido para
sistemas de baixo crescimento, tais como processos
anaeróbios e nitrificação.

Em reatores utilizando “air-lift” (sistema de


elevação de líquido pela injeção de ar) consegue-se
Figura 18.8 (A) Desenho esquemático e (B) foto de um
uma completa suspensão das partículas pela
reator de “air-lift” (duas torres a esquerda) com um
introdução de ar no fundo do reator, como
decantador integrado no topo do reator, na indústria de
mostrado na Figura 18.8A. Desde que todas as
fermentação DSM em Delft, Holanda (foto: J. Blom).
partículas do reator com “air-lift” experimentem a
mesma velocidade de cisalhamento, o controle do
biofilme é mais fácil que os reatores de leito 18.1.1.5 Reatores de lodo granular
fluidizado, e são utilizados com sucesso como
Biofilmes granulares podem crescer também sem
reatores para remoção de DQO e nitrificação. Para
meios suportes (Hulshoff Pol et al., 1982). Embora
a eficiência da aeração é essencial que o reator seja
o lodo granular possa não se encaixar estritamente
projetado de tal maneira que as bolhas também
na definição do Capítulo 17 de crescimento de
circulem pelos cantos inferiores do reator (Van
microorganismos em superfície de suporte sólido,
Benthum et al., 1999). No topo do reator existe uma
grânulos compartilham muitas características com
unidade de separação trifásica que separa gás,
o sistema de biofilme. A morfologia, densidade e
líquido e partículas.
tamanho do lodo granular é, como em sistemas de
biofilme, diretamente influenciado pelas forças de
Todos os tipos de reatores de leito fluidizado
cisalhamento e respectivo desprendimento no
são sensíveis ao projeto hidráulico; portanto estes
reator. (Liu e Tay, 2002; Tay et al., 2006; Van
reatores são principalmente utilizados na indústria

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Loosdrecht et al., 1995). Em particular, a estrutura sedimentação proporcionam uma vantagem


do granulo é similar à de um biofilme, “fixa” e não ecológica quando o reator é operado da maneira
submetida a ruptura/floculação como flocos de que os flocos menores são lavados do sistema.
lodo ativado, o que significa que gradientes de Reatores anaeróbios de fluxo ascendente e manta
populações microbianas existem como um sistema de lodo (UASB - upflow anaerobic sludge blanket)
de biofilme. Uma distinção entre o lodo ativado são uma tecnologia amplamente utilizada para
convencional e o lodo granular é que durante a atingir granulação sob condições anaeróbias
sedimentação dos grânulos não ocorre (Capítulo 16). Uma abordagem que é comumente
adensamento enquanto para o lodo ativado a utilizada para se alcançar a granulação aeróbia é
agregação e espessamento são características de operar reatores em batelada sequencial com tempos
sedimentação importantes (Capítulo 11). A de sedimentação muito curtos (Beun et al., 1999;
definição de granulação foi então proposta como Morgenroth et al., 1997). Dependendo da operação
quando o IVL (índice volumétrico de lodo) após 5 do reator, o tamanho do grânulo pode variar de
minutos de sedimentação é similar a aquele após 30 poucas centenas de micrometros até poucos
minutos de sedimentação em um teste padrão de milímetros (Figura 18.9) (Liu e Tay, 2002). O lodo
IVL. O valor típico de IVL para lodo granular após aeróbio granular que é formado por bactérias de
5 minutos de sedimentação é de 40-60 mL/g. A baixo crescimento é mais estável do que quando
granulação é observada tanto em reatores aeróbios bactérias de crescimento rápido estão presentes
quanto anaeróbios em que a formação de agregados (Van Loosdrecht et al., 1995, Capítulo 11).
microbianos maiores e de mais rápida

Figura 18.9 Desenvolvimento de lodo granular aeróbio em um retor de batelada sequencial por “air-lift” iniciado com lodo
ativado convencional depois de (A) 4, (B) 13 e (C) 87 dias de operação do reator (fotos: M.C.M. van Loosdrecht).

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Figura 18.10 Meios suportes plásticos utilizados em reatores de biofilme de leito móvel (MBBR) (fotos: AnoxKaldnes).

18.1.1.6 Reatores de biofilme de leito móvel


(MBBR)

Reatores de biofilme de leito móvel (MBBR -


moving-bed biofilm reactors) utilizam meio
suporte de biofilme com densidade próxima à da
água, assim podem se manter em suspensão com
um mínimo de energia de mistura promovida pela
aeração ou agitação mecânica (Ødegaard, 2006).
Os meios suportes de biofilme são fabricados em
diferentes formatos e são suficientemente grandes
para serem retidos nos reatores por grades ou telas
(Figura 18.10).

Os MBBRs podem ser operados com ou sem


recirculação de lodo. Sem a recirculação de
biomassa (Figura 18.11A), a retenção de biomassa
no sistema é geralmente limitada ao biofilme
presente no meio suporte. Um sistema com a
recirculação da biomassa retem tanto o biofilme
quanto a biomassa em suspensão e este tipo de
reator é discutido mais detalhadamente nas Figura 18.11 Sistema MBBR que pode ser configurado (A)
próximas seções (Figura 18.11B). com e (B) sem recirculação da biomassa em suspensão.

Uma das vantagens do MBBR é a baixa perda


de carga hidráulica no reator, o que permite o
projeto de um reator específico para cada etapa de
processo, por exemplo, pré-desnitrificação,
remoção de carbono e nitrificação. Este ganho
conduz a maiores taxas de remoção desde que
biofilmes especializados e condições de processo
possam ser obtidas em cada reator, fazendo com
que o MBBR seja uma das tecnologias com menor

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área de implantação. Outra vantagem do MBBR Em reatores MBBR o método de aeração


utilizando material suporte com proteção da preferido é a malha de aeração com difusores de
superfície para o crescimento da biomassa é a bolhas médias. Isto é escolhido para se evitar
capacidade de se alcançar nitrificação estável até manutenções do sistema de aeração por
em águas residuárias com temperaturas muito entupimento ou crescimento do biofilme, pois isso
baixas, como reportado por Delatolla et al. (2012). necessitaria a remoção do material suporte do
reator. A baixa eficiência de transferência de
oxigênio da aeração com bolhas médias é
parcialmente compensada pelo alto valor do fator
alfa. Além disso, o material suporte e a biomassa
depositada nele podem influenciar positivamente
nesta transferência. Collivignarelli et al. (2019) foi
tão longe a ponto de concluir “o sistema de aeração
de bolhas finas comparado com o de bolhas grossas
não se mostrou vantagens significativas em termos
de eficiência de transferência de oxigênio”.

18.1.1.7 Sistemas híbridos com biofilme e


lodo ativado (IFAS)

A introdução de material suporte de biofilme pode


ser utilizado para aumentar o desempenho de
sistemas de lodo ativado. Estes sistemas são
referenciados com sistemas híbridos ou sistemas de
lodo ativado e biofilme fixo integrados (IFAS -
integrated fixed-film activated sludge). Um sistema
híbrido com biofilme e lodo ativado é mostrado na
Figura 18.13. Os materiais suportes de biofilme
devem ser selecionados para de tal forma que não
sejam entupidos pelo lodo ativado em suspensão no
reator. Como material suporte incluem-se mídias
em suspensão (como em reatores MBBR) ou
Figura 18.12 Influência da DBO7 e da concentração de material de enchimento fixo tal como cordoalhas
oxigênio nas velocidades de remoção de nitrogênio plásticas, PVC estruturado ou reator biológico de
(Ødegaard, 1999). contato (Tchobanoglous et al., 2008). Em geral as
bactérias de crescimento lento irão
No entanto, uma desvantagem da tecnologia
preferencialmente se acumular no biofilme. Nesta
MBBR é o fato de que o material suporte se move
direção, uma estação de tratamento com alta carga
com a água, o que aumenta a espessura da camada
ou sobrecarregada (com baixo tempo de retenção
laminar estagnada de água em volta do biofilme,
celular ou idade do lodo) pode ser aprimorada para
resultando no aumento da limitação da difusão do
nitrificação (Van Benthum et al., 1997). Sistemas
substrato e oxigênio. Como resultado, os reatores,
híbridos são também propostos em tratamentos
especialmente os nitrificantes, necessitam operar
anaeróbios de águas residuárias onde as
com valor de oxigênio dissolvido relativamente
metanogênicas crescem como biofilme enquanto os
alto, como ilustrado na Figura 18.12.
microrganismos acidogênicos estão presentes na
manta de lodo floculado.

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Figura 18.13 Diferentes sistemas híbridos: (A) ABF, (B) TF/SC, (C) BAS, (D) IFAS com meio suporte fixo, (E) IFAS com cordas e
(F) MBBR IFAS (Ødegaard et al., 2014).

Como o tempo, os sistemas MBBR e IFAS se et al., 2014). Além disso, a menor idade do lodo
tornaram os mais difundidos em uso. Eles são aplicada para sistemas IFAS nitrificantes resulta
utilizados por várias razões: aumento da em um menor consumo de oxigênio devido à
nitrificação; elevação da remoção biológica de redução da respiração endógena. Este ganho
carbono, nitrogênio e fósforo; melhoria na também resulta em um lodo menos estabilizado
sedimentação e estabilidade operacional; área de com maior potencial de produção de metano se
implantação reduzida, etc. (Christensson; levado a um digestor.
Welander, 2004). Contudo, o objetivo mais
frequentemente usado é para o aumento da 18.1.1.8 Reatores de biofilme aderido em
nitrificação, com a meta de nitrificar totalmente membrana
com menor idade do lodo dos sólidos em suspensão
em comparação com os sistemas convencionais de Biofilmes podem ser cultivados em membranas
lodos ativados. Isto resulta em plantas com permeáveis a gases permitindo a transferência de
reduzida área para nitrificação, remoção de massa de substrato tanto pela superfície quanto pela
nitrogênio e remoção biológica de nutrientes (BNR base do biofilme (Figura 18.13).
– biological nutrient removal). Os efeitos colaterais Se o contaminante é um composto oxidado (por
são a melhoria da sedimentação da biomassa e a exemplo nitrato ou perclorato) então um doador de
estabilidade operacional. Por isso, sistemas IFAS elétrons (exemplo, gás hidrogênio) pode ser
são frequentemente utilizados para melhoria de fornecido à base do biofilme através da membrana
plantas com lodo ativado convencional (Ødegaard (Nerenberg e Rittmann, 2004). Alternativamente,

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se o contaminante for um composto reduzido (por


exemplo, íon amônio), então um aceptor de
elétrons (por exemplo, oxigênio) pode ser
fornecido através da membrana (Terada et al.,
2007). O reator de biofilme aderido em membrana
(MABR - membrane-attached biofilm reactor) é
tipicamente operado na forma híbrida, onde a
membrana suporta o biofilme nitrificante e os
heterotróficos em suspensão realizam a
desnitrificação. Este sistema alcança remoção total Fgura 18.14 Desenho esquemático do transporte de massa
de nitrogênio. A fim de maximizar os fluxos de dentro em uma membrana com biofilme aderido.
nitrificação no MABR, é fundamental
compreender o comportamento do biofilme. Este A sua configuração de instalação em um reator
comportamento difere dos processos de biofilme híbrido torna o MABR ideal para a melhoria de
convencionais devido à contra difusão do doador plantas existentes de lodo ativado em uma
de elétrons (amônia) e do aceptor (oxigênio). Além configuração IFAS MABR. Outra vantagem é a
disso, a nitrificação parcial ou nitrificação parcial superior eficiência na transferência de oxigênio
por anammox podem ocorrer se as bactérias devido, pois esta transferência é realizada através
oxidadoras de amônia superarem a competição das membranas sem a presença de bolhas. A
com as bactérias oxidadoras de nitrito. Isso pode configuração IFAS também permite a remoção
aumentar ainda mais a relação custo-benefício do biológica de fósforo ser realizada em um sistema
processo MABR (Pérez-Calleja et al. (2019). MABR.
Existem duas configurações comerciais diferentes
de reatores para MABR. A primeira é uma
configuração muito parecida com aquela utilizada
para MBR; a membrana é feita em fibra oca onde o
gás é fornecido no lúmen e o biofilme cresce na
superfície externa. As fibras são montadas em
cassetes que podem ser submersos em um tanque
de lodo ativado para formar um sistema híbrido
(Figura 18.13). A segunda configuração é inspirada
na configuração da membrana de osmose reversa
tradicional onde utiliza-se uma membrana espiral
montada dentro de um tubo; a água permeia por um
lado da membrana e o ar é suprido pelo outro lado
Figura 18.15 Módulo de MABR (foto: OxyMem).
(Figura 18.14).

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diferentes meios suportes é apresentada na Tabela


18.1.

Outros fatores que também afetam a escolha do


material suporte de biofilme além da área
superficial específica incluem custo, densidade
(material flutuante ou material que é mais pesado
Figura 18.16 Modulo MABR (ilustração: Fluence).
que a água), resistência ao atrito e aptidão para
fixação de biofilme (Lazarova e Manem, 2000).
Para a sustentabilidade, todas as possibilidades de
18.1.2 Escolha entre diferentes opções de reciclar o material suporte usado também devem
materiais suportes para biofilme ser consideradas.
Os meios suportes são produzidos com diferentes
materiais, tendo vários formatos e tamanhos.
18.2 PARÂMETROS DE PROJETO
Quanto maior o material suporte e
consequentemente os espaços vazios no leito do Os reatores de biofilme são baseados em uma
reator, menor o risco de entupimento e caminhos variedade de diferentes meios suportes, condições
preferenciais devido à acumulação do biofilme. de mistura, tipos de aeração e métodos para a
Exemplos típicos de retores de biofilme com remoção de biofilme. Contudo, o projeto detalhado
espaços intersticiais grandes são os filtros destes diferentes sistemas de reatores de biofilme
percoladores e RBCs. A desvantagem de grandes será específico do sistema e está além do escopo
espaços vazios é que as áreas superficiais deste livro. No entanto, existem alguns princípios
específicas são relativamente pequenas. Por sua gerais de projeto que são comuns entre os
vez, meios suportes menores requerem diferentes sistemas de reatores. Estes princípios
contralavagens regulares ou fluidização contínua comuns de projeto serão discutidos nesta sessão.
para prevenir o seu entupimento. As áreas Informações mais detalhadas de projeto estão
superficiais específicas das menores mídias podem disponíveis em parte pelas literaturas técnicas (por
ter uma ordem de magnitude maior quando exemplo, ATV, 1997; ATVDVWK (2001); Grady
comparada com às dos filtros percoladores e RBCs. et al., 1999; Tchobanoglous et al., 2013; WEF,
A área superficial específica (aF) (L-1) é definida 2018) e em parte pelas empresas que são
como: proprietárias da tecnologia.

18.2.1 Fluxo de substrato e taxas de


Onde AF é a área superficial efetiva do biofilme carregamento
[L²] e VR é o volume do reator de biofilme contendo
A remoção de substrato em reatores de biofilme é
o material de filtro [L³]. Note que AF é tipicamente
quase sempre limitada pela transferência de massa.
menor que a área superficial total do material do
Como resultado, a extensão da remoção do
filtro devido a cobertura incompleta do biofilme.
substrato no reator não é determinada pela
Dependendo do tipo de reator, VR pode ser menor
quantidade de biomassa do sistema, mas sim pela
que o volume total do reator de biofilme levando
área superficial de biofilme (AF)disponível e pelo
em consideração as zonas de água clarificada acima
fluxo de substrato no biofilme (JLF). Utilizando as
e abaixo do meio filtrante que não são incluídas no
aproximações desenvolvidas no Capítulo 17, o
VR. Uma visão geral das áreas superficiais
fluxo de substrato pode ser calculado baseado nas
específicas e das propriedades selecionadas de
concentrações de substrato efluente, resistência a

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transferência de massa externa, e transferência de


massa e reações no biofilme. A área superficial de
biofilme necessária para um reator de biofilme com
mistura completa da fase líquida (por exemplo, BA e BV são diretamente relacionados com a área
reator de biofilme de leito móvel - MBBR) pode ser superficial específica (aF) (Eq. 18.1):
calculada como:

Para um reator de mistura completa da fase


líquida, as Eq. 18.2 e Eq. 18.3 podem ser
assumindo que a remoção do substrato na fase combinadas fornecendo a seguinte relação entre os
líquida é insignificante. Para reatores com fluxos de substrato e as taxas de carregamento
condições mais complexas de mistura (por superficiais:
exemplo, reatores de leito fixo e fluxo pistonado),
o reator pode ser modelado como reatores
compartimentados em série (Figura 17.19). A área
superficial de biofilme requerida AF para todo o
reator é a soma das áreas superficiais de biofilme
Para baixos níveis de concentração do substrato
dos compartimentos individuais. O volume de
no efluente, o fluxo de substrato e as taxas de
reator mínimo (VR) pode ser calculado pela AF
carregamento superficiais de projeto são
utilizando a definição da área superficial de
virtualmente idênticas. Abordagens para a escolha
biofilme específica (aF):
de fluxos de projeto ou das taxas de carregamento
são apresentadas na Seção 18.3.

18.2.2 Carga hidráulica


Como descrito na seção 18.3, é importante
perceber que na maioria dos casos, dois ou mais As condições de mistura e a carga hidráulica de um
componentes devem realmente se difundir no reator de biofilme tem influência nos gradientes de
biofilme, por exemplo, mas apenas um deles será concentração ao longo do reator, na resistência a
limitante, o que significa que ao projetar um transferência de massa externa e também na
sistema de fluxo pistonado, a limitação do substrato exposição do biofilme ao cisalhamento. A carga
pode mudar do afluente para o efluente do reator. hidráulica (qA) [L T-1], em alguns sistemas também
referenciado como a velocidade no filtro, é definida
Muitas diretrizes de projeto para reatores de como:
biofilme não fazem o cálculo explícito da área
superficial baseado no fluxo de substrato local
dentro do reator, mas baseado nas cargas de projeto
que são determinadas empiricamente para um Onde AR é a área da seção transversal do reator de
determinado sistema. Cargas de projeto podem ser biofilme na direção do fluxo [L²]; por exemplo,
expressas como cargas superficiais (BA), [M L-2 T- para um filtro percolador circular, com raio r, AR =
1
]: r²π. A vazão na Eq. 18.8 é a soma da vazão da água
residuária afluente à estação de tratamento (Q i) e
uma vazão de recirculação (QR) (por exemplo,
Figura 18.3). Valores típicos de carga hidráulica
para reatores de biofilme são apresentados na
Ou cargas volumétricas (BV), [M L-3 T-1]:
Tabela 18.2. Para filtros percoladores, a velocidade

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no filtro deve ser observada como a mínima ascendente, a máxima velocidade de filtração
velocidade que garantirá uma distribuição evitará a expansão do leito; para reatores com
completa do afluente e reduzirá a limitação da suporte de biofilme de menor densidade que a água,
transferência de massa. Em reatores UASB e uma alta velocidade no filtro levará a um aumento
sistemas de leito fluidizado, a velocidade no filtro acentuado na perda de carga. Para sistemas MBBR
possui um valor mínimo para assegurar que a a velocidade pode ser comparada ao fluxo em
expansão do leito irá ocorrer para minimizar a direção à parede da peneira e aqui um fluxo muito
transferência de massa e uma máxima velocidade alto levará a uma distribuição desigual do suporte
que evitará a perda de material suporte de biofilme. de biofilme, uma vez que o meio será empurrado
Para reatores de biofilme de leito fixo submerso em direção à parede da peneira.
com meio suporte mais denso que a água e de fluxo

Tabela 18.2 Valores típicos de velocidades nos filtros (qA, Eq. 18.8) para diferentes tipos de reatores de biofilme. Note que as
velocidades nos filtros são fortemente dependentes do pré-tratamento, da mistura ar-água (para filtros submersos), da
frequência de contralavagem e do objetivo do tratamento.

Tipo de reator Material Suporte Velocidade no filtro (qA), m/h Referência


Filtro Percolador Pedra 0,4 – 1,0 ATV, 1997
Plástico 0,6 – 1,8 ATV, 1997
UASB Nenhum 1,5 Nicolella et al., 2000
Biofiltro Submerso Argila Porosa 2-6 (máx 10) (remoção de ATV, 1997; Pujol et al., 1994
orgânicos)
10 (nitrificação)
Ardósia Porosa 14 (denitrificação) ATV, 1997
Poliestireno 2-5 (máx 10) ATV, 1997
Areia de quartzo 2-6 (máx 10) ATV, 1997
Antracitro 5-15 ATV, 1997
5-15
Leito Fluidizado areia ou basalto 20-40 Nicolella et al., 2000

18.3 COMO DETERMINAR OS FLUXOS usualmente suficientes para as propostas de


MÁXIMOS DE PROJETO OU TAXAS projeto. Contudo, para algumas questões
DE CARREGAMENTO DE PROJETO específicas mais complexas, modelos numéricos
podem ser úteis. É importante entender que na
maioria dos casos o afluente não terá apenas
18.3.1 Estimativa baseada em modelo do substâncias solúveis, mas também substâncias
fluxo máximo de substrato particuladas. Dependendo do reator, mais ou
menos destas substâncias em suspensão serão
Reatores de biofilme podem ser projetados
hidrolisadas e então o substrato solúvel total a ser
baseados na qualidade efluente desejada de
eliminado aumentará. Quatro diferentes níveis de
substâncias solúveis utilizando os cálculos de
complexidade podem ser diferenciados, e os
fluxos do Capítulo 17. O nível necessário de
primeiros três níveis são mostrados na Figura
complexidade dependerá se o poluente é um
18.17.
substrato limitante e como as limitações a
transferência de massa influenciam a competição
microbiana no biofilme. Abordagens de projeto
simplificadas baseadas em soluções analíticas são

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um substrato limitante simples (Seção 17.3). Os


critérios para determinar qual composto é limitante
foram desenvolvidos na seção 17.8. Exemplos de
um projeto de nível 1 são a remoção de carbono
com baixas concentrações de DQO na fase líquida
ou a nitrificação com baixíssima concentração de
amônia (Figura 18.11A).

18.3.1.2 Projeto de nível 2: remoção do


composto de interesse é limitado
pelo correspondente
doador/aceptor de elétrons
A difusão de multicomponentes deve ser
considerada em sistemas onde o poluente não é o
composto limitante das taxas de crescimento. Neste
caso, o fluxo dos compostos limitantes deve ser
determinado primeiro. Então o fluxo do poluente
pode ser calculado com base na estequiometria (Eq.
17.89 e Eq. 17.92). Um exemplo de projeto de nível
2 é o processo de nitrificação, que é tipicamente
limitado pelo oxigênio e não pela amônia (Figura
18.17B). Neste caso o fluxo de amônia é limitado
pelo fluxo de oxigênio no biofilme. O fluxo de
oxigênio depende da concentração de oxigênio no
meio líquido, que por sua vez depende do tipo de
aeração e das taxas de transferência de oxigênio.

Figura 18.17 Exemplos de três diferentes níveis de


complexidade com base para o dimensionamento: (A) 18.3.1.3 Projeto de nível 3: a remoção de
projeto de nível 1: remoção de substrato orgânico onde a compostos de interesse é limitada
remoção do substrato orgânico é limitante de taxa, e a pelos processos de crescimento e
nitrificação onde a oxidação da amônia é limitante de pela competição microbiana no
amônia; (B) Projeto de nível 2: nitrificação onde a biofilme por substrato e espaço.
oxidação da amônia pode ser de oxigênio limitante (ver
também Figura 17.19 para a entrada do reator), e (C) Os dois níveis anteriores de projeto assumiam que
projeto de nível 3: o fluxo de amônia é principalmente os organismos são homogeneamente distribuídos
determinado pelas concentrações de DBO da fase líquida por toda espessura do biofilme e que a remoção do
(ver também Figura 17.22). substrato é limitada pela difusão no biofilme.
Contudo, as limitações da transferência de massa
podem produzir nichos ecológicos locais que
18.3.1.1 Projeto de nível 1: o composto de podem resultar em uma distribuição heterogênea de
interesse é o substrato limitante das diferentes grupos de microrganismos por toda a
taxas de crescimento. espessura do biofilme. Um exemplo onde a
Se o poluente a ser removido no reator de biofilme competição por substrato e espaço influencia
é o composto limitante então o dimensionamento significativamente o desempenho do reator de
poderá ser feito baseado nos fluxos estimados para biofilme é a oxidação combinada da amônia e

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substrato orgânico. Como discutido na Seção 17.9, dimensionamento. Cálculos manuais simplificados
as bactérias nitrificantes tendem a serem cobertas são muito úteis para um dimensionamento inicial e
por bactérias heterotróficas de rápido crescimento. para avaliar a plausabilidade de simulações
Como resultado, o fluxo de amônia no biofilme é numéricas. Ao se realizar a modelagem de biofilme
controlado pela relativa quantidade de oxigênio complexa é sempre recomendado seguir as etapas
(SB,O2) e substrato orgânico (SB,DQO) na fase líquida dadas no artigo “A framework for good biofilm
(Figura 18.17C). Há um limite para SB,DQO/SB,O2 reactor modelling practice” (Uma estrutura para
acima do qual as bactérias nitrificantes são uma boa prática de modelagem de reator de
superadas e a nitrificação não pode mais ocorrer. biofilme) (Rittmann et al., 2018).

18.3.1.4 Projeto de nível 4: modelagem 18.3.2 Taxas de carregamento máximas


detalhada de perfis de concentração, empíricas
estruturas de biofilme heterogênea
e dimensionamento para condições Na prática da engenharia, os reatores de biofilme
ambientais dinâmicas são frequentemente dimensionados por taxas de
carregamento (BA ou BV) que são baseadas em
As taxas de crescimento microbiano não são apenas observações empíricas de resultados de máximas
influenciadas pelas concentrações dos doadores ou taxas de carregamento em concentrações efluentes
aceptores de elétrons, mas também por fatores tais satisfatórias. Contudo, as características
como pH, temperatura, e disponibilidade de específicas destas concentrações efluentes
nutrientes e uma fonte adequada de carbono (por satisfatórias são apenas vagamente definidas em
exemplo, CO2 para crescimento autotrófico). muitas aplicações e manuais. Valores de projeto
Simulações numéricas são requeridas para levar para carregamento superficial (BA) e carregamento
estas interações complexas em consideração. volumétrico (BV) são em princípio diretamente
Soluções numéricas para biofilmes 1-D são relacionados (Eq. 18.5), assumindo a área
prontamente disponíveis utilizando-se AQUASIM superficial específica (qA). Não obstante, em
e muitos outros simuladores comerciais de sistemas tais como os biofiltros submersos, a área
tratamento de águas residuárias. As vantagens de superficial específica não é bem definida e valores
usá-los são que (i) a priori as suposições de listados para BV fornecem uma taxa agregada que
substrato limite ou de distribuição da biomassa não inclui o fluxo de substrato no biofilme colonizado
são necessárias, (ii) iterações complexas como no meio suporte e também da remoção de substrato
biofilme podem ser facilmente implementadas, e pele biomassa em suspensão no sistema (isto é,
(iii) processos de fase líquida (rB.VB na equação rB·VB na Eq. 17.42).
17.42) são automaticamente levados em
consideração. Além do mais, a modelagem Carregamentos de projeto típicos para oxidação
numérica permite analisar as consequências dos de carbono e nitrificação são fornecidos na Tabela
comportamentos dinâmicos típicos do afluente para 18.3 e para desnitrificação na Tabela 18.4. O leitor
o tratamento da planta. Entretanto, as desvantagens deveria comparar estes carregamentos de projeto
das soluções numéricas são que (i) pode ser difícil empíricos com os fluxos de substrato calculados na
manter uma visão geral e (ii) um completo Tabela 17.7 para oxigênio, substrato orgânico e
entendimento de quais fatores estão de fato amônia. Estas taxas de carregamento máximas
dominando o desempenho do sistema pode ser recomendadas devem ser utilizadas com cautela,
reconhecido apenas pelos usuários que entendem pois são dependentes das características da água
tanto de modelagem quanto da tecnologia que está residuária, temperatura, operação do reator e dos
sendo modelada. Portanto, é sempre recomendado objetivos de tratamento desejados. Além disso,
ser flexível e combinar diferentes níveis de como sempre quando utilizamos valores de projeto

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recomendados, o leitor é fortemente encorajado a Etapa 1: As concentrações do substrato


rever as condições específicas e as referências orgânico na fase líquida no reator de mistura
associadas com os valores de dimensionamento completa serão idênticas a concentração efluente
(ATV, 1997; Grady et al., 1999; Tchobanoglous et desejada de 10 mgDQO/L. Checar se o oxigênio ou
al., 2013; WEF, 2018). o substrato orgânico são limitantes usando a Eq.
17.64 e Tabela 17.4:
18.3.3 Exemplo de dimensionamento
SLF,DQO 10
= gDQO/gO2
Nos exemplos seguintes SLF,O2 8
= 1,25 gDQO/gO2 < 3,5 gDQO/gO2
Exemplo 18.1: remoção de substrato (18.9)
orgânico (projeto de nível 1)
 O substrato orgânico é limitante da taxa de
Tarefa: crescimento
Um MBBR deve ser dimensionado para tratar a
água residuária a seguir, com o objetivo de alcançar Etapa 2: Encontre o fluxo de substrato
a concentração efluente do material orgânico assumindo uma concentração de substrato na fase
biodegradável de 10 mg DQO/L como DQO líquida de 10 mg DQO/L pela Figura 17.8.
solúvel. Calcular o volume do reator e o tempo de
detenção hidráulica. Você pode assumir que o JLF,DQO = 12,3 g DQO/m².d
MBBR poderá ser modelado como mistura (assumindo penetração parcial de ordem zero)
completa e que a concentração de oxigênio do
reator é de 8 mg/L. JLF,DQO = 8,5 g DQO/m².d
(assumindo ordem de Monod)
Características da água residuária:
Qi = 150 m³/d Etapa 3: Calcular a necessidade de área
LF = 200 μm superficial.
DQOi = 300 mgDQO/L
Área superficial específica do meio suporte de Q i (DQOi − SB )
AF =
biofilme aF = 300 m²/m³ JLF
= 3.537 m² (penetração parcial de ordem zero)
Resposta: (18.10)
= 5.118 m² (ordem de Monod)

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Tabela 18.3 Taxas de carregamento superficiais (BA) e taxas de carregamento volumétricas (BV) de projeto para oxidação de
DBO, oxidação combinada de DBO e amônia ou nitrificação terciária. Os valores aplicados para esgoto sanitário para se atingir
remoção significativa (por exemplo, concentração efluente < 10 mg/L para DBO e < 3 mgN/L para amônia) às temperaturas
normais (10-15°C). Note que estes valores dependem da composição específica do pré-tratamento e da água residuária.
Tipo de Material Carga de DBO Carga de amônia Referência
Reator Suporte
BA BV BA BV
(gDBO/m2.d) (kgDBO/m3.d) (gN/m2.d) (kgN/m3.d)
Oxidação de DBO
Filtro Pedra 4 0,4(1) - - ATV, 1997
Percolador Plástico 4 0,4 – 0,8(1) - - ATV, 1997
Reator Plástico 8 -20(2) - - - Tchobanoglous
Biológico de et al., 2003
Contato
(RBC)
Biofiltro Argila Porosa - 10 - - ATV, 1997
Submerso Ardósia Porosa - 10 - - ATV, 1997

Poliestireno - 8 - - ATV, 1997


MBBR 5 -15(2) - - - WEF; ASCE,
1998
Oxidação combinada de DBO e amônia
Filtro Pedra 2 0,2(1)(3) - - ATV, 1997
Percolador Plástico 2 0,2 – 0,4(1)(3) - - ATV, 1997
Reator Plástico 5-16 - 0,75 – 1,5 - Tchobanoglous
Biológico de et al., 2003
Contato
(RBC)
MBBR 4 - 0,8 - Odegaard,
2006
Nitrificação Terciária
Filtro Pedra - - 0,5-2,5 0,05-0,25(1) Tchobanoglous
et al., 2003
Percolador Tchobanoglous
Plástico - - 0,5-2,5 0,05-0,25(1) et al., 2003
Reator Plástico 1-2 - 1,5 - Tchobanoglous
Biológico de et al., 2003
Contato
(RBC)
Biofiltro Argila Porosa 1,2 ATV, 1997
Submerso Ardósia Porosa 0,7 ATV, 1997

Poliestireno 1,5 ATV, 1997


(1)
Cargas superficiais (BA) para filtros percoladores são convertidas em cargas volumétricas (B V) usando a Eq. 18.5 assumindo a
áreas superficiais específicas qA típicas de 100 m²/m³ para filtros percoladores utilizando pedras e 100-200 m²/m³ utilizando material
suporte plástico.
(2)
Cargas de DBO > 10 gDQO/m².d tipicamente resultam em baixas eficiências de remoção (por exemplo, remoção de DBO < 80%)
(3)
Em ATV (1997) a oxidação combinada de DBO e amônia é baseada somente nas cargas de DBO e assume uma composição típica
do esgoto sanitário em termos da razão DBO/NTK.

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Tabela 18.4 Taxas de carregamento superficial (BA) e taxas de carregamento volumétricas (BV) para desnitrificação. Os valores
são aplicados para o tratamento de esgoto sanitário para alcançar remoção significativa (> 90%) em temperaturas normais (10-
15°C). Note que estes valores dependem dos objetivos do tratamento, pré-tratamento específico, composição da água
residuária, e quantidade e tipo da fonte externa de carbono adicionada.

Tipo de Reator Material Suporte Carga de Nitrato Referência


BA BV
(gN/m2.d) (kgN/m3.d)
Denitrificação
Biofiltro Submerso Argila Porosa - 2 ATV, 1997
Ardósia Porosa - 0,7 ATV, 1997
Poliestireno - 1,2 – 1,5 ATV, 1997
Areia de quartzo - 1,5 – 3
Antracitro - 1,5 – 3
MBBR K1 2,5 – 3(1) - Aspegren et al., 1998
1 – 5 – 2(2)

(1)
Utilizando etanol como doador de elétrons
(2)
Utilizando metanol como doador de elétrons

Etapa 4: Cálculo do volume do reator e TDH. Etapa 6: Qual seria o fluxo de oxigênio
correspondente ao fluxo de substrato de 4 g
AF 3.537 m² DQO/m².d?
VR = = = 11,8 m³
a F 300 m2 /m³
O fluxo de diferentes componentes envolvidos no
(penetração parcial de ordem zero) mesmo processo é descrito pela Eq. 17.92 dada
(18.11) novamente a seguir:

JLF,1 JLF,2 JLF,i


AF 5.118 m² = =⋯=
VR = = = 17,1 m³ V1 V2 Vi
a F 300 m2 /m³ (18.12)

(ordem de Monod) O coeficiente estequiométrico para o substrato


orgânico é vS = 1/Y e para o oxigênio vO2 = (1-
Etapa 5: Como o fluxo do substrato mudaria Y)/Y. Assim, o fluxo de oxigênio (JLF,O2) pode ser
agora, levando em consideração uma camada limite calculado como:
de transferência de massa externa de 200 𝜇m?
Fluxos de substrato assumindo diferentes vO2
JLF,O2 = JLF,DQO = (1 − Y)JLF,DQO
espessuras de camada limite são dados na Figura vS

17.13: (18.13)

JLF,DQO = 4 g DQO/m².d (assumindo ordem de Assumindo um fluxo de substrato orgânico de


Monod e LL = 200 𝜇m) 4 g DQO/m².d e um coeficiente de rendimento de
0,4 g DQO/g DQO, o fluxo de oxigênio no biofilme
Os TDHs correspondentes são 1,9 e 2,7 horas, seria de 2,4 g O2/m².d.
assumindo penetração parcial de ordem zero ou
ordem de Monod, respectivamente

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1
Exemplo 18.2: Nitrificação (Projeto de nível 2) = 22,5 = 5,17 g N/m².d
4,57−0,22

Um RBC seria dimensionado para nitrificação Note que este fluxo de 5,17 g N/m².d é menor
terciária com uma concentração efluente de 5 mg que o valor obtido na Tabela 17.5 para uma
N-NH4+/L. A fase líquida do reator pode ser concentração de amônia na fase líquida de 5 mg
considerada como mistura completa com N/L. Isso se deve ao fato de que os fluxos de
concentração de oxigênio dissolvido de 8 mg/L. amônia na Tabela 17.5 são calculados assumindo
que não existe limitação de oxigênio.
Características da água residuária:
Qi = 150 m³/d Etapa 4: Os fluxos na Tabela 17.5 não levam
LF = 200 μm em conta a resistência a transferência de massa
SNH4 = 40 mgN-NH4+/L externa. Na Seção 5 do Capítulo 17, discutiu-se o
Área superficial específica do meio suporte de efeito da resistência a transferência de massa
biofilme aF = 300 m²/m³ externa e do fluxo de oxigênio que poderia ser
explicitamente calculado. Em muitos casos,
Etapa 1: Avaliar se o oxigênio ou a amônia contudo, valores de projeto para oxidação da
serão limitantes. Isso poderia ser feito usando a Eq. amônia estão disponíveis baseados em fluxos
17.64 ou diretamente usando as profundidades de mensurados em sistemas similares como
penetração para amônia e oxigênio na Tabela 17.7. sumarizado na Tabela 18.3. Fluxos de amônia para
Pela Tabela 17.7 a profundidade de penetração para nitrificação estão no range de 1 a 3 g N/m².d.
concentrações de amônia de 5 mg/L e Assim, para o presente sistema um valor de projeto
concentrações de oxigênio de 8 mg/L são: de 2,5 g N/m².d poderia ser escolhido.

Profundidade de penetração da amônia = 177 Deste modo, as etapas 1 a 4 não deveriam ser
μm necessárias e nós poderíamos ter usado diretamente
Profundidade de penetração do oxigênio = 120 a Tabela 18.3. Um perigo no uso de tais valores de
μm projeto sem os cálculos adicionais é que não é
frequentemente evidente nestes valores
Então, para as concentrações da fase líquida recomendados quais fatores estão limitando a
dadas, a disponibilidade de oxigênio dentro do remoção. Da etapa 2 à 4 é explicitado que a
biofilme será limitante para a remoção da amônia. nitrificação é limitada pelo oxigênio e que os fluxos
de substrato são determinados pela penetração de
Etapa 2: O fluxo de oxigênio pode ser oxigênio no biofilme. Utilizando as profundidades
diretamente obtido na Tabela 17.5, sendo: de penetração promovemos a compreensão das
características do biofilme desejadas. Também,
JLF,O2 = 22,4 gO2/m².d pela realização de cálculos explícitos é
imediatamente claro em quais condições o biofilme
Etapa 3: O fluxo de amônia necessita ser será limitado pela amônia ao invés de ser limitado
calculado pelo fluxo de oxigênio usando a Eq. pelo oxigênio.
17.89:

vNH4 Etapa 5: Calcular a necessidade de área


JLF,NH4 = J = superficial e volume seguindo os exemplos
vO2 LF,02
anteriores.
1
YANO
= 4,57−YANO JLF,02 = (18.14)
YANO

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Exemplo 18.3: Combinação da remoção de Onde, VR,total é o volume total do reator e VR,DQO
substrato orgânico e e VR,NH4 são o volume do reator para oxidação de
nitrificação (projeto de nível carbono na parte superior e nitrificação na parte
3) inferior do filtro percolador. Utilizando taxas de
carregamento típicas da Tabela 18.3 de 0,6 kg
Um filtro percolador usando material plástico DBO/m³.d (para oxidação de DBO) e 0,1 kg N/m³.d
deveria ser projetado para oxidação de carbono e (para nitrificação terciária) nós podemos estimar o
nitrificação combinados. volume total como:

m3 gDBO
Características da água residuária: Qi .DQOb,i (150
d
)(200 3 )
m
VR,DQO = = = 50 m³
Qi = 150 m³/d BV,DQO 0,6 kg DBO/(m3 .d)
Cb,i = 200 mg DBO/L (18.16)
SNH4,i = 40 mgN-NH4+/L
m3 gN
Q i . SNH4,i (150 d )(40 m3 )
Parâmetros de dimensionamento típicos VR,NH4 = = = 60 m³
deveriam ser assumidos para o projeto. BV,NH4 0,1 kg N/(m3 . d)
(18.17)
Abordagem 1: Modelagem detalhada de
oxidação de carbono e nitrificação combinadas foi Assim a Eq. 18.15 fica:
discutida na Seção 17.9, demonstrando que uma
condição para que a nitrificação ocorra é ter VR,total = 50 m³ + 60 m³ = 110 m³
concentrações de DBO suficientemente baixas no
meio líquido para dadas concentrações de oxigênio. Portanto, um volume total de 110 m³ deverá
Oxidação de carbono e nitrificação podem ser promover de forma confiável tanto a oxidação do
avaliadas pela modelagem explícita de fluxos de substrato orgânico quanto a nitrificação. O
substrato e a estrutura de biofilme heterogênea projetista tem a opção de projetar um grande reator
onde a DBO é oxidada primeiro seguida da ou dois reatores separados com separação sólido-
nitrificação (Wanner; Gujer, 1985). Simulações líquido entre o primeiro reator de oxidação de
podem ser confirmadas utilizando módulos de carbono e o segundo reator de nitrificação.
biofilme disponíveis em programas comumente
utilizados para plantas de tratamento ou o programa 18.4 OUTRAS CONSIDERAÇÕES DE
AQUASIM que foi introduzido no Capítulo 17. PROJETO

Este capítulo proporcionou uma visão geral de


Abordagem 2: Como mostrado na Figura
diferentes tecnologias de reatores de biofilme e
17.25, haverá três regiões no filtro percolador
visou destacar características comuns ao projetar
operado para oxidação de carbono e nitrificação: (i)
estes sistemas. Em adição, o projeto de biofilme
apenas oxidação de carbono, (ii) oxidação de
deve também abordar condições como aeração,
carbono e nitrificação combinados, (iii) apenas
distribuição de fluxo, controle do biofilme e
nitrificação (primeiro o oxigênio limitante e então
remoção de sólidos.
a amônia limitante). Uma abordagem de projeto
simplificada é negligenciar a região de combinação
da oxidação de carbono e nitrificação e 18.4.1 Aeração
separadamente calcular as dimensões para as outras
Para sistemas aeróbios, um suprimento suficiente
duas dimensões:
de oxigênio deve ser fornecido. Filtros
percoladores e RBC tipicamente dependem de
VR,total = VR,DQO + VR,NH4 (18.15)

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convecção natural para aeração. Se necessário, a acúmulo do excesso de biofilme a fim de se evitar
aeração pode ser aumentada por ventilação forçada a colmatação do leito. Um biofilme espesso
ou difusores de ar submersos em filtros também pode levar ao risco de condições
percoladores e RBC, respectivamente. Reatores de anaeróbias nas partes mais internas do biofilme, o
biofilme submersos dependem inteiramente de que, por sua vez, pode ter um desprendimento não
aeração forçada. Para reatores de leito fixo, o ar é desejado do biofilme como consequência. As
introduzido no material suporte por meio de uma forças de cisalhamento nos filtros percoladores são
grade que ajuda a garantir uma distribuição uma função do carregamento hidráulico (q A, [L T-
1
igualitária do ar ao longo da seção transversal do ], Eq. 18.7), o número de braços do distribuidor
leito do reator. Conforme as bolhas de ar se movem rotativo (a) e sua velocidade de rotação em
através do material filtrante, elas se coalescem revoluções por tempo (n, T-1. Estes diferentes
rapidamente, resultando em bolhas maiores, mas fatores que afetam as forças de cisalhamento e
devido ao aumento da retenção de gás causado pela desprendimento em filtros percoladores são
combinação de suporte de biofilme e o bloqueio combinados nas forças de descarga (SK, de
pelo biofilme do caminho para as bolhas, a Spülkraft na Alemanha):
eficiência de aeração em BAFs pode ser comparada
qA
a que encontrado para um difusor de bolha fina em SK = (18.18)
a.n
lodo ativado (Stenstrom et al., 2008). Em reatores
de biofilme em suspensão, a aeração muitas vezes Valores típicos para a faixa de SK de 4 a 8
serve ao propósito duplo de fornecer oxigênio e mm/braço (ARV-DVWK, 2001). Filtros
suprimento de energia para a mistura. percoladores modernos são frequentemente
Normalmente, sistemas de aeração de bolha grossa equipados com um braço distribuidor eletricamente
a média são preferidos para reatores de biofilme, acionado que permite que o valor de SK seja
uma vez que estes sistemas têm menos risco de controlado. Da mesma forma, RBC com CLPs e
entupimento/incrustação relacionado ao velocidade de acionamento controlada por inversor
crescimento do biofilme. de frequência podem ser programados para realizar
um controle diário ou semanal do biofilme,
18.4.2 Distribuição de fluxo aumentando as velocidades de rotação por alguns
minutos.
Para reatores de leito fixo e leito fluidizado uma
distribuição homogênea da vazão de água afluente Em reatores de biofilme em suspensão, altas
por toda a seção transversal do reator é crítica para taxas de desprendimento e biofilmes finos são
um tratamento eficaz. A distribuição de água resultados de altas taxas de cisalhamento e abrasão.
influencia tanto as taxas de carregamento de Uma carga superficial de carbono muito alta pode,
substrato local quanto a ação das forças de entretanto, levar a um crescimento tão alto do
cisalhamento no biofilme. Em reatores de leito biofilme, que o biofilme não será suficientemente
fixo, uma distribuição de fluxo heterogênea pode controlado e isso se torna um fator limitante.
resultar em caminhos preferenciais, remoção de
substrato reduzida e entupimento o material Em reatores de biofilme de leito fixo, a
filtrante. retrolavagem deve ser realizada em intervalos
regulares para remover o excesso de biofilme e
18.4.3 Controle do biofilme também os sólidos em suspensão que podem se
acumular nos interstícios do meio filtrante. Na
A operação eficaz do reator deve reter um biofilme nitrificação de BAFs, isso também reduz o risco f
suficientemente espesso para permitir a remoção da biomassa heterotrófica crescer sobre a
do substrato, e ao mesmo tempo prevenir o nitrificante.

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18.4.4 Remoção de sólidos biofilme variam significativamente em como


removem o material particulado da água residuária
A biomassa removida dos reatores de biofilme deve afluente. Por exemplo, reatores submersos de leito
ser separada da água usando decantadores ou fixo podem ser operados como um filtro
outros métodos de separação sólido-líquido. verdadeiro, enquanto filtros percoladores ou RBCs
Existem diferenças significativas nas podem atingir apenas uma remoção limitada de
características da biomassa em termos de tamanho partículas (Parker e Newman, 2006). Um exemplo
de partícula e a sedimentação difere entre os da multiplicidade de métodos de remoção de
diferentes sistemas e diferentes condições de sólidos possíveis após MBBR é dado na Figura
carregamento. Diferentes tipos de reatores de 18.18.

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Figura 18.18 MBBR combinado com alternativas de separação de biomassa: A) decantação, (B) coagulação e decantação
(também Actiflo®), (C) flotação, (D) filtração em mídia, (E) micro tela (ou seja, filtração a disco) e (F) filtração com membrana
(Ødegaard, 2010).

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(ReSCoBi) for completely autotrophic nitrogen
removal: The effect of co- versus counter-diffusion on

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NOMENCLATURA

Símbolo Descrição Unidade


a Número de braços do distribuidor rotativo no filtro percolador -
AF Área superficial do biofilme m²
aF Área superficial específica do biofilme = AF/VR m²/m³
AR Área da seção transversal do reator de biofilme na direção do fluxo m²
BA Taxa de carregamento específico superficial g/m².d
Bi Número de Biot -

BV Taxa de carregamento específica volumétrica g/m³.d


SB Concentração do substrato solúvel(1) no meio líquido mg/L
SF Concentração do substrato solúvel(1) no biofilme mg/L
SF,NH4 Concentração de amônia no biofilme mgN/L
SF,O2 Concentração de oxigênio no biofilme mgO2/L
SF,S Concentração de substrato orgânico no biofilme mgDQO/L
Si Concentração de substrato solúvel(1) no afluente mg/L
SLF Concentração de substrato solúvel(1) na superfície do biofilme mg/L
SNH3 Concentração de amônia mgN/L
SO2 Concentração de oxigênio mgO2/L
SS Concentração de substrato orgânico mgDQO/L
h Altura do reator com características de fluxo pistonado na fase líquida m
J Fluxo de substrato(1) g/m².d
JF Fluxo de substrato(1) no biofilme g/m².d
JLF Fluxo de substrato(1) na superfície do biofilme g/m².d
Q Vazão m³/d
qA Carregamento hidráulico or velocidade do filtro = (Q+QR)/AR m/d
Qi Vazão afluente m³/d
QR Vazão de recirculação m³/d
VR Volume do reator m³
XANO Densidade de bactérias autotróficas no biofilme kgDQO/m³
XF Densidade de biomassa(2) no biofilme kgDQO/m³
XOHO Densidade de bactérias heterotróficas no biofilme kgDQO/m³
Y Coeficiente de rendimento para XF(2) crescendo em substrato genérico(1) g/g
YANO Coeficiente de rendimento para crescimento autotrófico em SNH4 gDQO/gN
YOHO Coeficiente de rendimento para crescimento heterotrófico em SS gDQO/gDQO
(1)
Observe que na maior parte do Capítulo 17, o tipo de substrato limitante e as unidades não são especificados. Exemplos de possíveis
substratos são doadores de elétrons, como substrato orgânico (SF, COD), amônia (SF, NH4) ou receptores de elétrons, como oxigênio (SF,
O2) ou nitrato (SF, NO3). As unidades para o substrato devem ser consistentes com as unidades cinéticas e constantes estequiométricas.
(2)
O tipo de biomassa não é especificado. A biomassa ativa genérica converte o substrato genérico SF. Exemplos de possíveis tipos
de biomassa são bactérias heterotróficas (XOHO) e bactérias autotróficas (XANO).

Subscrito Descrição
0 Ordem zero
0 No tempo zero
1 Primeira ordem
A Por área superficial de biofilme
ANO Bactéria autotrófica
B Na fase líquida

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