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UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE ENGENHARIA CIVIL

Patologia e terapia das construções – edifícios.


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DISCIPLINA:

PATOLOGIAS E TERAPIA DAS


CONSTRUÇÕES.

Profº Engº Alexandre Tomazeli.


UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE ENGENHARIA CIVIL
Patologia e terapia das construções – edifícios.
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Índice:

1.0 – Objetivo .................................................................................................

2.0 – Introdução .................................................................................................

3.0 – Conceitos, definições e terminologias .......................................................

4.0 – Patologias em alvenarias e revestimento de fachadas das


edificações .................................................................................................
4.1 – Introdução .......................................................................................
4.2 –Referências normativas ....................................................................
4.3 – Classificação normativa das patologias nos revestimentos
de argamassa cimentícea em fachadas das edificações ...............

4.4 – Fissuras geométricas (movimentações das bases):


4.4.1 – Fissuras nos cantos das aberturas ..................................
4.4.2 – Fissuras nas regiões de fixação e/ou
encunhamento das alvenarias em fundo
de vigas de periferia das fachadas .........................................
4.3:3 – Fissuras nas regiões de amarração das alvenarias
aos pilares das fachadas ..................................................
4.3:4 - Fissuras nos revestimentos de alvenarias apoiadas
alvenarias de balanços e deformabilidade
da estrutura de concreto.....................................................
4.4:4 - Fissuras em muros e platibandas .....................................
4.4:5 - Fissuras horizontais na interface entre
a argamassa de regularização dos peitoris
das janelas .........................................................................
4.4:6 - Fissuras no revestimento de argamassa
próximas às quinas das fachadas .......................................
4.4:7 - Fissuras na argamassa de regularização e
assentamento das pingadeiras sobre as alvenarias
dos terraços ........................................................................
4.4:8 – Trincas em pingadeiras, molduras e cornijas ....................
4.4:9 - Fissuras próximas da região de apoio das alvenarias
de vedação com as vigas de periferia ................................
4.4:10 – Fissuras inclinadas pela deformabilidade estrutural .......
4.4:11 – Fissuras e trincas por recalque de fundações ..................

4.5 – Fissuras mapeadas ..........................................................................


4.5:1 – Retração plástica ................................................................
4.5:2 – Vesículas ............................................................................
4.5:3 – Pulverulência e/ou perda de coesão ..................................
4.5:4 - Empolamento .....................................................................
4.5:5 – Expansão ............................................................................
4.5:6 – Desplacamento e/ou deslocamento ...................................
4.5:7 – Perda de aderência devido falhas de base ........................

4.5 – Fungos e bolor nas edificações .......................................................


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4.6 – Patologia dos revestimentos cerâmicos ..........................................


4.6:1 – Falhas de aderência com as bases ....................................
4.6:2 – Variação dimensional .........................................................
4.6:3 – Gretamento .........................................................................
4.6:4 – Falhas decorrentes da inexistência de juntas de
movimentação e dessolidarização .......................................
4.6:5 – Falhas de rejuntamento das peças cerâmicas .....................
4.6:6 – Falhas por técnicas construtivas inadequadas .....................
4.6:7 – Falhas em selantes empregos nas juntas de
Movimentação e/ou dessolidarização ...................................

4.7 – Patologias em pisos com revestimento cerâmico ................................

4.8 – Técnicas e materiais para a recuperação dos revestimentos


de fachadas .........................................................................................
4.8:1 – Determinação do critério de reforço – aspectos
econômicos e regionais......................................................................
4.8:2 – Recuperação de fissuras ocasionadas pelas
movimentações de base .....................................................................
4.8:3 – Recuperação de fissuras geométricas ...................................
4.8:4 – Recuperação de fachadas com revestimento cerâmico .......

5.0 – Patologia das estruturas de concreto armado ............................................

5.1 – Introdução .........................................................................................


5.2 – Referências normativas ....................................................................
5.3 - Sintomatologia e as frequências das anomalias e deteriorações
em estruturas de concreto armado e diagnóstico preliminar ........
5.3:1 – Definições ..........................................................................
5.3:2 – Classificação dos defeitos causados de acidentes e
frequência das incidências nas estruturas de concreto
armado ...................................................................................
5.3:3 – Reconhecimento de fissuras ..................................................
5.3:4 – Anomalias em vigas ...............................................................
5.3:5 – Anomalias em pilares ............................................................
5.3:6 – Anomalias em lajes ................................................................
5.3:7 – Anomalias em paredes de concreto ......................................
5.3:8 – Anomalias em demais elementos estruturais de concreto ...

5.4 – Falhas decorrentes da má aplicação do concreto na estrutura ..........

5.5 – Falhas decorrentes decorrentes de falhas de projeto .........................

5.6 – Falhas decorrentes da ação de agentes químicos e


externos ................................................................................................
5.6:1 – Agentes químicos externos (acidos e áreas marinhas) ..........
5.6:2 – Agentes químicos incorporados no concreto ............................

5.7 – Corrosão das barras de aço mergulhadas no concreto ..........................


5.8 – Falhas decorrentes da qualidade do concreto ........................................
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5.9 – Reação álcali/agregado ..........................................................................

5.10 - Falhas decorrentes do uso inadequado da estrutura em serviço .....

6.0 – Procedimentos e critérios que podem ser adotados em vistorias em


edifícios com patologias (concreto e fachadas) ................................................
6.1 – Considerações preliminares ...................................................................
6.2 – Vistorias e critérios de registros ..............................................................
6.3 – Principais ensaios de ensaios complementares para a determinação
da qualidade do concreto armado e sua interpretação ...........................
6.3:1 – Teor de íons cloretos e sulfatos na massa de concreto .............
6.3:2 – Espessura da frente de carbonatação ........................................
6.3:3 – Teor de umidade do concreto .....................................................
6.3:4 – Resistividade elétrica do concreto ..............................................
6.3:5 – Potencial de corrosão eletroquímica .............................................

6.4 - Descrição de ensaios que caracterizam as resistências mecânicas


Potencial/estimada do concreto
6.5:1 – Extração e ruptura de testemunhos de concreto ...........................
6.4:2 – Ensaio da dureza superficial do concreto ......................................
6.4:3 – Demais ensaios de caracterização qualitativa ...............................

6.5 – Exemplo na emissão de laudo técnico e/ou relatório de inspeção ............

7.0 – Técnicas de recuperação e reforço de estruturas:

7.1 – Materiais para recuperação estrutural:


7.1.1 – Argamassas cimentíceas com polímeros ....................................
7.1.2 – Argamassas expoxídicas .............................................................
7.1.3 – Micro concreto “grouth” ................................................................
7.1.4 – Resinas para pontes de aderência ..............................................

7.2 - Recuperação de estruturas:


7.2:1 – Reparos localizados em peças estruturais ....................................
7.2:2 – Reparos profundos em peças estruturais .....................................
7.2:3 – Reparos em pilares .......................................................................
7.2:4 – Reparo em vigas ...........................................................................
7.2:5 – Reparo em lajes ............................................................................
7.2:6 – Reparo em demais peças estruturais ...........................................

7.3 – Reforço de estruturas de concreto:


7.3.1 – Reforço em pilares ......................................................................
7.3.2 – Reforço em vigas ........................................................................
7.3.3 – Reforço em lajes .........................................................................
7.3.4 – Reforço em fundações ................................................................
7.3.5 – Reforço em demais peças estruturais .........................................

7.4 – Reforço com fibra de carbono .....................................................................


7.5 – Reforço com chapas e peças metálicas ..................................................
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7.6 – Reparo e proteção galvânica das barras de aço corroídas .........................

7.7 – Proteção superficial do concreto...................................................................

7.7:1 – Estucamento e tratamento do concreto aparente ...........................


7.7:2 – Pinturas de proteção superficial ......................................................

8.0 – Conceitos e critérios de manutenção preventiva das edificações............................

9.0 – Bibliografia ...............................................................................................................


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1.0 – OBJETIVO:

O objetivo da presente apostila é o fornecimento de considerações teóricas e


práticas, quanto às patologias e sintomatologias que ocorrem nas estruturas de
concreto, vedações e revestimentos de fachadas e pisos de edificações correntes, assim
como relatar as principais e prováveis origens destes fenômenos e o fornecimento de
alguns critérios técnicos construtivos que usualmente são empregados na recuperação
destes males.
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2.0 – INTRODUÇÃO:

As edificações e seus materiais constituintes (concreto armado, protendido,


alvenarias, revestimentos e etc), assim como as criaturas humanas, podem padecer de
males congênitos e adquiridos, bem como sofrer acidentes durante a vida útil.

NORONHA (1986) ressalta que se pode chamar de “INCIDENTE, o


comportamento anômalo do concreto, de uma peça ou de um conjunto de peças
estruturais, causado por deficiência própria ou por ações externas e, ACIDENTE, o
colapso de uma peça ou de um conjunto de peças estruturais, causado por deficiência
própria do concreto ou por ações externas”.

Toda a estrutura de concreto ou uma edificação deve ser restabelecida de


maneira adequada, com base em um diagnóstico correto, e que garanta que
futuramente se tenha a qualidade e o desempenho, em face às condições mínimas pré-
estabelecidas pelo projetista da estrutura e as normas técnicas vigentes, de modo a
garantir os requisitos de qualidade da estrutura: Capacidade resistente, Desempenho
em serviço e Durabilidade.

Entende-se como Capacidade resistente, “a segurança à ruptura”


(ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2003, p.13).

O Desempenho em serviço, por sua vez, “consiste na capacidade de a estrutura


manter-se em condições plenas de utilização, não devendo apresentar danos que
comprometam em parte ou totalmente o uso para a qual foi projetada” (ASSOCIAÇÃO
BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2003, p.13).

A Durabilidade, “consiste na capacidade de a estrutura resistir às influências


ambientais previstas e definidas em conjunto pelo autor do projeto estrutural e o
contratante, no início dos trabalhos de elaboração do projeto” (ASSOCIAÇÃO
BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2003, p.13).

Desta forma é possível avaliar e projetar para a superestrutura de concreto


armado as intervenções corretivas necessárias, no sentido de se obter a sua capacidade
resistente, no seu nível de desempenho e a sua durabilidade, frente às imposições das
normas técnicas vigentes.

O nível de desempenho do concreto de qualquer estrutura é avaliado,


basicamente, pela distância existente entre dois patamares definidos em norma, sendo
eles:

a) O seu nível de serviço (Estado Limite de Serviço - ELS);


b) O seu nível de colapso (Estado Limite Último - ELU).

A diferença entre este dois patamares são os coeficientes de seguranças, por


sua vez definidos em normas técnicas. Quanto mais próximos eles estiverem, maior
probabilidade tem que a superestrutura entre em colapso.
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A proximidade destes dois parâmetros ocorre cada vez que a superestrutura de


concreto aproxima-se de um nível crítico de deterioração e desempenho, anômalo ao
que foi projetada.

O Estado Limite de Serviço (ELS), segundo Graziano (2005, p.45) define que
“corresponde à comprovação de que a estrutura em análise atenderá minimamente às
condições de serviço e de durabilidade, mantendo pelo tempo de vida útil previsto, as
condições esperadas de desempenho”.

Graziano (2005, p.45), ainda define que o Estado Limite Último (ELU), “concentra
o seu foco sobre as situações normais que podem conduzir as estruturas ao
esgotamento de sua capacidade portante (ruína). Situações excepcionais também são
abordadas, porém com um tratamento mais brando e correspondente à sua
excepcionalidade”.

Cabe aos Engenheiros Civis responsáveis pela análise destas superestruturas de


concreto armado com patologias, distanciar cada vez mais a proximidade destes
parâmetros definidos pela norma, aumentando-se os seus coeficientes de segurança,
que por sua vez é possível por meio de uma terapia adequada.

Para atingir este objetivo devem-se empregar tecnologias adequadas na


recuperação e reforço estrutural destas superestruturas, se tornado possível evitar um
colapso (ELU) e a continuação da obra até o seu acabamento e utilização, dentro de
parâmetros mínimos aceitáveis de desempenho e durabilidade (ELS), definidos em
norma.
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3.0 - CONCEITOS, DEFINIÇÕES E TERMINOLOGIAS:

Segundo Helene (p.19, 1992), Patologia pode se entendida como parte da


Engenharia que estuda os sintomas, os mecanismos, as causas e as origens dos
defeitos das construções civis, ou seja, é o estudo das partes que compõem o
diagnóstico do problema.

Terapia cabe estudar a correção e a solução desses problemas patológicos. Para


obter êxito nas medidas terapêuticas, é necessário que o estudo precedente, o
diagnóstico da questão, tenha sido bem conduzido (Helene, p.19, 1992).

As falhas, segundo NORONHA (1986), são geralmente adquiridas por projetos


inadequados ou impraticáveis, métodos deficientes de execução, cargas excessivas,
mão de obra incompetente ou não devidamente qualificada. Uma primeira tentativa de
classificação destas origens indicaria como possíveis causas que serão classificadas:

A – Falhas congênitas decorrentes da concepção do projeto arquitetônico e/ou


concepção do projeto estrutural ou ainda proveniente de:

- Erro ou engano de projeto;


- Inobservância das normas por parte dos executores e tecnologias.

B – Falhas adquiridas durante a construção devido a:

- Uso de materiais impróprios ou com características diferentes das


especificadas no projeto;
- Adoção de métodos de execução e de equipamentos inadequados.

C – Falhas ocorridas por causas acidentais como:

- Carregamento excessivo acarretando em solicitações não previstas;


- Acidentes estruturais.

D – Falhas adquiridas devido às condições de exposição.

- Ação de agentes externos na edificação;


- Uso inadequado da estrutura ou edifício.

No que tange ao TRATAMENTO da doença, segundo (Liechtenstein, 1986, p.4),


“a prática profissional na análise desses problemas, no entanto, tem sido muitas vezes
caracterizada pela falta de uma metodologia universalmente aceita. São as intuições
pessoais fundamentadas na experiência que prevalecem e não podem ser transmitidas.
Muitas vezes é a “habilidade” que prevalece, no lugar do método. A habilidade e a arte
na Patologia das Construções não podem ser expressas e sim no máximo transmitidas a
pessoas receptivas no trato pessoal”.

O tratamento das estruturas exige, do técnico dele encarregado, atributos e


conhecimentos semelhantes daqueles exigidos do médico. Antes e mais que qualquer
outro atributo, o Engenheiro que se propõe a curar estruturas deve, a elas dedicar,
carinho amizade e respeito. É preciso ainda que conheça os remédios e a sua
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posologia, que seja capaz de acompanhar o tratamento ajustando os remédios, as


doses e os meios de aplicação, às condições reais da estrutura que, por vezes, se
mostra durante o tratamento, diferente daquelas de início vislumbradas (Noronha, 1986).

Ainda Noronha (1986), relata que “ao eleger um sistema de reparo, ou seja, de
tratamento, deve ainda o Engenheiro considerar outros aspectos tais como,
disponibilidades locais, custo, etc”.

O processo então se encerra com a execução dos serviços descritivos, ou seja,


na emissão do laudo ou parecer técnico, que por sua vez é feito com a finalidade de
manter formalizada a história da obra e suas conclusões, para possíveis novas
intervenções futuras que se fizerem necessárias, e claras, principalmente, para a
divulgação do conhecimento técnico adquirido na resolução do problema para futuras
gerações.

Feitas as devidas análises, tal como proposto no organograma 1, cabe ao


Engenheiro que estiver avaliando, emitir o relatório, na forma de laudo técnico ou
parecer técnico.

Cabe ressaltar previamente algumas definições, tal como seguem:

a) Entende-se como laudo, a “peça na qual o perito, profissional habilitado,


relata o que observou e dá as suas conclusões ou avalia,
fundamentalmente, o valor de coisas ou direitos” (ASSOCIAÇÃO
BRASILEIRAS DE NORMAS TÉCNICAS, 1996, p.4);

b) Entende-se como Parecer Técnico, “opinião, conselho ou esclarecimento


técnico emitido por um profissional legalmente habilitado sobre o assunto
de sua especialidade” (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS
TÉCNICAS, 1996, p.4).
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4.0 – INCIDÊNCIA DAS PATOLOGIAS:

4.1 – Definições:

As estruturas e seu material constituinte concreto armado ou concreto protendido,


assim como as criaturas humanas podem padecer de males congênitos e adquiridos,
bem como sofrer acidentes durante a vida (NORONHA, 1986).

NORONHA (1986), também ressalta que se pode chamar de “INCIDENTE, o


comportamento anômalo do concreto, de uma peça ou de um conjunto de peças
estruturais, causado por deficiência própria ou por ações externas e, ACIDENTE, o
colapso de uma peça ou de um conjunto de peças estruturais, causado por deficiência
própria do concreto ou por ações externas”.

4.2 - Classificação dos defeitos causadores de acidentes e frequência das


incidências nas estruturas de concreto armado e construções:

A resistência e durabilidade de uma estrutura, da mesma forma que a de um ser


vivo, vai depender indiscutivelmente dos cuidados que se tenham com ela não apenas
durante sua gestação ou projeto, mas também durante seu crescimento ou construção
e, posteriormente, durante o resto da sua vida ou manutenção (CÁNOVAS, 1988, p.2).

Segundo ÉRCIO THOMAZ (p.129, 2001), define que “na degradação das
estruturas de concreto armado, há que se destacar dois aspectos fundamentais:

a) Processos de degeneração do concreto:


- lixiviação de compostos hidratados – particularmente Ca(OH)2;
- manchas superficiais e lixiviação provocada por chuvas ou fuligens
ácidas;
- reações expansivas álcali-agregados;
- cristalização de sais;
- reações expansivas decorrentes de ataque por sulfatos;
- erosão (obras hidráulicas);
- abrasão (pisos, fachadas submetidas a rajadas de vento com partículas
em suspensão);
- proliferação de fungos (ambientes úmicos, pH = 5 a 6).

b) Corrosão das armaduras, desencadeadas ou aceleradas por processos


de:
- umidificação/ciclos de molhagem e secagem de peças;
- carbonatação do concreto;
- ataque por íons cloreto”.

Por sua vez, MEHTA (p.128, 1994), agrupou “as causas físicas da deterioração
do concreto (organograma 2) em duas categorias: desgaste superficial ou perda de
massa devido à abrasão, erosão e cavitação; e fissuração devida a gradientes normais
de temperatura e umidade, pressões de cristalização de sais nos poros, carregamento
de temperatura e exposição a extremos de temperatura tais como congelamento ou
fogo”.
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Do mesmo modo, METHA (1994), agrupou as causas químicas de deterioração


em três categorias: (1) hidrólise dos componentes da pasta de cimento por água pura;
(2) trocas iônicas entre fluídos agressivos e a pasta de cimento; e (3) reações
causadoras de produtos expansíveis, tais como na expansão por sulfatos, reação álcali
agregado e corrosão da armadura no concreto.

CAUSAS FÍSICAS DA DETERIORAÇÃO DO CONCRETO

DESGASTE DA FISSURAÇÃO
SUPERFÍCIE

ABRASÃO EROSÃO CAVITAÇÃO

MUDANÇAS DE VOLUME CARGA EXPOSIÇÃO A


DEVIDAS A: ESTRUTURAL: EXTREMOS DE
1. Gradiente normais 1. Sobrecarga TEMPERATURA:
de temperatura e e impacto 1. Ação do gelo-
umidade 2. Carga degelo
2. Pressão de cíclica. 2. Fogo
cristalização de sais
nos poros

Organograma 1 Causas físicas da deterioração do concreto.


Fonte: MEHTA (1994, p. 128).

Por sua vez, CANOVAS (p.8,1988), relata que BLEVOT (apud, 1974), elaborou
uma distribuição normal em função das causas que os produziram, que é a seguinte:

“- Erros de concepção geral 3,5%


(Desses, os que concernem à concepção das estrutural
ou interessam à estabilidade, são 0,7%).

- Erros nas hipóteses de cálculo, erros materiais


e ausência de estudos 8,5%

- Disposições defeituosas (fundamentalmente


na disposição de armações) em certos elementos
ou na transmissão de esforços. 2,5%

- Falhas resultantes de deformações excessivas 19,7%

- Falhas resultantes dos efeitos de variações dimensionais 43,7%


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- Terraços, balcões, cornijas e elementos externos de um edifício 26,5%


- Elementos de concreto armado sob sótãos
insuficientemente isolados, 5,0%
-União de pavimentos e elementos estruturais 10,0%
- Os que afetam abóbadas de tijolo ou de concreto, 2,2%
- Defeitos de execução, 16,5%
desdobrados em:
cimbramento 2,0%
concretagem 4,0%
armação 7,0%
descimbramentos 0,5%
causas múltiplas (concreto e aços defeituosos) 1,5%
falsas manobras 1,5%

- Fenômenos de tipo químico 4,0%


e degelo, desdobrados em:
decomposição do concreto
e corrosão de armaduras 1,5%
efeitos do gelo 2,5%

- Causas diversas 1,6%”

NORONHA (1986) definiu uma primeira tentativa de classificação como possíveis


causas, a saber:

a) Falhas congênitas decorrentes da concepção do projeto arquitetônico


e/ou concepção dos projetos estruturais ou ainda provenientes de:
- erro ou engano de projeto;
- inobservância das normas por parte dos tecnologistas e
construtores.
b) Falhas adquiridas durante a construção devido a:
- uso de materiais impróprios ou com características diferentes das
especificações no projeto;
- adoção de métodos de execução e de equipamentos inadequados.
c) Falhas ocorridas por causa de acidentes, tais como:
- carregamento excessivo acarretando solicitações não previstas;
d) Falhas adquiridas devido às condições de exposição.

Entende o signatário que um diagnóstico adequado do problema deve indicar com


a melhor precisão possível qual a origem da manifestação patológica, de modo que seja
possível indicar a melhor terapia adequada, ou seja, qual os processos construtivos e
materiais de construção deverão ser empregados na recuperação da edificação armado,
de modo a obter um nível de desempenho satisfatório, quanto à sua durabilidade e
estabilidade.

No caso de um diagnóstico pessimista, cabe ao dono da obra avaliar se é mais


vantajoso o seu reforço global ou parcial, ou sua demolição global ou parcial.
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5.0 - PATOLOGIAS EM ALVENARIAS E REVESTIMENTOS DE FACHADAS DAS


EDIFICAÇÕES:

5.1 - Introdução:

Inúmeros são os edifícios nas metrópoles que sofrem ou sofrerão de algum tipo
de manifestação patológica durante a sua vida útil.

Tais manifestações são geralmente oriundas de projetos inadequados ou


impraticáveis, do emprego de métodos deficientes de execução ou demolição, de cargas
excessivas, e das condições de exposição e inexistência de manutenção preventiva.

Geralmente, as fachadas de um edifício e seus componentes são as que sofrem


maior deterioração, seja pela ausência de manutenção preventiva, ou quando foram
projetadas e executadas sob critérios de durabilidade e desempenho deficientes, ou
seja, que não tenham atendido às normas técnicas pertinentes.

O emprego de uma metodologia adequada de recuperação resulta no aumento


significativo do nível de desempenho das fachadas de um edifício. Neste caso a
metodologia de recuperação será obtida após um estudo minucioso do histórico
construtivo do edifício, análise dos projetos, das anomalias ocorridas, dos resultados das
inspeções, dos ensaios tecnológicos, do conhecimento dos processos construtivos, das
normas vigentes e do conhecimento prático do profissional.

Segundo Ércio Thomaz (p.44, 1998), as alvenarias, em função, sobretudo da


natureza de seus componentes (materiais pétreos), apresentam bom comportamento às
solicitações de compressão, o mesmo não ocorrendo em relação às solicitações de
tração, flexão e cisalhamento.

As tensões de tração e de cisalhamento, portanto, são as responsáveis pela


quase totalidade dos caos de fissuração das alvenarias, sejam elas estruturais ou não.

Ainda segundo Thomaz, outro fator que influi na fissuração das alvenarias é a
heterogeneidade, resultante da utilização conjugada de materiais diferentes (os
elementos de alvenaria e a argamassa de assentamento), com propriedades
diferenciadas (resistência mecânica, módulo de deformação longitudinal, coeficiente de
Poisson, etc).

Além das propriedades referidas, influenciam o comportamento mecânico das


paredes, diversos outros fatores, tais como:

 Geometria, rugosidade superficial e porosidade do comportamento


de alvenaria;
 Índice de retração, poder de aderência e poder de retenção de água
da argamassa de assentamento;
 Esbeltez, eventual presença de armaduras (alvenarias armadas e
parcialmente armadas), número e disposição das paredes
contraventantes;
 Armações, cintamentos, disposição e tamanho dos vãos de portas e
janelas;
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 Enfraquecimentos provocados pelo embutimento de tubulações,


rigidez dos elementos de fundação, geometria do edifício, etc;
 Esbeltez da estrutura de concreto, movimentações higrotérmicas e
etc.

No que tange as anomalias que ocorrem nos revestimentos das fachadas dos
edifícios, temos que estes fenômenos tendem a ocorrer pelo simples desacerto da
cadeia construtiva. Segundo Banduk et al (p. 09, 2005), a falta de interação dos
elementos da cadeira produtiva faz com que o problema tenha assumido hoje
proporções alarmantes, tais como ilustradas nas fotografias 01 a 04.

Foto 01 – Fissuras diversas nas fachadas Foto 02 – Desplacamento de revestimento


deste edifício. generalizado.

Foto 03 – Desplacamento do revestimento Foto 04 – Desplacamento de argamassa


cerâmico da fachada.. devido corrosão das barras de aço.
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Segundo Banduk (p.09, 2005), o nível de desconhecimento dos elos da produção


sobre o comportamento dos revestimentos, que resultam em anomalias, pode ser
resumido como se segue:

5.1:1 – Construtoras:

 Deficiências técnicas muito grandes no conhecimento sobre o


comportamento dos revestimentos;
 Insensibilidade com a necessidade de desenvolvimento;
 Insensibilidade com a necessidade de se utilizarem projetos
específicos nesse serviço (projetos de produção de revestimentos
de fachadas);
 A fachada, até então, é considerada somente como um produto
decorativo, e não de Engenharia;
 Pouca preocupação com a capacitação da mão de obra;
 A contratação de empresas de execução de revestimentos de
fachadas sempre pelo menos custo e não pela qualidade da
empresa e seus funcionários;
 Pouca preocupação com a qualidade executiva das bases que
receberam os revestimentos de fachadas, no caso estrutura de
concreto, alvenaria e a interação entre estes dois componentes;
 O resultado é que as empresas pagam a conta do prejuízo.

5.1:2 – Fabricantes de argamassas:

 Deficiência de pesquisa e desenvolvimento. O foco da pesquisa é


voltado para algumas poucas propriedades, por meio de
formulações de suas argamassas;
 Pouco preocupados com a inexistência de normalização de
desempenho do produto e métodos de ensaios;
 Pouco preocupados com a capacitação e certificação de
aplicadores;
 Produção de argamassa de baixo desempenho, de propriedades
conflitantes e ineficazes.

5.1:3 – Fabricantes de componentes e resinas:

 Deficiência enorme no conhecimento sobre o comportamento dos


revestimentos;
 Inexistência de pesquisa de desempenho de seus produtos em
obras, sem preocupação com a inexistência de normalização e de
métodos de ensaios específicos para seus produtos.

5.1:4 – Fornecedores de serviços de aplicação:

 Deficiência muito grande no conhecimento sobre o comportamento


dos revestimentos;
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 Práticas atrasadas e muitas vezes erradas que comprometem o


desempenho do revestimento;
 Pouco preocupados com a necessidade do uso de equipamentos
corretos de mistura, transporte e aplicação;
 Pouco preocupados com a capacitação da mão de obra e
valorização financeira da mesma;
 Pouco preocupados com a segurança e higiene dos trabalhos.

5.1:5 – Projetistas, consultores e pesquisadores:

 Deficiência no conhecimento sobre o funcionamento e


comportamento dos revestimentos;
 Deficiência de pesquisa. Pouca verba para financiamento sobre esse
tema, o qual é considerado pelas agências financiadoras como
“pouco moderno”;
 Pesquisa fica concentrada no comportamento das argamassas, e
não como revestimento da fachada e sua interação;
 Laboratórios pouco equipados;
 Pouco consenso do que deve ser um “projeto de revestimento”;
 Inexistência de consenso nas soluções técnicas e nos detalhes mais
elementares.

Ainda aos fatores anteriores, temos aliados com a evolução da tecnologia dos
materiais, dos sistemas construtivos e das teorias de cálculo estrutural dos projetos
estruturais, resultaram em edificações mais leves, e principalmente com estruturas
esbeltas, menos contraventadas e flexíveis.
Portanto, temos que estas patologias, que em geral resultam em grandes
polêmicas teóricas e de infindáveis demandas judiciais, onde neste ciclo fechado, os
intervenientes ficam atribuindo-se uns aos outros a responsabilidade destes problemas,
enquanto o ônus dele decorrente, acabada sendo assumido quase sempre pelo
consumidor final, enquanto nada se resolve.
Patologias decorrentes da má utilização do edifício sejam pelo uso indevido e falta
e ausência de manutenção preventiva, no período pós ocupação, o projeto de fachada
não tem como prever, cabe a construtora fornecer, com base nos elementos construtivos
e materiais de construção empregados nestes revestimentos, os critérios de
manutenção preventivas e seus prazos estabelecidos pela durabilidade dos materiais e
também, legais.
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5.2 – Referências normativas:

Como referências normativas têm:

 ABTN NBR 5712/1982 – Bloco vazado modular de concreto -


Padronização.
 ABNT NBR 7170/1983 – Tijolo maciço cerâmico para alvenaria -
Especificação.
 ABNT NBR 7171/1992 – Bloco cerâmico para alvenaria – Especificação.
 ABNT NBR 7173/1992 - Blocos vazados de concreto simples Para
alvenaria sem função estrutural – Especificação.
 ABTN NBR 14974-1/2003 - Bloco sílico-calcário para alvenaria - Parte
1: Requisitos, dimensões e métodos de ensaio.
 ABNT NBR 8545/1994 – Execução de alvenaria sem função estrutural
de tijolo e blocos cerâmicos – Procedimento.
 ABNT NBR 14992/2003 – A.R. – Argamassa à base de cimento
Portland para rejuntamento de placas cerâmicas.
 ABNT NBR 15463/2007 – Placas cerâmicas para revestimento –
Porcelanato.
 ABNT NBR 13749:1996 – Revestimento de paredes e tetos de
argamassas inorgânicas – Especificação.
 ABNT NBR 7200:1998 – Execução de revestimentos de paredes e
tetos de argamassas inorgânicas – Procedimento.
 ABNT NBR 13281:2005 – Argamassa para assentamento e
revestimento de paredes e tetos – Requisitos.
 ABNT NBR 13528:2010 – Revestimento de paredes e tetos de
argamassas inorgânicas – Determinação da resistência de
aderência à tração.
 ABNT NBR 13755:1996 – Revestimentos de paredes externas e
fachadas com placas cerâmicas e com utilização de argamassa colante
– Procedimento.
 ABNT NBR 13816:1997 – Placas cerâmicas para revestimento –
Terminologia.
 ABNT NBR 13817:1997 – Placas cerâmicas para revestimento –
Classificação.
 ABNT NBR 13818:1997 – Placas cerâmicas para revestimento –
Especificação e métodos de ensaios.
 ABNT NBR 14081:2004 – Argamassa colante industrializada para
assentamento de placas cerâmicas – Requisitos.
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5.3 – Classificação normativa das patologias nos revestimentos de argamassa


cimentícea em fachadas das edificações:

Para o entendimento da ocorrência de anomalias dos edifícios, podemos


classificar os revestimentos das fachadas, em dois tipos, a saber:

5.3:1– Tipologia 01: Revestimento cerâmico de fachada:

Face ao exposto, durante as inspeções detectou-se a existência da tipologia de


RCF dominante nas fachadas do edifício, caracterizadas como segue e ilustrado abaixo:

- Base ou suporte: Estrutura de concreto ou alvenaria.

- Ponte de aderência na alvenaria: Chapisco virado em obra (V.O.).

- Ponte de aderência no concreto: Chapisco industrializado.

- Substrato: Argamassa de emboço.

- Assentamento ou fixação: Argamassa adesiva industrializada.

- Revestimento cerâmico: Placas cerâmicas, pastilhas, porcelanato,


etc.

- Rejunte: Cimentício ou epoxídico.

Fig. 01 – Corte do RCF ilustrando suas Foto 05 – Revestimento cerâmico domi-


camadas. nante no edifício.
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5.3:2– Tipologia 02: Revestimento de argamassa:

Revestimento de argamassa com acabamento texturizado acrílico, caracterizado como


segue:

- Base ou suporte: Estrutura de concreto ou alvenaria.

- Ponte de aderência na alvenaria: Chapisco virado em obra (V.O.).

- Ponte de aderência no concreto: Chapisco industrializado.

- Substrato: Argamassa de emboço.

- Acabamento: Texturas ou tintas.

Fig. 02 – Corte do revestimento argamas- Foto 06 – Fachada com revestimento


sado ilustrando suas camadas. com acabamento em argamassa
raspada.
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5.4 – Fissuras geométricas (movimentações das bases):

Segundo o anexo A da NBR13749/96 – Revestimento de paredes e tetos de


argamassas inorgânicas – Especificação, especifica para fissuras e/ou trincas
geométricas (denominadas como tipo 02), que:

“Quando acompanham o contorno do componente da base, podem ser devidas à


retração da argamassa de assentamento. Fissuras na vertical podem ser devidas
à retração higrotérmica do componente, interfaces de base constituída de
materiais diferentes, locais onde deveriam ter sido previstas juntas de dilatação.”

5.4:1 – Fissuras nos cantos das aberturas:

5.4:1.1 – Sintomatologia:

Estas fissuras estão situadas junto aos cantos inferiores e/ou superiores
das aberturas, comumente chamadas de trincas do tipo “bigode” (fotografias 07 a 10), e
ilustram as figuras abaixo:

Pilar

Fig. 05 – Ilustração típica de Fig. 06 – Ilustração típica de


fissura do tipo “bigode”. fissura do tipo “bigode” quando
da existência de pilares.

Foto 07 – Trinca nos cantos inferiores e Foto 08 – Idem fotografia anterior.


superiores das aberturas.
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Foto 09 – Localização das fissuras do Foto 10 – Detalhe da fissura.
tipo “ trinca de bigode”.

Foto 11 – Neste caso as fissuras nos cantos Foto 12 – Fissura no canto inferior da
inferiores se encontraram, devido a abertura.
proximidade destas aberturas.
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5.4:1.2 – Determinação das prováveis causas:

Esta anomalia ocorre pela ação conjunta e/ou isolada das seguintes causas:

A – Pelas tensões de tração e fretagem que se concentram nos cantos,


principalmente inferiores, das aberturas das alvenarias, aberturas estas destinadas à
fixação de caixilhos nas fachadas, tais como ilustra a figura que segue:

Fig. 07 – Fatores de majoração das tensões ao longo de janela


presente numa parede (relação entre comprimento e altura da
parede = 2; entre comprimento da parede e comprimento da
Janela = 2,8).

Estas tensões, que provocam as fissuras tipo “bigode” devem ser absorvidas por
elemento estrutural (contra-verga executada em concreto armado), posicionado
convenientemente (como ilustra a figura 08), e que tem a função de fretagem e
distribuição dos esforços concentrados nas quinas das aberturas.

Verga

Abertura

Contra – Verga
40cm 40cm

Fig. 08 – Ilustração da necessidade de Verga e Contra-Verga para


combater as tensões detração que se formam nas quinas das aberturas.

Para realizar esta fretagem nas aberturas da fachada, esta consultoria recomenda
a execução de vigas de concreto armado, com altura de no mínimo 15cm, largura igual a
do bloco de alvenaria, e comprimento que avançam nas aberturas, em ambos os lados
em no mínimo 40cm. Estas vigas são denominadas vergas ou contra-vergas.
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Quando essas contra-vergas encontram os pilares da estrutura, devem


obrigatoriamente ser amarrados aos mesmos, utilizando o procedimento denominado
“ferro-cabelo” ou, utilizando telas metálicas de arame galvanizado eletros soldados,
embutidas no concreto da contra-verga e vinculadas aos pilares, utilizando o dispositivo
de “insert” fixado por pistola “finca-pinos” (vide figura 09).

Fig. 09 – Execução de contra-verga com bloco caneleta.

Fig. 10 – Detalhe da ancoragem da barra de aço nos pilares.


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Quando não adotada esta recomendação técnica, uma vez que se constataram
nas inspeções inúmeras trincas nos cantos das aberturas de aberturas (venezianas dos
banheiros) situadas ao lado dos pilares, trincas que ocorreram em um dos cantos e
“descem”, seguindo a lateral do pilar existente, conforme fotografia que segue:

Foto 13 – Trinca de “bigode” quando a abertura


se encontra paralela ao pilar da edificação
sem a devida ancoragem da contra-verga
a este elemento estrutura conforme fig. 10.

B – Para se verificar e comprovar que a fissura do tipo “bigode”, provêm da


inexistência ou deficiência da contra-verga, se procede a abertura de uma “janela” de
inspeção, tal como segue:

Foto 14 – Trinca do tipo “bigode” Foto 15 – Abertura da “janela” de inspeção.


Nota-se a inexistência de contra-verga e a
ruptura do bloco de alvenaria devido as
altas tensões de fretagem nesta região.
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B – Em alguns casos tem se observado que em outras edificações, mesmo com


a existência de contra-verga adequada embutida na alvenaria, em alguns casos ocorre a
fissura do tipo “bigode”.

Nestes casos observamos que a espessura da argamassa nas regiões dos


vértices das aberturas, supera 30 mm, e quase sempre o chapisco aplicado sobre a
base de alvenaria tem comportamento abaixo do desejado.

Nas condições acima mencionadas entendemos que a contra verga embutida na


alvenaria não evita a fissuração da argamassa de emboço que trabalha desassociada da
base, em função das movimentações higrotérmicas provocadas pelas variações
ambientais já referidas em parágrafos anteriores, e que se concentram nos referidos
vértices. As fotografias a seguir ilustram o que está relatado:

FOTO 16 – Detalhe de localização da janela de inspeção na fachada no canto da janela.

FOTO 17 – A remoção da placa se deu com certa dificuldade


devido a rigidez da argamassa e boa aderência entre as camadas
do revestimento. A ruptura se deu na interface chapisco/emboço e
a espessura do emboço é 40 mm.
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FOTO 18 – A fissura percorreu por toda espessura do emboço e inspeção na alvenaria foi
localizado sobre à contra-verga abaixo das janelas (região da argamassa de assentamento dos
blocos cerâmico sobre a contra-verga de concreto).

Foto 19 – Nota-se que não ocorreu a ruptura da contra-


verga. A fissuração provém da espessura excessiva da
argamassa de emboço sem reforço com tela metálica, e
da fissuração ilustrada na fotografia 17.
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Foto 20 – Trinca no revestimento da fachada Foto 21 – Detalhe da trinca e abertura de


situada no canto inferior da abertura. “janela” de inspeção.

Foto 22 – Nota-se que a trinca ocorreu por toda Foto 23 – Nota-se que a trinca ocorreu na
a seção transversal do revestimento de alvenaria acompanhando a junta de
argamassa cimentícea. assentamento dos blocos devido a inexistência
de contra-verga armada.

Neste caso, como geralmente o revestimento de fachada supera os 35mm, devido


sempre, como se tem observado na prática pelo desaprumo da estrutura, é recomendao
que todas os cantos da abertura se faça o reforço com tela metálica eletrosoldada e
galvanizada malha 25mmx25mm e fio ø1,24mm, tal como ilustram as figuras que
seguem:
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Fig. 11 – Detalhe genérico de reforço dos cantos inferiores das aberturas


com tela metálica eletrosoldada e galvanizada.
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5.4:2 – Fissuras nas regiões de amarração das alvenarias aos pilares das
fachadas:

5.4:2.1 – Sintomatologia:

As fissuras situadas na região de amarração das alvenarias aos pilares, possuem


a configuração ilustrada na figura e fotografias que seguem:

Trinca
Alvenaria

Pilar

Fig. 12 – Ilustração genérica deste tipo de fissuração.

Foto 24 – Fissuras situadas na região de Foto 25 – Idem fotografia anterior em fachada de


amarração das alvenarias aos pilares outro edifício.
das fachadas dos edifícios.
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Foto 26- Idem fotografia anterior. Foto 27 – Idem fotografia anterior.

Fachada 28 – Edifício com fissuras Foto 29 – Nota-se as trincas em todos os


nas suas fachadas. pavimentos na região de amarração da
alvenaria os pilares das fachadas.
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5.4:2.2 – Determinação das possíveis causas e origens desta anomalia:

As origens geralmente são da ação isolada ou conjunta das seguintes causas:

A - As tensões de tração geradas das movimentações higrotérmicas diferenciais


(vide figura 13), entre a alvenaria. Essas tensões ocasionaram fissuras, provavelmente,
por deficiência executiva nas ligações das interfaces pilar\alvenaria. A figura 13 que
segue ilustra este tipo de fissura:

Fig. 13 – Detalhe dos esforços da movimentação


higrotérmica entre alvenaria e pilar.

B - Por sua vez estas deficiências executivas podem ser relacionadas


provavelmente à:

- Inexistência de reforços na argamassa de emboço nos últimos 03


pavimentos, cobertura e ático minimizam a ocorrência de fissuras nesta
ligação, para em face das variações térmicas da laje de cobertura nestas
regiões (figura 14).

- Inexistência ou deficiência de amarração mecânica (telas metálicas ou


ferro cabelo – vide figuras 15 e 16 e fotos 24 e 25), entre os pilares e a
alvenaria de blocos de alvenaria nos demais andares;

- Deficiência na aplicação da argamassa de assentamento vertical na


região de amarração (entre o pilar e a alvenaria de blocos de concreto),
seja pela espessura insuficiente, ou na não execução de juntas plenas e
comprimidas (por aperto do bloco de concreto em direção ao pilar,
conforme ilustra a figura 17 e fotografias 26 e 27). Essa ligação é
considerada por esta consultoria como amarração química. Detectou-se
nas janelas de inspeção falhas na argamassa vertical entre o pilar e
alvenarias.
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Argamassa de amarração.
LADO INTERNO l

25cm 25cm 25cm 25cm

Chapisco
LADO EXTERNO
Pilar.
1ª camada de emboço.
Tela metálica
2ª camada de emboço.
Bloco de concreto.

Fig. 14 – Esquema de reforço da argamassa de emboço na


região de amarração das alvenarias ao pilar.

Foto 30 – Detalhe da ancoragem da tela Foto 31 – Detalhe do dobramento da tela metálica


metálica no pilar com finca pino. sobre o bloco no meio da argamassa de
assentamento.
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Fig. 15 – Detalhe genérico do reforço da amarração da


alvenaria ao pilar com ferro cabelo.

Fig. 16 - Amarração Química: é exercida pela ligação do chapisco aplicado sobre a


estrutura, com argamassa de assentamento vertical (plena e comprimida), face a costura
exercida pela cristalização do cimento na porosidade aberta do chapisco..
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Foto 32 – Nota-se a fissura vertical situada Foto 33 – Nota-se o “vazio” de argamassa


próximo à quina da fachada do edifício. existente entre o pilar e a alvenaria (deficiência
amarração química) e inexistência de tela de
reforço na argamassa de emboço da fachada
nesta região.

Fig. 17 – Dobramento incorreto da tela de amarração.

Fig. 18 – Dobramento correto.


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Foto 34 – Detalhe trinca na argamassa de Foto 35 – Nota-se o dobramento inadequado


amarração da alvenaria ao pilar. da tela de amarração.

Foto 36 - Nota-se dobramento Foto 37 – Nota-se inexistência de argamassa na


inadequado com pouco comprimento de região de amarração da alvenaria ao pilar,
tela no trecho de ancoragem a comprometendo a aderência química.
argamassa de assentamento dos blocos
de concreto.
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Foto 38 – Localização da janela de inspeção. Foto 39 – Janela J02 sobre fissura vertical
situada na região de amarração da alvenaria
ao pilar na fachada posterior.

Foto 40 – Após a remoção das bordas da Foto 41 – A fissuração ocorreu por toda a
“janela” nota-se que a fissura é coincidente espessura da camada de emboço e também
com a argamassa da amarração da alvenaria na argamassa de amarração.
ao pilar.
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Foto 42 – Durante a remoção da argamassa Foto 43 – Nota-se que a fissuração ocorreu


de borda da “janela”, a frágil aderência da por toda a espessura da camada de emboço,
placa com a base neste local é evidente, em e coincidente com a argamassa de
face ao seu desplacamento involuntário. amarração. Não foi detectada a existência de
tela de reforço nesta região.

Foto 44 – Foi aplicado chapisco comum Foto 45 – Na abertura do bloco cerâmico


(v.o.), e observamos que a aderência estava observamos a existência de tela de amarração,
frágil, em face da superfície de concreto em processo de corrosão e pinada
apresentar-se lisa (sem tratamento). inadequadamente. O pino tem que estar
localizado na região de dobramento da
mencionada tela.
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5.4:3 – Fissuras nas regiões de fixação e/ou encunhamento das alvenarias em


fundo das vigas de periferia das fachadas:

5.4:3.1 – Sintomatologia:

As Fissuras situadas na região de fixação da alvenaria ao fundo de viga


(encunhamento/fixação), em todas as fachadas e pavimentos, tal como ilustram as
fotografias 28 a 32, e caracterizada na figura 19 que segue:

Viga

Fissura

Fig. 19 – Fissura no revestimento de emboço situado na


região de fixação da alvenaria ao fundo de viga.

Foto 46 – Fissuras na região de fixação Foto 47 – Idem na região de


das alvenarias ao fundo de viga nos dos dormitórios de empregada
apartamentos de cobertura. na cobertura e último tipo.
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Foto 48 – Trincas na região de amarração da alvenaria com as vigas


de periferia nos últimos andares tipo fachada lateral direita.

Foto 49 – Fissura na região de fundo de viga Foto 50 – Idem fotografia anterior em outra
com topo da alvenaria no último pavimento. fachada.
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5.4:3.2 – Determinação das possíveis origens desta anomalia:

A – Dilatação térmica da laje de cobertura e do ático (no caso dos últimos andares
tipos):

Os elementos e componentes construtivos estão sujeitos a variações de


temperatura, sazonais e diárias. Essas variações repercutem numa variação
dimensional dos materiais de construção (dilatação ou retração).

Os movimentos de dilatação e retração são restringidos pelos diversos vínculos


que envolvem os elementos e componentes, desenvolvendo-se, desta forma, nos
materiais tensões de tração combinadas com tensões de cisalhamento que poderão
provocar o aparecimento de trincas e fissuras.

As trincas de origem térmica podem também surgir por movimentações


diferenciadas entre dois componentes de materiais distintos (estrutura de concreto,
alvenaria de fechamento e argamassa de fixação desta alvenaria), que no caso por
sofrerem dilatações térmicas diferenciais, fissuram-se por tração combinada com
cisalhamento nas interfaces de encontro entre os materiais.

A dilatação das lajes plana e as deformações provocadas pelo gradiente de


temperatura (figura 20) introduzem tensões de tração e de cisalhamento nas paredes
das edificações, conforme constatado na prática e em literatura técnica.

A dilatação da laje também propicia um esforço horizontal nos pilares do ultimo


pavimento que transmite estas movimentações aos andares inferiores, chegando a
atingir os últimos três andares da edificação, ocasionando fissuras ou trincas na região
entre fundo de vigas e topo das alvenarias.

T+  t
T = temperatura externa.
t  t = variação de temperatura.
t = temperatura interna.
Parede 2

Parede 1 fissura.

Fig. 19 – Movimentações que ocorrem numa laje de


cobertura sob ação da elevação da temperatura.

Em função da movimentação térmica ilustrada na “figura 19” anterior, ocorrem


destacamentos entre as alvenarias e o reticulado estrutural na grande maioria das vezes
nos últimos três andares tipos de um edifício, na interface entre fundo das vigas ou lajes
e topo das alvenarias (Fig. 21), resultando em alguns casos, a percolação de água para
o interior dos apartamentos.
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Trinca

Parede 01

Fig. 21 – Fissuras escamadas ou lineares, prevalecendo


tensões tangenciais na parede 01

L + L L + L

t + t

Fig. 22 – Destacamento entre a alvenaria e as vigas casionados pela movimentações


térmicas diferenciais que ocorre mais nos últimos três pavimentos tipo.

Em face ao exposto é recomendado que a argamassa de revestimento externo


das fachadas, o longo da região de fixação entre viga e alvenaria nos últimos três
andares tipos, seja reforçada com tela metálica galvanizada adequada.

Cumpre esclarecer e frisar que as telas metálicas do tipo “galinheiro” e “deployer”


ou plásticas, não possuem resistência tangenciais, ou seja, se deformam quando
ocorrem esforços de cisalhamento na argamassa de emboço das fachadas. Portanto as
telas metálicas eletrosoldadas e galvanizadas em malhas retangulares e com fios de
diâmetros adequados, reforçam adequadamente o emboço, redistribuindo as trincas em
microfissuras não visíveis.

Nos 03 primeiros andares e em toda a área do ático é aconselhável este tipo de


reforço também, devido ao efeito de encurtamento dos pilares (compressão do
concreto), que resultam em esforços de compressão no revestimento de argamassa de
emboço das fachadas e da região de fixação, como ilustra a figura que segue:
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Fig. 23– Detalhe genérico do reforço da argamassa de emboço na fachada na


região de fixação da alvenaria no fundo das vigas de periferia.

No caso de revestimentos cerâmicos em fachada é recomenda executar juntas de


dilatação como ilustra a figura que segue:

Argamassa colante (AC III)

Argamassa de
Rejunte flexível emboço

Concreto
Primer do selante
Cordão de Polietileno expandido
(tarucel)
~ 1mm Ø≥h
e Região de ligação
h
concreto/alvenaria
~ 1mm

Alvenaria
Selante à base de poliuretano
Fita adesiva
(mastique)

Placa cerâmica

Fig. 24 – Detalhe da junta de movimentação com espessura


suficiente para posicionamento do Tarucell.
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B – Deficiência no sistema de fixação da alvenaria ou fundo da viga e reforço dos


revestimento de emboço;

O preenchimento adequado de toda a região de contato do fundo das vigas de


periferia com o topo das alvenarias com argamassa de baixo módulo de deformação
(argamassa farofa ou “podre”), tem por objetivo formar um colchão que redistribui as
deformações e tensões que estão sujeitas esta região de contato nas fachadas do
edifício.

Foto 52 – Detalhe do preenchimento inadequado com argamassa de baixo modulo de


deformação (argamassa „farofa”) na região de fixação da alvenaria a viga.

FOTO 53 - Detalhe de localização da janela de


inspeção.
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Detalhe 02
Argamassa de

FOTO 54 – A remoção da placa se deu com FOTO 55 – A fissura percorreu toda a


certa dificuldade em vista da argamassa estar extensão do emboço e coincide com a
rígida. Ruptura da palca na região da alvenaria ligação entre alvenaria/ emboço
se deu na própria argamassa e na região da (encunhamento). Nota-se que a espessura
viga se deu entre o chapisco e a viga. da argamassa de encunhamento é superior
a 30mm.

FOTO 56 – A espessura da argamassa da fachada é de


65 mm, sem reforço de tela metálica no encunhamento.
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FOTO 57 – A argamassa de encunhamento FOTO 58 – Detalhe da fotografia


apresenta espessura de 65 mm. anterior.

Estas deformações e tensões (térmicas, higroscópicas e estruturais) que ocorrem


na estrutura provocando, quase sempre, quadros de fissuração horizontal na alvenaria
ou na zona de ligação do encunhamento com o fundo da viga.

Vale a pena lembrar que hoje este tipo de ligação é executado através de uma
abertura de 2 a 3cm entre o topo da alvenaria e o fundo da viga, utilizando para
preenchimento deste vão argamassa com baixo módulo de deformação, que exerce a
função de ligação e estanqueidade, sem no entanto transferir todos os esforços para a
alvenaria, tal como ilustra a figura que segue:

Fig. 25 – Esquema genérico ilustrando a fixação plena com argamassa de


Baixo módulo de deformação na região de fundo de viga com alvenaria.
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Foto 59 - Correto: Preencher todo o vazio entre alvenaria/viga com


argamassa de baixo módulo de deformação tipo “Argamassa de
vedação” – 1ª etapa internamente e 2ª etapa externamente quando
da execução dos revestimentos das fachadas.

C – Movimentação higroscópica:

Uma vez originadas as fissuras nos revestimentos externos na região entre


viga/alvenaria ou pilar/alvenaria do edifício, ocorre a infiltração de umidade e água
proveniente do meio ambiente durante a ocorrência das chuvas, saturando a argamassa
de encunhamento das alvenarias nas regiões fissuradas.

Esta umidade é absorvida por capilaridade pelos elementos da alvenaria e


encunhamento ocasiona um aumento no volume nos mesmos e no revestimento externo
da fachada (argamassa de emboço), na região do reticulado entre a estrutura e a
alvenaria.

Após a absorção da umidade oriunda do meio ambiente e, durante o período de


aquecimento e insolação, inicia-se o processo de evaporação da água absorvida pela
argamassa e alvenaria, ocorrendo desta forma, uma diminuição do volume destes
elementos.

Este movimento cíclico de aumento e diminuição do volume das argamassas e


dos elementos de alvenaria ocasiona um aumento e propagação da abertura da trinca,
pois nestes trechos ocorre uma destruição linear (por tração), do material componente
da argamassa, podendo romper também (por cisalhamento) a aderência entre as
camadas do revestimento (desplacamento).
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5.4:4 - Fissuras nos revestimentos de alvenarias apoiadas alvenarias de balanços:

5.4:4.1 – Sintomatologia:

A – As trincas situadas nos revestimentos das fachadas na região de apoio


das alvenarias sobre as vigas de periferia das fachadas, principalmente na região dos
balanços, como ilustra a figura que segue e as fotografias a seguir:

Fig. 26 – Fissura na região de apoio da alvenaria sobre


a estrutura de concreto (viga ou laje) dos terraços.

Foto 60 – Fissura na região de apoio da Foto 61 – Idem fotografia anterior.


alvenaria da platibanda sobre a viga em
balanço.
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B – Da deformação lenta da viga e laje dos terraços, ocasionando trincas na


região de amarração da alvenaria da platibanda com o corpo do edifício (pilar);

Fissura no
RCF
δ PILAR
Alvenaria da
platibanda
Deformação
Lenta δ
Viga em
balanço do
terraço.
Fig. 27 – Deformação lenta da viga do terraço ocasionando
fissuração no engaste da alvenaria ao edifício.

Foto 62 – Trincas verticais situadas nas alvenarias Foto 63 – Idem fotografia anterior no bloco A.
dos terraços junto próximo ao pilar do edifício.

C - Por sua vez também ocorre este tipo de configuração de trinca inclinada em
alguns casos:

Fig. 28 – Trinca inclinada na alvenaria. Foto 65 – Trinca inclinada devido deformação imediata
e lenta da viga em balanço onde se apoia a alvenaria.
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C - Trincas horizontais também podem ocorrer em fachadas externas,


quando estas fachadas se situam em grandes balanços, e que são oriundas da
deformação da laje e vigas em balanços, tal como ilustrado na figura que segue.

As trincas por sua vez, que também propagaram para a face interna das paredes,
estão ocasionando a percolação de água para o interno das unidades, resultando em
manchas de umidade e a desagregação da película de pintura e revestimento das
paredes destes dormitórios que são voltados para as fachadas. As inspeções realizadas
nos apartamento ilustraram estas anomalias.

AA
£

Trinca
Trinca

Direção
da
deformação

Vista frontal Corte AA


AA

Fig. 29 – Vista em elevação de corte AA ilustrando a deformação


do balanço onde se localizam os dormitórios e ruptura da alvenaria.

Legenda:

- Direção do esforço de tração na alvenaria resultante da deformação.


£ - Deformação lenta do concreto ao longo dos anos.

As fotografias 66 a 67 que seguem ilustram as trincas nas alvenarias


mencionadas:
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Foto 65 – Trinca alvenaria apto 152 – bloco A. Foto 67 – Idem foto anterior.

Foto 68 – Trinca alvenaria apto 73 – bloco A. Foto 69 – Trinca alvenaria apto 123 – Bloco B.
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Foto 70 – Idem fotografia anterior. Foto 71 – Trinca alvenaria apto 114 – bloco B.

£ = deslocamento

Fig. 30 – Trincas inclinadas na alvenaria em face a deformação do balanço


devido a deformação lenta do concreto ao longo dos anos.
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Foto 72 – Trinca situada na alvenaria no Foto 73 – Idem fotografia anterior em outra


trecho em balanço em uma das torres. torre.

Foto 74 – Idem fotografia anterior em trecho em balanço.


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Foto 75 – Idem fotografia anterior. Foto 76 – Idem fotografia anterior.

5.4:4.2 – Origem:

As origens são a ação conjunta ou isolada das seguintes causas:


- Posicionamento inadequado da armadura negativa na laje;
- Falhas no projeto estrutural;
- Inexistência de reforços no revestimento de argamassa na região de apoio da
alvenaria sobre a viga em balanço (ver janela de inspeção item 5.4:4.3);
- Inexistência de reforços no revestimento de argamassa na ligação da alvenaria do
balanço com a fachada do edifício (figura 28);
- Inexistência de junta entre a alvenaria do balanço com as fachadas, nos casos
de revestimentos cerâmicos.

5.4:4:3 – Abertura de janela de inspeção em estudo de caso:

FOTO 78 – Detalhe de localização da janela de inspeção na fachada lateral direita e a fissura


percorrendo a janela.
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FOTO 79 – A fissura percorreu por toda a FOTO 80 – A espessura da argamassa de


camada de emboço, ao longo da ligação entre emboço é de 40 mm.
estrutura (laje)/alvenaria que não recebeu
reforço nesta ligação (tela metálica na
argamassa de emboço – ver fig. 28 .

Alvenaria do terraço

Trinca.
25cm

Laje do terraço

Tela metálica de
reforço na ligação

Fig. 31 – Corte transversal ilustrando reforço com tela metálica


na região de apoio da alvenaria sobre a laje dos terraços.
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5.4:5 – Fissuras em muros e platibandas:

5.4:5.1 – Sintomatologia:

As fissuras situadas na interface entre o apoio das vigas e alvenaria, se


caracterizam na maioria dos casos, nas configurações ilustradas e fotografias que
seguem:
Fissura

Fig. 32 – Trincas horizontais situadas na região de


apoio da alvenaria com o topo das vigas.

Fig. 33 – Trinca inicia-se horizontal Fig 34 – Trincas inclinadas e espassadas


e inclina-se ao longo da alvenaria.
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Foto 81 – Trinca na região de apoio da Foto 82 - Nas setas verdes notam-se as trincas verticais
alvenaria sobre a laje e viga de periferia da e espaçadas e nas setas azuis a trinca ao longo do
cobertura. apoio da platibanda a viga da cobertura.

Fotografias 83 a 84 – Nota-se trincas horizontais na região de apoio


da alvenaria da platibanda com a laje/viga de cobertura dos edifícios.

5.4:5.2 – Origem da anomalia:

As trincas nas platibandas, tanto inclinadas junto às extremidades e no apoio das


mesmas sobre a laje do último andar tipo tiveram a sua origem das seguintes causas:

A - Das movimentações térmicas de grande magnitude, que normalmente ocorrem na laje


de cobertura, provocam movimentações que podem resultar em fissuras horizontais entre a
alvenaria da platibanda e laje de concreto (figura 33), e ainda resultar em destacamento de
argamassas e fissuras inclinadas nas extremidades deste elemento.
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Hoje, em face dos inúmeros quadros de fissuração que ocorrem nesta região,
esta consultoria tem indicado para obras novas, a execução de platibanda toda em
concreto armado, pois a execução do sistema misto (concreto e alvenaria) exige
detalhamentos e reforços que normalmente são mais onerosos.

Platibanda.

Trinca.

Viga.

Fig. 35 – Corte transversal da platibanda e laje de cobertura


ilustrando a fissuração que ocorre nesta região.

B- Segundo o pesquisador Eng° Ercio Thomaz, as platibandas em função da


forma geralmente alongada, tendem a comportarem-se como os próprios muros de
divisa, normalmente surgirão fissuras verticais regularmente espaçadas, caso não
tenham sido convenientemente projetadas juntas ao longo da platibanda.

As movimentações térmicas diferenciadas entre a platibanda e o corpo do edifício


poderão resultar ainda no destacamento da platibanda e na formação de fissuras
inclinadas nas extremidades desse corpo (figura 34).

Platibanda.

Trinca.

Projeção estrutura.

Fig. 36 – Ruptura e destacamento da alvenaria da platibanda sem


junta de dilatação devido ao efeito da movimentação térmica.
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Foto 85 – Trinca com características da figura anterior.

C - Durante a remoção desta janela de inspeção, os blocos cerâmicos


quebraram com muita facilidade e o chapisco apresentou fraca aderência aos blocos
que apresentavam textura da superfície muito lisa (fotografia 74).

Foto 86 – Fissura do tipo “escada” devido à movimentação térmica da platibanda


ao longo desta e na região de apoio com a laje do terraço.
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Foto 87 – Blocos frágeis e fraca aderência do chapisco ao substrato. A


fissuração acompanha as juntas de assentamento dos blocos devido as
movimentações térmicas diferenciais da platibanda com a laje.

C - No sentido de se minimizar a ocorrência destas anomalias, poderá ser


adotado o que segue:

– Execução de toda a platibanda em concreto armado;

– Reforços com telas metálicas galvanizadas ao longo do apoio da


alvenaria sobre as vigas de periferia da cobertura, numa faixa de 25cm
para cada lado da interface de apoio, tela esta incorporada na meia
espessura da argamassa de emboço;

– Execução de juntas de dilatação espaçadas a cada 3,00m e nas viradas


de direção das platibandas, devidamente armadas com pilares e cintas de
concreto nos vazios internos dos blocos de alvenaria e blocos canaleta.
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5.4:6 - Fissuras horizontais na interface entre a argamassa de regularização dos


peitoris das janelas:

5.4:6.1 – Sintomatologia:

As fissuras horizontais na interface entre a argamassa de regularização dos


peitoris das janelas com a argamassa das fachadas, como ilustra a figura e as
fotografias que seguem:

Fig. 37 – Fissura vertical que se inicia no trecho


horizontal inferior dos requadros da aberturas

Fig. 88 – Trinca na argamassa de Foto 89 – Idem fotografia anterior.


regularização do topo dos peitoris.
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Fotos 90 e 91– Detalhe da trinca no peitoril e destacamento do topo da viga da janela.

5.4:6.2 – Origem:

Basicamente, as origens desta anomalia provêm da ação isolada ou conjunta das


seguintes causas:

A – Da não limpeza adequada da base, resultando em pó e sujidades de obra,


que prejudicam a aderência da argamassa de regularização nesta região (fotos 82 e 83);

Fotos 92 e 93 – Nota-se a não limpeza adequada da base onde será aderida a argamassa de
regularização, que ainda existe nata de cimento e sujidades de obra. Na foto seguinte a limpeza
adequada que poderá ser feita com escovação empregando-se escovas dotadas com cerdas de
aço e jato de água à alta pressão.

B – Da não adição de aditivos polimerizados ou a base de PVA, tanto na


argamassa de emboço como na base, como ponte de aderência.
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5.4:6.3 – Estudo de caso:

Durante a abertura desta janela de inspeção, verificamos o destacamento da


argamassa de regularização do substrato (alvenaria) – fotografia 57. Após a remoção da
janela, foi possível observar tinta impregnada no substrato da argamassa (fotografia 58),
ocasionando a perda de aderência entre essas camadas.

Provavelmente esta tinta teve a sua origem da pintura do caixilho antes da


regularização do peitoril.

Também constatamos espessura aproximada de 12 mm (fotografia 82) da


argamassa de emboço que poderia ter potencializado para a ocorrência de fissuras
mapeadas.

Foto 94 – Fissura horizontal ocasionada pelo


destacamento da argamassa de regularização.

Foto 95 – Destacamento da argamassa de


regularização do peitoril.
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Foto 96 – Tinta impregnada no substrato, potencializando


a perda de aderência desta camada.

Foto 97 - Espessura da argamassa de emboço (aprox. 12 mm).


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5.4:7 – Trincas situadas no topo e face inferior das vigas sobressalentes das
fachadas:

5.4:7.1 – Sintomatologia:

São fissuras e destacamentos que ocorrem nas regiões da interface da argamassa de


regularização do topo e fundo com as bases de vigas sobressalentes das fachadas ou topo de
platibandas com as bases, tais como ilustram as fotografias 86 a 92 que seguem:

Foto 98 – Fissura na face inferior das vigas aparente na Foto 99 – Detalhe das fissuras na face superior das
fachada lateral direita. vigas.

Foto 100 – Detalhe das fissuras na face superior das vigas.


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Foto 101 – Trinca no revestimento de emboço Foto 102 – Idem fotografia anterior.
que recobre a platibanda na cobertura, com
desplacamento do mesmo.

Foto 103 – Idem fotografia anterior. Foto 104 – Idem fotografia anterior.

5.4:7.2 – Origem:

As origens basicamente são associadas as mesmas causas já relatadas no item


5.4:6.2 retro, ou seja, falta de limpeza de base, remoção de sujidades, inexistência de
tela de reforço na argamassa e falta de ponte de aderência à base de pva ou acrílico.
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5.4:7.3 – Estudo de caso:

Abertura de “janela” de inspeção J15 sobre a argamassa de regularização sobre o topo da


platibanda com fissuração, para verificar o reforço com tela plástica, conforme o projeto do
escritório Dynamica (vide desenhos 11 e 20):

Foto 105 – Localização da janela J15. Foto 106 – Janela J15.

Foto 107 – Remoção da janela J15 sem Foto 108 – Observa-se inexistência de tela plástica
dificuldade, denotando-se baixa aderência com a e fissuração na interface entre argamassa de
base, apesar de o emboço apresentar-se aderido. regularização do topo com a lateral da platibanda.

Foto 109 - Idem fotografia anterior. Foto 110 – A ruptura se deu no chapisco com a
base
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5.4:9 – Fissuras e destacamentos da argamassa de regularização de beirais e


marquises nas fachadas:

5.4:9.1 – Sintomatologia:

Estas fissuras e destacamentos ocorrem em faces das variações térmicas


diferenciais entre os dois elementos (argamassa de regularização e marquise de
concreto).

A inexistência de aditivos e telas de reforço para potencializar a aderência entre


estes dois elementos, assim como junta de dilatação espaçada a cada 1,50m a 2,00m
na argamassa de regularização ao longo das marquises ou beiral, com as variações
térmicas e higroscópias, resultam em tensões de cisalhamento devida a variação de
volume diferencial entre estes dois materiais, superior a que a ancoragem mecânica do
cimento hidratado possa suportar, fissurando nesta interface.

A ineficiência também da limpeza e remoção de sujidades das bases, antes da


aplicação da argamassa de regularização e demais materiais “ligantes”, também
potencializam a ocorrência desta anomalia.

5.4:9.2 – Estudo de caso:

Fissuras no revestimento que recobre o topo das platibandas e marquises na


cobertura do edifico, provavelmente por inexistência de tela plástica de reforço. As
fotografias que seguem ilustram o que foi relatado:

Foto 111– Destacamento do revestimento do Foto 112 – Detalhe foto 99.


topo da platibanda
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Foto 113 – Destacamento da argamassa de Foto 114 – Detalhe fotografia anterior.


regularização do beiral da fachada.

Foto 115 – Idem fotografia anterior. Foto 116 – Detalhe foto 103.

Foto 117 – Idem no edifício Aquarela Foto 118 – Detalhe da fotografia 203.
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Fig. 38 – Detalhe construtivo genérico (cedido pelo escritório Dynamica).

5.4:9.3 – Estudo de caso 01:

Abertura de “janela” de inspeção J14 sobre área com som cavo na região de
marquise na cobertura do edifício para verificar a existência de tela metálica na
argamassa de regularização conforme especificação do projeto de produção de
revestimento de fachadas.

Foto 119 – Região da marquise com Foto 120 – Janela de inspeção J14.
revestimento de argamassa com som
cavo sobre concreto
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Foto 121 – Remoção se deu com Foto 122 – Removida a placa de emboço nota-se
facilidade, pois toda a argamassa de a falta de limpeza da base, pois se detectou
regularização apresentava-se desaderido. torrões de areia e sujidades (vide detalhe).
Nota-se a inexistência de tela plástica de
reforço, conforme especifica projeto de
fachadas.

5.4:9.4 – Estudo de caso 02:

Abertura de “janela” de inspeção J15 sobre a argamassa de regularização sobre o


topo da platibanda com fissuração, para verificar a existência de reforço com tela
conforme especifica o projeto de produção de revestimento de fachadas:

Foto 123 – Localização da janela J15. Foto 124 – Janela J15.


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Foto 125 – Remoção da janela J15 sem Foto 126 – Observa-se inexistência de tela plástica
dificuldade, denotando-se baixa aderência com a e fissuração na interface entre argamassa de
base, apesar de o emboço apresentar-se aderido. regularização do topo com a lateral da platibanda.

Foto 127 - Idem fotografia anterior. Foto 128 – A ruptura se deu no chapisco com a
base

Fig. 39 – Detalhe do projeto de fachadas com tela metálica de reforço.


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5.4:8 - Fissuras no revestimento de argamassa próximas às quinas das fachadas:

5.4:8.1 – Sintomatologia:

As fissuras no revestimento de argamassa próximas às quinas das fachadas


do edifício ocorrem principalmente nos trechos em balanços (vigas ou lajes), tal como
ilustram as fotografias e a figura que segue:

Fig. 40 – Detalhe das fissuras junto às quinas das fachadas


principalmente em alvenarias apoiadas sobre balanços.

Fig. 41 – Outro tipo de configuração de fissuras.


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Foto 129 - Fissuras no revestimento de argamassa próximo às quinas da


fachada do edifício ocorrendo principalmente nos trechos em balanços.
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Foto 130 - Fissuras verticais nos revestimentos de argamassa


situadas na região de amarração entre as alvenarias
alvenarias de vedação externa da fachada do edifício.
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Foto 131 – Idem fotografia anterior no caso de


revestimento cerâmico na fachada.

5.4:8.2 – Origens da anomalia:

As origens que incidem na ocorrência destas anomalias são:

A – Inexistência de amarração entre a alvenaria junto à quina da fachada;


B – Inexistência de tela de amarração entre as alvenarias quando do uso de junta
de argamassa vertical à prumo;
C – Deformações excessivas do balanço, rompendo a amarração das alvenarias
na quina da fachada;
D – Inexistência de reforço com tela metálica eletrosoldada e galvanizada no
revestimento da fachada nesta região.
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5.4:8.3 – Estudo de caso 01:

FOTO 132 – Detalhe de localização da janela de inspeção na fachada posterior.

FOTO 133 – A remoção da placa se deu com certa dificuldade e a


ruptura da placa se deu entre o chapisco e a base, evidenciando a
boa aderência do chapisco com a base.
Com a remoção da placa foi possível observar a alvenaria
constituída de alvenaria de bloco cerâmico como um enchimento
de tijolos na lateral da fachada.
Nota-se também que a fissuração do emboço provêm das
movimentações de base, uma vez que inexiste argamassa de
assentamento vertical nos elementos de alvenaria (vide setas).
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FOTO 134 – Detalhe do tijolo rompido na FOTO 135 – Detalhe do bloco cerâmico
placa de inspeção removida. rompido na placa de inspeção removida.

FOTO 136 – A fissura percorreu todo o FOTO 137 – Detalhe da fissura percorrendo
emboço e segue a ligação entre os blocos todo o emboço.
cerâmicos e tijolinhos de enchimento.
Nota-se também que a fissuração do emboço
provêm das movimentações de base, uma vez
que inexiste argamassa de assentamento
vertical nos elementos de alvenaria (vide
setas).
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5.4:8.4 – Estudo de caso 02:

TRINCA
VERTICA
L

Foto 138 – Abertura de “janela” sobre junta de movimentação e


trinca vertical no revestimento RCF – fachada frontal.

TRINC
A

JUNTA DE
DESSOLIDARIZAÇÃO

Foto 139 - Detalhe da trinca que ocorreu por todo o revestimento RCF.
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Foto 140 – Nota-se a junta a prumo da alvenaria da fachada.

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