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LEVANTAMENTO DAS MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS EM

REVESTIMENTOS DE FACHADAS DAS EDIFICAÇÕES DA CIDADE DE


SALVADOR/BA.
SURVEY OF PATHOLOGICAL MANIFESTATIONS IN FACADE COATINGS OF
BUILDINGS LOCATED IN THE CITY OF SALVADOR / BA
SANTOS, Tamilles Silva (1); CERQUEIRA, Milena Borges dos Santos (2); BRITO JUNIOR, João
Antônio (3); GONÇALVES, Jardel Pereira (4); SILVA, Francisco Gabriel Santos (5).
(1) Graduada em Engenharia Civil pela Universidade Federal da Bahia, Brasil;
(2) Doutoranda no Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil (PPEC) pela Universidade
Federal da Bahia, Brasil;
(3) Graduado em Engenharia Civil pela Universidade Federal da Bahia, Brasil;
(4) Professor Doutor, Departamento de Construção e Estruturas, Universidade Federal da Bahia, Brasil;
(5) Professor Doutor, Departamento de Construção e Estruturas, Universidade Federal da Bahia, Brasil.
Rua Prof. Aristídes Novis, 2 – Federação, Salvador, BA, 40210-630. fgabriel.ufba@gmail.com

Resumo
O surgimento das manifestações patológicas nos revestimentos externos das edificações tem preocupado
bastante o meio técnico e os usuários finais, pois o nível de degradação contribui diretamente com o
comprometimento do seu desempenho ao longo da sua vida útil. Os danos podem causar desconforto ao
usuário, constrangimento psicológico aos mesmos, custos de reparo dispendiosos, dentre outros fatores
não previstos em projeto. Devido à elevada frequência e precoce aparecimento das manifestações
patológicas, surgiu este trabalho que busca analisar as manifestações patológicas presentes nos edifícios
da cidade de Salvador/BA, com idades inferiores à 47 anos. Neste trabalho serão realizadas as
identificações e quantificação das manifestações patológicas nas estruturas, por meio de visitas nos locais e
mapeamento fotográfico das mesmas. Os danos foram observados nas construções em diferentes idades.
Em todas as construções foram detectadas patologias, tais como: fissuras e manchamento de bolor e algas,
sendo possível identificar as diversas causas, tais como: erros de projeto da estrutura, falhas de execução e
falta de manutenção. Percebeu-se que a localização dos edifícios não foi um fator determinante para o
surgimento das manifestações patológicas, uma vez que, em quase todas as localidades, os mesmos tipos
de manifestações patológicas foram encontradas.
Palavra-Chave: Manifestações patológicas. Desempenho. Vida útil.

Abstract
The appearance of pathological manifestations in the external coatings of buildings has been of great
concern to the technical environment and to the end users, since the level of degradation directly contributes
to the compromise of its performance over its useful life. The damages can cause discomfort to the user,
psychological embarrassment to them, costly repair costs, among other factors not foreseen in the project.
Due to the high frequency and early appearance of the pathological manifestations, this work appeared that
seeks to analyze the pathological manifestations present in the buildings of the city of Salvador / BA, aged
under 47 years. In this work, the identification and quantification of pathological manifestations in the
structures will be carried out, through site visits and photographic mapping of the same. Damage was
observed in buildings at different ages. In all the constructions, pathologies were detected, such as: cracks
and mold and algae staining, being possible to identify the various causes, such as: design errors of the
structure, failures of execution and lack of maintenance. It was noticed that the location of the buildings was
not a determining factor for the appearance of the pathological manifestations, since, in almost all the
localities, the same types of pathological manifestations were found.
Keywords: Pathological manifestations. Performance. Lifespan.

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1 Introdução
Os diversos tipos de estruturas e materiais empregados no cenário construtivo estão
sujeitos à diferentes condições de exposição, de uso, à ataques de agentes agressivos, e
suscetíveis ao próprio desgaste, causando, portanto, a deterioração das edificações em
diferentes idades.
Com o surgimento de grandes alterações nos processos construtivos, procura-se construir
com o máximo de economia, buscam-se novas técnicas e materiais que possam ser
utilizados com menores custos e maior rendimento, conduzindo as obras com velocidades
cada vez maiores, diminuindo os controles de mão-de-obra e materiais (TERRA, 2001).
Percebe-se que, com o aumento pela busca de produtividade, algumas vezes os
processos construtivos são negligenciados, com isso, nos últimos anos, passou-se a
observar um aumento significativo de estruturas em processos de deterioração.
Apesar do desenvolvimento de técnicas construtivas inovadoras, uso de novos materiais e
do cuidado crescente no que se refere ao projeto e execução de fachadas, observam-se,
de forma recorrente, diversos tipos de falhas nos revestimentos.
O surgimento das manifestações patológicas que ocorre nos revestimentos externos das
edificações vem preocupando bastante o meio técnico, pois elas podem comprometer o
desempenho, não somente do revestimento externo, mas também da estrutura, pois
muito além da função estética, segundo Silva (2014), constituem a envoltória vertical de
proteção das edificações, atuando como a primeira barreira para os diferentes tipos de
solicitações causadas por esforços externos e internos. Além desse possível
comprometimento do desempenho e redução da vida útil, essas anomalias causam
desconforto ao usuário exercendo um constrangimento psicológico aos mesmos.
Apesar dos avanços no estudo das argamassas, do desenvolvimento de novas práticas
construtivas e de inserção de novos materiais, em determinadas avaliações é notório o
caráter empírico nas proposições de algumas soluções (BAUER, 2005).
Para obter êxito no tratamento das manifestações patológicas encontradas no edifício é
necessário um bom estudo precedente, o diagnóstico bem conduzido e conhecer as
características e funcionamento do local a ser tratado, para que ocorra a melhor escolha
dos materiais e técnicas a serem utilizadas neste procedimento (IANTAS,2010).
Paes e Carasek (2002) alertam para a necessidade do entendimento das causas e
mecanismos dos eventuais fenômenos patológicos atuantes nas construções, sendo
imprescindível o conhecimento científico e tecnológico do conjunto, fazendo-se
necessários estudos e pesquisas em torno desses fenômenos. A observação sistemática
dos danos e do sistema de fachada auxilia na elaboração de um diagnóstico mais eficaz,
uma vez que esta observação permite compreender melhor os mecanismos de
degradação e estabelece hipóteses de causa e efeito das anomalias (SILVESTRE, 2005).
A deficiência na divulgação de dados sobre manifestações patológicas já ocorridas
retarda o desenvolvimento das técnicas utilizadas para projetar e construir com eficiência,
pois os erros já cometidos acabam por se repetirem, reduzindo, de imediato, a vida útil da
construção (CERQUEIRA, 2012).
Portanto, percebe-se a importância do estudo da patologia nas construções, com o
objetivo de serem identificadas e corrigidas as possíveis falhas, evitando o risco na

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estrutura, aumentando a vida útil do revestimento, e certamente aumentando o grau de
satisfação do usuário e da população de maneira geral.
Nesse contexto, o presente trabalho busca auxiliar estudos referentes às patologias das
fachadas de edificações da cidade de Salvador/BA.

2 MÉTODO DE PESQUISA
Para o desenvolvimento do presente trabalho foi utilizado o estudo de caso realizado na
cidade de Salvador/BA. A metodologia empregada consistiu na realização de visitas nos
edifícios localizados em 6(seis) bairros da cidade de Salvador/BA, por meio de registros
fotográficos; mapeamento, classificação e quantificação da ocorrência de manifestações
patológicas detectadas.
A amostra das edificações consiste em:
• Bairro de Brotas: 17 (dezessete) edifícios;
• Bairro da Federação: 10 (dez) edifícios;
• Bairro da Avenida Vasco da Gama: 9 (nove) edifícios;
• Bairro da Graça: 7 (sete) edifícios;
• Bairro dos Barris: 7 (sete) edifícios;
• Bairro do Canela: 5 (cinco) edifícios.
Foram selecionados edifícios que fossem representativos no que diz respeito ao modelo
de construções habitacionais existentes na cidade de Salvador.

3 Estudo de caso

3.1 Caracterização climática da região de estudo


Salvador é banhada pelo Oceano Atlântico. A latitude tropical desta região é caracterizada
pelos ventos alísios que sopram permanentemente de leste com variações de nordeste e
de sudeste, sendo este o vento predominante da grande escala na região. Por outro lado,
o corpo d’água representado pela baia interfere tanto na oferta de umidade quanto nos
ventos locais (CARDOSO, 2017).
A mesma autora comenta que a variabilidade climática de Salvador é resultado de efeitos
combinados da ação de vários sistemas meteorológicos, bem como das variações e
intensidade de cada um deles.
Segundo Cardoso (2017), a localização de Salvador na faixa tropical e próxima ao litoral
do Oceano Atlântico Sul faz com que a temperatura sofra poucas oscilações, tanto na
escala diurna quanto na escala anual, com o valor mais alto de 30°C (fevereiro e março) e
o mais baixo de 26,2°C (julho), enquanto que a mínima é de aproximadamente 24ºC no
verão e 21ºC no inverno. A umidade relativa corresponde à uma combinação entre a
temperatura do ar e o vapor d’água trazido pelos ventos alísios do Oceano Atlântico para
o continente. Por esta razão, a umidade relativa pode ser mais elevada em períodos em
que o ar está mais frio, mesmo havendo menos evaporação. Devido à localização
litorânea de Salvador, a umidade oscila muito pouco, os valores médios mensais dos
índices de umidade relativa do ar indicam taxas elevadas de umidade com valores médios
em torno de 80%.
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3.2 Coleta de Dados
Para a realização da coleta de dados foram escolhidos os seguintes bairros da cidade
Salvador: Brotas, Canela, Graça, Barris, Federação e Av. Vasco da Gama, podendo ser
observada a localização de todos eles, na figura 1.

Figura 1 - Mapa de Salvador com a localização das fachadas utilizadas neste estudo (GOOGLE MAPS,
2017)

O sistema construtivo dos edifícios selecionados é em concreto armado e fechamento em


alvenaria de vedação em bloco cerâmico ou bloco de concreto.
As fachadas são revestidas somente com revestimento cerâmico ou com revestimento de
argamassas e acabamentos como pinturas.
As idades dos mesmos são distintas, porém, inferiores à 47 (quarenta e sete) anos.
Quanto aos edifícios com acabamento cerâmico, na sua grande maioria, este acabamento
apresentava-se apenas na fachada frontal, e nas demais fachadas apresentavam
revestimento em argamassa com acabamento em pintura.
Os danos detectados e analisados no estudo em questão são vários, porém, muitos se
repetem. Sendo assim, neste trabalho foram considerados os mais frequentes, tais como:
fissuras, bolor, eflorescência, algas, desagregação, desplacamento cerâmico,
deslocamentos cerâmicos e pinturas (envelhecimento, descolamento ou descoloramento),
podendo ser observadas nas fotos de 1 à 10.

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Foto 1 – Fissuras / Brotas (AUTORES, 2017) Foto 2– Fissuras / Federação (AUTORES,2017)

Foto 3 - Desplacamento cerâmico na fachada frontal Foto 4 - Descascamento da pintura na fachada


do edifício / Graça (AUTORES, 2017) frontal / Barris (AUTORES, 2017)

Foto 5 - Desagregação na fachada frontal / Av. Foto 6 - Empolamento na base / Av. Vasco da Gama
Vasco da Gama (AUTORES, 2017) (AUTORES, 2017)
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Foto 7 - Presença de algas na fachada posterior do Foto 8 - Presença de algas na fachada lateral/
edifício/ Barris (AUTORES, 2017) Federação (AUTORES, 2017)

Foto 9 - Detalhe de eflorescência na fachada do Foto 10 - Manifestação de bolor na fachada lateral


edifício / Brotas (AUTORES, 2017) com presença de fissuras/ Brotas (AUTORES,
2017)

Após a coleta dos dados foi possível observar que as edificações, em diferentes
localidades, apresentaram os mesmos tipos de manifestações patológicas, porém,
algumas, visivelmente, com o nível de degradação mais avançado que outras.

4 Resultados e Discussões
Em todos os seis bairros analisados, as fachadas laterais dos edifícios estudados foram
as que mais apresentaram algum tipo de manifestação patológica, esse fato pode estar
atrelado à orientação cardeal das mesmas, ficando mais expostas aos agentes externos
agressivos.

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O mapeamento das manifestações patológicas foi de fundamental importância para a
quantificação dos danos nos edifícios de cada bairro.
Após a realização do mesmo, foi verificado que aproximadamente 92% dos edifícios
apresentaram em suas fachadas mais de um tipo de manifestação patológica com causas
distintas.
Diversos tipos de manifestações patológicas foram identificados, podendo ser observados
na Tabela 1:

Tabela 1 - Incidência de manifestações patológicas em 55 fachadas de edificações da cidade de


Salvador/BA (AUTORES, 2017)

Tipos de manifestações
Frequência %
patológicas

47
Fissuras 27,64

Bolor 42 24,71

Danos em Pintura 23 13,53

Algas 20 11,76

Eflorescência 12 7,06

Desplacamento Cerâmico 11 6,47

Desagregação/ descolamento
do reboco 09 5,29

Descolamento cerâmico 06 3,53

Total 170 100

De acordo com a tabela 1 percebe-se que as fissuras apresentaram-se de forma bastante


recorrente, e em seguida a presença de bolor.
A partir da realização das inspeções, foram verificadas as ocorrências mais frequentes e
as causas das anomalias, nos bairros de Brotas, Canela, Graça, Barris, Federação e Av.
Vasco da Gama.
A figura 2 apresenta as ocorrências das manifestações patológicas nas fachadas dos
edifícios localizados no bairro de Brotas.

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Figura 2 - Ocorrência das manifestações patológicas nas fachadas dos edifícios/ Brotas
(AUTORES, 2017)

No bairro de brotas foram analisados 17 (dezessete) edifícios, sendo que na maioria deles
identificaram-se diversos casos de fissuras, sendo essa a patologia a de maior ocorrência
(29%). O surgimento de bolor é a segunda patologia mais encontrada nas fachadas,
totalizando 23%. A desagregação/ descolamento do reboco teve menor incidência (4%).
O desplacamento cerâmico foi pouco recorrente, totalizando 2% das manifestações
encontradas. No bairro de Brotas pode-se perceber a incidência da manifestação
patológica de algas, esta manifestação foi bem recorrente em edifícios mais novos.
No que se refere às causas desses danos identificados, a Figura 3 apresenta suas
causas.

Figura 3 - Causas das manifestações patológicas nas fachadas dos


edifícios/ Brotas (AUTORES, 2017)

Dentre as principais causas da ocorrência das manifestações patológicas detectadas no


bairro de Brotas, têm-se, de forma percentual, 37% das falhas cometidas em projeto, 34%
na etapa de execução, 26% na escolha dos materiais e 3% na má utilização.
A figura 4 apresenta as ocorrências das manifestações patológicas nas fachadas dos
edifícios localizados no bairro do Canela.

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Figura 4 - Ocorrência das manifestações patológicas nas fachadas dos edifícios/ Canela
(AUTORES, 2017)

No bairro do Canela, dos 5 (cinco) edifícios visitados, percebe-se que a presença de


fissura totaliza 21% das manifestações encontradas. O bolor teve a mesma ocorrência
que as fissuras neste bairro (21%). As manchas de algas apresentaram uma ocorrência
em 10%, assim como os identificados como problemas com pintura. O desplacamento
cerâmico, desagregação e eflorescências apresentaram 11% de ocorrência. O
descolamento cerâmico apresentou o menor índice de ocorrência, referente à 5%.
Quanto às causas desses danos identificados, podem ser observadas na Figura 5.

Figura 5 - Causas das manifestações patológicas nas fachadas dos edifícios/


Canela (AUTORES, 2017)

Dentre as principais causas da ocorrência das manifestações patológicas detectadas no


bairro do Canela, têm-se, de forma percentual, 27% das falhas cometidas em projeto,
37% na etapa de execução, 27% na escolha dos materiais e 9% na má utilização.
A figura 6 apresenta a ocorrência das manifestações patológicas nas fachadas dos
edifícios localizados no bairro da Graça.

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Figura 6 - Ocorrência das manifestações patológicas nas fachadas dos edifícios/Graça
(AUTORES, 2017)

A ocorrência de fissuras e bolor no bairro da Graça teve o mesmo percentual (27%), com
alta incidência. Outros danos que estão tendo uma ocorrência significativa são as
presenças de algas e desplacamento cerâmico, totalizando 11% cada, neste bairro.
As causas desses danos identificados são apresentadas na Figura 7.

Figura 7 - Causas das manifestações patológicas nas fachadas dos edifícios/


Graça (AUTORES, 2017)

Dentre as principais causas da ocorrência das manifestações patológicas detectadas no


bairro da Graça, têm-se, de forma percentual, 27% das falhas cometidas em projeto, 40%
na etapa de execução, 27% na escolha dos materiais e 6% na má utilização.
A figura 8 apresenta as ocorrências das manifestações patológicas nas fachadas dos
edifícios localizados no bairro dos Barris.

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Figura 8 – Ocorrência das manifestações patológicas nas fachadas dos edifícios / Barris
(AUTORES, 2017)

Analisando as manifestações patológicas dos edifícios do bairro dos Barris, percebe-se


que a incidência de fissuras apresentou a maior ocorrência (33%). Neste bairro não foi
detectado nos edifícios visitados a presença de eflorescência, manifestação que estava
tendo uma ocorrência significativa nos bairros citados anteriormente. Porém, os danos de
bolor e algas apresentaram ocorrência de 20% e 13%, respectivamente.
As causas desses danos identificados são apresentadas na Figura 9.

Figura 9 - Causas das manifestações patológicas nas fachadas dos


edifícios/ Barris (AUTORES, 2017)

Dentre as principais causas da ocorrência das manifestações patológicas detectadas nos


Barris, têm-se, de forma percentual, 20% das falhas cometidas em projeto, 40% na etapa
de execução, 30% na escolha dos materiais e 10% na má utilização.
A figura 10 apresenta as ocorrências das manifestações patológicas nas fachadas dos
edifícios localizados no bairro da Federação.

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Figura 10 - Ocorrência das manifestações patológicas nas fachadas dos edifícios/
Federação (AUTORES, 2017)

Pode-se observar que no bairro da Federação as patologias de maior ocorrência foram


Fissuras e Bolor, com 26% cada. As presenças de fissuras e bolor continuam sendo as
mais recorrentes. O desplacamento cerâmico contabilizou 12% das patologias
encontradas.
As causas desses danos identificados são apresentadas na Figura 11.

Figura 11 - Causas das manifestações patológicas nas fachadas dos edifícios/


Federação (AUTORES, 2017)

Dentre as principais causas da ocorrência das manifestações patológicas detectadas no


bairro da Federação, têm-se, de forma percentual, 29% das falhas cometidas em projeto,
47% na etapa de execução, 18% na escolha dos materiais e 6% na má utilização.
A figura 12 apresenta as ocorrências das manifestações patológicas nas fachadas dos
edifícios localizados na Avenida Vasco da Gama.

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Figura 12 - Ocorrência das manifestações patológicas nas fachadas dos edifícios/ Av.
Vasco da Gama (AUTORES, 2017)

É possível observar na figura 12 que os danos em pintura (descascamento,


envelhecimento, empolamento e descoloramento) foram os de maior ocorrência na Av.
Vasco da Gama, totalizando 30%.
A amostra coletada de edifícios neste bairro é caracterizada, em sua maioria, por edifícios
mais antigos. Sendo sua fachada submetida às exposições ambientais durante um longo
período de tempo, além de utilização de técnicas e materiais não tão aperfeiçoados,
assim como o desempenho tende a decair ao longo dos anos, mesmo considerando
algumas ações de manutenções.
As causas desses danos identificados são apresentadas na Figura 13.

Figura 13 - Causas das manifestações patológicas nas fachadas dos


edifícios/ Av. Vasco da Gama (AUTORES, 2017)

Dentre as principais causas da ocorrência das manifestações patológicas detectadas na


Av. Vasco da Gamada, têm-se, de forma percentual, 36% das falhas cometidas em
projeto, 32% na etapa de execução, 27% na escolha dos materiais e 5% na má utilização.
Analisando os gráficos das causas das manifestações patológicas, percebe-se que a
etapa de execução é a etapa que mais causa as patologias encontradas nos bairros
pesquisados.
Alguns autores consideram a etapa de projeto como a mais recorrente para o surgimento
de manifestações patológicas. Porém, percebe-se que a etapa de execução se destaca
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neste cenário, sendo responsável pelo aparecimento de fenômenos patológicos nos
revestimentos.
Alguns tipos de danos identificados com certa frequência, como o desplacamento
cerâmico, por exemplo, podem interferir na segurança dos transeuntes das edificações,
sendo, portanto, necessária uma intervenção de reparo imediata.
Vale ressaltar que é possível observar, de forma geral, a existência de fachadas que
recebem uma intensidade muito maior de agentes de degradação do que outras, em
relação ao mesmo edifício. Assim como, alguns tipos de detalhes construtivos existentes
em fachadas contribuem com o surgimento de determinados tipos de danos, como por
exemplo: o tipo de pingadeira pode não ser eficaz no que se refere à projeção da água da
chuva de forma que não escoe pelo paramento e ocasione manchamentos; e a presença
de frisos e/ou juntas para evitar o surgimento de fissuras no revestimento.
Foram verificadas que várias edificações não apresentaram histórico de manutenções
preventivas e corretivas, o que acaba por colaborar com a alta incidência dos danos.

5. Conclusões
Em todos os edifícios visitados foi encontrado algum tipo de manifestação patológica, na
sua maioria apresentavam dois ou mais danos em sua configuração.
A ocorrência de fissuras foi a patologia mais frequente nos edifícios dos bairros de Brotas,
Canela, Graça, Barris e Federação. Nesses bairros os edifícios apresentaram diferentes
idades. Logo, foi possível concluir que independente da idade dos edifícios, as fachadas
apresentaram alto índice de incidência de danos, tendo como uma das causas principais,
os erros ocorridos desde a etapa de projeto e execução.
Porém, na Av. Vasco da Gama, o problema com a pintura nos edifícios foi a anomalia
mais intensa.
Por meio das análises realizadas, verificou-se que dificilmente cada patologia possui uma
única causa. Há situações em que uma anomalia foi ocasionada devido aos erros
cometidos em várias etapas construtivas, além de algumas serem originadas pelo
agravamento de outras pré-existentes, que não foram submetidas às manutenções ou por
interferências das mesmas.
Por meio deste trabalho pode-se concluir que a não observância das normas técnicas, o
despreparo dos profissionais envolvidos no processo construtivo, a utilização de materiais
de má qualidade e a falta das manutenções preventivas e corretivas são os principais
fatores para a ocorrência das manifestações patológicas estudadas. Contudo, percebe-se
que os profissionais da área devem estar cada vez mais empenhados no que se refere ao
desempenho das construções, uma vez que, a degradação em estado avançado está
cada vez mais recorrente nos edifícios das cidades.

6 Referências
BAUER, E. Revestimento em argamassa: características e peculiaridades. Brasília:
LEMUnB, 2005.

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CARDOSO, L. M. G. Estudo do microclima urbano a partir de plataformas de coletas
de dados (PCD´S) da fachada sudese de Salvador. Dissertação de mestrado -
Universidade Federal da Bahia. Escola Politécnica. Salvador, 2017.

CERQUEIRA. M. B. dos S. Estudo Diagnostico Das Manifestações Patologicas Nas


Estruturas Dos 4 Campi Da UFRB – Uma Reflexão Estrutural Em Edificações Do
Setor Público. Trabalho de Conclusão de Curso Apresentado ao Centro de Ciências
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IANTAS, L. C. Estudo de Caso: Análise de Patologias Estruturais em. Edificação de


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PAES, I. N. L.; CARASEK, H. Desempenho das argamassas de rejuntamento no


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SILVA, M. N. B. Avaliação Quantitativa da Degradação e Vida Útil de Revestimentos


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SILVESTRE, J. Sistema de Apoio à Inspeção e Diagnóstico de Anomalias em


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TERRA, R. C. Levantamento de manifestações patológicas em revestimentos de


fachadas das edificações da cidade de Pelotas. Dissertação de Mestrado,
Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2001.

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