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CENTRO UNIVERSITÁRIO SANTA MARIA


CURSO DE BACHARELADO EM ENGENHARIA CIVIL

SILVIO BRENO FERNANDES DANTAS

ANÁLISE DAS MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS DECORRENTES DA UMIDADE EM


RESIDÊNCIAS NA CIDADE DE SÃO JOÃO DO RIO DO PEIXE - PB

CAJAZEIRAS-PB
2022
1

SILVIO BRENO FERNANDES DANTAS

ANÁLISE DAS MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS DECORRENTES DA UMIDADE EM


RESIDÊNCIAS NA CIDADE DE SÃO JOÃO DO RIO DO PEIXE - PB

Trabalho de Conclusão de Curso I (TCC)


apresentado ao Curso de Bacharelado em
Engenharia Civil do Centro Universitário Santa
Maria – UNISM, como requisito obrigatório e
parcial à obtenção do grau de Bacharel em
Engenharia Civil.

Orientador: Prof. Me. Guilherme Urquisa Leite.

CAJAZEIRAS-PB
2022
2

SILVIO BRENO FERNANDES DANTAS

ANÁLISE DAS MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS DECORRENTES DA UMIDADE EM


RESIDÊNCIAS NA CIDADE DE SÃO JOÃO DO RIO DO PEIXE - PB

Projeto apresentado à Coordenação do curso de


Engenharia Civil do Centro Universitário Santa
Maria-UNISM, como requisito parcial e
obrigatório para aprovação da disciplina de TCC I.

Aprovado em: / /2022

Banca Examinadora:

____________________________________________________________
Prof°. Me. Guilherme Urquisa Leite
Orientador
(Centro Universitário Santa Maria- UNISM)

____________________________________________________________
Profº. Me. Rafael Wanderson Rocha Sena
Membro
(Centro Universitário Santa Maria- UNISM)

____________________________________________________________
Prof°. Elysson Marcks Gonçalves Andrade
Membro
(Centro Universitário Santa Maria-UNISM)
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RESUMO

Na construção civil, a impermeabilização é de grande importância, porém, muitas vezes é


desprezada para diminuir gastos, causando, com o passar dos anos, manifestações patológicas
de impermeabilização como infiltração de água, danos ou rompimentos. Frente a isso, o
estudo tem como objetivo avaliar as manifestações patológicas oriundas da falta de
impermeabilização em obras ou em residências na cidade de São João do Rio do Peixe-PB. O
presente estudo será um relato de caso descritivo com abordagem qualitativa. O estudo será
realizado em 03 casas, na Rua Travessa 1765, no bairro centro da cidade de São João do Rio
do Peixe-PB, que apresentam alguns tipos de manifestações patológicas. Na primeira fase do
estudo foi realizada uma busca por informações que possam auxiliar na compreensão inicial
do tema a ser desenvolvido, com base numa pesquisa bibliográfica, utilizando como fonte
principal revistas do meio, dissertações, livros, manuais técnicos dos fabricantes e material
disponível na internet. Serão evidenciados os principais tipos de manifestações patológicas
encontradas na construção civil e os locais onde ocorrem em uma edificação, procurando
soluções e prevenções para cada caso de acordo com as Normas NBR 9575 (ABNT, 2010). O
levantamento de dados será realizado em construções na cidade de São João do Rio do Peixe-
PB, com vistorias nos locais, levantamento fotográfico das patologias e diagnóstico para
identificar sintomas, mecanismos, causas e origens das manifestações patológicas. Espera-se
que essa pesquisa possa contribuir de forma satisfatória para estudos futuros, tendo em vista
que esses procedimentos de impermeabilização não somente aumentam a qualidade das
construções, mas relatando que a obra precisa de um profissional específico da área de
impermeabilização com a capacitação necessária e com conhecimentos técnicos que auxilia
de uma melhor forma possibilitando maior qualidade.

PALAVRAS-CHAVE: Impermeabilização. Patologia. Edificação. Água.


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LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1 - Água infiltrando pela lateral de uma parede de alvenaria


FIGURA 2 - Água ascendendo por capilaridade em uma parede de alvenaria
FIGURA 3 - Vapor de água sofrendo condensação no teto de uma residência
FIGURA 4 - Umidade no interior do concreto
FIGURA 5 - Tipos de Impermeabilização
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LISTA DE GRÁFICOS

GRAFICO 1 - Frequência de impermeabilização


GRAFICO 2 - Origem das manifestações patológicas na construção civil
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LISTA DE QUADROS

QUADRO 1 - Mecanismo de atuação da água


QUADRO 2 - Principais características dos estudos quanto aos autores, ano de publicação,
título e resultados
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LISTA DE SIGLAS

ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas


PB Paraíba
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
ABCP Associação Brasileira de Concursos Públicos
CDT Corporação de Desenvolvimento Tecnológico
IBI Instituto Brasileiro de Impermeabilização
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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO
1.1 JUSTIFICATIVA
2. OBJETIVOS
2.1 OBJETIVO GERAL
2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS
3. REFERENCIAL TEÓRICO
3.1 A IMPORTÂNCIA DO ESTUDO DAS MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS NO
CAMPO DA CONSTRUÇÃO CIVIL
3.2 IMPERMEABILIZAÇÃO
3.3 SELEÇÃO DA IMPERMEABILIZAÇÃO
3.4 UMIDADE EM EDIFICAÇÕES
3.4.1 Umidade de Infiltração
3.4.2 Umidade Ascensional
3.4.3 Umidade de Condensação
3.4.4 Umidade de Construção
3.4.5 Umidade Acidental
3.5 CARACTERIZAÇÃO DOS IMPERMEABILIZANTES
3.5.1 Impermeabilização Flexível
3.5.2 Impermeabilização Rígida
3.6 MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS NA CONSTRUÇÃO CIVIL
3.7 MANIFESTAÇÕES PATOLOGICAS DE IMPERMEABILIZAÇÃO
3.8 ESTUDOS RELACIONADOS A MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS NO SISTEMA
DE IMPERMEABILIZAÇÃO
4. ASPECTOS METODOLÓGICOS
4.1 TIPO DE ESTUDO
4.2 LOCAL DE ESTUDO
4.3 ANÁLISE DE DADOS
4.4 TIPOS DE IMPERMEABILIZAÇÃO E SUAS SOLUÇÕES
5. RESULTADOS ESPERADOS
6. CRONOGRAMA
REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ANEXO
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1. INTRODUÇÃO

Considerados defeitos que são apresentados no decorrer ou com passar do tempo da


construção de uma obra, e que posteriormente possa prejudicar o desempenho esperado na
edificação, as manifestações patológicas na construção civil podem ser manifestadas através
de um conjunto de falhas, como: baixa qualidade de matérias, associados a uma falta de
planejamento adequado nos canteiros, podem resultar uma má execução e contribuir para o
surgimento de alguns tipos de manifestações patológicas (TRINDADE, 2015).
As manifestações patológicas podem aparecer em qualquer fase projetual, que se inicia
na fase da sua elaboração (em que se identificam os riscos e restrições), e posteriormente na
sua execução (em que tudo que se foi planejado é colocado em prática). A falta de uma
melhor análise tanto de materiais, quanto de mão de obra especializada pode desencadear
problemas que podem comprometer a vida útil da obra. Portanto, a preocupação de se
identificar possíveis manifestações patológicas e propor intervenções de manutenção na
edificação é papel essencial do engenheiro civil (FERREIRA et al., 2021).
Partindo da premissa de que a alvenaria é um material de construção tradicional que
tem sido usado há milhares de anos em suas diferentes formas, nos últimos anos, no Brasil, a
crescente demanda de construções de edifícios em alvenaria estrutural tem se tornado um
diferencial para as construtoras devido à economia atrelada ao aperfeiçoamento e rapidez na
execução de um empreendimento (LEITE et al., 2013).
A umidade traz consequências variadas, podendo ir de destacamentos de
revestimentos internos a danos estruturais mais severos. Uma manifestação patológica comum
decorrente da falta de impermeabilização em suas fundações se manifesta em paredes internas
pintadas, principalmente nos andares inferiores, pois a tinta não suporta a pressão e a
alcalinidade do substrato, provocando bolhas e saponificação, além do desenvolvimento de
fungos e microrganismos prejudiciais à saúde (BELON, 2019).
Para evitar os problemas causados pela umidade, a utilização de um sistema de
impermeabilização compatível com o sistema da arquitetura envolvida e com as
características de cada obra pode gerar resultado esperado. De acordo com a ABNT NBR
9574:2008 e com a ABNT NBR 9575:2010, a escolha pelo sistema de impermeabilização
deve ser precedida de um estudo preliminar para definir as áreas a serem tratadas e as
alternativas de soluções impermeabilizantes.
Portanto, objetiva-se avaliar as manifestações patológicas decorrentes da umidade em
obras ou em residências na cidade de São João do Rio do Peixe-PB. Portanto, será um estudo
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em 03 casas, no centro da cidade de São João do Rio do Peixe-PB, que apresentam alguns
tipos de manifestações patológicas.

1.1 JUSTIFICATIVA

No Brasil, de acordo com dados do Movimento Construção Saudável, que reúne as


principais empresas do mercado de impermeabilização, cerca de 80% dos imóveis apresentam
problemas de infiltração, que causam umidade e, consequentemente, fazem surgir o mofo, um
inquilino indesejável e que pode ser extremamente prejudicial à saúde. O sistema que mais
sofre com a sua presença é o respiratório. Apesar de ele possuir defesas, e delas filtrarem
grande parte do que chegam ao nariz ou boca, alguns microrganismos conseguem passar e,
uma vez dentro do corpo, são capazes de causar uma série de reações (tosse, mal-estar,
espirros, entupimento nasal, cansaço, coriza e dificuldade para respirar são algumas delas) e
doenças, como alergias, micose broncopulmonar alérgica e infecções. Além disso, há o risco
de desencadearem crises de asma, rinite, sinusite e bronquite (TURBIANI, 2021).
Conforme Gonçalves (2019), os problemas com a umidade são comuns em edificações
novas e antigas, e podem trazer elevados prejuízos às construtoras, aos proprietários e aos
usuários. Dessa maneira, o conhecimento acerca das falhas que podem ocorrer em sistemas de
impermeabilizações é importante em primeira instância para a prevenção, pois, conhecer os
mecanismos causadores de manifestações patológicas, bem como as suas consequências, pode
auxiliar na prevenção de problemas. Em último caso, quando a falha está presente no sistema,
se faz necessário o conhecimento acerca dos métodos de reparo para que o tratamento
adequado seja realizado e para que os danos à edificação não sejam progressivos (HUSSEIN,
2013).
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2. OBJETIVOS

2.1 OBJETIVO GERAL

Avaliar as manifestações patológicas oriundas da falta de impermeabilização em obras


ou em residências na cidade de São João do Rio do Peixe-PB.

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

 Identificar os principais problemas encontrados nos sistemas de impermeabilização


das obras;
 Apresentar possíveis causas, consequências e os métodos de correção para
extinguir as manifestações patológicas;
 Propor soluções para as manifestações patológicas decorrentes da umidade
encontradas nas obras visitadas.
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3. REFERÊNCIAL TEÓRICO

3.1 A IMPORTÂNCIA DO ESTUDO DAS MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS NO


CAMPO DA CONSTRUÇÃO CIVIL

De acordo com a Classificação Nacional de Atividades Econômicas, usada pelo IBGE


(2007, p. 20), a atividade econômica das unidades de produção deve ser entendida como um
processo, isto é, uma combinação de ações que resulta em certos tipos de produtos ou, ainda,
uma combinação de recursos que gera bens e serviços específicos. Logo, uma atividade é
caracterizada pela entrada de recursos, um processo de produção e uma saída de produtos
(bens e serviços).
Dessa forma, a construção civil abrange edificações, obras de engenharia, de
infraestruturas e construções autônomas (CÂMARA BRASILEIRA DA INDÚSTRIA DA
CONSTRUÇÃO CIVIL, 2012). Ainda de acordo com a Classificação Nacional das
Atividades Econômicas, a construção civil é composta de três segmentos, são eles o de
incorporação de empreendimentos imobiliários que promovem a realização de projetos de
engenharia civil provendo recursos financeiros, técnicos e materiais para a sua execução e
posterior venda e construção de edifícios; o segmento de obras de infraestrutura que
compreendem, entre outras coisas, a construção de autoestradas, vias urbanas, pontes, túneis,
ferrovias, metrôs, pistas de aeroportos, portos e redes de abastecimento de água, sistemas de
irrigação, sistemas de esgoto, instalações industriais, redes de transporte por dutos (gasodutos,
minerodutos, oleodutos) e linhas de eletricidade, instalações esportivas, ou seja, obras de
rodovias, ferrovias, obras urbanas e obras de arte especiais; e por último o segmento de
serviços especializados na construção como demolição e preparação de terreno, instalações
elétricas, hidráulicas e obras de acabamento (VERAS, 2018).
Os problemas patológicos é um tema de grande importância na construção civil atual.
Devemos planejar e antecipar aos problemas, utilizando práticas corretas de construção, para
prevenir futuras manifestações patológicas e garantir maior vida útil. A água é responsável
por grande parte da degradação de materiais da construção civil. A impermeabilização é
fundamental para garantir a vida útil da moradia, porém ela não é tão levada em consideração
como devia. Os problemas quando aparecem nas residências, trazem desconforto e as
soluções são caras. Desde a antiguidade já existiam materiais que eram utilizados como
impermeabilizantes para conservar as estruturas por mais tempo.
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Os romanos e os incas já empregavam albumina (clara de ovo, sangue, óleos, etc.)


para impermeabilizar saunas e aquedutos. Também no Brasil, nas cidades
históricas, existem igrejas e pontes em perfeito estado de conservação, nas quais a
argamassa de assentamento das pedras foi aditivada com óleo de baleia, utilizado
como plastificante, visando à obtenção de estruturas menos permeáveis
(VEDACIT, 2010).

Ao falar de Manifestações Patológicas na construção civil, Turbiani (2021) afirma que


os problemas só se manifestam após o início da execução propriamente dita, a última etapa da
fase de produção. Normalmente, ocorrem com maior incidência na etapa do uso. O que nos
faz atentar para que um diagnóstico adequado do problema deva indicar em que etapa do
processo construtivo teve origem o fenômeno. Assim, para cada origem do problema há uma
terapia mais adequada, embora o fenômeno e os sinais possam ser os mesmos.
De acordo com Ferreira et al. (2021), um elevado percentual das manifestações
patológicas tem sua origem ligada as etapas do planejamento e do projeto. Sendo que as
falhas nessas etapas são, em geral, mais graves que as de qualidade dos materiais ou então da
má execução.

3.2 IMPERMEABILIZAÇÃO

A NBR 9575/2010 define impermeabilização como “conjunto de operações e técnicas


construtivas (serviços), composto por uma ou mais camadas, que tem por finalidade proteger
as construções contra a ação deletéria de fluidos, de vapores e da umidade” (NBR 9575/2010,
P. 5).
Segundo Silva (2018), se o sistema de impermeabilização for implantado durante a
execução da edificação, os custos com projeto, consultoria, fiscalização, materiais e execução
representarão de 1 a 3% do valor total da obra, já se a impermeabilização não for bem
executada ou não forem executados, os custos com reparos posteriormente podem chegar a
15% do valor total da obra, isso quando não são irreparáveis.

3.3 SELEÇÃO DA IMPERMEABILIZAÇÃO

Para selecionar a forma de impermeabilização é necessário seguir de acordo com cada


tipo de solicitação. Sobre a NBR 9575/2010, as solicitações podem ser:
 Devida à água de percolação: A percolação é a forma que está atuando sobre
superfícies mesmo não exercendo pressão. Então, toda a área que entrar em
contato com a água, tem a necessidade de ser protegida;
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 Devida à água de condensação: A condensação é a água gerada devido à


condensação do vapor d’água que está presente em um local atuando na parte de
cima do ambiente;
 Devida à umidade do solo: Os elementos construtivos recebem a umidade vinda do
solo por meio da capilaridade. De acordo com Silva (2016) a água vinda do solo
afeta a viga baldrame e percorre na alvenaria, podendo atingir até 1 metro de
altura.
É notório de que a água é um dos principais elementos que acarretam grande parte dos
contratempos direcionados as edificações, e é de primordial relevância o conhecimento das
eventuais formas de manifestações patológicas por parte dos profissionais desta área, a fim de
se identificar qual patologia e a correta e clara solução para a mesma.
A NBR 9575 de 2010, p.07-08, apresenta os tipos de materiais impermeáveis a serem
empregados, a fim de se obter a estanqueidade dos elementos que se encontram sob atuação
da percolação de água nas edificações.
Segundo Rodrigues (2011), três áreas das edificações mais atingidas pela umidade são
as paredes (42%), as lajes de teto (38%) e as esquadrias (17%), totalizando 97% dos casos
(Gráfico 1). As paredes, lajes e esquadrias, no caso, pertencem a todos os cômodos das
construções, áreas internas e externas, banheiros, quartos, cozinhas e outros.

Gráfico 1 – Frequência de impermeabilização.

teto
parede
pavimentos
esquadrias

Fonte: RODRIGUES (2011).

A presença da umidade nos mais diversos elementos das edificações é uma função de
diversas variáveis como os métodos construtivos, local da construção, clima da região e
outros. Contudo, a partir das duas pesquisas conclui-se que as seguintes áreas são de
importante estudo no que tange os tratamentos para os problemas de impermeabilização em
paredes e teto.
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3.4 UMIDADE EM EDIFICAÇÕES

A NBR 9575 – 2010 classifica os mecanismos de atuação da água sobre as superfícies,


demonstrado no quadro 1:

Quadro 1 – Mecanismo de atuação da água.


TIPOS AÇÃO
Água proveniente da condensação de água presente no ambiente
Água de condensação sobre a superfície de um elemento construtivo, sob determinadas
condições de temperatura e pressão.
Água que atua sobre superfícies, não exercendo pressão hidrostática
Água de percolação
superior a 1 kPa (0,l m.c.a).
Água, confinada ou não, que exerce pressão hidrostática superior a 1
Água sob pressão negativa
kPa (0,l m.c.a), de forma inversa à impermeabilização.
Água, confinada ou não, que exerce pressão hidrostática superior a 1
Água sob pressão positiva
kPa (0,l m.c.a), de forma direta à impermeabilização.
Umidade do solo Água absorvida pelo substrato, proveniente do solo, por capilaridade.
Fonte: Autor (2022).

A água é um dos maiores agentes patológicos, de forma direta ou indireta,


deteriorando uma grande variedade de materiais presentes na construção. As causas da
presença de água em edificações, segundo Rodrigues (2014), são:
I. Umidade de infiltração;
II. Umidade ascensional;
III. Umidade por condensação;
IV. Umidade de construção;
V. Umidade acidental.

3.4.1 Umidade de Infiltração

A umidade de precipitação, também conhecida por umidade por infiltração, está


relacionada principalmente com a água de chuva que penetra na edificação através das
fachadas (PEREZ, 1995 apud RODRIGUES, 2014). Segundo Righi (2009), é a umidade que
passa da área externa para a interna (Figura 1) por pequenas trincas, pela capacidade de certos
materiais de absorverem a umidade do ar e até por falhas de elementos construtivos como
portas e janelas.
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Figura 1 - Água infiltrando pela lateral de uma parede de alvenaria.

Fonte: HOME-DRY (2015).

Nesse sentido, Perez (1995, apud RODRIGUES 2014) afirma que este tipo de
umidade está associado à combinação de dois fatores climáticos, vento e chuva. Pois, sem esta
combinação a chuva incidiria nas edificações verticalmente, molhando as fachadas com
menor intensidade.

3.4.2 Umidade Ascensional

Segundo Magalhães (2008), a umidade do terreno, ou umidade ascensional, pode ter


como origem o lençol freático ou a água contida no próprio terreno devido a fenômenos
sazonais. Dessa forma, a umidade ascendente é definida como o fluxo vertical de água que
consegue ascender do solo por capilaridade para uma estrutura permeável. A figura 2 ilustra o
fluxo vertical de água ascendendo por capilaridade em uma parede. Para Gewehr (2004, apud
RODRIGUES 2014), as maiorias dos materiais de construção possuem elevada capilaridade
pela qual a água pode subir.
Com isso, a ascensão da água pode ocorrer até alturas significativas, às quais são
função das condições de evaporação no ambiente, da porosidade do material, da
permeabilidade do material e da quantidade de água que está em contato com as paredes
(MAGALHÃES, 2008).
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Figura 2 - Água ascendendo por capilaridade em uma parede de alvenaria.

Fonte: HOME-DRY (2015).

Nappi (2002) acrescenta que a ascensão da água nas paredes é inversamente


proporcional aos diâmetros dos condutos capilares, ou seja, quanto menor o diâmetro, maior é
a altura atingida pela água. Contudo, a ascensão da água na parede ocorre até que a
quantidade de água evaporada das paredes seja igual à quantidade de água absorvida do solo
(NAPPI, 2002).

3.4.3 Umidade de Condensação

A umidade de condensação ocorre quando o vapor de água entra em contato com uma
superfície mais fria, ocorrendo a sua liquefação (Figura 3), em outras palavras, está
relacionado ao “aparecimento da umidade condensada nos elementos construtivos
consequente da presença de grande umidade do ar e da existência de superfícies que estejam
com temperatura abaixo da correspondente ao ponto de orvalho” (QUERUZ, 2007).
18

Figura 3 - Vapor de água sofrendo condensação no teto de uma residência.

Fonte: ABCP (2013).

Este tipo de umidade é mais comum em ambientes fechados com elevada umidade do
ar como banheiros, saunas, cozinhas e lajes de reservatórios. Além disso, Queruz (2007)
afirma que diferentes tipos de materiais possuem comportamentos distintos perante a
condensação da água, e acrescenta que materiais com maior densidade sofrem mais com a
condensação enquanto os materiais menos densos sofrem menos. Klüppel e Santana (2006,
apud QUERUZ, 2007) afirmam que por se tratar de uma inserção de água pelo ar, a
infiltração não atinge grandes profundidades do material, ocorrendo de maneira superficial.

3.4.4 Umidade de Construção

Esta terminologia é utilizada para caracterizar a umidade que ficou interna aos
materiais, por ocasião, em geral, de sua execução, e que acaba por se exteriorizar em
decorrência do equilíbrio que se estabelece entre material e ambiente (QUERUZ, 2007). É a
quantidade de água presente na edificação após a conclusão das atividades de obra.
Assim, segundo Schönardie (2009), diversos aspectos da umidade na construção
devem ser observados e “é normal que a água de assentamento de pisos manche as paredes
durante uns seis meses após a aplicação; é normal que o capeamento de parques com resinas
sintéticas impermeáveis retenha a água das argamassas por muitos meses, podendo levar até o
apodrecimento, descolamento e, mais comumente, ao fissuramento do verniz”.
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Ainda neste sentido, Fusco (2008, apud CASTRO E MARTINS, 2014) exemplifica o
caso do concreto ao explicar que após o endurecimento do concreto, parte da água utilizada
evapora ficando uma rede capilar com os poros menores saturados de água e os maiores
contendo ar e vapor do seu interior e uma película de água absorvida ao longo de suas paredes
(Figura 4).

Figura 4 - Umidade no interior do concreto.

Fonte: FUSCO (2008, apud CASTRO E MARTINS, 2014).

3.4.5 Umidade Acidental

Segundo Righi (2009), a umidade acidental, é a umidade gerada por falhas em


sistemas hidráulicos como águas pluviais, esgoto e água potável, gerando infiltrações. Podem
ocorrer em reservatórios ou em canalizações, e estão associadas diretamente a idade dos
elementos e ao ciclo de manutenção preventiva. A probabilidade de ocorrência desse tipo de
umidade está atrelada diretamente a ausência de manutenção (OLIVEIRA, 2015).

3.5 CARACTERIZAÇÃO DOS IMPERMEABILIZANTES

Silva (2018) cita que para cada tipo de impermeabilização recomendada a ser utilizada
em cada localização, pode variar dependendo de cada situação como apresentado em cada
caso, a diferenciação dos principais tipos de impermeabilização utilizada acontece devido ao
movimento da estrutura e sua exposição pelas mudanças que podem ocorrer pela temperatura.
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Os impermeabilizantes são divididos em dois tipos, o impermeabilizante flexível e


rígido. Segundo Pezzolo (2012) afirma que, tudo que está enterrado no solo é utilizado o
impermeabilizante rígido, e para parte que está exposta é utilizado o flexível.
Para Vieira (2018) os impermeabilizantes rígidos só devem ser aplicados em
elementos sem risco de fissuras, como piscinas enterradas, caixas d’água enterradas, poços de
elevadores, muros de arrimo, pisos em contato com o solo, subsolo e fundações. Já os
flexíveis são passiveis de fissuração, e podem ser aplicadas em lajes de cobertura, coberturas
inclinadas, pisos industriais, terraços, abóbadas, reservatórios elevados, calhas de concreto
etc.
Figura 5 – Tipos de Impermeabilização.

Fonte: Vedacit, 2010.

3.5.1 Impermeabilização Flexível

NBR 9575 (ABNT, 2010) relativa à impermeabilização flexível é a combinação de


materiais ou produtos utilizados para aplicação em canteiros de obras que possam estar
sujeitos a trincas, indicada para superfícies sujeitas a vibrações, movimentos e eventuais
solicitações térmicas passíveis de movimento devido à elasticidade. Sobre os
impermeabilizantes flexíveis pode se afirmar que existem dois tipos:
 Mantas - Elas têm espessuras comprovadas, apenas necessitam de ser aplicados
numa única demão e, sendo pré-fabricados, a sua aplicação é mais eficiente, as
suas propriedades tornam-nos recomendados para áreas maiores. Segundo
Nakamura (2014), sua produção é composta por diversos materiais sintéticos e, em
21

relação à forma compósita, resiste efetivamente ao ataque químico e à radiação


UV. O pavimento asfáltico consiste em asfalto modificado, polímeros e é coberto
com um agente estrutural essencial. Na composição do pavimento, o asfalto
modificado é responsável pela impermeabilização (VEDACIT, 2009);
 Membranas: São preparadas no local e aplicadas com várias camadas de
impregnante na forma líquida, após a secagem forma-se uma camada flexível sem
emendas, à forma de aplicação deve ser controlada e na quantidade certa. As
informações para a aplicação são fornecidas pelos fabricantes.

3.5.2 Impermeabilização Rígida

A impermeabilização rígida é a adição de materiais ou produtos colocados em locais


da edificação que não irão rachar devido ao movimento, vibração e exposição à luz solar
(NBR 9575, 2010). Este tipo de vedação não é recomendado. No caso de impermeabilizações
rígidas, a mistura de argamassa de revestimento confere a propriedade impermeabilizante da
estrutura com a qualidade do sistema (FERREIRA, 2012). Cada produto tem características
diferentes, por isso é necessário seguir rigorosamente as instruções do fabricante quanto aos
materiais e tempo de secagem.

3.6 MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS NA CONSTRUÇÃO CIVIL

O crescimento econômico de um país está diretamente ligado ao crescimento de


diversos setores, especialmente o industrial, no qual se destaca o seguimento da Construção
Civil (VIEIRA et al., 2018). A indústria da construção civil é responsável por movimentar
grande parte da economia brasileira, “mesmo com a diminuição do ritmo de crescimento
econômico, o setor continua como atividade rentável” (MARCHI et al., 2018).
Por ser um ramo econômico que vem crescendo constantemente, o surgimento de
novas tecnologias e melhorias forçam empresas a buscarem novas abordagens e métodos para
um crescimento saudável. Desta maneira, a necessidade de padronização em relação aos seus
processos se torna essencial para uma empresa de construção que busca a excelência no setor,
mostre bons serviços e qualidade em sua execução (ZARUR, 2017). Desta maneira, a
preservação e melhor realização de uma obra é eficaz para seu resultado.
Reconhecidas por ser um dos fatores que comprometem o funcionamento de uma
estrutura e oferecem riscos à mesma, as manifestações patológicas são aquelas que decorrem
22

de falhas, ou imprevistos, em qualquer fase da construção, seja nas etapas preliminares como
planejamento ou projeto, seja na fase de implementação ou de ocupação e uso (BERTI et al.,
2019).
Complementando, a manifestação patológica pode ser definida como um simples
mecanismo de degradação que ocorre devido a um conjunto de processos, que são
classificadas de acordo com a identificação, sintomas e a etapa do processo produtivo,
espelhado na falta de conhecimento às diretrizes pelos especialistas do assunto, ausência de
cuidados na produção, na execução dos métodos e nos materiais usados, levando em conta
que o processo construtivo é compreendido desde a fase do planejamento, aquisição de
materiais, até a ocupação do espaço, podendo ou não envolver os processos de manutenção
e/ou reparo da estrutura. (OLIVEIRA et al., 2019).
Segundo Helene (2003) os problemas de manifestações patológicos podem ser
originários de falhas que decorrem de qualquer etapa da fase do processo construtivo. Como
observado na obra de, Manual para reparo, reforço e proteção de estruturas de concreto, como
mostra no gráfico 2:

Gráfico 2 - Origem das manifestações patológicas na construção civil.

Fonte: Helene (2003).

Como ressalta Helene (1992), diversas origens podem ser relacionadas a diferentes
problemas patológicos, e seu conhecimento é imprescindível para que seja realizado um
diagnóstico eficaz, e aplicadas de forma satisfatória as possíveis soluções.

3.7 MANIFESTAÇÕES PATOLOGICAS DE IMPERMEABILIZAÇÃO


23

As manifestações patológicas “são anomalias ou problemas causados pela má


execução da obra, sendo na parte de projeto, execução ou falha do produto utilizado” (SILVA,
2018, p.2).
Em decorrência das umidades que ocorrem as Manifestações Patológicas por falta ou
má execução da impermeabilização, baixa qualidade dos impermeabilizantes empregados,
escolha do material impermeabilizante errado, dimensionamento de escoamento de águas
inadequado, execução inadequada das juntas, rachaduras, entupimentos de ralos e canos,
ruptura da impermeabilização, mau acabamento entorno de ralos e nas passagens de
tubulações, e diversos outros fatores, se faz necessário também à manutenção das
impermeabilizações (SOUZA, 2008).
Pode-se classificar essas manifestações patológicas em decorrência da umidade em
dois grupos:
 Grupo 1 – Manifestações devido à falha ou ausência da impermeabilização
(infiltração, ascensional, condensação e acidental);
 Grupo 2 – Manifestações devido ao processo construtivo (de obra).
No grupo 1, as principais manifestações patológicas são: a corrosão das armaduras, a
carbonatação do concreto e a eflorescência. Já no grupo 2 são: trincas e fissuras nas estruturas
de concreto, variações térmicas, deformações em excesso da estrutura, recalques diferenciais
e retração hidráulica (SILVA E OLIVEIRA, 2018).

3.8 ESTUDOS RELACIONADOS A MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS NO SISTEMA


DE IMPERMEABILIZAÇÃO

O quadro 02 traz um resumo dos artigos que foram usados para realização do projeto
de pesquisa com a temática escolhida ou que tenha algo direcionado ao estudo.

Quadro 2 - Principais características dos estudos quanto aos autores, ano de publicação, título
e resultados.
Autores/Ano Título Resultados
Galvão et al. A importância do sistema de Conclui-se que para resolver esse problema, não
2019 impermeabilização na prevenção de se trata apenas de adoções de técnicas e metas
manifestações patológicas na construção com o objetivo de formar uma barreira química
civil. ou física, contra a passagem da água, mais a de
conhecer as composições dos elementos
utilizados, observar as características da obra e
dos elementos naturais, e assim, proteger as
estruturas, contra a agressão antes que ocorram
dificuldades, necessitando reparos.
24

Castro; Oliveira Estudo do sistema de impermeabilização A deficiência de sistemas de impermeabilização


(2021) de edifícios: patologias, Prevenções e ou equívocos relacionados a estes sistemas
correções – estudo de caso. geram a degradação de partes da edificação e
custos de manutenção corretiva, que são
elevados em comparação com os custos de se
implantar um sistema preventivo eficiente.
Barbosa 2018 Patologia da impermeabilização de Para que aja um excelente reparo, se faz
edificações: aspectos técnicos e necessário o conhecimento das mais diversas
metodológicos. técnicas de reparo em impermeabilizações, com
o objetivo de interromper a degradação da
edificação e de evitar com que os custos sejam
maiores devido à aplicação de técnicas
equivocadas para o reparo. Além disso, o
conhecimento pode contribuir desenvolvimento
de novas tecnologias para que haja a redução de
custos e de limitações técnicas.
Junior et al. Impermeabilização das edificações Almejamos ainda que, a pesquisa possa servir
2018 patologias e correções. como ferramenta de auxílio aos discentes de
engenharia civil bem como a sociedade em
geral, para que se atenham a esta etapa
construtiva se suma importância, e que não a
utilizem de maneira errônea, reduzindo assim
custos com manutenção das edificações. Pois se
executada outrora, ou seja, com a edificação já
concluída seus gastos se tornam dispendiosos.
Santos 2016 Sistema de impermeabilização: estudo A falta de aplicação correta do sistema de
do procedimento de execução em uma impermeabilização e sua proteção, como nas
obra no município de Juazeiro do Norte. áreas de calhas e pórticos, a falta de
planejamento e a execução inadequada do
projeto pode colocar vidas em risco bem como a
reputação dos profissionais.
Pimentel 2022 Patologias desencadeadas por ausência A manutenção preventiva, com manutenção
ou aplicação incorreta da regular e adequada, reduzindo assim o
impermeabilização em obras da surgimento de manifestações patológicas e
construção civil: revisão de literatura. consequentemente diminuindo os custos,
doenças e transtornos que são ocasionados pelas
mesmas.
Gonçalves 2019 Sistema de impermeabilização na Podemos concluir que os produtos que são
construção civil com ênfase em fundação utilizados têm um ótimo comportamento quando
– Estudo de caso aplicados de forma correta, ou seja, seguindo as
recomendações passadas pelo fabricante,
prevenindo possíveis manifestações patológicas
e futuros gastos que seria necessário para
manutenções com correções ou prejuízos que
seria gerado devido à umidade na edificação.
Fluentes et al. A importância de impermeabilização na A impermeabilização se dá então em detrimento
2020 construção civil. Uma revisão sobre sua ao cuidado com a obra desde o projeto para que
importância seja evitado problemas provenientes de
infiltração nas estruturas.
Fonte: autor (2022).
25

4. ASPECTOS METODOLÓGICOS

4.1 TIPO DE ESTUDO

O presente estudo será um relato de caso descritivo, narrativo e reflexivo com


abordagem qualitativa.

4.2 LOCAL DE ESTUDO

O estudo será realizado em 03 casas, na Rua Travessa 1765, no bairro centro da cidade
de São João do Rio do Peixe-PB, que apresentam alguns tipos de manifestações patológicas.

4.3 ANÁLISE DE DADOS

Na primeira fase do estudo, foi realizada uma busca por informações que possam
auxiliar na compreensão inicial do tema a ser desenvolvido, com base numa pesquisa
bibliográfica, utilizando como fonte principal revistas do meio, dissertações, livros, manuais
técnicos dos fabricantes. Nesta fase, foram pesquisados os materiais impermeabilizantes
usados comumente no mercado, procurando equivalências entre os materiais dos fabricantes,
seus modos de execução e cuidados que devem ser tomados na aplicação dos mesmos.
Procurando também, formular uma divisão dos tipos de sistemas impermeabilizantes para
uma melhor elucidação do tema.
Depois de levantados os tipos de materiais e tipos de sistemas com suas
peculiaridades, a pesquisa será focada em patologias dos sistemas impermeabilizantes. Serão
definidos quais são os tipos de patologias encontradas na construção civil e os locais onde
ocorrem em uma edificação, procurando soluções e prevenções para cada caso de acordo com
as Normas NBR 9575/2010.
Após a revisão bibliográfica, o levantamento das patologias será realizado na cidade
de São João do Rio do Peixe-PB, com vistorias nos locais, levantamento fotográfico das
patologias e diagnóstico para identificar sintomas, mecanismos, causas e origens das
manifestações patológicas.

4.4 TIPOS DE IMPERMEABILIZAÇÃO E SUAS SOLUÇÕES


26

A água é o principal fator de degradação dos edifícios. De acordo com estudos


realizados na Noruega, os problemas de umidade e água estão entre as 76% patologias que
afetam uma edificação (FREITAS, 2013). Por seu lado, a Organização Mundial de Saúde
confirma que 75% e 80% das patologias que afetam o edifício têm origem na umidade (OMS,
2009).
Umidade, ou como quer que seja chamada, é usada como um indicador de uma
variedade de sinais de danos causados pela água, tanto espacial quanto severidade das
patologias (IOM, 2004). As manifestações visíveis de umidade podem ser listadas
espacialmente, como manchas de água nas paredes, condensação nas janelas e crescimento
microbiano, cada um dos quais ataca o edifício com certa severidade.
A prevenção e o controle de umidade, apresentados pela Câmara Chilena da
Corporação de Desenvolvimento Tecnológico (CDT), não apenas retardam o aparecimento de
manchas e mofo, mas também retardam o desenvolvimento de doenças associadas em
microrganismos ou o a própria humidade, que pode afetar os ocupantes do edifício (CDT,
2012; OMS, 2009).
27

5. RESULTADOS ESPERADOS

Tomando como premissa as informações apresentadas acerca das formas de


manifestação da umidade em construções, poder-se-ia, ainda, separá-las em dois grandes
blocos quanto a sua origem, a qual pode ser devido a fatores antrópicos, como uso da
habitação e desleixos na execução e na projeção da obra, ou a fatores naturais, como questões
climatéricas e águas subterrâneas.
Logo, para impedir a degradação por intempéries e amenizar os danos oriundos da
própria utilização da edificação, é necessário ressaltar a relevância do projeto de
impermeabilização em construções, visto a umidade ser capaz de causar tanto lesões à
estrutura da edificação quanto consequências negativas à saúde dos que usufruem do imóvel.
A água, em suas características físico-químicas tão necessárias à vida na Terra, acaba por
atuar como o maior agente degradante no âmbito da construção civil, devendo ser combatida
desde as primícias da construção. Para tal, dever-se-ia atentar para a elaboração de um projeto
de impermeabilização eficaz que compusesse o conjunto mínimo de projetos necessários para
a execução de um empreendimento.
28

6. CRONOGRAMA DA PESQUISA

2022 2023

A S O N D J F M A M J J
ATIVIDADES G E U O E A E A B A U U
O T T V Z N V R R I N L

Escolha do tema X

Elaboração do
X X
projeto

Pesquisa
X X X X
Bibliográfica

Análise dos dados X X X X X

Revisão e redação
X
final

Submissão do
X
Artigo
29

REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Projeto, Rio de Janeiro, 2010.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DO CIMENTO PORTLAND - ABCP. 2013. Mãos à Obra


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metodológico. Rio de Janeiro: UFRJ/ Escola Politécnica, p. 106, 2018.

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revisão bibliográfica. 4º Simpósio Paranaense de Patologia das Construções (4º SPPC),
artigo 4SPPC114, pp. 112 – 123, 2019.

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em Reabilitação da Envolvente de Edifícios. Dissertação de Mestrado em Tecnologias e
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especialização em construção civil. UFMG.

SILVA, F. L.; OLIVEIRA, M. do P. S. L. Manifestações patológicas causadas pela ausência


ou falha de impermeabilização. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do
Conhecimento. Ano 03, Ed. 11, Vol. 01., p. 76 – 95. Novembro de 2018.

SILVA, F. L.; OLIVEIRA, M. P. S. L. Manifestações patológicas causadas pela ausência ou


falha de impermeabilização. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento.
Ano 03, Ed. 11, Vol. 01, pp. 76-95 novembro de 2018.

SOARES, G. C.; FELIPE, J. M. M.; GOULART, L. B.; RODRIGUES, V. F.


Impermeabilização das edificações patologias e correções. Eixo V - Engenharias,
Tecnologias e Meio Ambiente. Ed. 2018.

SOUZA, M. F. Patologias ocasionadas pela umidade nas edificações. 2008. 64f.


Monografia (Especialização em Construção Civil) - Universidade Federal de Minas Gerais,
Belo Horizonte, 2008.

TRINDADE, D. S. Patologia em estruturas de concreto armado. 2015. 88 f. Monografia


(Graduação em Engenharia Civil) – Centro de Tecnologia. Universidade
Federal de Santa Maria, Santa Maria.

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2021. Disponível em: https://www.uol.com.br/vivabem/noticias/redacao/2021/01/18/inquilino-
indesejavel-conheca-os-perigos-do-mofo-para-a-saude.htm?cmpid=copiaecola. Acesso em:
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32

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en la construcción civil. Mérida, México: Asociación Latinoamericana de Control de
Calidad, Patología y Recuperación de la Construcción (ALCONPAT), 2013.

VEDACIT – Manual técnico de impermeabilização de estruturas. 2009. 4° Edição.

VEDACIT. Manual técnico de recuperação de estruturas, 3° Edição, 133 p. 2017.

VEDACIT. Manual técnico: impermeabilização de estruturas. 6. ed. São Paulo, 2010.

VIEIRA, L. F. B. Sistemas Impermeabilizantes Na Construção Civil. Revista Científica


Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. Ano 03, Ed. 12, Vol. 01, pp. 05-17 dezembro de
2018.

WORLD HEALTH ORGANIZATION (WHO). WHO guidelines for indoor air quality:
dampness and mould. Copenhagen, Denmark, 2009.
33

ANEXO I

A umidade em cada área da edificação

Fundações
Problemas Soluções
Umidade ascendente com deterioração da Umidade ascendente com deterioração da argamassa
argamassa de revestimento nos pés de paredes, de revestimento nos pés de paredes, podendo chegar
podendo chegar até alturas > 1,00 m. até alturas > 1,00 m. Impermeabilização rígida, como
Impermeabilização rígida, como cristalizantes e cristalizantes e argamassas poliméricas, ou flexível,
argamassas poliméricas, ou flexível, como como membranas de asfalto modificado com
membranas de asfalto modificado com polímeros polímeros em solução ou mantas asfálticas.
em solução ou mantas asfálticas. Infiltração de água Infiltração de água
Insalubridade do ambiente.
Lajes em contato com o solo
Umidade por capilaridade, causando deterioração Internamente, impermeabilização rígida, como
de acabamentos, como madeiras, carpetes e pisos. cristalizantes e argamassas poliméricas.
Destacamento e embolhamento de pisos de alta Externamente, antes da concretagem do piso, sobre
resistência, epoxídicos, poliuretânicos, etc. lastro de concreto magro ou solo regular e
Insalubridade do ambiente. compactado, impermeabilizações pré-fabricadas,
como mantas asfálticas com geotêxtil acoplado.
Paredes em contato com o solo, cortinas e paredes-diafragma
Deterioração da argamassa de revestimento. Internamente, impermeabilização rígida, como
Deterioração de móveis encostados nas paredes, cristalizantes (somente para substratos maciços) e
quadros, revestimentos. argamassas poliméricas. Externamente,
Insalubridade do ambiente impermeabilizações pré-fabricadas, como mantas
asfálticas ou membranas moldadas no local à base de
solução asfáltica modificada com polímeros,
aplicadas a frio e estruturadas com tela industrial de
poliéster.
Pilares (estruturas de concreto)
Ataque às armaduras, com comprometimento da Os pilares recebem a mesma impermeabilização de
estrutura. pisos e paredes
Revestimento de argamassa
Desagregação. A argamassa perde resistência e Normalmente os revestimentos são executados após a
torna-se pulverulenta, destacando-se da superfície. adoção de alguma impermeabilização aplicada
Eflorescências, mofo e bolor. diretamente na estrutura. Porém, quando a parede ou
cortina for de alvenaria revestida, este revestimento
deverá ser executado somente com cimento e areia,
no traço de 1:3 a 1:4 e poderá ser impermeabilizado
contra umidade de solo com argamassa polimérica
pela face interna. Pela face externa, poderá receber
impermeabilização elástica, como manta asfáltica ou
membrana moldada no local à base de solução
asfáltica modificada com polímeros, aplicada a frio e
estruturada com tela industrial de poliéster.
Importante: infiltrações do subsolo que afetam os
acabamentos (argamassas e pinturas) revelam
patologias que têm origem em outras áreas
(fundações, pilares, lajes etc.). Portanto, o tratamento
pontual do acabamento pode ser apenas paliativo e
ocultar problema mais grave; o ideal é investigar as
causas das patologias e tratá-las.
Pintura
Embolhamento e destacamento Refazer a pintura após impermeabilização da base,
Eflorescências, mofo e bolor. conforme as soluções propostas nos itens anteriores.
Concreto aparente
Comprometimento da estrutura Pode ser tratado com sistemas rígidos, como
argamassa polimérica e cristalizantes, ou flexíveis
34

(mantas asfálticas, emulsões ou soluções asfálticas,


etc.). A opção vai depender das particularidades de
cada obra. Por exemplo: em um solo com umidade
constante, lençol freático alto e pressão negativa,
somente com acesso interno, é recomendado um
sistema rígido. Caso seja possível rebaixar o lençol
freático, pode-se optar por um sistema flexível
aplicado externamente.
Lajes de subsolo (do 1º para o 2º subsolo)
Oxidação das armaduras com comprometimento Se recomendadas, neste caso, mantas asfálticas, que,
das estruturas no longo prazo. no entanto, exigem altura suficiente e proteção
mecânica dimensionada para o trânsito de veículos.
Existem também alguns sistemas compostos por
membranas de uretano com adição de agregados que
podem ser utilizados como acabamento final e
impermeabilizante. Estes, porém, são muito mais
caros que os tradicionalmente utilizados em nosso
mercado e ainda não há tecnologia nacional,
dependendo de produtos importados.

Fonte: Instituto Brasileiro de Impermeabilização - IBI. 2016

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