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Manifestações patológicas em fachadas de edificações em alvenaria

estrutural com idade de 30 e 35 anos localizadas em Salvador-BA


Pathological manifestations in façades of buildings in structural masonry with age of 30
and 35 years located in Salvador-BA

CERQUEIRA, M. B. DOS S. (1); SOUZA, B. N. DE (2); GONÇALVES, J. P. (3); SILVA, F. G. S. (4)

(1) Mestranda no Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil (PPEC) pela Universidade Federal
da Bahia, Brasil.
(2) Graduando em Engenharia Civil pela Universidade Federal da Bahia, Brasil.
(3) Professor Doutor, Departamento de Construção e Estruturas, Universidade Federal da Bahia, Brasil.
(4) Professor Doutor, Departamento de Construção e Estruturas, Universidade Federal da Bahia, Brasil.
Rua Prof. Aristídes Novis, 2 – Federação, Salvador, BA, 40210-630
milena.bsc@gmail.com (1); bonifacio.nevesouza@gmail.com (2); jardelpg@ufba.br (3);
fgabriel.ufba@gmail.com (4)

Resumo
O sistema construtivo em alvenaria estrutural tem sido amplamente utilizado no Brasil,
principalmente em edificações de interesse social, apresentando diversas vantagens em
relação aos métodos construtivos tradicionais. Entretanto, com toda essa utilização em
curso, ainda se percebe a necessidade de maiores estudos com a finalidade de explorar
todo o seu potencial e evitar a deterioração precoce das edificações. O surgimento das
manifestações patológicas pode estar relacionado ao término da vida-útil das construções,
à falta de manutenção corretiva e preventiva, condições de exposição, erros de projeto, de
execução e uso, dentre outros fatores. Quanto ao sistema de revestimento de fachada, são
diversas as alternativas de acabamento no mercado, tais como, pastilhas cerâmicas,
argamassas decorativas e pintura, o que contribui para a diversidade de ocorrências de
danos, e por consequência, preocupação por parte dos seus usuários e dos profissionais
da construção civil. Torna-se, portanto, necessário investigar os danos de maior incidência
nas fachadas das edificações. Já que, ocorre o comprometimento do seu desempenho, e
das suas funções básicas, como estanqueidade, vedação, regularização e acabamento
final das fachadas, além da redução da valorização estética e econômica da construção.
Diante do cenário exposto, este trabalho tem como objetivo mapear, quantificar e avaliar as
manifestações patológicas presentes em fachadas de edificações situadas em Salvador-
BA com idade de 30 e 35 anos. Para a inspeção e diagnóstico, foram utilizados instrumentos
adequados, verificando-se as regiões com maior probabilidade de incidência, em seguida
realizado o tratamento dos dados recolhidos em campo, e, por fim, discussões acerca do
comportamento das edificações. Nesta pesquisa, as manifestações patológicas de maior
ocorrência nas fachadas das edificações em alvenaria estrutural foram: manchamento na
pintura, descascamento de pintura, fissuras, falha de vedação e desplacamento cerâmico.
Além disso, ações ambientais, falha de projeto, erro de execução e ausência de
manutenção foram as principais causas prováveis de manifestações patológicas em
alvenaria estrutural nos empreendimentos estudados.
Palavra-Chave: Alvenaria estrutural, degradação, fachadas.

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Abstract
The construction system in structural masonry has been widely used in Brazil, mainly in
buildings of social interest, presenting several advantages over traditional construction
methods. However, with all this ongoing use, we still see the need for further studies with
the purpose of exploiting their full potential and preventing the early deterioration of
buildings. The appearance of pathological manifestations may be related to the end of the
useful life of the constructions, lack of corrective and preventive maintenance, exposure
conditions, design errors, execution and use, among other factors. As for the facade
cladding system, there are several finishing alternatives in the market, such as ceramic
inserts, decorative mortars and paint, which contributes to the diversity of occurrences of
damages, and consequently, the concern of its users and also of construction professionals.
It is therefore necessary to investigate the most serious damage to building facades. The
performance and its basic functions such as sealing, regularization and final finishing of the
facades, as well as the reduction of the aesthetic and economic value of the construction,
are compromised. In view of the exposed scenario, this work has the objective of mapping,
quantifying and evaluating the pathological manifestations present in facades of buildings
located in Salvador-BA, aged 30 and 35 years. For the inspection and diagnosis, suitable
instruments were used, checking the regions with the highest probability of incidence, then
the treatment of the data collected in the field, and, finally, discussions about the behavior
of the buildings. In this research, the most frequent pathological manifestations in the
facades of the structural masonry buildings were: Paint smearing, cracking, cracking,
sealing failure, and ceramic tile. In addition, environmental actions, project failure, execution
error and no maintenance were the main probable causes of pathological manifestations in
structural masonry in the studied projects.
Keywords: Structural masonry, degradation, facades.

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1 Introdução
Maior produtividade, qualidade, segurança e economia são os objetivos de todos os setores
da construção civil. O sistema construtivo em alvenaria estrutural destacou-se em diversos
países por atender tais requisitos, além do surgimento de normas técnicas de cálculo
estrutural e controle de qualidade da fabricação dos blocos e execução na obra. No Brasil,
a utilização do sistema construtivo em alvenaria estrutural iniciou-se durante o fim da
década de 60, com a construção de edifícios no conjunto habitacional Central Parque da
Lapa, em São Paulo (SAMPAIO, 2010).
Todavia, manifestações patológicas também têm ocorrido precocemente em tal sistema
construtivo, tais como, infiltrações, eflorescências e fissuras, sendo esta ultima, segundo
Bauer (2007), a que ocupa o primeiro lugar das anomalias.
O bom desempenho da edificação como um todo, depende do desempenho de todos os
sistemas que a compõe, como por exemplo, as instalações hidrossanitárias, estruturas,
fachadas e coberturas. Tratando-se da fachada de uma construção, especificamente, a
mesma tem a função de proporcionar valorização estética e econômica do
empreendimento, melhoria de estanqueidade da vedação, regularização e acabamento,
porém, tais elementos fundamentais para uma edificação, acabam sendo negligenciados
pela indústria da construção civil durante as obras, e desta forma, surgem diversas
manifestações patológicas nas fachadas, durante e depois de finalizada a obra (ANTUNES,
2010).
A preocupação por reduzir anomalias nas fachadas ganhou notoriedade com a publicação
da Norma de Desempenho para Edificações Habitacionais NBR 15575 (ABNT, 2013), que
é dividida em seis partes, abordando temas como sistemas estruturais e de vedações
verticais. São abordados itens como o estabelecimento de requisitos mínimos de
desempenho e métodos de avaliação dos limites de deslocamentos, fissurações e
descolamentos.
Avaliar as principais causas das manifestações patológicas é imprescindível para obter
qualidade na construção civil, pois os fatores externos estão diretamente ligados com o
desempenho da fachada, como umidade e as variações climáticas, como choque térmico,
ação do vento e chuva (ANTUNES, 2010). Com isso, as obras com maior proximidade aos
trechos litorâneos, como ocorre de forma acentuada em Salvador/BA, sofrem ainda mais
com a redução da durabilidade das estruturas, pois a sua construção e reabilitação em
ambiente marítimo requer maior entendimento acerca dos danos, além de maior
investimento econômico, comprometendo as exigências dos usuários (SERRA, 2012).
VILASBOAS (2013) complementa que deve ser levado também em consideração que a
taxa de deposição de cloretos numa edificação depende principalmente das condições de
exposição (microclimas) de cada parte da estrutura, o que poderá resultar em ambientes
diversos com diferentes classes de agressividade.
Segundo BOTO (2014), o projeto de fachada, em muitos casos, não leva em consideração
os fatores de influência ambiental, que podem variar de acordo com a localização. Com
isso, a necessidade de manutenção corretiva é maior, por causa da degradação prematura,
com maior vulnerabilidade aos ataques atmosféricos, que provocam as anomalias
superficiais e que se transformam, na maior parte das vezes, em anomalias mais
complexas, dependendo da intensidade de exposição ao meio ambiente na zona
envolvente.
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A elaboração de planos de manutenção de fachadas na zona costeira é uma forma eficaz
de combater previamente as anomalias provenientes do ambiente marítimo (BOTO, 2014).
Além disso, a NBR 14037 (ABNT, 2014) traz diretrizes para elaboração de manuais de uso,
operação e manutenção das edificações em que deve especificar, de forma clara e sucinta,
os requisitos básicos para a utilização e a manutenção preventiva, necessários para
garantir a vida útil prevista para a estrutura.
Em 2001, entrou em vigor a Lei Nº 5.907 que dispõe sobre a manutenção preventiva e
periódica das edificações e equipamentos públicos ou privados, no âmbito do município de
Salvador, em que no Art. 3º exige a vistoria técnica, registradas em relatórios ou laudos
técnicos, de responsabilidade de seus proprietários ou gestores conforme o caso, e serão
realizadas por profissionais habilitados no CREA-BA e na SUCOM. Para cada
empreendimento ou equipamento a lei no artigo 8º estabelece prazos em seu anexo para
que seja realizada vistoria técnica a partir da data de expedição do Alvará de Habite-se ou
da conclusão da obra ou ainda da instalação do equipamento. Em edifícios multiresidenciais
como é o caso deste estudo, o responsável é o condomínio e o prazo máximo de vistoria é
de 5 anos.

2 Metodologia
Este trabalho irá apresentar dados referentes às manifestações patológicas detectadas em
3 edifícios em alvenaria estrutural, localizados em diferentes bairros na cidade de
Salvador/BA. Os edifícios apresentam revestimento cerâmico e argamassa com
acabamentos em pintura.
A metodologia adotada consiste em três partes distintas, descritas a seguir.

2.1 Coleta de dados


Inicialmente, foram coletadas as informações preliminares sobre os empreendimentos
escolhidos; a avaliação das fachadas foi realizada com auxílio do Guia Técnico de
Manifestações Patológicas, elaborado por Antunes (2010); e elaboração de croquis das
fachadas com a identificação das manifestações patológicas por região, conforme
metodologia LEM – UnB.
As visitas no edifício A aconteceram no dia 10/12/2016 e no dia 25/12/2016 foi realizada
uma nova visita para coletar mais informações. A visita no edifício B e C foram realizadas
nos dias 01/02/2017 e 17/02/2017, respectivamente.

A fachada foi dividida em diferentes áreas (Figura 1): (1) sobre paredes contínuas; (2)
próximo às aberturas (janelas, portas, etc.); (3) em parapeitos, abaixo de cornijas, rufos e
beirais; (4) abaixo de sacadas ou varandas; (5) nível do solo (alicerce) e (6) nos cantos e
extremidades.

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Figura 1 - Representação esquemática das regiões de análise em uma fachada (GASPAR e BRITO (2005))

2.2 Tratamento dos dados


Nesta etapa foi feita a quantificação da ocorrência de manifestações patológicas e o cálculo
do fator de danos de cada uma delas, por fachada e região, para apresentar gráficos e
tabelas no intuito de obter um diagnóstico inicial.
Para mensurar o primeiro estágio de degradação das fachadas, são apresentadas tabelas,
com o Fator de Danos (FD), que relaciona a área das manifestações patológicas em função
da área total da fachada, de acordo com a Equação 1 (SILVA, 2014).

𝐴𝑑
𝐹𝐷 = (Equação 1)
𝐴
Sendo:
FD – Fator de Dano da fachada (%);
Ad – Área de manifestação patológica observada na amostra de fachada (m²);
A – Área total da amostra de fachada (m²).

Depois de calculado este fator, será possível realizar uma análise inicial de quantificação
da degradação para cada fachada.

2.3 Diagnóstico
Silvestre e Brito (2008) elaboraram uma matriz de correlação anomalias/causas prováveis,
visando apresentar as prováveis causas que incidem na fachada de edifícios em alvenaria
estrutural. As causas prováveis na matriz de correlação estão divididas em falhas de
projeto, erros de execução, ações acidentais, falhas de manutenção e alteração das
condições inicialmente previstas. Além disso, foi apresentada as técnicas de reparo,
prevenção e trabalhos de manutenção para os danos encontrados.

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3 Caracterização do estudo de caso
Os edifícios analisados são classificados conforme a NBR 6118 (ABNT, 2014) como classe
de agressividade ambiental II, agressividade moderada e risco de deterioração da estrutura
pequeno, tendo em vista estudos apresentados por VILASBOAS (2013).

3.1 Coleta de dados


Os dados preliminares de identificação dos empreendimentos analisados são apresentados
na Tabela 1.

Tabela 1 - Informações preliminares dos edifícios

Edifício A Edifício B Edifício C


Idade (anos) 35 30 30
Engenho Velho da
Bairro São Marcos Patamares
Federação
Número de andares 4 4 3
Pastilha (6x6cm), Pintura e pastilha até a
Acabamento de
cerâmica (35x35cm) e altura 70 cm na fachada Pintura
fachada
pintura sudoeste (lateral B)
Fachada nordeste e
Intervenções
Sim, pastilha em 2012 Não informado sudoeste foram
anteriores
pintadas em 2012
Área da fachada (m²) 448,99 815,0 1.151,93
Projeto de fachada Não Não Não
Sistema Construtivo Alvenaria estrutural Alvenaria estrutural Alvenaria estrutural

4 Resultados e discussões
A análise global das três edificações visa expor um estudo representativo das edificações
na cidade de Salvador, para que possamos entender melhor o seu desempenho frente os
danos que surgem durante a sua vida útil.

4.1 Incidência de manifestações patológicas geral sobre as regiões


tipificadas da fachada
Por meio da Figura 2 é possível observar que, entre as regiões de estudo dos 3 edifícios
apresentados, houve uma variabilidade no surgimento dos danos, isso pode ter se dado
devido ao diferente grau de manutenção que cada um teve durante a sua vida útil e uso de
materiais diferentes nas fachadas. A região da fachada topo teve, nos 3 edifícios, a maior
incidência de manifestações patológicas, devido à falta ou deficiência do detalhe construtivo
na platibanda da edificação.
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120,00%
100,00% 100,00%
100,00%
85,33% 88,06%
81,85%
Fator de Dano (%)

80,00%
68,47% 66,95% 70,13%
57,50%
60,00% 50,21%
48,11%
43,46% 42,93%
37,71%
40,00% 32,19%
22,31%
20,00% 15,52%
11,28%
5,01% 1,75%
0,00%
Edifício A Edifício B Edifício C Média

Paredes contínuas Aberturas Cantos e extremidades Topo Nível do solo (alicerce)

Figura 2 - Incidência de manifestações patológicas geral dos edifícios

4.2 Manifestações patológicas associadas a cada região tipificada da


fachada
A seguir, serão apresentados gráficos com a incidência de danos detectados em relação
às manifestações patológicas em torno de cada região estudada nos prédios.
É possível observar da Figura 3 à Figura 7, que o descascamento de pintura e
manchamento da pintura (bolor ou mofo) foram as manifestações patológicas com maior
incidência. O manchamento da pintura provavelmente foi causado pela ausência de
detalhes construtivos apropriados na platibanda das edificações (rufo, pingadeira).

60,00%
Incidência de danos (%)

50,00%
40,00%
30,00%
20,00%
10,00%
0,00%
Manchamen
Descascame
to na pintura Fissuras
nto de
- Bolor ou mapeadas
pintura
mofo
Paredes contínuas 49,80% 50,06% 0,14%
Figura 3 - Incidência geral de danos em torno de paredes contínuas dos
edifícios estudados

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Incidência de danos (%) 80,00%
70,00%
60,00%
50,00%
40,00%
30,00%
20,00%
10,00%
0,00%
Descasc Mancha
Fissuras
Falha de amento mento -
mapead
vedação de bolor ou
as
pintura mofo
Aberturas 5,57% 0,84% 75,76% 17,83%

Figura 4 - Incidência geral de danos em torno de aberturas dos edifícios estudados

80,00%
70,00%
Incidência de danos (%)

60,00%
50,00%
40,00%
30,00%
20,00%
10,00%
0,00%
Manchame
nto na Descascam
Fissuras
pintura - ento de
mapeadas
Bolor ou pintura
mofo
cantos e extremidade 71,39% 28,55% 0,05%
Figura 5 - Incidência geral de danos em torno de cantos e extremidade dos edifícios estudados

60,00%
Incidência de danos (%)

50,00%
40,00%
30,00%
20,00%
10,00%
0,00%
Manchamento na
Descascamento de
pintura - Bolor ou Fissuras
pintura
mofo
Topo 54,72% 38,08% 7,20%

Figura 6 - Incidência geral de danos em torno do topo dos edifícios estudados

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Incidência de danos (%) 80,00%
70,00%
60,00%
50,00%
40,00%
30,00%
20,00%
10,00%
0,00%
Manchame
Manchas
nto na Descascam Desplacam
de umidade
pintura - ento de ento
na
Bolor ou pintura cerâmico
cerâmica
mofo
Nível do solo 16,84% 67,24% 15,90% 0,02%

Figura 7 - Incidência geral de danos em torno do nível do solo (alicerce) dos edifícios estudados

4.3 Principais falhas nas fachadas dos edifícios analisados


De acordo com o apresentado na Figura 8, temos que o manchamento e descascamento
na pintura foram as manifestações patológicas que mais incidiram nos edifícios analisados,
tendo em vista que um dos motivos é devido ao revestimento em pintura ter uma maior área
na fachada do que pastilha e cerâmica. Desta forma, a depender do seu grau de dano,
torna-se necessário lavar periodicamente a fachada e realizar a pintura da mesma, pois a
temperatura e a umidade relativa do ar em Salvador são propícias para o desenvolvimento
do bolor (machas na pintura), pois apresentam variações de 15 a 35ºC e umidade relativa
do ar maior que 75% ANTUNES (2010).

Falha de Manchas de
Desplacamento
vedação umidade na
cerâmico
Fissuras 2,555% cerâmica
0,001%
mapeadas 0,990%
10,038%

Manchamento
Descascamento na pintura -
de pintura Bolor ou mofo
37,610% 48,805%
Figura 8 - Manifestações patológicas encontrada nos edifícios

As fissuras denominadas mapeadas, por apresentar direções aleatórias no revestimento,


indica que a argamassa está sofrendo retração hidráulica, ocorrendo, portanto, a redução
do seu volume devido à perda de água por meio da evaporação, já que a fachada se

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encontra exposta de forma constante e intensiva ao sol e/ou ao vento. Além de depender
do teor de agregado fino e de cimento da mistura.
No que se refere à falha de vedação, esta ocorreu no edifício A. Essa manifestação foi
percebida, pois a parte interna da alvenaria – interiores dos apartamentos – apresentaram
empolamento da pintura e manchas intensas provenientes da infiltração da água da chuva.
A causa desse dano está relacionada com a deterioração avançada do rejunte das placas
cerâmicas. Com isso, recomenda-se realizar manutenções periódicas na fachada com a
recomposição do rejunte.
A fachada leste do edifício A apresentou manchas de umidade na cerâmica, cuja causa se
refere ao vazamento do sistema de distribuição de água localizado no banheiro.
O desplacamento cerâmico teve uma ocorrência consideravelmente baixa nos edifícios
analisados, visto que, no edifício A, o revestimento cerâmico foi colocado há apenas 5 anos
(2012), apresentando em sua maior parte, um desempenho satisfatório. No entanto, os
pontos onde ocorreram esse dano, podem estar relacionados à erros durantes a execução
do assentamento das placas cerâmicas, impedindo a aderência adequada entre a
argamassa e as placas.

4.4 Matriz de correlação anomalias / causas prováveis


Visando apresentar as causas prováveis das principais anomalias analisadas nos edifícios
estudados, foi utilizada a ferramenta de apoio à classificação de anomalias elaborada pelo
pesquisador José Silvestre juntamente com Jorge de Brito, em 2008.

Tabela 2 - Matriz de correlação causas prováveis / manifestação patológica

Manifestações Patológicas (M)


Manchas de
Fissuras Falha Descascamento Manchamento Desplacamento
umidade na
mapeadas vedação de pintura na pintura cerâmico
cerâmica
A1 X X X
Causas Prováveis (C)

A2 X X
C1 X X X X X
C2 X
C3 X
C4 X X X X X X
C5 X X X X
B X X X
D X X X
A – Falhas de projeto. C - Ações ambientais.
A1 – Escolha de materiais incompatível, omissa, ou não C1 – Chuva dirigida.
adequada à utilização. C2 – Radiação solar.
A2 – Ausência de pingadeiras. C3 – Choque térmico.
B – Ausência de manutenção. C4 – Focos de umidade.
C5 – Envelhecimento natural.
D – Erro de execução.

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Normalmente o surgimento de uma manifestação patológica está associado a mais de uma
causa, como pode ser percebido na Tabela 2. Como se pode perceber, as causas prováveis
que tem maior correlação com as manifestações patológicas são focos de umidade (C4) e
chuva dirigida (C1) e a manifestação patológica que possui maior influência das prováveis
causas é descascamento de pintura. Com isso, recomenda-se realizar projeto de
revestimento de fachadas visando escolher materiais adequados, projetar detalhes
construtivos eficientes nos peitoris e nas platibandas, essenciais para apresentar maior
durabilidade da fachada, além de maiores detalhamentos em projeto.
É necessário projetar considerando todas as ações ambientais inerentes ao local da
construção, pois de acordo com a Tabela 2 foi a que apresentou maior influência no
surgimento dos danos encontrados no empreendimento.

4.5 Mapeamento das manifestações patológicas


Neste item, será apresentado (Figura 9 a Figura 18) o mapeamento das manifestações
patológicas usados para calcular o fator de danos e incidência de danos das fachadas dos
três edifícios analisados.

4.5.1 Edifício A

Figura 9 - Mapeamento das manifestações patológicas da fachada sul (sem escala)

Figura 10 - Mapeamento das manifestações patológicas da fachada leste (sem escala)

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Figura 11 - Mapeamento das manifestações patológicas da fachada norte (sem escala)

4.5.2 Edifício B

Figura 12 - Mapeamento das manifestações patológicas da fachada sudeste (sem escala)

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Figura 13 - Mapeamento das manifestações patológicas da facada sudoeste (sem escala)

Figura 14 - Mapeamento das manifestações patológicas da facada nordeste (sem escala)

4.5.3 Edifício C

Figura 15 - Mapeamento das manifestações patológicas da facada noroeste (sem escala)

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Figura 16 - Mapeamento das manifestações patológicas da facada sudeste (sem escala)

Figura 17 - Mapeamento das manifestações patológicas da facada sudoeste (sem escala)

Figura 18 - Mapeamento das manifestações patológicas da facada nordeste (sem escala)

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5 Conclusões
As manifestações patológicas, nos prédios em estudo, com maior incidência foram:
manchamento na pintura (48,805%), descascamento de pintura (37,61%), fissuras
mapeadas (10,038%), falha de vedação (2,555%), manchas de umidade na cerâmica
(0,99%) e desplacamento cerâmico (0,001%). Mas é de se observar que na fachada dos
prédios em sua maioria o revestimento era em pintura.
As regiões analisadas nas edificações estudadas com maior incidência de dano foram: 1º
topo (70,13%), 2º paredes contínuas (66,95%), 3º cantos e extremidades (50,21%), 4º Nível
do solo (37,71%) e 5º aberturas (32,19%). A região abaixo das sacadas não apresentou
manifestações patológicas expressivas. A região topo obteve a maior incidência de
manifestações patológicas, provavelmente devido à falta ou deficiência do detalhe
construtivo na platibanda da edificação.
Ações ambientais, falhas de projeto, erro de execução e ausência de manutenção são as
principais causas prováveis de manifestações patológicas em alvenaria estrutural nos
empreendimentos estudados com base na matriz de correlação adaptada em 2008 por José
Silvestre e Jorge de Brito, que leva em consideração também os erros de execução, ações
acidentais, falhas de manutenção e alteração das condições inicialmente previstas.
Os empreendimentos analisados neste trabalho, ainda carecem de um planejamento para
realizarem manutenções estabelecidas pela NBR 5674 (ABNT, 2012) o que causa uma
elevação dos gastos futuros com a manutenção corretiva.
Os proprietários dos edifícios devem seguir o especificado no manual de uso, operação e
manutenção dos edifícios, elaborados conforme a norma NBR 14037 (ABNT, 2014) por
profissionais qualificados da construção civil, para que desta forma, a construção possua o
desempenho esperado ao longo de toda a sua vida útil.

2 Referências
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 14037. Diretrizes para
elaboração de manuais de uso, operação e manutenção das edificações - Requisitos para
elaboração e apresentação dos conteúdos. Rio de Janeiro, 2014.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 5674. Manutenção de


edificações - Requisitos para o sistema de gestão de manutenção. Rio de Janeiro, 2012.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6118. Projeto de estruturas


de concreto - Procedimento. Rio de Janeiro, 2014.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 15575-4 – Edificações


habitacionais - Desempenho. Sistemas de vedações verticais internas e externas - SVVIE.
Rio de Janeiro, 2013.

ANTUNES, G. R.. Estudo de manifestações patológicas em revestimento de fachada


em Brasília: sistematização da incidência de casos. Dissertação de Mestrado em
Estruturas e Construção Civil. Universidade de Brasília, 2010.

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BAUER, R. J. F.. Patologias em alvenaria estrutural de blocos vazados de concreto.
Caderno Técnico Alvenaria Estrutural – CT5, São Paulo: Mandarim, 2007.

BOTO, M. G. Plano de manutenção de fachadas em edifícios na zona costeira. 2014.


Dissertação (Mestrado) - Universidade Fernando Pessoa, Porto. Disponível em:
<www.bdigital.ufp.pt/bitstream/10284/4188/1/Dissertacao_Maria%20Boto.pdf>. 2014.

LEI Nº 5907/2001. Dispõe sobre a manutenção preventiva e periódica das edificações


e equipamentos públicos ou privados, no âmbito do munícipio de Salvador e dá
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