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UMA ANÁLISE DAS MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS EM

EDIFICAÇÕES DA REGIÃO DO SISAL.

Daniel Marques Ferraz¹, Erick Silva Morais¹, Nicolas Santos Brito¹,


Tânia Maria dos Santos Sena¹, Yuri Souto dos Santos¹

(ddarkbr@gmail.com, Erick_fsa9@hotmail.com, nicolassantosbrito2001@gmail.com,


taniasantossena@hotmail.com, yurisouto2017@gmail.com)

Professora orientadora: Me. Tatiana de Andrade Spinola

RESUMO

O trabalho apresenta um estudo sobre manifestações patológicas que impactam


edifícios nos municípios da região sisaleira, considerando fatores como clima e a
economia local. As manifestações patológicas são ilustradas por meio de imagens,
seguidas da apresentação das principais causas dessas manifestações e das
possíveis soluções, as quais são embasadas em contribuições de autores
conceituados, artigos e sites especializados no tema.

Palavras Chaves: Patologias. Fissura. Rachadura. Concreto. Água.

ABSTRACT

The paper presents a study on pathological manifestations affecting buildings in the


municipalities of the sisal region, taking into account factors such as climate and the
local economy. Pathological manifestations are illustrated through images, followed by
the presentation of the main causes of these manifestations and possible solutions,
which are based on contributions from reputable authors, articles, and specialized
websites on the subject.

Keywords: Pathologies. Crack. Fissure. Concrete. Water.

1. METODOLOGIA

¹Graduação em Engenharia Civil – AGES Sr. do Bonfim


O trabalho foi realizado no modelo de pesquisa bibliográfica e estudo de caso,
foi realizada uma pesquisa bibliográfica nas principais referências sobre patologias,
sendo consultadas as normas técnicas ABNT NBR 6118/2023 - Projeto de Estruturas
de Concreto e a NBR 14931- Execução de Estruturas de Concreto, além de obras
como as de Gildeon Oliveira de Sena, Patologia das construções. Também foi
utilizado alguns artigos e estudos de casos, buscados através do google acadêmico;
alguns blogs e sites empresariais que atuam na área da construção civil, em
específico, e tratam de temas como manifestações patológicas também foram
utilizados. A pesquisa foi de suma importância na identificação das patologias e nas
propostas de soluções indicadas pelos autores. Para informações específicas sobre a
região do sisal, foi utilizado principalmente dados do Instituto Brasileiro de Geografia
e Estatística - IBGE, e um estudo de caso sobre o território do Sisal de Filipe Prado
Macedo da Silva.

Em seguida, foi realizado um estudo de caso tendo como objeto os prédios


das edificações dos Lions Clube em Queimadas-BA, a Escola Municipal Sítio do Félix
em Itiúba-BA e o Posto de Saúde de Cansanção-Ba. As edificações foram inspecionas
e as patologias foram identificadas e avaliadas.

2. INTRODUÇÃO

Devido às semelhanças climáticas das localidades que compõem o território


do sisal, a pesquisa se dedica a identificar as patologias presentes nas edificações da
região, levando em consideração as particularidades que afetam diretamente a
durabilidade e a integridade dessas estruturas, como as características do solo e os
métodos construtivos locais, que podem contribuir para o surgimento de anomalias
nas construções.

“[...] o Território do Sisal. Localizado no semiárido da Bahia, abrange vinte


municípios: Araci, Barrocas, Biritinga, Candeal, Cansanção, Conceição do
Coité, Ichu, Itiúba, Lamarão, Monte Santo, Queimadas, Retirolândia, São
Domingos, Quijingue, Nordestina, Santaluz, Serrinha, Teofilândia,Tucano e
Valente.” (DA SILVA 2017, p.151).
Figura 01: Região do Sisal. Calilanoticias, 2021.

Apesar de já haver alguns trabalhos que tratam de manifestações patológicas,


https://www.calilanoticias.com/2021/09/covid-19-territorio-do-sisal-tem-apenas-
100-casos-ativos-na-soma-de-todos-municipios-veja-outros-dados
poucos abordam diretamente a região sisaleira, sendo necessário um estudo
aprofundado na região. Este estudo se fundamenta na necessidade de compreender
e enfrentar os desafios que a indústria da construção encara no Território do Sisal,
além das principais manifestações patológicas que assolam os prédios públicos de
alguns dos municípios da região. Este artigo propõe preencher uma lacuna no
conhecimento técnico-científico relacionado à construção oferecendo informações
valiosas não apenas para profissionais do setor, mas também para o público em geral,
com o intuito de aprimorar a qualidade das construções na região.
A região Sisaleira se diferencia principalmente pela particularidade econômica
da produção do sisal. Segundo o IBGE (2022), a população estimada da região é de
592.939 pessoas, com uma densidade populacional aproximada de 41,81
habitantes/km². Segundo Da Silva (2017), mesmo possuindo uma forte atuação de
instituições e intervenientes sociais, o Território do Sisal apresenta um dos piores
indicadores econômicos e sociais da Bahia e do Brasil.
A partir dessa análise, o estudo tem como propósito estudar e apresentar
soluções para as patologias apresentadas, com a finalidade de prevenir e mitigar tais
patologias. "Define-se como patologia das estruturas a área responsável pelo estudo
das origens, formas de manifestação e consequências, bem como dos mecanismos
responsáveis pela ocorrência dos defeitos em construções civis." (WEIMER, 2018,
p.14). Adicionalmente, essa pesquisa desempenha um papel fundamental na
disseminação do conhecimento e das boas práticas na indústria da construção, com
o propósito de elevar a qualidade das edificações na região sisal.
O trabalho apresenta através de fotografias as manifestações patológicas
descobertas no local e indica as suas principais possíveis causas, soluções e nível de
urgência para a realização dos devidos reparos.
A construção civil tem se preocupado na produção de obras com um teor de
qualidade muito grande e em curto espaço de tempo, o mercado tem-se tornado cada
vez mais exigente, mas apesar da globalização e com tanta informação ainda existem
erros construtivos que ocasionam patologias que se apresentam nas edificações
causando desconforto, retrabalho e aumento de custos, sendo estas situações
completamente indesejáveis para seus usuários.

3. DESENVOLVIMENTO
3.1. Queimadas - Bahia

Figura 02: Lions Clube, Queimadas-BA. Tribuna da Bahia, 2021.

Um dos prédios analisados, “Lions Clube” está localizado entre a Travessa


https://www.calilanoticias.com/2021/09/covid-19-territorio-do-sisal-tem-apenas-100-casos-ativos-
na-soma-de-todos-municipios-veja-outros-dados
Lions Clube e Rua Lions Clube, Centro, município de Queimadas-BA. O clube já
passou por várias reformas com datas distintas.

Localização das patologias: Muro adjacências dos Lions (figura 03).


Patologias: Fissuras e trincas na direção vertical, localizadas na junção entre
o muro e a coluna.

Figura 03: Muro adjacências dos Lions,2022. Autor.

Principais possíveis causas: MEDEIROS E FRANCO (1999) explanam que


a origem das fissuras e trincas de paredes variam entre interna e externa, sendo as
externas provocadas por choques e cargas que são transmitidas à parede. As
manifestações internas são provocadas pela ação da mudança da temperatura e da
umidade, que provocam movimentações de contração e expansão causando assim
as fissuras e trincas.

Soluções indicadas:
ALVES (2021) cita que é recomendada a execução de chapisco, aplicado com
rolo de lã, como reforço de aderência entre a alvenaria e a estrutura de concreto.

“Para ancorar as paredes e prevenir as fissuras de interface são empregados


tradicionalmente os chamados ferros cabelos - fios de aço para concreto
armado de espessura ente 4 e 6 mm - e mais ultimamente as telas metálicas
eletrosoldadas de arame de pequeno diâmetro (até 2,1 mm).” (MEDEIROS E
FRANCO, 1999, p. 13).

Um dos problemas enfrentados pela construção civil na região do sisal é a


baixa qualificação técnica dos profissionais, que fica evidente ao presenciar situações
como a apresentada à cima, que a utilização da ancoragem entre a parede e a coluna
poderia ter evitado o problema ocorrido.
O muro não parece apresentar um comprometimento da resistência lateral,
sendo necessário observar se as trincas e fissuras estão crescendo, mas se trata de
um problema de fácil solução e sem risco direto a vida humana. É recomendado que
haja a devida manutenção do muro assim que possível.

Localização das patologias: Muro adjacências dos Lions (figura 04).


Patologias: Foi observado a falta de cobrimento em alguns pilares do muro,
deixando assim visíveis suas armações. A espessura e qualidade do concreto do
cobrimento influenciam no aparecimento de fissuras transversais a armadura, onde
atendendo as espessuras mínimas e qualidade adequada do concreto que é feito o
elemento, o aço é protegido de aparecimento e evolução de corrosões.

Figura 04: Muro adjacências dos Lions, 2022. Autor.

Principais possíveis causas: o que pode ter levado a estrutura a esse ponto
seria o não cumprimento da norma listada na (ABNT, 6118:2023), que orienta
adequadamente a espessura do cobrimento, também podendo ter sido falha técnica
na execução, a não utilização dos produtos construtivos de forma adequada e não ter
seguido as especificações do fabricante.
O cobrimento é fundamental para garantir alta durabilidade e bom
desempenho de uma estrutura, impedindo o surgimento de corrosões. A
proteção física é dada pela impermeabilidade do concreto de boa qualidade
e homogeneidade, a proteção química se dá pela película protetora da
armadura e a proteção mecânica que o cobrimento fornece ao elemento se
dá pela proteção de choques que podem danificar a estrutura. (WEBER, L. F.
L p. 97. 2014).
Para garantir o cobrimento mínimo (Cmín), o projeto e a execução devem
considerar o cobrimento nominal (Cnom), que é o cobrimento mínimo
acrescido da tolerância de execução (Δc). Assim, as dimensões das
armaduras e os espaçadores devem respeitar os cobrimentos nominais,
estabelecidos na Tabela 7.2, para Δc = 10 mm. (ABNT, 6118:2023, p. 19).
Soluções indicadas: Ao encontrar uma estrutura com alto grau de corrosão,
primeiramente deve-se retirar todos os vestígios de oxidação, fazendo assim a
limpeza da armadura, pelo método de jato de areia ou por escovação manual
(MARCELLI, 2007).

[...] para executar a recuperação das armaduras, primeiramente deve-se


retirar a camada de cobrimento onde o concreto está em mal estado,
posteriormente, por jateamento de areia ou água as superfícies da mesma
são completamente limpas, sem vestígios de resíduos de concretos ou
manchas de corrosão (fase 1). [...] na segunda etapa (fase 2) do trabalho de
recuperação, destinado a passivação das armaduras, é aplicado uma ou duas
camadas de revestimento anticorrosivos a base de resinas de epóxi, de
acordo com a necessidade, sendo que a segunda caso precise deve ser
aplicada a partir do momento que a primeira estiver completamente seca.
Posteriormente (fase 3) é executada a camada de regeneração do concreto
utilizando argamassas a base de sílica ativa, cimento e reforçadas com fibras
permitindo um acabamento liso. E por fim, é executado uma camada
protetora de tinta contra carbonatação (fase). (PELIICER et al., 2016, 2007,
p. 6).

O processo de corrosão por conta da falta de cobrimento está bastante


avançado, deixando à mostra boa parte de sua ferragem, por isso é necessário
realizar as soluções propostas para evitar qualquer tipo de acidente.
A respeito do cobrimento nominal mínimo da estrutura, basta seguir a Tabela
a seguir, que traz a Correspondência entre classe de agressividade ambiental e
cobrimento nominal para ∆c=10 mm.
Figura 05: Projeto de estruturas de concreto. Fonte: ABNT, 6118:2023, p. 20).

Localização das patologias: Laje sobre o banheiro. (Figuras 06 e 07).


Patologia: Foi observado pontos de segregação nas extremidades da laje do
banheiro, que também serve de base para o reservatório de água.

Figura 06: Laje sobre o banheiro dos Lions, 2022 Figura 07: Laje sobre o banheiro dos Lions,
Autor. 2022. Autor.

Principais possíveis causas: “Os componentes do concreto no estado


fresco estão sujeitos à separação durante o transporte, lançamento e adensamento.
Esta separação é chamada de segregação e tem efeitos bem conhecidos nas
construções” (RIBEIRO, 2006 apud NASCIMENTO, 2012, p. 43). Segundo a NBR
14931 (ABNT, 2004) estabelece os parâmetros que devem ser seguidos para evitar
essa patologia, o uso excessivo de vibração causa a separação dos agregados,
acumulando na parte inferior aumentando o número de vazios, e o uso incorreto das
formas pode acarreta na segregação.
Os casos de criação de juntas de concretagem não previstas, por
deslocamento lateral das fôrmas, ou de fuga de nata de cimento pelas juntas
ou fendas das fôrmas, provocando a segregação do concreto, com sua
consequente desagregação, na maioria dos casos acompanhada de
fissuração. Qualquer um destes casos implicará o surgimento de quadros
patológicos [...]. (SOUZA e RIPPER, 1998, p.71).

Soluções indicadas: A solução indicada é a remoção do concreto


desagregado (trecho afetado pela segregação) e a aplicação da argamassa polimérica
estrutural, que consiste numa mistura de cimento, materiais inertes, polímeros
acrílicos e aditivos, que tornam a argamassa mais fluida, e, portanto, mais fácil de
aplicar, aumentam a resistência à tração e compressão, além de reduzir a evaporação
da água, evitando assim o surgimento de vazios no concreto; essa solução é indicada
para segregações com profundidade de até 5 cm. Para profundidades superiores,
recomenda-se a remoção do concreto desagregado e aplicação do graute cimentício,
que é um microconcreto com uma concentração de cimento muito maior do que o
concreto convencional, alta resistência, baixa viscosidade e alta fluidez, usado para
preenchimentos de espaços vazios em reparos estruturais.
A patologia não está oferecendo danos críticos à estrutura, entretanto, pode
progredir deixando a armadura exposta às intempéries da natureza e permitir a
infiltração na laje.

3.2. Itiúba – Bahia

Figura 08 - Escola Municipal do Povoado Sítio do Félix, Itiúba/BA. (Em reforma), 2023. Autor.
O estudo a seguir foi realizado no prédio da Escola Municipal Sítio do Félix,
localizada no Povoado Sítio do Félix, zona rural do município de Itiúba/BA.
Localização das patologias: Parede interna, parede externa e piso externo.
(Figuras 09, 10, 11 e 12).
Patologias: Um tipo patologia bastante comum em edificações do Território
do Sisal, é a presença de trincas, fissuras e rachaduras; a ABNT NBR 9575 considera
fissura como aberturas de até 0,5 mm, trinca quando essa abertura varia de 0,5 a 1,0
mm, rachadura de 1,0 a 1,5 mm e fenda quando essa ruptura é superior a 1,5 mm.

Figura 09 - Escola Municipal do Povoado Sítio Figura 10 - Escola Municipal do Povoado Sítio do Félix,
do Félix, Itiúba/BA. Parede interna, rol, 2023. Itiúba/BA. Parede externa, 2023. Autor.
Autor.

Figura 11 - Escola Municipal do Figura 12 - Escola Municipal do Povoado Sítio do Félix,


Povoado Sítio do Félix, Itiúba/BA. Itiúba/BA. Piso externo, 2023. Autor.
Parede externa, 2023. Autor.

Segundo Duarte (1998), tais rupturas podem ser consideradas ativas ou


passivas, sendo fissuras ativas aquelas que sofrem variações em sua espessura e
comprimento quando sujeitas a variações nos meios que as causam, ou seja, essas
fissuras estão em constante evolução, sendo influenciadas por mudanças na estrutura
que as envolve, podendo se expandir ou contrair em resposta a tensões ou
movimentações na construção. As fissuras passivas, por sua vez, comportam-se de
maneira estável e não apresentam alterações significativas em sua espessura ou
comprimento, independentemente das condições da estrutura, sendo assim mais
previsíveis, uma vez que também não são afetadas pelas flutuações na carga ou
outros fatores externos. As fissuras passivas podem ser subdivididas em dois tipos
principais: "sazonais" e "progressivas", onde fissuras sazonais permanecem
inalteradas durante certas estações do ano, enquanto as fissuras progressivas podem
evoluir com o tempo, ainda que de forma relativamente lenta.
Principais possíveis causas: Uma das causas para esse fenômeno é a
variação térmica, haja vista que o concreto é um material que pode ser submetido a
variações de temperatura por influências externas ou internas; essas variações podem
submeter a estrutura ao fenômeno de contração, que gera uma força de tração no
concreto, quando a força de tração submetida é maior que a resistência do concreto,
ocorrem as fissuras, trincas e rachaduras. (RESENDE ET AL, 2021). É importante
levar em consideração as intensas variações de temperatura no território do sisal, que
está situado na região semiárida da Bahia, onde predomina o clima das regiões
tropicais semiáridas, com temperaturas que variam, mínima de 16 °C e máxima 33 °C
(PORTAL SDR-BA).
Nas imagens é possível observar a presença da patologia em praticamente
todos os seus estágios, desde fissuras até fendas; muitas podem ser as causas, como
por exemplo, assentamento diferencial: quando o solo sob a estrutura se compacta
de maneira desigual, falhas no projeto: projetos deficientes, como dimensões
inadequadas ou falta de reforço, movimentação do solo: variações na umidade do solo
ou fenômenos como a expansão de argilas podem afetar a estrutura e falta de
manutenção: a falta de inspeção e manutenção adequadas pode permitir que o
problema se agrave gradativamente.
O edifício em questão, além do prejuízo estético, também corre risco de
desabamento em alguns pontos, como é notório na Figura 11, onde a ausência de
uma verga na janela contribui para a evolução da fenda, colocando a estrutura em
risco, é importante observar que a prefeitura municipal suspendeu as aulas no prédio
e iniciou a intervenção no problema.
Soluções indicadas: Fissuras, trincas, rachaduras e fendas podem
desencadear diversos problemas que vão desde questões estéticas até riscos à
segurança e comprometimento da durabilidade da estrutura, considerando que
fissuras não tratadas podem comprometer a integridade estrutural, colocando em risco
a segurança dos usuários da edificação, além de permitir a entrada de água, o que
pode levar à corrosão das armaduras de aço, enfraquecendo ainda mais a estrutura.
A presença de rachaduras também facilita a penetração de agentes agressivos, como
cloretos, sulfatos e dióxido de carbono, acelerando a deterioração do concreto e
reduzindo sua vida útil. Ademais, a capacidade da estrutura de suportar cargas pode
ser comprometida, resultando em perda de desempenho além de afetar a aparência
da estrutura e causar insegurança às pessoas que residem ou utilizam o imóvel.
Para resolver fissuras e trincas em estruturas de concreto, podem ser
utilizadas diversas técnicas, como a costura de rachaduras com a perfuração de furos
transversais às fissuras e a inserção de barras de aço para reforçar a área, a remoção
e reparo da área afetada, com a reconstrução usando novo concreto, para fissuras
causadas por movimentações térmicas ou estruturais, a instalação de juntas de
dilatação pode permitir a expansão controlada do concreto e evitar o surgimento de
novas fissuras.
De acordo com SAMPAIO (2010), quando a edificação está exposta à
constantes ações térmicas ou elevadas tensões de compressão, uma técnica eficaz
pode ser o desmonte e reconstrução de elementos de alvenaria e substituição da
argamassa danificada, com propriedades melhoradas.

3.3. Cansanção – Bahia

Figura 13: Posto de Saúde. Cansanção-Ba, 2023. Autor.

Analisamos, então, o Posto de Saúde de Cansanção, situado na Av. Luiz


Gomes Buraqueira, em Cansanção, Bahia.
Localização das patologias: Parede interna e externa da sala de
atendimento. (Figuras 14 e 15).
Patologias: Eflorescências, mofo e bolor.

Figura 14: Posto de Saúde, parede interna. Figura 15: Posto de Saúde, parede externa.
Cansanção-Ba, 2023. Autor. Cansanção-Ba, 2023. Autor.

Algumas patologias são causadas pela umidade do ambiente o mofo é um


exemplo.

Principais possíveis causas: “A umidade é o fator primordial para o


aparecimento de inflorescências, ferrugens, mofo, bolores, perda de pinturas [...]”.
(MONTECIELO e EDLER, 2016, p.2).

Segundo Verçoza (1991), a umidade nas construções pode manifestar-se de


diversas formas e tem as seguintes origens: trazidas durante a construção,
trazidas por capilaridade, trazidas por chuvas, condensação e resultante de
vazamento em redes hidráulicas. (MONTECIELO e EDLER, 2016, p.2, apud
Verçoza, 1991).

Segundo a NBR 15.575:2013, a água é o principal agente de degradação de


um amplo grupo de materiais de construção, estando presente no solo, na
atmosfera, nos sistemas e procedimentos de higiene da edificação.
(MONTECIELO e EDLER, 2016, p.2, apud NBR 15.575:2013).

“O termo bolor ou mofo é entendido como a colonização por diversas


populações de fungos filamentosos sobre vários tipos de substrato, citando-se
inclusive as argamassas inorgânicas”. (MOL, Vitor Miranda, 2021, p. 57).

O termo emboloramento constitui-se numa: “alteração observável


macroscopicamente na superfície de diferentes materiais, sendo uma
consequência do desenvolvimento de microorganismos pertencentes ao
grupo dos fungos. O desenvolvimento de fungos em revestimentos internos
ou de fachadas causa alteração estética de tetos e paredes, formando
manchas escuras indesejáveis em tonalidades preta, marrom e verde, ou
ocasionalmente, manchas claras esbranquiçadas ou amareladas”
(LOTTERMANN, 2013, p. 25 apud ALLUCCI, 1988).

De acordo com SENA (2020), o bolor é formado por colônias de micro-


organismos, os fungos, que se alimentam de compostos orgânicos. Alguns dos fatores
que influenciam no aparecimento do bolor são a temperatura, pH e a umidade. O bolor
pode encontrar nas estruturas das construções o ambiente adequado para se
proliferarem, tendo em vista a umidade causada por possíveis infiltrações
provenientes do solo, condensação de vapores da água além de ambientes com
pouca ventilação.

Na figura 15, percebesse outro estagio, quando começa a haver


descolamento da pintura e do gesso nas paredes.

TESTONI (2023) comenta que os fungos, ao procurarem nutrientes no


substrato, comprometem a integridade da pintura ao perfurar o filme de tinta.
Resultando na perda da textura, aderência e cor da tinta. Sendo que em casos mais
sérios o mofo pode causar fissuras e até expor a armadura de aço no concreto armado
em elementos estruturais.

Além de fissuras e mofo, tem-se também o aparecimento de bolhas, manchas


e descascamento nas pinturas de algumas paredes. Esses problemas podem
surgir por vários motivos, como a má aplicação da tinta, o tempo de espera
de secagem do reboco e o excesso de umidade. Cômodos com muita
umidade, que tenham contato direto com a água e que não recebem luz solar
com muita frequência, correm o risco de ficarem mofados com o passar dos
anos. O bolor, que extremamente tóxico para a saúde humana, pode tomar
conta das paredes, do piso e até dos móveis. (HEERDT, Giordano Bruno, et
al., p.13, 2016, apud, HUSSEIN, 2013).

“Já os problemas causados por infiltração de umidade do solo podem ser


evitados com uma correta impermeabilização da viga baldrame” (HUSSEIN, 2013, p.
43 apud VALLE, 2008).

Soluções indicadas:
Segundo WEBER (2016), “fundações não impermeabilizadas ou com falhas
permitem que a água do solo seja absorvida por capilaridade pelas alvenarias que
absorvem esta água, causando o efeito de umidade nos rodapés de paredes”.
WEBER (2016), nos traz que uma das formas de se tratar a área é com a
utilização de impermeabilizante, para revestir e recuperar a área contra a umidade. O
processo se dá através da remoção de todo o revestimento contaminado, que
dependendo da gravidade, pode ser necessário chegar até a alvenaria. Em seguida,
é necessário lavar a região para eliminar os vestígios restantes. Após a preparação
do impermeabilizante, distribui-se o composto nas lacunas das uniões da alvenaria.
Se as falhas tiverem até 2,5 cm de espessura, uma única camada é suficiente, no
entanto, se a espessura for maior, é aconselhável realizar uma segunda aplicação
após a completa secagem da primeira.

4. CONCLUSÃO

Este trabalho buscou contribuir para o entendimento das principais patologias


que podem afetar os prédios de alguns municípios da região sisaleira, neste sentido,
é importante ressaltar a necessidade de mais estudos na área. O trabalho tem perfil
informativo e contribui para o desenvolvimento da utilização de técnicas construtivas,
boas práticas e a importância da qualidade dos materiais e profissionais. Este estudo
almejou enriquecer a compreensão acerca das principais patologias que podem
impactar as construções em determinados municípios da região silsaleira. Destaca-se
a importância de futuras pesquisas nesse domínio. O trabalho busca estimular o
progresso na implementação de técnicas construtivas, na adoção de boas práticas e
no reconhecimento da importância da qualidade, tanto dos materiais quanto dos
profissionais envolvidos.

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