Você está na página 1de 16

Área de Inovação e Tecnologia - Artigo

MAPEAMENTO E ANÁLISE DE MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS DE UM


EDIFÍCIO LOCALIZADO EM AMBIENTE MARÍTIMO

Bruna de Bittencourtª, Cássio Fernando Borges Lahmª, Mariana Barater Nascimentoª e Mateus
Formoloª

a
Engenharia Civil.

Professor Avaliador Resumo


Prof. Fernando Cesar Sartori O presente estudo caracteriza-se pela avaliação das manifestações
patológicas de um edifício localizado no ambiente marítimo, de
forma a identificar as anomalias e suas possíveis causas, com o
objetivo de proporcionar segurança e qualidade de vida aos usuários.
O levantamento de campo permitiu a identificação de fissuras,
Palavras-chave: destacamento de pastilhas, infiltrações no terraço e degradação da
pintura. Todas as patologias são consideradas de baixo risco, porém
Patologias. Edifício. indica-se a realização dos reparos necessários para garantir o bom
desempenho da edificação e evitar o desencadeamento de outras
patologias.

1 INTRODUÇÃO

A construção de edifícios tem utilizado cada vez mais processos tecnológicos visando
atender aos padrões de qualidade e economia. No entanto, a maioria das edificações
apresentam problemas nos quesitos de durabilidade, segurança e conforto, sendo necessário
promover a cultura de verificação e manutenção dos edifícios.
Tecnicamente, de acordo com Nour (2003), a manutenção de edifícios tem sido um
assunto negligenciado dentro dos estudos tecnológicos. Um dos maiores problemas relativos a
esse tema é a falta de conhecimento técnico sobre como fazê-la corretamente, como
diagnosticar um problema e como proceder para solucionar a questão. Além disso, a
manutenção normalmente requer grande quantidade de recursos físicos e financeiros. Aliada a
falta de manutenção está o mau uso das edificações por parte dos usuários que desconhecem
os métodos construtivos e os materiais empregados.
Área de Inovação e Tecnologia - Artigo 2

Segundo Helene (1992), Patologia é a disciplina da engenharia que estuda as origens,


mecanismos, sintomas e causas das anomalias que ocorrem nas construções civis. As
ocorrências de manifestações patológicas de maior incidência nas estruturas são: deformações
geométricas na estrutura, manchas superficiais, fissuras ativas e passivas, corrosão de
armaduras, ninhos (bicheiras), flechas excessivas e degradação química.
As manifestações patológicas podem causar danos de durabilidade da estrutura,
afetando diversos componentes, como alvenaria, emboço, rejuntes, contra piso, revestimento e
outros. A interação entre o meio ambiente e a edificação podem ser muito danosas às
estruturas, apresentando ações físicas, como variações de temperatura, ações químicas
encontradas nas reações álcalis-agregados, ataques por cloretos e sulfatos, carbonatação, etc.
Usualmente, estruturas construídas em ambientes marítimos deterioram-se mais rápido
devido à grande agressividade do meio. Leal (1982) apud Mehta e Monteiro (1994)
descrevem que a água do mar é o principal agente dos processos físicos e químicos de
degradação em localidades marinhas. Todos esses fatores citados afetam de forma negativa
uma estrutura construída em ambiente agressivo
Desta forma, o presente trabalho tem como objetivo analisar as manifestações
patológicas encontradas em um edifício residencial localizado em ecossistema litorâneo,
realizando o diagnóstico de possíveis causas para tais processos. As análises serão
concentradas nos problemas patológicos associados às condições climáticas da região no qual
o edifício se encontra.

2 REFERENCIAL TEÓRICO

O seguinte capítulo visa apresentar fundamentação teórica com características


do local utilizado para o estudo e como funciona as manifestações patológicas nas
construções.

2.1 Caracterização do ambiente marítimo

O ambiente marítimo é característico das área influenciadas pela proximidade com o


oceano. Conforme Serra (2012), este contempla a composição química da água do mar, a
temperatura da água, altura das ondas, marés e nevoeiro marítimo.
De acordo com Lima (2011), a influência da temperatura tende a ser ignorada nas
definições dos processos de degradação, no entanto é extremamente importante, uma vez que
a velocidade das reações químicas duplica com um aumento de 10ºC.
Área de Inovação e Tecnologia - Artigo 3

Como resultado da ação das marés, uma estrutura marítima é exposta duas vezes ao
dia a eventos de molhagem e secagem, e possíveis ciclos de congelamento e arrefecimento. O
nevoeiro marítimo se forma pela ação do vento sobre as ondas, a dissipação das partículas
salinas varia de acordo com o tamanho e pode atingir até de mais de 10 km (Serra, 2012).

2.2 Manifestações patológicas nas construções

Segundo Lopes (2009), a patologia na construção é entendida como o estudo das


anomalias das construções, dos elementos ou dos seus materiais. Por sua vez, a anomalia é
considerada como uma redução do desempenho previsto em projeto, sendo decorrente da
degradação ou da deterioração do elemento ou material em estudo.
Conforme Araujo (2010), em um ambiente marítimo, as estruturas de concreto estão
sujeitas a corrosão pela penetração externa de íons cloreto no concreto de cobrimento. Esta
penetração ocorre devido à constante presença de névoa salina na atmosfera.
Para Figueiredo e Meira (2013), os íons cloreto penetram nos poros do concreto,
conjuntamente com a água e o oxigênio, ao encontrar a película passivadora da armadura,
provocam desestabilizações pontuais.
Perante essas condições, é apresentado pela Associação Brasileira de Normas
Técnicas, NBR 12655:2015, como uma condição especial, bem como na NBR 6118:2004, é
caracterizado como um ambiente de agressividade forte e muito forte as estruturas de
concreto. As normas estabelecem padrões para obter um concreto de qualidade. Determinadas
patologias ocorrem frequentemente, por consequência da falta de manutenção preventiva do
edifício como um todo, abaixo são citadas algumas:
- Fissuras e desagregações – a NBR 6118 determina valores máximos para
fissuração. Em ambientes com nível de agressividade III, onde se enquadram os expostos à
maresia, a abertura das fissuras na superfície de estruturas de concreto armado, não deve
passar de 0,3 mm.
Associada à fissuração está a desagregação, que é a separação física de placas de
concreto, tendo como consequência principal a perda da capacidade de resistência aos
esforços solicitados (SOUZA; RIPPER, 1998).
- Destacamento de revestimento de fachada – é uma das principais patologias que
ocorrem, tendo como impacto imediato a desvalorização do imóvel. Conforme Roscoe
(2008), os destacamentos ocorrem pela perda de aderência entre as placas cerâmicas, e o
substrato, as situações mais comuns costumam ocorrer após cinco anos de conclusão da obra e
devido a possibilidade de acidentes é considerada a mais séria. Para Cichinelli (2006), além
Área de Inovação e Tecnologia - Artigo 4

de cartão de visita, a fachada responde também pela proteção e durabilidade da edificação, em


função disso devem ser utilizados produtos específicos para este fim, pois a vida útil de um
revestimento deve ser pelo menos metade da vida útil da edificação.

2.3 Cuidados para resistir a maresia

Para Nakamura (2004), a durabilidade das edificações pode ser garantida com
cobrimentos maiores das armaduras, e concretos menos permeáveis.
Conforme Helene (1986), a velocidade de corrosão em ambiente marinho pode ser 30
a 40 vezes maior do que em atmosfera rural, sendo que todos os tipos de estruturas podem
sofrer ataques de cloretos, sulfatos e outros agentes agressivos, porém aquelas voltadas aos
ventos dominantes e as superfícies com grande superfície em relação ao volume (pilares e
vigas), estão mais suscetíveis, portanto quanto mais esbelto for, maior será o problema, e os
lugares úmidos e com pouca ventilação também potencialização a corrosão.
De acordo com a mesma fonte quando não é possível obter o cobrimento mínimo
adequado, é possível utilizar recursos como a galvanização da armadura, inibidores químicos,
impregnação de revestimentos impermeáveis sobre a superfície de concreto. Essas técnicas
aliadas a medidas especificas de uso, manutenção e inspeção durante a obra, garantem melhor
desempenho no ambiente marítimo.

3 METODOLOGIA

A pesquisa científica, pode ser definida como uma maneira organizada e sistemática
de responder a algum problema proposto. É utilizada quando não existem informações
suficientes para responder ao problema ou quando as informações disponíveis não estão
organizadas adequadamente. Na pesquisa, devem-se desenvolver inúmeras fases, sempre
apoiadas em métodos e técnicas científicas, com a finalidade de apresentar resultados
satisfatórios. (GIL, 2002).
Neste trabalho, a metodologia adotada foi a pesquisa bibliográfica que consistiu no
estudo de bases teóricas para facilitar o entendimento sobre o tema estudado como teses,
dissertações, monografias, artigos, livros, manuais, revistas, meios eletrônicos, entre outras
fontes. Coletado esse material, foi realizada a leitura das bibliografias obtidas, objetivando
captar definições e terminologias necessárias para a elaboração do trabalho
Após, foi realizada uma vistoria prévia, visual e levantamento fotográfico das
anomalias encontradas na estrutura do edifício em estudo. Através dessa verificação, foram
Área de Inovação e Tecnologia - Artigo 5

enquadradas entre as manifestações patológicas conhecidas, analisando-se as possíveis causas


para tais ocorrências.
.
4 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

O estudo de caso trata-se de um edifício residencial localizado na Rua Moema,


número 1999, município de Capão da Canoa no litoral do Rio Grande do Sul. A distância para
o mar é de aproximadamente 100 m. A Figura 01 apresenta a localização do edifício em
questão.

Figura 1: Localização do edifício.


Fonte: Google Maps (2018)

O edifício possui 14 andares, sendo 3 de garagem, com 8 apartamentos por andar,


totalizando 86 apartamentos. Possui dois elevadores e 3 acessos de entrada (um para pedestres
e dois para automóveis). A construção começou em abril de 1996 e foi concluída em Outubro
de 1999, sendo que a ocupação começou no mês seguinte ao término da construção. A Figura
02 apresenta a fachada do edifício.
Área de Inovação e Tecnologia - Artigo 6

Figura 2: Fachada do edifício.


Fonte: Arquivo pessoal (2018)

O edifício está localizado na segunda quadra contando a partir da orla marítima, em


uma distância aproximada de 100 metros do mar. A região é composta por edifícios de média
altura, de 04 a 12 pavimentos e residências unifamiliares, além de salas comerciais e comércio
ambulante. A topografia do local é plana. A fachada frontal está direcionada para a posição
leste.
O terreno está situado no meio da quadra, sendo limitado pela lateral direita por
edifício com quatro pavimentos e lateral esquerda por edifício com doze pavimentos.
O clima da região é típico litorâneo, com muita umidade relativa do ar e diferentes
picos de temperatura. Verifica-se uma predominância de ventos nordeste e sul e há chuvas
muito frequentes.

4.1 Vistoria

Segundo Mishra (2014), a averiguação preliminar é a mais significativa tarefa para


levantamento de uma estrutura antes de qualquer manutenção. A vistoria irá fornecer
importantes dados analíticos iniciais, que serão usados para avaliação estrutural da estrutura
existente. É costumeiramente um passo a passo da estrutura para avaliação visual dos
componentes estruturais.
Área de Inovação e Tecnologia - Artigo 7

O trabalho de verificação nas dependências do prédio ocorreu no dia 26 de maio,


acompanhado pelo proprietário. Nesta vistoria, o grupo teve como principal objetivo ter uma
visão geral da edificação. Aproveitando a ocasião se buscou conseguir o maior número de
informações referentes a natureza e origem das manifestações patológicas existentes, além da
coleta de dados e imagens para a presente pesquisa.
A partir do levantamento adquirido na primeira vistoria, foi realizada uma vistoria de
caráter exploratório no dia 01 de Junho de 2018.
Com estas duas visitas foram encontradas manifestações patológicas na fachada, laje
do terraço, garagem e dentro de alguns apartamentos da edificação. Nas descrições a seguir
foi elaborado um registro fotográfico da edificação. Esta permitirá chegar a conclusão se os
problemas apresentados são generalizados ou locais.
Reunindo as informações coletadas através da vistoria do local, podem-se resumir as
seguintes características da manifestação patológica:
• Fissuras no gesso do teto
• Fissuras nas paredes internas
• Destacamento das pastilhas
• Infiltrações no terraço
• Degradação da pintura e bolor nas paredes da garagem

4.2 Diagnóstico das manifestações patológicas

Conforme Gomide (2011), diagnóstico técnico da edificação, se trata da determinação


e indicação das anomalias construtivas e falhas de manutenção, mediante auditorias, ensaios
laboratoriais e perícias.
A partir da importância que deve ser dada a dimensão do trabalho de diagnóstico
necessário para um estudo. Foram colhidos dados suficientes na inspeção do prédio, tornando-
se possível fazer uma formulação de um confiável parecer técnico dos sistemas construtivos
utilizados na edificação.

4.2.1 Fissuras no gesso do teto

Foram encontradas trincas e fissuras rasas no teto, próximas às instalações elétricas.


Segundo Stammer (2014), fissuras na vertical ou na horizontal rasas, são aparentes e menos
Área de Inovação e Tecnologia - Artigo 8

preocupantes. Já as rachaduras inclinadas (na diagonal e profundas) sugerem problemas na


estrutura. Estas fissuras podem ter ocorrido devido a contrações e expansões provenientes do
clima, idade e deteriorações ocasionadas pela água. Devido a flexibilidade do gesso, na
maioria das ocasiões, essas trincas e fissuras podem ser reparadas sem o auxílio de mão-de-
obra especializada. Na Figura 3 podem ser observadas as fissuras encontradas na vistoria.

Figura 3: Fissuras no gesso


Fonte: Arquivo pessoal (2018)

4.2.2 Fissuras das paredes internas

Nas argamassas de revestimento, sem que haja movimentação ou fissuração da base, a


ocorrência de fissuras normalmente está vinculada a fatores ligados a execução do
revestimento argamassado, solicitações higrotérmicas, e principalmente por retração
hidráulica da argamassa (BAUER, 1977).
O autor Fiess (2001) defende que, as fissuras em argamassas de revestimento ocorrem
em geral por retração da argamassa com decorrente decrescimento do volume, fenômeno
característico nos produtos à base de cimento ou cal hidratada. Em razão da trabalhabilidade
necessária a argamassa é preparada com excesso de água, o que acentua a retração.
Foi constatado um considerável índice de fissuras na argamassa de revestimento,
possivelmente devido à retração dos componentes, que pode ocorrer pelo excesso de finos de
agregados ou excesso de água. Destacando-se a má impermeabilização, uso de material
Área de Inovação e Tecnologia - Artigo 9

inadequado, concreto de baixa qualidade e elevado grau de agressividade ambiental. A falta


de manutenções preventivas, teve grande contribuição no surgimento das manifestações
patológicas, devido a sua importância na conservação de uma edificação.
Mesmo quando o dano não for relevante, as fissuras permitem a penetração de agentes
agressivos, aumentando a vulnerabilidade da estrutura. A prevenção é simples, basta o correto
planejamento da composição do concreto e a adequada execução.

As Figuras 4 e 5 apresentam fissuras verificadas nas paredes de um apartamento da


edificação.

Figura 4: Fissuras
Fonte: Arquivo pessoas (2018)

Figura 5: Fissuras
Fonte: Arquivo pessoas (2018)

4.2.3 Destacamento de pastilhas

A autora Pezzato (2010) defende que, o destacamento de pastilhas é uma das


patologias mais usuais no sistema de revestimento cerâmico. É considerado destacamento
Área de Inovação e Tecnologia - Artigo 10

quando uma ou mais placas cerâmicas se descolam a base devido a tensões internas do
sistema. Este evento pode acontecer tanto nas paredes quanto em pisos.
São inúmeros os motivos deste transtorno, sendo a principal a incapacidade de fixação
do sistema. Outras causas podem ser citadas, como:

a) escolha de material de assentamento errado por falha de projeto ou


visando reduzir o custo;
b) falha na preparação da argamassa colante, como adição excessiva
de água;
c) variações de temperatura, vento ou chuva, interferindo no
assentamento;
d) mão de obra desqualificada executando um serviço de má
qualidade, como por exemplo: uso de desempenadeira gasta e
poucas batidas na peça para executar a fixação;
e) camada de base instável;
f) falta de juntas de dilatação.

Este dano causado na funcionalidade só pode ser resolvido com assentamento de


novas placas com materiais especificados em projeto. (PEZZATO,2010)

Figura 6: Destacamento de pastilhas


Fonte: Arquivo pessoas (2018)

4.2.4 Infiltração no terraço

O maior causador dessa manifestação patológica em lajes de coberturas e terraços é


falha de impermeabilização ou até mesmo déficit da mesma.
Área de Inovação e Tecnologia - Artigo 11

Havendo uma infiltração través de uma laje de cobertura, primeiramente deve-se ter a
exatidão se existe o sistema de impermeabilização. Caso não exista, a solução é realiza-la por
completo e com perfeição.
Verçoza (1991), relata que a segunda maior causa de falhas na impermeabilização é
devido à má execução dos rodapés. Toda impermeabilização de lajes deve possuir remate, nas
platibandas e paredes vizinhas, por rodapé que estenda até 30m ou 20cm do piso depois de
pronto. Segundo o autor, quando não feito, a água infiltra sob a impermeabilização. Assim, o
rodapé deve ficar bem fixado, com a dobre arredondada.
Na edificação em questão, acredita-se que a infiltração tem-se origem na má execução
dos rodapés, como mostra figura 7.

Figura 7: Infiltração no terraço


Fonte: Arquivo pessoal (2018)

4.2.5 Degradação da pintura e bolor nas paredes da garagem

Em toda extensão da garagem foi constatado manifestações patológicas com origem


do excesso de umidade. O local com incidência constante de umidade e não exposta ao sol
propicia o surgimento de mofos e bolores na superfície.
As complicações de umidade, que podem afetar os componentes construtivos, na
maioria das vezes não têm sua manifestação associada a somente uma causa. Segundo Perez
(1998) apud Segat (2005), apresenta classificação referente à origem do fenômeno e a forma
como se manifesta, indicando que a umidade incidente pode ser resultante:
Área de Inovação e Tecnologia - Artigo 12

a) da fase de obras: umidade remanescente nos materiais utilizados na


construção, se mantendo durante um certo período após o término da
obra, diminuindo gradualmente até desaparecer;
b) da absorção e capilaridade dos materiais: absorção da água existente
no solo pelas fundações das paredes e pavimentos, migrando para as
fachadas e pisos;
c) de infiltrações: água da chuva que penetra nas edificações através dos
elementos constituintes de sua envoltória exterior;
d) da condensação: proveniente do vapor da água que se condensa nas
superfícies, ou no interior dos elementos de construção;
e) de eventos acidentais: umidade oriunda de vazamentos do sistema de
distribuição e/ou coleta de águas de edificações. (PEREZ, 1998 apud
SEGAT, 2005, pg 67)

Portanto, água absorvida pelos materiais é o fator condicionante para o aparecimento


do bolor nos revestimentos, sendo também a temperatura outro fator causador. Nesta acepção,
a condensação, a falta de ventilação e devido a permeabilidade do revestimento a umidade
exterior, constituem fontes responsáveis de umidade, propiciando a concentração de bolor nas
superfícies.

Figura 8: Patologias na paredes da garagem


Fonte: Arquivo pessoal (2018)

4.3 Análise de riscos


Área de Inovação e Tecnologia - Artigo 13

Foi constatado que a nenhuma manifestação patológica na edificação é grave o


suficiente para impedir o seu uso.
No entanto, segundo Gomide (2011), atribuem-se uma classificação do desempenho
constatado, e caracterização da condição de conservação existente, sendo: classe 1,
desempenho adequado ao uso; classe 2, desempenho adequado ao uso com ações preventivas
recomendadas; classe 3, desempenho adequado ao uso com ações corretivas a fazer; e classe
4, com desempenho inadequado ao uso. Tendo a classificação apresentada a seguir:

4.3.1 Fissuras no gesso

Classe 2: Apresenta quantidade significativa de fissuras comprometendo esteticamente o


ambiente. No entanto não impedem a utilização do ambiente, mas se não forem executados os
devidos reparos a vida útil do forro irá diminuir rapidamente.

4.3.2 Fissuras das paredes internas

Classe 3: levando em consideração a ocupação da edificação, não apresenta risco aos


usuários do prédio. Todavia, deve se ter constante monitoramento, pois na ausência de
controle o quadro pode se agravar e alterar a estabilidade das vedações.

4.3.3 Destacamento de pastilhas

Classe 2: A edificação apresenta inúmeros destacamentos de pastilhas na fachada do prédio,


não causando risco aos usuários da edificação. Comprometendo a fachada esteticamente, deve
ser realizado monitoramento dos pontos críticos e manutenção. E ainda se for necessário,
realizar a retirada das antigas pastilhas substituindo por novas.

4.3.4 Infiltração no terraço

Classe 3: Não apresenta um quadro preocupante atualmente. É recomendado a manutenção


nos rodapés o quanto antes possível. Se não feita o quadro pode se agravar comprometendo o
revestimento do terraço e causando novas anomalias no restante da estrutura.
Área de Inovação e Tecnologia - Artigo 14

4.3.5 Degradação da pintura e bolor nas paredes da garagem

Classe 2: A degradação da pintura, bolores e mofos presentes na garagem não causam riscos e
não são preocupantes, interferem somente na estética do ambiente. De qualquer maneira, o
monitoramento e manutenção deve ser feito.

Diante do exposto, classifica-se a edificação, como de sem risco. Mas é aconselhável a


realização de um laudo técnico para a realização de manutenções e reformas nas
manifestações patológicas encontradas na extensão do prédio.

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ao final desta análise, confirma-se a importância da avaliação especifica para cada


caso, visto que as patologias variam de acordo com o tipo e localização da edificação.
Neste caso, apesar de os riscos das patologias que se apresentam serem baixos, é
aconselhável que sejam executados os reparos necessários para evitar que os problemas
evoluam e desencadeiem outras anomalias ao edifício.
Por fim constatou-se que em geral a maioria dos problemas está relacionado com a
fase de construção, projeto com falta de especificações, tipos de materiais utilizados e mão de
obra especializada. Enfim, fica evidente a extrema importância de projeto bem elaborado,
acompanhamento e fiscalização durante a faze de execução das obras para evitar problemas
futuros, que envolvam reformas e ou reparos e que na maioria das vezes, costumam ser mais
onerosos do que o investimento na fase de projeto e execução.
Área de Inovação e Tecnologia - Artigo 15

6 REFERÊNCIAS

BAUER, R.J.F. Patologias em revestimentos de argamassa inorgânica. 1977. Salvador,


CETA/ANTAC, 1977. 133p.

CICHINELLI, Gisele. Patologias cerâmicas. Revista Téchne, Pini, n. 1, 2006. Disponível


em: < http://techne17.pini.com.br/engenharia-civil/116/artigo287385-3.aspx>. Acesso em: 02
de jun de 2018.

FIESS, J.R.F. Fissuras em argamassas de revestimento – Revista de tecnologia e negócios


da construção, São Paulo, ano 10, n.54, p.15, set. 2001.

GOMIDE, T.L.F.; FAGUNDES, J.C.P.; GULLO, M.A. Inspeção predial total: diretrizes e
laudos no enfoque da qualidade total e da engenharia diagnóstica.1ª ed. São Paulo: Pini,
2011. 145p.

HELENE, Paulo. Corrosão em armaduras para concreto armado. São Paulo, PINI:
Insnstituto de Pesquisas Tecnológicas, 1986. Disponível em: < http://www.phd.eng.br/wp-
content/uploads/vendaonline/Corrosao%20em%20armaduras%20para%20concreto%20armad
o.pdf>. Acesso em: 14 de jun de 2018.

LEAL, C.R.L.V.; PAMPLONA, A.D.G. Durabilidade do concreto no litoral de Fortaleza.


Estudo UFC & RFFSA, 1982.

MISHRA, G. The Constructor, Civil Engineering. Home: Inspection of concrete structures


– I. 2014.

NAKAMURA, Juliana. Cuidados para resistir à maresia. Revista Téchne, Pini, n. 1, 2004.
Disponível em: < http://techne17.pini.com.br/engenharia-civil/88/artigo286302-1.aspx>.
Acesso em: 02 de jun de 2018.

NOUR, Antonio Abdul. Manutenção de edifícios diretrizes para elaboração de um


sistema de manutenção de edifícios comerciais e residenciais. Monografia apresentada à
Escola Politécnica da Universidade de São Paulo para obtenção do Título de MBA -
Especialista em Tecnologia e Gestão da Produção de Edifícios. São Paulo, 2003.

PEZZATO, L.M. Patologias no sistema de revestimento cerâmico: um estudo de caso em


fachadas. 2010. São Paulo, EESC. 162p.
Área de Inovação e Tecnologia - Artigo 16

ROSCOE, M.T. Patologias em revestimento cerâmico de fachada. Trabalho de conclusão


de curso de especialização. Escola de engenharia. Universidade de Minas Gerais. 2008.81p.

SERRA, A.H.G. Análise de patologias em estruturas construídas em ambiente marítimo.


Dissertação de Mestrado. Faculdade de engenharia. Universidade de Porto. Porto- Portugal,
2012. 155p.

SILVA, Paulo Fernando A. Durabilidade das estruturas de concreto aparente em


atmosfera urbana. Boletim técnico da escola politécnica da USP. Departamento de
engenharia de construção civil, v. 1, n. 1, 1993.

SOUZA, Vicente Custódio Moreira de; RIPPER, Thomaz. Patologia, Recuperação e


Reforma de Estruturas. 1. ed. São Paulo: Pini, 1998.

STAMMER, Katalin. Rachaduras no teto de gesso: Estrutural? Desgaste temporal?


Disponível em: <https://antoniosantana.com.br/rachaduras-no-teto-estrutural-temporal/>
Acesso em 15 de jun de 2018.

SEGAT, G.T. Manifestações patológicas observadas em revestimento de argamassa:


estudo de caso em conjunto habitacional popular na cidade de Caxias do Sul(RS). 2005.
Porto Alegre, UFRGS. 166p.

VERÇOZA, E. J. Patologia das Edificações. 1991. Porto Alegre, Editora Sagra, 1991. 172p.

Você também pode gostar