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COM TELAS
MECHANICAL EVALUATION OF REINFORCED MORTAR
WITH SCREENS
MUSSE, D. S. (1); CERQUEIRA, M. B. DOS S. (2); LIMA, O. S. (3); BRITO JR., J. A. (4);
GONÇALVES, J. P. (5); SILVA, F. G. S. (6).
(1) Mestranda em Engenharia Ambiental Urbana (MEAU) pela Universidade Federal da Bahia;
(2) Mestranda em Engenharia Civil (PPEC) pela Universidade Federal da Bahia;
(3) Graduando em Engenharia Civil pela Universidade Federal da Bahia;
(4) Graduando em Engenharia Civil pela Universidade Federal da Bahia;
(5) Professor Doutor, Departamento de Construção e Estruturas, Universidade Federal da Bahia;
(6) Professor Doutor, Departamento de Construção e Estruturas, Universidade Federal da Bahia.
Rua Prof. Aristídes Novis, 2 – Federação, Salvador, BA, 40210-630
fgabriel.ufba@gmail.com
Resumo
As manifestações patológicas em revestimento de fachadas podem ser provocadas devido às falhas do
projeto e de execução, tipo de materiais empregados e até mesmo por movimentação térmica do sistema de
revestimento. Para reduzir o aparecimento de fissuras que comprometem a estanqueidade da estrutura,
recomenda-se a utilização de telas com a finalidade de reforçar a camada de revestimento e absorver às
tensões que surgem no sistema devido à variação térmica, incompatibilidade de materiais empregados,
elevada espessura de revestimento ou até mesmo por erros de execução. Apesar das normas brasileiras
NBR 13755:1997 e NBR 13749:2013 recomendarem a utilização de telas no reboco (argamassa armada),
ainda não existe indicação quanto à forma de execução, método de ensaio, assim como, o tipo de tela que
deve ser aplicada. Neste contexto, a utilização de telas na argamassa de revestimento ainda carece de
uma padronização de técnicas de execução e de estudos que analisem o comportamento mecânico
contemplando a variação térmica que o revestimento é submetido e o tipo de material empregado. Sendo
assim, esta pesquisa apresenta o desempenho mecânico de argamassa reforçada com telas, visando
contribuir com o conhecimento da sua aplicação em fachadas. Para tanto, foram estudados três tipos de
telas – sendo uma eletrosoldada galvanizada de malha quadrada de 25x25 mm; outra galvanizada
hexagonal (viveiro) com malha de 12,7 mm e tela hexagonal de PVC com malha de 13,0 mm. Para análise,
as telas foram inseridas com cobrimento de 1 cm em corpos de prova cilíndricos (5cm x 10 cm), nos ensaios
de compressão axial e tração por compressão diametral. Já nos ensaios de flexão e cisalhamento, as telas
foram inseridas a 1/3 e a 1/2 da altura do corpo de prova, respectivamente. Por meio da análise estatística
dos resultados em comparação com as amostras sem telas (referência), constatou-se que não há variação
significativa na avaliação mecânica das argamassas com inserção de telas em corpos de prova.
Palavras-chave: revestimento; argamassa armada; tela.
Abstract
Pathological manifestations in facade cladding can be provoked due to design and execution failures, type of
materials used and even thermal movement of the coating system. To reduce the appearance of cracks that
compromise the structure's tightness, it is recommended to use screens with the purpose of reinforcing the
coating layer and absorbing the stresses that arise in the system due to thermal variation, incompatibility of
materials used, high thickness of Coating or even for errors of execution. Although the Brazilian standards
1 Introdução
2 Materiais e métodos
2.1 Materiais
Neste estudo foi utilizada argamassa industrializada para aplicação em revestimentos
externos e três diferentes tipos de telas disponíveis comercialmente para a função de
reforço que são:
2.2 Metodologia
2.2.1 Caracterização dos materiais
Figura 2- Ensaio de tração das telas. (a) Ensaio de tração Tela 1; (b) Ensaio de tração Tela 2 e (c) Ensaio
de tração Tela 3 (Os autores, 2017).
Fm
σR (Equação 1)
nS
Onde:
σR = Limite de resistência à tração;
Fm = Carga máxima;
n= número de fios longitudinais da amostra;
S = área da seção de cada fio.
Os corpos de prova para avaliação da resistência por compressão axial foram ensaiados
conforme as recomendações da norma brasileira ABNT NBR 5739:2007. Os exemplares
foram armados com telas, com armação de formato circular com as mesmas alturas dos
cp’s (10 cm) e diâmetro de 3 cm, inserida de forma a obter um cobrimento de 1 cm (Figura
3). A moldagem foi realizada primeiramente, inserindo as telas nos corpos de prova e em
seguida, preenchendo-os com quatro camadas de argamassa com adensamento manual
de 30 golpes cada uma, conforme a NBR 7215:1997.
Figura 4- Ensaio de tração por compressão diametral nas argamassas com telas (Os autores, 2017).
Este ensaio foi realizado conforme as recomendações da NBR 13279: 2005 com
velocidade de carregamento igual a 0,05KN/s. As telas foram inseridas nas mesmas
dimensões do corpo de prova (4x16) cm e a moldagem foi executada em quatro camadas,
(a) (b)
Figura 5- Telas com dimensões (4x16) cm (a) e corpo de prova preenchido com 1/3 de argamassa e tela (b).
(Os autores, 2017).
Para estudar a ação cisalhante das argamassas contendo as três diferentes telas em
estudo, foi necessário utilizar 2 corpos de prova de dimensões (7,5x7,5x28,5) cm para
cada tipo de tela inserida na argamassa e também para a argamassa de referência (sem
tela). A moldagem seguiu o mesmo procedimento dos corpos de prova do ensaio de
flexão, no entanto, a tela foi introduzida no corpo de prova na segunda camada de
adensamento, ou seja, na metade do corpo de prova (Figura 6), conforme as
recomendações de Gonçalves et al.(2013).
Como não existe norma brasileira para execução do ensaio de cisalhamento, este ensaio
foi realizado conforme a metodologia desenvolvida por Pinto et al. (2016). Desta forma,
após a cura de 28 dias, os corpos de prova foram cortados em um equipamento de
retífica, eliminando os bordos, de modo a obter o total de 4 corpos de prova de 7,5x7,5x10
(cm) para cada tipo de reforço e ensaiá-los em dispositivos de formato de L,
confeccionados para esta finalidade, como mostrado na Figura 6. Estes dispositivos são
acoplados na base metálica e por meio na prensa, o conjunto é submetido a um
carregamento constante de 0,1mm/s.
A tensão cisalhante foi calculada por meio da equação originada pelo ciclo de Mohr,
conforme mostra a Equação 2.
Ρ 2
máx T (Equação 2)
2A
Onde:
τ = Tensão cisalhante (MPa);
P = Força aplicada (N);
A = Área da seção cisalhada (m2);
3 Resultados
Tabela 1- Caracterização das argamassas conforme a NBR 13281:2005 (Os autores, 2017).
NORMA Argamassa
Determinação
(ABNT, 2005) Industrializada
NBR 13276 Índice de consistência 258,9 mm
NBR 13277 Índice de retenção de água 82 %
NBR 13278 Densidade de massa no estado fresco 1524 (Kg/m³)
NBR13279 Resistência à tração na flexão 2,31 MPa
NBR 13279 Resistência à compressão 5,41 MPa
NBR 13280 Densidade no estado endurecido 1711 (kg/m³)
1/2
NBR 15259 Absorção de água por capilaridade 7,5 (g/dm². min )
NBR 15258 Resistência potencial de aderência à tração. 0,31 MPa
6,00
fc (MPa)
4,50
3,00
1,50
0,00
Sem tela Tela 1 Tela 2 Tela 3
Argamassa Armada
Figura 7- Resultados do ensaio de compressão axial das argamassas (Os autores, 2017).
Este decréscimo pode está associado à posição da tela no corpo de prova e a falha na
aderência, principalmente nas telas mais maleáveis. Além disso, houve um
encapsulamento da parte interna da argamassa e fragilidade da parte externa a esta
armação, uma vez que as telas foram inseridas nos corpos de prova respeitando um
cobrimento de cinco centímetros.
No entanto, de acordo com as análises estatísticas ANOVA, concluí-se que o reforço
fornecido pelas telas não ofereceu mudanças significativas nas propriedades de
resistência à compressão axial. A análise estatística com nível de significância de 5% (α=
0,05) está apresentada na Tabela 4.
Tabela 4- Análise estatística dos valores de Fc encontrados para as argamassas (Os autores, 2017).
Argamassas Fcal Valor-p Fcrítico Significativo
S/ Tela x Armada -Tela 1 1,30 0,32 7,71 Não
S/ Tela x Armada -Tela 2 1,76 0,26 7,71 Não
S/ Tela x Armada -Tela 3 5,14 0,09 7,71 Não
1,20
0,90
ftd (MPa)
0,60
0,30
0,00
Sem tela Tela 1 Tela 2 Tela 3
Argamassa Armada
Figura 8- Resistência à tração por compressão diametral das argamassas reforçadas (Os autores, 2017).
Tabela 5- Valores individuais das resistências à tração por compressão diametral das argamassas (Os
autores, 2017).
Ftd (MPa)
Argamassa Argamassa Arm. Argamassa Arm. Argamassa Arm.
CP
S/ Tela Tela 1 Tela 2 Tela 3
1 0,84 0,88 0,83 0,63
2 0,64 0,97 0,78 0,60
3 0,73 0,86 0,82 0,52
Média 0,74 0,90 0,81 0,58
DesvPad 0,07 0,06 0,04 0,06
CV (%) 9,63 6,36 4,56 9,53
Nota-se que a Tela 1 obteve uma resistência à tração por compressão diametral de 0,90
MPa, seguida da Tela 2 com 0,81 MPa. No entanto, houve um decréscimo de 21,25% na
resistência das argamassas armadas com a Tela 3, comparando-a com as não armadas.
Este decréscimo da resistência pode está associado à incompatibilidade dos fios
entrelaçados e menor dimensão da malha com as características da argamassa. As
análises estatísticas considerando 95% de confiança comprovaram que não houve
variação significativa nos resultados encontrados, conforme apresenta a Tabela 6.
Tabela 6- Análise estatística dos valores de Ftd encontrados para as argamassas (Os autores, 2017).
Argamassas Fcal Valor-p Fcrítico Significativo
S/ Tela x Armada -Tela 1 5,86 0,07 7,71 Não
S/ Tela x Armada -Tela 2 1,31 0,32 7,71 Não
S/ Tela x Armada -Tela 3 5,39 0,08 7,71 Não
3,50
3,00
2,50
Rt (MPa)
2,00
1,50
1,00
0,50
0,00
Sem tela Tela 1 Tela 2 Tela 3
Argamassa Armada
Figura 9- Resistência à tração na flexão das argamassas reforçadas (Os autores, 2017).
Tabela 7- Valores individuais das resistências à flexão das argamassas (Os autores, 2017).
Rt (MPa)
Argamassa Argamassa Arm. Argamassa Arm. Argamassa Arm.
CP
S/ Tela Tela 1 Tela 2 Tela 3
1 2,29 2,67 2,50 2,81
2 2,33 2,43 2,33 2,34
3 2,34 2,89 2,38 2,65
Média 2,32 2,66 2,41 2,60
DesvPad 0,03 0,23 0,09 0,24
CV (%) 1,14 8,71 3,66 9,44
Este aumento da resistência nas argamassas reforçadas foi bastante nítido visualmente,
uma vez que as argamassas contendo tela não apresentaram ruptura brusca comparadas
com a argamassa de referência. Os valores encontrados para a Tela 1 estão associados
à sua melhor capacidade de aderência em matrizes cimentícias, dimensão da malha e
também ao seu maior módulo de elasticidade. No entanto, considerando um nível de
significância de 5% (α= 0,05) na análise da ANOVA (Tabela 8) percebe-se que não
Tabela 8- Análise estatística dos valores de Rt encontrados para as argamassas (Os autores, 2017).
Argamassas Fcal Valor-p Fcrítico Significativo
S/ Tela x Armada -Tela 1 6,35 0,06 7,71 Não
S/ Tela x Armada -Tela 2 2,40 0,20 7,71 Não
S/ Tela x Armada -Tela 3 3,65 0,13 7,71 Não
De acordo com a Figura 10 e a Tabela 9, é possível observar que a inserção das telas
para reforço promoveu um decréscimo na resistência ao cisalhamento ( ), em relação às
argamassas sem reforço de 3,06 %; 12,53% e 5,29% nas Telas 1, 2 e 3, respectivamente.
As fissuras dos corpos de prova ocorreram a 45º no plano longitudinal interno, e
aproximadamente 2,0 cm nas faces transversais.
4,00
3,00
τ (MPa)
2,00
1,00
0,00
Sem tela Tela 1 Tela 2 Tela 3
Argamassa Armada
Figura 10- Ensaio de cisalhamento das argamassas reforçadas (Os autores, 2017).
A tela quando inserida na argamassa possui a função de absorver uma parcela das
tensões, aumentando a rigidez da seção e consequentemente, a resistência do sistema. A
inserção da tela entre as camadas de argamassa não garantiram a completa junção dos
materiais, uma vez que a tela se comportou como uma espécie de zona de transição,
prejudicando a aderência e diminuindo a área resistente da argamassa. Esta redução da
Tabela 10- Análise estatística das resistências ao cisalhamento das argamassas (Os autores, 2017).
Argamassas Fcal Valor-p Fcrítico Significativo
S/ Tela x Armada -Tela 1 0,96 0,38 7,71 Não
S/ Tela x Armada -Tela 2 6,21 0,07 7,71 Não
S/ Tela x Armada -Tela 3 1,92 0,24 7,71 Não
4 Conclusão
5 Referências
GOMES, A.O.; NEVES, C.; SOUZA, S.L.M. Utilização de telas em sistemas de reves-
timentos com argamassa, VII Simpósio Brasileiro de Tecnologia das Argamassas.
Recife, SBTa, 2007.
PINTO, K. W.; GUEDES, R. C. S.; TEXEIRA, O. G.; SILVA, F. G. S.; ROCHA, J. A. L.;
GONÇALVES, J. P. Método de ensaio de resistência ao cisalhamento em materiais
cimentícios, 58º Congresso Brasileiro do concreto, Belo Horizonte, IBRACON, 2016.
POZZOBON, M.A.; ROVEDDER, A.C.; HENN, R.F.; EICHNER, H.; OLIVEIRA, R.B.
Verificação das características de telas metálicas utilizadas para reforçar
revestimentos argamassados frente a esforços de tração. XXVI Congresso Regional
de iniciação científica e tecnológica em engenharia. Rio Grande do Sul, CRICTE,2014.