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Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais
Engenharia de Planejamento & BI (M. Eng.)
Curso de Gestão de Projetos de Engenharia
Filiphe Carvalho dos Santos
O primeiro pacote de trabalho a ser executado seria a construção de uma ilha no mar do sul
da China, terreno onde posteriormente seria construído o aeroporto. A construção da ilha
envolveria a demolição de montanhas rochosas e a movimentação de um grande volume de terra
em atividades de aterro, que por sua vez deveria ser precedida pela limpeza do fundo do mar, a ser
realizada por uma frota de dragas submarinas.
À medida que a ilha do aeroporto tomasse forma, seria iniciado o segundo pacote de
trabalho, a criação de um túnel submerso de 2 km, parte do trecho que ligaria Hong Kong ao
aeroporto. O túnel suportaria 6 pistas, utilizando segmentos de concreto e aço a serem construídos
em uma pedreira a 15 km da saída do túnel, tarefa que envolveria a utilização de embarcações de
grande porte para a movimentação dos segmentos e macacos hidráulicos poderosos para uni-los.
Ao longo da estrada que ligaria Hong
Kong ao aeroporto, havia mais uma travessia
marítima de aproximadamente 5 km, sendo
necessário a criação do terceiro pacote de
trabalho, a construção de duas grandes pontes
duplas, longas o suficiente para cruzar o canal e
alta o bastante para permitir que até os maiores
navios passassem por baixo.
A construção do túnel e da ponte
representavam duas ligações cruciais entre a
cidade e o novo aeroporto, mas agora essas duas
obras precisavam ser conectadas, sendo necessária construção de mais um pacote de trabalhos, a
construção de duas estradas bem no meio de um dos lugares mais engarrafados do planeta.
A primeira era a autoestrada Kwai Chung, que levaria o tráfego do túnel para 15 km ao sul
da costa, em direção à nova ponte, uma autoestrada aérea com 15 pistas de rolamento. A segunda
estrada, o elo final da cadeia, seria a estrada de 12 km chamada North Lantau, que levaria o tráfego
da ponte para o aeroporto.
A estrada North Lantau representava um grande desafio de engenharia, pois o terreno onde
a estrada seria construída era composto de colinas rochosas. Assim, a solução seria estender a costa
1 km para dentro da baía. Dessa forma, a criação do terreno incluiria a dragagem de muito material
do leito do mar, a construção de 9 km de quebra-mar e colocação de 25 milhões de metros cúbicos
de terra atrás do quebra-mar. Então, em cima disso, ficaria o sistema rodoviário, a estrada de ferro
até o aeroporto e toda a infraestrutura de apoio ao aeroporto, incluindo dutos de água, gás, telefone
etc.
Embora a nova estrada fosse benéfica para veículos motorizados, não oferecia muitas
vantagens aos 2,4 milhões de usuários do metrô. Diante disso, foi integrado ao projeto mais um
pacote de trabalhos, um trem de alta velocidade ao projeto, que seria construído em paralelo à
construção do aeroporto. O novo expresso para o aeroporto precisaria de uma grande estação
ferroviária, mas como não havia terreno disponível em Hong Kong, a solução seria a criação de
20 hectares de terra sobre o mar.
O último pacote de serviços a ser construído seria o terminal aeroportuário sobre a ilha
criada para a sua instalação. Entretanto, durante a construção da enorme fundação do terminal, foi
descoberto que as marés forçavam a água dos lençóis subterrâneos para dentro das fundações, algo
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que se não fosse resolvido faria com que a água empurrasse o terminal para fora das fundações.
Assim, foi necessário um acréscimo de serviços não contemplados no escopo inicial do projeto.
Usando enormes bate-estacas, foi necessário comprimir enormes pilares de concreto dentro do
solo, que atravessavam a camada de terra até chegar ao fundo do mar, prendendo o terminal à
rocha, solucionando aquele problema. Após a construção das fundações, as obras do terminal
puderam ser concluídas, coroando todo o projeto.
Embora o prazo para conclusão da obra fosse extremamente curto diante de uma obra dessa
proporção e complexidade, a execução do serviço fora de escopo nas fundações do terminal no
final do projeto contribuiu para o descumprimento do prazo de entrega da obra, algo que poderia
ter sido evitado se fossem coletados e determinados detalhadamente todos os requisitos do projeto,
uma prática hoje apresentada no PMBOK.
Após a devolução de Hong Kong, o governo chinês concordou em dar mais um ano para
conclusão do aeroporto. E no dia 6 julho de 1998, 7 anos após o início das obras, o projeto foi
então finalizado e entregue.