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ESCOLA POLITÉCNICA DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE CONSTRUÇÃO CIVIL

PCC 3231 – Tecnologia e Gestão da Produção de Obras Civis: Princípios e


Fundamentos

RELATÓRIO DE VISITA: CIDADE MATARAZZO

Professor Hermes Fajersztajn


(Turma 3)

Alice Schiavinato de Souza (8555226)

2º semestre / 2017
São Paulo
1) INTRODUÇÃO

No dia 27/09/2017 realizou-se uma visita técnica ao canteiro de obras do


empreendimento Cidade Matarazzo, o qual está sendo construído em uma área de
27.500 m² onde antigamente estava situado o Hospital e Maternidade Matarazzo,
primeiramente construídos para atender a família e funcionários do empresário, o
empreendimento preservará e restaurará parte das instalações destas edificações
históricas, que foram construídas entre 1904 e 1944.

Além do hospital e maternidade, o complexo Matarazzo conta com uma capela, a


qual possui grau máximo de tombamento e não pode ser alterada, já a maternidade
não pode sofrer alterações na fachada, corredores internos e cobertura, enquanto o
hospital apenas necessita preservar a fachada, podendo modificar a configuração
interna. Membros do CONDEPHAAT visitam periodicamente a obra da Cidade
Matarazzo a fim de realizar relatórios e verificações quanto à integridade das
estruturas tombadas. Deve-se ressaltar que os edifícios que foram demolidos para a
atual reforma não eram tombados pelo CONDEPHAAT.

Há cerca de 40 escritórios de arquitetura e engenharia trabalhando conjuntamente


no empreendimento, sendo que cada construtora tem um lote a ser trabalhado. São
previstos na obra, 8 subsolos e 23 pavimentos (22 pavimentos tipo + cobertura), com
finalidade de flat e hotel, sendo que, desde o início das obras, são realizadas
verificações com a vizinhança sobre os impactos causados e alternativas para
minimizá-los são constantemente estudadas.

Em 2016 houve um grande atraso no empreendimento devido à diminuição da


verba aplicada, o que resultou em 6 meses de obras lentas e um atraso substancial
em todas as etapas do cronograma.

2) TECNOLOGIAS UTILIZADAS NA OBRA

O local antes utilizado como maternidade no projeto original, se transformará em


hotel 6 estrelas. O ‘palace hotel’ contará ainda com um túnel subterrâneo para
acomodar a área técnica do edifício. A tecnologia de contenção no início das
escavações para a torre do hotel utiliza estacões com concreto projetado e tirantes no
solo. Houve ainda o ensaio de permeabilidade e qualidade do solo para se definir as
especificações das fundações. Para a realização das lajes da torre, a tecnologia
utilizada foi a do concreto autoadensável bombeado por caminhões betoneira
localizados no nível da rua do entorno do empreendimento. Este tipo de concreto
permite bom nivelamento das lajes e a ausência da necessidade de vibradores,
colaborando para não incomodar a vizinhança próxima.

Quanto à prospecção das fundações do empreendimento, são realizados


desenhos e croquis para balizar as etapas construtivas. O tubulão manual foi uma
tecnologia bastante utilizada na obra. Para as fundações, houve também a aplicação
da tecnologia de ensaio de carga bidirecional , a qual consiste em posicionar um ou
mais conjunto de Células Estáticas Descartáveis (CED) ao longo do comprimento da
estaca e aplicar carga em sentidos opostos buscando o equilíbrio das tensões
atuantes no corpo e ponta da estaca ensaiada. É um ensaio que verifica a capacidade
de carga de fundações e de estruturas por meio da avaliação das deformações obtidas
por meio de uma carga pré-definida e imposta à estrutura analisada.

Outra tecnologia a ser utilizada na obra final será o revestimento das fachadas
com vidros que permitem a entrada de luz solar, mas barram a radiação. O
empreendimento ainda terá diversos tipos de brise para auxiliar no conforto térmico
dos andares.

Há a previsão da construção de subsolos abaixo da capela, com sapatas


associadas de base direta e estacões. As obras dos subsolos serão realizadas com
tecnologia ‘top down’, a qual executa a escavação dos subsolos da capela, sem alterar
a estrutura presente na superfície. É uma técnica utilizada com sucesso em projetos
de alta elevação com subsolos relativamente profundos, bem como em projetos onde
as estruturas são subterrâneas. No local da maternidade, os subsolos serão realizados
sem alterar as fundações já existentes, por meio da tecnologia ‘Cut and cover’.

As fases de engrenharia de solo são acompanhadas semanalmente por empresas


qualificadas, visando manter a integridade e continuidade da obra.

3) PREVISÃO DE OPERÁRIOS

A previsão de trabalhadores na obra para 2019 é de 2300 pessoas, sendo então


necessária a previsão de construções temporárias para acomodar tal demanda de
funcionários, além de refeitórios, banheiros, áreas de vivência, etc, por meio de
estudos de áreas que permitam alocar a demanda necessária com conforto e
segurança, tendo em vista que órgãos como o Ministério do Trabalho e o Sinduscon
visitam periodicamente o empreendimento e avaliam a situação dos trabalhadores. Por
ser uma obra localizada no meio da área urbana, a construção de alojamentos
pretende atender cerca de 300 pessoas, contabilizando que as demais podem se
deslocar facilmente para suas residências ao final do expediente.

4) LOGÍSTICA DE FUNCIONAMENTO DA OBRA

Devido à quantidade de operários presentes na obra, é necessário haver uma


logística de deslocamento de massas, prevendo os horários e quantidades de pessoas
a serem deslocadas por turnos. Tal logística se aplica diretamente ao uso dos
elevadores, os quais têm demanda de 800 pessoas para 3 elevadores, os quais só
podem deslocar poucos operários por vez, necessitando de um planejamento prévio
de horários definidos para o deslocamento de cada conjunto de pessoas. Para isto,
uma das regras impostas no canteiro é que o deslocamento do térreo para o 4º andar
ou 4º subsolo se faz apenas mediante escadarias, além da possibilidade da instalação
de cremalheiras em pontos específicos da obra.

A logística na obra também deve ser aplicada aos equipamentos utilizados e às


áreas que estes irão exercer suas funções, a exemplo da análise do raio de giro das
gruas e o posicionamento conveniente das mesmas para evitar deslocamentos
desnecessários.
As ruas internas à obra foram criadas para auxiliar na movimentação de
caminhões pela obra sem prejudicar a vizinhança, sendo que, por hora, há em média
cerca de 20 caminhões transitando pelo local. As duas ruas internas foram aprovadas
pelo CET, conjuntamente com as portarias criadas para entrada e saída de pessoas e
materiais.

5) GERENCIAMENTO DA OBRA

As etapas de gerenciamento da obra são organizadas mediante cronogramas


detalhados que envolvem: contratos terceirizados; Medidas de condições contratuais
pactuadas; Entendimento do escopo da obra por parte dos contratados; Identificação
do pacote a contratar por parte da contratante; Acompanhamento do plano de contas;
Análise do cronograma físico financeiro (aporte mensal com variação de 5%);
Verificação da produção e desempenho dos contratados; Requisição de alterações de
escopo; Interface com stakeholders; Relatórios de acompanhamento de obra, semanal
e mensal, entre outras etapas.

O cronograma original da obra prevê um gasto de 30 milhões mensais, porém,


para acompanhar esse valor, é necessária uma produção muito rápida e em grandes
proporções, o que, muitas vezes, é impossibilitado por atrasos ou queda de
produtividade.

O acompanhamento das etapas construtivas é feito pelos incorporadores, há uma


brigada de incêndio interna ao empreendimento para emergências, diversas
notificações quanto à procedimentos de segurança aos operários, gestão de resíduos
contaminados, gestão de efluentes, entre outros procedimentos que visam o bom
andamento da obra.

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