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CARTILHA DE PROCEDIMENTOS DE

OBRAS DE LOTEAMENTOS

MARÇO/2012
CARTILHA DE PROCEDIMENTOS DE OBRAS

APRESENTAÇÃO

Há mais de uma década, o mercado consumidor vem se tornando cada vez mais exigente, conhecedor
de seus direitos e consciente em relação aos quesitos mínimos de qualidade em relação a produtos e
serviços adquiridos.

Esta tomada crescente de consciência se traduz, na prática, em clientes cada vez mais exigentes. E as
empresas que não reconhecem e adéquam suas responsabilidades frente às exigências de seus clientes
estão fortemente ameaçadas e correm o risco, inclusive, de não sobreviver em um mercado
extremamente competitivo.

Entenda-se, ainda, que o termo “Clientes” não se refere apenas aos compradores finais de produtos e
serviços; mas a toda a sociedade influenciada, direta ou indiretamente, pelo processo produtivo em
todo o seu ciclo de vida.

Neste cenário, é eminente a necessidade de se considerar aspectos ditos transversais (sociais e


ambientais) e não apenas os aspectos técnicos e econômicos na análise, planejamento e execução de
empreendimentos de engenharia.

Assim sendo, deve-se ter o cuidado de perceber as necessidades e expectativas de acionistas, órgãos
públicos reguladores e licenciadores, comunidades vizinhas, entidades de classe etc.

OBJETIVOS

O presente documento tem o propósito de orientar os engenheiros residentes e demais profissionais


responsáveis pelo gerenciamento de obras de loteamento (parcelamento do solo).

Parte-se do pressuposto que os engenheiros e demais profissionais – próprios e ou subcontratados


(pessoa física e ou jurídica) - possuem o conhecimento necessário (formal, técnico e prático) para a
boa execução dos serviços. Entendendo-se, desta forma, que não há necessidade de se registrar o
“como fazer”.

E, portanto, não é objetivo deste documento orientar para a execução, mas sim, para os pontos críticos
e detalhes importantes que não podem ser esquecidos durante a execução, visando o bom andamento e
qualidade adequada dos serviços a serem executados.

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CARTILHA DE PROCEDIMENTOS DE OBRAS

ÍNDICE

1. SERVIÇOS PRELIMINARES ........................................................................................................ 3

2. TERRAPLENAGEM ...................................................................................................................... 7

3. GUIAS E SARJETAS ................................................................................................................... 18

4. ABERTURA E REATERRO DE VALAS PARA REDES ENTERRADAS ............................... 24

5. DRENAGEM DE ÁGUAS PLUVIAIS ........................................................................................ 34

6. REDE DE DISTRIBUIÇÃO DE ÁGUA POTÁVEL ................................................................... 42

7. REDE DE COLETA E AFASTAMENTO DE ESGOTOS SANITÁRIOS ................................. 45

8. REDE DE ELETRIFICAÇÃO E ILUMINAÇÃO PÚBLICA ...................................................... 48

9. PAVIMENTAÇÃO ....................................................................................................................... 53

10. PROCEDIMENTOS FINAIS PARA ENTREGA DE OBRA ...................................................... 60

BIBLIOGRAFIA................................................................................................................................... 62

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1. SERVIÇOS PRELIMINARES

Nesta seção estão elencados os serviços que devem ser observados antes do início das obras.

Três (3) perguntas chaves que o Gerente da obra deverá ter em mente, desde a primeira visita ao
local da obra e ou o primeiro contato com os projetos:

1) De onde vem a água?


a. Será necessária a execução / extensão de adutora?
i. De quem é a responsabilidade por sua execução?
2) Para onde vai o esgoto?
a. Será necessária a execução de emissário e ou ETE?
i. De quem é a responsabilidade por sua execução?
3) De onde vem a energia?
a. Será necessária extensão da rede existente?
i. De quem é a responsabilidade por sua execução?

ATENÇÃO!!
Estas três utilidades (água, esgoto e energia) devem ser gerenciadas durante toda a obra
para que, no final, não sejam motivos de atraso de entrega do empreendimento.

1.1 Verificações pré-início de obra

 Documentos de Aprovação:
o L.I.;
 TAC (Termo de Ajuste de Conduta) com o MP;
o Licenças Ambientais para trabalhos em APPs;
 Licenças de Corte e Remoção (transporte) de material vegetal (DOF);
o Alvará de Execução da Prefeitura;
o Registro no Cartório;

É muito importante ter arquivados, na obra, todos os documentos referentes às aprovações; em alguns
casos de supressão de mata nativa ou árvores pode ocorrer da Polícia Florestal aparecer na obra por
denuncia ou mesmo por inspeção programada e, caso não existam cópias das licenças na obra, o
Gerente da obra será conduzido ao distrito policial.

 Projetos:
o Levantamento Topográfico / Cadastro;
o Loteamento / Arruamento;
o Licenciamento Ambiental;

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o Complementares (Geométrico, Drenagem, Água, Esgoto, Pavimentação, Eletrificação,


Edificações etc.);

Para um trabalho dinâmico e produtivo, é recomendável, sempre, ter em mãos todos os projetos
referentes ao empreendimento, visto que não restarão dúvidas sobre como executar cada trabalho se as
informações estiverem disponíveis.

ATENÇÃO!!
Certificar que a versão em uso de cada projeto seja a última vigente.

 Visita ao local das obras:


o Projeto de Canteiro de Obras;

O Canteiro de obras deve estar situado em local de fácil acesso e que possa receber todo tipo de
material, principalmente, para caminhões de grande porte, quer seja em tamanho, tais como carretas,
ou em peso, como os caminhões betoneira. Recomenda-se, ainda, que o almoxarifado seja
estrategicamente localizado e que todo material que chegue ou que saia seja devidamente registrado.

Sempre que o empreendimento for dividido em fases, deve-se estudar para que o canteiro de obras
fique localizado em um local estratégico, de tal forma a servir para todas as fases de execução.

É importante verificar, também, se o projeto de canteiro deverá contemplar o Estande de Vendas; pois,
neste caso, deverá ser elaborado em comum acordo com o Departamento Comercial.

A implantação do canteiro de obras deverá constar do contrato do empreiteiro de terraplenagem, ou


outro específico para este fim.

Podem ser instaladas câmeras que transmitam, via Internet, as imagens para monitoramento externo
não só do almoxarifado, como do canteiro de obras no geral. As imagens podem ser, inclusive,
disponibilizadas em um ambiente virtual para que os clientes acompanhem o andamento das obras.

ATENÇÃO!!
A disponibilização de imagens só pode ser feita e ou autorizada em absoluta
concordância com as diretrizes da Diretoria / Superintendência e ou Departamento
Comercial da SCOPEL.

É imprescindível, pois, que os locais dos serviços, em toda a obra, estejam sempre limpos e
organizados: sem resíduos ou restos de materiais espalhados; funcionários uniformizados e com EPI
etc. Deve-se providenciar um sistema de “lava rodas”, a fim de se evitar que a obra provoque sujeira
(terra) no pavimento das vias existentes.

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O Gerente da obra deverá elaborar e implantar, juntamente com o pessoal dos Departamentos
Comercial e de RH, um projeto de comunicação visual que sirva tanto para orientação - organização e
segurança – dos operários, quanto de eventuais clientes que possam visitar as obras.

É aconselhável estabelecer uma rotina com dias e horários fixos em que se permita a visitação às
obras, tanto dos futuros proprietários (que já tenham adquirido um lote no empreendimento), quanto
de clientes potenciais; destacando-se que, para estes últimos, deve-se exigir que estejam
acompanhados de um corretor de imóveis autorizado.

Aconselha-se, ainda, que toda e qualquer visita deva ser previamente agendada. Este procedimento
facilitará o controle de quantas pessoas participarão no dia da visita; além de formar um cadastro de
clientes potenciais.

Note-se que, portanto, que será imprescindível que a obra conte com um sistema de controle de acesso

 Placa de obra: um item que não pode ser esquecido, em nenhuma hipótese, é a placa de obra
com as informações exigidas pelo CREA e demais órgãos licenciadores:
o Nome e Nº de Registro no CREA da SCOPEL;
o Nome e Nº da ART do Profissional (Arquiteto Urbanista) Autor do Projeto;
o Nome e Nº da ART do Profissional (Engenheiro Civil) Responsável pela Obra;
o Tipo/Nome da Obra (ex.: Loteamento Residencial);
o Endereço da Obra;
o Nº do Alvará de Execução expedido pela Prefeitura;
o Nº do Licenciamento Ambiental expedido pelo órgão responsável (IBAMA ou
Secretaria Estadual de Meio Ambiente ou Secretaria Municipal de Meio Ambiente);
o Nº de Registro do Loteamento no Cartório de Registro de Imóveis;
o Telefones de contato.
 Placa de obra padrão “complementar” para abrigar as placas ou informações dos
subempreiteiros e demais fornecedores.

1.2 Marcações topográficas para limpeza das vias

 Serviços Preliminares:
o Limpeza das vias;

A limpeza e abertura das vias, ainda que não considerados os perfis e níveis finais, dá a forma ao
loteamento, facilitando a visualização e a percepção de onde estão os pontos mais preocupantes e os
menos críticos do projeto como um todo.

Para se executar a limpeza das vias, deve-se executar o estaqueamento do eixo do viário e determinar,
exatamente, a faixa de limpeza (apenas o necessário), incluindo:

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 A verificação, demarcação e sinalização dos limites de APP;


 Conferência da poligonal;

É nesta fase que se executa o corte de árvores e destoca, além, obviamente, da remoção da camada
vegetal. É muito importante o Gerente da obra estar atento se os contratos das empresas responsáveis
pela execução das obras contemplam todos os serviços identificados em campo – por exemplo:

 Verificar, in loco, se há necessidade de destoca e conferir, no contrato da empresa responsável


pela limpeza, se este item está contemplado.
 Caso contrário, o Gerente de obras deverá tomar as providências necessárias para negociar e
providenciar o adendo de contrato, preferencialmente, antes do início do serviço.
 Instalação do canteiro de obras:
o Ligação de água;
o Ligação de esgoto;
o Ligação de energia;
o Ligação de telefonia e internet.

No que diz respeito às ligações provisórias para o canteiro de obras, o mais importante é, sempre,
ainda na fase de planejamento para o início da obra, já se fazer a solicitação às concessionárias de
serviços públicos das ligações de água, esgoto, eletricidade, telefonia e Internet; pois, são itens
imprescindíveis ao início da obra, assim como saber se todas as ligações são possíveis.

Caso alguma ligação não possa ser feita em tempo hábil pela respectiva concessionária, deve-se
procurar uma solução alternativa - como exemplo, alguns loteamentos usam poços artesianos ou
freáticos (cacimbas) para iniciar os trabalhos, mas, para ser feito um poço pode demorar até trinta dias
entre escavação, limpeza e instalação da bomba.

Portanto, é imprescindível que as ligações provisórias sejam solicitadas e confirmadas e ou resolvidas


antecipadamente à instalação do canteiro de obras e, obviamente, ao início das obras.

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2. TERRAPLENAGEM

Nesta seção, são apresentadas as verificações imprescindíveis dos serviços de terraplenagem, tais
como:

 Altura máxima das camadas de aterro;


 Grau de compactação solicitado em projeto;
 Umidade ótima de compactação;
 Uso de equipamento apropriado para cada tipo de serviço;
 Cuidados especiais:
o Medidas de contenção de erosão;
o Medidas para se impedir a invasão de APP;
o Medidas de contenção de assoreamento de cursos d‟água;
o Medidas de contenção de emissão de partículas / poeira (especialmente em
loteamentos próximos a áreas já urbanizadas);
 Testes e ensaios usuais.

O Gerente a obra deve garantir que, nos casos em que se aplica, a terraplenagem do clube e das
portarias sejam finalizadas juntamente com a terraplenagem do empreendimento. Para tanto, deverá
gerenciar a execução dos projetos de implantação do clube e das portarias em tempo hábil.

2.1 Início dos serviços

A Terraplenagem é considerada, comumente, pelo pessoal de campo, como a primeira etapa da obra.

Para início da execução da Terraplenagem, o Gerente da Obra (Engenheiro Residente) deve ter em
mãos, os seguintes documentos:

 Projeto de arruamento / loteamento (urbanístico);


 Projeto geométrico (perfis e seções transversais de todas as vias);
 Projeto de terraplenagem, indicando as áreas, em planta, com as respectivas seções e volumes
de cortes e aterros:
o Para tanto, deverá ser providenciado, logo após a limpeza das vias, o levantamento
planialtimétrico „primitivo‟ no eixo das vias.

Observação: o levantamento „primitivo‟ será a base para as medições dos serviços de


terraplenagem; destacando-se que não deverá haver diferenças entre os volumes finais
de cortes e aterros – isto é, os volumes totais de cortes deverão ser, exatamente, a
soma dos volumes de aterro em vias e em quadras.

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Havendo necessidade de importe de material, recomenda-se o cuidado de prever um plano de corte na


jazida, estabelecendo curvas de drenagem na área de empréstimo a fim de se evitar o saturamento do
material em épocas de chuva.

ATENÇÃO!!
Toda e qualquer jazida (terra ou material granular) deverá ser licenciada.

Lembre-se que não devem ser usados solos saturados, nem com presença de matéria orgânica e, muito
menos, solos turfosos. E, ainda, devem ser evitados solos com mica e saibros.

As etapas de um serviço de Terraplenagem (ou Movimento de Terra) se dividem, basicamente, em:


escavação; carregamento; transporte; espalhamento; e, compactação.

2.2 Escavação

No processo de escavação, além dos cuidados para se evitar a saturação do solo, recomenda-se:

1º - Separar a camada superficial de solo orgânico, a qual pode ser usada para proteção de taludes,
principalmente;

 Prever onde será disposto o material vegetal excedente (como por exemplo, em praças).

2º - Estocar, separadamente, o solo subsuperficial para ser usado na última camada de aterro, pois,
em geral, é um solo laterizado que apresenta elevada resistência à erosão quando bem
compactado;

3º - Antes mesmo de iniciar a limpeza da camada vegetal, deve-se prever e executar bacias
(ou lagoas) de retenção de sedimentos a fim de se impedir o assoreamento de cursos
d’água e galerias existentes próximas ao empreendimento que se irá executar.

 Fazer a manutenção periódica das bacias de retenção de sedimentos.

Os equipamentos indicados para a escavação são:

 Trator de esteira (exemplos: D6, D8 etc.) (Figura 2.1);


 Escavadeira hidráulica (Figura 2.2);
 Motoscraper (Figura 2.3).

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Figura 2.1. Trator de Esteira

Figura 2.2. Escavadeira Hidráulica

Figura 2.3. Motoscrapers

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Observações:

1. As Retroescavadeiras (Figura 2.4) são mais apropriadas para escavação e reaterro de valas
para execução de redes enterradas;

Figura 2.4. Retroescavadeira


2. As Pás Carregadeiras (Figura 2.5), como o próprio nome diz, é um equipamento projetado
para “carregar” e não para escavar. É um erro comum o seu uso na execução de escavação;

Figura 2.5. Pá Carregadeira


3. O Motoscraper realiza a escavação, o transporte e o espalhamento e é indicado para o
movimento de terra interno em grandes empreendimentos, com grandes volumes de
terraplenagem.

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2.3 Carregamento

O carregamento do material escavado pode ser feito por meio de Pás Carregadeiras, quando a
escavação for feita por Tratores de Esteira.

As Escavadeiras Hidráulicas executam o carregamento do material escavado, dispensando o uso de


outro equipamento para realizar o carregamento dependendo das condições no local de escavação, tais
como: o volume de escavação e a facilidade de acesso para os caminhões.

Os Motoscrapers, conforme já mencionado, executam o transporte e o espalhamento do material por


eles escavado.

2.4 Espalhamento

Depois de transportado, o solo deve ser espalhado em camadas horizontais, de acordo com o
equipamento compactador, conforme a Tabela 2.1:

Tabela 2.1. Equipamentos Indicados para Compactação do Solo

Equipamento Tipo de Solo Espessura da Número de Velocidade Pressão na


camada (cm) passadas (km/h) pata/pneu ou
(Figura 2.6)
Solo solto peso do rolo
(vibratório)

Rolo Pé de Argila ou Silte 20 a 25 8 a 10 ≤4 2000 a 3000 kPa


Carneiro
Rolo Silte ou areia 30 a 40 4a6 4a6 500 a 700 kPa
Pneumático com finos
Rolo Material 60 a 100 2a4 ≥8 50 a 100 kN
Vibratório granular (brita
/ areia)

Figura 2.6. Rolos: Pé de Carneiro, Pneumático e Liso

Deve-se iniciar o espalhamento do solo, sempre, pelo ponto mais baixo.

O espalhamento do solo pode ser executado por Pás Carregadeiras, Tratores de Esteira ou
Motoniveladoras, sendo este último o equipamento mais indicado para este serviço.

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No caso do solo cuja movimentação seja feita por Motoscrapers, o uso de Motoniveladoras só será
necessário quando se deseja um acabamento mais preciso, como por exemplo, na execução de leitos
de pavimentos.

Para se atingir a umidade ótima, pode haver a necessidade de se irrigar (no caso de solos secos) ou
aerar (para solos úmidos) o solo. Esta necessidade deve ser percebida em função das especificações de
compactação previstas em projeto (as quais dependem do tipo de solo). Deve-se tomar o cuidado para
que o solo seja bem homogeneizado, isto é, tenha a umidade bem distribuída e cuidar para que não
haja torrões, pois estes prejudicam a compactação do solo.

A irrigação do solo deve ser feita com caminhão pipa (Figura 2.7) e a aeração com tratores com grade
(Figura 2.8)

Figura 2.7. Caminhão pipa Figura 2.8. Trator com grade

A verificação da umidade do solo em campo – para checar se está abaixo ou acima da umidade ótima
– pode ser feita, de maneira simples e confiável, por meio do teste da frigideira.

A umidade ótima varia de acordo com o tipo de solo e, é a umidade na qual cada solo apresenta a
capacidade de receber a maior energia de compactação e, consequentemente, atingir sua maior
capacidade de suporte (resistência).

2.5 Compactação

A compactação do solo deve ser executada com equipamentos e parâmetros adequados ao tipo de solo.

O Gerente de Obras deve seguir as orientações de projeto ou do consultor de geotecnia (se houver).
Caso contrário, a Tabela 2.1 (acima) indica os parâmetros usuais a serem seguidos.

Admite-se o uso de trator de esteira (D8 ou maiores) na compactação de material granular (areia).

Aconselha-se o uso de placas vibratórias no acabamento de enroncamentos.

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Observação: quando não se consegue diminuir a umidade do solo (em períodos chuvosos ou em áreas
de lençol freático aflorante, por exemplo) e desde que não seja um caso de “solos moles” (como
turfas) e, ainda, a umidade em excesso não exceda 10% da umidade ótima, pode-se tentar a
compactação com rolo leve (até 1000 kPa).

2.5.1 Controle da compactação

Deve-se verificar se o GC (grau de compactação) e o Δh (desvio da umidade) estão dentro dos limites
especificados em projeto (ou de acordo com as orientações de um consultor de geotecnia).

Estas verificações podem ser feitas de imediato (cerca de 40 a 60 minutos após a execução de cada
camada) caso o laboratório de ensaios tecnológicos contratado tenha domínio sobre o Método de Hilf
ou disponha de uma estufa de raios infravermelhos in loco. Caso contrário, o teste em estufa (padrão)
requer, por Norma, 24 horas para secar o solo.

2.6 Cuidados contra erosões e assoreamentos

Os empreendimentos de parcelamento do solo (loteamentos) provocam, de uma forma geral


(independentemente do padrão), altos índices de impermeabilização do solo, erosão e,
consequentemente, assoreamento de rios, lagos e galerias de águas pluviais.

Mas, não são apenas efeitos danosos “externos” (Figura 2.9) que a impermeabilização do solo
provoca. Podem ocorrer danos às obras do próprio loteamento em questão, caso não sejam tomadas
medidas de contenção da erosão, tais como o rápido recobrimento vegetal (plantio de mudas ou
semeadura). Danos, estes, como os ilustrados na Figura 2.10.

Figura 2.9. Curso d‟água assoreado devido ao carreamento de sedimentos oriundos de erosão

ATENÇÃO!!
Deve-se demarcar e sinalizar cuidadosamente as APP para que não ocorra sua invasão
por saias de aterro; pois isto caracteriza crime ambiental.

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Figura 2.10. Erosões ocasionadas em áreas sem proteção de curvas de nível ou camada vegetal

Na Figura 2.11, apresentam-se bons exemplos de áreas em que foram executadas curvas de nível e
protegidas com cobertura vegetal e não houve qualquer perda de serviços executados.

Figura 2.11. Bons exemplos de quadras com cobertura vegetal e curva de nível

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Alguns cuidados devem ser previstos, antes mesmo do início das obras, para se impedir ou compensar,
ao máximo, estes efeitos danosos ao meio-ambiente e às comunidades dispostas à jusante do
empreendimento.

1. Prever e implantar lagoas de retenção de sedimentos nas porções mais baixas da gleba
(empreendimento);
2. Tomar o cuidado para que a drenagem provisória (durante as obras de implantação do
empreendimento) garanta o caminhamento das águas de chuva diretamente para as lagoas de
retenção e não para cursos d‟água e ou galerias;
3. Preparar o solo (cortes e aterros) constituindo degraus e executando canaletas de drenagem
junto às bermas, conforme Figura 2.12.

Figura 2.12. Posição de canaletas e bermas para drenagem superficial em taludes


Observação: a inclinação dos taludes deve seguir orientação do projeto de
terraplenagem (ou orientação de um consultor de geotecnia), em função
das características do solo.
4. Proteger os taludes próximos aos cursos d‟água com material granular ou pedregoso;
5. Proteger superficialmente, o mais cedo possível, os taludes (de cortes e aterros) com plantio
(ou semeadura) de gramíneas ou leguminosas;
6. Executar canaletas de drenagem em platôs de aterros, prevenindo, principalmente, o
escoamento superficial sobre os taludes;
7. Tomar cuidado especial com aterros que cruzem linhas naturais de drenagem, evitando-se a
formação de “barramentos”, os quais costumam ocorrer, principalmente, em aterros de
sistemas viários.

2.6.1 Medida sustentável contra os efeitos danosos decorrentes da impermeabilização do solo

Empreendimentos que incorporam conceitos de sustentabilidade em sua concepção preveem a


implantação de dispositivos de compensação e mitigação dos efeitos danosos decorrentes da
impermeabilização do solo, tais como os apontados acima.

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Algumas medidas sugeridas dizem respeito à implantação de dispositivos (superficiais e ou


enterrados) que promovam a infiltração das águas pluviais, tais como lagoas artificiais de inundação e
caixas de retenção.

O projeto aprovado na prefeitura local pode contemplar exigências urbanísticas adicionais às


constantes da legislação municipal, conforme rege a Lei 6766/1979. Neste sentido, exigir-se, por
exemplo, que toda construção deva contemplar uma caixa enterrada (cisterna) sem fundo (ou com
fundo permeável) para promover a infiltração das águas de chuva nos lotes; além de mitigar um dos
efeitos da impermeabilização do solo – causador de enchentes urbanas e poluição difusa dos cursos
d‟água – poderá, também, resultar em um dimensionamento otimizado e, portanto, mais econômico,
da rede de drenagem.

2.7 Cuidados contra a emissão de partículas pelo ar

Na fase de execução da Terraplenagem, é comum a emissão de partículas de terra pelo ar. Para se
conter este efeito indesejado, a ação mais indicada é molhar, constantemente, as áreas de movimento
de terra (limpezas, cortes e aterros) por meio de caminhões pipa.

2.8 Sugestão para projeto

Um projeto urbanístico bem concebido, isto é, que otimize os volumes de corte e aterro e, inclusive,
propicie a condução das águas superficiais de forma mais próxima da natural deverá prever as ruas em
forma de meandros, acompanhando as curvas de nível naturais do terreno.

Não é aconselhável, também, a execução de grandes cortes nas quadras (Figura 2.13). Sugere-se que a
acomodação topográfica (concordância com as calçadas) nas quadras seja feita, caso necessário, até a
faixa não edificante – isto é, de 4,0 m a 6,0 m (dependendo da legislação municipal) a partir do
alinhamento frontal dos lotes.

Figura 2.13. Quadras com grandes cortes de terra – prática não necessária

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Vias de grande declividade em linha reta, por sua vez, são um “convite” à erosão; além de, na fase de
operação, propiciar altas velocidades de tráfego – um risco aos futuros moradores.

Uma concepção urbanística que privilegie o traçado em meandros, acompanhando o terreno natural, e
evite traçados de vias em longas retas irá propiciar, também, uma rede de drenagem otimizada e,
portanto, de menor custo de implantação e manutenção.

ATENÇÃO!!
A limpeza e manutenção constante de taludes e platôs durante toda a obra é
imprescindível para se evitar danos aos serviços executados – desta manutenção faz
parte a poda e recomposição da cobertura vegetal, bem como a vistoria e recomposição
– sempre que necessária – das curvas de nível.

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3. GUIAS E SARJETAS

Nesta seção, apresentam-se as verificações imprescindíveis dos serviços de guias e sarjetas, tais como:

 Tipo de guia aceito pela prefeitura local (“americana”, “45”, “sem sarjeta” etc.);
 Alinhamento;
o Marcação do ponto.
 Especificação do concreto;
 Detalhes de emendas;
 Testes e ensaios usuais.

3.1 Execução

Após a execução da limpeza do terreno e da terraplenagem, pode-se proceder à execução das guias e
sarjetas. É imprescindível evitar a erosão sob guias e sarjetas em vias e calçadas (tais como a ilustrada
na Figura 3.1), para isso, as guias e sarjetas só devem ser executadas quando o Gerente da obra tiver
absoluta certeza de que os serviços – no trecho a executar – poderão seguir uma sequência
ininterrupta, a partir de sua execução:

 drenagem => travessias (água e esgoto) => guias e sarjetas => pavimento / regularização de
calçadas.

Figura 3.1. Erosão sob guias e sarjetas

Durante a execução, alguns detalhes são de vital importância para a qualidade final do serviço,
destacando-se:

3.1.1 Alinhamento e nivelamento

O bom alinhamento das guias e sarjetas depende do que se denomina, em obra, de “marcação do
ponto”, procedimento que consiste em marcar, com o auxílio de uma linha esticada, a face interna da
guia, em toda extensão de cada quadra ou canteiro. É por esta linha que o profissional responsável pela
execução do serviço irá alinhar e nivelar as guias – no caso de guias e sarjetas extrusadas, alinha-se o
ferro guia da máquina extrusora à linha de “marcação do ponto”, conforme ilustrado na Figura 3.2.

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Figura 3.2. Detalhe da máquina extrusora e linha guia

3.1.2 Concreto

Apesar de ser muito comum não se dar a devida importância à resistência do concreto usado na
confecção de guias e sarjetas, por não ser considerado um concreto estrutural; o que se vê, na prática, é
que esta falta de atenção acarreta vários problemas, inclusive, no período de operação (pós-ocupação)
do loteamento. Estes problemas são oriundos, principalmente, de tráfego de veículos de carga pesada
(caminhões betoneira, carretas de aço etc.) durante a execução das residências.

Aconselha-se, portanto, que o concreto usado na confecção das guias e sarjetas tenha resistência igual
ou superior a 21,0 MPa.

A Figura 3.3 ilustra problemas resultantes, provavelmente, da pouca resistência do concreto.

Figura 3.3. Guias danificadas devido, provavelmente, à pouca resistência

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CARTILHA DE PROCEDIMENTOS DE OBRAS

E não só a resistência, mas também, a consistência do concreto influi na qualidade do serviço. Um


concreto com consistência plástica ou fluida não dará um bom resultado.

É imprescindível, nesta questão, que o projeto especifique a resistência e a consistência do concreto


para as guias e sarjetas e, que a obra possua controle tecnológico de concreto.

3.1.3 Detalhes construtivos

Detalhes de emendas, não raramente, passam despercebidos; mas são de importância significativa para
manter a qualidade do empreendimento.

Os principais problemas com emendas em guias e sarjetas dizem respeito às emendas de concretagem
(Figura 3.4) e emendas no encontro de bocas de lobo (Figuras 3.5 e 3.6). Ainda na Figura 3.4 (b),
note-se que a guia está toda suja (encardida) – isto não deve ocorrer, em absoluto.

Na Figura 3.5, por exemplo, se, além da grelha na sarjeta, houver necessidade de tampas de concreto
(no passeio) sobre as bocas de lobo, estas deverão ser executadas “atrás” da guia e não “sobre” elas. A
Figura 3.7 ilustra um bom exemplo de execução de recorte em sarjetas para execução de bocas de
leão.

a. Bom exemplo b. Mau exemplo


Figura 3.4. Detalhes de emendas de concretagem em guias e sarjetas extrusadas

Figura 3.5. Exemplos de emendas mal feitas de guias e sarjetas nas bocas de lobo

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Espaço destinado a foto Espaço destinado a foto


do empreendimento do empreendimento
de São João Del Rei de São João Del Rei

Figura 3.6. Exemplos de emendas mal feitas de guias e sarjetas nas bocas de lobo

Figura 3.7. Bom exemplo de guias e sarjetas com recorte para a execução de bocas de leão

Detalhes como a inclinação transversal da sarjeta e a “entrada” na boca de lobo serão discutidos na
Seção 5 (Drenagem de Águas Pluviais).

Outro problema recorrente diz respeito aos remendos, quando necessários. A Figura 3.8 e 3.9 ilustram,
respectivamente, bons e maus exemplos de remendos em guias e sarjetas.

Espaço destinado a foto Espaço destinado a foto


de bom exemplo de bom exemplo
de remendo em guias de remendo em guias

Figura 3.8. Exemplos de remendos bem feitos em guias e sarjetas

Espaço destinado a foto Espaço destinado a foto


de mau exemplo de mau exemplo
de remendo em guias de remendo em guias

Figura 3.9. Exemplos de remendos mal feitos em guias e sarjetas

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CARTILHA DE PROCEDIMENTOS DE OBRAS

3.2 Sugestões para projeto

O projetista e, também, o Gerente de obras deverão estar atentos para as especificações locais
(municipais) a respeito das guias e sarjetas, pois estas podem ser diferentes das usualmente usadas na
maioria dos empreendimentos.

Neste caso, aconselha-se a busca de um entendimento (e aprovação formal) com os responsáveis do


poder público municipal para que possam ser adotadas e executadas guias e sarjetas extrusadas nos
padrões usuais (Figura 3.10).

Figura 3.10. Guia e sarjeta extrusada perfil 60

Caso a legislação local (municipal) permita o uso de guias e sarjetas extrusadas, porém, o perfil usado
no local seja diferente (exemplo: Figura 3.11), o Gerente de obras deverá estar atento para que a forma
da máquina extrusora seja adaptada para o perfil local.

Figura 3.11. Guias e sarjetas extrusadas perfil 50

E, caso as especificações locais não permitam a execução de guias e sarjetas extrusadas e não se
consiga esta permissão para o empreendimento em questão, o Gerente de obras deverá estar atento
para a execução de guias pré-moldadas com sarjetas moldadas in loco de forma convencional (Figura
3.12).

3.2.1 Acessibilidade

O Gerente da obra deverá estar atento, ainda, para que o projeto não deixe de contar com detalhes de
rebaixamentos de guias nas esquinas e que os mesmos sejam devidamente executados.

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CARTILHA DE PROCEDIMENTOS DE OBRAS

Figura 3.12. Detalhe executivo do assentamento de guias pré-moldadas

ATENÇÃO!!
A falta de manutenção de taludes e curvas de nível pode causar danos como ilustrado na
Figura 3.13.

Figura 3.13. Danificação de guias devido à falta de manutenção

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4. ABERTURA E REATERRO DE VALAS PARA REDES ENTERRADAS

Nesta seção, serão apresentadas as verificações imprescindíveis comuns aos serviços de abertura e
reaterro de valas para redes enterradas (drenagem de águas pluviais, rede de água potável, rede de
esgotos sanitários etc.), tais como:

 Alinhamento;
 Berço para assentamento de tubulações;
 Nivelamento;
 Testes e ensaios usuais.

4.1 Início dos serviços

Toda e qualquer abertura de vala só deve ser iniciada após a devida marcação topográfica, indicando a
locação e profundidade da vala.

De maneira geral, a marcação topográfica irá indicar as profundidades das valas no início e final de
cada trecho – isto é, nas posições dos poços de visita ou outros dispositivos (tais como poços de
inspeção ou caixas de passagem).

A abertura de vala, via de regra, é feita por meio de uma retro-escavadeira; porém, para redes de
drenagem e esgotos pode ser necessário, em alguns casos, o uso de escavadeiras hidráulicas, quer seja
devido à profundidade da escavação (pode acontecer em ambos os casos: drenagem e esgotos), quer
seja devido ao tamanho (peso) da tubulação (mais comum em trechos finais da rede de drenagem).

Para o início dos serviços de abertura de valas, o construtor (empreiteiro) deverá ter em mãos:

 Contrato;
 Projetos executivos;
 Memorial descritivo da rede a ser executada, contendo: especificações de materiais,
quantidades, dimensões etc.

4.2 Locação

Para ser possível o início dos serviços de abertura de valas (escavação), deverá ter sido executada,
primeiramente, a locação topográfica1 das redes, compreendendo o estaqueamento de 20 m em 20 m e
referências de nível (R.N.s) a cada 10 estacas ou, invariavelmente, para todos os dispositivos, tais
como PV‟s, BL‟s etc.

1
Assim como no caso da locação topográfica para a execução da Terraplenagem, toda locação, em campo,
deverá verificar a exata posição das cotas do terreno, uma vez que os projetos são orientativos – não
representam, exatamente, o perfil natural do terreno.

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Uma técnica bastante usual, em obra, para se determinar a profundidade de escavação é construir 2
“cruzetas” (Figura 4.1) a serem usadas em 2 PV‟s consecutivos, pelas quais se pode visar uma linha
virtual de mesma cota. Desta maneira, pode-se determinar, entre os 2 PV‟s, as cotas do terreno e,
consequentemente, as profundidades de escavação de tal forma que o fundo da vala fique com a
mesma declividade definida, em projeto, para a tubulação.

Figura 4.1. Detalhe da cruzeta para determinação da profundidade da vala (Fonte: Botelho, 1985)

Observação: o gerente de obras (engenheiro residente) deverá estar atendo para que a topografia faça
o nivelamento e o contranivelamento e que o desvio (erro máximo) seja de 5 mm por km.

Deve-se ter especial cuidado na locação das travessias, pois, certamente, haverá sobreposição de redes
e será necessário verificar se há, no mínimo, 30 cm de distância (vertical) entre a geratriz superior da
tubulação que estiver abaixo e a geratriz inferior da rede que estiver acima; sendo que, no caso de
sobreposição (cruzamento) de rede de água com rede de esgotos, a primeira deverá estar, no mínimo,
40 cm acima da segunda.

É altamente aconselhável que as redes de água e esgotos sejam executadas sob o passeio público
(calçadas), conforme a Figura 4.2, pois, diminui-se o risco de afundamentos no pavimento oriundos de
um reaterro irregular da vala (má compactação).

Alinhamento do lote

Figura 4.2. Exemplo representativo de redes de água e esgotos sob a calçada

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Caso as especificações do poder público municipal e ou estadual (dependendo da empresa de


saneamento local) não prevejam ou, até mesmo, proíbam a execução das redes de água e esgotos sob a
calçada, os projetistas deverão se empenhar em um trabalho de conscientização e convencimento junto
aos responsáveis pela aprovação do projeto e manutenção das redes (empresas de saneamento). Deve-
se trabalhar para que as especificações (regras) sejam alteradas de tal forma que se permita a execução
de ambas as redes (água e esgotos) sob as calçadas.

As redes de água e esgotos sob as calçadas, além de serem mais seguras, têm operação mais prática e
barata (as conexões das ligações domiciliares passam a ser executadas, também, sob a calçada).

Outra sugestão importante, visando a diminuição da ocorrência do vício de construção – má execução


de reaterro de valas sob vias pavimentadas – é a execução de redes “duplas”, isto é, sob as calçadas de
ambos os lados das ruas. Em questão de custos de implantação, a execução da “segunda” rede é,
praticamente, equivalente às travessias para ligações domiciliares para atender aos lotes na calçada
oposta – as quais deixariam de ser necessárias no caso da rede “dupla”.

E, ainda, quanto menor a testada dos lotes (portanto, mais lotes por quadra), mais interessante (técnica
e economicamente) se torna a solução como a rede “dupla”.

4.3 Abertura e reaterro de valas

A abertura de vala deve ser executada de modo a garantir o greide (declividade) previsto em projeto,
com a largura necessária para boa execução da rede e com profundidade suficiente para a execução do
lastro (caso seja necessário), conforme exemplificado na Figura 4.3.

Figura 4.3. Exemplo de uma vala para execução de redes enterradas (Fonte: Botelho, 1985)

Nota: O lastro, quer seja de material granular, quer seja de concreto magro, só deverá ser
executado em observância à sua prenotada necessidade.

Após o assentamento da tubulação, deve-se tomar o devido cuidado no reaterro da vala.

As primeiras camadas – adjacentes às tubulações – não devem ser compactadas mecanicamente. Elas
devem, ao invés disso, serem apiloadas manualmente em camadas de 15 cm de espessura, no máximo.

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Para tubos de concreto (redes de drenagem), deve-se apiloar a terra (ou outro material de reaterro,
como areia, por exemplo) até, no mínimo, 15 cm acima da tubulação.

Os tipos de assentamento possíveis, principalmente para tubulações de concreto estão ilustrados nas
Figuras 4.4 a 4.6.

Figura 4.4. Exemplo de tubulação assentada em solo de boa qualidade (Fonte: Botelho, 1985)

Figura 4.5. Assentamento com base de concreto ou material granular (Fonte: Botelho, 1985)

Figura 4.6. Assentamento com base de concreto (Fonte: Botelho, 1985)

No caso de tubulações em PVC ou outro material flexível, deve-se tomar o cuidado de apiloar o solo
até, no mínimo, 30 cm (2 camadas de 15 cm) acima da geratriz superior do tubo; porém, não se deve
apiloar sobre a projeção da tubulação, para não danificá-la (Figura 4.7).

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CARTILHA DE PROCEDIMENTOS DE OBRAS

Figura 4.7. Assentamento de tubulação de PVC ou material flexível (Fonte: Botelho, 1985)

ATENÇÃO!!

O reaterro de valas é uma das principais fontes de problemas em obras de


infraestrutura urbana. Isto ocorre devido à má compactação das valas, resultando em
vícios de construção como os ilustrados na Figura 4.8.

Figura 4.8. Afundamentos causados, provavelmente, por má compactação de reaterro

As larguras mínimas para as valas (drenagem, água e esgotos) estão indicadas na Tabela 4.1.

As profundidades mínimas para as valas (drenagem, água e esgotos) estão indicados na Tabela 4.2.

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Tabela 4.1. Largura mínima de valas (cm)

Profundidade da vala (h)


(a largura da vala deverá aumentar 10 cm a cada metro ou fração a mais
de sua profundidade)
REDE DN h≤2m 2m<h≤3m 3m<h≤4m 4m<h≤5m
(mm)
ÁGUA 50 35 45 55 65
(a largura 100 40 50 60 70
mínima da
vala deverá 150 45 55 65 75
ser igual ao 200 50 60 70 80
diâmetro do
tubo mais 30 250 55 65 75 85
cm) 300 60 70 80 90
ESGOTOS 100 40 50 60 70
(a largura 150 45 55 65 75
mínima da
vala deverá 200 50 60 70 80
ser igual ao 250 55 65 75 85
diâmetro do
tubo mais 30 300 60 70 80 90
cm) 400 70 80 90 100
DRENAGEM 300 90 100 110 120
(a largura 400 100 110 120 130
mínima da
vala deverá 500 130 140 150 160
ser igual ao 600 140 150 160 170
diâmetro do
tubo mais 60 800 160 170 180 190
cm – até 400 1000 180 190 200 210
mm, ou 80 cm
– a partir de 1200 - 210 220 230
500 mm) 1500 - - 250 260
Observação: Não é usual redes de água muito profundas (h > 2 m).

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Tabela 4.2. Profundidade mínima para valas de redes enterradas (cm)

REDE DN (mm) h (mínimo)


ÁGUA 50 110
(recobrimento mínimo 100 70
de 60 cm sobre a
tubulação sob 150 75
calçadas) 200 80
250 85
300 90
ESGOTOS 100 110
(recobrimento mínimo 150 115
de 100 cm sobre a
tubulação sob 200 120
calçadas) 250 125
300 130
400 140
DRENAGEM 300 90
(recobrimento mínimo 400 100
de 60 cm sobre a
tubulação ou igual ao 500 110
seu diâmetro, a partir 600 120
de DN ≥ 600 mm)
800 160
1000 200
1200 240
1500 300
Observações: 1. No caso de necessidade de execução de lastro, a espessura
deste deverá ser acrescida às profundidades acima.
2. Para redes de água ou esgotos sob ruas e avenidas deve-se
acrescer 20 cm e 80 cm, respectivamente, às profundidades
acima.

4.4 Escoramento de valas

Para toda e qualquer vala aberta a prumo com mais de 1,5 m de profundidade é obrigatória a execução
de escoramento.

Os tipos de escoramento dependem, principalmente, do tipo de solo – isto é, se este é mais ou menos
coesivo.

Os tipos mais comuns de escoramento são:

 Descontínuo (Figura 4.9);


 Contínuo (Figura 4.10); e,

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 Especial (Figura 4.11).

Figura 4.9. Escoramento descontínuo

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Figura 4.10. Escoramento contínuo

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Figura 4.11. Escoramento especial

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5. DRENAGEM DE ÁGUAS PLUVIAIS

Nesta seção, são apresentadas as verificações imprescindíveis dos serviços de drenagem de águas
pluviais, tais como:

 Existência de dispositivos de mitigação da impermeabilização do solo:


o Caixas de infiltração;
o Bacias de contenção permanente.
 Detalhes de projeto, tais como:
o B.L.;
o P.V.;
o Caixas de passagem;
o Muros de ala;
o Escadas hidráulicas.
 Testes e ensaios usuais.

Um projeto sustentável de drenagem de águas pluviais, ao contrário do paradigma da engenharia


tradicional do século XX – que primava pelo afastamento mais rápido possível das águas de chuva
para a jusante da área drenada – deve conceber a máxima retenção das águas de chuva em sua área de
precipitação.

Desta maneira, conforme já descrito na Seção 2 (Terraplenagem), o projeto de Drenagem das Águas
Pluviais, em conjunto com o projeto Geométrico / de Movimento de Terra, deve prever dispositivos
que retenham as águas de chuva e propiciem a sua infiltração no solo.

Estes dispositivos podem ser individuais – isto é, por lote2,3; ou coletivos. Estes últimos podem ser
previstos em projeto de tal maneira a serem usados desde a etapa de implantação do loteamento, de tal
forma a mitigar possíveis assoreamentos em cursos d‟água ou redes existentes à jusante da área do
loteamento.

5.1 Detalhes construtivos

5.1.1 Bocas de lobo

As bocas de lobo (ou bocas de leão) são os dispositivos que têm a função de capturar a água de chuva
que escoa pelas ruas e sarjetas. Elas podem estar localizadas sob as calçadas (denominadas Bocas de
Lobo) sob o pavimento (denominadas Bocas de Leão). A Figura 5.1 detalha uma Boca de Leão Dupla.

2
Os dispositivos individuais podem ser uma exigência do zoneamento, imposta pelo incorporador, conforme
prevê a Lei de Loteamentos 6766/1979, conforme descrito na Seção 2 (Terraplenagem).
3
O custo de uma caixa de infiltração, para edificações com área impermeável a partir de 500 m², não ultrapassa
0,5% (meio por cento) do custo total da obra (FANTINATTI, 2011).

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CARTILHA DE PROCEDIMENTOS DE OBRAS

0.50 0.50 0.50 0.50

GUIA

SARJETA
A 0.40 0.40 A

0.50
0.10

0.70

0.20
0.20

PLANTA

0.40 1.00 1.00 0.40

0.85 0.15 0.85

1 Ø 5/8"
1 Ø 5/8"
2 x 2" x 1/2"

0.24 2 x 2" x 1/2"


VARIÁVEL MÍNIMA = 1.35

0.15
0.05

2.53

LASTRO DE CONCRETO LAJE INFERIOR


MAGRO

CORTE A-A'

0.60

0.08
0.25

0.05

0.25

REVESTIMENTO
0.24 0.20
ARGAMASSA 1:3

DETALHE
0.10

BLOCOS DE CONCRETO
BLOCOS DE CONCRETO
GRAUTEADOS
GRAUTEADOS

0.15
0.05

1.28

CORTE B-B

Figura 5.1. Boca de Leão Dupla

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Bocas de lobo de boa eficiência devem ter a sarjeta adjacente em ângulo de 45º (Figura 5.2). Além
disso, se houver grelhas (no caso de Bocas de Leão), estas devem ter uma inclinação que favoreça a
entrada da água – ao invés das grelhas “a prumo”– que criam um obstáculo à passagem da água
(Figura 5.3).

Figura 5.2. Exemplo de Boca de Lobo com guia chapéu e sarjeta a 45º

Grelha a prumo Grelhas que acompanham o fluxo da água


Figura 5.3. Detalhes (cortes longitudinais) de grelhas para Boca de Leão

5.1.2 Poços de visita

Deve-se estar atento quando houver desnível entre qualquer tubulação de chegada e o fundo do PV, o
qual não deve ser superior a 1,5 m (Figura 5.4).

Os poços de visita, obrigatórios em todo início de rede e a cada mudança de direção, mudança de
declividade, mudança de diâmetro ou encontro de 2 ou mais ramais, podem ser executados em blocos
de concreto ou tijolos de barro maciços, conforme os detalhes da Figura 5.5.

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Figura 5.4. Detalhe de PV com desnível (Fonte: Botelho, 1985)

Figura 5.5. Detalhes de um PV (Fonte: Botelho, 1985)

5.1.3 Caixas de passagem

As caixas de passagem têm função similar a dos PV‟s, porém, podem ser usadas em canteiros centrais
de avenidas ou sob calçadas, dispensando o tampão de ferro fundido, tornando-as, desta forma, mais
econômicas que o PV.

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A Figura 5.6 traz os detalhes de uma caixa de passagem (ou caixa de ligação).
B

a
Ø

B
b
A A'

a
PILAR

B'
a b a

PLANTA
TAMPA

H
ENCHIMENTO C/
CONCRETO MAGRO Ø

DEGRAU
(VARIÁVEL)

0.15
BERÇO 0.05
C/ BRITA

LASTRO DE
LAJE INFERIOR CONCRETO MAGRO

CORTE A-A'

REVESTIMENTO
ARGAMASSA 1:3

H
BLOCOS DE
CONCRETO O)
TR
GRAUTEADO ME

(D
ENCHIMENTO

0.20

0.05

0.10 LASTRO DE
CONCRETO MAGRO

LAJE INFERIOR

CORTE B-B'
Figura 5.6. Caixa de passagem

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5.1.4 Muros de ala

Os muros de ala (Figura 5.7) são dispositivos que têm a função de reduzir a energia e dispersar o fluxo
de água na chegada ao leito, próximo ao curso d‟água (pontos de despejo), a fim de se evitar os efeitos
danosos de erosão.

A A

Planta

Talu
de

Base em concreto ou rachão

Corte AA
Figura 5.7. Muro de ala

Os dispositivos de dissipação de energia dos muros de ala podem ser executados, principalmente, com
material granular de grande diâmetro, tais como pedra de mão (brita 4), conforme ilustrado na Figura
5.8, ou rachão (Figura 5.9).

Figura 5.8. Dissipador de energia com Figura 5.9. Dissipador de energia com
pedra de mão rachão

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CARTILHA DE PROCEDIMENTOS DE OBRAS

5.1.5 Escadas hidráulicas

As escadas hidráulicas têm a função de diminuir a velocidade de escoamento do fluxo das águas
pluviais em um sistema de drenagem, em pontos de grande declividade – geralmente, próximos aos
pontos de despejo.

As escadas hidráulicas podem ser concebidas de tal forma a formar um colchão d‟água (Figura 5.10),
o que irá proteger o fundo (base) dos degraus da ação erosiva da água e, portanto, terão maior
durabilidade e menor custo de manutenção.

Deve-se atentar para que as escadas hidráulicas com colchão d‟água tenham dispositivos (tubos dreno
ou fendas) que permitam o total escoamento das águas após as chuvas, evitando-se, assim, a
ploriferação de mosquitos e pernilongos.

Figura 5.10. Escada hidráulica com colchão d‟água

5.2 Cuidados na execução

5.2.1 Recebimento dos tubos

Alguns critérios visuais que podem indicar um defeito de fabricação ou problemas ocasionados,
eventualmente, no transporte, e que são motivos de rejeição da tubulação:

 Verificar a existência de trincas ou fissuras:


o Trincas de 2,5 mm de largura por 30 cm ou mais de extensão;
o Fissura em ambos os lados – interna e externamente;
o Fissuras duplas e paralelas com mais de 30 cm de extensão;
o Mistura não homogênea do concreto (“bicheira”);
o Moldagem não homogênea (tubo desalinhado);
o Vestígio de retrabalho na superfície (interna ou externa) do tubo;
o Variação na medida interna do tubo maior que 5 mm.

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CARTILHA DE PROCEDIMENTOS DE OBRAS

5.2.2 Revestimento interno de PV’s, BL’s, caixas de passagem e outros dispositivos

O Gerente de obras deverá estar atento para que os dispositivos da rede de drenagem sejam revestidos
com argamassa de cimento e areia (traço usual 1:3) de, no mínimo, 2 cm de espessura.

5.2.3 Assentamento da tubulação

O assentamento da tubulação é feito, preferencialmente, por meio de retro-escavadeiras e, no caso de


valas profundas ou tubulações de maior peso, por meio de escavadeiras hidráulicas.

A mesma atenção dada à locação para a abertura das valas deve ser dada para o assentamento da
tubulação. A Figura 5.11 mostra um bom exemplo de uma rede de drenagem de águas pluviais bem
assentada em função de seu nivelamento e alinhamento.

Figura 5.11. Exemplo de rede de drenagem bem assentada

5.3 Testes e ensaios usuais

Na rede de drenagem, é usual a realização do teste de fumaça pela fiscalização do poder público
municipal antes do reaterro da vala.

É imprescindível, portanto, que o Gerente de obras esteja atento para a realização deste teste antes de
autorizar o fechamento da vala.

Outro ensaio comum que pode ser necessário é o ensaio de resistência à compressão axial em tubos de
concreto. É recomendável quando se tem alguma desconfiança sobre a qualidade dos tubos que
deverão ser usados na execução da rede de drenagem.

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6. REDE DE DISTRIBUIÇÃO DE ÁGUA POTÁVEL

Nesta seção, apresentam-se as verificações imprescindíveis dos serviços de rede de distribuição de


água potável, tais como:

 Detalhes de projeto, tais como:


o Ligações domiciliares;
o Blocos de ancoragem de adutoras;
o Registros de descarga;
o Válvulas ventosas.
 Testes e ensaios usuais.

Todas as considerações sobre a locação para assentamento da rede de água potável seguem os mesmos
procedimentos descritos para as redes de drenagem.

6.1 Detalhes construtivos

6.1.1 Ligações domiciliares

Conforme destacado na Seção 4 (Abertura e Reaterro de Valas) é, altamente, recomendável que as


redes de água e esgotos não sejam executadas sob vias pavimentadas; ao invés disto, sugere-se que
estas redes sejam executadas sob as calçadas – em ambos os lados das ruas.

Desta forma, não haverá o risco de vazamentos o que, fatalmente, danificaria o pavimento; além de se
eliminar o risco de afundamentos devido à má compactação no reaterro destas valas (caso fossem
executadas no terço médio das ruas).

6.1.2 Blocos de ancoragem de adutoras

As Figuras 6.1 ilustra as formas de ancoragem de adutoras, de acordo com as peças a serem ancoradas.

Figura 6.1. Formas de ancoragem em adutoras (Fonte: Alambert JR., 1997)

6.1.3 Caixas para registros

A Figura 6.2 ilustra uma caixa para registro.

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CARTILHA DE PROCEDIMENTOS DE OBRAS

Figura 6.2. Caixa para instalação de registro

6.1.4 Registro de descarga

A Figura 6.3 ilustra um registro de descarga.

Figura 6.3. Registro de descarga

6.1.5 Válvula ventosa

A Figura 6.4 ilustra uma válvula ventosa simples.

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CARTILHA DE PROCEDIMENTOS DE OBRAS

Figura 6.3. Detalhes de uma válvula ventosa simples

6.2 Testes e ensaios usuais

A rede de distribuição de água potável, via de regra, também deverá ser testada antes do reaterro das
valas.

O Gerente de obras deverá providenciar para que o teste de estanqueidade e pressão da rede seja
acompanhado pelo profissional responsável pelo recebimento da rede por parte da concessionária
local.

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CARTILHA DE PROCEDIMENTOS DE OBRAS

7. REDE DE COLETA E AFASTAMENTO DE ESGOTOS SANITÁRIOS

Nesta seção, serão apresentadas as verificações imprescindíveis dos serviços de rede de coleta e
afastamento de esgotos sanitários, tais como:

 Detalhes de projeto, tais como:


o Ligações domiciliares;
o P.V.s;
o Terminais de limpeza (TIL).
 Testes e ensaios usuais.

Todas as considerações sobre a locação para assentamento da rede de esgotos sanitários seguem os
mesmos procedimentos descritos para as redes de drenagem.

E, para as ligações domiciliares, segue-se a orientação já descrita de que sejam projetadas e


implantadas redes duplas em ambas as calçadas dos 2 lados das ruas.

7.1 Detalhes construtivos

7.1.1 Poços de visita

A Figura 7.1 ilustra um PV usual da rede de esgotos.

Figura 7.1. Poço de visita para redes de esgotos (Fonte: Fernandes, 1997)

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CARTILHA DE PROCEDIMENTOS DE OBRAS

A Figura 7.2 ilustra uma alternativa usual na execução de PV‟s de esgotos, feito com aduelas pré-
moldadas de concreto.

Figura 7.2. PV executado com anéis pré-moldados de concreto (Fonte: Fernandes, 1997)

7.1.2 Terminal de limpeza (TIL)

A Figura 7.3 ilustra um TIL.

Figura 7.3. Detalhes de um TIL (Fonte: Fernandes, 1997)

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CARTILHA DE PROCEDIMENTOS DE OBRAS

7.2 Testes e ensaios usuais

A rede de coleta e afastamento de esgotos sanitários deverá, também, ser testada antes do reaterro das
valas.

Assim como para a rede de distribuição de água potável, o Gerente de obras deverá providenciar para
que o teste de estanqueidade e pressão da rede seja acompanhado pelo profissional responsável pelo
recebimento da rede por parte da concessionária local.

7.3 Problemas a se evitar durante as obras das redes enterradas

As Figuras 7.4 e 7.5 ilustram problemas a se evitar na execução das redes enterradas.

Figura 7.4. Erosão em vala

Figura 7.5. Tubulação desalinhada

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CARTILHA DE PROCEDIMENTOS DE OBRAS

8. REDE DE ELETRIFICAÇÃO E ILUMINAÇÃO PÚBLICA

Nesta seção, serão apresentadas as verificações imprescindíveis dos serviços de eletrificação e


iluminação pública, tais como:

 Colocação dos postes;


 Instalação da rede de media tensão;
 Instalação da rede de baixa tensão;
 Instalação dos transformadores;
 Instalação da iluminação pública;
 Cuidados especiais:
o Nivelamento dos postes;
o Tensionamento dos cabos;
o Instalação dos transformadores;
 Detalhes de projeto, tais como:
o Luminária - padrão;
o Lâmpadas – especificação;
o Transformadores;
o Proteção.
 Testes e ensaios usuais.

Toda a obra e serviço deverão ser executados rigorosamente em consonância com o projeto básico
fornecido, com os demais projetos complementares e outros projetos e ou detalhes a serem fornecidos.

ATENÇÃO!!

DEVE SER TOMADA ESPECIAL ATENÇÃO PARA O CASO DE HAVER


DISPOSITIVOS ESPECÍFICOS DE SANEAMENTO (ETA, ETE, EEE ...).

POIS, A ENERGIZAÇÃO DEVERÁ SER PROVIDENCIADA E ANTECIPADA A


FIM DE QUE ELES POSSAM SER LIGADOS E TESTADOS ANTES DA ENTREGA
DO EMPREENDIMENTO.

8.1 Início dos serviços

As cotas e dimensões sempre deverão ser conferidas in loco, antes da execução de qualquer serviço.

Para início da execução dos trabalhos, o Gerente da Obra (Engenheiro Residente) deve ter em mãos,
os seguintes documentos:

 Projeto de locação dos postes (só executar a rede se o projeto tiver sido compatibilizado com o
urbanístico);

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CARTILHA DE PROCEDIMENTOS DE OBRAS

 Projeto de Rede da media e baixa tensão;


 Projeto de iluminação pública assim como dos transformadores, chaves e para raios;
 Projeto aprovado pela Companhia de energia elétrica do local.
 Especificação dos materiais.

8.2 Concepção urbanística do projeto de eletrificação e iluminação pública

O ideal seria, urbanisticamente, que toda a rede fosse enterrada; porém, seu custo de implantação pode
ser proibitivo, inviabilizando todo o empreendimento.

Por este motivo, ou por falta de especificações técnicas da concessionária de energia local, a rede de
eletrificação e iluminação pública é, via de regra, aérea.

É recomendável, portanto, que todos os postes sejam locados na projeção de divisa de lotes; ou seja,
deve-se tomar o cuidado para que nenhum poste fique em uma posição que poderá restringir,
futuramente, a entrada da edificação. Esta concepção pode acarretar em pequeno aumento do número
total de postes necessários no loteamento; mas é preferível a “deixar” o problema para o futuro
morador.

Neste sentido, o Gerente de obras, antes do início dos serviços, deverá verificar, na planta de
implantação, a locação de todos os postes e solicitar ao projetista, a devida correção do projeto, caso
haja algum poste locado “em frente” a algum lote.

8.3 Colocação dos Postes

Na instalação dos postes, o ideal seria que pelo menos as guias estejam colocadas, pois facilita, e
muito, o processo de locação de cada um e, principalmente, o posicionamento em relação à calçada e à
rua; caso as guias não estejam no local, recomenda-se que sejam locados por topógrafo a fim de evitar
retrabalho.

Muito importante se ater ao nível e a colocação de forma a que os postes não fiquem tortos ou
pendendo para um dos lados. Deste modo, a abertura e o tipo de solo, assim como a compactação no
reaterro, são itens de extrema importância e deverão ser estudados caso a caso para que, quando da
instalação dos cabos e transformadores, o poste não se movimente.

Na escolha dos postes, deverá ser observada, no projeto, qual a resistência exigida e se os postes estão
dentro da especificação, visto que a concessionária não vai energizar a rede se o projeto não estiver
atendido. Assim, este se torna um item de extrema importância, pois todo o trabalho que vem depois
pode ser perdido se os postes instalados estiverem fora das especificações exigidas pela
concessionária.

Os postes, geralmente, são colocados por meio de um caminhão Munck, conforme a Figura 8.1. Sendo
que o nivelamento pode ser feito com a ajuda de cordas (Figura 8.2).

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CARTILHA DE PROCEDIMENTOS DE OBRAS

Figura 8.1. Colocação do poste na Figura 8.2. Nivelamento e compactação de solo após
abertura colocação

8.3 Instalação das redes de média e baixa tensão

Recomendasse executar as duas redes – média e baixa tensão (Figura 7.3) - conjuntamente, a fim de se
evitar o acúmulo de trabalho, visto que os mesmos equipamentos são utilizados para a montagem de
ambas as redes.

Deve-se tomar atenção para o melhor aproveitamento da bobina e para que o tensionamento dos cabos
esteja dentro das normas dos fabricantes.

Deverá ser tomada especial atenção ao material utilizado nos cabos, pois algumas concessionárias já
estão aceitando redes aéreas com cabos de alumínio; e, prestar atenção, também, à montagem dos
transformadores e chaves de proteção (Figura 8.4), os quais devem estar bem conectados para evitar as
quedas de tensão por mau contato.

Figura 8.3. Redes de media e baixa tensão Figura 8.4. Montagem das redes e chaves de
iluminação

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CARTILHA DE PROCEDIMENTOS DE OBRAS

No caso de passagens subterrâneas para as ligações dos lotes, deverão, ainda, serem instaladas as
descidas na lateral dos postes conforme constar no projeto, na ordem de uma para cada lote que será
atendido por aquele poste - em tubo de aço galvanizado de 1 ½“ ou 2“. Sendo que deverá, em embaixo
do poste, ser executada a caixa de passagem e do outro lado da rua a outra caixa que receberá os
conduítes para as ligações domiciliares.

Muito importante é conferir as especificações dos cabos e das bitolas, assim como de isolamento e
resistência - por exemplo: para todos os cabos aéreos, o isolamento deve ser de 1 kVa, no mínimo.

E as bitolas também deverão ser respeitadas, tanto para rede de baixa, como de média tensão. Uma vez
que o projeto deverá estar aprovado pela concessionária, basta manter na obra a lista de material e
conferir se o material que chega está dentro da norma e especificação do projeto. Assim, diminui-se
muito o risco de ser usado um material não especificado.

8.4 Instalação da rede de iluminação pública

Depois de instaladas as redes de media e baixa tensão, deverão ser instalados os braços e as
luminárias. Deve-se verificar se os materiais a serem instalados atendem às especificações de projeto
e, este, às especificações da concessionária.

Recomendasse que, sempre que possível, tudo seja testado no chão, antes da instalação definitiva, a
fim de se evitar o não funcionamento de alguns pontos de iluminação, quando da energização da rede.

É muito importante, também, prever o uso de lâmpadas de baixo consumo – como as lâmpadas Led –
pois, os loteamentos pagam um valor estimado para as concessionárias de energia conforme o numero
de pontos e o respectivo consumo. Assim, quanto menor for o consumo, menor será o valor deste
pagamento à concessionária em relação à iluminação pública (Figura 8.5).

Figura 8.5. Instalação da iluminação pública

Portanto, vale à pena conferir o projeto e a especificação de material que vai ser instalado na obra.

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CARTILHA DE PROCEDIMENTOS DE OBRAS

As concessionárias também estão muito interessadas em reduzir o consumo e a demanda de energia;


assim, é importante verificar a potência das lâmpadas e os demais componentes que serão instalados
para saber se estão de acordo com o projeto aprovado.

8.5 Testes e ligação

As concessionárias fazem os testes para o recebimento da rede, pois, depois de doadas, será de
responsabilidade delas a manutenção e os aumentos de carga conforme a ocupação; assim, o
recomendado é que o projeto sempre seja o mais simples o possível e que atenda, dentro dos limites,
as recomendações de carga instalada para cada lote.

Por fim, é importante o acompanhamento das fiscalizações executadas pela concessionária para evitar
o atraso da ligação final da rede e, consequentemente, do início das ligações dos lotes.

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CARTILHA DE PROCEDIMENTOS DE OBRAS

9. PAVIMENTAÇÃO

Nesta seção, apresentaremos as verificações imprescindíveis para os serviços de pavimentação


asfáltica, tais como:

 Profundidade da caixa;
 Especificações de reforço de subleito;
 Especificações de sub-base composta;
 Espessura da base;
 Grau de compactação do subleito, sub-base e base;
 Especificações de impermeabilização da base e ou sub-base;
 Especificação da pintura de ligação;
 Existência ou não de camada de Binder e sua espessura;
 Espessura do revestimento;
 Testes e ensaios usuais.

9.1 Abertura de caixa

A abertura de caixa para execução das camadas de um pavimento não deve ser executada antes da
execução das guias e sarjetas.

A declividade transversal da via já deve ser formada desde o subleito, de tal forma que todas as
camadas do pavimento – reforço, sub-base, base e revestimento – tenham espessuras uniformes em
toda extensão da via (Figura 9.1).

Figura 9.1. Camadas usuais de um pavimento (Fonte: MINAS GERAIS, 2010)

Deve-se assegurar que o subleito tenha o grau de compactação e CBR especificados em projeto.

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CARTILHA DE PROCEDIMENTOS DE OBRAS

9.2 Reforço de subleito

Em regiões de solos de baixa capacidade de suporte (CBR < 10), é usual – desde que haja jazida de
solo de melhor capacidade de suporte a distância e custo viáveis para o empreendimento – que o
projeto preveja uma camada de reforço do subleito.

Deve-se assegurar que a camada de reforço do subleito tenha o grau de compactação e CBR
especificados em projeto.

9.3 Sub-base

Por definição, uma sub-base é uma camada de pavimento composta por uma mistura de solo com
outro material que melhore a capacidade de suporte do solo. Por exemplo: solo-brita, solo-cimento,
solo-cal etc.

A especificação de uma sub-base é, também, usual em regiões em que o solo local apresente baixa
capacidade de suporte.

Tanto a sub-base, quanto a camada de reforço, além de melhorar a capacidade de suporte do


pavimento, têm a função de diminuir seus custos de execução, pois propicia menor espessura da
camada de material granular (Base).

Deve-se assegurar que a sub-base tenha o grau de compactação e CBR especificados em projeto.

9.4 Base

A Base de um pavimento é a camada composta por material granular – BGS (Brita Graduada
Simples).

É comum, em algumas regiões (como no interior de São Paulo, por exemplo), o uso de bica corrida,
em vez de BGS.

Porém, a bica corrida não é um material tão homogêneo quanto a BGS e pode, por este motivo, não
apresentar as propriedades necessárias, tais como a capacidade de suporte.

A bica corrida possui baixo percentual de material de fina granulometria, tais como pedrisco (brita 0) e
pó-de-pedra.

Desta forma, uma técnica recomendável é a adição, em obra, de pedrisco e pó-de-pedra à bica corrida
– antes de sua aplicação. Esta adição pode ser feita por meio de pás-carregadeiras, adicionando e
misturando o pó-de-pedra à bica corrida até a homogeneização da mistura.

Deve-se assegurar que a base tenha o grau de compactação e CBR especificados em projeto.

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CARTILHA DE PROCEDIMENTOS DE OBRAS

9.5 Impermeabilização da Base

É imprescindível para garantir a durabilidade de um pavimento que seja feita, adequadamente, a


impermeabilização da base do pavimento: a Imprimação.

O produto usado para a imprimação é o asfalto diluído de petróleo - CM30.

A taxa de aplicação do CM-30 pode variar em função da absorção, composição e textura da base.

A impermeabilização deve ser feita com caminhão espargidor (Figura 9.2)

9.6 Pintura de Ligação

A pintura de ligação tem a função de garantir a boa aderência da camada de revestimento (“capa
asfáltica”) à base do pavimento, ou à uma camada antiga de revestimento betuminoso (no caso de
recapeamentos).

A pintura de ligação pode ser executada, também, por meio de um caminhão espargidor.

O produto usado para a pintura de ligação é o ligante betuminoso (emulsão asfáltica de ruptura rápida)
RR-1C ou RR-2C. A diferença entre os dois é a velocidade de ruptura (“secagem”). Para execução de
grandes áreas de pavimentos de uma única vez (em trechos de rodovias, por exemplo), é indicado o
uso do ligante de menor velocidade de ruptura.

A taxa residual do ligante betuminoso é de 0,3 l/m² a 0,4 l/m². A emulsão asfáltica deve ser diluída em
água, à taxa de 1:1, para garantir uniformidade na distribuição da taxa residual. A taxa de aplicação da
emulsão diluída é de 0,8 l/m² a 1,0 l/m².

Figura 9.2. Caminhão espargidor

Observações:

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CARTILHA DE PROCEDIMENTOS DE OBRAS

 Não se deve executar a pintura de ligação em dias chuvosos ou quando a temperatura


ambiente estiver abaixo de 10 ºC.
 A superfície deve ser varrida antes da aplicação, a fim de se remover todo o pó ou qualquer
material solto.

9.7 Binder

O Binder é um tipo de CBUQ (Concreto Betuminoso Usinado a Quente) de maior granulometria; isto
é, em sua composição não são usados agregados de menor granulometria – brita 0 e pó-de-pedra.
Desta forma, o Binder tem um acabamento mais áspero que o revestimento asfáltico – Capa de CBUQ,
propriamente dita. Por outro lado, o Binder tem menor custo que a Capa de CBUQ.

A camada de Binder é, geralmente, indicada em pavimentos onde se necessita de camadas espessas de


revestimento asfáltico (maiores que 7 cm), pois, nestes casos, não é possível se executar todo o
revestimento de uma única vez. E, a camada de Binder, além de propiciar melhor aderência da camada
superior, tem, geralmente, menor custo de produção.

9.8 Revestimento

O revestimento (“capa”) de um pavimento deve ser executada em CBUQ.

Sua execução é feita por meio de uma vibroacabadora (Figura 9.3).

Figura 9.3. Vibroacabadora – execução de capa asfáltica

9.9 Espessuras das camadas

Deve-se tomar o cuidado na execução de um pavimento com as espessuras das camadas devido à
propriedade de empolamento dos materiais.

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CARTILHA DE PROCEDIMENTOS DE OBRAS

Os diversos materiais usados na execução das camadas de um pavimento possuem taxas de


empolamento específicas, por exemplo: a taxa de empolamento dos solos pode variar de 25% a 40%;
dos materiais granulares, de 12% (areias) a 50% (britas); e, do CBUQ (capa e Binder), de 30% a 40%.

Assim sendo, para se garantir a espessura final de cada camada, deve-se aplicar (material solto) uma
quantidade que compense a redução de volume após a compactação.

Para um bom acabamento da camada de revestimento, deve ser usado rolo liso (“chapa”); porém, o
adensamento deve ser executado com rolo pneumático.

9.10 Proteção subsuperficial do pavimento

Caso seja necessária, deve ser prevista a utilização de dispositivos de drenagem subsuperficial na
estrutura do pavimento, conforme ilustrado na Figura 9.4.

O lençol d‟água subterrâneo deve estar rebaixado, pelo menos, 1,5 m do greide da terraplenagem
acabada.

Revestimento

Figura 9.4. Detalhe de dreno subsuperficial para proteção de pavimentos

9.11 Proteção da caixa do pavimento durante as obras

É muito comum que a abertura da caixa seja executada com alguma antecedência da execução das
camadas definitivas do pavimento (reforço, sub-base, base, binder e capa).

Quando isto acontece, a caixa do pavimento fica sujeita à erosão por ação de enxurradas, resultando
em situações como as ilustradas na Figura 9.5.

Para se evitar este problema, devem ser providenciadas curvas de nível transversalmente ao longo da
via e a abertura da caixa não pode estar abaixo do nível da sarjeta, pois, senão a curvas de nível não
terão boa eficiência. O “segredo” é direcionar as águas oriundas das enxurradas para as sarjetas.

ATENÇÃO!!

É imprescindível que seja feita manutenção constante das curvas de nível e, tão logo se
perceba o início de um processo erosivo junto às guias, deve-se providenciar a
recomposição da caixa no ponto em questão.

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CARTILHA DE PROCEDIMENTOS DE OBRAS

Figura 9.5. Erosão causada pela ação de enxurradas

9.12 Falhas de acabamento

Uma falha já registrada se deve à execução, erroneamente, do pavimento antes da execução das
sarjetas (Figura 9.6).

Figura 9.6. Guias e sarjetas executadas após a pavimentação: péssimo acabamento

O propósito de se executar o pavimento (e, principalmente, a capa) após as guias e sarjetas se deve,
justamente, à possibilidade de se poder vedar o pavimento pela sobreposição da capa de asfalto no
rebaixo da sarjeta, especialmente projetado para este propósito (ver detalhe nas Figuras 3.6 e 3.7 –
Seção 3 – Guias e Sarjetas).

Outro problema recorrente se refere à cota de tampões de PV‟s, conforme ilustrado na Figura 9.7. A
melhor maneira de se evitar este problema é por meio da exigência que a topografia libere o
chumbamento das tampas dos PV‟s.

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CARTILHA DE PROCEDIMENTOS DE OBRAS

Figura 9.7. Tampão de PV com diferença de cota para o pavimento

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CARTILHA DE PROCEDIMENTOS DE OBRAS

10. PROCEDIMENTOS FINAIS PARA ENTREGA DE OBRA

Nesta seção, apresentaremos as verificações finais para entrega de obras, seja para os órgãos
competentes, seja para os clientes, tais como:

 Testes;
 Licenças;
 Alvarás;
 Documentação.

Deverão ser observadas as exigências de cada órgão. É, fortemente, recomendável que se tenha os
registros de como cada fase evoluiu em cada serviço, para que a liberação ou a doação seja conduzida
da forma mais tranqüila e simples possível.

Cada órgão, em cada município, tem procedimentos diferentes de fiscalização, testes, aprovação e
recebimento das obras; e, portanto, deverão ser conhecidas e observadas todas as especificidades, pois
isso facilitará a finalização e a liberação dos alvarás, licenças e doações.

O Gerente da obra deverá estar atento, desde o início do empreendimento, ao sequenciamento dos
serviços – incluindo testes e prazos para solicitação de vistorias e emissão de documentos oficiais de
aceite etc. - para que todos sejam iniciados e executados de acordo com o cronograma para que a
entrega de redes e ou demais obras possam ser feitas em tempo hábil.

Este cuidado é vital para não atrasar a entrega do empreendimento aos futuros proprietários dos lotes.
E, principalmente, para não causar nenhum transtorno quando da execução das casas, tais como a falta
de água ou de energia por falta de aceite da concessionária.

Outro aspecto importante a observar é que a Lei 6766/1979 prevê que alguns lotes ficarão alienados no
Cartório de Registro de Imóveis até que a Prefeitura reconheça o término das obras e libere os lotes
para a venda.

O termo de liberação da Prefeitura deverá ser levado ao registro de imóveis para a baixa da garantia.

As Prefeituras, normalmente, pedem as liberações dos órgãos envolvidos para este liberação, restando
à Prefeitura somente as liberações da Drenagem, das Guias e Sarjetas, da Pavimentação e, em alguns
casos, dos Passeios (Calçadas).

Vale observar, ainda, que algumas Prefeituras fazem a liberação parcial dos lotes conforme o
andamento das obras – de acordo com o cronograma físico-financeiro – e, para tal, deve ser solicitada,
periodicamente, a vistoria para a constatação do que já foi executado para que se obtenha a liberação
de lotes, proporcional, em valor financeiro, aos serviços executados.

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CARTILHA DE PROCEDIMENTOS DE OBRAS

10.1 Outros problemas a se evitar durante as obras

É muito comum, em qualquer tipo de obra, haver interferências e ou sobreposição entre os diversos
serviços e isto se dá, principalmente, na execução de redes enterradas (tubulações).

Portanto, o Gerente da obra deverá estar atento para que cada serviço (ou trecho) seja executado por
completo, antes que o serviço seguinte seja iniciado em um mesmo trecho. Além de se antecipar,
obviamente, às possíveis justaposições que não foram compatibilizadas em projeto.

A Figura 10.1 é um exemplo de duas redes sendo executadas concomitantemente e justapostas em um


mesmo trecho. O resultado é, simplesmente, inadmissível.

Figura 10.1. Mau exemplo de redes justapostas não compatibilizadas.

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CARTILHA DE PROCEDIMENTOS DE OBRAS

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TUCCI, C. E. M.; PORTO, R. L.; BARROS, M. T. Drenagem urbana. Porto Alegre: UFRGS:
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Produção: K2R Engenharia Ltda. - Tel.: (19) 3395-9997 Página 62

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