AS TÉCNICAS E IMPORTÂNCIA DA RESTAURAÇÃO E

RECUPERAÇÃO DAS ESTRUTURAS E FUNDAÇÕES

DE EDIFICAÇÕES.

Élida Aparecida Ferreira Pires¹ ; Milton Francisco de Jesus Junior2; Paula Sant’Anna
Moreira Pais3

1 Graduanda em Engenharia Civil. UniBH, 2018.

ellidaferreirap@gmail.com

2 Graduando em Engenharia Civil. UniBH, 2018.

miltonf.junior@hotmail.com

3 Doutora em Ciência do Solo. UFLA, 2014. Professor do

Centro Universitário de Belo Horizonte - UniBH. Belo
Horizonte, MG. paula.pais@prof.unibh.br.

RESUMO: O objetivo a que se propõe o presente artigo é discorrer sobre as técnicas de sanar ou evitar patologias,
apresentando suas particularidades, mostrando a importância de se compreender suas características técnicas e
método executivo para o desenvolvimento de restauração e reformas. Sendo assim, serão apresentadas as
aplicabilidades do serviço de Reforma e Restauçao realizado no Cine Brasil – BH, edifício localizado na cidade de
Belo Horizonte, observando suas características anteriores e suas condições atuais.

ABSTRACT: The purpose of this article is to discuss the techniques of healing or avoiding pathologies, showing their
particularities, showing the importance of understanding their technical characteristics and executive method for
the development of restoration and reforms. Thus, the applicability of the Reform and Restoration service will be
presented at Cine Brasil - BH, a building located in the city of Belo Horizonte, observing its previous characteristics
and its current conditions.
PALAVRAS - CHAVE: Restauração, reforma, patologia e Patrimônio Histórico

KEYWORDS: Restoration, reform, pathology and historical patrimony

1. INTRODUÇÃO mobilidade, proteção, habitação e conforto.

As construções residenciais deixaram de ser
Ao longo do desenvolvimento da
unicamente primordiais, com o objetivo
humanidade, a construção civil foi um
oferecer abrigo, passando a buscar também
importante recurso para atender às
durabilidade, estética e design.
necessidades básicas do homem tais como:
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Aliados a essa nova responsabilidade, há relaciona-se fortemente com a reutilização

preocupações dos profissionais em de locais não aproveitados. Isso promove
engenharia com as patologias da construção. um novo modo de empregar esses espaços
Esses problemas vêm de diversos fatores a e impedir que sejam totalmente inutilizados.
exemplo das falhas de projetos, de
execução, problemas com a mão de obra e Campos (2006) afirma ainda que a
com materiais. Múltiplas técnicas e restauração e o reforço estrutural devem ser
processos foram desenvolvidos, ao longo do baseados nas intervenções que visam obter
tempo, visando à manutenção e/ou as melhores soluções para os problemas que
reabilitação das estruturas objetivando a acometem a obra de um edifício. Eles se
restauração dessas patologias. relacionam com a redução de resistência,
transporte de materiais e sua disposição em
A restauração de edifícios e residências é um obra, funcionalidade em espaços reduzidos e
ramo da construção civil que tem um dos de conformidade operacional e estética
papeis mais interessantes em relação à perante estruturas preexistentes.
conservação do patrimônio histórico e
cultural de uma cidade. Segundo Campos As ações de reparação e restauração devem,
(2006), em um futuro próximo, a restauração para ser eficientes, se destacar em relação à
e a recuperação terão espaço de grande edificação antiga. Além disso, os novos
escala nas atividades da área da reforma de modelos estruturais têm de facilitar possíveis
edifícios que estejam em condições precárias inspeções e manutenções, ser reversíveis,
de segurança e de conservação. com peculiaridades de pré-fabricação e
independentes em relação aos já existentes.
Segundo Tavares (2011), a restauração Por fim, os recursos técnicos precisam
contemporânea pretende preservar o detectar eventuais interações entre materiais
elemento útil e representativo para a obra novos e antigos.
de modo que, no decorrer de sua
reabilitação, a recuperação das Este trabalho tem como finalidade principal
características originais da edificação apresentar a importância de recuperação e
garanta que o monumento não perca suas reforço de estruturas no Teatro Cine Brasil.
particularidades únicas. Além disso, de
acordo com Campos (2006), a recuperação
de estruturas de edifícios urbanos

1.2. Técnicas de investigação
diagnóstico.
Para permitir, com definição clara, o tipo de
intervenção mais adequado e urgente para a
eliminação das causas que dão origem aos
danos da obra, é necessário um bom
diagnóstico dos problemas, através de uma
inspeção detalhada, feita por um profissional
habilitado, que conta com vários testes
simples e procura obter o maior número de
informações possíveis.
Nas fases de inspeção e diagnóstico, a
primeira maneira de combater danos ou erros
na execução de uma obra consiste numa
análise rigorosa do seu estado
conservação, recorrendo a visitas minuciosas
ao local, bem como, no conhecimento da
origem dos processos construtivos iniciais ou
de quaisquer registros. Posteriormente, é
necessário diagnosticar os elementos de que
necessitam de reparos, verificar a gravidade
visando à segurança dos usuários, analisar
as melhores medidas a serem tomadas,
definir a extensão do quadro patológico e a
sequência da vistoria por meio
pecepcõees que pessoas com técnica
tenham habilidades de avaliar e testes e de
instrumentos simples (TAVARES; COSTA;
VARUM, 2011).
3
e A tipologia da construção é usada para
identificar aspectos originais da obra e
determinar patologias distintas para cada tipo
de edifício, isso facilita a identificação de
causas que podem ser comuns a uma
mesma patologia. Nessa perspectiva, quanto
mais antiga a obra, mais difícil será o acesso
aos materiais que a compõem, dificultando a
conclusão da análise. Somado a isso, as
técnicas construtivas e os materiais utilizados
podem não ser os mesmos usados no
período da recuperação. Nos casos de
construções históricas, por exemplo, o
levantamento da evolução do problema
engloba desde a construção e a utilização do
espaço até a manutenção da edificação. Tais
de recursos são utilizados quando os dados
obtidos na vistoria local não são suficientes
para diagnosticar a patologia. Esse
levantamento é feito através de informações
orais recolhidas com usuários, projetistas,
construtores, operários, fiscais e vizinhos.
Devido aos diversos interesses que podem
existir em relação a esses espaços e às
obras de restauração, tal prática de
levantamento exige técnica específica sobre
de levantamento de diagnotico de prevençao de
de patologia.(BRIK; MOREIRA; KRÜGER,
2013).
Para Holanda (2015), se, mesmo diante dos
dados obtidos, não for possível concluir o
diagnóstico é necessário recorrer a um
 4

levantamento arquitetônico e planimétrico, e permitam avaliar e caracterizar,

posteriormente proceder um levantamento essencialmente, o módulo de elasticidade de
estrutural com o intuito de compreender o Young e as tensões admissíveis à
comportamento global da estrutura. Isso compressão, flexão e corte.
ocorre através de exames complementares
(que podem ser físicos, químicos ou Os ensaios não destrutivos devem ser
biológicos) executados em laboratório ou in obtidos através de: fotografias, utilização de
loco, que são escolhidos de acordo com a ficha de caracterização da obra contendo
patologia. As técnicas apresentadas identificação dos materiais, do sistema
corroboram a importância de avaliar todas as construtivo, da zona e dos tipos de danos,
características e particularidades da obra a das áreas sujeitas a alterações, identificação
ser recuperada, estruturando soluções e de datas, entre outros. O grau de
metodologias conforme a realidade interferência na obra determinará quais
encontrada. aspectos deverão ser abordados na análise
para avaliação, intervenção e diagnóstico.
As etapas da campanha de inspeção Dessa maneira, eventuais irregularidades
definidas Santos por (2013) são as podem ser detectadas com um estudo
seguintes: geométrico, analisando desvios verticais e
horizontais relacionados com danos
➢ Averiguar a tipologia construtiva do estruturais (COSTA et al., 2006).
edifício e se ela respeita a construção inicial;
Igualmente, outros aspectos como o
➢ Analisar a estrutura do edifício e levantamento das cargas solicitadas pelo
determinar as características geométricas edifício em processos de alterações,
dos elementos estruturais; ampliações da construção ocorrida no
decorrer da sua vida útil, o levantamento
estrutural e de localização de eventuais
➢ Identificar as patologias presentes no
processos de reparação ou substituição de
edifício bem como as respectivas causas
componentes, são dados necessários para
uma caracterização da construção e
➢ Obter as características mecânicas
planejamento da intervenção a preconizar
dos materiais utilizados na construção do
(BORGES; SÁLES. 2007).
edifício, bem como o estado de conservação
dos mesmos, recorrendo a ensaios que
 5

Os exames feitos em laboratório podem ➢ Gamagrafia - verificação da estrutura

determinar as características mecânicas, interna;
propriedades físicas e quantificar a presença ➢ Sondagem sônica - verificação da
de elementos ou compostos químicos. Já os integridade do concreto de estruturas
exames realizados in loco são aqueles enterradas;
executados diretamente na edificação e ➢ Prova de carga - verificação do
podem ser não destrutivos ou destrutivos. comportamento e do desempenho
da estrutura.
Segundo Holanda (2015), os exames não
destrutivos são: Os exames destrutivos são feitos a partir da
padronização e da confecção de corpos de
➢ Esclerometria – avaliação da dureza prova para determinação da resistência à
superficial, identificando a resistência do compressão e do módulo de elasticidade.
concreto à compressão - fck; São avaliados também ensaios de
arrancamento, avaliação de aderência entre
➢ Ultrassonografia - verificação da materiais e estimativas da resistência (BRIK;
estrutura interna e estimativa da resistência e MOREIRA; KRÜGER, 2013).
do módulo de elasticidade;
Após o diagnóstico das necessidades
estruturais das obras a serem reparadas, o
➢ Pacometria - avaliação da cobertura
profissional poderá escolher entre corrigir a
da armadura e realização da estimativa de
patologia, impedir, controlar sua evolução ou
bitolas;
apenas estimar o tempo de vida da estrutura.
Isso pode levar à limitação de sua utilização
➢ Sonometria - verificação de aderência
ou, em casos mais extremos, à demolição. O
entre os materiais;
diagnóstico equivocado acarretará em
desperdício de dinheiro caso seja
recomendado um reparo inadequado. Além
➢ Resistividade e potencial
de não solucionar o problema, atrapalha
eletroquímico - determinação do
análises futuras que serão imprescindíveis
potencial de corrosão;
para diagnosticar corretamente a patologia
(TAVARES; COSTA; VARUM, 2011).
➢ Raios X - verificação da estrutura
interna;

1.3. Patologia de estruturas
A identificação das origens e dos problemas
patológicos permite também reconhecer,
para fins judiciais, o indivíduo que cometeu
as falhas. Estudos revelam que um elevado
percentual dos problemas patológicos nas
edificações é originado nas fases
planejamentos e projetos. Isso ocorre devido
à falta de investimentos, públicos
privados, em projetos mais elaborados e
detalhados havendo, muitas vezes,
necessidade de adaptações durante a fase
de execução e futuros problemas de ordens
funcional e estrutural (VITÓRIO, 2002).
Entre as causas mais frequentes de corrosão
de estruturas de concreto armado, devido à
redução do pH, destacam-se carbonatação,
transformação do hidróxido de cálcio em
carbonato de cálcio. Tal perda é considerada
um problema para as armaduras porque em
situação de alcalinidade – pH variando entre
12 e 13 -, as armaduras estão protegidas da
corrosão. Porém, em situações de pH mais
neutro – abaixo de 9,5 -, tem-se o processo
de formação de células eletroquímicas de
corrosão. A partir daí, surgem fissuras e
desprendimentos da camada de cobrimento.
Esse processo pode ser agravado pela
existência de umidade no concreto,
quantidade de CO2 no meio ambiente, a
6
permeabilidade do concreto e a existência de
fissuras (VITÓRIO, 2002).
A desagregação é iniciada com a mudança
de coloração do concreto e com o posterior
surgimento de fissuras cruzadas em todas as
direções, que aumentam sua amplitude
de rapidamente, devido à expansão da pasta de
cimento. Além do surgimento de um
ou abaulamento da superfície de concreto.
Dessa forma, a perda do poder aglomerante
desse material faz com que os agregados
maiores se destaquem da argamassa na
medida em que ela se desfaz. Tal
manifestação pode ser provocada por:
ataques químicos, reação álcali-agregado,
águas puras e com pouco teor de sais, águas
servidas, microrganismos, substâncias
orgânicas e uso de formas absorventes nos
casos de “não agregação” da argamassa
superficial (PIANCASTELLI, 1997).
A corrosão das armações ocorre quando a
armação é atingida por elementos agressivos
fazendo com que a parte oxidada aumente
seu volume em aproximadamente 8 vezes.
Assim, a força de expansão expele o
cobrimento do concreto, expondo totalmente
a armadura à ação agressiva do meio. É
causada principalmente por porosidade no
a concreto, existência de trincas e deficiência
na camada de cobrimento. (VITÓRIO, 2002)

Já o concreto, mesmo sendo de boa
qualidade e resistente, está sujeito
corrosão principalmente em presença de
agentes agressivos, como ácidos, sulfatos,
cloros e seus compostos, nitratos e nitritos e
água totalmente pura, como é o caso de
águas de chuvas que agem através de
infiltração e do acúmulo ao longo do tempo
(VITÓRIO, 2002).
Por fim, a reatividade álcali-sílica que ocorre
entre a sílica de determinados tipos de
agregados e o álcali (pode ser de sódio o de
potássio) presente no cimento, forma um gel
no agregado reativo em presença
umidade. Esse gel se expande causando um
estado tri-axial de tensão, de tração e de
compressão no concreto que gera sua
destruição. Condições como umidade relativa
do concreto em torno de 80% e temperatura
no intervalo de 21°C a 24° contribuem para o
rápido desenvolvimento dessa reação, visto
que as fissuras permitem maior penetração
de umidade no concreto (ANDRADE; SILVA,
2006).
1.4. Técnicas de manutenção preventiva
A manutenção planejada/estrutural é uma
técnica adotada nos países desenvolvidos
onde as estruturas são submetidas
inspeções periódicas para correção criteriosa
e oportuna de qualquer sinal de deterioração
7
constatada. Essa prática evita que pequenos
à defeitos se transformem em grandes danos,
cuja eliminação será tardia, mais cara e, em
casos extremos, acompanhadas da
ocorrência acidentes com perdas materiais e
humanas.
“Uma estrutura, durante a vida para a qual foi
projetada, deve ser utilizada segundo as
premissas de projeto e estar sempre sujeita a
manutenção mais apropriada.” (ROWE, 1989
apud SOUZA; RIPER, 1998). A manutenção
estrutural é considerada uma das últimas
possibilidades de intervenção na obra, deve
de estar presente desde a etapa de concepção.
Isso por que é nessa fase que as obras são
projetadas, calculadas, detalhadas e
construídas levando em conta o ambiente do
entorno. Tal prática torna possível, ao longo
da vida útil da estrutura, o desenvolvimento
das atividades de manutenção adequada,
permitindo inspeções que não causem
empecilhos às atividades rotineiras para as
quais a estrutura foi projetada.
Diante disso, destaca-se a necessidade de
definir estratégias de manutenção para cada
obra, buscando identificar os pontos mais
vulneráveis, estabelecer condições de
trabalho e de rotinas específicas e intensas
a de inspeções e de manutenções.
 8

Holanda (2015) confirma que tais estratégias desempenho prejudicado ou inferior ao

são definidas em função da confiança e dos estabelecido em projeto (SOUZA e RIPPER,
cuidados que deverão ser tomados desde a 1998).
concepção até a construção da obra,
avaliando, de forma particular, a estrutura e O cadastro das estruturas é um registro
suas principais peças em termos de referente à sua construção ou manutenção,
utilização. Assim, há casos em que a através do qual é possível observar o
estrutura terá um só responsável técnico controle das atividades rotineiras de
durante sua vida útil, como no caso de inspeção, programar manutenções e reparos
estruturas de grande porte (pontes, viadutos, a serem feitos durante a vida útil da
estádios, ginásios, estruturas industriais ou estrutura. Entretanto, as Normas Brasileiras
fabris, usinas, etc.) e casos em que o(s) não fazem nenhuma exigência quanto à
proprietário (os) se alterna esse período. existência de tais cadastros e
Esse é o caso de edifícios comerciais ou acompanhamentos. A maioria dos
residenciais. proprietários não compreende a importância
do controle cadastral atribuindo às estruturas
O processo de recuperação deve ser visto qualidade inabalável, dispensando, assim, o
como parte integrante desse conjunto de trabalho imprescindível de manutenção
estratégias, visando à melhoria da (SOUZA E RIPPER, 1998).
exploração das capacidades resistentes
disponíveis e à possibilidade de extensão da 1.5. Técnicas e matérias empregadas nos
vida útil da estrutura. reforços estruturais.

As manutenções preventivas incluem 1.5.1.Reforços com concreto armado

eventuais intervenções corretivas e
emergenciais, adotando sistemas Para Zucchi (2015), o complemento com
comportamentais mais intensos no âmbito de acréscimo de armadura, é crucial que o
projeto, construção ou em serviços de componente a ser fortificado seja sujeitado à
recuperação. Pode surgir a necessidade de diminuição das cargas empregadas, afim de
inspeções adicionais àquelas que já são que as armaduras já presentes não precisem
realizadas com periodicidade. Tal estar pré-tensionada em relação às
necessidade se evidencia quando peças armaduras inseridas no reforço.
específicas da estrutura apresentam
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Segundo Reis (2001) método de reforço com A lavagem posterior com soluções
prolongamento o da seção, também neutralizadoras será necessária para a
denominado de encamisamento, consiste em utilização de soluções alcalinas como soda
envolver a seção existente com concreto cáustica, acompanhando de jatos de água
novo e a armadura necessária para o reparo. natural (ZUCCHI, 2015).
Por apresentarem materiais e mão de obra
com custo mais baixo, essa técnica é muito O novo concreto tem que estar bem aderente
empregada. A intervenção na arquitetura em ao concreto existente para o bom
relação à adição da seção dos componentes desempenho do reforço.
reforçados é uma desvantagem relevante.
Reis (2001) aconselha o concreto de A escovação manual é outro recurso usado
desempenho superior no reforço como uma para limpeza. Ocorrem através da utilização
escolha ao concreto comum, porque o de escovas de cerdas de aço, de
resultado é o uso de menores espessuras, apicoamento ou escarificação manual com
com isso os elementos fortificados não terão talhadeira, ponteiro e marreta. O desbaste
mudanças consideráveis em suas por meio de lixadeira industrial com disco
dimensões. para grandes superfícies, o apicoamento ou

O sucesso do reparo depende da boa aderência

a escarificação mecânica são processos que
entre o concreto novo e o velho e da
capacidade de transferência de tensões entre necessitam de martelos pneumáticos ou
os mesmos. Algumas vantagens são
dependentes da correta combinação do ângulo elétricos. Quando houver necessidade,
da junta e a forma de preparação da superfície,
que podem ser avaliados por ensaios de recomenda-se prever o cimbramento (REIS,
cisalhamento inclinado. Características como
resistência e módulo de elasticidade do 2001).
concreto velho, devem ser consideradas ao se
projetar o concreto novo (REIS, 2001 p. 80).

Para a retirada da camada mais profunda do

A limpeza das faces do concreto tem a
concreto danificado, Silva (2006) menciona
finalidade da retirada de resquício de várias
que ao cortar o concreto com discos de corte
substâncias tais como ferrugens e graxas, de
comuns, deve-se utilizar pelo menos 2 cm ou
maneira a propiciar o substrato para a
o diâmetro de profundidade além da barra
admissão dos elementos para o reparo. As
para garantir que a armadura ficará envolta
lavagens podem ser feitas com jatos d’água
em meio alcalino.
e com aplicação de solutos alcalinos (SILVA,
2006).
Para uma melhor aderência e eficiência na
camada do concreto, a superfície interna

deve conter suas arestas arredondadas,
impedindo que regiões pontiagudas que
apresentam inclinação de fragilidade na
união (SOUZA; RIPPER, 2001 apud SILVA,
2006).
Muitas vezes, as armaduras existentes
apresentarão condições de corrosão, sendo
necessário tratamento também das
armaduras em que a corrosão poderá ser
removida através de lixamento. Reis (2001)
cita a pintura das armaduras com primer
epóxi com zinco como uma alternativa
empregada para a proteção das armaduras
em locais contaminados com cloretos e para
passivação e preservação das armaduras
contra a corrosão em reparos e reforços
estruturais.
No caso da presença de cloretos ou de
carbonatação, em que a armadura não tenha
sido atingida, emprega-se a retirada do
concreto impróprio mediante o uso de
escarificação ou hidrojateamento, sendo este
último, recomendado por lixiviar sais,
colaborando na descontaminação dos íons
cloreto do concreto. Andrade (1992, apud
REIS, 2001) indica a possibilidade de tentar
a “realcalinização” do concreto através de
aplicação superficial de argamassa rica em
cimento, mantida úmida por muito tempo.
10
Segundo Reis (2001) os estribos também
deverão ser dimensionados para suportar os
esforços tangenciais que podem gerar
deslizamento entre o substrato e o material
de reforço. Assim que as armaduras de
reforço forem colocadas, são fixadas as
formas para concretagem - formas cachimbo
- ou concretagem pela laje. O excesso de
concreto deve ser retirado posteriormente ao
seu endurecimento.
1.5.2. Reforços com perfis metálicos
Segundo (ZUCCHI, 2015) os reforços com
perfis metálicos também podem ser
chamados “reforços com adição de
armaduras exteriores”. Eles usam
componentes metálicos, chapas ou perfis
fixados com adesivo epóxi, que possibilitam a
ligação de aço e concreto, ou ainda com
ajuda de chumbadores parabolt.
Durante todo o processo de reforço, a
estrutura deverá ser aliviada de todas as
cargas possíveis. O concreto existente
deverá ser preparado: a camada
deteriorada deverá ser removida, e a
rugosidade da superfície aumentada
através de escarificação, porém, a
rugosidade não deverá ser excessiva, a
fim de não haver desperdício de adesivo
colante em espessuras elevadas. A
utilização de adesivo epóxi exige que não
haja umidade na região de aplicação
(ZUCCHI, 2015 p. 23).
Deve haver alguns bloqueios de proteção ou
pinturas que assegurem a preservação de,
no mínimo, 30 minutos contra a ação do fogo
 11

das chapas e perfis de aço (JUVANDES, REIS, 1998) indica alguns tipos de
2002). ancoragens para evitar descolamentos.

O reforço com chapas coladas deve atender 1.5.3. Reforços com materiais poliméricos
a algumas considerações de acordo com reforçados com fibras
Souza e Ripper (1998 apud. SILVA, 2006):
Dentre todos os tipos de compósitos, os
✓ Espessura máxima de cola de 1,5 mm polímeros reforçados com fibras (PRF) ou
✓ Espessura máxima das chapas de 3 fibre reinforced polymers – (FRP), têm
mm, exceto quando forem usados atraído a atenção de muitos pesquisadores
mecanismos especiais de ancoragem, envolvidos com aplicações da engenharia
como parafusos parabolt. estrutural. A resistência e a rigidez dos
✓ O aumento nos reforços resistentes compósitos de PRF dependem, basicamente,
não pode ser maior que 50%, do tipo de fibra, da matriz polimérica e da
relacionado à circunstância anterior ao interface entre estas duas. Cada um desses
reforço. componentes deve apresentar um conjunto
de características que permita um
Além da colagem com adesivo injetada, a desempenho satisfatório do compósito
ligação pode ser complementada com (HOLLOWAY, 1991 apud BEBER, 2003
soldagem dos perfis às armaduras iniciais. A
adoção de parabolt só é viável quando estas Uma das funções da matriz polimérica é dar
não colidirem com a armadura inicial proteção às fibras, formando uma camada
(APPLETON ; GOMES, 1997). que as proteja de meios agressivos. Essa
matriz transmite as solicitações externas
O reforço com colagem de chapas de aço é um para as fibras, mantendo-as posicionadas
processo de rápida execução, e sem grandes
acréscimos de seção, porém a colagem das
chapas impede que sejam percebidas fissuras corretamente para evitar propagação de
no elemento, que indicariam possível falha de
capacidade portante, bem como a visualização fissuras e, consequente, de ruptura do
de possíveis deteriorações por corrosão, e tanto
a chapa metálica devido à sua pequena compósito (HOLLAWAY, 1991 apud BEBER,
espessura, quanto ao adesivo epóxi,
apresentam baixa resistência a elevadas 2003).
temperaturas, aumentando o risco de ruína em
situações de incêndio (REIS, 1998 apud
ZUCCHI, 2015 p. 27).

As fibras são um material filamentar com alta

Para o reforço com uso de chapas metálicas,
razão entre comprimento e diâmetro, cujas
além do uso de chumbadores com posterior
moléculas são alinhadas fortalecendo sua
injeção de adesivo, Campagnolo (1993 apud.
 12

atração intermolecular, resultando em alta entre a superfície presente e a lâmina do

resistência à tração (SCHWARTZ, 1984 compósito. “A orientação unidirecional das
apud BEBER, 2003). fibras confere ao laminado a maximização da
resistência e da rigidez na direção
A construção civil é uma das áreas com o longitudinal” (JUVANDES, 2002, cap. 2, pg.
maior interesse em explorar os PRF, 21).
destacando países como o Japão, que se
interessa na pré-fabricação e no reforço O sistema de PRF de cura “in situ”, se dá pela
aplicação de mantas e tecidos, que diferem
quanto ao agrupamento das fibras. Segundo o
contra sismos. A América do Norte tem EUROCOMP (1996), o JCI (JCI TC952, 1998) e
ACI Committee 440F (ACI 440, 1999) apud
interesse motivado pelas soluções de Juvandes (2002), as mantas são disposições de
faixas contínuas e de fibras sobre uma rede de
problemas de durabilidade, e a Europa, proteção, enquanto os tecidos são descritos
como entrelaçamento de faixas de fibras, em
preocupa-se com a necessidade de sentido unidirecional, bidirecional ou
multidirecional (ZUCCHI, 2015 p. 31).
preservar seu patrimônio histórico
(JUVANDES, 2002). 1.6. Legislaçao restauração e reformas.

Nesse contexto, a combinação de fibras e 1.6.1. Restauração

polímeros permite técnicas de reforço com
materiais de alta resistência, baixo peso 1.6.1.1. Carta de Atenas – 1933
próprio, grande durabilidade e ainda a
liberdade quanto à forma de sua geometria. Além do foco arquitetônico, esta carta
A orientação das fibras nos compósitos serve estabeleceu o conceito de patrimônio
para indicar a direção em que se deseja histórico das cidades: "Os valores
aumentar a rigidez e a resistência, sendo arquitetônicos devem ser salvaguardados
estas, ainda, determinadas pelo tipo de fibra (edifícios isolados ou conjuntos urbanos)”.
e pela fração volumétrica do material (CONGRESSO INTERNACIONAL DE
compósito. ARQUITETURA MODERNA, 1933)

O método pré-fabricado (laminado Vale destacar o trecho que responsabiliza os

unidirecional) contém uma camada contínua encarregados da proteção dos valores
de fibras impregnadas por um adesivo, com arquitetônicos “a obrigação de fazer tudo o
espessura e largura monitorada. A gordura que é lícito para transmitir intacta para os
contida nos dedos é um exemplo, que séculos futuros essa nobre herança”.
compõe uma camada que não tem aderência
 13

(CONGRESSO INTERNACIONAL conceitos enunciados na Carta de Atenas,

MODERNA, 1933). objetivando maior abrangência. A carta
instituiu a noção de “bem cultural” como
1.6.1.2 Recomendação de Paris - conhecemos hoje. (IPHAN 1964)
Paisagens e Sítios – 1962 No seu Artigo 1º, das Definições, afirma que:

Relaciona-se com a proteção da beleza e “a noção de monumento histórico compreende a

das características da paisagem e de sítios.
Além disso, introduz o conceito de proteção
legal das paisagens extensas por “zonas”.
Esse conceito de zonas de proteção pode ser
verificado no plano diretor de Belo Horizonte
e reporta à mesma ideia descrita nesta carta:
"Quando, numa zona protegida por lei, o caráter
estético é de interesse primordial, a proteção legal
“por zonas” deveria abranger o controle dos
loteamentos e a observação de algumas
prescrições gerais de caráter estético referentes à
utilização dos materiais e sua cor, às normas
relativas à altura, às precauções a serem tomadas
para dissimular as escavações resultantes da
construção de barragens, ou da exploração de
pedreiras, à regulamentação de derrubada das
árvores, etc." (Recomendação relativa à
salvaguarda da beleza e do caráter das
paisagens e sítios, Conferência Geral da ONU
para a Educação, a Ciência e a Cultura, Paris,
dezembro de 1962)
1.6.1.3. Carta de Veneza – 1964
Resultante do II Congresso Internacional de
Arquitetos e Técnicos dos Monumentos
Históricos, ICOMOS, esta é um carta
internacional sobre conservação
restauração de monumentos e sítios. Nesse
criação arquitetônica isolada bem como o sítio
urbano ou rural que dá testemunho de uma
civilização particular, de uma evolução significativa
ou de um acontecimento histórico. Estende-se não
só às grandes criações, mas também às obras
modestas, que tenham adquirido, com o tempo,
uma significação cultural." (II CONGRESSO
INTERNACIONAL..., 1964)
Outra contribuição interessante dessa carta é
o reconhecimento da importância da
interdisciplinaridade nas ações de
conservação e de restauração, permitindo
contribuição para o estudo e para a
salvaguarda do patrimônio. Há destaque
também da necessidade de os monumentos
serem destinados a uma função útil na
sociedade e da importância de as
modificações exigidas pela evolução do uso
não alterem substancialmente os prédios. Já
o artigo 6º registra os cuidados com a
volumetria dos monumentos:
"A conservação de um monumento implica a
preservação de um esquema em sua escala.
Enquanto subsistir, o esquema tradicional será
conservado, e toda construção nova, toda
e destruição e toda modificação que poderiam alterar
as relações de volumes e de cores serão
proibidas." (KUHL 2009 p. 75).

sentido, aborda os princípios que devem

1.6.1.4. Carta do Restauro – 1972
presidir a conservação e a restauração dos
monumentos que são elaborados e
Esta carta é uma referência para as questões
formulados num plano internacional e
mais específicas do campo da conservação e
avançando. Há aprofundamento dos
 14

da restauração. Traz instruções que visam à Contudo, o documento abre precedente para
salvaguarda e à restauração dos objetos novas utilizações dos edifícios monumentais
arqueológicos, os critérios das restaurações antigos, com o objetivo de assegurar sua
arquitetônicas, a execução de restaurações longevidade, desde que as novas funções
pictóricas e escultóricas e a tutela dos não sejam incompatíveis com os interesses
centros históricos. históricos e artísticos. Reforça ainda, que “as
obras de adaptação deverão ser limitadas,
Entre as instruções para a tutela dos centros conservando as formas externas e evitando
históricos, cabe ressaltar a orientação de que alterações das características tipológicas, da
é de fundamental importância o respeito às organização estrutural e da sequência dos
peculiaridades tipológicas e construtivas dos espaços internos.” (IPHAN, 1972, p. 8).
edifícios. São proibidas quaisquer
intervenções que alterem suas Mais adiante, a carta recomenda: “Uma
características originais, como o vazado da exigência fundamental da restauração é
estrutura ou a introdução de funções que respeitar e salvaguardar a autenticidade dos
deformem excessivamente o equilíbrio elementos construtivos. Este princípio deve
tipológico-estrutural do prédio. sempre guiar e condicionar a escolha das
operações.” (IPHAN, 1972, p. 10)
Corroborando tais instruções, os critérios
para intervenções arquitetônicas ressaltam, 1.6.1.5. Carta de Burra – 1980
inicialmente, a necessidade de obras de
manutenção e a adoção de medidas Resultante do Conselho Internacional de
preventivas a fim de evitar intervenções de Monumentos e Sítios, realizado na Austrália,
maior amplitude. No que se refere às obras a carta traz as definições de Restauração:
de restauração, a carta reitera a necessidade “restabelecimento da substância (conjunto de
de considerá-las “sob um substancial perfil materiais que fisicamente constituem o bem)
de conservação, respeitando os elementos de um bem em um estado anterior
acrescidos e evitando até mesmo conhecido”. Adaptação foi conceituada como
intervenções de renovação ou “o agenciamento de um bem a uma nova
reconstituição.” (MINISTÉRIO DA destinação sem a destruição de sua
INSTRUÇÃO..., 1972) significação cultural”. Uso compatível é
definido por “uma utilização que não implique
mudança na significação cultural da

substância, modificações que sejam
substancialmente reversíveis ou que
requeiram um impacto mínimo”. Significação
cultural – “designa o valor estético, histórico,
científico ou social de um bem para as
gerações passadas, presentes ou futuras”
(CONSELHO INTERNACIONAL
MONUMENTOS E SITOS, 1980).
É importante salientar nesse documento a
análise da restauração do Cine Brasil uma
vez que aborda o conceito de significação
cultural para a conservação total ou parcial
dos bens. Essa compreensão deve nortear
as ações de salvaguarda e determinar as
futuras destinações compatíveis, que não o
modifiquem e sejam reversíveis em seu
conjunto. Ou ainda que, caso modifiquem o
monumento, as interferências resultem no
menor impacto possível “sobre as partes da
substância que apresentam uma significação
cultural” (IPHAN, 1980, p. 4).
Outro aspecto importante refere-se ao trecho
em que se afirma: a “adaptação só pode ser
tolerada na medida em que represente o
único meio de conservar o bem e não
acarrete prejuízo sério a sua significação
cultural”. (IPHAN, 1980 p. 2)
1.6.1.6. Carta de Petrópolis – 1987
15
Resultado do 1º Seminário Brasileiro para
Preservação e Revitalização de Centros
Históricos, o documento destaca a
necessidade da ação integrada dos órgãos
públicos (federais, estaduais e municipais),
aliado à participação da comunidade na
preservação dos bens patrimoniais. Destaca
ainda a diversificação dos instrumentos de
proteção – inventário, tombamento, normas
ubanísticas, isenções e incentivos fiscais –
como forma de legalizar a proteção. Outro
aspecto importante dessa carta é o fato de
considerar essencial a predominância do
valor social da propriedade urbana sobre a
sua condição de mercadoria.
1.6.1.7. Carta de Washington – 1987
Esse documento complementa a Carta de
Veneza de 1964, tratando da proteção das
cidades históricas. Seu conteúdo afirma que,
para ser eficaz, essa defesa deve ser parte
integrante de uma política coerente de
desenvolvimento econômico e social, que
priorize valores como a forma e o aspecto
dos edifícios. Ressalta que: “qualquer ataque
a estes valores comprometeria a
autenticidade da cidade histórica”. (CARTA
INTERNACIONAL..., 1987)
1.6.1.8. Carta de Brasília – 1995

Esse documento regional do Cone Sul sobre
autenticidade, afirma que: “em edifícios e
conjuntos de valor cultural, as fachadas, a
mera cenografia, os fragmentos, as colagens,
as moldagens são desaconselhados porque
levam à perda da autenticidade intrínseca do
bem”. (DOCUMENTO REGIONAL..., 1995)
1.6.1.9. Legislação e preservação em Belo
Horizonte
O Plano Diretor de Belo Horizonte data de
1997 – Lei Municipal 7195/96 – traz uma
preocupação com o patrimônio histórico
edificado no espaço urbano do município. Foi
fruto do esforço de pessoas ligadas à
preservação do patrimônio. Além da
regulamentação do Plano Diretor, várias
legislações específicas de preservação foram
aprovadas e incluídas neste processo. A LEI
Nº 3802 DE 6 DE JULHO DE 1984 – que
para a proteção do Patrimônio histórico e
cultural de Belo Horizonte criou o Conselho
deliberativo do Patrimonio Cultural (CDPCM-
BH), especificando sua composição. Apesar
de ineficientes na prática, “pela falta de
consciência de grupos socioeconômicos
envolvidos com a dinâmica de crescimento
da cidade e, principalmente, pela
descontinuidade de ações preservacionistas
da administração pública” (ALMEIDA, 2006,
p.96), a lei foi positiva ao instituir o processo
de tombamento.
16
1.6.2 Reformas
A Lei 9.725/09, que institui o código de
edificações de Belo Horizonte, define as
obras de construção que estão sujeitas à
aprovação de projeto e ao licenciamento,
demolição, reconstrução, movimentação de
terra e entulho e supressão de vegetação,
marquises e muros de arrimo. Os parâmetros
estabelecidos pela lei visam assegurar às
edificações e às instalações condições
mínimas de segurança, higiene, salubridade,
harmonia estética e acessibilidade. Em
alguns casos, não há a necessidade de
aprovação pelo Executivo. Outro documento
importante a ser observado antes de iniciar
qualquer reforma que altere o desenho
original da casa ou apartamento, segundo
Gomide, é o Código de Posturas de Belo
Horizonte, que legisla sobre, por exemplo, as
regras de colocação de caçamba em via
pública.
São os municípios que estabelecem as
regras que vão regir as construções e
reformas, sendo importante, portanto, que o
responsável pela execução das obras e dos
reparos nas edificações tenha ciência dessas
normas. Na cidade de Belo Horizonte, o
Código de Edificações determina os deveres
dos responsáveis técnicos: “prestar, de forma
correta e inequívoca, informações ao
 17

Executivo e elaborar os projetos de acordo antes que a obra comece. Isso por que,
com a legislação vigente; executar obra apesar de elevar os custos da reforma,
licenciada, de acordo com o projeto aprovado permite que a obra siga as normas
e com a legislação vigente; cumprir as estabelecidas pela prefeitura. Além disso,
exigências técnicas e normativas impostas impede o gasto desnecessário de material e
pelos órgãos competentes municipais, de força da mão de obra. “Já tive de demolir
estaduais e federais, conforme o caso; parte do que foi feito para conseguir
assumir a responsabilidade por dano regularizar uma obra que começou sem
resultante de falha técnica na execução da alvará”, conta o engenheiro.
obra, dentro do prazo legal de sua
responsabilidade técnica; promover a “Qualquer alteração no projeto e na
manutenção das condições de estabilidade, concepção original da edificação precisa de
segurança e salubridade do imóvel, de modo aprovação e autorização da prefeitura. E o
a evitar danos a terceiros, bem como a objetivo principal é assegurar a segurança
edificações e propriedades vizinhas, tanto dos moradores quanto dos vizinhos,
passeios e logradouros públicos; dar o além de evitar problemas comuns quando
suporte necessário às vistorias e à não se tem conhecimento de construção,
fiscalização das obras”. como impermeabilização excessiva do solo e
sobrecarga na estrutura do prédio, que é
Outro aspecto importante, é que utilização muito perigoso”, alerta. Somado a esses
correta e a qualidade dos materiais devem
aspectos, o valor do imóvel reformado pode
seguir as diretrizes da ABNT (Associação
Brasileira de Norma Técnicas). Além disso, a perder muito em valorização quando não tem
regulamentação dos projetos, da execução,
o alvará regularizado.
da segurança das obras, entre outros, são
regulamentadas pela NBR 16.280. Essa
norma determina essas e outras etapas Muita gente pensa que pode tocar a
importantes da construção e da restauração obra por conta própria e que, depois,
conseguirá regularizar o imóvel. Isso
de edificações que envolvem fachadas, áreas não é verdade, pois, na maioria das
comuns de condomínios e interior de outros vezes, a construção não obedeceu
imóveis. aos parâmetros exigidos pela
prefeitura, tornando mais difícil
O principal ponto é que toda reforma, qualquer pedido de aprovação. Esse é
seja em casa, apartamento, imóveis dos maiores arrependimentos de
novos, antigos, comerciais ou quem não segue a lei, pois dificulta
residenciais, precisará de um muita na hora da venda do imóvel(
responsável técnico que seja GOMIDE 2016).
engenheiro ou arquiteto habilitado
para aquele serviço.(GOMIDES 2016) Nesse sentido, portanto, a prefeitura da
cidade de Belo Horizonte disponibiliza, para
Há destaque para a obtenção de alvará

imóveis regularizados de até 70 m², um
serviço de engenharia e de arquitetura
público que possibilita a aprovação de
projetos. Este serviço está disponível na
internet e no BH Resolve.
2 . METODOLOGIA
A pesquisa caracterizou-se com
investigação sobre o assunto, mediante
pesquisa teórica sobre Reformas,
Restaurações, suas patologias,
buscando teorias de estudiosos sobre os
assuntos e visita técnica no local do
estudo de caso e sua aplicação.
3. ESTUDO DE CASO
3.1. Histórico Cine Brasil
O Cine Brasil Vallourec é localizado no
centro da Cidade de Belo Horizonte na Praça
Sete de Setembro, esquina da Avenida
Amazonas com a Rua Carijós um prédio
histórico da cidade. Foi construído em 1932,
para ser um dos principais cinemas e o maior
teatro da cidade. Denomina‐se de um grande
edifício de oito andares cuja fachada, em
ângulo curvilíneo, com sua aparência de um
transatlântico foi projeto pelo arquiteto
Ângelo Alberto Murgel um dos pioneiros da
cidade no uso do concreto armado.
18
O Cine Brasil, até meados dos anos 70,
funcionava também como casa de
espetáculos, foi de suma importância para
vida artística e cultural de Belo Horizonte.
Mas logo após esse período houve uma
desvalorização, devida a uma crise nesse
tipo de atividade, passando a apresentar
filmes de característica suspeita. Finalmente,
foi fechado em 1999.
Em 2000, o Cine Brasil foi tombado como
bem cultural pelo Instituto Estadual do
Patrimônio Histórico e Artístico de Minas
Gerais (IEPHA‐MG). Em 2006, foi Comprado
pela empresa Vallourec & Mannesmann do
Brasil (VMB) e entregue à Fundação
Sidertube.
3.2. Restauração e Reforma Cine Brasil
Foi feita uma visita técnica e foi informado as
seguintes alterações:
O Novo espaço do Cine Brasil tem cerca de
8 mil m2 de área construída, com 7
pavimentos e altura correspondente a 11
andares. O teatro principal tem capacidade
de mil lugares e o teatro menor, chamado de
Teatro de Câmara, comporta 200 pessoas. O
espaço também possui cerca duas galerias
para exposições de artes visuais e um salão
multiuso para eventos com até 650 pessoas.
 19

A restauração teve duração de,
aproximadamente, 6 anos de obra, com
atraso na sua execução devido à descoberta
e à restauração dos painéis do Artista Ângelo
Biggi conforme a Figuara 2 do Anexo. Foram
investidos 53 milhões de reais de recursos
públicos e privado, a maior parte foi da
empresa Vallourec.
A fachada principal do edifício obedece à
arquitetura original da epoca da sua
inauguração em 1932, com revestimento em
pó-de-pedra, três grandes vitrais com formas
geométricas e quatro grandes lanternas.
Todo o piso do prédio foi restaurado e foi
feito um grande tratamento acústico especial.
No início da década de 80 foram removidos
quatro vitrais da época da inauguração que
foram trocados por outdoor. No processo de
restauração, foi encontrado o projeto original
elaborado nos Estados Unidos e os novos
painéis foram feitos.
Os ladrilhos hidráulicos coloridos, que
estavam muito danificados, tiveram que ser
substituídos por cópias idênticas fabricadas
por uma empresa de Barcelona
especializada na reprodução desse material
com as mesmas formas geométricas eram
utilizadas. Foram recuperadas cerca de 400
poltronas pela mesma empresa que as
fabricou em 1932, e instaladas no teatro de
bolso com capacidade para 200 pessoas, e
nas últimas filas do teatro principal.
Foram reconstruídas as frisas laterais (que
foram demolidas em uma das reformas do
edifício). Essa descoberta foi feita pelos
arquitetos através de foto dos anos iniciais do
teatro. Entretanto, umas das maiores
descobertas feitas pelos profissionais que
trabalharam na restauração estavam coberta
por cinco camadas de tinta. Foram
encontradas e recuperadas pinturas do estilo
marajoara com formas geométricas originais
do teatro principal do artista plástico Ângelo
Biggi.
As escadas em caracol, também foram
restauradas conforme as originais, porém
foram construídas outras três que são
utilizadas como saídas de emergência, além
de quatro elevadores.
A estrutura do telhado foi mantida, pois é
uma referência dos engenheiros da época,
que utilizaram concreto armado. Na
recuperação, foi necessário instalar novas
vigas para sustentar um grande salão situado
no sétimo andar. Mas as antigas estruturas
ainda podem ser observadas nos quintos e
sextos andares.
Apesar de a estrutura original estar em ótimo
estado e apresentar alta resistência, foi feita
uma nova estrutura de sustentação,
composta por tubos de aços fabricados pela
 20

Vallorec. Os novos apoios proporcionaram a varia de 13,205 m, na viga VM‐6, a 26,55 m,

implantação de um novo pavimento, com na viga VM‐2, (a viga VM‐1, tem um maior
fundação autônoma acima do telhado comprimento total de 29,09 m, mas só tem
original. vão entre apoios de apenas 23,09 m, com
pontos extremos em balanço com
3.3 A estrutura metálica do projeto de aproximadamente de 2,5m) (FAKURY,
restauração CALDAS E BRANCO 2012).

No projeto de restauração conforme esta no A resistência ao escoamento do aço

anexo na figura 9, na parte mais alta do estrutural das vigas mistas é
edifício, com altura de 125,24 m, idealizou‐se aproximadamente 350 MPa, já a resistência
um grande salão de eventos. A estrutura a compressão, para o concreto utilizado é 25
desse salão foi projetada para ser autônoma MPa para laje e 20 MPa para o enchimento
da edificação histórica, sendo feita a sua dos pilares.
maior parte, por uma laje maciça de concreto
armado com espessura de 15,0 cm em cima 4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
de seis peças de aço. Essas peças de aço
Através da caracterização dos objetos de
em grupo com faixas da laje formam seis
estudo e apropriado embasamento, esta
vigas mistas, VM‐1 a VM‐6, que se apoiam, e
pesquisa, pôde-se constatar que técnicas de
são preenchido com concreto de formato investigação e diagnóstico e de manutenção
circular, com o comprimento de 27,79m, pois preventiva e de suma importância para o
começam nas fundações, no nível 97,45m, e tratamento das patologias de estruturas. E
atingem a altura de 125,24m (FAKURY, que os materiais empregados nos reforços
CALDAS E BRANCO 2012). estruturais dependem do que projeto e o
profissional preconizam.
As vigas mistas contêm interação integral e
são formadas por pontos extremos em perfil O trabalho discorre também sobre a
soldado de aço I 590 x 400 x 37,5 x 19 e importância da legislação sobre o tema. E
ponto central em treliça tipo Warren sem demonstra as técnicas utilizadas no edifício
montantes, formada por perfis tubulares histórico Cine Brasil Vallourec, sendo
circulares no banzo inferior e nas diagonais e patrimônio histórico e ártico municipal e
por perfis tubulares retangulares no banzo estadual tombado do estado de Minas
superior. O vão entre apoios das vigas mistas
Gerais.

Pelo o estudo realizado, fica claro, que deve
se ter varias pesquisas ainda, sobre o
assunto, alem de leis regulamentadoras que
tornem obrigatorias inspeções e a
prevenções de patologias de edificios a fim
de diminuir os perigos e preservar a
durabilidade das estruturas os aspectos
esteticos.
AGRADECIMENTOS
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ANEXOS

(a) Na inauguração, em 1932 (b) No fechamento, em 1999

Figura 1 ‐ Visão externa do Cine Brasil (fonte: sítio skyscrapercity.com)

Figura 2 – Paineis do Artista Ângelo Biggi Figura 3 – Estrutura Metalica do Cine Brasil

Figura 4 Teto entrada Grande teatro Figura 5 – Estrutura do telhado antigo de concreto armado
 25

Figura 6 – Estrutura Metalica Figura 7 – Sala Multiuso Cine Brasil

Figura 8 ‐ Estrutura antiga de concreto que será mantida

(fornecimento Fundação Sidertube)
 26

Figura 9 ‐ Detalhes da estrutura metálica do piso do salão de eventos

(fornecimento Fundação Sidertube)
 27

(a) Planta (b) Esquema geral aproximado em 3D

Figura 10 ‐ Posição das passarelas laterais e das salas de exposição
(fornecimento Fundação Sidertube)