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Ar gos

MÉTODOS PARA AUXÍLIO DE PROJETOS ARQUITETÔNICOS DE


ESTABELECIMENTOS ASSISTENCIAIS DE SAÚDE

METHODS TO ASSIST THE ARCHITECTURAL PROJECT OF HEALTH CARE FACILITIES


Antonio Pedro Alves de Carvalho

RESUMO
Os diversos modelos metodológicos que envolvem o projeto arquitetônico auxiliam sobremaneira o trabalho proÞssional na área, tratando da
adequação ao entorno até a explicitação das ÞlosoÞas básicas de elaboração, cons tuindo-se em parte essencial deste processo – notadamente
nos casos complexos, nos quais a quan dade de variáveis implica numa impossibilidade de equacionamento simpliÞcado. Através de pesquisa
bibliográÞca e da aplicação no ensino de métodos de auxílio ao projeto de estabelecimentos de saúde, busca-se, no presente trabalho, fornecer
aos arquitetos que trabalham na área uma relação de ferramentas de ajuda à compreensão da grande quan dade de dados que interferem na
elaboração de projetos de ediÞcações complexas. Obteve-se uma gama de diversos procedimentos absolutamente necessários ao trabalho do
arquiteto, com explicações de sua execução e exemplos. O estudo das diversas metodologias de criação do projeto arquitetônico é tema de
grande interesse e a necessitar de melhor organização e visão geral. O presente trabalho coloca a importância do tema, indicando caminhos,
principalmente para aqueles que trabalham com ediÞcações para a área de saúde.

Palavras-chave: Metodologia da Arquitetura, Arquitetura e Saúde, Arquitetura Hospitalar.

ABSTRACT
There are several methodological models that deal with the architectural project, which help the professionals that work in the Þeld, and
deal with issues ranging from the suitability of the surroundings to the basic philosophical approaches of design, most notably in the complex
cases, in which the quan ty of variables makes it impossible to Þnd a simple solu on.
Based on extensive bibliographic research and teaching methods related to the healthcare building, this work aims at providing a list of tools
that can help designers understand some of the many issues that inßuence the project of complex buildings. It includes an array of procedures
that are deemed to be indispensable to the work of the architect, with explana ons and examples of prac cal applica on.
The study of the many methodologies of architectural design and produc on is of utmost importance, albeit s ll in need of more organiza on
and broadening of views. This ar cle talks about the importance of the theme, o!ering some direc ons, par cularly for those involved with
buildings for healthcare.

Keywords: Architectural project, architecture and health, hospital architecture.

A questão da funcionalidade no projeto arquitetônico da arquitetura deixam de ser apenas dependentes do talento
levanta diversas questões que afetam a maneira de executá-lo, e da vivência pessoal, passando a ter um corpo teórico maior
notadamente no caso de estabelecimentos assistenciais de que os exemplos de obras já realizadas.
saúde (EAS). A adequação dos espaços às a vidades (o uso), o Pela adoção dessas técnicas, de maneira alguma haverá
conforto ambiental (o clima, o som, a paisagem), a apropriada diminuição do papel pessoal e ar"s co do arquiteto, permane-
escolha dos materiais, o custo são partes essenciais à realiza- cendo necessário o estudo das escolas e movimentos esté cos,
ção de um bom planejamento de ediÞcações. Essas exigências a importância da memória e, principalmente, da beleza como
devem ser cuidadosamente consideradas no processo que imponderável fator que valoriza a obra. A metodologia do
envolve a criação na Arquitetura. Para seu equacionamento, projeto arquitetônico estabelece limites, determina o conheci-
existe uma série de técnicas analí cas introdutórias absoluta- mento das funções do edi#cio, ampliando o papel do usuário,
mente necessárias, que par cipa de uma incipiente metodo- que coloca exigências aparentemente simples, mas que nem
logia cien"Þca do projeto (JONES, 1978). O ensino e a prá ca

Antonio Pedro Alves de Carvalho é arquiteto e engenheiro, professor da Universidade Federal da Bahia e Doutor em Organização do Espaço pela
Universidade Estadual Paulista

ISSN: 2176-6703 | P. 9 - 18 Ambiente Hospitalar, ano 6, nº 9, 2012 | 11


sempre são devidamente consideradas, como a ergonomia, a no caso das ediÞcações de maior complexidade, tornam-se
acessibilidade, o conforto ambiental, a economia de energia e imprescindíveis.
o próprio bem estar #sico e mental, com todas as suas ques-
A programação surge, portanto, como um momento
tões subje vas.
de análise e preparo, de amadurecimento e contato com a
Os diversos modelos metodológicos, com a con nuada situação, como um conjunto de conhecimentos preparatórios
pesquisa, vão se aprofundando, tratando da adequação ao que não podem ter sua importância subes mada na prá ca
entorno até a explicitação das ÞlosoÞas básicas de elaboração, proÞssional e na formação do arquiteto e urbanista. De acordo
cons tuindo-se em parte essencial do projeto arquitetônico – com Peña e Parshal (2001):
notadamente nos casos complexos, nos quais a quan dade de
Bons edi#cios não surgem simplesmente. Eles são pla-
variáveis implica numa impossibilidade de equacionamento
nejados para terem uma boa aparência e funcionarem
simpliÞcado. Trata-se de uma tenta va de diminuição do desco- bem, e isto acontece quando bons arquitetos e clientes
nhecimento do objeto de planejamento. A tarefa de projetar um compreensivos juntam-se para efetuar um esforço coope-
edi#cio passa a ser um trabalho de equipe, na qual é obrigatória ra vo e completo. Programar as exigências funcionais do
a interdisciplinaridade, havendo uma clara necessidade de coor- edi#cio a ser proposto é o primeiro trabalho do arquiteto,
denação. Não se trata de conceder maior ou menor importância e talvez o mais importante. (PEÑA; PARSHALL, 2001, p. 12).
da função sobre a forma – velho debate da arquitetura –, mas
Os estudos de programação têm sido empreendidos atra-
explicitar o que necessita ser considerado, de modo a tornar
vés de técnicas e modelos muito variados, compendiados por
claro o como se idealiza o espaço onde todos vivem.
autores como Duerk (1993) e Kumlin (1995). A metodologia
O PROJETO ARQUITETÔNICO DE EDIFÍCIOS DE SAÚDE do projeto arquitetônico, no entanto, não se limita à fase de
programação. Com o intuito de organizar e melhor entender os
A clareza da metodologia do projeto arquitetônico torna-se diversos métodos que estão envolvidos no processo de criação
necessária, principalmente, quando se trabalha com os chama- arquitetônica, será possível analisá-los nas seguintes etapas:
dos edi cios de funções complexas, que são ediÞcações de im-
pacto, ou pelo porte ou pela quan dade de variáveis funcionais a) Conhecimento do programa;
(BARRETO, 1999; CARVALHO; BARRETO, 2007). Nesses casos, se b) Proposição;
as funções não forem corretamente consideradas, provocam-se
entraves que podem inviabilizar todo o empreendimento. c) Avaliações.
Outra caracterís ca dessas ediÞcações é a necessidade Estas são fases obrigatórias, mas não necessariamente
de con nuada adaptação às modiÞcações dos usos, exigindo, efetuadas de forma linear. O importante é ter em mente a u -
além da funcionalidade, a adaptabilidade de seus espaços, o lidade de cada uma delas, evitando a excessiva simpliÞcação,
que tornam os estudos metodológicos essenciais. São con- que pode acarretar graves problemas.
sideradas ediÞcações complexas grandes empreendimentos
imobiliários, como: hospitais, portos, aeroportos, rodoviárias, CONHECIMENTO DO PROGRAMA
shoppings, centros de convenções, hotéis, supermercados, Esta etapa do processo projetual envolve as pesquisas
teatros, museus, cemitérios, escolas, universidades, centros preliminares, os pré-dimensionamentos e o estabelecimento
empresariais, conjuntos habitacionais, templos, centros admi- de uma coordenação modular. Estes procedimentos resultarão
nistra vos, loteamentos, entre outros. numa listagem de espaços e a vidades, comumente chamada
Nesses casos, a existência de métodos de equacionamento programa. Deve-se ressaltar que o programa arquitetônico não
das múl plas variáveis envolvidas torna-se obrigatória, sob pode ser simplesmente aceito como informação apriorís ca,
pena de baixa qualidade Þnal do produto. Tais métodos podem mas sempre uma responsabilidade do arquiteto. De posse desta
ser englobados no que se chama programação arquitetônica, listagem inicial, será o momento dos estudos de setorização
que pode ser deÞnida como um conjunto de procedimentos ou zoneamento, com a indicação para a etapa de proposição.
que precedem e preparam a síntese projetual, e coincide
Pesquisas Preliminares
com o que Robert Hershberger (1999) denominou pesquisa
pré-projeto. O termo programação, como a vidade e fase do As pesquisas preliminares do projeto arquitetônico envol-
processo de projeto, explicita a necessidade de comunicação vem diversas técnicas e formas de abordar o problema da deÞ-
entre a equipe de projeto e o cliente. São a vidades necessá- nição dos espaços, podendo ser u lizada uma gama de docu-
rias para a confecção de um trabalho de qualidade, mas que, mentos e processos que serão alvo de estudo sistema zado.

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As mais básicas englobam o conjunto de procedimentos envolvem o imóvel a sofrer intervenção, como escrituras, hipo-
que trabalha na escala regional e urbana, chegando-se às tecas, li"gios, dimensões legais e reais, entre outras.
condicionantes que determinarão a escolha do terreno. É uma
As entrevistas iniciais realizadas pelos proje stas com
fase em que o arquiteto é comumente posto de lado, mas que,
os clientes são de extrema importância. Delas dependem o
certamente, determina o projeto como um todo. São estudos
desenrolar do processo de projetação, tratando de aspectos
de viabilidade econômica e técnica, populacionais e culturais
decisivos da ediÞcação futura, tendo-se como obje vo sempre
que interferem decisivamente no po de proposição a ser
a maior par cipação do usuário. Por outro lado, não se pode
estabelecida.
imaginar que essa conversa informal subs tua todo o processo
Em ediÞcações complexas, a obra a ser projetada cons - de programação. O passo inicial para um planejamento das
tui-se em elemento de um sistema mais amplo e a ele deve entrevistas é a iden Þcação das pessoas que possuem conhe-
ser integrada. Em relação à saúde, por exemplo, há uma clara cimento técnico e poder de decisão entre os contratantes, de
interface de hierarquias e papéis. As circulações internas e a modo a elaborar um plano que possa fornecer a maior quan-
existência de infraestrutura de apoio e instalações também dade de dados possível.
determinam espaços e soluções. Da mesma forma, o traçado
Um roteiro preciso deve ser estabelecido, de modo a não
de um correto perÞl do que se pretende construir passa por
haver perda de tempo e oportunidade. A princípio, pode-se
essa visão sistêmica.
incluir no conteúdo de uma entrevista: obje vos e metas do
Ao lado do levantamento topográÞco, que fará todas as empreendimento, gastos previstos, modelos e gostos esté cos,
medições exteriores às ediÞcações existentes, deverá ser efe- expecta vas, sugestões de programa, qualidade de equipa-
tuado rigoroso cadastro das ediÞcações situadas no terreno, mentos e mobiliário, questões ambientais, entre outros temas.
inclusive rela vamente ao estado de conservação. Deve-se
Relevantes também são as reuniões programadas para
ressaltar que, mesmo no caso de ediÞcações inicialmente
apresentar aspectos especíÞcos do projeto, explicitando-se
reservadas à demolição, o cadastro precisa ser completo. A
as alterna vas de solução. Quando envolve especialidades
decisão de descartar-se ou não uma ediÞcação existente não
diversas recebe o nome de Reuniões de Coordenação. Algumas
deve ser tomada a priori, além da necessidade de correto
premissas caracterizam esse po de reunião:
levantamento de custos.
• são decisivas, no sen do de apontar caminhos e indicar
As considerações ambientais iniciam-se pelas condicionan-
soluções;
tes climá cas regionais e urbanas, além dos levantamentos da
vegetação, incidência solar e de ventos, análise de visuais de • os seus par cipantes devem ter autoridade suÞciente
impacto, estudos de acessos e estacionamentos, sondagens, para a tomada de decisões;
entre outros. As questões de economia de energia e susten-
• devem ser bem planejadas, com pauta deÞnida, horários
tabilidade das ediÞcações são, hoje, uma exigência é ca e da
de início e término claros, secretaria eÞciente, direção
legislação de muitos países. Existem, inclusive, cer Þcações
e ata com as principais decisões tomadas, a vidades a
que, afastando-se o claro intuito de promoção comercial,
serem executadas, seu executor e datas de sua apre-
determinam o nível de adequação ambiental alcançada pela
sentação (DUERK, 1993).
ediÞcação. Trata-se de uma exigência a cada dia mais comum
o estabelecimento de estudos de impacto ambiental e análise O uso de ques onários possui um aspecto formal de im-
climá ca cuidadosa rela va ao empreendimento e ao local de portância, por apresentarem declarações escritas sobre dados
sua implantação, notadamente em ediÞcações especiais, como obje vos que podem, inclusive, ser alvo de manipulações
hospitais, aeroportos e cemitérios. esta"s cas. Sua abrangência deve estar relacionada com a
complexidade, porte e especiÞcidades do empreendimento.
As questões norma vas permeiam todas as etapas do
Um especial cuidado deve ser dado à amostragem ou escolha
projeto, cons tuindo-se desde leis nacionais e acordos interna-
do seu público alvo de aplicação (KUMLIN, 1995).
cionais até o estabelecido pelos planos diretores urbanos. Um
levantamento, o mais completo possível, das condicionantes Esse tipo de pesquisa pode ter como alvo dirigentes,
legais que envolvem o projeto, como leis de uso do solo, códi- proprietários, usuários em geral, funcionários, prestadores de
gos de obras, decretos, resoluções e portarias, tombamentos, serviço e outros. A atenção à maneira de se aplicar os ques o-
aprovações, registros e alvarás, é tarefa que envolve grande nários não pode deixar de ser considerada. O ideal será a con-
dispêndio de tempo e recursos, devendo ser convenientemente tratação de proÞssionais que, inclusive, cuidem da tabulação e
considerada. Ainda nesta área estão as documentações que interpretação preliminar dos dados levantados. Como sugestão

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de conteúdo, pode-se estabelecer: sa sfação rela va ao espaço e pragmá cas, ajustam-se ao senso comum nas situações
existente, caracterís cas do espaço idealizado, obje vos, ßuxos, pouco conhecidas. Deve-se, no entanto, cuidar para que esses
relacionamentos entre a vidades, relação de mobiliário e equi- exemplos não levem à con nuidade de soluções equivocadas
pamentos a serem adquiridos e/ou aproveitados e materiais ou aplicadas de forma par cular.
de acabamento.
Na prática, os três modos operam juntos. Embora a
Visitas programadas a instalações semelhantes às que se maior parte dos programas seja analógica, muitos de seus
pretendem projetar são extremamente úteis para a apreensão componentes podem ser pouco fundamentados. Os estudos
de a vidades pouco conhecidas. Estas, no entanto, não de- ergonômicos e as inovações tecnológicas forçam a realização
vem se cons tuir em passeios rápidos, mas numa observação de estudos de funcionalidade, que são comuns no caso dos
sistema zada, com questões formuladas com antecedência. EAS (BARRETO, 2007).
No caso de projetos de reforma, uma competente Avaliação
Pós-Ocupação é imprescindível. A página na internet do SomaSUS (2012), do Ministério
da Saúde, representa uma demonstração bem completa deste
Uma vez colocados os obje vos a serem alcançados no
método, rela vamente aos projetos de EAS, inclusive com Þchas
projeto, deve ser traçado o perÞl básico do empreendimento
detalhadas das caracterís cas dos equipamentos e ambientes.
e realizado um estudo de viabilidade econômico-Þnanceira, de
modo a obter-se a máxima segurança quanto aonde se quer Coordenação Modular
chegar, abortando antecipadamente qualquer plano que não
Por modulação deve-se compreender o estabelecimento
esteja Þrmemente calcado em estudos de mercado.
de medidas ou de padrões de componentes que podem se
Pré-Dimensionamentos repe r ou admi r variantes segundo regras básicas. Devem
ser integrados a uma estrutural global, a uma malha modular
É uma técnica das mais valiosas para o conhecimento dos
ou outra convenção, que permita a coordenação de todas as
detalhes que interferem no desempenho de cada a vidade,
informações do projeto (ABNT, 1982).
inclusive equipamentos, mobiliário, pessoal, condicionantes
ambientais e outros. É u lizada para o conhecimento de es- A coordenação modular consiste num sistema capaz de
paços cuja funcionalidade não está dominada pelo arquiteto ordenar e racionalizar a confecção de qualquer artefato, desde
(KRUGER, 1986; RIO DE JANEIRO, 1996; BRASIL, 2012). o projeto até o produto Þnal. Esta ordenação e racionalização
Os espaços arrolados no programa arquitetônico podem se efe va, principalmente, pela adoção de uma medida de
ser pré-dimensionados por, pelo menos, três modos: referência, chamada módulo, considerada como base de todos
os elementos cons tuintes do objeto a ser confeccionado.
a) funcional;
b) norma vo;
c) analógico.
No modo funcional, analisa-se cada a vidade e sua ergo-
nomia ou as caracterís cas da movimentação, posturas, dura-
ções, esforços, desgastes e habilidades motoras e perceptuais
envolvidas no trabalho. A organização do trabalho é estudada
através de cenários e simulações abrangentes, envolvendo toda
a cadeia de a vidades na ediÞcação.
O modo norma vo baseia-se em regras estabelecidas atra-
vés de leis e suas obrigações explicitamente derivadas ou dos
costumes. A norma tem, em muitos casos, forte fundamentação
funcional e analógica, embora tenda a perder esses sen dos
quando aplicada inßexivelmente.
No modo analógico, usam-se informações integrais ou Fig. 1: Exemplo de estudo de pré-dimensionamento
parciais, vindas de exemplos anteriores, que servem de re- Fonte: Grupo de estudos em arquitetura e engenharia hospitalar (UFBA, 2012)
ferência. A analogia gera cópias que, por serem adapta vas

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A sua u lização é mais frequente em obras de grande das a vidades precede os espaços, mas não se deve perder
porte e que requerem um método constru vo rápido e racio- de vista as inúmeras possibilidades de variações das formas
nalizado. É o caso, por exemplo, de edi#cios ins tucionais de executar cada a vidade.
(escolas, prédios públicos), hospitais, conjuntos habitacionais Há várias formas de análise das relações entre espaços e
e edi#cios industriais (como galpões) (CARVALHO; TAVARES, a vidades. Interessa ao processo de projetar os modos pelos
2002). Quanto maior for o índice de industrialização do pro- quais o programa arquitetônico representa sa sfatoriamente
cesso de construção, mais se exige a coordenação modular. a organização de a vidades que será atendida e viabilizada
Na saúde tem-se o caso dos hospitais da Rede Sarah como o espacialmente. Deve-se ressaltar, no entanto, que não existe
exemplo mais completo do correto uso da modulação. uma correspondência unívoca entre espaços e a vidades. As
Desde o pré-dimensionamento é essencial trabalhar para a vidades condicionam espaços e espaços condicionam a -
que uma coordenação modular consistente seja desenvolvida. vidades, por razões relacionadas à linguagem arquitetônica, à
Os espaços devem ser múl plos de um módulo espacial ou de ßexibilidade e adaptabilidade de uso, ao conforto ambiental e
um conjunto de módulos espaciais básicos. A coordenação a outros fatores.
modular envolve módulos funcionais, estruturais, constru vos, No projeto arquitetônico, ao deÞnir a vidades, há a natural
de instalações, de infraestrutura predial etc. associação aos espaços, às vezes linearmente. Nem sempre essa
Como vantagens da adoção da modulação, podem-se citar: correspondência é adequada. Sabe-se que muitas a vidades
dis ntas (ou repe das) podem estar associadas a um único
• a racionalização e facilitação do processo projetual, já
espaço e que uma mesma a vidade pode ocorrer em diversos
que estabelece uma limitação às medidas aplicáveis
espaços dis ntos. Os padrões de inter-relação entre espaços e
aos componentes e ao projeto como um todo, além de
a vidade também variam no tempo. Essas inter-relações devem
facilitar e ßexibilizar a combinação dessas medidas;
ser analisadas. Todas as relações entre os espaços e as a vidades
• a possibilidade de emprego dos componentes na cons- listados podem ser examinadas uma a uma (BARRETO, 2007).
trução em seu espaço designado sem a necessidade de Há importantes inter-relações que são simétricas – como as de
modiÞcações do projeto para a obra, evitando gastos e proximidade e compa bilidade. Essa reciprocidade pode ser
perda de tempo; apresentada em uma matriz (Þg.2).
• a adequação às caracterís cas da construção civil aos
processos de produção industrial;
• a possibilidade de proporcionar menor gasto de mão
de obra;
• a redução dos prazos de execução;
• melhoramento do entrosamento entre proje stas, fabri-
cantes de materiais e executores da obra pela adoção
de parâmetros comuns, facilitando a coordenação do
projeto em obra e a manutenção do edi#cio.
Com a crescente industrialização do processo constru vo,
a modulação se torna essencial como elemento uniÞcador e
racionalizador. Não é admissível, na atualidade, a confecção de
projetos que não u lizem esta ferramenta.
Fig.2: Matriz de inter-relações entre setores de um hospital
Listagem de Espaços e A vidades Fonte: MELLO; MEIRA, 2009.

Como consequência da explicitação do perÞl do empreendi-


mento, segue-se o estabelecimento da listagem de todas as Pode-se criar grafos (diagramas de relações) a par r de
a vidades que possam gerar espaço, bem como seus rela- matrizes. Os elementos da matriz são, por exemplo, dispostos
cionamentos. Um programa é essencialmente baseado nas em círculo, como num relógio. Cada relação será representada
relações entre espaços e a vidades. Comumente a deÞnição através de um traço, criando-se um diagrama dessas relações

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(Þg.3). Faz-se, então, o registro do peso ou importância – ou da ções à lógica de posições rela vas con das no programa e nos
natureza, prioridade, especiÞcidade – de algumas das relações padrões de uso dos edi#cios – servindo de ponto de par da na
(ANDRADE, 1980; JONES, 1978). proposição de um projeto (Þg.4). Estas premissas iniciais devem
ser cuidadosamente checadas ao se elaborar a proposta Þnal.

Fig.3: Grafo explicitando as inter-relações entre setores de um hospital


Fonte: MELLO; MEIRA, 2009.
Fig.4: Exemplo de zoneamento com análise de ßuxo
Áreas Equivalentes e Zoneamento Fonte: MELLO; MEIRA, 2009.

Um programa arquitetônico contém uma listagem dos


espaços, em vários níveis de abrangência. O trabalho primário PROPOSIÇÃO
de um organizador de espaços é a separação das várias funções Esta fase é de estudo mais di#cil, envolvendo um sem
aÞns de um edi#cio. Isto pode ser feito u lizando-se de uma número de considerações pessoais e de es los de trabalho,
listagem simples, uma matriz ou um gráÞco de áreas. Estas áreas mas que podem ser sistema zados através das formas de re-
podem ser interligadas por vetores, grafos ou em um funciono- presentação u lizadas e nos estudos de composição.
grama (NEVES, 1998). Pode-se ligar, ainda, as áreas equivalentes
das diversas funções. Estas áreas proporcionais demonstram as Hoje, com o avanço das técnicas computacionais, da
diversas conÞgurações #sicas possíveis para as soluções mais chamada realidade virtual e de outras ferramentas de repre-
adequadas do ponto de vista funcional. Esses elementos de área sentação, a questão do meio e da mensagem nunca esteve tão
podem ser também compostos modularmente. atual. Segundo Mar nez (2000, p. 47): “[...] A representação
tem variadas virtudes, mas entre elas não está a neutralidade,
Pode-se par r ou não de áreas equivalentes ou zonea- a inocência.”
mentos para controlar os estudos preliminares de arquitetura
de um edi#cio que tem requisitos de proximidades entre suas A criação, vista de uma forma genérica, é uma questão que
partes componentes. Sem conhecer essa estrutura subjacente, envolve contextos culturais e valores esté cos. Não se pode
contudo, diÞcilmente se saberá o quanto se está acertando ou considerar cria va uma obra fora de seus aspectos históricos
errando. O zoneamento ou setorização permite várias aproxima- e de papéis desempenhados (OSTROWER, 1997). Máscaras e

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pinturas em cavernas de sociedades primi vas certamente, em planos de crescimento de ediÞcações, pois envolvem princípios
seu tempo, não eram consideradas a vidades excepcionais ou do planejamento administra vo. Desenvolve o conceito de
cria vas. Escolas esté cas e referências históricas possuem um arquitetura indeterminada, proposto inicialmente, na década
inegável papel na consideração da cria vidade, principalmente de 1960 para explicar os casos de ediÞcações que estão em
na arquitetura. Muitas obras são consideradas inovadoras sim- constante mutação, como em grandes hospitais (NAGASAWA,
plesmente por terem sido executadas em determinado período. 2007; MENDES, 2007). Busca fornecer um horizonte de desen-
volvimento da ediÞcação a ser projetada, mantendo-a atual,
Muitos defendem a possibilidade de desenvolvimento das
envolvendo con"nuas avaliações. É cons tuído por três etapas:
habilidades criadoras. Segundo Montenegro:
conhecimento da situação existente (diagnós co), montagem
Existe um processo lógico para a invenção, que pode de cenários (propostas), plano operacional (implementação).
ser resumido em quatro etapas: 1) Pesquisa de dados;
2) Associação dos dados coletados para a formulação O diagnós co determina o perÞl da organização que se
de alterna vas; 3) Avaliação ou crí ca das alterna vas pretende abrigar, sua viabilidade e localização (dados gerais
propostas e 4) Expressão ou representação da proposta e especíÞcos). Para tanto, pesquisa as demandas (usuários/
selecionada. (MONTENEGRO, 1987, p.124). consumidores, funcionários), os recursos (pessoal, tecnológico,
A realidade, no entanto, é que não existe uma atenção ex- #sicos, econômicos), a operacionalidade projetada (ro nas,
clusiva ao desenvolvimento desta competência nas academias perÞl desejado da ins tuição) e o modelo de gestão a ser
de arte ou de arquitetura. Certas crí cas da forma como arte utilizado. Administrativamente busca detectar problemas
são os procedimentos que mais se aproximam deste obje vo. funcionais e econômicos. Em relação ao exame #sico, quando
numa ediÞcação já existente, procura caracterizar problemas
Nos estudos de composição são considerados uma de arquitetura, equipamentos e instalações. Em se tratando
série de critérios de análise, na sua maioria demonstrados de novas ediÞcações, estabelece ÞlosoÞas a serem seguidas.
em obras notáveis selecionadas, como textura, movimento,
ritmo, hierarquia, simetria, luz e sombra, entre outros. Reis A fase de propostas é a etapa em que se colocam os
(2002) destaca que: projetos a serem implementados. Inicialmente estabelece
alterna vas pela manipulação e análise dos dados disponíveis,
A percepção de ordem na forma arquitetônica, que implica determinando a evolução provável do empreendimento, as pos-
percepção de unidade e de uma estrutura na organização
sibilidades de crescimento regional e estratégico, procurando
dos elementos composi vos, provoca uma reação sa s-
fatória ao es"mulo e é condição para uma percepção simular resultados. Somente depois de um exaus vo exame
apropriada da forma. (REIS, 2002, p.17). dessas informações, parte-se para os primeiros estudos da
ediÞcação, baseadas no escopo determinado para a contrata-
Trata-se de toda uma ideologia da forma, que implica em ção de projetos e nas ro nas de acompanhamento e revisão.
consideração primordial dos aspectos visuais para a determina-
ção da qualidade da obra arquitetônica, passada a resumir-se O plano operacional deve estabelecer uma estratégia de
em escultura. No caso dos EAS, pela forte determinante fun- implantação, dentro de uma escala de prioridades e da dispo-
cional, há um preconceito generalizado de que as ediÞcações nibilidade de recursos Þnanceiros colocados e acompanhados
são feias ou com “cara de hospital” – o que, na verdade, apenas pelos diversos pos de cronogramas. Não se poderá prescindir
demonstra a falta de estudos de composição por parte dos ar- da colaboração dos executores das etapas anteriores na Þscali-
quitetos. As obras da Rede Sarah, de autoria do arquiteto João zação, esclarecimento, correção e atualização das peças gráÞ-
Filgueiras Lima (Lelé), demonstram que este po de opinião, cas. A retroalimentação do plano vem das diversas avaliações
além de equivocado, impõe que sejam consideradas de forma programadas no decorrer da vida ú l do edi#cio.
mais incisiva os valores esté cos em obras para a saúde. São muitas as vantagens da adoção da metodologia do
plano diretor. Pode-se citar: es mula a par cipação; redeÞnição
Plano Diretor e consolidação de obje vos, metas e prioridades; estabelece
Dentre os métodos que se u lizam na proposição de obras estratégias a curto, médio e longo prazo; sistema za ações de
complexas, está o do plano diretor. É um processo eminente- planejamento; ßexibiliza os recursos disponíveis, com clara
mente administra vo de planejamento integrado (mul discipli- visão das prioridades; minimiza pressões e conßitos; maximiza
nar) que, por sua semelhança com o estabelecimento de diretri- o aproveitamento dos recursos Þnanceiros, inclusive apontando
zes legais de cidades, recebeu um nome semelhante ao adotado fontes de Þnanciamento; es mula a obtenção de resultados;
no Planejamento Urbano. Não deve ser confundido com simples atualiza e fortalece a Ins tuição como um todo.

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Coordenação de Projetos fatores técnicos constru vos, econômicos, funcionais, esté -
cos e comportamentais, tendo em conta o ponto de vista dos
A confecção de projetos nunca deve ser vista como um
diversos agentes, mas, principalmente, dos proje stas, clientes
conjunto de a vidades estanques, desconectadas entre si. Cada
e usuários. A psicologia vem sendo amplamente u lizada em
especialidade deve ser executada dentro de uma visão do todo
trabalhos interdisciplinares, destacando a sa sfação e huma-
e, para que tal ocorra, será necessária a coordenação de pro-
jeto. Esta deverá ser efetuada desde o início do planejamento nização do espaço construído (ORNSTEIN, 2005). Da mesma
do empreendimento, estudos de viabilidade, levantamento de forma, a qualidade ambiental tem do destaque nas pesquisas
custos preliminares e estudos de impacto ambiental, até os atuais, com a u lização de diversos modelos e ferramentas
projetos execu vos e gerenciamento da obra. Este processo é esta"s cas.
também chamado de engenharia simultânea, apresentando a Diversos enfoques podem ser privilegiados nestas ava-
necessidade do aspecto unitário do planejamento (MELHADO, liações, destacando-se: o ambiental (higrotérmico, luminoso,
2005). acús co); o funcional (serviços, acessibilidade, interação fun-
Em relação à metodologia do projeto arquitetônico, a cional, capacidade, ßexibilidade, humanização) e o tecnológico
coordenação de projetos deve atentar para todas as informa- (conÞabilidade dos materiais, estrutura, instalações). Outros
ções que apresentem interfaces com as diversas especialidades enfoques possíveis: conservação de energia, segurança, sina-
envolvidas. A rigor a fase de programação deveria ser efetuada lização, informa zação, controle geral (edi#cio inteligente),
para cada um dos projetos, mas é possível trabalhar sob um aspectos ergonômicos, aspectos técnicos, funcionais e com-
ponto de vista generalista se houver a devida u lização de portamentais, ßuxos em ambiente complexos (hospitais), re-
consultores. formas e ampliações, revitalização, especiÞcação de materiais,
diretrizes esté cas, modiÞcação de mobiliário/equipamento,
O perÞl do coordenador-chefe dos projetos deve ser o de aumento de produ vidade, impacto ambiental, urbanismo e
um proÞssional com larga experiência em trabalhos do porte e sistema viário, modernização de instalações, diminuição de
do po que se considera, grande conhecimento técnico e uma custos de funcionamento, inves gação de acidentes, crimes
natural liderança. ou falha em produtos.
AVALIAÇÕES Suas áreas de aplicação abarcam, principalmente, a ques-
tão habitacional, educação e estudos do meio ambiente. Na
O processo de avaliação de projetos deve ser assumido
área dos estabelecimentos assistenciais de saúde já existem
como uma ro na natural e necessária, não somente para
importantes contribuições, como as de Mello (2011), Castro,
garan r a qualidade do produto, mas para que haja desenvol-
vimento proÞssional. Dentre os métodos de avaliação mais Lacerda e Penna (2004), Rheigantz (2004), Carvalho, Vieira e
u lizados estão a avaliação pós-ocupação (APO) e a avaliação Ba sta (2004), e Kotaka (1992). Neste po de estabelecimento
pós-projeto (APP). se concentram projetos arquitetônicos de reforma, que ne-
cessitam desta importante ferramenta como orientadora das
Avaliação Pós-Ocupação ações dos proje stas. Costuma-se dizer que um EAS nunca está
concluído ou que vive em obras, por sua constante mudança
A Avaliação Pós-Ocupação do ambiente construído já e evolução de usos.
possui um longo processo de aplicação e estudo, não somente
como ferramenta didá ca nas escolas de arquitetura, mas na A explicitação de exemplos de APO em EAS irá, portanto,
vida proÞssional de arquitetos e urbanistas, principalmente orientar os proje stas da área a realizar suas próprias experiên-
quando envolvidos em projetos de reforma e ampliação de cias e aproveitar as já realizadas para aumentar seu conheci-
ediÞcações. Teve início no Þnal dos anos 1940, nos Estados mento, não somente rela vo à funcionalidade destes equipa-
Unidos e Europa, quando da avaliação de conjuntos habita- mentos, mas à própria arquitetura em geral. As tradicionais
cionais construídos no pós-guerra. Prioriza aspectos de uso, análises técnicas, funcionais e comportamentais que abarcam
operação e manutenção, considerando essencial o ponto de a maioria das APO, certamente acrescentarão à literatura sobre
vista dos usuários. Está baseada em princípios de avaliação de o assunto importantes conhecimentos e exemplos, suscitando
desempenho, controle de qualidade e psicologia ambiental o debate e o aprendizado.
(ORNSTEIN; ROMÉRO, 1992; ABIKO; ORNSTEIN, 2002).
Diversas são as vantagens da u lização da APO, notada-
A APO é u lizada para diagnos car aspectos posi vos mente em processos de reforma e ampliação de ediÞcações
e nega vos do ambiente construído a par r da avaliação de em geral, podendo-se destacar que:

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• recomenda melhorias em processos constru vos; CONSIDERAÇÕES FINAIS
• envolve proje stas; A arquitetura de EAS está sujeita a extensa legislação res-
tri va, iniciando pela RDC-50/2002, da ANVISA (BRASIL, 2004),
• conscien za usuários-chave;
a nível federal, até as mais diversas normas das Vigilâncias Sani-
• controla a qualidade do ambiente construído; tárias estaduais e municipais. Dentre as áreas de obrigatória
• auxilia no desenvolvimento de manuais de manutenção, consideração, nesse po de projeto, podem ser destacadas:
operação e projeto; a saúde, a tecnologia e a metodologia de projeto. A área da
saúde possui clara interface com a metodologia do projeto
• auxilia na elaboração de plano diretor. arquitetônico, abarcando a par cipação de conhecimentos
Trata-se, portanto, de ferramenta essencial de projeto em planejamento de saúde, saúde cole va, epidemiologia,
para uso do caso dos estabelecimentos de saúde. legislação sanitária, administração, controle de infecções, entre
outros. A área tecnológica terá intervenção tão intensa quanto
Avaliação Pós-Projetos maior for a complexidade da ediÞcação, envolvendo especia-
lidades como o conforto ambiental, ergonomia, estrutura,
Os métodos de pós-avaliação dos projetos arquitetônicos
instalações em geral, modulação, comunicações, engenharia
surgiram das primeiras análises dos custos resultantes de algu-
mas decisões rela vas à própria ÞlosoÞa do projeto, introduzida clínica, manutenção, gases medicinais, além de espaços espe-
por Mascaró (1985) no clássico Custo das Decisões Arquitetôni- ciais, como os de lavanderia, cozinha, laboratórios e central de
cas. As possibilidades de conhecimento das consequências das material esterilizado. Conhecimentos ligados à metodologia do
diversas premissas de projeto e de seus resultados apontam projeto serão essenciais, portanto, com a u lização do tempo
para um elenco de formas de avaliação que impõem uma maior necessário para sua aplicação.
conscien zação dos resultados nas obras, provocando melhoria O estudo das diversas metodologias de criação do pro-
qualita va sensível dos produtos. jeto arquitetônico é tema de grande interesse e a necessitar
Quais as qualidades de uma solução arquitetônica que de melhor organização e visão geral. O presente trabalho
podem ser mensuradas? Quase todas passíveis de quan Þca- pretendeu apenas colocar a importância do tema, indicando
ção, como: funcionalidade, economia (custo versus bene#cio, caminhos, principalmente para aqueles que trabalham com
disponibilidade orçamentária, adequação a cronograma, situa- ediÞcações para a área de saúde.
ção administra va segundo modelo adotado, manutenção, vida
ú l), ßexibilidade (possibilidade de adaptação, par do estrutu- REFERÊNCIAS
ral, modulação, facilidades para instalações), expansibilidade ABNT. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR-
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camento), checagem com normas em geral, usuários especiais ABIKO, Alex K.; ORNSTEIN, Sheila. (ed) Inserção Urbana e
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