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A HIDRA E OS FANTAisioS =
BANCA:
SM
Prof*. Dr*. Silvia Hunold Lara (Unicamp)
Março/1997
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I
PARTE III: Entre Hidras e PantanoE; Qntras Histórias
de Quilombos e Mocambos no Brasil Colonial (Sêcs. XVII-XIX)
I. Uma tradição esquecida: Mocambos da Capitania do
Rio de Janeiro (1625-1818)
II. Uma outra História: Quilomfoolas nas Capitanias
de São Paulo e Mato-Groeso (1711-1811)
III. Mocambos setecentistas e os Mapas das Minas Geraes (ifbyj
IV. Um Recôncavo Quilombola: Mocambos na Capitania
da Bahia (1575-1806)
Notas Parte III
Considerações finais
Fontes
Bibliografia
T
Agradecimentos
Mais do que nunca perinaneç0 acreditando que torcida ganha jogo. Apesar de
soar pretendoso deveria mesmo é diser que time que estê ganhando nao se
mexe. Para produzir esta tese — aos longo de 4 anos — tive o apoio de
muitas pessoas. Quanto a torcida, perseverou até o final.
Quando escrevo esta seção de agradecimentos fico pensando {caso fosse pos-
sivel calcularia) quanto tempo permaneci em arquivos e bibliotecas. E não
foi só nestes lugares que contei com a ajuda e inspiração de muitas pesso-
as.
Começo agradecendo a Universidade Federal do Pará — através do seu depar-
tamento de História. Ali fui muito bem recebido, em março de 1994 para uma
temporada de professor-visitante. Acabei ficando mais tempo, me internei
nas florestas amazônicas e fiz este trabalho. Sou grato a todos os profes-
sores do departamento de História com quem tenho convivido profissional-
mente nos ültimos três anos. Sempre foram muito solícitos, me apoiaram,
emprestraram livros para que eu ministrasse cursos, etc. Tive apoio incon
dional e permanente de todos. HSlo cito nomes para não arriscar esquecimen-
tos. 0 certo ê que acabaram contribuindo decisivamente para que eu trans-
formasse aventuras da investigação histórica numa tese sobre a Amazônia.
Também sou muito grato a chefia deste departamento e a direção do CFCH pe-
lo apoio nas minhas pesquisas e no parecer favorável para o meu afastamen-
to das atividades acadêmicas de sala de aula, no segundo semestre de 1996,
para a redação final da tese, cumprindo assim meu prazo junto ao CNPq. A
PROPESP (pró-Keitoria de Pós-Graduação e Pesquisa) sou igualmente grato
pelo apoio dispensado e principalmente com o financiamento das pesquisas
no Maranh&o e a cessão de bolsistas de Iniciação Científica. Tenho ainda
dívidas acadêmicas das pesquisas etnográficas que realizo. Vou salda-lae
brevemente. Minha gratidão também pelo profissionalismo e carinho de sem-
pre de Garmen Lima, Eosane, Deusa e Ana Dolores, funcionárias e^amigas do
CFCH Registro também meus agradecimentos aos alunos de graduação e pós-
graduação (Especialização) da UFPa — nos vários cursos que ministrei des-
de 1994 — com os quais aprendi mas do que ensinei sobre História. Alem
do muito obrigado, espero que fundamentalmente tenha transmitido um pouco
da minha paixão pelo ofício.
Nos arquivos por onde passei as dívidas são muitos grandes. Agradecer e
muito pouco. No Arquivo Público do Pará (APEPa) montei minha principal ba-
se de operações. Contei sempre com o apoio de seus funcionários. Agradeço
a Adélia, a Jesus e a Dona Mara pelo profissionalismo e o tratamento dis-
pensado. Nazaréth e Márcio Meira, este último diretor do Arquivo, coloca
ram sempre a minha disposição seus vastos conhecimentos sobre a documenta
ção. Sem essa ajuda me perderia na floresta dos manuscritos. Foram eles
que me indicaram mapas da investigação, possibilitando sempre um norte pa
ra a pesquisa. Meus agradecimentos especiais vão para os alunos: Miguel,
Pedro, Márcio, Flávio, José Ricardo e principalmente Silvandro e Shirley.
Me ajudaram — enquanto bolsistas de Iniciação Científica^ em varias
etapas da investigação junto aos Códices coloniais. Foram importantes par-
ceiros amazônidas & procura dos quilombolas e suas fronteiras.
Quanto ao Arquivo Público do Maranhão realizei diversas viagens de pesqui-
fi;L
sas, aproveitando brechas do calendário ietivo 0?f S^in®inígEM®^ ítll
para o historiador Heitor Ferreira e o Prof. Manoel Martins (UtMa) Pela
ajuda na transcrição de alguns documentos localizados. Com relaçao a Mun-
dinha Araújo, historiadora e diretora deste arquivo — verdadeira quilom-
bola das paragens maranhenses — sou imensamente grato pelas dicas a res
t
peito da docuinentação j cessão de anotações de sna própria pesquisa e prin-
cipalmente sobre os ',papoB,, sem fim a respeito de quilombos, racismo e
nossas lutas sócias. Em algumas viagens a ilha do Mel tive a companhia
generosa de Anagete Mar,c;j_a e Dias. No IHGB e Arquivo Nacional tam-
bém realizei parte da pesquisa e contei com o apoio de eeus profissionais.
Na Biblioteca Nacional — local em que redigi as versões iniciais desta
tese — contei sempre com a amizade e apoio de seus funcionários. Sou mais
uma vez grato a Régia Helena e o Sr. Raimundo, e agora Ana Lúcia Wer-
neck, Jorjcto, Nayra, Leny e Graça. Uma presença amiga diária era de Heber
Trinta Filho, pesquisador erudito incansável.
Tive todo tipo de apoio e ajuda — a incansável torcida de sempre — para
colocar um ponto final neste trabalho. Na UNICAMP contei sempre com a dis-
ponibilidade acadêmica e intelectual de professores, funcionários e outros
colegas da pós-graduação. Minhas dividas começam com Lurdinha, Esmeralda e
Marly na secretaria da pós. Diversos professores contribuíram com suges-
tões, indicações bibliográficas e críticas aos planos de tese e leituras
de capítulos. Meu obrigado a Célia Marinho, Jonh Monteiro, Pedro Paulo Fu-
nari, Silvia Lara e Sidney Chalhoub. Silvia Lara e Pedro Paulo Funari tam-
bém participaram da banca de qualificação e me ajudaram a seguir em frente
com valiosas críticas. Contei ainda com o apoio de outros importantes lei-
tores. Agradeço ao Prof. Marcus de Carvalho que leu. e comentou versões
inicias de alguns capítulos. Tive sempre também o apoio acadêmico e o in-
centivo intelectual do Prof. João Reis, lendo textos e indicando pistas e
atalhos. Ele têm sido ultimamente uma importante referência profissional
para as pesquisas e projetos que desenvolvo. Aqui vai um eterno: Muito
Obrigado. Minhas bússolas para andar na Amazônia foram as dicas e suges
tões bibliográficas de Márcio Meira, Regina Celestino e Vicente Bailes.
Este último agradeço não só pelas "boas" conversas, mas fundamentalmente
por ter produzido sua obra clássica a respeito do negro na Amazônia. Du-
rante os meses de abril a setembro de 1996 permaneci como pesquisador-as-
sociado do programa Raça & Etnicídade, do IFCS/UFRJ e Fundação Rockfeller.
Foi uma ótima oportunidade para permanecer no Rio ■de Janeiro, atualizar a
bibliografia e fundamentalmente discutir a respeito de quilombos remanes
centes e os símbolos de uma etnicidade. Registro minha gratidão aos coor
denadores deste programa: Professores Yvonne Maggie e Peter Wry.
Tive Vários ajudantes, incentivadores e mestres anônimos para refletir so
bre os mocambos no Brasil. Poderia falar das influências e inspirações
teóricas-metodológicas. Quem espera só Thompson, Mintz e outros mais, en-
gana-se. Teria que começar mencionando os bailes de eoul muslc e toda a
efervescência da juventude negra no final doe anoe 70. Ali oertamenteente
foi um dos inícios desta caminhada que ainda não terminou. Tenho aprendido
muito também nas lutas sociais contra a descriminação racial. Mas o funda-
mental mesmo nestes últimos anos foi a minha convivência em várias comuni
dadee negras remanescentes de quilombos na região de Macapá, Baixo Tocan-
tins e Inhangapi. Minha gratidão aos moradores das comunidades do Moia,
l£LL SLfal Porto Alegre, Omarinal dos Pretos.J™deua ^guinho,
e outras mais. Só ali e com eles consegui entender mais um pouco das
Introduçgo:
história.
recQ
Seja nos ncavo8 junto a engenhos, engenhocas e fábri-
II
neiro, Artur Ramos e, mais tarde, Roger Bastide, que tiveram for-
pl icac
,ão original para entender a cultura afro-brasileira doe
indígenas.(10)
cada de 20.(12)
tos sobre Palmares — era nada mais do que tio de Otávio Brandão,
8
ral.
9
quilombos.(14)
Ainda que não seja nosso objetivo nesta tese abordar tal
raça.(15}
III
envolvente.(17)
dos para suas vidas. Podia haver uma paulatina politização do co-
tir das lutas cotidianas. Não como uma categoria abastrata, ela
seus agentes.(19)
especificos.(20)
nas vidas dos fazendeiros e lavradores como também nas dos ne-
boe foi, para maior parte deles, a paulatina gestação de uma eco-
vam nos rios que banhavam aquela ãrea e/ou aqueles ao ganho> es-
v
mento teve a-r;^os significados. Coexistiram diversas formas de
cas mercantis.
próprias dos escravos cada vez mais podiam estar vinculadas àque-
costumeiros e legítimos.
IV
Apo
e mais aprofundamento na bibliografia temática (sem dú-
n
ao se tratou tão somente de ampliar o escopo geográfico e crono-
ser destruída, poeto que de cada uma de suas cabeças cortadas pe-
destrui-los.(26)
dos livros.
avisado por carta doe E.U.A dos perigos quanto aos mergulhos pro-
áreas escravistas. Afinal não queria apenas fazer uma outra tese
tivos compareciam.
Estes quilombolas criaram mesmo uma lingua própria. Era hora, en-
rica escravista.(27)
bém formaram pântanos que nada mais foram do que cenários das
VI
plexo campo negro. Foi com essa categoria que refleti sobre espa-
mais entre eles havia atê mesmo ex-marinheiros ingleses que ti-
Turiaçu (em 1867) deixaram seus mocambos, viajaram dias para ata-
parte III, e última, uma discussão mais ampla sobre o nosso argu-
Sao Paulo e Mato Grosso. Nossas análises aqui não obedeceram ne-
Notas da Introducg0
Io, Ed. Cia. Nacional, 1942; As Culturas Negras no Novo Mundo. 3°-
ed., São Paulo, Ed. Cia. Nacional, 1979; 0 Negro na Civilização
Brasileira. Rio de Janeiro, Ed. Casa do Estudante do Brasil, 1953
e RODRIGUES, Nina. Os Africanos no Brasil. 5* ed., São Paulo, Ed.
Nacional, 1977
(24) Ibid.
MS
Parte I
teceriam.
ram de florescer. Se nSo era uma única árvore frondosa como Pal-
E O NEGEO
la administração colonial.(1)
sou. A licença foi cassada porque em 1685 ainda não tinha entrado
um preço determinado.(4)
Período Quantidade
1757-1760 2.217
1761-1770 5.547
1772-1780 5.476
1781-1790 4.721
1791-1800 718
1757-1800 13.958
metade do século XVIII, o tráfico negreiro para esta área foi in-
agricultura nao desapareceu, mas foi cada vez mais superada pela
africana.{19)
Número de Habitantes
33.565
55.315
80.000
94.120
das .
no. Em 1759, por exemplo, nas lavouras em Macapá havia sido co-
florescia e dava o tom por toda parte. Aliás, era a própria imen-
gado.(33)
uma ves que "parece gente de mocambo pois tudo que apanhão le-
as canoas, mais até para o exame que são obrigados a faser por
gados".(34)
Eras:
gioso mal".(39)
de gado.(40)
eiri
1800. Ainda no Amapá, desta ves na Vila de Tagepuru,
parece justo, que todas as despesas devem ser pagas pelos donos
seguro refúgio". Em abril deste mesmo ano, eram atacados mais al-
Vila de Monforte, mais dois pretos que andavam fugidos foram cap-
em 1800.(49)
dos os quaes não cessão de fazes roubos". Não longe dali novamen-
aqui não declarados onde julgar que estão amocambados". Mais in-
1734 Amapá
1762 Amapá
1762 Souré Rio Arauary
1763 Amapá Rio Camarupi
1764 Borba
1765 Amapá(2) Rio Matapi
1765 Boim
1766 Amapá Cabeceiras do Araguari
1766 Ouros
1767 Santarém Rio Curuá
1767 Chaves Caviana e Maguari
1768 Cintra
1769 Soure
1769 Barcelos Rio Negro
1769 Monforte
1771 Piriá
1771 Abaeté Rios Abaetetuba e Cornapijó
1772 Monte Alegre
1772 Borba Alegre
1774 Cametã
1776 Baião Rio Tocantins
1777 Rio Capim
1779 Amapá
1783 Ego
1785 Amapá Mazagão
1788 Rio Anajás
1788 Amapá
1788 Carnetá
1790 Guamá
1790 Ouros
1790 Rio Acará
1790 Ourém
1790 Tocantins
continua
64
1790 Ega
1790-2 Ourem
1791 Silves
1792 Faro
1792 Amapá
1793 Marajó Rioe Arari e Jabueu-oça
1793 Amapá(2) Rio Pesqueiro
1793 Rio Acará
1794 Abaeté
1794 Amapá Araguari
1795 Cachoeira Rio Pracaúba
1796 Intuia
1796 Bragança
1797 Amapá Araguari
1797 Gurupá
1797 Santarém Rio Curuá
1798 Amapá Araguari
1800 Chaves
1800 Amapá Masagão
1800 Vigia
1800 Óbidos Rio Curuá
1800 Outeiro
1802 Ilha de Joanes
1803 Amapá Vila de Igapuru
1804 Amapá Rio Matapi
1804 Marajó(2) Ariri
1805 Alenquer
1810-1 0bidos(2)
1812 Bragança
1812 Vigia
1813 Guarajá
1813 Santarém
1814 Óbidos
1814 Cotijuba
1815 Óbidos
1815 Bej a Rios Muaná e Ararayana
1815 Mosqueito
1815 Cametá(2)
1815 Mocajuta Rio Anajuba
1816 Alenquer
Fonte: APEPa, Códices 7, 10, 23, 24, 46, 58, 61, 65,
76, 77, 85, 93, 96, 97, 101, 120, 123, 124, 139,
148, 201, 214, 220, 232, 256, 259, 272, 275, 277,
278, 279, 285, 296, 299, 309, 314, 334, 337, 339
343, 347, 348, 466, 570, 571, 593, 609, 610, 611
614, 627, 667, 671, 695, 696, 702, 769 e 782
65
Uma outra area com muitos quilombos era aquela banhada pe-
com suas famílias por este mesmo rio acima com o pensamento de
mentação de quilombolas.(55)
depois o preto Miguel Cayana era pronunciado por ter atacado uma
mava que isso nada adiantava, pois seus escravos continuavam in-
67
ção de mocambos.(60)
ataques às roças feitas pelos índios que tinham fugido dos aldea-
cambo não tiveram êxito. Visto que o mesmo estava "com sentinelas
rio Moju, próximo da Vila de São Miguel e Almas, uma outra expe-
se que:
Assim como suas aldeias de origem, seus mocambos eram móveis, po-
bem longe das regiões de suas aldeias de origem. Essa prática das
capá, como castigo das deserções das viagens do rio Negro do ser-
72
(66)
constantes.(68)
notáveis".{72)
uso comum pelas autoridades coloniais, era também usado para de-
floresta.
(80)
Amazônia.(81)
cos e sócio-econômicos.(83)
as penas previstas aos negros por lei de 1741 fossem também apli-
Rio Negro, entre outras. Não foi por acaso. Neste mesmo contexto
suas pessoas, bens e comércio sem outra inspeção temporal que não
1803, reclamava-se ao Conde dos Arcos que ali como em outras ca-
balharem por "tênue jornal". Com isso eram comuns as fugas de es-
sertões e mattos".(87)
foerdade dos Índios era -uma ficção política. (88) Em 1790, Miguel
tas. (94)
84
do rio Ita r, -i
-quona. Em Joanes e Monsarás, foi preso o preto fugido
Tauhá, Atujá, e outra pela foz do rio Atuá, por todas aquelas
vio de ouro.(97)
seqüestro de mulheres.
em 1570.(99)
de. A vida nela poderia ser tão dura como aquela conhecida sob a
em outros pontos mais baixos do rio. Ainda assim, soube que atra-
Suriname.{102)
a MEKORO ou BOSCHNEGERS.(103)
frente.{104)
jnacâs em São Jorge, Caiena. Além disso anotou que entre as tribos
ternando-se pelo rio Arepecuruassú foi dar com os índios que ha-
ções dizendo que "no Trombetas existem não menos de 300 escravos
90
"Os perigos que nos cercão são innúmeros, por que além
do mocambo do Trombetas, de outros menores, de que se
acha este destricto rodeado, existem os índios à quem
da cordilheira do Tumucumaque, e para além da mesma
cordilheira existem trez repúblicas independentes de
negros que infalivelmente devem comunicar-se com os de
cã por intermédio dos Índios. V.&»- sabe que a parte
mais transitáve1 da cordilheira supradita é Justamente
a que nos serve de limites com a Colônia Holandesa e
que desta cidade [Óbidos] sobre a margem do Surinam
existem apenas 140 léguas de 18 gráos, e que conseqüen-
te é preciso que o Governo preste muita atenção para o
Rio Trombetas. As repúblicas de que acima fallei a V.S-0-
reconhecidas pelos holandeses em 1809 e existem uma ao
lado do alto Maroni, outra sobre o alto SAramaca, e a
outra sobre o alto Cotica todas por conseguinte a menos
de 100 léguas desta Cidade. A nossa lavoura definha
pellas immensas fugas que diariamente aparecem, e se
não der providências certamente bem cedo estaremos sem
um escravo".(107)
baia, não ficava longe a cidade de Holanda, que eles sabiam onde
trocas mútuas eram cachorros de caca e arcos fortes pelo lado ín-
qui fracassou "por terem sido os negros avisados por um índio seu
de Santarém.(120)
mulheres e saques.(122)
fronteiras coloniais.
econômicas e militares.
fronteiras internacionais.
se
culo XVIII, os vários tratados internacionais (Utrecht/1713,
identidades.
97
indígena.(128)
de 1784:
Branco:
pretos numa ocasião. Bem distante dali, no rio Xingú foi preso um
pancada".{134)
101
(1762-1801)
1762 Melgaço
1767 Melgaço
1767 Portei
1769 Xingu
1769 Outeiro
1772 Ponta de Pedras
1774 Salvaterra
1774 Amapá Rio Anaurapucu
1774 Baião
1774-5 Amapá Rio Matapi
1775 Monsarás
1775 Benfica
1789 Carnetá
1791 Amacã Vila de Macapá
1797 Almerim
1801 Ilha de Joanes Rio dos Macacuf
mocambos eram formadas por Índios e/ou por eles guiadas. Em Ou-
tadas. (136) E claro que parte destas divisões, não só entre ín-
ataques, tanto dos Mundurucu como dos Caripunas. {138) Um ano an-
uma autoridade:
tos", pois:
tio. (141)
104
tores sociais.
105
DAISAOENS
foi preso em Marajó, junto a uma ilha onde "tem seu algudual".
desertores:
terra". Por isso, Euzébio ficou sob vigilância. Alegando não ter
ver se havia autor aquelas campinas algum cerco como tinha deixa-
que afirmava ser soldado, era voz pública que ele era escravo.
fugidos e ladrões.{152)
muito dificil.
tou que após 1757 muitos colonos não podendo mais contar com os
"descobri aqui hum mocambo com que achei uma rossa que
mandei desfazer que me deo trezentos e ^seis alqueires
de farinha que vieráo na melhor ocasião"{157)
ros de farinha que mandou fazer o Tenente Diogo Luis das roças
serão que não querião sem que lhes mostrassem ordem por escrito".
tinhão recolhido as ditas vilas por aviso que tiverão e assim fo-
livremente".(160)
114
tituição que se deve faser dos escravos de Caiena, que se vem re-
nas fronteiras.(166)
gidos .(170)
um francês vindo de Caiena, era 1762, nuraa canoa remada por sete
Pantoja, viajando pelo Cabo Norte teve "notioias que tinhão pas-
barcação que ali tinha naufragado e por hum chapeo que acharão
"estes pretos podem ter fugido sem motivo que nos dê cuidado, po-
rém tão bem me lembra que bem pode ser que a ditta fugida seja
var-nos" .(179) Mesmo sem ter sido usado, o feitiço podia virar
contra o feiticeiro.
ras, migrando por toda a região. Quando foi realizada uma expedi-
alertava sobre:
mar que era também de floresta era muito extenso para ser efeti-
vamente vigiado, lio ano seguinte, navegando pelo Cabo Norte, José
contrados" .{182)
cação.{183)
revelaria que:
tarefa que parecia não ser fácil. Cortavam rios e matas, levando,
para "seus donos os venderem o que devem fazer para diferente pa-
íses donde nunca mais aqui apareçam porque do contrário nos amea-
a região do Amapá. Parte desta extensa região era formada por uma
regime de parceira.(191)
XVIII:
cesa:
1789 1808
Escravos 10.748 12.355
Libertos 494 1.157
Brancos 1.307 933
tavam sua economia com a pesca e a caça, para a qual tinham fu-
Francesa.
capá. (203)
mores que tais franceses, assim como outros que cruzaram a re-
não era tempo para brincadeiras, visto que os "escravos não ou-
cais tinham não só com outros escravos mas também índios e comer-
ciantes vizinhos.
circular na região.(208)
tes como também o uso político de tais idéias, mesmo aquelas in-
próprios.
nas últimas décadas do século XVIII. E claro que para além dos
fronteiras".(211)
temia-se "a deserção dos índios, pelas noticias que podião passar
para os surpreenderem".(215)
140
a e
^ mesmo o caso de africanos libertos participarem destas tro-
do Grão-Pará:
outra opção seria fugir e cerrar fileira nas forças inimigas. Lu-
substant iva.(219)
livre.(220)
vos das cidades e das zonas rurais com apoio dos quilomboIas e/ou
Trewlany.{223)
tianos que sabiam ler e escrever, e que até mesmo tinham permane-
ca" .(225)
diante dos brancos estava mudando. Tal mudança tinha sido gerada
contexto".(229)
ordens serão mandados para fóra da colônia por não poderem ser
restituindo-a a França.
150
(1794), Cuba (1795) e Venezuela (1795). 0 medo pânico fes com que
(236)
151
mos pensar que as idéias e tensões tanto na Europa como nas Amé-
riotes-(240)
numa mudança das lutas dos escravos, mas sim num movimento de re-
Haiti.(243)
coloniais.
155
brancos etc. (ele cita ainda o exemplo das alianças entre os ma-
região do Orenoco.(245)
mundos dos quilombos talvez não fossem tão distantes assim das
sobre a Amazônia:
(20) Ibid
(21) Ibid. pp 18
(26) Cf. MUNIZ, Palma. T,imites Munioipais.... pp. 389 citado em:
SALLES, Vicente. O negro no Pará.... pp. 221 e Arquivo Público do
Estado do Pará (doravante APEPa) Códice 24, Oficio enviado ao
Governador do Pará, 07/01/1762.
160
(29) Ibid.
(108) Ver: GROOT, Sílvia W. de. "A Comparison between the history
of maroon commumties m ourmam and Jamaica , £.1 a Vê r y áí
Aholition, Volume 6, número 3, dezembro 1985, pp- 173-184 e
PRICE, Richard. Alabi's World. Baltimore,_ The Hopkms
University Press 5 1990 e First-Time: TilÊ—Hl&torXcsl /Iwiori—lJÍ
A-f-rn—American Peoule. Baltimore, The Johns Hopkins Universiity
Press, 1983 e Tn Slav The Hidra: Pucht Colonial d PerfíPSQtive Oh
the Wars. Arbor, Karona, 1983
(109) Cf. Frei Bonifácio Meirelies. "Como Frei Francisco de^ São
Marcos descobriu o Trombetas , In: Revista—dê—San.tê—An tom o,
1955, citado em: FUNES, Euripedes A. "Nasci neP- mates, nunca t-lve
Renhor...", pp. 170.
(115) Cf. DERBY, Oliver A. "O Rio Trombetas". in: HART, C. H.,
SMITH, H & L. DERBY, 0. "Trabalhos restantes inedito3 da Comissão
Geológica do Brasil (1875-1378). Boletim MPEC. Tomo II, fase.
1-4, 1897-1898, pp. 370 citado em: FUNES, Euripedes. "Nasci nas
inatas, nunca tive senhor..,", pp. 176
(137) Cf. FARAGE, Nádia & AMAR0S0, Marta Rosa (orgs.). Relatos de
Fronteira.... pp. 117
(142) Diria o Bispo Frei João de São José Queiroz em suas visitas
pastorais nos anos de 1760: "O que nunca se pode extinguir é uma
casta de gente que vive junto aà freguesia de SanfAna do Capim
em treze ou quatorze casas todas de uma família chamada Bragas -
175
(176) BRRJ, Códice I - 28, 27, 5 números 1-10, CAMAEA, João Pedro
da. "Memória de alguns sucessos do Pará, 10/05/1776.
(177) Ibid.
(179) Ibid.
(198) Ibid.
181
109-110.
(227) Ibid.
(243) Cf. FICK, Carolyn. The Makina of Haiti. The Saint Doming-ue
Revolution from Below....
(244) Cf. DEBBASH, Yvan. "Le Maniel; Further Notes", In: PRICE,
Richard (org.). Maroon Soeieties pp. 144-5.
Parte II
bos do alto Irituia, alto Guamá e alto Gurupy, promovendo por to-
tudo isto.(3)
190
esta região. Dez anos antes, em 1910, teria sido realizada uma
cedo.
93 kms. Não pensem que foi pouoo para tantos dias. Matas muito
a marcha.{5)
Gurupi.
Urubus.(8)
remanescentes de mocambos.
migrantes.
volta. 0 que Hurley começava a ver ali era apenas pedaços de uma
XX- Txair- X : o *3 X o js ^
InXstó^XsLS
(14)
selvagens".
senhores".(20)
capitania do Maranhão.{22)
principal foco.(24)
um fazendeiro local.(31)
maranhense".(32)
conseguiam fazer.
nacionaes".(46)
Maranhão. Diria:
Pará pagariam 20 mil réis por cada um seu escravo "para serem
Torres" foi gasto 800$ réis e em 1834 "andou por 4 conto de réis"
com expedições anti-mocambos sendo que "nem huma delias fez tanto
depois foi reforçada até mesmo com uma lei provincial que criava
matas. Mais uma ves nenhuma surpresa: quase todos os negros eram
Maranhão surgiram.(62)
a eles como "uma nuvem negra que nos seja assas funestra .(65)
atacado.{68)
mocambos.
no termo de Viseu".(85)
Itamauary e Camiiranga.
Quilombos do Maranhão
Colônia militar
n j.i 7(
^
formados.
projectado".
respeito".(96)
alertava:
acontecer".{98)
221
começara com uma carta de João Francisco a sua mãe Dona Maria
João Alves Pinheiro. Soube que ali passaram "cinco pretos armados
"huma mulher" que morava com tal índio, sobre as fazendas de João
"responderão que erão forros que hião dar em hum mocambo por
dificuldade:
José Correia.(106)
existiam por perto podem ter aumentado não só o medo mas também
de quilombolas.(108)
ali.(113)
visinhança.(131)
sao cidadões que vivem empregados nos seus serviços e nem sempre
manda abonar com que comprar". A única solução que via o tal
talvez cometer muitos crimes, certos como estão de que tudo farão
força". Por sua vez o chefe de policia depois mandou a bola para
a Presidência da Província.(137)
despesas".{138)
serviço por trinta dias ou mais, para o que deverão hir munidos
deveria apoiar.(139)
000 rs.(143)
chefe de polícia:
para cadeia, onde foi interrogado. Estava fugido "a tres annos
pouco mais ou menos". Escapou "por causa do mau trato que lhe
232
andava caçando e que encontrou-se com elle, porém que este não
consternação".{149)
o pãntano.
rumo Oeste, Sul, ora Leste. Em 20 passaria por terras altas "com
de Santo Antonio". Este "pela sua tapera mostra o que foi". Alem
ali podia:
antes "destruído a roça, tudo quanto podia ser útil aos pretos, e
também com suas "minas", sendo estas "de prata e pedras finas .
senhores".{157)
Tury-assu".(159)
Queimado".(164)
"quatro ranchadas" com "40 e tantas casas cada uma", sendo que
de ser realizado".
Estes numerosos quilombos de Turiaçu podiam formar várias
conto de reis para asi despesas com a destruição dos quilombos das
Turiac .
*U.
Ali também a situação não era boa.(173) Além disso, como bem
batalhas.
Fica claro que por trás desses planos e estratégias permeados por
Numa região com extensas terras devolutas devia haver coisas mais
mercantis.{177)
sentido -
provincial:
Thesouro".(163)
ini
cio de 1862 numa carta do Tenente Máximo Fernandes Monteiro,
hum momento em dar surtidas até que encontre os pretos que em tão
marchas na floresta.
determinadas circunstâncias.
temporária.
mocambos.(190)
mesmo.
e invisíveis.
quem os trahirão".{201)
do crime".
quilombolas mas sim aqueles que mantinham comércio oom eles. Fez
preso num quilombo. Deveria ser enviado para São Luis para
sociais na região. Não seria por outro motivo que o próprio Gomes
pelas ruas dizia que nenhum caso fazia da Policia, por que tinha
comarca de Viana".(205)
exemplos disso.
aos 2,3 e mais por dia, sem que os senhores possam empregar
relatou:
escravos dos lavradores que dessem apoio tudo ia bem. Com ou sem
todo este período os tem animado a virem até esta cidade, donde
dos quilombolas com seus escravos. 5 claro que sempre que podiam
contextos pontuais.
como Jucurijuina.
difícil.
Quilombos da região do Gurupi-Tunaçu/MA
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Vila de Juriaçu Jl V11 " o
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interesses.
apenas em Salvador no dia 30. Logo chegaria em São Luis onde foi
volume das águas que alagava partes desta área. Mais elogios as
ainda que "em alguns, bem como nas capoeiras do Facoval, antigo
abundância".
verno por não haver ahi água no verão".(224) Eis aqui um grande
quê ? Vejamos.
zia-se :
dade, o rio Gurupi era muito extenso. Tinha mais que 800 quilôme-
uma forte e sistemática repressão aos quilombos por parte dos au-
toridades maranhenses.
grãos".(230)
so deveu-se ao fato:
sos? (235)
la comissão exploratória:
cantes e outros?
naquelas minas também não teve êxito. Em meados de 1856 houve de-
descoberto.{237)
inteiramente boçães".{238)
quela boataria era o "ódio de taes colonos para com os seus fei-
tuguês" .(240)
prados por dous contos de réis cada um, para não declararem o que
ços com que deparou, despendeo sommas crescidas sem resultado sa-
raços" .(245)
igarapé Sapucaia que ficava cheio durante o ano todo, para resol-
despesas".(246)
não o foi a falácia das "minas esgotadas" com que Mauá tentava
las. Tal apoio não só seria importante para fazer cessar os ata-
res auriferos".(249)
de indenização.
e queriam a vitória.
bemos que o campo negro ali continuou refazendo-se. Com ele per-
quilombos do Turiaçu-Gurupi.
como garimpeiros.
300
gresso" .(255)
to. Sendo o seu trabalho uma obra produzida para a cátedra uni-
302
cial dos povos", para substanciar uma idéia (que, na falta de ou-
saçãc- muito adiantado", Esta idéia central era apoiada pela aná-
que não possuía qualquer vontade social, já que "nas fasendas não
timentos de independência".
e
s as diferenças raciais j-ustificam as diferenças sociais e polí-
ocorreu nos Estados Unidos. Alias, pela ênfase que o Autor de-
leira.
ção. Advertiu: "e o que lucraria o paiz com isso ? Elles estariam
"submetidos a um mentor".
causar aos proprietários dos cativos, visto que aqueles "não po-
trabalho na agricultura;
do" a ser pago aos escravos, ressalta que tal prática permitiria
ciente para obterem suas alforrias que deveriam ser fixadas le-
dela da humanidade".
os seus senhores:
tor para sua proposta central nesta parte de sua obra que é a da
a
-reas rurais do Maranhão. Portanto seria necessário incorporar a
mento da colonisação.
local.(261)
da. (263)
tado não era teorizar e sim por em prática algumas idéias que de-
fende .
de "egoismos" e "indiferentismos".
da produção agrícola.
tório".(267)
capitais na Província.(269)
trabalho.(272)
325
nhão .C274)
tante de São Luis também falou dos quilombos, mesmo aqueles "den-
descobertos".
326