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Materiais de Construção I
Na generalidade todas as águas potáveis podem ser utilizadas na amassadura de betões, sem preocupações.
Quando apresentem turvação, sabor ou cheiro, então é necessário investigar.
1) Hidratação do Cimento;
2) Molhagem dos inertes;
3) Definição da trabalhabilidade dos betões.
O excesso de água não é benéfico para o betão dado que, pode provocar enfraquecimento das ligações
introduzidas pelo cimento, afectando a resistência do betão e a sua durabilidade.
Como factor expedito de relacionamento da água com a dosagem de cimento, temos o chamado factor
Água/Cimento: A/C.
A influência da água nas propriedades do betão não depende contudo, apenas da quantidade, mas também
da tipologia das substâncias em suspensão e em solução.
De um modo geral, visto o inerte e a água serem substâncias naturais, todas as impurezas a que se fez
referência a propósito dos inertes, poderão estar contidas na água, onde, devido ao poder dissolvente desta,
atingem concentrações mais elevadas.
— Substâncias em suspensão
As substâncias que normalmente se encontram em suspensão na água são o Silt (2 a 60 μm) e a argila (até 2
μm) que, podem afectar a compacidade e especialmente o crescimento cristalino dos produtos da hidratação
do cimento.
A acção das substâncias dissolvidas afecta as resistências mecânica e química do betão e das armaduras e
pode ser classificada em três categorias:
1) iões que alteram as reacções de hidratação com o cimento, isto é, a presa e endurecimento (Ex.:
Ca2+, Mg2+, CO32-, CO3H-);
2) iões que podem levar a expansões a longo prazo, que põem em risco a estabilidade do sólido (Ex.:
sulfatos SO42- e álcalis Na+, K+);
3) iões capazes de promover a corrosão das armaduras (Ex.: Cl-, S2-, NH4+ e NO3-).
Em Portugal, o valor limite aceite para o teor de sais dissolvidos numa água potável é de 500 mg/l.
O pH das águas que se encontram na natureza não tem praticamente influência na amassadura do betão,
pois, praticamente tais águas têm pH superior a 4 e o ácido e rapidamente neutralizado pelo contacto com o
cimento.
Apenas, no caso de cimentos de escórias, um pH igual a 4 para a água da amassadura retardaria a presa e
reduziria as tensões de rotura finais.
Quanto aos gases dissolvidos, a sua acção na água da amassadura pode dizer-se que é nula pois as
quantidade são muito reduzidas.
No caso de águas resultantes de processos industriais é, evidentemente, impossível dar a lista dos iões que
nelas podem existir, dependendo da indústria, devendo-se analisar caso a caso.
— Água do mar
No betão armado em estruturas ao ar livre não é recomendável a não ser em casos excepcionais de locais
secos, em betão de muito boa qualidade, com dosagem de cimento elevada, bem compactado e não
fissurado.
— Eflorescências
Os sais dissolvidos na água da amassadura, em particular no caso da água do mar, podem dar origem a
eflorescências na superfície do betão ou das argamassas se as condições para a sua formação forem
propícias.
Apesar do aspecto desagradável, as mais das vezes são inofensivas, excepto quando se depositam
exclusivamente nos poros superficiais do betão donde podem resultar expansões quando o fissuram ou
quando tendam arrancar o revestimento superficial que o betão porventura possua.
Tem-se tentado incorporar vários aditivos no betão ou na argamassa mas, dificilmente se consegue evitar as
eflorescências.
O teor tolerável de sais de uma água depende da quantidade de cimento com que ela vai ser misturada e por
isso a concentração máxima iões que a água de amassadura pode conter é dada em percentagem da massa
do cimento.
Para se passar do teor de sais de uma água, t, em g/l, para a percentagem de p em relação à quantidade de
cimento, basta calcular a relação:
t A
p%
10 C
O que importa, no entanto, é limitar a quantidade de certos iões de que se conhecem com certo rigor os seus
efeitos perniciosos ao betão e as armaduras.
No caso de se utilizar uma água suspeita, mesmo depois de satisfeitos todos ou quase todos o limites
indicados, é sempre conveniente fazer ensaios comparativos do tempo de presa, da tensão de rotura e, se
necessário, de variações volumétricas da pasta, argamassa, ou betão com a água em estudo e com água
potável.
— Exemplos
1) Admita que numa análise química de água para amassadura de betão obtiveram-se os seguintes
resultados dos iões: SO42- = 3,2 g/l e Cl- = 22,5 g/l. Sabendo que o m3 de betão era constituído por:
400 kg de Cimento, 600 kg de areia, 1200 kg de brita e 400 litros de água. Estará a água em
condições para produzir betão para estruturas de betão armado?
2) Analise a possibilidade de usar a seguinte água do mar para fabricar betões: Cl- =1,898%, Br- =
0,006%, SO42- = 0,265%, Mg2+ = 0,127%, Ca2+ = 0,040%, Sr2+ = 0,001%, K+ = 0,038% e Na+ =
1,056%.