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13-09-2012

Materiais de Construção I

Ligantes:
Principais propriedades físicas e químicas
conferidas ao cimento portland pelos seus
componentes:
• Tensões de rotura;
• Calores de hidratação;
• Resistência química.
Especificações do cimento portland.

Principais propriedades físicas e químicas conferidas ao cimento


portland pelos seus componentes minerológicos

Tensões de rotura
O silicato tricálcico é o componente responsavel pela elevada resistencia inicial dos
cimentos.
O silicato bicálcico é o componente responsavel pela elevada resistencia final dos cimentos.
O aluminato tricálcico e o aluminoferrato tetracálcico nao contribuem de forma significativa
no desenvolvimento das resistências.

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Calores de Hidratação/ Resistência química


As reacções dos componentes do cimento com água são exotérmicas,
dependendo a quantidade de calor libertada do componente em contacto com a
agua.

O processo respeita os seguintes passos:


• Período de pré-indução – um pequeno desenvolvimento de calor durante os
primeiros minutos, devido à hidratação inicial do silicato tricálcico e à molhagem
das partículas finas;
• Período de indução ou dormente – não há desenvolvimento de calor. Precede a
reacção química da hidratação;
• Período de aceleração da hidratação – há um rápido desenvolvimento de calor
que se inicia com o princípio de presa;
• Período de difusão controlada da hidratação – um desenvolvimento muito lento
que continua durante semanas, meses e anos.

Os calores de hidratação têm particular importância quando se tratam de


betonagens, de uma vez só, de grandes massas de betão (como é o caso de
barragens), ou em peças em que qualquer das três dimensões é superior a 1 ou 2
metros.
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A contribuição de cada componente na evolucao do calor e na resistência química


do cimento também não é uniforme.

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O silicato tricálcico possui a menor resistência química pois necessita de


estar em contacto com soluções saturadas de hidróxido de cálcio criando
assim condições para a formação de sulfoaluminato tricálcico expansivo, e
para a reacção expansiva da sílica reactiva dos inertes com os álcalis do
cimento.

O aluminato tricálcico é indesejável no cimento, pois, contribui pouco


para a tensão de rotura, tem um desenvolvimento grande de calor ao
reagir com a água, e, quando o cimento é atacado pelo ião sulfato, a
expansão devida à formação do sulfoaluminato de cálcio a partir do
aluminato pode levar a desintegração completa do betão, quando a
reacção se dá num meio saturado de hidróxido de cálcio.

Mas a presença do aluminato é importante para e obter uma fase líquida


durante a cozedura do clinquer (juntamente com o ferrato), o que facilita a
formacao dos minerais principais para a resistencia do cimento.

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Especificações do cimento portland


Para ser aplicado com segurança, o cimento portland tem de possuir determinadas
características impostas por normas que, embora com muitas características
comuns, diferem de país para país.
A Norma de cimentos para Moçambique e a Norma NM NP EN 196 e 197. As
características fixadas são de natureza Química,Física, Mecanica e Metodologias
de Ensaio.

Resíduo Insolúvel
Designa-se assim a parte de cimento que não é solúvel a quente, e, em
determinadas condições, no ácido clorídrico (HCl).
Este ensaio permite detectar o grau de combinação entre os diferentes
componentes das matérias-primas (em princípio, calcário e argila) que entram na
fabricação do cimento.
O teor de resíduo insolúvel é limitado pelas normas, não só para garantir a melhor
combinação possível, mas também para evitar fraudes, como adição de
substâncias inertes ao cimento, que, de outro modo, seria difícil detectar.
Portanto, a partir deste ensaio define-se o grau de adulteração do cimento.
O resíduo insolúvel máximo admissível é igual 0u inferior a 5% da massa do
cimento.
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Normas Mocambicanas para Cimentos

NM NP EN 196-1: 2000 – Métodos de ensaio de cimento. Parte 1: Determinação


das resistências mecânicas.
NM NP EN 196-2: 2000 – Métodos de ensaio de cimento. Parte 2: Análise química
dos cimentos.
NM NP EN 196-3: 2000 – Métodos de ensaio de cimento. Parte 3: Determinação do
tempo de presa e da expansibilidade.
NM NP EN 196-4: 2000 – Métodos de ensaio de cimento. Parte 4: Determinação da
quantitativa dos constituintes.
NM NP EN 196-5: 2005 – Métodos de ensaio de cimento. Parte 5: Ensaio de
pozolanicidade dos cimentos pozolânicos.
NM NP EN 196-6: 2005 – Métodos de ensaio de cimento. Parte 6: Determinação da
finura.
NM NP EN 196-7: 2000 – Métodos de ensaio de cimento. Parte 7: Métodos de
colheita e pré paração de amostras de cimento.
NM NP EN 196-21: 2000 – Método de ensaio de cimentos. Determinação do teor
em cloretos, dióxido de carbono e álcalis nos cimentos.
NM NP EN 197-1: 2005 – Cimento. Parte 1: Composição, especificações e critérios
de conformidade para cimentos correntes.
NM NP EN 197-2: 2006 – Cimento. Parte 2: Avaliação da conformidade.

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Perda ao Rubro

É também uma característica normalizada. Define-se como a perda de massa a


1000oC.

Como o arrefecimento do clínquer, a sua moagem, ensacagem e diferentes


manipulações que o cimento sofre até ser utilizado na betoneira são feitas em
contacto com o ar, o vapor de água existente neste (humidade) vai sendo fixado
pelos componentes do cimento, provocando reacções incipientes de hidratação nos
mais vulneráveis.

A limitação da perda ao fogo garante que se não utilizará cimento envelhecido,


sujeito já a uma hidratação superior à que lhe confere a manipulação corrente na
fabricação, transporte e armazenagem.

O seu valor máximo admissível é igual ou inferior a 5% da massa de cimento

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Óxido de magnésio

O MgO pernicioso está na forma cristalizada (periclase), e confere aos


cimentos expansibilidade. O seu efeito faz-se sentir tardialmente
(demorando semanas, meses ou mesmos anos), muito depois da entrega
das obras.

A expansão provoca a diminuição ou desaparecimento da coesão, pelo


menos no local em que se dá, o que pode por em perigo a resistência total
da argamassa ou betão.

O teor de magnésia é limitado ao valor de 4,0%.

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Teor de Sulfatos (em % SO3)

A reacção do aluminato tricálcico (C3A) com água é instantânea e muito violenta,


levando imediatamente a pasta de cimento a uma presa rápida, com resistência
baixa.

Com adição de gesso natural (CaSO4.2H2O) forma-se um sal insolúvel com o


aluminato, antes deste reagir com a água e com o hidróxido de cálcio, proveniente
da rápida hidratação inicial do silicato tricálcico e de alguma cal livre – o
sulfoaluminato de cálcio – podendo-se assim regular o tempo de presa.

Portanto, quanto mais rico é o cimento em aluminato tricálcico tanto maior é a


quantidade de gesso que se lhe tende juntar.

Não se pode todavia aumentar muito o teor de gesso porque poderá formar-se o
sulfoaluminato de cálcio expansivo, perigando a estrutura do cimento hidratado. Por
isso, o teor máximo do sulfato, expresso em trióxido de enxofre, é limitado entre 4,0
e 5,0, conforme o tipo de cimento.

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Expansibilidade

A presença da forma cristalizada do óxido de magnésio e da cal livre no


cimento podem fragmentar e provocar a expansão do betão. Aqui
preocupa a hidratacao tardia destes componentes.

Com o fim de determinar presença de quantidades perigosas de cal livre


e magnésia cristalizadas, Le Châtelier imaginou um processo de
promover a sua hidratação forçada e acelerada (em autoclave)
colocando a pasta dentro de água a 100oC e medindo expansão
respectiva.

A expansão da pasta não deve exceder 10,0 mm, medida que representa
a distância entre duas agulhas soldadas num cilindro onde se coloca a
pasta.

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Presa

A determinação da presa do cimento é feita com base no Aparelho de Vicat. Neste


ensaio, mede-se a resistência de uma pasta de cimento à penetração de uma
agulha com 1 mm2 de secção, sob acção de um peso de 300 g.

Depois de o cimento ter sido misturado com água até a consistência normal
(penetração da sonda de consistência igual a 6 ± 0,5 mm do fundo da taça que
contém a pasta), enche-se um molde tronco-cónico, e diz-se que se atingiu o início
de presa quando a agulha já não atravessa a pasta até ao fundo, ficando a cerca
de 5 mm.

O fim de presa é determinado com uma agulha semelhante provida de um anel com
5 mm de diâmetro, de modo que a extremidade da agulha se projecta 0,5 mm além
da aresta deste acessório. Atinge-se o fim de presa quando a agulha, poisada na
superfície do bloco ensaiado, deixa a sua marca, sem que o acessório circular
imprima qualquer sinal.

Apenas se impõem (para cimentos portland) limites para o início de presa, que
deve ter lugar entre 40 e 60 minutos.

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Finura
A operação final na fabricação do cimento é a redução da mistura de clínquer e
gesso a pó, de modo a aumentar a superfície do material em contacto com a água.

• Resíduo de peneiração – é o resíduo (resto ou massa retida) no peneiro com


malhas de 88 μm. O cimento não deve ter um resíduo superior a 10%.

• Superfície específica – é a área total das partículas por unidade de massa do


cimento. Pode-se determinar por vários métodos mas, o mais popular é o de Blaine,
em que obriga-se um volume de ar a atravessar uma camada de pó, sob uma
pressão variável, cuja a variação é constante para todos os cimentos em estudo.
Determina-se o tempo que tal volume de ar leva a atravessar a camada, o que
permite o conhecimento do coeficiente de permeabilidade. Daí, a partir de uma
fórmula empírica, acha-se a superfície específica

14 e3
S
 P   1 e 2

Um cimento com resistência 32,5 MPa tem S = 2500 cm2/g e, com 42,5 MPa tem
S = 3000 cm2/g.
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Massa volúmica

É determinada com usualmente se mede a massa volúmica de um


sólido, conhecendo a massa e medindo o seu volume através do
deslocamento de um líquido (gasolina ou petróleo) num volumétrico
apropriado (densímetro de Le Châtelier).

O conhecimento desta grandeza permite detectar a existência de


material inerte no cimento pelo facto da massa volumica dos
componentes ser aproximadamente 3,0. Lembra-se que a massa dos
inertes e da ordem de 2,6 e 2,7. Um valor da massa volúmica inferior a
3,05 indica um cimento adulterado, mal cozido, ou ainda parcialmente
hidratado.

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Tensões de rotura

O valor do cimento é medido pela sua tensão de rotura, sendo a


característica mais importante que deve possuir.

Os ensaios do ligante, feito em argamassa para diminuir as elevadas


tensões internas na pasta de cimento, são de flexão e compressão;
nos de flexão usam-se prismas de 4 x 4 x 16 cm e 10 cm de vão e uma
carga concentrada de 1 a 5 kg, a meio vão, na máquina de Michaelis.
Após a rotura por flexão, cada um dos pedaços do prisma é ensaiado à
compressão.

A norma preconiza a existência de tres classes de resistencia do


cimento, com resistências à compressão mínimas aos 28 dias de 30,
40 e 50 MPa.

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Máquina de Michaelis

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