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Cimento é o nome popular para o mundialmente famoso Cimento Portland – produto batizado pelo
empresário Joseph Aspdin, que o descobriu em 1824, na ilha britânica de Portland. Trata-se de um pó
fino com propriedades ligantes que endurece sob a ação da água e que, depois de endurecido, mesmo
que seja novamente submetido à água, não se decompõe mais.
Existem no Brasil cerca de cinco tipos básicos de cimento e três especiais. Embora todos sejam
indicados para uso geral na construção civil, há diferenças entre eles. “Conhecer bem as características
e propriedades, ligadas a cada tipo, ajuda a aproveitá-las da melhor forma possível na aplicação que se
tem em vista”, afirma Arnaldo Forti Battagin, gerente do laboratório da Associação Brasileira do Cimento
Portland (ABCP).
Portanto, as diferenças estão na composição do material, o que pode impactar suas características e
propriedades de resistência, trabalhabilidade, durabilidade e impermeabilidade. A disponibilidade dos
tipos de cimento depende primordialmente da demanda de mercado e da região. “Em cada região do
Brasil você encontra um tipo com mais disponibilidade que outro, devido à maior quantidade de matéria-
prima de aditivo disponível”, explica o engenheiro e arquiteto Fabrício Rossi da Cruz.
Leia também:
TIPOS DE CIMENTO
Cimento CP-I (NBR 5.732) ou Cimento Portland Comum: recebe este nome porque não possui
nenhum tipo de aditivo, apenas o gesso, que tem a função de retardar o início de pega do cimento para
possibilitar mais tempo na aplicação. Tem alto custo e menos resistência. Sua produção é direcionada
para a indústria.
Classe de resistência: 25 MPa. “Este tipo já está quase ausente no mercado”, diz Battagin.
Cimento CP-II (NBR 11.578) ou Cimento Portland Composto: assim conhecido porque tem a adição
de outros materiais na sua mistura, que conferem a este cimento um menor calor de hidratação, ou seja,
ele libera menos calor quando entra em contato com a água. O CP-II é apresentado em três opções: CP-
II E – cimento portland com adição de escória de alto-forno; CP-II Z – cimento portland com adição de
material pozolânico; e CP-II F – cimento portland com adição de material carbonático – fíler.
Classe de resistência: 25, 32 e 40 MPa. “É versátil e aplicado a todas as fases de obras”, diz Cruz.
Cimento CP-III (NBR 5.735) ou Cimento Portland de Alto-forno: tem em sua composição de 35% a
70% de escória de alto-forno. Apresenta maior impermeabilidade e durabilidade, além de baixo calor de
hidratação, assim como alta resistência à expansão devido à reação álcali-agregado, além de ser
resistente a sulfatos. É menos poroso e mais durável.
Cl d i tê i 25 32 40 MP
https://www.aecweb.com.br/revista/materias/cimento-diferentes-tipos-e-aplicacoes/11959 2/8
31/08/2021 Cimento: diferentes tipos e aplicações | AECweb
Classe de resistência: 25, 32 e 40 MPa.
Cimento CP-IV (NBR 5.736) ou Cimento Portland Pozolânico: tem em sua composição de 15% a 50%
de material pozolânico. Por isso, proporciona estabilidade no uso com agregados reativos e em
ambientes de ataque ácido, em especial de ataque por sulfatos. Possui baixo calor de hidratação, o que
o torna bastante recomendável na concretagem de grandes volumes e sob temperaturas elevadas. É
pouco poroso, sendo resistente à ação da água do mar e de esgotos.
Cimento CP-V ARI (NBR 5.733) ou Cimento Portland de Alta Resistência Inicial: em função do seu
processo de fabricação, tem alta reatividade nas primeiras horas de aplicação, fazendo com que atinja
resistências elevadas em um curto intervalo de tempo. Ao final dos 28 dias de cura, também atinge
resistências maiores que os cimentos convencionais. É muito utilizado em obras industriais que exigem
um tempo de desforma menor. É recomendado apenas para a fabricação de concretos.
Cimento RS (NBR 5.737) ou Cimento Portland Resistente a Sulfatos: Os materiais sulfatados estão
presentes em redes de esgoto, ambientes industriais e água do mar. Sendo assim, seu uso é indicado
para construções nesses ambientes.
Cimento Branco (NBR 12.989) ou Cimento Portland Branco (CPB): tem como principal característica
a cor branca, que é conseguida através de matérias-primas com baixo teor de manganês e ferro e
utilização do caulim no lugar da argila. Existem dois tipos de cimento branco. Um deles é o estrutural,
indicado para fins arquitetônicos. “Ele não é muito comum nos dias de hoje, devido ao custo e à
tecnologia que as tintas alcançaram”, diz Cruz. Além dele, há o não estrutural, indicado para rejunte de
cerâmicas.
Cimento Portland de Baixo Calor de Hidratação (BC) / (NBR 13.116): este tipo de cimento tem a
propriedade de retardar o desprendimento de calor em peças de grande massa de concreto, evitando o
aparecimento de fissuras de origem térmica, devido ao calor desenvolvido durante a hidratação do
cimento.
Fica a dica“A característica mais importante do cimento é a classe de resistência a que ele
chega aos 28 dias de cura, identificada na embalagem do produto. Ao rodar um traço de
concreto, siga as quantidades exatas de cada insumo”, orienta o engenheiro e arquiteto
Fabrício Rossi da Cruz.
https://www.aecweb.com.br/revista/materias/cimento-diferentes-tipos-e-aplicacoes/11959 3/8
31/08/2021 Cimento: diferentes tipos e aplicações | AECweb
As principais vantagens na utilização dos Cimentos Portland de alto-forno (CP III) e pozolânico (CP IV)
estão ligadas à maior estabilidade, durabilidade e impermeabilidade que conferem ao concreto; ao
menor calor de hidratação; à maior resistência ao ataque por sulfatos; à maior resistência à compressão
em idades mais avançadas; e à maior resistência à tração e à flexão. Portanto, são recomendáveis em
obras de concreto-massa, como barragens e peças de grandes dimensões, fundações de máquinas e
pilares; obras em contato com ambientes agressivos por sulfatos e terrenos salinos; tubos e canaletas
para condução de líquidos agressivos, esgotos ou efluentes industriais; concretos com agregados
reativos, pois esses cimentos concorrem para minimizar os efeitos expansivos da reação álcali-
agregado; pilares de pontes ou obras submersas em contato com águas correntes puras; obras em
zonas costeiras ou em água do mar; pavimentação de estradas e pistas de aeroportos etc.
Já o ARI (CP V) é o mais adequado para aplicações nas quais o requisito de elevada resistência às
primeiras idades é fundamental, como na indústria de pré-moldados, em que se necessita de uma
desforma rápida. Esse tipo de cimento alcança uma boa resistência em uma semana, enquanto os
demais levam um mês. “Como endurece rápido, se não for bem curado, pode apresentar fissuração ou
trincas se a concretagem for feita sob insolação, em dias muitos secos ou com ventos, devido ao
fenômeno da retração por secagem. Evite usá-lo em aplicações corriqueiras, como em revestimento de
argamassa ou em concreto-massa, pois, nesses casos, pode também ocasionar fissuração”, orienta
Battagin, gerente do laboratório da ABCP.
CIMENTOS X CARACTERÍSTICAS
Neste quadro, você consegue comparar os tipos de Cimento Portland de acordo com as características e
as vantagens que eles proporcionam ao concreto e à argamassa. Uma mão na roda na hora de
escolher!
cimento com a
água
Impermeabilidade Padrão Maior Maior Padrão Padrão Padrão Padrão
Resistência aos
agentes
agressivos (água Padrão Maior Maior Menor Maior Menor Maior
do mar e de
esgotos)
Durabilidade Padrão Maior Maior Padrão Maior Padrão Maior
Fonte: ABCP
cimento curados por aspersão de água (CP III), Pozolânico (CP IV), de Alta Resistência
Inicial (CP V-ARI) e Branco Estrutural (CPB
Estrutural) (VER NOTA) (*)
Elementos pré-moldados de concreto e artefatos de de Alta Resistência Inicial (CP V-ARI), Composto
cimento para desforma rápida, curados por (CP II-E, CP II-Z, CP II-F) e Branco Estrutural (CPB
aspersão de água Estrutural)
Elementos pré-moldados de concreto e artefatos de Composto (CP II-E, CP II-Z, CP II-F), de Alto-Forno
cimento para desforma rápida, curados a vapor ou (CP III), Pozolânico (CP IV) e Branco Estrutural
com outro tipo de cura térmica (CPB Estrutural)
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Arnaldo Forti Battagin – é gerente de laboratório da Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP) uma
entidade sem fins lucrativos, mantida voluntariamente pela indústria brasileira do cimento, com intuito de promover
estudos sobre o cimento e suas aplicações. Reconhecida nacional e internacionalmente.
Fabrício Rossi da Cruz – é engenheiro civil, formado pelo Centro Federal de Educação
Tecnológica de Minas Gerais (CEFET), e arquiteto urbanista, formado pela UFMG. Mantém o
blog Pedreirão Macetes de Construção desde 2011. Já trabalhou em obras de infraestrutura,
terraplenagem, pavimentação, obras de arte, hospitais, mineração. Tem experiência
internacional nos EUA e China em proteção passiva contra incêndio
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