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31/08/2021 Cimento: diferentes tipos e aplicações | AECweb

Cimento: diferentes tipos e aplicações


Existem cerca de cinco tipos básicos e três especiais. Entender a diferença entre eles
pode ajudar a aproveitar melhor as vantagens de cada um

Texto: Nataly Pugliesi

Cimento é o nome popular para o mundialmente famoso Cimento Portland – produto batizado pelo
empresário Joseph Aspdin, que o descobriu em 1824, na ilha britânica de Portland. Trata-se de um pó
fino com propriedades ligantes que endurece sob a ação da água e que, depois de endurecido, mesmo
que seja novamente submetido à água, não se decompõe mais.

Existem no Brasil cerca de cinco tipos básicos de cimento e três especiais. Embora todos sejam
indicados para uso geral na construção civil, há diferenças entre eles. “Conhecer bem as características
e propriedades, ligadas a cada tipo, ajuda a aproveitá-las da melhor forma possível na aplicação que se
tem em vista”, afirma Arnaldo Forti Battagin, gerente do laboratório da Associação Brasileira do Cimento
Portland (ABCP).

O cimento é composto principalmente do material clínquer – uma mistura de calcário, argila e


componentes químicos – e diferenciado conforme a adição de outros materiais, como: gesso, que
aumenta o tempo de pega; escória que aumenta a durabilidade na presença de sulfato mas quando
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aumenta o tempo de pega; escória, que aumenta a durabilidade na presença de sulfato, mas, quando
em grandes quantidades, pode diminuir a resistência; argila pozolânica, que confere maior
impermeabilidade ao concreto; e o próprio calcário, que, muitas vezes, é utilizado em maior quantidade
para reduzir o custo do cimento.

Portanto, as diferenças estão na composição do material, o que pode impactar suas características e
propriedades de resistência, trabalhabilidade, durabilidade e impermeabilidade. A disponibilidade dos
tipos de cimento depende primordialmente da demanda de mercado e da região. “Em cada região do
Brasil você encontra um tipo com mais disponibilidade que outro, devido à maior quantidade de matéria-
prima de aditivo disponível”, explica o engenheiro e arquiteto Fabrício Rossi da Cruz.

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TIPOS DE CIMENTO

Cimento CP-I (NBR 5.732) ou Cimento Portland Comum: recebe este nome porque não possui
nenhum tipo de aditivo, apenas o gesso, que tem a função de retardar o início de pega do cimento para
possibilitar mais tempo na aplicação. Tem alto custo e menos resistência. Sua produção é direcionada
para a indústria.

Classe de resistência: 25 MPa. “Este tipo já está quase ausente no mercado”, diz Battagin.

Cimento CP-II (NBR 11.578) ou Cimento Portland Composto: assim conhecido porque tem a adição
de outros materiais na sua mistura, que conferem a este cimento um menor calor de hidratação, ou seja,
ele libera menos calor quando entra em contato com a água. O CP-II é apresentado em três opções: CP-
II E – cimento portland com adição de escória de alto-forno; CP-II Z – cimento portland com adição de
material pozolânico; e CP-II F – cimento portland com adição de material carbonático – fíler.

Classe de resistência: 25, 32 e 40 MPa. “É versátil e aplicado a todas as fases de obras”, diz Cruz.

Cimento CP-III (NBR 5.735) ou Cimento Portland de Alto-forno: tem em sua composição de 35% a
70% de escória de alto-forno. Apresenta maior impermeabilidade e durabilidade, além de baixo calor de
hidratação, assim como alta resistência à expansão devido à reação álcali-agregado, além de ser
resistente a sulfatos. É menos poroso e mais durável.

Cl d i tê i 25 32 40 MP
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Classe de resistência: 25, 32 e 40 MPa.

Cimento CP-IV (NBR 5.736) ou Cimento Portland Pozolânico: tem em sua composição de 15% a 50%
de material pozolânico. Por isso, proporciona estabilidade no uso com agregados reativos e em
ambientes de ataque ácido, em especial de ataque por sulfatos. Possui baixo calor de hidratação, o que
o torna bastante recomendável na concretagem de grandes volumes e sob temperaturas elevadas. É
pouco poroso, sendo resistente à ação da água do mar e de esgotos.

Classe de resistência: 25 e 32 MPa.

Em cada região do Brasil você encontra um tipo de cimento com mais


disponibilidade que outro, devido à maior quantidade de matéria-prima de aditivo
disponível
Fabrício Rossi da Cruz. 

Cimento CP-V ARI (NBR 5.733) ou Cimento Portland de Alta Resistência Inicial: em função do seu
processo de fabricação, tem alta reatividade nas primeiras horas de aplicação, fazendo com que atinja
resistências elevadas em um curto intervalo de tempo. Ao final dos 28 dias de cura, também atinge
resistências maiores que os cimentos convencionais. É muito utilizado em obras industriais que exigem
um tempo de desforma menor. É recomendado apenas para a fabricação de concretos.

Cimento RS (NBR 5.737) ou Cimento Portland Resistente a Sulfatos: Os materiais sulfatados estão
presentes em redes de esgoto, ambientes industriais e água do mar. Sendo assim, seu uso é indicado
para construções nesses ambientes.

Cimento Branco (NBR 12.989) ou Cimento Portland Branco (CPB): tem como principal característica
a cor branca, que é conseguida através de matérias-primas com baixo teor de manganês e ferro e
utilização do caulim no lugar da argila. Existem dois tipos de cimento branco. Um deles é o estrutural,
indicado para fins arquitetônicos. “Ele não é muito comum nos dias de hoje, devido ao custo e à
tecnologia que as tintas alcançaram”, diz Cruz. Além dele, há o não estrutural, indicado para rejunte de
cerâmicas.

Cimento Portland de Baixo Calor de Hidratação (BC) / (NBR 13.116): este tipo de cimento tem a
propriedade de retardar o desprendimento de calor em peças de grande massa de concreto, evitando o
aparecimento de fissuras de origem térmica, devido ao calor desenvolvido durante a hidratação do
cimento.

Fica a dica“A característica mais importante do cimento é a classe de resistência a que ele
chega aos 28 dias de cura, identificada na embalagem do produto. Ao rodar um traço de
concreto, siga as quantidades exatas de cada insumo”, orienta o engenheiro e arquiteto
Fabrício Rossi da Cruz.

CIMENTO E SUAS APLICAÇÕES


“É preciso esclarecer que todos os tipos de Cimento Portland são adequados a todos os tipos de
estrutura e aplicações. Existem, entretanto, alguns tipos de cimento que são mais vantajosos ou
recomendáveis para determinados usos”, explica Arnaldo Forti Battagin.

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Sendo assim, os cimentos CP I e CP II se destinam a aplicações gerais. “Este último é o mais


encontrado no mercado (>60%) e o mais consumido, ao passo que o CP I, apesar de normalizado,
quase não é mais produzido no Brasil, sendo geralmente fornecido apenas sob encomenda”, afirma o
gerente do laboratório da ABCP.

É preciso esclarecer que todos os tipos de Cimento Portland são adequados a


todos os tipos de estrutura e aplicações. Existem, entretanto, alguns tipos de
cimento que são mais vantajosos ou recomendáveis para determinados usos
Arnaldo Forti Battagin 

As principais vantagens na utilização dos Cimentos Portland de alto-forno (CP III) e pozolânico (CP IV)
estão ligadas à maior estabilidade, durabilidade e impermeabilidade que conferem ao concreto; ao
menor calor de hidratação; à maior resistência ao ataque por sulfatos; à maior resistência à compressão
em idades mais avançadas; e à maior resistência à tração e à flexão. Portanto, são recomendáveis em
obras de concreto-massa, como barragens e peças de grandes dimensões, fundações de máquinas e
pilares; obras em contato com ambientes agressivos por sulfatos e terrenos salinos; tubos e canaletas
para condução de líquidos agressivos, esgotos ou efluentes industriais; concretos com agregados
reativos, pois esses cimentos concorrem para minimizar os efeitos expansivos da reação álcali-
agregado; pilares de pontes ou obras submersas em contato com águas correntes puras; obras em
zonas costeiras ou em água do mar; pavimentação de estradas e pistas de aeroportos etc.

Já o ARI (CP V) é o mais adequado para aplicações nas quais o requisito de elevada resistência às
primeiras idades é fundamental, como na indústria de pré-moldados, em que se necessita de uma
desforma rápida. Esse tipo de cimento alcança uma boa resistência em uma semana, enquanto os
demais levam um mês. “Como endurece rápido, se não for bem curado, pode apresentar fissuração ou
trincas se a concretagem for feita sob insolação, em dias muitos secos ou com ventos, devido ao
fenômeno da retração por secagem. Evite usá-lo em aplicações corriqueiras, como em revestimento de
argamassa ou em concreto-massa, pois, nesses casos, pode também ocasionar fissuração”, orienta
Battagin, gerente do laboratório da ABCP.

CIMENTOS X CARACTERÍSTICAS
Neste quadro, você consegue comparar os tipos de Cimento Portland de acordo com as características e
as vantagens que eles proporcionam ao concreto e à argamassa. Uma mão na roda na hora de
escolher!

Alta Resistente Baixo


Comum e Alto- Branco
Propriedade Pozolânico Resistência aos Calor de
Composto Forno Estrutural
Inicial Sulfatos Hidratação
Menor nos Menor nos
Menor nos
primeiros primeiros
primeiros Muito maior
Resistência à dias e dias e
Padrão dias e maior nos primeiros Padrão Padrão
compressão maior no padrão no
no final da dias
final da final da
cura
curao cura
Calor gerado na Padrão Menor Menor Maior Padrão Maior Menor
reação do
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reação do

cimento com a
água
Impermeabilidade Padrão Maior Maior Padrão Padrão Padrão Padrão
Resistência aos
agentes
agressivos (água Padrão Maior Maior Menor Maior Menor Maior
do mar e de
esgotos)
Durabilidade Padrão Maior Maior Padrão Maior Padrão Maior

Fonte: ABCP

TIPOS DE CIMENTO PORTLAND X APLICAÇÕES


Está com dificuldade para definir qual o melhor tipo de Cimento Portland para a sua construção? Escolha
a partir da indicação de aplicação dada pelo gerente de laboratório da ABCP, Arnaldo Forti Battagin.

Aplicação Tipos de cimento Portland


Argamassa de revestimento e assentamento de Composto (CP II-E, CP II-Z, CP II-F), de Alto-Forno
tijolos e blocos (CP III) e Pozolânico (CP IV)
Composto (CP II-E, CP II-Z, CP II-F) e Pozolânico
Argamassa de assentamento de azulejos e ladrilhos
(CP IV)
Argamassa de rejuntamento de azulejos e ladrilhos Branco (CPB)
Composto (CP II-E, CP II-Z, CP II-F), de Alto-Forno
Concreto simples (sem armadura)
(CP III) e Pozolânico (CP IV)
Composto (CP II-E, CP II-Z, CP II-F), de Alto-Forno
Concreto magro (para passeios e enchimentos)
(CP III) e Pozolânico (CP IV)
Composto (CP II-E, CP II-Z, CP II-F), de Alto-Forno
(CP III), Pozolânico (CP IV), de Alta Resistência
Concreto armado com função estrutural
Inicial (CP V-ARI) e Branco Estrutural (CPB
Estrutural)
Composto (CP II-Z, CP II-F), de Alta Resistência
Concreto protendido com protensão das barras
Inicial (CP V-ARI) e Branco Estrutural (CPB
antes do lançamento do concreto
Estrutural)
Composto (CP II-E, CP II-Z, CP II-F), de Alto-Forno
Concreto protendido com protensão das barras (CP III), Pozolânico (CP IV), de Alta Resistência
após o endurecimento do concreto Inicial (CP V-ARI) e Branco Estrutural (CPB
Estrutural)
de Alta Resistência Inicial (CP V-ARI), Composto
Concreto armado para desforma rápida, curado por (CP II-E, CP II-Z, CP II-F), de Alto-Forno (CP III),
aspersão de água ou produto químico Pozolânico (CP IV) e Branco Estrutural (CPB
Estrutural)
Composto (CP II-E, CP II-Z, CP II-F), de Alto-Forno
Concreto armado para desforma rápida, curado a (CP III), Pozolânico (CP IV), de Alta Resistência
vapor ou com outro tipo de cura térmica Inicial (CP V-ARI) e Branco Estrutural (CPB
Estrutural)
Elementos pré-moldados de concreto e artefatos de Composto (CP II-E, CP II-Z, CP II-F), de Alto-Forno
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cimento curados por aspersão de água (CP III), Pozolânico (CP IV), de Alta Resistência
Inicial (CP V-ARI) e Branco Estrutural (CPB
Estrutural) (VER NOTA) (*)
Elementos pré-moldados de concreto e artefatos de de Alta Resistência Inicial (CP V-ARI), Composto
cimento para desforma rápida, curados por (CP II-E, CP II-Z, CP II-F) e Branco Estrutural (CPB
aspersão de água Estrutural)

Elementos pré-moldados de concreto e artefatos de Composto (CP II-E, CP II-Z, CP II-F), de Alto-Forno
cimento para desforma rápida, curados a vapor ou (CP III), Pozolânico (CP IV) e Branco Estrutural
com outro tipo de cura térmica (CPB Estrutural)

Composto (CP II-E, CP II-Z, CP II-F), de Alto-Forno


Pavimento de concreto simples ou armado
(CP III) e Pozolânico (CP IV)
Composto (CP II-E, CP II-Z, CP II-F), de Alto-Forno
Pisos industriais de concreto (CP III), Pozolânico (CP IV) e de Alta Resistência
Inicial (CP V-ARI)
Concreto arquitetônico Branco Estrutural (CPB Estrutural)
Composto (CP II-E, CP II-Z, CP II-F), de Alto-Forno
Solo-cimento
(CP III) e Pozolânico (CP IV)
Argamassas e concretos para meios agressivos de Alto-Forno (CP III), Pozolânico (CP IV) e
(água do mar e de esgotos) Resistente a Sulfatos
de Alto-Forno (CP III), Pozolânico (CP IV) e de
Concreto-massa
Baixo Calor de Hidratação
Composto (CP II-E, CP II-Z, CP II-F), de Alto-Forno
Concreto com agregados reativos
(CP III) e Pozolânico (CP IV)

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COLABORARAM PARA ESTA MATÉRIA

  Arnaldo Forti Battagin – é gerente de laboratório da Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP) uma
entidade sem fins lucrativos, mantida voluntariamente pela indústria brasileira do cimento, com intuito de promover
estudos sobre o cimento e suas aplicações. Reconhecida nacional e internacionalmente.

Fabrício Rossi da Cruz – é engenheiro civil, formado pelo Centro Federal de Educação
Tecnológica de Minas Gerais (CEFET), e arquiteto urbanista, formado pela UFMG. Mantém o
blog Pedreirão Macetes de Construção desde 2011. Já trabalhou em obras de infraestrutura,
terraplenagem, pavimentação, obras de arte, hospitais, mineração. Tem experiência
internacional nos EUA e China em proteção passiva contra incêndio

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