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Logística interna

Como o transporte horizontal e vertical de materiais e pessoas interfere


na produtividade e qualidade das obras
Por Laurimar Coelho
Edição 158 - Maio/2010

Prazo, custo e qualidade. É sobre


esse tripé que deve funcionar um
canteiro de obras. E a logística de
transporte de materiais e pessoas no
cotidiano da construção torna-se
fundamental para atingir esse
objetivo. Segundo Carlos Torres
Formoso, professor do Núcleo
Orientado para a Inovação da
Edificação, da Universidade Federal
do Rio Grande do Sul, no Brasil há
muitas deficiências na oferta de
equipamentos adequados ao setor
da construção. "As empresas mais
tradicionais utilizam equipamentos
convencionais, tais como elevadores,
guincho de coluna, giricas etc. Já as
empresas mais modernas investem
em equipamentos de maior impacto
tais como gruas, guindastes, bombas
e silos.

É muito importante que a empresa


melhore o seu planejamento logístico
para que possa efetivamente se
beneficiar desses equipamentos de
maior porte." Formoso explica que
algumas empresas optam por não
adotar tais equipamentos por não Carrinho de mão para transporte de blocos:
conseguirem tirar todo o benefício ergonomia, menos quebras e produtividade
potencial deles, por não terem uma maior
boa capacitação em gestão da
produção.

Mas Daniel Toti, engenheiro de obras da construtora Adolpho Lindenberg, salienta


que em um mercado competitivo como o brasileiro é necessário sempre investir
em equipamentos de transporte para diminuir os ciclos de execução dos serviços.
"Com a grua, por exemplo, é possível reduzir o tempo de execução da estrutura,
pois possibilita a armação dos pilares e vigas no térreo enquanto a fôrma do
pavimento é montada, conseguindo diminuir em alguns casos de sete para cinco
dias o prazo de execução de cada laje. Além de permitir o uso de peças pré-
moldadas."

Na opinião do engenheiro, o prazo curto para entrega na maioria das obras é o


que exige dos profissionais da construção um planejamento mais eficiente na
escolha dos equipamentos e quando eles vão operar. "Um gargalo que
encontramos hoje é o transporte vertical dos materiais, se o planejamento não for
bem-feito, afetará diretamente o prazo de entrega da obra. É vital considerar a
quantidade, o tipo e a velocidade exigida de transporte de cada material, para com
essas informações decidir os
recursos que serão necessários."
Mais viáveis
Toti enfatiza que o aquecimento do
mercado, a escassez e o aumento no
custo da mão de obra tornaram o uso
dos equipamentos mais viáveis
economicamente e indispensáveis
para o cumprimento dos prazos cada
vez menores. Para Formoso, é difícil
encontrar empresas que seguem
critérios rigorosos de planejamento
das operações de transporte. "Isso
acaba causando muitas perdas, tais
como excesso de estoques, horas
paradas em função de vias de
acesso de materiais bloqueadas,
movimentações desnecessárias dos
trabalhadores, excesso de operações
de transportes. Ou seja, resulta em
muitas atividades que não agregam
valor, cujos custos são difíceis de
mensurar pelos sistemas de custeio
convencionais."
É preciso estar atento às regras de uso do
Ubiraci Espinelli, professor da Poli- elevador de carga e jamais compartilhar
USP e diretor técnico da Produtime - com o transporte de trabalhadores
empresa do setor de gestão e
tecnologia, afirma que quando se avalia o tempo de mão de obra disponível, 1/3
diz respeito à movimentação no canteiro. "Um bom equipamento de transporte não
gera desperdício de material. Há os que são locados por mês e outros por hora.
Além disso, há os que têm restrições para seu uso como no caso das gruas, que
exigem amplo espaço de operação e sua aplicação deve seguir normas de
segurança que levam em conta até quem circula no entorno da obra. Portanto,
deve-se avaliar cada etapa da obra e utilizar critérios eliminatórios na escolha dos
equipamentos."

Em geral, o engenheiro de planejamento estuda os recursos necessários e prevê


nos orçamentos, e o engenheiro residente é responsável pela contratação e
programação da data de entrega do equipamento na obra.

Escolha certa
Na hora de programar o uso de equipamentos de transporte é importante avaliar quais as
condições do canteiro e de que forma os materiais serão transportados. O mercado
oferece equipamentos para transporte horizontal e vertical. Entre os horizontais estão as
giricas, pórtico, carrinhos porta-palete, tratores, Dumper e Bobcat. Já os verticais são as
gruas, os guinchos, elevadores (de cabo e cremalheira), guindastes e equipamentos de
bombeamento de concreto ou argamassa. Além disso, alguns equipamentos de grande
porte levam até cinco dias para serem montados, prazo que deve ser considerado para o
bom andamento da obra.

"A cremalheira, por exemplo, precisa de uma base de concreto armado. Já a grua pode ser
fixada na base de concreto armado ou no pilar do poço do elevador e a minigrua é fixada
na laje", explica Toti. Vale salientar que a cremalheira deve ser instalada a partir do
momento em que o edifício tiver pelo menos quatro pavimentos para o transporte dos
operários. Os demais dependem de cada situação de obra.

Normas técnicas
Duas normas técnicas regulamentam o uso de equipamentos de transporte em obras. A
NR-18 normatiza as "Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da Construção"
e possui um item específico para "Movimentação e Transporte de Materiais e Pessoas". A
NB 233 regulamenta "Elevadores de Segurança para Canteiros de Obras de Construção
Civil" e estabelece as condições mínimas para projeto e execução de elevadores de obra.

O professor Formoso alerta que existe a necessidade de planejar as vias de acesso em


vários momentos ao longo da obra, já que o canteiro vai se modificando à medida que
alguns processos terminam e outros começam. "É importante ter sinalização, boa
manutenção dos equipamentos e, no caso de equipamentos de grande porte, atentar para
riscos de acidentes. A utilização de grua ou guindastes, por exemplo, elimina vários riscos
de acidentes e doenças do trabalho.

Mas, se mal-administrados, podem criar riscos de alto nível de gravidade." Outro detalhe
importante é a contratação de mão de obra especializada para a operação desses
equipamentos. O sistema de segurança das gruas, por exemplo, é feito por sensores e
computadores que gerenciam toda tarefa de içamento, indicando no display, em tempo
real, carga içada, raio utilizado e velocidade empenhada na operação.

Produtos & Técnicas

Grua
Equipamento de grande porte ideal para o transporte de
armação. Sua estrutura metálica pode ter altura de trabalho
de 10 m até 150 m ou mais. Em geral é equipada com
sistema eletrônico de acionamento fazendo com que
trabalhe mais suavemente, com arranque menos brusco
acarretando menores manutenções e menor desgaste,
inclusive com maior economia no consumo de energia
elétrica. Em geral, uma com 70 t de capacidade e 100 m de
altura sai em torno de R$ 30 mil por mês.
Central Locadora de Gruas
www.centrallocadora.com.br
(11) 3687-0444

Elevador de cremalheira
Sua cabine se movimenta ao longo de uma torre metálica por
meio do sistema de pinhão e cremalheira, diferentemente do
elevador de obra convencional, movido pela ação de cabos de
aço. Instalado no início da fase de estrutura da obra, logo após as
fundações, o equipamento é utilizado até o término da construção.
Comparado ao elevador convencional, o cremalheira é mais
seguro e reduz o risco de acidentes. O valor do aluguel depende
do número de paradas, carga e sua altura. É alugado em média
por R$ 7 mil por mês.
Central Locadora de Gruas
www.centrallocadora.com.br
(11) 3687-0444

Minigrua

Montada no topo da torre do guincho, ela oferece grandes


facilidades na subida das telas soldadas ao pavimento em
fôrmas, sem a necessidade de grua ou da complexa
operação de enrolar as telas para subi-las pelo elevador, e
posteriormente desenrolá-las para montagem na fôrma.
Com a capacidade de carga máxima de 150 kg, permite
também a subida de ferragens dobradas ou outros
materiais pesados que não cabem no elevador como
caixilhos, estruturas metálicas etc. Um equipamento com 6 m de lança, 500 kg de
carga, 9 m de altura e acionamento eletrônico sai por R$ 5 mil por mês.
Central Locadora
www.centrallocadora.com.br.
(11) 3687-0444

Guindaste
Constituído normalmente por uma torre equipada com
cabos e roldanas que é usada para levantar e baixar
materiais. São habitualmente estruturas temporárias
fixadas no chão ou montadas num veículo especial. O valor
do guindaste é cobrado por hora e com um padrão pré-
estabelecido por todas as empresas de guindastes
considerando-se dez horas mínimas para todos os
equipamentos, e os valores são cobrados conforme a
capacidade técnica de cada guindaste, dependendo de suas tabelas e gráficos de
cada veículo, sendo que quanto maior a capacidade do guindaste, maior será o
valor hora de cada equipamento. Um com capacidadede 50 t custa, em média, R$
300,00 por hora.
www.locar.com.br
(11) 3545-0500

Carrinho porta-paletes
Transporte de cerâmica, blocos etc. Um com capacidade para 20
blocos grandes sai por R$ 865,63 para venda. Em geral, o
empreiteiro de mão de obra do serviço fornece esse
equipamento.

Scanmetal

www.scanmetal.com.br.

(11) 2797-7226

Miniguincho
Equipamento para transporte de pequenos objetos. Um
com capacidade para 300 kg sai em média R$ 500,00 mês
com 60 m de cabo e caçamba de 80 l.
Locguel Locadora de Equipamentos
www.locguel.com.br.
(11) 3772-5000

Empilhadeira
Máquina usada para carregar e descarregar mercadorias
em geral, paletes, caixas etc. Existem diversos tipos de
empilhadeiras e são mais utilizados em galpões ou
espaços fechados. Possuem capacidades diversas de
carga, de 1,5 a 7,5 t. Uma com capacidade para transportar
1,5 t sai por R$ 8.600,00 por mês.

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