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ESTUDO DO CIMENTO

PORTLAND
O que é cimento Portland

Aglomerante hidráulico, fabricado


basicamente a partir de calcário e argila,
que serve para produzir argamassas e
concretos para obras e/ou serviços de
construção civil.
Origem do nome Portland

O cimento Portland foi criado pelo construtor inglês


Joseph Aspdin, que o patenteou em 1824. Registrou com
esse nome sua patente pois nesta época era muito
comum construções com certo tipo de pedra existente na
ilha de Portland, situada ao sul da Inglaterra, e que
possuia cor e dureza semelhantes.
Breve histórico
ROMANOS: Usaram cal + cinzas;

JOHN SMEATON (1756): Calcário impuro era melhor para a


durabilidade;

JOSEPH ASPDIN (1824): Fabricou os primeiros cimentos e


patenteou;

JONHSON (1850): Aperfeiçoou e usou nos primeiros concretos;

BRASIL (1888): Primeira fábrica – Companhia Brasileira de Cimento


Portland (PERUS) de propriedade do Comendador Rodovalho (SP).
Mercado brasileiro

Produção em 1997 – 40 M ton

51% - Consumidores

11% - Concreteiras

13% - Componentes

25% - Construtoras
Matéria Prima
1 - Do calcário temos:

CaCO3 – Carbonato de Cálcio ( Calcita )


MgCO3 – Carbonato de Magnésio

2 – Da argila temos:

Fe2O3 – Óxido Ferroso;


Al2O3 – Sesquióxido de Alumínio ( Alumina )
SiO2 – Dióxido de Silício ( Sílica )
Adições

Gesso (CaSO4 )

Materiais pozolânicos

Escória de alto-forno

Materiais Carbonaticos
Como se fabrica o cimento
O cimento Portland é obtido a partir da calcinação da
mistura de rochas calcárias e de materiais argilosos. O
produto calcinado sai do alto-forno em forma de
pequenas esferas em elevadíssimas temperaturas
(1450°C) é chamado de Clinquer. Este Clinquer, resfriado
e finamente pulverizado, apresenta propriedades
aglomerantes de secagem muito rápida (em média 5
minutos). Finalmente, se adiciona gesso para diminuir a
velocidade de secagem (pega) que torna o material
comercialmente aceito (aproximadamente 2 horas);
Simplificando o processo

CALCÁREO ADIÇÕES
DE
CIMENTO
FORNO GESSO
CLINQUER PORTLAND
1450 ° C FILLER
POZOLANA
ESCÓRIA
ARGILA
Compostos do clinquer
NOME DO COMPOSTO FÓRMULA QUÍMICA REPRESENTAÇÃ
O
Ferro aluminato tetracálcico 4 CaO Al2O3 Fe2O3 C4AF
Aluminato tricálcico 3 CaO Al2O3 C3 A
Silicato tricálcico 3 CaO SiO2 C3 S
Silicato dicálcico 2 CaO SiO2 C2 S
Óxido de Cálcio CaO
Óxido de Magnésio MgO
Óxido de Sódio Na2O
Óxido de Potássio K2 O
Idéia da fabricação do cimento
Propriedades do clinquer
hidratado
RESISTÊNCIA MECÂNICA – Acontece devido a
hidratação dos silicatos preponderantes C2S e C3S,
sendo de forma insignificante e não apreciável a
contribuição do C4AF e C3A

TEMPO NECESSÁRIO AS REAÇÕES QUÍMICAS - A


hidratação dos aluminatos C4AF e C3A ocorrem em
curto espaço de tempo (apenas algumas horas),
enquanto para os silicatos tem-se a hidratação do C3S
ao longo de dias, e do C2S ao longo de semanas;
Propriedades do clinquer
hidratado
 Nas primeiras idades, uma peça de concreto não suporta seu próprio
peso, pois apesar de endurecido, não possui resistência mecânica
considerável, daí ter que se colocar escoramentos antes da
concretagem;
 A resistência do cimento indicada no saco é tomada para 28 dias,
assim a resistência do concreto é atingida aos 28 dias (80%), ficando
o restante ao longo do tempo, desta forma os escoramentos de uma
estrutura de concreto armado só deverão ser retirados com 28 dias
 Só ocorre hidratação se houver água de amassamento; se ela
evaporar, não haverá a completa hidratação dos compostos e haverá
perda de resistência. Este problema é resolvido com a CURA.
Também aparecerão VAZIOS (espaços das águas perdidas ) e estes
fragilizam o concreto.
 A CURA é todo processo que se faz para se evitar a perda da água de
amassamento. Um bom processo é se fazer um dique de material
impermeável e encher de água, garantindo a não evaporação da água
de amassamento
Propriedades do clinquer
hidratado
INTENSIDADE DE CALOR DESPRENDIDO - O composto
que desprende mais calor é o C3A, seguido do C3S. Em
relação ao C4AF e C2S, podemos dizer que é desprezível,
devido apouca quantidade de calor desprendido
Em obras que a quantidade de concreto é muito grande,
tem-se que minimizar o choque térmico dos concretos
mais internos com os mais externos, pois resultam
dilatações térmicas diferentes, provocando trincas. Para
atenuar o problema temos que utilizar um cimento que
deva ser pobre de C3A e C3S.
Propriedades do clinquer
hidratado

PEGA – Pega é a perda de fluidez da pasta. Ao se


adicionar, por exemplo, água a um aglomerante
hidráulico, depois de certo tempo, começam a ocorrer
reações químicas de hidratação, que dão origem à
formação de compostos, e que aos poucos, vão fazendo
com que a pasta perca sua fluidez, até que deixe de ser
deformável para pequenas cargas e se torne rígida.
Propriedades do clinquer
hidratado

Início de pega - é o período inicial de solidificação da


pasta. É contado a partir do lançamento da água no
aglomerante, até ao início das reações químicas com os
compostos do aglomerante. Esse fenômeno é
caracterizado pelo aumento brusco da viscosidade e pela
elevação da temperatura da pasta.
Propriedades do clinquer
hidratado

Fim de pega de um aglomerante hidráulico é quando a


pasta se solidifica completamente, não significando,
entretanto, que ela tenha adquirido toda sua resistência, o
que só será conseguido após anos.
Propriedades do clinquer
hidratado

A determinação dos tempos de início de e de fim de pega


do aglomerante são importantes, pois através deles pode-
se ter idéia do tempo disponível para trabalhar, transportar,
lançar e adensar argamassas e concertos, regá-los para
execução da cura, bem como transitar sobre a peça
Propriedades do clinquer
hidratado
 Com relação ao tempo de início de pega os
cimentos brasileiros se classificam em:
 cimentos de pega normal, tempo > 60 minutos
 cimentos de pega semi-rápida 30 minutos < tempo < 60
minutos
 cimentos de pega rápida, tempo < 30 minutos

 No caso dos cimentos de pega normal, o fim da


pega se dá, de cinco a dez horas depois do
lançamento da água ao aglomerante. Nos
cimentos de pega rápida, o fim da pega se
verifica poucos minutos após o seu início.
Propriedades do clinquer
hidratado

EXPANSIBILIDADE - Os óxidos CaO e o MgO se


expandem na presença da água. Se na fase de
endurecimento esta expansão não for controlada, pode
provocar fissuras. Com o endurecimento a pasta de
cimento tende a retrair e os compostos formados pelo
CaO e MgO com a água, a aumentar, provocando
tensões internas e depois a fissuras
Encontrando os Álcalis e as
reações Álcali-agregados

Os álcalis criam problemas com os agregados que contém


sílica resultando em expansão e produtos lixiviáveis. Nas
obras em contato com a água como piscinas, caixas d
´água e fundações de pontes, se deve evitar, o emprego
de cimento com alto teor de álcalis. Os alcalis mais
comuns são os óxidos de sódio [Na2O] e o de potássio
[K2O].
Adições do cimento Portland
POZOLANAS – material silicoso ou sílico-aluminoso
que finamente pulverizado e na presença de água
reagem com o hidróxido de cálcio Ca(OH)2, a cal
hidratada, à temperatura ambiente, formando
compostos que melhoram o poder aglomerante do
cimento.

Pode ser obtida a partir de queima de rochas


vulcânicas (naturais), ou argilas calcinadas e cinzas
volantes da queima de carvão mineral, ou ainda das
cascas de arroz e bagaço de cana (artificiais).
Benefícios das Pozolanas
Aumento do poder aglomerante

Aumento da trabalhabilidade com o preenchimento dos vazios

Redução da resistência mecânica até as primeiras idades (91 dias)

Maior resistência aos agentes agressivos

Baixa o calor de hidratação

Resistência mecânica mais elevada

Redução do preço do aglomerante


Adições do cimento Portland

ESCÓRIA DE ALTO-FORNO – subproduto do tratamento do


minério de ferro em alto-forno, obtido sob a forma granulada por
resfriamento brusco. Não apresenta por si propriedades
hidráulicas, mas misturada a cal, desperta as propriedades
hidráulicas da mesma. O cimento produzido com adição de escória
de alto-forno apresenta grande heterogenidades de características.

Sua função é muito parecida com a da pozolana com a vantagem


de conferir maior resistência mecânica e principalmente maior
durabilidade ao concreto. Isso é facilmente compreensível, pois a
pozolana é um produto de origem orgânica.
Benefícios da Escória

 Aceleram a pega;
 Aumento da resistência mecânica;
 Resistência a sulfatos e outros agentes
agressivos com aumento da durabilidade.
Adições do cimento Portland
FILER CALCÁRIO – material carbonático, produzido pela pulverização
da pedra calcária, com finura superior ao cimento, que reage com a cal
do cimento, provocando:
- Aumento da resistência mecânica.
- Aumenta a resistência a agentes agressivos, produzindo um aumento
da durabilidade.

Teores maiores que 10%, comprometem as propriedades


aglomerantes do cimento.
Tem a propriedade de aumentar o teor de hidratos e também aceleram
a pega. Como não alteram muito as propriedades do cimento e são
muito baratos, é utilizado em abundância para baratear o custo do
cimento.
Cimento Portland fabricado
no Brasil
Cimento Portland fabricado
no Brasil

 Os números 25, 32 e 40 são as resistências mínimas


que o cimento deve ter aos 28 dias. A unidade de
medida da resistência é o MPa (mega pascal) e é
indicada assim: 25 MPa e lê-se vinte e cinco mega
pascais, ou seja, 25 MPa = 250 kg/cm2.

 As siglas E, Z e F dizem respeito, respectivamente a:


Escória granulada de alto-forno, com adição de
Pozolana, com adição de Filer calcário
Os cimentos brasileiros
 CIMENTO PORTLAND COMUM:
CP I è Cimento Portland Comum
CP I.S è Cimento Portland Comum com Adição

 CIMENTO PORTLAND COMPOSTO:


CP II.E è Cimento Portland Composto com Escória
CP II.Z è Cimento Portland Composto com Pozolana
CP II.F è Cimento Portland Composto com Filer
Os cimentos brasileiros
 CIMENTO PORTLAND DE ALTO FORNO (CP III)

 CIMENTO PORTLAND POZOLÂNICO (CP IV)

 CIMENTO PORTLAND DE ALTA RESISTÊNCIA INICIAL (CP V-ARI)

 CIMENTO PORTLAND BRANCO

 CIMENTO PORTLAND RESISTENTE A SULFATOS (RS)


Aplicações dos tipos de
cimento

 Cimento Portland Comum CP I e CP I-S (NBR 5732)

adequados para o uso em construções de concreto em


geral quando não há exposição a sulfatos do solo ou de
águas subterrâneas
Aplicações dos tipos de
cimento
 . Cimento Portland CP II (NBR 11578)

Gera calor numa velocidade menor do que o gerado pelo


Cimento Portland Comum. Seu uso, portanto, é mais
indicado em lançamentos maciços de concreto, onde o
grande volume da concretagem e a superfície
relativamente pequena reduzem a capacidade de
resfriamento da massa. Este cimento também apresenta
melhor resistência ao ataque dos sulfatos contidos no
solo.
Aplicações dos tipos de
cimento

Cimento Portland CP II-Z (com adição de material


pozolânico)

Empregado em obras civis em geral, subterrâneas,


marítimas e industriais. E para produção de argamassas,
concreto simples, armado e protendido, elementos pré-
moldados e artefatos de cimento. O concreto feito com este
produto é mais impermeável e por isso mais durável.
Aplicações dos tipos de
cimento

Cimento Portland Composto CP II-E (composto com


escória granulada de alto-forno)

Este cimento combina com bons resultados o baixo calor


de hidratação com o aumento de resistência do Cimento
Portland Comum. Recomendado para estruturas que
exijam um desprendimento de calor moderadamente lento
ou que possam ser atacadas por sulfatos
Aplicações dos tipos de
cimento

Cimento Portland Composto CP II-F (com adição de


material carbonático - fíler)

Para aplicações gerais. Pode ser usado no preparo de


argamassas de assentamento, revestimento, argamassa
armada, concreto simples, armado, protendido, projetado,
rolado, magro, concreto-massa, elementos pré-moldados e
artefatos de concreto, pisos e pavimentos de concreto,
solo-cimento, dentre outros.
CIMENTO PORTLAND SEGUNDO
A EXIGÊNCIA DA NORMA

CIMENTO PORTLAND POZOLÂNICO – Aglomerante


hidráulico obtido pela mistura homogênea do Clinquer
Portland, e materiais pozolânicos, moídos em conjunto ou
em separado. Durante a moagem é permitido adicionar
uma ou mais formas de sulfato de cálcio e materiais
carbonáticos nos teores especificados na NBR-5736.
CIMENTO PORTLAND SEGUNDO
A EXIGÊNCIA DA NORMA

CIMENTO PORTLAND COMPOSTO COM FILLER –


Aglomerante hidráulico obtido pela moagem do Clinquer
Portland ao qual se adiciona, durante a operação a
quantidade necessária de uma ou mais formas de
sulfato de cálcio. Durante a moagem é permitida a
adição de material carbonático nos teores especificados
na NBR-11578
CIMENTO PORTLAND SEGUNDO
A EXIGÊNCIA DA NORMA

CIMENTO PORTLAND COMPOSTO COM POZOLANAS


– Aglomerante hidráulico obtido pela moagem do Clinquer
Portland ao qual se adiciona durante a operação a
quantidade necessária de uma ou mais formas de sulfato
de cálcio. Durante a moagem é permitido a adição de
materiais pozolânicos e carbonáticos nos teores
apresentados na NBR-11578.
CIMENTO PORTLAND SEGUNDO A
EXIGÊNCIA DA NORMA

.
CIMENTO PORTLAND RESISTENTE A SULFATOS -
Aglomerante hidráulico que atenda a resistência dos
sulfatos, obtido pela moagem do clinquer portland ao qual
se adiciona, durante a operação, a quantidade necessária
de uma ou mais formas de sulfatos de cálcio. Durante a
moagem são permitidas adições de escórias granuladas
de alto-forno ou materiais pozolânicos ou carbonaticos.
São considerados resistentes
aos sulfatos
 Cimentos cujo teor de C3A do clinquer seja menor ou
igual a 8% e de adições carbonáticas seja menor ou
igual a 5%;
 Cimentos Portland de alto-forno (CP III) cujo teor de
escória granulada de alto-forno esteja entre 60% e 70%;
 Cimentos portland pozolânicos (CP IV) cujo teor de
material pozolânico esteja entre 25% a 40%;
 Cimentos que tenham antecedentes com base em
resultados de longa duração ou de referências de obras
que comprovadamente indiquem resistência a sulfatos.

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