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MÓDULO 3- CIMENTOS
2
FÁBRICA
DE
CIMENTO
OUTÃO
LIGANTES HIDRÁULICOS
3 Os ligantes hidráulicos são pós muito finos que amassados com água
formam uma pasta cujo endurecimento se dá apenas pela reacção
química entre o pó e a água.
A designação de ligantes deve-se à propriedade que têm de poder
aglomerar uma proporção elevada de materiais inertes, como areias,
godos, pedra britada, etc., conferindo ao conjunto grande coesão e
resistência, o que os torna aptos a serem utilizados na construção em
argamassas e betões.
Consideram-se hidráulicos porque , além de endurecerem ao ar, são
capazes de adquirir elevadas resistências debaixo de água, suportando
perfeitamente a sua acção, propriedade muito procurada e apreciada
pelos construtores de todas as épocas.
LIGANTES HIDRÁULICOS (2)
4
O ligante hidráulico mais importante é o
CIMENTO PORTLAND ARTIFICIAL.
CaO 60 a 68 %
SiO2 17 a 25 %
Al2O3 2a9%
Fe2O3 0,5 a 6 %
MgO 0a2%
K2O e Na2O 0,5 a 1,5 %
17 COMPOSIÇÃO DA MATÉRIA PRIMA (3)
Com o fim de obter produtos com a necessária regularidade de composição e portanto de
propriedades, é preciso que entre estes simples óxidos elementares existam certas relações
denominadas módulos.
Módulo hidráulico CaO/(SiO2+Al2O3+Fe2O3) 1,7 a 2,3
NOTA: Nestas fórmulas os símbolos químicos referem-se às percentagens dos óxidos na totalidade do cimento e
não aos seus pesos moleculares.
FABRICAÇÃO DO CIMENTO PORTLAND
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Situação da Fábrica
Normalmente a fábrica situa-se junto de uma formação
calcária, de preferência calcário margoso, porque cerca
de 70 a 80 % da matéria prima é calcário.
Deve situar-se também próximo dos centros
consumidores devido ao custo de transporte em camião,
em geral não convém exceder os 100 km de transporte
até ao destino final.
19
FABRICAÇÃO DO CIMENTO PORTLAND
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Descrição sumária da preparação do cru (1)
A pedreira é explorada e grandes massas: blocos com dimensão máxima
de 1,5 a 2,0 m são extraídos e transportados para um britador que os
reduz a pequenos blocos com alguns centímetros.
Este material é transportado para uma pilha de armazenamento ao
mesmo tempo que recebe a adição de argila.
Há dois processos de fabrico de cimento:
Via húmida: as matérias primas são moídas de homogeneizadas dentro de água.
Via seca: A moedura e homogeneização realizam-se a seco.
FABRICAÇÃO DO CIMENTO PORTLAND
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Descrição sumária da preparação do cru (2)
A via húmida é o processo mais antigo e o mais evidente para se
obter homogeneização de materiais sólidos.
Requer maior consumo de energia por ser necessário eliminar a
água do cru por aquecimento.
Com o início da crise energética em 1973 começou a ser
substituída pela via seca, o que se tornou possível graças á técnica
de fluidificação gasosa.
As reacções químicas promovidas pela acção da temperatura entre
os componentes da matéria prima são essencialmente reacções de
difusão no estado sólido.
FABRICAÇÃO DO CIMENTO PORTLAND
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Descrição sumária da preparação do cru (3)
Para activar as reacções entre as fases sólidas devido à lenta difusão
dos átomos e moléculas nos sólidos é necessário elevar a
temperatura e a área da superfície dos reagentes.
A velocidade de reacção entre as fases sólidas é portanto função do
grau de finura, da natureza química dos materiais e da duração do
aquecimento.
As reacções em fase líquida são muito mais rápidas e os produtos da
reacção só dependem da temperatura e da composição química das
fases líquidas.
FABRICAÇÃO DO CIMENTO PORTLAND
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Descrição sumária da preparação do cru (4)
Daqui resulta a importância da preparação das matérias primas para o
fabrico de cimento:
Finura da moagem
Homogeneidade
Proporção da fase líquida à temperatura de cozedura, cerca de 20%.
A matéria prima depois de moída é levada a silos (na via seca) ou tanques de
homogeneização (via húmida) onde é sujeita a análise química automática e
instantânea por meio de Raios X, ligados a um computador, que calcula as
correcções a fazer e comanda os silos de aditivos, correctores, em calcário,
sílica, ferro ou alumina.
Após o que entra para os silos alimentadores do forno.
24 FABRICAÇÃO DO CIMENTO PORTLAND
Cozedura em forno horizontal rotativo (1)
O forno rotativo é constituído por um cilindro de chapa de aço com diâmetro
que pode atingir 7,6 m e comprimento até 232 m, revestido inteiramente com
material refractário.
O cilindro assenta sobre roletes que o fazem girar e tem uma inclinação de 2 a
6%.
O movimento de rotação e a inclinação do forno provocam o avanço dos
materiais no interior do forno.
No extremo inferior do forno introduz-se o combustível e o respectivo ar
comburente, depois de ter sido aquecido no arrefecedor de clínquer.
FABRICAÇÃO DO CIMENTO PORTLAND
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Cozedura em forno rotativo (2)
Para obter a temperatura de clinquerização, temperatura de fusão de de
aluminatos e ferratos, é necessário recorrer à combustão de carvão ou fuel-oil ou
sistemas mistos de queima de carvão com fuel.
O carvão seco e reduzido a pó ou fuel-oil previamente aquecido a 80-120º C são
injectados na parte inferior do forno com uma parte de ar (ar primário); o
restante ar comburente (ar secundário) é introduzido no forno depois de ter sido
aquecido no arrefecedor de clínquer.
Quando se queima carvão há que ter em conta a composição química das cinzas
que vão modificar a do cru; a composição deste é portanto calculada para
receber a sílica, alumina, ferro e outros compostos, que as cinzas eventualmente
possuam.
O fuel-oil contem geralmente enxofre que vai introduzir sulfuretos e
principalmente sulfatos no cimento.
FABRICAÇÃO DO CIMENTO PORTLAND
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Cozedura em forno rotativo (3)
Para se alcançar a temperatura de clinquerização 1400ª 1450ºC é necessário obter uma
chama com temperatura da ordem de 1700ºC
A alimentação do forno pode ser realizada de 4 formas:
Via seca: entrada da farinha.
Via húmida: entrada da pasta em cru.
Via semi-seca: entrada da farinha humedecida em água até 13 %.
Via semi-húmida: entrada em pasta dissecada por meio de uma compressão e filtragem.
O forno rotativo é adaptado a estes estados da matéria prima e a sua construção visa
sempre o aproveitamento do calor transportado nos fumos provenientes da cozedura
ou clinquerização, para secar e aquecer a matéria prima a caminho da cozedura.
FABRICAÇÃO DO CIMENTO PORTLAND
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Cozedura em forno rotativo (4)
A clinquerização em via húmida emprega fornos rotativos longos, equipados
com grinaldas de cadeias internas, com barragens, com o fim de demorar o mais
possível a progressão da pasta, obrigando-a a secar.
A cozedura em via semi-húmida utiliza fornos mais curtos e precedidos de pré-
aquecedores verticais ou tambores rotativos, onde o teor de água da pasta desce
para 10 a 15 %.
Na via semi-seca empregam-se secadores de grelha móvel onde os grânulos de
cru aglomerados se depositam e recebem os gases de combustão.
Na via seca empregam-se pré-aquecedores de ciclones como o DOPOL, V.
Figura 2.2 pág. 136, do livro “Fabrico e Propriedades do Betão”, Sousa
Coutinho, Vol I.
28
DOPOL
Pré-aquecedor de
ciclones, na
homogenização do
cru, em via seca
FABRICAÇÃO DO CIMENTO PORTLAND
30
Moagem do clínquer
Após a saída do arrefecedor a cerca de 125-180ºC o clínquer é armazenado
terminando o seu arrefecimento e entrando depois nos moinhos de bolas onde
é moído juntamente com adjuvantes, para facilitar a moagem.
Os aditivos são o gesso para regularizar tempo de presa e outros para
modificar as propriedades como a pozolana e a escória de alto forno.
A moagem efectua-se em moinho de bolas idêntico ao da preparação do cru,
numa operação que consome cerca de 40 % da energia total do fabrico do
cimento.
A finura do clínquer é tão importante como a sua composição química.
Dos moinhos de bolas o cimento passa para grandes silos onde é
homogeneizado e daí distribuído a granel ou em sacos.
FABRICAÇÃO DO CIMENTO PORTLAND
31 Componentes principais
A acção da temperatura sobre os componentes da matéria prima promove
reacções químicas que levam à formação dos componentes principais do
cimento Portland:
Componente Composição química Percentagem
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Moagem do clínquer
Após a saída do arrefecedor a cerca de 125-180ºC o clínquer é armazenado
terminando o seu arrefecimento e entrando depois nos moinhos de bolas
onde é moído juntamente com adjuvantes, para facilitar a moagem.
Os aditivos são o gesso para regularizar tempo de presa e outros para
modificar as propriedades como a pozolana e a escória de alto forno.
A moagem efectua-se em moinho de bolas idêntico ao da preparação do cru,
numa operação que consome cerca de 40 % da energia total do fabrico do
cimento.
A finura do clínquer é tão importante como a sua composição química.
Dos moinhos de bolas o cimento passa para grandes silos onde é
homogeneizado e daí distribuído a granel ou em sacos.
FABRICAÇÃO DO CIMENTO PORTLAND
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Presa e endurecimento (2)
O tempo para o início da presa informa sobre o intervalo de
tempo disponível entre a adição da água e a colocação e
compactação do betão nos moldes, isto é, sobre o tempo durante
o qual a mistura permanece trabalhável.
O endurecimento: a pasta de cimento depois de se tornar rígida
vai endurecer cada vez mais ao longo do tempo.
O endurecimento refere-se ao desenvolvimento de todas as
características que são necessárias para que o material
desempenhe o seu papel na construção.
CIMENTO PORTLAND
37
Presa e endurecimento, segundo Le Chatelier (1887)
Quando se mistura cimento com água obtém-se uma pasta que passa
progressivamente ao estado sólido.
Nesta passagem é necessário distinguir três fases:
Fenómeno químico da hidratação
Fenómeno físico da cristalização
Fenómeno físico-químico da passagem ao estado sólido por meio
da criação de ligações entre os diferentes cristais que conferem
coesão ao sólido.
CIMENTO PORTLAND
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Presa e endurecimento, segundo Le Chatelier (1887)
Fenómeno químico da hidratação
Na periferia de cada partícula de cimento encontram-se sais anidros com grande
afinidade para a água, onde se dissolvem reagindo com ela e transformando-se em
componentes hidratados que cristalizam.
Fenómeno físico da cristalização.
A cristalização ocorre numa situação de sobressaturação que é criada por:
Lenta evaporação do dissolvente
Alteração de temperatura na direcção de uma solubilidade crescente
Introdução de qualquer substância que interfira com o dissolvente
A consequência é a cristalização.
A primeira cristalização espontânea dos componentes hidratados dissolvidos na água
constitui a presa.
CIMENTO PORTLAND
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Presa e endurecimento, segundo Le Chatelier (1887)
A precipitação dos produtos da reacção permite a dissolução de nova
quantidade de componentes anidros e assim sucessivamente continuando a
reacção até haver água suficiente para a transformação integral do sistema
anidro em sistema hidratado.
É esta transformação prolongada para lá da presa e cujo limite
provavelmente nunca será atingido, que se chama endurecimento.
A produção de soluções sobressaturadas além de permitir a cristalização tem
ainda outras consequências nos fenómenos de endurecimento, pois dá
origem a cristais de hábito acicular que não ficam isolados mas se agrupam
em torno do núcleo de cada partícula de cimento soldando-se pelas suas
extremidades e se emaranham uns nos outros de modo a formar uma massa
muito dura e resistente.
CIMENTO PORTLAND
40
Principais propriedades físicas e químicas
conferidas ao cimento Portland pelos seus
componentes (1)
Tensões de rotura.
Calores de hidratação
Resistência química
Importância do silicato tricálcico na resistência
química
CIMENTO PORTLAND
Silicato tricálcico 120 42,5 50,0 72,5 Pequena por necessitar do contacto com soluções
sobressaturadas de Ca(OH)2
Silicato bicálcico 62 2,0 6,7 70,0 Média por necessitar do contacto com soluções de
pH inferior a 12
Aluminato tricálcico 207 2,0 3,4 6,7 Fraca por dar origem à formação de
sulfoaluminato tricálcico
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Principais propriedades físicas e químicas conferidas ao cimento Portland pelos seus
componentes (12)
Importância do silicato tricálcico na resistência química (1)
O que distingue o cimento Portland de todos os outros ligantes hidráulicos que foram empregados
até à época em que foi inventado (Séc. XIX), é a presença do silicato tricálcico, obtido por cozedura
a temperaturas superiores a 1300ºC.
É da existência do silicato tricálcico que resultam as elevadas tensões de rotura que tornaram
possível o emprego do betão como o material de construção do Século XX.
É também devido ao silicato tricálcico que é possível o betão armado e o betão pré-esforçado , pois
como veremos no capítulo sobre a corrosão das armaduras , a elevada alcalinidade (pH=12), permite
a estabilidade do aço sem corrosão.
A hidratação do silicato tricálcico produz compostos que são estáveis em soluções
sobressaturadas de hidróxido de cálcio, meio em que o aço é imune à corrosão.
CIMENTO PORTLAND
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Principais propriedades físicas e químicas conferidas ao cimento Portland pelos seus
componentes (12)
Importância do silicato tricálcico na resistência química (2)
Mas a existência de soluções sobressaturadas de hidróxido de cálcio no interior do cimento
Portland hidratado pode ser a causa da sua destruição.
Porque é devido à presença d soluções sobressaturadas de hidróxido de cálcio que se forma o
sulfoaluminato de cálcio expansivo (tanto a partir da alumina do cimento como da alumina
reactiva do inerte) e os silicatos alcalinos expansivos a partir dos álcalis do cimento e da sílica
reactiva do inerte.
Conclui-se assim que o silicato tricálcico, causa da enorme aplicação do betão armado e pré-
esforçado, pode ser também a causa da sua deterioração.
Este defeito pode ser eficazmente corrigido pela utilização de pozolana e de escória granulada
de alto forno.
56 CIMENTO PORTLAND
Especificações do cimento Portland (1)
Para ser aplicado com segurança o cimento Portland tem de possuir
determinadas características de natureza física e de natureza química, impostas
por normas , que diferem nos detalhes de País para País.
Em Portugal até aos anos 70-80 tais características eram reguladas por um
“Caderno de Encargos para o fornecimento e recepção do cimento
Portland”.
Este Caderno de Encargos foi substituído por duas Normas Portuguesas NP 2064
e NP 2065.
CIMENTO PORTLAND
57
58
Especificações do cimento Portland (3)
Resíduo insolúvel (1)
Designa-se por resíduo insolúvel a parte do cimento que não é solúvel a quente
em determinadas condições no ácido clorídrico.
Este ensaio permite detectar o grau de combinação entre os diferentes
componentes das matérias primas (calcário e argila) que entram na fabricação
do cimento.
Como se sabe destes componentes apena o calcário é dissolvido pelo ácido
clorídrico, pois a sílica, a alumina e os óxidos de ferro da argila não são.
Porém depois de obtido o cimento , a sílica, a alumina e o óxido de ferro
combinados entre si e com o cálcio formam produtos compostos que são
solúveis no ácido clorídrico.
CIMENTO PORTLAND
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Especificações do cimento Portland (4)
Resíduo insolúvel (2)
Se a combinação fosse perfeita todo o cimento seria solúvel, mas há sempre uma certa parte das
matérias primas que tem dificuldade ou até impossibilidade de se combinar, fica sempre um
resíduo no estado livre, não combinado.
Por isso as Normas limitam o teor e resíduo insolúvel não só par garantir que a combinação terá
sido a melhor possível mas também para evitar fraudes como adições de substâncias inertes ao
cimento que de outro modo seria muito difícil de detectar.
Normalmente nos cimentos bem cozidos a percentagem de matéria insolúvel não excede 1%.
A Norma Portuguesa N P 2064 permite uma percentagem de matéria insolúvel no ácido clorídrico
até 3%.
CIMENTO PORTLAND
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Especificações do cimento Portland (5)
Perda ao rubro (1)
Uma caraterística do cimento é a perda de massa a 1.000º C, que se designa por
perda ao rubro.
Se bem que o clínquer do qual deriva o cimento tenha estado a uma temperatura
da ordem de 1.500º C, o cimento perde sempre um pouco da sua massa quando
sujeito a uma temperatura inferior de 1.000ºC.
Este facto é devido à circunstância dos componentes anidros serem altamente
instáveis em face da água.
O processo de arrefecimento do clínquer, a sua moedura, ensacagem e diferentes
manipulações que o cimento sofre até ser utilizado na betoneira, é realizado ao ar
livre, pelo que o vapor de água da atmosfera vai sendo fixado pelos componentes
do cimento, provocando reacções incipientes de hidratação nos componentes mais
vulneráveis.
CIMENTO PORTLAND
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Especificações do cimento Portland (5)
Perda ao rubro (2)
É o fenómeno de envelhecimento natural do cimento ao ar livre.
A hidratação ao ar livre reduz imenso a resistência final.
A razão deste facto reside na criação na superfície das partículas de
cimento de uma infinidade de centros de cristalização que se opõem
depois à conveniente sobressaturação da solução, impedindo o eficaz
crescimento cristalino.
No Quadro seguinte observa-se que com um aumento da perda ao
rubro de 5% se verificou uma queda de 90% nas tensões de rotura
nas idades mais jovens e de 50 % nas idades mais avançadas.
CIMENTO PORTLAND
Reservatório estanque 90 - 10 18 35 55 66
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Especificações do cimento Portland (6)
Óxido de magnésio (1)
A falta de estabilidade o cimento devido ao elevado teor de magnésia (óxido de
magnésio) foi determinada pela primeira vez em 1884 em França e na
Alemanha quando se verificou em obras de pontes, viadutos e edifícios que as
argamassas ao fim de 2 anos começaram a desagregar-se com enormes
expansões.
O cimento tinha sido obtido a partir de calcários dolomíticos com 16 a 30 %
de magnésia.
O óxido de magnésio está no estado livre e cristalizado (periclase), pelo que a
sua reacção com a água não é imediata. A água leva muito tempo a actuar
sobre o cristal , semanas, meses e mesmo anos e como o óxido está no estado
sólido dá-se a passagem a hidróxido sem dissolução prévia o que torna
expansiva a reacção, com consequente diminuição ou perda total da coesão do
betão ou argamassa.
CIMENTO PORTLAND
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Especificações do cimento Portland (6)
Óxido de magnésio (2)
A expansibilidade devida à hidratação da magnésia pode ser
impedida pela presença de pozolanas e de escória granulada.
A acção da pozolana consiste no bloqueamento da hidratação da
periclase devido à formação de tobermorites a partir da sílica da
pozolana; a tobermorite formada contem no seu interior os cristais
de periclase que assim ficam inibidos de reagir com a água.
De modo semelhante actuam as escórias formando novos
compostos hidratados que englobam a periclase inibindo a
hidratação do óxido de magnésio.
CIMENTO PORTLAND
65
Especificações do cimento Portland (7)
Trióxido de enxofre
Como vimos a reacção do aluminato tricálcico com a água
é instantânea e muito violenta, levando a pasta de cimento
a uma presa rápida, com resistência baixa.
A fim de regularizar o tempo de presa é preciso juntar
gesso natural, (sulfato de cálcio bihidratado, CaSO4.2H2O
), que dá origem ao sulfoaluminato de cálcio, protegendo
assim o aluminato de reagir com a água.
CIMENTO PORTLAND
66
Especificações do cimento Portland (7)
Trióxido de enxofre (2)
Quanto mais rico é o cimento em aluminato tricálcico tanto maior a
quantidade de gesso que tem que se juntar.
Por isso a cada cimento Portland corresponde uma quantidade
óptima de sulfato, que lhe proporciona o máximo tempo de presa e
portanto de resistência.
Não se pode aumentar muito o teor de gesso que se adiciona ao
clínquer pois pode dar origem ao sulfoaluminato de cálcio expansivo.
Por isso o teor máximo de sulfato expresso em trióxido de enxofre
SO3 é fixado em 3% na norma NP 2064.
CIMENTO PORTLAND
AGULHA DE
VICAT
Extremidade
inferior da agulha
para a
determinação do
fim de presa
CIMENTO PORTLAND
73
Especificações do cimento Portland (10)
Finura (1)
A operação final do fabrico do cimento consiste na redução do
clínquer a pó, por moagem do clínquer.
O objectivo da moagem é de aumentar a superfície exterior do
material cimento em partículas, em contacto com a água para
ocorrer o fenómeno da hidratação na maior escala possível.
Efectuando a análise granulométrica do cimento em pó, estudando
a composição química, as tensões de rotura e o calor de hidratação,
verifica-se que esses valores dependem da dimensão das partículas.
CIMENTO PORTLAND
Tensões de rotura
V. Fig. 2.17. – Tensões de rotura da argamassa normal em função das dimensões das partículas de cimento
que a compõem, pág. 198, Sousa Coutinho, “Fabrico e Propriedades do Betão”, Vol I, LNEC.
Calor de
hidratação em
função da
dimensão das
partículas de
cimento
CIMENTO PORTLAND
81
Especificações do cimento Portland (13)
Tensões de rotura (1)
A Norma Portuguesa NP 2064 preconiza a existência de duas classes de cimento,
uma com resistência normal, com o mínimo de 30 MPa de resistência à compressão
aos 28 dias, Classe 30, e outra de elevada resistência, com 40 MPa de resistência
mínima, também aos 28 dias, Classe 40.
Especificam-se ensaios de flexão e compressão, aos 3 dias, 7 dias e 28 dias, cujos
valores mínimos estão mencionados no Quadro 2.9.
Em Moçambique, 2018, na Fábrica da INTERCIMENT na Matola, são fabricados
cimentos das Classes 32,5 e 42,5.
O cimento CM 4 é da Classe 32,5, mas com aditivos que melhoram a sua resistência
ao cloreto de sódio, (sal marinho).
Os ensaios de flexão são realizados numa máquina de Michaëlis, com um vão de 10
cm e uma carga concentrada a meio (Fig. 2.30),e os de compressão são feitos sobre
cada uma das partes rompidas por flexão, (Fig. 2.31).
82
(Fig. 2.30),
, (Fig. 2.31).
CENTRAL DE
FABRICO DE
BETÃO
CIMENTOS EXPANSIVOS
86
O principal defeito dos ligantes hidráulicos é a sua contracção devido à perda
de água livre, especialmente por secagem.
Da contracção resulta grande parte das fendas nas construções, as quais, além
de poderem comprometer a estabilidade da estrutura, permitem a entrada dos
agentes agressivos para o betão e especialmente para as armaduras.
A contração provoca também tensões internas que alteram a tensão de rotura
das peças.
Os materiais que se podem adicionar ao cimento para provocar a expansão
são:
Cal
Magnésia
Sulfoaluminato de cálcio
Silicatos alcalinos.
CIMENTOS EXPANSIVOS
87
De todos os produtos acima referidos apenas o sulfoaluminato de cálcio tem
sido utilizado em Portugal.
A formação do Sulfoaluminato de cálcio pode ser obtido por 3 processos:
A)Fabrica-se um clíquer sulfoaluminoso a elevadas temperaturas de misturas
de gesso (50%), bauxite (25 %) e carbonato de cálcio (25 %).
Mistura-se com clínquer de cimento Portland para se obter resistência e com
escória granulada, elemento estabilizador da reacção expansiva, na
proporção:
20 % de clínquer sulfoaluminoso
5 % de escória granulada
75 % de clínquer de cimento Portland.
CIMENTOS EXPANSIVOS
88
B) Reacção da alumina do inerte com os sulfatos em meio
saturado de hidróxido de cálcio.
Proporção:
5ª 9 % de caulino
5 a 9 % de gesso
12 a 24 % de pozolana
78 a 58 % de cimento Portland.
A vantagem deste método é a de que não há necessidade de
fabricar um clínquer especial.
Os matérias componentes, muito fáceis de obter no mercado,
podem ser misturados na betoneira na ocasião do seu emprego.
CIMENTOS EXPANSIVOS
89
C) Mistura de 70 a 74 % de clínquer de cimento Portland com 12 a
15 % de cimento aluminoso e 10 a 14 % de gesso.
Logo após a amassadura a mistura é sujeita a tratamento pelo
vapor durante 6 horas a 80º, o que produz uma tensão de rotura
elevada, cerca de70 a 80 Mpa.
Em seguida conserva-se ao ar húmido à temperatura ordinária e
é então que se produz a expansão susceptível de pôr em tensão as
armaduras.
A expansão resulta da transformação do monosufoaluninato
produzido a 80º C em trisulfoaluminato (sal de Candlot), à
temperatura ordinária.
CIMENTOS EXPANSIVOS
90
A reacção expansiva dá-se nas primeiras semanas, em meio
húmido.
O papel da escória ou da pozolana consiste em parar a reacção
expansiva ao fim dum intervalo de tempo conveniente.
Logo que cessa a acção do meio húmido, começando a secagem, o
betão contrai-se.
A sua composição é estudada de modo a que a deformação por
contracção seja inferior à deformação por expansão.
CAIS AÉREAS, CAIS HIDRÁULICAS
E CIMENTOS NATURAIS
91
Antes da descoberta dos ligantes hidráulicos e da invenção do cimento
Portland no Séc. XIX o material ligante utilizado normalmente era o que
resultava da cozedura dos calcários, uma das rochas mais abundantes da
natureza.
Associada ao calcário existe sempre a argila, em maior ou menos
quantidade, porque a precipitação do carbonato de cálcio em águas de
grande tranquilidade arrasta consigo a argila que porventura esteja em
suspensão.
Obtém-se então o calcário margoso.
Quando a argila é em quantidade superior ao carbonato forma-se uma
marga calcária.
Assim os calcários podem ser muito puros ou conterem quantidades
variáveis de argila.
CAIS AÉREAS, CAIS HIDRÁULICAS
E CIMENTOS NATURAIS
92
95
Quando a extinção se faz por imersão obtém-se uma pasta que se pode conservar por muito
tempo antes que se dê a carbonatação, o que permite o seu emprego em argamassas.
Depois da aplicação a cal carbonata-se combinando-se com o CO2 da atmosfera, formando
o carbonato de cálcio CaCO3.
Ca(OH)2+CO2=CaCO3+H2O+42,5 calorias
Durante a secagem da pasta pura observa-se uma contração com fissuração, pelo que é
necessário usar areia nas argamassas material que diminui a contracção do produto e o
divide numa enorme quantidade de pequenas fracções localizadas que arejam a argamassa,
permitindo a sua carbonatação ao mesmo tempo que se dá a secagem.
A areia utilizada deve ser siliciosa ou calcária , bem limpa, isenta de matérias húmicas e de
argila.
Antigamente todas as construções eram feitas de cal.
Hoje embora tenha caído em desuso, é ainda empregada misturada com o gesso no fabrico
de estuques.
CAIS HIDRÁULICAS
96
110