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ARARUNA, PB
MÉTODO DE DOSAGEM DE CONCRETOS INT/LOBO CARNEIRO
Histórico do método
No início de sua carreira, o engenheiro Fernando Lobo Carneiro trabalhou no
Instituto de Pesquisas Tecnológicas de São Paulo, junto ao engenheiro Ary
Torres, dedicando-se ao estudo das questões relativas à dosagem de
concretos. Ary Torres, por sua vez, confirmando os modelos propostos por R.
Ferét e D.Abrams e enfatizando a importância do Módulo de finura do
agregado total, destacado por Abrams, publicou, em 1927, no primeiro Boletim
do IPT, um trabalho intitulado “Dosagem de Concretos” que esclarecia a
correlação entre a resistência à compressão do concreto endurecido e sua
compacidade no estado fresco.
De volta ao Rio de Janeiro, Lobo Carneiro passa a integrar a equipe técnica
inicial do Instituto Nacional de Tecnologia -INT- criado em 1933, e tenta aplicar
o método de dosagem do IPT desenvolvido pelo eng. Ary Torres. Na sua
tentativa, depara-se com algumas dificuldades devidas às diferenças
encontradas com os agregados graúdos britados e aos menores Módulos de
finura das areias disponíveis no Rio com respeito aos pedregulhos e areias
mais grossas usados em São Paulo. O método do Módulo de finura, proposto
na época pelo IPT, não indicava como corrigir os problemas decorrentes da
granulometria da areia. Enfrentando os problemas anteriormente citados, Lobo
Carneiro começou o desenvolvimento de um método de dosagem de concretos
plásticos utilizando as ideias das curvas granulométricas propostas por Otto
Graf e Bolomey. Considerado como um grande avanço para a época, por fazer
do estudo de dosagem de concretos um procedimento mais fácil de entender, o
método desenvolvido levou à obtenção de curvas granulométricas
adimensionais para diferentes tamanhos de agregado. Sua primeira
publicação, em 1937, com o título “Dosagem de Concretos Plásticos” (LOBO
CARNEIRO, 1937), permitiu a Lobo Carneiro divulgar um método de grandes
possibilidades práticas e que serviu de base para a execução de trabalhos
experimentais e para o levantamento de informações de campo que levaram à
publicação, em 1943, de um trabalho mais extenso intitulado “Dosagem dos
Concretos” (LOBO CARNEIRO, 1943). Esta última versão, que abordava
também o problema da dosagem de concretos de consistência seca, era
apresentada de forma mais didática, tendo a preocupação de realizar um
tratamento teórico da dosagem, complementado-o com orientações práticas
que tornaram o método um valioso instrumento para o proporcionamento dos
concretos. Embora Lobo Carneiro adotasse para o desenvolvimento de seu
método a idéia das curvas dos pesquisadores europeus citados, ele alertava,
no seu trabalho de 1943, que essas curvas eram experimentais e nada tinham
de absoluto e elas “não são baseadas em considerações teóricas nem resultam
de alguma difícil aplicação do cálculo das variações”. Lobo Carneiro enfatizava
que “se encontrar o engenheiro algum tipo de agregado inteiramente diferente
dos usuais, e, ao executar um concreto graduado segundo essas curvas,
verificar que este tem mau aspecto, deverá ele ter sempre presente que, neste
caso, as curvas é que estarão erradas, e não o mau aspecto do concreto”
(LOBO CARNEIRO, 1943).
Descrição do método
As atividades, variáveis e informações de entrada do método estão
apresentadas no fluxograma simplificado representado na figura 1.
Figura 1: Fluxograma simplificado do método de dosagem INT, desenvolvido pelo prof F.L.
Lobo Carneiro.
Figura 2: Curva de Abrams para as idades de 7 e 28 dias para cimento Portland comum.
Figura 3:Curvas de Abrams para 3, 7 e 28 dias. Cimento Aratu
Figura 4: volume total de água em relação ao total de materiais secos para concretos
com mesma consistência e com diferentes relações agregado/cimento (m)
(areia fina quartzosa e brita de gnaisse), e que podem ser utilizados, com
algumas correções, para materiais de outras regiões do país.
Tabela 5: Valores iniciais das porcentagens de cada tamanho de agregado, para misturas
com uma dada Dimensão máxima característica (Dmc )
MISTURAS BETUMINOSAS
O que é Concreto Betuminoso Usinado a Quente – CBUQ?
O Concreto Betuminoso Usinado a Quente (CBUQ), também conhecido como
Concreto Asfáltico, é um tipo de concreto utilizado para pavimentação de
estradas com a função de impermeabilizar e conferir um acabamento nivelado
e resistente ao elemento.
No Brasil possuímos basicamente dois tipos de revestimentos para estradas,
de concreto e concreto asfáltico, sendo cerca de 95% das estradas
pavimentadas com concreto asfáltico.
De acordo com o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transporte –
DNIT o CBUQ é uma mistura executada, aplicada e compactada a quente,
produzida em usina apropriada devido ao controle tecnológico necessário. É
composta por agregado graduado e cimento asfáltico, podendo conter material
de enchimento se necessário.
Composição do CBUQ
Cimento Asfáltico
O cimento asfáltico é um material obtido por meio da destilação do petróleo e
tem como principal função a ligação entre os materiais da mistura, semelhante
aos cimentos de concretos convencionais utilizados em estruturas.
É classificado de acordo com sua resistência à penetração e viscosidade,
analisados por meio de ensaios em laboratório específicos.
Agregado Graúdo
O agregado graúdo pode ser pedra britada, seixo rolado, preferencialmente
britado, escória ou algum outro material.
Algumas universidades brasileiras chegaram a desenvolver o asfalto borracha,
reutilizando pneus processados como agregado graúdo, também conhecido
como Asfalto Modificado por Borracha (AMB), com registros no Brasil desde
1900.
Agregado Miúdo
O agregado miúdo pode ser areia, pó-de-pedra, a mistura de ambos ou outro
material indicado em especificações complementares.
Material de Enchimento (filler)
A aplicação do material segue a norma DNER-EM 367, onde os materiais
(cimento Portland, cal extinta, pós calcários, cinza volante, etc.) são finamente
divididos e limpos, eliminando-se torrões de argila e impurezas, essa mistura
deve estar seca.
Como é aplicado o CBUQ?
Saindo da usina ainda quente e atendendo as especificações técnicas do
projeto, o concreto asfáltico é transportado por caminhões basculantes para o
local de aplicação. Chegando lá é transferido para máquinas com a função de
espalhar a mistura de maneira adequada, às vibroacabadoras.
Essas máquinas permitem espalhar de maneira bem uniforme a mistura no
pavimento, nivelando e pré-compactando o asfalto; as vibrações ajudam ainda
a reduzir a quantidade de espaços vazios na massa.
Após aplicação o pavimento é novamente compactado por rolos
compactadores, rolos pneumáticos ou metálicos, que conferem maior
estabilidade ao pavimento, deixa a superfície suave, faz com que a distribuição
de carga no pavimento seja mais eficiente, reduz os vazios, aumenta a vida útil
e permite um pavimento desempenado.
Essas etapas de lançamento, espalhamento e compactação são feitas ainda
com a mistura quente e é de extrema importância que esteja na temperatura
ideal de aplicação, nem mais quente ou mais frio, para não comprometer o
resultado final do pavimento, apresentando patologias construtivas como
rachaduras ou craqueamento.
Vantagens do CBUQ
Sua capacidade de transmitir a carga às camadas inferiores, resistir ao atrito e
fricção do tráfego (temos caminhões que circulam hoje com mais de 60
toneladas), impermeabilizar o pavimento, ter boa durabilidade e um custo de
aplicação moderado dependendo da distância de usinas asfálticas.
Podemos compreender então o motivo pelo qual quase todas as estradas
brasileiras são pavimentadas com concreto asfáltico. Sua durabilidade,
plasticidade e possibilidade de mudança em sua composição para aplicação
em condições extremas o tornam um material muito chamativo para a
construção de estradas.
Em Santa Catarina existe a Rodovia SC 390, passando pela Serra do Rio do
Rastro, situada a 1,4 mil metros acima do nível do mar, um exemplo de
grandes obras de engenharia com o concreto betuminoso usinado a quente.
Principais vantagens
As principais vantagens da utilização desta mistura, prendem-se com a sua boa
estabilidade a elevadas e baixas temperaturas, ajudada pelo esqueleto mineral
formado com agregados de elevada qualidade que aumenta o atrito interno e
devido ao mastique rico em ligante resultando numa elevada resistência ao
desgaste, a mistura SMA, pelo fato de ter um baixo índice de vazios torna-a
impermeável e apresenta uma boa resistência ao envelhecimento, baixa
sensibilidade à humidade e alta durabilidade. Como pavimento, comparando
com os pavimentos tradicionais, tem vantagem na redução do borrifo de água,
devido à textura da mistura, ou seja, há diminuição do “spray” de água em dias
chuvosos e da mesma forma existe também uma diminuição no reflexo
ofuscante noturno na superfície de rolamento, melhorando a visibilidade das
sinalizações horizontais do pavimento. Verifica-se também uma redução do
nível de ruído pois a granulometria descontínua da mistura SMA reduz
consideravelmente a sua emissão, sendo o ruído do tráfego absorvido pela sua
macro textura.
Principais desvantagens
As principais desvantagens da utilização desta mistura, verificam se sobretudo
pela sua trabalhabilidade muito difícil, pois os betumes modificados tornam a
mistura bastante mais viscosa que os betumes tradicionais. O Preço elevado
devido à elevada percentagem de betume e necessidade de empregar fibras
tornam o seu custo, comparando com os betumes tradicionais cerca de 50%
maior. Outro fator importante é a sua alta taxa de arrefecimento, devido às
altas temperaturas (acima de 160 °C) que a mistura betuminosa é executada,
sendo que quando entra em contacto com a temperatura ambiente existe um
decréscimo muito acentuado da temperatura. Também é exigida uma escolha
criteriosa dos agregados, devido á descontinuidade da mistura terá de haver
um maior controlo na seleção dos agregados pois, em regra geral, o seu fuso
granulométrico é bastante exigente, sendo que por vezes um agregado terá de
ser fracionado em várias partes para se conseguir encaixar no fuso
granulométrico, portanto haverá à partida um maior custo na aquisição dos
agregados.
Aplicações práticas
Uma camada de desgaste executada com SMA, com o projeto e produção de
mistura em central corretas, bem como pavimentação adequada, tem
excelentes características mecânicas devido ao elevado conteúdo de
agregados grossos e a elevada percentagem de betume.
O SMA pode ser usado como camada de desgaste ou camada de
regularização para estradas e outras superfícies de tráfego. Trata-se de um
método de construção adotado recentemente em Portugal nas autoestradas,
sendo até à data aplicada como medida apenas corretiva, como exemplo
temos a VCI no Porto.
Um SMA também pode ser aplicado em vias com menor movimento. Para
estes casos, os tipos SMA 0/5 e 0/8 são especialmente adequados
(Blazejowski,2016 (5)).
Em Portugal, a adopção desta solução tem vindo a ser cada vez mais forte. A
necessidade de manter o desempenho da rede viária desenvolvida nos últimos
anos veio a obrigar a adotar soluções que passassem pela minoração dos
custos de manutenção e manutenção da fiabilidade da solução construtiva.
Ao mesmo tempo a adopção da solução tem um impacto econômico superior
ao normal devido à percentagem superior de betume, do tipo de betume e,
devido à seleção criteriosa dos agregados a empregar. Portanto, deve ser bem
avaliada a necessidade da opção por este método.
Areia-asfalto usinado a quente AAUQ
A composição de Areia e Asfalto Usinado a Quente (AAUQ) é a mistura
executada em usina apropriada, com características específicas, composta de
areia (agregado miúdo), material de enchimento (filer), se necessário, e
cimento asfáltico espalhado e compactado a quente.
A mistura mais empregada no Brasil é o concreto asfáltico (CA) que também é
denominado de concreto betuminoso usinado a quente (CBUQ). Consiste da
mistura de agregados de vários tamanhos e cimento asfáltico, aquecidos em
temperaturas previamente escolhidas, em função da característica viscosidade
temperatura do ligante.
A areia asfáltica usinada a quente (AAUQ) está dentro do grupo das misturas a
quente e têm sido utilizadas na prática as argamassas asfálticas. Para regiões
em que não existem agregados pétreos graúdos, utiliza-se como revestimento
uma argamassa de agregado miúdo, em geral areia, ligante (CAP), e fíler se
necessário.
Pode-se também utilizar asfalto modificado por polímero nas AAUQs, segundo
o DNIT, através da especificação DNER-ES 387/99.
Os problemas mais evidenciados dessas misturas estão relacionados à menor
resistência às deformações permanentes.
Mistura PMF
Em pavimentos flexíveis, pode ser utilizado misturas a quente ou misturas a
frio. Entre as misturas a quente, a mais utilizada é o CBUQ (Concreto
Betuminoso Usinado a Quente) e, entre as misturas a frio, o PMF (Pré-
Misturado a Frio) é a mais conhecida.
Em ambas as misturas asfálticas a composição é formada por agregados
minerais (britas, pó-de-pedra, filler) e um ligante asfáltico que os unem. A
classificação mais comum é dividir em quente ou frio, no entanto a principal
diferença é o ligante asfáltico. Este influencia os demais parâmetros da mistura.
No CBUQ, o ligante CAP (cimento asfáltico de petróleo) é um produto semi-
sólido em temperatura ambiente que necessita deste aquecimento para
possibilitar a sua mistura com os agregados. Já para o PMF é necessário
emulsionar o ligante asfáltico em água, obtendo uma emulsão asfáltica
catiônica, com propriedades que permitem melhor adesividade com os
agregados.
O PMF é produzido em temperatura ambiente em uma Usina de Pré-Misturado
a Frio, conhecido também como Usina de Solos, que é muito mais simples.
Dotada apenas de silos de recebimento de agregados, correias dosadoras e
misturador, a Usina de Solos não necessita de todo o sistema de secagem,
mistura, filtragem e automação de uma Usina de Asfalto a Quente
convencional.
No PMF, o ligante que une os agregados graúdos e miúdos é a emulsão
asfáltica, uma dispersão do CAP em fase aquosa estabilizada com tensoativos.
Pode ser utilizada na mistura com agregados úmidos, ao contrário do CAP em
uma mistura a quente onde há necessidade de secagem dos materiais pétreos
para que haja a aderência do ligante com os agregados. Dependendo da
origem mineral do agregado é necessário adicionar cal para que haja
adesividade com o CAP.
Referências bibliográficas
[1] MENEGHEL, Ricardo. Concreto Betuminoso Usinado a Quente – CBUQ: O que é Concreto
Betuminoso Usinado a Quente – CBUQ?. In: MENEGHEL, Ricardo. Concreto Betuminoso
Usinado a Quente – CBUQ: O que é Concreto Betuminoso Usinado a Quente – CBUQ?. 1. 1.
ed. Carluc: Ricardo meneghel, 8 maio 2020. 1. Disponível em:
https://carluc.com.br/materiais/concreto-betuminoso-usinado-a-quente-cbuq/. Acesso em: 28
mar. 2022.
[2] CONHEÇA a Camada Porosa de Atrito (CPA) – O pavimento asfáltico poroso!: CPA. In:
CAVA, Felipe. Conheça a Camada Porosa de Atrito (CPA) – O pavimento asfáltico
poroso!: CPA. 1. 1. ed. Além da inércia: Felipe cava, 6 nov. 2017. 1. Disponível em:
https://alemdainercia.com/2017/11/06/conheca-a-camada-porosa-de-atrito-cpa-o-pavimento-
asfaltico-poroso/. Acesso em: 28 mar. 2022.