Você está na página 1de 7

AULA 2

Determinação do Empacotamento
Granular
RESUMO DA AULA 2:
Determinação do Empacotamento Granular

A segunda aula da imersão em dosagem de concretos


convencionais aborda dois pontos super importantes do estudo de dosagem: o
ajuste da distribuição granulométrica a partir das duas areias disponíveis e o
acerto do teor de argamassa.

Na primeira aula falamos sobre a importância de um bom esqueleto granular


para obtermos as propriedades finais que desejamos para o nosso concreto,
tanto no estado fresco quando no estado endurecido. Para o estudo de dosagem
da nossa imersão temos duas areias distintas disponíveis, sendo uma delas uma
areia regular, com módulo de finura de 2,73, e a outra uma areia fina, com
módulo de finura igual a 0,77. Não é obrigatório trabalhar com mais de um tipo
de areia, entretanto, a vantagem em se fazer isso é ter um melhor
empacotamento granular, que maximiza a resistência mecânica e a durabilidade
do concreto, ao passo que minimizamos a porosidade e a permeabilidade do
mesmo. É claro que, por outro lado, trabalhar com mais de um agregado miúdo
aumenta a complexidade da dosagem e do meu local de trabalho, pois é
necessário mais espaço disponível para armazenamento dos materiais, entre
outros fatores.

Durante a aula 2 eu apresento como encontrar a melhor proporção entre as


areias disponíveis, através de uma planilha que eu utilizo em meu dia a dia e
que eu disponibilizo para meus alunos do curso de tecnologia do concreto.
O primeiro passo, claro, para proceder com esse ajuste é executar a análise
granulométrica (ensaio de granulometria), conforme a ABNT NBR NR 248:2003.

Conforme demonstro ao longo da aula, para que tenhamos uma distribuição


granulométrica utilizada temos que ajustar a proporção de cada areia de modo
que nossa curva granulométrica fique dentro dos limites superior e inferior, da
zona considerada utilizável, e se possível, dentro da zona ótima, ou seja, dentro
dos limites ótimos inferior e superior, que é o cenário ideal. Lembrando que
estamos falando de concretos convencionais (plásticos). Para outros tipos de
concreto eu posso precisar de distribuições granulométricas um pouco distintas.

Com auxílio da minha planilha, verificamos que a melhor proporção entre as


areias disponíveis foi de 80% da areia regular e 20% da areia fina, sendo que o
2
RESUMO DA AULA 2:
Determinação do Empacotamento Granular

módulo de finura da nossa mescla de areias foi igual a 2,20.


Depois de ajustar a proporção ideal, é chegada a hora de acertar o teor de
argamassa. Nesse momento da aula você pôde exercitar seus conhecimentos e
optar entre utilizar a mescla de areias ou utilizar apenas areia regular! E aí, o que
achou? Compartilhe comigo nos comentários da aula!

Voltando à execução do estudo de dosagem, precisamos ajustar o teor de


argamassa. O acerto do teor de argamassa seca nada mais é do que a
substituição gradativa de agregado graúdo pelo agregado miúdo, sem interferir
no consumo de cimento.

Essa parte experimental do método é extremamente importante, pois ao


fixarmos o mesmo abatimento para diferentes proporções de teor de argamassa
seca, podemos descobrir a mínima quantidade de água para obter a
trabalhabilidade especificada. Esse procedimento confere uma vantagem em
relação à outros métodos que apenas otimizam, separadamente, por um lado a
mistura de agregado miúdo / agregado graúdo com base em curvas
granulométricas ideais, e por outro lado a pasta de cimento, aditivos e adições,
esperando que essa otimização independente resulte em um concreto
igualmente otimizado ao juntar os materiais na betoneira.

Se tivermos um teor de argamassa elevado, aumentamos o custo do concreto


por m³ e também elevamos a possibilidade de ocorrência de algumas
manifestações patológicas, como a fissuração por dessecação superficial e/ou
por elevado calor de hidratação do cimento. Por outro lado, se houver quantidade
de argamassa insuficiente, a trabalhabilidade do concreto será prejudicada,
afetando o acabamento final e provocando porosidade e falhas de concretagem.
Por tanto, deve-se sempre buscar o teor de argamassa ideal, para que não
ocorram problemas em nenhuma parte.

Na aula, eu e o professor Roberto Christ verificamos na betoneira o aspecto do


concreto com diferentes teores de argamassa (48%, 52%, 56% e 58%), para as
duas situações (utilizando apenas areia regular e a mescla entre areia regular e
areia fina). O procedimento na betoneira consiste nos seguintes passos:

3
RESUMO DA AULA 2:
Determinação do Empacotamento Granular

• Recomenda-se imprimar o misturador com concreto 1:2:3,


com relação a/c igual a 0,65, com massa correspondente de 6 kg. O
objetivo desse procedimento é “sujar” a betoneira para que a argamassa
do concreto misturado não fique em parte “presa” ou aderida às paredes
da betoneira, o que iria mascarar o resultado;

Figura 1 - Material utilizado para imprimação do misturador (betoneira)

Fonte: (HELENE; TERZIAN, 1992)

• Colocar os materiais sendo água (80%), brita, areia, cimento e o restante


da água;
• Realizar cada mistura por ao menos 5 minutos, aumentando
gradativamente o teor de argamassa até encontrar o ideal, através de
testes práticos;

Os testes práticos utilizados para avaliar se o teor de argamassa é adequado,


podem ser:

• Retiramos uma porção do concreto misturado na betoneira e, com auxílio


da colher de pedreiro, alisamos essa porção de concreto para verificar se

4
RESUMO DA AULA 2:
Determinação do Empacotamento Granular

conseguimos obter um acabamento que não apresente vazios


na superfície do concreto. Caso o acabamento apresenta vazios não
preenchidos na superfície do concreto, considera-se que o teor de
argamassa é baixo, insuficiente;

Figura 2 - Teste prático de verificação do acabamento superficial do concreto

Fonte: (HELENE; TERZIAN, 1992)

• Também com auxílio da colher de pedreiro, montamos um “castelinho” ou


uma pequena “parede” no interior da porção de concreto e verificamos se
face exposta de concreto apresenta ou não vazios. Se ficarem vazios
aparentes, entende-se que o teor de argamassa é insuficiente;

5
RESUMO DA AULA 2:
Determinação do Empacotamento Granular

Figura 3 - Teste prático da "parede" ou “castelinho”

• Ainda com auxílio da colher de pedreiro, podemos pegar uma porção de


concreto e lançar sobre o concreto que está no carrinho, procurando
escutar se há barulho de som “metálico”, ou, em outras palavras, de “brita
batendo em brita”. Caso seja possível identificar esse som, também se
considera que o teor de argamassa está baixo.

6
RESUMO DA AULA 2:
Determinação do Empacotamento Granular

Figura 4 – Teste prático do lançamento do concreto

Após o acerto do teor adequado, é recomendado corrigir o teor final em


função de perdas decorrentes do processo de manuseio do concreto até o
local de aplicação. Esse teor pode ser de +/- 4%, ou variar de acordo com as
condições de transporte do material.

Você também pode gostar