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As fissuras são um tipo comum de patologia nas edificações e podem interferir na estética, na
durabilidade e nas características estruturais da obra. Tanto em alvenarias quanto nas estruturas de
concreto, a fissura é originada por conta da atuação de tensões nos materiais. Quando a solicitação é
maior do que a capacidade de resistência do material, a fissura tem a tendência de aliviar suas tensões.
Quanto maior for a restrição imposta ao movimento dos materiais, e quanto mais frágil ele for, maiores
serão a magnitude e a intensidade da fissuração. A formação das fissuras está ligada a situações
externas ou internas. Entre as ações externas aos componentes, estão as fissuras causadas por
movimentações térmicas, higroscópicas, sobrecargas, deformações de elementos de concreto armado
e recalques diferenciais. Entre as ações internas, as causas das fissuras estão ligadas à retração dos
produtos à base de cimento e às alterações químicas dos materiais de construção.
A fissura pode ter origem em fases diferentes da edificação. Em uma visão geral, as origens
das fissuras de uma edificação podem surgir na fase de projetos - arquitetônico, estrutural, de
fundação, de instalações -, de execução da alvenaria, dos vários sistemas de acabamento e, inclusive,
na fase de utilização, por mau uso da unidade.
Algumas normas e alguns peritos podem classificar as fissuras com diferentes nomes,
conforme a sua espessura. Segundo a norma de impermeabilização (NBR 9575:2003), as microfissuras
têm abertura inferior a 0,05 mm. As aberturas com até 0,5 mm são chamadas de fissuras e, por fim, as
maiores de 0,5 mm e menores de 1,0 mm são chamadas de trincas.
Essa nomenclatura pode ser aplicada às trincas passivas, que não variam ao longo do tempo,
em função da variação da temperatura tópica. Já para as trincas ativas, que variam conforme a
respectiva variação higrotérmica, essa nomenclatura é inaplicável, pois a classificação mudaria
conforme o instante da medição.
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Figura 27 – Classes de agressividade e aberturas de fissuras para concreto armado
1.2. Tipos
As fissuras são divididas de acordo com sua forma de manifestação, seu desenho, que pode
ser geométrico ou mapeado. Essas duas classes são subdivididas, cada uma, entre fissuras ativas e
passivas. As ativas ainda admitem uma nova subdivisão, em que podem ser sazonais ou progressivas.
As geométricas (ou isoladas) podem ocorrer tanto nos elementos da alvenaria - blocos e tijolos -
quanto em suas juntas de assentamento. As mapeadas (também chamadas de disseminadas) podem
ser formadas por retração das argamassas, por excesso de finos no traço ou por excesso de
desempenamento. No geral, elas têm forma de "mapa" e, com frequência, são aberturas superficiais.
As fissuras ativas (ou vivas) são aquelas que têm variações sensíveis de abertura e fechamento.
Se essas variações oscilam em torno de um valor médio - oscilantes - e podem ser correlacionadas com
a variação de temperatura e umidade - sazonais -, então as fissuras, embora ativas, não indicam
ocorrência de problemas estruturais. Mas se elas apresentarem abertura sempre crescente podem
representar problemas estruturais, que devem ser corrigidos antes do tratamento das fissuras - que
neste caso são chamadas de progressivas. As causas desses problemas devem ser determinadas por
meio de observações e análise da estrutura. As fissuras passivas (também chamadas de mortas) são
causadas por solicitações que não apresentam variações sensíveis ao longo do tempo. E, por isso,
podem ser consideradas estabilizadas.
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1.3. Causas de fissuração
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plástica explica o adensamento das juntas de argamassa de uma alvenaria recém-construída e a
exsudação de água num concreto recém-vibrado.
Inúmeros fatores intervêm na retração de um produto à base de cimento, sendo os principais:
a) Composição química e finura do cimento: a retração aumenta com a finura do cimento e com
seu conteúdo de cloretos (CaCl2) e álcalis (NaOH, KOH);
b) Quantidade de cimento adicionada à mistura: quanto maior o consumo de cimentos, maior a
retração;
c) Natureza do agregado: quanto menor o módulo de deformação do agregado, maior sua
suscetibilidade à compressão isotrópica e, portanto, maior a retração a retração; maior
retração também para os agregados com maior poder de absorção de água (basalto e
agregados leves, por exemplo);
d) Granulometria dos agregados: quanto maior a finura dos agregados, maior será a quantidade
necessária de pasta de cimento para recobri-lo e, portanto, maior será a retração;
e) Quantidade de água na mistura: quanto maior a relação água/cimento maior a retração de
secagem;
f) Condições de cura: se a evaporação da água iniciar-se antes do término da pega do
aglomerante, isto é, antes de começarem os primeiros enlaces entre os cristais desenvolvidos
com a hidratação, a retração poderá ser acentuadamente aumentada.
Desses fatores, a relação água/cimento é sem dúvida o que mais influencia a retração de
materiais cimentícios, sobrepujando inclusive a própria influência do consumo de cimento. A figura 28
mostra a importância relativa do consumo de cimento e do consumo de água na retração de concretos.
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Figura 29 – Retração do concreto em função da umidade relativa do ar (THOMAZ, 2014)
Configurações de fissuras provocadas por retração
As peças de uma estrutura reticulada de concreto armado poderão ser solicitadas por elevadas
tensões provenientes da retração do concreto. Em estruturas aporticadas, a retração das vigas
superiores poderá induzir a fissuração horizontal dos pilares mais extremos (Fig. 30).
Figura 30 – Fissuras horizontais nos pilares, devidas à retração do concreto das vigas superiores (THOMAZ,
2014)
A ocorrência de fissuras de retração numa viga de concreto armado dependerá da dosagem
do concreto (principalmente da relação água/cimento), das condições de adensamento (quanto mais
adensado, menor a retração) e das condições de cura (a evaporação precoce da água aumentará
substancialmente a retração). Dependerá ainda das dimensões da peça, da rigidez dos pórticos, da
taxa de armaduras e da própria distribuição de armaduras ao longo de sua seção transversal. Nas vigas
altas, com inexistência ou insuficiência de armadura de pele, as fissuras ocorrerão preferencialmente
no terço médio da altura da viga, sendo retas e regularmente espaçadas (fig. 31)
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Figura 31 – Fissuras de retração numa viga de concreto armado (THOMAZ, 2014)
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Figura 33 – Fissuras em parede externa, causadas pela retração da laje de cobertura (THOMAZ, 2014)
Figura 34 – Fissuras em parede externa, causadas pela retração de lajes intermediárias (THOMAZ, 2014)
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Figura 35 – Fissuras na interface bloco/argamassa, provocados pela retração da argamassa de assentamento
da alvenaria, podendo levar a outros problemas patológicos, como a eflorescência.
O recalque plástico do concreto poderá provocar o aparecimento de fissuras internas ao
concreto, imediatamente abaixo de seções densamente armadas. O recalque plástico da argamassa
de assentamento provocará o abatimento da alvenaria recém-construída; caso o encunhamento da
parede com o componente estrutural superior tenha sido executado de maneira precoce ocorrerá o
destacamento entre a alvenaria e o componente superior (viga ou laje), conforme fig. 36.
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Figura 37 – Fissura de retração na alvenaria, em seção enfraquecida pela presença de tubulação
Figura 38 – Fissuração generalizada causada pela retração dos componentes de alvenaria e pelo grande
número de janelas na parede (THOMAZ, 2014)
Como evitar
Essa situação é um pouco diferente da retração hidráulica que ocorre durante a cura. Nesse
caso, a mudança de umidade a que fica submetida a peça de concreto gera uma variação dimensional
por absorção ou perda higroscópica; essa alteração de volume pode causar fissuras se houver vínculos
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que impeçam o elemento de se movimentar. Nesses casos as fissuras poderão aparecer ao longo da
peça ou junto aos vínculos.
As mudanças higroscópicas provocam variações dimensionais nos materiais porosos que
integram os elementos e componentes da construção; o aumento do teor de umidade produz uma
expansão do material enquanto que a diminuição desse teor provoca uma contração.
A umidade pode ter acesso aos materiais de construção através de diversas vias:
A. Umidade resultante da produção dos componentes
Na fabricação de componentes construtivos à base de ligantes hidráulicos emprega-se
geralmente uma quantidade de água superior à necessária para que ocorram as reações químicas de
hidratação. A água em excesso permanece em estado livre no interior do componente e, ao se
evaporar, provoca a contração do material.
B. Umidade proveniente da execução da obra
É usual umedecerem-se componentes de alvenaria no processo de amassamento, ou mesmo
painéis de alvenaria que receberão argamassas de revestimento. Esta prática é correta pois visa
impedir a retirada brusca de água das argamassas, o que viria prejudicar a aderência com os
componentes de alvenaria ou mesmo as reações de hidratação do cimento. Ocorre que nesta operação
de umedecimento poder-se-á elevar o teor de umidade dos componentes de alvenaria a valores a
valores muito acima da umidade higroscópica de equilíbrio, originando-se uma expansão do material,
a água em excesso, a exemplo do que foi dito na alínea anterior, tenderá a evaporar-se, provocando
uma contração do material.
C. Umidade do ar proveniente de fenômenos meteorológicos
O material poderá absorver água de chuva antes mesmo de ser utilizado na obra, durante o
transporte até a obra ou por armazenagem desprotegida no canteiro. Durante a vida da construção,
as faces de seus componentes voltadas para o exterior poderão absorver quantidades consideráveis
de água de chuva ou, em algumas regiões, até mesmo de neve. Também a umidade presente no ar
pode ser absorvida pelos materiais de construção, quer sob a forma de vapor, quer sob a de água
líquida (condensação do vapor sobre as superfícies mais frias da construção).
D. Umidade do solo
A água presente no solo poderá ascender por capilaridade à base da construção, desde que os
diâmetros dos poros capilares e o nível do lençol d’água assim o permitam. Não havendo
impermeabilização eficiente entre o solo e a base da construção, a umidade terá acesso aos seus
componentes, podendo trazer sérios inconvenientes a pisos e paredes do andar térreo.
As trincas provocadas por variação de umidade dos materiais de construção são muito
semelhantes àquelas provocadas pelas variações de temperatura. Entre um caso e outro, as aberturas
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poderão variar em função das propriedades higrotérmicas dos materiais e das amplitudes de variação
da temperatura ou da umidade.
Trincas provocadas pela expansão de tijolos cerâmicos com elevada resistência à compressão,
conforme figuras 40, 41 e 42.
Figura 40 – Trincas horizontais na alvenaria provenientes da expansão dos tijolos: o painel é solicitado à
compressão na direção horizontal (THOMAZ, 2014)
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Figura 41 – Trincas nas peças estruturais: a expansão da alvenaria solicita o concreto à tração (THOMAZ,
2014)
Figura 42 – A expansão dos tijolos por absorção de umidade provoca o fissuramento vertical da alvenaria, no
canto do edifício (THOMAZ, 2014)
No caso do encontro entre paredes onde, para facilitar-se a coordenação dimensional, os
componentes de alvenaria foram assentados com juntas aprumadas, independentemente da natureza
do material constituinte dos blocos ou tijolos ocorrerão movimentações higroscópicas que tenderão a
provocar o destacamento entre as paredes. Tais destacamentos, que normalmente ocorrem a despeito
do emprego de ferros inseridos nas juntas de assentamento a cada duas ou três fiadas, provocarão a
penetração de umidade para o interior do edifício.
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Figura 43 – Canto extremo de edifício com blocos estruturais assentados com juntas a prumo (THOMAZ,
2014)
Figura 44 – Vista interna do encontro entre as paredes: penetração de umidade em função do destacamento
ocorrido (THOMAZ, 2014)
As movimentações devidas à variação no teor de umidade podem ser reversíveis ou
irreversíveis; estas últimas ocorrem geralmente logo após a fabricação do material e originam-se da
perda ou ganho de água, até atingirem a umidade de equilíbrio. As movimentações reversíveis
ocorrem ao longo do tempo, porém delimitadas a certo intervalo, mesmo no caso de secar ou saturar
completamente o material.
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Movimentações reversíveis ou irreversíveis podem originar também destacamento entre
componentes de alvenaria e argamassa de assentamento (fig. 45). Esses destacamentos ocorrem em
função de inúmeros fatores, sendo os mais importantes: aderência entre argamassa e componentes
de alvenaria, tipo junta adotada, módulo de deformação dos materiais em contato, propriedades
higroscópicas desses materiais e intensidade da variação da umidade.
Trincas horizontais podem aparecer também na base de paredes (fig. 46), onde a
impermeabilização dos alicerces foi mal executada. Nesse caso, os componentes de alvenaria que
estão em contato direto com o solo absorvem sua umidade, apresentando movimentações
diferenciadas em relação às fiadas superiores que estão sujeitas à insolação direta e perda de água
para evaporação. Essas trincas quase sempre são acompanhadas por eflorescências, o que auxilia o
seu diagnóstico.
Figura 46 – Trinca horizontal na base da alvenaria por efeito da umidade do solo (THOMAZ, 2014)
Outro tipo muito característico de fissura causada por umidade é aquele presente no topo de
muros, peitoris e platibandas que não estejam convenientemente protegidos por rufos, a argamassa
do topo da parede absorve água (de chuva ou mesmo orvalho), movimenta-se diferencialmente em
relação ao corpo do muro e acaba destacando-se do mesmo.
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Figura 47 – Destacamento da argamassa no topo do muro, causado pela absorção de umidade (THOMAZ,
2014)
Como evitar
Para se evitarem trincas geradas pela variação de umidade, devemos ter concretos bem
dosados com relação água/cimento próximos do ideal, executados de maneira a resultar em peças
bem adensadas com baixa porosidade. Para as fissuras já existentes, temos de proceder à colmatação
das mesmas com selantes plásticos que possam acompanhar as movimentações dimensionais e
proteger contra os ataques do meio ambiente.
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da variação de temperatura, que por sua vez atinge diariamente todas as edificações do mundo. A
solução do problema está na concepção do projeto, que se não for levada em consideração, via de
regra, torna o problema crônico e de difícil solução posterior, obrigando o usuário muitas vezes a
conviver com ele.
Outro efeito que a variação de temperatura provoca é um gradiente térmico entre a face
interna e a externa de uma laje, causando o abaulamento da mesma devido às diferenças de dilatação
entre as faces. Nos apartamentos de cobertura normalmente esse tipo de fissura é comum e pode
estar associado também a uma variação brusca de temperatura da laje, o que costuma acorrer nos
dias quentes na época do verão, quando cai uma chuva intensa no final do dia. Nessas condições, o
concreto foi aquecido durante todo o dia e resfriado na face externa de forma brusca pela chuva.
Em geral, as coberturas planas estão mais sujeitas às mudanças térmicas naturais do que os
paramentos verticais das edificações. Ocorrem, portanto, movimentos diferenciados entre os
elementos horizontais e verticais. Além disso, podem ser mais intensificados pelas diferenças nos
coeficientes de expansão térmica dos materiais construtivos desses componentes. O coeficiente de
dilatação térmica linear do concreto é aproximadamente duas vezes maior que o das alvenarias de uso
corrente, considerando-se aí a influência das juntas de argamassa.
Deve-se considerar também que ocorrem diferenças significativas de movimentação entre as
superfícies superiores e inferiores das lajes de cobertura, sendo que normalmente as superfícies
superiores são solicitadas por movimentações mais bruscas e de maior intensidade.
Por estas razões, e devido ao fato de que as lajes de cobertura normalmente encontram-se
vinculadas às paredes de sustentação, surgem tensões tanto no corpo das paredes quanto nas lajes.
Teoricamente as tensões de origem térmicas são nulas nos pontos centrais das lajes, crescendo
proporcionalmente em direção aos bordos onde atingem seu ponto máximo (fig. 48).
Figura 48 – Propagação das tensões numa laje de cobertura com bordos vinculados devida a efeitos térmicos
(THOMAZ, 2014)
A dilatação plana das lajes e o encurvamento provocado pelo gradiente de temperatura
introduzem tensões de tração e de corte nas paredes das edificações. As fendas desenvolvem-se quase
exclusivamente nas paredes, apresentando tipicamente as seguintes configurações.
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Figura 49 – Movimentações que ocorrem numa laje de cobertura, sob ação da elevação da temperatura
(THOMAZ, 2014)
Figura 50 – Trinca típica presente no topo da parede paralela ao comprimento da laje; a direção das fissuras,
perpendiculares às resultantes de tração (σt) indica o sentido da movimentação térmica (no caso, da
esquerda para a direita) (THOMAZ, 2014)
Figura 51 – Trinca típica presente no topo da parede paralela à largura da laje; a trinca normalmente
apresenta-se com traçado bem definido, realçando o efeito dos esforços de tração na face interna da parede
(THOMAZ, 2014)
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Figura 52 – Fissura causada pela expansão térmica da laje de cobertura
Figura 54 – Os raios solares incidindo diretamente sobre a laje de cobertura produzem muito calor. Em dias
quentes de verão, a laje de cobertura atinge temperaturas altas, 70ºC ou mais. Isso faz a laje dilatar.
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A presença de aberturas nas paredes propiciará o aparecimento de regiões naturalmente
enfraquecidas (ao nível do peitoril e ao nível do topo de caixilhos), desenvolvendo–se as fissuras
preferencialmente nessas regiões. Assim, em função das dimensões da laje, da natureza dos materiais
que constituem as paredes, do grau de aderência entre paredes e laje e da eventual presença de
aberturas, poderão desenvolver-se fendas inclinadas próximos do topo das paredes.
Figura 56 – Parede com fissuras inclinadas, em forma de escama, evidenciando a dilatação térmica da laje de
cobertura
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Figura 57 – Fissura com abertura regular no topo da parede, resultante do abaulamento e da dilatação plana
da laje de cobertura
Movimentações térmicas da estrutura da edificação
Figura 58 – Pilar fissurado devido à movimentação térmica das vigas de concreto armado (THOMAZ, 2014)
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Figura 59 – Pilar fissurado devido à movimentação térmica das vigas de concreto armado (THOMAZ, 2014)
Figura 60 – Trincas de cisalhamento nas alvenarias, provocadas por movimentação térmica da estrutura
(THOMAZ, 2014)
Movimentações térmicas em muros
Figura 61 – Trincas de cisalhamento nas alvenarias, provocadas por movimentação térmica da estrutura
(THOMAZ, 2014)
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As fissuras provocadas pelas movimentações térmicas normalmente iniciam-se na base do
muro, em razão das restrições que a fundação oferece à sua livre movimentação. Em função da
resistência à tração da argamassa de assentamento e dos componentes de alvenaria, as fissuras
poderão acompanhar as juntas verticais de assentamento ou mesmo estenderem-se através dos
componentes de alvenaria (fig. 62 e 63).
Figura 62 – Trinca vertical: a resistência à tração dos componentes de alvenaria é superior à resistência à
tração da argamassa ou à tensão de aderência argamassa/blocos (THOMAZ, 2014)
Figura 63 – Trinca vertical: a resistência à tração dos componentes de alvenaria é igual ou inferior à
resistência à tração da argamassa (THOMAZ, 2014)
Movimentações térmicas em platibandas
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Figura 64 – Trincas inclinadas no topo da parede e destacamento da platibanda causadas por movimentações
térmicas
1.3.4. Fissuras causadas pela atuação de sobrecargas
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Para os casos comuns de estruturas de concreto armado, os componentes fletidos são em
geral dimensionados prevendo-se a fissuração do concreto na região tracionada da peça, buscando-se
tão somente limitar essa fissuração em função de requisitos estéticos e/ou em função da
deformabilidade e da durabilidade da estrutura. De acordo com a norma NBR 6118/14 (Projetos de
estruturas de concreto armado e protendido) considera-se que a “solicitação resistente com a qual
haverá uma grande probabilidade de iniciar-se a formação de fissuras normais à armadura longitudinal
poderá ser calculada com as seguintes hipóteses:”
a) A deformação de ruptura à tração do concreto é igual a 2,7ftk/Ec (ftk = resistência característica
do concreto à tração; Ec = módulo de deformação longitudinal do concreto à compressão);
b) Na flexão, o diagrama de tensões de compressão no concreto é triangular (regime elástico); a
tensão na zona tracionada é uniforme e igual a ftk, multiplicando-se a deformação de ruptura
especificada na alínea anterior por 1,5;
c) As seções transversais planas permanecem planas;
d) Deverá ser sempre levado em conta o efeito da retração. Como simplificação, nas condições
correntes, este efeito pode ser considerado supondo-se a tensão de tração igual a 0,75ftk e
desprezando-se a armadura.
Flexão de vigas
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Figura 69 – Fissuras de cisalhamento em viga solicitada à flexão
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Figura 72 – Ruptura por compressão do concreto de uma viga superarmada solicitada à flexão
Nas estruturas correntes de concreto armado, as fissuras presentes nas bordas tracionadas de
vigas fletidas são em geral imperceptíveis a olho nu. Em alguns casos, contudo, estas podem até
mesmo ser fotografadas à distância, sendo tais situações anormais causadas mais comumente por
falhas na construção da viga (erro na bitola ou no número de barras de aço), mau uso da obra
(aplicação de sobrecarga não prevista em projeto), descimbramento e/ou carregamento precoce da
estrutura.
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Figura 74 – Fissuras de cisalhamento em viga alta, prevista no projeto como “parede de vedação” (THOMAZ,
2014)
Figura 75 – Embora com abertura bastante reduzida (da ordem de 0,2 mm), a fissura presente na viga alta
permite a penetração de água para o interior do edifício (THOMAZ, 2014)
Como evitar e recuperar
Em qualquer uma das situações apresentadas, é necessária uma avaliação criteriosa das
condições em que o elemento estrutural se encontra para se definir pelo procedimento mais adequado
técnica e economicamente; cada situação é sempre única e as soluções variadas.
Em princípio pode-se optar por um reforço quando se deve manter a mesma sobrecarga
atuante, ou manter o elemento estrutural na sua forma original e aliviar a carga sobre ele; isso somente
se as condições de uso permitirem e não contrariarem as recomendações da ABNT preconizadas para
aquela condição específica de uso.
Com relação à segurança do elemento estrutural, numa primeira análise pode-se considerar
que as peças isostáticas apresentam menos recursos para absorver os esforços, sendo, portanto, peças
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mais sujeitas ao colapso do que os elementos estruturais hiperestáticos, que, pelas próprias
características da peça, podem redistribuir os esforços buscando um novo ponto de equilíbrio,
oferecendo menos riscos em curto prazo, exigindo, no entanto, a mesma atenção e os mesmos
cuidados.
No caso de se optar pela redução da sobrecarga, dispensando o reforço estrutural, deve-se
avaliar a necessidade de se colmatar as fissuras em função da agressividade do meio ambiente; para
tanto, apresenta-se a seguir um roteiro básico que pode ser seguido nos casos mais simples:
a) Em ambiente interno não-agressivo:
Abertura < 0,3 mm dispensar tratamento.
Abertura > 0,3 mm se for passiva, injetar resina epóxi.
Abertura > 0,3 mm se for ativa, tratar com selante.
b) Em ambiente agressivo e úmido:
Abertura < 0,1 mm dispensar tratamento.
Abertura > 0,1 mm se for passiva, injetar resina epóxi.
Abertura > 0,1 mm se for ativa, tratar com selante.
Porém, se a melhor alternativa para resolver o problema indicar para o reforço estrutural,
deve-se analisar entre as várias maneiras possíveis e optar por aquela que for mais adequada às
circunstância da obra, no que diz respeito ao volume do serviço a ser executado, à facilidade de
obtenção de produtos específicos para o reforço, à disponibilidade de equipamentos especiais, às
condições técnicas de execução e à mão-de-obra especializada.
A escolha de um sistema de reforço estrutural deve levar em consideração também que para
o mesmo entrar em carga deve haver deformação da peça em questão, que por sua vez pode estar no
seu limite; e se tiver que fletir ainda mais para o reforço começar a funcionar, poderá sofrer um
colapso.
Para tanto é fundamental corrigir parte da deformação existente com a finalidade de aliviar as
tensões internas, a fim de que assim o reforço possa absorver a parcela de responsabilidade que se
está projetando para ele. Essa situação deixa de existir quando o reforço a ser empregado for por meio
de protensão da peça; nesse caso, o dimensionamento da solução deverá ser cuidadosamente
estudado no seu aspecto técnico para que se obtenha o desempenho desejado.
O reforço com tirantes de protensão normalmente é feito utilizando-se barras de aço com
roscas nas extremidades e fixadas nas laterais das vigas, sendo que a tensão é dada por meio de porcas
que através dos elementos de ancoragem tencionam a barra (fig. 76).
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Figura 76 – Reforço de viga com tirante (MARCELLI, 2007)
Figura 77 – Serviços de recuperação de pontes com recomposição de estrutura, uso de fibra de carbono e
aplicação de protensão externa (Infraestrutura Urbana, 2014)
Porém, quando a solução do reforço indicada exigir uma diminuição das flechas existentes,
isso pode ser conseguido com uma redução calculada da sobrecarga, ou através da deflexão do
elemento estrutural com utilização de macacos hidráulicos.
A seguir algumas opções de reforços para vigas e lajes com problemas de trincas por excesso
de carga, lembrando que cada problema apresenta a sua especificidade, podendo haver mais de uma
solução e mais de um procedimento para a sua correção.
A fig. 78 apresenta uma alternativa de reforço na ferragem de flexão em viga de concreto.
Nesse caso o enchimento pode ser feito com microconcreto bem dosado quando a largura permitir ou
usar graute em situações mais difíceis de preenchimento.
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Figura 78 – Reforço em viga de concreto (MARCELLI, 2007)
A fig. 79 apresenta outra alternativa, na qual se emprega concreto projetado. Essa opção
torna-se viável quando o volume de serviço a ser executado justifica a mobilização desse tipo de
equipamento, sendo uma excelente alternativa técnica, tendo em vista que o concreto projetado
utiliza baixa relação água/cimento, tem alto poder de aderência e alta compacidade por se lançado
sob alta pressão.
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Figura 80 – Reforço em viga de concreto
Uma outra alternativa também muito utilizada é a colagem de chapas de aço, conforme mostra
a fig. 81, ou fibra de carbono, porém não deve ser usada em ambientes onde a temperatura é elevada
(> 55°C).
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Figura 82 – Reforço de viga de concreto com chapa de aço e fibra de carbono
Torção de vigas
Quando uma peça de concreto está submetida a um esforço de rotação em relação a sua seção
transversal, podemos dizer que ela está sofrendo uma torção (fig. 83).
Isso ocorre em vigas de eixo curvo, principalmente nas sacadas de edifícios, em vigas ou lajes
que tem flecha excessiva e se apoiam em outras vigas, causando uma rotação nestas ultimas, ou em
lajes em balanço do tipo marquise engastadas apenas na viga.
Todas essas situações provocam uma rotação no plano da seção transversal do elemento
estrutural e, quando esse esforço gera deformações acima da capacidade de suporte da peça, surgem
as fissuras características de torção. Deve-se notar que elas são inclinadas aproximadamente a 45° e
aparecem nas duas faces laterais da viga na forma de segmentos de retas reversas (fig. 84A).
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Figura 84 – Situações que podem gerar trincas de torção (MARCELLI, 2007)
A ferragem ideal para se combater esse esforço deve ser colocada de forma vertical (estribos)
e longitudinal (ferros de pele); no entanto, se a questão é executar um reforço para combater as
tensões de torção já instaladas, podemos recorrer, dentre outros processos, à colocação de estribos
adicionais, em que o sistema de preenchimento de concreto é feito de forma convencional com uso
de formas e lançamento do concreto através de furos feitos na laje (fig. 85A).
No entanto, dependendo das condições locais e do volume de serviço, podemos optar pelo
preenchimento utilizando concreto projetado, sendo esta uma solução eficiente, uma vez o concreto
tem baixa relação água/cimento, fica bem adensado e com ótima aderência por ser lançado sob alta
pressão (fig. 85B).
Outra solução é a colagem de chapas de aço (fig. 85C).
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Figura 85 – Reforço para torção (MARCELLI, 2007)
Flexão de lajes
O aspecto das fissuras varia conforme condições de contorno da laje (apoio livre ou
engastado), a relação entre comprimentos e largura, o tipo de amarração e a natureza e intensidade
da solicitação.
Para lajes maciças com grandes vãos, os momentos volventes que se desenvolvem nas
proximidades dos cantos da laje podem produzir fissuras inclinadas, constituindo com esses cantos
triângulos aproximadamente isósceles. A fig. 86 mostra o aspecto típico do fissuramento na ruptura
de uma laje simplesmente apoiada, armada em cruz e submetida a carregamento uniformemente
distribuído.
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Figura 86 – Fissuramento típico de lajes simplesmente apoiadas (THOMAZ, 2014)
Um outro tipo de trinca pode surgir quando não existe ferragem negativa entre painéis de lajes
construtivamente contínuas, porém projetadas como simplesmente apoiadas. As trincas surgem na
face superior da laje, acompanhando aproximadamente o seu contorno (fig. 87).
Figura 87 – Trincas na face superior da laje devidas à ausência de armadura negativa (THOMAZ, 2014)
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Figura 88 – Configurações típicas de trincas em laje
Para o reforço das lajes valem as mesmas recomendações, conceitos e cuidados que foram
preconizados para as vigas. Na fig. 89, vamos encontrar os reforços dos momentos volventes e de
flexão, positivo e negativo, utilizando-se armadura adicional, colagem de chapa, enchimento com
microconcreto/graute ou concreto projetado.
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Figura 89 – Reforço de laje (MARCELLI, 2007)
Essas trincas podem ser evitadas através de um dimensionamento que considere corretamente
a ação de todos os esforços atuantes na peça e, por sua vez, que o uso seja compatível com o
carregamento previsto em projeto. No entanto, se o problema já estiver implantado, podemos recorrer
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Figura 93 – Reforço de pilares (MARCELLI, 2007)
Outras trincas provocadas por compressão ocorrem normalmente em consoles e dentes
gerber e são resultantes da concentração de tensões normais e tangenciais nessa região da peça (fig.
94).
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Figura 94 – Trincas em consoles e dente gerber (MARCELLI, 2007)
Isso normalmente acontece pela ineficiência ou inexistência do aparelho de apoio, sendo que
em alguns casos a deficiência está no dimensionamento estrutural ou na colocação incorreta da
armadura.
Para evitar esse tipo de problema, deve-se calcular levando-se em consideração todos os
esforços que irão atuar no elemento estrutural e especificar corretamente o material que deverá ser
empregado para absorver as movimentações da estrutura. Por outro lado, a execução tem de observar
os mesmos critérios de qualidade, para que haja um desempenho final eficiente ao longo do tempo.
Por sua vez, deve-se ter em mente que existirá sempre a necessidade de se fazer uma
manutenção preventiva e corretiva adequada dos aparelhos de apoio, de forma a garantir uma longa
vida útil com bom funcionamento de todo o conjunto; principalmente nas obras-de-arte, onde eles
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são muito mais solicitados devido à ação combinada da variação de temperatura e constante
movimentação dos veículos.
O reforço de consoles e dentes gerber pode ser visto na fig. 96; esse caso não considera a
necessidade de se alterar a ferragem existente, porém, se for necessário, deverá ser analisada a
especificidade de cada caso, uma vez que vai depender muito da quantidade, do posicionamento e da
bitola das barras dentro das peças, para se definir em que condições será possível uma adição de
ferragem de reforço.
Punção em lajes
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Figura 97 – Trincas de punção (MARCELLI, 2007)
Figura 98 – Processo de formação de fissuras de punção: 1 – fissura radial formada por tensões tangenciais. 2
– fissuras tangenciais formadas por tensões radiais. 3 – configuração de ruptura.
Figura 99 – Processo de formação de fissuras de punção: 1 – fissura radial formada por tensões
Dependendo do tipo e das condições da estrutura, o reforço para corrigir elevadas tensões do
punção pode ser feito com concreto normal, microconcreto, graute, chapas metálicas coladas com
epóxi ou perfis metálicos protendidos (fig. 100).
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Figura 100 – Reforço para trincas de punção
Fissuras em alvenaria
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assentamento. A espessura do assentamento também é importante: as juntas devem ter cerca de 10
mm.
O uso de armaduras, principalmente no entorno de portas e janelas, é sempre recomendável.
A técnica não aumenta a resistência à compressão da parede, mas melhora o poder de absorção das
movimentações da estrutura.
No último andar
A principal causa de fissuras nas paredes de blocos é a pouca resistência à tração e ao
cisalhamento, mas a heterogeneidade dos materiais também tem forte influência. Há, ainda, um caso
especial, o de alvenarias do último pavimento. Pela elevada movimentação térmica da laje de
cobertura, essas paredes são mais exigidas.
Não faltam medidas preventivas. A pintura da laje em cor clara, o sombreamento da área, o
isolamento térmico e até a ventilação do ático são algumas. Nas paredes, podem ser colocados apoios
deslizantes, inseridas juntas provisórias na moldagem da laje, armaduras nas últimas fiadas e
rejuntamento flexível entre a alvenaria e a estrutura, entre outras soluções.
Recuperação
A recuperação não deve ser apenas corretiva. É importante diagnosticar-se a origem das
patologias. As soluções dependem desse estudo. Deve-se lembrar que as fissuras têm o papel de
juntas, concentrando as movimentações da parede. Assim, boa parte das técnicas recomendadas para
a recuperação requer uso de telas ou materiais deformáveis.
Deformabilidade excessiva de estruturas
Como surgem
Em geral, ocorrem pelo aparecimento de flechas nas peças estruturais. Mesmo estruturas com
flechas pequenas estão suscetíveis a patologias, pois fatores como dimensões dos blocos, tipo de junta
e características do material de assentamento influem.
Como prevenir
Limitar a deformabilidade e adotar soluções como juntas flexíveis ou deformáveis ou até
pequenas taxas de armadura nas paredes. Alongar o tempo entre a execução da estrutura e a da
alvenaria pode diminuir os efeitos.
Atuação de sobrecargas
Como surgem
Compressão vertical e tensões tangenciais podem provocar fissuras horizontais ou, mais
comumente, fissuras verticais na alvenaria. Fatores como a forma geométrica do bloco, a rugosidade
superficial e a porosidade dos componentes, a retenção de água e até a espessura da parede influem.
Como prevenir
Limitar a esbeltez da parede, evitar atuação de cargas concentradas, reforçar com armaduras.
Retração de produtos à base de cimento
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Como surgem
Argamassas com elevada relação água-cimento tendem a se contrair mais durante a secagem,
podendo trincar alvenarias. A própria retração de lajes pode induzir fissuras e destacamentos.
Como prevenir
Assentamento com argamassas mistas, com cimento e cal hidratada, reduzindo-se o módulo
de deformação da alvenaria. Adoção de juntas, armaduras e outros detalhes construtivos.
Movimentações higrotérmicas
Como surgem
Aparecem principalmente em função das diferentes propriedades higrotérmicas dos materiais
utilizados em conjunto. Há casos ainda de fissuras entre partes de um mesmo componente. A
orientação da parede e as cores da superfície devem ser consideradas, pois têm relação direta com a
exposição ao calor.
Como prevenir
Deve-se evitar o uso de materiais com elevada retração, e proteger da chuva os blocos
estocados e paredes recém-executadas. Assentamento com juntas em amarração, criação de juntas.
Recalques de fundações
Como surgem
Tensões introduzidas nas alvenarias pela acomodação diferenciada ao longo das fundações. A
composição do solo, eventual rebaixamento do lençol freático, consolidação distinta de aterro e
interferências de bulbos de tensão são as principais causas.
Como prevenir
Projetos devem se basear, além dos critérios de resistência, também em critérios de
deformabilidade dos solos. Na alvenaria, podem ser colocadas juntas entre as partes da edificação com
recalques diferentes.
Figura 101 – Fissuras em paredes de vedação: deformação do suporte inferior à deformação da viga superior
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Figura 102 – Fissuras em alvenaria
Figura 103 – Fissuras típicas nos cantos da abertura, sob atuação de sobrecarga
Figura 104 – Fissuras verticais de alvenaria causados por excessivo carregamento vertical
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Figura 105 – Fissuras em alvenaria devido a recalques diferenciais das fundações
Nos elementos estruturais em que o aço já foi vítima do processo de corrosão, ocorre um
aumento de volume em até oito vezes na parte afetada da armadura, produzindo tensões de tração
que o concreto não resiste, surgindo então pequenas fissuras ao longo das armaduras situadas mais
próximas da superfície do elemento estrutural. Isso, por sua vez, permite que o aço fique mais exposto
ao ataque externo, acelerando o processo de corrosão e transformando essas trincas em rachaduras,
chegando a destacar partes do concreto.
As trincas em concreto armado devido à corrosão das armaduras são muito comuns em
edificações e precisam ser tratadas adequadamente, a fim de bloquear o processo e não agravá-las
como tem ocorrido em algumas obras, nas quais não se procura identificar, diagnosticar e corrigir as
verdadeiras causas do problema.
Para propor uma solução adequada, deve-se analisar a fonte geradora do problema e só depois
de estudar criteriosamente todas as condições envolvidas apresentar uma solução que tenha um
excelente desempenho técnico e econômico. Basicamente pode-se dividir as causas nos seguintes
grupos:
Má execução.
Concreto inadequado.
Ambiente agressivo.
Proteção insuficiente.
Manutenção inadequada.
Gradiente térmico.
Presença de cloreto.
Desconsideração de cargas dinâmicas.
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Figura 106 – Penetração de agente agressivo através da porosidade do concreto
Figura 107 – Fissuração devido às tensões de tração provocadas pelas forças de expansão do aço em
corrosão
Uma vez que na maioria dos casos de corrosão a fonte geradora é o meio externo, deve-se
evitar o fissuramento da peça e proteger onde for necessário. Nesse sentido, a NBR-6118 especifica
que as fissuras nas superfícies do concreto não deverão ter aberturas superiores a:
0,1 mm para peças não protegidas, em meios agressivos.
0,2 mm para peças não protegidas, em meio não-agressivo.
0,3 mm para peças protegidas.
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Figura 109 – Estrutura com armaduras exposta devido à corrosão das barras de aço
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