Você está na página 1de 10

UNIVERSIDADE METODISTA DE ANGOLA

FACULDADE DE ENGENHARIA E ARQUITECTURA


CURSO DE ENGENHARIA CIVIL

Trabalho de Conservação e Reabilitação de Edifício

Humidades Ascensional

Estudante: Docente:
Ludmila Matias Cristóvão Nº 48782 Prof. Baltazar Cristóvão

Luanda, 2023
Sumário
Introdução ......................................................................................................................... 3
Humidade Ascensional ..................................................................................................... 4
Caracterização e fontes da humidade ascensional ............................................................ 5
Técnicas de prevenção ...................................................................................................... 7
Conclusão ......................................................................................................................... 9
Bibliografia ..................................................................................................................... 10

2
Introdução

Os materiais de construção porosos, como tijolos e blocos, podem permitir o transporte


de substâncias gasosas ou líquidas, presentes no ambiente, algumas vezes agressivas. O
acesso destas substâncias está relacionado aos fenômenos de degradação destes materiais.
Esta degradação não está limitada apenas a superfície, mas pode ocorrer também nas áreas
mais internas. Entre os fenômenos que causam a degradação em alvenarias estão a
formação de eflorescência ou criptoflorescência, o ataque por sulfatos, os manchamentos,
entre outros relacionados à presença da humidade.
A humidade é altamente nociva à saúde da edificação e representa um dos problemas mais
difíceis de serem sanados dentro das ciências da construção civil. Diferente do que se
espera, alguns profissionais da área, ainda, possuem a devida falta de cuidado, com tal
quesito, na hora de se construir, fazendo com que parte das construções atualmente
existentes, apresente problemas nos quesitos de qualidade, durabilidade, conforto e
segurança.
A humidade nas edificações pode ser proveniente de diversas fontes. Entre elas está
a humidade ascensional, que provém do solo na ausência ou falha de barreiras.
A humidade ascende pelas paredes por capilaridade existente devida a estrutura porosa
dos materiais de construção.

3
Humidade Ascensional

Os principais problemas da construção civil que estão associados com o uso de


materiais porosos está a umidade ascensional. Este tipo de umidade, por si só,
causa danos como a redução do valor estético do edifício quando provoca
manchas na fachada em áreas próximas ao solo. Quando associada a outros
agentes pode causar outros danos, como eflorescência e biodegradação.
Alfano define a humidade ascensional como um fluxo de água no sentido
vertical direcionado para cima em uma parede permeável. Freitas, Torres e
Guimarães (2008) afirmam que a água ascende quando não há barreiras que
inibam a migração da humidade proveniente do solo através das paredes,
constituídas de materiais porosos. Essa migração ocorre por capilaridade e pode
causar danos à edificação
Alfano (2006) afirma que este tipo de humidade é uma das principais causas da
deterioração dos materiais de alvenaria e, quando junto à altas concentrações de
sal, pode causar desgastes nas partes inferiores das paredes, necessitando de
reparações difíceis e de alto custo. A água do solo, em algumas situações,
contém quantidades consideráveis de sais dissolvidos que podem produzir
eflorescência nas paredes entre outras manifestações.
Alguns fatores condicionam a humidade ascensional, entre eles estão as
condições climáticas e os materiais constituintes da parede. Estas envolvem a
humidade relativa e a temperatura, a insolação, a espessura da parede, a natureza
e as características dos materiais que a constituem.
Em locais com a umidade relativa baixa, a evaporação ocorre de forma mais
rápida, já quando a humidade relativa é alta o processo é mais lento e favorece
o avanço da frente húmida. A insolação e o coeficiente de absorção da radiação
também influenciam o processo de secagem da parede. Ambos alteram a
temperatura superficial e a distribuição da temperatura. Esta influência é
percebida em edificações que possuem paredes idênticas com orientações
geográficas distintas. Cada parede possui uma incidência solar e uma ventilação,
o que causa diferença na progressão da umidade (SILVA, 2013).

4
Caracterização e fontes da humidade ascensional
Diversas edificações são afetadas pela umidade que provém do solo e que
ascende por capilaridade. A humidade ascensional não depende muito de
mudanças térmicas sazonais e o teor de humidade diminui com a altura,
produzindo uma fronteira característica horizontal (GRINZATO, 2002).
A humidade ascensional ocorre em uma parede quando a impermeabilização foi
mal-executada, quando a vida útil dos materiais utilizados chegou ao fim ou
ainda quando não houve impermeabilização. Em especial, percebe-se que existe
grande incidência de humidade ascensional em edificações históricas, quando
há muito tempo foi executada e a impermeabilização não desempenha mais a
sua função (FREITAS; GUIMARÃES, 2008).

Figura 1- Representação esquemática da humidificação de uma parede por águas


freáticas e superficiais. Fonte: Freitas, Torres e Guimarães 2008.

Manifestações patológicas nas zonas das paredes junto ao solo geralmente são
características da humidade ascensional, no entanto pode ocupar toda a altura
da parede. Estas manifestações patológicas podem apresentar-se como:
manchamentos, bolores, vegetação, eflorescências e/ou ainda
criptoflorescências. O teor de umidade presente em paredes é diferente
conforme a situação de exposição e fonte de umidade. Quando se trata de
umidade proveniente de águas superficiais.
Quando a alimentação de água é proveniente de águas freáticas, que tendem a
ser constante podemos ter duas situações: paredes enterradas e paredes não
enterradas. No primeiro caso, ao longo das diferentes estações do ano, o
umedecimento normalmente manifesta-se em toda a altura da parede. O teor de

5
umidade é maior na face em contato com o solo e reduz gradualmente em

direção à superfície oposta da parede. Ressalta-se que, em paredes enterradas,


há diferença quando a umidade provém do lençol freático ou de águas
superficiais, como mostra a Figura 2
Figura 2 - Variações típicas dos teores de umidade ascensional de paredes exteriores
enterradas, em função da altura e da profundidade das sondagens. (a) umidade
proveniente do lençol freático; (b) umidade proveniente de águas superficiais do
terreno. Adaptado de Henriques, (2007).

Como foi referido anteriormente, para que possam ocorrer manifestações de humidade
proveniente do terreno, uma das condições necessárias é que as paredes estejam em
contacto com a água do solo.
Constata-se, portanto, que a água existe no solo, em zonas bem localizadas (águas
superficiais) ou distribuindo-se, de maneira mais ou menos uniforme, por largas extensões
ou lençóis de água subterrânea, muito próximos da superfície (águas freáticas). As águas
superficiais encontram-se com frequência, retidas no solo, devido a uma recolha
defeituosa da água das chuvas ou à ruptura de canalizações de água corrente e esgotos.
Assim, a humidade do solo penetra gradualmente pela parte inferior das fundações e pelo
paramento em contacto com o solo (Fig. 3), ascendendo por capilaridade, tornando-se
depois visíveis os seus efeito s na parte não enterrada das alvenarias.

Fig. 3 - Formas de infiltração de água nas construções: à esquerda, através dos poros do betão
ou outro material constituinte da parede; ao centro, devido à presença de fissuras na parede; à
direita, devido à deterioração das telas protectoras e à pressão da água.

6
Técnicas de prevenção

Ainda conforme o Marques, um dos problemas mais comuns está relacionado à


humidade procedente das fundações. A impermeabilização das fundações não exige
grande investimento. Há grande variedade de materiais disponíveis no mercado e são
acessíveis a todos os tipos de fundações.
Existem dois tipos de materiais que podem ser utilizados:
• Rígidos, à base de cimento,
• E flexíveis, a base de asfalto.

As intervenções a efetuar no tratamento da humidade ascensional deverão ser


devidamente programadas antes da sua aplicação, definindo-se os fatores que poderão
condicionar o sucesso da aplicação, nomeadamente: os materiais constituintes,
características e espessura dos elementos construtivos afetados, o teor de água inicial,
características do interior do edifício e da sua envolvente, bem como, a respetiva
localização. Com o planeamento e estudo realizados, estabelecem-se os critérios para

7
definir a técnica apropriada em cada caso, obtendo-se maior sucesso na resolução do
problema. Dada a complexidade e variabilidade dos fatores poderá existir alguma
imprevisibilidade nos resultados obtidos. A seleção da técnica deverá ser apoiada num
diagnóstico exaustivo da origem do problema, estudando-se a eficácia esperada e
correlacionando-a com o custo da intervenção (Freitas, 2008).
Para cumprir com o objetivo da pesquisa, no intuito de encontrar as soluções e materiais
correntes disponíveis no mercado foram feitos contatos com diversas empresas que
fornecessem características, soluções construtivas e respetivos custos de materiais,
sistemas de impermeabilização e drenagens. Porém, infelizmente, nem todas tiveram
disponibilidades de colaborar com a investigação. De qualquer maneira, foi feita uma
extensa pesquisa que será apresentada no desenvolvimento deste capítulo, onde serão
descritas as principais técnicas e soluções de tratamento para humidade ascensional,
assim como os materiais mais utilizados existentes no mercado e alguns custos.

8
Conclusão

Com o término deste trabalho de pesquisa, foi possível concluir que os dois métodos de
prevenção conseguiram sanar a humidade ascendente, sendo que o método em que foi
utilizado no que diz respeito aos custos, esses dois métodos apresentaram valores baixos.
Uma dica valiosa e que deve reter mais atenção por parte do construtor e do engenheiro
de execução é a execução correta da viga de baldrame, que deve ser acima do solo, e não
enterrada, como foi apresentado na residência onde houve a recuperação. Além de claro,
realizar a impermeabilização da viga de baldrame, etapa indispensável para evitar tal
manifestação patológica. Recomenda-se também, o acompanhamento ao longo do tempo
para avaliar a eficiência dos métodos.

9
Bibliografia

FREITAS, V. P. DE. Transferência de humidade em paredes de edifícios. Dissertação


apresentada para efeito de prestação de provas de doutoramento na faculdade de
engenharia da universidade do porto - departamento de engenharia civil-: Universidade
do Porto, FEUP, 1992.
CAETANO, J. I. Ambientes Favoráveis à Formação de Sais Solúveis em Pinturas
Murais Restauradas: o caso da quinda do conventinho em Frielas e da igreja de S.
Francisco de Leiria. In: LNEC. Sais solúveis em argamassas de edifícios antigos:
danos, processos e soluções.2a. ed. Lisboa: [s.n.], 2007. p. 239–247
FRANZONI, E. Rising damp removal from historical masonries: A still open challenge.
Construction and Building Materials, v. 54, p. 123–136, mar. 2014
GONÇALVES, T. D.; RODRIGUEZ, J. D.; ROOIJ, M. DE. Alhos-Vedros Tide-Mill:
Salt Damage Assessment, Diagnosis and Repair. In: LNEC. Sais solúveis em
argamassas de edifícios antigos: danos, processos e soluções. 2a. ed. Lisboa: [s.n.],
2007. p. 157 - 166.

10

Você também pode gostar