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ATIVIDADE ACADÊMICA:
4423F-02 - TOPICOS ESPECIAIS - ECIVIL II
- Engenharia Civil -

PERDAS DE PROTENSÃO – PARTE 2

– VÍDEO AULA 17 –

Prof.ª Bruna Manica Lazzari


bruna.lazzari@pucrs.br
INTRODUÇÃO

1. PERDAS DE PROTENSÃO IMEDIATAS


➢ Atrito entre cabo e bainha;

➢ Recuo da ancoragem;

➢ Encurtamento elástico (imediato) do concreto.

2. PERDAS DE PROTENSÃO PROGRESSIVAS (DIFERIDAS)

➢ Retração do concreto;

➢ Fluência do concreto;

➢ Relaxação do aço de protensão.


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INTRODUÇÃO
DEFORMAÇÕES DO CONCRETO EM FUNÇÃO DO TEMPO
A retração (shrinkage) é um fenômeno que independe da tensão
aplicada ao concreto. As misturas normais do concreto contêm mais
água do que a necessária para a hidratação do cimento. Esta água no
interior do material evapora com o tempo, provocando a retração do
concreto, que nada mais é do que uma redução volumétrica.

As deformações por retração convergem assintoticamente para um


valor final, conforme a figura a seguir:
comportamento
ε∞ assintótico

Curva típica da variação da


deformação por retração

t
t0 t∞
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INTRODUÇÃO
DEFORMAÇÕES DO CONCRETO EM FUNÇÃO DO TEMPO
A fluência (creep) é a propriedade de muitos materiais pela qual eles
continuam a se deformar sob tensão constante de compressão ao
longo do tempo (comportamento visco-elástico).

A taxa de aumento de deformação é elevada no início, mas diminui


assintoticamente com o tempo até que um valor final seja atingido.
Deformação por fluência ε∞
A deformação elástica
inicial (ε0) ocorre no
Curva típica da variação da
instante da aplicação da ε0 deformação por fluência
tensão de compressão e
depende das propriedades t
mecânicas do concreto. t0 t∞
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INTRODUÇÃO
DEFORMAÇÕES DO CONCRETO EM FUNÇÃO DO TEMPO
A deformação do concreto ao longo do tempo, resultante dos
fenômenos da fluência e da retração, produz variações volumétricas
que resultam na perda parcial da força de protensão, gerando
deslocamentos significativos.

A estimativa cuidadosa os efeitos da fluência e da retração é de


crucial importância no projeto das estruturas de concreto protendido
e demandam uma grande quantidade de dados, incluindo o tempo, a
intensidade da tensão, a umidade do ambiente e as propriedades
dos materiais empregados.

No pré-dimensionamento da força de protensão estas perdas foram


estimadas como base na experiência de projeto, porém devem
agora ser calculadas para a verificação das tensões nas seções.
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PERDAS DE PROTENSÃO PROGRESSIVAS
PARÂMETROS DE CÁLCULO: ESPESSURA E IDADE FICTÍCIA
Um dos fatores principais, que definem o comportamento reológico
do concreto, é a velocidade de saída da água de excesso, não usada
na hidratação do cimento. Ela depende do caminho que a água deve
percorrer até chegar à superfície do elemento e da umidade do
ambiente, que definem a espessura fictícia hfic, calculada por (item
A.2.4.2 da NBR 6118/2014):
Distância média que a água deve
Quanto maior o perímetro
percorrer desde o interior da seção
exposto uar, menor hfic até chegar a superfície do elemento.

γ é o coeficiente que depende da umidade relativa do ambiente (U%):


U ≤ 90 %
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PERDAS DE PROTENSÃO PROGRESSIVAS
PARÂMETROS DE CÁLCULO: ESPESSURA E IDADE FICTÍCIA
A idade fictícia t leva em consideração o histórico de temperatura
durante o endurecimento do concreto e o tipo de cimento (item
A.2.4.1 da NBR 6118/2014):
Idade aparente do concreto em
função das temperaturas
durante o seu endurecimento.

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PERDAS DE PROTENSÃO PROGRESSIVAS
PARÂMETROS DE CÁLCULO: ESPESSURA E IDADE FICTÍCIA
Na falta de dados experimentais para α permite-se o uso dos valores
constantes na tabela A.2 da NBR 6118/2014:

Parametro α em função do
endurecimento do cimento

Este cálculo de idade fictícia não é válido para endurecimento sob


cura térmica a vapor.
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PERDAS DE PROTENSÃO PROGRESSIVAS
a) RETRAÇÃO DO CONCRETO
É a perda de volume, de evolução lenta, que ocorre pela saída de
água em excesso na mistura do concreto não utilizada para a
hidratação do cimento;
A retração ocorre independentemente do estado de tensões a que o
concreto está submetido.
Neste caso, não é a deformação de
retração que diretamente causa a
fissuração, mas a sua restrição. O
encurtamento de uma laje, por
exemplo, é parcialmente impedido
pelos elementos aos quais ela está
ligada. Esta restrição produz tensões
de tração que levam à fissuração.
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PERDAS DE PROTENSÃO PROGRESSIVAS
a) RETRAÇÃO DO CONCRETO
Algumas medidas são importantes para a redução da incidência da
retração:

▪ Não utilizar água em excesso para obter a trabalhabilidade do


concreto. Se necessário, utilizar aditivos;

• Utilizar um procedimento de cura capaz de controlar a evaporação


e evitar a saída rápida da água durante o endurecimento do
concreto;

• Realizar o emprego de armaduras mínimas, de acordo com os


critérios da norma para os ELS;

• Adotar juntas de dilatação na estrutura e juntas de concretagem


em elementos muito longos.
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PERDAS DE PROTENSÃO PROGRESSIVAS
a) RETRAÇÃO DO CONCRETO
No caso de elementos protendidos, a retração do concreto merece
especial atenção, pois é uma das causadoras das perdas de
protensão;

O efeito da retração provoca o encurtamento do concreto e,


consequentemente, o afrouxamento da armadura ativa.

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PERDAS DE PROTENSÃO PROGRESSIVAS
a) RETRAÇÃO DO CONCRETO
Conforme o item A.2.3.1 da NBR 6118/2014, a retração depende dos
seguintes fatores:

▪ Umidade relativa do ambiente;

UMIDADE RETRAÇÃO

▪ Consistência do concreto no lançamento;

CONSISTENTE SLUMP RETRAÇÃO

▪ Espessura fictícia da peça.

hfic RETRAÇÃO
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PERDAS DE PROTENSÃO PROGRESSIVAS
a) RETRAÇÃO DO CONCRETO
O valor da deformação por retração do concreto 𝜀𝑐𝑠 (𝑡,𝑡0) em um
instante t, a partir de t0 (idade fictícia do concreto no instante em que
o efeito da retração na peça começa a ser considerado), é dado por:

O valor final da retração do concreto 𝜀𝑐𝑠∞ é:

𝜀2𝑠 é o coeficiente que depende da espessura fictícia da peça:

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PERDAS DE PROTENSÃO PROGRESSIVAS
a) RETRAÇÃO DO CONCRETO
𝜀1𝑠 é o coeficiente que depende da umidade relativa do ambiente e
da consistência do concreto (tabela A.1 da NBR 6118/2014):

Por exemplo: para um concreto com slump entre 5 e 9 cm, e umidade


relativa do ambiente igual a 70%, o coeficiente 𝜀1𝑠 vale -5,0.10-4
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PERDAS DE PROTENSÃO PROGRESSIVAS
a) RETRAÇÃO DO CONCRETO
𝜀1𝑠 é o coeficiente que depende da umidade relativa do ambiente e
da consistência do concreto (tabela A.1 da NBR 6118/2014):
Para abatimentos entre 5 e 9 cm e
40 % ≤ U ≤ 90%:

𝟒
𝑼 𝑼𝟐 𝑼𝟑 𝑼𝟒
𝟏𝟎 ε𝟏𝒔 = −𝟖, 𝟎𝟗 + − − +
𝟏𝟓 𝟐. 𝟐𝟖𝟒 𝟏𝟑𝟑. 𝟕𝟔𝟓 𝟕. 𝟔𝟎𝟖. 𝟏𝟓𝟎

Os valores de ε1s para U ≤ 90 % e abatimento


entre 0 cm e 4 cm são 25 % menores e, para
abatimentos entre 10 cm e 15 cm, são 25 %
maiores.

Por exemplo: para um concreto com slump entre 5 e 9 cm, e umidade


relativa do ambiente igual a 70%, o coeficiente 𝜀1𝑠 vale -5,0.10-4
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PERDAS DE PROTENSÃO PROGRESSIVAS
a) RETRAÇÃO DO CONCRETO

βs(𝑡) e βs(𝑡0) são os coeficientes que descrevem a evolução da


retração com o tempo:

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PERDAS DE PROTENSÃO PROGRESSIVAS
a) RETRAÇÃO DO CONCRETO
Variação de βs(𝑡) (figura A.3 da NBR 6118/2014):

Para valores de h (hfic) fora do intervalo 0,05 m ≤ h (hfic) ≤ 1,6 m,


adotar os extremos correspondentes;

t: tempo em dias 3 dias ≤ t ≤ 10.000 dias.


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PERDAS DE PROTENSÃO PROGRESSIVAS
b) FLUÊNCIA DO CONCRETO
É a deformação do concreto ao longo do tempo, que ocorre sob
tensão de compressão constante;
A fluência é explicada pelo caráter viscoelástico do material e
envolve uma série de fenômenos de maior ou menor complexidade,
sendo um dos fatores envolvidos a perda de água.
Segundo o item A.2.2.1 da NBR 6118/2014, a deformação por
fluência do concreto εcc(𝑡,𝑡0) em um instante t, a partir de t0 (idade
fictícia do concreto no instante do carregamento), é composta por
uma parcela rápida e uma lenta:
deformação rápida e irreversível deformação lenta e irreversível

deformação lenta e reversível


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PERDAS DE PROTENSÃO PROGRESSIVAS
b) FLUÊNCIA DO CONCRETO
Para o cálculo da fluência, quando as tensões de compressão são
inferiores à 0,5.fck, admitem-se as seguintes hipóteses:

a) A deformação por fluência varia linearmente com a tensão no


concreto;

b) Para carregamentos aplicados em instantes diferentes, é válido o


princípio da superposição dos efeitos;

c) A deformação rápida por fluência, produz deformações


constantes ao longo do tempo; os seus valores são função da
relação entre as resistências do concreto nos instantes 𝑡0 e 𝑡;

d) O coeficiente de deformação lenta reversível depende apenas da


duração do carregamento;
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PERDAS DE PROTENSÃO PROGRESSIVAS
b) FLUÊNCIA DO CONCRETO
Para o cálculo da fluência, quando as tensões de compressão são
inferiores à 0,5.fck, admitem-se as seguintes hipóteses:

e) A deformação lenta irreversível por fluência, depende de fatores


ambientais (U), dimensões da peça (hfic), das idades t0 e t, e da
consistência do concreto no lançamento (slump);
f) Para o mesmo concreto, as curvas
de deformação lenta irreversível em Quanto mais velho o concreto,
função do tempo, correspondentes menor o efeito de εccf :
aos diferentes t0, são obtidas, umas
em relação às outras, por
deslocamento paralelo ao eixo das
deformações.

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PERDAS DE PROTENSÃO PROGRESSIVAS
b) FLUÊNCIA DO CONCRETO
A partir das hipóteses anteriores, a deformação por fluência do
concreto εcc (𝑡,𝑡0) vale:
Nos casos em que a tensão σc(t0) não varia
de forma significativa, permite-se que
essas deformações sejam calculadas
simplificadamente pela expressão

é a tensão no concreto devida ao carregamento aplicado


em t0; peso próprio

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PERDAS DE PROTENSÃO PROGRESSIVAS
b) FLUÊNCIA DO CONCRETO

ϕa é o coeficiente de fluência rápida, determinado por:

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PERDAS DE PROTENSÃO PROGRESSIVAS
b) FLUÊNCIA DO CONCRETO

ϕf∞ é o coeficiente de fluência lenta irreversível, determinado por:

ϕ2C é o coeficiente que depende da espessura fictícia da peça:

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PERDAS DE PROTENSÃO PROGRESSIVAS
b) FLUÊNCIA DO CONCRETO

ϕ1C é o coeficiente que depende da umidade relativa do ambiente e


da consistência do concreto (tabela A.1 da NBR 6118/2014):

Para abatimentos entre 5 e 9


cm e U ≤ 90%:

φ𝟏𝒄 = 𝟒, 𝟒𝟓 − 𝟎, 𝟎𝟑𝟓. 𝑼

Os valores de ϕ1c para U ≤ 90


% e abatimento entre 0 cm e
4 cm são 25 % menores e,
para abatimentos entre 10 cm
e 15 cm, são 25 % maiores.

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PERDAS DE PROTENSÃO PROGRESSIVAS
b) FLUÊNCIA DO CONCRETO

βf(𝑡) e βf(𝑡0) são os coeficientes relativos à deformação lenta


irreversível:

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PERDAS DE PROTENSÃO PROGRESSIVAS
b) FLUÊNCIA DO CONCRETO
Variação de βf(𝑡) (figura A.2 da NBR 6118/2014):

Para valores de h (hfic) fora do intervalo 0,05 m ≤ h (hfic) ≤ 1,6 m,


adotar os extremos correspondentes;

t: tempo em dias 3 dias ≤ t ≤ 10.000 dias.


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PERDAS DE PROTENSÃO PROGRESSIVAS
b) FLUÊNCIA DO CONCRETO

ϕd∞ é o coeficiente de fluência lenta reversível, determinado por:

βd(t) é o coeficiente relativo à deformação lenta reversível função do


tempo decorrido após o carregamento;

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PERDAS DE PROTENSÃO PROGRESSIVAS
VALORES APROXIMADOS DA FLUÊNCIA E DA RETRAÇÃO
Em casos onde não é necessária grande precisão, quando a tensão de
compressão não ultrapassa 0,5 fckj na aplicação do primeiro
carregamento, os valores finais do coeficiente de fluência e da
deformação de retração podem ser obtidos por interpolação linear a
partir da tabela 8.2 da NBR 6118/2014:
Valores característicos
superiores da deformação
específica de retração 𝜀𝑐𝑠
(𝑡∞,𝑡0) e do coeficiente de
fluência ϕ (𝑡,𝑡0).


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ATIVIDADE ACADÊMICA:
4423F-02 - TOPICOS ESPECIAIS - ECIVIL II
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PERDAS DE PROTENSÃO – PARTE 2

– VÍDEO AULA 17 –

Obrigada pela atenção!


Prof.ª Bruna Manica Lazzari
bruna.lazzari@pucrs.br

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