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6 - ESTUDO DO CONCRETO

6.1 - Introdução

O concreto empregado na execução de WHITETOPPING é o tradicionalmente


usado em pavimentos comuns: devem apresentar resistência característica à
tração na flexão da ordem de 4,5 MPa, abatimento do tronco de cone máximo de
60 mm, baixa variação volumétrica, trabalhabilidade compatível com o
equipamento a ser empregado para espalhamento, adensamento e acabamento do
concreto, e consumo de cimento acima dos 320 quilogramas por metro cúbico
de concreto. Ademais, deverá ser obrigatório o uso de aditivos plastificante e
incorporador de ar. Em certas situações críticas quanto à abertura do tráfego,
lança-se mão do concreto de liberação rápida (o fast-track), que permite o
trânsito de veículos após poucas horas depois da concretagem, com segurança;
portanto, para consegui-lo, é necessário que seja realizado um cuidadoso estudo
de dosagem, que considere combinações quanto a tipo de cimento, conteúdo de
água, temperatura do concreto e dos materiais, tipos de aditivos e métodos de
cura, verificando-se, também, as propriedades do concreto tanto no estado fresco
como no endurecido.

6.2 - Conceituação, Histórico e Características das Fibras e do Concreto


Armado com Fibras

O concreto armado com fibras é um material que consiste de uma mistura de


agregados graúdos, miúdos e um aglomerante hidráulico (cimento portland), que
recebe uma dispersão aleatória de pequenas fibras (armadura descontínua). Estas
fibras, distribuídas na massa formando ângulos ao acaso, armam a matriz do
concreto em todas as direções.
Historicamente, utilizam-se fibras para reforçar materiais frágeis desde os
tempos antigos. Como exemplo, citam-se palhas para reforçar tijolos de barro,
crinas de cavalo para armar argamassas de revestimento e, mais recentemente,
fibras de amianto para uso em pasta de cimento portland. Existem patentes
registradas desde o início do século sobre vários métodos de incorporação de
segmentos de arame ou fragmentos metálicos ao concreto, visando combater a
baixa resistência à tração e o caráter relativamente frágil do concreto.

O concreto armado é uma evolução da resolução de parte desse problema, que


se constituía na colocação de barras de aço nas regiões tracionadas dos
elementos, as chamadas armaduras contínuas.

A aplicação efetiva das fibras de aço no concreto só teve início com as pesquisas
desenvolvidas por Romualdi e Batson, e Romualdi e Mandel, no fim dos anos
50 e no início da década de 60. Esses trabalhos se constituíram nos primeiros
passos importantes para o desenvolvimento da tecnologia do concreto armado
com fibras de aço, embasando a primeira patente comercial sobre o seu
emprego, em 1969. Desde então, as fibras de aço vêm sendo otimizadas para sua
incorporação no concreto, paralelamente à evolução das técnicas de mistura,
lançamento, adensamento e acabamento desse tipo de concreto.

As primeiras fibras usadas como reforço de concreto eram retas, de seção


cilíndrica e lisas. Atualmente esse tipo de fibra está em desuso, dando lugar a
fibras de superfície rugosa, extremidades dobradas e encrespadas ou onduladas
em toda a sua extensão, propiciando, assim, melhor ancoragem na matriz
cimentada.
As aplicações do concreto armado com fibras acontecem desde a metade dos
anos 60. Devido à sua grande disponibilidade no mercado e relativo baixo custo,
as fibras de aço vêm sendo incorporadas no concreto com bastante freqüência,
viabilizando técnica e economicamente diversas aplicações, destacando-se:

 pavimentação de aeroportos e rodovias, como camada de base e


revestimento, ou como reforço de pavimentos deteriorados (camada
superposta e Whitetopping );

 pisos industriais resistentes a impacto, abrasão ou choques térmicos;

 concreto refratário, com emprego de cimento aluminoso em peças pré-


moldadas ou jateadas;

 camada de revestimento de tabuleiros de pontes e viadutos;

 concreto projetado para o revestimento de canais, túneis, minas, taludes de


solos ou rocha desagregada;

 pequenas estruturas especiais em casca;

 estruturas resistentes a explosões, usualmente em combinação com


armaduras contínuas.

A maioria das fibras de aço comercializadas são produzidas pelo corte de arames
ou de chapas de aço e têm diâmetros equivalentes (baseados na área da seção
transversal) entre 0,25 mm e 1,0 mm. Essas fibras apresentam seções
transversais típicas, obtidas pelo corte de chapas ou pelo achatamento de
arames, com espessura variando de 0,15 mm a 0,40 mm e largura de 0,25 mm a
0,90 mm. São produzidas também fibras de aço onduladas e encrespadas.
O parâmetro geométrico que caracteriza as fibras de aço é a relação de aspecto,
definida pela divisão do comprimento da fibra pelo seu diâmetro equivalente,
variando geralmente entre 30 e 100. As fibras de aço disponíveis no mercado
têm comprimento entre 15 mm e 75 mm e relações de aspecto (L/D) menores do
que 100, valor este considerado como limite pela literatura técnica especializada.
A Figura 1 apresenta alguns tipos de fibras com diferentes formatos e seções
transversais.

(a) Cilíndrica (b) Seção retangular (c) Seção variável


(d) Seção circular e ondulada (e) Extremidades (f) Processo de fundi-
(g) Bordas espessadas dobradas ção com variação de
seção.

Figura 1 - Formatos de fibras de aço comercializadas.


6.3 - Propriedades Mecânicas do Concreto Armado com Fibras

Quando os corpos-de-prova do concreto armado com fibras são solicitados à


flexão, observam-se dois estágios de comportamento na curva
carga x deformação, como mostra a Figura 2.
Carga

Deformação

Fig. 2 - Diagrama esquemático carga x deformação

Até o ponto A, a representação gráfica é aproximadamente linear, tornando-se, a


partir daí, significativamente não-linear e atingindo um máximo no ponto B. A
carga ou tensão correspondente ao ponto A denomina-se resistência à primeira
fissura, limite elástico ou limite proporcional, enquanto que a tensão
correspondente ao ponto B é designada como resistência final.

Para que se entenda o desenvolvimento do diagrama acima, é necessário


comentar sobre o trabalho desenvolvido pela fibra dentro do concreto.
A resistência do concreto ou da argamassa com uma falha interna na estrutura
pode ser aumentada pelo aumento da rigidez da fratura, pela redução do
tamanho das falhas ou pelo decréscimo do fator de intensidade de tensão na
extremidade interna das fissuras. As fibras internas à peça buscam desenvolver e
atingir tais caraterísticas.

Sem as fibras as fissuras se propagam muito mais facilmente; todavia, se


aparecem fissuras e a tensão de ruptura das fibras é muito maior (diz-se ser 10
vezes maior) do que a tensão de ruptura do cimento, as fibras permanecem no
lugar costurando a fissura. Naturalmente, as fibras, embora possuindo uma
deformação maior que a matriz, precisam resistir à carga colocada sobre elas,
quando a matriz se rompe.

Se ambas as condições forem satisfeitas, mesmo ocorrendo fissuras ao longo da


peça, ela não se romperá, por causa das fibras que a sustentam.

Não se pode deixar de lado as variáveis importantes em relação às fibras, que


afetam as propriedades do concreto, principalmente relacionadas à resistência do
material. As variáveis são o conteúdo, a geometria, a distribuição e o
espaçamento das fibras.

São propostos dois mecanismos para prever a resistência à primeira fissura do


concreto armado com fibras. Um deles relaciona a resistência com o
espaçamento das fibras, enquanto o outro a relaciona com o volume, orientação
e relação de aspecto delas. O mecanismo de espaçamento das fibras baseia-se na
ação de contenção da fissura pelas fibras e nos conceitos mecanísticos de fratura
linear elástica; o segundo mecanismo fundamenta-se nas leis da mistura de
materiais compostos. Ambos serão discutidos em seguida.
É de consenso geral que a resistência final é relativamente insensível ao
espaçamento das fibras, sendo dependente principalmente de volume, relação de
aspecto e das suas características de aderência.

Na prática, muitas das fissuras formam-se ao mesmo tempo sob uma mesma
tensão e o concreto armado tem, então, propriedades determinadas pelo tipo,
quantidade e disposição das fibras.

De grande interesse é o fato de que tanto o espaçamento quanto a espessura das


fissuras diminuem com a redução do diâmetro das fibras, significando que com
fibras pequenas, embora possa haver um grande número de fissuras, elas não são
prejudiciais e nem sempre podem ser visíveis o suficiente para causarem danos
estéticos à peça.

As fibras, em geral, apresentam pequena influência no módulo de elasticidade,


na deformação lenta, no coeficiente de Poisson, na resistência à compressão e na
condutibilidade térmica. Porém, o módulo de ruptura, a resistência ao
cisalhamento, à torção e à fadiga podem até dobrar.

A capacidade de absorver energia por impacto pode ser até quintuplicada,


constituindo-se numa das grandes vantagens desse tipo de concreto. Essa
característica pode ser melhor visualizada pela curva carga-deformação
apresentada na Figura 2. A área sob a curva pode ser definida como a rigidez do
material e representa a energia absorvida para a ruptura total do corpo-de-prova.
Menciona-se, ainda, que a presença das fibras impede a fragmentação do
concreto após a ruptura, fato esse muito importante em algumas de suas
aplicações.
Outra propriedade que é melhorada de forma significativa é a resistência à
tração na flexão. Ocorrem elevações da resistência mecânica, relativa à primeira
fissura, de até 150 % sobre os valores dos concretos sem fibras. Os ensaios de
tração por compressão diametral podem indicar aumentos de até 100 %.

Estudos sobre o efeito na fadiga apresentam evidências experimentais de


aumento da vida útil com o aumento do teor de fibras na mistura, em parte pelo
quadro de fissuração que se forma. As fissuras são de menor abertura e melhor
distribuídas, sendo reduzida a ocorrência de fissuras deletérias sob o ponto de
vista de durabilidade.

Em suma, de acordo com experiências internacionais, a inclusão de fibras de aço


nos concretos promove melhoria nas propriedades físicas. O Quadro 1 mostra os
valores fornecidos por estudiosos do assunto.

Quadro 1 - Propriedades dos concretos armados com fibras de aço


Aumento porcentual sobre o concreto
Propriedade
sem fibras (%)
Tensão correspondente à primeira fissura 30 a 50
Tensão final de ruptura 70 a 100
Resistência à compressão 10 a 25
Limite de fadiga na flexão 150 a 200
Resistência ao impacto 100 a 200
6.3.1 - Espaçamento das fibras

Romualdi e Batson concluíram que para aumentar a resistência à tração da


argamassa era necessário reduzir o fator de intensidade de tensão, usando, para
tal fim, arames pouco espaçados entre si como impedidores de fissuras.

Romualdi e Mandel mostraram que esses pequenos espaçamentos entre as fibras


poderiam ser obtidos por meio da distribuição de fibras pequenas diretamente na
argamassa.

Ensaios feitos por Snyder e Lankard também demonstram o efeito do reforço


com fibras sobre a resistência à primeira fissura. Todos os ensaios foram
conduzidos com um teor constante de aço de 2 % em volume. As variações no
espaçamento foram determinadas pela variação do diâmetro da fibra, de acordo
com a seguinte expressão para a média dos espaçamentos das fibras:

1,0
s = 13,8d p
(1)

em que:

s = espaçamento entre os centros das fibras;


d = diâmetro da fibra;
p = teor de fibras, expresso em porcentagem do volume.

Os resultados de Snyder e Lankard também ilustram a sensibilidade dos resultados


ao comprimento das fibras, assim como à média dos espaçamentos entre elas.
McKee deduziu uma equação para o espaçamento das fibras, cujos resultados são
ligeiramente diferentes daqueles da equação 1, que é dado por:

s = 3

(2)

em que:

V = volume de uma fibra;


p = volume das fibras na argamassa, em porcentagem.

6.3.2 - Conceito de compósitos

Quando uma viga de argamassa ou de concreto simples é submetida a aumento


de cargas, fissuras na zona de tração levam-na imediatamente à ruptura. No
entanto, nota-se que a fissura no concreto não é um fenômeno isolado. Medidas
cuidadosas revelaram que a fissura causadora da ruptura da viga é precedida
pelo crescimento lento de uma microfissura.

Para concreto armado com fibras, o limite proporcional é definido pela carga
abaixo da qual um material é essencialmente e linearmente elástico. Abaixo
desse limite a influência da fissura da matriz pode ser negligenciada.

O diagrama carga x deformação é aproximadamente linear até o limite


proporcional. Pode-se afirmar que tanto o concreto simples quanto as fibras têm
um comportamento elástico até essa carga; esse limite de carga é comumente
chamado de limite elástico ou resistência à primeira fissura do compósito.

A adição de 4,6 % no volume de fibras aumenta apenas ligeiramente o limite


elástico, de 6,4 MPa para 7,5 MPa; de forma contrastante, a carga máxima é
mais do que dobrada. O aumento do volume de fibras aumenta quase que
linearmente o limite proporcional.

Outros pesquisadores também observaram que o efeito das fibras sobre a


resistência à primeira fissura de compósitos armados com até 4 % de fibras -
submetidos à flexão, à tração e à compressão - é pequeno e linear.

Para se ter noção da influência das fibras sobre as propriedades elásticas do


compósito, lança-se mão da seguinte equação:

Ec = Ef . Vf + Em . Vm (3)

sendo:

Ec, Ef e Em  = módulos de elasticidade do compósito, fibras e  matriz;


Vm =  fração de volume da matriz;
Vf    =  fração de volume das fibras ajustada para o efeito da aleatoriedade.

A Eq. 3 é rigorosamente válida para compósitos com fibras contínuas,


comportamento elástico dos componentes e sem escorregamento entre as fibras
e a matriz.

Já que as fibras têm comprimento limitado, é possível que apareçam algumas


microfissuras antes do limite proporcional (resistência à primeira fissura),
devidas à perda de aderência que pode ocorrer com as fibras.
Conseqüentemente, no caso de concreto armado com fibras, essa equação é
somente uma solução de compromisso para o módulo de elasticidade e o limite
proporcional. Alguns resultados experimentais sustentam essa conclusão.
Há muitas abordagens teóricas a considerar para se prever a influência da
orientação das fibras nas propriedades elásticas do compósito. O fator eficiência,
o qual é definido como a porcentagem de contribuição do volume total numa
dada direção, varia de 17 % a 41 % ou até 80 %. Como existem pouquíssimos
dados experimentais a serem considerados, a validade das muitas abordagens
teóricas permanece questionável.

6.3.3 - Resistência final e tenacidade

Na Figura 2, o gráfico carga x deformação é não-linear além do ponto A e


alcança o máximo no ponto B, onde ocorre a resistência final.

Diferentemente do concreto armado tradicional, a carga máxima é controlada


principalmente pelo arrancamento gradual das fibras, sendo a tensão na fibra sob
carga final substancialmente menor do que a tensão limite da fibra. Após a carga
máxima, o decréscimo de carga com o aumento das deformações é muito menor
para o concreto armado com fibras do que para o concreto simples.

Em conseqüência, a energia total absorvida antes da separação completa de uma


viga é, pelo menos, de uma ordem de grandeza mais elevada para o concreto
armado com fibras do que para o concreto simples; a energia é absorvida na
perda de aderência e no estiramento das fibras.

A importância relativa de cada efeito depende da curva tensão x deformação das


próprias fibras. A resistência final do concreto armado com fibras depende do
teor de fibras e da relação de aspecto. Embora muito dos trabalhos relacionados
com o concreto armado com fibras tenham sido feitos com vigas, os efeitos das
fibras se aplicam, dentro de certos limites, à tração uniaxial e à compressão. Há
um aumento considerável na dutibilidade ou tenacidade, como evidenciado por
uma porção descendente bem menos íngreme da curva tensão x deformação para
o concreto armado com fibras, comparado ao concreto simples submetido à
compressão.

Sob carga máxima na flexão, parte da seção transversal da matriz fissura e


algumas das fibras podem ter perda parcial de aderência. Assim, não é possível,
de fato, prever racionalmente a resistência final do concreto armado com fibras;
entretanto, com base em resultados experimentais e em teorias de compósitos,
sugere-se uma abordagem empírica.

Os dois fatores mais importantes que influenciam a carga máxima são o teor de
fibras e a sua relação de aspecto. Além disso, mostra-se que, se a segregação das
fibras for evitada, o aumento do teor de fibras aumenta mais ou menos
linearmente a resistência do compósito. Da mesma forma mostra-se que, até a
relação de aspecto de 150, o aumento linear da relação de aspecto aumenta a
carga máxima.Com base nesta observação, a resistência final do compósito é
dada por:

Sc = A . Sm . (1 - Vf) + B . Vf L/d (4)

na qual:
Sc e Sm =   valores de tensão do concreto armado com fibras composto e da
matriz, argamassa ou concreto, respectivamente;
Vf = volume de fibras, em porcentagem;
L   = comprimento das fibras;
d   = diâmetro da fibra;
A e B   =  constantes que podem ser determinadas graficamente,
comparando-se a resistência do compósito com o valor de V f
L/d.
O primeiro termo do lado direito da Eq. 4 representa a contribuição da matriz
sob carga máxima. O valor máximo da constante A é 1; a constante B depende
da aderência entre as fibras e a matriz e da aleatoriedade das fibras. Quanto mais
elevada a aderência e melhor o alinhamento das fibras na direção da carga;
maior será o valor da constante B; tendo esta as mesmas unidades de S c e Sm.
Essa equação se aplica somente quando a fratura ocorre a partir da soltura das
fibras.

A tenacidade é definida como o total de energia absorvida antes da separação


completa do corpo-de-prova. Esta energia pode ser medida pela tomada da área
sob a curva tensão x deformação, na compressão ou tração, ou pela área sob a
curva carga x deformação, na flexão.

Outra maneira de medir a energia absorvida é por meio de um ensaio de


impacto; é evidente que a tenacidade dependerá do tipo e da taxa de
carregamento.

A tenacidade no concreto simples está relacionada com a evolução da fissura. O


concreto tem maior tenacidade do que a pasta de cimento, por causa da maior
evolução de microfissuras no concreto em virtude da presença de agregados. Na
presença de fibras, as fissuras não se estendem, a não ser quando acontecem o
estiramento e a soltura das fibras. Conseqüentemente, é necessária energia
adicional considerável antes que ocorra a fratura completa do material.

Vários pesquisadores demonstraram que a tenacidade do concreto armado com


fibras está pelo menos em uma ordem de grandeza mais elevada do que a do
concreto simples. Portanto, o aumento na tenacidade é um progresso
significativo resultante da adição de fibras.
Há escassez de dados quantitativos disponíveis sobre tenacidade, tanto para o
concreto simples quanto para o concreto armado com fibras, mas pode-se
afirmar que alguns dos mesmos parâmetros que influenciam a carga máxima
também influenciarão a tenacidade, como a orientação e o conteúdo de fibras e
sua relação de aspecto. Além disso, a curva tensão x deformação da própria fibra
exerce influência no total de energia absorvida. Observa-se aumento de
tenacidade quando há o aquecimento de fibras não-tratadas de alta resistência,
resultante da energia adicional absorvida em razão do estiramento da fibra.

6.4 - Aplicações em Pavimentação

Como conclusão lógica das propriedades apresentadas, as aplicações mais


difundidas dos concretos com fibras de aço são as feitas em pavimentos
rodoviários, aeródromos e pisos industriais, tanto como novos pavimentos
quanto como reforço de pavimentos já existentes.

Listam-se algumas obras envolvendo trechos experimentais e obras comerciais


que mostram a expansão dessa tecnologia:

 Áreas de estacionamento de aeronaves na U.S Army Waterways Experiment


Station, em Vicksburg, Miss. (EUA), em junho e outubro de 1971,
submetidas ao tráfego simulado de cargas de trem-de-pouso do avião Galaxy
C5A. A avaliação dessas áreas indicou a possibilidade de redução de metade
da espessura da placa de concreto com fibras de aço em relação a uma similar
de concreto simples;

 Whitetopping do pátio de manutenção de blindados do Fort Hood, no Estado


do Texas (EUA) - uma das primeiras aplicações não-experimentais - com
espessuras variando entre 10 cm e 13 cm. O volume aproximado de concreto
consumido foi de 2400 m3;

 McCarran International Airport, em Las Vegas (EUA), no ano de 1976 -


Whitetopping de pavimento asfáltico antigo, com espessura de 15 cm, numa
área total de 52.700 m2, contra a alternativa de uma camada de concreto
simples de espessura igual a 37,5 cm. Com o bom desempenho observado,
foi autorizada a execução de um segundo trecho com 17,5 cm de espessura e
juntas de retração serradas, espaçadas de 15 m. Ambas as áreas suportaram
solicitação de aeronaves do tipo DC-8, DC-10 e Boeing 747, com cargas
brutas variando de 159 t a 352 t;

 Área de taxiamento de aeronaves, com cerca de 33.450 m 2, na Naval Air


Station, em Fallon, Nevada (EUA), em 1980 - revestimento com espessura de
13 cm, com juntas de retração serradas a cada 12 m;

 Pavimentação da nova fábrica da Chrysler Corporation, próxima a Detroit,


concluída em meados de 1992, com área pavimentada de aproximadamente
120.000 m2, cujo consumo de fibras de aço atingiu cerca de 500 toneladas. É
considerada a maior aplicação de concreto com fibras de aço nos EUA.

Ainda são poucas as estatísticas sobre o emprego do concreto armado com fibras
de aço; entretanto, autores como Tatnall, P.C e Kuitenbrower, L. citam que até
1992 uns 25 milhões de metros quadrados de pavimentos já haviam sido
construídos somente na Europa. Só no ano de 1991, na Bélgica e na Holanda,
cerca de 40 % do total de pisos construídos fizeram uso de fibras de aço, numa
área estimada de 2,5 milhões de metros quadrados. No Canadá, as aplicações se
iniciaram em 1983, com área de pisos da ordem de 420.000 m2, até 1992.
6.5 - Estudos de Dosagem e Ensaios de Caracterização - Procedimento

Existem diversos procedimentos ou metodologias para se obter concretos que


atendam aos requisitos de resistência, durabilidade, trabalhabilidade e economia.
Nesses procedimentos são levados em consideração as características da
estrutura e os meios de transporte, lançamento e adensamento do concreto.

Devido à variedade dos materiais empregados na produção dos concretos, de


região para a região, esses procedimentos não podem ser aplicados em caráter
geral, pois foram estabelecidos em função dos materiais de cada uma dessas
regiões. Desta forma, as dosagens obtidas por meio deles necessitam correções,
que são tanto maiores quanto maior for a diferença existente nas características
dos materiais e, para realizá-las, são necessárias experiência e sensibilidade do
profissional por elas responsável.

A experiência mostra que para concretos de pavimentos os aspectos principais


de uma dosagem, que são o teor de argamassa e o teor de água, variam entre
limites muito próximos, o que reduz de forma significativa o trabalho
experimental. Assim, considerando a limitação do valor máximo da dimensão
máxima característica do agregado em 38 mm e o abatimento na faixa de
50 mm  10 mm, tem-se constatado que o teor de argamassa varia de 44 % a
50 % (concreto simples) e o teor de água, expresso em termos porcentuais em
relação à mistura dos componentes na condição seca, varia entre 7,5 % e 8,5 %,
na maioria dos casos. Para concreto armado com fibras, o teor de argamassa é
superior a 50 %, propiciando melhor distribuição das fibras na massa.

Segundo a bibliografia internacional, o teor de fibras deve variar de 0,5 % a


2,0 % em volume, sendo que acima desse limite ocorre dispersão das fibras e o
concreto resultante é de baixa trabalhabilidade.
A maioria das experiências diz respeito ao uso de fibras de aço com agregados
de peso normal e cimento portland como aglomerante. O estágio atual dos
métodos de dosagem dos materiais para aumentar a característica aglomerante
da matriz está ainda em desenvolvimento.

Pesquisas recentes mostram que o consumo de cimento pode ser reduzido com o
uso de cinzas volantes. A trabalhabilidade é aumentada sem afetar a resistência à
flexão ou à compressão; no entanto, não se determinou o efeito sobre outras
propriedades do concreto com fibras.

Por essas razões, o estabelecimento de uma metodologia de dosagem


padronizada, escolhida dentre aquelas usualmente adotadas pelos diversos
profissionais, não é aconselhável. Neste Manual apresenta-se um roteiro para
dosagem do concreto, complementado pela relação de ensaios de caracterização
que visam verificar as dosagens estudadas e, dessa forma, definir aquela mais
adequada (DNER 15).

Outro aspecto tecnológico de relevância, no caso de pavimento de concreto em


geral e de Whitetopping em particular, é o atendimento à resistência à tração na
flexão estabelecida no projeto. As dificuldades na verificação desta resistência,
que exige a moldagem de corpos-de-prova prismáticos e maiores cuidados na
realização do ensaio, faz com que se procure correlacioná-la com a resistência à
compressão, de mais fácil avaliação.

A correlação depende, dentre outros fatores, da aderência pasta-agregado


graúdo, que varia em função da textura superficial, porosidade superficial e das
características petrográficas desse agregado. No Manual de Pavimentos Rígidos
do DNER, Volume 1, sugere-se um procedimento para a determinação dessa
correlação.
Os estudos realizados objetivaram estabelecer a rotina a ser adotada nas
dosagens e em ensaios de caracterização de concretos de cimento portland
destinados à execução de Whitetopping.

Pressupõem que os materiais constituintes do concreto (cimento, agregados,


água e aditivos) foram previamente caracterizados e considerados satisfatórios,
segundo as normas do DNER e da ABNT e, portanto, submetidos aos seguintes
ensaios:

6.5.1 - Ensaios de caracterização dos materiais

Os ensaios devem ser realizados preliminarmente e têm finalidade de identificar


as fontes cujos materiais são adequados à fabricação de concreto de cimento
portland destinado a Whitetopping.

Os ensaios são aqueles indicados nas recomendações e normas do DNER, a


seguir relacionadas:

 DNER 28 - Investigação e seleção de fontes de materiais para pavimentos de


concreto de cimento portland;

DNER ME 34/70 - Água para amassamento de concreto de cimento portland;

DNER 1 - Aditivos para concreto - Especificação.

6.5.2 - Ensaios de caracterização da amostra

Os ensaios devem ser realizados em amostras representativas extraídas dos


materiais destinados aos estudos de dosagem. Partem do pressuposto que essas
amostras são oriundas de fontes preliminares caracterizadas, cujos materiais já
foram submetidos aos ensaios de caracterização e considerados adequados.

Nessa fase devem ser realizados os seguintes ensaios:


a) Cimento portland

 Finura na peneira no 200 - NBR 7215

 Tempos de pega - NBR 7215

 Resistência à compressão - NBR 7215

b) Agregado graúdo

 Análise granulométrica e módulo de finura - NBR 7217

 Teor de argila em torrões e materiais friáveis / NBR 7218

 Teor de materiais pulverulentos - NBR 7219

 Massa unitária solta seca - NBR 7251

 Absorção e massa específica - NBR 9937

c) Agregado miúdo

 Análise granulométrica e módulo de finura - NBR 7217

 Teor de argila em torrões e materiais friáveis - NBR 7218

 Teor de materiais pulverulentos - NBR 7219

 Impurezas orgânicas húmicas - NBR 7220

 Massa unitária solta seca - NBR 7251

 Massa específica por meio do frasco de Chapman - DNER 2

 Absorção de água - NBR 9777


d) Água

 Ensaio comparativo de tempos de pega - DNER 6

e) Aditivos

 Aditivos para concreto - Verificação da uniformidade e equivalência -


DNER 2

NOTA: Na fase de caracterização dos aditivos, os ensaios de verificação do


desempenho devem ser realizados utilizando-se os demais materiais
constituintes já caracterizados e considerados adequados.

6.6 - Requisitos para o Concreto Armado com Fibras Destinado a


Whitetopping

Os estudos de dosagem devem ser efetuados visando obter concreto que


apresente características que atendam aos seguintes requisitos:

6.6.1 - Requisitos estabelecidos no projeto

fctM, k = resistência característica do concreto à tração na flexão.

6.6.2 - Requisitos decorrentes do método de construção

A consistência do concreto deve ser fixada em função do método executivo


adotado para a construção do pavimento.

Cabe ressaltar que a consistência fixada para o concreto tem de ser compatível
com as diversas fases a que é submetido o concreto: mistura, transporte,
lançamento e adensamento. Escolhe-se o método de ensaio para medir a
consistência do concreto levando-se em consideração o intervalo em que cada
método tem repetibilidade. Assim sendo, e utilizando como parâmetro o
abatimento medido no tronco de cone (NBR 7223), adotam-se os métodos:

 Abatimento no tronco de cone (NBR 7223) para concretos com


abatimento  20 mm;

 Índice VeBe (DNER ME 94/78) (Revisão), para concretos com abatimento


< 20 mm.

6.6.3 - Requisito estabelecido pelas normas de execução (DNER 36, DNER


37 e DNER 18 - Manual de Pavimentos Rígidos, Volume 1) .

Teor de ar incorporado máximo : 5 % .

6.6.4 - Requisitos estabelecidos pela NBR 7583

 Consumo mínimo de cimento : 320 kg/m3;

 Relação água/cimento entre 0,40 e 0,56;

 Dimensão máxima do agregado graúdo: 1/5 a 1/4 da espessura da placa, e


nunca superior a 50 mm;

 Abatimento medido no tronco de cone (máximo) : 60 mm.

Obs: para Whitetopping, a dimensão máxima do agregado graúdo fica limitada


em 38 mm e a medida do abatimento do tronco de cone é feita após a adição das
fibras.

6.6.5 - Outros requisitos

 Exsudação: embora não se disponha de valores limites nas especificações, é


conveniente que nos concretos para Whitetopping seja seguido o prescrito
para concretos de pavimentos em geral, ou seja, que a exsudação seja
bastante reduzida (não superior a 5 % - DNER 21).

Outros requisitos devem ser impostos quando o pavimento estiver sujeito à


ação de agentes agressivos, presentes no solo ou atuando na superfície, em
decorrência do tipo de material transportado.

6.7 - Roteiro Básico para o Estudo de Dosagem e Caracterização do


Concreto

Os estudos de dosagem e caracterização do concreto para Whitetopping


envolvem o cálculo analítico da dosagem, o preparo do concreto em laboratório
e a determinação do proporcionamento final dos materiais constituintes em
função dos dados obtidos.

A seguir, descreve-se o roteiro básico para o estudo e caracterização do


Whitetopping, cujas diversas etapas devem ser seguidas, independentemente do
método de dosagem adotado.

6.7.1 - Cálculo analítico

O cálculo analítico das dosagens experimentais, que devem ser preparadas em


laboratório, deve ser efetuado em função das características dos materiais
existentes, por qualquer método experimental, visando atender aos requisitos
especificados, conforme segue:

 Calcular a dimensão máxima do agregado graúdo em função da espessura da


placa do pavimento e definir a maior graduação do agregado a ser utilizada;

 Determinar as porcentagens de cada graduação de agregado graúdo,


conforme o método de dosagem adotado. Em função do método, efetuar os
ensaios adicionais nos agregados que se fizerem necessários;
NOTA: Nesta etapa poderá ainda ser determinada, conjuntamente, a
porcentagem de agregado miúdo, caso o método adotado assim prescreva.

 Especificar a consistência do concreto e indicar o método de ensaio que será


empregado para medi-la;

 Calcular analiticamente, segundo o método de dosagem adotado, no mínimo


3 (três) traços de concreto para ser preparados em laboratório. Estes traços
devem apresentar relações água/cimento compreendidas no intervalo
especificado pela NBR 7583. Devem ser calculados de modo que o consumo
de cimento, o teor de ar incorporado e a consistência atendam aos valores
considerados limites nas normas pertinentes.

6.7.2 - Preparo em laboratório

As dosagens experimentais calculadas devem ser preparadas em laboratório


conforme a norma DNER 27, de forma a permitir a caracterização do concreto
no estado fresco e endurecido.

Caracterização do concreto fresco

Preparar as dosagens em laboratório, efetuando os ajustes necessários à


obtenção dos requisitos especificados. Nessa fase devem ser realizados os
seguintes ensaios no concreto fresco:

 Consistência (antes e depois da adição das fibras) - NBR 7223 ou DNER


ME 94/78 (Revisão);

 Teor de ar incorporado - DNER 22.


Recomenda-se, ainda, que sejam realizados os seguintes ensaios adicionais, que
poderão fornecer dados importantes para a análise do prazo necessário ao corte
das juntas e condições da superfície da placa:

 Tempos de pega do concreto - NBR 9832;

 Exsudação do concreto - DNER 21.

NOTA: No caso de emprego de fôrmas deslizantes, poderão ser necessários


ainda testes adicionais no campo, com o equipamento em funcionamento,
para que se possa proceder aos ajustes finais das propriedades do concreto
fresco.

Caracterização do concreto endurecido

Após o ajuste das dosagens experimentais em função dos requisitos necessários


para o concreto no estado fresco, estas devem ser novamente preparadas em
laboratório para a obtenção de corpos-de-prova destinados aos seguintes ensaios
no concreto endurecido:

 resistência à tração na flexão - DNER 23;

 resistência à compressão - NBR 5739.

NOTA: Os seguintes ensaios poderão fornecer subsídios para o julgamento de


materiais de diversas origens, principalmente em se tratando de cimento:

 retração por secagem - DNER 25;

 absorção por imersão, índice de vazios e massa específica - NBR 9778;

 absorção d'água por capilaridade - NBR 9779.


6.7.3 - Determinação da dosagem final

Atendidos os requisitos especificados para o concreto no estado fresco, devem


ser estabelecidas, em função dos resultados dos ensaios de resistência, as
seguintes correlações:

 Resistência à tração na flexão em função da relação água/cimento;

 Resistência à compressão em função da relação água/cimento.

Pode-se determinar também a correlação entre a resistência à compressão


diametral e a relação água/cimento.

Utilizando-se essas correlações, deve ser determinada a relação água/cimento


referente à resistência característica à tração na flexão (f ctM, k) e a resistência à
compressão (fc) correspondente.

Calcula-se a resistência de dosagem a partir da expressão:

fctM, j = fctM, k + 0,84 sd

em que:

fctM, j = resistência à tração na flexão de dosagem do concreto, na idade de j dias;

fctM, k = resistência característica à tração na flexão do concreto;

sd = desvio padrão de dosagem, que deve assumir os seguintes valores:

a) Quando forem conhecidos pelo menos 32 resultados de ensaio de uma mesma


dosagem da obra considerada ou de outra cujo concreto tenha sido executado
com o mesmo equipamento e iguais organização e controle de qualidade.
Neste caso, adotar para sd o valor do desvio padrão dos resultados dos ensaios
à tração na flexão dos corpos-de-prova moldados na obra.
b) Quando não for conhecido o desvio padrão, ou o número de resultados for
inferior a 32, a resistência de dosagem deve ser estabelecida em função da
resistência à tração na flexão (fctM, k), adotando para desvio padrão valores
relacionados com o padrão de qualidade com o qual se pretenda conduzir a
execução:

b.1) Padrão rigoroso - Quando houver assistência de profissional legalmente


habilitado, especializado em tecnologia do concreto, todos os materiais
forem medidos em massa e houver medidor de água, corrigindo-se as
quantidades de agregado miúdo e de água em função de determinações
freqüentes e precisas do teor de umidade dos agregados, e houver garantia
de manutenção, no decorrer da obra, da homogeneidade dos materiais a
serem empregados.

 sd = 0,6 MPa

b.2) Padrão razoável - quando houver assistência de profissional legalmente


habilitado, especializado em tecnologia do concreto, o cimento for medido
em massa e os agregados em volume, e houver medidor de água, com
correção do volume do agregado miúdo e da quantidade de água em função
de determinações freqüentes e precisas do teor de umidade dos agregados.

 sd = 0,9 MPa

NOTA: em nenhum caso, o valor de sd adotado pode ser menor do que 0,6 MPa.

6.8 - Certificado de Dosagem

No certificado de dosagem devem constar os seguintes dados:


6.8.1 - Materiais constituintes do concreto

Devem constar a data da amostragem e os resultados dos ensaios de rotina, além


de:

 cimento - marca, tipo e classe;

 agregados - origem e fornecedor;

 água - origem;

 aditivos - marca, tipo e dosagem;

 fibras - tipo e fornecedor.

6.8.2 - Requisitos para o concreto

Devem constar todos os requisitos, conforme o item 1.6.

6.8.3 - Dosagens experimentais preparadas

Devem constar as dosagens experimentais preparadas e os resultados dos


ensaios correspondentes, efetuados no concreto fresco e endurecido, bem como
as correlações obtidas entre as resistências à tração na flexão e à compressão e a
relação água/cimento.

6.8.4 - Dosagem final

Determinação do traço final em função dos requisitos preestabelecidos.


6.9 - Mistura

Os métodos de mistura, lançamento, adensamento e acabamento vêm sendo


desenvolvidos e direcionados particularmente para pavimentos. A maior
dificuldade no manuseio de concreto armado com fibras de aço é que este requer
planejamento e controle meticulosos e mão-de-obra especializada. Na realidade,
os métodos mecânicos de produção e manuseio do concreto tradicional podem
ou não ser apropriados ao concreto armado com fibras, dependendo de muitos
parâmetros de mistura envolvidos. Acima de tudo, é necessário que se tenha
uma distribuição uniforme das fibras e que se previna a segregação ou a
formação de grumos durante a mistura.

Fatores como o aumento da relação de aspecto (principalmente) e na


porcentagem do volume (teor de fibras), tamanho, granulometria e quantidade
do agregado graúdo, relação água/cimento e método de mistura, afetam a
distribuição das fibras e intensificam a tendência à formação de grumos.

Para uma mistura uniforme, a relação de aspecto de arame de seção circular e de


fibras de aço lisas e longas deveria ser de 100, no máximo; teores de fibras de
aço acima de 2 % em volume também dificultam a mistura.

Por causa da adsorsão, a quantidade de água variará com o tipo e a natureza da


fibra. Uma das características do concreto armado com fibras de aço é a de que
ele sofre um decréscimo no abatimento, ou seja, perde consistência, com o
aumento do teor de fibras. A plasticidade da mistura é importante para garantir a
dispersão adequada das fibras. A experiência com concretos para pavimento
recomenda relações água/cimento entre 0,4 e 0,5 e requer consumos de cimento
de 320 a 430 kg/m3, para que se obtenha teor de pasta adequado capaz de cobrir
a grande superfície específica das fibras.

Aditivos tradicionais são comumente usados em concretos armados com fibras,


como incorporadores de ar, redutores de água e controladores de retração.

A escolha do método de mistura dependerá das necessidades e dos recursos


disponíveis. O concreto poderá ser produzido em caminhões-betoneiras, em
central fixa ou em pequenas betoneiras de laboratório. O objetivo é obter uma
mistura uniforme, sem segregação e sem formação de grumos, elementos
indesejáveis e cujas razões de ocorrência já foram mencionadas.

As fibras de aço têm uma tendência maior ao entrelaçamento e,


conseqüentemente, à formação de grumos que se assemelham a ninhos de aves,
tendo em vista seus diferentes formatos e pouca flexibilidade, que impedem ou
dificultam sua movimentação.

É importante salientar que, nas próprias embalagens, as fibras já se apresentam


com grandes grumos. Assim, para que possam ser lançadas na mistura é
primordial a existência de um sistema enérgico de vibração, de modo que esses
grumos sejam desfeitos. Nunca se deve incorporar o grumo no misturador, já
que este não se desmanchará pelo efeito da mistura.

O lançamento das fibras no concreto deve ser feito por peneiramento, quando de
sua mistura e preferencialmente entes da adição da água de amassamento.

Para grandes volumes, usando-se fibras de aço independentes, central


misturadora ou caminhões-betoneiras, a colocação dos materiais para a mistura
deve obedecer a uma das seguintes seqüências:

a) lançar as fibras a partir de um alimentador na correia que lança os agregados


e o cimento no misturados, cuidando-se para evitar a formação de grumos
(empelotamento) das fibras;

b) misturar as fibras e os agregados antes de carregar o misturador, através de


correia transportadora ou misturador pneumático, por exemplo. Seguem-se os
procedimentos normais de mistura (adição de cimento, água e aditivos);
c) misturar os agregados miúdo e graúdo no misturador e em seguida adicionar
as fibras. Por último, adicionar o cimento e a água simultaneamente ou o
cimento seguido da água e dos aditivos, nessa ordem;

d) adicionar as fibras aos agregados previamente carregados e parte da água. Em


seguida, adicionar o cimento e o restante da água;

e) Lançar todos os ingredientes a seco no misturador previamente carregado


com a água de amassamento;

f) Adicionar as fibras como última etapa da mistura.

O tempo de mistura é o mesmo dos concretos tradicionais. Para se concluir


sobre o melhor método, face aos recursos disponíveis, é de suma importância a
verificação da seqüência recomendada para a colocação dos materiais e
introdução das fibras, durante mistura experimental na central fornecedora do
concreto, antes de seu envio à frente de serviço.

6.10 - Normas Aplicáveis

Para os ensaios de caracterização dos concretos e materiais devem ser adotadas


as normas brasileiras relacionadas e as normas complementares cujos textos
estão apresentadas no Manual de Pavimentos Rígidos do DNER, Volume 1, a
saber:

DNER 1 - Reconhecimento e amostragem para fins de caracterização de


ocorrências de pedregulho e areia - Procedimento (Revisão);

DNER 2 - Agregados - Determinação da massa específica de agregados miúdos


pelo frasco de Chapman (complementa a DNER-ME 84/94);

DNER 3 - Cimento portland – Especificação;


DNER 4 - Água de amassamento - Coleta de amostra para ensaios;

DNER 5 - Água para amassamento do concreto - Ensaios químicos - Método de


Ensaio;

DNER 6 - Água para amassamento do concreto - Ensaios físicos comparativos;

DNER ME 34/70 - Água para amassamento de concreto - Especificação;

DNER 1 (Manual de Whitetopping) - Aditivos para concreto - Especificação;

DNER 2 (Manual de Whitetopping) - Aditivos para concreto - Ensaio de


verificação da uniformidade e
equivalência;

DNER 20 - Concreto - Determinação da perda de consistência pelo abatimento


de tronco de cone - Método de Ensaio;

DNER ME 94/78 - Concreto - Determinação da consistência pelo consistômetro


VeBe (Revisão);

DNER 21 - Concreto - Determinação da água de exsudação;

DNER 22 - Determinação do teor de ar pelo método pressométrico - Método de


Ensaio;

DNER 23 - Concreto - Determinação da resistência à tração na flexão - Método


de Ensaio;

DNER 25 - Concreto - Determinação da retração por secagem - Método de


Ensaio;

DNER 27 - Concreto - Preparo de dosagem e moldagem de corpos-de-prova em


laboratório – Procedimento;
DNER 28 - Investigação e seleção de fontes de materiais para pavimentos de
concreto de cimento portland;

NBR 5738 - Moldagem e cura de corpos-de-prova de concreto;

NBR 5739 - Ensaio de compressão de corpos-de-prova cilíndricos de concreto;

NBR 6490 - Amostragem para fins de ocorrência de rochas;

NBR 7215 - Ensaio de cimento portland;

NBR 7217 - Determinação da composição granulométrica dos agregados;

NBR 7218 - Determinação do teor de argila em torrões e materiais friáveis;

NBR 7219 - Determinação do teor de materiais pulverulentos nos agregados;

NBR 7220 - Determinação de impurezas orgânicas húmicas nos agregados;

NBR 7223 - Determinação da consistência do concreto pelo abatimento do


tronco de cone;

NBR 7251 - Agregado em estado solto - Determinação da massa unitária;

NBR 7583 - Execução de pavimento de concreto simples por meio mecânico;

NBR 9776 - Determinação da massa específica de agregados miúdos por meio


do frasco de Chapman;

NBR 9777 - Determinação da absorção de água em agregados miúdos;

NBR 9778 - Argamassa e Concreto Endurecidos - Determinação da absorção de


água por imersão, índice de vazios e massa específica;

NBR 9779 - Argamassa e Concreto Endurecidos - Absorção de água por


capilaridade;
NBR 9832 - Concreto e Argamassa - Determinação do tempo de pega por meio
da resistência à penetração;

NBR 9937 - Determinação da absorção e da massa específica em agregados


graúdos.

Segue a norma DNER 15 proposta para estudos de dosagem de concreto do tipo


Whitetopping.
DNER 15

CONCRETO - ESTUDOS DE DOSAGEM E ENSAIOS DE


CARACTERIZAÇÃO

PROCEDIMENTO

1 - OBJETIVO

Esta norma tem por objetivo estabelecer a rotina a ser adotada para o estudo de
dosagens e ensaios de caracterização de concretos de cimento portland, destinados à
execução de pavimentos rígidos.

Pressupõe que os materiais constituintes do concreto (cimento, agregados, água e


aditivos) foram previamente caracterizados e considerados satisfatórios, segundo as
normas do DNER e ABNT.

2 - REFERÊNCIAS

DNER 28 - Investigação e Seleção de Fontes de Materiais para Pavimentos de


Concreto de Cimento Portland;

DNER ME 34/70 - Água para Amassamento de Concreto - Especificação;

DNER 1 - Aditivos para Concreto - Especificação;

DNER 6 - Água para Amassamento de Concreto - Ensaios Físicos Comparativos;

DNER 2 - Aditivos - Ensaio de Verificação da Uniformidade e Equivalência;

DNER ME 94/78 - Concreto - Determinação da Consistência pelo Consistômetro


VeBe (Revisão);

DNER 22 - Determinação do Teor de Ar pelo Método Pressométrico;

DNER 21 - Concreto - Determinação da Água de Exsudação;


DNER 23 - Concreto - Determinação da Resistência à Tração na Flexão;

DNER 25 - Concreto - Determinação da Retração por Secagem;

NBR 7215 - Ensaio de Cimento Portland;

NBR 7217 - Determinação da Composição Granulométrica dos Agregados;

NBR 7218 - Determinação do Teor de Argila em Torrões e Materiais Friáveis;

NBR 7219 - Determinação do Teor de Materiais Pulverulentos nos Agregados;

NBR 7220 - Determinação de Impurezas Orgânicas Húmicas nos Agregados;

NBR 7251 - Agregado em Estado Solto - Determinação da Massa Unitária;

NBR 9776 - Determinação da Massa Específica de Agregados Miúdos por meio do


Frasco de Chapman;

NBR 9777 - Determinação da Absorção de Água em Agregados Miúdos;

NBR 9937 - Determinação da Absorção e da Massa Específica em Agregados


Graúdos;

NBR 7223 - Determinação da Consistência do Concreto pelo Abatimento do Tronco


de Cone;

NBR 7583 - Execução de Pavimento de Concreto Simples por Meio Mecânico;

NBR 9832 - Concreto e Argamassa - Determinação do Tempo de Pega por meio da


Resistência à Penetração;

NBR 5739 - Ensaio de Compressão de Corpos-de-prova Cilíndricos de Concreto;

NBR 9778 - Argamassa e Concreto Endurecidos - Determinação da Absorção


d'água por Imersão, Índice de Vazios e Massa Específica;
NBR 9779 - Argamassa e Concreto Endurecidos - Absorção d'água por
Capilaridade.

3 - MATERIAIS CONSTITUINTES DO CONCRETO

Os materiais constituintes do concreto, destinados aos estudos de dosagem e ao


preparo dos concretos para ensaios, devem ser submetidos aos seguintes ensaios:

3.1 - Ensaio de Caracterização dos Materiais

Estes ensaios devem ser realizados preliminarmente e têm a finalidade de identificar


as fontes cujos materiais são adequados à fabricação de concreto de cimento
portland destinado a pavimentos.

Os ensaios são aqueles indicados nas recomendações e normas do DNER, a seguir


relacionadas:

- DNER 28 - Investigação e seleção de fontes de materiais para pavimentos de


concreto de cimento portland;

- DNER ME 34/70 - Água para amassamento de concreto de cimento portland;

- DNER 1 - Aditivos para concreto – Especificação.

3.2 - Ensaios de Caracterização da Amostra

Estes ensaios devem ser realizados em amostras representativas extraídas dos


materiais destinados ao estudo das dosagens. Pressupõe que essas amostras são
oriundas de fontes preliminares caracterizadas, cujos materiais já foram submetidos
aos ensaios de caracterização (ver 3.1), e considerados adequados.

Nesta fase, devem ser realizados os seguintes ensaios:

3.2.1 - Cimento portland


- Finura na peneira no 200 - NBR 7215;

- Tempos de pega - NBR 7215;

- Resistência à compressão - NBR 7215;

3.2.2 - Agregado graúdo

- Análise granulométrica e módulo de finura - NBR 7217;

- Teor de argila em torrões e materiais friáveis - NBR 7218;

- Teor de materiais pulverulentos - NBR 7219;

- Massa unitária solta seca - NBR 7251;

- Absorção e massa específica - NBR 9937

3.2.3 - Agregado miúdo

- Análise granulométrica e módulo de finura - NBR 7217;

- Teor de argila em torrões e materiais friáveis - NBR 7218;

- Teor de materiais pulverulentos - NBR 7219;

- Impurezas orgânicas húmicas - NBR 7220;

- Massa unitária solta seca - NBR 7251;

- Massa específica por meio do frasco de Chapman - DNER 2;

- Absorção de água - NBR 9777.

3.2.3 - Água

- Ensaio comparativo de tempos de pega - DNER 6.


3.2.4 - Aditivos

- Ensaio de verificação da uniformidade - DNER 2.

NOTA: Na fase de caracterização dos aditivos, os ensaios de verificação do


desempenho devem ser realizados utilizando-se os demais materiais constituintes, já
caracterizados e considerados adequados.

4 - REQUISITOS PARA O CONCRETO DESTINADO A PAVIMENTO

O estudo da dosagem deve ser efetuado visando obter concreto que apresente
características que atendam aos seguintes requisitos:

4.1 - Requisitos Estabelecidos no Projeto

4.1.1 - fctM, k = Resistência característica do concreto à tração na flexão.

4.2 - Requisitos Decorrentes do Método Executivo

Em função do método executivo adotado para a construção do pavimento, deve ser


fixada a consistência do concreto. Cabe ressaltar que a consistência fixada deve ser
compatível com as diversas fases a que é submetido o concreto: mistura, transporte,
lançamento e adensamento. O método de ensaio para medir a consistência do
concreto deve ser escolhido levando-se em consideração o intervalo em que cada
método é reprodutivo. Assim sendo, e utilizando como parâmetro o abatimento
medido no tronco de cone (NBR 7223), devem ser adotados os métodos:

4.2.1 - Abatimento do tronco de cone (NBR 7223) para concretos com abatimento 
20 mm.

4.2.2 - Índice VeBe (DNER ME 94/78) (Revisão), para concretos com abatimento <
20 mm.
4.3 - Requisito Estabelecido pelas Normas de Execução (DNER 16, DNER 17,
DNER 18)

Teor de ar incorporado máximo: 5,0 %.

4.4 - Requisitos Estabelecidos pela NBR 7583

- Consumo mínimo de cimento: 320 kg/m3;

- Relação água/cimento entre 0,40 e 0,56;

- Dimensão máxima do agregado graúdo: 1/5 a 1/4 da espessura da placa, e nunca


superior a 38 mm;

- Abatimento medido no tronco de cone (máximo): 60 mm.

4.5 - Outros Requisitos

- Exsudação: embora não se disponha de valores limites nas especificações, é


conveniente que nos concretos para pavimentação a exsudação seja bastante
reduzida (não superior a 5 % - DNER 21).

Outros requisitos devem ser impostos quando o pavimento estiver sujeito à ação de
agentes agressivos, presentes no solo ou atuando na superfície, em decorrência do
tipo de material transportado.

5 - ROTEIRO BÁSICO PARA O ESTUDO DE DOSAGEM E


CARACTERIZAÇÃO DO CONCRETO

O estudo de dosagem e caracterização do concreto envolve o cálculo analítico da


dosagem, o preparo do concreto em laboratório e a determinação da dosagem, em
função dos dados obtidos.
A seguir, descreve-se o roteiro básico para o estudo e caracterização do concreto,
cujas diversas etapas devem ser seguidas, independentemente do método de
dosagem adotado.

5.1 - Cálculo Analítico

O cálculo analítico das dosagens experimentais, que devem ser preparadas em


laboratório, deve ser efetuado em função das características dos materiais existentes,
por qualquer método experimental, visando atender aos requisitos especificados no
item 4, conforme segue:

5.1.1 - Calcular a dimensão máxima do agregado graúdo em função da espessura da


placa do pavimento (item 4.4) e definir a maior graduação do agregado a ser
utilizada.

5.1.2 - Determinar as porcentagens de cada graduação de agregado graúdo,


conforme o método de dosagem adotado. Caso necessário, em função do método,
efetuar os ensaios adicionais nos agregados que se fizerem necessários.

NOTA: Nesta etapa poderá ainda ser determinada, conjuntamente, a porcentagem de


agregado miúdo, caso o método adotado assim prescreva.

5.1.3 - Especificar a consistência do concreto, conforme item 4.2, e indicar o


método de ensaio que será empregado para medi-la.

5.1.4 - Calcular analiticamente, segundo o método de dosagem adotado, no mínimo


3 (três) traços de concreto para serem preparados em laboratório. Estes traços devem
apresentar relações água/cimento compreendidas no intervalo especificado em 4.4.
Devem ser calculados de forma que o consumo de cimento atenda ao previsto neste
mesmo item, o teor de ar incorporado satisfaça ao estabelecido em 4.3 e a
consistência ao estabelecido em 5.1.3.
5.2 - Preparo em Laboratório

As dosagens experimentais calculadas devem ser preparadas em laboratório


conforme a norma DNER 27, de forma a permitir a caracterização do concreto no
estado fresco e endurecido.

5.2.1 - Caracterização do concreto fresco

Preparar as dosagens em laboratório, efetuando os ajustes necessários à obtenção


dos requisitos especificados. Nesta fase devem ser realizados os seguintes ensaios
no concreto fresco:

- Consistência - NBR 7223 ou DNER ME 94/78 (Revisão);

- Teor de ar incorporado - DNER 22.

Recomenda-se, ainda, que sejam realizados os seguintes ensaios adicionais, que


poderão fornecer dados importantes para a análise do prazo necessário ao corte das
juntas e condições da superfície da placa:

- Tempos de pega do concreto - NBR 9832;

- Exsudação do concreto - DNER 21.

NOTA: No caso de emprego de fôrmas deslizantes, poderão ser necessários ainda


testes adicionais no campo, com o equipamento em funcionamento, para que
se possa proceder aos ajustes finais das propriedades do concreto fresco.

5.2.2 - Caracterização do concreto endurecido

Após o ajuste das dosagens experimentais em função dos requisitos necessários para
o concreto no estado fresco, estas devem ser novamente preparadas em laboratório
para a obtenção de corpos-de-prova destinados aos seguintes ensaios no concreto
endurecido:
- resistência à tração na flexão - DNER 23;

- resistência à compressão - NBR 5739.

NOTA: Os seguintes ensaios poderão fornecer subsídios para o julgamento de


materiais de diversas origens, principalmente em se tratando de cimento:

- retração por secagem - DNER 25;

- absorção por imersão, índice de vazios e massa específica - NBR 9778;

- absorção d'água por capilaridade - NBR 9779.

5.3 - Determinação da Dosagem Final

Atendidos os requisitos especificados para o concreto no estado fresco, devem ser


estabelecidas, em função dos resultados dos ensaios de resistência, as seguintes
correlações:

- Resistência à tração na flexão em função da relação água/cimento.

- Resistência à compressão em função da relação água/cimento.

Pode-se determinar também a correlação entre a resistência à compressão diametral


e a relação água/cimento.

Utilizando-se essas correlações, deve ser determinada a relação água/cimento


referente à resistência característica à tração na flexão (f ctM, k) e a resistência à
compressão (fc) correspondente, obtida por correlação.

A resistência de dosagem poderá, portanto, ser calculada a partir das expressões:

fctM, j = fctM, k + 0,84 Sd ou fcj = fc + 0,84 Sd

em que:
fctM, j = resistência de dosagem do concreto à tração na flexão, na idade de j dias;

fctM, k = resistência característica do concreto à tração na flexão;

fcj = resistência de dosagem do concreto à compressão na idade de j dias;

fc = resistência do concreto à compressão, correspondente à resistência característica


à tração na flexão (obtida por correlação);

Sd = desvio padrão de dosagem, que deve assumir os seguintes valores:

a) Quando forem conhecidos pelo menos 32 resultados de ensaios de uma mesma


dosagem da obra considerada ou de outra cujo concreto tenha sido executado
com o mesmo equipamento e iguais organização e controle de qualidade. Neste
caso, adotar para Sd o valor do desvio padrão dos resultados dos ensaios à
compressão ou tração na flexão dos corpos-de-prova moldados na obra.

b) Quando não for conhecido o desvio padrão, ou o número de resultados for


inferior a 32, a resistência de dosagem deve ser estabelecida em função da
resistência à compressão (fc) ou à tração na flexão (fctM), adotando para desvio
padrão valores relacionados com o padrão de qualidade com o qual se pretenda
conduzir a execução:

b.1) Padrão rigoroso - Quando houver assistência de profissional legalmente


habilitado, especializado em tecnologia do concreto, todos os materiais forem
medidos em massa e houver medidor de água, corrigindo-se as quantidades de
agregado miúdo e de água em função de terminações freqüentes e precisas do
teor de umidade dos agregados, e houver garantia de manutenção, no decorrer
da obra, da homogeneidade dos materiais a serem empregados.

- Sd = 4,0 MPa (compressão) ou Sd = 0,6 MPa (tração na flexão).


b.2) Padrão razoável - quando houver assistência de profissional legalmente
habilitado, especializado em tecnologia do concreto, o cimento for medido em
massa e os agregados em volume, e houver medidor de água, com correção do
volume do agregado miúdo e da quantidade de água em função de
determinações freqüentes e precisas do teor de umidade dos agregados.

- Sd = 5,5 MPa (compressão) ou Sd = 0,9 MPa (tração na flexão).

6 - CERTIFICADO DE DOSAGEM

No certificado de dosagem devem constar os seguintes dados:

6.1 - Materiais Constituintes do Concreto

Devem constar a data da amostragem e os resultados dos ensaios de rotina, além de:

- cimento: marca, tipo e classe;

- agregados: origem e fornecedor;

- água: origem;

- aditivos: marca, tipo e dosagem.

6.2 - Requisitos para o Concreto

Devem constar todos os requisitos conforme item 4 desta norma.

6.3 - Dosagens Experimentais Preparadas

Devem constar as dosagens experimentais preparadas e os resultados dos ensaios


correspondentes, efetuados no concreto fresco e endurecido, bem como as
correlações obtidas entre as resistências à tração na flexão e à compressão e a
relação água/cimento.
6.4 - Dosagem Final

6.5 - Normas

Para os ensaios de caracterização dos concretos e materiais devem ser adotadas as


normas brasileiras relacionadas e as normas complementares cujos textos estão
apresentadas em anexo a este item, a saber:

DNER 28 - Investigação e seleção de fontes de materiais para pavimentos de


concreto de cimento portland;

DNER 20 - Concreto - Determinação da perda de consistência pelo abatimento do


tronco de cone - Método de Ensaio;

DNER ME 94/78 - Concreto - Determinação da consistência pelo consistômetro


VeBe (Revisão) - Método de Ensaio;

DNER 21 - Concreto - Determinação da exsudação da água - Método de Ensaio;

DNER 22 - Concreto - Determinação do teor de ar incorporado pelo método


pressométrico - Método de Ensaio;

DNER 23 - Concreto - Determinação da resistência à tração na flexão - Método de


Ensaio;

DNER 25 - Concreto - Determinação da retração por secagem - Método de Ensaio;

DNER 27 - Concreto - Preparo de dosagem e moldagem de corpos-de-prova em


laboratório - Procedimento.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1. AMERICAN CONCRETE INSTITUTE (ACI). State-of-the-art on fiber


reinforced concrete; ACI 544.1R-82. In: Manual of Concrete Practice.
Detroit, 1993, V.5

2. PORTLAND CEMENT ASSOCIATION (PCA). Fiber reinforced concrete;


SPO39.1T. Skokie, 1998.

3. CARVALHO, Marcos Dutra de et al. O emprego do concreto armado com


fibras de aço na pavimentação rígida. Em: 28ª Reunião Anual de
Pavimentação. Belo Horizonte (MG), setembro de 1994.

4. PITTA, Márcio Rocha, CARVALHO, Marcos Dutra. Pisos industriais de


concreto, dimensionamento de pavimentos de concreto simples; parte 1.
São Paulo: ABCP, 1989. (ET-52)

5. AMERICAN CONCRETE PAVEMENT ASSOCIATION (ACPA).


Guidelines for concrete overlays of existing asphalt pavements
(Whitetopping); TB-009P. Arlington Heights, Illinois, 1991.

6. DEPARTAMENTO NACIONAL DE ESTRADAS DE RODAGEM


(DNER). Manual de Pavimentos Rígidos, Volume 1. Rio de Janeiro (RJ),
1989.

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