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Alvenaria Estrutural - Construindo o conhecimento

Book · June 2016

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Gihad Mohamad Ana Cláudia Akele Jantsch


Universidade Federal de Santa Maria Universidade Federal de Santa Maria
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INTERAÇÃO FÍSICA E MECÂNICA DOS ADITIVOS EM ARGAMASSAS ESTABILIZADAS View project

Performance evaluation of polymer-modified bedding mortars for structural masonry View project

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Este livro, Alvenaria Estrutural, Construindo Conhecimento, torna-
se importante no auxílio do processo de ensino-aprendizagem,
envolvendo alternativas didáticas visuais no processamento de
informações para o sistema em Alvenaria Estrutural, baseando-se
numa ferramenta gráfica voltada ao seu principal público: estudantes
de Arquitetura e Engenharia.
Alvenaria
Estrutural

Const
ru ndo
Conhe
c men
to

Gihad Mohamad, Diego Willian Nascimento Machado e


Ana Cláudia Akele Jantsch.
Sumário
Aspectos Históricos...............4
Elementos estruturais básicos..6
Aspectos históricos das Unidades
Estruturais.............................13
O edificio Monadnock................17
Desafios entre a Arquitetura e a
Estrutura, por Eladio Dieste .........20
Surgimento dos primeiros critérios de
segurança...............................23

1
Alvenaria no Brasil....................25
Alvenaria Atual.................27

Aspectos
Históricos

Materiais: Componentes e
Elementos......................34

Bloco....................................35
Unidades cerâmicas............36
Unidades de concreto.................41
Unidades silicocalcario...............49
Argamassa..............................52
Graute...............................59
Armadura...............................62

2 Materiais:
Componentes
Componentes
e elementos
e elementos
Projeto em Alvenaria
Estrutural.......................68

coordenação modular.............75
Amarrações.........................77
Forma do prédio...................81
Distribuição e arranjo das
paredes.............................85
Tipologia de paredes..............87
Integração de Projetos............95

3
Projeto em
Componentes
Alvenaria Estrutural
e elementos

Execução e estudo de
caso............................130

Projeto.....................131
Treinamento................133
Ferramentas...................134
Segurança.....................135
Marcação das Alvenarias.....136
Exemplos de estudo de
caso............................138

4 Componentes
Execução e
e elementos
estudo de caso
1
A
Aspectos
Históricos
bordar a evolução histórica sobre o sistema construtivo em
Alvenaria Estrutural é fornecer, através das grandes obras
construídas no sistema, a compreensão e percepção do
desenvolvimento dos elementos e materiais bem como o seu processo
construtivo. Neste capítulo, pretende-se explorar os principais
materiais e elementos estruturais aliados as técnicas construtivas
empregadas, afim de demonstrar a evolução do sistema construtivo
em Alvenaria Estrutural desde a primeira intenção do ser humano em
abrigar-se ao sistema construtivo atual .
Os elementos estruturais básicos que contribuíram para o
desenvolvimento da Alvenaria Estrutural foram: cúpula, viga, pórtico,
abóbada e o arco. Aplicados na construção civil proporcionaram a
verticalidade nas construções e horizontalidade, maiores vãos
internos, nas construções.

Cúpulas
O primeiro elemento, a cúpula,
deteve-se inicialmente a
enclausurar espaços para abrigar
residências primitivas. Assim, as
habitações encontradas no sitio
arqueológico de Choirokoitia,
localizada na ilha de Chipre, datam
de 9000a.C. Estas foram moldadas
em barro e pedras locais, sua
organização como comunidade a
lembra forma de uma colmeia.
Divididas em falsas e verdadeiras,
as cúpulas consideradas
verdadeiras, tinham de ser
escoradas durante a sua
construção, especialmente na
egião de coroamento, para
garantir a estabilidade do
Fig. 1 - Habitações em Choirokoitia, Chipre. elemento.

As falsas cúpulas eram edificadas pela técnica da alvenaria


em balanço, possuíam seu ponto mais alto ligeiramente
pontiagudo. Formanva-se através das fiadas vários
anéis de compressão horizontal impedindo que
cada elemento girasse. Um exemplo a
considerar é a Tumba de Agamenon,
construída por volta, 1325 a.C.
Impedida a expansão de cada anel, as
forças horizontais agiam no
sentido oposto ao elemento
permitindo o aumento do vão.

Fig. 2 -Corte Esquemático daTumba de


Agamenon, Micenas 1325 a.C.
Viga
A segunda forma básica, a viga,
tem sua base inicial a partir dos
povos primitivos que utilizaram do
tronco de árvore como maneira
para travessia sobre os rios. Nesta
mesma perspectiva Rebello (2013)
descreve o tronco, como maneira
de suportar cargas atuantes sem
auxilio inicial de complementos
estruturais. As vigas foram
utilizadas nas construções Gregas
como elementos decorativos para
suportar as cargas provenientes da
coberturas. Assim como as vigas, as
vergas de pedra foram utilizadas
para distribuir as tensões atuantes
sobre portas e janelas.
Fig. 3 - Perspectiva arquitetura grega,
Grécia.

Pórtico
A partir da técnica do equilíbrio de uma pedra apoiadas sobre outras duas,
criou-se o sistema viga-pilar, apesar da resistência à tração baixa e o
surgimento de fissuras eminente, a viga de pedra teve a seção transversal
aumentada tornando-se adequada para
pequenos vãos.

Fig. 4 - Perspectiva Stonehenge.


Arco
Contrariando o pórtico- sistema viga e pilar- Ramalho e Corrêa (2003)
relatam o arco como estrutura livre de ações de tração com valores
significativos. Os vãos eram limitados pela resistência do material
empregado, com o aprimoramento do sistema construtivo e a
necessidade de garantir maiores vãos, os antigos perceberam que a
solução viável para evitar o surgimento de tensões que poderiam
condicionar o elemento à ruptura, seriam os arcos. Assim, quando
adequadamente dispostos, são capazes de vencer grandes vãos e
suportar maiores cargas, dispensando os esforços de tração. No
aperfeiçoamento do sistema empregado. Logo, a tipologia estrutural
em arco gera os esforços de compressão, similares aos esforços do
concreto sem armadura.

Fig. 5 -Detalhe construtivo do arco pertencente ao Aqueduto Romano de Segóvia, Espanha.


As unidades empregadas eram blocos
de pedras regulares intertravados,
formando a estrutura da edificação,
sobrepondo-se em fiadas
sucessivamente conforme os cortes
abaixo.
A A

Redução da espessura
inicial e disposição das
peças linearmente.
B B

Corte AA

Formação dos pilares


superiores.

Corte BB

Base superior de menor


espessura.

Corte CC

C C Base espessa e
intertravada.

D D
Corte DD

Fig. 6 - Detalhes e cortes do Aqueduto


Romano de Segóvia, Espanha.
Fig. 7 - Aqueduto Romano de Segóvia,
Espanha.

O uso do arco facilitou as ligações entre regiões e lugares permitindo


também a circulação através das pontes. A técnica construtiva
amplamente utilizada, conforme Adam (1994) muitas dessas
estruturas eram edificadas com pedras que apresentamvam marcas
como consequência do processo construtivo utilizado.

Fig. 8 - Exemplo de técnica para construção


de arcos.
De acordo com Strickland (2003)
Detalhes construtivos: quando o arco é expandido em linha
reta ou multiplicado através da sua
profundidade, formam-se as abóbadas
cilíndricas (ou de berço).

Fig. 9 - Detalhe construtivo, pequenos buracos


nas pedras pertencentes ao Aqueduto Romano
de Segóvia, Espanha. Fig. 11 - Arco
multiplicado em profundidade.

Estas marcas caracterizavam-se


por pequenos buracos ou Delineando o espaço do teto em
reentrâncias, localizados nas faces forma curva, poderiam sobrepor-se e
laterais do material, no qual formar grandes estruturas, como
auxiliavam na elevação através do exemplo o Coliseu Romano que
mecanismo de içamento,
sustentava múltiplas fileiras em forma
demonstrado abaixo.
de arcadas.

Fig. 10 - Mecanismo
de içamento.

Fig.12 - Abóbadas formadas a partir de


arcos, Coliseu Romano.
Abóbada

Os romanos utilizaram a
abóbada, como uma nova
alternativa para execução em
larga escala em suas obras
públicas. Através da união de
vários anéis de arcos
prolongados a partir de uma
extremidade dispostos
longitudinalmente.A
construção da abóbada foi o
fator que determinou o rumo
das coberturas arquitetônicas
nos séculos seguintes
(MORAES, 2010). Assim a
partir do arco, cada unidade
de alvenaria permanece em
equilíbrio formando um anel
de compressão. Contribuindo,
ao longo dos anos,
principalmente no período
Gótico e Renascentista a
criação de grandes expoentes
da arquitetura, as catedrais.

Fig. 13 - Interior Catedral de Notre Dame.

Segundo Sánchez (2007), as abóbadas mais utilizadas para as


edificações foram: (a) únicos; (b) em série; (c) abóbadas laterais;
(d) abóbadas laterais paralelas; (e) em cruz e (f) múltiplas
abóbadas de aresta em cruz.

(a) (b) (c) (d) (e) (f)

Fig. 14 - Tipologia de abóbadas.


O sistema de contraventamento
era baseado no aumento nas
espessuras das paredes
externas, funcionando como
contrafortes.Esta tipologia
estrutural atende os esforços
estruturais e enrijece o sistema
contras as ações do vento com o
contrafortee peso-próprio.

Fig. 15 - Fachada Catedral de Notre-


Dame.

Açõ
es
do
ve
nt
o

Fig. 16 - Corte esquemático da Catedral de Notre-Dame de Paris.


Fig. 17 - As grandes pirâmides do Egito.

A
o longo da história da
Aspectos humanidade muitos
materiais foram utilizados

históricos para as edificações, Mohamad e


Rizzatti (2013) relatam a
preferência das culturas

das mesopotâmicas e Egípcia, na


busca por materiais para suas
construções principalmente às

unidades margens dos rios, como exemplo


o tijolo seco o sol, encontrado
nas edificações antigas entre o
estruturais Rio Tigre e Eufrates e as
pirâmides do Egito edificadas
através da extração, técnica de
empilhamento e deslocamento
de blocos de rochas calcárias,
no Vale do Rio Nilo.
As três grandes pirâmides, Quéfren, Quéops e Miquerinos foram
construídas em torno de 2600a.C. com aproximadamente 2,3 milhões
de blocos de pedra calcária branca com argamassa de gesso
calcinado. Nas construções monumentais gregas, o mármore polido e
retificado era principal elemento para a construção de templos e
edifícios públicos, construídos pelo método usual de intertravar as
peças estruturais com grampos ou tarugos de ferro, .

Fig. 18 - Grampos utilizados nas construções Gregas.

Segundo Adam (1994) estes grampos eram destinadas a impedir


possíveis movimentos causados pelas fundações ou por abalos
sísmicos. A escassez de pedras em determinados locais levou a
produção do tijolos secos ao sol, o adobe. Este sendo a primeira forma
do tijolo o qual necessitavam de um longo período para secagem em
exposição ao sol e possuindo sua aplicação comprometida em
exposição constantes como: a humidade e a chuva.

Fig. 19 - A cidade construida em adobe, Ksar of Aït-Ben-Haddou, Marrocos.


Juntamente com o adobe, as
argamassas de barro foram a
alternativa inicial para
revestimentos, preencher
fissuras e assentar uniforme as
unidades. Os romanos usavam a
argamassa de cal, porem com a
adição da cinza pozolânica,
produziu um material mais
resistente, no qual edificaram-
se grandes obras do império
Romano, como exemplo o
Panteão de Roma (CARVALHO;
2008). Fig. 20 - Construção em Ksar of Aït-Ben-
Haddou, Marrocos.

Os romanos desenvolveram o
opus caementicium, concreto
romano, este era composto por
pequenos pedaços de calcário,
adição da cinza pozolânica,
cascalho e restos de materiais
cerâmicos. Durante a
construção da cúpula,
diferentes agregados
alternavam-se em camadas
dentro do concreto variando seu
peso da base à abertura central
(STENVENSON;1998).
Fig. 21 - Panteão , Roma.

Os tijolos cozidos feitos a partir


da composição de argilas e
levados aos fornos, deram maior
durabilidade a peça devendo
aos romanos sua aplicabilidade
em larga escala.

Fig. 22 - Ruínas das Termas de Nero, Pisa.


A união do tijolo com concreto
produziu o opus latericium
técnica a qual utilizava o
revestimento lateral da
estrutura com tijolo cozidos e
camada interna de concreto
romano, pois o mesmo exigia o
contraforte externo para conter
as forças de tração.
Fig. 23 - Técnica
opus latericium .

O uso das técnicas baseadas no


passado, contribuiram para que anos
depois, em meados do século XII, os
tijolos produzidos no norte da Itália
fossem expandidos para a Alemanha
bem como os demais países europeus.
Assim, o tijolo tornou-se o principal
elemento construtivo, aliado à falta
de pedra nos países nórdicos.

Fig. 24 - 1250 a 1338 d.C. Igreja de Sta


Maria Dei Frari.

Os Ingleses após o grande incêndio de


1666 em Londres, reconstroem a
velha cidade de madeira, a partir de
novas regras impostas pelo governo,
estas regulamentavam o uso de
tijolos ou pedras como elemento
mínimo para segurança das
edificações.

Fig. 25 - Bairro em Londres.


O edifício Monadnock -
Precursor da alvenaria
estrutural moderna

No século XIX a alvenaria estrutural


era dimensionada a partir de bases
empíricas, conduzindo a espessuras
de paredes excessivas e, por
consequência, antieconômicas. O
Monadnock também marca uma
transição histórica no
desenvolvimento de métodos
estruturais, pois é apoiado em
paredes externas de tijolo maciço .

Fig. 26 - Edifício Monadnock, Chicago.

Fig. 26 - Perpectiva do Edifício Monadnock,


Chicago.

As grandes espessuras
das paredes externas
resistiam ao efeito de
vento e cargas

o
o vent
es d Fig. 27 -Perspectiva entrada principal, Chicago.
Açõ
O elemento parede tem-se o impulso inicial como elemento atuante
na estrutura através do edifício Monadnock, em Chicago.
Contrapondo-se ao avanço nos séculos passados, segundo Ramalho e
Correa (2003) este pode ser considerado como exemplo da
irracionalidade do sistema pois é resultada do do dimensionamento
por métodos empíricos. Possuindo paredes na base com 180
centímetros de espessura. Este edifício foi considerado, no seu
tempo, como limite dimensional máximo para estruturas de alvenaria
calculadas a partir de métodos empíricos (ABCI, 1990).

Plantas Esquemáticas dos pavimentos inferior e superior.

(a)

(b)

Divisórias leves (a) Paredes menos espessas no


pavimento inferior.

Possibilidade de Layout Construtivo


(b) Paredes mais espessas e
resistentes no pavimento.
inferior

Fig. 28 - Plantas em Perfectiva, Edifício


Monadnock.
Alvenaria estrutural sofreu um grande declínio até a segunda guerra
mundial. Por conseguinte, Oliveira (1992) confirma a decadência do
sistema em relação ao concreto armado e ao aço, havendo a redução
das construções no sistema, e consequentemente, poucas pesquisas
para contribuição e uso do sistema. Somente em 1933, com o
terremoto de Long Beach, Califórnia, o emprego da alvenaria
armada passa a ser difundido no país.

Fig. 29 - Edificações destruídas pelas ações sísmicas.


Fonte: http://www.steelcactus.com

Tiperman (2002) afirma que


após esse tempo, o uso de
alvenaria armada foi posta de
lado até o fim da Primeira
Guerra Mundial, anos depois o
arquiteto e engenheiro mais
recente a utilizar Alvenaria
armada foi Eladio Dieste. Assim,
construiu uma série de
estruturas importantes em
alvenaria armada, que motivou
os arquitetos a utilizar os
benefícios desta tecnologia de
construção.

Fig. 30 - Construção das paredes da Igreja de


Atlântida.
Fonte: http://www.alaninnes.com
Fig. 31 - Abóbada de tijolo armado com dupla curvatura.
Fonte: Igor Fracalossi. "CEASA de Porto Alegre cumpre 40 anos" 19 Mar 2014. ArchDaily Brasil.
Acessado 7 Jan 2015. <http://www.archdaily.com.br/183777/ceasa-de-porto-alegre-cumpre-40-anos>

Desafios entre
a arquitetura
e a Estrutura
Por Eladio Dieste.
Detalhe construtivos da Igreja de
Atlántida, Uruguai.

Fig. 33 - Gráfico do momento Fletor.

Na Igreja de Atlântida, a vinculação entre parede e cobertura


configura um pórtico, no qual a estrutura permite a estabilidade
global da edificação. Assim, provocando a redução dos momentos
fletores na estrutura (MORAES, 2010). Conforme a figura abaixo, as
situações demonstradas na folha de papel, em específico a situação 2,
a folha não apenas vence um vão em balanço, como suporta a carga de
um lápis graças a curvatura, a matéria se distancia do centro de
gravidade, obtendo mais inércia e resistência, assim como a obra de
Eladio Dieste (ENADE 2008).

Situação 1 Situação 2

Fig. 34 - Demonstração do momento de Inércia.


A Igreja de Atlántida é
destaque na obra de Eladio Para competir com as
Dieste, pois a coerência entre o coberturas laminares maciças
sistema construtivo, a forma e a de concreto, Dieste introduziu
estrutura são perceptíveis. uma camada de elementos
Pois, de acordo com Carvalho cerâmicos que permitiu a
(2004) a estrutura, a colocação de armadura
volumetria, a solução espacial, realizando formas inovadoras. A
a textura, a técnica construtiva utilização de uma diretriz
e o emprego do material catenária permitiu que as
conformam um espaço único. A cascas atingissem vãos de 50 m
forma a partir da estrutura com espessuras de apenas 12
atende a uma determinada cm. Assim, a arquitetura das
função, espaço religioso, que suas coberturas permitiu
representa o verdadeiro reduzir significativamente os
racionalismo alcançado através custos da construção
da sua obra. (LOURENÇO, BARROS,
OLIVEIRA; 2002).

Argamassa de cobrimento

Armadura Longitudinal
Tijolo ou bloco
cerâmico

armadura transversal
Duas barras de aço

Fig. 35 - Detalhes estruturais


Diretriz Catenária por Carvalho, 2004.

Fig. 36 - Modelo Esquemático, abóbadas


produzidas por Eladio Dieste
Cronologia
Surgimento dos
1953 - Suíça - Edifício de 13 primeiros critérios
pavimentos com 42m de
altura; de segurança
estrutural
1954 - Zurich - edifício de 20
andares, e parede = 32 cm; das edificações para
alvenaria estrutural
1966 - Construído o primeiro
edifício em altura de alvenaria
estrutural com mais de 8
pavimentos, em zona sísmica - Mohamad (2007) destaca que
localizado em Denver, Estados somente na década de 1950, as
Unidos. normalizações forneceram
inicialmente os critérios
1967 - 1º Congresso básicos rudimentares para o
Internacional em Austin, sistema. As experimentações
Texas; técnicas laboratoriais, tiveram
início com os estudos
1968 - Colapso progressivo na realizados pelo professor Paul
prumada correspondente às Haller, na Suíça. Assim foi
cozinhas, devido à possível construir o edifício
explosão de gás em um de seus
com 18 pavimentos e 42
andares;
metros de altura, possuía 15
Atualmente, países como EUA,
centímetros de espessura
Inglaterra, Alemanha e entre interna e 30 a 38 centímetros
outros, a alvenaria estrutural de paredes externas. Assim, os
atinge níveis de cálculo, anos 60 e 70 foram marcados
execução e controle, similares por intensas pesquisas
aos aplicados nas estruturas de e x p e r i m e n t a i s e
aço e concreto, constituindo- aperfeiçoamento de modelos
se num econô- matemáticos de cálculo,
mico e competitivo sistema objetivando projetos
racionalizado, versátil e de resistentes não só a cargas
fácil industrialização.
estáticas e dinâmicas de vento
Fontes: Dissertação (Mestrado) - Paulo e sismo, mas também a ações
B a s t o s , d i s p o n í v e l e m :
http://web.set.eesc.usp.br/static/data/
de caráter excepcional, como
producao/1993ME_PauloSergiodosSantosB explosões e retiradas de
astos.pdf
paredes estruturais
ALVENARIA ESTRUTURAL - Tão antiga e tão (CARVALHO;1995).
a t u a l , d i s p o n í v e l e m :
http://www.ceramicapalmadeouro.com.
br/downloads/cavalheiro1.pdf
Afim de investigar o
comportamento de uma
estrutura de alvenaria
tridimensional e a validade dos
vários métodos analíticos, as
pesquisas consistiram em um
estudo sistemático dos perigos
de explosão de gás e outros
acidentes, que pudessem levar
à retirada abrupta de um
elemento estrutural (HENDRY,
1981).
Fig. 37 - Edifício testado em escala natural
por Sinha e Hendry.Fonte:(HENDRY, 1981)

Na década de 1960, os testes


em escala real de prédios em
alvenaria de cinco andares
foram desenvolvidos pela
Universidade de Edimburgh
através da responsabilidade
dos professores A. W. Hendry e
B. P. Sinha.

Mudanças ocasionaram novos


critérios para a elaboração de
projetos, a partir de modelos
Fig. 38 - colapso progressivo no edifício de
e testes de edifícios em apartamentos Ronan Point, Londres (1968).
escala real. Fonte:http://www.ebanataw.com.br/roberto
/concreto/ColapsoProgressivo01.JPG
As construções em Alvenaria
Alvenaria Estrutural tiveram início na
década de 1960, com poucos
exemplares de sucesso. Neste
no Brasil contexto, intensificaram-se as
pesquisas e os avanços
tecnológicos, dando início a
implantação do sistema. O
bloco de concreto na década de
1970 é impulsionado na
A história da alvenaria no Brasil construção civil pelos
inicia através das técnicas investimentos do Banco
construtivas derivadas, em sua Nacional de Habitação (BNH),
maioria de Portugal. Em busca de em moradias populares e pelo
segurança de suas colonias, desenvolvimento de normas
destacam-se a predominância da técnicas especificas para o
alvenaria de pedra, em fortes e sistema (ABCI, 1990). No início
quartéis. Tais sistemas estruturais da década de 80, as unidades
comparavam-se a técnica modulares em blocos cerâmicos
construtiva da taipa, que vazados na vertical são
necessitava de uma grande difundidos, o qual facilitou a
espessura de parede (ABCI, 1990). passagem de instalações
Por conseguinte, o tijolo como elétricas e tubulações
exemplo paulista, foi considerado (MOHAMAD; RIZZATTI, 2013). No
material nobre em substituição à final da década de 1980 e início
taipa, após ser amplamente dos anos 1990, o sistema
utilizado a partir da década de 30, construtivo ganhou força e as
perde suas atribuições como parcerias universidades-
solução estrutural para o concreto empresas permitiram a criação
armado, restringindo-se ao de materiais e equipamentos
preenchimento de vãos e a nacionais para a produção de
estruturas de pequeno porte alvenaria. (PARSEKIAN; HAMID;
(SILVA, 2003). DRYSDALE, 2012).

Fig. 39 - Modelo em perspectiva do primeiro forte


do Brasi, Forte do presépio, Belém - PA.
Cronologia
1966
1966 - Construído o Conjunto
habitacional Centro Parque
Lapa, em São Paulo, obra
realizada com paredes com
espessura de 19 cm e quatro
paviemnto.

1970 - Construído o edifício,


Muriti, em São José dos
Campos/SP, em alvenaria
armada de blocos de concreto;
1970
1972 - No mesmo conjunto
habitacional Central Parque
Lapa foi edificado quatro
prédios de 12 pavimentos em
alvenaria armada;

1972 1978 - O edifício pioneiro em


alvenaria não-armada Jardim
Prudência foi construído em
SP, em 1977. A edificação de 9
pavimentos em blocos de
concreto sílico-calcário foi
1978 executado com paredes de 24
cm de espessura;

Década de 1980 -
Construção do conjunto
residencial, Parque das Flores,
com blocos ceramicos e
utilização do mesmo bloco em
Década de 1980 obras estruturais diversas,
armadas e não aramadas.

Década de 1990 -
Construção do edifício
residencial ‘Solar dos
Alcântaras’ e, São Paulo, SP.
Com 18 pavimentos no sistema
construtivo em alvenaria
Década de 1990 armada com blocos de
concreto de 14 cm de
Fig. 40 - Exemplos das edificações.
Fonte ABCI (1990). espessura.
A Alvenaria Atual
Alvenaria de tijolos maciços Alvenaria de vedação

Alvenaria Estrutural x convencional

A diferença fundamental é que a alvenaria estrutural tem


dimensionamento e construção racionais, baseados na utilização do
bloco vazado modular, enquanto que na alvenaria convencional as
estruturas são dimensionadas e construídas empiricamente com
blocos maciços e blocos de vedação sem função estrutural. O
dimensionamento através do cálculo estrutural permite a obtenção de
edifícios com segurança semelhante a de estruturas reticuladas de
concreto armado. Para isso são estabelecidas regras com rigor às
características dos materiais estruturais, os processos, os métodos
construtivos e a metodologia de controle tecnológico.

VANTAGENS
- Mão de obra bem qualificada;
- Limpeza do canteiro de obras;
- Redução de armaduras;
- Redução de formas;
- Redução de resíduos;
- Redução do tempo de execução;
- Boa integração e compatibilização
com sub sistemas.
- Custos otimizados
- Redução do número de
Fig. 41 - Exemplo de projeto compatibilizado. profissionais no canteiro de obras.

DESVANTAGENS
- Não permite improvisações, condicionando a arquitetura;
- Inibe a destinação dos edifícios (uso e ocupação);
- Restringe a possibilidade de modificações;
- Vãos livres limitados e vãos em balanço não sendo indicados;
- Não permite paredes e conjuntos muito esbeltos.
Alvenaria Estrutural Alvenaria Estrutural Armada

Alvenaria Armada
É somente aquela cuja taxa de armadura total da obra (horizontal e
vertical) seja de 20%, e dimensionada para resistir a esforços de
tração, flexão, cisalhamento e compressão. Geralmente a armadura é
colocada nos vazios dos blocos estruturais, e depois esses vazados são
preenchidos com graute.

Parcialmente Armada
Ela é parcialmente armada quando há paredes de alvenaria armadas e
outras não armadas, pois apenas em alguns trechos da estrutura
surgem solicitações com tensões acima das admissíveis.

Não Armada
Quando não possui armaduras. Armaduras usadas para amarração das
paredes ou ligações laje e parede não caracterizam a alvenaria como
armada.

Protendida
Possui armadura de reforço pré tensionada, submetendo a alvenaria a
esforços de compressão.

Fig. 42 - Exemplo de armaduras.


Referenciais bibliográficos
Livros e Dissertações

ADAM. J.P. Roman Building. Materials and Techniques. Londres-New


York,. Routledge, 1994 (paperback 1999). 1 vol. 22 x 27,5 cm, 360 p.

ASSOCIAÇAO BRASILEIRA DE CONSTRUÇAO INDUSTRIALIZADA – Manual


Técnico de Alvenaria. São Paulo, ABCI/PROJETO, 1990. 280p

CARVALHO, M. C. R. Caracterização da tecnologia construtiva de Eladio


Dieste: Contribuições para a inovação do projeto arquitetônico e da
construção em alvenaria estrutural. Tese (Engenharia Civil) -
Universidade Federal de Santa Catarina. 2004.

CAVALHEIRO, O. P. Fundamentos de alvenaria estrutural. Santa


Maria: UFSM, 1995.

ENADE. Exame Nacional de Desempenho de Estudantes. Caderno de


Arquitetura e Urbanismo, Questão 13. 2008, 32p.

HENDRY, A.W. Engineered design of masonry buildings: fifty years


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<Fonte: http://www.steelcactus.com> Acesso em 14 maio de 2015.

Fig. 31 - Abóbada de tijolo armado com dupla curvatura.


Fonte: Igor Fracalossi. "CEASA de Porto Alegre cumpre 40 anos" 19 Mar 2014. ArchDaily
Brasil. Acessado 7 maio de 2015. <http://www.archdaily.com.br/183777/ceasa-de-porto-
alegre-cumpre-40-anos>

Fig. 38 - colapso progressivo no edifício de apartamentos Ronan Point, Londres (1968).


Fonte:<http://www.ebanataw.com.br/roberto/concreto/ColapsoProgressivo01.JPG>Acess
o em 14 maio de 2015.

Fig. 38 - colapso progressivo no edifício de apartamentos Ronan Point, Londres (1968).


Fonte:http://www.ebanataw.com.br/roberto/concreto/ColapsoProgressivo01.JPG

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