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PATOLOGIAS NO CONCRETO

ARMADO E TÉCNICAS DE
RECUPERAÇÃO ESTRUTURAL

ENGENHARIA CIVIL
TECNOLOGIA DAS CONSTRUÇÕES
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SUMÁRIO

1. Introdução ......................................................................................... 3
2. Identificação das patologias estruturais ............................................ 4
2.1 Patologias estruturais ...................................................................... 4
3. Processo de recuperação estrutural ................................................. 7
3.1 Como fazer a Demolição do local Danificado. 8
3.2 Remoção do material fragilizado ................................................... 9
3.3 Limpeza do aço da estrutura ......................................................... 10
3.4 Proteção da ferragem .................................................................... 11
3.5 Preenchimento com graute ............................................................ 12
3.6 Proteção da superfície corrigida ..................................................... 13
4. Conclusão .......................................................................................... 14
5. Referências ........................................................................................ 15

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1. INTRODUÇÃO

O concreto armado é um dos materiais mais amplamente utilizados na


construção civil devido à sua resistência, durabilidade e versatilidade. No
entanto, mesmo com todos os benefícios que o concreto armado oferece, ele
está sujeito a diversas condições adversas que podem levar ao surgimento de
patologias estruturais. Essas patologias podem comprometer a integridade e a
segurança das estruturas, resultando em problemas como fissuras, corrosão
das armaduras, deterioração do concreto e perda de capacidade estrutural.

Nessa apostila, abordaremos as principais patologias que podem surgir no


concreto armado, como as fissuras, corrosão, assim como as técnicas de
recuperação estrutural adequada para restaurar a integridade das estruturas

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2. IDENTIFICAÇÃO DAS PATOLOGIAS ESTRUTURAIS

É importante diferenciar os termos reforço estrutural de recuperação estrutural.


Ambos têm papeis diferentes, onde a recuperação é a intervenção com a intenção de
garantir o retorno da integridade das peças estruturais, aumentando a vida útil inicial.
Já os reforços estruturais tem como intuito aumentar a resistência de uma estrutura
para atender as demandas de cargas solicitadas, de acordo com o projeto.

2.1. Patologias estruturais

A Patologia Estrutural é a parte da ciência da Engenharia que estuda as


origens, causas e efeitos dos problemas que deterioram esses elementos
construtivos.Quando identificadas em estágios iniciais, podem ser tratadas
antes que se tornem graves demais.

• Fissura e Trinca: Pode parecer que os termos são sinônimos. Mas, de acordo
com a NBR 9575:2003, cada um representa um nível de complexidade de
patologias na construção civil. Veja a seguir:

• Microfissuras: abertura inferior a 0,05 mm.


• Já as fissuras possuem abertura com até 0,5 mm, além disso, são estreitas e
alongadas.
• Por fim, as trincas são maiores, mais alongadas e mais profundas. São maiores
que 0,5 mm e menores de 1,0 mm.

Quando o problema é identificado, precisa ser rapidamente corrigido, caso contrário as


microfissuras podem evoluir para fissuras, trincas e até para as rachaduras.

Figura 1: Microfissura do revestimento de argamassa

Fonte: Próprio autor

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Figura 2: Trincas no concreto armado

Fonte: Próprio autor

• Rachaduras: As rachaduras são mais fáceis de perceber, no entanto, são um


sintoma já em um estágio avançado. Em alguns casos é possível que passe por
ela vento e chuva, por exemplo. Vale lembrar que, rachaduras na horizontal ou
na vertical podem ser ocasionada por movimentações do material, causada por
dilatação, por variação de temperatura, ou podem ainda ser consequência de
trincas, ou fissuras, como já mencionado. No entanto, quando a rachadura
aparece na diagonal, é indicativo que grandes problemas estruturais, que
precisam ser revisados em caráter de urgência.

Figura 3: Fenda ou Brecha, onde existe uma fita que monitora a abertura da mesma,
durante o tempo.

Fonte: Imagem reproduzida de E-Civil

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• Porosidade: Possuem espaços vazios funcionais, chamados de poros
ou células, distribuídos regularmente no interior da matriz. A porosidade
das estruturas é decorrente de um preparo inadequado, ou demora na
utilização, da massa de concreto. Isso pode favorecer a corrosão das
estruturas de aço, além de comprometer todas as partes da edificação.

Figura 4: Concreto com alto grau de porosidade.

Fonte: Próprio autor

• Infiltração: Outro sintoma de que algo não vai bem com a edificação são
as infiltrações. Essa patologia é um grande e temido vilão do ramo da
construção civil. Ela pode ser decorrente de vazamentos no sistema
hidráulico, ou ainda, de excesso de umidade. Manifestações: Bolhas na
pintura, manchas acinzentadas ou pretas nas paredes, rodapés soltos ou
manchados, manchas ou rachaduras no teto.

Figura 5: Infiltração que pode acarretar na corrosão da armadura do concreto armado.

Fonte: Próprio autor

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• Corrosão metálica: A corrosão dos metais é um processo natural
resultante, geralmente, de reações de oxirredução ou corrosão
eletroquímica. Nesse processo, os metais sofrem desgastes por causa
da ação de agentes naturais, como o gás oxigênio presente no ar.

Figura 6: Infiltração que promoveu a corrosão do concreto armado.

Fonte: Próprio autor

3. PROCESSO DE RECUPERAÇÃO ESTRUTURAL

Para a execução dos reparos localizados nos trechos corroídos das


estruturas de concreto armado é necessário a exposição da armadura por
completo e as estruturas de aço deve ser limpa com ajuda de escova de aço,
neutralizador de corrosão e tradadas com um protetor de armadura, de
preferência a base de zinco, que evitem a ocorrência de novas corrosões. Após
essa etapa deve ser feito o recobrimento da camada protetora com a utilização
de um produto cimentício especial para esse tipo de serviço. Na figura 7, vemos
o passo a passo das atividades a serem executadas na recuperação estrutural.

Figura 7: Passo a passo das principais etapas da recuperação estrutural.

Fonte: www.aecweb.com.br
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Quais a etapas de uma Recuperação Estrutural?

(Corrosão)Etapa 1: Demolição da área comprometida;

Etapa 2: Remoção do material fragilizado;

Etapa 3: Limpeza dos componentes;

Etapa 4: Proteção da armadura (pintura);

Etapa 5: Reposição com graute;

Etapa 6: Proteção da superfície restaurada.

3.1 Como fazer a demolição do local danificado.

Após a identificação do ponto onde está havendo a corrosão da armadura é


necessário delimitar a área onde será realizado a recuperação. É importante frisar que
essa área deve ser marcada com o intuito de proteger as áreas da estrutura do pórtico
onde os componentes estão em bom estado e sem sinais patológicos. Essa delimitação
(figura 24) deve ser feita com a ajuda de uma cerra mármore, onde esse procedimento
irá limitar até onde a demolição dos componentes do concreto degradados devem ser
removidos, além de facilitar o procedimento.

Figura 8 – Delimitação da área a ser reparada.

Fonte: ROSSI ET AL., 2010

Quando o aço está em estado de corrosão elevada, ele cria uma pressão contra
essa camada do concreto fazendo com que haja a fragilização da área.

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3.2 Remoção do material fragilizado

A camada protetora de concreto que envolve a armadura é responsável, também,


por inibir a ação de agentes externos a agredir o aço dessa composição. Quando essa
camada protetora não está mais cumprindo sua função, tanto por falha de execução
ou por consequências da corrosão a mesma deve ser removida para o tratamento
adequado. Geralmente, como mencionado anteriormente, quando o aço está em
estado de corrosão elevada, ele criar uma pressão contra essa camada fazendo com
que haja a fragilização da área. Depois, quando a área de recuperação estrutural for
delimitada, essa camada de concreto deve ser removida com a ajuda de marteletes
demolidores.
Esse serviço deve ser realizado com cautela para não ultrapassar o limite máximo
a ser demolido que é de até 1 m linear de comprimento.Também,é necessário remover
todo o concreto que está envolvendo a barra de aço, afim de realizar o tratamento por
completo do sistema, eliminando a possibilidade de novas contaminações causada
pela ferrugem. Na figura 9 está representando a realização desse processo de retirada
da camada de concreto que está danificada devido ao processo de corrosão da
armadura

Figura 9: Retirada da camada de concreto degradada por causa da corrosão da


armadura.

Fonte: Próprio autor

Lembrando que todo esse trabalho deve ser acompanhado por um


profissional qualificado onde o mesmo deve observar se há a necessidade de
fazer escoramento da peça estrutural afim de evitar sobrecargas nas outras vigas
e pilares da estrutura da edificação.

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3.3 Limpeza da aço da estrutura

O sucesso de uma recuperação estrutural se dá pela limpeza adequada das


impurezas que for encontrada na armadura de aço. Geralmente é utilizado
procedimentos mecânicos, químicos, de solubilização e detergência. A ação quimica é
um dos procedimentos para a realização da limpeza, removendo a oxidação e
impurezas inorgânicas presentes na camada da superfície desses elementos. Para
realizar essa limpeza é utilizado o neutralizador de ferrugem.
Esse neutralizador é um ácido que quando aplicado no aço corroído promove uma
decapagem quimica, facilitando a remoção da contaminação da ferrugem. Além da
limpeza quimica, complemente a limpeza mecânica. Essa limpeza consiste em
remover os resíduos da corrosão com o auxílio de lixas para ferro e escovas de aço
como podemos ver nas figuras 10 e 11. Vale lembrar que esse serviço deve ser feito
em toda a cobertura do aço, pois o tratamento incompleto resultara em possíveis
intercorrências.

Figura 10 – Limpeza das impurezas do aço corroído com a escova de aço.

Fonte: Silveira, 2009

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Figura 11 – Limpeza das impurezas do aço corroído com lixa de ferro.

Fonte: Silveira, 2009

3.4 Proteção da ferragem;

Proteção da armadura (pintura) A proteção da armadura com o produto a base


de zinco é uma das etapas mais importantes do processo de recuperação
estrutural. Esse procedimento tem a finalidade de criar uma película de proteção
na barra de aço permitindo que o mesmo não sofra as consequências trazidas
pelos agentes externos agressivos, como oxigênio e a umidade.
Na figura 12, podemos observar a camada protetora já inserida na armadura
de aço.
OBSERVAÇÃO: Recomenda-se que, ao constatar uma redução de seção
transversal da armadura após a operação de limpeza, na ordem de 15% a 25%
da seção original da barra, seja realizada a colocação de armadura suplementar
para restaurar a seção de aço originalmente recomendada. Essa nova armadura
deve ser convenientemente ancorada, seguindo rigorosamente as
recomendações das normas estruturais. Para a fixação desses novos
componentes na estrutura é realizado pontos com o auxílio da furadeira.
Posteriormente o novo material é engastado com a utilização de um adesivo
estrutural a base de epóxi.

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Figura 12 – Aplicação do protetor de armadura.

Fonte: Próprio autor

3.5 Preenchimento com graute

O graute fluido, quando preparado, tem uma característica heterogenia, e sua


aplicação é feita com o auxílio de formas de madeira. Como sua composição é mais
fluida, o material tende a preencher todos os vazios possíveis dessa área,
garantindo uma camada solida e impermeabilizada de proteção. Já o graute tix é
composto por um material cimentício que quando preparado tem uma característica
mais consistente. Esse tipo de composto é mais utilizado para realização de
pequenos reparos de recuperação estrutural e, possibilita tem uma trabalhabilidade
maior, pois facilita no cobrimento de armaduras em locais de difícil acesso

Figura 13 – Forma posicionada pronta para receber o graute fluido

Fonte: Próprio autor

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Geralmente é usado um madeirite reforçado de 10 mm resinado, pois o mesmo
permite um melhor acabamento e resiste a pressão exercida pelo produto inserido
na forma.

3.6 Proteção da superfície corrigida.

Após todo o procedimento da recuperação estrutural, onde foram cumpridas


todas as etapas de abertura e retirada do material degradado, limpeza do aço,
reestruturação das armaduras com a substituição de aço (em alguns pontos), proteção
e recobrimento com o graute chega à etapa final para reforçar a proteção dessa
recuperação. Mesmo o graute sendo um material impermeabilizante, é aconselhado
que haja uma nova camada protetora que pode ser suprida pelo uso de uma
argamassa polimérica de cimento Portland ou o uso de revestimento cerâmicos, essa
proteção extra prolongará a vida útil dessas estruturas

Figura 14 – Resultado final da recuperação estrutural.

Fonte: Próprio autor

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4. CONCLUSÃO

A compreensão das patologias do concreto armado e a implementação de técnicas


de recuperação estrutural são de extrema importância para garantir a vida útil e a
segurança das edificações. O diagnóstico precoce e a intervenção adequada são
essenciais para evitar a progressão dessas patologias e minimizar os custos e
inconvenientes associados à sua correção.

Nessa apostila, abordamos as principais patologias que podem surgir no


concreto armado, como as fissuras, infiltração, corrosão, assim como a técnica
de recuperação estrutural adequada para restaurar a corroção em armaduras,
garantindo a integridade das estruturas.

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5. REFERÊNCIAS

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 15575 –


Edificações habitacionais – Desempenho. Rio de Janeiro: ABNT, 2015.

BOLINA, Fabricio; FONSECA, Bernardo; HELENE, Paulo. Patologia das


Estruturas. [S. l.: s. n.], 2019.

CALLISTER JR., WILLIAM D., Ciência e Engenharia dos. Materiais: Uma


Introdução, 1a ed., Rio de Janeiro, LTC, 2002

CASCUDO, O. O controle da corrosão de armaduras em concreto: Inspeção e


Técnicas Eletroquímicas. São Paulo: PINI, 1997

CORROSÃO por pites. [S. l.], 5 set. 2021. Disponível em:


https://www.sulcromo.com.br/blog/corrosao-por-pites-como-evitar-esse-
problema-na-
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A7as%20industriais%2C%20como%20vazamentos. Acesso em: 25 nov. 2022

GENTIL, Vicente. Corrosão. 3.ed. Rio de Janeiro, RJ, 2003.

MARCELINO, Norton. Durabilidade das estruturas de concreto armado. [S. l.],


30 out. 2008. Disponível em: http://www.crea-
sc.org.br/portal/index.php?cmd=artigos-detalhe&id=84#.YvBs3XbMLIV. Acesso
em: 20 maio 2022.

MEHTA, P. K.; MONTEIRO, Paulo J. M.; FILHO, Antônio Carmona. Concreto:


estrutura, propriedades e materiais. [S. l.: s. n.], 1994

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