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CARACTERIZAÇÃO, CLASSIFICAÇÃO E COMPARAÇÃO DA MADEIRA DE Pinus


patula, P. elliottii E P. taeda ATRAVÉS DE SUAS PROPRIEDADES FÍSICAS E
MECÂNICAS

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Jackson Roberto Eleotério


Universidade Regional de Blumenau
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XVIII Congresso Regional De Iniciação Científica e Tecnológica

CARACTERIZAÇÃO, CLASSIFICAÇÃO E COMPARAÇÃO DA MADEIRA DE Pinus


patula, P. elliottii E P. taeda ATRAVÉS DE SUAS PROPRIEDADES FÍSICAS E
MECÂNICAS.

Daniela Melchioretto, Jackson Roberto Eleotério


Universidade Regional de Blumenau - FURB
Departamento de Engenharia Florestal
Cx. Postal 1507 – CEP 89010-971 - Blumenau (SC)
dmdanimel@yahoo.com.br, jreleote@furb.br

cubra cerca de 300.000 ha. Apenas no Paraná a


Resumo. A densidade básica e aparente, bem área plantada com Pinus é maior que em SC.
como as propriedades de rigidez e resistência Apenas duas espécies de Pinus são
na flexão estática e na compressão paralela e amplamente utilizadas em Santa Catarina, em
a dureza e resistência ao cisalhamento foram primeiro Pinus taeda e em segundo Pinus
avaliadas na madeira de Pinus elliottii, Pinus elliottii, limitadas às regiões frias.
taeda e Pinus patula. As árvores provieram de São necessários estudos visando ampliar o
um mesmo local de plantio, isolando alguns número de espécies com potencial comercial. Os
fatores que influenciam as propriedades da estudos devem cobrir desde aspectos genéticos e
madeira. As três espécies não apresentam silviculturais, de manejo florestal e de
diferenças significativas na maioria das industrialização de produtos florestais.
propriedades analisadas. O conhecimento das espécies
potencialmente produtoras de madeira de
Palavras-chave: Madeira, Pinus, propriedades qualidade é um fator necessário para ampliarmos
físicas e mecânicas. a base florestal do Estado, que, por sua vez, é
uma maneira de baixo custo, segura e de baixo
impacto ambiental para gerar emprego e renda.
1. INTRODUÇÃO
1.1 Fatores que influenciam as propriedades
A importância do setor madeireiro e físicas e mecânicas de madeiras
moveleiro em Santa Catarina é reconhecida
amplamente. Através da colheita da cobertura A diversidade de espécies produtoras de
florestal original, rica em espécies de valor como madeira chega aos milhares, sendo que cada
as canelas no Vale do Itajaí e o pinheiro- espécie apresenta propriedades físicas,
brasileiro no Planalto, muitas cidades tiveram seu mecânicas, anatômicas, de trabalhabilidade e
impulso inicial. Em uma segunda fase, através de colagem distintas.
um programa nacional de incentivos fiscais na A determinação das propriedades mecânicas
formação de uma indústria de base florestal, da madeira é importante para que se possa
espécies exóticas, principalmente do gênero Pinus estimar a sua resistência às forças externas que
foram plantadas em Santa Catarina. Hoje se tendem a deformá-la, bem como para definir os
estima que a área ocupada por florestas de Pinus, usos mais indicados. Ao contrário de outros
materiais de estrutura homogênea, a madeira

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apresenta propriedades mecânicas nas diferentes perpendicular. Merece destaque que a madeira
direções de crescimento, radial, axial, tangencial das espécies de Pinus, proveniente de plantios
(TSOUMIS [10]). comerciais cultivados no Sul do Brasil,
Analisando madeira de P. elliottii com trinta apresentou valores consideravelmente menores
anos de idade, proveniente de plantios de resistência e rigidez à flexão estática em
comerciais, HASELEIN, C. R. et al. [7] relação à madeira proveniente de florestas
observaram que a resistência e a rigidez da naturais no Sul dos EUA.
madeira próxima à casca é significativamente Propriedades físicas e mecânicas de 6
superior à próxima da medula. Estes autores espécies do gênero Pinus, incluindo P. taeda e P.
indicam a classificação da madeira pelo número elliottii, mas não P. patula, cultivadas no Estado
de anéis de crescimento e pela percentagem de de São Paulo são apresentadas por
lenho outonal. BORTOLETTO JR & LAHR [2]. Estes autores
procederam a classificação das espécies em 5
1.2 Características da madeira de Pinus grupos de utilização, segundo suas propriedades
elliottii e Pinus taeda físicas e mecânicas, entre outros critérios.

A madeira de ambas as espécies é bastante 1.3 Características da madeira de Pinus


similar na aparência. O alburno é branco patula
amarelado e o cerne marrom avermelhado. O
cerne começa a se formar quando a árvore tem A madeira é leve, de baixa durabilidade
cerca de 20 anos. (FOREST PRODUCTS natural, moderadamente fácil de trabalhar e fácil
LABORATORY [5]). Em Santa Catarina, pelas de secar e de impregnar. O alburno da madeira é
rotações adotadas, quase não tem-se a presença branco a amarelado claro e o cerne ligeiramente
de cerne, apenas alburno. rosado e com freqüência não claramente
A madeira de P. elliottii é apontada como definido. A presença de anéis de crescimento são
mais pesada, resistente, rígida e dura, sendo bem definidos, de cor marrom, são abundantes
também moderadamente resistente ao impacto. os nós e a madeira é pouco resinosa. A textura é
Já a madeira de P. taeda é considerada mais leve ligeiramente grossa e irregular, a grã é reta e com
que a de P. elliottii. (Ref. [5]). freqüência espiralada. O brilho da madeira é
Os usos da madeira destes pinheiros variam baixo (AGROSOFT [1]).
conforme sua densidade, os mais densos são A espécie é utilizada para produção de
utilizados na construção civil, de pontes, como madeira serrada, peças de móveis, painéis
postes e os menos densos para acabamento compensados, aglomerados. Devido ao seu baixo
interno, base de pisos, caixas, pallets, etc. (Ref. teor de resina pode ser utilizada como matéria-
[5]). prima para a produção de polpa celulósica (Ref.
Comparando P. taeda, P. elliottii e [1]).
Araucaria angustifolia através de propriedades O objetivo deste trabalho é comparar
físicas como contração e propriedades mecânicas algumas das principais propriedades físicas e
como compressão paralela e perpendicular, mecânicas da madeira de Pinus patula, como
flexão estática, cisalhamento, tração espécie potencial, com as propriedades de Pinus
perpendicular, fendilhamento e dureza, SANTINI elliottii e Pinus taeda, isolando fatores
et al. [9] encontraram diferenças entre as duas relacionados ao ambiente e ao crescimento.
primeiras espécies apenas na tração

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Ensaio Dimensões dos Velocidade de


corpos de prova execução do ensaio
(cm) (mm/min)
2 MATERIAL E MÉTODOS Flexão estática 2,5 x 2,5 x 41,0 1,3
Compressão 5,0 x 5,0 x 15,0 0,3
perpendicular
2.1 Amostragem e preparação do material Dureza 5,0 x 5,0 x 15,0 6,0
Cisalhamento 5,0 x 5,0 x 6,3 0,6

Os povoamentos dos quais foram retiradas 2 RESULTADOS E DISCUSSÃO


as árvores para este trabalho estão localizados
em São Cristóvão do Sul (SC) e tem 25 anos de 3.1 Densidade básica e aparente
idade. A seleção das árvores dentro do
povoamento seguiu as recomendações da norma Os valores médios e os desvios padrão
ASTM D 5536 – (Reaprovada em 1999). obtidos para densidade básica e densidade
aparente das espécies Pinus elliottii, P. patula e
2.2 Determinação da densidade básica e P. taeda são apresentadas na Tabela 2.
aparente
Tabela 2: Número de repetições (n) e médias de
Tanto a determinação da densidade básica densidade básica e aparente por espécie. Os
como da densidade aparente seguiram as valores após cada média são os desvios padrão.
recomendações da norma ASTM D 2395 – 93. Espécie n Densidade Densidade aparente
Básica (g/cm 3 ) (g/cm 3 )
Pinus 20 0,37a (0,03) 0,46a (0,04)
2.3. Determinação das propriedades elliottii
Pinus patula 26 0,37a (0,05) 0,45a (0,06)
mecânicas Pinus taeda 19 0,37a (0,05) 0,45a (0,06)
Os valores médios em coluna seguidos da mesma letra
Os procedimentos adotados para não diferem entre si pelo teste de Tukey (α=5%).
determinação das propriedades mecânicas A densidade básica e a densidade aparente
seguiram as recomendações da norma ASTM D- das três espécies analisadas não diferem
143-94. O teor de umidade dos corpos de significativamente.
prova, determinado logo após o ensaio variou em Estes resultados de densidade básica são
torno de 14,5%. comparáveis aos obtidos por Ref. [9] para P.
Os ensaios foram executados em uma elliottii (0,41 g/cm3) e para P. taeda (0,41
máquina universal de ensaios marca EMIC, g/cm3). Já Ref. [2] verificou, para P. elliottii,
modelo DL30000, controlada por um software valor médio de 0,46 g/cm3 e de 0,51 g/cm3,
específico que garantiu a velocidade constante para P. taeda. Para Pinus patula, segundo
dos ensaios e aquisição de dados de carga e Ref.[6], a densidade básica varia entre 0,40
deformação. g/cm3 e 0,50 g/cm3.
A Tabela 1 apresenta as dimensões dos Os valores médios obtidos de densidade
corpos de prova utilizados na determinação de aparente são inferiores aos apresentados por
cada propriedade e a velocidade de aplicação de Ref.[2] para Pinus elliottii (0,56 g/cm3) e para
carga. P. taeda (0,64 g/cm3). Também para P. patula
Tabela 1. Dimensões dos corpos de prova e os valores obtidos neste trabalho são inferiores
velocidade de aplicação de carga para ensaios aos apresentados por CIRAD [3] igual a 0,49
mecânicos. g/cm3 e por Ref. [8], entre 0,40 e 0,50 g/cm3.

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Através destes resultados, a madeira das três [8] para P elliottii (12.147 MPa) e para P. taeda
espécies pode ser classificada como de média (12.198 MPa) também inferiores aos
densidade, de acordo com a classificação apresentados por Ref. [5] para P elliottii (13.700
apresentada por DURLO [4]. MPa) e para P. taeda (12.300 MPa).
Para Pinus patula o valor obtido neste
3.2 Módulo de elasticidade, tensão no limite trabalho é inferior ao apresentado por Ref. [6],
proporcional e módulo de ruptura na flexão variando de 8.342 a 12.824 MPa e também
estática inferior ao apresentado por Ref. [3], de 9.147
MPa.
Os valores médios e os desvios padrão Não houve diferenças significativas entre os
obtidos para módulo de elasticidade (MoE), valores médios de tensão no limite proporcional e
tensão no limite proporcional (σLP) e módulo de módulo de ruptura das três espécies analisadas.
ruptura (MoR) na flexão estática, das espécies As médias obtidas de tensão no limite
Pinus elliottii, Pinus patula e Pinus taeda são proporcional são inferiores às apresentadas por
apresentados na Tabela 3. Ref. [8] para P. elliottii e P. taeda, de 39,9
MPa e 40,1 respectivamente. Por outro lado são
Tabela 3: Número de repetições (n) e médias de superiores às apresentadas para as mesmas
módulo de elasticidade, tensão no limite espécies por Ref. [9], de 16,6 MPa para Pinus
proporcional e módulo de ruptura, por espécie. elliottii e 14,9 MPa para Pinus taeda. Para P.
Os valores após cada média são os desvios patula, Ref. [1] apresenta como tensão no limite
padrão. proporcional o valor de 45,8 MPa, bastante
Espécie n Módulo de Tensão no Módulo de superior ao obtido neste trabalho.
elasticidade (MPa) limite ruptura (MPa)
proporcional
Os valores de módulo de ruptura obtidos
(MPa) para P. elliottii e P. taeda são inferiores aos
P. elliottii 24 5288,2a (1255,3) 22,5a (3,7) 46,4a (5,9) apresentados por Ref. [8], de 76,95 MPa e de
P. patula 23 7430,8b (2047,0) 22,2a (6,6) 51,4a (9,2)
P. taeda 25 6329,6ab (1697,7) 21,4a (4,8) 49,0a (8,7)
77,47 MPa respectivamente. São também
inferiores aos apresentados por Ref. [5], de
Os valores médios em coluna seguidos da mesma letra
não diferem entre si pelo teste de Tukey (α = 5%). 112,2 MPa e de 88,0 MPa e por Ref. [9], de:
54,4 MPa e de 54,5 MPa. Já para Pinus patula,
Os valores médios do módulo de elasticidade a Ref. [1] indica módulo de ruptura de 74,4
da madeira de Pinus elliottii e Pinus taeda não MPa.
diferem significativamente. Da mesma forma que
entre a madeira de Pinus taeda e Pinus patula. 3.5 Cisalhamento paralelo às fibras
Existe diferença significativa entre o módulo de Os valores médios e os desvios padrão
elasticidade da madeira de Pinus elliottii e Pinus obtidos para tensão máxima no cisalhamento
patula, sendo este último superior. paralelo às fibras das espécies Pinus elliottii,
O valor médio de MoE obtido neste trabalho Pinus patula e Pinus taeda são apresentados na
para P. elliottii é inferior ao apresentado por Tabela 6.
Ref. [9], de 7.185 MPa e superior ao Tabela 6: Número de repetições (n), médias de
apresentado para P. taeda, de 5.841 MPa. Para cisalhamento paralelo às fibras, por espécie. Os
estas mesmas duas espécies os valores de MoE valores após cada média são os desvios padrão.
Espécie n Cisalhamento (MPa)
são bastante inferiores aos apresentados por Ref.
Pinus elliottii 25 12,1a (2,1)

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Pinus patula 32 11,2a (1,9) [3] CIRAD - FORET. Centre de coopération


Pinus taeda 25 11,9a (1,9) internationale en recherche agronomique pour le
Os valores médios seguidos da mesma letra não diferem développement. Bois d'Amérique du Sud - Pinus patula,
entre si pelo teste de Tukey (α=5%) 2001 Ficha técnica n o 195.
Os valores médios de cisalhamento paralelo http://www.cirad.fr/activites/bois/fr/syst/ame/pinuspatu
la.pdf. Acesso em: 23 jun. 2002.
às fibras das três espécies analisadas não diferem
significativamente entre si. [4] DURLO, M. A. Tecnologia da Madeira: Peso
Específico. Santa Maria: CEPEF/FATEC, 1991.
As médias obtidas neste trabalho para P.
elliotti e para P. taeda estão da mesma faixa das [5] FOREST PRODUCTS LABORATORY. Wood
Handbook - Wood as an engineering material.
obtidas por Ref. [2] e por Ref. [5] para estas Madison, WI: U. S. Department of Agriculture, Forest
espécies, de 12,3 MPa e 12,9 MPa segundo o Service, Forest Products Laboratory, 1999.
primeiro autor e de 11,6 MPa e 9,6 MPa [6] FOREST PRODUCTS LABORATORY. Pinus patula
segundo o segundo autor. (plantation),
Já as médias apresentadas por Ref. [9], de http://www2.fpl.fs.fed.us/techsheets/chudnoff/tropamer
8,3 MPa para P elliottii e de 8,5 MPa para P. ican/pdf%20files/pinusp1new.pdf. Acesso em: 23 jun.
2002.
taeda, são inferiores às obtidas neste trabalho. [7] HASELEIN, C. R.; CECHIN E.; SANTINI, E. J.;
Para P. patula a média de 9,7 MPa, apresentada GATTO; D. A. Características estruturais da
por Ref. [1], é ligeiramente inferior à determinada madeira de Pinus elliottii Engelm aos 30 anos de
neste trabalho idade. Ciência Florestal, Santa Maria, (10): 135-
144, 2000.
[8] MUÑIZ, G. I. B. Caracterização e desenvolvimento de
2 CONCLUSÕES modelos para estimar as propriedades e o
comportamento na secagem da madeira de Pinus elliottii
A madeira das três espécies pode ser Engelm. e Pinus taeda L. Curitiba: Tese (Doutorado)
Universidade Federal do Paraná, 235 p., 1993.
classificada como de média densidade.
A madeira de Pinus elliottii, Pinus patula e [9] SANTINI, E. J.; HASELEIN, C. R.; GATTO; D.
Pinus taeda não difere significativamente nas A. Análise comparativa das propriedades físicas e
mecânicas da madeira de três coníferas de
propriedades analisadas, com exceção do florestas plantadas. Ciência Florestal, (10):85-93,
módulo de elasticidade, que é superior para P. 2000.
patula em relação à P. elliottii e da dureza radial [10] TSOUMIS, G. Science and Technology of Wood -
em que P. elliottii apresentou valor superior ao Structure, properties, utilization. New York: Chapman
& Hall, 1991.
obtido para P. taeda.
Os valores obtidos foram, para a maioria das
variáveis, inferiores aos apresentados pela
bibliografia consultada, fato que pode ser
explicado pelas diferentes condições de
crescimento.

5 Referências Bibliográficas

[1] AGROSOFT. Pino pátula. Medellín: Agrosoft Ltda.,


2000.
[2] BORTOLETTO Jr., G.; LAHR, F. A. R. Aplicação da
madeira de Pinus na construção Civil. Madeira:
arquitetura e engenharia, (2):13-18, 2000.

Engenharia Civil CRICTE 2003 5/5

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