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PREPARAÇÃO DE MATERIAL BOTÂNICO LENHOSO PARA

CARACTERIZAÇÃO E IDENTIFICAÇÃO ANATÔMICA NA XILOTECA DA


EMBRAPA AMAZÔNIA ORIENTAL
Apresentação: Relato de Experiência
Euciele de Menezes Albuquerque1; Juciele de Menezes Albuquerque 2; Leinara Onça
Ribeiro3; Maria Janiele de Menezes Albuquerque4; Heráclito Eugenio Oliveira da Conceição 5

DOI: https://doi.org/10.31692/2526-7701.IIICOINTERPDVAGRO.2018.00762

Introdução
O estado do Pará é o segundo maior exportador de madeiras do Brasil, ficando atrás
apenas do Paraná (RODRIGUES et al. 2016), com esse vasto movimento de madeiras é
comum atribuição de nomes vernaculares distintos em diferentes culturas ou regiões.
A anatomia da madeira é o ramo que permite fazer um estudo criterioso das ações,
funcionamento e relação com as atividades vegetais dos tecidos celulares do lenho. A
identificação da madeira é feita microscopicamente e macroscopicamente através das
características organolépticas e anatômicas (BOM, 2011).
O estudo da anatomia da madeira é de fundamental importância para a identificação de
espécies, além de possibilitar o estudo das características da madeira para monitoramento e
reconhecimento de produtos de transformações das espécies, permitir entender o
comportamento tecnológico da madeira no que diz respeito as suas propriedades físico-
mecânicas e predefinir o uso e o corte adequado do xilema de acordo com sua estrutura e
destinação (CURY, 2001). Sousa (2007) afirma ainda que a identificação adequada das
madeiras antes da comercialização evita danos ecológicos como a extinção de espécies
ameaçadas, quando uma madeira listada nas espécies da flora ameaçada é comercializada com
o nome de uma espécie não listada.
Nos períodos de estágio o aluno pode manifestar seus conhecimentos direcionados a
área que se identifica e aprender mais e na prática as atividades que podem ser desenvolvidas
com base na sua graduação. Segundo a Lei nº 11.788, de 25 de setembro de 2008 (BRASIL,

1
Engenharia Florestal, Universidade Federal Rural da Amazônia, euciele.albuquerque@gmail.com
2
Biologia, Universidade Federal Rural da Amazônia, jucielealbuquerque@gmail.com
3
Engenharia Florestal, Universidade Estadual do Pará, leinaraonca@hotmail.com
4
Engenharia Florestal, Universidade Federal Rural da Amazônia, janymenezess@gmail.com
5
Engenharia Agronômica, Embrapa Amazônia Oriental, heraclito@ufra.edu.br
2008) é o momento que o graduando testa sua capacidade para realizar tudo o que já se foi
visto em sala de aula de modo a aprimorar ainda mais esses conhecimentos no
desenvolvimento de suas funções como estagiário realizando seus primeiros contatos com seu
futuro profissional. Com vista a isso, este relatório relata as atividades desenvolvidas durante
o período de vivência realizado na Embrapa Amazônia Oriental.

Relato de Experiência
O estágio, orientado por MSc. Silvane Tavares Rodrigues, ocorreu no período de 02 a
21 de julho de 2017, foi realizado na Xiloteca do Laboratório de Botânica (Herbário IAN) da
Embrapa Amazônia Oriental, uma das unidades descentralizadas da Empresa Brasileira de
Pesquisa Agropecuária, localizado em na cidade de Belém, Pará, Brasil.
Todas as atividades foram desenvolvidas no Herbário IAN onde se realizou o polimento
de duplicatas de madeiras do acervo da xiloteca, desidratação de lâminas, montagem de
lâminas permanentes, fotografia das duplicatas, levantamento de registros botânicos no
BRAHMS (Botanical Researchand Herbarium Management Software) e levantamento de
registro botânico no acervo impresso da xiloteca
1. Polimento de duplicatas de Madeira
O polimento manual foi realizado com a finalidade de preparar as amostras duplicatas
para as fotografias que são utilizadas na identificação e composição do acervo virtual de
amostras fotográficas de madeiras existentes na xiloteca do Herbário IAN, tilizaram-se os
seguintes materiais para a realização da atividade:
 EPI (Equipamento de Segurança Individual): composto por um jaleco, óculos e
máscara.
 Lixas com granulometria de 60 a 1200 (esta conhecida mais como lona de
acabamento): deve-se escolher a lixa adequada conforme a rugosidade da madeira e
trabalhabilidade da madeira, iniciando sempre com uma lixa mais grossa e seguindo com lixas
mais finas cuja granulometria seja o dobro da anterior (ex: quando usar a lixa60, mudar para
120, em seguida para 240,...), até que se chegue ao ponto ideal ou aproximado para fotografia.
 Lupa de 10 aumentos: a lupa deve sempre estar ao lado para que possa visualizar o
processo de polimento, tornando possível a visualização da desobstrução dos poros da
madeira.
 Escovas de dente: utilizada para remoção dos resíduos de madeira que obstruem os
poros de maior diâmetro das mesmas.
 Tecido felpudo: utilizada para remoção dos resíduos de madeira que obstruem os
poros de menor diâmetro das mesmas.
As amostras eram polidas até que os poros fossem desobstruídos (em alguns casos,
quando o diâmetro era muito fino, não era possível) e não houvessem mais arranhões na área
a ser fotografada.
2. Fotografia das duplicatas
As amostras polidas eram levadas ao microscópio digital, adjunto de uma câmera
acoplada e um computador, e então fotografadas e feitas observações quanto à obstrução,
diâmetro tangencial, frequência, arranjo e agrupamento dos poros. Foi observado também a
visibilidade dos anéis de crescimento, disposição do parênquima e visibilidade, frequência e
largura dos raios.
Essas fotografias permitem visualizar características próprias de cada espécie
A B
contribuindo para estudos quanto à identificação, trabalhabilidade e durabilidade da madeira,
além de destinar usos adequados a mesmas.
3. Montagem de lâminas permanentes
Foram fornecidas amostras microscópicas de madeiras, de lianas e árvores da família
Bignoniaceae advindas de trabalhos de estagiários antecessores, já em lâminas semi
permanentes, sendo duas coloridas (com safranina) e uma sem coloração para cada espécie
trabalhada. Cada amostra contendo três cortes de madeira, sendo um de cada plano de corte
(seção transversal, longitudinal tangencial e longitudinal radial). Assim, as montagens das
lâminas permanentes ocorreram nos seguintes passos:
 Desidratação: as amostras passaram por um processo de desidratação contínua em
porcentagens de 50 %, 70%, 90% e 100% (P.A.: álcool para análise) de álcool etílico por 15
minutos em cada bateria, exceto na ultima (P.A), onde permaneceu por 20 minutos. As
amostras eram transferidas com o auxílio de um pincel condor numero 0.
 Montagem da lâmina: depois de passados os 20 minutos na bateria de álcool 98%, as
amostras foram levadas a Cabine de Segurança Biológica (CSB – Fluxo Laminar) e
transferidas para o acetato de butila por 5 minutos, em seguida levadas para superfície da
lâmina de vidro e fixadas com Entellan na seguinte ordem: seção transversal, longitudinal
tangencial e longitudinal radial, respectivamente. Com a ajuda de uma pinça foi inserida a
lamínula com cuidado sobre as amostras de madeira para que não se formassem bolhas de ar.
Obteve-se assim, amostras de madeiras em lâminas de vidro prontas para observação
em microscópio, objetivando compor o acervo de lâminas utilizadas não só para exibição, mas
estudos morfoanatômicos dessas espécies. As lâminas permanentes, em boas condições, de
uso podem perdurar intactas por vários anos, podendo ainda ser feitas manutenções que
estendam esse período.
Considerações
Através das atividades realizadas e acompanhadas de um embasamento teórico dos
supervisores tem-se a oportunidade de mesclar os conhecimentos já adquiridos em sala de
aula e os obtidos no estágio de modo a conhecer a importância da identificação anatômica de
madeiras juntamente com os processos que envolvem a mesma, capacitando na prática para o
mercado de trabalho desejável.
Referências

BOM, P.R. Curso de engenharia industrial da madeira. Estrutura da madeira. Centro


Universitário de União da Vitoria. União da Vitória: 2011

BRASIL. Lei nº 11.788, de 25 de setembro de 2008. Dispõe sobre o estágio de estudantes.


Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2008/lei/l11788.htm>. Acesso em: 30
de outubro de 2017.

CURY, G. Descrição da estrutura anatômica do lenho e sua aplicação na identificação de


espécies arbóreas do cerrado e da mata atlântica do estado de São Paulo. 2001. 178 f.
Dissertação (Mestrado em Recursos Florestais) Universidade de São Paulo, Piracicaba, 2001.

RODRIGUES, E. A. et al. Identificação macroscópica do lenho de espécies de uso


comercial no estado do Pará catalogadas no acervo da Xiloteca da Embrapa Amazônia
Oriental. In Seminário de Iniciação Científica, 21, 2016, Belém. Anais, Belém, Embrapa,
2016.

SOUSA, M. A. R et al. Levantamento das espécies comercializadas vernacularmente como


cumaru no Estado do Pará. Revista Brasileira de Biociências, Porto Alegre, v. 5, supl. 1, p.
81-83, jul. 2007.

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