Você está na página 1de 3

CARACTERIZAÇÃO ANATÔMICA MACROSCÓPICA DE DEZ ESPÉCIES FLORESTAIS

COMERCIALIZADAS NOS MUNICÍPIOS DE ITACOATIARA-AM E SILVES-AM/ BRASIL

Luciana Bergé de SOUZA1, Marcelly Cristina M. de CASTRO1, Milena da S. FERREIRA, Deolinda Lucianne F.
GARCIA2
1. Discentes do Curso de Engenharia Florestal do Centro de Estudos Superiores de Itacoatiara-UEA; *lucianaberge682@gmail.com
2. Docente do curso de Engenharia Florestal do Centro de Estudos Superiores de Itacoatiara-UEA.

Palavras Chave: Identificação anatômica, Macroscópia, Madeira tropical, Tecido xilemático.

INTRODUÇÃO CESIT/UEA e com referência da literatura das espécies


estudadas.
Na indústria, a madeira apresenta vantagens em relação a RESULTADOS E DISCUSSÃO
outros materiais, pois é um recurso natural renovável e através
do conhecimento de suas propriedades relacionado a Foram identificados 10 espécies florestais mais
trabalhabilidade auxiliam para o aproveitamento desse comercializadas dos municípios de Itacoatiara e Silves-Am.
importante recurso natural (SILVA, 2005). Segundo Moura Conforme a tabela 1.
(2010), o setor Madeireiro tem uma grande importância para a Tabela 1. Nome científico, nome vernacular e muncípio das
Amazônia assim como para outras regiões por ser um espécies florestais coletadas.
importante gerador de ocupação e renda. Atualmente, o Nome
Nome Científico Município
pequeno e médio empresário madeireiro identifica a madeira Vernacular
exclusivamente pelo nome que é conhecido vulgarmente na Brosimum
região (PROCÓPIO & SECCO, 2008). Ressalta-se, ainda, que Pau Rainha Itacoatiara
rubescens
na região amazônica é natural o uso inadequado das madeiras, Cedrelinga
isso acontece por motivo de identificação incorreta das Cedrinho Itacoatiara
cataneaformis
espécies, prejudicando a vida útil e a segurança das estruturas Dipteryx odorata
e edificações que utilizam esse recurso (CURY & FILHO, Cumarú Itacoatiara
(Aubl.)
2011). De acordo com Zenid & Ceccantini (2007), a utilização Dinizia excelsa Angelim-
adequada das espécies de madeira depende de procedimentos Itacoatiara
Ducke vermelho
que garantam a identificação das mesmas, quer seja como Vatairea sericea
árvores, toras ou madeira serrada. Adicionalmente, pode-se Fava amargosa Itacoatiara
Ducke
dizer que a identificação é útil para o comércio, onde propicia Astronium
meios para se detectar enganos e fraudes. Portanto este Muiracatiara Silves
lecointei Ducke
trabalho tem como objetivo identificar as madeiras utilizadas
nas serrarias do município de Itacoatiara e Silves através da Aniba guianensis Louro Silves
caracterização anatômica do tecido xilemático. Hymenolobium
Angelim Silves
excelsum
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS Mezilaurus
Itauba Silves
itauba
O trabalho foi desenvolvido no laboratório de Anatomia da Scleronema
madeira do Centro de Estudos Superiores de Itacoatiara- Cedro Silves
micranthum
CESIT/UEA. As madeiras foram adquiridas em serrarias dos
municípios de Itacoatiara-Am. e Silves-Am. Para o estudo As famílias mais representativas foram: a Fabaceae (5
anatômico foram confeccionados corpos de prova nas espécies) e Lauraceae (2 espécies). As outras famílias:
dimensões de 2x2x3cm, em cortes histológicos da madeira, Anacardiaceae, moraceae e malvaceae apresentaram uma
nos sentidos: transversal, longitudinal tangencial e espécie somente, conforme a figura 1.
longitudinal radial. Tais amostras foram lixadas manualmente
6
em lixas 60, 80, 100, 120, 360 e 400 e selados com parafina 5
em uma das suas extremidades, para a descrição da estrutura 4
macroscópica da madeira. Para visualização das estruturas 3
anatômicas foi utilizada uma lupa com 10 vezes de aumentos. 2
No corte transversal observou-se as características estruturais 1
Total
0
do xilema no que diz respeito a morfologia do parênquima,
raios e poros. No corte longitudinal tangencial foi observado a
presença de raios estratificados e no corte radial a disposição
das linhas vasculares. A identificação baseada nesta
caracterização foi feita consultando literatura das espécies
estudadas e analisando-se o xilema através da anatomia
comparativa com as amostras depositadas na Xiloteca do Figura 1. Total de espécies por família.
Loureiro (1976) pode ser afirmar todas as características
Descrições macroscópicas das 10 amostras de madeiras apresentadas.
comercializadas: 8. Hymenolobium excelsum Ducke: Parênquima axial:
1. Brosimum rubescens: Parênquima axial: Possível ver a visível a olho nu, é do tipo paratraqueal aliforme, confluente
olho nu, é do tipo aliforme simples ou confluente, unindo os em faixas largas. Poros: visíveis a olho nu, de médios a
poros. Poros: visíveis somente com auxílio da lupa de 10 vezes grandes, porosidade difusa, poucos, solitários, alguns
de aumentos, são poucos e pequenos, encontra-se solitários e múltiplos, vazios ou com substância. Raios: visíveis a olho nu
raramente múltiplos de 2. Raios: visíveis somente sob lente de no topo e na fase tangencial é estratificado, são finos, sendo
10x de aumento, no plano tangencial é possível ver a olho nu, compatível com Ferreira et al., (2004).
confirmando a afirmação Costa (2017). Entretanto em seu 9. Mezilaurus itauba: Parênquima axial: paratraqueal
estudo diz que os raios possuem distribuição irregular. escasso. Poros: visível a olho nu, obstruídos por alguma
2. Cedrelinga catenaeformis: Parênquima axial: paratraqueal substancia não identificada, solitários e múltiplos. Raios:
vasicêntrico, aliforme e escasso, visto somente com ajuda de visível sob lente de 10x no plano transversal, finos, poucos,
lupa. Poros: visível a olho nu, de porosidade difusa, encontra- não estratificados, concordando com Trevizor (2011), mas
se poucos e geralmente agrupados. Raios: no plano transversal declara que a espécie possui parênquima axial vasicêntrico.
é possível ver sob lente, muito fino; no corte tangencial não 10. Scleronema micranthum Ducke: Parênquima axial: visto
são estratificados, resultado mostrando também por Gonçalez sob lente de 10x, paratraqueal e aliforme, vasicêntrico,
& Gonçalves (2001). alirforme. Poros: são poucos, médio a grandes difusos. Raios:
3. Dipteryx odorata (Aubl.): Parênquima axial: visível largos e finos, Loureiro et al., (1979) fez a mesma descrição.
somente sob lente de 10x, paratraqueal aliforme de formato Com toda a descrição feita de cada espécie é possível observar
losangular. Poros: visíveis somente com o auxílio de lente de que existem diferenças entre as estruturas anatômicas,
10x, variação de tamanho de pequenos à médios, porosidade principalmente em relação ao parênquima axial, em que pode
difusa, múltiplos de 3 ou 4, obstruídos por tilos, no corte ser obsevado diversas formas como: aliforme, paratraqueal,
tangencial as linhas vasculares encontra-se irregulares, Raios: em linhas, vasicêntrico, escasso. Característica importante
visíveis somente sob lente de 10x de aumento no corte para diferenciar as espécies visualmente similares. (CHIPAIA
transversal e tangencial, estratificados irregularmente, finos e et al., 2015). A espécie Dinizia odorata apresenta a
numerosos, de acordo com Soares et al., (2017) pode se parênquima bem visível e fácil de ser identificado, conforme
afirmar todas as características apresentadas. pode ser visto na figura 2
4. Dinizia excelsa Ducke: Parênquima axial: geralmente é
visto a olho nu, mas é mais visível sob lupa, paratraqueal
aliforme e eventualmente em faixas marginais. Poros: visíveis
a olho nu, solitários e múltiplos, difusos, obstruídos por
substância de coloração que varia de branca a avermelhada
Raios: pouco visíveis a olho nu nas seções transversais e
pouco distinto mesmo sob lente de 10x de aumento, não
estratificados, observações compatível com os estudos de Reis
et al., (2014), entretanto complementa que apresenta linhas
vasculares irregulares em seção tangencial.
5. Vatairea sericea Ducke: Parênquima axial: visível a olho
nu, tipo paratraqueal aliforme, suas extensões laterais longas e
largas em forma de faixas. Poros: visíveis apenas sob lupa na
fase transversal e tangencial; porosidade difusa, médios, Figura 2. Características microscópica da espécie florestal
solitários e múltiplos, obstruído por substância de cor Dinizia excelsa que possui parênquima visível.
amarelada. Raios: possível ver a olho nu no corte transversal
e na fase tangencia visto somente sob lente, sem estratificação,
concordando com Chipaia et al., (2015).
CONCLUSÕES
6. Astronium lecointei Ducke: Parênquima axial: indistinto
A identificação científica da madeira é importante para separar
ou extremamente raro, vasicêntrico. Poros: visíveis somente
espécies conhecidas pelo mesmo nome “vulgar”, mas que são
sob lente de 10 vezes de aumento, difusos, solitários,
madeiras florestais diferentes quanto suas estruturas
raramente múltiplo de 2, obstruídos por alguma substância.
anatômicas. O estudo do comportamento tecnológico das
Raios: observável somente em lente 10x de aumento no corte
madeiras é importante pois é base para a indústria madeireira
transversal, visível na fase tangencial, não estratificados, Reis
e contribui para a comercialização correta.
et al., (2014) apresentou resultados parecidos.
7. Aniba guianensis Aubl: Parênquima axial: escasso, pouco
visível mesmo com ajuda de lente, paratraqueal, confluente. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Poros: visível sob lupa de 10x, relativamente numerosos,
alguns obstruídos por algum óleo resina da própria madeira, CHIPAIA, F. da C. et al.; Descrição Anatômica Macroscópica De
Madeira De Oito Espécies Florestais Comercializadas No
solitários predominantes, alguns múltiplos de 2, 3, pequenos. Município De Altamirapa, Brasil. J. Bioen. Food Sci., v. 2, n.1:
Raios: na fase transversal é possível ver somente com auxílio p.18-24, 2015.
de lente, são contrastados, finos e numerosos, de acordo com

I Congresso Amazônico de Iniciação Científica 2


COSTA, J.A.; Classificação de madeiras da Amazônia para
composição de instrumentos musical de corda por meio da
técnica da excitação por impulso. 2017. Dissertação (Mestrado em
Ciências Florestais e Ambientais) – Faculdade de Ciências Agrárias,
Universidade Federal do Amazonas, Amazonas, 2017.

CURY, G.; FILHO, M.T.; Descrição Anatômica de Espécies de


Madeira Utilizada na Construção Civil. Floresta e Ambiente. São
Paulo. Jul./set.; 2011.

FERREIRA, G.C. et al.; Estudo anatômico das espécies de


Leguminosae comercializadas no estado do Pará como
“angelim”. Acta Amazônica. Pará. v. 34. p. 387-398, 2004.

GONÇALEZ, J.C.; GONÇALVES, D.M.; Valorização de Duas


Espécies de Madeira Cedrelinga catenaeformis e Enterolobium
shomburgkii para a Indústria Madeireira. Brasil Florestal, Brasília,
n.70, junho, 2001.

LOUREIRO, A.; Estudo Anatômico macro e microscópio de 10


espécies do gênero Aniba (Lauraceae) da Amazônia. Acta
Amazônica. Manaus. v.6. 245p, 1976.

MOURA, M.L.D. de, A exploração madeireira no Brasil: um


estudo de caso do setor em Fortaleza e região metropolitana.
Fortaleza, 2010.

PROCÓPIO, C.P.; SECCO, R. de SOUZA.; A importância da


identificação botânica nos inventários florestais: o exemplo do
“tauari” (Couratari spp. e Cariniana spp. –Lecythidaceae) em duas
áreas manejadas no estado do Pará. Acta Amazonica, v.38, n.1, p.
31-44, 2008.

REIS, L.P. et al.; Caracterização Anatômica de Madeiras


Comercializadas como Perna-Manca Nas Estâncias de Altamira-
PA. Enciclopédia Biosfera, Centro Científico Conhecer. Goiânia,
v.10, n.19; p.463, 2014.

SILVA, J.R.M. et al., Influência da morfologia das fibras na


usinabilidade da madeira de Eucalyptus grandis Hill ex.Maiden.
Revista Árvore, Viçosa, v. 29, n.3, p. 479-487, mai/jun 2005.

SOARES, A. S.; et al.; Comparação Anatômica e Descrição da


Densidade e Macroscopicidade da Espécie Dipteryx odorata
(Aub.) Willd (Cumaru). Unnoba, Buenos Aires, 2017.

TREVIZOR, T.T.; Anatomia comparada do lenho de 64 espécies


arbóreas de ocorrência natural na floresta tropical Amazônica no
estado do Pará. 2011. Dissertação (Mestrado em Ciências Florestais)
– Escola Superior de Agricultura “Luz de Queiroz”, Piracicaba, 2011.

ZENID, G.J.; CECCANTINI, G.C.T.; Identificação macroscópica


de madeira. São Paulo. Centro de tecnologia de Recursos Florestais,
ITP, set. 2007.

I Congresso Amazônico de Iniciação Científica 3

Você também pode gostar