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Recomendações para o
controle químico de formigas
cortadeiras em plantios de
Pinus e Eucalyptus
As formigas dos gêneros Atta (saúvas) e são pequenos, geralmente formados por uma só
Acromyrmex (quenquéns) cortam partes frescas câmara, e a terra solta pode aparecer ou não na
de vegetais, principalmente folhas, para o cultivo superfície do solo. Em algumas espécies, os ninhos
do fungo do qual se alimentam e, por isso, são superficialmente cobertos de palha, fragmentos
são popularmente conhecidas como formigas e outros resíduos vegetais, além de terra, enquanto
cortadeiras (MARICONI, 1970). em outras os ninhos são subterrâneos, sem que se
perceba a terra escavada (LIMA et al., 2001).
As formigas do gênero Acromyrmex (Figura 1) são
reconhecidas por apresentarem de quatro a cinco Devido ao hábito de cortar material vegetal fresco,
pares de espinhos na parte dorsal do tronco, os as formigas cortadeiras são consideradas as
quais podem ser muito reduzidos no pronoto, em pragas mais importantes de plantios florestais,
algumas espécies. As formigas do gênero Atta principalmente de Pinus e Eucalyptus. Essas
(Figura 2) possuem somente três pares de espinhos formigas podem causar a desfolha total, tanto de
no tórax. Além disso, as espécies de Acromyrmex mudas como de plantas adultas. No entanto, a
apresentam no tergo I do gáster, vários tubérculos idade das plantas pode influenciar a vulnerabilidade
(exceto em Acromyrmex striatus Roger, 1863), e os prejuízos causados por formigas. Os danos
os quais não são encontrados em nenhuma das são maiores em plantas jovens, sendo que na
espécies de Atta (MAYHÉ-NUNES, 1991). fase inicial do plantio, as perdas por esses insetos
podem ser irreversíveis, pela fragilidade das mudas
A aparência externa dos ninhos de Atta e (DELLA LUCIA, 2011).
Acromyrmex também auxilia na diferenciação dos
dois gêneros. O exterior do ninho das saúvas é O controle de formigas cortadeiras é realizado
constituído por um monte de terra solta, enquanto principalmente pelo uso de iscas granuladas. Essas
que o interior do ninho é composto por várias iscas compreendem um substrato atrativo em
câmaras. No caso das quenquéns, os ninhos mistura com um princípio ativo sintético, em pellets
são mais difíceis de serem encontrados, porque (BOARETTO; FORTI, 1997). As iscas formicidas
1
Engenheiro Agrônomo, Doutor em Ciências Biológicas, Pesquisador da Epagri à disposição da Embrapa Florestas, Colombo, PR
2
Bióloga, Pós-doutoranda em Ciências Biológicas, Universidade Federal do Paraná, Curitiba, PR
3
Doutora em Ciências Biológicas, Pesquisadora da Embrapa Florestas, Colombo, PR
4
Bióloga, Mestranda em Ciências Biológicas, Universidade Federal do Paraná, Curitiba, PR
2 Recomendações para o controle químico de formigas cortadeiras em plantios de Pinus e Eucalyptus
são distribuídas de forma sistemática ou localizada, Uma das recomendações para a continuidade
antes e após o plantio. O controle sistemático do uso de inseticidas químicos para o controle
compreende a distribuição de iscas formicidas em de formigas cortadeiras nos plantios de Pinus e
locais equidistantes entre si, de maneira a cobrir Eucalyptus, certificados pelo FSC no Brasil, é a
toda a área a ser tratada. Já o controle localizado, redução do uso de iscas formicidas, cujos princípios
compreende a distribuição de iscas somente nos ativos são o fipronil e/ou sulfluramida, utilizando-
locais onde forem encontrados ninhos ou plantas se o mínimo necessário para o controle eficaz
atacadas. (ISENRING; NEUMEISTER, 2010).
1. Em plantios de Pinus
1.1 Controle pré-corte raso
O controle pré-corte raso só se justifica em
locais onde houver a ocorrência de Atta
(saúvas). Nesta fase é possível localizar todos
os sauveiros adultos e, assim, deve-se realizar
o controle de forma localizada, quando os
ninhos forem encontrados, em até 15 dias antes
do corte raso, utilizando-se iscas formicidas
granuladas (mipis ou a granel, dependendo da
condição climática), seguindo-se a dosagem
indicada no item 3.2.
Figura 2. Operária de Atta (saúva). Foto: Taxonline
- Rede Paranaense de Coleções Biológicas – Onde houver ocorrência somente de formigas
Universidade Federal do Paraná - UFPR. do gênero Acromyrmex (quenquém), não
é necessário realizar o controle pré-corte
raso, devido às dificuldades de localizar os
Alguns métodos alternativos de controle de
ninhos em plantios com sub-bosque denso (os
formigas cortadeiras têm sido constantemente
ninhos de quenquéns são pequenos, quando
mencionados, tais como: controle cultural,
comparados aos ninhos de saúvas). Além disso,
mecânico, biológico, uso de plantas resistentes
em plantios de Pinus, que não sofrem poda e
ou tóxicas e uso de feromônios. No entanto, até
nem desbastes, é rara a presença de ninhos de
o momento, o controle químico através de iscas
quenquéns.
formicidas é o único com tecnologia disponível para
uso em grande escala (ARAÚJO et al., 2003).
Recomendações para o controle químico de formigas cortadeiras em plantios de Pinus e Eucalyptus 3
Tabela 1. Resumo das recomendações para o manejo integrado de formigas cortadeiras em plantios de Pinus.
Área de ocorrência só de quenquéns
Área de implantação
ou área de reforma que
ficou em pousio por seis
meses ou mais.
Área de reforma, cujo
Ou área de reforma,
plantio anterior era sem
cujo plantio anterior era
poda nem desbaste,
com poda e desbaste.
Área de com corte raso e novo
Atividade Ou área de reforma, cujo
ocorrência plantio ocorrendo
plantio anterior era sem
de saúvas durante o outono e
poda nem desbaste,
inverno e distantes de
mas com corte raso e
áreas de matas nativas.
novo plantio ocorrendo
durante a primavera/
verão.
Com uso de Sem uso de Com uso de Sem uso de
herbicida herbicida herbicida herbicida
Controle pré-corte raso Não é Não é Não é Não é
Localizado
(até 15 dias antes do corte raso) necessário necessário necessário necessário
Controle pré-plantio
Não é Não é
(30 a 15 dias antes do plantio Sistemático Sistemático Sistemático
necessário necessário
ou preparo de solo)
Controle pós-plantio
Localizado Localizado Localizado Localizado Localizado
(de 7 a 30 dias após o plantio)
Controle pós-plantio
Localizado Localizado Localizado Localizado Localizado
(90 dias após o plantio)
Controle pós-plantio
Localizado Localizado Localizado Localizado Localizado
(180 dias após o plantio)
Manutenção primeiro ano
Localizado Localizado Localizado Localizado Localizado
(um ano após o plantio)
Manutenção segundo ano Não é Não é
Localizado Localizado Localizado
(dois anos após o plantio) necessário necessário
Manutenção terceiro ano Não é Não é
Localizado Localizado Localizado
(três anos após o plantio) necessário necessário
Tabela 2. Resumo das recomendações para o manejo integrado de formigas cortadeiras em plantios de Eucalyptus.
Atividade Área de ocorrência de saúvas Área de ocorrência só de quenquéns
Controle pré-corte raso
Localizado Não é necessário
(até 15 dias antes do corte raso)
Controle pré-plantio
(de 30 a 15 dias antes do plantio ou Sistemático Sistemático
preparo de solo)
Controle pós-plantio
Localizado Localizado
(de 7 a 30 dias após o plantio)
Controle pós-plantio
Localizado Localizado
(90 dias após o plantio)
Controle pós-plantio
Localizado Localizado
(180 dias após o plantio)
Manutenção anual
Localizado Não é necessário
(até o final do ciclo)
• a isca deve ser colocada ao lado da trilha de Nesse comunicado técnico são apresentadas
forrageamento das formigas (caminho por onde algumas recomendações para o controle químico
as formigas transitam), sem interromper o fluxo considerando-se os gêneros de formigas cortadeiras
delas; e as diferentes formas de manejo florestal adotadas
pelas empresas de base florestal, no caso dos
• nunca colocar a isca em cima do ninho ou em
plantios de Pinus. Dessa maneira, o controle pode
cima da trilha de forrageamento, pois para a
ser realizado de maneira mais racional, reduzindo-
isca ser atrativa, ela deve ser encontrada pelas
se o uso de iscas formicidas e, consequentemente,
formigas por acaso. Se a isca estiver em cima
reduzindo-se os custos e também os efeitos
da trilha, as formigas poderão apenas retirá-
indesejáveis do uso de inseticidas ao ambiente.
las de cima da trilha durante as atividades de
manutenção da trilha e poderão não carregá-las
Referências
para o ninho;
• não aplicar iscas a granel em dias chuvosos, ARAÚJO, M. da S.; DELLA LUCIA, T. M. C.;
pois elas não toleram umidade, anulando o SOUZA, D. J. Estratégias alternativas de controle
de formigas cortadeiras. Salvador: Bahia Agrícola,
combate;
v. 6, p. 71-74, 2003.
• as quenquéns não forrageiam quando a
temperatura é inferior a 10-11 °C ou quando a BOARETTO, M. A. C.; FORTI, L. C. Perspectivas no
umidade relativa do ar é inferior a 40%. Evitar controle de formigas cortadeiras. Série técnica IPEF,
Piracicaba, v. 11, p. 31-46, 1997.
realizar a aplicação de iscas nessas condições,
para garantir o máximo da coleta de iscas pelas DELLA LUCIA, T. M. C. Formigas cortadeiras: da
formigas (NICKELE, 2013). bioecologia ao manejo. Viçosa, MG: Ed da UFV,
2011. 419 p.
• O uso de EPIs (equipamentos de proteção
individual) se torna indispensável aos
ISENRING, R.; NEUMEISTER, L. Recommendations
trabalhadores envolvidos na aplicação de regarding Derogations to use alpha-Cypermethrin,
produtos químicos. Deltamethrin, Fenitrothion, Fipronil and Sulfluramid
in FSC Certified Forests in Brazil. In: INSECTICIDES
3.2.2 Quando forem localizadas apenas for control of pest insects in FSC Certified Forests
plantas atacadas - controle no grupo de in Brazil: recommendations by technical advisors.
plantas atacadas [S. l.]: FSC Pesticides Committee, 2010. 99 p.
• quando não for possível localizar o ninho, deve-
LARANJEIRO, A. J.; LOUZADA, R. M. Manejo de
se aplicar a isca colocando-se 5 g de isca a
formigas cortadeiras em florestas. Série técnica
cada grupo de até 3 plantas atacadas. IPEF, Piracicaba, v. 13, p. 115-124, 2000.
MOTA, R. L.; LUXNICH, J. G. Manual de formigas REIS FILHO, W.; NICKELE, M. A.; STRAPASSON,
cortadeiras: biologia, identificação das principais P. Combate às formigas cortadeiras. 3. ed. Curitiba:
espécies e manejo. Piracicaba: Equilíbrio Proteção SENAR-PR, 2011. 48 p.
Florestal, 2014. 126 p.
1a edição
Versão eletrônica (2015) Expediente Supervisão editorial: Patrícia Póvoa de Mattos
Revisão de texto: Patrícia Póvoa de Mattos
Normalização bibliográfica: Francisca Rasche
Editoração eletrônica: Rafaele Crisostomo Pereira
CGPE 12176