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Aceiros são faixas ao longo das cer- Corymbia e Angophora. Um dos mais
cas cuja vegetação é completamente re- conhecidos é o citriodora, ou eucalipto-
movida da superfície do solo para impedir limão, por ser um dos primeiros a ser
a propagação do fogo. A proposta aqui utilizado em grandes áreas e produção de
apresentada utiliza o conceito “aceiros madeira de ótima qualidade. Atualmente
arborizados”. Este preconiza o plantio de este eucalipto é denominado pelo gênero
árvores nas faixas de aceiro resguardan- e espécie Corymbia citriodora, que foi
do uma faixa de dois a três metros sem descrita originalmente por William Jackson
vegetação na borda voltada para cultura Hooker como Eucalyptus citriodora, sendo
existente. A finalidade principal dessa transferida para o gênero Corymbia por
tecnologia é proteger as culturas perenes Hill e Johnson (1995).
e pastagens contra a perda excessiva da
umidade, ao mesmo tempo em que dimi-
nui riscos de queimadas, principalmente
Clima
na estação seca. Durante o período com O Estado de Mato Grosso do Sul está
temperaturas mais baixas, servem de numa área de transição climática, so-
abrigo para o gado doméstico, principal- frendo a atuação de diversas massas de
mente bovino, funcionando como uma ar, o que implica em contrastes térmicos
eficiente barreira quebra-vento. Além das acentuados, tanto no espaço quanto no
vantagens de se criar um microclima, a tempo. Zavatini (1992) efetuou estudos
produção de madeira pode também se sobre o clima regional, onde verificou
tornar um importante aporte econômico que o estado é cortado pela Faixa Zonal
para as propriedades rurais. Divisória, que corresponde a um limite
O plantio das árvores pode ser feito virtual de atuação de massas polares e
com espaçamentos mais estreitos, para dos resultantes regimes pluviométricos.
se obter uma faixa arborizada densa e Conforme a classificação dos cli-
impedir o desenvolvimento de vegeta- mas biológicos proposta por Bagnouls
ção herbácea no sub-bosque, evitando e Gaussen (1963), ocorrem no estado
que, na estação seca, o fogo atravesse três sub-regiões climáticas: a termoxe-
o aceiro arborizado. roquimênica atenuada, de ocorrência
Eucaliptos são espécies arbóreas na região da Bodoquena, na região
muito utilizadas em maciços florestais centro-norte do estado e arredores de
para produção de madeira para diversos Paranaíba, onde as temperaturas mé-
fins (Tabela 1). É também utilizado em dias do mês mais frio estão acima de
sistemas silvipastoris e na integração 20ºC e abaixo de 24ºC, as precipitações
lavoura, pecuária e florestas. Os anuais chegam a 1.500 mm, e o período
eucaliptos eram classificados somente seco normalmente é de três meses; a
no gênero Eucalyptus. Atualmente são mesoxeroquimênica modificada, que
incluídos em três gêneros: Eucalyptus, engloba as regiões sudoeste, centro-sul
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Tabela 1. Espécies e cultivares de eucaliptos (Corymbia e Eucalyptus) para usos comerciais de acordo
com as condições do ambiente e finalidade de uso, modificado de Paludzyszyn Filho e Santos (2011).
Espécie de
Indicação Uso da Madeira Comportamento da Espécie
eucalipto
Corymbia
Regiões livres Madeira densa. Aumenta a
citriodora
de geadas Uso geral qualidade da madeira com a
subesp.
severas duração do ciclo.
citriodora
Maior crescimento e rendimento
Regiões livres Fins energéticos, celulose volumétrico das espécies.
E. grandis de geadas de fibra curta, construção Aumenta a qualidade da
severas civil e serraria. madeira com a duração do
ciclo.
Regiões livres Crescimento menor que E.
E. urophylla de geadas Uso geral. grandis, boa regeneração por
severas brotação das cepas.
Fins energéticos, laminação, Madeira mais densa quando
Regiões livres
móveis, estruturas, comparada ao E. grandis;
E. saligna de geadas
caixotaria, postes, escoras, menos suscetível à deficiência
severas
mourões, celulose. de boro.
Fins energéticos, serraria, Árvores mais tortuosas;
Regiões livres
postes, dormentes recomendada para regiões
E. camaldulensis de geadas
mourões estruturas, com deficiência hídrica anual
severas
construção civil. elevada.
Fins energéticos, serraria,
Regiões livres Tolerante à deficiências
postes, dormentes,
E. tereticornis de geadas hídricas, boa regeneração por
mourões, estruturas,
severas brotação das cepas.
construção civil.
C. citriodora Regiões livres Serraria, laminação, Apresenta crescimento inicial
subesp. de geadas marcenaria, dormentes, lento. Indicada para regiões
variegata severas postes, mourões. com elevada deficiência hídrica.
Fins energéticos,
Regiões livres Excelente forma do fuste,
construção civil,
E. cloeziana de geadas durabilidade natural, alta
uso rural e sistemas
severas resistência a insetos e fungos.
agrossilvopastoris.
Regiões Apresenta rápido crescimento
sujeitas a Fins energéticos e e boa forma das árvores, com
E. dunnii
geadas severas serraria. dificuldades na produção de
e frequentes sementes.
Regiões Boa forma do fuste, intensa
sujeitas a rebrota, fácil produção de
E. benthamii Fins energéticos.
geadas severas sementes. Requer volume alto de
e frequentes precipitação pluviométrica anual.
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Figura 1. Mapa de clima de Mato Grosso do Sul, escala 1:5.000.000 (modificado de IBGE,
2002).
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Barreiras Quebra-
Ventos
Onde Uh é a velocidade do vento no
As barreiras quebra-ventos, como
topo da barreira, h a altura da barreira, x a
faixas de árvores, utilizadas nas pro-
distância à barreira, z a altura referente ao
priedades rurais são úteis em diversas solo, z0 coeficiente de rugosidade da su-
situações, desde proteção de estruturas perfície do terreno, f a porosidade da bar-
até como diminuir a evapotranspiração reira e L uma medida de estabilidade da
das pastagens, deixando-as mais apete- atmosfera (comprimento Monin-Obukhov).
cíveis durante o período seco. Podemos ver mais facilmente o efeito
A velocidade do vento a uma determi- dos tipos de barreiras na velocidade do
nada altura (U) depende de um conjunto vento através do desenho esquemático
na Figura 2, modificado de Naegeli (1953).
de fatores conforme a expressão:
é necessária essa prática como, por exem- eucalipto que são faixas paralelas às
plo, na região da Serra da Bodoquena e na cercas dentro dos piquetes. O espaça-
região do município de Corumbá. Nos solos mento aqui sugerido é o de 3,0 m x 2,0
de baixa fertilidade recomendam-se aplicar m, que equivale a 1.666 árvores/ha.
1.500 a 2.500 kg de calcário dolomítico dis-
O primeiro desenho de espaçamento
tribuído a lanço na área total ou aplicados
que sugerimos é o formato quadrangular
em faixas de 1,0 a 1,5 m de largura sobre
(Figura 3A). Neste esquema as árvores
as linhas de plantio. Aconselha-se realizar
são plantadas a distâncias fixas. O cál-
a aplicação do calcário, aproximadamente,
culo do número de árvores é dado pela
45 dias antes do plantio.
seguinte fórmula:
Combate a formigas
Antes do plantio do eucalipto nas Onde, S é o tamanho da área a ser
covas, deve-se realizar um combate as plantada, L são os lados do quadrado.
formigas existentes na área. Formigas Por exemplo, nossa Área (S) tem 1 ha e
cortadeiras ou saúvas (gêneros Atta e o espaçamento é de 3 m x 2 m. O núme-
Acromyrmex) são extremamente preju- ro de árvores será de 10.000 m2 / 6 m2,
diciais para as florestas. Após a limpeza ou seja 1.666 árvores ha-1.
do terreno, e antes de se revolver a terra,
consegue-se maior facilidade de localiza- O segundo desenho de espaçamen-
ção dos formigueiros e maior eficiência na to sugerido é o formato triangular (Figura
sua eliminação. Entretanto, o combate às 3B). Este desenho de plantio permite
formigas cortadeiras deve ser estendido uma barreira de vento mais fechada
até a exploração final do povoamento. que o esquema anterior. O cálculo do
Recomenda-se o uso de iscas granuladas, número de árvores é dado pela seguinte
em razão da sua maior facilidade de ma- fórmula a seguir:
nuseio, do maior rendimento operacional
em áreas limpas e da baixa toxicidade ao
ambiente. Em períodos chuvosos, as is-
cas devem ser colocadas em embalagens
impermeáveis (porta-iscas), distribuídas Onde h é a altura do triângulo:
sistematicamente em toda área em que o
combate é necessário.
Espaçamento
Aqui propomos localizações especí-
ficas para a localização das árvores de h = 2,598
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Supervisão editorial
Rodrigo Carvalho Alva
Revisão de texto
Rodrigo Carvalho Alva
Tratamento das ilustrações
Rodrigo Carvalho Alva
Projeto gráfico da coleção
Carlos Eduardo Felice Barbeiro
CGPE 15601
Editoração eletrônica
Rodrigo Carvalho Alva
Foto da capa
Rodrigo Carvalho Alva