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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E DO DESPORTO

UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA


DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA FLORESTAL

ESCOLHA DA ESPÉCIE FLORESTAL

HAROLDO NOGUEIRA DE PAIVA


PROFESSOR ADJUNTO
DEF - UFV
BENEDITO ROCHA VITAL
PROFESSOR TITULAR
DEF - UFV

VIÇOSA – MG
2002
ESCOLHA DA ESPÉCIE FLORESTAL

1 INTRODUÇÃO

O primeiro passo a ser dado, quando da decisão de plantar árvores,


para qualquer finalidade, é a definição da espécie florestal a ser plantada.
Neste aspecto, três pontos são considerados de vital importância, quais sejam,
o objetivo do plantio, as condições de clima e de solo da região a ser
reflorestada.
Os vários fatores do local afetam a vegetação. Por exemplo,
temperaturas mais elevadas estimulam o crescimento das plantas; redução da
umidade relativa do ar, próximo das plantas, faz com que haja um aumento na
taxa de transpiração; diminuição da intensidade luminosa estimula uma
expansão foliar. Para cada planta, há um ambiente ecológico ótimo, no qual,
todas as funções são harmonicamente ajustadas. Estes aspectos são de
menor relevância quando a decisão de plantio recair sobre espécies nativas.
Por outro lado, quando pretende-se plantar espécies exóticas é importante,
primeiro, fazer um teste, para verificar a adaptação das mesmas ao ambiente.
Durante a fase de planejamento de um projeto de florestamento ou
reflorestamento, deve-se ter em mente a finalidade do plantio. Se o objetivo for
a produção de madeira ou outros produtos de base florestal, deve-se observar
os aspectos do mercado consumidor, principalmente em termos de distância da
unidade de beneficiamento ou utilização. Uma vez decidido isso, parte-se para
um estudo visando conhecer quais espécies poderiam ser indicadas para o
referido fim. As espécies indicadas podem ser originadas do próprio local a ser
reflorestado, como por exemplo, plantar pinheiro-do-paraná em áreas de
altitude da Serra da Mantiqueira. Por outro lado, quando a espécie selecionada
não ocorrer naturalmente na região ela passa a ser denominada de espécie
exótica. Por espécie exótica não deve considerar somente aquelas que
ocorrem em outros países ou até mesmo continentes, mas todas aquelas que
são levadas para locais outros que não sejam suas áreas de ocorrência
natural.

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As finalidades de um plantio de árvores podem ser resumidas em três
categorias bastante distintas:
- produção de madeira ou outros produtos florestais;
- proteção;
- paisagismo.
Independente da finalidade, cabe ao silvicultor a responsabilidade de
escolher ou selecionar a(s) espécie(s) a plantar, exigindo do mesmo um amplo
trabalho de pesquisar as características das árvores, para que o
empreendimento possa ser estabelecido com sucesso.
O objetivo deste trabalho é despertar a atenção, de estudantes do Curso
de Engenharia Florestal e pessoas interessadas na área, para várias opções
de plantio de árvores e sobre as diferentes características a serem observadas
quando das escolha das espécies.

2 ÁRVORES COM FINS DE PROTEÇÃO

O cultivo de árvores com fins de proteção pode-se prestar para:


- quebra-ventos, para controlar a velocidade do vento;
- controle de erosão do solo, provocada pela água;
- prevenção de deslizamentos de terra, em locais muito inclinados;
- regularização de cursos d’água;
- melhoramento do solo;
- captura de CO2;
- controle de poeira em suspensão;
- controle de temperatura;
- controle de ruídos, dentre outros.

2.1 Quebra-ventos

O vento influencia o desenvolvimento dos vegetais basicamente sob três


aspectos: transpiração, absorção de CO2 e efeitos mecânicos nas folhas,
galhos e caule (Mota, 1976).

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Em locais de ventos fortes, cortinas de quebra-vento devem ser
plantadas. A ação protetora realizada pelos quebra-ventos pode se estender a
uma largura média seis vezes maior do que a altura das árvores do lado do
vento, e em torno de 20 vezes a altura das árvores, para o lado abrigado.
Assim, para um quebra-vento com altura média de 20 metros, tem-se 400 m de
proteção para o lado abrigado e em torno de 120 m para o lado do vento
(Wendling et al., 2001).
Para uma proteção a curto prazo, pode-se diminuir a distância entre as
barreiras pela metade e plantar árvores de rápido crescimento ou arbustos
(cortinas temporárias intermediárias) entre as cortinas permanentes. Quando
as árvores alcançarem altura e densidade suficientes, eliminam-se os quebra-
ventos intermediários (Read, 1964, citado por Leal, 1986).
Os quebra-ventos vegetais se comportam diferentemente das
construções porque não causam turbulência e imprimem circulações de ar mais
naturais contribuindo ainda na qualidade do ar circulante em termos de
temperatura e qualidade, sendo que as árvores e arbustos podem controlar o
vento por obstrução, por deflexão ou por filtração. O efeito e o grau de controle
varia com o tamanho da espécie, formato da copa, densidade foliar e
capacidade de retenção das folhas (Grey e Deneke, 1978).
As cortinas de quebra-vento devem ser plantadas na direção onde
possam formar uma barreira contra os ventos mais fortes. É muito interessante
que os quebra-ventos não formem cortinas muito fechadas, que impeçam
totalmente a passagem dos ventos. Isto pode diminuir, em muito, a eficiência
na redução da velocidade dos ventos e formando, assim, redemoinhos por
detrás das árvores. A altura das árvores deve ser homogênea, sem apresentar
falhas ao longo da barreira, para não provocar o afunilamento dos ventos
(Wendling et al., 2001).
Para o controle da erosão eólica, aquela provocada por ventos, a
vegetação de porte arbóreo é de grande valia. Espécies com copa densa
podem reduzir em 75 a 85 % a velocidade do vento, por aumentar a resistência
ao mesmo, reduzindo, com isto, a erosão eólica (Grey e Deneke, 1978).
Árvores podem fornecer uma efetiva proteção contra os ventos também
às margens de rodovias. Locais em que os ventos dominantes são

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perpendiculares à rodovia, frequentemente, estão sujeitos a ventos fortes, o
que pode, perfeitamente, ser minimizado pelo plantio de árvores e arbustos.
Para a escolha das espécies a serem implantadas em um quebra-vento,
deve-se sempre preferir aquelas em que já se têm árvores grandes plantadas
na região, pois estas já se encontram adaptadas às condições de clima e solo
do local. Também deve-se escolher espécies que cresçam rapidamente, que
tenham copas grandes e troncos curtos e vigorosos, crescimento uniforme,
desrama natural ruim e que não tenham problemas com ataque de pragas e
doenças. Muitas vezes, as características da madeira são importantes, pois
estas árvores poderão, no futuro, ser comercializadas ou usadas no próprio
local. Outra característica a considerar é a possibilidade de usar espécies que
apresentam florada abundante, para a formação de pastos apícolas.
Recomenda-se a colocação de, no mínimo, 3 fileiras de árvores,
dispostas em forma de triângulo, diminuindo, assim, o risco de aparecerem
falhas no meio da cortina. O plantio de árvores altas nas linhas centrais da
cortina, flanqueada nos dois lados por árvores menores e arbustos, para dar a
forma transversal de um "V" invertido, tem sido frequentemente advogada com
a forma ideal para uma maior eficiência da mesma (Leal, 1986).
Em termos gerais, várias espécies têm sido utilizadas para a formação
de quebra-ventos, tais como Casuarina spp., Eucalyptus spp., Grevillea spp.,
Pinus spp., Cupressus spp., Anadenanthera spp., Licania tomentosa, Acacia
spp., Ficus spp., etc, ou seja, espécies de rápido crescimento e que
apresentam folhas perenes e boa densidade de copa.

2.2 Controle de erosão do solo

Em áreas sujeitas a erosão do solo, provocada pela água, deve-se


escolher aquelas espécies que propiciem uma boa cobertura do solo, formando
sobre o mesmo, uma camada de material orgânico, que vai se decompondo
aos poucos.
Nos solos cobertos naturalmente com vegetação ocorre muita
evapotranspiração, muita infiltração e pouco escoamento superficial.

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A cobertura vegetal do solo está relacionada com os seguintes aspectos
ambientais:
• contribui para a retenção e estabilização dos solos;
• previne contra a erosão, pois tem efeitos amortecedores da chuva e
favorecimento à infiltração da água, proporcionando menor escoamento
superficial;
• integra o ciclo hidrológico através dos processos de transpiração.
A vegetação constitui o fator mais importante no controle da erosão,
principalmente porque:
• constitui barreira física ao transporte do material;
• proporciona uma estrutura mais sólida ao solo, devido ao sistema
radicular;
• amortece o impacto das águas de chuva sobre o solo;
• eleva a porosidade do solo e, portanto, sua capacidade de absorção de
água.
Salas (1987) diz que as características mais desejadas em espécies
arbóreas e arbustivas, para o controle da erosão poderiam ser as seguintes:
- boa sobrevivência e rápido crescimento em solos pobres;
- habilidade para produzir uma grande quantidade de serapilheira;
- sistema radicular vigoroso e superficial;
- rápido estabelecimento e pouca necessidade de manutenção;
- resistência a pragas e doenças;
- capacidade para formar uma densa cobertura, que retenha as fortes gotas
de chuva em precipitações torrenciais;
- capacidade para melhorar o solo, como a fixação biológica de nitrogênio.
Várias espécies, nativas e exóticas, se prestam para tal finalidade, no
entanto a escolha deve recair sobre aquelas de rápido crescimento e que
promovam uma rápida deposição de folhas e galhos, para a formação da
serapilheira. Espécies do grupo ecológico das pioneiras são preferidas em
detrimento de espécies climácicas.

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2.3 Prevenção de deslizamentos de terra

Os deslizamentos de terra ocorrem em locais de topografia acidentada,


devido à pouca estrutura do solo ou à desagregação do mesmo por diferentes
operações antrópicas.
Espécies que apresentam raízes profundas devem ser as escolhidas
para prevenir deslizamentos de terra, sendo que as espécies com raízes
superficiais devem ser excluídas de tais locais. Quanto à altura das árvores,
deve-se dar preferência para espécies que apresentem porte pequeno ou
médio, evitando-se o uso de espécies de porte grande. Árvores de grande
porte representam um elevado peso sobre o solo, podendo favorecer o
deslizamento do mesmo. Em termos de tamanho de copa, deve-se dar
preferência para árvores de copa estreita e rala.

2.4 Regularização de cursos d'água

As árvores que se prestam para regularizar cursos d’água, ou seja,


árvores usadas para recompor matas ciliares, na verdade, exercem o papel de
regularizar o movimento da água sobre a superfície do solo, afetando a taxa de
infiltração e diminuindo o escorrimento superficial, desta forma, amenizando os
problemas advindos com as enchentes.
Lima (1989), citado por Sevegnani e Silva (2000), apresenta as funções
hidrológicas do ecossistema ripário, que são as seguintes:
- estabilização das áreas críticas que são as ribanceiras do rio, pelo
desenvolvimento e manutenção do emaranhado radicular;
- agindo como tampão e filtro entre os terrenos mais altos e o ecossistema
aquático, participa do controle do ciclo de nutrientes na bacia hidrográfica,
atuando a vegetação ciliar tanto no escoamento superficial, quanto na
absorção de nutrientes quando do escoamento subsuperficial.
- pela diminuição e filtragem do escoamento superficial impede ou dificulta o
carreamento de sedimentos para o sistema aquático, contribuindo, desta
forma, para a manutenção da qualidade da água das bacias hidrográficas;

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- pela sua integração com a superfície da água, intercepta e absorve
radiação solar, assim contribuindo para a estabilidade térmica dos
pequenos cursos d'água;
- fornece alimentação para peixes e outros componentes da fauna aquática.
Martins (2001) diz que, normalmente, recomenda-se adotar os seguintes
critérios básicos na seleção de espécies para a recuperação de matas ciliares:
- plantar espécies nativas com ocorrência em matas ciliares da região;
- plantar o maior número possível de espécies para gerar alta diversidade;
- utilizar combinações de espécies pioneiras de rápido crescimento junto com
espécies não pioneiras (secundárias tardias e climácicas);
- plantar espécies atrativas à fauna;
- respeitar a tolerância das espécies à umidade do solo, isto é, plantar
espécies adaptadas a cada condição de umidade do solo.
Em matas ciliares encontram-se solos permanentemente encharcados,
solos temporariamente inundados e solos em áreas livres de inundação. Em
solos livres de inundação muitas espécies podem ser plantadas, mas deve-se
dar preferência para aquelas que possam fornecer alimento para a fauna,
inclusive para os peixes. Em locais temporariamente inundados, deve-se dar
preferência para espécies que possuam a habilidade de conviver com lençol
freático alto e, até mesmo, com períodos ocasionais de alagamento, como por
exemplo o açaí (Euterpe oleracea), o palmito doce ou juçara (Euterpe edulis), a
caixeta (Tabebuia cassinoides), o ingá (Inga spp.), a eritrina-do-brejo (Erythrina
spp.), ipê amarelo do brejo (Tabebuia umbellata), etc. Em locais
permanentemente encharcados a ocorrência de árvores fica restrita a poucas
espécies, como canelinha (Aniba firmula), cedro do brejo (Cedrela odorata),
sangra d'água (Croton urucurana), dentre outras (Martins, 2001).

2.5 Melhoramento do solo

Para melhorar o solo são indicadas aquelas espécies que proporcionem


uma rápida deposição de folhas e galhos, formando a serapilheira, de forma a
promover uma rápida ciclagem de nutrientes, trazendo à superfície nutrientes
que estavam em camadas mais profundas do solo. As espécies devem possuir

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a habilidade de formar associação com bactérias fixadoras de nitrogênio, pois
desta forma haverá acréscimo deste nutriente ao solo, por meio da deposição
de folhas, galhos, flores, etc. Portanto, trata-se de espécies pioneiras, de rápido
crescimento, que apresentem boa desrama natural.

2.6 Captura de CO2

Para as florestas que objetivam a captura de CO2 deve-se dar prioridade


para aquelas espécies que apresentam folhas perenes, pois as mesmas
realizam a fotossíntese durante todo o ano. Espécies de crescimento rápido
são mais eficientes na captura de CO 2, em relação às espécies de crescimento
lento, mas deve-se atentar para o fato de que esta eficiência está relacionada
com o uso futuro da madeira, pois ao utilizar estas árvores o carbono retido
pode retornar para a atmosfera. O ideal é que a madeira seja usada na
produção de bens de média a longa duração.

2.7 Controle de poeira em suspensão

Um hectare plantado com árvores fixa, em média, 50 toneladas de


poeiras por ano e efetua depuração bacteriana, fixando gases tóxicos e
liberando quatro a dez toneladas de oxigênio (Fischesser, 1981). As árvores
servem também para filtrar fumaças e odores desagradáveis pela passagem do
ar pelas folhas e flores, ou pelo mecanismo de absorção.
Áreas bem arborizadas podem reter até 70 % da poeira em suspensão,
e mesmo no inverno, desfolhadas, as árvores caducifólias retém até 60 % de
sua eficiência (Santos e Teixeira, 2001).
Quando árvores são plantadas para despoluir, algumas normas devem
ser observadas (Paiva e Gonçalves, 2002):
- os plantios devem ser perpendiculares à direção do vento;
- plantas de copas abertas e permeáveis devem ser combinadas com
barreiras densas;
- os plantios devem ser concêntricos, em torno da fonte poluidora.

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Em locais onde há poluição do ar por meio de partículas sólidas, deve ser
evitado o plantio de espécies que apresentem folhas largas, grossas e, ou, com
presença de pêlos, pois estas acumulam pó em suas folhas, criando condições
para o desenvolvimento de fungos, líquens e bactérias, podendo pôr em perigo
a saúde pública, além, é claro, do aspecto estético indesejável (Paiva, 2000).
As folhas lisas permitem uma lavagem da poeira e dos elementos químicos,
por ocasião das chuvas, sendo, por isto, preferíveis às árvores de folhas
pilosas.

2.8 Controle de temperatura

A paisagem natural, em contraste às construções, tende a estabilizar a


temperatura e reduzir os extremos. Assim, dentro de uma floresta existe a
tendência das temperaturas máximas serem menores e as temperaturas
mínimas serem maiores, resultando em uma menor amplitude térmica.
Evidentemente que uma árvore isolada pouco tem a oferecer em termos de
controle de temperatura.
Para este objetivo, a escolha das espécies deve recair sobre aquelas de
copa larga, por propiciar maior área sombreada. A perenidade ou não das
folhas é outra questão que deve ser levada em consideração. Árvores de folhas
perenes promovem uma amenização da temperatura durante todo o ano, mas
deve-se considerar também o próprio clima do local. Em locais de clima frio
pode ser interessante o uso de espécies de folhas caducas, as quais perdem
suas folhas durante o inverno, deixando os raios solares atingirem o solo,
aumentando com isto a temperatura. Portanto, pode-se aproveitar desta
sazonalidade para a escolha das espécies a serem plantadas.

2.9 Controle de ruídos

A vegetação tem sido indicada como um meio que pode absorver o


barulho, não havendo, no entanto, uma opinião formada definitiva sobre isto.
Alguns consideram que o efeito de absorção das árvores, enquanto outros
acham que áreas verdes têm a função apenas de afastamento e de criação de

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uma barreira visual entre a fonte de barulho e os receptores, funcionando
psicologicamente. É sabido, no entanto, que os elementos introduzidos entre a
fonte e o receptor reduzem o som por absorção, deflexão, reflexão e difração
(Paiva e Gonçalves, 2002).
O efeito da redução da poluição sonora ocorre, pois a planta, ou partes
da mesma, cumprindo função de anteparo, absorvem, refratam e refletem as
ondas sonoras, reduzindo os níveis de ruído. A eficiência na absorção do som
depende de: nível de ruído; topografia; características das espécies; forma e
arranjo das plantas; superfície foliar; frequência do som; posição da vegetação
em relação à fonte emissora; estação do ano (Santos e Teixeira, 2001).
As espécies escolhidas para esta finalidade devem apresentar folhas
perenes e copas compactas. Deve-se escolher árvores e arbustos, de forma a
promover uma densa barreira, desde o nível do solo até maiores alturas.

Independente do objetivo do plantio, quando da implantação de florestas


de proteção deve-se dar preferência para as espécies nativas, embora algumas
espécies exóticas, adaptadas ao local, possam também ser indicadas. Neste
caso, o técnico deve fazer um levantamento de remanescentes florestais que,
porventura, existam na região, para selecionar aquelas espécies potenciais
para tal fim.

3 ÁRVORES COM FINS PAISAGÍSTICOS

Ao estabelecer um plantio com finalidades paisagísticas, a seleção das


espécies vai depender do gosto pessoal do interessado e das características
das plantas, em termos de estética. O efeito obtido depende mais da forma
como as árvores são agrupadas. Deve-se observar, neste caso, a forma da
copa, a florada, as folhas e as opções de agrupamento que as espécies
oferecem. A formação de florestas urbanas e a arborização de rodovias são os
melhores exemplos de estabelecimento de arvores com objetivos paisagísticos.
Para a implantação das florestas urbanas a escolha das espécies
depende basicamente da finalidade das mesmas. Bosques são plantados com
espécies que apresentam as características acima mencionadas. Florestas

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sociais são implantadas com espécies de rápido crescimento, de forma a
atender em curto espaço de tempo as necessidades da população. A
arborização de vias públicas, ou seja de calçadas e canteiros centrais de
avenidas e a arborização de rodovias exige uma criteriosa escolha das
espécies.

3.1 Arborização de vias públicas

Além do efeito estético, a arborização de vias públicas deve apresentar


benefícios como a melhoria microclimática e a minimização dos efeitos das
poluições atmosférica, sonora e visual. Por isso, as características das
espécies devem ser devidamente consideradas na seleção para utilização na
arborização de ruas (Milano e Dalcin, 2000).
Para a escolha de espécies para a arborização de vias públicas e
canteiros centrais de avenidas vários aspectos devem ser observados,
incluindo:
- ritmo de crescimento - é aconselhável a escolha de plantas de crescimento
lento, uma vez que, normalmente, estas apresentam folhas persistentes,
boa formação de copa e raízes profundas. Árvores de crescimento rápido
apresentam, normalmente, constituição frágil e má-formação anatômica,
quebrando-se facilmente com a ação do vento;
- exigências específicas, como clima, solo e umidade;
- tipo de copa - existe para cada clima um tipo de copa adequado. De modo
geral, em locais de clima tropical recomendam-se copas que dêem boa
sombra, mas que não dificultem o arejamento do local, com preferência
para espécies com folhagem perene. Para locais de clima frio, as espécies
de copas ralas, que perdem ou não suas folhas, são as mais indicadas. Em
locais de inverno rigoroso, as melhores espécies são as que perdem suas
folhas, pois possibilitam a insolação direta na superfície do solo, atenuando
a temperatura. Para fins práticos, é importante conhecer o desenvolvimento
da copa, para adequá-la ao espaço aéreo disponível. Portanto, é importante
conhecer o diâmetro longitudinal, o raio transversal em direção à

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construção, pois, se incompatíveis, essas medidas podem trazer
transtornos para o trânsito e para os moradores;
- porte das árvores - em canteiros centrais de avenidas e em ruas e calçadas
largas, pode-se optar pelo uso de árvores de porte grande ou médio. No
entanto, em calçadas estreitas, deve-se optar por espécies de pequeno ou
médio porte;
- folhagem - a funcionalidade da arborização para os serviços de manutenção
da cidade é o elemento que deve ser priorizado. Nesse aspecto, passam a
ser relevantes o tamanho e a perenidade da folhagem. Assim, árvores de
folhagem perene são preferidas às de folhas caducas. Dessas, as árvores
de folhas grandes, apesar de mostrarem maior sujeira, apresentam maior
facilidade na limpeza e prejudicam menos os serviços de calhas e bueiros,
já que as folhas pequenas conseguem penetrar mais, causando o
entupimento em calhas de diâmetros menores e encarecendo a
manutenção da limpeza pública;
- flores - deve ser evitado o uso de espécies que produzem flores muito
grandes, que, quando caem, tornam as calçadas escorregadias,
representando perigo para os transeuntes, além da sujeira que acumulam
nas ruas. Também não são recomendadas espécies com flores que exalam
perfume muito acentuado, bem como aquelas que produzem muito pólen,
podendo provocar alergia em algumas pessoas;
- frutos - não é recomendado o uso de espécies de frutos grandes, pois estes
podem representar perigo para os pedestres e para os veículos
estacionados nas vias públicas. Espécies com frutos comestíveis devem
também ser evitadas, pois estes estimulam a depredação das árvores, além
de colocar em risco as pessoas, que, porventura, venham a subir em seus
troncos. Os frutos dessas árvores, em vias públicas, normalmente estão
contaminados pela poluição causada pelas indústrias e pelos
escapamentos dos veículos automotores, tornando-se inadequados para o
consumo humano;
- troncos - as árvores indicadas para arborização de vias públicas devem
apresentar ramos e troncos resistentes, principalmente à ação dos ventos.
Contudo, não devem ser muito volumosos e nem providos de acúleos ou

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espinhos; não devem apresentar boa desrama natural, pois isto implica em
riscos para os pedestres e para os veículos, além da sujeira provocada pela
queda de ramos secos;
- raízes - para o plantio em calçadas, devem ser usadas árvores que não
possuam raízes agressivas, sendo de preferência, profundas e pivotantes.
Plantas com raízes superficiais, à medida em que vão crescendo, danificam
calçadas e construções;
- substâncias tóxicas - as espécies que segregam substâncias tóxicas, ou
mesmo que possam causar qualquer reação alérgica aos habitantes, devem
ser eliminadas durante a escolha para a arborização;
- rusticidade e resistência a pragas e doenças - na seleção de espécies para
plantio em vias públicas, deve-se optar por aquelas que apresentam
rusticidade e resistência a pragas e doenças, uma vez que serão plantadas
em condições adversas;
- origem - dá-se preferência para as espécies que ocorrem no local, pois
estão melhor adaptadas, no entanto, espécies exóticas podem ser usadas,
desde que estejam adaptadas às condições do local

3.2 Arborização de rodovias

A arborização em rodovias reveste-se de grande importância, podendo


algumas de suas principais funções ser assim discriminadas: recompor a
paisagem; consolidar o corpo estradal; camuflar cortes e aterros; minimizar
processos erosivos; quebrar a monotonia nas longas pistas; minimizar
impactos ambientais; oferecer locais de descanso e lazer; servir de sinalização
viva e proteger os usuários. Portanto, não se trata apenas de plantio de árvores
com fins estéticos.
Na escolha das espécies a plantar, devem ser levadas em consideração
as dificuldades para estabelecimento da vegetação, tais como: condições
adversas do solo, ataque de pragas e doenças, competição com plantas
daninhas, déficit hídrico, poluição causada pelos escapamentos dos veículos e
o próprio deslocamento de ar provocado pelo movimento dos veículos em
velocidade. Para superar estas dificuldades, deve-se dar preferência a

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espécies rústicas, nativas, aclimatadas ao meio ambiente, adaptadas ao solo
da região e com mudas em bom estádio de desenvolvimento.
Para a arborização das rodovias é sempre aconselhável a utilização de
plantas nativas, embora muitas espécies exóticas possam vir a ser
selecionadas para o plantio.
Na escolha das árvores é importante considerar o pensamento de
Fischesser (1981), que denomina as árvores como monumentos naturais,
classificando-as em:
- árvores de enquadramento - servem para enquadrar determinada obra;
- árvores de alinhamento - traçam perspectivas, abrigam do vento, ocultam
elementos deselegantes;
- árvores isoladas;
- árvores agrupadas - estabelecem fundos e resguardos, evidenciando
colorações.
A utilização de árvores frutíferas para a arborização de rodovias, embora
tenha sido recomendada no passado (Mello, 1940; Santos, 1960) não se
mostra prática que deve ser seguida, pois a poluição causada pelos
escapamentos dos veículos, contamina frutas com metais pesados, como o
chumbo, os quais serão ingeridos pelos transeuntes (Paiva e Gonçalves,
2001).
Além disso, o uso de árvores frutíferas requer planejamento de espaços
amplos, já que as paradas para coleta podem causar graves acidentes se não
houver acostamento suficiente.
Espécies de rápido crescimento também não são indicadas para o
plantio em rodovias, a não ser que haja grande distância entre a árvore e a
pista de rolamento. Essas árvores são frágeis, e é muito comum ver, nas
estradas, seus galhos ou troncos quebrados após vendavais ou tempestades, o
que traz grande perigo para os usuários de rodovias, principalmente à noite.
Árvores que apresentam sistema radicular superficial podem provocar
danos às canaletas de drenagem e até mesmo à pista de rolamento, não
sendo, portanto, recomendadas. Espécies que possuem princípios tóxicos
devem também ser evitadas.

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A escolha das espécies deve considerar ainda a relação copa/caule,
conforme o entorno da paisagem. Nas regiões planas, árvores de caules
longos e copas pequenas produzem o efeito "estroboscópio" ao nascer e ao
pôr-do-sol, com desconforto para o motorista.
Para a arborização de áreas de descanso, além desses aspectos, deve-
se evitar a escolha de espécies que possuem flores grandes, que sujam muito
o chão, bem como aquelas que produzem frutos grandes ou que mancham
tanto a roupa dos transeuntes quanto a pintura dos carros. Principalmente
nestas áreas de descanso, em regiões de clima quente deve-se dar preferência
ao plantio de espécies perenifolias, de modo a se ter sombra durante todo o
ano.
No caso da arborização de canteiros centrais de rodovias deve-se optar
por arbustos, que apresentem tronco de pequeno diâmetro, ou, se tiver
diâmetro maior, que seja de constituição frágil.

4 ÁRVORES COM FINS DE PRODUÇÃO COMERCIAL

Quando o objetivo é a obtenção de madeira ou outros produtos


florestais, com o maior retorno econômico possível, deve-se levar em
consideração, quando da escolha da espécie, os seguintes pontos:
- custo inicial de plantio;
- custo de manutenção;
- retorno possível com a aplicação de desbastes, se for o caso;
- período de tempo decorrido entre a implantação e a colheita;
- e valor da madeira ou do produto colhido quando a floresta estiver madura.
A implantação de uma floresta pode ter os mais variados fins. Nesse
sentido procurou-se separar as espécies de acordo com o uso a ser dado à
mesma, considerando, ainda, as características de adaptação a clima e solo da
região em que a floresta será plantada, citando, como exemplo, algumas
espécies potenciais.

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4.1 SELEÇÃO DE ESPÉCIES FLORESTAIS, QUANTO AO USO

Visando subsidiar o planejador quanto à escolha da espécie a ser


indicada para determinado fim, ou seja, a produção de madeira ou outro
produto de base florestal, segue-se uma lista de possíveis espécies, agrupadas
de acordo com suas possibilidades de utilização. Muitas outras espécies
poderiam ser listadas.

4.1.1 Produção de lenha e carvão vegetal

As principais características desejadas nas madeiras a serem usadas


como fonte energética ou para a produção de carvão vegetal são a massa
específica ou densidade, poder calorífico, teor de lignina e de cinzas e teor de
umidade (Tilman, 1978; White, 1987).
Madeiras com densidades mais elevadas são mais recomendadas como
fonte energética porque, para um mesmo volume de madeira, aquelas mais
densas liberam maior quantidade de calor. Para a produção de carvão as
madeiras mais densas produzem carvão de densidade mais elevada que é
mais conveniente para os metalúrgicos porque libera uma maior quantidade de
calor e de carbono por unidade de volume e facilita a movimentação de gases
no alto-forno (Mendes et al., 1981). Madeiras com densidades superiores a
0,50 g/cm3 são recomendadas.
O poder calorífico das madeiras depende principalmente do seu teor de
lignina e do teor e constituição dos componentes secundários. O poder
calorífico é diretamente proporcional ao teor de lignina e de componentes
extratáveis (Wengel, 1970). O teor de lignina das coníferas varia entre 26 e 32
% e entre 20 e 30 % para as folhosas. As coníferas, geralmente, devido à
presença de resina, possuem maior teor de extrativos. Por isso o poder
calorífico médio das folhosas é aproximadamente igual a 4.700 kcal/kg e das
coníferas aproximadamente igual a 5.000 kcal/kg. Portanto, em principio as
coníferas seriam mais indicadas para a geração de energia e fabricação de
carvão vegetal (Panshin e de Zeeuw, 1980). Contudo, esta vantagem não
prevalece quando se considera a densidade das madeiras uma vez que a

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densidade das coníferas cultivadas no Brasil são inferiores às densidades das
madeiras das folhosas.
As madeiras selecionadas tanto para geração de energia quanto para a
produção de carvão vegetal devem apresentar baixos teores de componentes
minerais que serão convertidos a cinza (Chow e Lucas, 1988). Aumento no teor
de cinza ocasiona redução no poder calorífico da madeira e interfere na
qualidade carvão vegetal porque pode afetar a qualidade das ligas metálicas.
Além disso, é necessária a remoção periódica das cinzas depositadas nos
caldeiras.
O teor de umidade das madeiras utilizadas para energia ou para
produção de carvão vegetal deve estar compreendido entre 30 e 40 %. Faixa
dentro da qual se obtém bom rendimento em carvão e melhor eficiência das
caldeiras.
As espécies exóticas introduzidas no Brasil, com potencial para
produção de carvão vegetal são: Corymbia citriodora, C. maculata, Eucalyptus
camaldulensis, E. deglupta, E. globulus, E. tereticornis, E. viminalis, E.
urophylla, E. paniculata, E. pilularis, E. exserta, E. brassiana, E. tesselaris, E.
crebra, E. saligna, E. cloeziana, E. grandis, Prosopis juliflora, P. tamarugo, P.
chilensis, Acacia mearnsii, dentre outras.
Dentre as espécies nativas, várias são as opções, como por exemplo:
bracatinga (Mimosa scabrella), angico vermelho (Parapiptadenia rigida), canela
sassafrás (Ocotea odorifera), angico cangalha (Peltophorum dubium), crindiuva
(Trema micrantha), jacaré (Piptadenia gonoacantha), bico de pato (Machaerium
nictitans), devendo-se dar preferência para espécies de maior densidade
básica da madeira, pois esta característica é de fundamental importância para
a qualidade do carvão vegetal produzido.

4.1.2 Produção de celulose

As principais características desejadas nas madeiras destinadas à


produção de celulose são a massa específica ou densidade, composição
química, constituição anatômica e cor (Englerth, 1966;Haygreen e Bowyer,
1996).

17
De modo geral a indústria prefere madeira de coloração mais clara
porque reduz o consumo de produtos químicos no branqueamento (Libby,
1962).
A densidade da madeira afeta a produtividade bem como a qualidade
dos papéis. O volume do digestor é fixo, assim o emprego de madeiras de
baixa densidade reduz a sua produtividade uma vez que a massa de madeira
possível de ser colocada no digestor é inversamente proporcional à sua
densidade. Por outro lado, madeiras muito densas são mais difíceis de serem
polpeadas e como ocorre menos colapso das fibras de madeiras mais densas
a resistência do papel vai ser afetada de forma negativa (Libby, 1962).
De modo geral os fabricantes de celulose trabalham com madeiras com
densidades compreendias entre 0,40 e 0,58 g/cm3.
O objetivo da polpação é separar os elementos anatômicos que
constituem as madeiras. Para isso é necessário solubilizar a lignina. Madeiras
mais lignificadas consomem mais regentes e demandam mais tempo no
digestor. Alem disso, a lignina residual que permanece na polpa celulósica
destinada à produção de papel de escrita e papéis sanitários deve ser
eliminada durante o braqueamento. A retirada da lignina reduz o rendimento
em celulose. Por isso a indústria prefere madeiras com o menor teor de lignina
possível (libby, 1962; Wenzel, 1970; Haygreen e Bowyer, 1996).
Outra característica importante das madeiras destinadas à produção de
celulose é a sua composição anatômica. No caso de coníferas prefere-se
madeiras contendo mais traqueóides e no caso de folhosas são preferidas
madeiras contendo mais fibras.
Os trabalhos relacionados com a produção de celulose vêm destacando,
principalmente, as espécies exóticas. Dentre estas espécies pode-se sugerir
como potenciais para uso: Eucalyptus alba, E. saligna, E. grandis, E. urophylla,
E. globulus, E. viminalis, E. dunnii, Gmelina arborea, Pinus oocarpa, Pinus
caribaea var. caribaea, Pinus caribaea var. hondurensis, Pinus caribaea var.
bahamensis, Pinus elliottii var. elliottii, Pinus patula, Pinus taeda, Pinus
tecunumanii, Bambusa sp. Além das espécies, hoje tem-se utilizado muito de
híbridos de Eucalyptus, que combinam boas características de crescimento
com excelentes características industriais.

18
4.1.3 Dormentes

As características desejadas para as madeiras destinadas à produção


de dormentes são a resistência à compressão perpendicular, durabilidade
natural ou facilidade de impregnação com substâncias preservantes e
resistência ao fendilhamento.
Várias espécies exóticas se prestam para a produção de dormentes,
entre elas destacam-se: Corymbia citriodora, C. maculata, Eucalyptus
camaldulensis, E. cloeziana, E. paniculata, E. deglupta, E. microcorys, E.
botryoides, E. pilularis, E. punctata, E. propinqua, E. robusta, E. exserta, E.
crebra, E. viminalis, E. maidenii, E. tereticornis, Prosopis sp. Dentre as
espécies nativas pode-se destacar a aroeira do sertão (Myracrodruon
urundeuva), braúna (Melanoxylon brauna), angico cangalha (Peltophorum
dubium), pequiá marfim do roxo (Aspidosperma obscurinervium), piquiarana
(Caryocar glabrum), piquiá (Caryocar villosum), cupiúba (Goupia glabra),
bacuri-açú (Platonia insignis), pau ferro (Caesalpinia leiostachya), peroba rosa
(Aspidosperma polyneuron), sobrasil (Colubrina glandulosa), anani ou bacuri
bravo (Symphonia globulifera), jatobá (Hymenaea courbaril), angelim pedra
(Dinizia excelsa), angelim rajado (Pithecollobium racemosum), cumaru
(Dipteryx odorata), angico vermelho (Parapiptadenia rigida), araribá
(Centrolobium robustum), bálsamo (Myroxylon peruiferum), bico de pato
(Machaerium nictitans) canafístula (Cassia ferruginea), canela sassafrás
(Ocotea odorifera), copaíba (Copaifera langsdorffii), ipê mulato (Tabebuia
chrysotricha), etc.

4.1.4 Postes

As propriedades dos postes de madeira a serem utilizados nas redes de


distribuição de energia elétrica são estabelecidas em normas publicadas pela
Associação Brasileira de Normas Técnicas. As espécies Corymbia citriodora,
Eucalyptus alba, E. tereticornis, E. rostrata, E. paniculata, E. botryoides e E.
saligna são citadas na norma técnica. Para outras espécies, exige-se
preliminarmente, características físico-mecânicas e provas de resistência

19
mecânica, de tratamento e de penetração satisfatória de preservativo,
comprovadas através de experiências de campo (Associação Brasileira de
Normas Técnicas, 1984).
Os parâmetros característicos considerados para a especificação de
postes de eucalipto são o limite de resistência à flexão, módulo de elasticidade
à flexão, massa específica aparente e conicidade da árvore. Além disso as
árvores devem ter pelo menos 8 anos de idade e apresentarem espessura
mínima de alburno de 20 mm. Os postes devem ser isentos de sinais de
apodrecimento, principalmente no cerne; avarias no alburno provenientes do
corte ou transporte; fraturas transversais; depressões acentuadas; orifícios,
pregos, cavilhas ou quaisquer peças metálicas não especificamente
autorizadas. A presença de curvatura, sinuosidade em qualquer trecho, fendas
no topo, corpo e na base, rachas no topo e na base, nós ou orifícios e veios
inclinados ou espiralados são aceitos até o limite estabelecido pela norma
técnica. O emprego de madeira com veios inclinados é desaconselhado
porque as variações nas dimensões que ocorrem naturalmente em madeiras
expostas ao ar podem ocasionar torções nos postes gerando tensões nas
linhas elétricas (Associação Brasileira de Normas Técnicas, 1984).
Para a obtenção de postes várias espécies podem ser consideradas
adequadas, dentre elas as seguintes: Corymbia citriodora, C. maculata,
Eucalyptus camaldulensis, E. microcorys, E. paniculata, E. resinifera, E.
punctata, E. cloeziana, E. pilularis, E. tereticornis, E. propinqua, E. maidenii,
sucupira vermelha (Andira parviflora), aroeira do sertão (Myracrodruon
urundeuva), braúna (Melanoxylon brauna), alecrim de campina (Holocalyx
glaziovii), sobrasil (Colubrina glandulosa) e muitas outras. Com a aplicação de
preservativos da madeira, muitas outras espécies podem ser trabalhadas e
tornar-se adequadas para postes.

4.1.5 Estacas e moirões

As características desejadas para as estacas ou moirões são


semelhantes àquelas desejadas para os postes de madeira. As resistências
mínimas estabelecidas pela ABNT são as seguintes: tensão de ruptura à

20
flexão: 83,4 Mpa; tensão admissível à flexão: 27,8 Mpa; módulo de
eleasticidade: 9.800 Mpa; conicidade média: 7,26 mm/mm e densidade a 40 %
de umidade: 850 kg/m3. São previstas 5 classes de diâmetro: classe A (6-8
cm); classe B (8-10 cm); classe C (10-13 cm); classe D (13-16); classe E (16-
20 cm) (Associação Brasileira de Normas Técnicas, 1986).
Sinais de apodrecimento, principalmente no cerne, avarias no alburno
provenientes do corte ou do transporte, fraturas transversais, orifícios, brocas,
depressões acentuadas, pregos, cavilhas ou quaisquer peças metálicas não
especificamente autorizadas não são admitidas em moirões de eucalipto a
serem comercializados. Pequenas curvaturas, sinuosidades, fendas e rachas
são admitidas desde que não ultrapassem os valores estabelecidos pela norma
da ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas, 1986).
A exemplo do que ocorre com as espécies adequadas para postes,
diferentes espécies têm sido tratadas com preservativo de madeira, tornando-
se ótimas para estacas e moirões, para a confecção de cercas. Mas existem
espécies que mesmo sem tratamento apresentam grande durabilidade quando
em contato com o solo, a exemplo de Corymbia citriodora, C. maculata,
Eucalyptus. paniculata, aroeira do sertão (Myracrodruon urundeuva), braúna
(Melanoxylon brauna), candeia (Vanillosmopsis erythropappa), sucupira
vermelha (Andira parviflora), canela sassafrás (Ocotea odorifera), pau ferro
(Caesalpinia leiostachya) e outras.

4.1.6 Serraria

Vários índices de qualidade devem ser considerados na escolha da


madeira destinada à produção de madeira serrada. Entre estes índices deve-se
incluir aqueles que interferem no desdobro e processamento adicional na
serraria, bem como aqueles relacionados com a utilização posterior da
madeira serrada.
A classificação de toras baseia-se na sua aparência externa, nos
defeitos e anormalidades visíveis, tanto nas extremidades como na superfície,
sem garantia quanto a defeitos internos. Dependendo do engenho de desdobro

21
as serrarias costumam estabelecer dimensões mínimas e máximas que serão
aceitas (Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Florestal, 1984).
As toras são classificadas de acordo com a forma geral, os defeitos ou
as anomalias visíveis na superfície rolante e nas extremidades além do volume
líquido. Defeitos na forma da tora tais como achatamento, conicidade,
encurvamento e sapopema devem ser minimizados. É, também, importante
que defeitos da superfície rolante tais como nós, reentrâncias, protuberâncias
sejam mantidas com diâmetro não superior a 3,0 cm. Inclinação da grã, racha
atingindo a superfície, fendilhado, furos de insetos, descoloração do alburno,
racha anelar, racha não diametral, centro anormal e podridão são defeitos que,
também afetam a qualidade das toras (Instituto Brasileiro de Desenvolvimento
Florestal, 1984).
Os índices de qualidade aplicáveis à madeira serrada dependem do uso
final.
Para serraria existe um grande número de espécies nativas adequadas
e experimentadas, todas comprovadamente produtoras de madeira de
excelente qualidade, como por exemplo cedro (Cedrela fissilis), mogno
(Swietenia macrophylla), imbuia (Ocotea porosa), jacarandá-da-bahia
(Dalbergia nigra), sucupira vermelha (Andira parviflora), angico vermelho
(Parapiptadenia rigida), bracatinga (Mimosa scabrella), ipê-amarelo (Tabebuia
serratifolia), ipê-roxo (Tabebuia impetiginosa), jatobá (Hymenaea courbaril),
pinheiro-do-paraná (Araucaria angustifolia), angico cangalho (Peltophorum
dubium), açoita cavalo (Luehea divaricata), araribá (Centrolobium robustum),
arichichá (Sterculia chicha), bálsamo (Myroxylon peruiferum), bico de pato
(Machaerium nictitans), peroba rosa (Aspidosperma polyneuron) para citar
apenas algumas. Em termos de espécies exóticas, temos: Corymbia citriodora,
C. maculata, Eucalyptus grandis, E. dunnii, E. saligna, E. resinifera, E.
urophylla, E. paniculata, E. punctata, E. cloeziana, E. propinqua, E.
camaldulensis, E. tereticornis, E. maidenii, E. microcorys, E. pilularis, E.
robusta, Pinus caribaea var. caribaea, Pinus caribaea var. hondurensis, Pinus
caribaea var. bahamensis, Pinus taeda, Pinus oocarpa, Pinus elliotti var. elliottii,
Pinus elliottii var. densa, Pinus patula, Pinus tecunumanii, Prosopis juliflora,

22
Prosopis chilensis, Tectona grandis, Toona ciliata, Gmelina arborea,
Cunninghamia lanceolata, dentre outras.

4.1.7 Óleos e essências

A extração de óleos essenciais é uma atividade econômica, que vem


despertando o interesse de muitos povos desde a antiguidade. Os óleos
essenciais são usados para a produção de perfumes, inalantes, medicamentos
e produtos de limpeza.
Para esta finalidade temos várias espécies nativas e exóticas, como:
Corymbia citriodora, Eucalyptus globulus, E. tereticornis, E. camaldulensis, E.
smithii, Melaleuca spp., Simmondsia chinensis (jojoba), liquidambar
(Liquidambar styraciflua), canela sassafrás (Ocotea odorifera), pau-rosa (Aniba
roseodora), cedro (Cedrela fissilis), copaíba (Copaifera langsdorffii), etc. Muitas
outras espécies nativas apresentam-se potenciais para a produção de óleos e
essências, no entanto, esta potencialidade tem sido muito pouco explorada.

4.1.8 Caixotaria, lápis, caixa de fósforo e palito de fósforo

As toras devem apresentar as mesmas características daquelas


destinadas à produção de madeira serrada uma vez que o desdobro é parte do
processo (Panshin et al., 1962).
Para a fabricação de lápis a madeira deve apresentar boa estabilidade
dimensional, boa trabalhabilidade e pequena diferença entre a contração radial
e tangencial além de apresentar boa compatibilidade com adesivos.
Tradicionalmente, para a fabricação de lápis de boa qualidade, são preferidas
madeiras com cheiro agradável, coloração avermelhada, anéis de crescimento
sem grande volume de madeira de lenho tardio e capazes de receber
acabamento fino.
Em principio, qualquer madeira pode ser utilizada para caixotaria.
Contudo, madeiras de coloração clara são preferidas porque produzem maior
contraste com tinta e outras materiais contendo endereços e informações sobre

23
o produto. As madeiras devem, também, ter boa resistência ao arrancamento
de pregos e parafusos.
Espécies que apresentam baixa densidade, de modo geral, são
adequadas para estes fins, como por exemplo: Eucalyptus grandis, E.dunnii, E.
pilularis, E. viminalis, E. resinifera, Pinus spp., Toona ciliata, Gmelina arborea,
cadamba (Anthocephalus cadamba), morototó (Schefflera morototoni), caroba
(Jacaranda copaia), pupunharana (Deckeodendron cestroides), arichichá
(Sterculia chicha), canafístula (Cassia ferruginea), cedro australiano (Toona
ciliata), cotieira (Joannesia princeps), guapuruvu (Schizolobium parahyba),
jequitibá rosa (Cariniana estrellensis), caixeta (Tabebuia cassinoides), baguaçu
(Talauma ovata) e o pinheiro-do-paraná (Araucaria angustifolia). Alguns
híbridos envolvendo espécies de Eucalyptus também têm sido trabalhados com
este objetivo.

4.1.9 Construções

Os índices de qualidade importantes na madeira a ser empregada na


construção civil dependem da maneira que a madeira será utilizada. Para uso
estrutural a resistência mecânica, estabilidade dimensional, resistência ao
arrancamento de parafusos e pregos, baixa corrosividade, boa durabilidade e
boa adesão são índices importantes. Para estruturas onde a madeira estará
visível, a cor bem como a presença de desenhos são importantes. Madeiras
com baixa durabilidadfe natural devem possuir permeabilidade suficiente para
permitir o tratamento com substâncias preservantes.
Para a construção civil, em geral, há um grande número de espécies
adequadas, como por exemplo: Corymbia citriodora, C. maculata, Eucalyptus
alba, E. camaldulensis, E. cloeziana, E. deglupta, E. microcorys, E. paniculata,
E. botryoides, E. viminalis, E. resinifera, E. pilularis, E. robusta, E. tesselaris, E.
tereticornis, Prosopis juliflora, Prosopis chilensis, Tectona grandis, morototó
(Schefflera morototoni), açoita cavalo (Luehea divaricata), alecrim de campina
(Holocalyx glaziovii), angico cangalha (Peltophorum dubium), araribá
(Centrolobium robustum), bálsamo (Myroxylon peruiferum), canafístula (Cassia
ferruginea), cedro australiano (Toona ciliata), ipê mulato (Tabebuia

24
chrysotricha), jacarandá branco (Platypodium elegans), andiroba (Carapa
guianensis), tatajuba (Bagassa guianensis), maçaranduba (Manilkara
surinamensis), angico-vermelho (Parapiptadenia rigida), vinhático (Plathymenia
foliolosa), cedro (Cedrela fissilis), jatobá (Hymenaea courbaril) e uma infinidade
de espécies florestais nativas.

4.1.10 Móveis

Para as madeiras destinadas à fabricação de móveis a cor e outros


aspectos da superfície tais como brilho e textura são importantes. Além disso
as madeiras devem ter boa trabalhabilidade, boa aceitação de pregos e
parafusos e adesivos, boa estabilidade dimensional e resistência mecânica.
Para a fabricação de móveis, várias são as espécies adequadas e
utilizadas. Em termos de espécies nativas, são usadas: cerejeira (Amburana
cearensis), mogno (Swietenia macrophylla), cedro (Cedrela fissilis), ipê-
amarelo (Tabebuia serratifolia), ipê-roxo (Tabebuia impetiginosa), jacarandá-
da-bahia (Dalbergia nigra), imbuia (Ocotea porosa), canela sassafrás (Ocotea
odorifera), jatobá (Hymenaea courbaril), araribá (Centrolobium robustum),
arichichá (Sterculia chicha), peroba do campo (Paratecoma peroba), peroba
rosa (Aspidosperma polyneuron), gonçalo alves (Astronium fraxinifolium)
jequitibá branco (Cariniana legalis), jequitibá rosa (Cariniana estrellensis),
dentre outras. Das espécies exóticas adaptadas às condições brasileiras, têm
sido usadas, para a fabricação de móveis, a madeira de Tectona grandis,
Toona ciliata, Gmelina arborea, Grevillea robusta, Liquidambar styraciflua,
Melia azedarach, Pinus caribaea var. hondurensis, Pinus caribaea var.
caribaea, Pinus caribaea var. bahamensis, Pinus elliottii var. elliottii, Pinus
elliottii var. densa, Pinus taeda, Pinus oocarpa, Pinus patula, Pinus
tecunumanii, Corymbia citriodora, C. maculata, Eucalyptus saligna, Eucalyptus
grandis, E. deglupta, E. dunnii, E. camaldulensis, E. tereticornis, E. viminalis, E.
microcorys, E. paniculata, E. pilularis, E. resinifera, E. exserta, e vários dos
híbridos de Eucalyptus.

25
4.1.11 Produção de resina e látex

Para a obtenção de resina tem-se utilizado de espécies exóticas, como o


Pinus elliottii var. elliotttii, Pinus elliottii var. densa, Pinus caribaea var. caribaea,
Pinus caribaea var. hondurensis, Pinus caribaea var. bahamensis. Destas, o
Pinus elliottii var. elliotti tem sido o mais produtivo, fornecendo, inclusive, uma
resina de melhor qualidade. Já para a obtenção de látex tem sido utilizada a
seringueira (Hevea brasiliensis).

4.1.12 Laminação

A qualidade das toras destinadas à laminação são semelhantes àquelas


destinadas às serrarias (Lutz, 1971). A densidade das espécies mais
freqüentemente empregadas na produção de compensados varia entre 0,40
g/cm3 a 0,65 g/cm3 . Madeiras mais densas são empregadas para a produção
de lâminas decorativas. No primeiro caso as lâminas são produzidas
empregando-se um torno desfolhador enquanto que para a produção de
lâminas decorativas com madeiras com densidades superiores a 0,65 g/cm3
emprega-se uma faqueadeira (Haygreen e Bowyer, 1996).
A cor é a característica mais importante para lâminas destinadas ao
recobrimento decorativo de chapas, fabricação de compensado sarrafeado,
entre outros. Uma cor uniforme é muitas vezes preferida enquanto que em
outras situações um contraste acentuado é preferido. O contraste entre o cerne
mais escuro e o alburno mais claro normalmente é recusado. A cor desejável
de uma lâmina é muitas vezes estabelecida pela moda, embora, móveis
fabricados com madeiras tradicionais tais com o mogno geralmente são bem
aceitos pelo comércio.
Alem da cor propriamente dita, a sua estabilidade também é importante.
Alguma madeira tem a sua cor alterada quando expostas à luz. Deve-se
considerar ainda a possibilidade de branqueamento para produzir cores mais
claras ou de tingimento para produzir cores mais escuras.
A possibilidade de produzir figuras é uma grande vantagem na
fabricação de compensados ou laminados. Uma figura pode ser formada

26
devido ao contraste ao longo dos anéis de crescimento, organização dos poros,
organização do parênquima longitudinal, raios ou pela combinação entre eles.
Lustre, que é a variação no reflexo de luz pela superfície das fibras de
acordo com o ângulo de observação e é responsável pela noção de
profundidade das figuras e pela variação no padrão de cor, é outra propriedade
a ser considerada na seleção da espécie.
Para uso em laminação têm sido empregadas as diferentes espécies de
Pinus, Eucalyptus grandis, E. pilularis, E. robusta, E. saligna, E. tereticornis, E.
microcorys, E. maculata, E. dunnii, E. botryoides, cinamomo-gigante (Melia
azedarach), quiri (Paulownia spp.), cadamba (Anthocephalus cadamba),
caixeta (Tabebuia cassinoides), pinheiro-do-paraná (Araucaria angustifolia),
mogno (Swietenia macrophylla), jacarandá-da-bahia (Dalbergia nigra), pau
marfim (Balfourodendron riedelianum), cerejeira (Amburana cearensis),
copaíba (Copaifera langsdorffii), etc.

4.1.13 Taninos

Taninos são substâncias obtidas principalmente da casca de árvores, as


quais são usadas na indústria de curtume, para preservar o couro. No entanto
têm sido utilizadas como adesivo, agente floculante e anti-corrosivo, dentre
outros usos. São substâncias hidrossolúveis, sendo extraídas em água em
altas temperaturas. Após a evaporação da água obtém-se um pó, forma esta
em que são comercializadas. A escolha das espécies deve recair sobre
aquelas que apresentem elevado teor de taninos em suas cascas. De
preferência, deve-se selecionar espécies de rápido crescimento, por uma
questão econômica.
Várias espécies são boas produtoras de taninos, como por exemplo:
barbatimão (Stryphnodendron adstringens), angico-branco (Anadenanthera
colubrina), angico-vermelho (Parapiptadenia rigida), aroeira do sertão
(Myracrodruon urundeuva), sapucaia (Lecythis pisonis), açoita cavalo (Luehea
divaricata), araribá (Centrolobium robustum), canafístula (Cassia ferruginea),
jacarandá branco (Platypodium elegans), jacaré (Piptadenia gonoacantha),
pau-branco (Auxemma oncocalyx), casuarina (Casuarina equisetifolia), acacia-

27
negra (Acacia mearnsii), Corymbia citriodora, C. maculata, Eucalyptus
camaldulensis, E. paniculata, E. smithii, etc.

4.1.14 Forrageiras

As espécies indicadas para a produção de forragem devem apresentar


rápido crescimento, capacidade para brotação após o corte e não produzirem
princípios tóxicos.
No Brasil, a obtenção de forragem fornecida por árvores tem sido restrita
à Região Nordeste, onde as seguintes espécies podem ser indicadas como
potenciais para tal fim: Prosopis juliflora (algaroba), Prosopis chilensis,
Prosopis tamarugo, Gliricidia sepium (gliricidia), Leucaena leucocephala
(leucena), joazeiro (Ziziphus joazeiro), canafístula (Cassia ferruginea), pau-
ferro (Caesalpinia leiotaschya), jurema (Mimosa spp.), mororó ou unha-de-vaca
(Bauhinia forficata), sabiá (Mimosa caesalpinaefolia), crindiúva (Trema
micrantha), baru (Dipterex pterata), etc. Vale ressaltar que em outras regiões
pode-se, também, plantar árvores com este objetivo.
Um aspecto que não pode ser negligenciado é em relação à quantidade
de forragens, provenientes de árvores, que pode ser ingerida por animais. Um
exemplo disso é o uso de leucena, que quando consumida em maiores
quantidades pode provocar patologias em bovinos. Portanto, deve-se consultar
um especialista na área de nutrição animal para a recomendação da dosagem
a ser fornecida aos animais.

4.1.15 Palmito

O consumo de palmito é crescente em nível mundial. A colheita de


palmeiras nativas, no processo de extrativismo, tem sido muito questionado e
por vezes proibido. A cada ano surgem plantios de palmeiras com o objetivo
específico de atender às indústrias alimentícias.
Várias espécies de palmeiras fornecem palmito que pode ser
industrializado, ou consumido "in natura", no entanto nem todos apresentam
boa aceitação. Visando a produção comercial de palmito são indicadas as

28
seguintes espécies: açaí (Euterpe oleracea), palmito doce ou juçara (Euterpe
edulis), pupunheira (Bactris gasipaes) e a palmeira real (Archontophoenix spp.).
Híbridos de açaí com palmito doce também têm sido usados, em diversas
regiões do Brasil.

4.1.16 Sombreamento

As espécies indicadas para o sombreamento de culturas devem


apresentar rápido crescimento, de preferência folhas perenes e não exsudar
princípios alelopáticos.
Para o sombreamento de cafezais, plantações de cacau e outras
culturas, onde o sombreamento faz-se necessário, podem ser indicadas:
angico-vermelho (Parapiptadenia rigida), gliricidia (Gliricidia sepium),
seringueira (Hevea brasiliensis), nogueira pecan (Carya illinoensis), eritrina
(Erythrina sp.) e várias espécies pertencentes à família das leguminosas. As
árvores pertencentes à família das leguminosas apresentam a vantagem de,
além de sombrear, objetivo principal, serem capazes de fixar nitrogênio
atmosférico, processo este de grande interesse agrícola e florestal.
Estas árvores, quando da renovação das culturas, podem ser colhidas e
terem suas madeiras comercializadas. A nogueira pecan produz frutos que são
muito procurados para comercialização, podendo tornar-se opção econômica
de grande relevância.

4.1.17 Pasto Apícola

A apicultura pode ser uma excelente opção para pequenos, médios e até
grandes proprietários rurais, podendo, para isso, serem plantadas florestas
com o objetivo, exclusivo ou não, de formar um pasto apícola. São indicadas
espécies que apresentam florada intensa, preferencialmente que florescem por
um período prolongado de tempo. Para que o pasto apícola possa exercer sua
função durante todo o ano, deve-se escolher um grupo de espécies de acordo
com o período de florescimento das mesmas.

29
Dentre as espécies exóticas com potencial para tal fim pode-se citar:
Corymbia torelliana, C. citriodora, Eucalyptus camaldulensis, E. robusta, E.
urophylla, E. crebra, E. globulus, E. grandis, E. microcorys, E. resinifera, E.
saligna, E. alba, E. tereticornis, etc. Algumas espécies florestais nativas
sugeridas para tal fim são: bracatinga (Mimosa scabrella), mulungu (Erythrina
sp.), açoita-cavalo (Luehea divaricata), cajueiro (Anacardium occidentale),
jacaré (Piptadenia gonoacantha), juazeiro (Ziziphus joazeiro), jurema (Mimosa
spp.), sabiá (Mimosa caesalpinaefolia), garapa (Apuleia leiocarpa), piqui
(Caryocar brasiliensis), ipê-amarelo (Tabebuia serratifolia), ipê-roxo (Tabebuia
impetiginosa), copaíba (Copaifera langsdorffii), unha-de-vaca (Bauhinia
forficata), vinhático (Platymenia foliolosa), jequitibá branco (Cariniana legalis),
jequitibá rosa (Cariniana estrellensis), cedro (Cedrela fissilis), crindiúva (Trema
micrantha) e muitas outras.

5 SELEÇÃO DE ESPÉCIES FLORESTAIS, QUANTO AO CLIMA

A adaptação da espécie ao clima do local de plantio é de fundamental


importância, pois mesmo conhecendo a potencialidade da espécie para
determinado fim, sua adaptação às condições climáticas do local determinará o
sucesso ou o insucesso do empreendimento.
Os fatores climáticos que afetam o desenvolvimento de uma floresta são
a temperatura, a umidade relativa do ar, a precipitação média anual, a luz, não
podendo, na maioria da vezes, separá-los. Espécies, e mesmo indivíduos
dentro da mesma espécie, podem desenvolver mecanismos capazes de
suportar uma grande variação nas condições climáticas. Entretanto, a regra é
que espécies adaptadas a climas quentes ou frios, raramente se adaptam a
condições opostas. Plantas adaptadas a ambientes úmidos não se adaptam a
ambientes secos, pois sua estrutura fisiológica é completamente diferente de
uma espécie xerófila. A luz, responsável pela fotossíntese, é de extrema
importância para o crescimento e o desenvolvimento das plantas, podendo-se
generalizar que quanto maior é a luminosidade de um determinado local, mais
rápido será o crescimento das árvores, devido a uma maior taxa de assimilação
de carbono. O principal aspecto quanto à luminosidade diz respeito quando se

30
planeja fazer um florestamento ou reflorestamento misto, onde as exigências
das espécies devem ser levadas em consideração.

5.1 Clima Úmido

Em regiões de clima úmido e quente, como o da Amazônia, as espécies


exóticas mais indicadas são: Gmelina arborea, Pinus caribaea var.
hondurensis, Pinus caribaea var. bahamensis, Pinus caribaea var. caribaea,
Eucalyptus deglupta, E. urophylla, E. tereticornis, E. robusta, E. camaldulensis,
Anthocephalus cadamba, etc. Nos Estados de Mato Grosso, Rondônia e Acre
tem sido amplamente utilizada, e com sucesso, a teca (Tectona grandis), cujo
plantio poderia ser estendido para os Estados de Goiás e Maranhão. Dentre as
espécies nativas, muitas poderiam ser trabalhadas nesta região, no entanto,
poucos dados de pesquisa são conhecidos atualmente sobre o comportamento
destas espécies, quando plantadas em maior escala. Entretanto, algumas
podem ser indicadas para plantio comercial nesta região, como por exemplo:
jatobá (Hymenaea courbaril), maçaranduba (Manilkara surinamensis), morototó
(Schefflera morototoni), caroba (Jacaranda copaia), mogno (Swietenia
macrophylla), açaí (Euterpe oleracea), pupunheira (Bactris gasipaes),
seringueira (Hevea brasiliensis), para citar apenas algumas.
Em regiões de clima úmido e frio, como o do sul do Brasil, as espécies
exóticas mais indicadas são: Pinus elliottii var. elliottii, Pinus elliottii var. densa,
Pinus patula, Pinus taeda, Eucalyptus viminalis, E. propinqua, E. resinifera, E.
paniculata, E. dunnii, E. deanei, E. grandis, E. saligna, E. pilularis, E. robusta,
E. botryoides, Casuarina equisetifolia (casuarina), Cupressus lusitanica
(cipreste), Grevillea robusta (grevílea), Hovenia dulcis (uva-do-japão), Acacia
mearnsii (acacia negra), Paulownia spp. (quiri). Dentre as espécies nativas, as
mais plantadas têm sido o pinheiro-do-paraná (Araucaria angustifolia), a
bracatinga (Mimosa scabrella), o palmito doce (Euterpe edulis), a palmeira real
(Archontophoenix sp.) e a erva-mate (Ilex paraguariensis), embora várias
outras espécies devam ser testadas, pois apresentam grande potencial, como
por exemplo: imbuia (Ocotea porosa).

31
5.2 Clima Subúmido

Em clima subúmido úmido, as espécies exóticas mais plantadas têm


sido: Pinus caribaea var. caribaea, Pinus caribaea var. hondurensis, Pinus
caribaea var. bahamensis, Pinus oocarpa, Corymbia citriodora, Eucalyptus
grandis, E. saligna, E. tereticornis, E. urophylla, Cunninghamia lanceolata,
Cupressus lusitanica, Paulownia spp. (quiri), Carya illinoensis (nogueira pecan).
Dentre as espécies nativas, as mais plantadas são pinheiro-do-paraná
(Araucaria angustifolia), palmito doce (Euterpe edulis), pupunheira (Bactris
gasipaes), seringueira (Hevea brasiliensis), no entanto várias outras espécies
deveriam ser testadas, para no futuro, serem plantadas em escala comercial,
como por exemplo: caixeta (Tabebuia cassinoides), ipê-amarelo (Tabebuia
serratifolia), ipê-roxo (Tabebuia impetiginosa), cedro (Cedrela fissilis), garapa
(Apuleia leiocarpa).
Em clima subúmido seco, como a maior parte da região sob cerrados, as
espécies exóticas mais plantadas são Pinus caribaea var. hondurensis, Pinus
caribaea var. caribaea, Pinus caribaea var. bahamensis, Pinus oocarpa, Pinus
tecunumanii, Corymbia citriodora, C. maculata, Eucalyptus urophylla, E.
camaldulensis, E. tereticornis, E. pellita, E. cloeziana, E. pilularis, E. pyrocarpa.
Espécies nativas como por exemplo: angico-vermelho (Parapiptadenia rigida),
ipê-amarelo (Tabebuia serratifolia), ipê-roxo (Tabebuia impetiginosa), cedro
(Cedrela fissilis), pequi (Caryocar brasiliensis), baru (Dipterex pterata), dentre
outras, deveriam ser testadas, para futuros plantios comerciais, pois suas
madeiras apresentam grande variedade de usos, além de tratar-se de madeiras
nobres.

5.3 Clima Semiárido

Em clima semiárido como o apresentado por boa parte da região


Nordeste, bem como algumas partes do Estado de Minas Gerais, as espécies
exóticas mais indicadas são: Acacia albida, Acacia cavens, Acacia nilotica,
Acacia senegal, Acacia tortilis, Eucalyptus camaldulensis, E. tesselaris, E.
tereticornis, E. exserta, E. crebra, E. brassiana, Prosopis juliflora (algaroba), P.

32
chilensis, P. alba, P. nigra, P. tamarugo, Leucaena leucocephala (leucena),
Simmondsia chinensis (jojoba). Em termos de espécies nativas, apresentam-se
como potenciais para plantio: aroeira do sertão (Myracrodruon urundeuva),
angico-branco (Anadenanthera colubrina), angico-vermelho (Parapiptadenia
rigida), pau-branco (Auxemma oncocalyx), canafístula (Cassia ferruginea),
joazeiro (Ziziphus joazeiro), pau-ferro (Caesalpinia leiostachya), jurema
(Mimosa spp.), marmeleiro (Croton hemiargyreus), mororó (Bauhinia forficata),
sabiá (Mimosa caesalpinaefolia), umburana ou cerejeira ou amburana (Torresia
cearensis), umbuzeiro (Spondias tuberosa), dentre outras.

6 SELEÇÃO DE ESPÉCIES FLORESTAIS, QUANTO AO SOLO

Uma vez definido o uso a ser dado ao plantio florestal, feito um


levantamento das condições climáticas da região a ser plantada, resta, ainda,
fazer um levantamento das características físicas e químicas dos solos a serem
florestados e, ou, reflorestados, para que o primeiro passo do planejamento de
um empreendimento florestal esteja completo.
O solo é o meio que confere estabilidade e suporte físico para as
árvores. É dele que as plantas retiram os nutrientes vitais para seu crescimento
e desenvolvimento. A qualidade do solo afeta a rapidez de crescimento, a
longevidade das plantas, a forma do tronco e da copa e, até mesmo, a
qualidade da madeira. A capacidade de retenção de água pelo solo é fator de
grande importância, pois este aspecto vai regular a própria absorção de
nutrientes. A presença de matéria orgânica é outra característica a ser
considerada, pois a mesma regula grande parte dos microrganismos do solo,
além, de afetar as relações hídricas entre o solo e as plantas. Em termos de
água no solo, pode-se dizer que a quantidade, a distribuição e a variação da
sua disponibilidade no solo é, talvez, o fator que merece a maior consideração
para a seleção de espécies, em qualquer sítio. As espécies que apresentam
raízes superficiais são mais sensíveis à seca que as espécies de raízes
profundas, pelo fato de que as variações das condições de umidade são
maiores na superfície do solo. Em termos de pH do solo, as coníferas, de modo
geral, não toleram solos alcalinos, desenvolvendo-se melhor em solos mais

33
ácidos. As folhosas, por sua vez, possuem representantes que se desenvolvem
bem tanto em solos ácidos quanto em solos alcalinos. Todos estes aspectos do
solo devem ser levados em consideração quando da escolha da espécie a ser
plantada em determinado sítio. A seguir é dada uma indicação de espécies que
têm sido plantadas em diferentes tipos de solo, mas deve-se ressaltar que
trata-se apenas de alguns exemplos.

6.1 Solos argilosos

Estes solos, de modo geral, apresentam maior capacidade de retenção


de água, maior teor de matéria orgânica e melhor fertilidade natural,
apresentando um maior potencial para as atividades silviculturais. No entanto,
quando apresentam alto percentual de argila, são muito susceptíveis à
compactação e propiciam uma pior aeração, muitas vezes, prejudicando o
crescimento e o desenvolvimento das plantas.
Em solos argilosos têm sido plantadas: Pinus caribaea var. caribaea,
Pinus elliottii var. elliottii, Pinus taeda, Pinus patula, Corymbia citriodora, C.
maculata, Eucalyptus grandis, Eucalyptus saligna, E. cloeziana, E. pellita, E.
dunnii, E. pilularis, E. pyrocarpa, E. paniculata, E. urophylla, pinheiro-do-paraná
(Araucaria angustifolia), bracatinga (Mimosa scabrella), erva-mate (Ilex
paraguariensis), dentre outras. Várias espécies nativas poderiam e deveriam
ser plantadas em tais solos, uma vez que há inúmeras espécies, de uso
potencial, que ocorrem nestes solos.

6.2 Solos de textura média

Os solos de textura média têm sido amplamente utilizados para fins


florestais, no entanto, normalmente, apresentam menor capacidade de
retenção de água e menor fertilidade natural, quando comparados com os
solos argilosos.
Neste tipo de solo têm sido plantadas: Pinus caribaea var. hondurensis,
Pinus caribaea var. bahamensis, Pinus oocarpa, P. patula, P. tecunumanii,
Corymbia citriodora, C. maculata, Eucalyptus grandis, E. saligna, E. urophylla,

34
E. tereticornis, E. pellita, E. cloeziana, E.pilularis, E. pyrocarpa, E. exserta, E.
crebra, E. paniculata, Prosopis juliflora, Prosopis chilensis, Prosopis tamarugo,
Simmondsia chinensis (jojoba), Leucaena leucocephala. Dentre as espécies
nativas poderiam ser plantadas: baru (Dipterex pterata), cajueiro (Anacardium
occidentale), juazeiro (Zyziphus joazeiro), sabiá (Mimosa caesalpinifolia),
jurema (Mimosa spp.), e muitas outras.

6.3 Solos arenosos

Por apresentarem uma menor fertilidade natural, estes solos têm sido
amplamente utilizados para a implantação de projetos florestais. Normalmente
possuem menor capacidade de retenção de água, sendo mais favoráveis para
espécies que apresentam raíz pivotante bem definida. Outro aspecto a ser
considerado quando trabalha-se nesse tipo de solo é que as adubações,
principalmente nitrogenadas e potássicas, devem ser parceladas, para que
haja um melhor aproveitamento pelas plantas.
Nos solos arenosos e em areia quartzosa, as espécies mais plantadas
são: Eucalyptus camaldulensis, E. dunnii, E. deanei, E. grandis, E. saligna, E.
tereticornis, E. brassiana, E. urophylla, E. robusta, Pinus oocarpa, Pinus
caribaea var. hondurensis, Pinus caribaea var. caribaea, Pinus caribaea var.
bahamensis, Pinus tecunumanii, Prosopis juliflora, Prosopis chilensis, Prosopis
tamarugo, Simmondsia chinensis (jojoba) Casuarina equisetifolia, Grevillea
robusta, Vanillosmopsis erythropappa (candeia), cajueiro (Anacardium
occidentale), baru (Dipterex pterata), sabiá (Mimosa caesalpinifolia). No
entanto, muitas outras espécies nativas poderiam ser plantadas, bastando
fazer um levantamento do tipo de solo encontrado no local de ocorrência das
mesmas.

6.4 Solos litólicos

Tendo em vista o plantio de florestas para fins de produção de madeira,


recomenda-se que a profundidade efetiva mínima do solo não seja inferior a 50
cm em áreas de boa drenagem e maior ou igual a 100 cm em áreas de má

35
drenagem. Caso contrário, a área deve ser considerada como marginal ou de
preservação permanente (Gonçalves et al., 2000).
Nesta condição de solo, há restrição para o desenvolvimento do sistema
radicular das plantas, no entanto, espécies como Pinus elliottii var. elliottii,
Pinus taeda, Pinus caribaea var. hondurensis, Pinus caribaea var. caribaea,
Pinus caribaea var. bahamensis, Pinus oocarpa, Cupressus lusitanica,
Simmondsia chinensis, desenvolvem-se bem, apresentando boa produtividade.

6.5 Solos mais férteis

Praticamente todas as espécies se desenvolvem bem em solos de


melhor fertilidade natural, profundos, com boa porosidade, ricos em matéria
orgânica e em nutrientes. Entretanto tais solos são mais propícios para culturas
agrícolas e, por isso, as plantações florestais são feitas em solos mais pobres e
menos férteis. Isto não quer dizer que, em algumas situações, o plantio de
árvores não é melhor, em termos econômicos, quando comparado com o
plantio de culturas agrícolas. As folhosas, de modo geral, exigem melhores
solos, quando comparadas com as coníferas. Espécies pioneiras respondem
melhor a solos férteis ou adubados, quando comparadas com espécies clímax,
isto torna-se importante para um adequado manejo da adubação dos
povoamentos florestais.

6.6 Solos menos férteis

Em condições de solos menos férteis, quando a decisão é pelo uso de


menor tecnologia, deve-se dar preferência para o plantio de espécies que
apresentem boa eficiência na utilização de nutrientes. Se a escolha recair
sobre espécies exóticas, como Pinus ou Eucalyptus, deve-se dar preferência
pelas espécies de Pinus, em detrimento de espécies de Eucalyptus, pois estas
últimas, normalmente, são mais exigentes em termos de fertilidade do solo.
Entre os eucaliptos, por exemplo, o E. saligna é mais exigente em fertilidade do
solo que o E. grandis. Mesmo assim, algumas espécies de eucalipto, como por
exemplo: E. grandis, E. camaldulensis, E. paniculata, E. pyrocarpa, E. alba, E.

36
propinqua desenvolvem-se relativamente bem em solos mais pobres. A jojoba
(Simmondsia chinensis) tem apresentado bom comportamento em solos
pobres.
Espécies nativas como açoita cavalo (Luehea divaricata), angico
cangalha (Peltophorum dubium), brauna (Melanoxylon brauna), candeia
(Vanillosmopsis erythropappa), cotieira (Joannesia princeps), ipê mulato
(Tabebuia chrysotricha), jacarandá branco (Platypodium elegans), dentre
outras, são tidas como próprias de locais que apresentam solo pobre.
Como a maioria das áreas a serem florestadas ou reflorestadas
apresentam solos de baixa fertilidade, muitos trabalhos têm sido feito no
sentido de conhecer as exigências nutricionais das diferentes espécies, de
forma que seus plantios possam ser adequadamente fertilizados e apresentar
boa produtividade. Infelizmente, a maioria destes estudos recaem sobre
espécies florestais exóticas, principalmente Eucalyptus e Pinus, que são as
mais plantadas em escala comercial. Neste ponto sugere-se que sejam
conduzidos ensaios visando conhecer, também, as exigências das espécies
florestais nativas.

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A indicação de algumas espécies florestais para diferentes fins, em


diferentes regiões bioclimáticas, bem como em diferentes tipos de solos, foi
feita de forma genérica, sendo que para cada espécie citada, há necessidade
de conhecer a melhor procedência das sementes, ou do material genético
usado para propagação, pois este aspecto é de fundamental importância para
um bom desempenho do povoamento florestal a ser implantado. Há exemplos
de procedências que produzem pouco ou quase nada em determinadas
situações, ao passo que outra(s) procedência(s), da mesma espécie,
apresenta(m) resultado muito satisfatório. Quando trabalha-se com espécies
que apresentam grande dispersão em sua região de ocorrência natural, este
aspecto, de selecionar material genético por sua procedência, é o primeiro
passo a ser dado quando da escolha da espécie a ser utilizada. Todo esforço
pode ser perdido se não atentar-se para este aspecto. Quando for iniciar um

37
empreendimento florestal e a espécie escolhida não for nativa do próprio local
deve-se partir para obter dados de testes de procedências que, porventura,
existam nas proximidades. Caso não haja este tipo de trabalho próximo, deve-
se escolher a procedência do material genético baseando em analogia de
latitude, altitude, temperatura média anual, precipitação média anual, aspectos
de déficit hídrico, solos, etc, para que os riscos de insucesso sejam
minimizados.

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