Você está na página 1de 21

UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA

UESB

PRODUÇÃO E CONTROLE DE QUALIDADE DE


MUDAS FLORESTAIS

VITÓRIA DA CONQUISTA-BA
NOVEMBRO DE 2009
VIVEIROS FLORESTAIS E PRODUÇÃO DE MUDAS VIA SEXUADA

1. Introdução:

A crescente expansão dessa área, aliada às exigências do mercado


consumidor, força conseqüentemente, a busca de novas alternativas tecnológicas
de mecanização da maioria das operações que envolve as atividades de
reflorestamento. Neste sentido, o objetivo é estabelecer florestas altamente
produtivas.
A escolha criteriosa da espécie a ser utilizada, além de outros fatores, é
importante para o êxito de um programa de reflorestamento. Não obstante, quando
se pretende alcançar povoamentos mais produtivos, são as características das
mudas a serem produzidas que indicam a qualidade das árvores a serem
produzidas. Uma muda considerada de alto padrão de qualidade deve condizer de
forma eficaz às novas tecnologias adotadas, suportar as adversidades do meio,
apresentar altos percentuais de sobrevivência no campo, possibilitar a diminuição da
freqüência dos tratos culturais do povoamento recém implantado e produzir árvores
com volume e qualidades desejáveis. Nos últimos anos foi notória a evolução das
técnicas de produção de mudas de espécies florestais nativas e exóticas, resultando
assim, numa melhoria da qualidade das mudas produzidas.
A luz dessas evidências, o presente trabalho tem como objetivo concentrar o
máximo de informações sobre a produção de mudas de espécies florestais nativas e
exóticas sob a ótica do fortalecimento dos empreendimentos florestais comerciais,
recuperação de áreas degradadas e de recomposição de matas ciliares.

2. Conceito de Viveiros Florestais:

Os Viveiros florestais correspondem a uma área específica de terreno onde


são concentradas todas as atividades de produção, manutenção e seleção das
mudas, até o momento das mesmas serem levadas para o plantio definitivo no
campo e dessa forma, sobreviverem as condições adversas encontradas e
apresentarem um desempenho satisfatório.
3. LOCALIZAÇÃO
A escolha do local para a construção de um viveiro florestal é de fundamental
importância para que as metas possam ser atingidas.
3.1 Facilidade de acesso: As estradas devem estar em perfeitas condições de
conservação.
3.2 Suprimento de água: Este é o fator limitante da produção de mudas em um
viveiro florestal.
3.3 Distância da área de plantio: De preferência que seja construído próximo
ao local de plantio.
3.4 Área livre de ervas daninhas: Essencial que a área esteja limpa para que
não prejudique todas as atividades desenvolvidas no interior do viveiro.
3.5 Mão de obra: De preferência o viveiro deve estar bem servido de mão de
obra treinada.
3.6 Declividade da área: Sugere-se uma declividade de 2%.
3.7 luminação Solar: Quando as mudas a serem produzidas são de Eucalipto
ou Pinus, não deve haver sombra.
3.8 Uso anterior da área: De preferência verificar o seu uso anterior para evitar
problemas.
3.9 Condições Ambientais: Não recomenda-se construir um viveiro florestal em
vales, baixadas ou localidades sujeitas a geadas ou algo semelhante.

4. CLASSIFICAÇÃO DOS VIVEIROS FLORESTAIS

De uma maneira geral, os viveiros destinados a produção de mudas


florestais, pode ser classificados:
Quanto a propriedade: podendo ser privados quando pertencer a pessoas,
associações ou outros; públicos: podendo se municipais, estaduais e federais, de
instituições de ensino, etc.;
Quanto ao objetivo: Viveiros destinados ao ensino, pesquisa, extensão e aqueles
ditos quarentenas, pertencentes aos órgão de fiscalização e controle de intercâmbio
ou comércio de material vegetal entre regiões de um país ou entre países.
Quanto a produção: os viveiros podem ser classificados em gerais – aqueles
diversificados onde se produz mudas de diversas espécies; e especializados –
correspondentes aqueles que trabalham com mudas específicas como frutíferas,
ornamentais, para reflorestamento/florestamento.
Quanto a duração: diz respeito ao tempo de funcionamento podendo ser temporários
ou provisórios e permanentes ou fixos.

4.1 Quanto a duração:

4.1.1 Viveiros permanentes: Correspondem aquele que são construídos para


permanecer longos períodos produzindo mudas florestais.
4.1.2 Viveiros Temporários: Correspondem aqueles que são construídos
apenas para o atendimento a um projeto florestal e após a conclusão, são
desativados.

4.2 Proteção do Sistema Radicial:

4.2.1 Viveiros em Raiz Nua: Corresponde a produção das mudas sem qualquer
detritos de substrato aderidos às raízes. Portanto, são plantadas no campo sem
o substrato o qual permanece no viveiro.
4.2.2 Viveiros em Recipientes: Corresponde as mudas produzidas em
recipientes. Portanto, são plantadas no campo com o sistema radicial protegido
pelo substrato.

Canteiros para produção de mudas em raiz nua


Mudas produzidas em canteiros suspensos e em sacolas plásticas e

5. CAPACIDADE E EXTENSÃO DO VIVEIRO

A área de um viveiro florestal varia de acordo a uma série fatores entre os


quais pode-se destacar: Do volume de mudas a ser produzidas; Éspécie e
Espaçamento; Áreas Produtivas e não Produtivas; e Área de caminhos e
edificações.

Conjunto de partes de uma planta de um viveiro florestal


6. Preparo da área para a construção do viveiro florestal

Terreno escolhido para a construção de um viveiro florestal

Em caso do terreno escolhido não apresentar de acordo as recomendações


técnicas de topografia, se faz necessário a terraplenagem visando deixá-lo em
condições ideais.

Operação de terraplenagem para a confecção dos canteiros

7. Instalações necessárias em um viveiro Florestal

Correspondem a todas as construções necessárias visando facilitar a


administração e o manejo dos viveiros, tais como, Casa do Viveirista, Escritório,
Sanitários/Banheiros, Galpão Fechado, almoxarifado, Cobertura, Quebra-ventos
etc.
Construção das edificações no viveiro florestal

7.1 Quebra-vento

Corresponde a cortinas que tem por finalidade a proteção das mudas contra a
ação prejudicial dos ventos.

8. CONFECÇÃO DOS CANTEIROS PARA PRODUÇÃO DE MUDAS EM


RECIPIENTES.

O encanteiramento é de fundamental importância que os canteiros sejam


preparados obedecendo rigorosamente as orientações técnicas para que possa
lograr êxito no seu empreendimento. Após a operação de terraplenagem, se faz
necessário a formação da base visando dar suporte os recipientes e
consequentemente o encanteiramento.

Preparo da área para a confecção dos canteiros em viveiro de produção de


mudas de eucalipto

8.1 Dimensões dos canteiros:

Normalmente recomenda-se, para produção de mudas em sacolas plásticas,


canteiros com o máximo de 1,20 m e largura em torno de 1,0 metros. Já o
comprimento deve apresentar no máximo 30 metros. Quando se usa tubetes,
normalmente os canteiros são constituídos de bandejas que podem estar no solo
ou suspensa a aproximadamente 0,80 cm sustentada por fios de arame e cujo
comprimento não deve passar de 30 metros.

8.2 Encanteiramento das embalagens

Quando a produção de mudas se faz em sacolas plásticas, estas devem ser


bem encanteiradas, seguindo os padrões quanto as suas dimensões. Ainda devem
ser protegidas de terra lateralmente.

Preparo da área para a confecção dos canteiros em viveiro de produção de


mudas de espécies florestais nativas

63 cm 43
,5
cm
16,5 cm

Bandejas de polipropileno para produção de mudas em tubetes


Encanteiramento de bandejas para produção de mudas de eucalipto
Enchimento e semeadura nos tubetes para produção de mudas de eucalipto

8.3 Caminhos, Ruas e Estradas

Normalmente deixa-se entre as ruas um espaço denominado de caminho de


0,60 cm de largura visando facilitar a movimentação de pessoal.

9. PRODUÇÃO DE MUDAS VIA SEXUADA

9.1 Escolha do recipiente para a produção de mudas

Na escolha do recipiente deve-se priorizar os critérios para a sua escolha, tais


como, a) distribuição das raízes; b) dimensões dos recipientes; c) reaproveitamento
dos recipientes; d) custos; e) manuseio; e) disponibilidade; f) toxidez; e g)
possibilidade de plantio com as mudas.
9.2 Principais recipientes utilizados na produção de mudas florestais

São vários os recipientes para a produção de mudas florestais, dentre os


quais destacam-se: Torrão Paulista, Laminado de madeira, sacolas plásticas, tubete
de plástico rígido e Bloco prensado.

Modelos de tubetes para produção de mudas de eucalipto

Modelo de bloco prensado para produção de mudas de eucalipto


Mudas produzidas em bloco prensado

9.3 Substratos utilizados para a produção de mudas florestais


Substrato corresponde ao meio em que as raízes proliferam-se para fornecer
suporte estrutural à parte aérea das mudas e também as necessárias quantidades
de água, oxigênio e nutrientes. São vários os substratos destinados a produção de
mudas florestais, podendo destacar: Vermiculita, composto orgânico,esterco bovino,
moinha de carvão, terra de subsolo, serragem, bagaço de cana, acículas de Pinus,
húmus de minhoca e resíduos sólidos.

9.4 Fertilização Mineral


Os substratos deve ser adubados com fertilizantes que contenham os
elementos necessários ao desenvolvimento das mudas, tais como, os
macronutrientes representados pelo nitrogênio, fósforo, potássio, cálcio, magnésio e
enxofre e pelos micronutrientes, ferro, zinco, cobre molibdênio, boro, maganês e
cloro. A aplicação de fertilizantes deve estar de acordo com as necessidades das
espécies.

9.5 Semeadura
A semeadura pode ser efetuada direto nos recipientes ou em sementeiras
para posterior repicagem. Na primeira situação e sob o aspecto técnico, o sistema
radicial apresenta um melhor desenvolvimento quando comparado a segunda
situação. Ressalta-se que alguns aspectos devem levados em consideração neste
item, tais como: a) qualidade das sementes; b) quebra de dormência de sementes;
c) época de semeadura; d) quantidade de sementes; e) profundidade de semeadura;
f) cobertura do leito de semeadura; e g) sombreamento.

9.5.1 Características das sementes


As sementes podem ser classificadas em: a) sementes com dimensões pequenas;
b) sementes com dimensões médias; e c) sementes com dimensões grandes. Para
cada grupo deve-se conhecer a forma de semeadura.

Método de semeadura de sementes de eucalipto

Semeadura de sementes de eucalipto


Canteiros com mudas de eucalipto

9.5.2 Manutenção dos canteiros após a semeadura


Após a operação de cobertura dos canteiros, algumas operações de
manutenção devem ser efetuadas incluindo-se o regime de regas, o raleamento,
mondas ou capinas manuais, movimentação ou dança das mudas, rustificação ou
aclimatação, o controle de pragas e doenças e o controle de ervas daninhas.

Irrigação das mudas nos canteiros após a a semeadura


10. PARÂMETROS QUE DETERMINAM A QUALIDADE DE MUDAS
FLORESTAIS.

O aumento do percentual de sobrevivência das mudas no campo decorre do


uso de mudas de alto padrão de qualidade. Frequentemente o replantio torna-se
uma operação inevitável a qual é bastante onerosa e sendo assim, a mesma só
poderá ser evitada ou amenizada, mediante o uso de mudas de bom padrão de
qualidade. O padrão de qualidade de mudas varia entre espécies. O objetivo é
alcançar uma qualidade em que as mudas apfresentem características que possam
oferecer resistência Às condições adversas no campo, mesmo tendo sido o plantio
efetuado em período de condições favoráveis.

2.1 Importância e finalidades da produção de mudas de alto padrão de


qualidade.

A qualidade de um povoamento florestal está relacionada diretamente com a


qualidade da muda a ser produzida e usada na sua implantação. Os critérios para a
classificação das mudas considerada de bom padrão de qualidade, baseiam-se
fundamentalmente, em duas razões de fundamental importância, ou seja, a)
aumento do percentual de sobrevivência das mudas, após o plantio e b) redução na
freqüência dos tratos culturais de manutenção do povoamento florestal. O uso de
mudas de alto padrão de qualidade, possibilita o aumento da sobrevivência e reduz
o replantio, operação considerada onerosa, tornando-se necessária apenas quando
a sobrevivência não alcança índices aceitáveis, e também, para assegurar maior
produção de madeira por unidade de área.

Classificação dos parâmetros morfofisiológicos indicadores da qualidade de


mudas
Os parâmetros estudados pelos pesquisadores para conceituar a qualidade
de mudas, são de duas naturezas, os parâmetros morfológicos, que se baseiam
nas características fenotípicas e os parâmetros fisiológicos, os quais tem como
base, os aspectos internos das mudas.
Parâmetros morfológicos

Altura da parte aérea (H)


Este parâmetro foi por muito tempo o único critério utilizado para avaliar a
qualidade das mudas. Muitos viveiristas, para fins comerciais, utilizam adubação
nitrogenada em quantidade excessiva, no intuito de proporcionar às mudas, um
crescimento maior em altura, todavia, essa medida causa em conseqüência o
enfraquecimento do estado fisiológico das plantas, comprometendo dessa forma, a
sobrevivência após o plantio.

Diâmetro de colo
Muitas pesquisas até agora desenvolvidas por vários pesquisadores, têm
comprovado existir forte correlação entre o diâmetro de colo e a percentagem de
sobrevivência das mudas no campo após o plantio

Relação H/D
Conhecida como relação H/D, corresponde o equilíbrio de desenvolvimento
das mudas no viveiro, uma vez que conjuga dois parâmetros em apenas um só
índice, resultando num valor absoluto sem exprimir qualquer tipo de unidade.
Peso das mudas
Ao se reportar sobre o peso das mudas, como parâmetro de qualidade,
deve-se considerar: a) determinação do peso da parte aérea; b) determinação do
peso das raízes; c) determinação do peso total e d) determinação da percentagem
de raízes. A forma de determinar o peso de matéria seca é feita em estufa a 105ºC,
cujo material (parte aérea e/ou radicial), embalado em sacos de papel, permanece
neste ambiente até alcançar um peso constante, o qual normalmente ocorre antes
de um período de 24 horas, exceto para as raízes as quais, por apresentarem menor
volume, atinge peso seco mais rapidamente.

Percentual de redução de peso de matéria fresca a peso de matéria seca

2.2.1.6. Relações entre as partes aérea e radicial


O estabelecimento de relações entre a redução de peso verde a peso seco,
diferenciadamente para, a parte aérea e raízes, constitui um importante parâmetro
de avaliação da qualidade de mudas, todavia, é de conhecimento, outras relações
entre pesos e dimensões que não separam estas partes, podendo ser consideradas
além dos pesos, também os comprimentos das mudas (CARNEIRO, 1985).

2.2.2. Parâmetros fisiológicos


Muitos autores concluiram com evidência, que as qualidades fisiológicas de
mudas, podem ser mais importante que os efeitos de ordem morfológicas. As
medições desses parâmetros não são simples, tornando-se as vezes até
complicadas, motivo pelo qual a partir dessas dificuldades, os viveiristas apesar de
assimilar bem a extensão da qualidade morfológica, todavia, ainda persistem na
omissão do estudo da fisiologia de mudas, embora tenha consciência da grande
importância que este assunto apresenta. Esse autor ressalta ainda, que somente
nos últimos anos é que foi iniciado de forma mais objetiva o estudo nesta área.
A qualidade fisiológica e a capacidade de sobrevivência e crescimento no
campo, não são necessariamente idênticas, citando como exemplo, duas mudas
apresentando a mesma capacidade fisiológica, a muda de maiores dimensões
poderá ser mais resistente a geadas ou apresentar maior poder de competição com
a vegetação. Por outro lado a classificação morfológica pode não coincidir com a
qualidade fisiológica de mudas, a coincidência pode explicar alta sobrevivência no
campo após o plantio, de mudas consideradas de alta qualidade morfológica, como
também baixa sobrevivência de mudas submetidas a uma mal classificação através
desses parâmetros. Por outro lado, a ausência dessa coincidência pode demonstrar
casos de baixa sobrevivência de mudas mau classificadas através desses
parâmetros morfológicos.
Dentre os parâmetros fisiológicos usados no estudo do sistema radicial com
o objetivo de avaliar a qualidade fisiológica das mudas, está o potencial de
regeneração de raízes (P.R.R.).

2.2.2.1. Potencial de regeneração de raízes (P.R.R.)


O potencial de regeneração de raízes (P.R.R.), também denominado de
“potencial de crescimento de raízes” (P.C.R.) por alguns pesquisadores, é tido como
a mais completa visão, até o momento, da avaliação de qualidade de mudas.
Expressa a capacidade da muda em iniciar o processo de formação e multiplicação
de novas raízes quando em ambiente favorável ao desenvolvimento do sistema
radicial. As vantagens do uso do P.R.R. sobre estudos de desempenho no
campo, inclui mais rapidez de aquisição de dados, redução dos custos com os testes
e precisão nas medições da qualidade fisiológica, independente da qualidade do
sítio e ano de plantio. A técnica para o estudo do P.R.R. consiste na poda das raízes
a um comprimento padronizado, após a remoção cuidadosa das mudas dos
canteiros. A seguir, faz-se o corte de todas as extremidades brancas visando a
simplificação da identificação das novas raízes regeneradas. Posteriormente, as
mudas são colocadas em recipientes com areia ou outro material em que as
mesmas possam desenvolver-se livremente. Segundo este autor, o P.R.R. é
determinado, após algumas semanas, por qualquer um dos seguintes
procedimentos: Número total de extremidades e Comprimento total de novas raízes.

Recipientes utilizados para o estudo do desenvolvimento do sistema radicial


visando a avaliação do potencial de regeneração de raízes (P.R.R.).

Os recipientes utilizados para estes estudos são designados de rizômetros.


Sob o ponto de vista científico, são identificados três tipos: tubos, caixas e
aquários.
Estes recipientes são dotados de paredes de vidro, sendo as caixas, com
largura oscilando geralmente de 10 a 15 cm de largura apresentando fundos e
paredes laterais de madeira, na qual encontra-se ranhuras para o encaixe dos
vidros. Quando usadas, as caixas devem ser inclinadas obedecendo a um ângulo de
25-30º, para um melhor exame do sistema radicial das mudas. Os tubos são
normalmente de plástico transparentes, havendo sempre a necessidade da
existência de furos nas suas partes inferiores para o escorrimento da água em
excesso, tanto nos tubos quanto nas caixas. Quanto aos aquários, ainda segundo
este autor, são confeccionados de vidro transparente, apresentando apenas a tampa
de compensado ou de isopor tendo como substrato, solução hidropônica para o
crescimento das raízes.

Densidade e sua influência na qualidade das mudas


A densidade é conceituada como sendo o número de mudas por metro
quadrado, sendo variável entre espécies e, em uma mesma espécie, com o sítio.
Expressa todavia, a intensidade de competição entre as mudas, na busca de espaço
para o seu crescimento e desenvolvimento, condicionando-as à capacidade de
melhor aproveitamento da luz, água e nutrientes.

Recipientes e restrição radicial


Além dos inúmeros benefícios proporcionados pelos recipientes e
mencionados neste trabalho, alguns tipos podem causar danos às raízes
provocando má formação do sistema radicial gerando sérios problemas às mudas
após o plantio.
Investigações sugerem uma seqüência de observações fisiológicas que
explicaria a senescência das mudas, constatando por exemplo que o estresse
hídrico foi induzido pela restrição radicial, culminando com a redução da abertura
dos estômatos, sendo estas modificações correlacionadas com o declínio do vigor
das mudas e, finalmente com a senescência e neste sentido há a senescência foliar
que iniciou-se com o déficit hídrico. A restrição radicial pode alterar a resistência
à desidratação, causada por um conjunto de fatores, com prejuízo para sua
condição hídrica.

Principais recipientes e sistemas de produção de mudas em uso no Brasil e


em outros países.

No Brasil, o sistema de produção de mudas nas últimas três décadas,


envolveu diversas pesquisas com vários recipientes testados e usados, sempre
visando a produção de mudas de melhor qualidade. O torrão paulista constituiu o
recipiente de maior uso para espécies de Eucalyptus spp. e com grande contribuição
para o setor florestal. Faz-se referências ainda, aos recipientes investigados por
vários pesquisadores, como laminados de madeira, tubos de papelão, moldes de
isopor, taquara, e tantos outros similares ou com suas próprias particularidades.
Hoje ainda são usados alguns desses recipientes, considerados de baixo custo
tais como, lâminas de madeira, taquara, e de papelão. Quanto ao uso de recipientes,
atualmente no Brasil são dois os tipos mais usados, sacos plásticos (polietileno) e
tubos de plástico rígido (tubetes).

Sacos plásticos
Ainda são bastantes utilizados para a produção de mudas de várias espécies
florestais. Estes devem ser providos de alguns furos na sua parte inferior visando o
escoamento do excesso de umidade. O material que o constitui caracteriza-se pela
difícil decomposição, motivo pelo qual necessita-se de ser retirados antes de se
efetuar o plantio.
Apesar do largo uso, algumas desvantagens são apontadas por vários
pesquisadores: a) economicamente, constitui da impossibilidade de mecanização
das atividades de produção das mudas; b) plantio manual, havendo a necessidade
de retirada, pelo menos parcialmente, dos respectivos recipientes antes do plantio;
c) tecnicamente, pode favorecer a ocorrência de deformações radiciais, prejudicando
o desempenho das plantas no campo; d) quando o plantio das mudas for efetuado
antes das mesmas completarem o período de rotação da espécie no viveiro e
ainda, em condições de pouca pluviosidade, haverá comprometimento da
sobrevivência e desenvolvimento inicial no campo.

Tubetes
Os tubos de plásticos rígidos, também denominados de tubetes, vem a
alguns anos substituindo, gradativamente os sacos plásticos. Trata-se de um
modelo cônico, contendo quatro ou mais frisos internos longitudinais e
eqüidistantes, os quais orienta o desenvolvimento das raízes laterais para a parte
inferior, mais precisamente em direção ao orifício localizado no fundo do recipiente,
cuja função é o escoamento do excesso de umidade e também, possibilitar a saída
das raízes as quais, vem a ser podadas pelo ar. Ainda existem os tubetes de seção
quadrada, cujas arestas internas oriundas do encontro das paredes, também
direcionam as raízes para baixo e evita o seu crescimento em forma espiral.
Alguns pesquisadores citam algumas vantagens do método: a) Diminui a
necessidade de mão de obra em 50%, tanto no viveiro como no plantio, devido a
mecanização e a facilidade operacional do processo; b) Diminui a necessidade de
equipamentos; c) Melhores condições de trabalho, dada a sua ergonomia.
Outros pesquisadores apontam algumas desvantagens desse método, como
exemplo, os efeitos prejudiciais das chuvas para as mudas, pois o impacto das
gotas sobre o substrato, quando este é vermiculita, causa em conseqüência, o
desenraizamento da parte superior das mudas, por outro lado a ação das chuvas ou
intensa irrigação, provoca a lixiviação dos nutrientes, diminuindo a eficiência da
fertilização. Os pequenos volumes de substrato nestes recipientes, necessitam de
constantes adubações em cobertura, visando compensar o processo de lixiviação
dos elementos nutritivos e o desperdício da adubação líquida que se perdem por
entre os espaços vazios existentes entre os tubetes, além de freqüentes regas para
compensar a água que se perde no processo de percolação, principalmente quando
se trabalha com espécies do gênero Pinus.

Sistema VAPO
Trata-se de um novo sistema de produção de mudas, muito usado nos países
escandinavos, principalmente na Finlândia onde foi desenvolvido. Baseia-se no uso
de blocos prensados de turfa seca, apresentando 2 cm de espessura, altamente
higroscópicos, expandindo para 7 cm, quando submetidos às regas normais,
podendo no entanto, ser modificada na indústria, conforme às necessidades de
outras espécies. Cada bloco contém 96 orifícios de poucos milímetros de
profundidade, nos quais são colocadas as sementes, possibilitando assim a
produção de 96 mudas, espaçadas de 5 cm. No ato da fabricação são devidamente
fertilizados. Os blocos prensados são postos em caixas de material plástico rígido
com dimensões de 60 x 40 cm (ou conforme as exigências da espécie), com alturas
iguais à espessura do material após sua expansão e providos lateralmente de
frestas, sendo os fundos telados, visando promover a poda natural das raízes
pivotantes. Estes blocos prensados, tão logo as mudas alcancem o desenvolvimento
ideal para o plantio, são serrados em sentidos transversal e longitudinal, por meio
de uma máquina específica, composta por duas partes em forma de L, providas de
serras circulares paralelas, que passam pelas frestas das caixas nas duas
direções, podando-se assim, as raízes laterais e individualizando as mudas em
torrões. Cada torrão comporta uma muda e desprende-se do bloco, puxando a
própria muda no sentido vertical. A produtividade de poda desta máquina, segundo
estes autores, é de 1.500 a 2.000 caixas por turno de oito horas, usando três
operadores, apresentando cerca de 1% de danos nas mudas resultantes desta
operação, quando bem conduzidas.

Deformações radiciais e desempenho das mudas no campo


As deformações radiciais constituem em alterações de forma ou direção,
sofridas por uma raiz em decorrência de um plantio realizado de forma inadequada,
ou ainda, sua constrição no interior de um determinado recipiente, diferentemente
da forma típica de crescimento do sistema radicial oriundo de mudas produzidas em
grandes volumes de substrato ou meio de crescimento facilmente transponível. A
ocorrência das deformações radiciais, oriundas de técnica de viveiro ou mesmo de
plantio, é considerada comum em povoamentos no mundo, sua rigidez depende da
espécie, sítio e morfologia da raiz no ato de plantio.

Você também pode gostar