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Trabalho Terceira Etapa/Silvicultura/Agronomia.

Nome: Ulisses Riani e Lucas Pereira.

PINUS spp.

Origem, início do cultivo no Brasil e principais espécies introduzidas.

O gênero Pinus engloba mais de 100 espécies com grande potencial a ser
explorado, originárias do hemisfério norte as espécies mais plantadas para fins
produtivos atualmente no Brasil são oriundas do Leste e Sudeste dos Estados
Unidos. O início da utilização das espécies de Pinus no Brasil foi conturbado, devido
as condições climáticas brasileiras serem contrastantes as condições exigidas pelas
espécies incialmente introduzidas. Apenas na década de 1960 se iniciou o cultivo em
escala comercial principalmente nas regiões Sul e Sudeste, já com espécies
subtropicais mais adaptadas as condições brasileiras, as mais difundidas no início
foram a P. elliottii e a P. taeda. A partir dos anos 1970, iniciaram-se as
experimentações com espécies tropicais como P. caribaea, P. oocarpa, P.
tecunumanii, P. maximinoi e P. patula, possibilitando a expansão da cultura de pínus
em todo o Brasil, utilizando-se a espécie adequada para cada região ecológica.
Nesta década também foi criado o Projeto de Desenvolvimento e Pesquisa Florestal
(Prodepef), responsável pelo melhoramento genético das espécies já conhecidas,
assim como de espécies tropicais, alavancando a produtividade dos cultivos
comerciais.

Importância socioeconômica, regiões de plantio, ciclo e produtividade.

Estima-se que no ano de 2009 o Brasil contava com uma área de 6,78
milhões de hectares de florestas plantadas (SFB/MMA, 2009), dos quais 26,5%
eram plantadas com espécies de pínus (ANUÁRIO..., 2010).
No ano de 2007 cerca de 3 mil empresas no Brasil, localizadas principalmente
nas regiões Sul e Sudeste, utilizavam espécies de pínus nos seus processos
produtivos, envolvendo mais de 600 municípios (SOCIEDADE BRASILEIRA DE
SILVICULTURA, 2007). A cadeia produtiva do segmento de florestas plantadas da
qual o Pinus faz parte gerou cerca de 3,9 milhões de empregos no Brasil no ano de
2009, tanto no setor primário quanto no setor industrial, demonstrando sua
importância para a economia brasileira.
A produção de Pinus se concentra nas regiões Sul e Sudeste, tendo seus
plantios concentrados no ano de 2010 nos estados do Paraná (38%), Santa Catarina
(31%), Rio Grande do Sul (10%), Minas Gerais (8%) e São Paulo (9%). No ano de
2009 o Brasil atingiu uma produção de 250,3 milhões de m³ (ANUÁRIO..., 2010).
A produtividade dos povoamentos de pínus no Brasil pode variar de 25 a 40
m³ ha/ano, onde o corte final é feito aproximadamente aos 21 anos de idade.

Interesse econômico e características marcantes.

A madeira das espécies de Pinus é utilizada para diversos fins, principalmente


pelas indústrias de madeira, de serrados e laminados, de chapas, de resina e de
celulose e papel. Atualmente, a madeira de pínus representa 30% das plantações
florestais destinadas à produção de papel e celulose, contribuindo com fibras longas,
imprescindíveis à fabricação de papéis que exigem maior resistência ao rasgo e
estouro, e melhor absorção de tinta. Além disso as florestas plantadas com Pinus
possuem um importante papel ecológico, ganhando cada vez mais espaço no
mercado e reduzindo assim a necessidade de exploração das florestas nativas de
pinheiro brasileiro.
As espécies de pínus são plantadas em vários países e são valorizadas pelas
seguintes características:
- Madeira de cor clara, variando de branca a amarelada.
- Madeira de fibra longa, apropriada para a fabricação de papel de alta resistência
para embalagens, papel de imprensa e outros tipos.
- Possibilidade de extração de resina, em escala comercial, em algumas espécies.
- Rusticidade e tolerância, possibilitando o plantio em solos marginais à agricultura e,
assim, agregar valor ao agronegócio com a produção adicional de madeira,
formação de cobertura protetora do solo e reconstituição de ambiente propício à
recomposição espontânea da vegetação nativa em ambientes degradados.
- Valor ornamental para arborização e paisagismo.

Forma de produção de mudas.


Para a produção de mudas de qualidade, que resultaram em povoamentos
com bom desenvolvimento e com boa produção de madeira, um dos principais
fatores que deve ser levado em consideração é a qualidade da semente que será
utilizada, em casos em que a propagação é feita de forma sexuada. Assim, o
produtor deve se ater a fornecedores de boa procedência, exigindo dados sobre o
atestado de fitossanidade, sobre a categoria de melhoramento e grau de pureza e
de germinação.
A produção de mudas vigorosas é uma das etapas de maior importância para
implantação de uma floresta comercial. Além dos cuidados ao adquirir as sementes
que serão utilizadas outros aspectos devem ser considerados quando se deseja
produzir mudas de qualidade.
Para produção do substrato deve ser levado em consideração os custos para
adquirir os insumos e sua disponibilidade no mercado, além do nível de fertilidade,
granulometria e densidade, que interferirão na agregação, aeração e capacidade de
retenção de água pelo substrato. Além dos tubetes o substrato também deve ser
desinfetado para a eliminação de fungos patogênicos e sementes de plantas
invasoras.
A inoculação das sementes com micorriza também é recomendado, a
associação destes fungos de ação benigna com as raízes das mudas aumenta a
área de contato das raízes com o solo, auxiliando na absorção de água e nutrientes.
O cuidado com a irrigação também deve ser tomado, de modo a não faltar água
durante a germinação e desenvolvimento da muda. O sombreamento também é
recomendado permitindo a passagem de apenas aproximadamente 50% da luz
incidente. E por fim preparar as mudas para a inserção no campo através da
rustificação, mantendo-as mais expostas ao sol e reduzindo a frequência das
irrigações antes do plantio.
Os principais tipos de embalagens utilizadas na produção de mudas de pínus
são os sacos plásticos e os tubetes. Utilizado principalmente por pequenos
produtores, são utilizados em geral em sistemas com menor automatização, não
requerem estrutura de sustentação das bandejas ou sistemas de irrigação
complicados. No entanto necessitam de mão de obra mais intensa, grande
quantidade de substrato e maior área no viveiro. Devido seu maior tamanho, o
transporte destas mudas é dificultado, além da possibilidade de enovelamento das
raízes.
Já os tubete plásticos são utilizados em viveiros de maior porte e apresentam
maior aceitação no mercado. Por apresentarem menor tamanho é possível utilizar
estruturas de sustentação que otimizam o uso do espaço do viveiro, produzindo
maior quantidade de mudas no mesmo espaço em relação aos sacos plásticos, além
de facilitarem o manuseio e transporte das mudas que são alocadas em bandejas.
São utilizados sistemas de irrigação mais complexos, seja por aspersão ou
gotejamento. Os tubetes são projetados de forma a estimular o enraizamento da
planta de forma uniforme, garantindo maior sucesso no transplantio, além de poder
ser reutilizado e durar por vários anos em uso.
A propagação vegetativa também é muita utilizada para a propagação do
Pinus, através deste tipo de propagação obtém-se mudas geneticamente idênticas
as plantas matrizes, as quais possuem características comerciais superiores, as
principais técnicas utilizadas são a enxertia, estaquia e cultura de tecidos.

Exigências edafoclimáticas.

Sendo naturais dos Estados Unidos, de regiões de clima subtropical as


principais espécies do gênero Pinus, P. taeda e P. elliottii se desenvolvem melhor,
apresentando maior produtividade na região Sul do Brasil, onde as condições
climáticas são mais favoráveis para seu desenvolvimento, verão intenso, com
elevada precipitação e inverno seco e frio. Em relação ao solo os melhores
resultados são obtidos em solos profundos e com boa drenagem, com grande
espessura do horizonte A (alto teor de matéria orgânica). Espécies tropicais do
gênero Pínus também foram introduzidas no país, sendo cultivadas em sua maioria
na região sudeste.

Plantio.

Estima-se que no Brasil há cerca de 1,79 milhão de hectares de pínus


plantados, com produtividade média variando de 25 a 40 m³ ha/ano, e esta
variabilidade está em muito atrelada aos cuidados dispendidos no plantio da cultura,
desta maneira é de suma importância que as etapas necessárias para o plantio do
Pinus sejam realizadas de modo a alcançar os objetivos esperados.
Normalmente os métodos de plantio são definidos pelas condições
topográficas do local, em terrenos planos se utiliza o sistema mecanizado e
semimecanizado, com a utilização de tratores e plantadoras para o preparo da área,
plantio e adubação. Já em áreas declivosas onde não é viável o uso de máquinas se
utiliza o plantio manual.
Antes do início das operações de plantio é necessário que se faça o
planejamento das operações e da distribuição dos talhões na área, de modo a
facilitar os manejos e tratos culturais e proteger as florestas contra possíveis
alastramentos de fogo. Desta forma as vias de acesso e aceiros devem ser
planejadas de modo a facilitar a colheita e proteger os talhões, os talhões devem ter
no máximo 300 m de largura e comprimento entre 500 m e 1.000 m, já os aceiros
entre talhões devem ter a largura de 4 m a 5 m e até de 15 m quando ao longo das
divisas de propriedades.
O espaçamento deve ser também definido antes do plantio, o principal
objetivo dos cultivos comerciais é a maior produção possível por área de acordo com
os objetivos de produção, espaçamentos amplos ou curtos elevam o custo de
produção e apresentam menor retorno, prejudicando a qualidade da madeira
produzida e não aproveitando todo potencial da área. Espaçamentos amplos
produzem troncos com maior conicidade, já espaçamentos curtos produzem madeira
de menor qualidade. Desta forma, normalmente é usado para cultura do Pinus os
espaçamentos variando entre 3,0 m x 2,0 m e 3,0 m x 3,0 m, em situações em que
são utilizados tratos culturais mecanizados e, 2,5 m x 2,0 m para plantios manuais,
nos locais mais declivosos.
O plantio da cultura do Pinus normalmente é feito durante o início do verão,
após a limpeza e preparo do solo, neste período do ano o solo está mais propício
para o desenvolvimento das mudas, a maior pluviosidade aumenta a absorção dos
nutrientes pela planta levando ao sucesso na implantação.
Durante o plantio também deve se ter atenção ao controle das formigas e das
plantas daninhas, em situações com possível incidência de formigas aplica-se
formicida no pré-plantio de 15 a 30 dias antes, mantendo o controle até 180 dias
após o plantio. Já o controle das plantas daninhas pode ser feito com roçadeira
costal ou através da aplicação com herbicidas, a cada seis meses até o segundo
ano após o plantio, e anualmente até o quinto ano.
Queimadas em pós-colheita e adubação.

Em muitos locais de plantio de Pinus ainda se faz presente a prática da


queima dos restos culturais pós-colheita, onde se acredita que desta forma os
nutrientes estarão mais disponíveis para a planta no próximo ciclo. No entanto sabe-
se hoje que esta prática acaba por eliminar a matéria orgânica presente nas
camadas superficiais do solo, impedindo a ciclagem de nutrientes, desestruturando e
empobrecendo o solo, além de acelerar o processo de degradação. Os plantios em
solos de baixa fertilidade onde não é feita a reposição de nutrientes aliada as
queimadas levam a baixas produtividades, o que ressalta a importância de práticas
culturais que priorizem o acúmulo de carbono no solo aliada as adubações de
plantio e cobertura. As adubações devem ser baseadas nos níveis críticos
específicos para cultura, e a calagem para neutralizar a acidez do solo e elevar a
saturação por bases ao nível ideal para cultura, de modo a aumentar a produtividade
das florestas plantadas. A cultura de Pinus ainda carece de estudos para
recomendações específicas de adubação.

Manejo da plantação.

O manejo da plantação visa manter a floresta em um crescimento adequado


de acordo com a finalidade do cultivo, maximizando a produtividade e o lucro da
área. A principal técnica utilizada para manter a floresta produtiva é o desbaste,
como em uma floresta sempre haverá indivíduos dominantes, codominantes e
supressas, é necessário que se retire as árvores de menor calibre, tanto em altura
como em diâmetro, para que assim não ocorra competição por espaço e recursos
como água e nutrientes, desta forma as árvores de melhor desenvolvimento terão as
condições ideais para se desenvolverem, gerando também receita pela venda do
material retirado.
A época dos desbastes e sua intensidade variam de um povoamento para
outro e depende principalmente dos objetivos da produção de forma a maximizar a
rentabilidade econômica, como a madeira do Pinus é utilizada para diversos fins
este manejo pode variar de região para região ou de propriedade para propriedade.
Existem três principais tipos de desbaste, os desbastes sistemáticos, seletivos e
mistos.
O desbaste sistemático se baseia na retirada das árvores a partir de um
esquema fixo de escolha, em função da disposição no povoamento, a retirada de
uma fileira de árvores intercalada com duas fileiras remanescentes é um exemplo de
desbaste sistemático.
O desbaste seletivo se baseia na retirada das árvores supressas ou
dominadas, que apresentam menor desenvolvimento, a escolha dessas árvores é
feita em função tanto do diâmetro como da altura, no entanto deve ser feita de forma
a evitar clareiras no povoamento, deixando indivíduos com menores scores, mas
que possam se desenvolver.
Por fim o desbaste misto se baseia na utilização das duas técnicas
anteriormente definidas, inicialmente se utiliza o desbaste sistemático e em seguida
nas fileiras remanescentes o desbaste seletivo.
O sistema de produção mais comumente utilizado para produção de Pinus no
Brasil é o que utiliza o espaçamento 3 m x 2 m, plantando-se 1.666 árvores por
hectare. Neste sistema são feitos dois desbastes nas idades de 8 e 12 anos, o
primeiro desbaste retira em média 40% das árvores, já no segundo desbaste é
retirado 30% das árvores remanescentes, por volta dos 21 anos de idade é realizado
o corte final, retirando as 500 árvores restantes.

Sistemas silvipastoris.

O sistema silvipastoril concilia a produção florestal com a produção animal,


neste sistema de produção a diversificação da produção normalmente gera bons
resultados, tanto financeiramente quanto ecologicamente. A utilização do Pinus em
sistemas silvipastoris é utilizado principalmente no Sul do Brasil, este tipo de cultivo
leva a produção de árvores com bom acabamento tendo em vista os maiores
espaçamentos entre linhas, através deste maior espaçamento entre as linhas das
árvores é possível estabelecer pastagens com espécies de gramíneas, responsáveis
por manter os animais na área. A utilização das espécies de Pinus nestes sistemas é
priorizada, uma vez que seu crescimento é mais lento quando comparado a outras
espécies como o eucalipto, esta característica garante maior incidência de
luminosidade as forrageiras, estimulando a produção de forragem e a produção
animal. Estes sistemas são recomendados principalmente para áreas de pastagens
em processo de degradação, pois através do estabelecimento das florestas o solo é
melhor protegido contra a ação das chuvas, favorecendo a ciclagem de nutrientes e
a assimilação de matéria orgânica no solo, levando a recuperação destas áreas e ao
aumento de produtividade e rentabilidade.

Colheita e comercialização.

A colheita pode ser mecanizada ou manual, geralmente a colheita


mecanizada é realizada por grandes empresas e em grandes áreas, máquinas como
a harvester, colheitadeira de grande produtividade são utilizadas. Em áreas de
menor porte comumente se utiliza a colheita realizada por motoserras, com menor
produtividade, mas com um custo acessível ao pequeno produtor.
Na tomada de decisão o produtor deve levar em consideração os custos com
a colheita e entrega ao cliente, pois em certas situações a venda da madeira em pé
se torna mais lucrativa, este conceito também é utilizado para as podas, se o preço
pela madeira limpa de nós for superior a madeira sem a poda e este valor tender a
permanecer no médio prazo, o produtor deve realizar as podas, sendo a altura ideal
calculada com base no ganho que esta poda pode acrescentar no valor do produto
final.

Referências

AGUIAR, Ananda; SOUSA, Valderes; SHIMIZU, Jarbas. Cultivo de Pínus. Embrapa


Florestas, 2ª edição | Jun/2014.

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