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e-ISSN 2594-6781
Volume 4 (2020)
Cultivo de pimenta-do-reino
Yanna Karoline Santos da Costa*
Universidade Estadual Paulista (FCAV/UNESP), Câmpus de Jaboticabal - SP
Helane Cristina Aguiar Santos
Universidade Federal Rural da Amazônia – UFRA, Belém, PA
Nagilla Moraes Ribeiro
Sabrina Juvenal de Oliveira
Vinicius Cesarin
Leonardo Bianco de Carvalho
Universidade Estadual Paulista (FCAV/UNESP), Câmpus de Jaboticabal - SP
*Correspondência para: yanna.costa@unesp.br
Introdução
O Brasil é quarto maior produtor do mundo de pimenta-do-reino (Piper nigrum L.) principalmente na
forma de pimenta preta, que constitui o principal produto de comercialização. O Estado do Pará apesar de ser
o segundo maior produtor e exportador de pimenta, se destaca pela produção expressiva através da grande
área planta (15.713 ha) e não por aumento de produtividade nos plantios de pimenta-do-reino.
O cultivo de pimenta-do-reino deve ser realizado em regiões de clima quente e úmido, com mais de 1.500
mm de precipitação por ano e disponibilidade hídrica durante o estágio reprodutivo. Além disso, recomenda-se
o estabelecimento da cultura em solos com boas características físicas e ricos em matéria orgânica, devendo-se
evitar solos mal drenados, que podem contribuir para a ocorrência da podridão das raízes.
Dentro desse contexto, torna-se necessário conhecer as diversas etapas de plantio que compõem essa
atividade e, dentre essas, produção de mudas, adubação, irrigação, manejo de pragas, doenças e plantas
daninhas são de fundamental importância para a instalação de um pimental.
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evitando o encharcamento. Quando as raízes se formarem e os brotos começarem a aparecer as estacas devem
ser transplantadas para sacos plásticos pretos, sanfonados lateralmente. As plantas ficam no viveiro dentro
destes sacos por cerca de dois a quatro meses, até apresentarem a parte área bem desenvolvida. E então as
mudas podem ser comercializadas.
Preparo da área: Pode ser realizado de forma manual e/ou mecanizado. Em ambos sistemas estão incluídas as
operações de broca, derrubada, encoivaramento, destocamento e gradagem.
Marcação do terreno e piqueteamento: Os espaçamentos mais utilizados são 2,0 m x 2,0 m; 2,5 m x 2,5 m ou
2,0 m x 3,0 m, em fileiras simples (Figura 2).
Enterrio das estações e preparo de covas: A pimenta-do-reino possui hábito trepador, logo há necessidade de
fixar as plantas a um tutor, geralmente com madeira-de-lei (acapú, jarana, acariquara ou sapucaia), que serve
de apoio para fixação das raízes adventícias. Para tal recomenda-se a utilização de estações com 3,0 m,
devendo ser enterrados a 50 cm. A cova deve ter 50 cm de profundidade. As covas para o plantio são abertas
próximas da estação, no lado leste e devem ter as dimensões de 50 x 50 x 40 cm (Figura 3).
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Figura 2. Marcação e piqueteamento da área, Estado do Pará.
Fonte: Helane Cristina Aguiar Santos (2019)
Adubação: A pimenteira-do-reino exige grandes quantidades de nutrientes para crescer e obter altas
produtividades, logo a adubação é algo importante durante todo o seu desenvolvimento. Sendo necessário a
realização de análises de solo e de planta, para assim acompanhar a fertilidade do solo e a nutrição das
plantas.
Uma vez com os resultados da análise de solo do terreno, é feita a adubação de plantio, que é aplicada na
cova antes do transplantio da muda. Para isso deve-se misturar o adubo com a terra que foi retirada da cova e
esperar no mínimo dez dias para proceder ao plantio ou transplantio.
Após o estabelecimento das plantas, essas devem ser mantidas através da adubação de formação (Figura
4), que é feita durante o primeiro ano do plantio. Normalmente essa adubação é dividida em três partes iguais
que são aplicadas em interlavos de 30, 60 e 90 dias depois do plantio das mudas. O adubo é colocado em meio
círculo com cerca de 25 cm de distância do tronco da planta, e em seguida deve ser coberto com terra. No
segundo ano, a adubação ocorre de maneira semelhante, sendo dividida em três partes, se baseando nos
resultados obtidos pela análise de solo.
A partir do terceiro ano a adubação já é voltada para a fase reprodutiva, sendo chamada de adubação de
produção. É importante frisar a necessidade da realização de análises de solo e de planta, para assim
acompanhar a nutrição das plantas. E com base nos resultados obtidos se faz uma adubação mais eficiente em
todas as fases do desenvolvimento da planta. Se por acaso for constatado deficiência de micronutrientes a
adubação via foliar é a mais indicada.
Plantio das mudas: O plantio é realizado no início da estação chuvosa (janeiro-fevereiro) podendo estender-se
até o mês de março. A distância entre a muda e o tutor deve ser de ~10 cm e as mudas devem ser plantadas no
lado leste (nascente) da estação, em posição inclinada, com a parte superior voltada para o tutor (Figura 5).
Ressalta-se a importância de remover a embalagem plástica das mudas e de fixar as mudas aos tutores após o
plantio.
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Figura 4. Adubação de formação.
Fonte: Helane Cristina Aguiar Santos (2020)
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frequentemente presentes no cultivo em níveis populacionais que causam prejuízos ao se alimentarem das
plantas (perdas econômicas) são chamadas pragas e exigem maior atenção do agricultor. É importante
reconhecer as pragas da cultura para assim selecionar as medidas que favoreçam os inimigos naturais e/ou
prejudiquem as pragas.
Como manter os inimigos naturais? Para manter esses indivíduos na sua plantação é importante preservar a
vegetação natural na paisagem agrícola. As florestas ou matas são ambientes que favorecem a sobrevivência
desses indivíduos. Quando as pragas aparecem nas hortas, os inimigos naturais que estão vivos nas florestas
(e/ou outros tipos de áreas naturais ou semi-naturais) migram para as hortas se alimentando delas e se
multiplicando na área. Muitos desses insetos também se alimentam de pólen e néctar das flores. Sendo assim,
é aconselhável manter plantas que produzem flores no entorno no cultivo, pois estas são procuradas pelas
vespas parasitoides. Além de priorizar um manejo que não cause a mortalidade destes indivíduos, como o uso
de produtos seletivos, que tem baixo ou nenhum efeito nos insetos benéficos.
Principais pragas: A pimenteira-do-reino no Brasil pode ser atacada por diferentes insetos, com destaque para
broca-da-haste, pulgões e cochonilhas.
Broca-da-Haste (Lophobaris piperis Marshall (Coleoptera: Curculionidae)): Os adultos desse inseto penetram
nas hastes e ramos da cultura a partir da região dos nós, onde depositam seus ovos. As larvas se alimentam
dos tecidos das hastes, constroem galerias e interrompem o sistema vascular das pimenteiras. Os ataques
provocam murcha e/ou escurecimento das hastes, tornando-as quebradiças e podendo causar a morte. Eles
ainda podem causar perfurações nos frutos, os quais após a injúria podem ser abortados pela planta. Os frutos
atacados que permanecem apresentam pouco desenvolvimento e, como consequência, tornam-se chochos.
Controle: Todas as partes da planta que estiverem atacadas devem ser retiradas e se apresentarem os
imaturos da broca devem ser queimadas para evitar a reinfestação.
A plantação de malváceas ou outras espécies capazes de produzirem flores continuamente ao longo do
ano pode ser feita próximos aos plantios de pimenteira-do-reino, facilitando a permanência dos inimigos
naturais.
Pulgões (Aphis spiraecola Patch e A. gossypii Glover (Hemiptera: Aphididae)): Os pulgões são insetos bem
pequenos que sugam a seiva das folhas e brotações da cultura, o que causa encarquilhamento e dificulta o
desenvolvimento normal das plantas. Além dos danos diretos provocados às plantas, também podem causar
danos indiretos. Eles liberam um líquido açucarado nas folhas, conhecido como mela ou “honeydew”, o que
favorece o aparecimento de um fungo comumente chamado de fumagina (Capnodium sp.). O fungo prejudica a
respiração e fotossíntese das folhas, reduzindo a produção da pimenteira-do-reino. Ainda, os pulgões podem
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ser vetores e inocular vírus causadores de doenças importantes nessa cultura, como o Vírus do mosaico,
“Cucumber Mosaic Vírus” (CMV).
Para que o agricultor saiba quando e como agir ele deve fazer observações frequentes em diferentes
órgãos das plantas (folhas, ramos, frutos) buscando os insetos e suas injúrias. Recomenda-se que as inspeções
no cultivo sejam realizadas, pelo menos, duas vezes por semana. Assim, se terá informações sobre os insetos
alí presentes, bem como a sua identificação e agrupamento em inimigo natural ou praga. As medidas de
controle só devem ser realizadas quando se observar que os insetos benéficos não estão controlando a praga
e/ou houver surtos populacionais de pragas. Cada caso é individual e precisa ser analisado cuidadosamente,
além disso, sempre que possível, um profissional com experiência em fitossanidade deverá ser consultado.
Cochonilhas (Pseudococcus elisae Borchsenius (Hemiptera: Pseudococcidae) e Protopulvinaria longivalvata
Green (Hemiptera: Coccidae)): Os insetos de P. elisae infestam e sugam a seiva das raízes e hastes de mudas.
O que causa o definhamento da planta, e a soltura de brotos e folhas, o que pode resultar na morte das
mesmas. Essa cochonilha também é vetor da virose conhecida como “Piper Yellow Mottle Vírus” (PYMV). As
cochonilhas de P. longivalvata atacam folhas, ramos e brotos. Altas infestações podem causar enfezamento e
queda de produção dos cultivos. Folhas de pimenteira-do-reino muito infestadas ficam flácidas e murcham.
Além disso, também podem ocasionar o aparecimento de fumagina.
Controle: O controle químico não é recomendado, pois ainda não existem inseticidas registrados para esta
cultura MAPA para o controle de insetos. Porém existem algumas práticas que podem contribuir para manter
as populações de pragas em níveis baixos.
Inicialmente, antes de pensar em controlar a praga deve-se evitar a sua chegada, e para isso pode-se
fazer uso de barreiras vivas, como quebra-vento ou faixa de vegetação. Essas barreiras são formadas por
plantas que podem ser formadas por diversas espécies, além da própria vegetação natural. O objetivo é que
elas estejam organizadas de modo a dificultar a livre circulação das pragas e também sirvam de corredor e
abrigo para os inimigos naturais.
Além disso, algumas medidas gerais podem ser tomadas para evitar a presença dos insetos-praga, tais
como: fazer uso de mudas vigorosas e isentas de pragas e doenças; eliminar plantas daninhas e plantas de
cultivos anteriores (tigueras), que podem servir de abrigo para as pragas; instalar armadilhas amarelas pela
cultura para capturar insetos como pulgões, moscas-brancas e mosca-minadora, que são atraídos por essa cor.
Estas armadilhas podem ser placas adesivas amarelas ou bandejas amarelas, com água e gotas de detergente
neutro ou de sabão, ou ainda garrafas plásticas pintadas externamente e untadas com graxa; fazer cobertura
do solo com casca de arroz ou palha, que refletem os raios ultravioletas e dificultam a colonização de insetos
sugadores; e para evitar a disseminação das doenças viróticas é importante o uso de mudas sadias, arranquio
de plantas doentes e a limpeza da tesoura de poda ou outras ferramentas com solução de água sanitária entre
o manejo de cada planta quando utilizada.
Principais doenças: As principais doenças da cultura da pimenta-do-reino, causadas por fungos, são a podridão
das raízes (Fusarium solani f. sp. piperis) e a murcha amarela (Fusarium oxysporum) que diminuem a
produção, a produtividade e a vida útil dos pimentais. Outras doenças comuns são a queima-do-fio (Koleroga
noxia) e a antracnose (Colletotrichum gloeosporioides), porém são consideradas de menor importância.
Podridão das raízes ou fusariose: A vida útil de um pimental pode ser superior a 12 anos, mas, em áreas com
fusariose, não tem passado de 5 ou 6 anos. Essa doença é favorecida no período chuvoso e é causada pelo fungo
Fusarium solani f. sp. Piperis. Pode ser iniciada tanto pelas raízes quanto pela parte aérea. Ao se iniciar pelas
raízes, as folhas e internódios ficam amarelados e flácidos, ocorrendo a queda prematura das folhas e frutos e,
posteriormente o secamento total da planta. Além disso, o sistema radicular é reduzido e se torna necrótico, e
essa necrose pode evoluir até 30 cm acima do solo, a partir da base da planta. Já ao se iniciar na parte aérea,
são vistos ramos amarelados em uma planta bem vigorosa. Com a evolução da doença, ocorre o secamento da
parte superior e inferior da planta
Controle: Não há como recuperar uma pimenteira com podridão das raízes, toda vez que a doença for
constatada, essa planta deverá ser retirada e queimada fora do pimental. No entanto, há técnicas para evitar
a incidência e disseminação da doença. Na instalação da plantação sempre utilizar estacas ou mudas de
plantas comprovadamente sadias ou vindas de viveiros credenciados pelo MAPA. Não usar tutores de áreas
onde a doença tenha ocorrido e evitar o trânsito de máquinas agrícolas provenientes de áreas infectadas.
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Evitar o encharcamento do solo. Evitar o ferimento das raízes, que servem como entrada para os patógenos,
sendo recomendável a manutenção da cobertura vegetal, viva ou morta, nas entrelinhas. Uma técnica
alternativa é incorporar ao solo folhas frescas ou secas de nim indiano (Azadirachta indica) trituradas. As
folhas devem ser incorporadas ao solo antes do transplante de mudas de pimenteira-do-reino. 10 gramas de
folhas por litro de solo já é o suficiente, mas 50 g/L promove, além da proteção à doença, um melhor
desenvolvimento das mudas. Por fim, áreas com histórico de ocorrência da doença não devem ser cultivadas
antes de 5 a 8 anos após o último plantio.
Murcha amarela: Doença causada pelo fungo Fusarium oxysporum, que, penetra a planta pelas raízes e chega
aos vasos condutores, obstruindo a passagem de água e nutrientes. Os principais sinais são a descoloração do
caule e dos ramos, e o amarelecimento e queda das folhas. Também surgem lesões triangulares nos ramos, a
partir da região dos nós, que ficam alongados e necrosam em um lado da haste, que se apresenta metade
verde e metade enegrecida. Os sinais são vistos, principalmente, em plantas com mais de dois anos de idade, e
as plantas severamente atacadas chegam a morrer. Essa doença só foi observada em plantios das cultivares
Guajarina e Bento.
Controle: Plantio de mudas sadias. Evitar o encharcamento da área. Não usar as cultivares Guajarina e
Bento, já que são as únicas susceptíveis até o momento. Eliminar as pimenteiras afetadas e queimá-las fora
do pimental.
Queima-do-fio: Nessa doença há a formação de um cordão micelial (aglomerado de hifas do fungo), a partir das
raízes adventícias das hastes, que vai em direção às folhas, no começo sua coloração é branco/prateado, mas
depois vai escurecendo. Ao atingir a parte aérea (folhas e espigas), esse cordão forma ramos, lembrando uma
teia. Quando a teia cobre as folhas e espigas elas endurecem, se soltam dos ramos e ficam penduradas pelo fio
micelial. Com a queda de muitas folhas e morte de várias hastes das plantas a produção da planta é
diminuída.
Essa doença prevalece no período chuvoso, então é importante fazer inspeções periódicas no pimental
nessa época e, ao se notar um ramo com sinais ele deve ser podado e queimado fora do pimental. Em seguida,
um curativo pode ser feito no ramo com calda bordalesa.
Antracnose: A antracnose é mais comum nos meses mais secos e pode causar grandes prejuízos em viveiros,
sendo a fase de mudas o momento de maior atenção à doença. Sua ocorrência é associada à deficiência de
potássio, mas também ocorre independentemente dela. Os sinais são caracterizados por áreas necrosadas nos
ápices das folhas que vão avançando pelo limbo foliar. Essa necrose tem forma de anéis concêntricos, em que a
região próxima ao tecido sadio (borda da lesão) possui uma cor amarelada. A necrose também pode ocorrer no
pedúnculo floral, ocasionando a queima das espigas.
Em plantas adultas, a correção da deficiência de potássio ou a chegada do período chuvoso contribui para
contornar a doença. Já para as mudas, deve-se retirar e queimar as mudas doentes, evitar o sombreamento e
encharcamento excessivo, e permitir a ventilação constante.
Plantas daninhas: A pimenta-do-reino é muito sensível à competição com plantas daninhas. Uma vez que, a
flora daninha pode causar danos aos produtores desde efeitos diretos como competição por água, luz,
nutrientes, liberação de substâncias com efeitos alelopáticos e efeitos indiretos como hospedeiras de pragas e
doenças, como a trapoeraba (Commelina spp.) que é hospedeira do vírus mosaico do pepino. Dentre as espécies
de plantas daninhas com maior importância destacam-se o assa-peixe (Vernonia polysphaera), braquiária
(Urochloa spp.), capim-mombaça (Panicum spp.), tiririca (Cyperus rotundus) e corda-de-viola (Ipomoea spp.).
O controle de plantas daninhas no cultivo da pimenta-do-reino está praticamente restrito ao uso dos
controles preventivo, cultural e mecânico (Figura 7). Essa situação leva à necessidade de se adotar estratégias
diferenciadas no manejo das plantas daninhas, dentre as quais pode-se destacar o uso do manejo integrado de
plantas daninhas (MIPD).
O Manejo Integrado de Plantas Daninhas (MIPD) tem por objetivo a integração de vários métodos de
controle (preventivo, cultural, mecânico e químico), um bom programa de manejo deve permitir a máxima
produção no menor espaço de tempo, a máxima sustentabilidade de produção e o mínimo de risco econômico e
ambiental. Para isso, o produtor deve conhecer a capacidade competitiva das espécies daninhas presentes em
sua área e fazer a utilização de diferentes estratégias de controle que melhor se adaptam à sua realidade.
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Figura 7. Controle mecânico de plantas daninhas, Estado do Pará.
Fonte: Helane Cristina Aguiar Santos (2019).
O controle preventivo tem por objetivo prevenir a entrada e o estabelecimento de plantas daninhas em
áreas ainda não infestadas. O agricultor deve realizar um bom preparo do solo de modo a eliminar o máximo
possível as plantas daninhas nas áreas de plantio, a formação e plantio de mudas em substratos livres de
contaminação, higienização das máquinas e os implementos agrícolas, limpeza canais de irrigação.
A falta desses cuidados tem causado ampla disseminação das mais diversas espécies, como a tiririca
(Cyperus spp.), que possui sementes muito pequenas e tubérculos que infestam novas áreas com grande
facilidade, por meio de estercos, mudas com torrão, substrato. Para desinfestação de substratos pode-se
utilizar a solarização.
O controle físico pode ser adotado através do uso de cobertura morta (Figura 8) e cobertura viva (Figura
9). Como cobertura morta emprega-se, casca-de-arroz, serragem em coroamento. Como cobertura viva usa-se
leguminosas nas entrelinhas de plantio e que tenham as seguintes características: boa adaptação às condições
locais sejam herbáceas, anuais e ou perenes, decumbente, mantenham-se bem desenvolvidas após roçagens
periódicas de modo a fornecer constantemente, biomassa para a cobertura morta no solo. Essa prática cultural
além de controlar as plantas daninhas, fornece também nitrogênio para a pimenteira, fixado da atmosfera
pelas leguminosas.
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Figura 9. Adoção de cobertura com amendoim forrageiro nas entrelinhas, Estado do Pará.
Fonte: Helane Cristina Aguiar Santos (2020).
O controle mecânico é o mais utilizado, podendo ser realizado manualmente através de capinas e
roçagens e mecanizado por meio de roçadeiras rotativas acopladas em tratores e deve ser efetuado antes que
as plantas daninhas iniciem a produção de sementes. A capina com enxada deve ser evitada, devido ao
sistema radicular da pimenteira ser muito superficial, desta forma deve-se evitar o corte das raízes a fim de
evitar a penetração de agentes patogênicos. A roçagem é uma prática menos danosa do que a capina, por
proteger melhor o solo e as raízes das plantas.
O controle químico é uma medida de manejo eficaz, que otimiza a jornada de trabalho em relação ao
controle mecânico e é mais barato. Porém, o uso dessa ferramenta ainda é limitado, pois não há herbicida
registrado no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) para a cultura da pimenta-do-
reino, no Brasil.
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Reichardt, K.; Timm, L. C. (2004) Solo, planta e atmosfera: conceitos, processos e aplicações. (1ª. Ed. Impressa). Piracicaba: ESALQ, 478
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