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Mano, oi

segue o manual com alterações ate a pagina 20.


bjos

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Este manual foi desenvolvido durante a implantação do projeto de recuperação de


áreas degradadas no Complexo Eólico Ventos de São Clemente. Localizado entre os
municípios de Caetés, Capoeiras, Pedra e Venturosa, no agreste de Pernambuco, o
empreendimento está em operação comercial desde junho de 2016 e é formado
por oito parques eólicos distribuídos em uma área de 3.700 hectares com fator de
capacidade de 55%. O complexo ainda possui 126 aerogeradores que têm potência
instalada de 216 MW, energia suficiente para abastecer mais de 550 mil residências
através de 44 km de linhas de transmissão.

Tais números fazem deste complexo eólico o maior de Pernambuco e um dos


maiores do Brasil e da América Latina. Por meio dos investimentos e de programas
desenvolvidos pela Echoenergia, a região onde o empreendimento está inserido
vem se desenvolvendo nos âmbitos social, econômico e ambiental.

A empresa detentora do complexo eólico possui um Programa de Recuperação de


Áreas Degradadas (PRAD), com vistas à proteção contínua da biodiversidade natural
da região e que consistiu na produção de mudas e replantio das áreas passíveis de
alteração durante a instalação do projeto.

APRESENTAÇÃO.

Considerando a tendência atual, é inevitável a constatação de que cada vez mais a


conservação dos recursos naturais exigirá não apenas a proteção dos
remanescentes de vegetação nativa, mas também a recuperação do que já foi
perdido. A recuperação de áreas alteradas demanda uma intensa produção e
plantio de mudas nativas, o que, por sua vez, não é possível sem a produção de
plantas da região.

A publicação deste “Manual Técnico de Produção de Mudas do Bioma da Caatinga”,


tem por objetivo principal a divulgação do conhecimento sobre técnicas de
produção de mudas nativas da Caatinga, apresentando os resultados dos
experimentos que a equipe da Biosfera, microempresa de prestação de serviços
ambientais contratada para recuperar as áreas alteradas, realizou no Viveiro
Florestal de mudas nativas, localizado dentro do Complexo Eólico Ventos de São
Clemente, empreendimento da Echoenergia Participações S.A., na zona rural do
município de Caetés – PE.

Combinando uma linguagem simples com termos técnicos e conceitos definidos


com o rigor exigido pelas publicações técnicas, este manual destina-se a orientar
proprietários rurais e o público em geral interessados na produção de mudas para
atender à demanda de espécies nativas do Bioma da Caatinga.

1. INTRODUÇÃO.

A produção de mudas para reflorestamento e recuperação de áreas degradadas


vem numa intensa e crescente demanda devido à preocupação mundial com a
preservação do meio ambiente.

Por sua vez, a qualidade da produção dessas mudas exigiu alguns conhecimentos
básicos de quem iria produzi-las. Dentre esses conhecimentos podemos logo
destacar desde a colheita das sementes, a propagação da muda e por fim uma
escolha adequada para cada local do plantio.

O primeiro passo para a produção de sementes e mudas com qualidade, foi


conhecer e entender a dinâmica de germinação de cada espécie que se pretendia
reproduzir. Também foi de extrema importância conhecer os principais tratamentos
pré-germinativos aos quais as sementes foram submetidas a fim de superar a
dormência ou acelerar sua germinação.

Entretanto, além das metodologias técnicas de coleta e de produção da muda, foi


importante considerar o tipo de viveiro que seria construído, bem como o objetivo
da produção que definiu se ele seria: Provisório ou Permanente.

2. TIPOS DE VIVEIROS.

Na construção de um viveiro de mudas, a fase de planejamento é muito importante.


As instalações necessárias e a quantidade de mudas que se projeta produzir
dependerão do objetivo do viveirista ou mesmo da comunidade envolvida na sua
montagem.

VIVEIRO nada mais é que, o ambiente ou local onde se propagam e se desenvolvem


todo tipo de planta. E, foi nele, que as mudas foram cuidadas até adquirir tamanho
e idade suficiente até serem plantadas nos locais definitivos.

Dois tipos de viveiros podem ser destacados:

Viveiros provisórios ou temporários – são aqueles cuja duração é curta e limitada.


Destinados à aclimatação de mudas adquiridas de outras regiões, e também à
produção de poucas mudas, geralmente, localizadas nas proximidades das áreas do
plantio.

Viveiros permanentes ou fixos – são aqueles construídos para durar mais tempo,
sendo utilizados para produção de mudas em quantidades maiores, principalmente
visando à comercialização, doações sistemáticas ou reflorestamentos de grandes
áreas alteradas.

3. O VIVEIRO.
O viveiro florestal do Complexo Eólico Ventos de São Clemente foi projetado
inicialmente para ser provisório, pois, o objetivo era adquirir mudas de
fornecedores legalizados, para o replantio das áreas do PRAD (plano de recuperação
de áreas degradadas) do empreendimento. Entretanto, devido à falta de uma maior
diversidade de espécies encontradas no mercado produtor, restou definido que a
produção se concentraria em mudas de maior valor ecológico, transformando esse
viveiro temporário, num viveiro permanente, servindo, ao mesmo tempo de centro
produtor e distribuidor de mudas para as comunidades da região com interesse em
replantar áreas desprovidas de vegetação em suas propriedades.

É importante ressaltar que no caso de instalação de um viveiro permanente, todos


os procedimentos com relação à produção e à comercialização de sementes e
mudas deverão obedecer à Lei n° 10.711, de 5 de agosto de 2003, regulamentada
pelo Decreto n° 5.153, de 23 de julho de 2004. Dessa forma, o viveiro permanente
deve, inicialmente, ser licenciado junto ao órgão ambiental estadual e em seguida
registrado no Ministério da Agricultura – MA.

Se o objetivo do viveiro for o de comercializar sementes e mudas, esse deverá ser


também cadastrado no Registro Nacional de Sementes e Mudas (Renasem) do MA.
Contudo, como nosso objetivo era recompor áreas alteradas, fez-se necessário
apenas o licenciamento do viveiro do complexo junto ao órgão ambiental, in casu
CPRH. (????????????)

4. ESCOLHA DO LOCAL.

Para o local da construção de um viveiro deve se levar em conta uma análise


criteriosa de diferentes aspectos de um ambiente. Há que se considerar as
seguintes características sobre a área a escolher:

Inclinação do terreno: Esse deve ser levemente inclinado, a fim de evitar acúmulo
de água das chuvas.

Drenagem: O solo deve oferecer boa drenagem, devendo-se evitar solos


pedregosos ou muito argilosos.

Fonte de água: Deve ser de boa qualidade, limpa e permanente.

Proximidade das áreas de plantio: Para os casos de viveiro temporário e as mudas


direcionadas exclusivamente para a recuperação dessas áreas, o ideal é que o
viveiro fique próximo aos locais de plantio.

Orientação geográfica: O maior comprimento do viveiro deve ficar no sentido do sol


nascente, medida que garantirá ambientes totalmente ensolarados na maior parte
do tempo, e condição primordial para o bom desenvolvimento das mudas.
Proteção das mudas: O local deverá ser cercado para evitar a entrada de animais e
pessoas não autorizadas. O cercamento servirá de proteção das mudas, das
sementeiras, dos sombrites e demais instalações do viveiro.

5. CONSTRUÇÃO DOS CANTEIROS.

Canteiro é o local onde são acondicionados os recipientes (sacos plásticos e/ou


tubetes, garrafas PET, etc) com as mudas.

Os canteiros devem ter aproximadamente 1 m de largura, com um comprimento


que dependerá do espaço disponível no viveiro e do tamanho dos recipientes que
serão utilizados, dispostos, perpendicularmente à linha do declive do terreno
( figura 1).

A distância entre os canteiros deve ser de no mínimo 50 cm, objetivando facilitar a


movimentação de trabalho com carrinho de mão e de pessoas.

6. SUBSTRATO.

Substrato é todo material sólido, natural ou residual, de formação mineral ou


orgânica, que pode ser utilizado puro ou em misturas para o cultivo intensivo de
plantas, em substituição total ou parcial ao solo natural.

Na preparação de substratos geralmente se utiliza um componente mineral: (terra


de subsolo retirada a 30 cm de profundidade e/ou terra vegetal) e, um ou mais
componentes orgânicos, que podem ser inertes (casca de arroz, fibra de coco e/ou
barro), ou biologicamente ativos (composto orgânico, esterco curtido de gado,
húmus de minhoca, e/ou fertilizante químico NPK).

Os componentes (figura 2) devem ser bem misturados até que o substrato adquira
uma aparência homogênea, observada a proporção de 60% de terra, 20% de barro
e 20% de adubo.

7. RECIPIENTE.

Recipiente é uma estrutura física utilizada para o acondicionamento de qualquer


substrato para o cultivo de plantas, podendo englobar todas as fases da planta,
desde a germinação das sementes, crescimento das mudas até a comercialização
final da muda pronta.

De uma maneira geral, os variados tamanhos dos recipientes têm o objetivo de


disponibilizar um maior volume possível de solo às raízes, sem, contudo, implicar
em aumento expressivo de peso de maneira a facilitar o transporte.
Os recipientes mais utilizados são os sacos plásticos de polietileno negro (figura 3).

8. COLETA DAS SEMENTES.

No bioma da Caatinga podem ser encontradas espécies para a coleta de sementes


durante todo o ano, tanto na época seca quanto na época chuvosa. A coleta das
sementes de boa qualidade deve ser realizada em árvores adultas, vigorosas, com
copa sadia, e que não apresentem sinais evidentes de ataque de pragas, doenças e
plantas epífitas. Essa coleta de frutos e sementes (figura 4) poderá ser feita no chão
ou na própria árvore, dependendo da espécie e do tipo de fruto.

9. BENEFICIAMENTO DAS SEMENTES.

O beneficiamento consiste em retirar as sementes dos frutos e limpá-los, através de


diferentes processos, que podem variar, principalmente, de acordo com o tipo de
fruto e a consistência das sementes.

A maioria dos frutos rompe-se sozinhos, naturalmente, muitas vezes na própria


árvore. Já os frutos carnosos, os que possuem polpa, podem ser despolpados
manualmente em água corrente com auxílio de uma peneira (figura 5) ou mesmo
por raspagem ou fermentação.

Recomenda-se que, após o despolpamento das sementes carnosas e limpeza das


impurezas, as sementes sejam deixadas à sombra e em local ventilado até que
fiquem secas ao toque.

Para uma semente poder germinar, é necessária a contribuição de vários fatores


internos (condições da própria semente) e externos (condições do meio ambiente).
Relativamente aos fatores internos devemos considerar, por exemplo, que as
sementes devem estar maduras e inteiras, enquanto que nos fatores externos as
sementes precisam encontrar níveis adequados de oxigênio, temperatura, umidade
e, às vezes, muita luminosidade.

No entanto, muitas sementes não germinam, mesmo que as condições internas e


externas sejam adequadas. Nesse caso, diz-se que elas se encontram em estado de
dormência.

10. ARMAZENAMENTO DAS SEMENTES.

As sementes só devem ser armazenadas se não tiverem sido submetidas a


tratamentos pré-germinativos, devendo, primeiro, ser limpas, selecionadas e depois
colocadas em recipientes que diminuam ou bloqueiem a troca de água com o
ambiente, e por fim armazenadas em local sombreado e ventilado. Os recipientes
podem ser de: latas, vasilhas plásticas (garrafa-pet), sacos de papel impermeável, e
em vidros diversos (figuras 6 a 9).

11. TRATAMENTOS PRÉ-GERMINATIVOS.

As sementes de algumas espécies florestais apresentam um mecanismo


denominado de dormência, ou seja, quando são semeadas, ou não germinam, ou o
fazem irregularmente.

Nota.1: Dormência: é a condição na qual a semente não germina durante certo


tempo. A dormência deve ser interrompida por um processo denominado “quebra
de dormência”, que torna a semente apta a germinar.

Nestes casos, é preciso superar a dormência através de tratamentos pré-


germinativos, para que as sementes germinem em maior quantidade e em menor
espaço de tempo.

Independente do tratamento pré-germinativo adotado, é de extrema importância


não comprometer o ‘hilo’ da semente.

Nota.2: Hilo: cicatriz deixada pelo pendúculo que conecta a semente com a
placenta.

Será por essa cicatriz da semente (desenhos 1 e 2) que o embrião irá emitir as
primeiras folhas da planta.

Existem vários tipos de tratamentos, sendo os mais comuns:

11.1 Escarificação mecânica: Método que consiste em atritar as sementes contra


uma superfície áspera (lixa ou piso de cimento grosso),ou fazendo um pequeno
corte na superfície da semente com auxílio de uma tesoura de poda (figuras 10
e11).

11.2 Escarificação química: A quebra da dormência por esse método é realizada por
produtos químicos, como o ácido sulfúrico, somente devendo ser realizado por
pessoa qualificada e em local controlado (laboratório).

Dependendo da dureza da semente, o tempo de imersão no ácido sulfúrico poderá


ser de 5, 15, 30 ou até 60 minutos (figuras 12 e 13).

11.3 Embebição em água: Esse método consiste em colocar as sementes em água


(figuras 14 e 15), à temperatura ambiente e deixá-las até se comprovar que estão
‘inchadas’. Esse processo pode levar minutos, horas ou dias, dependendo da dureza
da semente.
11.4 Imersão em água fervente: Método que se utiliza de água fervente para
quebrar a dormência da semente. Após a água ferver a 100°C (figura 16), apaga-se o
fogo, e colocam-se as sementes num recipiente por 24 horas antes de realizar a
semeadura.

11.5 Pré-resfriamento: Neste método é realizado um choque térmico nas sementes.


Utilizando tratamento alternado entre água quente e água fria, por um período
máximo de 5 minutos em cada imersão das sementes. Esse tratamento é repetido
por até 4 (quatro) vezes, momento em que as sementes são colocadas para secar à
sombra, e semeadas no dia posterior.

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