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Pragas do eucalipto
Germi Porto Santos 1
José Cola Zanuncio 2
Terezinha Vinha Zanuncio 3
Evaldo Martins Pires 4
1
Engo Florestal, D.Sc., Pesq. EMBRAPA/EPAMIG-CTZM, Caixa Postal 216, CEP 36570-000 Viçosa-MG. Correio eletrônico:germi@epamig.ufv.br
2
Engo Florestal, Ph.D., Prof. Tit. UFV - Depto Biologia Animal, CEP 36570-000 Viçosa-MG. Correio eletrônico: zanuncio@ufv.br
3
Bióloga, Pós-Doc, UFV - Depto Biologia Animal, CEP 36570-000 Viçosa-MG. Correio eletrônico: tvzanuncio.ufv.br
4
Biólogo, Doutorando em Entomologia UFV - Depto Biologia Animal, CEP 36570-000 Viçosa-MG. Correio eletrônico: evaldo.pires@gmail.com
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preventivas e curativas não forem toma- fungus gnatus. A fêmea põe, em média, 19 pectinadas (Fig. 3). A fêmea põe em mé-
das. ovos no solo, dispostos em grupos ou dia mil ovos de coloração branca. A fase
isolados, que, quando férteis, são de co- larval dura em torno de 30 dias, sendo as
Insetos associados a viveiros loração amarelo-clara, tornando-se pardos lagartas de coloração pardo-acinzentado-
clonais
próximo à eclosão, com viabilidade de escura, e podem atingir 45 mm em seu
Atualmente a produção de mudas, na 42% a 48% e período de incubação de 2 a 6 desenvolvimento máximo. O hábito de se
maioria das empresas reflorestadoras, dias. A fase larval passa por quatro está- enrolarem, quando tocadas, originou-lhes
ocorre por via assexuada, em ambientes dios com duração média de 15 dias e o ciclo o nome lagarta-rosca. A pupação ocorre
protegidos, onde alguns grupos de in- de ovo a adulto de 18 dias e meio. no solo e essa fase apresenta duração mé-
setos, comuns em viveiros de produção de Há poucos registros sobre ocorrência dia de 15 dias.
mudas por sementes, passam a não cons- de ácaros em plantios de eucalipto, no Bra-
tituir problema. Ocorrem em viveiros clo- sil. Espécies como Olygonychus yothersi,
nais, insetos sugadores, desfolhadores Olygonychus ilicis; Olygonychus punicae,
e danificadores de raízes. Entre esses, Tetranychus urticae foram citadas sobre
citam-se: pulgão - Toxoptera aurantii; essa cultura, em diversas regiões. Todavia,
cochonilha - Eriococus sp.; mosca-branca - a primeira informação de danos por esse
Dialeurodicus tesselatus; mosca-do-viveiro - grupo de praga foi registrada em outubro
John L. Capinera
Bradysia coprophila, Scythropochroa sp. e de 2003, em Martinho Campos, MG, onde
Sciara spp.; ácaros - Olygonychus yothersi, Rhombacus eucalypti provocou dano de
Olygonychus ilicis, Olygonychus punicae, 8%-10% em mudas clonais, em casa de
Tetranychus urticae e Rhombacus vegetação. A infestação deu-se por dano Figura 2 - Lagarta de Agrotis ipsilon
eucalypti. em reboleira, as folhas apresentaram si- FONTE: University of Florida (2006).
A mosca-do-viveiro Bradysia nais de sucção, com coloração geral escura
coprophila Lintner 1895 (Diptera: Scia- e as mais velhas ficaram encarquilhadas e
ridae) é citada como praga de várias plantas caíram facilmente.
cultivadas em casas de vegetação (Fig. 1).
Foi registrada pela primeira vez no Brasil, Insetos associados à
em 1991, ao atacar estacas de eucalipto. produção de mudas por via
Insetos deste grupo possuem ampla sexuada
distribuição geográfica, abrangendo 172
Lagarta-rosca
espécies de 18 gêneros, sendo 26 descritas
recentemente. O enraizamento de estacas Agrotis ipisilon Hufnagel, 1767
é uma técnica muito utilizada na produção (Lepidoptera: Noctuidae)
de mudas de eucalipto e requer ambiente Figura 3 - Agrotis ipsilon
As lagartas (Fig. 2) possuem o hábi-
úmido e quente, condição que favorece o FONTE: Canadian Biodiversity Information
to de se abrigarem, durante o dia, entre os
Facility (2003).
aparecimento desses agentes, cujas larvas recipientes, sob detritos ou outros escon-
desenvolvem-se em matéria orgânica, solos derijos. À noite, seccionam as mudas na
e material sem vida e são conhecidas como região do coleto, para delas se alimenta- Spodoptera latifascia (Walker, 1856)
rem. O dano é mais significativo na fase (Lepidoptera: Noctuidae)
inicial, quando o caule da muda não está Sua ocorrência em viveiros de eucalip-
lignificado. Em sistema de produção de mu- to é esporádica e a incidência de elevada
das, utilizando-se plataformas suspensas população é preocupante, diante da sua
e recipientes tipo tubetes, casas de ve- voracidade sobre plantas, ainda, em estádio
getação e micropropagação, os danos por inicial de formação. Os adultos são bastan-
esse grupo de insetos têm diminuído. Os te parecidos, com envergadura média de
adultos são mariposas de atividade cre- 35 mm e antenas filiformes (Fig. 4). Na fê-
puscular, possuem envergadura em torno mea, as asas mesotorácicas são de tona-
de 40-50 mm, asas anteriores marrons com lidades escuras, mescladas por manchas
Figura 1 - Bradysia coprophila manchas pretas e posteriores, semitrans- negras e claras, de maneira irregular, dando
FONTE: University of Illinois (2004). parentes; antenas filiformes ou levemente a impressão de mosaico. No macho, a colo-
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Eucalipto 45
ração deste par é amarelada com manchas diferem dos machos por possuírem longo siderados benéficos, por atuarem na de-
pardas. A fêmea põe, em média, 2.016 ovos, ovipositor. A fase jovem apresenta seis es- composição da matéria orgânica, colabo-
com período embrionário de 4 a 8 dias. tádios e cada geração dura cerca de 70 dias. rando na ciclagem dos minerais, destacam-
A lagarta apresenta, na fase inicial, cor- se como organismos dos mais daninhos
po escuro com listras longitudinais de às culturas florestais (Fig. 7). A cultura do
coloração amarelada e branca; possui de eucalipto é afetada por cupins desde as
seis a sete estádios, atingindo o compri- mudas plantadas no campo, até árvores
mento de 40 mm em seu desenvolvimento adultas. Apenas 10% das espécies de cu-
máximo. A pupa é marrom-escura, mede 20 pins, descritas no mundo, são, econo-
mm de comprimento e dura 16,6 e 14,8 dias micamente importantes em empreen-
para machos e fêmeas, respectivamente.
Joseph Dvorák
dimentos florestais e consideradas pragas.
V
As principais espécies que atacam o
eucalipto, no Brasil, pertencem às famí-
lias Kalotermitidae, Rhinotermitidae e
Figura 5 - Gryllus assimilis
FONTE: Insect. CZ (2002). Termitidae. Na região neotropical, as es-
pécies de eucalipto apresentam elevada
mortalidade, nos estádios iniciais do es-
As paquinhas (Fig. 6) apresentam bio- tabelecimento da cultura, além de danos
logia semelhante à dos grilos. Possuem em árvores vivas e em cepas, em conse-
Jim Vargo
Paquinha
Gryllotalpa hexadactyla (Perty, 1832)
(Orthoptera: Gryllotalpidae)
Figura 7 - Forma alada de Syntermes sp.
Esses insetos apresentam danos seme- FONTE: ESALQ (2004j).
lhante aos da lagarta-rosca. Durante o dia,
escondem-se em abrigos diversos e, pre-
Brian Kenney
comprimento. As larvas são ápodas, bran- Neoclytus pusillus, associada com dois aparência e nos tipos de comportamento
cas e medem 20 mm. coleópteros das famílias Scolytidae e Bu- biológico e daninho. Possuem corpo
prestidae, provocaram danos em 586 ha de cilíndrico, coloração geral parda ou preta,
Eucalyptus pellita com três anos de idade comprimento que varia de 0,5 a 1,0 mm
no município de São João do Paraíso, MG, (Scolytidae) e 4 a 6 mm (Platypodidae),
em 1989, ocasionando a morte de 95% das com élitros punctuados em fileiras com
plantas. cerdas esparsas e cabeça escondida sob
Psyllotoxus griseocinctus teve o pronoto, quando vistos de cima. São
ocorrência marcante no DF, em 1979, em adaptados a uma vida críptica dentro de
povoamentos de E. urophylla e E. tecidos vegetais. Raramente atacam plan-
camaldulensis, provocando dano em 15% tas vivas e suas larvas alimentam-se de
das plantas. fungos cultivados em suas galerias e, por
isso, recebem o nome besouro-ambrosia.
Besouros-de-ambrosia O ataque inicia-se em plantas enfraque-
Corthylocurus vernaculus Schedl cidas ou sob estresse e a infestação, nor-
1951 (Coleoptera: Scolytidae) malmente, leva a planta à morte. O sintoma
de dano evidencia-se pelo amarelecimento
Hyphothenemus obscurus (Fabricius,
das folhas, de maneira descendente, que
1801) (Coleoptera: Scolytidae)
permanecem por algum tempo presas à
Monarthrum cristatus Blandford 1905
planta. Além da grande quantidade de
(Coleoptera: Scolytidae)
galerias, que atravessam o xilema e blo-
Premnobius cavipennis Eichhoff, 1867 queiam a seiva, acredita-se que o fungo
P. Deschamps
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48 Eucalipto
Formigas-cortadeiras
A B
Figura 16 - Timocratica albella Saúvas
NOTA: A - Adulto; B - Larva e dano. Atta sexdens rubropilosa Forel, 1908
(Hymenoptera: Formicidae)
pim de cerne, constroem seus ninhos em Atta laevigata (F. Smith, 1858)
raízes de árvores velhas ou em madeira (Hymenoptera: Formicidae)
ainda não completamente seca. Penetram
Quenquéns
pelas raízes das plantas ou utilizam feridas
no tronco ou locais onde houve queda de Acromyrmex spp. (Hymenoptera:
Formicidae)
Jerry A. Payne
Os adultos (Fig. 21) possuem as asas e amarela, dobram o abdome para frente e do 5o estádio, tornam-se urticantes. A pu-
o corpo de coloração cinza-brilhante, antena levantam as asas, fingindo-se de mortos. pação ocorre no solo e as pupas medem,
bipectinada nos machos e filiforme nas As fêmeas põem em média, 27 ovos, com 62 e 64 mm, respectivamente para machos
fêmeas e envergadura média de 32 e 35 mm viabilidade de 70,7%, sendo estes de e fêmeas.
para machos e fêmeas, respectivamente. coloração branco-brilhante, forma ovala-
Dirphiopsis eumedidoides
A fêmea põe, em média, 209 ovos de forma da, micrópila caracterizada por um ponto
(Vuillot, 1893) (Lepidoptera:
esférica com base achatada e distribuí- verde pouco visível, diferindo de Dirphia
Saturniidae)
dos, isoladamente, na superfície abaxial rosacordis, cujos ovos mostram um pon-
das folhas. No primeiro estádio, as lagartas to negro delimitado por um halo cinza. Ocorre com freqüência em associação
apresentam coloração marrom-clara, qua- A fase larval apresenta seis estádios, com com outras espécies, em plantios loca-
se não se locomovem, enrolam-se em forma duração média de 50,6 dias, sendo o com- lizados na região dos Cerrados de Minas
de caracol e, quando em repouso, perma- primento da lagarta, no início do último Gerais. Apesar de não ter aparecido em sur-
necem fixadas no substrato, mimetizando estádio, de 44,3 mm. Pré-pupa e pupa pos- tos epidêmicos, os dados biológicos sobre
uma ponta de folha seca. A pupação ocorre suem duração média de 7,5 e 50 dias, potencial biótico e consumo foliar, obtidos
no solo, com duração de 12 dias para os respectivamente. em laboratório, sugerem tratar-se de um
machos e 11 dias para as fêmeas. inseto com grandes potencialidades para
Dirphia rosacordis Walker, 1855
se tornar praga a essa cultura.
(Lepidoptera: Saturniidae)
Os adultos são parecidos, têm asas de
Conhecida por taturana, sassurana ou coloração amarronzada, sendo esse tom
lagarta-queimadeira, por causa da pilo- mais claro nos machos, com envergaduras
sidade urticante (Fig. 22). Foi observada de 85 e 65 mm para machos e fêmeas, res-
em MG, RJ e SP. Freqüentemente, tem ocor- pectivamente. A fêmea põe 310 ovos com
Germi Porto Santos
o primeiro par de pernas, pois a coxa é bran- dóptero desfolhador de eucalipto com lhas de eucalipto, o que facilita sua loca-
ca, com uma mancha vermelho-carmim e a ovos de forma oval. A lagarta, dessa es- lização no campo. Esta fase tem duração
perna e os tarsos, na região dorsal, são pécie, não é, normalmente, visível no campo. média de três dias. A fase de pupa dura, em
preto-grafite. Asas anterior amarela com as Confeccionam um abrigo formado pela média, 14,7 e 13,8 dias para machos e fê-
bordas brancas e, a posterior, branca com união de folhas, unidas por teia, juntamen- meas, respectivamente, com viabilidade de
a região basal avermelhada. Ambos os se- te com fezes, onde passam a maior parte do 100%.
xos apresentam uma faixa estreita marrom tempo, saindo desse abrigo, apenas, para
de mais ou menos 0,3 mm na porção me- se alimentar. A duração da fase de pupa foi
diana da asa, no sentido perpendicular. Os de 18,78 dias para machos e fêmeas, res-
machos diferem das fêmeas por serem pectivamente.
menores e possuírem uma pinta preta
Nystalea nyseus (Cramer,
circular no final da asa posterior. Na fê-
mea, esta mancha é oval. Cada uma põe, 1775) (Lepidoptera:
em média, 157 ovos redondos de base Notodontidae)
achatada, de coloração verde-clara logo Ocorre em várias regiões do Brasil e sua
após a oviposição, opacos e com ligeira presença em plantios de eucalipto, quase
aspereza no corion. Apresenta período de sempre, está associada com a de outros Figura 29 - Nystalea nyseus
incubação de 7,1 dias. A fase larval dura lepidópteros desfolhadores. É citada nos FONTE: ESALQ (2004f).
33,5 dias com sete estádios e viabilidade estados do PA (Monte Dourado), GO (Ni-
de 60,5%. A duração do período pré-pupal quelândia), MA, BA, ES e MG (Montes
é de um dia para ambos os sexos e do pu- Claros, Três Marias, Guanhães). Adquiriu Oiketicus kirbyi (Lands-
pal é de 15,7 e 15,0 dias para machos e fê- maior importância após sua ocorrência em Guilding 1827) (Lepidoptera:
meas, respectivamente. condições de surto no norte do Espírito Psychidae)
Santo, sul da Bahia e norte do Pará. As lagartas constroem seus casulos lo-
Mimallo amilia (Stoll-Cramer,
Os adultos são semelhantes e possuem, go após a eclosão e os transportam durante
1780) (Lepidoptera:
em média, 51 mm de envergadura para toda a vida. Ao atingir o desenvolvimento
Mimallonidae)
machos e fêmeas. Antenas filiformes em máximo, empupam-se dentro do casulo,
Machos e fêmeas medem, em média, ambos os sexos. Abdome piloso de colo- após prendê-lo, pela parte mais dilatada,
48 mm, mas o dimorfismo sexual é muito ração cinza-clara na região dorsal e amarela a um ramo (Fig. 30). O macho adulto é uma
acentuado, pelo formato das asas. Nas fê- na ventral. Ambos os pares de asas com mariposa de cor marrom, antenas bipec-
meas, estas são mais largas e com as bor- manchas pretas concentradas na região tinadas e com envergadura média de 42 mm
das arredondadas; abdome piloso de cor central, bordas cinzas e interior amarela (Fig. 31). A fêmea adulta, sendo neotêmica,
preta e mais volumoso, enquanto nos ma- (Fig. 29). Os adultos, quando molestados, conserva o aspecto larval e, portanto, não
chos as asas são menores, mais estreitas e têm comportamento típico de tanatose. apresenta asas e antenas. Os machos voam
com bordas irregulares; abdome afilado, de No campo, ficam imóveis, nos galhos de e as procuram para o acasalamento nos
coloração cinza. Fêmeas e machos apre- eucalipto, mimetizando um galho quebra- próprios casulos, onde é feita a postura,
sentam asas de coloração cinza, sendo que do, sendo difícil localizá-los. Os ovos são dentro da última exúvia pupal, com até
ambos os pares apresentam, na região dor- verde-escuros e após, aproximadamente, 3 mil ovos. Após a postura, a fêmea
sal, duas linhas estreitas regulares, uma 48 horas ficam vermelho-escuros e apre- abandona o casulo e morre em pouco tem-
preta e outra cinza, seguidas de uma grande sentam período de incubação de 3,5 dias e po. As lagartas completamente desen-
mancha circular cinza e preta com um ori- viabilidade de 74,7%. As lagartas são co- volvidas podem atingir até 39 mm nos
fício central. Os ovos apresentaram colo- nhecidas como lagarta-dragão, por suas indivíduos machos e 55 mm nas fêmeas.
ração amarelo-claro-brilhante, tornando-se protuberâncias no dorso e, principalmente,
nos últimos segmentos abdominais. Nes- Oxydia apidania Cramer, 1779
roxos próximo à eclosão. São de forma oval,
(Lepidoptera: Geometridae)
com pequenos nódulos no sentido do sas regiões, essas protuberâncias adqui-
comprimento. O período de incubação, rem a forma de uma cabeça, lembrando um Registrada pela primeira vez no Brasil,
médio, foi de 8,6 dias e viabilidade de dragão. Apresenta cinco estádios, com em E. grandis, no município de Bom
88,63%. A forma alongada dos ovos pode duração média de 25,5 dias. Na fase de pré- Despacho, MG, em caráter endêmico, junto
servir para identificar essa espécie, pois a pupa, as lagartas tecem um casulo com a um surto de T. arnobia. Trata-se de um
literatura não registra outra espécie de lepi- fios de seda, de cor laranja, entre duas fo- inseto que apresenta grande potencial para
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Eucalipto 55
A B
Figura 37 - Thyrinteina arnobia
NOTA: A - Fêmea; B - Macho.
Gorgulho-do-eucalipto
nados, considerando-se o potencial de dano comprimento, semelhantes a pequenas novas e, sua infestação é facilmente reco-
desse inseto e a importância da cultura do cigarrinhas e de hábito sugador. Os adultos nhecida, por causa da secreção açucarada
eucalipto em nosso país. possuem fortes pernas saltadoras, antenas em forma de concha (Fig. 45) sobre as ninfas,
relativamente largas e alimentam-se de que as protegem contra os possíveis pre-
seiva das plantas. Apresentam dimorfismo dadores, dificultando o acesso desses ao
sexual, sendo as fêmeas ligeiramente maio- psilídio. A concha também evita que a nin-
res que os machos. Os danos aos seus hos- fa perca água, deixa o ambiente mais úmi-
pedeiros podem ser diretos, ao sugarem do, protegendo-a das altas temperaturas.
seiva e ao introduzirem substâncias tóxicas As ninfas apresentam cinco estádios
por meio da saliva, ou indiretos, servindo com duração de 16 a 45 dias. No primeiro, a
(Hemiptera: Psyllidae)
Esse inseto é originário da Austrália e,
atualmente, encontra-se disseminado em
vários países como Estados Unidos, Mé-
Figura 44 - Stenocolaspis xico e Brasil. Sua primeira ocorrência no
quatuordecimcostata País data de 2001, no município de Mo-
gi Guaçu, SP, em clones de eucalipto
INSETOS SUGADORES (urograndis) e, atualmente, encontra-se
presente em vários Estados. Figura 46 - Ninfa de Glycaspisis
Psilídeos Essa espécie alimenta-se somente de brimblecombei
São insetos pequenos com 1-2 mm de eucalipto, preferindo brotações e folhas FONTE: Favaro (2006).
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60 Eucalipto
pedúnculo hialino, curto, fino e pouco o broto e o pecíolo. Várias fêmeas podem drangular, margeado de marrom-escuro,
perceptível, que sai da parte inferior lateral fazer posturas em uma única massa de ovos. genas curtas, não tem fileira de pêlos na
do ovo que fica inserido na planta. Inicial- No verão, o período de incubação dura em mesotíbia (Fig. 51). São citados como prin-
mente, são brancos leitosos, tornando-se torno de uma semana e, em períodos frios, cipais hospedeiros as espécies E. grandis,
amarelos, quando da eclosão das ninfas. a eclosão é retardada. Os ovos podem per- E. urophyla, E. camaldulensis e E.
São colocados na axila dos primórdios fo- manecer em dormência durante o inverno e globulus.
liares, nas pontas das brotações ainda fe- eclodir quando a temperatura começa a
chadas, com o pedicelo inserido na planta. aumentar, no início da primavera. Tem sido
São depositados, isolados ou em grupos de observada a ocorrência de todos os está-
até 35, sendo que uma fêmea pode oviposi- dios do ciclo biológico, numa mesma po-
tar, em média, dez ovos por dia, num total de pulação, durante todo o ano. Diante da
160, com período de incubação de sete dias. grande capacidade adaptativa do inseto,
no que se refere à tolerância às condições
Ctenarytaina eucalypt (Maskell,
Raymond Gill
climáticas (amplitude térmica e precipi-
1890) (Hemiptera: Psyllidae) tações pluviométricas), este apresenta po-
É originária de uma região compreen- tencial para se estabelecer em todas as re-
dida entre a Austrália e a Tasmânia, asso- giões do Brasil. Figura 51 - Adulto de Blastopsylla
ciada somente ao gênero Eucalyptus e occidentalis
encontra-se disseminada em quase todo FONTE: Halbert et al. (2003).
Zvi Mendel
go natural dessa praga, o que justifica sua florestal no Brasil. Manejo Integrado de Plagas
rápida dispersão por várias regiões do y Agroecología, Turrialba, n.75, p.90-92, 2005.
Brasil. Figura 53 - Leptocybe invasa BARK AND WOOD BORING BEETLES OF THE
FONTE: Forestry and Agricultural Biotech- WORLD. Xyleborus affinis Eichloff. 2006.
Leptocybe invasa Fisher & nology Institute (2007). Disponível em: <http://www. barkbeetles.org/
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Ophelinus sp.- (Hymenoptera:
O adulto é uma pequena vespa de 1,2 % Bipsilon. 2003. Disponível em: <http://
Eulophidae)
mm de comprimento. Apresenta a cabeça e www.cbif.gc.ca/spp_pages/noctuoidea/jpgs/
o corpo com coloração marrom, com Espécies desse gênero são micro- image_e.php?image%5B%5D=110663.jpg%2C
variação até azul-metálico (Fig. 53). A fase vespas originárias da Austrália e Nova Agrotis%2 Bipsilon>. Acesso em: set. 2007.
ninfal possui cinco estádios. Os ovos são Zelândia. É específico do eucalipto. Seus
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inseridos na superfície adaxial das folhas danos caracterizam-se por formação de hexadactyla. Washington, 2003. Disponível
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64 Eucalipto
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