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Morcegos frugívoros,

fundamentais para a
sucessão secundária. -
15/05/2006
Frugívoros são animais que se
alimentam de frutos sem danificar a
semente, sendo, portanto, capazes de
deposita-las no ambiente em
condições viáveis de germinação. O
benefício para a planta é ter sua
semente dispersa, aumentando suas
chances de sobrevivência pelo escape
da predação e competição intra-
específica, geralmente intensos sob a
copa da planta-mãe. O benefício para
o frugívoro e obter energia da parte
comestível do fruto, geralmente a
polpa ou o arilo que reveste as
sementes. Em florestas tropicais a
porcentagem de plantas que são
dispersas por animais pode atingir
90%, sendo que os principais agentes
dispersores pertencem ao grupo dos
vertebrados.

Na região Neotropical (América do Sul) existem várias espécies frugívoras de morcegos, todas
pertencendo à família Phyllostomidae. Entre as espécies de mamíferos criticamente ameaçadas e
desprotegidas pode-se incluir um dos mais raros morcegos frugívoros, o morcego raposa-voadora
(Pteropus livingstonii), endêmico das Ilhas Comoros, no Oceano Índico. Morcegos frugívoros têm
preferência por frutos carnosos e suculentos, cuja polpa geralmente é mascada ou sugada e as
sementes menores são engolidas, saindo depois com as fezes. Por voarem em áreas mais abertas,
como clareiras e bordas de mata, estes morcegos são importantes nos processos de regeneração
da vegetação de áreas degradadas, disseminando grandes quantidades de sementes de plantas
dos estágios iniciais de sucessão nesses ambientes. Isto contribui para o estabelecimento de
muitas espécies de plantas pioneiras, auxiliando os mecanismos de regeneração e sucessão
secundária em áreas tropicais. Suas plantas preferidas são principalmente as embaúbas
(Cecropiaceae), figueiras (Moraceae), juás (Solanaceae) e pimenteiras (Piperaceae). Morcegos
frugívoros formam uma parcela considerável das comunidades de morcegos em ambientes
neotropicais, havendo para o Brasil informações específicas sobre a dieta frugívora de algumas
espécies. Apesar destes trabalhos, ainda existem poucas informações sobre a ecologia alimentar
das espécies de morcegos frugívoros no Brasil. Na região amazônica, os morcegos frugívoros são
os principais agentes de recuperação das florestas, espalhando sementes em áreas desmatadas,
natural e artificialmente. A regeneração da mata amazônica depende, diretamente, das atividades
dos morcegos fitófagos neotropicais, recuperando áreas degradadas pelo homem.

Os morcegos frugívoros limitam-se a voar junto a árvores, realizando várias voltas ao redor da
copa destas. Já os morcegos insetívoros podem voar a meia altura sobre pequenas coleções de
água, como lagos artificiais e riachos, em clareiras, etc. Outras espécies de insetívoros voam
apenas sobre as copas das árvores. Os morcegos hematófagos voam a cerca de 1 metro do solo e
limitam-se a deslocar do refúgio onde dormiram diretamente ao local de repouso da presa. Os
morcegos frugívoros são os mais evidentes à noite, pois são relativamente grandes. Estes podem
ser observados sobrevoando as árvores frutíferas à procura de alimento, dando preferência aos
frutos maduros e com uma casca não muito dura. Os morcegos frugívoros também podem ser
observados em corredores de vôo, ou seja, locais onde eles sempre costumam passar e em
poleiros de alimentação, estes últimos são geralmente árvores próximas das árvores frutíferas
utilizadas pelos morcegos. Os poleiros de alimentação são caracterizados por apresentarem restos
de frutos em sua base (no chão). Os morcegos deslocam os frutos das árvores frutíferas até estes
locais, onde serão devorados e posteriormente descartados (as partes não comestíveis).

Como é possível promover e acelerar a sucessão ecológica?

Existem processos ou mecanismos naturais que possam ser empregados (em larga escala e a
custo zero) para acelerar a sucessão e, assim, apressar a recuperação de extensas áreas
degradadas? Pesquisas sobre sucessão são demoradas e os resultados surgem lentamente.
Todavia, algumas noções gerais estão bem-estabelecidas e já foram traduzidas em sugestões e
medidas práticas, que podem ser adotadas em programas de restauração. Aumentar o trânsito
local de frugívoros, por exemplo, seria uma dessas sugestões. A presença desses animais,
notadamente aves e morcegos frugívoros, tende a aumentar a disponibilidade local de sementes
de modo bastante significativo. Aves e morcegos costumam se alimentar empoleirados nas
proximidades da árvore-fonte; desse modo, vão despejando (regurgitando ou evacuando)
sementes do fruto comido sob o poleiro.

As marcas desse hábito são facilmente identificáveis (inclusive em áreas urbanas), pois as árvores
usadas como poleiros passam a ter sob sua copa uma grande quantidade de sementes e plântulas
em crescimento, quase sempre de várias outras espécies de árvores.
Eis aqui, portanto, um exemplo de medida restauradora que é ao mesmo tempo simples, barata e
engenhosa: construir e oferecer poleiros (uma vara de bambu, com 3-4 m de altura, armada com
três ou quatro pedaços menores amarrados transversalmente, mimetizando assim ramos de
árvores a diferentes alturas); em retribuição, certos animais frugívoros passam a trazer sementes.
Após o empurrão inicial, esse é tipicamente um processo de autopromoção: mais sementes geram
mais plântulas, que geram mais árvores, que produzem mais frutos, que atraem mais frugívoros...
Os especialistas que estudam o assunto investigam, inclusive, o modo mais adequado de distribuir
os poleiros, concentrando esforços de modo a torná-los ainda mais atraentes e dinâmicos.

De um jeito ou de outro, construir poleiros é apenas uma das técnicas empregadas para aumentar
a densidade local de propágulos (sementes, no caso). Por sua vez, aumentar a presença de
propágulos é um dos métodos de promover a sucessão.

Recomenda-se não tocar no corpo de um morcego.

Os morcegos frugívoros do gênero Pteropus são considerados os hospedeiros naturais do vírus da


doença de Hendra e apontados como o reservatórios do vírus da doença de Nipah. São RNA
vírus, ambos morbilivírus, causadores de encefalites e problemas respiratórios.
O vírus de Hendra foi descoberto 1994, quando causou as mortes de treze cavalos e um
instrutor em um complexo de treinamento em Hendra, um subúrbio de Brisbane, Austrália.
O vírus de Nipah foi identificado em 1999 quando causou uma doença neurológica e respiratória
em fazendas de porcos na Malásia peninsular, com o resultado de 105 mortes humanas e de um
milhão de porcos.
Os morcegos infectados não apresentam sinais clínicos de doença e podem albergar o vírus,
estando presentes anticorpos neutralizantes. A doença de Hendra também pode ser transmitida
por gatos e os cães; os gatos podem contrair a doença de Nipah. A exposição aos respectivos
vírus estimula a seroconversão nos animais afetados e convalescentes, que pode ser detectado
por testes laboratoriais.

A raiva

A formulação de programas de controle da raiva está diretamente relacionada às diferentes


espécies animais infectados pelo vírus e responsáveis pela disseminação da doença. O ciclo urbano
da raiva, na grande maioria das cidades brasileiras, ainda é mantido pelo cão, sendo este
responsável por 80% de casos de raiva humana de 1994 a 2003. No entanto, os morcegos
participam da cadeia de transmissão da doença assumindo um papel cada vez mais relevante. A
raiva já foi observada em 27 espécies de morcegos no Brasil, incluindo espécies hematófagas e
não hematófagas.

Entre os morcegos da família Phyllostomidae já foram registrados casos positivos para o vírus da
raiva em alguns exemplares de Artibeus lituratus, A. jamaicensis e A. planirostris. Artibeus
lituratus é freqüentemente encontrado em áreas urbanas.

Fontes:
http://www.uaf.edu/museum/mammal/Hayward/0006.htm
http://pix.botany.org/Setabot/abot-90-3_700.jpg
http://ciencias.bc.inter.edu/arodriguez/murcielagos/familia_phyllostomidae.htm
http://www.ib.unicamp.br/destaques/biota/frugivoria/inter.html
http://www.jornaldaciencia.org.br/Detalhe.jsp?id=28691
http://www.scielosp.org/scielo.php?pid=S0034-89102005000400025&script=sci_arttext
http://www.conservation.org/xp/news/press_releases/2004/040704por.xml
http://www.cives.ufrj.br/informacao/sars/sars-iv.html

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