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Município

SANTA MARIA
 

Título
CONTROLE ECOLÓGICO DE FORMIGAS-CORTADEIRAS
 

Resumo
O Assentamento Carlos Marighella, atualmente denominado Comunidade Agroecológica Carlos Marighella, vem aplicando
práticas ecológicas alternativas, principalmente na produção de hortigranjeiros, há mais de 2 anos. Em uma área de 2 ha,
são cultivadas diversas espécies de olerícolas, durante o ano todo, com assistência técnica do Escritório Municipal da
Emater/RS de Santa Maria.

Entre as práticas ecológicas utilizadas, destaca-se o controle ecológico de formigas-cortadeiras, cujas altas infestações na
área destinada aos hortigranjeiros causavam sérios prejuízos, a ponto de inviabilizar os cultivos. As formigas-cortadeiras
foram controladas nesta área sem a utilização de agrotóxicos e com baixo custo.

Atualmente, o assentamento está alcançando rendimentos plenamente satisfatórios na produção de hortaliças, pois houve
melhoria nas condições físicas, químicas e biológicas do solo.

Palavras-Chave
Formigas-cortadeiras, hortigranjeiro, agroecologia, assentamento
 

Contexto
Na Fazenda Santa Marta, situada no Distrito Industrial do município de Santa Maria, distante 8 Km da sede, foi implantado
pelo Gabinete de Reforma Agrária (GRA), em fevereiro de 2000, o Assentamento Carlos Marighella, também denominado
Comunidade Agroecológica Carlos Marighella, e, inicialmente, chamado de Novo Tipo. A comunidade tem 25 famílias de
assentados, que estiveram acampados aproximadamente durante três anos em diversos acampamentos, situados em
distintos municípios do Estado. Estas famílias foram assentadas para trabalhar coletivamente, numa área total de 305 ha,
onde cada uma tem uma fração de participação da terra de quatro por cento (4%).

As famílias foram para o Assentamento com o objetivo de produzir, ecologicamente, produtos agropecuários e
hortigranjeiros, assim como agroindustrializar e comercializar os mesmos. As principais práticas ecológicas utilizadas pelas
famílias assentadas, visando a melhoria da fertilidade do solo, foram adubações orgânicas (estercos), vermicompostagem,
aplicações de caldas fungicidas, uso de plantas alelopáticas, plantas-armadilhas ou plantas-iscas, extratos vegetais, uso de
biofertilizantes organominerais enriquecidos, como adubação foliar e uso de plantas recicladoras de nutrientes (adubos
verdes), tanto da estação outono-inverno como de primavera-verão, cultivadas isoladas ou em consórcio com outras
culturas.

Todavia, a área do Assentamento é caracterizada por um solo profundo, arenoso e de baixa fertilidade, altamente
favorável a severas infestações de formigas-cortadeiras, que dificultavam e causavam sérios prejuízos, principalmente à
produção ecológica de hortaliças. Este problema obrigou as famílias assentadas a buscar práticas alternativas. A adoção
de práticas ecológicas no controle das formigas-cortadeiras trouxe ótimos benefícios às famílias assentadas, uma vez que
elas não precisaram lançar mão de qualquer produto químico, obtendo bons rendimentos na produção de hortigranjeiros.

Descrição da Experiência
O controle ecológico das formigas-cortadeiras pelas famílias assentadas da Comunidade Carlos Marighella, em áreas de
cultivos agroecológicos de hortigranjeiros, teve início com a melhoria da fertilidade do solo e, após, com o uso de
formicida ecológico, formulado com a mistura de plantas e minerais.

A fertilidade do solo foi melhorada, principalmente com o uso de adubações orgânicas (estercos de aves e bovinos e mais
resíduos resultantes da produção de cogumelos comestíveis -champignons), numa quantidade de, no mínimo, 10
toneladas por hectare, incorporadas ao solo.

O formicida ecológico foi preparado através de uma mistura composta de folhas de gergelim e mamona, secas e moídas
(essas plantas haviam sido plantadas na área pelas famílias assentadas), mais a cal virgem e o enxofre.

As quantidades usadas de cada componente desta mistura foram:

-200 g de folhas secas e moídas de gergelim

-1 Kg de folhas secas e moídas de mamona

-1 kg de cal virgem

-100 g de enxofre
A aplicação deste formicida ecológico foi feita por bombeamento, através de uma polvilhadeira manual (tipo bomba), nos
olheiros principais.

Esta prática ecológica mostrou resultado satisfatório quando os olheiros secundários eram obstruídos. Do contrário, as
formigas paralisavam suas atividades nos formigueiros onde estava sendo realizada a aplicação e, através dos olheiros
secundários, migravam para outros locais. Desta forma, a infestação continuava em outros pontos da área.

Por isso, a mobilização das famílias de assentados na realização deste controle foi intensiva, já que as formigas estavam
destruindo as hortaliças cultivadas. Outro formicida ecológico, também usado pela Comunidade Ecológica Carlos
Marighella, foram folhas verdes de gergelim, durante a floração/frutificação, já que neste estágio a planta atrai as
formigas-cortadeiras, que cortam e carregam suas folhas para os formigueiros, e, num período de 4 a 5 dias, cessam suas
atividades, vindo a morrer. O uso deste formicida ecológico foi contínuo até o desaparecimento das formigas-cortadeiras
na área da horta.

Todas essas práticas ecológicas realizadas pelas famílias desta Comunidade para o controle ecológico das formigas-
cortadeiras (saúvas e quenquéns) foram acompanhadas pelo Escritório Municipal da Emater/RS de Santa Maria, que
presta assistência técnica às famílias desde a implantação do assentamento.

Resultados
-Baixo custo de produção, pois as famílias não precisaram adquirir formicidas (agrotóxicos) em agropecuárias;

-Produção de alimentos limpos, isentos de produtos químicos, já que o formicida foi formulado à base de plantas
cultivadas no Assentamento;

-A boa produtividade das diversas espécies de hortaliças cultivadas, que servem para o consumo das famílias, sendo o
excedente comercializado em feiras de produtores, o que proporcionou a melhoria da geração de renda e a
sustentabilidade das famílias, além da preservação do meio ambiente e da saúde dos assentados;

-Consolidação do objetivo desta Comunidade, de produzir somente produtos agroecológicos;

-Como a meta de controlar as formigas-cortadeiras nesta área, com estes formicidas ecológicos foi alcançada em 100%,
isto estimulou o interesse dos assentados em avançar no controle das saúvas e quenquéns existentes no restante da área
deste Assentamento.

-O uso do formicida ecológico, atualmente, vem sendo divulgado a outros agricultores e técnicos do município e de
municípios vizinhos, através de visitas de assistência técnica, palestras, cursos, reuniões, seminários, demonstrações
práticas e publicações educativas, além de visitas de técnicos e produtores ao Assentamento para verem o resultado
alcançado e adotarem esta prática ecológica em suas propriedades.

Potencialidades e limites
As famílias assentadas têm disponibilidade para receber visitas de produtores e técnicos na área de experimentação, na
horta e nas demais áreas de cultivo do Assentamento.

Alguns assentados se dispõem a participar de eventos como reuniões, palestras, encontros/seminários, juntamente com
os técnicos do Escritório Municipal da Emater/RS de Santa Maria, para relatarem os resultados da referida experiência.

A pouca fertilidade do solo em alguns pontos da área total do assentamento, assim como a escassez de mão-de-obra, não
permitem que as famílias possam realizar todas as práticas ecológicas a curto prazo, pois só para melhorar a fertilidade do
solo são necessários cultivos para adubações verdes de outono-inverno e de primavera-verão além de rotações de
culturas e aplicações de adubos orgânicos, como estercos animais.

Autores e colaboradores
Autores

Engª Agrª Nubia Maria Vasconcellos Rosa - Escritório Municipal da Emater/RS de Santa Maria

Técnico Agrícola Olímpio João Zatta – Escritório Municipal da Emater/RS de Santa Maria.

Colaboradores

Agricultores assentados da Comunidade Agroecológica Carlos Marighella.


 

Bibliografia e Rede de Referências


Referências

-Sabedoria popular;

-Participação em cursos, encontros, seminários, fóruns e simpósios;

-Fundação Gaia.

Rede de Contatos

Escritório Municipal da Emater/RS de Santa Maria

Fone: (55) 221 7961

E-mail: emsmara@emater.tche.br

Engº Agrº Nubia Maria Vasconcellos Rosa

E-mail: numarosa@zaz.com.br

Téc. Agr. Olímpio João Zatta

Fone: (55) 211 1554

Comunidade Agroecológica Carlos Marighella

Fone: (55) 9988 8003

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