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“ Madeiras nativas atacadas por


agentes xilófagos durante o
processo de secagem no Estado
do Amapá

Ana Luiza de Sousa Costa


INPA

Carla Priscilla Távora Cabral


UEAP

10.37885/200901181
RESUMO

O estudo teve como objetivo analisar o processo de secagem natural e avaliar a intensi-
dade do ataque de agentes xilófagos na madeira armazenada nos pátios e depósitos das
serrarias no estado do Amapá. O estudo foi realizado em duas madeireiras nos municí-
pios de Macapá e Santana. A coleta de dados consistiu na identificação das espécies,
método de empilhamento e secagem, tempo expendido no processo, presença de orga-
nismos xilófagos, danos causados, quantidade de peças atacadas em porcentagem, tipo
de peças serradas e o grau de exposição da madeira. As principais espécies florestais
nas madeireiras foram: a Hymenolobium spp., Hymenolobium petraeum Ducke, Dinizia
excelsa Ducke, Dipteryx odorata (Aubl.) Willd.), Hymenaea spp., Hymenaea courbaril L.,
Ocotea rubra Mez, Couratari spp., Dipteryx odorata (Aubl.) Willd., e Qualea spp. Todas
as espécies trabalhadas tiveram peças atacadas. Os principais agentes xilófagos com
ataque evidenciado nas madeiras serradas foram cupins (Isoptera) com ocorrência pre-
dominante da família Termitidae, fungos manchadores e apodrecedores e brocas (larvas
de Coleoptera). Concluiu-se que os xilófagos de maior incidência nas peças foram fungos,
cupins e, em menor escala, brocas. A forma de empilhamento, estocagem e o grau de
exposição das peças serradas durante a secagem natural, influenciou na intensidade do
ataque e o tipo de agente xilófago.

Palavras-chave: Cupins, Secagem Natural, Madeireiras, Macapá, Santana.


INTRODUÇÃO

O Amapá possui um território de área de 142.470,762 km2 com um extenso mosaico


de cobertura florestal (IBGE, 2020). Entre as diferentes fisionomias vegetais, a maior parte
é composta por florestas de terra firme (71,86%) e várzea (4,75%) com alto valor madeireiro
agregado (RABELO, 2008). Com a grande disponibilidade de recursos, a atividade madei-
reira é representativa na economia do estado. Em 2009, a receita bruta gerada por este
setor foi estimada em R$ 32,1 milhões, o que corresponde a 0,64% de contribuição no setor
madeireiro na Amazônia Legal (HUMMEL et al., 2010).
Não há registros atuais sobre a atividade madeireira no Amapá. No ano de 2009, havia
o registro de 48 empresas madeireiras em funcionamento (HUMMEL et al., 2010). A maior
parte das serrarias no Amapá é classificada como de pequeno porte. Empresas desse por-
te não possuem subsídios que orientem o planejamento da produção e informem sobre os
investimentos necessários para o uso racional da matéria-prima, otimizando a competição
no mercado interno (BATISTA et al., 2015).
O cuidado com a matéria prima é de extrema importância para madeireira, no entanto,
as perdas em volume de tora chegam a 70%, principalmente devido ao baixo nível tecno-
lógico das empresas madeireiras e por negligência no desdobramento e armazenamento
(CLEMENT; HIGUCHI, 2006; BATISTA et al., 2013; ABREU et al., 2002). Mesmo as espé-
cies com alta durabilidade natural não resiste completamente ao desgaste em condições de
armazenamento desfavoráveis (OLIVEIRA et al., 2005).
A madeira, quando não se encontra adequadamente seca, pode favorecer o ataque de
organismos xilófagos (CORASSA et al., 2014). A deterioração por esses organismos é um
dos maiores desafios nas etapas de processamento da madeira, uma vez que os agentes
xilófagos são incisivos no processo de degradação (AMORIN et al., 2018). Dentre esses
agentes que utilizam constituintes da madeira como fonte de alimento, principalmente car-
boidratos e substâncias de reserva das células, pode-se destacar fungos (emboloradores,
manchadores e apodrecedores) e insetos das ordens Isoptera, Coleoptera e Hymenoptera
(CORASSA et al., 2014; ARAUJO et al., 2012).
São fatores ambientais como temperatura, umidade e teor de oxigênio que possibilitam
o ataque e a deterioração da madeira. Além disso, o substrato também pode ter algumas
características favoráveis, como a presença de certas substâncias necessárias ao desen-
volvimento dos organismos, dessa forma, ocorre da árvore ser atacada ainda na floresta e
transportar os agentes deterioradores para o local de processamento (CARVALHO et al.,
2015; ABREU et al., 2002; MENDES et al., 1998).
Nas pequenas empresas madeireiras a secagem natural é o método mais utilizado,
uma vez que não necessita de grandes custos, precisando apenas de condições ideais de

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abrigo, separadores e estocagem (SALES-CAMPOS et al., 2000). Grandes prejuízos podem
ser desencadeados com o prolongamento da madeira no pátio das serrarias. A demora da
madeira em ser processada permite que os insetos como cupins e besouros completem um
ciclo de vida e comecem novas gerações (LELIS, 2000; RIBEIRO et al., 2014). Os fungos se
reproduzem continuamente e quando o cerne é atingido, torna mais difícil o aproveitamento
da madeira (ABREU et al., 2002; SILVEIRA et al., 2015; PAES et al., 2008).
Levando em consideração a importância do comércio madeireiro no Amapá, o objeti-
vo deste trabalho foi descrever o processo de armazenamento e secagem da madeira em
serrarias e avaliar a intensidade do ataque de agentes xilófagos na madeira armazenada
nos pátios e durante o processo de secagem, considerando os fatores ambientais onde a
mesma está inserida.

METODOLOGIA

O estudo foi realizado em Macapá e Santana, municípios adjacentes do estado do


Amapá (Figura 1). As duas áreas metropolitanas juntas são responsáveis por cerca de 77%
do Produto Interno Bruto do estado (AMAPÁ, 2020). O clima do Amapá é caracterizado
como tropical úmido, com temperatura média de 27,6ºC e chuvas anuais de 2.850 mm com
período de monção entre fevereiro e maio e a umidade relativa média anual 82% (ALVARES
et al., 2014; INMET, 2020).

Figura 1. Localização dos municípios Macapá e Santana no estado do Amapá, Amazônia Oriental. Fonte: Costa, A. L. S.

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Para o desenvolvimento deste estudo, foi realizado o levantamento das principais
serrarias em Macapá e áreas adjacentes. Após a análise logística de transporte, foram
selecionadas duas madeireiras para visitas in loco entre outubro de 2016 a junho de 2017,
identificadas neste estudo como Madeireiras I e II.
Para identificar os organismos xilófagos e analisar a intensidade de ataque ao mate-
rial arbóreo, foram coletadas informações sobre: (i) identificação das espécies arbóreas,
(ii) método de empilhamento e secagem, (iii) tempo expendido no processo, (iv) presença
de organismos xilófagos por nome popular, (v) danos causados, (vi) quantidade de peças
atacadas, (vii) tipo de peças serradas e (viii) grau de exposição da madeira. O acompanha-
mento do processo de secagem da madeira foi realizado com auxílio dos supervisores do
procedimento nas empresas. A nomenclatura botânica foi confirmada no banco de dados
do Missouri Botanical Garden®.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

As madeireiras analisadas recebem lotes de madeira que são depositados nos pátios
das empresas. Os lotes são agrupados em pilhas por espécie para dar procedimento a
secagem natural, método de secagem predominante no estado. As pilhas são organizadas
com o auxílio de tabiques de madeira, que separam as peças umas das outras e acima do
solo para facilitar a secagem homogênea sem acúmulo de umidade.
Devido as condições climáticas do estado do Amapá, onde a umidade relativa do ar
fica acima de 70% ao longo de todo ano (INMET, 2020), o método de secagem natural é o
mais viável para as madeireiras de médio a pequeno porte. Essas condições implicam em
dificuldades de armazenamento e secagem durante os meses chuvosos, principalmente entre
fevereiro e maio (ALVARES, 2014). Dessa forma, a secagem da madeira é mais eficiente
entre junho e janeiro, quando há menor incidência de chuva (INMET, 2020).
A maior parte da matéria-prima com maior interesse comercial fica em galpões durante
a secagem, proporcionando cobertura parcial para as pilhas de madeira. Mas também foram
observados pacotes de madeira que permanecem em locais abertos. Em ambas serrarias
não foi observado um padrão de organização entre as pilhas de madeiras. Os critérios de
organização básicos se resumiram a divisão e montagem das pilhas por espécie, preferen-
cialmente nos galpões.
Os locais visitados utilizam o mesmo método de secagem natural, mas atribuem di-
ferentes períodos de secagem para as mesmas espécies (Tabela 1). Isso ocorre devido à
grande variação nas dimensões das peças serradas e a quantidade empilhada entre as duas
madeireiras. Visto que, enquanto em uma das madeireiras a maioria das pilhas é constituí-
da de réguas de 11x3cm (largura x espessura), na outra madeireira há grande variação de
dimensões em uma mesma pilha.

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No total, a madeireira I trabalhou com seis espécies arbóreas: angelim pedra
(Hymenolobium petraeum Ducke), angelim vermelho (Dinizia excelsa Ducke), cumaru
(Dipteryx odorata (Aubl.) Willd.), jatobá (Hymenaea spp.), louro vermelho (Ocotea rubra
Mez), e tauarí (Couratari spp.). As espécies trabalhadas na madeireira II foram: angelim
vermelho (Dinizia excelsa Ducke), cumaru (Dipteryx odorata (Aubl.) Willd.), louro vermelho
(Ocotea rubra Mez) e mandioqueira (Qualea spp.).
As madeireiras analisadas utilizam os mesmos nomes populares para a maioria das
espécies. Houve variações apenas para angelim pedra, identificado como Hymenolobium
petraeum Ducke e jatobá identificado como Hymenaea spp. na madeireira I, enquanto a
madeireira II identificou angelim pedra e jatobá como Hymenolobium spp. e Hymenaea
courbaril L., respectivamente (Tabela 1).

Tabela 1. Lista de pilhas observadas nas madeireiras I e II.


Tempo de Xilófago Quantidade
Intensidade Tipo de Peça Grau de Expo-
Nº Nome Popular Nome Científico Secagem Observado na de Peças
do Ataque (%) Serrada sição
(Dias) Madeira Atacadas
Hymenolobium petra- Cobertura
1 Angelim Pedra 120 Broca/Cupim 3 20% Régua
eum Ducke Parcial
Hymenolobium petra- Cobertura
2 Angelim Pedra 212 Fungo 6 5% Régua
eum Ducke Parcial
Hymenolobium petra- Cobertura
3 Angelim Pedra 212 Fungo 5 20% Régua
eum Ducke Parcial
Hymenolobium petra- Cobertura
4 Angelim Pedra 181 NO NO 0% Régua
eum Ducke Parcial
Hymenolobium petra- Cobertura
5 Angelim Pedra 181 Broca 5 10% Régua
eum Ducke Parcial

6 Angelim Pedra Hymenolobium spp. 242 Cupim 5 10% Bloco Local Aberto

Cobertura
7 Angelim Pedra Hymenolobium spp. 60 NO NO 0 Régua
Parcial
Angelim Ver- Cobertura
8 Dinizia excelsa Ducke 212 NO NO 0% Régua
melho Parcial
Angelim Ver- Fungos/ Cobertura
9 Dinizia excelsa Ducke 150 3 0% Régua
melho Cupim Parcial
Angelim Ver- Cobertura
10 Dinizia excelsa Ducke 212 NO NO 0% Régua
melho Parcial
Angelim Ver- Cobertura
11 Dinizia excelsa Ducke 181 NO NO 0% Régua
melho Parcial
Angelim Ver- Cobertura
12 Dinizia excelsa Ducke 181 NO NO 0% Régua
melho Parcial
Angelim Ver- Cobertura
13 Dinizia excelsa Ducke 143 NO NO 0% Régua
melho Parcial
Angelim Ver- Cobertura
14 Dinizia excelsa Ducke 181 NO NO 0% Régua
melho Parcial
Angelim Ver-
15 Dinizia excelsa Ducke 10 NO NO 0% Flexal Local Aberto
melho
Angelim Ver- Cobertura
16 Dinizia excelsa Ducke 20 NO NO 0 Régua
melho Parcial
Angelim Ver- Cobertura
17 Dinizia excelsa Ducke 181 NO NO 0 Régua
melho Parcial

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Tempo de Xilófago Quantidade
Intensidade Tipo de Peça Grau de Expo-
Nº Nome Popular Nome Científico Secagem Observado na de Peças
do Ataque (%) Serrada sição
(Dias) Madeira Atacadas
Dipteryx odorata (Aubl.) Cobertura
18 Cumaru 10 Cupim 6 20% Pranchão
Willd. Parcial
Dipteryx odorata (Aubl.) Cobertura
19 Cumaru 40 NO NO 0 Régua
Willd. Parcial
Dipteryx odorata (Aubl.) Cobertura
20 Cumaru 40 NO NO 0 Régua
Willd. Parcial
Dipteryx odorata (Aubl.) Cobertura
21 Cumarú 105 NO NO 0% Régua
Willd. Parcial
Dipteryx odorata (Aubl.) Cobertura
22 Cumarú 120 Fungo 3 15% Régua
Willd. Parcial
Cobertura
23 Jatobá Hymenaea spp. 148 NO NO 0% Régua
Parcial*
Cobertura
24 Jatobá Hymenaea spp. 122 Fungo 9 50% Régua
Parcial
Cobertura
25 Jatobá Hymenaea spp. 212 Fungo/Broca 12 7% Régua
Parcial
Cobertura
26 Jatobá Hymenaea spp. 181 NO NO 0% Régua
Parcial
Cobertura
27 Jatobá Hymenaea spp. 181 NO NO 0% Régua
Parcial
Cobertura
28 Jatobá Hymenaea spp. 212 Fungo 2 2% Régua
Parcial
Louro Verme- Cobertura
29 Ocotea rubra Mez 212 Cupim 5 5% Régua
lho Parcial
Louro Verme- Cobertura
30 Ocotea rubra Mez 25 Broca 6 7% Régua
lho Parcial
Louro Verme- Cobertura
31 Ocotea rubra Mez 20 Broca 1 3% Régua
lho Parcial

32 Mandioqueira Qualea spp. 20 Fungo 4 5% Régua Local Aberto

33 Mandioqueira Qualea spp. 21 Fungo 3 5% Régua Local Aberto

Cobertura
34 Mandioqueira Qualea spp. 212 NO NO 0 Régua
Parcial
Cobertura
35 Tauarí Couratari spp. 212 Cupim 5 10% Régua
Parcial
Cobertura
36 Tauarí Couratari spp. 212 Fungo/Broca 5 7% Régua
Parcial

*NO – Não observado.

O padrão de organização das pilhas de madeira apenas permitiu analisar e diagnosticar


adequadamente possíveis ataques em toda estrutura das peças, quando ocorria o desman-
che das pilhas no momento em que a madeira é vendida. Como o tempo de secagem de
algumas espécies se estendeu por grande período, a maioria das pilhas teve sua análise
realizada apenas em peças superficiais. As áreas superficiais das pilhagens de madeira
durante a secagem natural foram atacadas por cupins, fungos e brocas. Enquanto a área
interna das pilhas, se tornou um ambiente favorável para agentes xilófagos que preferem
maior umidade, principalmente fungos.

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As pilhas vistoriadas na primeira madeireira possuíam marcas que podem ter sido
adquiridas ainda em campo, como orifícios e manchas de fungos. Os principais agentes
xilófagos nas madeiras serradas, foram: cupins com ocorrência predominante da família
Termitidae e fungos manchadores e apodrecedores e larvas de Coleoptera (Tabela 1).
De acordo com acompanhamento dos supervisores, o jatobá, angelim pedra e ange-
lim vermelho são espécies que dificilmente apresentam ataques de xilófagos. No entanto,
durante a vistoria foi observado vestígios de deterioração e/ou manchas em algumas pilhas
e principalmente, fungos na superfície das réguas de jatobá. Nas pilhas de angelim pedra
foi observado ataques de coleópteros, como brocas indicados por pequenos furos com
manchas ao redor, assim como fungos e cupins. Segundo observações dos funcionários, as
madeiras de coloração mais claras são mais suscetíveis ao ataque de xilófagos. Outro fator
é a condição na qual a madeira está armazenada. A ocorrência de cupins, por exemplo, se
deu nas peças inferiores em uma das pilhas, onde a umidade é maior.
O louro vermelho e cumaru possuem semelhantes períodos médios de secagem em
ambas madeireiras (30 a 112 dias), um dos maiores períodos de secagem entre as espé-
cies arbóreas observadas na madeireira I e um dos menores na madeireira II (Tabela 2).
Nas duas condições, nas quais as peças dessas espécies foram submetidas, ocorreram
ataques de cupins, besouros e fungos machadores. Foi registrada deterioração da margem
das réguas e pequenas trincheiras na madeira atacada por cupins, além de orifícios feitos
por coleópteros (brocas), ainda enquanto as árvores estavam em campo.

Tabela 2. Relação de espécies com ataque de xilófagos durante o processo de secagem nas madeireiras.

Madeireira I Madeireira II

Tempo Médio De Tempo Médio De Xilófago


Nº Nome Popular Xilófago Observado Nº Nome Popular
Secagem (Dias) Secagem (Dias) Observado

1 Angelim Pedra 181,2 Cupim/Fungo/Broca 1 Angelim Pedra 151 Cupim


Angelim Ver-
2 180 Cupim/Fungo 3 Angelim Vermelho 70,33 NO
melho
3 Cumaru 112,5 Fungo 4 Cumaru 30 Cupim
5 Jatobá 176 Fungo 5 Louro Vermelho 22,5 Broca
Louro Verme-
6 212 Cupim 6 Mandioqueira 84,33 Fungo
lho
7 Tauari 212 Cupim/Fungo - - - -

*NO = Não Observado.

Nas peças de tauarí e mandioqueira também ocorreu a presença de fungos e


cupins. As condições de armazenamento das pilhas para ambas espécies foram deter-
minantes para ocorrência desses xilófagos. As peças de tauarí situavam-se próximas de
locais úmidos, favorecendo assim o surgimento dos xilófagos. As réguas de mandioqueira
encontravam-se em locais abertos o que permitia o contato direto com a água das chuvas
e o surgimento dos organismos deterioradores.

Engenharia Florestal: Desafios, Limites e Potencialidade 601


As espécies arbóreas presentes nas madeireiras são consideradas resistentes a xilófa-
gos, mas a maioria sofreu ataques durante a fase de secagem. A ocorrência de organismos
xilófagos pode ser explicada principalmente pelo tempo e a condição na qual a madeira ficou
exposta a intempéries dando tempo suficiente para determinados insetos completarem seu
ciclo de vida (TREVISAN et al., 2007; ABREU et al., 2002). As peças nem sempre são le-
vadas para o beneficiamento quando atingem o ponto de secagem, permanecendo no local
durante mais tempo que o necessário e podendo ser atacadas.

CONCLUSÃO

A forma de empilhamento, o grau de exposição e estocagem das peças serradas foi


determinante para ocorrência do tipo de agente xilófago e intensidade do ataque, mesmo se
tratando de espécies de alta durabilidade natural. Os xilófagos mais observados nas peças
foram os fungos, cupins e, em menor escala, brocas.

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Engenharia Florestal: Desafios, Limites e Potencialidade 603

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