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10.37885/200901181
RESUMO
O estudo teve como objetivo analisar o processo de secagem natural e avaliar a intensi-
dade do ataque de agentes xilófagos na madeira armazenada nos pátios e depósitos das
serrarias no estado do Amapá. O estudo foi realizado em duas madeireiras nos municí-
pios de Macapá e Santana. A coleta de dados consistiu na identificação das espécies,
método de empilhamento e secagem, tempo expendido no processo, presença de orga-
nismos xilófagos, danos causados, quantidade de peças atacadas em porcentagem, tipo
de peças serradas e o grau de exposição da madeira. As principais espécies florestais
nas madeireiras foram: a Hymenolobium spp., Hymenolobium petraeum Ducke, Dinizia
excelsa Ducke, Dipteryx odorata (Aubl.) Willd.), Hymenaea spp., Hymenaea courbaril L.,
Ocotea rubra Mez, Couratari spp., Dipteryx odorata (Aubl.) Willd., e Qualea spp. Todas
as espécies trabalhadas tiveram peças atacadas. Os principais agentes xilófagos com
ataque evidenciado nas madeiras serradas foram cupins (Isoptera) com ocorrência pre-
dominante da família Termitidae, fungos manchadores e apodrecedores e brocas (larvas
de Coleoptera). Concluiu-se que os xilófagos de maior incidência nas peças foram fungos,
cupins e, em menor escala, brocas. A forma de empilhamento, estocagem e o grau de
exposição das peças serradas durante a secagem natural, influenciou na intensidade do
ataque e o tipo de agente xilófago.
METODOLOGIA
Figura 1. Localização dos municípios Macapá e Santana no estado do Amapá, Amazônia Oriental. Fonte: Costa, A. L. S.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
As madeireiras analisadas recebem lotes de madeira que são depositados nos pátios
das empresas. Os lotes são agrupados em pilhas por espécie para dar procedimento a
secagem natural, método de secagem predominante no estado. As pilhas são organizadas
com o auxílio de tabiques de madeira, que separam as peças umas das outras e acima do
solo para facilitar a secagem homogênea sem acúmulo de umidade.
Devido as condições climáticas do estado do Amapá, onde a umidade relativa do ar
fica acima de 70% ao longo de todo ano (INMET, 2020), o método de secagem natural é o
mais viável para as madeireiras de médio a pequeno porte. Essas condições implicam em
dificuldades de armazenamento e secagem durante os meses chuvosos, principalmente entre
fevereiro e maio (ALVARES, 2014). Dessa forma, a secagem da madeira é mais eficiente
entre junho e janeiro, quando há menor incidência de chuva (INMET, 2020).
A maior parte da matéria-prima com maior interesse comercial fica em galpões durante
a secagem, proporcionando cobertura parcial para as pilhas de madeira. Mas também foram
observados pacotes de madeira que permanecem em locais abertos. Em ambas serrarias
não foi observado um padrão de organização entre as pilhas de madeiras. Os critérios de
organização básicos se resumiram a divisão e montagem das pilhas por espécie, preferen-
cialmente nos galpões.
Os locais visitados utilizam o mesmo método de secagem natural, mas atribuem di-
ferentes períodos de secagem para as mesmas espécies (Tabela 1). Isso ocorre devido à
grande variação nas dimensões das peças serradas e a quantidade empilhada entre as duas
madeireiras. Visto que, enquanto em uma das madeireiras a maioria das pilhas é constituí-
da de réguas de 11x3cm (largura x espessura), na outra madeireira há grande variação de
dimensões em uma mesma pilha.
6 Angelim Pedra Hymenolobium spp. 242 Cupim 5 10% Bloco Local Aberto
Cobertura
7 Angelim Pedra Hymenolobium spp. 60 NO NO 0 Régua
Parcial
Angelim Ver- Cobertura
8 Dinizia excelsa Ducke 212 NO NO 0% Régua
melho Parcial
Angelim Ver- Fungos/ Cobertura
9 Dinizia excelsa Ducke 150 3 0% Régua
melho Cupim Parcial
Angelim Ver- Cobertura
10 Dinizia excelsa Ducke 212 NO NO 0% Régua
melho Parcial
Angelim Ver- Cobertura
11 Dinizia excelsa Ducke 181 NO NO 0% Régua
melho Parcial
Angelim Ver- Cobertura
12 Dinizia excelsa Ducke 181 NO NO 0% Régua
melho Parcial
Angelim Ver- Cobertura
13 Dinizia excelsa Ducke 143 NO NO 0% Régua
melho Parcial
Angelim Ver- Cobertura
14 Dinizia excelsa Ducke 181 NO NO 0% Régua
melho Parcial
Angelim Ver-
15 Dinizia excelsa Ducke 10 NO NO 0% Flexal Local Aberto
melho
Angelim Ver- Cobertura
16 Dinizia excelsa Ducke 20 NO NO 0 Régua
melho Parcial
Angelim Ver- Cobertura
17 Dinizia excelsa Ducke 181 NO NO 0 Régua
melho Parcial
Cobertura
34 Mandioqueira Qualea spp. 212 NO NO 0 Régua
Parcial
Cobertura
35 Tauarí Couratari spp. 212 Cupim 5 10% Régua
Parcial
Cobertura
36 Tauarí Couratari spp. 212 Fungo/Broca 5 7% Régua
Parcial
Tabela 2. Relação de espécies com ataque de xilófagos durante o processo de secagem nas madeireiras.
Madeireira I Madeireira II
CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
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