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https://doi.org/10.11606/gtp.vXiY.

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RESÍDUOS DE MARCENARIA: UM ESTUDO DE APROVEITAMENTO


NO POLO MOVELEIRO DE BELO HORIZONTE

MARCENERY WASTE: A STUDY OF RECOVERY AT THE MOBILE POLO OF


BELO HORIZONTE

Adriana Luísa Duarte 1, Orientadora Rosemary Bom Conselho Sales ²

RESUMO:

Este artigo apresenta o projeto desenvolvido como Trabalho de Conclusão de Curso de Graduação em Design
pela UFMG, orientado pelo professor Glaucinei Rodrigues Correa e apresentado no ano de 2014, onde foi
detalhado uma possível solução para a gestão de resíduos nas industrias de marcenaria através da
Universidade do Estado
possibilidade de geração de um material compósito. Serão apresentadas as etapas metodológicas propostas, de Minas Gerais –
bem como demonstrado o desenvolvimento de produtos e protótipos. Este trabalho foi o embrião para o Programa de Pós
desenvolvimento das pesquisas que resultaram na Tecnologia patenteada de nome LIGNO®. Graduação em Design
PALAVRAS-CHAVE: materiais compósitos, termo prensagem, MDF, eucalipto.

ABSTRACT:
This article presents the project developed as a Graduation Course in Design by UFMG, supervised by Professor
Glaucinei Rodrigues Correa and presented in 2014, where a possible solution for waste management in the Fonte de Financiamento:
joinery industries was detailed through the possibility of generating a composite material. The proposed Declara não haver
methodological steps will be presented, as well as the development of products and prototypes. This work
was the embryo for the development of research that resulted in the patented Technology called LIGNO® Conflito de Interesse:
Declara não haver.

KEYWORDS: composite materials, thermo pressing, MDF, eucalyptus. Ética em Pesquisa:


declara não haver.

Submetido em: data de


. submissão: 31/03/2021

How to cite this article:

DUARTE, A.L, Resíduos de Marcenaria – um estudo de aproveitamento no polo moveleiro de Belo Horizonte
Gestão & Tecnologia de Projetos. São Carlos, volume 17, Ano 2021.
https://doi.org/10.11606/gtp.vXiY.código_de_submissão_do_artigo
Resíduos de Marcenaria – Um estudo de Aproveitamento no Polo Moveleiro de Belo Horizonte

INTRODUÇÃO
A indústria moveleira é uma das mais tradicionais no país, e está em constante expansão. O
setor responde por uma fatia significativa no PIB, e conta com mais de 16 mil empresas de
diferentes portes, que geram cerca de 275 mil empregos diretos e indiretos. Destas, cerca de
12 mil são micro empresas, com até 9 empregados, e pouco mais de 300 são empresas de
grande porte, mais de 100 empregados. O rendimento da indústria em 2013 foi de quase 36
bilhões de reais, e os móveis para residências correspondem a mais de 60% do mercado.
(ABIMOVEL 2006)
A madeira é a matéria-prima predominante utilizada em 91% das indústrias de marcenaria,
e a manufatura a partir dela, consome 40% menos energia que outras matérias primas como
polimeros, metal e cimentícios. Por outro lado, trata-se de um material altamente heterogêneo,
o que gera falhas no comportamento ocasionando grandes perdas na produção. O alto índice
de perdas, associado a escassez de madeira na Europa impulsou a indústria de painéis, que
tomou força ao fim da II Guerra Mundial, e ganhou o mundo em menos de um século,
substituindo o uso de madeira maciça na marcenaria moderna.
Surgidos em 1913, os primeiros painéis de madeira formam os compensados, que sse
caracteriza pela imposição de lâminas de madeira em sentidos opostos. Muito anos mais tarde,
em meados dos anos 60 surgiram os painéis produzidos a partir do produto da desagregação
da madeira conhecidos como aglomerados, porém estes ficaram conhecidos no mercado como
materiais de baixa qualidade, e então no final dos anos 90 o material passou por mudanças
significativas e passou a ser chamado de MDP, dando origem também a um novo material que
dominaria o mercado nos anos seguintes, chamado de MDF.

Figura 1. Fluxograma
de produção de
chapas de madeira

Fonte: Acervo da
Autora

ro

MERCADO DE PAINÉIS

O MDF é produzido a partir do último estágio de desagregação da madeira que são as fibras, e
passou a ser produzido no Brasil apenas no final dos anos 90. O material possui
aproveitamento na razão 1,33 m³ (MASISA, 2012) a 1,74 m³ (BNDES,2010) de tora por metro
cúbico de material produzido. Por utilizar mais matériaprima florestal, tem o custo

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aproximadamente 30% maior que o do MDP, porém, suas características como estabilidade
dimensional, consistência e capacidade de usinagem são mais próximas às da madeira maciça.
A indústria de painéis causou grande aumento no número de marcenarias no Brasil e no
mundo, permitindo a criação da indústria de série e aplicação de madeira em áreas não
comuns, como a forração de paredes, por exemplo. Por outro lado, esse crescimento gera uma
demanda altíssima por produtos, criando a necessidade de enormes áreas plantadas para esta
finalidade. As florestas plantadas se encontram em maior abundancia nas regiões sul e suldeste
do Brasil, o que leva a geração de enormes plantas industriais para a produção de painéis
nessas regiões e a consequente presença de industrias de transformação como marcenarias,
formando os chamados polos industriais moveleiros.
Podemos classificar enquanto painéis de madeira reconstituída os seguintes produtos: CHAPA
DE FIBRA, OSB, HDF, MDF, MDP. Todos os produtos são caracterizados por sua formação, que
se dá a partir da desagregação da madeira de reflorestamento como eucalipto e pinnus. O que
diferencia estes materiais é o tamanho das particulas de madeira utilizadas na composição, já
que todos os produtos são aglutinados por adesivos a base de uréia formaldeido e contam com
pressão e calor em seu processo de formação.
Este trabalho abordará apenas o uso do MDF e o MDP, pois estes possuem processos de
fabricação similares e são utilizados em maior escala no setor moveleiro.

Quanto as Madeiras
Os painéis de madeira reconstituida são confeccionados a partir de madeiras de
reflorestamento como eucalipto e pinus. O eucalipto nativo das regiões da Oceania e
abutande na Austrália, foi introduzido no Brasil em 1904 mas somente na década de 50, a
partir de pesquisas realizadas por Leon Feffer da Suzano Papel e Celulose, o eucalipto
mostrou-se uma excelente matéria-prima para a produção de celulose de fibra curta. O
Eucalipto cresce mais rápido do que o pinheiro, e se adapta melhor ao Brasil. Já o Pinus tem
origem do latim "Pinu", gênero que é conhecido como pinheiro em português e que reúne
mais de 100 espécies. Essas árvores são originárias de regiões árticas e Sub-árticas da
Europa, Ásia, América do Norte e América Central, principalmente. No Brasil, os Pinus foi
introduzido para fins ornamentais. Somente a partir de 1950 teve início no país o plantio de
Pinus em escala comercial.
Há algumas diferenças entre as chapas produzidas com madeira de Pinus e com madeira de
Eucalipto, porém não foram encontrados dados que comprovassem esta afirmação. Alguns
especialistas e empresários do setor afirmam que o painel confeccionado com eucalipto
oferece mais resistência mecânica, por ser menos macio e possuir índice de higrospicidade
menor do que o pinus. De toda maneira, essas espécies foram escolhidas por apresentarem
reduzida idade de corte, alta produtividade, homogeneidade, custo competitivo, e segurança
de abastecimento (SILVA, 2003).
A principal diferença entre o MDF e o MDP é o tamanho da partícula. O MDP é produzido com
pequenas partículas de madeira em tamanhos diferentes postas em camadas, aonde as mais
finas ficam na superfície e as mais delgadas no miolo do painel, tem um rendimento médio de
1,32m³ por tora. Enquanto o MDF é confeccionado com o último estágio de desagregação da
madeira, as fibras, criando uma massa homogênea mais densa e mais resistente que o primeiro,
seu rendimento médio varia entre 1,33m³ a 1,74m³ por tora. Ambos são classificados como
Painel de Madeira de Média densidade, originando o nome dos produtos: MDP: Medium
Density Particleboard e MDF: Medium Density Fiberboard.

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Segundo a Masisa, as proporções para fabricação de um painel são de aproximadamente 83%


fibras de madeira, 10% resina uréia-formaldeído, 7% de umidade aproximadamente e 0,5%
de parafina.

Quanto aos Adesivos


Adesivos são substâncias aderentes capazes de manter unidos outros materiais em suas
superfícies. As resinas sintéticas são polímeros preparados via processos de polimerização por
adição ou por condensação. São amplamente utilizadas na forma de soluções ou dispersões, na
produção de tintas e adesivos.
A resina de ureia-formaldeído ou resina UF, é um produto termoendurecível, do grupo das
aminoresinas. Uréia é um composto orgânico cristalino, incolor, de fórmula (NH2)2CO, e o
nome oficial IUPAC diaminometanal com um ponto de fusão de 132,7 °C. Foi o primeiro
composto orgânico sintetizado artificialmente em 1828 por Friedrich Woehler, obtido a partir
do aquecimento do cianato de amônio. O formaldeído é um dos mais comuns produtos
químicos de uso atual. É o aldeído mais simples, de fórmula molecular H2CO e nome oficial
IUPAC metanal. A solução aquosa de formaldeído, em regra diluída a 45%, denomina-se formol
ou formalina. (SUPERQUIMICA) A uréia-formaldeído é utilizada por 90% da indústria devido
em partes ao baixo custo do produto.
Nos anos 70, Nestler observou que a uréia-formaldeído tem como característica a liberação na
atmosfera do gás de formaldeído durante sua manipulação na indústria e durante o
armazenamento e o uso dos produtos resultantes do seu processo de colagem (NESTLER,
1977). Esse problema passou a ganhar mais atenção com o uso extensivo de painéis em
ambientes internos, residenciais ou comerciais, quando a liberação destes gases começou a
afetar a saúde das pessoas expostas a substância, tanto nas cadeias produtivas em que o
produto era envolvido, quanto nos ambientes aonde peças impregnadas pelo adesivo eram
dispostas.

Diagrama de Hommel para Ureia Formaldeído


Em 2004 a Agência Internacional de Pesquisa em Câncer - IARC alterou a classificação do
formaldeído para o Grupo 1, carcinogênico para humanos, caracterizando como alta exposição
a concentração de mais de ppm 1.23 mg/m3 de formaldeído no ar ambiente.
O grau 2 para flamabilidade representa que a substância precisa ser moderadamente aquecida
ou exposta a uma temperatura ambiente relativamente alta antes que alguma ignição possa
ocorrer – ponto de fulgor entre 38ºC e 93ºC.
O grau 3 para risco à saúde significa que a exposição curta pode causar sérios danos residuais
temporários ou permanentes. Em relação à reatividade, o grau 0 quer dizer que a substância é
normalmente estável, mesmo sob condições de exposição ao fogo, e não é reativo com água.
Além disso, o diagrama não indica risco específico.
Os valores atualizados, de acordo com norma OSHA 1910.1028, limitam a exposição para 0,75
ppm durante 8 horas, e 2,0 ppm para exposição até 15 minutos (OSHA, 2012).

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Figura 2. Diagrama de
Hommel

Fonte: SUPERQUÍMICA

Figura 3. Níveis de
exposição a
substâncias para
formaldeído

Fonte: INCA

LEGISLAÇÃO VIGENTE

Além das fibras ou particulas de madeira, a mistura que dará origem aos painéis recebe adição
de: resina uréia-formaldeído, catalisador e emulsão parafinica, o que faz com que os painéis de
MDF e MDP sejam classificados como RESIDUOS SÓLIDOS INDUSTRIAS, de acordo com a lei
Federal Nº 12.305, DE 2 DE AGOSTO DE 2010, impedindo que o resíduo desses materiais seja
descartado como material lenhoso.
De acordo com a NR 25 - Resíduos Industriais (Redação dada pela Portaria SIT n.º 227, de
24/05/11) Entende-se como resíduos industriais aqueles provenientes dos processos
industriais, na forma sólida, líquida ou gasosa ou combinação dessas, e que por suas
características físicas, químicas ou microbiológicas não se assemelham aos resíduos
domésticos, como cinzas, lodos, óleos, materiais alcalinos ou ácidos, escórias, poeiras, borras,
substâncias lixiviadas e aqueles gerados em equipamentos e instalações de controle de
poluição, bem como demais efluentes líquidos e emissões gasosas contaminantes atmosféricos.
Os resíduos líquidos e sólidos produzidos por processos e operações industriais devem ser
adequadamente coletados, acondicionados, armazenados, transportados, tratados e
encaminhados à adequada disposição final pela empresa.

Com base nos seguintes instrumentos da Legislação Brasileira:


 Lei Estadual nº 7.772, de 8 de setembro de 1980
 Lei Federal Nº 6.938, DE 31 DE AGOSTO DE 1981
 Artigo 225 da Constituição Federal - CF – 1988
 Resolução Nº 237, DE 19 DE dezembro DE 1997
 Deliberação Normativa COPAM nº 74, de 9 de setembro de 2004.
 Deliberação Normativa COPAM nº 102, de 30 de Outubro de 2006
 Decreto de Lei Estadual nº 44.844, de 25 de junho de 2008

O Estado de Minas Gerais, implanta de forma eficiente as Leis Ambientais e passa a exigir
Licença Ambiental das empresas instaladas no estado. De acordo com RESOLUÇÃO Nº 237 , DE
19 DE dezembro DE 1997, Licença Ambiental é o ato pelo qual o órgão ambiental competente
estabelece as condições, restrições e medidas de controle ambiental que deverão ser
obedecidas pelo empreendedor para localizar, instalar, ampliar e operar empreendimentos ou
atividades utilizadoras dos recursos ambientais consideradas efetiva ou potencialmente
poluidoras ou causadoras de degradação ambiental.

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O Conselho Estadual de Política Ambiental – COPAM, Estabelece critérios para classificação,


segundo o porte e potencial poluidor, de empreendimentos e atividades modificadoras do meio
ambiente passíveis de autorização ambiental de funcionamento ou de licenciamento ambiental
no nível estadual, determina normas para indenização dos custos de análise de pedidos de
autorização ambiental e de licenciamento ambiental, e dá outras providências. A Legislação do
Estado de Minas Gerais PROIBE a queima de resíduos de MDF, e de materiais similares, por
estes serem considerados RESÍDUOS INDUSTRIAIS SÓLIDOS. A queima do MDF libera o gás de
formaldeído, altamente tóxico a saúde humana e ao meio ambiente, substância classificada
como cancerígena. Artº 19 do Decreto Estadual 38.356/1998 que define que o emprego ou
implantação de fornos industriais ou de sistemas de incineração para a destruição de resíduos
sólidos, seja qual for a fonte geradora, depende do prévio licenciamento na Fepam.
1° - A incineração de resíduos sólidos somente será licenciada quando houver prévia
caracterização fisico-química, termodinâmica e microbiológica dos mesmos, conforme
exigência da Fepam.
2° - Qualquer que seja o porte do incinerador, ou a natureza do resíduo a ser incinerado, será
obrigatória a adoção de mecanismos e processos de controle e monitoramento de emissões
gasosas e efluentes líquidos, e de disposição dos resíduos da incineração.
A Associação Brasileira de Normas Técnicas , ABNT, por meio da NBR 10.004, 2004, define os
resíduos como: I – perigosos IIA – não perigosos IIB – inertes

Figura 4 . Tabela de
Classificação de
Resíduos

Fonte: ABNT

A maioria dos resíduos gerados nos polos moveleiros é derivado da madeira e é classificado
como resíduos classe IIA – não inertes. Em 1996 foram aprovadas e publicadas as Normas ISO
14001 e 14004, de Sistemas de Gestão Ambiental e Avaliação de Ciclo de Vida,. O INMETRO é o
orgão responsável pela certificação das normas ISO no Brasil. A ABNT é responsável por
classificar e regulamentar os resíduos, e criar normas para destinação adequada dos mesmos.
O empresário é responsável por coletar, armazenar, embalar e transportar os resíduos até os
centros de coleta, aonde paga-se por quilo de resíduo, que é classificado enquanto Resíduos de
Classe I (resíduos industriais perigosos, inertes e contaminantes), e Resíduos de Classe II
(resíduos industriais não-perigosos e não inertes, e também resíduos domiciliares.)
Existem três formas de destinar adequadamente o resíduo de marcenaria, são elas: aterro
sanitário (em empresas apropriadas), co-processamento, e incineração, ambos realizados por
empresas especializadas em coleta de resíduos industriais. A incineração, especificamente, só
pode ser realizada com a presença de filtros coletores de gases tóxicos.

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METODOLOGIA
As implicações impostas pela Lei 12.305 de 2 de agosto de 2010, que institui a Política Nacional
de Resíduos Sólidos dispondo sobre seus princípios, objetivos e instrumentos, e determinando
os geradores como responsáveis pelos resíduos mesmo após destino final, e a consequente
obrigatoriedade em realizar o processo de Licenciamento Ambiental por parte dos
empresários do setor, são as principais oportunidades identificadas para o desenvolvimento
desse projeto, que visa apresentar soluções para o resíduo madereiro.
Os procedimentos metodológicos empregados compreenderam:
 Pesquisa de referências bibliográficas: revisão de literatura sobre resíduos da
indústria moveleira; quantitativo de resíduos gerados na região escolhida,
contribuições do design para aproveitamento de resíduos;
 Sensibilização dos empresários: através da ajuda do SINDIMOV-MG, foi enviado um
email contendo flyer informativo e convidando os empresários a responder a pesquisa.
 Agendamento de entrevistas: as entrevistas contendo questionário previamente
elaborado além de perguntas mais livres forma realizadas por contato telefônico com
os gestores interessados. Algumas dessas entrevistas renderam convites a visitas
técnicas. Vale destacar que essa etapa foi uma das mais difíceis, devido, principalmente,
à dificuldade em conversar com os empresários ou responsáveis pelas empresas, como
também pela dificuldade em agendar um horário para as visitas;
 Visitas técnicas às empresas: esse procedimento contou com realização de entrevistas
e registro fotográfico com o intuito de identificar e quantificar os resíduos gerados,
bem como fazer o levantamento de como as empresas destinam seus resíduos;
 Coleta de Materiais: durante as visitas formam coletadas amostras de resíduos, que
mais tarde formam destinados a confecção de testes práticos e experimentação.

PESQUISA COM EMPRESÁRIOS

Para compreender e dimensionar o problema dos resíduos na indústria moveleira, o primeiro


passo foi estabelecer uma parceria com o Sindicato da Indústria Moveleira (Sindmov – MG).
Cibele Borges, diretora do sindicato, concedeu uma entrevista na qual apontou os principais
problemas na gestão desses resíduos, e disponibilizou uma lista contendo 136 empresas
afiliadas ao sindicato, onde 73 delas são indústrias de móveis com predominância em madeira.
A primeira etapa do processo foi a sensibilização dos empresários para o tema através de email
informativo convidando os gestores a participar da pesquisa proposta.

Figura 5. Flayer de
divulgação da pesquisa

Fonte: Acervo da Autora

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Das 73 industrias de móveis de madeira, 43 contatos foram realizados com sucesso, gerando
16 voluntários para participação da pesquisa. É importante ressaltar que até o momento dessa
pesquisa, não haviam dados preliminares sobre o quantitativo de resíduos no polo moveleiro
de Belo Horizonte.
A pesquisa se deu através de conversas direcionadas e da aplicação de questionário por
entrevista telefonica com os gestores das respectivas empresas. Dos 16 entrevistados, 5
empresas consederam permissão para visitas técnicas as fábricas.
Quanto ao segmento, 7 empresas fabricam móveis seriados, 5 trabalham com móveis
planejados, e 3 delas trabalhavam de forma mista. Em relação ao porte, 1 delas é empresa
individual (MEI), 8 empresa de pequeno porte (EPP), 5 empresa de médio porte, 1 empresa de
grande porte e 1 empresa multinacional. Dos entrevistados 6 deles consideram que tem bom
conhecimento da legislação, 4 declaram conhecimento parcial e 6 declaram não ter
conhecimento algum sobre legislação ambiental.
Foram considerados os seguintes parâmetros quanto a separação e o aproveitamento de
materiais: ótimo – aproveitamento integral de aparas na linha de produção, separação de
materiais, gestão de resíduos e destinação adequada, bom – baixo aproveitamento de aparas,
separação de materiais e destinação adequada, regular – aproveitamento de aparas maiores,
destinação irregular, ruim - nenhum aproveitamento ou separação de materiais e destinação
irregular. Apenas 1 empresa atingiu o o nivel ótimo, 7 empresas atingiram o nivel bom, 5 delas
ficaram no nível regular e 3 empresas ficaram no nível ruim.
O tipo de resíduo gerado nessas 16 indústrias se divide em 14% serragem de madeira maciça
de lei, 55% pó e serragem de chapas de MDF e MDP, 21% serragem de madeiras de
reflorestamento como pinnus e eucalipto e 36% polímeros e acabamento como fitas de bordo,
abs e melaminas. 50% das empresas destinam seus resíduos a aterros sanitários para fins
industrais, 35% descartam seus resíduos de forma irregular em caminhões de lixo e aterros da
prefeitura e 15% delas declararam queimar esses resíduos a céu aberto.
Segundo Araújo, mais de 90% da produção de painéis de madeira reconstituída é consumido
pelo setor moveleiro, gerando uma estimativa de 3 milhões de m³ de material entrando
anualmente no ciclo de vida. Móveis confeccionados com chapas de madeira apresentam
duração média de 35 anos. Na etapa de produção das chapas, estima-se um percentual de 9%
de geração de resíduos, enquanto que na etapa de transformação das chapas em móveis, no
mínimo 17% de matéria-prima torna-se imediatamente resíduo. Já na etapa de pós uso, o
descarte de móveis e de aparas representa 74% da geração de resíduos. (ARAÚJO)
Os principais resíduos sólidos industriais são gerados como consequência direta da
transformação da madeira maciça ou painéis de madeira reconstituída durante a produção dos
móveis. De acordo com suas características morfológicas podem ser classificados como:
cavacos (partículas com dimensões máximas de 50 x 20 mm, em geral provenientes do uso de
picadores); maravalhas (resíduos com mais de 2,5 mm); serragem (partículas de madeira
provenientes do uso de serras, com dimensões entre 0,5 a 2,5 mm); e o pó (resíduos menores
que 0,5 mm) (CASSILHA et al, 2003). Esses resíduos menores são gerados pelos equipamentos
de corte, e além deles, existem os resíduos maiores como ripas, aparas e pedaços. Em industrias
de grande porte, essas aparas são reduzidas a cavacos em picadores industriais.

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Interpretação de Dados
As visitas técnicas realizadas nas fábricas foram de extrema importância para a pesquisa,
gerando maior volume de dados, registros fotográficos, maior entendimento dos processos de
gestão de resíduos, além da possibilidade de conversas mais aprofundadas acerca do tema.
Podemos perceber que o resíduo gerado na indústria de marcenaria é bastante diverso, e no
que concerne apenas ao resíduo madeireiro, há uma notavel heterogeneidade nesses materiais,
tornando a separação dos resíduos e o consequente aproveitamento dos mesmos em processos
internos (possivel apenas para aparas, ripas e pedaços) dificil e despendiosa, o que faz com que
um grande volume de matéria-prima seja descartada como lixo.
Grande parte dos entrevistados desconhecem total ou parcialmente a legislação, e mesmo
tendo recebido as notificações, não sabem a origem das leis ambientais ou julgam serem
extremas demais. Ao serem informados das obrigações legais que o licenciamento ambiental
implica, consideraram haver muita dificuldade na implementação, além de altos custos para
adequar as suas empresas, cogitando as possibilidades de burlar o sistema no que diz respeito
ao descarte correto. Não só o empresariado, mas também os trabalhadores do setor
desconhecem totalmente os riscos que envolvem a queima das chapas, desconhecendo
inclusive, a substância cancerígena -uréia-formaldeido.
Diante das informações levantadas nas entrevistas, e embasado em estudos preliminares
desenvolvidos pelo professor Glaucinei Rogrigues Correa (2004) em seu mestrado na Rede
Temática em Engenharia de Materiais – Redemat na Universidade Federal de Ouro Preto UFOP,
surge uma hipótese de aproveitamento de resíduos que permitiria ir além da reciclagem e do
artesanato, seria ela a criação de um material compósito formado por esses resíduos.
Compósitos são materiais resultantes da mistura ou combinação de dois ou mais constituintes,
que se diferem na forma e composição química e que são essencialmente insolúveis um no
outro, com a finalidade de se obter qualidades superiores dos seus constituintes
individualmente. Geralmente um material é a matriz — que é o meio de transferência da força
aplicada — e o outro o reforço — que fornece a principal resistência ao esforço. (CORREA)

EXPERIMENTAÇÃO E TESTES

Por se tratar de um Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), o tempo para desenvolvimento


da pesquisa é muito curto, impedindo o aprofundamento nas etapas. Poranto, os testes para
a criação deste material compósito se limitaram a validar as possibilidades do mesmo.
Para concretizar esta proposta e, principalmente para dar seqüência ao projeto, formam
realizados variados testes, todos de forma caseira, aonde foram avaliadas as proporções,
temperatura e tempo de prensagem, possibilidade de prensar formatos organicos não
planares, a capacidade de pigmentação do material, e a possibilidade de aplicação de texturas.

Materiais e Métodos
Os resíduos de MDF e de MDP foram escolhidos para este estudo em razão de serem os mais
abundantes nas indústrias do sudeste, além disso, a destinação final dos resíduos desses
materiais é a mais problemática dentre os resíduos madeireiros, como demosntrado nas
informações supracitadas.

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Este estudo propõe um processo de manufatura por termoformagem em matriz fechada para
a fabricação de produtos cuja morfologia será exatamente a contraforma do molde utilizado.
Materiais Utilizados: a) serragem e pó de MDF e MDP b) adesivo uréia-formaldeido c) adesivo
de poliacetato de vinila PVA d) água mineral e) oléo de soja como desmoldante f) papel
manteiga como desmoldante.
Equipamentos caseiros utilizados: a) peneira grossa b) peneira fina, c) balança culinária de
precisão d) vasilhas em aço inox e) vasilhas em alumínio f) grampos sargento g) barras
metálicas h) forno elétrico doméstico 60L à temperatura 200°C
As proporções estabelecidas para esses testes formam baseadas nas informações técnicas
disponibilizadas no site da Masisa, que considera a seguinte receita: 83% de fibras de
madeira, 10% de adesivo, 7% de umidade, 0,5% de parafina. (MASISA)

Figura 6. Materiais
utilizados nos testes

Fonte: Acervo da Autora

O resíduo em pó é peneirado em 2 peneiras sendo uma mais grossa e uma mais fina afim de
eliminar particulas de melamina, resíduos de colas e demais rejeitos, além de homogeneizar o
tamanho das partículas.
Em seguida, cerca de 10% do adesivo previamente diluído é adicionado ao pó de MDF e as
partes são misturadas através de uma batedeira manual. Para facilitar a dispersão do adesivo
é adicionado cerca de 7% de água aplicada por borrifador.

Figura 7. Mistura de Pó
de MDF ao Adesivo

Fonte: Acervo da Autora

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Essa mistura é então colocada em formas metálicas que recebem tratamento antiaderente
com óleo de soja. São feitos também testes usando papel mantega como desmoldante, porém
não obtiveram sucesso. Após compactada a mistura, é adicionada uma segunda forma de
mesmo formato num sistema macho-fêmea. Essas fôrmas são presas em barras metálicas e
pressionadas por grampos até o limite possível de pressão que não deforme os moldes.

Figura 8. Fechamento
de fôrmas

Fonte: Acervo da Autora

O conjunto é levado ao forno previamente aquecido a uma temperatura de 200°C , aonde


permanece por um tempo médio de 20 minutos. Após retirada, as peças precisam resfriar por
cerca de 30minutos para então serem desmoldadas.

Figura 9. Processos de
prensagem e queima de
peças

Fonte: Acervo da Autora

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Além da mistura básica foram testados formas de pigmentação do compósito com a adição de
pigmento em pó, que apresentaram resultados promissores. Bem como a aplicação de
texturas a partir do uso de grades metálicas. Também foram testados outros tipos de
adesivos, como os de PVA, além de ausência de temperatura e de pressão, todos sem sucesso.

Figura 10. Testes de


pigmentação e Textura

Fonte: Acervo da Autora

de texto figura]

Resultados dos Experimentos


Os testes apresentaram resultados preliminares promissores, guardados as devidas
limitações quanto a equipamentos e técnicas. As peças aprovadas nas triagens de qualidade
atenderam aos parâmetros esperados para o experimento, apresentando Peças de textura
homogênea, com resistência mecânica aparaente e com a forma perfeitamente ajustada ao
modelo da forma escolhido. As particulas apresentaram perfeita aglutinação não havendo
esfarelamento ou desprendimento das partes. Os testes de pigmentação foram animadores,
porém a umidade extra influenciou negativamente na resistência das peças. O uso de grades
para a formação de texturas foi bem sucedido.
Essa porcentagem de 10% foi baixa demais para o adesivo de PVA, não apresentando bons
resultados após processo de queima.

Figura 11. Peças


desmoldadas

Fonte: Acervo da Autora

de texto figura]

Os parâmetros de comparação para aspecto final do material, resistência aparente e textura


foi o MDF cru de espessura 9mm. Todas as observações acerca da etapa de testes são
proposições teóricas, não houve maior aprofundamento nos testes, devido ao tempo de
pesquisa e a falta de recursos para execução de moldes e aprimoramento tecnologico. Porém
o momento de experimentação prática foi de extrema relevância para as fases seguintes de
desenvolvimento de produto de design, uma vez que demonstrou a possibilidade de
confeccionar peças em formas orgânicas e finalizadas (sem demandar etapas de acabamento)
por um processo industrial simples usando temperatura e pressão.
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Adriana Luísa Duarte

DESENVOLVIMENTO DE PRODUTOS

DEFININDO LIMITES DE PROJETO

Os resultados positivos na fase de testes foram fundamentais para estabelecer o material como
limite de projeto, levando em consideração as limitaçoes de uso e de aplicações, para orientar
as possibilidades de produto. o maior desafio do trabalho foi escolher o que produzir depois
de todo o processo investigativo, e a primeiro processo criativo foi a elaboração de uma análise
SWOT do processo/material proposto na pesquisa.

Figura 12. Análise


SWOT

Fonte: Acervo da Autora

de texto figura]
A interpretação dos dados, gerou os seguintes requisitos a serem considerados:
 Produto Finalizado – as peças ficariam prontas em apenas um processo, não
demandando etapas posteriores de acabamento, como eliminação de rebarba,
lixamento, pintura ou verniz. Porém não há restrições em faze-lo.
 Uso de texturas e pigmentação - texturas feitas no molde e impressas nas peças no ato
da prensagem. O compósito recebe pigmentação na fase de mistura dos materiais.
 Produção industrial - Não se trata de um projeto de reciclagem, bem como a tecnologia
também não se destina a produção artesanal. O processo de fabricação envolve
maquinário e ferramentaria, o que demanda uma estrutura industrial.
 Valor agregado - Valores sociais e ambientais alinhados ao pensamento ecológico.
 Design de Serviço - Valorização da cadeia produtiva, reincerção de resíduos e
conversão de problema em beneficios para o setor.
 Contemporaneidade – forma e função alinhadas ao design contemporâneo.

Fica estabecido que a matéria-prima deve ser aplicada a peças do dia-a-dia das pessoas, em
situações não usuais para produtos com aspecto cru ou reciclado, vizando evidenciar de forma
provocativa as qualidades do material, exaltando o valor agregado e o conceito sustentável.
O objetivo é criar texturas que estimulem o toque e provoquem a curiosidade dos usuários
acerca do produto, chamando a atenção para o novo material e seu potencial de implantação.
A mesa de jantar foi o território escolhido para essa aplicação, motivando a criação de um jogo
de apoio à mesa, composto por: 1 bandeja, 2 apoios de mesa, 4 sousplats, 4 porta copos, 4 porta
guardanapos.

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Resíduos de Marcenaria – Um estudo de Aproveitamento no Polo Moveleiro de Belo Horizonte

METODOLOGIA DE DESIGN

Foram desenvolvidos, também formam utilizados, e outra sobre o produto Mapas Mentais –
confeccionados em cartazes para criar um ambiente de interação constante com a pesquisa
 MoodBoards - painéis de imagens conceituais e artísticas, texturas, e referências
estéticas de variados tipos
 Pesquisas de Similares sobre o Material - objetos feitos de compósitos, objetos
termoprensados, madeira moldada, materiais naturais como cortiça, palhas, fibras,
ceramicas e madeira
 Pesquisas de Similares sobre o Produto - objetos de mesa, tipos de objetos de mesa,
jogos de jantar, jogos de mesa em madeira, jogos de mesa em bambu, objetos
cerâmicos, madeira bruta, madeira texturizada
 Prototipagens Rápidas: modelos tridimensionais relizados em isopor ou papelão com
o objetivo de solucionar o dimensionamento das peças

Figura 13. Processos


Criativos

Fonte: Acervo da Autora

de texto figura]

Referencial Estético

O eucalipto foi escolhido como refência estética a ser trabalhada, para lembrar que chapas de
madeira industrializada também são madeira e que possuem papel importante no
reflorestamento e no sequestro de carbono. De origem grega, καλύπτω quer dizer "bem
coberto". O Eucalyptus é um gênero vegetal da família das mirtáceas, nativas da Oceania, onde
constituem, de longe o genero dominante da flora, possuindo mais de 700 espécies catalogadas.
Adaptados a praticamente todas as condições climáticas, tem um crescimento acelerado e sua

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Adriana Luísa Duarte

madeira possui ótima resistência mecânica. Além da madeira e da celulose, também é muito
conhecida pelo óleo extraído de sua folhas que, além do aroma agradável, possui propriedades
medicinais.

Figura 14. Estudos de


Campos de Eucaliptos

Fonte: Acervo da Autora

de texto figura]
Foram realizadas visitas a campos de eucalipto para coletas de matéria orgânica para conhecer
os elementos da plnata como folhas, caule, frutos e flores. Os itens coletados foram catalogados
em pasta anexa ao restante dos arquivos de desenvolvimento metodológico, e a partir da
observação das mesmas se deu o processo de geração de alternativas.

Figura 15. Processo


Criativo

Fonte: Acervo da Autora

de texto figura]

PROTOTIPAGEM

Nesta etapa, foram utilizados inicialmente recusos de modelagem rápida com o objetivo de
aperfeiçoar o dimensionamento das peças. Esses protótipos feitos em isopor, papelão e argila
ajudaram no entendimento dos processos produtivos para a tecnologia proposta.
Os protótipos finais formam desenvolvidos em parceria com Ivan Alysson, gestor em uma das
marcenarias visitadas, que além da sua própria mão de obra, cedeu o espaço físico, maquinário
e materiais para a confecção das peças.

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Resíduos de Marcenaria – Um estudo de Aproveitamento no Polo Moveleiro de Belo Horizonte

As texturas foram desenvolvidas em parceria com a designer Tamille Garcias que desenvolveu
estudos baseados na tipologia adotada, a árvore de eucalipto.

RESULTADOS

O trabalho gerou como resultado os modelos físicos propostos para jogo de jantar composto
por: 1 bandeja, 2 apoios de mesa, 4 sousplats, 4 porta copos, 4 porta guardanapos. Além disso,
foram gerados pasta de processos criativos e livro impresso detalhando os dois semestres de
trabalho e os resultados gerados durante o mesmo.
Os protótipos finais formam desenvolvidos em MDF CRU para deixar a experiência bem
próxima do material real. Além disso, formam trabalhadas texturas inspiradas nos nós da
madeira e nas folhas, aplicadas em papel crafitt especial recortado a laser. Todas as peças
propostas forma prototipadas em escala real. Abaixo, segue detalhamento técnico proposto
para as peças.

Figura 16 . Det. Técnico


de porta copos

Figura 17 . Det. Técnico


de bandeja

Figura 18 . Det. Técnico


de descanso de panela
ou apoio de mesa

Figura 19 . Det. Técnico


de porta guradanapos

Figura 20 . Det. Técnico


de sousplat

Fonte: Acervo da Autora

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Figura 21. Protótipos


em escala real e em
ambiente de uso

Fonte: Acervo da Autora

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Resíduos de Marcenaria – Um estudo de Aproveitamento no Polo Moveleiro de Belo Horizonte

Sugestão de Plano de Negócios


Além dos produtos desenvolvidos, o processo de reutilização dos resíduos possibilita
também a criação de um serviço associado a coleta e beneficiamento deste material. A
legislação vigente exige do empresário a apresentação de nota fiscal referente ao pagamento
para destinação de seus resíduos, como forma de controle e fiscalização das empresas.
No ano de 2013 a empresa Essencis localizada na cidade de em Betim, região metropolitana
de BH, praticava os seguintes valores para destinação dos resíduos de marcenaria por kilo:
 Resíduos de classe I: R$ 0,12 para aterro sanitário R$ 2,50 para coprocessamento
 Resíduos de classe II: R$ 0,45 para aterro sanitário R$ 3,10 para coprocessamento

Seria possível desenvolver um sistema aonde o empresário entregasse os resíduos de classe


I (MDF e MDP) a um depósito, posicionado no polo moveleiro. A coleta, separação e
transporte do material permaneceria como obrigação dos empresários, porém, não haveria
custo de destinação do resíduo, propiciando uma matéria-prima básica a custo zero para
essa cooperativa ou empresa.
Empresários parceiros realizariam um credenciamento e receberiam da empresa um selo
ambiental. A cada carga de material destinada ao depósito seria emitida nota fiscal ou
documento semelhante informando a quantidade, data e estado dos resíduos.
É necessário fazer um estudo aprofundado de ACV, para afirmar que o processo de reuso é
menos agressivo para o meio ambiente do que o aterro sanitário. A norma ISO 14040
definem a ACV como uma compilação e avaliação de insumos, produtos e os potenciais
impactos ambientais de um sistema de produtos através do seu ciclo de vida. De acordo com
a mesma norma: sistema de produtos é a coleção de processos unitários com fluxos
elementares e de produtos, que exercem uma ou mais funções definidas, que modelam o
ciclo de vida do produto; e matéria-prima é o material primário ou secundário utilizado na
produção de um produto, e os materiais secundários incluem os reciclados.)
Em princípio teórico o processo é vantajoso no que concerne as questões ambientais, e
proporcionam uma solução a curto prazo para um problema crescente, e que não demonstra
retração nos próximos anos.
O processo de prensagem emite quantidades muito baixas de gás formaldeido, e já existem
no mundo empresas trabalhando esses resíduos para confecção de novos produtos, o que
prova não só as qualidades físicas mecânicas do produto, mas também a eficiência em
termos ambientais.

CONSIDERAÇÕES FINAIS
Todas as etapas desenvolvidas ao longo do trabalho foram importantes para validar a
hipótese abordada, gerando um certo otimismo acerca das possibilidades não apenas de
projetos que possam otimizar a gestão de resíduos industriais, mas também quanto a
possíves geraçãoes de materiais inovadores e da reincerção desses resíduos ao ciclo de
vida das chapas, possibilitando a retomada do pensamento de propostas que confiram a
esses materiais o título de produtos de cadeia fechada. (cradle to cradle).
Este trabalho foi o embrião para o desenvolvimento de pesquisa fomentada pelo CNPq que
deu origem a TÉCNOLOGIA LIGNO ® que se encontra sob proteção de patente Os
trabalhos posteriores podem ser encontrados em: DOI10.5151/despro-ped2016-0362 e
em DOI 10.5151/ped2018-8.2_ACO_14.

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Adriana Luísa Duarte

Agradecimentos

Agradeço ao orientador e amigo Glaucinei Rodrigues Correa por todo o trabalho


desenvolvido e Universidade Federal de Minas Gerais pela oportunidade. Agradeço também
a Cibelle Borges Aguiar Costa Coordenadora Sindimov-MG, Dali Fialho gestor da Mel
Furniture, Gil Machado Guigon de Araújo Mestre em Engenharia Urbana e Ambiental PUC –
RIO, Ivan Alysson Duarte gestor na empresa Imperatriz Móveis, Tamille Garcias designer
gráfica, a Empresa Líder Impressos e a empresa Stall Móveis. Além claro de toda a família e
amigos que de alguma maneira contribuíram no desenvolvimento deste trabalho.

Referências Bibliográficas

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real. Além disso, formam trabalhadas texturas inspiradas nos nós d

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