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O projecto de cofragens requer um conjunto de conhecimentos e experiência para evitar desastres resultantes
do seu mau dimensionamento. A falta deste conhecimento pode dar origem a um sub-dimensionamento ou
sobre-dimensionamento. As consequências de um sub-dimensionamento tendem a ser catastróficas em termos
de custo, acidentes e progresso da obra. Ademais, corrigir as falhas derivadas de um mau dimensionamento da
cofragem são sempre mais onerosas. Por outro lado, é muito importante, tal como nas estruturas, que se
limitem as deformações por poderem levar a defeitos de forma indesejáveis. Isto é conseguido garantindo uma
adequada rigidez da cofragem.
Quanto ao modo de fornecimento as cofragens podem ser pré-fabricadas ou comerciais e fabricadas no local da
obra para efeitos de uso específico. As cofragens comerciais são geralmente modulares e em dimensões
standard permitindo flexibilidade na utilização.
2. Cofragens tradicionais
As cofragens tradicionais prestam-se à execução de praticamente todo o elemento de betão armado,
designadamente lajes, vigas, pilares, escadas, muros e paredes, sapatas, entre outros.
4. Cofragens racionalizadas
As cofragens racionalizadas ou modulares são constituídas por elementos normalizados, fabricados com
materiais que admitem um elevado número de reutilizações. Os componentes aparecem normalmente
interligados a fim de permitirem uma fácil montagem e desmontagem. Distinguem-se das anteriores na
medida em que foram concebidas deliberadamente por forma a aumentar a sua rentabilidade, sobretudo
com base numa normalização de dimensões e processos de montagem e desmontagem.
Assim, de acordo com o peso crescente das unidades elementares que constituem os sistemas, ter-se-á as
cofragens ligeiras ou desmembráveis, as semi-desmembráveis e as pesadas ou monoliticas.
6. Cofragens perdidas
As cofragens perdidas são aquelas que após a betonagem dos elementos ficam solidárias com os mesmos,
não sendo, por conseguinte reutilizadas. Estas podem ser classificadas em estruturais ou colaborantes e em
não estruturais ou não colaborantes.
As cofragens estruturais para além de moldarem o elemento enquanto o betão está fresco, têm uma
contribuição activa para a resistência da peça após o endurecimento do betão (tida em conta no calculo).
As cofragens não estruturais têm geralmente a função de limitar o acesso do betão fresco a determinadas
zonas, garantindo assim o aligeiramento das peças.
Cofragens perdidas estruturais ou colaborantes
As cofragens estruturais comerciais estão circunscritas às lajes, podendo ser em betão armado ou metálicas;
podem ser Pré – lajes e Chapas de aço galvanizado
As pré-lajes desempenham uma função tripla:
1. Servem de cofragem à camada de betão complementar;
2. Têm função estrutural;
3. Servem de tecto acabado
As chapas de aço galvanizado têm funções semelhantes às pré-lajes: cofragem, armadura e acabamento. As
suas nervuras permitem aumentar a área de armadura e aumentar a superfície de aderência.
a. Cofragens deslizantes
As cofragens deslizantes constituem uma forma especial de cofragens cuja utilização é para estruturas de
altura assinalável e com secção contínua ou variável. Empregam-s em estruturas que não podem ser
executadas de uma só vez. À medida que o processo de construção for avançando a cofragem vai subindo
gradualmente. É um tipo de cofragem com alguma complexidade e custos elevados mas constitui uma
solução vantajosa para casos de edifícios de grande altura, torres, pilares, chaminés, silos entre outros,
onde há uma enorme dose de repetitividade.
Figura. Esquemas de cofragem auto-trepante numa parede e pilar
O grau de reutilização deste tipo de cofragens é um dos motivos pelo qual foram concebidos. As cofragens
deslizantes permitem a betonagem de grandes estruturas de betão muitas vezes de uma só vez, processo
que pode levar dias à medida que a cofragem vai subindo, reduzindo substanciamente o tempo de
execução e os custos dos materiais. O sistema deslizante consiste não na cofragem em si como também em
espaço acessório para a movimentação do pessoal, assentamento de andaimes e equipamento diverso. A
cofragem deslizante propicia uma betonagem contínua, podendo se atingir ritmos de elevação de
aproximadamente 20 cm/hora, tendo em conta que o betão colocado em obra necessita de alcançar
alguma consistência antes que se prossiga com as operações.
As cofragens deslizantes podem ser de diversas subcategorias, sendo as mais difundidas as movidas por
gruas e auto-movimentadas. As movidas por gruas, como o nome indica, são movimentadas em torno da
estrutura a betonar por meio de gruas logo que o processo de presa e endurecimento tiver ocorrido. O
auto movimentado possui equipamento mecânico (normalmente hidráulico) o qual promove a subida do
sistema por via de ferrocarris fixados na estrutura. Quando o avanço da cofragem é realizado com o auxílio
de gatos hidráulicos estes são normalmente assentes numa plataforma ou base, sendo fundamental que a
operação dos gatos seja feita em simultâneo a fim de evitar desequilíbrios e consequentes empenos nas
peças. O apoio do sistema na estrutura é geralmente garantido por via de cones de ancoragem.
b. Cofragem semi-deslizante
A cofragem semi-deslizante, contrariamente à deslizante, não tem movimento contínuo, sendo
sucessivamente deslocada para novas posições quando se conclui a betonagem de uma secção. A cofragem
semi-deslizante é apropriada para peças como caixas de elevador, caixas de escada, paredes inclinadas bem
como muros de suporte.
Avanços sucessivos
A cofragem em forma de avanços sucessivos é normalmente utilizada na execução de obras de grande
engenharia usualmente pontes de grande altura, pilares de grandes dimensões múltiplos vãos. Para pontes
com diferentes características destas é racional utilizar métodos clássicos de cofragem. Uma das razões
desta solução é a dificuldade de colocar cimbres sobre o solo e os cursos de água para suportar as
cofragens.
Os cimbres são deste modo suportados pelos trechos de pilares e tabuleiros já executados. De um modo
geral, a parte de um sistema de cofragem deste tipo consta de:
(1) Cofragem propriamente ditas;
(2) Estrutura de suporte da cofragem (cimbre);
(3) Apoios sobre os pilares e tabuleiros e
(4) Mecanismos de movimentação do cimbre e da cofragem.
Justificam-se, economicamente, para pontes com um número de vãos superior a três. É possível distinguir
três tipos principais de sistemas de cofragem desta família, designadamente:
c. Sistemas MSS
Estes sistemas (também conhecidos por vigas de lançamento) são apropriados para aduelas betonadas in-
situ. As vigas de lançamento comumente usadas na construção de pontes (Movable Scaffolding System)
foram desenvolvidas por volta de 1973 pela empresa Strukturas e têm duas versões, designadamente a viga
superior que funciona sobre o tabuleiro e suportando as cofragens em suspensão; a inferior funcionando
sob o tabuleiro e recebendo as cofragens. Em qualquer dos dois tipos de vigas a cofragem a usar pode ser a
mesma. A movimentação dos MSS faz-se com apoio de roletas/rodízios dispostos na parte inferior da
estrutura. Os elementos da cofragem são transportados de um vão para o outro através de vagões
(carrinhos) internos.
Figura. Construção de pontes por avanços sucessivos (suspensa – Carros de Avanço e apoiada - MSS)
Os sistemas MSS permitem construir pontes com vãos livres até cerca de 70 metros e raios de curvatura de
tabuleiros até 250 metros. Uma grande parte das pontes de grandes vãos como a do rio Zambeze foi feita
com recurso a estes métodos. Normalmente, os comprimentos máximos das aduelas (segmentos) são de 5,0
metros. Os painéis de cofragem com comprimentos até 5 metros são transportados com recurso ao cimbre
móvel de uma secção para a outra. Estes comprimentos estão associados a uma capacidade do equipamento
dentre 100 a 450 toneladas (peso do cofragem e betão).
As principais vantagens destes sistemas incluem o baixo peso, soluções fáceis de montagem e transporte,
adaptabilidade a diferentes secções de pontes (secções em T, células simples e duplas, entre outras),
reduzida necessidade de mão-de-obra e elevada eficiência (pode-se executar um vão por semana). Quando
as condições técnicas e naturais o permitirem é possível dispor de apoios provisórios intermédios.
d. Carros de avanço
Os carros de avanço foram concebidos para funcionamento em consola livre na construção de pontes in-situ
normais de caixões e suspensas. Consistem em duas partes designadamente a estrutura de suporte e a
cofragem propriamente dita. Tal como no caso de MSS estes sistemas podem operar na parte superior ou
inferior da estrutura da ponte. No caso de avanço em consolas é possível obter aduelas até 5 metros, o que
normalmente requer uma estrutura de peso entre 25 a 70 toneladas, em função da superstrutura da ponte a
qual pode pesar entre 75 a 300 toneladas, por sua vez. Todavia, é possível conceber sistemas para aduelas
abaixo e ou além dos 5 metros, conforme os requisitos do projecto.
Na situação de betonagem in-situ a construção dos segmentos é feita com recurso ao deslocamento dos
cimbres em balanço suportados pelas partes já concluídas da estrutura em construção. É comum a
construção decorrer de ambos os lados do pilar de modo a criar equilíbrio. Quando as consolas são desiguais
ou se se pretende partir de um apoio para os seguintes continuamente procede-se à instalação de apoios
provisórios intermédios ou cabos de equilíbrio ancorados em apoios provisórios e nos permanentes. As
aduelas podem ser betonadas in-situ ou pré-fabricadas. No primeiro caso, os carros em balanço com as
cofragens são apoiados nos trechos já concluídos. No segundo caso as aduelas são fabricadas junto à face da
aduela anterior para garantir um bom ajustamento. A ligação das aduelas é feita com recurso aos cabos de
pré-esforço provisórios e permamentes e com cola polimerizável à base de resina aplicada na superfície de
ligação. Os carros de avanço e as cofragens podem ser ajustados em função dos comprimentos das aduelas e
das dimensões, pesos e formas de secção. A cofragem a empregar pode ser de madeira, metal ou plástico.
As principais vantagens destes sistemas incluem o baixo peso, soluções fáceis de montagem e transporte,
adaptabilidade a diferentes secções de pontes elevada eficiência.
Figura. Construção de ponte em avanços sucessivos simétricos a partir de cada pilar
As vigas são c3oncebidas para ter uma grande rigidez a fim de evitar possíveis deflexões da estrutura. Este
sistema pode ser utilizado tanto para a construção pré-fabricada como para a betonagem in-situ. Os cimbres
podem ter peso acima das 100 toneladas e cada aduela centenas de toneladas.
2.3.2. Descofragem
O tempo necessário para a descofragem depende do ritmo de endurecimento do betão, da temperatura,
humidade e do tipo de peça em consideração. A descofragem deve ser feita de forma a não originar impactos
sobre e estrutura, sobrecarga excessiva ou danos. Os cimbres e as cofragens não devem ser desmontados antes
de o betão ter adquirido a resistência suficiente para:
Suas superfícies resistirem eventuais danos resultantes da descofragem;
Suportar as acções impostas ao elemento de betão nesta fase;
Evitar deformações superiores as toleradas devidas ao comportamento elástico e plástico (fluência)
do betão.
As cargas sobre os cimbres devem ser aliviadas com uma sequência que garanta que outros elementos não
fiquem submetidos a cargas excessivas. A estabilidade dos cimbres e das cofragens deve ser mantida quando se
aliviam as cargas e durante as operações de remoção.
Prazos mínimos para a retirada dos moldes
Nos casos correntes em condições normais de temperatura e humidade (nas regiões frias os prazos são maiores)
e para o betão de cimento portland normal, os prazos mínimos para a retirada dos moldes e dos escoramentos,
contados a partir da data de conclusão da betonagem, são os indicados a seguir:
Para as lajes e vigas que na ocasião de descimbramento estejam com solicitações muito próximas da sua
capacidade resistente, recomenda-se que a descofragem se faça aos 28 dias.
É certo que em muitas ocasiões os requisitos de arquitectura e estética podem justificar o investimento em
cofragens fora do comum. No entanto, é sempre útil pensar-se na economia do empreendimento na fase da
concepção. De acordo com (Ilinoiu, 2006), dentre os aspectos mais importantes a ter em conta no projecto da
cofragem incluem-se:
(1) Tipo de material a empregar,
(2) Natureza das cargas,
(3) Número de utilizações,
(4) Condições de humidade,
(5) Limitação da deformação.
Alguns aspectos que trazem consequências nos custos da cofragem incluem: formas irregulares, ausência total
da modulação dos elementos de construção, entre outros. Por isso, a concepção deveria ter em conta a
possibilidade de reutilização dos elementos da cofragem nas diversas partes da construção, colocar ênfase na
modulação dos elementos e o envolvimento de construtores para transmitir a sua experiência neste campo.
As escoras colocadas lateralmente ajudam imenso para manter a verticalidade dos painéis e para reduzir o
número de elementos de ligação entre os dois painéis (arame). Adicionalmente, as escoras são importantes
principalmente quando se pretende um acabamento final bem apurado. É sempre preciso encontrar um
equilíbrio entre o uso de muitas escoras e os arames de ligação dos painéis laterais tendo em conta que se
emprega uma quantidade significativa de madeira para as escoras.
2.4.3. Cofragens de pilares
A cofragem de pilares faz-se com recurso à painéis verticais com largura aproximada à do pilar objecto de
construção e espessura de cerca de 2 a 3 cm. Quando se recorre à madeira esta por ser natural em forma de
tábuas ou em contraplacado devidamente preparado para o efeito. Hoje em dia é comum o emprego de painéis
metálicos os quais aparecem em diversas dimensões. A cofragem é feita tendo em conta a forma do pilar, sendo
as formas mais comuns a quadrangular, rectangular, em L, octagonal e circular. De um modo geral o processo de
cofragem dos pilares é o seguinte:
marcação do posicionamento do pilar no piso;
colocação das armaduras, sendo sempre recomendável uma prévia preparação destas no estaleiro para
permitir maior rapidez na montagem;
colocação dos painéis de cofragem do pilar, e ligação entre eles; estes devem ser aprumados nas duas
direcções, o que é feito com auxilio de escoras; antes da colocação dos painéis, é conveniente utilizar
produto descofrante;
betonagem do pilar e respectiva vibração do betão; a colocação do betão deve ser feita de modo a não
causar segregação do betão;
descofragem do pilar, após o betão ganhar presa;
limpeza dos painéis de cofragem.
No caso de reutilização da cofragem para diferentes alturas o reforço da cofragem é normalmente feito na base
tendo em mente o aumento da pressão.
Embora a cofragem seja uma estrutura provisória, dado que ela tem de suportar as solicitações que decorrem
durante a betonagem, para alem de um correcto dimensionamento, é importante que n o se descure os
trabalhos de montagem.
As cofragens poderem estar sujeitas a variados tipos de carregamento em função da sua natureza e forma. De
um modo geral as cargas a considerar nas cofragens são as seguintes:
Peso próprio
Cargas devido ao betão
Cargas acidentais – pessoal da obra, equipamentos e materiais de construção
Vento e cargas horizontais
A consideração das cargas actuantes sobre as cofragens deve ser feita tende presente três principais estágios
designadamente, antes da colocação do betão, durante a colocação e depois da colocação do betão. O alívio
das cargas nesta última etapa ocorre após a presa e endurecimento do betão.
O vento pode ter uma magnitude assinalável nas cofragens e a sua incidência depende da zona, do clima e da
localização. Por outro lado as chuvas podem induzir ao aumento das cargas. Particular atenção deve ser dada
aos solos de fundação onde pode ocorrer erosão.
Cargas de impacto
Vários equipamentos e ferramentas podem causar impactos sobre as cofragens. Incluem-se os recipientes de
transorte do betão, os camiões, entre outros. Imediatamente após a constatação de danos é recomendável
proceder-se a uma reparação.
Sismos
O efeito dos sismos é normalmente tido em conta para estruturas de cofragens que permanecem por largos
períodos de tempo (seis meses ou mais).
Outras cargas
Têm origem em diversos fenómenos como a retração do betão. São de rara ocorrência.
Relativamente às deformações é comum estabelecerem-se limites de próximos de 0,30 cm ou 1/250 do vão livre
da chapa de madeira (vão entre elementos de reforço). As dimensões e o espaçamento dos elementos verticais
e horizontais de reforço são determinados em função das tensões de corte e de flexão, enquanto as deflexões
ajudam a impor limites do vão livre das chapas de cofragem.
A Tabela 2 fornece as pressões máximas exercidas pelo betão fresco quando vibrado.
Tabela 2. Pressão Máxima exercida pelo betão quando vibrado (psi)
Ritmo de Betonagem Temperatura em Graus Fahrenheit -
em pés por hora
80 70 60 50 40
1 425 438 463 500 550
2 475 500 550 625 725
3 525 563 638 750 700
4 575 625 725 875 1075
5 625 688 813 1000 1250
6 675 750 900 1125 1425
7 725 813 988 1250 1600
8 775 875 1075 1375 1775
9 825 938 1165 1500 1950
10 875 1000 1250 1600 2125
15 1125 1313 1688 2250 2995
20 1375 1675 2125 2875 3875
A conversão de graus Fahrenheit para graus centígrados faz-se pela fórmula: